BEHIND THE SCENES
BEHIND THE SCENES
Amioka, Paulo Hiroshi Barbosa O Mundo de EX HUMANS /Paulo Hiroshi Amioka - São Paulo (SP), 2018. 92 f.: il. color. Orientadora: Ana Lucia Reboledo Sanches Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Design - Linha de Formação Específica em Design Gráfico) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2018. 1. Concept Art, 2. Transumano, 3. Quadrinhos, 4. Mitologia, 5. Mono Mito I. Reboledo Sanches, Ana Lucia (Orient.) II. Título
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário SENAC - Santo Amaro. Como exigência parcial para obtenção do grau em Bacharel em Design com linha de formação específica em Design Gráfico. Orientador: Profª Ana Lucia Reboledo Sanches
A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão, em Sessão pública realizada em 04/12/2018 Considerou o candidato: 1. Examinador: Profº Marcos de Almeida Prado Pecci 2. Examinador: Profº Euclides Alves Vital Junior 3. Presidente:
Dedico esse trabalho a todas as pessoas que com seu sangue, suor e lagrimas me permitiram sonhar com um mundo diferente do nosso.
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RESUMO
O propósito deste trabalho é embasar a criação da HQ EX HUMANS, e seu universo fictício. Em seu decorrer, foi pesquisado o surgimento das HQs, sua importância para a literatura e como o quadrinho foi e é uma das maiores formas de propagar o mito do herói e o que ele exprime. O estudo da mídia foi importante para entender tanto o público alvo da HQ como a forma que a arte e o texto interagem com o mesmo. Também será discutido como o mito do herói vem sendo contado desde Gilgamesh (aprox. séc. XXVII A.C), até heróis contemporâneos, os quais tem a narrativa baseada no Monomito, ou Jornada do Herói, a qual define a aventura que o herói terá, do começo ao fim. Baseado em tal, surge EX HUMANS, um mundo com heróis e deuses, vivendo em uma distopia transumana. A filosofia transumana fala de um momento futuro onde a ciência e a tecnologia evoluirão ao ponto de existirem em uma relação simbiótica com os humanos sendo parte crucial da sociedade, assim como isso mudaria o termo humano para sempre. PALAVRAS-CHAVE Quadrinhos; Mitologia; Mono Mito; Transumano, Herói, Design.
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ABSTRACT
The purpose of this paper is to validate the creation of EX HUMAN the comic book, and its fictional universe. During its course, it was researched the birth of the comic book, its importance to literature and how the comics was and is one of the biggest forms to spread the hero myth and what it expresses. The media study was important to understand both the target public from comics as the way both art and text interact with them. Also, its will be discussed how the myth have been told since Gilgamesh (Aprox. SEC XXVII B.C.), until the contemporary heroes, which has a narrative based in the monomyth, or The Hero Journey, which define the adventure that the hero will have, from beginning to end. Based in it, appears EX HUMANS, a world of heroes and gods, living in a transuman dystopia. The transuman philosophy says that in the future where science and technology will be evolved to the point where they will have a symbiotic relation with humans, being a crucial part of society, the same way it would change the term human for ever. KEY WORDS Comics; Mythology; Monomyth;Transuman; Hero, Design.
SUMARIO 12 INTRODUÇÃO 13
PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
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UMA HISTÓRIA EM QUADRINHOS
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O TRANSUMANO
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O MITO DO HERÓI
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RESULTADO DA PESQUISA
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REQUISITOS DE PROJETO
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CONCEPT ART
56 ROTEIRO 64
MEMORIAL DESCRITIVO
74 DOCUMENTAÇÃO 76
IMAGENS E REFERENCIAS
INTRODUÇÃO Este trabalho estabelece um diálogo interdisciplinar entre Arte (particularmente a HQ), Filosofia e Mitologia. Buscasse apresentar a reflexão de que as Histórias em Quadrinhos são um universo rico em temática, estrutura e estética, desmistificando o que até recentemente se sustentava, de que as HQs pertencem ao campo das “sub literaturas”. As HQs ganharam múltiplas vertentes na cultura de massas e vale lembrar que não apenas o público iniciado consegue notar a diferença entre um grito e um sussurro através da composição de balões. A força deste estilo de arte tem conseguido estabelecer sua própria linguagem no universo da cultura.( CABELO, 2010) Procura se contextualizar o surgimento das HQs e suas principais fases com o auxílio do trabalho de Alvaro Moya, História das Histórias em Quadrinhos. Refletirá como a mitologia se mostra presente nas temáticas heroicas destas narrativas, que buscam em muitos clássicos seus fundamentos usando de uma estrutura conhecida na literatura e no cinema conhecida como a jornada do herói de Joseph Campbell. Esse trabalho usa as aventuras de Teseu e seu navio para destacarmos os dramas e paradoxos filosóficos da vida humana. A intenção da pesquisa é criar fundamentação para o desenvolvimento da HQ EX HUMANS, que explorará as etapas de Concept Design: criação de personagens, cenários, representações visuais para a narrativa. Conseguindo entrelaçar mitologia, ficção científica e refletir o porquê de seu extremo valor para a sociedade contemporânea. Antes de começar a falar da história da HQ sente-se a necessidade de escolher uma proposta entre tantas definições de “história em quadrinho”, sendo a primeira delas de “Imagens Pictóricas e outras, justapostas em sequência deliberada” (McCloud, 2005) ou apenas como era dito por Will Eisner (2010) é a “Arte Sequencial”. A validade da HQ se dá na forma com que ela interage com seu leitor, Como por exemplo Erika Shimazaki explica em sua tese (2010), como crianças com deficiência intelectual reagem de forma muito mais aberta a uma história em quadrinho do que a um livro acadêmico. O quadrinho consegue se relacionar com o público mesmo com aqueles que não conseguem ler (8,6% da população segundo o IBGE 2016) através apenas da sua história visual como o artista Moebius faz em Arzach, um quadrinho completamente sem texto ou onomatopeias e por outro lado, vemos quadrinhos que se posicionam como literatura como Maus de Art Spiegelman que foi o primeiro quadrinho do mundo a ganhar um Pulitzer (1992) Ao tratarmos a temática dos quadrinhos, aproximamo-nos dos mitos em seu significado simbólico. O mito sempre esteve presente em nossas vidas e literaturas, desde os primórdios do tempo, Hoje no mundo contemporâneo ele está mais presente do que nunca, sempre visto como o “paragon” da Humanidade, isso continua sendo usado em mitos modernos como a grande coragem do Capitão América juntamente com toda sua lealdade e vontade inabalável ainda inspira pessoas da mesma forma que Herácles fazia na Grécia antiga. Numa sociedade cada vez mais próxima de uma singularidade (o momento onde a Super Inteligência Artificial é capaz de produzir e testar informação de forma autônoma) o diálogo sobre humanidade parece cada vez mais válido, ao mesmo tempo que cada vez vemos ações menos “humanas” como massacres, torturas e a destruição da arte e história.
Entramos então na problemática: o que faz um humano realmente humano? Com o propósito de fomentar a discussão assim como aproximar o leitor do tema, o projeto busca criar um incômodo em relação a forma com que nós classificamos pessoas e como os mitos são aplicados e sua força construtiva e destrutiva, usando o quadrinho como mídia já que esse foi o berço da maioria dos heróis modernos.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICO A pesquisa oi realizada através de livros e artigos acadêmicos, sites e vídeos de aulas no Youtube, rascunhos do mundo e de seus personagens ajudaram a conceituar o mundo, assim como um exercício diário de criação de personagem que durou duas semanas para a criação do protagonista. Para validar a HQ como forma de literatura foi estudado sua historia e sua relevância na historia com foco nas HQ de super herói, usando assim Alvaro de Moya com Historias das Historias em Quadrinhos assim como especialistas contemporâneos como aqueles do site Quadrinheiros. Ler quadrinhos se mostrou parte crucial do projeto, visto que é importante para a compreensão de narrativa e World Building (nome dado por artistas de concept para a criação de mundo). Canais do YouTube que tratam da Mitologia e filosofia foram importantes para entender melhor sobre como os mitos foram e são usados para inspirar pessoas de todos os tempos. O livro o Herói de Mil Faces de Joseph Campbell foi parte fundamental para criação da historia, analisar o monomito foi igualmente importante para a compreensão de que um Panteão misto seria possível. Foi usado diversos quadrinhos, filmes e mitos para exemplificar momentos da jornada do herói e para comprovar sua persistência nas historias contemporâneas. Relacionado aos concepts usouse varios livros de concept como base como “ The Art of Overwatch”, “The art os The Last of Us” e “Horizon: Zero Dawn” assim como uma analise aprofundada em varios concepts encontrados no ArtStation (Rede social voltada para artistas).
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Algo sempre questionado por estudiosos ou entendidos das Histórias em Quadrinhos é quando ela nasceu, alguns dizem que ela vem do período rupestre com as pinturas nas paredes, outros dizem que começou com os egípcios ou até mesmo com os primeiros livros ilustrados do início da revolução industrial. O que pode ser dito com certeza é que eles começam antes de Jerry Siegel (1914 - 1996) fazer seus primeiros rascunhos do Kriptoniano conhecido como Super Homem. “Os quadrinhos eram predominantemente cômicos, daí o termo norte americano, comics, como as travessuras dos meninos terríveis” (MOYA, 1987), logo o termo comic foi aceito e eternizado. Os primeiros exemplos dos quadrinhos como conhecemos hoje são vistos em 1860 ainda contando histórias de humor e às vezes sem balões ou com texto descritivo, como as histórias de Angelo Agostini, italiano que nasceu em 1843 e chegou em São Paulo em 1859 e fez uma das primeiras histórias nacionais com Impressões de uma viagem à Corte (1869). Mas para muitos a primeira história continuada foi Yellow Kid (1985) que era lançado no Sunday New York Journal e sua influência foi tão grande que acabou criando o gênero “jornalismo amarelo” (imprensa marrom no Brasil). O artista Richard F. Outcault se mostrava insatisfeito com a fama de suas ilustrações atrelada ao sensacionalismo deste tipo de imprensa. E realmente foi o primeiro passo para o aspecto negativo que as HQs viriam a adquirir nos anos seguintes.
Sócrates deveria ter Escrito Quadrinhos (Mark Waid)
Figura 1 - Pagina de Angelo D’agostini
“As Comics surgiram no fim do século passado, no mesmo ano que o cinema. Mas, enquanto a invenção dos Lumiére foi saudada como a sétima arte desde o princípio, os quadrinhos foram ignorados. Houve uma campanha contra, atribuindo às histórias a criminalidade infanto-juvenil. Diziam que as crianças se desinteressavam dos estudos e da leitura. Chegou a haver um clima de perseguição e proibição. O Fahrenheit 451 dos gibis.” (MOYA, 1987, Pg 7)
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O segundo personagem de Richard F. Outcault foi Chiquinho, um personagem que ajudou a difamar as histórias em quadrinhos por ser uma criança mentirosa, preguiçosa e violenta (tendo algumas vezes agredido até mesmo seus professores). O que por muito tempo recebeu críticas no Brasil mas suas vendas não paravam de crescer refletindo assim o público, jovens desacreditados e desiludidos que buscavam algum entretenimento por centavos, por isso Chiquinho foi continuado, mesmo depois de descoberto que a versão “Chiquinho” nada mais era do que uma cópia do quadrinho americano Buster Brown. Aproximadamente nessa mesma época os quadrinhos ganharam seus famosos balões. Os anos 20 trouxeram a chegada de quadrinhos mais maduros e fora do espectro COMIC como Capitão César(1924) que introduziu o elemento aventura às comics
que abriram caminho para clássicos como Tintin (1929) ou Elementos de SCI-FI (ficção científica) como Connie (1927) que além de contar com uma história envolta em sci-fi traz uma protagonista que por muito tempo foi considerada a mais sexy dos quadrinhos. E com a grande guerra já mostrando seus primeiros sinais e a quebra da bolsa em 29 mudando todo o mundo moderno, nascem então os Super-heróis, que mudariam tudo para as histórias em quadrinhos, e com essa entrada vem também o quadrinho como forma de mídia idealizadora e não apenas leve críticas dominicais ou entretenimento barato.
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Se eu tivesse que escolher um super herói eu escolheria o Superman, ele é tudo que eu não sou (Stephen Hawking)
Figura 2 - Action Comics 1
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A ERA DE OURO
Em meio a esse caos nasce então o Superman, criado por Joe Shuster e Jerry Siegel ele aparece pela primeira vez na Action Comics 1 (hoje o quadrinho mais caro do mundo, sendo avaliado em US$ 1,2 Milhão) ainda que posicionando ele não como um quadrinho de super-herói e sim como um quadrinho de ação, mas logo caiu nas graças do público e um ano depois ganhou um periódico chamado “Superman”, com isso nasce a era de Ouro dos quadrinhos, termo cunhado por Richard A. Lupoff em seu artigo Rebirth, lançado na primeira edição da fanzine Comic Art (MOYA, 1987) que serve para retratar duas condições do momento. A primeira, o formato como os heróis dessa época foram construídos, sendo quase Hercúleo, onde o super herói eram um paradigma para o ser humano, com super força, velocidade, resistência e praticamente imbatíveis mesmo enfrentando bandidos ou a máfia (inimigo comum para o período) o herói sempre se sobressaia “Uma característica preponderante nas histórias de super-aventuras é o maniqueísmo. A luta do bem contra o mal, é necessária para que os super-heróis tenham sentido.” (CHAGAS, L. 2008), nasce também o conceito de identidade secreta que foi melhor trabalhada em histórias do Batman que seriam lançadas no ano seguinte (O Batman já havia aparecido como um detetive em 1938 mas acsendeu ao título de herói apenas quando ganhou seu próprio periódico em 1940), além de posicionar as HQs para um novo público com a adição de Robin, o Garoto Prodígio foi inserido nas HQs do Batman para que o público mais jovem fosse capaz de se relacio-
nar mais com o Homem Morcego deixando assim claro que as HQs buscavam esses leitores. Nesse primeiro momento o Superman ainda não possuía todos os poderes que ele possui hoje, e nem mesmo enfrentava inimigos de nível galáctico, ele era o herói que o povo americano precisava, assim enfrentando muitas vezes problemas sociais como o preconceito, a desmotivação das crianças na escola, criminosos comuns e etc. Ainda que o Superman dos anos 30 em nada lembra o ícone da justiça que temos hoje, sendo um herói que mentia, cometia bullying e as vezes vingança, de toda forma ele funcionou como um personagem importante nos momentos seguintes. Nesse mesmo momento os Estados Unidos, presidido por Franklin Delano Roosevelt, começaram uma estratégia política de incentivo a cultura, apoiando então a criação de inúmeros super heróis como Flash Gordon, Capitão América, Bucky, Namor, Tocha Humana entre outros, eles cumpriam seus papeis dentro e fora das páginas, dentro das páginas eles lutavam juntamente com as forças aliadas na linha de frente com os soldados e isso teve um impacto muito importante na moral dos soldados em campo e inspirava corações jovens a lutar juntamente com seus heróis favoritos, já fora das páginas os heróis cumpriam um papel político muito importante, sendo a primeira vez que o HQ seria visto como mídia divulgadora. Os Estados Unidos usaram os heróis como garotos propagandas da guerra, mesmo antes do ataque a Pearl Harbor em 41 os heróis já estavam lutando na guerra contra a Itália de Mussolini onde alguns quadrinhos
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foram banidos, como Flash Gordon, e foi quando os Nazistas encontraram no Superman uma ameaça, esse foi até mesmo chamado de Judeu por Joseph Goebbels, Diretor de Propaganda do partido Nazista (MOYA, 1987) , tornando assim o Superman um inimigo do estado e sendo banido do país juntamente com outras HQ. Enquanto o partido nazista gritava seu ódio aos judeus, muitos deles foram aos Estados Unidos e começaram a desenhar ou escrever quadrinhos, e mesmo em solo americano esses desenhistas ainda precisam mudar seus nomes para fugir do preconceito sofrido pelos judeus, entre eles está Jacob Kurtzberg mais conhecido como Jack Kirby e Robert Kahn que viria a ser chamado de Bob Kane, e esses desenhistas tinham uma motivação ainda maior para colocar o Capitao America socando Hitler na capa da Capitão America numero 1.
“O Capitão América era um panfleto e havia público para ele. Um público que foi com o Capitão América para as trincheiras, quando sua tiragem foi toda comprada pelo governo estadunidense e distribuída entre seus “soldados franzinos”. Jovens que se alistaram no exército estadunidense e que viam na personagem, a inspiração para que pudessem manter o seu ideal enquanto combatentes da guerra.” (CHAGAS, 2008, Pg 140)
Figura 3 - Captain America 1
A segunda razão para essa ser chamada de era de ouro dos quadrinhos, seria as vendas astronômicas que os quadrinhos alcançaram, criando assim um mercado novo que mal podia ser saciado pelos desenhistas da época, o gênero publicava histórias de novos super heróis as toneladas, algumas que nunca deveriam ter saído de seus rascunhos e alguns que estariam presente até hoje nas páginas das HQs. Mas em meio a tudo isso acontece então o ataque a Hiroshima e Nagasaki e isso faz com que um homem à prova de balas já não seja tão invencível, alguns roteiristas conseguiram adaptar seus heróis para a época como a Kryptonita que deixava de
ser algo verde para se tornar algo radioativo, nesse momento o crepúsculo começa a chegar para vários heróis como o Capitão América que não conseguia se adaptar em um mundo sem o Caveira Vermelha (vilão nazista sem escrúpulos que era o antagonista mais recorrente das histórias do Capitão) e principalmente um soldado não tinha mais um lugar na sociedade que agora gritava por paz. Por outro lado nascem então os heróis que usaram da ciência e da tecnologia para combater problemas como as drogas e o racismo, nasce assim então a era de prata dos quadrinhos.
Figura 5 - SHOWCASE (FLASH 1)
Figura 6 - AMAZING FANTASY #1
Figura 4 - Poster Capitão America Enlist Now
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A ERA DE PRATA
O momento exato do início da segunda era dos quadrinhos é debatido pelos especialistas, alguns dizem que foi com a introdução do novo Flash, Barry Allen, na Showcase #4 (1956), Barry era um cientista que após produtos químicos caírem sobre ele e ser atingido por um raio, Barry Allen se torna então o Flash o que de forma perfeita representa o momento das HQs, um momento onde os super heróis ganham poderes extraordinários através da ciência, mesmo que muitas vezes a explicação “científica” seja forçada, como uma Aranha Radioativa ou uma Explosão de Raios Gama, coisas que representavam o momento nuclear que o mundo vivia com a guerra fria e a ameaça nuclear cada vez mais real. Nesse momento com os quadrinhos perdendo leitores por conta do momento pós guerra, surge então “Seduction of the Innocent” (1954), do psiquiatra alemão Fredric Wertham, que se tornou um pequeno best seller no mundo onde ele dizia que os quadrinhos eram responsáveis pelas agressividade das crianças, delinquência infantil e ao roubo.
“Mas os quadrinhos foram além de simplesmente transformar crianças em deliquentes juvenis. De acordo com Wertham, os quadrinhos davam ideias erradas as crianças sobre a física, porque o superman é capaz de voar, ele também acusou os quadrinhos de implementar e re-esforçar pensamentos sexuais porque o Robin ficava com as pernas de fora, que frequentemente eram mostradas abertas, e que Robin era devotado e ligado apenas ao Batman. Dr. Wertham também afirmava que a Mulher Maravilha estava dando as garotas a “ideia errada” sobre o lugar das mulheres na sociedade” (COVILE, 2010a) (Tradução Livre) A população acreditou na pesquisa feita pelo Dr. Wertham e as vendas de quadrinhos começaram a cair assim como protestos e críticas em várias mídias foram feitas, claro que o setor de quadrinhos não poderia ficar em silêncio, sendo encabeçado pela DC comics (maior produtora de quadrinhos no momento) contratando outros psiquiatras para refutar a pesquisa de Wertham, mas Seduction of the innocent rapidamente caiu nas graças do público e para que a indústria pudesse se manter de pé foi então criado o “Comics Code Authority” (um código de autocensura das editoras de quadrinhos) que veio para apaziguar o clamor moralista que se alastrava. O CCA contava com regras como: “Cenas de violência excessiva devem ser proibidas.” “Nenhum comic deve apresentar explicitamente detalhes de um crime.” “Inclusão de histórias lidando com o mal devem ser usadas ou publicadas apenas com a intenção de ilustrar uma lição de moral e em nenhuma hipótese o mal deve ser apresentado como atrativo ou ferir a sensibilidade do leitor”, seu impacto foi tão grande que duas cláusulas
do CCA quase mataram um estilo de quadrinhos, o terror, as cláusulas “Cenas que lidam com, ou instrumentos associados a, mortos vivos, tortura, vampiros, vampirismo, ghouls, canibalismo e licantropia são proibidos” e “Todas as cenas terror, derramamento de sangue excessivo, crimes sangrentos ou macabros, depravação, luxúria, sadismo, masoquismo não são permitidos”(QUADRINHEIROS, 2015a). Mas diferente do que se espera, que os quadrinhos teriam uma queda ainda maior de venda, isso aconteceu sim para dois estilos de quadrinhos, as histórias de detetive e as histórias de terror, que eram os dois maiores concorrentes das histórias de super heróis, então com esses quadrinhos fora do quadro e com o nascimento de heróis que refletiam o momento que o mundo passava como o Homem Aranha, Hulk e Flash, esse último sendo reinventado especificamente para o momento que o mundo vivia, um mundo que encarava o medo nuclear da ciência, trazendo esse novo conceito para o Flash, Julio Schwartz, conseguiu novamente aproximar os heróis do público que não mais precisava de soldados, seguindo essa mesma onda outros heróis da era de ouro foram reimaginados, como o Lanterna Verde que deixava de ser um ser mágico, para se tornar parte de uma polícia interplanetária e era o seu anel que lhe garantia os poderes através da sua força de vontade.
Figura 7 - Selo CCA
“O sucesso causado pelo Flash fez com que outros heróis da era de ouro voltassem, embora reimaginados como o Flash, resumidamente o Flash se tornou um herói em dois fronts, primeiro nos quadrinhos e segundo na indústria de quadrinhos. Trazendo de volta os super heróis a fama, e mudando a indústria de quadrinhos até os dias de hoje. isso inclui outros super heróis, seus shows na TV, filmes e tudo mais que eles podem ter inspirado.” (COVILLE, 2010b) (Tradução Livre) Após algumas tentativas falhas, A Marvel, em 1958 junta duas lendas dos quadrinhos, Stan Lee e Jack Kirby, para criar um grupo de super heróis, o Quarteto Fantástico então nascia e com ele o que seria chamado da “Era Marvel”, 4 personagens que em sua primeira história mais brigavam entre si do que lutavam contra o vilão, nunca antes se viu um grupo de heróis tão distinto e com personalidades tão “humanas”, mas as histórias vendiam e logo cartas dos fãs começaram a chegar, Stan Lee rapidamente reconheceu que aquilo era para os onde os super heróis estavam indo. (HOWE, 2012). Pouco depois, Stan Lee e o seu grupo de freelancers criaram o Homem Aranha, um adolescente com problemas sociais que saia para se tornar o amigão da vizinhança após ser picado por uma aranha radioativa, o Hulk era um cientista que após ser atingido por raios gama deixa a mentalidade de Bruce Banner para se tornar uma besta incontrolável, um milionário alcoólatra com problemas cardíacos que cria uma armadura para poder combater os comunistas, um médico manco que viria a se tornar o avatar do deus do trovão e de repente a Marvel estava criando seus heróis com pé de barro, mostrando então para o público que até mesmo os heróis mais poderosos da terra às vezes não se encaixavam, e o público gostou disso.(HOWE, 2012)
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Logo em seguida a Marvel começou então a criar heróis que lutaram por causas sociais, como os X-MEN que viriam a lutar contra a discriminação social e racial, Demolidor que era um advogado cego, Viúva Negra lutando pelo direito das mulheres e em 1966 nasce o primeiro protagonista negro com Pantera Negra, “então os quadrinhos Marvel traziam heróis que eram igualmente conturbados e fascinantes (...) para um público que incluía crianças, a elite universitária e os hippies.” (HOWE, 2012, p 12).
“A Era de Prata foi a segunda aurora dos super-heróis. Mas em meados dos anos 60 alguns títulos começaram a ser cancelados, o que apontava para um cansaço dos leitores. O público ainda gostava de super-heróis, mas o mundo estava mudando e os super-heróis deveriam mudar novamente.” (QUADRINHEIROS, 2015a) Com a revisão do CCA, isso abriria caminho para então uma nova gama de quadrinhos, onde nesse momento o maniqueísmo, do bem contra o mal, seria colocado de lado dando abertura para quadrinhos com personagens com múltiplas nuances como o Batman de Alan Moore e Watchmen de Frank Miller e isso mudaria os quadrinhos para sempre, começando assim a Era de Bronze dos quadrinhos.
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A ERA DE BRONZE
Passando pelo momento da guerra do vietnam e com protestos sociais nas ruas os quadrinhos mais uma vez precisariam mudar para alcançar seu público, e eles fizeram isso, a Era de Bronze é conhecida por vários momentos conturbados como, Speedy (Ricardito em Português) se tornar um viciado em drogas, os grandes embates entre Lanterna Verde, representando a era de Prata, com morais fixas entre bem e mal, e Arqueiro Verde, que mostrava que o mundo não era assim tão simples de se definir e a criação de Luke Cage (QUADRINHEIROS, 2015b).
Eu voltei e eles tinham matado a Gwen Stacy, e foi ali que eu percebi que os quadrinhos tinham mudado para sempre (Stan Lee)
Figura 8 - SPIDER MAN 122
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Figura 9 - Marcha dos Veteranos contra a Guerra do Vietnam Mesmo indo contra o CCA o público gostava das histórias e compravam os quadrinhos, o que incentivou a revisão do CCA, fazendo então com que monstros fossem aceitos novamente nos quadrinhos, nesse momento nascem então o Monstro do Pântano e o Motoqueiro Fantasma, além disso o CCA permitiu histórias com temas mais adultos e atuais permitindo então o tema político, drogas, violência e a guerra, a Marvel encabeçada por Stan lee e Goodman lançavam suas histórias com o selo CCA mas sem nem mesmo aprovação de seu roteiro, fazendo com que o selo perdesse completamente sua relevância, mas ele só deixaria de ser usado nas capas dos quadrinhos no sec XXI. Em 1973 então acontece pela primeira vez em um quadrinho de super-herói uma falha catastrófica, acontece a Noite que Gwen Stacy morreu, os quadrinhos do amigão da vizinhança vinham perdendo seu público visto que ele ainda era um grande representante da era de prata dos quadrinhos, então Thomas e Conway da Marvel decidiram matar um
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personagem secundário da história, muito se dizia que a escolha óbvia seria Tia May (senhora de meia idade que cuidou de Peter após a morte de seus pais), mas John Romita sugere que seja Gwen Stacy, atual namorada de Peter Parker, Howe (2015) diz que Romita a via como “um personagem que em nada contribui para a história e simplesmente era um rostinho bonito”. Então com sua morte decretada o Duende Verde leva Gwen Stacy para o alto da Golden Gate Bridge e a lança para sua morte, o Homem Aranha então se lança para pegar a garota e ao perceber que não a alcançaria ele lança uma teia, porém um letrista conseguiu deixar a morte da personagem ainda mais dramática, apenas por adicionar a onomatopeia “SNAP” no momento que a teia alcança Gwen, fazendo parecer com que sua morte tivesse acontecido porque a teia do aranha a pegou e não pela queda em si, transformando o aranha em um cúmplice da morte, fãs ficaram histéricos, e fizeram um protesto na Penn State University, onde Stan Lee respondeu apenas com “ela vai voltar”, ela não voltou e esse ficou marcado como o momento onde as pessoas viram que os super heróis também erram. Em 1972 então com o escândalo de Watergate e as denúncias de abuso do governo Nixon, que acarretaria em sua renúncia foi sofrida diretamente pelo Capitão América que abandonaria o manto para se tornar o Nômade, isso foi sentido em peso pois o manto do Capitão não servia para proteção ou para esconder sua identidade, a qual nunca foi segredo, mas para mostrar um homem que carregava a bandeira do seu país de corpo e alma, e como isso servia para apoiar os soldados que iam contra a guerra do Vietnam.
“Em uma de suas histórias, vemos o Capitão América desistir de seu uniforme, após ser pressionado pelo governo estadunidense a realizar uma missão que iria contra os seus preceitos morais. Em seu discurso, as palavras: “minha intenção foi a de representar um sonho... um sonho de liberdade e justiça que não se modifica ao sabor das administrações” (Capitão América #332, p.24, 1986). O Capitão América, enquanto símbolo, segue a ideologia do Sonho Americano, os ideais de liberdade e justiça. Não obstante, existe a sua dimensão axiológica e, por mais que seja um super soldado a serviço de seu país, não hesita em deixar seu posto quando o que lhe pedem algo que vai de encontro com a construção moral fortemente fundamentada de seu discurso sobre a liberdade.” (CHAGAS, 2008, P 149) Durante algum tempo esse foi o novo jeito de se fazer quadrinhos, mas com a popularização dos quadrinhos e a criação de novas editoras como a Image Comics em 1992 e Dark Horse em 1986, editoras que estavam dispostas a comercializar histórias que fugiam dos super heróis ,apesar de ser apoiar no modo Marvel e DC de se fazer quadrinhos, assim o mundo via uma nova luz para os quadrinhos, onde não se era necessário um super herói para salvar o dia, onde pessoas com problemas e defeitos poderiam muito bem fazer isso, muitas vezes então aproximando os quadrinhos das Novels (que na época eram comumente publicadas em livros), ao mesmo tempo que os quadrinhos começam a ver o seu retorno usando de outras mídias que sempre representaram uma ameaça, com cada vez mais adaptações de HQs para TV e Cinema os quadrinhos tem hoje um retorno.
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OS QUADRINHOS HOJE
Saímos então da era de bronze, onde os temas obscuros das HQ muitas vezes distanciavam os quadrinhos de muitas pessoas, onde o racismo e feminismo eram tópicos, eles viraram práticas, entramos numa era onde os quadrinhistas negros e as mulheres estão brilhando cada vez mais, além de quebrar uma barreira geográfica, as HQ deixam de ser produzidas única e exclusivamente nos Estados Unidos e se tornam um fenômeno mundial, muitas vezes alcançando o público através da mídia expandida, como o cinema e a TV, vivemos então o que algumas pessoas chamam de “Segunda Era de Ouro dos quadrinhos” como diria Harrison (2016) “estamos, porém, no meio de uma nova era de ouro das histórias com imagens, e desta vez muito diferente. Os quadrinhos crescem para fora e alcançam públicos mais amplos.” Podemos dizer que nos últimos 20 anos nasceu um gênero novo no cinema, o gênero “Super Herói”, isso impulsionou as vendas de quadrinhos assim como apoiou a criação de novas HQs longe dos heróis Marvel e DC, e pela primeira vez desde que a indústria dos quadrinhos nasceu com a chegada do Kriptoniano em nosso planeta, as editoras menores e que não apostam em histórias de heróis conseguem roubar uma parcela do público. Ainda que seja difícil combater Iron Man ou Liga da Justiça em vendas, os quadrinhos independentes não fazem feio, por exemplo Brian K. Vaughan vendeu 75 mil exemplares só nos EUA com seu primeiro quadrinho “Paper Girls”, um número que faria inveja em muitos títulos das grandes editoras (HARRISON, 2016). A segunda HQ de Vaughan é SAGA, ganhadora de 4 vezes o prêmio de Melhor Série no Eisner Awards, evento dedicado aos melhores quadrinhos como o Oscar para o cinema, SAGA é uma space opera que trata de dois soldados de lados opostos de uma guerra sem fim, que acabam se apaixonando ao melhor estilo Romeu e Julieta, mas diferente desses dois que tiraram as próprias vidas, em Saga o casal decide lutar, não por um mundo melhor e mais justo mas pela sua família.
Figura 10 - Saga 1
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Novamente os quadrinhos voltam a criar conflitos mais que necessários, com suas histórias ou seja com seus criadores por exemplo o boicote do festival de quadrinhos francês em Angoulême em 2016, que em seus 30 candidatos ao grande prêmio, não era indicado nenhuma mulher, assim quadrinistas do mundo todo se juntaram ameaçando boicotar o evento de 2017 caso nenhuma atitude fosse tomada, e a atitude foi tomada, sendo que no ano seguinte Ancco, uma artista sul coreana, ganhou como revelação e em 2018 o prêmio contou com duas vencedoras. Mas usando as palavras de Simon & Garfunkel “The times, they are a changing”, hoje temos representantes de peso na indústria de quadrinhos, como a brasileira Bilquis Evely, que atualmente esta desenhando Sandman, com seu desenho sensacional, ela com certeza se prova nesse universo e serve como inspiração não somente para os Brasileiros sonhando em desenhar para o exterior, como para todas as garotas que enfrentam barreiras sociais, cada vez vemos mais herois dentro e fora das paginas dos quadrinhos.
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O Brasil ainda é um mercado em expansão, estamos aprendendo a correr agora, mesmo assim o mercado mundial já começa a reconhecer os artistas brasileiros e seu potencial e cada vez mais não parece mais um sonho um mercado nacional de quadrinhos, que se mantenha sem depender unicamente de editoras estrangeiras ou de eventos como a Comic Con, o primeiro passo para isso talvez fosse uma valorização artística do HQ dentro da academia, onde essa arte ainda sofre preconceito por docentes e alunos, mas o quadrinho não é de hoje e nesses quase 100 anos de história ele mostrou que veio para ficar, e usando as palavras de Neil Gaiman para falar de Will Eisner “Ele acha que quadrinhos eram uma forma de arte, ele estava certo”(2017).
O CENÁRIO NACIONAL
Já há algum tempo temos representantes de peso na indústria dos quadrinhos, com Mike Deodato fazendo história na Marvel, Ivan Reis na DC reformulando o Lanterna Verde e o Aquaman, o último inclusive virou a nova cara do personagem que foi adaptada para o cinema com Jason Momoa no papel do rei de Atlantis, mas o quadrinho nacional cresceu muito com a chegada da CCXP que incentivava a publicação nacional de quadrinhos. A CCXP (Comic Con Experience) um evento idealizado pelo maior site de cultura pop do país alcançou 97 mil pessoas em sua primeira edição (IG gente, 2016), e em 2017 a CCXP bateu o recorde de público se tornando assim a maior comic con do mundo com 227 mil pessoas( UOL entretenimento, 2017), o que representa bem o interesse do brasileiro pelo quadrinho e pela cultura pop. Obviamente estamos longe de se comparar com os Estados Unidos em números de venda, em 2017 a HQ Marvel Legacy #1 vendeu cerca de 300 mil exemplares (DIAMOND COMICS, 2017), um número inimaginável para o Brasil, por outro lado o país se mostra cada vez mais forte nos quadrinhos independentes com nomes como Rafael Grampá que conseguiu o Eisner de melhor antologia em 2008, os irmãos Fábio Moon e Gabriel Bá que em 2011 ganharam 2 prêmios Eisner e um Eisner em 2016 com Figura 11 - Captar “Dois irmãos”.
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O TRANSUMANO
Everything that lives is designed to end. We are perpetually trapped in a neverending spiral of life and death. Is this a curse? Or some kind of punishment? I often think about the god who blessed us with this cryptic puzzle...and wonder if we’ll ever get the chance to kill him.
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O PARADOXO DO NAVIO DE TESEUS
O paradoxo do navio de Teseus foi pensado por Plutarco e fala sobre: Teseus saindo da Atenas e vai em direção a Creta em seu navio, no caminho o navio se quebrou diversas vezes, Teseus sendo uma pessoa extremamente meticulosa, troca cada uma das peças quebradas por uma idêntica porém nova. Quando o navio chega novamente a Athenas, nenhuma das peças originais do navio está lá, então o navio que saiu de Atenas é o que voltou a Atenas são o mesmo navio? Esse paradoxo fala sobre identidade um tema abertamente discutido nas HQS, como Hank Green (2016) explica em uma de suas aulas, todos sabemos que o Batman e Bruce Wayne são a mesma pessoa, porém eles não possuem a mesma identidade, o conceito de identidade se dá por “Aquilo que te faz único em relação a todo o restante” (GREEN, 2016a) logo Bruce Wayne é único porem o Batman não, sendo que por diversos momentos outras pessoas assumiram o manto do herói, ainda que cada versão do herói seja um Batman diferente, seja por estilo de luta ou um código de conduta diferente. Por conta disso o filósofo Francês Gottfried Wilhelm Leibniz diz que “Se duas coisas são idênticas, então elas devem compartilhar das mesmas propriedades” (GREEN apud Wihelm, 2016a), logo o Batman e Bruce Wayne não são a mesma pessoa visto que eles possuem propriedades diferentes. Indo além no tema, pode se explorar tal paradoxo para algo mais contemporâneo, como na ficção científica, no mundo sci-fi já vimos por diversas vezes pessoas trocando de corpos (A OUTRA FACE, 1997), robôs que se passam por humanos (EX MACHINA, 2014) e humanos que passam a viver dentro de um robô (ROBOCOP, 1987), e constantemente eles se fazem a pergunta do até onde alguém pode mudar e continuar a ser você mesmo?
(2B - Nier Automata)
Figura 12, 13 e 14: Ex Machina, Robocop e A Outra Face
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Para isso filósofos durante muito tempo buscam a “Propriedade essencial”, aquilo que sem esse fator uma pessoa deixaria de ser essa pessoa instantaneamente, por exemplo o que acontece com uma espada, que a partir do momento que ela não tem mais lâmina ela não é mais uma espada. Porém para Humanos esse conceito é muito mais complicado, alguns filósofos acreditam numa “teoria corpórea” que diz “A identidade pessoal permanece pelo tempo porque você continua no mesmo corpo do nascimento ate á morte.” (GREEN, 2016b) porém em tempos modernos, essa teoria entra cada vez mais em risco pois até onde se pode trocar partes (transfusões de sangue, transplante de órgãos e próteses robóticas) e continuar sendo aquela pessoa? Em contrapartida, John Locke acredita na “Teoria da Memória” que diz “A Identidade pessoal persiste pelo tempo porque nos mantemos memórias de nós mesmos em pontos diferentes, e cada uma dessas memórias é conectada com a anterior”, criando assim uma “Cadeia de memórias”, onde mesmo que não lembramos de tudo que aconteceu em nossa vida, nós lembramos de momentos onde potencialmente nós lembraríamos daquilo e por isso tais memórias estão interligadas. Mesmo assim essa teoria tem falhas, como Green (2016b) disse: Se uma pessoa começa a sofrer de demência ou Alzheimers, essa pessoa deixa de ser quem ela era? Indo ainda além disso, caso uma IA (inteligência artificial, um computador ou software capaz de tomar decisões, aprender e opinar assim como humanos) tenha memórias falsas implantadas nela, ela é então um humano?
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O TRANSUMANO INDIVIDUAL
Proveniente do Pós Humanismo, conceito constituido no Sec XX que previa como as novas tecnologias e o avanço cientifico mudaria a vida do ser humano por conta de seu avanço super veloz, o transumanismo se aplica não só como uma forma de filosofia, como muitas vezes uma forma de crença quase que religiosa, ainda que o conceito esteja fortemente abraçado ao futurismo distopico (MARKS, 2017). Algo que ilustra muito bem o mundo criado para a historia, a distopia sociopolítica com uma clara tensão gerada por um sistema social com capital centralizado nas minorias, usando o mundo atual como base fica fácil de entender e acreditar o como tal sociedade vive a beira de um colapso, ainda que não estejamos vivendo um mundo transumano, vivemos num mundo onde paradoxalmente o fácil acesso a tecnologia criou uma população mais critica e politizada assim como permitiu a manipulação daqueles mais pré dispostos. Como citado por Anders Sandberg (2014) “O transumanismo individual é geralmente a ambição de viver a vida com o suporte de melhorias para conquistar melhor saúde, capacidade mental, novas habilidades ou longevidade”, Sandberg via a filosofia transumana altamente conectada com a mitologia grega, onde o homem poderia se tornar um deus .
“O desenvolvimento do capitalismo tardio vem transformado o corpo cada vez mais em commodity, ou seja, em um objeto cujo valor se dá através de sua relação com as matrizes e forças econômicas do mercado. O corpo humano, imperfeito em sua estrutura biológica, torna-se alvo do sistema, que impõe a ele necessidades de melhorias – estéticas e funcionais – para que este corpo possa ser visto como um objeto de desejo por outros corpos. A criação de tais elementos de melhoria do biológico tem sido um dos objetivos da ciência e, assim, a relação entre o humano e o tecnológico transforma e ressignifica o conceito de humanidade. Dessa forma, movimentos filosóficos como o pós-humanismo e o transumanismo passam a fazer parte das discussões que norteiam as inquietações para com o humano relacionadas ao presente e ao futuro. No entanto, a incerteza do futuro, relacionada aos medos e angústias políticas e sociais do presente, faz com que a imaginação humana consiga construir espaços narrativos possíveis em que a relação entre humanos e a tecnologia, bem como humanos entre si, seja pautada por uma aura de pesadelo político e social, os quais podemos chamar de distopias.” (MARKS, 2017, Pg 119) Geralmente transumanistas tem uma aproximação filosófica mais existencialista, fazendo com que sua visão sobre a morte sempre seja vista como o fim para sua jornada, logo algo que deve a todo custo ser evitado, “Se adquirir sabedoria é o significado da vida humana, então o objetivo do transumanismo pode ser qualificado como, adquirir mais sabedoria do que é atualmente humanamente possível” (SANDBERG, 2014). Muitos acreditam que por volta do ano de 2030 nós já teremos eliminado todas as doenças da humanidade através da genética e tecnologia e que através de grande avanço na inteligência, força e saúde humana nós até mesmo podemos alcançar uma forma de pseudo imortalidade, inclusive, muitos dizem que imortais já caminham entre nós, mas nem eles mesmo sabem que ganharão tal alcunha no futuro (DVORSKY, 2008). Dvorsky (2008) diz em seu artigo que, caso nossa medicina, nanotecnologia (tecnologia que trabalha em escala nanométrica, aplicada frequentemente à produção de circuitos e dispositivos eletrônicos com as dimensões de átomos ou moléculas.) e robótica alcance níveis de evolução muito altos, nos levaria a uma mudança socioeconômica estrutural enorme, com provável desemprego em massa, em que humanos e transumanos competiriam pelos mesmos empregos, o que lentamente exclui aqueles incapazes de competir até levar tal grupo a extinção, algo que sera muito tratado neste projeto, pois existiria uma nova forma de discriminação social que vai alem da cor da pele ou orientações sexuais. Tais melhorias genéticas ou robóticas, para Yuval Noah Harari, um professor israelense de História e autor do best-seller internacional Sapiens: Uma breve história da humanidade e também do Homo Deus – Uma Breve História do Amanhã, diz que então nasceria uma nova espécie, o homo deus que assim como o homo erectus extinguiu o homo habilis, o homo deus o faria com o homo sapiens comum. Ainda que tudo isso pareça distante, temos empresas investindo pesado nisso,
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como o WGSN antecipou sobre a Neuralink, liderada pelo famoso Elon Musk ela foca em fazer melhorias cerebrais para alcançarem uma conexão entre humano e máquina, onde mensagem e ligações poderão ser enviados apenas por controle neural.
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ESTUDO DE CASO BLADE RUNNER
Blade Runner 2049 de Denis Villeneuve é a continuação direta do filme Blade Runner de 1982, O mundo distópico de Blade Runner é um ambiente retrô futurista com temática cyberpunk, no mundo de Blade Runner a expansão espacial chegou num momento crucial onde os humanos são enviados para colonizar novos planetas, porém o ambiente hostil do espaço cria a necessidade dos replicantes, humanos manufaturados que já são feitos adultos e tem um tempo de vida limitado, tais replicantes possuem todas as características de um humano normal e em muitas vezes pode se passar por um com facilidade. Logo no primeiro Blade Runner conhecemos Deckard, um Blade Runner, espécie de policial que “aposenta” (eufemismo usado no filme para matar) replicantes que fogem a sua programação padrão, Deckard recebe como última missão investigar alguns replicantes que desertaram da guerra, ao mesmo tempo que investiga a empresa que os criou, a Tyrell corp.
Figura 15 - Blade Runner 2049
Chegando a Tyrell corp; Deckard conhece então Rachel, uma replicante mas ao tentar classificá la através de um teste que muitas vezes lembra o Teste de Turing (Teste criado pelo matemático britânico, que testa a capacidade de uma máquina de exibir comportamento inteligente equivalente a um ser humano, ou indistinguível deste), ele percebe que mesmo sabendo que ela é uma replicante ele tem mais dificuldade para detectá la, e descobre então que é porque ela compartilha as memórias da sobrinha de Tyrell. Isso então cria o debate, se algo que possui fisionomia humana, e todo o material orgânico assim como memórias humanas, esse ser é humano? Rachel nem ao menos sabia que era uma replicante, e quando ela descobre ela entra em colapso, mostrando mais uma vez uma atitude bem humana. Ao mesmo tempo que os outros replicantes lutam para se provar dignos de viver a
vida da forma como eles quiserem e não como escravos com data de validade, então lutando para provar que ao possuir um corpo humano e sentimentos e vontades, ainda que eles não tenham nascido de humanos, eles sim deveriam ser considerados humanos. Após os eventos ocorridos em Blade Runner temos um corte de 30 anos que nos leva até Blade Runner 2049 nesses 30 anos os replicantes tinham sido descontinuados com a morte de Tyrell no primeiro filme, porém Niander Wallace os prova válido mais uma vez mas agora os implantando com memórias humanas para que eles possuam mais empatia para com os humanos e uma segunda revolta não aconteça. Em 2049 acompanhamos K, um replicante que é um Blade Runner, aposentando modelos antigos de replicantes, Logo no início do filme vemos K confrontar Sapper Morton, um replicante de tipo combatente, que vive em uma pequena fazenda de proteína (cultivando larvas), Sappen então antes de ser aposentado, diz a K que ele não entende porque ele nunca presenciou um milagre, no decorrer do filme descobrimos que o milagre seria o nascimento de uma criança a partir de uma replicante, visto que todos os replicantes eram estéreis até aquele momento. O filme então te leva a crer que K é essa criança, porque ele possui memórias que nos levam a acreditar isso e portanto nós (espectadores) também acreditamos nisso, K entra tão fundo dentro de suas memórias, acreditando tão intensamente que ele é um humano que ele inclusive falha no teste de controle, uma forma avançada do mesmo teste do filme anterior. Expandindo ainda nossa empatia com K, nós somos apresentados a Joi, uma inteligência artificial com forma humana projetada por holograma, criando então um relacionamento incrível entre um replicante e uma inteligência artificial, Joi demonstra um amor muito sincero em relação a K, conforme seu relacionamento progride, fica evidente como Joi deseja o melhor para K mas o filme então explora outro momento humano, contato. Após alguns momentos K compra um dispositivo para poder levar Joi para todos os lugares com ele, a primeira ação dela é sair na chuva e por mais que a chuva passe direto por ela aquele é um momento onde ela entra em contato com o mundo real e a forma como ela reage é tocante, ainda com Joi vemos um momento onde ela contrata uma replicante prostituta para poder sincronizar seus dois corpos e finalmente poder tocar K, mostrando a importância do contato para que o relacionamento dos dois progrida. Uma peculiaridade sobre os personagens do filme é o posicionamento humano em relação aos replicantes, é como os humanos se posicionam superiores a eles, e a constante necessidade de aprovação dos replicantes, K tenta se provar inicialmente como para sua superior da polícia, depois para Deckard e o tempo todo se auto provando em relação a sua humanidade, No começo do filme conhecemos Luv que é uma replicante e coordena algumas ações da Wallace e o filme propõe que ambos possuem algum tipo de relacionamento mas ele deixa claro que ela tem uma grande necessidade de aprovação do mesmo, tomando atitudes cada vez mais drásticas para que Wallace continue a amando. Com base nos filmes é possível ver como a distopia futurista afetaria principalmente essa relação social de hierarquia onde quanto “menos humano, menos válido”, em contrapartida esse de segregação com o tempo geraria o tipo de tensão que leva aos eventos do primeiro filme.
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O MITO DO HEroi
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SOBRE O MITO DO HERÓI
O Herói sempre foi visto como aquele a ser admirado pelo homem comum, e assim sendo ele era uma inspiração para o jovem durante a sua vida na era antiga, hoje podemos ver que o herói mitológico, o herói moderno compartilha de tal sentimento em vários aspectos e referências são claras, como Shazam que extrai os dons de Salomão (sabedoria); de Hércules (força); de Atlas (vigor); de Zeus (poder); de Aquiles (coragem); e de Mercúrio (velocidade).
“O Herói vem de EROS, logo é aquele que serve por amor(...) Então o herói tem por princípio que os seus atos são altruístas não tem um interesse pessoal nas coisas que ele faz.” (PELUSO, 2015, 9min)
Um herói é alguém que deu sua vida por algo maior do que ele mesmo (Joseph Campbell)
Campbell (2007) notou que o mito do herói compartilha várias fatores em comum, como antes mesmo de poder ser considerado um herói como: Nascimento incomum ou profético, o nascimento do herói pode ser visto em vários mitos diferentes como algo importante, seja como Jesus Cristo que nasce de uma mulher virgem ou um renascimento heroico, como eh por exemplo o caso do homem aranha que tem um renascimento após a morte do seu Tio Ben. Descoberta da própria origem, o herói recebe então o chamado para a auto descoberta ou para as tais ações heroicas onde Figura 16 - Joseph Campbell ele precisa primeiro se provar digno de sair nessa aventura como acontece com o mito de Teseu, que em seu nascimento seu pai levanta uma grande pedra e de baixo da pedra ele coloca uma espada e um par de sandálias, representando assim a força e a aventura, e diz “quando ele for capaz de levantar a pedra, diga que me procure” e então Teseu cresce levanta a pedra e recebe assim o chamado para a aventura. Uma das características importantes da era mitológica é que o herói frequentemente vai em busca daquilo que o torna divino, muitas vezes sendo esse um direito hereditário onde o pai já é um deus, como por exemplo Star Wars onde Luke deseja se tornar um Jedi como um direito vindo de seu pai, ou através da ascensão por valor, como no caso de Psique da Mitologia grega, que foi testada varias e varias vezes por Afrodite até que se provou digna de viver no Olimpo.
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Como disse a Professora Roberta Peluso (2015) O vilão determina o tamanho do Herói, Os vilões muitas vezes podem ser vistos como os iniciadores e os heróis como a resposta para tal, muitas vezes o herói não sabe que é um herói até ser confrontado pelo vilão, exigindo assim dele seus atos heroicos, usando O Senhor dos Anéis como exemplo, temos Frodo, um hobbit (espécie pacifista de baixa estatura) que decide enfrentar as vontades de Sauron, o Senhor do escuro que lidera hordas de Orcs além de possuir um poder assustador, o que mostra o tamanho de seu heroísmo.
Figura 17 - Espartano do filme 300
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com os desenhos de Hal Foster. A HQ mostravam um homem branco que ao ser criado na floresta por animais, cresce bom e se torna o protetor de toda a selva, usando assim tanto o conceito de Rousseau que afirmava que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe, assim como o mito de Plutarco e Tito de Rômulo e Remo, que são amamentados por uma loba e protegido por um pica-pau e eram bons até o contato com a sociedade. Muito além de apenas servir como um estereótipo a ser seguido ou a ser identificado, essas também é o padrão das aventuras do mundo real, como disse Pat Soloman (2013) onde ele compara Steve Jobs com os Cavaleiros da Távola Redonda, pois ele se lança na floresta desconhecida do vale do silício, enfrenta muitos problemas ,desafios e várias perdas, mas então ele retorna ao mundo comum trazendo nos então os espólios de sua aventura, a Apple. Robert McKee (2012) explica esse tipo de estrutura nos roteiros de cinema, onde os turning points (pontos de virada) coincidem com os as 3 fases da jornada do herói, ele atribui ainda que se o filme possui 120 minutos, 30 minutos seriam a apresentação (Separação), 60 minutos de Conflito (Iniciação), que precisa de mais conteúdo pois é onde trabalhamos a história em si e mais 30 minutos de conclusão (retorno). Dentro desses 3 momentos, Campbell separou os em 17 subpartes. Muito importante é notar que a Jornada do Herói termina e começa no mundo comum mas a aventura em si sempre o leva até o desconhecido ou um mundo especial como Campbell (2007) diz, e durante esses passos o herói se depara com momentos chaves, e esses momentos podem ser encontrados tanto em mitos clássicos como em filmes, séries, jogos e quadrinhos atuais.
“Será usado a palavra herói sempre no masculino não porque não existem heróinas na história, mas porque Campbell tinha uma aproximação machista que era reflexo da era que viveu além do próprio meio” (RUGNETTA, 2017a).
Figura 18 - Espartano em bronze
A JORNADA DO HERÓI
A jornada do Herói foi escrita por Joseph Campbell (1904-1987), um pesquisador americano, que é considerado um dos maiores estudiosos sobre mitos de todos os tempos, ele notou em suas pesquisas que por mais distantes geograficamente que os mitos possam ser eles compartilham características em comum, tais características compunham o monomito do herói. O monomito então diz que podemos separar esse mito em 3 períodos, sendos elas: Separação, Iniciação e Retorno (SOLOMAN, 2013), que vem se repetindo em mitos, cinema e no mundo real desde o conto de Gilgamesh até os mais recentes filmes da Marvel Studios. Um dos mais clássicos exemplos do monomito nos quadrinhos é Tarzan que antes mesmo da chegada do alienígena protetor do nosso planeta já representaria o mito do herói. Tarzan desde 1912 já aparecia na literatura mas em 1929 faz sua estreia nas HQs
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O CHAMADO DA AVENTURA
Campbell (2007) diz então que o herói recebe o chamado por algo ou alguém considerado “O Arauto”, esse pode ser um mensageiro, um acontecimento climático, a morte de alguém importante ou etc, mas de certo algo mostra para o herói que seu lugar no plano comum está comprometido, geralmente este chamado vem ate o herói e não o herói vai a seu encontro, como R2-D2 em Star Wars que carrega em si uma mensagem a um velho mentor e um novo herói, “Ajude me Obi Wan Kenobi, Você é minha última esperança”.
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A RECUSA DO CHAMADO
“Com Frequência, na vida real, e com não menos frequência, nos mitos e contos populares, encontramos o triste caso do chamado que não obtém resposta; pois sempre é possível desviar a atenção para outros interesses.” (CAMPBELL, 2007, Pg 66) A Recusa ao chamado é vista por Campbell (2007) não como a real negação a algo, mas sim a letargia causada por estar acomodado ao plano comum, o medo da mudança e muitas vezes a proteção do sistema atual de ideias, virtudes, objetivos e vantagens, Campbell ainda diz que em muitos casos esse eh o momento que define o herói, é o rio que diferencia camponeses e lendas como ouvimos no mito de Aquiles, Ulisses convence Aquiles a participar da guerra de Tróia, Então Aquiles em dúvida sobre essa escolha consulta sua “Mentora”, sua Mãe, uma Nereida (ser mítico que habita os mares), e nessa conversa ele explica para sua mãe que ir a essa guerra seria um momento de glória mas que ele estaria lutando uma guerra que não é dele, e pede então o conselho de sua mãe que diz de forma bem direta, “Se você aqui ficar você será feliz, vai casar, terá filhos e será amado, pelos filhos dos seus filhos também, mas em 3 ou 4 gerações você será esquecido, porém se você for a Tróia, seu nome será cantado em verso e prosa por toda a eternidade, mas essa será a última vez que nos veremos pois junto com sua glória está ligada sua morte” Aquiles então fica em dúvida e por algum tempo ele duvida, mas sua história continua sendo contada até hoje que mostra a escolha do Herói.(PELUSO, 2015)
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AUXILIO DO SOBRENATURAL
Em seguida na forma do Mentor, o herói recebe alguma ajuda e muitas vezes algum item que possa protegê-lo na aventura, muitas vezes um amuleto ou uma espada, e esse auxílio normalmente vem para aqueles que aceitam o chamado à aventura e conseguem ultrapassar a recusa inicial, geralmente o Mentor é também o Arauto. Diversas vezes é o mentor que impulsiona o herói a ter esse encontro com o sobrenatural, como por exemplo: Na lenda gaélica do Rei Arthur onde Merlin o mentor, Impulsiona o herói a tentar tirar a lendária espada da pedra, mas ele é apenas um camponês não deveria nem ao menos tentar, mas o mago o convence e assim o herói tira a espada da pedra e começa então sua lenda.
Figura 19 - Arthur recebendo Excalibuer
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Figura 20 - Steve Rogers recebendo soro do super soldado
O PRIMEIRO LIMIAR
Esse é o momento onde o herói guiado pelo seu mentor e muitas vezes acompanhado de seus amuletos mágicos assim como de sua espada, encontra o guardião do Limiar, que na verdade não precisa ser uma pessoa ou criatura, sendo muitas vezes apenas uma limitação imaginária que marca o final do mundo comum para o herói, onde do outro lado tudo é novo e perigoso. Algumas vezes sim o herói se vê em frente a uma criatura que personifica seu destino até esse momento, onde ele deve usar toda sua inteligência ou força para superá lo e finalmente se jogar em sua aventura.
“If I take one more step, it’ll be the farthest away from home I’ve ever been.” (Samwise Gangee - O Senhor dos aneis: A sociedade do anel, 2001)
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O VENTRE DA BALEIA
Esse é o momento de renascimento, onde o herói se vê coberto por trevas e muitas vezes sem escapatória, e nesse momento ele encara a morte, se não física, a filosófica.
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“Esse motivo popular enfatiza a lição de que a passagem do limiar constitui uma forma de auto-aniquilação. Sua semelhança com a aventura das Simplégades é óbvia. Mas, neste caso, em lugar de passar para fora, para além dos limites do mundo visível, o herói vai para dentro, para nascer de novo.” (CAMPBELL, 2007, pg 92) Tendo então renascido o herói termina a primeira das 3 fases de sua aventura, ele então está pronto para ser testado e enfrentar provações, note que o herói não possui problemas, e possui provações nas quais um ato heróico será necessário para que aquilo seja superado, deixando ainda mais claro o porquê de tal criatura ser especial. (PELUSO, 2015)
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O CAMINHO DE PROVAS
Essa parte costuma gerar, 50% das histórias e mitos, onde de novo e de novo o herói precisa se provar, agora em um ambiente onírico que frequentemente colocando a vida do herói em perigo.
“O herói (...) deve sobreviver a uma sucessão de provas. Essa é fase favorita do mito-aventura. Ela produziu uma literatura mundial plena de testes e provações miraculosos. O herói é auxiliado, de forma encoberta, pelo conselho, pelos amuletos e pelos agentes secretos do auxílio sobrenatural que havia encontrado antes de penetrar nessa região.” (CAMPBELL, 2007, pg 102) Nesse momento o herói começa a se provar e se mover em direção a seu objetivo, o herói passando da fase da recusa inicial sempre se move em direção ao seu objetivo, podemos ver tal exemplo em filmes como Percy Jackson, onde claramente podemos ver Percy passando por provações para poder se provar digno de encarar seu grande vilão.
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nesse momento o herói pode decidir se unir a deusa ou não. Quando aceito o pedido o herói ganha então uma poderosa aliada que leva o herói de uma abordagem mais juvenil (dependendo da força física para superar suas provações) para uma abordagem mais madura (usando de inteligência e artifícios) (PELUSO, 2015). Em caso de uma negação por outro lado, o herói então vê aquela mesma deusa se tornar uma poderosa adversária que por ter sido negada e contrariada não permitirá que o herói viva, levando muitas vezes na morte do herói ou da deusa. Como Mike Rugnetta (2017b) explica o épico de Gilgamesh, que é considerado o mito mais antigo que se tem história, datado de mais de 4 mil anos atrás. em certo momento de seu épico, Gilgamesh encontra Ishtar que propõe casamento ao herói, Mas então Gilgamesh nega e dessa forma invocando toda a fúria de Ishtar que após invocar o Touro dos céus, mata Enkidu (o melhor amigo e amante de Gilgamesh).
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SINTONIA COM O PAI
Campbell seguiu muito de perto o trabalho do psicanalista Sigmund Freud e por isso a aceitação da figura paterna é um momento extremamente importante, onde o “pai” ou figura paterna como um, padre, sacerdote, deus ou até mesmo um monstro de enorme poder, desafia o herói. Em alguns casos o herói sai vitorioso e a figura paterna então aceita o herói como igual ou superior, e em caso contrário a figura paterna mostra para o herói sobre humildade. Nenhum momento é tão crucial na saga Star Wars quanto quando Darth Vader admite para Luke Skywalker que é o pai do herói, aquele ato após a vitória do vilão em combate direto, muda Luke Skywalker para que ele possa se preparar para seu próximo confronto com essa figura paterna. Após toda essa provação e aceitação o herói realmente ascende a um nível superior, muitas vezes essa ascensão pode ser a um nível divino, várias vezes com aquela mesma figura paterna de antes, assumindo assim seu posto de direito.
ENCONTRO COM A DEUSA
Frequentemente o herói se depara com uma figura feminina que não necessariamente precisa ser uma deusa, mas que em muitas vezes é, onde essa mulher geralmente possui enorme poder e se encanta com o herói desejando então o mesmo como cônjuge,
Figura 21 - Vader e Luke, o maior caso de daddy issues do cinema
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A BENÇÃO ULTIMA
Nessa etapa o herói recebe uma ajuda divina, uma arma mágica ou um amuleto, de imenso poder que irá ajudar em seu retorno para casa, em muitos casos o herói alcança uma iluminação mental.
“No formato atual de mitos, muitas vezes as histórias acabam aqui, quando o herói vence o vilão ou salva a mocinha, porém nos contos clássicos a volta ao lar é tão importante quanto a partida.” (RUGNETTA, 2017a)
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A RECUSA AO RETORNO
Realizado então o herói então deve retornar para casa, para trazer aquilo que ele conquistou em sua aventura para o mundo normal, porém muitas vezes o herói não deseja esse retorno, acostumado muitas vezes ao novo mundo onde está. Essa recusa diferente da primeira, não é revertida com a ajuda do mentor, e sim com a própria consciência do herói, que tendo alcançado o seu apogeu entende essa necessidade.
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A FUGA MÁGICA
Nesse momento o herói responde aos atos que o trouxeram até aqui, caso ele tenha sido abençoado pelos deuses ou espíritos, o herói recebe todo o apoio deles e contará com itens mágicos para o ajudar no caminho, mas se até esse momento ele não contou com o apoio dos deuses, demônios ou qualquer que seja a entidade, ou ainda se o retorno do herói fizer com que os deuses se enfureceu, ele terá que lutar seu caminho para casa.
Figura 22 -Steve Rogers acordando no presente
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RESGATE EXTERNO
O Aventureiro em algumas situações pode ser resgatado pelo mundo onde habitava, nem sempre ele aceitará prontamente tal retorno pois, como diz Campbell (2007) “quem tendo deixado esse mundo, desejaria retornar? quem estivesse, lá ficaria” , se o aventureiro não quiser retornar àquele que o buscar terá uma surpresa das mais desagradáveis e caso contrário o herói retorna. Em alguns casos o herói recebe tal ajuda pois estava sendo mantido cativo pela entidade superior, fazendo com que a força externa que o ajuda seja também um aventureiro ou até mesmo igualmente poderoso.
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O LIMIAR DO RETORNO
O herói agora conhece os dois mundos, ele não somente entende esses mundos como ele foi aceito por ambos, se provou digno e agora ele se vê novamente entre o limiar dos dois mundos, ele entende também que por várias vezes o mundo dos deuses não é outro mundo, e sim um reflexo do mesmo mundo dos humanos mas fora dos defeitos humanos. Caso o herói tenha fugido do mundo divino, ele terá um combate que se prove digno de voltar, tal combate exigirá todo o poder que o herói acumulou até esse momento.
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O SENHOR DE DOIS MUNDOS
fadas ao estilo disney, onde tudo acaba bem e por muitas vezes os personagens não sofrem com os efeitos de suas escolhas.
Nesse momento o aventureiro não mais encara um limiar, ele adquiriu o direito de ir e vir entre os dois mundos, ele então finalmente se torna o mestre, Muitos mitos já acenderam a esse momento, Jesus Cristo quando ele se mostra aos seus discípulos, os Budas quando alcançam o Nirvana ou contemporaneamente Neo em matrix quando ele se aceita como O Escolhido.
Figura 24 - Apos destruir o panteão, Kratos vira um pai de família
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LIBERDADE PARA VIVER
Agora o aventureiro retornou para o mundo comum, onde pode viver sua vida com o eterno remorso de ter abandonado tal mundo, ou vivendo ainda com a sombra de todos os campos de batalha que ele passou, ou ele se tornará um ser isento de culpa que pode então alcançar um relativo “final feliz”. Vendo então que esse momento representa o final utópico buscado pelos contos de
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Resultado da pesquisa
Eu quero mostrar para as pessoas que existem varias interpretações diferentes de bem e mal (Hideo Kojima)
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O MUNDO DE EX HUMANS
No mundo distópico de EX HUMAN (Distopia: termo usado primeiramente por Gregg Webber e John Stuart Mill para mostrar uma anti utopia, onde ao invés do mundo otimista que prega as Utopias, se foca no pessimismo, principalmente em relação ao governo, tecnologia e seres humanos) o mundo futurista é controlado por entidades, tais entidades se intitulam deuses. Tais deuses controlam o mundo com mãos de ferro, tendo total controle sobre a mídia e como ela é propagada (afinal de contas o controle da massa é o primeiro passo para um ataque bem executado, veja o golpe de 2016 no Brasil), Os deuses existem desde antes do que qualquer humano possa se lembrar, é como se eles sempre estivessem lá. Os deuses mantêm suas aparições virtuais e quando precisam de uma ação no mundo dos mortais eles mandam os AESIRs. AESIRs são os heróis escolhidos pelos deuses para funcionar como seus avatares entre os humanos, cada deus possui seu próprio método de escolher um herói, desde uma arena ate puro acaso, tais pessoas possuem poderes similares a policia do nosso mundo, mas com vantagens estendidas, já que um AESIR é a segunda maior autoridade do mundo, eles podem fazer como preferirem. Nesse mundo transumano, existem dois tipos de humanos, aqueles geneticamente modificados e aqueles roboticamente modificados, aqueles geneticamente modificados são chamados apenas de humanos, sendo eles geralmente aqueles mais bem colocados socialmente, gerando assim uma constante tensão com todos aqueles com modificações robóticas, criando então o termo EX HUMANO. Os ex humanos são pessoas que não puderam fazer mudanças genéticas e acabam jurando lealdade a um dos deuses em troca de algum posto na sociedade, os deuses exigem essas mudanças de partes humanas por robóticas, o que esconde um mercado negro de partes humanas para manutenção dos humanos e AESIRs. Essa desumanização gerada serve ainda mais para poder diferenciar visualmente os humanos dos EX humanos, aumentando então a discriminação social, assim como para poder diferenciar o deus a qual tal pessoa decidiu jurar lealdade, onde Poseidon pode exigir que seus fiéis troquem suas pernas por caudas se tornando assim as sereias desse mundo, fazendo uma ligação direto dos deuses deste mundo a forma como tais mitos criaram tais criaturas nos contos mitológicos. Essa base trabalhadora dos EX humanos, vive na ilusão de poderem comprar suas partes de volta e talvez ascender até o posto de humanos, por outro lado existem aqueles que usam a tensão criada pelo convívio e planejam desestabilizar esse governo, porém com o controle da mídia tal grupo raramente é lembrado nas mesas de refeição dos humanos e menos ainda são visto como uma ameaça. O mundo de EX human conta com uma arquitetura cyber punk ( um sub gênero de ficção científica que usa o termo “high tech, low life” que significa em tradução livre “alta tecnologia, baixa qualidade de vida”), usando como referência a cidade de Tóquio no Japão
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que claramente possui muito mais pessoas do que espaço físico, os prédios apertados criam a sensação de claustrofobia que as grandes cidades costumam ter. A grande maioria da população (EX humanos em sua maioria) mora em apartamentos cápsulas, para um maior aproveitamento do espaço para os humanos e AESIRs, usando como base os próprios hotéis cápsulas do Japão, em contrapartida existe o grande prédio ELÍSIO onde habitam os deuses, o prédio possui uma arquitetura minimalista em sua base que esconde o que realmente acontece lá dentro, e principalmente o prédio não possui entrada no solo, deixando claro a distância que os deuses colocam entre eles mesmo e os outros. Com seus grandes prédios, e toda a poluição gerada pela grande quantidade de pessoas do mundo, o Sol raramente é visto, tendo então momentos de um nublado claro e noites extremamente longas iluminadas pelas luzes neon e hologramas de propaganda que infestão as cidades. A economia do mundo se move de forma organica e interconectada, o mundo no solo (ex humanos em sua maioria) vive em mundo bolho separado da realidade das outras camadas, onde eles se ajustaram com mercados proprios, medicos não legalizados e todo tipo de trabalho sendo procurado de forma aberta, de cozinheiros a assassinatos, e basicamente como é onde toda ação esta, nascem duas novas classes, os caçadores de memorias e os membros da VICE, os caçadores de memorias são os temerarios que fazem coisas perigosas para poderem vender tais memorias para humanos e herois, os membros da VICE são ex humanos que usam seus corpos como receptaculo para que outra pessoa possa a usar para saciar seu vicio, essas duas classes mostram como a economia coloca intencionalmente os ex humanos em risco para que não aconteça uma super população. Assim como a compra e venda de partes humanas, todo esse sistema tira completamente a culpa dos deuses, e se faz algo, esse sistema faz com que eles pareçam ainda mais bondosos.
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SOBRE HERÓIS E DEUSES
Sua personalidade satírica é usada para esconder suas constantes dúvidas, ainda que seja um homem bom ele nunca se viu propriamente como um herói, ainda que tenha o título ele não acredita que esse seja o significado de ser um herói. Hades funciona como um mentor para Kai, dando os poderes do herói assim como constantemente o ensinando com a sabedoria de alguém entediado, Hades vive em sua monotonia imortal a muito tempo e vê em Kai o espírito de mudança que o mundo precisa para voltar a ser divertido, os motivos de Hades ter escolhido Kai como AESIR são incertos mas ele mais de uma vez já disse “você fará coisas divertidas”. O relacionamento dos dois eh muito mais próximo do que a maioria dos AESIRs tem com seus respectivos deuses, inclusive Triplo (o cão de 3 pernas de Kai) foi um presente de Hades “um cão quebrado para um homem quebrado...Talvez vocês se consertem juntos”. Amaterasu é a outra protagonista da história, Amaterasu ou Amy como virá a ser chamada por Kai, é uma garota que nasce de um relacionamento de dois EX humanos, porém, Amy nasce com divindade representada pelas tatuagens que aparecem quando um deus realiza um “milagre” pela primeira vez, ainda muito nova Amy é então vendida pelos seus pais para a realização de tais milagres, ainda que seus poderes se mostram instáveis, seus compradores descobrem um jeito mais rentável de usar a menina, usando seu sangue para a produção de uma droga chamada “Sun Light”, que promete ao usuário a experiencia de reviver sua melhor memória. A droga desacorda o usuário às vezes por minutos, às vezes por dias, o que gera um problema social enorme com pessoas ficando dias em seus apartamentos cápsulas criando assim um problema social, quando por pressão humana os AESIRs decidem investigar o caso, chegando então ao crucial momento do envio de dois dos seus, Arjuna, herói de Shiva, e Kai. Amy é uma garota, curiosa e tão carente de carinho que aceita qualquer contato como algo único, Amy se viu ser vendida como um objeto e então ela aceitou tal posição durante muito tempo, aceitando a forma como usavam seus poderes e depois até mesmo a forma como usavam seu corpo, como um elefante preso por uma corrente muito mais frágil que ele, Amy então tem seu primeiro contato humano com Kai e isso começa a mudar algo nela, ainda que te de uma forma muito primitiva.
O protagonista da historia é Kai, um AESIR e um EX humano, Kai era um humano que acaba envolvido em um assalto e na tentativa de salvar um ex humano que passava pelo local, ele é assassinado. Kai então morto, encontra com Hades, deus dos mortos e do submundo, que lhe faz a oferta de ser renascido como um herói, como seu herói, ou a morte, a escolha parece óbvia no momento. Kai tem então seu corpo quase que completamente refeito roboticamente, com o que há de melhor no mundo, ascendendo assim ao posto de EX humano, um título extremamente vazio visto que Hades é um deus pouco influente e quase sem seguidores, visto que dificilmente se valoriza a morte numa sociedade onde a morte é tão rara. Mesmo dentro dos AESIRs ele não vê muita aceitação por conta dos outros, já que seu título veio “de graça” em relação aos outros ainda que sua verdadeira busca por aceitação seja interna, onde ele não se sente como um humano, vezes até mesmo se questionando se ele eh ele mesmo, já que pouquíssimo do seu corpo sobreviveu e ele vive com a constante dúvida de suas memórias serem reais.
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Requisitos de projeto
Através dos estudos realizados para esse projeto, chegou-se a conclusão do porque a historia em quadrinho são a mídia certa para EX HUMANS, e porque isso exigiria que os personagens fossem cuidadosamente trabalhados, notou-se como ninguém tem uma visão exata de como é Gotham, mas que quase todo mundo possui uma visão clara de quem é o Batman. Um personagem multi camadas e bem construído ganha vida própria na historia, e se conecta com o leitor em diversos níveis, assim como Campbell explica em o Herói de Mil Faces, Nós queremos ver o herói vencer mas antes nós queremos ver o herói passar por todas os testes ate ele se provar digno de nossa admiração. Os desenhos tiveram inspiração em diversos lugares, principalmente em hqs como WICKED + THE DIVINE e nos desenhos de Bilquis Evely, é importante salientar que o processo de concept é composto por tentativa e erro, não existe uma formula magica e sim muitas tentativas e pesquisa para chegar nos personagens finais. Os anos como leitor de quadrinhos foram fundamentais para ter um profundo conhecimento sobre o mito moderno do herói, assim como estudar a historia da HQ mostrou-se útil para mostrar a importância dessa HQ, num momento onde lutamos cada vez mais contra desumanização dos nossos irmãos de pele, sexo ou gênero diferente, num momento onde um tirano megalomaníaco ameaça a liberdade, Ex Humans prova seu valor para mostrar para o povo que a luta pode ser difícil mas que ela vale a pena.
Old myths, old gods, old heroes have never died. they are only sleeping at the bottom of our mind, waiting for our call. we have need for them. they represent the wisdom of our race. (Stanley Kunitz)
Figura 25 - Painel Semântico
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Concept art
Os estudos para a criação dos personagens e do mundo começou de uma forma analógica e passou para o digital, onde costumo fazer todas as minhas artes, usei muito cyber punk como referencia assim como algumas hqs, foi muito importante criar um mundo que não parecesse distópico, pois a ilusão criada pelos deuses através da mídia e etc. Hades precisava mostrar um desinteresse e tédio, para mostrar sua idade e seu cansaço, o visual mostra alguém com roupas sociais do tempo moderno, com o intuito de poder separar os deuses dos humanos. Kai precisa de um visual mais transumano, como grande parte do seu corpo foi modificado ele precisa de detalhes robóticos assim como um visual mais moderno, Kai possui um olhar serio para poder passar o seu humor acido.
Eu sempre me interessei sobre o que tem por dentro de uma pessoa. (Hideo Kojima)
Figura 26 - Primeiros rascunhos de Kai
Figura 27 - Rascunhos avançados de Kai
Figura 28 - modelo final do personagem
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Isso gerou alguns novos estudos com arte finalizada no computador, assim como a criação de um concept de um personagem novo, uma ex humana de Poseidon, uma sereia, sua calda robótica permite uma boa locomoção na água assim como tubos de respiração nas costas e uma mascara de oxigênio, seu braço robótico ainda possui características humanas e ela usa um headset para que ela possa manter comunicação debaixo d’água, o corpo sexy ainda sera usado para atrair suas vitimas.
Figura 29 - Estudos para partes roboticas
Figura 31 - Partes Mecânicas do Kai Final Figura 30 - Estudos para partes roboticas II
Figura 32 - Iara (Cyber Sereia)
Com o intuito de criar um personagem multi camadas, foi importante tanto estudar como seria sua psique, assim como seu corpo, entender minhas limitações como artista assim como descobrir dificuldades não antecipadas, inicialmente fiz concepts extremamentes detalhados para as partes mecanicas, mas ao decorrer ficou claro que seria inviavel manter essa quantidade de detalhes em uma serie de quadrinhos.
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Página 1
Roteiro
Apresentação do mundo Cena superior da cidade de “Tokyo” Cena de um salão de festas Cena de um mercado com ex humanos Página 2 Primeiro quadro hades em seu trono ou Zeus olhando da janela da cobertura Segundo Kai e Arjuna dentro de um “furgão” Página 3 Quadro um cena mostrando a entrada do laboratório Os dois heróis do lado de fora do furgão fazendo pose, em splash. Página 4
There is no greater agony than bearing an untold story inside you. (Maya Angelou)
Kai vai em direção a porta do laboratório, enquanto vê o briefing da missão pelas alterações na retina Enquanto Arjuna vai subindo no prédio da frente. Página 5 Cena interna do laboratório, com pessoas confeccionando drogas e Amaterasu ao fundo Quadro dois close detalhe da mão de um dos traficantes mostrando a janela ao fundo e bem ao fundo no outro prédio Arjuna se preparando Quadro pequeno da boca do Kai fazendo bico de assobio Página 6 Kai andando pelo corredor Quadro esquerdo Kai encostado na parede do lado da porta Quadro central traficantes se preparando para o combate Quadro direito Arjuna com sua arma pronta Página 7 Kai abrindo a porta Segundo quadro maior, todos os traficantes tomando tiros na cabeça menos um, ao fundo com um embrulho nos braços olhando para trás Kai correndo para a escada com os corpos ainda caindo
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Página 8 Cena no telhado Câmera mostrando o ladrão na borda do prédio e Kai abrindo a porta ao fundo o pano do rosto de Amaterasu cai, mostrando então a garota assustada Kai faz uma expressão perplexa Quadro inferior Kai ouvindo no comunicador “inimigo derrubado” e o tiro atravessando a cabeça do traficante Página 9 Imagem do fundo do prédio com vários reflexos de Kai correndo em direção a menina enquanto o corpo do bandido cai e ela voa para fora do prédio Quadro grande de Kai segurando a garota enquanto eles caem do prédio. Página 10 Quadro um mostrando o impacto dos dois no chão Quadro dois um close no Kai e na menina caídos, Kai com cara de dor e o pano do corpo da menina saindo mostrando um pouco dos ombros dela Quadro três foco nas tatuagens nas costas dela e o kai olhando Quadro quatro ele levanta, tira a jaqueta e cobre a menina Quadro cinco ele abaixa até ela cobrindo a garota e perguntando se está tudo bem Página 11 Quadro um shot da rua com os dois de costas Kai sem jaqueta e sem sapatos Quadro dois close do rosto de Amy falando “eles costumavam me chamar de Amaterasu…” Quadro três rosto do Kai falando…”Amaterasu é muito longo...uhn posso te chamar de Amy?” Quadro 5 os dois como se vistos por uma câmera de loja e ela falando “gosto de Amy...Mas por que você me ajudou?” Kai responde “é meio que meu trabalho...Eu sou um Herói” Quadro deles em grande angular amy falando “eu nunca vi um herói antes” Página 12
Quadro um porta abrindo interior escuro luz forte vindo de fora com duas sombras na porta KAI “nunca?”, AMY“Não...O que um herói faz?”, KAI“Um herói? Nós somos escolhidos para servir a um deus e as vezes salvamos garotinhas” Quadro dois mesma cena mas com a luz acesa e os dois personagens aparecendo AMY “eu nunca vi um deus também…”, KAI“você já viu…”, AMY “mas o que eles fazem?”, KAI “Eles….é complicado, Triplo!” Quadro três shot do Cerberus um corgi de três patas. Quadro quatro Amy gritando “o que é isso?” Quadro cinco fundo branco com Amy atrás de Kai (50%) e Triplo pulando em suas pernas KAI“Você pode chamar ele de Triplo, triplo essa é Amy” Página 13 Kai indo para a banheiro enquanto Amy brinca com Triplo num apartamento bem oriental KAI“Vou preparar um banho para você enquanto eu faço algo para você comer” Amy brincando de outra forma com triplo Kai no banheiro, AMY “mas...Kai? Por que eu to aqui?” KAI“Por que eu preciso te perguntar algumas coisas…” Kai saindo do banheiro Amy indo “o que?” “Como você foi parar naquele laboratório?” “Meus pais me venderam…” Quadro 4 kai indo pegar uma outra jaqueta “...me desculpe” “tudo bem...Foi pelas marcas nas minhas costas…” Kai levando a jaqueta até o banheiro “...você sabe o que elas significam?”, AMY “...Que eles podem fazer drogas comigo?” Página 14 Kai entregando o casaco novo por uma brecha na porta KAI “não se preocupe, eles não vão fazer isso nunca mais, eu te protejo”, AMY “promete?” “Prometo!” Kai apoiado na parede do lado da porta com a fresta aberta KAI “Lembra? Herói, eu salvo garotinhas…”, AMY “Você não parece ser do tipo que salva pessoas…você é um ex humano né?” Kai olhando para as mãos “sou...Te assusta?”, AMY “Não, meus pais também eram...Eles me venderam para comprar suas partes de volta” Página 15 Visão do olho de Kai vendo Amy sair do banheiro COMUNICADOR “AESIR chamando”
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Amy passa por ele com a jaqueta nova “Kai falando” “Kai, aqui é Shiva...Você deve saber quem eu sou…” Amy abaixando para brincar com triplo COMUNICADOR “chegou até nosso conhecimento que você está com uma garota, ela deve ser entregue para nós imediatamente” Amy ainda brincando KAI NO COMUNICADOR“...posso perguntar por que alteza?” , COMUNICADOR “Não, você não pode” Amy indo até a cozinha KAI NO COMUNICADOR “eu me feri na queda, infelizmente preciso fazer a manutenção antes de ir até o Elísio…”, COMUNICADOR “....” Amy vindo até Kai com um sorvete em uma mão e outro em outra COMUNICADOR “Arjuna está a caminho, Hades ouvirá sobre isso herói…” Página 16 Os dois sentados no sofá chupando sorvetes, triplo deitado no colo de Amy, KAI “acho que ele gostou de você” AMY “Eu gostei dele…” Os dois ainda sentados AMY “você vendeu seu corpo para comprar essa casa?”, KAI “Não...Eu tentei salvar alguém e não deu muito certo, mas Hades me escolheu como herói e me trouxe de volta...a casa veio com o emprego” Mesma cena AMY “Você parece ser um bom herói...você pode ser meu herói?”, KAI “nã…..uhnn claro” Mini quadro de dedo na campainha Página 17 Kai abre a porta e vê Arjuna “você sabe porque eu vim certo?”, KAI “Um minuto?” , ARJUNA “Claro...1 minuto” Kai se vira a Amy está de pé com triplo nos braços AMY “hora de ir?” Kai se abaixa na frente de Amy ela entrega triplo AMY “Eu gostei de ter um herói…”, KAI “você vai ficar bem…”, AMY “você disse que não mentiria para mim…” Página 18 Amy vai em direção da porta kai abaixado Kai continua abaixado e vemos a porta aberta Kai continua abaixado HADES NO COMUNICADOR “Kai?” Página 19 Visão de Kai KAI NO COMUNICADOR “Hades...Eles estão levando ela... Senhor...Ela é uma deusa! Eu vi as marcas...Eu não sei o que está acontecendo...Mas ela é uma deusa nascida de ex humanos senhor!”
Visão de Amy vendo Arjuna HADES NO COMUNICADOR “eu sei...E o que você vai fazer?” Kai com cara de perplexo KAI NO COMUNICADOR “como assim senhor?” Amy entrando no furgão HADES NO COMUNICADOR “pergunta errada Kai…” Amy dentro do furgão e Arjuna na frente dela HADES NO COMUNICADOR “ela não foi a primeira nova deusa a nascer…” Mão do Kai fechando sobre o cabo da espada HADES NO COMUNICADOR “mas a verdadeira pergunta é….onde estão os que nasceram antes dela?” Página 20 Primeiro quadro Arjuna e Amy frente a frente e ele ARJUNA “você tem muita sorte, Os Shiva vai cuidar bem de você…afinal você tem algo especial...Posso ver?” Quadro igual mas sem falas e Arjuna ficando bravo Quadro três ARJUNA “sua putinha você sabe com qu…” enquanto ele avança em direção a ela AMY “Você demorou…” no fundo uma silhueta humana no meio da rua Página 21 Splash page Kai parando o furgão com o ombro espada na parte de trás da cintura.
enquanto segura a
Página 22 Quadro um Arjuna abrindo a porta de trás do furgão já com a arma em mão. Quadro dois Arjuna olhando para Kai ARJUNA “você tem vontade de morrer?” Quadro três kai fazendo pose de combate e falando KAI “Eu só quero a garota...Ninguém mais precisa se machucar” Quadro 4 angular mostrando Kai furgão e Arjuna “Você pelo menos tem poderes? Seu Deus não tem poder para isso tem?”, KAI “Eu só quero a garota Arjuna…” Página 23 Quadro um Arjuna atirando várias vezes câmera dando um close no cano da arma e Arjuna no fundo ARJUNA “por Shiva!” Quadro dois Kai “refletindo” os tiros com a espada Quadro três Kai avançando com um sorriso KAI “Não se esqueça que eu sou um herói!”
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Página 24 Kai com a espada cruzada com o rifle de Arjuna KAI “Eu posso chutar a sua bunda mesmo sem poderes...Eu poderia chutar sua bunda sem pernas!” Arjuna chuta Kai ARJUNA “você não pode lutar contra a vontade dos deuses!” Kai de quatro no chão KAI “Arjuna, ela é um deles e eles vão...” Arjuna atirando “BLASFEMIA!!” Página 25 Kai esquivando das balas KAI “e ela não é a primeira!” Arjuna para ARJUNA “ela…” Kai acerta um golpe no peito de Arjuna tacando ele contra uma parede! Quadro pequeno mostrando Arjuna bem machucado caído na parede ARJUNA “porque você só não morre?” Página 26 Amy saindo do furgão aparecendo apenas a mão de Kai estendida e a mão dela Quadro dois Kai segurando Amy nos braços KAI “Já morri uma vez... Não gostei” Quadro três os dois virando as costas na rua com várias pessoas com celulares nas mãos Quadro quatro Arjuna mirando Página 27 Múltiplos quadros dedo no gatilho, bala saindo, bala viajando e bala fragmentando antes de acertar Kai pelas costas Amy para a bala e com marcas no rosta ela fala AMY “não assim…” Arjuna solta a arma chorando…ARJUNA “...o Sol” Último quadro Kai e Amy andando enquanto alguém grava com um celular “sorvete?” “A gente pode comprar para o triplo?” “Claro…”
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TIPO DE IMPRESSO: Livreto
Memorial descritivo
TEMA DO PROJETO: CONCEPT ART DO MUNDO DE EX HUMANS TÍTULO DO IMPRESSO: O MUNDO DE EX HUMANS CARACTERÍSTICAS DA EDITORA: Editora independente e moderna, Voltada para conteúdo geek. CONCEITO EDITORIAL DO IMPRESSO: CONCEPT; HISTORIA EM QUADRINHOS; STORYTELLING
The heart may be weak. And sometimes it may even give in. But I’ve learned that deep down, there’s a light that never goes out! (Tetsuya Nomura)
PERIODICIDADE: Volume único TIRAGEM (ESTIMADA): 500 exemplares PÚBLICO-ALVO PERFIL DEMOGRÁFICO: Entusiastas e profissionais de áreas relacionadas ao tema, de 20 a 35 anos, homens e mulheres de Classe A e B.
4 colunas FONTES UTILIZADAS: Título e Subtítulo: Doctor Glitch Corpo: 32 pt Espaço entre-letra: Óptico Legenda: Roboto Thin Corpo: 12pt Entrelinha: 14pt Espaço entre-letra: Óptico Texto: Roboto Light Corpo: 12pt Entrelinha: 18pt Espaço entre-letra: Óptico PADRÃO CROMÁTICO: Tons quentes variados de vermelho, Preto e branco. IMAGEM: Desenhos, figuras e trechos de series, filmes, quadrinhos, entre outros tipos de mídia. IMPRESSÃO CAPA FORMATO Aberto: 405,42 mm x280 mm; Fechado: 200x280mm
PERFIL PSICOGRÁFICO: Entusiastas e profissionais que se identificam tanto com quadrinhos, séries, jogos, filmes e graphic novels.
SUPORTES UTILIZADOS: Capa Dura, Cartão Triplex
PADRONIZAÇÃO GRÁFICA GRID:
PROCESSO DE IMPRESSÃO INDICADO:
NÚMERO DE CORES : 3 Cores
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OFFSET ACABAMENTO GRÁFICO UTILIZADO: Refile, hot-melt IMPRESSÃO MIOLO FORMATO Aberto: 400 mm x280 mm; Fechado: 200x280mm SUPORTE UTILIZADO: Couchê fosco 150g NÚMERO DE CORES / ESCALA UTILIZADA PARA IMPRESSÃO: 5 cores - CMYK (Europa) PROCESSO DE IMPRESSÃO INDICADO: OFFSET ACABAMENTO GRÁFICO UTILIZADO: Refile, hot-melt PRÉ IMPRESSÃO SOFTWARES/PLATAFORMA UTILIZADA PARA EDITORAÇÃO E MANIPULAÇÃO DE IMAGENS/ILUSTRAÇÕES: Indesign CC/Photoshop CC/Illustrator CC EXTENSÃO DE IMAGENS RESOLUÇÃO IMPRESSA A SER UTILIZADA: 300dpi
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DOCUMENTACAO
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2 Consideracoes f inais
Esse trabalho começou muito antes do meu 7º semestre, essa historia aperta meu peito para ser contada a muito tempo, com o tempo ela apenas cresceu e cresceu, escolher a Profª Ana Lúcia como minha orientadora foi a escolha perfeita, ao mesmo tempo me dando espaço para criar a minha historia ela dava todo o suporte, seja lidando com meus desesperos ou ouvindo eu me lamentar, então saiam duas palavras da sua boca e minha visão daquele problema mudava 180º. O projeto inicial era fazer a HQ para lançar ainda esse ano, mas decidir deixar ela para o ano que vem foi uma escolha madura e difícil, eu não iria me contentar com algo feito apenas para entregar no meu TCC, feito com um deadline tão apertado e com a minha atenção dividida entre 20 coisas diferentes, o meu desempenho iria cair e isso com certeza iria acabar comigo. Por outro lado fazendo esse projeto eu conheci um novo lado meu, um lado que adora fazer pesquisa e ir se aprofundar em temas, um lado meu que escreve, um lado meu que as vezes não aguenta a pressão e um lado meu que não desiste, o tema dessa historia é auto conhecimento e com certeza o primeiro afetado fui eu, meu ponto fraco com cenários por exemplo. Espero ter deixado todos aqueles que apostaram nessa historia orgulhosos, ela cresceu e se tornou algo realmente bonito. E por fim:
EX HUMANS WILL RETURN AT CCXP 2019
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3 Imagens Referencias
Livros CAMPBELL, Joseph. O Herói de Mil Faces. São Paulo: Pensamento, 1989. HOWE, Sean. Marvel Comics a História Secreta. São Paulo: Leya, 2012. MOYA, Alvaro de. História da História Em Quadrinhos. São Paulo: L&PM, 1987. SANDBERG, Ander; MERCER, Calvin; TROTHEN, Tracy. Religion and Transhumanism: The Unknown Future of Human Enhacement. Santa Barbara: ABC-CLIO, 2014. Videos A Jornada do Herói. Nova Acrópole. Youtube. 25 de maio de 2015. 1hora2min7s. Disponivel em: <https://www.youtube.com/watch?v=9GfxicDj5Wc>. Acesso em 11 de Abril de 2018. Renata Peluso Batman & Identity: Crash Course Philosophy #18. CrashCourse. Youtube. 20 de Junho de 2016b. 9min8s. disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-TFCMK4i2lo>. acesso em 23 de Abril de 2018 Hank Green Personal Identity: Crash Course Philosophy #19. CrashCourse. Youtube. 27 de jun de 2016a. 8min32s. disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=trqDnLNRuSc>. acesso em 24 de Abril de 2018 Hank Green The Destructiveness of Formulaic Screenwriting. Big Think. Youtube. 23 de Abril de 2012. 1hora38s. disponivel em:<https://www.youtube.com/watch?v=MMrPdxLqIlU>. Acesso em 14 de Abril de 2018 Robert Mckee The Epic of Gilgamesh: Crash Course World Mythology #26. CrashCourse. Youtube. 8 de Setembro de 2017b. 13min45s. disponivel em: <https://www.youtube.com/watch?v=sWppk7-Mti4>. acesso em 14 de Abril de 2018 Mike Rugnetta The Hero’s Journey and the Monomyth: Crash Course World Mythology #25. CrashCourse. Youtube. 2 de Setembro de 2017a. 13min19s. disponivel em: <https://www.youtube.com/watch?v=XevCvCLdKCU>. acesso em 14 de Abril de 2018 Mike Rugnetta What is the Hero’s Journey?: Pat Soloman at TEDxRockCreekPark. TEDx Talks. Youtube. 11 de maio de 2013. 10min58s. Disponivel em: <https://www.youtube.com/watch?v=x8XUVqjX_IA>. Acesso em 12 de Abril de 2018 Pat Soloman
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LISTA DE IMAGENS
COVILLE, Jamie. The Silver Age. Penn State: Penn State University, 2010. Disponível em: <http://www.psu.edu/dept/inart10_110/inart10/cmbk6silver.html>. Acesso em: 10 mar. 2018.
Figura 1 - Pagina de Angelo D’agostini. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
DVORSKY, George. Better Living Through Transhumanism. Eua: Journal Of Evolution And Technology, 2008. Disponível em: <http://jetpress.org/v19/dvorsky.htm>. Acesso em: 22 abr. 2018.
Figura 4 - Poster Capitão America Enlist Now. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
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Figura 2 - Action Comics 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Figura 3 - Captain America 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Figura 5 - SHOWCASE (FLASH 1) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Figura 6 - AMAZING FANTASY #1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Figura 7 - Selo CCA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Figura 8 - SPIDER MAN 122 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 Figura 9 - Marcha dos Veteranos contra a Guerra do Vietnam. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Figura 10 - Saga 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Figura 11 - Captar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Figura 12, 13 e 14: Ex Machina, Robocop e A Outra Face. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 Figura 15 - Blade Runner 2049. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Figura 16 - Joseph Campbell . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Figura 17 - Espartano do filme 300. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Figura 18 - Espartano em bronze . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Figura 19 - Arthur recebendo Excalibuer. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 Figura 20 - Steve Rogers recebendo soro do super soldado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 Figura 21 - Vader e Luke, o maior caso de daddy issues do cinema. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Figura 22 -Steve Rogers acordando no presente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 Figura 23 -Diana Prince acendendo ao posto de deusa da verdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 Figura 24 - Apos destruir o panteão, Kratos vira um pai de familia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Figura 25 - Painel Semântico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
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Figura 26 - Primeiros rascunhos de Kai. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
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Figura 32 - Iara (Cyber Sereia). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Figura 27 - Rascunhos avançados de Kai. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Figura 28 - modelo final do personagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Figura 30 - Estudos para partes roboticas II. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 Figura 31 - Partes Mecanicas do Kai Final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
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