Hallyu: onda coreana

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한류 ONDA COREANA


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한류 ONDA COREANA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac - Santo Amaro como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Design com linha de formação específica em Design Gráfico.

Orientadora Profª Denize Roma de Barros Galvão

Thayná Aparecida de Oliveira Reis São Paulo, 2019


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한류 ONDA COREANA

Thayna Aparecida de Oliveira Reis

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac - Campus Santo Amaro como exigência parcial para obtenção de grau de Bacharel em Design com linha de formação específica em Design Gráfico. Orientadora: Denize Roma de Barros Galvão

A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão, em sessão público realizada em: 04/12/19, considerou o(a) candidato(a): ( ) Aprovado(a) ( ) Reprovado(a)

Orientadora: Denize Roma de Barros Galvão Convidada: Maria Eduarda Araújo Guimarães Convidada: Ana Lúcia Reboledo Sanches


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AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus e a Nossa Senhora de Aparecida, por estarem sempre me abençoando e iluminando minha mente, sem Eles eu não teria tido a força espiritual necessária que precisava para me manter bem psicologicamente durante os dias dificeis. Agradeço com toda a força do meu ser ao meu pai Carlos e minha mãe Zilda, o incentivo, amor e carinho de ambos foi essencial durante esses quatro anos e sem o apoio incondicional dos dois eu não teria chegado até o fim. Sou grata pelo meu irmão Thalles e a minha sobrinha Amanda, os dois sempre estiveram do meu lado para me alegrar com suas energias positivas e bom humor quando eu mais precisava. Minha melhor amiga Jessica, melhor parceira de projetos (acadêmicos e pessoais) e uma irmã mais nova que nunca tive. Também agradeço á profª Denize Roma, por ser como uma mãezona pra mim nesse último ano. Aos meus professores, colegas e tantas pessoas que conheci durante essa fase importante na minha vida, cada um que fez parte desse caminho, muito obrigada.


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RESUMO Este trabalho estuda a história do desenvolvimento da música pop sul-coreana, o K-pop. O público alvo possui dificuldades em encontrar conteúdo completo com linguagem adequada, neste contexto, foi realizada uma pesquisa teórica sobre a origem do gênero musical desde suas primeiras influências musicais populares na Coreia até sua evolução nos dias atuais. O crescimento e a popularidade mundial do gênero devem-se ao fato da influência da internet, seu principal meio de divulgação, comunicação e aproximação com os fãs. Incorporando os conhecimentos do design editorial, foi realizada uma análise de conteúdos existentes publicados sobre o tema e uma pesquisa on-line para verificar a necessidade do público-alvo. Com todos esses elementos, desenvolveu-se uma publicação digital que já está disponível para os fãs.

1. Design Editorial 2. Publicação Digital 3. Música Popular 4. Coreia do Sul 5. K-pop


SUMÁRIO PARTE I - INTRODUÇÃO

P. 13

1.1 Objetivos ............................................................................................ 13 1.2 Justificativa ...................................................................................... 15 1.3 Procedimentos Metodológicos ....................................... 17

2 / K-POP

P. 20

2.1 Contexto Histórico - Os Primeiros Gêneros ........... 22 2.2 Influências Ocidentais ........................................................... 23 2.3 Os Precursores do K-POP .................................................. 26

3 / A ONDA HALLYU

P. 30

3.1 A Crise de 1997 ............................................................................. 31 3.2 Primeira Fase da Onda Hallyu ......................................... 32 3.3 Segunda Fase da Onda Hallyu - Neo Hallyu ....... 34

4 / O SEGREDO DO SUCESSO

P. 40

4.1 Sistema de Ídolos ....................................................................... 41 4.2 Empresas de Destaque ........................................................ 44 4.2.1 S.M Entertainment ................................................................. 45 4.2.2 YG Entertainment .................................................................. 49 4.2.3 JYP Entertainment ................................................................. 51 4.3 Gerações de Grupos ............................................................... 54 4.4 O Futuro do K-pop ................................................................... 56

5 / RESULTADOS DE PESQUISA

P. 60

6 / REQUISITOS DE PROJETO

P. 66

6.1 Design Editorial e Seus Componentes ..................... 67 6.1.1 Harmonia de Elementos ................................................... 67 6.1.2 Cores ................................................................................................69 6.1.3 Grid ................................................................................................... 70 6.1.4 Tipografia ..................................................................................... 72


6.2 Publicações Digitais ................................................................ 74 6.3 Análises de Publicações ...................................................... 75 6.3.1 Análise 1 ........................................................................................ 76 6.3.2 Análise 2 ....................................................................................... 78

PARTE II - O PROJETO

P. 80

7 / ESTUDOS DE CONCEPÇÃO

P. 82

7.1 Textos com rolagem interativa ......................................... 83 7.2 Interface do aplicativo SAUDE ......................................... 84 7.3 Painel Semântico ........................................................................ 85 7.3.1 Livros sul-coreanos ............................................................... 85 7.3.2 Cores ............................................................................................... 86 7.3.3 Álbuns de K-pop .................................................................... 87

8 / DOCUMENTAÇÃO

P. 88

8.1 Identidade Visual ....................................................................... 89 8.2 Tipografia ........................................................................................ 90 8.3 Cores utilizadas ........................................................................... 91 8.4 Processo de criação de telas ........................................... 92

9 / PRODUTO

P. 96

9.1 Telas Iniciais ................................................................................. 100 9.2 Telas de Capítulos .................................................................. 102 9.3 Telas de Protótipo ................................................................... 110 9.4 Telas de apoio para animação ....................................... 115

10 / CONSIDERAÇÕES FINAIS

P. 116

11 / REFERÊNCIAS

P. 118

12 / LISTA DE IMAGENS

P. 122

13 / APÊNDICE

P. 132


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INTRODUÇÃO OBJETIVOS Este trabalho possui como objetivo descrever a história do gênero musical K-pop, música popular sul-coreana, de forma detalhada e compreensível. Analisando sua origem desde os primeiros gêneros musicais criados na Coréia do Sul no século XX, a introdução das melodias ocidentais à população sul-coreana em períodos de guerra até a crescente globalização do K-pop atual. Por fim, foi realizado a criacão de uma uma publicação digital interativa disponível para o público-alvo.

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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para a realização deste trabalho, foi feita uma pesquisa bibliográfica através de livros impressos e digitais sobre K-pop e a história cultural da Coreia do Sul, assim como para Design Editorial. Além de artigos para auxílio, TCCs sobre o tema publicados online e sites para consultas sobre o contexto histórico. Foi realizado também uma pesquisa online com o público-alvo (fãs) através de um formulário no Google Forms, para ter conhecimento sobre suas opiniões para o objetivo do produto final, totalizando 546 respostas. Algumas publicações impressas e digitais de livros com o tema K-Pop e álbuns foram analisados, assim como também algumas publicações digitais interativas para se obter bases para o produto final.

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JUSTIFICATIVA

O fenômeno da idolatração por celebridades não é algo recente e muito menos incomum entre os jovens ao redor do mundo. A vontade de querer expressar admiração por alguém famoso vem logo na adolescência, “um ídolo é alguém em quem projetamos o que gostaríamos de ser. Marca a passagem da infância para a adolescência, momento em que estamos moldando a nossa individualidade” (PEROZZA, 2009). É comum que parte dessa idolatração seja uma referência para a maturidade do jovem, que encontra no ídolo uma forma de se descobrir sua personalidade ou apenas levar daquela moda momentânea, experiências para a vida toda. Ir com os amigos para shows, fazer grupos de dança com outros fãs, colecionar produtos oficiais importados, aprendendo um novo idioma e estudando sua cultura para poder entendê-los melhor e até mesmo se vestindo iguais a eles, são características dos fãs da nova moda musical que vem conquistando novos jovens nos últimos anos, o K-Pop. Com origem na Coréia do Sul na década de 1990, começou a ter popularidade em escala global nos últimos anos graças ao grupo masculino BTS, que debutou nas paradas musicais americanas e despertou interesse em muitos famosos, elevando seu público internacional. Graças a repercussão no ocidente, muitos jovens descobriram que esse universo subestimado da música pop sul-coreana não era tão estranho como imaginavam graças as similaridades com a música pop ocidental e muitas músicas com trechos em inglês. Como toda pessoa que está conhecendo algo novo, os fãs de K-pop, conhecidos por K-poppers, buscam saber mais sobre a história do gênero musical na internet, mas o que encontram são conteúdos básicos com pouca informação e que na maioria das vezes a escrita infantilizada confunde o leitor, principalmente se não souber a linguagem popular dos fãs.

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Além da falta de informações completas em sites, as publicações impressas de livros e revistas sobre o gênero gera certo desconforto. Os recentes conteúdos publicados sobre o assunto não estão disponíveis em formatos digitais, o que gera desinteresse de compra por conta do preço de venda e falta de disponibilidade em lojas. Publicações digitais possuem facilidade de leitura em qualquer lugar em celulares ou tablets, podendo, inclusive, conter conteúdo interativo para o leitor e sempre ser atualizado com informações novas. Portanto, a criação de uma publicação digital é a melhor escolha para o conforto dos fãs e interessados pela a história do gênero musical.

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K-POP


2 K-pop, abreviação para “Korean pop” (música popular coreana), é um gênero musical de origem sul-coreana que surgiu oficialmente na década de 1990 e tem como uma de suas principais características os elementos audiovisuais (SOUZA; DOMINGOS, 2016, p. 5). O gênero abrange vários estilos musicais como hip hop, rock, R&B e muitos outros juntamente ao pop em um só termo. O K-pop recebeu grande influência da música pop ocidental e passou por diferentes fases de estilo e amadurecimento cultural ao longo dos anos (KOCIS, 2011 apud MADUREIRA, 2014, p. 15-16), seu público é de maioria jovem e possui uma legião de fãs pelo mundo todo atualmente. Madureira (2014, p. 15) explica que um dos motivos para o gênero ter atraído tanta atenção mundialmente foi a união de músicas fáceis de lembrar juntamente com os refrões repetitivos, e que além de coreografias sincronizadas, a inserção de trechos em inglês nas músicas para alcançar um maior apelo global é também uma das grandes características do gênero. Antes do K-Pop se tornar um fenômeno global, era apenas um fenômeno restrito em seu país de origem que aos poucos foi tomando primeiramente a Ásia, que segundo Souza e Domingos (2016, p. 5), foi uma ideia de exportação abraçada pelo governo sul-coreano como um instrumento para o soft power1 no estrangeiro. Essa estratégia fez com que o mundo notasse não apenas a indústria de entretenimento, mas como elevasse a exportação de produtos sulNunca, em seus 5.000 anos de história, a Coréia teve um destaque tão grande em suas fronteiras culturais. Mesmo com o país experimentando um crescimento econômico lendário com o “Milagre do Rio Han” a partir da década de 1960, a Coreia continuou a ser um “importador de cultura”, contente em aceitar a cultura dos Estados Unidos, Europa e Japão. Esse mesmo país agora é a “Hollywood da Ásia”, com os booms culturais coreanos ocorrendo não apenas na Ásia, mas também na Europa e nas Américas. (Idem, p. 14-15).2

1. Segundo Souza e Domingos (2016, p. 5), o conceito do soft power, desenvolvido por Joseph Nye, designa a capacidade de um estado obter o que deseja através do poder de atração da sua cultura, das ideias, das suas politicas e da sua diplomacia. 2. Trecho traduzido: “Never in its 5,000 years of history has Korea enjoyed so big a spotlight on its cultural frontiers. Even as the country experienced legendary economic growth with the “Miracle on the Han” beginning in the 1960s, Korea remained a “culture importer,” content to accept culture from the United States, Europe, and Japan. That very same country is now “Asia’s Hollywood,” with Korean cultural booms taking place not only in Asia, but also in Europe and the Americas”.

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Fig. 1 - Platéia de show do grupo SHINee

-coreanos pelo mundo como aparelhos eletrônicos, carros, cosméticos e comidas, despertando interesses também no estilo de vida sul-coreano e trazendo turistas ao país. Algo totalmente diferente de anos atrás, quando a imagem da Coreia do Sul estava negativamente relacionada à zona de distúrbios políticos (KOCIS, 2011, p. 13).

2.1 Contexto Histórico - Os Primeiros Gêneros A música coreana é uma das formas de arte mais antigas das Coreias, porém, a música popular conhecida em coreano como Gayo, tem como sua base de influências nas músicas ocidentais trazidas por missionários americanos no final do século XIX. Em 1885, o missionário americano Henry Appenzeller (1858-1902) introduziu hinos e canções folclóricas ocidentais em coreano para os alunos da Academia Pai Chai, sendo chamadas de Changga3 (KIM, 2011, p. 48). A entrada de ocidentais no país, que até então não era bem-vinda, só foi possível graças ao Tratado de Ganghwa4, em 1876, que logo traria conflitos anos mais tarde. Após a virada do século, a Coreia, antes um só país, sofreu uma ocupação cruel e violenta como parte da campanha de anexação japonesa. Não apenas seu território foi ocupado, como sua cultura foi subordina3. Chang significa “Cantar” e Ga quer dizer “uma musica”, sendo Changga uma tradução literal para “Cantar uma Musica”. 4. Também conhecido como “Tratado de Amizade Japão-Coreia”, foi um tratado feito entre representantes do Império do Japão e do Reino Joseon em 1876 garantindo a abertura dos três portos coreanos para comércio com o Japão e também garantir os mesmos direitos do povo japonês no país assim como os ocidentais possuíam em terras nipônicas (WIKIPEDIA, 2019)

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[..] as forças japonesas de ocupação confiscaram coleções privadas de Changga e livros publicados de Changga para aumentar suas influências sob a Coreia. A resistência do povo coreano se intensificou e o pop coreano começou a florescer ao longo do Movimento de Independência em 1º de março de 1919. O ‘Huimangga’ (Canção da Esperança) foi uma das músicas mais populares cantadas entre o povo coreano na esperança de que a soberania do país fosse restaurada. A partir de então, o Changga assumiria um lugar importante na música popular coreana. (KIM, 2011, p. 48).5

da à japonesa, sendo proibido até mesmo o ensino da língua coreana (CAROLINA, 2019). Após a dominação do Império Japonês, o Changga tomou uma nova forma durante o período de colonização, tendo adaptações pelo povo, onde as melodias se tornaram um meio de expressar seu amor à nação: A colonização japonesa estava aos poucos apagando a cultura coreana da população, e a música popular começou a passar por adaptações de acordo ao Império Japonês, que obrigava compositores a traduzirem músicas japonesas para a língua coreana. Segundo Carvalho e Ferreira (2016, p. 17), quando a península coreana foi invadida pelos japoneses, eles apresentaram para o povo coreano um estilo musical diferente com características ocidentais e danças que valorizavam os movimentos de pés e mãos chamado enka. A Coreia retirou algumas características do enka e aperfeiçoou o estilo com um híbrido de música tradicional coreana e a música gospel trazida pelos missionários no século anterior, se popularizando com a geração mais nova, assim derivando o Trot6. Bernicker (2019) destaca que com o tempo, o gênero adotou vários nomes diferentes, como yuhaengga, ppongjjak, e o nome mais recente teuroteu (a pronúncia coreana da palavra trot).

2.2 Influências Ocidentais Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a dominação do Japão não era mais reconhecida, levando ao fim o período de colonização e decretando a independência coreana. Porém, pelo estabelecimento da Guerra Fria, o país fora dividido em duas partes por causa de suas diferenças ideológicas, tendo sido ocupadas por tropas da União Soviética (Coreia do Norte) e dos Estados Unidos (Coreia do Sul), e posteriormente, seguido pela Guerra das Coreias7. (MADUREIRA, 2014, p. 10-11). 5. Trecho traduzido: “[...] the occupying Japanese forces confiscated private collections of Changga and published Changga textbooks to increase their influence over Korea. The Korean people’s resistance to the occupation intensified and Korean pop started to burgeon in earnest over the course of the March 1 Independence Movement in 1919. “Huimangga (Song of Hope)” was one of the most popular songs sung among the Korean people in the hopes that the country’s sovereignty would be restored. From this time on, the Changga would assume a major place in Korean popular music”. 6. O termo se deriva de um encurtamento de “Foxtrot”, uma dança de salão que influenciou elementos do gênero e que em coreano também significa ˜Raiz˜ (BERNICKER, 2019).

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A cultura japonesa foi totalmente banida no país durante esse período, e mesmo com as guerras afetando a nação em formas inimagináveis, a permanência dos norte-americanos após o fim da Guerra das Coreias influenciou um novo capítulo na música popular, e a Coreia, agora Coreia do Sul, estava sendo dominada pela cultura de seu aliado:

A Coreia do Sul recebeu grande influência da música pop americana pelas tropas que ali se encontravam. Com a ida de famosos artistas como Marilyn Monroe e Louis Armstrong para fazer shows a fim de apoiar o exército americano, um maior interesse no gênero foi despertado pelos coreanos, principalmente quando o Serviço de Informação dos Estados Unidos (United States Information Service) abriu audições para recrutar cantores para apresentações para o programa militar americano. (Idem, p. 11).

Tamanho interesse fez com que as músicas na época fossem modeladas ao padrão ocidental, grupos e artistas solos foram formados dentro de clubes nas bases militares norte-americanas, cantando estilos variados de músicas populares ocidentais para entretenimento dos soldados. No final daquela década, alguns artistas que se apresentavam em clubes de bases militares ganharam destaque internacional, como o grupo “The Kim Sisters”. O trio se tornou o primeiro grupo sul-coreano a alcançar sucesso internacional e lançar seu álbum na indústria pop dos Estados Unidos, assim como a cantora Patti Kim, que foi a primeira artista coreana a ser convidada para se apresentar no Japão desde a liberação da Coreia em 1945 (KIM, 2011, p. 53). A década de 1960 foi marcada por mudanças e foi fundamental para os pilares de cultura da sociedade, que segundo Paik e Jung (2012 apud MADUREIRA, 2014, p. 11), foram extremamente importantes para a história do país pelo seu processo de investimento na modernidade e uma nova reconstrução na cultura. O grupo britânico The Beatles também fez parte dessa mudança, inspirando a criação de grupos de rock na época e formando a popularização do gênero entre os jovens. Já na década de 1970, o governo do ditador Park Chung-hee (19631979) baniu todas as músicas pop norte-americanas e o rock sul-coreano por associação com sexo e drogas, incluindo também o Trot, por 7. A Guerra das Coreias foi um conflito que durou de 1950 a 1953 depois que a Coreia do Norte ultrapassou as fronteiras que recém dividiu os países para invadir a Coreia do Sul em busca de unificar a península com apoio dos Soviéticos.

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Fig. 2 - The Kim Sisters

suas influências no antigo estilo enka japonês (KALBI, 2019). No final da mesma década, o movimento Hippie ganhava cada vez mais adeptos compostos por universitários de faculdades de elite fortemente influenciados pela cultura e estilo de vida norte-americano, que ao contrário de ser antecessores que eram influenciados pela guerra e opressão japonesa, eles faziam músicas alegres e na maioria das vezes com conteúdo explicito (WIKIPEDIA et al., 2019). O Folk8 era o principal gênero preferido dos jovens naquela época, e Carolina (2019) aponta que assim como os americanos, os coreanos se opunham a Guerra do Vietnã, mas o governo reprimiu músicas com letras muito liberais. A década de 1980 foi marcada por um gênero que agradou todas as idades e é popular até os dias de hoje, o Ballad9. Originalmente, as Ballads eram canções folclóricas ou poemas românticos escritos por poetas e apresentadas de forma lenta como uma música de amor (KIM, 2011, p. 61). No mesmo período, as regulamentações para com as importações de produtos estrangeiros foram suavizadas, então tornou-se comum ouvir músicas americanas e europeias nas rádios e ver produções audiovisuais de outras nacionalidades na televisão e nos cinemas. Porém, na década seguinte, as tendências começaram a mudar, sendo visto, primeiramente, nas rádios do país, com a transmissão de mais músicas sul-coreanas notadas por seus ritmos diferentes, como também o aprimoramento de sua qualidade. Artistas locais passaram a ser prestigiados pela indústria musical, da mesma forma que os dramas televisivos obtiveram maior espaço nas emissoras de TV. (MADUREIRA, 2014, p. 11-12)

8. Em português “Música Folclórica”, é um subgênero da música pop com base em instrumentos acústicos, cantado incorporando as experiências e interesses da comunidade (SHIN et al., 2017, p. 83). 9. Em português “Balada”, é um gênero de músicas românticas tocadas em ritmo lento e em sua maioria, se expressam os sentimentos do artista.

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2.3 Os Precursores do K-pop Após o fim do segundo governo ditatorial no país, implementado por Chun Doo Hwan (1980-1987), a população sul-coreana estava voltando a se desenvolver como uma nação democrática sem as restrições impostas pelo ditador, facilitando o grande crescimento do país e sua modernização econômica. Com a chegada da década de 1990, a exportação midiática norte-americana voltou a ser liberada graças a pressão feita pelos Estados Unidos, que ambicionavam que filmes hollywoodianos pudessem ser distribuídos diretamente para os cinemas locais coreanos (MONTEIRO, 2014, p. 19). A volta da popularidade da cultura ocidental fez com que a nova geração percebesse que não se identificava com as gerações anteriores. Chamados de Sinsedae10, essa geração de jovens possuíam um jeito rebelde, tendo estilos diferentes uns dos outros e sua própria forma de pensar e sentir: A égide da nova geração espalhou-se por toda a juventude afluente da classe média no início dos anos 90 e valorizava a individualidade em relação à antiga ideologia confuciana11 da família e da comunidade. Os jovens não tinham compartilhado os conflitos políticos e as dificuldades econômicas experimentadas pela geração mais velha; a maioria crescera em famílias nucleares, onde os estilos de vida urbanos ocupados deslocavam os valores tradicionais confucionistas. O sistema educacional repressivo mais antigo não era adequado para eles, e o conflito surgiu quando o individualismo rejeitou as exigências de realização acadêmica. (SHIN et al., 2017, p. 145).12

Buzo (2002 apud SHIN et al, 2017, p. 145) destaca que: No início da década de 1990, o mercado rapidamente globalizado da Coréia levou a juventude coreana para a adaptação e imitação da cultura global emergente em sua própria cultura popular, filtrada por mídia estrangeira, e especialmente americana.13

Artistas locais e gêneros musicais, que até décadas passadas eram populares, estavam decaindo no gosto popular e isso causou preocupações quanto a integridade cultural do país. Mas graças a geração sin10. Tradução literal para “Nova Geração”, o termo se refere aos jovens nascidos no meio ou no final da década de 1970 em áreas urbanas e que cresceram consumindo a cultura norte-americana em excesso (SHIN et al., 2017, p. 145). 11. O Confucionismo é uma doutrina baseada no sistema do filósofo chinês Confúcio, que busca equilibrar as relações sociais seguindo uma ordem hierárquica, onde os inferiores obedecem e respeitam aos superiores. 12. Trecho traduzido: “The aegis of the new generation had spread throughout the middle class afluente youth by the early 1990s, and valued individuality over the old Confucian ideology of family and community. The youth had not shared the political conflicts and economic difficulties experienced by the older generation; most had grown up in nuclear families, where busy urban lifestyles displaced traditional Confucian values. The older repressive educational system was not suited for them, and conflict arose as individualism rejected the demands for academic achievement”.

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sedae, em 1992, o trio chamado “Seo Taiji & Boys” fazia seu debut14 em rede nacional através de um show de talentos com a apresentação de sua música de rap “Nan Arayo (Eu Sei)” em uma performance que misturava street dance e hip-hop da cultura norte-americana. Vestindo calças folgadas, camisetas grandes, óculos escuros e bonés de beisebol para trás, a mídia conservadora imediatamente criticou o grupo por seu estilo de música estrangeira e performance teatral mal-educada, mas o que todos não esperavam era que os sinsedae haviam os recebidos de forma extremamente positiva e causando um sucesso instantâneo (SHIN et al, 2017, p. 145).

Fig. 3 - Seo Taiji & Boys

Com uma forma criativa de cativar o publico e produzir música pop, juntos o trio contribuíram para o que foi considerado uma era de ouro para a indústria da música sul-coreana nos anos 1990, com muitas novidades e gêneros musicais novos que entraram na moda na época (KIM, 2011, p. 63). Carolina (2019) cita que, “a habilidade de fundir músicas orientais e ocidentais, o trio alcançou rapidamente a popularidade. As empresas de entretenimento viram nesse novo estilo um chamariz para o lucro, logo muitos grupos começaram a copiar”. Shim et al. (2006 apud CORDEIRO, 2013, p. 5) também reforça que:

13. Trecho traduzido: “By the beginning of the 1990s, Korea’s rapidly globalizing marketplace led Korean youth towards the adaptation and imitation of emerging global culture in their own popular culture, filtered through foreign, and especially American, media”. 14. Em português “Estreia”, o termo é usado para o lançamento de artistas novos no mercado de entretenimento.

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Os motivos pelos quais o grupo é considerado responsável por revolucionar a música coreana não se devem somente ao fato de terem criado um “estilo musical”, mas pelo modo como os jovens foram incluídos como uma demanda legítima na indústria musical coreana [...], modificando a hierarquia do entretenimento musical.

Por serem um grupo independente no meio artístico, onde a maioria dependia de terceiros para realizarem apresentações, eles possuíam certa facilidade com a divulgação de sua música:

Seo Taiji and Boys já contava com dois de seus integrantes como dançarinos e era dona de suas músicas e banda, não precisava das facilidades de instrumentos, dançarinos ou diretores musicais oferecidos. Ao comandar seus próprios meios de divulgação e produção, o grupo era livre para escolher em qual programa de televisão iria comparecer. A partir desta mudança de atitude, a banda colaborou para modificar a administração dos programas musicais e a reestruturar a indústria musical da época. (SHIM, 2006; SIRIYUVASAK, SHIN, 2007 apud CORDEIRO, 2013, p. 6).

Diferente dos artistas da década anterior, Seo Taiji era cuidadoso com as composições das músicas do grupo, que com prevalência do idioma coreano, era compreensível e envolvente, facilitando com que os jovens absorvessem suas mensagens (SHIN et al., 2017, p. 147) juntamente a dança e o estilo despojado. “Ele não estava interessado em manter a plena autenticidade musical [...], mas tomou rap e metal como tipos de linguagem que poderiam ser usados ​​para articular o que ele queria expressar” (Idem, p. 153).15 Durante o tempo em que o grupo foi ativo, o impacto que causaram na geração sinsedae foi tão grande que os jovens sul-coreanos se espelhavam no trio assim como os jovens ocidentais se inspiravam pela boyband Backstreet Boys, onde tudo o que consumiam ou faziam, virava moda instantânea. Além de toda a revolução que o trio trazia para o pop sul-coreano durante aquela época, eles também foram responsáveis por auxiliar na criação do sistema de ídolos, um processo que une produção e administração com o único objetivo de treinar os futuros ídolos da música com tudo o que é necessário para alcançar o sucesso na indústria de entretenimento sul-coreana (SHIM, 2006 apud CUNHA, 2013, p. 16). 15. Trecho traduzido: “He was not interested in maintaning full musical authenticity [...], but he took rap and metal as kinds of language that could be used to articulate what he wanted to express”.

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A ONDA HALLYU

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3 A Onda Hallyu, ou a Onda Coreana, é o termo que descreve o fenômeno cultural sul-coreano que ganhou popularidade no final da década de 1990 e continua sendo usado nos tempos atuais com a popularidade aumentando em muitos países. O termo foi dado por jornalistas chineses em Pequim, quando as produções de entretenimento sul-coreanas começaram a virar moda no país. O fenômeno inclui novelas, filmes, música, moda e tudo o que envolve o estilo de vida da Coreia do Sul. (MONTEIRO, 2014, p. 27). O termo, que no Mandarim é pronunciado como “Hanliu” (assim como no original coreano; a leitura “Hallyu” é a versão difundida e oficial para o inglês), significa “fluxo da Coreia”, onde “Han” se refere ao estado de ser coreano e “Lyu” ou “Ryu” significa “fluxo”. (Idem, p. 27).

3.1 A Crise de 1997 O ano de 1997 foi marcado pela grande Crise Asiática16, onde muitos países do sudeste asiático foram atingidos por dívidas econômicas internas e externas, causando problemas em vários setores. Na época, os analistas sul-coreanos não achavam que o país seria afetado tão gravemente como os países vizinhos, mas até hoje, a crise de 1997 foi um dos maiores traumas coletivos da Coreia do Sul (MATTOS, 2019). A posse do presidente Kim Dae-Joong no ano seguinte mudou toda a história, e sendo chamado de “Presidente da Cultura”, ele decidiu investir em produtos culturais e nacionais para tirar o país da crise. A administração do presidente Kim acreditava na ideia de que o setor do entretenimento precisava ter apoio do governo tanto quanto as inA atual imagem nacional da Coreia do Sul e sua Indústria Cultural são, além de tudo, produtos de uma globalização acelerada. O país, que antes se mantinha fechado para interações internacionais, não estava acostumado a tais relações e temia perder sua essência cultural em face ao contato estrangeiro. (MONTEIRO, 2014, p. 22).

16. Também chamada de “Contágio Asiático”, foi causada pela intervenção financeira do Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, atingindo primeiro a Tailândia e depois outros países da Ásia como Coreia do Sul, Japão e Indonésia..

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dústrias manufaturadas, e isso poderia ajudar a alavancar o crescimento econômico do país. (JOO, 2011 apud Monteiro, 2014, p. 22). Fazendo jus a seu auto dominação, Kim Dae-Joong realizou diversos incentivos financeiros nos setores de produção cultural e entretenimento a favor da economia e divulgação do país em todo o seu mandato. Os incentivos de Kim para o setor televisivo influenciaram a maior propagação de um fenômeno cultural iniciado antes mesmo de seu mandato: o fenômeno da Onda Hallyu.

3.2 Primeira Fase da Onda Hallyu O fenômeno da Onda Hallyu foi de extrema importância na Coreia do Sul pois além de ajudar a alavancar seu setor de entretenimento, fez com que os países vizinhos finalmente pudessem olhar para sua cultura com outros olhos. A onda coreana começou no mesmo período da crise em 1997 graças a exportação da produção “What Is Love (O Que é o Amor)” para uma rede de televisão da China, a novela contava a história de um drama familiar e conquistou os telespectadores chineses. Encantados pelas atitudes despreocupadas e o estilo de vida moderno sul-coreano, os chineses se familiarizaram facilmente com a produção pelos mesmo valores confucionistas que a produção trazia, algo que não era visto nas produções que importavam do ocidente (KOCIS, 2011, p. 20-21). Outra produção de sucesso foi “Wish Upon a Star” (Desejo em uma Estrela) ou “Stars in My Heart” (Estrelas em meu Coração), lançada em 1999, conquistou popularidade também em outros países vizinhos principalmente em Taiwan e Hong Kong, sendo considerada também uma pioneira para a primeira fase da Hallyu. O que auxiliou a preferência pelos dramas sul-coreanos também foi pelo fato de a Ásia estar em crise naquele período, fazendo com que as produções sul-coreanas passassem a ser mais exportadas do que as famosas novelas japonesas que custavam quatro vezes mais e transformando a China na maior importadora e consumidora de cultura Hallyu da época (SHIM, 2006 apud CORDEIRO, 2014, p. 7).

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O entretenimento na Ásia era dominado pela cultura pop norte-americana com sua modernidade ocidental sem nenhuma base de valores orientais, juntamente com a cultura pop japonesa sob influência ocidental e do Cool Japan17, ambas desde a década de 1980. Segundo Monteiro (2014, p. 34), a Onda Hallyu trouxe para o final da década de 1990 uma harmonia de influências com tradições e morais asiáticas sem sair do contexto de modernidade. A cultura pop sul-coreana se tornou popular entre seus vizinhos porque representava exatamente uma modernidade híbrida, misturando cultura asiática e ocidental para representar a realidade cultural em que esses países se encontravam naquela época. Sendo assim, a Onda Hallyu não é somente um produto puramente sul-coreano, mas tem como influência uma mistura de características tiradas de diversas culturas (JOO, 2011 apud MONTEIRO, 2014, p. 34-35). Essa primeira fase da Onda Hallyu foi o ponta pé inicial para que a cultura sul-coreana pudesse se propagar fora de seu país e desbancasse o principal mercado da cultura pop no oriente dominado pelos japoneses, principalmente na indústria musical. As novelas sul-coreanas foram importantes para a propagação da música popular local, pois através delas, sendo exportadas para países vizinhos, as pessoas conheciam as músicas que eram populares na Coreia do Sul naquele período. Os chamados OST’s (Original SoundTrack), ou simplesmente trilhas sonoras, despertavam o interesse nos telespectadores que cada vez mais consumiam da cultura pop sul-coreana, assim como o novo gênero que ficava cada vez mais popular entre os jovens, o K-pop. Após Seo Taiji & Boys encerrarem as atividades do grupo em 1996, novos grupos de K-pop foram formados e começaram a dominar o país, sendo popular na sua maioria entre o público jovem. Com o efeito da Onda Hallyu, Shim (2006 apud CORDEIRO, 2013, p. 8) ressalta que a popularidade do K-pop cresceu tanto que em Hong Kong um canal de televisão passou a transmitir vídeo clipes dos grupos, algo até então inédito na época.

17. Termo usado pelo governo japonês a popularidade da exportação cultural para outros países, sendo equivalente ao Hallyu na Coreia do Sul.

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Com tanto sucesso, os grupos que dominavam as paradas musicais da época passaram a promover suas atividades fora do país, lotando os shows por onde passavam. Grupos e cantores solos expandiam o mercado e iniciaram gravações de discos em mandarim e até em japonês, mesmo após anos de conflito cultural desde a invasão japonesa no começo do século (CORDEIRO, 2013, p. 8). Com a chegada dos anos 2000, o K-pop enfrentaria uma série de mudanças começando pela lei chinesa de antipirataria e proteção cultural, que fez com que a popularidade de alguns grupos tivesse uma decaída em solo chinês. Muitos grupos pioneiros também optaram pelo disband18 total ou uma pausa nas atividades em grupo para membros fazerem carreiras a solo. Os principais motivos para essas escolhas repentinas foram pelo envelhecimento, já que muitos artistas do ramo eram mais velhos, a falta de estratégias de suas empresas para mantê-los no mercado competitivo ou também por não os permitirem que pudessem desenvolver suas habilidades musicais (KIM, 2011, p. 66-67).

3.3 Segunda Fase da Onda Hallyu A segunda fase da Onda Hallyu começou após a reestruturação pós-crise no começo dos anos 2000, quando as três maiores empresas responsáveis por grupos de K-pop, que conseguiram se manter durante a crise, mudaram a maneira como administravam seus grupos e artistas. SM Entertainment, YG Entertainment e JYP Entertainment, juntas as três empresas foram responsáveis por reforçar o “sistema de ídolos” e segundo Shim (2006 apud CUNHA, 2013, p. 17), elas não formavam artistas de um mercado doméstico comum, mas sim artistas para o mundo. Os maiores e mais renomados grupos e artistas foram lançados por essas empresas e até hoje são considerados lendários. Uma das maiores diferenças entre os grupos da Neo Hallyu para os grupos da primeira fase da Onda Hallyu é a habilidade pessoal de cada integrante dentro de seu grupo, o que antes apenas cantavam e dançavam, agora podendo atuar, modelar, entre outros gostos e talentos diversos (DEWET; IMENES; PAK, 2018, p. 27).

18. Termo usado para definir quando um grupo se desfaz e alguns ou todos os membros terminam o contrato com a empresa responsável.

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Outra estratégia importante abordada pelas empresas foi a inclusão de membros de outros países, fazendo com que aumente o interesse de fãs internacionais e ajuda na diversidade do grupo. Em sua maioria são estrangeiros de descendência asiática, pois assim além da habilidade de ter outra cultura e saber falar outra língua, não se destacaria por ser diferente da maioria dos integrantes de seu grupo. Um ponto positivo para essa estratégia é que além do talento artístico, a habilidade de ser de outra cultura facilita a interação com os fãs e a mídia durante shows e divulgações internacionais (Idem, p. 27).

Fig. 4 - Membro japonês do grupo de k-pop Pentagon com fãs

Para isso, as agências promovem audições globais para encontrar futuros talentos não-coreanos que gostariam de se tornar um idol19. É muito comum tem um grupo composto pela maioria de integrantes coreanos e um ou dois membros de outra nacionalidade, sendo os mais populares, membros de nacionalidade norte-americana, japonesa, chinesa ou tailandesa (Ibidem, p. 27). Um exemplo de audição global é a S.M. Entertainment, que faz anualmente audições internacionais em alguns países, incluindo o Brasil, em buscas de futuros idols estrangeiros. Com a internet cada vez mais popular, desde 2007 o K-pop começou a ganhar conhecimento em alguns países no ocidente, alcançando o público de forma mais ágil do que anteriormente (MADUREIRA, 2014, p. 19). Diferente da primeira fase da Onda Hallyu, que obteve ajuda

19. Em português “ídolo”, é usado para definir artistas de K-pop, sendo ídolos dos jovens.

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apenas de plataformas de mídias oficiais como a televisão e o rádio, a internet foi a principal aliada de propagação cultural na era tecnológica. De acordo com KOCIS (2011, p. 46), nos últimos anos, a maioria dos fãs tiveram seu primeiro contato com o K-pop através da internet. Isso se deve ao fato de que é o meio de comunicação mais influente no mundo atual, podendo ter fácil acesso ao conteúdo de qualquer lugar e em qualquer momento.

Em particular, a Internet e as mídias sociais efetuaram transformações inovadoras na forma como a Onda Hallyu se espalhou, enquanto a velocidade da expansão - e seu impacto - acelerou e se aprofundou tão dramaticamente que nenhuma comparação com a Onda Coreana do passado é possível. (Idem, p. 39).20

A fluidez de como a música pode ser divulgada online em tão pouco tempo é o que faz com que o K-pop cresça mais e mais internacionalmente. Um exemplo do que a internet é capaz de fazer pela Neo-Hallyu foi o grande sucesso de “Gangnam Style (Estilo de Gangnam)” lançado em 2012 pelo rapper Psy. Na época, não havia ninguém ao redor do mundo que não conhecesse o ritmo acelerado da música, as danças engraçadas e o refrão chiclete “Oppa Gangnam Style”. Mas a música, apesar de divertida, faz uma crítica social ao estilo de vida associado ao nobre distrito de Gangnam, em Seul, capital da Coreia do Sul (DEWET; IMENES; PAK, 2018, p. 25). O sucesso foi tão grande que o vídeo clipe da música acabou sendo reconhecido pelo Guinness Book (o livro dos recordes) como o vídeo de maior número de curtidas no Youtube e dois anos depois como o vídeo mais assistido no mundo inteiro. Foram inúmeros prêmios que rapper conquistou com o hit, inclusive sendo citado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, como “um exemplo de lavagem da Onde Hallyu no mundo” (Idem, p. 25). Ainda segundo Dewet, Imenes e Pak (2018, p. 26), o Ministério da Cultura, Esportes e Turismo da Coreia do Sul concedeu a Psy um “Mérito de Quarta Classe de Ordem Cultural” por aumentar o interesse no mundo na Coreia do Sul, algo que poucos nomes conseguiram até então.

20. Trecho traduzido: “In particular, the Internet and social media have effected innovative transformations in the way the Korean Wave is spread, while the speed of the expansion— and its impact—have quickened and deepened so dramatically that no comparison with the Korean Wave of old is possible”.

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É muito difícil dizer que o k-pop vai ultrapassar o pop americano, especialmente a língua é um fato, qualquer um que não fala o inglês acompanha fácil música americana, já bem diferente do k-pop, difícil de quem não conhece hangul (língua coreana) acompanhar fácil as músicas de k-pop. E o fenômeno do Psy é exceção, acontecimento que acontece a cada tanto ano, tipo 1 em 1 milhão. (KIM, 2013 apud CUNHA, 2013, p. 23).

O sucesso de Psy fez com que muitas pessoas que não conheciam o gênero pudessem ter uma noção de como funciona o K-pop. Madureira (2014, p.19) cita que outra vantagem do alcance rápido da internet foi o conhecimento do gênero por produtores e cantores internacionais:

O interesse no estilo musical e no dinâmico potencial oferecido pelos artistas K-pop fez com que empresas, compositores e produtores estrangeiros buscassem artistas e agências sul-coreanos para produzir parcerias. A música “Genie” da girl group Girls’ Generation foi escrita pelo grupo britânico Design Music e “Run Devil Run”, também do mesmo grupo, foi feita por produtores americanos. O produtor americano Teddy Riley, conhecido pelas produções para Michael Jackson e Lady Gaga, compôs e produziu o álbum de debut da girl group RaNia, e Will.i.am, produtor e rapper do famoso Black Eyed Peas, demonstrou grande interesse no grupo de meninas 2ne1, tendo produzido algumas músicas para elas.

Desta forma, o K-pop continua usando a internet como sua principal aliada de divulgação midiática, tendo o espaço virtual da internet seu principal meio de comunicação com a mídia e os fãs. Redes sociais como Twitter, Instagram e Youtube são as plataformas mais usadas pelas agências e os fãs internacionais, além de sites de uso exclusivos na Ásia como a rede social chinesa WEIBO e o portal de busca sul-coreano NAVER. Cunha (2013, p. 31) menciona que o Youtube teve um papel primordial para o K-pop, pois o número de vendas aumentou desde a entrada na plataforma. Burgess e Green (2009 apud CUNHA, 2013, p. 31) complementam que a plataforma é uma importante ferramenta e pode ser classificada como “patrocinadora” pois o conteúdo que é vinculado nele além de obedecer a audiência também é produtora ativa. A plataforma de vídeos do Youtube é o principal meio de divulgação de conteúdo, sendo responsável por ser o local onde as empresas fazem uploads de vídeos oficiais de seus grupos. Além disso, os vídeos de K-pop estão entre os mais visualizados do site.

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A importância do K-pop para a Neo-Hallyu e para a Coreia do Sul também se vem ao fato de que através da música, o K-pop chegou de forma amigável ao público japonês e acalmou a tensão entre os países, que até então, mesmo após décadas desde o imperialismo japonês, não tinham uma visão muito boa sobre seu vizinho. Muitos ainda relacionam o K-pop ao J-pop por conter similaridades, mas Cunha (2013, p. 27) explica que ao contrário do Japão com o J-pop, a Coreia do Sul com o K-pop foi bem mais aberta a adição de elementos de outras culturas em um mercado doméstico limitado, porém com transformações a serem feitas. Transformações que foram feitas através de elementos externos à sua cultura como vestuário e mixagem de música em um formato para consumo globalizado (CANCLINI, 1996 apud CUNHA, 2013, p. 28). A Neo-Hallyu invadiu o Japão através da novela “Winter Sonata” (Sonata de Inverno) em 2003 e conquistou o coração de milagres de mulheres com a história romântica da produção, e com o sucesso, fez com que o K-pop também fosse introduzido assim como aconteceu com os vizinhos chineses na década anterior. O sucesso do K-pop no país começou oficialmente quando a cantora solo B.o.A emplacou seu disco no mercado musical japonês com somente 13 anos e foi considera a primeira artista sul-coreana a parar no topo da Oricon (KIM, 2011, p. 24), uma importante parada musical de sucessos japoneses assim como a Billboard nos Estados Unidos. Grupos como TVXQ, Girls’ Generation e Kara também conquistaram uma carreira consolidada durante os anos 2000 no mercado japonês e até hoje, grupos que fazem seu debut no Japão conseguem um grande público de fãs. Segundo Kim (2011, p. 26) a mídia japonesa descreve que o sucesso de grupos de K-pop no Japão pode ser comparado a invasão do rock britânico da década de 1960 nos Estados Unidos com os Beatles e Rolling Stones.

Os japoneses ocuparam a Coreia durante décadas [...] e nem todas as questões do passado foram resolvidas, existem feridas ainda não cicatrizadas. O K-pop ajudou a reduzir essa distância, pelo menos entre as novas gerações. A Coreia passou a ser vista como cool, charmosa, fashion e moderna, aumentando o interesse dos japoneses por tudo o que é ‘made in Korea’. (SARMENTO, 2013 apud CUNHA, 2013, p. 27).

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O consumo da música vai muito além do prazer auditivo (CANCLINI, 1996 apud CUNHA, 2013, p. 29), denotando particularidades de fãs com gostos em comum. A música move as pessoas e as contagiam com seus elementos áudio visuais, exatamente como o K-pop faz há mais de 20 anos. Cunha (2013, p. 29) exalta que “mesmo que não haja um convívio diário entre as pessoas de uma mesma sociedade, a música é um elemento agregador e incorpora o homem a um grupo” e pode ser encaixar exatamente aos fãs do K-pop em todo o mundo. Apesar da diferença cultural e linguística ser uma barreira para muitos, o K-pop continua sendo uma sensação no mundo inteiro e está dominando cada vez mais o mercado ocidental.

Fig. 5 - Fãs em evento de K-pop nos Estados Unidos em 2017

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O SEGREDO DO SUCESSO

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4 O gênero ter rompido as fronteiras de mercado asiático ainda cedo e a sua globalização com o passar dos anos, de fato tornou o K-pop o sucesso que é hoje. Um gênero hibrido e versátil que combinando aspectos culturais do ocidente e oriente, satisfaz os gostos de seus consumidores ao redor do mundo (JUNG, 2011 apud CORDEIRO, 2013, p. 14) e movimenta mercado de entretenimento para o governo sul-coreano. Segundo Karam e Medeiros (2015, p. 5), “em 2005, o governo aportou 1 bilhão de dólares para investir na indústria pop, que hoje movimenta 2 bilhões de dólares por ano no país”. Para continuar mantendo esse ritmo acelerado de sucesso do K-pop no mundo, os grupos precisam do gerenciamento de suas empresas para alcançar o sucesso e as empresas um sistema para treiná-los e manter o nível de habilidade e disciplina de seus artistas.

4.1 Sistema de Ídolos Diferente da cultura pop ocidental, onde cantores e bandas são descobertos por acaso, na Coreia do Sul os ídolos de K-pop são encontrados por “caça talentos” e treinam arduamente para serem lançados no mundo do entretenimento. O “sistema de ídolos” é um sistema fundamental para a base de criação dos grupos e continua sendo usado até hoje para a formação de futuros ídolos do K-pop. Também chamado de star system, ou sistema de estrelas, cada agência possui seu processo de desenvolvimento de artistas e gerenciamento de suas carreiras (SHIN, 2009 apud MADUREIRA, 2014, p. 21). Apesar de cada empresa ter seu modo de gerenciamento diferente, todas possuem processos semelhantes ao sistema de ídolos japonês conhecido como Aidoru21. Esse sistema surgiu no K-pop no final dos anos 1990 para o melhor desenvolvimento dos futuros ídolos e foi se aperfeiçoando durante a Neo-Hallyu com o surgimento de novas empresas focadas no ramo. 21. Aidoru é a estilização para a pronuncia de “idol” para os japoneses.

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O principal representante da modelação do sistema foi Lee Soo-Man, fundador da empresa S.M. Entertainment, uma das mais importantes empresas de K-pop. O sistema funciona como uma grande seleção: A empresa define o conceito do grupo e realiza uma pesquisa de mercado com seu público alvo. Com as informações colhidas, os olheiros da empresa saem em busca de novos trainees fora da empresa ou em audições internas ou globais (DEWET; IMENES; PAK, 2018, p. 29-30). Jovens, com idades entre 15 a 18 anos são prioridade, tendo talentos como canto, dança e atuação. Porém atualmente muitos trainees estão cada vez mais sendo recrutados muito cedo, tendo até 10 anos, e com inúmeras habilidades extras, o que chama muita atenção das empresas.

Fig. 6 - Trainees praticando em aula de dança

Selecionados, os trainees dividem vida pessoal com vida profissional, já que a maior parte do dia é dedicado à educação nas escolas e no outro treinamento absoluto em suas empresas: [...] Encaram uma dura rotina de treinos e ensaios, com aulas de canto, dança, atuação, idiomas, atividades físicas, tudo para desenvolver e aprimorar habilidades que darão deles artistas mais preparados para o mercado de entretenimento – e ainda não podem perder as aulas, caso ainda frequentem a escola. (Idem, p. 31)

Além das regras e horários, os trainees são acompanhados diariamente por médicos e nutricionistas, também tendo seus progressos avaliados constantemente para saber se são aptos para seguirem com a carreira ou não. O tempo para esse treinamento não é o mesmo para

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todos, pois dependendo do esforço do trainee, pode se levar meses ou até anos. Há casos de artistas que levaram de 5 a 10 anos em treinamento até poderem finalmente estar em um grupo. Mas muitos trainees não suportam a rotina de treinamento excessivo e desistem, ou como também podem mudar de empresa caso não se encaixem no perfil requisitado (Ibidem, p. 29-31). Com o tempo de treinamento realizado o suficiente, a empresa escolhe a quantidade de grupos, onde dependendo do perfil escolhido na etapa de conceito pode ser entre 4 a 12 integrantes, é realizado uma série de divulgações para o debut do grupo. Cada empresa possui uma maneira de anunciar um grupo novo, sendo o comum divulgando o nome de membros, da canção de estreia e de seu álbum. A partir daí os novos ídolos possuem agendas lotadas entre promoções em rádios e televisão, atividades propostas pela empresa, shows e sessões de autógrafos com os fãs (fansign). Segundo Dewet, Imenes e Pak (2018, p. 32): “as agendas ficam superlotadas e os artistas as vezes só tem tempo de comer e dormir nas vans, enquanto viajam de um show ou evento para o outro – é muito comum rolar mais de um show por dia”. Outro ponto que chama atenção é o tempo de divulgação de cada grupo. Dependendo de cada empresa, o tempo de divulgação é curto ou longo, assim como a produção de novos álbuns. Uma comparação feita com o pop ocidental mostra o extremo: Nos EUA se um artista X lança um álbum Y e se a música for mercadológica, ela pode tocar nas rádios ou programas musicais. Se este artista X fizer sucesso ele será chamado para programas de entrevista onde ele vai apresentar seu single principal e algumas faixas secundárias de seu CD. E dependendo de sua gravadora em um ano ou dois ele lança seu próximo projeto que vai seguir a mesma linha de divulgação. (SOUZA; DOMINGOS, 2016, p. 7)

No ramo do K-pop é mais rígido dependendo da empresa: Na Coréia do Sul essa lógica muda: O Artista ou Grupo X lança seu Single ou Mini-album Y, eles nunca lançam um álbum completo com mais de 4 músicas no início de carreira. Pertencendo a uma empresa como a S.M Entertainment esse (s) artística (s) ganha (m) atenção imediata da mídia, independentemente de seu trabalho ter chegado ao público ainda. Então ele entra numa maratona de divulgações entre programas como KBS Music, Music Bank e Inkigayo onde ele passa cerca de dois meses divulgando seu trabalho, e em menos de seis meses ele lançara um álbum completo contendo de 12 a 14 faixas. (KPOP NOW!, 2016 apud SOUZA; DOMINGOS, 2016, p. 7)

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Além disso, o objetivo dos grupos é sempre chegar ao primeiro lugar nas listas de venda física e online, pois com esse sistema de divulgação pode se determinar a popularidade do grupo e aumentar suas vendas. Conforme a popularidade for aumentando, o retorno será maior tanto para empresa quanto para o grupo, que vai sendo recompensado de acordo com o que a empresa determinar (DEWET; IMENES; PAK, 2018, p. 33).

4.2 Empresas de Destaque O papel das empresas de entretenimento é crucial para vida dos futuros ídolos, pois são responsáveis pelas criações de novos grupos e o gerenciamento da carreira de seus artistas, onde muitas também gerenciam modelos, atores, esportistas, dançarinos (que não desejam serem idols de K-pop) e cantores de outros gêneros. Mas apesar de sua importância, a maioria das empresas do ramo são criticadas por demandarem trabalho excessivo para seus artistas assim como contratos restritos onde muitas vezes soa injusto. Os contratos na indústria do K-pop seguem o padrão chamado “Break Even Point” (Ponto de Equilíbrio), onde não há perda e nem ganho, nem lucro e prejuízo. Funcionando de forma estratégica, assim que o trainee assina seu contrato com a empresa do qual fará parte, ele terá uma conta onde será cobrado por cada gasto que nele será investido desde trainee desse ponto em diante, como: moradia, alimentação, treinamento, debut em grupo ou solo, vendas de álbuns e produtos oficiais, shows nacionais e internacionais, etc (Idem, p. 34-35). Mesmo não pagando nada para virar uma estrela do K-pop, todo o valor que a empresa investir para a formação do artista será cobrado a partir de seu debut e conforme o desempenho de seu grupo ou carreira solo. Se as vendas das músicas e shows durante os anos forem positivas e ultrapassar o valor gasto com a sua formação, o artista receberá parte dos lucros. Caso a popularidade não seja grande ou as vendas não forem positivas, o valor nunca será pago e divida com a empresa aumenta, assim como o artista nunca receberá lucro e ainda pagará multa. Existem casos de grupos que demoram anos sem receber seu primeiro salário, assim como grupos que tiveram seu disband e nunca receberam um lucro sequer (Ibidem, p. 34-35).

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Apesar dos pontos negativos, para se tornar uma estrela do K-pop as empresas continuam sendo a única forma de entrar nessa indústria. Existem muitas empresas localizadas não só na Coreia do Sul, mas como em toda a Ásia, tendo opções para o foco no K-pop ou focadas em seu próprio mercado musical, porém, com semelhanças ao modo sul-coreano de criação de ídolos pop. As três empresas líderes no ramo na Coreia do Sul são conhecidas como BIG 3 (Três Grandes), e são responsáveis pelos grupos de maiores sucessos desde os primeiros grupos da década de 1990 e também os grupos atuais. Elas também possuem importância para o ramo por suas contribuições ao estilo de gerenciamento de ídolos e serem referências no mercado.

4.2.1 SM Entertainment

Fig. 7 - Logo da empresa SM Entertainment

A empresa mais popular e conhecida no segmento do K-pop é a S.M. Entertainment, fundada em 1989, ficou conhecida somente no ano de 1996 por produzir o grupo de sucesso H.O.T. (High-Five of Teenagers). Um grupo masculino que assim como Seo Taiji & Boys em 1992, misturavam estilos musicais e criavam coreografias inovadoras (MADUREIRA, 2014, p. 23). A fórmula para o sucesso do grupo foi devida a uma pesquisa realizada antes do debut do grupo, conduzida por Lee, com meninas adolescentes para descobrir o que elas mais esperavam de um ídolo.

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Com os dados da pesquisa, foi lançado uma série de audições que selecionou candidatos com base nas informações coletadas, além de habilidades básicas para um idol (SHIM, 2006 apud CORDEIRO, 2013, p. 6). O sucesso de H.O.T fez com que Lee lançasse outros grupos com o mesmo esquema de seleção, como o grupo feminino S.E.S (sigla com a primeira letra dos nomes das integrantes) no ano seguinte, o grupo Shinhwa (palavra coreana para “lenda”) logo após, entre outros. Nessa mesma época, foi criado o manual da tecnologia cultural, ou C.T. (Cultural Technology). Nele havia tudo o que era necessário para que seus funcionários pudessem ser instruídos em suas áreas para apoio de seus grupos, desde regras para compositores e coreógrafos até maquiadores e regras de postura para os idols. (SEABOOK, 2012 apud MADUREIRA, 2014, p. 23). O C.T. foi essencial na promoção de seus grupos até os anos 2000, quando todas as empresas deveriam se ajustar aos novos formatos televisivos e midiáticos, mas muitos grupos acabaram por falta de estratégia. A necessidade de formular novas estratégias deu a S.M. Entertainment uma chance de revolucionar o mercado musical com o lançamento da cantora solo Kwon Bo-Ah, conhecida pelo nome artístico B.o.A (Beat of Angel) no ano 2000. Aos 13 anos, B.o.A virou símbolo do início da Neo-Hallyu e conquistou não apenas o mercado sul-coreano, mas como também o asiático, principalmente o japonês. O sucesso da cantora na Ásia foi devido ao fato de em apenas dois anos de treinamento, dominado vários idiomas para atingir o mercado asiático e anos depois o mercado internacional (MADUREIRA, 2014, p. 24).

BoA é indiscutivelmente a primeira cantora coreana desenvolvida focada no mercado musical no exterior desde o seu lançamento. No Japão, ela liderou a lista semanal de álbuns da Oricon com sete álbuns seguidos, incluindo uma coleção de grandes sucessos. Suas ambições se voltaram para o mercado pop americano: ela lançou o single digital “Eat You Up” em 2008 e um álbum de estúdio em inglês, “BoA”, em 2009. (KIM, 2011, p. 79).22

22. Trecho traduzido: “BoA is arguably the first Korean singer developed to target an overseas music market from the time of her debut. In Japan, she topped the Oricon weekly album chart with seven straight albums, including a greatest hits collection. Her ambitions have since turned to the US pop market: she released the digital single “Eat You Up” in 2008 and an English-language studio album, BoA, in 2009”.

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Fig. 8 - Cantora Kwon Bo-Ah, conhecida como B.o.A

Seu debut abriu as portas para muitos outros cantores e grupos, tanto da S.M Entertainment quanto para outras empresas. Seguindo seu processo de sucesso, a empresa lançou os grupos masculinos TVXQ! (2003), Super Junior (2005) e SHINee (2008), e os grupos femininos Girls’ Generation (2007) e f(x) (2009), que foram grupos com extrema popularidade nos anos 2000 e fizeram com que a Neo-Hallyu fosse o poder que é hoje. O grupo masculino TVXQ! (ou DBSK, “Os deuses em ascensão do Oriente”) foi o primeiro grupo masculino lançado pela empresa sob o gerenciamento de sistema de idols e as novas estratégias abordadas com o sucesso de B.o.A. O grupo rapidamente alcançou sucesso simultâneo tanto na Coreia do Sul quanto no Japão, onde atualmente possuem o maior número de fãs (MADUREIRA, 2014, p. 24) e curiosamente entraram para o Guinness Book (O Livro dos Recordes) por ter o fã clube (chamado de Cassiopéias) com maior número de fãs do mundo em 2008 (CORDEIRO, 2013, p. 10).

Fig. 9 - Membros do grupo TVXQ!

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Girls’ Generation, também conhecidas como SNSD (Sonyeo Sidae, “Geração de Garotas”), foi o primeiro grupo feminino também com lançamento gerenciado pelo novo sistema. As garotas fizeram sua estreia com a música “Into The New World (No Novo Mundo)” que foi um marco para o K-pop, sendo cantada até hoje em todo o país e referência para novos grupos femininos por sua letra expressar liberdade. O ano de 2009 foi um marco na carreira do grupo com o lançamento da música “Gee”, que alcançou uma popularidade imensa na Ásia causando o que a mídia se referia á “Gee Mania”. Em 2011 o grupo tentou entrar no mercado norte-americano com a versão em inglês da música “The Boys (Os Garotos)” mas não fizeram tanto sucesso quanto a música “I Got A Boy (Eu tenho um Garoto)” lançada em 2013, fazendo do grupo as vencedoras do prêmio “Vídeo do Ano” da premiação Youtube Music Video Awards naquele mesmo ano (KIM, 2011, p. 74).

Fig. 10 - Membros do grupo Girls' Generation

Os grupos lançados após o ano de 2010 são os mais populares da empresa atualmente e continuam o legado que os grupos antigos deixaram. Os grupos masculinos EXO (2012) e NCT (2016), e o grupo feminino Red Velvet (2014), possuem um número maior de fãs internacionais e fazem turnês mundiais de sucesso por onde passam. Apesar de algumas controvérsias relacionadas ao nome da empresa nos últimos anos, Madureira (2014, p. 27) afirma que “a S.M. Entertainment continua liderando o mercado nacional sul-coreano como uma das mais poderosas e influentes da indústria musical e possui seu próprio nicho de fãs e apreciadores fiéis”.

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4.2.2 YG Entertainment A segunda maior empresa de K-pop, é a YG Entertainment, que fundada em 1996 pelo cantor Yang Hyun-Suk, também fez parte do processo de revolução do K- pop ainda na década de 1990. O produtor é ex-membro do grupo pioneiro Seo Taiji & Boys e usou suas influências em músicas ocidentais para se dedicar em lançar artistas com foco nos estilos hip-hop e R&B (Idem, p. 27). A empresa é conhecida por seu estilo padrão americanizado e ousado em suas produções, seus artistas não seguem o padrão de beleza sul-coreano como todas as agências buscam em seus trainees e possuem um estilo diferenciado encontrado no ramo.

Fig. 11 - Logo da empresa YG Entertainment

Eles seguem o mesmo padrão de sistema de ídolos que a concorrente S.M Entertainment: os artistas passam anos treinando e praticando dança, canto, idiomas e atuação, mas com o diferencial de aprendizado forte em beat boxing, rap e break dancing (Ibidem, p. 28). Também efetuam audições globais para recrutar trainees dentro e fora da Coreia do Sul, mas nos últimos anos Yang criou programas de sobrevivência onde testam as habilidades de seus melhores trainees em reality shows transmitidos pela televisão e transmissões online, e assim formam grupos com os vencedores. Mesmo fundada na década de 1990, a empresa ficou conhecida por grupos e cantores que fizeram sua estreia apenas no começo da Neo-Hallyu, como Se7en (2003), BIGBANG (2006) e 2NE1 (2009), sendo os dois últimos, os grupos responsáveis pela posição privilegiada e de renome que a agência possui hoje. O quinteto BIGBANG foi o grupo

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de masculino de destaque na Ásia nos anos 2000 pela capacidade dos membros de produzirem e compor suas músicas, algo não era muito comum entre grupos de K-pop na época (MADUREIRA, 2014, p. 29). Os cinco membros, atualmente apenas quatro, possuem carreiras solos consolidadas principalmente no mercado japonês, onde mais conquistaram fãs. Dewet, Imenes e Pak (2018, p. 39) citam que: “O BIGBANG é um dos atos mais sólidos em termos artísticos e monetários, e o reconhecimento internacional inclui posições de destaque nos charts da Billboard e até o título de “Best Worldwide Act”, do MTV Europe Music Awards 2011”.

Fig. 12 - Membros do grupo BIGBANG

O grupo feminino 2NE1 abriu as portas da empresa para o público internacional que possuía grande interesse pela representação do conceito do grupo na figura feminina poderosa e mais globalizada que desafiava os estereótipos asiáticos da beleza feminina. Tanto seus estilos quanto as letras das músicas deixavam explicitamente claro que elas tinham como identidade do grupo a rejeição ao padrão comum da época (MADUREIRA, 2014, p. 29-30). O quarteto [...] revolucionou toda a cena do K-pop com seu estilo girlpower23. Os hits são incontáveis, mas a explosão veio com o single “I Am The Best (Eu sou a melhor)”, de 2011, que ainda toca nas baladas pelos quatro cantos do mundo, mesmo que ninguém na festa saiba que se trata do tal K-pop. (Idem, p. 30).

Com o foco principal no mercado internacional, a YG Entertainment possui escritórios em outros países para a facilitação de melhor divulgação de seus artistas, tendo a “YG Hong Kong” para foco no mercado 23. Em português “Poder das Garotas” ou conhecido por “Poder Feminino”, é um termo muito usado no K-pop para descrever um conceito ou estilo mais forte entre grupos femininos com destaque no empoderamento feminino.

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Fig. 13 - Membros do grupo 2NE1

asiático e a “YG USA” para a divulgação no mercado ocidental (Ibidem, p. 30). Com isso, os grupos e artistas da empresa conseguem parcerias facilmente com cantores e produtores famosos, incluindo até marcas de roupas de grife como Chanel, Dolce & Gabbana e Moschino (DEWET; IMENES; PAK, 2018, p. 39). Atualmente a empresa também é responsável pelos grupos Winner (2014), iKON (2015) e o mais novo sucesso mundial BLACKPINK (2016), assim como também era responsável pelo cantar PSY, que entrou para a empresa em 2010 e depois de 8 anos de contrato, decidiu sair e montar sua própria empresa no mesmo ramo.

4.2.3 JYP Entertainment A terceira empresa que fecha a BIG 3 é a JYP Entertainment, ou também JYPE, foi fundada em 1997 pelo cantor e produtor Park Jin-Young. A empresa também fez parte da revolução de grupos de K-pop da década de 1990 com o lançamento do grupo masculino G.O.D em 1999, que se consagrou aos grupos pioneiros da época pela venda de mais de um milhão de cópias de seus álbuns. Vários fatores diferenciam a JYPE de suas concorrentes, sendo uma delas o fato de que o próprio CEO Park Jin-Young compõe as faixas principais de seus artistas e também vende composições para artistas internacionais, como ator e cantor norte-americano Will Smith, em 2005 (MADUREIRA, 2014, p. 33).

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Fig. 14 - Logo da empresa JYP Entertainment

A empresa se destacou no início da Neo-Hallyu com o lançamento do cantor solo Jung Ji-Hoon em 2002, conhecido pelo nome artístico Rain. O cantor também teve seu gerenciamento e treinamento em base do sistema de ídolos e conquistou uma carreira de sucesso na Ásia (Idem, p. 32). Rain também conquistou o público internacional não apenas como cantor, mas também atuando nos filmes norte-americanos Speed Racer (2008) e Ninja Assassin (2009), ganhando o prêmio de “Melhor Ator Durão” no MTV Awards em 2010, sendo o primeiro sul-coreano a ganhar na premiação (KOCIS, 2011, p. 33). Sua popularidade na Ásia foi tão grande que a importante revista norte-americana Times o escolheu como uma das 100 celebridades mais influentes do ano em 2006 (KIM, 2008, p. 156). O cantor despertava interesse do público por ser diferente dos grupos e cantores que estavam bombando na época: Enquanto o idol antes da crise era um mero objeto para o público adolescente sul-coreano, um novo tipo de ídolo deveria ser produzido depois dela, alguém mais “real e autêntico”. [...] Rain ajudou a introduzir uma nova imagem de idol, um tipo híbrido que atenda ao público sul-coreano e detenha um maior apelo internacional, tanto musicalmente (letras em coreano, mas com sons batidas ocidentais), quanto fisicamente (ora de aparência inocente e carismática, ora um ícone sexy e de corpo escultural). (SHIN, 2009 apud MADUREIRA, 2014, p. 32).

Em 2007 foi o debut do grupo feminino Wonder Girls, uma promessa de sucesso internacional da empresa. De certa forma, a entrada do grupo no mercado ocidental em 2009 com a versão em inglês da música “Nobody (Ninguém)” fez com que tanto o grupo quanto a empresa ganhassem reconhecimento do público internacional. O grupo entrou para a lista das 100 melhores músicas da Billboard naquele mesmo ano, sendo o primeiro grupo de K-pop a alcançar essa marca, e também foram escolhidas para abrirem a turnê do trio Jonas Brothers, a sensa-

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Fig. 15 - Cantor Jung Ji-Hoon, conhecido como Rain

ção dos jovens no ocidente naquela época (MADUREIRA, 2014, p. 33). Porém, apesar de todo o sucesso, o grupo não conseguiu se manter no mercado musical norte-americano, assim como nenhum outro grupo de outras agências concorrentes que tentaram fazer o mesmo que Wonder Girls naquele período. Com isso, empresa ficou conhecida por seus conceitos que não atendem somente o público mais jovem ou público oriental, lançando grupos e cantores com conceitos mistos para públicos variados. A empresa também é responsável por lançar os grupos masculinos 2AM e 2PM (ambos de 2008), GOT7 (2014) e Stray Kids (2018), e também os grupos femininos Miss A (2010), Twice (2015) e o mais recente Itzy (2019). Como esperado de sua diversidade de conceitos, em 2015 também lançaram uma banda de pop-rock chamada Day6, e duos como JJ Project (2012) e Jus2 (2019) com membros do grupo GOT7, e 15& (2012) com as cantoras solos Park Jimin e Yerin Baek.

Fig. 16 - Membros do grupo Wonder Girls

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4.3 Gerações de Grupos A Onda Hallyu, apesar de ser dividida em Hallyu e Neo-Hallyu, também possui outras subclassificações não oficiais, mas que são adotadas por muitos estudiosos e fãs do fenômeno. Como o K-pop sempre passou por evoluções conforme os anos, foi notado que cada um dos grandes períodos de evolução foi uma geração de grupos e idols novos que deram sua respectiva relevância para o gênero na época. Existem quatro gerações relevantes para a história do gênero e atualmente está na quinta geração, sendo a mais dependente da tecnologia e de maior sucesso mundial. (GONÇALVES, 2018, p. 25) A “1ª Geração” é responsável pelo início do K-pop e seus primeiros grupos, tendo duração de 1996 a 2000. Os grupos na época ainda estavam moldando o gênero e por isso possuíam muitas influências do J-pop e da cultura norte-americana. Ainda não existia o sistema de idols e era comum que os grupos eram formados por amigos ou pessoas que tinha algum vínculo em comum antes (Idem, p. 36). Essa geração teve poucos lançamentos de grupos e o fim quando os principais grupos se desfizeram no começo dos anos 2000. Pode ser representada pelos grupos H.O.T, S.E.S, Sechskies, Shinhwa e também Seo Taiji & Boys, apesar de não serem classificados como K-pop, mas por sua relevância ao gênero. A “2ª Geração” iniciou-se logo em seguida com o começo da Neo-Hallyu e o uso do sistema de idols, foi a geração de maior período até hoje sendo de 2001 a 2008. Foi a geração mais importante para a Neo-Hallyu por disseminar o K-pop pela Ásia totalmente e teve o foco principal o Japão, fazendo com que muitos grupos e artistas realizassem shows no país e lançassem discos no idioma japonês (Ibidem, p. 37). Após 2006, os grupos se mostravam mais globalizados e muitos deles, tanto femininos quanto masculinos, disputavam a atenção do público. A internet foi a grande aliada para o marketing dos grupos dessa geração e ajudou na disseminação do gênero para o público internacional (CUNHA, 2013, p. 18). A geração pode ser representada pelos grupos TVXQ!, Girls’ Generation, BIGBANG e a cantora solo B.o.A. A “3ª Geração” foi a geração mais curta até então, durando apenas

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dois anos, sendo eles de 2009 a 2011. É chamada de Golden Era (Era de Ouro) por ser o período em que, com ajuda do Youtube, fez com que alguns grupos tivessem destaque com o público internacional com músicas de refrões viciantes. O número de grupos lançados aumentou conforme a popularidade do gênero crescia, inclusive no Brasil, e muitos grupos voltaram a usar influências do J-pop (GONÇALVES, 2018, p. 38). Também é conhecida por ser a época de roupas e clipes coloridos, e pode ser representada pelos grupos Infinite, T-ara, Apink, After School, 4Minute e 2NE1. A “4ª Geração” foi marcada pelo sucesso da música Gangnam Style do cantor PSY, e sua viralização fez com que o mundo olhasse para o K-pop. Durou de 2012 a 2014, o estilo abandonou totalmente o J-pop para focar nas influências do estilo pop norte-americano, e como estratégia de marketing, muitos trainees estrangeiros fizeram parte de alguns grupos. Foi também a geração que debutou grupos de sucesso mundial atualmente como EXO, BTS, GOT7, VIXX e Red Velvet (Idem, p. 39). Como dito anteriormente, a geração atual do K-pop é a “5ª Geração”, que iniciada em 2015, não há previsão de término. É a geração que mais está trazendo sucesso mundial para o K-pop por conta da popularidade de alguns grupos que debutaram também no mercado norte-americano, e que diferente do ocorrido com alguns grupos da 2ª Geração que tentaram o feito, eles estão conseguindo sucesso no ocidente. Essa geração pode ser representada pelo incrível sucesso do grupo BTS, mesmo que tenham debutado na geração anterior, é um grupo de grande destaque atualmente. Essa geração também marca o lançamento de grupos com sucessos mundiais como; BLACKPINK, GFriend, Twice, Wanna One, NCT, Stray Kids e Loona.

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Fig. 17 - Membros do grupo NCT (Sub-unidade NCT 127)

4.4 O Futuro do K-pop Em 2013, Cunha (2013, p. 39) citava que o K-pop, mesmo parecendo uma alternativa a música pop ocidental, ainda carecia de revoluções feitas como Beatles nos 1960 e Backstreet Boys em 1990, mas que sua consolidação não parecia distante. Atualmente, o grupo masculino Bangtan Sonyeondan (Escoteiros a Prova de Balas), conhecidos por BTS, formado em 2013 pela empresa Bighit, vem revolucionando o mercado do K-pop no mundo com inúmeros sucessos e quebras de recordes a cada ano. Apesar do tempo de debut ser antigo, o grupo obteve reconhecimento nacional e internacional apenas no ano de 2015. Quando o K-pop é citado pela mídia, o grupo é referência do gênero e já despertou interesse de muitos artistas internacionais para parcerias musicais. O crescimento do grupo em menos de quatro anos de existência é fora de série, e seu estilo baseado no hip-hop conquista legiões de fãs – mesmo para quem não entende nada de K-pop. O BTS se tornou super popular com seus rappers vigorosos, os vocais “à lá Justin Timberlake” e as coreografias extremamente poderosas, além de serem os novos representantes da Neo-Hallyu pelo mundo. (DEWET; IMENES; PAK, 2018, p. 69).

O grupo segue a mesma ideia de produção própria de suas músicas assim como o grupo BIGBANG, porém, contendo o diferencial de álbuns e mini álbuns24 que seguem uma sequência de temas como histórias que se complementam, o que ajudou no interesse do público asiático e internacional (Idem, p. 69). Os clipes das músicas principais 24. Mini álbuns são discos comuns contendo de 3 a 6 musicas, diferente do álbum comum que chega conter até 15 músicas.

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dos álbuns seguem a mesma ideia e são bem produzidos visualmente, criando uma estética própria e sensibilidade de design da empresa e os membros do grupo. Segundo Balducci (2019), o grupo recentemente entrou para a lista das 100 personalidades mais influentes do ano na revista norte-americana TIME e o ultimo projeto do grupo alcançou o topo da parada musical também norte-americana “Billboard 200”, sendo a terceira vez que o grupo atinge essa marca, feito que somente os Beatles conseguiram em 1995.

Fig. 18 - Membros do grupo BTS

Além do grupo BTS, outros grupos que foram lançados de 2015 até esse ano são grandes promessas de sucesso da nova geração da Neo-Hallyu. BLACKPINK, grupo feminino da YG Entertainment, recentemente participou do festival pop Coachella nos Estados Unidos e já garantiu sua popularidade entre o público norte-americano que a acompanhou o show e logo divulgaram na internet. O grupo feminino LOONA, da empresa Blockberry Creative, foi lançado em 2018 após 18 meses de um projeto incomum feito pela empresa, onde cada membro foi apresentado através de músicas solos. Durante os meses do projeto, o grupo apresentou um nível de popularidade entre os fãs internacionais acima do esperado.

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Fig. 19 - Membros do grupo BLACKPINK

Outra sensação que domina a Coreia do Sul que ajuda no lançamento de novos grupos de K-pop são os reality shows no formato de “Programa de Sobrevivência”, onde os melhores trainees disputam entre si uma vaga em no grupo que será formado ao final do programa. São programas populares que despertam interesse de todos os públicos e pode ter o mesmo nível de popularidade comparada os programas de talentos ocidentais como The Voice, mas a diferença que ao invés de um cantor ou uma dupla, são formados grupos normais de 5 a 10 integrantes que foram escolhidos pelo público (VOLTS, 2019). O formato tradicional era apadrinhado por alguma empresa de entretenimento que, em parceria com algum canal sul-coreano (a Mnet principalmente), montava uma competição entre os trainees (pessoas que treinam para se tornal idols) e, ao fim, formava e debutava um grupo permanente, como foi o caso do Win: Who is Next, que formou o grupo Winner da YG Entertainment; ou o Sixteen, que formou o grupo Twice da JYP Entertainment. (Idem, 2019).

O programa de sobrevivência mais popular dos últimos anos foi o reality “Produce 101”, que a cada ano, desde 2016, recruta os melhores 101 trainees de agências de todo o país que buscam o sucesso através do programa e uma chance de estreia em um grupo temporário ao final do mesmo. A cada semana são eliminados grupos de trainees de acordo com seu baixo rendimento e ao final, o público vota nos 11 melhores trainees para serem novos idols. Com isso, foram lançados a partir do programa grupos de grande sucesso com o público nacional e internacional como o grupo feminino I.O.I (2016) da primeira temporada, o grupo masculino Wanna One (2017)

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da segunda temporada e o grupo feminino IZ*One (2019) da terceira temporada (Ibidem, 2019). O estilo do programa fez tanto sucesso que despertou a atenção de toda a Ásia e fizeram com que a vizinha China também lançasse programas de sobrevivência parecidos, como o atual sucesso em território chinês, Idol Producer.

Fig. 20 - Pôsters de divulgação da primeira e segunda temporada de Produce 101

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RESULTADOS DE PESQUISA

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5 Para obter diferentes opiniões sobre a pesquisa e também sobre o interesse do público-alvo, foi realizado um questionário com 7 perguntas através do Google Forms. O formulário foi divulgado através de redes sociais populares como Twitter e Facebook, onde se concentra a maior parte dos fãs e também possui a maior facilidade de ser compartilhada entre a comunidade. Com as 546 respostas obtidas em duas semanas de divulgação do formulário, é visível que o público-alvo possui grande interesse na história do gênero musical, mesmo que a grande parte esteja de 3 há 4 anos na comunidade. Concordam que o conteúdo encontrado hoje, tanto em livros físicos publicados quanto livros digitais e artigos online feitos por fãs, possuem escrita de conotação infantil e bastante informal, ocasionando confusão durante pesquisas de conhecimento sobre.

Pergunta 1

Fig. 21 - Pergunta 1

Os resultados da questão confirmam que o público do K-pop não necessita de uma linguagem tão infantilizada, já que a maior parte de seu público possui entre 16 a 19 anos, respondendo por 45,2% dos resultados. Assim como fãs de 20 a 25 anos, que ocupam o segundo maior resultado com 31,1% dos votos.

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Curiosamente, o público com idades entre 26 a 30 anos (3,3%) e mais de 30 anos (1,6%) também aparecem nos resultados, contrariando opiniões populares de que a comunidade do K-pop é composta apenas por crianças e adolescentes, que correspondem a 18,7% com idades entre 10 a 15 anos.

Pergunta 2

Fig. 22 - Pergunta 2

Grande parte do público que respondeu ao questionário são fãs do gênero entre 3 a 4 anos (42,5%), porém, o que impressiona é a quantidade de fãs que curtem o gênero entre 5 a 10 anos (27,1%) e a mais de 10 anos (2,2%), pois demonstra que o K-pop não é um gosto musical passageiro como as opiniões populares sugerem. O público que virou fã do gênero há 1 ou 2 anos correspondem a 23,4% dos votos e há menos de 1 ano apenas 4,8%.

Pergunta 3

Fig. 23 - Pergunta 3

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A terceira pergunta foi realizada para saber qual atrativo que mais atraiu os participantes da enquete, sendo unânime dentre as 443 respostas: coreografias, ritmo das músicas e o talento dos artistas.

Pergunta 4

Fig. 24 - Pergunta 4

95,2% do público que respondeu ao questionário marcou que possui interesse em saber mais sobre a história de origem do K-pop, contra apenas 4,8% que marcaram que não.

Pergunta 5

Fig. 25 - Pergunta 5

A questão foi realizada para ter o conhecimento do público pela preferência entre publicações físicas ou digitais. Apesar da preferência pela leitura em publicações digitais ser maior (43,1%) do que a física (13,7%), o público votou em sua maioria em ambas as opções (43,3%).

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Pergunta 6

Fig. 26 - Pergunta 6

A questão 6 não era obrigatória, porém, a maioria do público respondeu que caso fosse realizado uma publicação digital sobre o tema, escolheria realizar sua leitura através do celular (78,8%) pela sua facilidade. Seguido por leitores que preferem ler pelo computador (10,7%), leitor de e-book (6,9%), tablets (3,1%) e outros aparelhos (0,4%).

Pergunta 7

Fig. 27 - Pergunta 7

A última questão, também de extrema importância, confirmou que a maioria dos fãs também concordam que o conteúdo encontrado sobre o tema possui linguagem infantilizada e informal (87%). 9,7% não possuíam opinião pois nunca tiveram interesse em pesquisar sobre e apenas 3,3% acham que o conteúdo que encontram é o suficiente.

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REQUISITOS DE PROJETO

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6 Para a concepção do projeto, é preciso entender alguns requisitos necessários sobre design editorial juntamente com análises das estéticas de algumas produções de K-pop.

6.1 Design Editorial e Seus Componentes O propósito do design editorial é planejar e organizar toda publicação seja ela impressa ou digital, desde a estética de seu conceito a estruturação de texto e imagens. É essencial para toda publicação pois através dela se passa ao leitor sua contextualização visual da melhor forma. Seu planejamento deve começar a ser estudado a partir de seu conceito, objetivo e público-alvo, e então transmitir em forma de design por meio de componentes e elementos propostos (OLIVEIRA, 2017, p. 8).

6.1.1 Harmonia de Elementos O equilibro e a harmonia em um livro são de grande importância para o leitor, e o papel do design na área editorial é justamente equilibrar os elementos presentes para serem distribuídos igualmente tanto na capa quanto no miolo de uma publicação. As relações entre elementos em uma página são como objetos: sem seu equilíbrio, tudo fica em desarmonia. Essa desarmonia ocorre quando os elementos estão de tamanhos diferentes, estreitos ou desalinhados, e o designer utiliza contrastantes como a simetria, padronagens e escalas para poder contrabalançar (LUPTON; PHILLIPS, 2009, p. 29). Assim como nosso corpo precisa de nossos braços nas laterais do nosso corpo para nosso equilíbrio e as pernas para nos erguer, elementos bem posicionados proporcionalmente trarão harmonia na composição do design (Idem p. 30). Nos álbuns de K-pop, dependendo do conceito do grupo ou lançamento novo, o design das imagens de singles e capas de álbuns possuem um padrão de acordo com o tema proposto pela empresa. Grupos como o grupo misto K.A.R.D e o grupo feminino Dreamcatcher, possuem capas marcantes em seus singles e álbuns

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por conterem desenhos e formas simétricas espelhadas combinando com o tema da canção principal que está sendo lançada nele. O grupo K.A.R.D utiliza este estilo design em suas capas de singles digitais, enquanto o grupo Dreamcatcher produz álbuns impressos que a cada lançamento, são símbolos e ilustrações diferentes com o mesmo estilo de simetria, dando a harmonia e equilibro para o produto.

Fig. 28 - Single 'Don't Recall" do grupo KARD

Fig. 29 - Single 'Rumor" do grupo KARD

Fig. 30 - Capas diferentes do álbum 'Prequel' do grupo Dreamcatcher

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6.1.2 Cores As cores se tornaram partes fundamentais no design, com intensidades e essências infinitas e diferentes. Elas revigoram qualquer criação gráfica, podendo mudar a atmosfera dos elementos dependendo da matiz, intensidade ou luminosidade. Contrastes de cores dos elementos também podem causar percepções diferentes, cores em destaque proporcionam energias diferentes, como vermelho mais quente e azul mais frio (LUPTON; PHILLIPS, 2009, p. 71). [...] é um elemento extremamente importante em uma publicação para criar camadas de leitura, diferenciar de informações, e também pode gerar um impacto emocional através de cores específicas, que podem ser usadas simbolicamente ou provocar emoções e lembranças (CALDWELL; ZAPPATERRA, 2014 apud OLIVEIRA, 2017, p. 10).

O K-Pop é conhecido também por ser um gênero musical com suas fortes produções coloridas e marcantes, seja em vídeo clipes ou na produção de seus álbuns, as cores são responsáveis por chamar a atenção, conquistar o público, como também pode ocorrer do grupo se relacionar à uma cor. No caso do grupo feminino BLACKPINK, a cor predominante em suas produções sempre será rosa e preto. O grupo feminino Red Velvet, apesar do nome conter a palavra vermelho em inglês, é conhecido por suas produções coloridas, mas para não fugir totalmente de seu conceito, alguns de seus álbuns e músicas se relacionam a cor vermelha. As cores transmitem emoções e é possível notar o uso delas ao favor de muitas produções no K-pop. É comum que cada lançamento de álbuns novos tenha conceitos diferentes e seu design esteja de acordo a seu tema. Músicas com temas de romance adolescente ganham álbuns com tons rosas ou cores pastéis assim como romance mais adulto ganha tons de vermelho, conceitos temáticos como músicas de natal ganhar produções com tons vermelhos e verdes. Se as cores não forem de acordo com o tema da canção, pode perder totalmente seu conceito.

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Fig. 31 - Detalhes do album Cherry Bomb do grupo NCT 127

A música “Cherry Bomb” (Bomba de Cereja) do grupo NCT 127, possui como tema principal a cereja em um conceito rebelde com atitude. Suas cores principais são rosa e preto com verde, azul e lilás como cores secundárias. Elas foram usadas tanto no video clipe quanto na produção de seus albuns e posters de divulgação. Seu design foi pensado na cereja em cada detalhe, até mesmo dando destaque nas mesmas com verniz localizado na capa e ilustrações nas páginas do miolo.

6.1.3 Grid O grid é uma rede de linhas que auxilia o designer na composição e organização de conteúdo ou elementos, tornando a visibilidade da estrutura do documento melhor. Ele também pode ser usado para criação de outras formas, mas no design editorial, o layout da página consegue transmitir espaços para uso nos rodapés, cabeçalhos e laterais (LUPTON; PHILLIPS, 2009, p. 175). Os grids de páginas possuem alguns tipos, e o mais comum para livros são de apenas uma coluna, sendo um bloco cercado pelas margens. Publicações com muito texto possuem de duas a quatro colunas, o que facilita na diminuição de páginas (Idem, p. 182). Ao falar de texto com imagens, os livros possuem muitos elementos que podem trazer dificuldade ao leitor sem a devida estruturação e planejamento do layout. O designer precisa organizar esse conteúdo de

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forma com que as imagens guiem o leitor pelo texto, e assim, o texto deve estar em conformidade ao grid com imagens bem recortada e posicionamento de modo que também não ofusque o conteúdo do texto (HARSLAM, 2010, p. 146). O designer deve fazer um layout que se harmonize com o conteúdo de modo que o leitor possa ser guiado através das informações. Tendo em mente o público-alvo, o designer deve tomar decisões sagazes acerca da paleta tipográfica. (Idem, p. 143).

Fig. 32 - Detalhes do album Base do cantor Jonghyun

Alguns dos álbuns produzidos no K-pop, especialmente para a maioria dos artistas da empresa SM Entertainment, possuem uma construção de grid semelhantes. Tendo como exemplo o álbum “Base” do cantor Jonghyun, a capa é composta por uma imagem horizontal centralizada (as vezes podendo ser vertical), o fundo de cor chapada de acordo ao conceito da música principal, um texto mínimo sendo o título da música ou do álbum, nome do artista ou grupo e a indicação de lançamento (primeiro álbum, segundo álbum, etc). O mesmo padrão continua na lombada, com o título do mesmo centralizado, e também na capa do disco, geralmente contendo o nome dos artistas ou uma ilustração de acordo com ele. O miolo é composto pelas imagens de conceito da produção do álbum e seguem o padrão

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de grid simples, com apenas uma imagem em cada página em um fundo branco. Juntamente com as fotos, as páginas possuem textos de tamanhos mínimos contendo o nome no topo e as letras e informações de cada música que compõem o álbum acima, justificadas ou centralizadas.

6.1.4 Tipografia A tipografia tem como seu papel no design editorial fazer parte da identidade da publicação, e no texto, proporcionar uma leitura confortável ao leitor com uma boa legibilidade (OLIVEIRA, 2017, p. 9). Sua organização também é de grande importância em qualquer publicação, segundo Lupton (2006 apud OLIVEIRA, 2017, p. 10), “um simples recuo (que sinaliza a entrada para uma nova ideia) a um link destacado (que anuncia um salto para outro local), a tipografia auxilia os leitores a navegarem pela correnteza do conteúdo”. Nas produções gráficas do K-pop a tipografia não teria outro contexto diferente, já que a composição das mesmas torna a estética visual de capas dos álbuns e produtos oficiais mais aceitáveis pelo público. Com já dito, a cada lançamento novo há um tema e conceito a ser seguido, a tipografia utilizada em um disco não será usada em outro a não ser que seja sua marca oficial. O lançamento de um conceito mais sexy ou romântico acaba sendo utilizado tipografia serifada com menor peso para transparecer certa leveza e maturidade, enquanto tipografias com peso e dimensões maiores com alterações temáticas transparecem o mistério e atitude de um conceito misterioso.

Fig. 33 - Capa do single 'Be Natural' do grupo Red Velvet

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Fig. 34 - Capa do álbum 'The Perfect Red Velvet' do grupo Red Velvet


O idioma oficial da Coreia do Sul, e também da Coreia do Norte, é o Hangul. Criado em 1443 a mando do rei Se-Jong, ele designou que um grupo de estudiosos criassem um alfabeto que pudesse facilitar a escrita e a leitura da população independente de sua classe social. Antes disso, o idioma oficial da antiga Coreia era apenas o idioma chinês, que pelo alto nível de dificuldade dos caracteres e simbolismos do Hanja, apenas as pessoas de classe alta e governantes a dominavam. Apesar da polêmica que se instalou na época, o alfabeto foi logo reconhecido e se tornou uma grande herança cultural para ambos os países. Graças ao Hangul, a Coreia do Sul se tornou o país com um dos maiores níveis de alfabetismo elevado no mundo com apenas 10 vogais e 14 consoantes que se combinam para formar sílabas (KIM, 1985, p. 30-31). Antes mesmo do gênero emplacar sucesso no ocidente, muitos álbuns de K-pop adotaram títulos e frases em inglês para conquistar o público que não entende a língua coreana. Romanização de palavras em coreano ajuda principalmente nas vendas, já que os produtos também são vendidos fora do país. Porém, algumas produções não seguem esta regra e lançam seus produtos em Hangul, focando na venda de destaque nacional sabendo que nem todos os sul-coreanos são fluentes na língua inglesa.

Fig. 35 - Detalhes do album de trilhas sonoras do drama "Scarlet Heart: Moon Lovers"

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6.2 Publicações Digitais O livro impresso é a forma mais antiga de documentação, e apesar de estar ameaçado por conta da criação da internet e os livros digitais, ainda não é o suficiente para conseguir parar sua produção. Mas por outro lado, a tecnologia cresce a cada momento e seu mercado está em constante expansão, graças aos consumidores que estão cada vez mais a procura de conforto e facilidade para leitura. Mesmo que muitos ainda não sentem o mesmo prazer da leitura através de uma tela, é inegável que a opção pelas publicações digitais é mais prática do que livros tradicionais (HARSLAM, 2010, p. 12). Segundo Lupton (2011, p. 8), “o mundo editorial está se transformando devido a novas atitudes sociais sobre como produzir e compartilhar conteúdo”. O que antes os livros eram apenas encontrados em bibliotecas ou livrarias, com a tecnologia atual pode ser encontrada na palma da sua mão através de celulares, tablets e leitores de livros digitais, sem sair de casa. O formato digital mais popular para leitura é o E-Book (Livro Eletrônico), que em sua maioria contém layout simples de fundo branco e texto, pode ser obtido através de aplicativos, aparelhos de leitura digital, tablets e computadores, sem nenhum tipo de interatividade (AZEVEDO, 2012, p. 26). Para ser considerado um e-book é preciso que sejam tidos em consideração alguns pontos importantes no que diz respeito ao aspecto estético, gráfico e organizacional, ou seja, o tipo de letra deve ser o mais adequado, a quantidade do texto deve ser mais distribuída entre as páginas, o uso de cores e os contrastes obedecem a critérios específicos [...] (Idem, p. 26).

A evolução da tecnologia possui um papel importante para o design editorial, que começando do ponto inicial da criação do livro manuscrito com papeis e escritas simples, dá hoje a oportunidade de inúmeras ideias de criação de publicações digitais interativas. O E-book trouxe a revolução da leitura digital, e agora junto a interatividade, fez do E-Pub (Publicação Digital) uma experiência nova e interessante ao leitor com a adição de vídeos, animações, áudios, links, botões interativos, etc. (CALDWELL; ZAPATERRA, 2014 apud OLIVEIRA, 2017, p. 12).

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Os e-books permitem a inclusão de conteúdos e funcionalidades, tais como vídeos e animações, que ajudam a tornar o processo de aprendizagem mais interessante e intuitivo. A linguagem contida nesta ferramenta deverá ser uma linguagem simples e intuitiva de modo a facilitar a leitura e a compreensão dos temas abordados. (AZEVEDO, 2012, p. 28).

Além da criação de novos conteúdos, muitos livros e revistas existentes hoje migraram para o digital ou já possuem sua versão digital assim que lançada no mercado. Para isso, dependendo da publicação, são necessárias mudanças no seu conteúdo para melhor experiência do leitor. Ela precisa se adaptar aos diversos tipos de dimensão de tela, elementos podem ser adicionados ou excluídos, imagens e tipografias sofrem mudanças significativas dependendo da dimensão de tela (CALDWELL; ZAPATERRA, 2014 apud OLIVEIRA, 2017, p. 12). A facilidade que as publicações digitais trazem ao público vai muito mais do que a experiência tecnológica. Acredita-se que a maior facilidade que possa trazer utilizando esse recurso é o fator da praticidade, podendo ler várias publicações em qualquer lugar e também diminuindo a ocupação de espaço de livros e revistas impressas em estantes ou bolsas. Mas a também como se torna uma produção sustentável, contribuindo para a preservação da natureza diminuindo a produção de papel para impressão de publicações tradicionais. Outro fator positivo é a manipulação do conteúdo mesmo após ser publicado, trazendo ao leitor conteúdo sempre atualizado (AZEVEDO, 2012, p. 33).

6.3 Análises de Publicações Foram escolhidas duas publicações em foco no tema K-pop para análise, sendo ambas disponíveis tanto para plataformas digitais quanto impressas. As duas publicações possuem o objetivo de informar ao leitor sobre a história do gênero, mas cada uma em focos diferentes.

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6.3.1 Análise 1

Fig. 36 - Detalhes do livro KPOP Now!

Detalhes da Publicação Número de páginas: 112 páginas Dimensões: 23,8 x 16,8 x 1cm Peso: 322g O livro “KPOP Now! Tudo sobre os idols que você já ama” lançado em 2017 por Mark James Russel, conta em poucas páginas um breve resumo da história do K-pop de maneira direta e sem alguma referência ao passado. Possui uma estética de design moderna no miolo, com elementos coloridos e muitas imagens, porém a capa exagera na poluição visual com o excesso de imagens. Contém verniz localizado no título presente na lombada e verniz total na capa.

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Fig. 37 - Prints de tela da versão digital no aplicativo Kindle

Detalhes da Versão Digital Aplicativos disponíveis para leitura: Google Livros, iBooks e Kindle Disponibilidade: Possui prévia gratuita em alguns aplicativos A linguagem abordada é considerável adequada, porém o ponto negativo da publicação é o fato de focar apenas em grupos e artistas, além de possuir informações em excesso em algumas páginas. Sua versão digital não possui muitas mudanças significativas e pode ser encontrada na versão E-book em aplicativos como Kindle da Amazon, e por ser um livro importado, possui valores altos comparado à livros comuns que seguem a mesma proposta.

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6.3.2 Análise 2

Fig. 38 - Detalhes do livro K-pop: Manual de Sobrevivência

Detalhes da Publicação Número de páginas: 166 páginas Dimensões: 21 x 13,6 x 1,2cm Peso: 259g O livro “K-pop: Manual de Sobrevivência” lançado em 2017 por Babi Dewet, Erica Imenes e Natália Pak, é o livro mais recente e mais popular entre os fãs por abordar não somente a música, mas também a cultura sul-coreana, aspectos sobre o país, turismo, gastronomia e também entrevistas com alguns cantores e grupos. Diferente do livro anterior, é possível encontra-lo em muitas livrarias por ser um produto nacional, tornando-o assim mais barato.

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Fig. 39 - Prints de tela da versão digital no aplicativo Issuu

Detalhes da Versão Digital Aplicativos disponíveis para leitura: Kindle e Issuu Disponibilidade: Possui prévia gratuita em ambos aplicativos Apesar de ser um livro aparentemente completo, a linguagem abordada pelas autoras é visivelmente informal e infantilizada, contendo gírias e erros gramaticais. A publicação também possui uma versão digital que assim como a anterior, não possui mudanças significativas. Seu design é moderno, contendo efeitos holográficos em locais específicos na publicação impressa, o que mais chama a atenção do leitor.

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PARTE II O PROJETO

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ESTUDOS DE CONCEPÇÃO

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7 Após uma pesquisa, foi levado em conta alguns elementos importantes para a construção do projeto:

7.1 Textos com rolagem interativa Ao conhecer melhor o aplicativo GoReads25, é notável como o modo que algumas revistas digitais da plataforma apresentam suas matérias, são ágeis e possuem uma ótima legibilidade. Conforme o usuário desliza a tela com o toque, o conteúdo do texto e suas mídias vão aparecendo, vertical e horizontalmente. Dessa forma, o leitor pode acompanhar melhor o conteúdo sem tem que ampliar a tela para realizar a leitura. Infelizmente, após uma atualização feita em agosto de 2019, o aplicativo mudou toda sua plataforma e o formato de leitura não é mais o mesmo, agora sendo apenas uma leitura básica com arquivos digitais comuns de suas revistas impressas e ampliação de tela.

Fig. 40 - Prints de tela do aplicativo GoReads 25. Plataforma de revistas digitais e interativas da Editora Abril.

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7.2 Interface do aplicativo SAUDE Apesar de fazer parte do aplicativo GoReads, a revista Saúde possui seu próprio aplicativo contendo todas suas edições em formato digital e interativo. Diferente da antiga interação no GoReads, onde a tela deslizava e possuia fixagem de tela, no aplicativo Saúde sua tela é com rolagem infinita. Conforme o usuário desliza o toque sob a tela, o texto flui com facilidade, oferecendo melhor experiência de leitura ao leitor. O layout de cada capítulo possuí uma ótima legibilidade ao leitor, tanto pela sua composição de cores, quanto pela diagramação de toda a página e texto. Dependendo do tema do capítulo referente na página, as cores podem mudar para combinar melhor com as imagens e ilustrações, mas sempre em tons que não intereferem na legibilidade dos textos de leitura.

Fig. 41 - Print de tela do aplicativo SAÚDE

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Fig. 42 - Print de tela do aplicativo SAÚDE


7.3 Painel Semântico O painel semântico é dividido em partes com características no K-pop que considerei importantes para a composição do projeto:

7.3.1 Livros sul-coreanos A idéia inicial de design para o projeto foi seguir com base em capas de livros sul-coreanos, uma composição comum entre todos os livros feitos no país que basicamente conta com cores chapadas e chamativas, nenhuma imagem ou ilustração, duas á três cores no máximo e em sua maioria, possui tipografia condensada para o título do livro.

Fig. 43 - Livros sul-coreanos

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7.3.2 Cores Tudo o que involve o K-pop possui muitas cores envolvidas e fugir delas é quase impossível. Os clipes musicais26 sempre chamaram muita atenção do público, até mesmo de quem não é fã. Por isso, mesmo que o objetivo do projeto é ter uma linguagem mais séria, o uso de diversas cores é a principal característica de toda a composição do projeto para não perder a essência do gênero.

Fig. 44 - Prints de clipes musicais dos grupos Mamamoo, Seventeen, Loona e da cantora IU

26. Na linguagem do K-pop, clipes musicais são chamados de MVs (Music Videos).

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7.3.3 Álbuns de K-pop Os álbuns de música são objetos de desejo e considerados itens de colecionador para fãs do K-pop. Cada álbum possui um design diferente, sempre tendo relações diretas com o conceito do respectivo comeback. Apesar dessa diferença de temática, a maioria dos álbuns possuem uma estética sul-coreana de manter uma imagem mais limpa possível, com margens espaçosas, grandes respiros de página, poucos textos e artes minimalistas. Esse conceito minimalista sul-coreano foi explorado e praticado em partes do projeto.

Fig. 45 - Diversos álbuns de K-pop

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DOCUMENTAÇÃO

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8 8.1 Identidade Visual A capa segue o conceito minimalista dos livros sul-coreanos com apenas o logo do título do projeto. A logo foi planejada desde o início para ser apenas a palavra "Hallyu" em hangul com uma tipografia condensada e abaixo sua tradução "Onda Coreana". Foi realizado uma pesquisa de tipografias em Hangul do tipo condensadas e apenas a tipografia Black Han Sans foi se encaixou melhor no conceito.

1ª Versão BLACK HAN SANS REGULAR

THE BOLD FONT Fig. 46 - Logo inicial

Para a versão final, foi mantido a tipografia Black Han Sans para "Hallyu" e foi substituída a tipografia de "Onda Coreana", para a tipografia Balboa. Ela também foi utilizada em outros títulos e subtítulos no projeto por ser similar a Black Han Sans e conter uma família tipografica completa. Foi também retirado o "A" do subtítulo.

Versão final

한류 ONDA COREANA

BLACK HAN SANS REGULAR

BALBOA EXTRA BLACK

Fig. 47 - Logo final

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8.2 Tipografia Tipografias de logo e títulos

BLACK HAN SANS REGULAR ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZabcdefghijklmnopqrstuvwxyz가개갸거게겨고괴괘교구귀궤규그긔기나내 냐너네녀노뇌놰뇨누뉘눼뉴느늬니다대댜더데뎌도되돼됴두뒤뒈류드 듸디라래랴러레려로뢰뢔료루뤼뤠류르리마매먀머메며모뫼뫠묘무뮈 뭬뮤므믜미바배뱌버베벼보뵈봬뵤부뷔붸뷰브븨비사새샤서세셔소쇠 쇄쇼수쉬쉐슈브븨비아애야어에여오외왜요우위웨유으의이자재쟈저 제져조죄좨죠주쥐줴쥬즈즤지차채챠처체쳐초최쵀쵸추취췌츄츠치카 캐캬커케켜코쾨쾌쿄쿠퀴퀘큐크키타태탸터테텨토퇴퇘툐투튀퉤튜트 틔티파패퍄퍼페펴포푀표푸퓌퓨프피하해햐허헤혀호회홰효후휘훼휴 흐희히1234567890‘?’“!”(%)[#]{@}/&\<-+÷×=>$:;,.

BALBOA EXTRA BLACK ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTVVWXYZabcdefghi jklmnopqrstuvwxyz ‘?’“!”(%)[#]{@}/&\< +÷×=>®©$€£¥¢:;,.*

Tipografias para texto corrido e legendas

Raleway Regular ABCČĆDĐEFGHIJKLMNOPQRSŠTVWXYZŽabcčć dđefghijklmnopqrsštuvwxyzž1234567890‘?’“!”(%)[#] {@}/&\<-+÷×=>®©$€£¥¢:;,.*

Raleway Medium ABCČĆDĐEFGHIJKLMNOPQRSŠTVWXYZŽabcčć dđefghijklmnopqrsštuvwxyzž1234567890‘?’“!”(%) [#]{@}/&\<-+÷×=>®©$€£¥¢:;,.*

BALBOA LIGHT ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTVVWXYZabcdefghi jklmnopqrstuvwxyz ‘?’“!”(%)[#]{@}/&\< +÷×=>®©$€£¥¢:;,.* 90


8.3 Cores utilizadas RGB 227 233 53 HEX/HTML E3E935 CMYK 10 0 86 0

RGB 255 134 116 HEX/HTML FF8674 CMYK 0 56 48 0

RGB 165 48 124 HEX/HTML A5307C CMYK 2 89 40 4

RGB 0 21 212

RGB 42 210 201 HEX/HTML 2AD2C9 CMYK 59 0 26 0

RGB 255 74 128

RGB 255 187 72

RGB 225 6 0

HEX/HTML FFBB48 CMYK 0 27 72 0

HEX/HTML E10600 CMYK 0 94 100 0

RGB 131 141 143

RGB 161 154 237

HEX/HTML 848F8F

HEX/HTML A19AED

CMYK 8 1 0 44

CMYK 32 35 0 7

RGB 140 226 208 HEX/HTML 8CE2D0 CMYK 35 0 21 0

RGB 254 143 29

RGB 0 0 0

RGB 140 0 18

HEX/HTML 000000

HEX/HTML 8C0012

CMYK 0 0 0 100

CMYK 0 100 87 45

HEX/HTML 0115D4 CMYK 100 90 0 17

HEX/HTML FF4980 CMYK 0 71 50 0

HEX/HTML FE8F1D CMYK 0 44 89 0

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8.4 Processo de criação de telas O processo de criação das telas não teve nenhum rascunho em papel, foi tudo planejado e montado diretamente no Adobe XD. A primeira ideia foi manter a cor branca como destaque em toda a publicação, desde o sumário aos capítulos. Porém, como seria tudo branco igualmente, poderia ocorrer de que o usuário pudesse se confundir em qual capítulo está. Tudo foi reformulado para usar as cores ao favor, dando destaque a cor de cada capítulo em todos os detalhes, para manter o leitor sempre em alerta em qual capítulo ele se encontra. A diminuição do tamanho da caixa de texto também ajudou na legibilidade do texto. Antes o texto era com espaço maior com letra menor, inspirado em estilos de textos encontrados no encarte de álbuns de K-pop. Agora, a caixa de texto ficou menor com tamanho da letra mediano, melhorando a fluidez da leitura e dando espaços de respiro nas laterais. Uma grande mudança foi feita na primeira ideia inicial da tela de sumário, que ainda seguindo no plano da cor branca em destaque, fugia totalmente do estilo adotado nas outras telas. O plano de fundo branco com pequenas caixas de imagens foi substituído por imagens semelhantes ou iguais as de cada capítulo com suas respectivas cores em destaque. Seguindo esse mesmo propósito, as telas de capítulos tiveram três mudanças até seu layout final. A primeira foi extremamente básica, sem sequer imagens, texto com tamanho de fonte pequeno e o título em uma caixa com a cor do capítulo. A segunda o título ficou menor, possuia uma caixa de texto espaçosa, poucos ícones e imagens estáticas sem animação. A terceira ideia foi uma mudança extrema: Adição de slide de imagens, uma seção ao final do capítulo para que o leitor conheça um pouco mais sobre os grupos citados naquela página, link externo, título fora de uma caixa e com subtítulo para resumir o que conta no capítulo, ícones mais inteligentes e a imagem de capa que ocupa uma tela inteira, para mostrar o texto apenas se o leitor deslizar a tela para baixo.

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Abaixo, a ideia inicial e final para o layout de abertura dos capĂ­tulos, sendo a segunda estĂŠticamente mais apropriada ao conceito de cores do K-pop.

Fig. 48 - Ideia inicial de abertura

Fig. 49 - Ideia final de abertura

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Fig. 50 - Ideia inicial de sumรกrio

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Fig. 51 - Ideia final de sumรกrio


Fig. 52 - Ideias iniciais de capĂ­tulo

Fig. 53 - Ideia final de capĂ­tulo

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PRODUTO

ACESSE A PUBLICAÇÃO!

FAÇA A LEITURA DO CÓDIGO USANDO A CÂMERA DO CELULAR (IPHONE) OU APP PARA LEITURA DE QR CODE ACESSE TAMBÉM ATRAVÉS DO LINK: https://adobe.ly/36RMciG 96


9 O produto é uma proposta para uma publicação digital interativa (E-Pub) e foi produzida no programa Adobe XD. Contém 21 telas no total, sendo: 12 telas para demonstração de conteúdo, 5 telas de apoio para animação, 5 telas de protótipo, 3 telas de inicialização e 1 tela extra para simulação de link externo (ação por enquanto não disponível no Adobe XD).

Fig. 54 - Print com todas as telas da publicação

Fig. 55 - Print mostrando todas as conexões de interação

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Fig. 56 - Todas as telas

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Fig. 57 - Ligações das telas


9.1 Telas Iniciais As telas foram projetadas para dimensões de tela para Iphones 6/6s/7/8 (375 x 667 px), mas caso se tornasse um projeto real, o conteúdo se ajustaria para todos os tipos de celulares. 1ª TELA - Inspirada nas capas dos livros sul-coreanos, a tela inicial é composta apenas por uma cor chapada e o título da publicação. As cores são complementares e representam os grupos SISTAR e NCT. 2ª TELA - O guia de navegação é para ajudar o leitor com a interatividade da publicação.

Fig. 58 - Tela Inicial

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Fig. 59 - Guia de Navegação


3ª TELA - O sumário é longo e interativo, ao clicar no ícone abaixo das descrições, levam diretamente ao capítulo desejado. As imagens e cores são correspondentes a cada capítulo para o leitor se encontrar facilmente durante o uso da públicação. Dimensão total de tela: 375 x 2682 px.

Fig. 60 - Sumário

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9.2 Telas de Capítulos As telas de leitura dos capítulos possuem um layout padrão que consistem em: Imagem na abertura de capítulo, subtítulo, texto no centro da tela, imagens com interação de transição e ao final da página uma breve informação sobre o grupos citados no texto e também na imagem de capa do capítulo. Os ícones de setas presentes nos capítulos são para guiar o leitor durante a leitura, deslizando para baixo e para o lado. No canto superior no ínicio do capítulo também há um ícone de uma casa que ao clicar, retorna para o sumário. Cada capítulo representa uma cor oficial de um grupo de K-pop. Na parte de "+ Sobre", ao clicar no ícone no canto da foto, levará para uma tela de simulação de link externo. A proposta é levar o leitor para uma playlist sobre o grupo em sua plataforma de preferência, como exemplo o Apple Music.

Fig. 61 - Sobre

Fig. 62 - Tela de link externo

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4ª TELA - Diferente das outras telas de capítulos, a tela de introdução é mais básica contendo apenas um texto, uma imagem além da imagem de capítulo e a parte inferior apenas informando ao leitor o que será naquela área. O texto é curto, resume o que é K-pop e o motivo da publicação, uma breve introdução para que o leitor possa começar a leitura. A cor do capítulo representa o grupo Shinee. Dimensões de tela: 375 x 2426 px

Fig. 63 - Introdução

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5ª TELA - A tela de popularidade conta sobre os motivos para o K-pop ser uma febre mundial e como o gênero surgiu para ser usado não apenas como entretenimento. O layout conta com ícones, o texto no centro da tela, uma imagem estática além da imagem de capítulo e um slide de duas imagens. No inferior da tela, a seção sobre os grupos citados no capítulo. A cor do capítulo representa o grupo BIGBANG. Dimensões de tela: 375 x 4616 px

Fig. 64 - Popularidade

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6ª TELA - A tela de contexto histórico fala sobre os primeiros gêneros da música popular na Coreia e seu contexto na história musical coreana. O layout segue o mesmo padrão, e a cor do capítulo representa a cantora solo Chungha. Dimensões de tela: 375 x 3269 px

Fig. 65 - Contexto Histórico

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7ª TELA - A tela sobre influêcias ocidentais descreve como a cultura norte-americana influênciou gerações de artistas sul-coreanos e as dificuldades políticas que o país enfretou. O layout possui o mesmo padrão e a cor do capítulo representa o grupo BTS. Dimensões de tela: 375 x 4022 px

Fig. 66 - Influências Ocidentais

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8ª TELA - O capítulo conta a história do trio de amigos que influenciou uma geração inteira de jovens na década de 1990 com um estilo musical totalmente diferente do que o povo sul-coreano estava acostumado na época, que seria denominado mais tarde de K-pop. O layout da tela segue o mesmo padrão e a cor do capítulo representa o cantor solo Psy. Dimensões de tela: 375 x 4388 px

Fig. 67 - Seo Taiji & Boys

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9ª TELA - O capítulo mais longo da publicação conta sobre como a cultura sul-coreana dominou a Ásia no final da década de 1990 e fez do K-pop uma nova tendência entre os jovens do orientais na época. O layout segue o mesmo padrão e a cor do capítulo representa o grupo Girls' Generation. Dimensões de tela: 375 x 6208 px

Fig. 68 - Hallyu

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15ª TELA - A última tela fala sobre curiosidades da edição, assim como conta ao leitor sobre as cores de cada capítulo. O layout segue o padrão, mudando apenas com duas caixas de textos principais diferentes e as amostras de cores. Dimensões de tela: 375 x 3820 px

Fig. 69 - Curiosidades

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9.3 Telas de Protótipo A partir da décima tela não há textos sobre o tema de seu respectivo capítulo, já que, foram apenas experimentais para demostrar o padrão de texto que seria utilizado caso a proposta fosse colocada em prática. A telas de protótipo possuem o mesmo padrão que as telas anteriores e a mesma dimensão de tela: 375 x 2010 px 10ª Tela - Cor do capítulo representa o grupo Super Junior

Fig. 70 - Neo-Hallyu

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11ª Tela - Cor do capítulo representa o grupo TVXQ!

Fig. 71 - Gerações de Grupos

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12ÂŞ Tela - Cor do capĂ­tulo representa o grupo F(x)

Fig. 72 - Empresas

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13ÂŞ Tela - Cor do capĂ­tulo representa o grupo Shinhwa

Fig. 73 - Futuro do Kpop

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14ª Tela - Cor do capítulo representa o grupo Wonder Girls

Fig. 74 - Polêmicas

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9.4 Telas de apoio para animação Para criar as animações e interatividade dos slides de imagens, foi preciso duplicar as telas e mudar apenas as imagens, conectando-as em seguida. Para dar o efeito de transição suave, é preciso também colocar entre as telas as imagens com transparência em zero. Tal procedimento foi feito nas 5 telas de demonstração de conteúdo.

Fig. 75 - Procedimento para animação de slide

Fig. 76 - Imagens interligadas

Fig. 77 - Telas duplicadas

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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10 No começo da pesquisa, meu objetivo era falar sobre a origem de todos os tipos musicais datados na história das Coreias, mas por ter o tema focado apenas no pop e também por claramente ficar muito extenso, decidi retirar essa parte para quem sabe um dia ser explorada separadamente. Também havia planejado em fazer um livro impresso, mas com a pesquisa online realizada com meu público-alvo, a escolha da publicação digital foi mais aceita e coerente a se fazer. A importância dessa pesquisa vai muito além de apenas para fã, mas para quem também tem o interesse em conhecer um pouco mais sobre a cultura musical da Coreia do Sul. Há muitas pessoas que possuem interesse na cultura de um país que geralmente passa abatido quando é citado sobre turismo, etc. E poder contribuir com uma parte dessa descoberta de conhecimento é muito bom. O K-pop é um gênero que apesar de ser julgado por muitos como um gênero exclusivo para o público jovem ou até mesmo estranho por culpa do idioma, é como qualquer outro gênero pop, basta apenas o conhecer melhor. A realização da pesquisa desse trabalho foi muito interessante para mim como fã e alguém que gosta de conhecer mais a fundo sobre os assuntos que me interessam. Desde o começo do curso eu planejava fazer algo relacionado ao design editorial e poder juntar isso com o gênero musical que eu gosto é muito gratificante. O resultado final foi melhor do que imaginei! Apesar de todo o estresse, fico feliz de ter terminado tudo muito melhor do que esperado.

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REFERÊNCIAS

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11 AZEVEDO, Luis Manuel Durão. Ebook vs Livro tradicional como ferramenta educativa. Lisboa: Isec Instituto Superior de Educação e Ciências, 2012. BALDUCCI, Gustavo. Chegou a hora de você saber o que é K-pop. 2019. Disponível em: <https://gq.globo.com/Cultura/Musica/noticia/2019/04/chegou-hora-de-voce-saber-o-que-e-k-pop.html>. Acesso em 03. abr. 2019. BERNICKER, Leslie. Trot - O Ritmo que marcou a Coreia do Sul está de volta. 2019. Disponível em: <http://www.brazilkorea.com.br/ trot-o-ritmo-que-marcou-coreia-sul-esta-de-volta/> Acesso em 03. abr. 2019. CARVALHO, Alérison; FERREIRA, Isabela. Brasil-Coreia: Muito Além das 12 Horas. São João da Boa Vista: UNIFAE, 2016. CAROLINA, Amanda. K-pop: Uma história – Pré-história, antes do tal kpop. 2019. Disponível em: <http://revistakoreain.com. br/2016/08/k-pop-uma-historia-pre-historia-antes-do-tal-kpop/>. Acesso em 03. abr. 2019. _______________. K-pop: Uma história. Antiguidade, os primeiros homens – Seo Taiji & Boys. 2019. Disponível em: < http://revistakoreain.com.br/2016/09/kpop-uma-historia-seotaiji-and-boys/>. Acesso em 03. abr. 2019. CORDEIRO, Talita Gomes de Oliveira. O Fenômeno do K-pop no Brasil: práticas de lazer a partir da Web 2.0. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2013. CUNHA, Vinícius Ferreira da. A Ascensão do Pop Coreano: O boom do K-pop a trotes de cavalo, o papel da comunicação e as articulações com o modelo pop ocidental. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2013. DEWET, Babi; IMENES, Érica; PAK, Natalia. K-POP - Manual deSobrevivência: Tudo o que você precisa saber sobre a cultura pop coreana. Belo Horizonte: Editora Gutenberg, 2018.

119


DIGITAL, Gazeta. Fãs, celebridades e idolatria. 2019. Disponível em: <http://www.gazetadigital.com.br/suplementos/zine/fas-celebridades-e-idolatria/215588>. Acesso em 03. abr. 2019. GONÇALVES, Letícia de Sá. AIGOO: Fanzine de Música Pop Coreana. São Paulo: Centro Universitário SENAC, 2018. KALBI. Evolution of K-pop Series: 1970’s and 1980’s. 2019. Disponível em: <https://koreancultureblog.com/2015/03/06/evolution-of-k-pop-series-1970s-and-1980s/>. Acesso em 03. abr. 2019. KARAM, Karine; MEDEIROS, Maria Carolina. Subcultura, Estratégia e Produção de Gosto: uma análise do k-pop no Brasil. In: Congresso Internacional Comunicação e Consumo, 2015, São Paulo. Anais. São Paulo: ComuniCon, 2015, p. 5. KIM, H. Edward. Dados sobre a Coreia. Seul: Editora Hollym Corporação, 1985. KIM, Yoo-Na. A Jovem Coreia: Um almanaque sobre uma das imigrações mais recentes do Brasil. São Paulo: Ssua Editora, 2008. KIM, Yoon-Mi. K-POP: A New Force in Pop Music. Seoul: Korean Culture And Information Service, 2011. KOCIS. The Korean Wave: A New Pop Culture Phenomenon. Seoul: Korean Culture And Information Service, 2011. HARSLAM, Andrew. O Livro e o designer II: Como criar e produzir livros. São Paulo: Edições Rosari, 2010. LUPTON, Ellen. A produção de um livro independente indie publishing: um guia para autores e designers. São Paulo: Edições Rosari, 2011. __________; PHILLIPS, Jennifer Cole. Novos Fundamentos do Design. São Paulo: Cosac Naify, 2009. MADUREIRA, Alessandra Vinco Aguiar Calixto. Cultura Pop, Gênero e Web 2.0: Estratégias de Circulação do K-pop. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2014.

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MATTOS, Thiago. K-Pop Politics : o que a febre global da cultura popular sul-coreana pode nos ensinar sobre diplomacia cultural e política pública. 2019. Disponível em: <https://medium.com/@thiagomattos/k-pop-politics-o-que-a-febre-global-da-cultura-popular-sul-coreana-pode-nos-ensinar-sobre-efa708628abb>. Acesso em 03. abr. 2019. MONTEIRO, Daniela de Souza Mazur. A Onda Coreana e a Representação do Passado em "Reply 1997". Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2014. OLIVEIRA, Laís Prado de. Realidade Aumentada Encontra Mídia Impressa: Uma edição especial da revista Zupi. São Paulo: Centro Universitário SENAC, 2017. SHIN, Hyunjoon et al. Made In Korea: Studies in Popular Music. Nova Iorque: Routledge, 2017. SILVA, Laiz Mayara Albuquerque Silva. DAEBAK! O livro do Kpop. São Paulo: Centro Universitário SENAC, 2014. SOUZA, Rose Mara Vidal de; DOMINGOS, Amauri. K-Pop: A propagação mundial da cultura sul-coreana. In: Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul, XVII., 2016, Curitiba. Anais. Curitiba: Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdiciplinares da Comunicação, 2016. p. 03-12. VOLTS. Plantão K-pop - A febre dos programas de sobrevivência: Por que tantos grupos têm sido formados através de realities televisionados? 2019. Disponível em: <https://sitevolts.com.br/planta-k-pop-a-febre-dos-programas-de-sobrevivencia/>. Acesso em 03. abr. 2019. WIKIPEDIA et al. Tratado de Ganghwa. 2019. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Ganghwa>. Acesso em 03. abr. 2019. ___________. K-POP. 2019. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/K-pop>. Acesso em 03. abr. 2019.

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LISTA DE IMAGENS

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12 Fig. 1 - Platéia de show do grupo SHINee Disponível em: http://bit.ly/2VHFwC1 Acesso 01.mai.2019. Fig. 2 - Membros do trio The Kim Sisters Disponível em: http://bit.ly/2w496SS Acesso 01.mai.2019. Fig. 3 - Membros do trio Seo Taiji & Boys Disponível: http://bit.ly/2w8BOBT Acesso 01.mai.2019. Fig. 4 - Primeiro disco do trio Disponível em: http://bit.ly/2Q8serS Acesso 01.mai.2019. Fig. 5 - Membro japonês do grupo de k-pop Pentagon com fãs Disponível em: http://bit.ly/2W8Xa0I Acesso 01.mai.2019. Fig. 6 - Fãs em evento de K-pop nos Estados Unidos em 2017 Disponível em: http://bit.ly/2JouoU4 Acesso 01.mai.2019. Fig. 7 - Trainees em praticando em aula de dança Disponível em: http://bit.ly/2W9wL30 Acesso 01.mai.2019. Fig. 8 - Logo da empresa SM Entertainment Disponível em: http://bit.ly/2WNydoP Acesso 01.mai.2019.

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Fig. 9 - Cantora Kwon Bo-Ah, conhecida como B.o.A Disponível em: http://bit.ly/2JtZvO7 Acesso 01.mai.2019. Fig. 10 - Membros do grupo TVXQ! Disponível em: http://bit.ly/2Ht5wqz Acesso 01.mai.2019. Fig. 11 - Membros do grupo Girls' Generation Disponível em: http://bit.ly/2JLzfy2 Acesso 01.mai.2019. Fig. 12 - Logo da empresa YG Entertainment Disponível em: http://bit.ly/2vYUowu Acesso 01.mai.2019. Fig. 13 - Membros do grupo BIGBANG Disponível em: http://bit.ly/2WR2qDm Acesso 01.mai.2019. Fig. 14 - Membros do grupo 2NE1 Disponível em: http://bit.ly/2LOwIWm Acesso 01.mai.2019. Fig. 15 - Logo da empresa JYP Entertainment Disponível em: http://bit.ly/2Q9a7Ca Acesso 01.mai.2019. Fig. 16 - Cantor Jung Ji-Hoon, conhecido como Rain Disponível em: http://bit.ly/2HoeBSX Acesso 01.mai.2019. Fig. 17 - Membros do grupo Wonder Girls Disponível em: http://bit.ly/2Yznfno Acesso 01.mai.2019.

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Fig. 18 - Membros do grupo NCT (sub-unidade NCT 127) Disponível em: http://bit.ly/2JQ7pQS Acesso 01.mai.2019. Fig. 19 - Membros do grupo BTS Disponível em: http://bit.ly/30m6EVD Acesso 01.mai.2019. Fig. 20 - Membros do grupo BLACKPINK Disponível em: http://bit.ly/2YydJAG Acesso 01.mai.2019. Fig. 21 - Pôsters de divulgação da primeira e segunda temporada de Produce 101 Disponível em: http://bit.ly/2Q8A98O Acesso 01.mai.2019. Fig. 22 - Primeira pergunta do fomulário Autora. 2019. Fig. 23 - Segunda pergunta do formulário Autora. 2019. Fig. 24 - Quarta pergunta do formulário Autora. 2019. Fig. 25 - Quinta pergunta do formulário Autora. 2019. Fig. 26 - Sexta pergunta do formulário Autora. 2019. Fig. 27 - Sétima pergunta do formulário Autora. 2019.

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Fig. 28 - Single "Don't Recall" do grupo KARD Disponível em: http://bit.ly/2JKv5X5 Acesso 01.mai.2019. Fig. 29 - Single "Rumor" do grupo KARD Disponível em: http://bit.ly/2Yw4xNh Acesso 01.mai.2019. Fig. 30 - Capas diferentes do álbum "Prequel" do grupo Dreamcatcher Disponível em: http://bit.ly/2HxH2wl Acesso 01.mai.2019. Fig. 31 - Detalhes do album Cherry Bomb do grupo NCT 127 Autora. 2019. Fig. 32 - Detalhes do album Base do cantor Jonghyun Autora. 2019. Fig. 33 - Capa do single "Be Natural" do grupo Red Velvet Disponível em: http://bit.ly/2Jo6x6J Acesso 01.mai.2019. Fig. 34 - Capa do album "The Perfect Red Velvet" do mesmo grupo Disponível em: http://bit.ly/2VpBusN Acesso 01.mai.2019. Fig. 35 - Detalhes do album de trilhas sonoras do drama "Scarlet Heart: Moon Lovers" Autora. 2019. Fig. 36 - Detalhes do livro KPOP Now! Autora. 2019. Fig. 37 - Prints de tela da versão digital Autora. 2019.

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Fig. 38 - Detalhes do livro K-pop: Manual de Sobrevivência Autora. 2019. Fig. 39 - Prints de tela da versão digital no aplicativo Issuu Autora. 2019. Fig. 40 - Prints de tela do aplicativo GoReads Autora. 2019. Fig. 41 - Print de tela do aplicativo SAÚDE Autora. 2019. Fig. 42 - Print de tela do aplicativo SAÚDE Autora. 2019. Fig. 43 - Livros sul-coreanos Disponível em: http://bit.ly/34Bs8iD - http://bit.ly/36FNSMk http://bit.ly/36ySDHg - http://bit.ly/36IyWN9 Acesso 01.nov.2019. Fig. 44 - Prints de clipes musicais dos grupos Mamamoo, Seventeen, Loona e da cantora IU Disponível em: http://bit.ly/2rmAKLR - http://bit.ly/2NQ1yLN http://bit.ly/36EPfL5 - http://bit.ly/2NKTEUd Acesso 01.nov.2019. Fig. 45 - Diversos álbuns de K-pop Disponível em: http://bit.ly/2qsfHag - http://bit.ly/2PWhYVM http://bit.ly/33qwybU - http://bit.ly/2pdbqHr Acesso 01.nov.2019. Fig. 46 - Logo inicial Autora. 2019. Fig. 47 - Logo final Autora. 2019.

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Fig. 48 - Ideia inicial de abertura Autora. 2019. Fig. 49 - Ideia final de abertura Autora. 2019. Fig. 50 - Ideia inicial de sumário Autora. 2019. Fig. 51 - Ideia final de sumário Autora. 2019. Fig. 52 - Ideias iniciais de capítulo Autora. 2019. Fig. 53 - Ideia final de capítulo Autora. 2019. Fig. 54 - Print com todas as telas da publicação Autora. 2019. Fig. 55 - Print mostrando todas as conexões de interação Autora. 2019. Fig. 56 - Todas as telas Autora. 2019. Fig. 57 - Ligações das telas Autora. 2019. Fig. 58 - Tela Inicial Autora. 2019. Fig. 59 - Guia de Navegação Autora. 2019.

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Fig. 60 - Sumário Autora. 2019. Fig. 61 - Sobre Autora. 2019. Fig. 62 - Tela de link externo Autora. 2019. Fig. 63 - Introdução Autora. 2019. Fig. 64 - Popularidade Autora. 2019. Fig. 65 - Contexto Histórico Autora. 2019. Fig. 66 - Influências Ocidentais Autora. 2019. Fig. 67 - Seo Taiji & Boys Autora. 2019. Fig. 68 - Hallyu Autora. 2019. Fig. 69 - Curiosidades Autora. 2019. Fig. 70 - Neo-Hallyu Autora. 2019. Fig. 71 - Gerações de Grupos Autora. 2019.

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Fig. 72 - Empresas Autora. 2019. Fig. 73 - Futuro do Kpop Autora. 2019. Fig. 74 - Polêmicas Autora. 2019. Fig. 75 - Procedimento para animação de slide Autora. 2019. Fig. 76 - Imagens interligadas Autora. 2019. Fig. 77 - Telas duplicadas Autora. 2019.

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APÊNDICE

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