Criação do quadrinho-jogo: o mundo de Dewey (volume teórico)

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CRIAÇÃO DO QUADRINHO-JOGO:

O MUNDO DE

DEWEY POR: EDUARDA CASTRO

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CRIAÇÃO DO QUADRINHO-JOGO:

O MUNDO DE

DEWEY VOLUME TEÓRICO

Trabalho de conclusão de curso I apresentado ao Centro Universitário Senac – Santo Amaro, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Design com linha de formação específica em Design Gráfico. Orientador Prof° Dr. Anderson Luiz da Silva

Eduarda de Castro Gama São Paulo 2020 5


Gama, Eduarda. Mundo de Dewey / Eduarda Gama - São Paulo (SP), 2020. 88 f.: il. preto e branco. Orientador(a): Anderson Silva, Tatiana Couto, Jair Alves Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Design Gráfico) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2020. Quadrinho-jogo, Educação, Desenvolvimento infantil. Brincar, Leitura infantil, John Dewey . I. Silva, Anderson (Orient.) II. Couto, Tatiana (Orient.) III. Alves, Jair (Orent.)


RESUMO O objetivo dessa pesquisa foi estudar as diferentes formas de ensino e aprendizagem, suas correntes filosóficas e impacto para o desenvolvimento infantil, para demonstrar que aprendizagem pode ser relacionada ao prazer, felicidade, autonomia e principalmente aos vínculos afetivos através de brincadeiras. Foram pesquisados os principais nomes do movimento behaviorista e construtivistas, duas vertentes contrárias no campo educacional, para demonstrar as consequências da educação na formação do indivíduo. Após isso nos voltamos a explicar a importância do brincar para o desenvolvimento do ser humano, entender o que é o brincar para a criança, como essa atividade lúdica pode ser usada em atividades pedagógicas, qual sua importância para infância, sua responsabilidade na formação dos primeiros vínculos afetivos e no processo de socialização da criança. Por fim, levanto uma pesquisa sobre a importância dos vínculos formados no ambiente familiar e escolar, como esses vínculos são afetados pela cultura ocidental contemporânea, onde podemos enxergar a necessidade de mudanças. Palavras-chave: 1. Quadrinho-jogo. 2. Desenvolvimento infantil. 3. Brincar. 4. Desenvolvimento Infantil. 5. John Dewey.

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SUMÁRIO

PESQUISA

1. OBJETIVO ..................................................................................................13 1.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................13 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..........................................................................13 2. JUSTIFICATIVA ........................................................................................15 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................19 4. FUNDAMENTOS TEÓRICOS....................................................................23 4.1 EDUCAÇÃO E APRENDIZAGEM..............................................................23 4.1.1 BEHAVIORISMO..............................................................................................23

4.1.2 MOVIMENTO ESCOLA NOVA.....................................................................28 4.1.3 CONSIDERAÇÕES...........................................................................................38

4.2 O BRINCAR...................................................................................................41 4.2.1 OS BRINQUEDOS DO MÉTODO DE MARIA MONTESSORI............44

4.2.2 O BRINCAR DE WINNICOTT......................................................................47 4.2.3 CONSIDERAÇÕES..........................................................................................47

4.3 VÍNCULOS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA...............................49 4.3.1 FAMÍLIA..............................................................................................................50

4.3.2 ESCOLA..............................................................................................................51 4.3.3 CONSIDERAÇÕES..........................................................................................53


PRODUTO

5. ESTUDOS DE CONCEPÇÃO.....................................................................55 5.1 CONCEITOS...................................................................................................55 5.2 REFERÊNCIAS EDITORIAIS.......................................................................58 6. MEMORIAL DESCRITIVO..........................................................................61 7. DOCUMENTAÇÃO......................................................................................63 8. CONSTRUÇÃO...........................................................................................67 8.1 ESPAÇO DE JOGO........................................................................................67 8.2 PERSONAGENS...........................................................................................68 8.3 ACONTECIMENTO.......................................................................................72 8.4 FLUXOGRAMA..............................................................................................73 8.5 ROTEIRO........................................................................................................73 8.6 DESENHO......................................................................................................74 8.7 CENAS ESPECIAIS.......................................................................................77 8.7.1 EXPLICAÇÃO SOBRE OS TEMPOS.................................................80 8.7.2 MEDALHAS.............................................................................................81 8.7.3 JOHN DEWEY DO MUNDO REAL....................................................81 9. FEEDBACK DE LEITOR.............................................................................83 9.1 PERGUNTAS.................................................................................................83 9.2 DOCUMENTAÇÃO.......................................................................................85 10. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................89 REFERÊNCIA..................................................................................................93 LISTA DE IMAGENS.......................................................................................97




OBJETIVO OBJETIVO GERAL O objetivo geral desse projeto é criar um material educativo para a criança aprender e brincar ao mesmo tempo, alimentando o prazer da mesma em conhecer coisas novas, resolver problemas, desvinculando do sentimento de obrigação e dever, além de estimular a criação e manutenção dos vínculos afetivos das crianças entre elas e adultos.

OBJETIVO ESPECÍFICOS

OBJETIVO

O intuito da pesquisa é descobrir como criar um material com foco na experiência da criança, seus interesses e desenvolvimento, que a partir dos ideais da pedagogia construtivista possa ajudar com que o aluno se desenvolva de forma livre e saudável, e ajudar a criar memórias afetivas em que o aprender algo novo é relacionado a um sentimento bom. Assim, descobrir uma forma de criar um material que possa ser usado dentro de casa e na escola, pois todo lugar pode ser um espaço de aprendizagem, e tanto professores quanto os pais são personagens importantes no desenvolvimento da criança.

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JUSTIFICATIVA O sistema educacional brasileiro ainda apresenta problemas, como ficou demonstrado pelas altas taxas de repetência e evasão escolar, segundo o Censo Escolar que foi divulgado no dia 31 de janeiro de 2019, pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira): Em todo Brasil, contabilizaram 1,3 milhão de matrículas a menos, contabilizando cerca de 2 milhões de crianças e adolescentes de 4 a 17 anos fora da escola. Dentre estes, a maior taxa é a dos adolescentes de 15 a 17 anos, nesta última idade, um número de: 915.455 que hoje não estudam (NOVA ESCOLA 2019). Figura 1 – População de 4 a 17 anos que não frequenta a escola

Uma das explicações apontadas para o auto índice de abando é a repetência dos alunos, segundo os dados levantados pelo INEP, a taxa de reprovação vai aumentando a partir do fundamental, partindo de um índice de 11,2% do início do ensino fundamental atingindo até 28.2% no ensino médio, ressaltando que o índice é maior na rede pública do que na privada. Inúmeras causas são apontadas, como a má formação de professores e a falta de infraestrutura, mas será que é somente isso? O documentário “A Educação Proibida” (VAUTISTA 2012) responde essa pergunta com a afirmativa de que o sistema educacional vigente seria grande responsável por esses índices. Baseado em um modelo escolar do séc. XVII, possui estruturas e práticas que são ultrapassadas e não suprem a necessidade do nosso tempo.

JUSTIFICATIVA

Fonte: Nova Escola (2019)

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Características comuns como: a visão empirista-individualista da ciência e do trabalho científico, visão enciclopedista de ensino, obrigação de cumprir o programa de ensino, avaliação objetiva e classificadora de alunos (Ostermann & Calvalcanti, 2010), promovem competitividade, egoísmo, falta de interesse, aulas mecanizadas e falta de interação do aluno com o professor. A forma tradicional da aula acorrenta crianças a cadeiras e mesas sem se importar com seus interesses e vontades, devem ser ensinadas a ouvir, obedecer, repetir e gravar o que é colocado como verdade pelo professor por ser a figura de autoridade da sala. A criança é naturalmente curiosa e tem facilidade em aprender e assimilar novas funções e informações, porém, ao entrar na escola essa pré-disposição é enfraquecida por essa metodologia antiquada e autoritária. Somos apresentados a estudar como uma obrigação, somos afastados do prazer de conhecer algo novo e entrar em contato com novas formas de pensamento, ao passar dos anos vamos desenvolvendo dificuldade a até aversão a atividades escolares por não trazer prazer algum, apenas cansaço, desânimo e frustração se não atingimos os resultados desejados. A escola exige que nos moldemos para se encaixar nela quando ela deveria se moldar para engajar o aluno e atender suas necessidades. Por meio desta pesquisa venho demonstrar como se faz necessário a implantação de uma nova filosofia pedagógica, com foco em atividades educativas eficientes e inovadoras voltadas a experiência, que leve em consideração o olhar “sociocultural”. Tal perspectiva tem apresentado resultados promissores no desenvolvimento de seres autônomos e altruístas, tanto em alunos quanto em professores.

JUSTIFICATIVA

Para apresentar a criança a aprendizagem de uma forma prazerosa nada mais eficiente do que usar a atividade que é vista como sinônimo de prazer na infância: o brincar. Apresento autores que demonstram como a brincadeira é uma atividade que além de oferecer diversão é necessária para o desenvolvimento da criança, tanto físico como mental, social e afetivo. Ela é uma das formas naturais e mais eficientes da criança entender e aprender sobre o mundo que está a sua volta, logo, pode e deve ser usada como atividade pedagógica, pois o brincar é a prova de que as experiências de descobrir algo novo e se divertir estão ligadas naturalmente.

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Além de instigar o prazer da descoberta nos alunos é importante olharmos para a importância da formação de vínculos-afetivos no desenvolvimento da criança. Se conectar com outras crianças, adultos e figuras paternas é fundamental para seu desenvolvimento, segundo Wallon a afetividade é necessária para o desenvolvimento cognitivo, e não existe vínculos sem afetividade. Somos seres naturalmente sociais, porém o cenário em que se encontra a sociedade contemporânea dificulta a formação de vínculos fortes, segundo Bauman, o avanço tecnológico possibilita a formação de relações superficiais. Logo, venho levantar a importância de atividade lúdicas como o brincar, que possibilita a criação e manutenção de vínculos, promovendo o desenvolvimento social e democrático, porque é uma das primeiras formas em que a criança começa a entender que precisa do outro para suas realizações pessoais, ou seja, para brincar.




PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O método de pesquisa escolhido foi o qualitativo por responder melhor ao meu objetivo, pois de acordo com Neves (1996, p.01) “a pesquisa qualitativa não busca enumerar ou medir eventos. Ela serve para obter dados descritivos que expressam os sentidos dos fenômenos”. O projeto foi desenvolvido a partir de pesquisas bibliográficas em livros, matérias de revistas e sites, artigos, monografias, relatórios e documentários. De início foi feito um levantamento de livros sobre educação para entender a realidade das escolas, seus pontos fracos, sua estrutura e história. Depois a leitura sobre a influência da tecnologia na sociedade e seus malefícios para a mesma. Após essas leituras assisti ao documentário “A Educação Proibida” (VAUTISTA 2012), que relata os problemas da escola moderna/tradicional, foca em entender a educação e mostrar alternativas pedagógicas centradas na experiência educacionais diferentes para o aluno.

Ao estudar esses autores cheguei ao livro “Piaget, Vygotsky e Wallon: Teorias psicogenéticas em discussão” (TAILLE, OLIVEIRA e DANTAS 2019), três psicólogos que estudam o desenvolvimento humano e apresentam variáveis que devem ser levadas em consideração no processo de educação das crianças. Depois me voltei para personalidades importantes na américa, o filósofo John Dewey e o pedagogo Paulo Freire. Com o intuito de entender o cenário educacional pesquisei sobre o movimento Behaviorista, grande influenciador da educação moderna, a fim de demonstrar a diferença do pensamento e objetivos de cada vertente. Assim, pesquisei sobre Ivan Pavlov, Jon Watson, Edward Thorndike e Burrhus Frederic Skinner. Ao concluir a pesquisa sobre metodologias de ensino comecei a pesquisar sobre o papel do lúdico no desenvolvimento humano, cheguei à conclusão de que a brincadeira seria a melhor escolha para o meu trabalho. Assim, pesquisei sobre o brincar, os principais nomes e estudos sobre o assunto, e com o auxílio do documentário, liguei metodologias pedagógicas com brincadeiras, devido a um grande nome do movimento, Maria Montessori, que usou das brincadeiras como ferramentas chaves em suas atividades pedagógicas, tanto que criou brinquedos que

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Logo após assisti ao documentário “Revolution École 1918 – 1939” (GRUDZINSKA 2016), que relata sobre o movimento “Escola Nova”, a época que se deu início ao questionamento da prática tradicional de educação, e que a partir de estudos mais aprofundados sobre o desenvolvimento da criança surgiram novos modos de ensinar. A partir desse documentário selecionei nomes importantes do movimento para fundamentar minha pesquisa: Adolphe Ferrière, Maria Montessori, Paul Geheeb, Alexander S. Neil.

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são usados até hoje por crianças. Para fortalecer a importância do brincar cheguei até o psicanalista Winnecot, o qual aponta a importância dessa atividade para a criança e adultos, seu papel para entrar em contato com o potencial da criatividade do indivíduo e do seu “eu”.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para finalizar, reuni conteúdos que explicassem a importância dos vínculos afetivos para a criança e sua formação, foquei no ambiente familiar e escolar por serem as primeiras e mais influentes instituições sociais na vida de um ser humano. Analisei a realidade social contemporânea, a influência da cultura neoliberal e tecnológica na formação de vínculos, onde usei Bauman para explicar esse cenário e seus efeitos colaterais na formação de relações.

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FUNDAMENTOS TEÓRICOS EDUCAÇÃO E APRENDIZAGEM BEHAVIORISMO O behaviorismo é uma corrente de pensamento metodológico sobre o comportamento humano, ele foi usado para moldar o sistema de ensino que predomina nas salas de aula de todo o mundo. A escola prussiana ( primeira escola pública, gratuita e universal) antecede o behaviorismo, mas já compartilhava dos mesmos ideais, como por exemplo, que o ser humano pode ser controlado e moldado conforme o interesse da escola ou Estado. Esse pensamento surgiu no séc. XX e pode ser separado em dois segmentos: o metodológico e o radical. (OSTERMANN e CAVALCANTI 2011)

O behaviorismo radical é criado por Skinner, ele discorda de Watson por não achar que o ser humano é uma “tabula rosa”, que nasce sem informações biológicas e fisiológicas. O behaviorismo para Skinner é uma filosofia da ciência, que deveria ser usado na psicologia para estudos. Ele alegava que os processos mentais são mensuráveis, já que você pode observá-los em processos físicos, contrapondo as afirmações de Watson.

IVAN PARLOV Foi analisando o comportamento de cachorros que Parlov percebeu o poder dos estímulos. Por exemplo, ao notar que o tocar da campainha fazia o cão salivar, quando isso só deveria acontecer se o cão estivesse digerindo o alimento. Foi aí que Parlov percebeu que o cão estava condicionado ao estímulo de associar o som da campainha ao momento que seria alimentado, e viu que comportamento poderia ser condicionado.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

A vertente metodológica (ou comportamental) é baseada no pensamento empirista, segundo Jonh Watson, criador dessa vertente, o ser humano nasce do vazio sem qualquer informação biológica, sua formação depende do meio em que está inserido. Watson rejeita os processos mentais como objeto de pesquisa, para ele, o que não se pode ver não pode mensurar. É uma vertente baseada no estímulo-resposta, afirmando que o comportamento humano é previsível e controlável.

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Definições de estímulos de Parlov: • Eliciar: Dar um estímulo para provocar uma resposta automática. • Pareamento/Emparelhamento: Para conseguir um condicionamento precisa-se de um conjunto de estímulos, os neutros e os eliciadores. • Estímulo incondicionado: Estímulo que inicia naturalmente alguma resposta, sem ter relação com experiências do indivíduo e sim com questões biológicas. Por exemplo, quando temos uma irritação nasal (Estímulo) a resposta é um espirro. • Estimulo neutro: Não promove nenhum tipo de resposta. • Estímulo condicionado: Um estímulo neutro depois de ser várias vezes relacionado com um estímulo incondicionado passa a ter a mesma resposta que o estímulo incondicionado. Para explicar melhor vamos voltar a experiência com os cães. Quando estão em um ambiente onde possam encontrar comida eles salivam automaticamente, a comida é o estímulo incondicionado e a salivação o eliciamento. Parlov começou a tocar a campainha antes de dar comida ao cachorro, repetiu isso inúmeras vezes até que o cão começou a salivar somente por ouvir a campainha. A campainha é um estímulo neutro, que após ser colocada numa situação de pareamento resultou na mesma resposta que um estímulo incondicionado, assim tornando a campainha um estímulo condicionado. Para Parlov, seu trabalho teria muita coisa a acrescentar no comportamento humano, e assim, na educação. E foi assim que seu trabalho se tornou a base para que Jonh Watson desse início ao Behaviorismo.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

JOHN WATSON

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John Watson foi o precursor do behaviorismo, depois de ser fortemente influenciado pelos estudos de Parlov e do pensamento positivista, ele começou a fazer experimentos com humanos, crianças até bebês para estudar estímulos condicionados. Para ele a educação é como a teoria de Parlov, um estímulo neutro após ser pareado várias vezes com o estímulo incondicionado passa a assumir o lugar dele. Em seu artigo “Psychology as the behaviorist views it” (J. B. WATSON 1913), ele alega que a psicologia deve olhar para a conduta do indivíduo e não reparar em seus aspectos mentais. Ele enxerga a psicologia como uma ciência social, e como na física ou na química, não deveria importar aspectos como alma, a mente ou a introspecção para analisar o comportamento humano, pois isso entra em teorias filosóficas especulativas. Por isso que para a psicologia se tornar uma ciência social ela deveria abandonar as práticas introspectivas, não existem mentalismo, as ações humanas são impulsos fisiológicos, atos mecânicos, físicos e bioquímicos do corpo. Dessa forma, ele afirma que você pode analisar o ser humano e outros animais sem levar em


consideração os aspectos mentais, propondo uma mudança no conceito de psicologia, falando como seria a mesma segundo os olhos de um behaviorista: […] um ramo puramente objetivo e experimental da ciência natural. Seu objetivo teórico é a previsão e o controle da conduta. A introspecção não faz parte essencial de seus métodos […]. O condutista […] não reconhece uma linha divisória entre o homem e o animal. O comportamento do homem, com todo seu refinamento e complexidade, forma somente uma parte do esquema total de pesquisa do condutista (WATSON, 1930, p. 158).

Um dos pontos principais em sua teoria é a importância do ambiente em que estamos inseridos. Para Watson, não existe determinismo biológico, o ser humano pode ser modificado independente da sua genética, um dos fatores dominantes é o meio em que somos criados, uma famosa frase dele explica o seu olhar sobre o assunto: Deem-me uma dúzia de crianças saudáveis e bem formadas e meu mundo específico para criá-las, e eu me comprometo a escolher uma delas ao acaso e treiná-la para que chegue a ser qualquer tipo de especialista que escolher: médico, advogado, artista, comerciante, e inclusive mendigo ou ladrão, sem levar nem um pouco em conta seus talentos, capacidades, tendências, habilidades, vocação ou a raça de seus antepassados (WATSON, 1930, p. 104).

Por conseguinte, focou seus estudos para o condicionamento clássico na educação, se preocupando mais com os estímulos do que com as consequências, ele explica em sua teoria o “Princípio da Frequência e do Princípio da Recentidade”. O princípio da frequência diz que quanto mais vezes associarmos um estímulo a uma resposta mais rápida será a associação espontânea. Por isso, o professor deve apresentar à criança com frequência associação a resposta desejada a um estímulo para que gere conhecimento. Já o princípio da recentidade diz que o quanto mais recente a criança entrar em contato com o estímulo que resulte na resposta desejada, maior é a chance de que isso aconteça novamente, na sala de aula o professor deve descobrir vínculos fáceis e rápidos entre o estímulo e a resposta desejada.

Como Parlov, Thorndike começou a fazer experimentos com animais para estudar o comportamento. Em um de seus estudos ele colocou gatos em “caixas problemas”, onde tinham que descobrir como manipular um dispositivo mecânico para poder escapar. No início, os gatos comportavam-se de maneiras distintas, grande parte de suas ações eram ineficazes na fuga, porém, todos depois de tentarem diversas formas de escapar, através de tentativa e erro, encontravam uma forma de fugir. Ele estudou o tempo que os gatos levam para sair em cada vez que os colocava na caixa, e registrou que iam ficando mais rápidos, aprendendo a eliminar atos inúteis e otimizar os certos para conseguir abrir a caixa. Esse estudo foi importante para ele escrever sobre as leis que fortalecem os vínculos entre estímulo e resposta.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

EDWARD THORNDIKE

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Thorndike é conhecido como teórico do reforço, teve muita influência no campo da psicologia e da educação, e sua marca no behaviorismo é a lei do Efeito. Segundo sua teoria, uma conexão entre estímulo e a resposta desejada é fortificada se acompanhada de uma consequência boa e pode ser enfraquecida se for aliciada a uma consequência ruim. Assim, os professores devem bonificar os alunos que chegarem a resposta certa e punir os que chegaram nas respostas erradas. Do mesmo modo, ele criou a Lei do Exercício e a Lei da Prontidão, considerada as principais, e cinco leis subordinadas a elas: resposta múltipla, “set” ou atitude, preponderância de elementos, resposta por analogia e mudança associativa. • Lei do exercício: Por meio de atividade repetitivas e conectadas fortalecemos os vínculos com as respostas corretas, aí entra a lei do uso, quanto mais exercícios propor para fortalecer o vínculo entre estímulo e resposta mais facilidade a criança terá de chegar a resposta desejada. Quando não reforçamos esses vínculos a conexão pode ser enfraquecida ou esquecida, (essa é a lei do desuso). Portanto, cabe ao professor fortalecer os vínculos com assuntos desejados, propondo atividades que fortaleçam a conexão, e usando a lei do desuso em conexões indesejáveis. • Lei da Prontidão: É necessário prontidão para que a ação seja executada da maneira certa. Usando o experimento com os gatos como exemplo, eles devem aprender a pressionar a alavanca para sair da caixa, após muita tentativa e erro eles associam o movimento da alavanca a fuga da caixa. A lei do exercício mostra que a fuga acontece porque o gato tentou e treinou várias vezes, resultando em algo satisfatório, a fuga da caixa (lei do efeito), assim formando uma ordem na aprendizagem, que é a lei da prontidão.

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BURRHUS FREDERIK SKINNER

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De todos behavioristas Skinner foi o que mais influenciou a educação nas escolas. Para ele um bom desenvolvimento do aluno está relacionado com a organização das condições estimuladoras de modo eficiente. Ou seja, em sua concepção, o homem é produto do meio em que vive e se controlarmos as condições do meio poderemos antecipar e até controlar o comportamento humano. O objetivo de sua teoria behaviorista é descobrir as leis naturais que regem sobre o ser que aprende, assim aumentando as dimensões do controle das situações que afetam o mesmo. Logo, Skinner aponta que a aprendizagem é resultado de estímulos do meio, e ensinar é condicionar através do reforçamento das respostas desejadas, consiste no domínio de técnicas que controlem o ambiente de transmissão e recepção da informação. Em sua teoria, o reforço consiste em qualquer atividade que aumente a probabilidade de um comportamento voltar a acontecer e até poder virar hábito. Um exemplo pode ser visto em uma criança, quando o bebê chora (condicionamento operante) faz com que a mãe vá vê-lo e faça algo para que ele pare de chorar, a ação da mãe é um reforço que faz com que a criança volte a ter o mesmo comportamento, e assim ter essas mesmas consequências. Em função do que foi colocado pode-se compreender o primeiro princípio do condicionamento operante: todos aqueles comportamentos que os alunos emitem e que pretendemos mantê-los devemos então reforçá-los.


Como o reforço deve ser usado para incentivar as respostas certas a punição também é importante para eliminar as erradas. Ao punir você remove o reforçador positivo da resposta indesejada, impedindo que ela volte a acontecer com frequência. Deste modo, o professor em sala de aula deve, em primeiro lugar, ter respostas prontas ( reforços) visando uma consequência de aprendizagem que esteja de acordo com as exigências escolares. Ele apresenta etapas básicas de aprendizagem segundo sua concepção: • Usar objetivos instrucionais para resultar nos comportamentos desejados. • Estudos das atividades de aprendizagem, com intuito de ordenar os passos dos estágios de ensino. • Executar as atividades propostas, sempre reforçando as respostas corretas correspondentes a aprendizagem desejada. CONSIDERAÇÕES Segundo o documentário “A Educação proibida” o modelo escolar que predomina até hoje na maior parte das escolas do mundo é o Prussiano do séc. XVII, onde as crianças são vistas como seres manipuláveis em que seu foco é formar adultos para nutrir o mercado de trabalho, somos vistos como objetos. Uma educação feita por administradores, que segrega crianças e cria padrões mecânicos para medir a inteligência e capacidade do aluno, através de palestras e cópias aprendemos a repetir o que nos é colocado como verdade, sem contestar, aprendendo a obedecer e seguir ensinamentos, tendo sempre que se moldar pra se encaixar na escola, se o aluno não consegue é visto como problemático e subdesenvolvido.

Esse sistema de repreensão e monopolização do ser humano começou a ser contestado, com o passar dos anos novas correntes pedagógicas foram criadas mostrando outro olhar da aprendizagem do aluno e do professor, um olhar que contrapõe todos esses ideais e visa a formação de um novo ser.

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O pensamento behaviorista nutriu esse sistema, trazendo leis e princípios que visam o maior controle e manipulação da criança, observando como os estímulos do meio eram fatores determinantes na formação do indivíduo. Porém, seus estudos do comportamento queriam mais do que formar crianças obedientes, visavam controlar o comportamento de um ser, seus sentimentos, seus medos e suas verdades.

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MOVIMENTO ESCOLA NOVA No início do séc. XX, após a primeira guerra mundial, o mundo passou por mudanças, transformações sociais, políticas e econômicas. O trauma da Primeira Guerra fez com que a busca pela paz tomasse força, assim começaram a se perguntar quem culpar toda a violência, sofrimento e danos que sofreram. A resposta surgiu de diferentes pedagogos em diversos países, a culpa era da educação tradicional que propaga a violência, o egoísmo e a falta de senso crítico na população. Para esses educadores a paz só poderia vir de um novo ser humano formado por uma escola revolucionária, uma escola nova com uma educação ativa. Desde o final do séc. XIX experimentos pedagógicos começaram a florescer, onde o autoritarismo é substituído pela autonomia, as diferenças são consideradas fundamentais e mostravam como o lúdico e o criativo estavam diretamente ligados com os processos de aprendizagem. Ao invés de se centrar em verdades absolutas, controle do comportamento e patrocinar um padrão opressor e desinteressado na saúde do indivíduo, essa nova pedagogia se volta para o indivíduo e visa desenvolvê-lo em todas suas frentes, seja emocional, sensorial ou física, dando forma a um ser autônomo, reflexivo e crítico, pronto para interagir com um mundo dinâmico.

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As primeiras “Escolas Novas” surgiram em instituições privadas nos países Europeus, na mesma época em que surgiram os primeiros estudos de observação experimental na aprendizagem e os primeiros ensaios sobre capacidade mental e o rendimento das atividades educacionais. Nesse contexto nasce a Bureau International des Écoles Nouvelles (Oficina Internacional das Escolas Novas) dirigida por Adolphe Ferrière, uma organização internacional que visa difundir a filosofia de ensino da Escola Nova. Reunindo numerosos profissionais que apoiavam o movimento, os métodos teóricos e práticos desse movimento começaram a ganhar força e reconhecimento.

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Devido ao seu caráter transgressor recebeu muitas críticas, como de não exigir a formação necessária ao abrir mão dos temas tradicionais, sendo ingênua ao acreditar que alunos aprenderiam por vontade própria. Ou que suas ideias não foram testadas o suficiente, e deveriam ser estudadas com mais rigor. Porém, essa era uma visão distorcida do movimento, suas teorias foram baseadas em intensos estudos e experimentos no campo da biologia e psicologia, e suas escolas mostraram resultados impressionantes, conseguindo ensinar a todos, principalmente a aqueles alunos que a escola tradicional rotulava como incapaz. CONSTRUTIVISMO O método de ensino construtivista consiste na teoria que existe uma construção do conhecimento, essa construção necessita que a criança aprenda como adquirir um conhecimento da melhor forma para si, assim os professores precisam de métodos que ensinam a criança como aprender a aprender.


O estudo do desenvolvimento infantil é crucial para criar novas metodologias de ensino, pois nessa corrente o ensino deve se adequar a criança, ao seu desenvolvimento e interesse. Assim, formando métodos que respeitem o tempo do aluno e sua particularidade no mundo, os professores se tornam mediadores do conhecimento para que a criança aprenda de forma livre e espontânea, com bases nas suas reflexões e experiências. O importante não é formar uma criança com um vasto currículo, e sim seres ativos, capazes de resolver problemas em grupo e individualmente “é mais importante o processo de aquisição do saber do que o saber propriamente dito” (Libâneo, 1994, p. 58), por isso, o “aprender fazendo” é um dos pilares desse método. Quando o aluno se envolve ativamente com a atividade que está executando a compreensão é intensificada, a experiência com objetos de ensino é mais eficaz que a memorização mecânica.

ADOLPHE FERRIÈRE Considerado um dos pioneiros da Escola nova, baseou-se em teorias biológicas depois em filosofia espiritualista, considerava que o impulso vital espiritual é a base da vida. Em sua concepção o ideal da escola ativa é a atividade espontânea, pessoal e produtiva, o estudo de uma educação nova deveria colocar a criança como centro dos estudos e do processo educativo.

Ao analisar sua intensa produção literária destacam-se dois pensamentos, o de que a criança possui por natureza conjunto de capacidades, instintos, tendências que resultam em interesses característicos de cada idade. E na teoria da correlação entre a lei do desenvolvimento da espécie e do indivíduo. Por isso que seu foco era adaptar a educação a infância da criança, e suas diferentes fases, respeitando o desenvolvimento psicológico e fisiológico do ser humano. Assim, necessita de uma escola flexível para propagar a criatividade e a espontaneidade do indivíduo. Para Ferrière, a filosofia da escola ativa está nas atividades espontâneas, pessoais e produtivas, as propostas pedagógicas devem corresponder com as energias interiores do indivíduo, respondendo ao seu interesse num ambiente que respeita a criança e a faz se sentir livre de exercer suas atividades de maneira espontânea.

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Adolphe Ferrière é um dos nomes mais importantes na história da revolução da escola nova, doutor em sociologia, filósofo e pedagogo, fundou o Bureau International d´Éducation Nouvelle (1899), foi cofundador do Institut Jean Jacques Rousseau (1912) e em 1921, ajudou a criar I Congrès Internacional de l´Éducation Nouvelle em Calais, e a Ligue Internacional pour l`Éducation Nouvelle. Foi, durante muito tempo, diretor e colaborador da revista da Ligue, Pour l´ere nouvelle na França. Ferriére marcou sua época devido ao seu caráter crítico e contestador, sendo um grande defensor e propagador dos princípios da Escola Ativa.

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MARIA MONTESSORI Maria Montessori foi a primeira mulher da Itália a se formar em medicina, e escolheu se especializar no tratamento de crianças com limitações físicas e mentais, para analisá-las de modo amplo, consagrou-se à preparação de mestres para crianças com esses diagnósticos. Seus estudos mostravam que o tratamento dessas crianças tinha maior peso no tratamento pedagógico do que o clínico, o que a fez perceber como o sistema educacional da época era falho e que novos métodos de ensino poderiam funcionar não somente para crianças com limitações, mas também as demais. A pedagogia de Montessori está no próprio aluno, com objetivo de levar o ser a conhecer de forma consciente o que é real, ou seja, o educando deve conseguir distinguir o mundo interior (eu) do mundo exterior (o não eu). Ela afirma que o método experimental é crucial para formar essa consciência, o experimento da criança com objetos educativos a faz entender o real através de suas atividades. Para Montessori, ter consciência do mundo exterior te possibilita entender o interior, entender sua personalidade. Para que a criança se conecte com seu interior é importante que o professor ajude a desenvolver autonomia, para que a mesma seja a autora de sua própria educação. O importante na concepção de Montessori é a “formação do espírito” da criança, pois, o autoconhecimento resulta em uma vida feliz. Segundo suas palavras a escola verdadeira: ...não é a de quatro paredes, entre as quais as crianças são confinadas, mas a de uma casa onde possam viver em liberdade para aprender a crescer. Essa ideia implica a necessidade de preparar para as crianças um mundo seu, particular, onde elas possam encontrar atividades condizentes com seu desenvolvimento físico e mental. Numa escola Montessoriana, o professor é um convidado, ou alguém que tenha em mente estar a serviço de seus alunos” (MONTESSORI, 1961, p.17)

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Descrevendo o método Montessoriano:

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O ambiente planificado é constituído por três aspectos importantes: O ambiente de atmosfera agradável, com ferramentas e mobiliários adequados em tamanho e espaço, materiais especiais e, em terceiro lugar, o professor que não dá ordens, nem se intrometer, mas serve de auxiliar e guia. Ele deve ser um observador experimentado que sabe quando agir para estabelecer a ordem e quando deve permanecer em segundo plano (FOOTLICK, 1968, p.34)


ALEXANDER S. NEILL Escritor, educador e jornalista, Alexander S. Neill foi fundador da Summerhill School na Inglaterra, onde se tornou referência por causa de seus métodos inovadores, focados na individualidade do educando, onde a criança tinha liberdade de escolher o que queria aprender, podendo ter o próprio ritmo e se desenvolver no seu tempo. Baseado no iluminista Rousseau, Neill acreditava que poderia construir um mundo melhor a partir da educação. Foi fortemente influenciado pela psicologia do séc. XX de Sigmund Freud e Alexander Wilhelm Reich, assim alegando que o ensino deveria focar na emoção da criança, colocando a sensibilidade acima da racionalidade. Seus alunos deveriam morar na escola e receber visita dos pais esporadicamente, porque a superproteção familiar faz com que a indivíduo cresça com medo de conhecer o mundo, seja intelectualmente ou emocionalmente. Neill viu sua filosofia de ensino como uma fórmula para a felicidade, que combate a infelicidade imposta pelos padrões sociais, econômicos e familiares. Ter sucesso na formação de um aluno era, em sua opinião, formar adultos que trabalhavam felizes e vivem positivamente. Na sua visão, as crianças eram naturalmente capazes de se desenvolver conforme todas suas capacidades e limitações, e que a interferência do adulto diminui a chance da criança de crescer sem traumas. Quando o adulto interfere elas são colocadas como inferiores e submissas, roubando a alegria da descoberta e autoconfiança necessária para se arriscar e viver sem medo, formando alguém que não consegue ser completamente feliz. Um de seus métodos é uma relação forte e democrática entre aluno e professor, onde juntos decidem as regras de conduta. A escola deve ser uma preparação para a vida real, e por isso a escolha das matérias e assuntos devem ser discutidos democraticamente, levando em conta a realidade de cada um e seus interesses.

Paul Geheeb foi um educador que reformou as metodologias de aprendizagem alemãs, aos 40 anos criou a escola de Odenwald junto com sua esposa Edith Geheeb, onde rompeu com a educação tradicional através da sua coeducação de meninos e meninas junto a uma educação ética, com contato com a natureza, diversos tipos de expressões artísticas e um sistema flexível de cursos formulada junto aos alunos, esse conjunto de características tornou sua escola uma das mais renomadas da Alemanha. Geheeb pode ser considerado um dos pioneiros da escola coeducacional (internato) na Alemanha, em sua concepção as crianças não devem ser distinguidas pelo sexo, e a educação conjunta de meninos e meninas proporciona um relacionamento posterior melhor entre eles e um desenvolvimento saudável a ambos. Também coloca a educação como uma arma forte contra a cultura masculina unilateral, para o educador, na luta contra pensamentos ideológicos culturais somente a educação pode acabar com isso.

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PAUL GEHEEB

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O conceito de “Comunidade Escolar” é um dos pontos importantes em sua metodologia de ensino, incentivando a autonomia e o desenvolvimento independente do trabalho no aluno, sem intervenção dos professores, cada turma escolhe um “ordenador da turma”, assim criando pequenas comunidades lideradas por alunos escolhidos democraticamente. Reuniões que juntavam cerca de 200 alunos e 100 adultos discutiam sobre assuntos relacionados à escola ou com o mundo fora dela, essa foi uma das estruturas que mantiveram a escola de pé, segundo Geheeb a comunidade escolar era o verdadeiro coração de sua escola. O real desejo de Geheeb é uma mudança no relacionamento entre adultos e crianças, o fim da submissão infantil e o início de relações baseadas em respeito mútuo e diálogos. A real educação não pode ser estabelecida e mediada, deve ser resultado da experiência de cada indivíduo, para Geheeb, qualquer tentativa de educar alguém através de um currículo pré-estabelecido é formar um ser medíocre que não é nem metade do que poderia se tornar. Geheeb defendia que todas as escolas fossem transformadas em pequenas comunidades que promovessem a liberdade e a individualidade da criança, onde ela iria conviver com diferentes idades, assim podendo encontrar o seu próprio caminho sem interferências, onde o professor é visto como um guia da aprendizagem.

JOHN DEWEY

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Dewey focou seus estudos na convicção moral de que “democracia é liberdade”, desenvolveu justificativas filosóficas para poder colocar suas ideologias em prática. Seu compromisso com a democracia e com o fortalecimento da união entre teoria e prática se destacaram na sua carreira de educador, e foram um dos motivos que fizeram de Dewey o filósofo americano mais influente no mundo na sua época.

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Para Dewey não existe diferença entre o processo de aprendizagem das crianças e do adulto, ambos aprendem mediante ao encontro de desafios, onde precisam descobrir a resposta para lidar com essas situações, deste modo, a resposta se torna conhecimento. Ele afirma que a criança não chega na escola como uma garrafa vazia, que pode ser preenchida pelo que o professor desejar, a criança vem com impulsos inatos, como por exemplo, o de se comunicar e ter curiosidade. Além disso, também traz consigo informações do meio em que vive, assim, o professor deve utilizar desses instrumentos para promover atividades com bons resultados. Uma educação eficiente necessita que o professor crie atividades interessantes ao aluno, que levem suas preferências em conta, usando essas informações para fazer que o aluno se interesse por todas matérias “Na realidade, os interesses não são senão atitudes a respeito de possíveis experiências; não são conquistas; seu valor reside na força que proporcionam, não no sucesso que representam” (id., ib., p. 280). As escolas tradicionais pregam o individualismo e matam o desejo natural da criança de aprender, ela planta desejos egoístas, de superioridade, inferioridade, medo, entre outros sentimentos nocivos, formando seres submissos e desacreditados de suas capacidades. Dewey afirma que para a criança se desenvolver socialmente ela precisa participar de uma comunidade cooperativa, com ensinos focados na democracia.


Uma escola com foco na democracia necessita de “uma instituição que seja, provisoriamente, um lugar de vida para a criança, em que ela seja um membro da sociedade, tenha consciência de seu pertencimento e para a qual contribua” (Dewey, 1895, p. 224). A criação desse ambiente democrático não é fácil, professores devem organizar atividades que guiem os alunos a encontrar seu papel em suas pequenas comunidades, entendendo o porquê precisam assumir esse papel e como os fins são gratificantes, para que a criança trabalhe determinada a alcançá-los. Em 1896 ele fundou a Escola Experimental da Universidade da Columbia, logo ficou conhecida como a “Escola de Dewey”, já que funcionava segundo sua teoria de ética democrática educacional. As crianças tinham “ocupações” que se diferenciavam em cada um dos 11 grupos, ocupações relacionadas a profissões atuais ou históricas. Ocupações da Escola de Dewey: • Crianças 4 a 5 anos: Faziam atividades domésticas, que elas já tinham entrado em contato nas suas próprias casas, como cozinhar, limpar, costurar. • Crianças de 6 anos: Constroem, plantam, cultivam, colhem e vendem no mercado. • Criança de 7 anos: Estudam a pré-história através das cavernas que eles mesmo faziam. • Crianças de 8 anos: Focam os estudos nos navegadores fenícios e seus aventureiros posteriores. • Crianças de 9 e 10 anos: Seus temas são a história e a geografia colonial, estudam através da construção de uma réplica da habitação na época dos pioneiros. • Crianças de 11 anos pra cima: Concentravam-se em anatomia, eletromagnetismo, economia, política e fotografia Dewey fala sobre as atividades desenvolvidas pelas crianças na escola,

Como exemplo ele fala sobre a leitura, quando a criança enxerga a necessidade de ler e escrever para desenvolver a sua atividade ela descobre sua importância e fica engajada a aprender. quando a criança entende a razão pela qual tem de adquirir um conhecimento, terá grande interesse em adquiri-lo. Por conseguinte, os livros e a leitura são considerados estritamente como ferramentas (Mayhew; Edwards, 1966, op. cit., p. 26).

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a criança vai à escola para fazer coisas: cozinhar, coser, trabalhar a madeira e fabricar ferramentas mediante atos de construção simples; e, neste contexto e como consequência desses atos, se articulam os estudos: leitura, escrita, cálculo etc. (Dewey, 1896 a, p. 245).

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JEAN PIAGET Piaget focou seus estudos no desenvolvimento mental humano, e por consequência contribui para a criação de novas metodologias educativas. Ele afirma que o desenvolvimento cognitivo da criança acontece por meio da assimilação e da acomodação, para entender a realidade criamos esquemas de assimilação. Ao assimilarmos incorporamos a realidade aos nossos esquemas de ação, porém, existem momentos que nossos esquemas não conseguem assimilar acontecimentos novos, nessa situação a mente pode desistir ou se acomodar, quando ela se acomoda novas associações são criadas, e esse processo promove o desenvolvimento cognitivo. Assim, apontando que só acontece a aprendizagem quando passamos pela experiência de acomodação. Para Piaget, a mente busca o equilíbrio, que é sempre conseguir assimilar a realidade, porém quando rompemos esse equilíbrio com situações não assimiláveis, nossa mente sofre a acomodação a fim de encontrar o equilíbrio majorante. Logo, ensinar é provocar o desequilíbrio na mente do aluno, na busca pelo equilíbrio ele vai se desenvolver cognitivamente aprendendo algo novo. Todavia, o desequilíbrio não pode ser tão grande inviabilizando o equilíbrio, por isso, quando uma nova assimilação ocasionar um grande desequilíbrio o professor deve intermediar para diminuí-lo, por meio de atividades e orientação. O método piagetiano divide os estágios do desenvolvimento cognitivo em quatro: sensório-motor, pré-operacional, operacional-concreto e operacional-formal. Por conseguinte, as atividades escolares devem respeitar os estágios da criança, para promover o máximo do desenvolvimento. Se faz necessário a aplicação de trabalhos práticos, colocar a criança como um pequeno pesquisador e permitir que a mesma faça experimentos e reconstrua o conhecimento, não se tornar um mero transmissor.

LEV S. VYGOTSKY

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A teoria de Vygotsky foca no conceito de atividade, ela é responsável pela construção da estrutura funcional da consciência. Segundo seus estudos, essa estrutura é um sistema de transformação do meio interno ou externo, com auxílio de objetos e signos. Assim, o desenvolvimento é visto como a interiorização de objetos e signos.

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Ficou conhecido por criar o conceito de desenvolvimento proximal, o momento em que a criança sofre um desnível intelectual avançado, que necessita da ajuda de um adulto (direto ou indireto) para executar atividades, que sozinha não teria condições de fazer. O olhar pedagógico desse conceito consiste na visão da relação entre o aprendizado e o desenvolvimento. Ao contrário de Piaget, ele não acredita que deveríamos seguir as características mentais já estabelecidas na criança, ao invés disso deveríamos nos adiantar, assim a zona de desenvolvimento proximal aponta que uma boa educação antecede o desenvolvimento. Para Vygotsky a escola tem um papel importante como motor do desenvolvimento, segundo ele:


...o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer. Assim, o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas (VYGOTSKY, 2003, p. 118).

Por conseguinte, o professor é uma figura importante no seu modelo de educação, sendo visto como modelo e símbolo marcante nas interações sociais do aluno. O propósito real da educação é a construção da consciência social e cultural, logo, os símbolos e linguagens utilizadas pelo professor são determinantes para Vygotsky, pois uma aprendizagem eficiente depende da apresentação a ricos signos e da instrução da utilização dos objetos, visando a utilidade social e cultural.

HENRI WALLON Wallon voltou suas pesquisas na psicogenética, uma área que estabelece relações entre a mente humana e os processos evolutivos de um indivíduo. Sua teoria nos ajuda a compreender a construção do ser humano, que vai desde o bebê ao adulto, considerando como fator principal a dimensão afetiva do indivíduo.

Ao afirmar que a atividade emocional tem relação direta com o meio em que estamos inseridos, ele mostra que é através da mediação cultural que acontece a evolução do estado orgânico para fase cognitiva. O vínculo entre o ser humano e a cultura acontece na consciência afetiva, assim temos contato com os símbolos culturais que são quem proporcionam a base para o desenvolvimento cognitivo. Ele diz que não tem como focar em um único aspecto da criança e querer resultados nos campos afetivo, motor e cognitivo (campos que caracterizam a atividade infantil), a criança é geneticamente social, e isso deve ser considerado em seu processo de ensino. Embora sua formação fosse em psicologia, seu estudo possui parâmetros que oferecem subsídios ao processo de ensino-aprendizagem, exatamente por focar em entender o indivíduo e como devemos agir para que uma criança tenha um desenvolvimento saudável. Conforme ele descreve os estágios evolutivos, permite que conheçamos melhor nossas crianças e nos instrui como promover atividades que tenham uma maior recepção pelas mesmas, assim respeitando o seu tempo e promovendo um entrosamento produtivo. A metodologia de Wallon não vê o desenvolvimento como algo linear, mas sim como um processo paradoxal, que pode caminhar para frente e também para trás. Por isso, sua teoria da emoção é genética e dialética. Mostrando que a origem da

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Em sua teoria ele aponta que a afetividade ocupa lugar central na formação do indivíduo e do seu conhecimento. A emoção é fruto do cultural tanto quanto do biológico, sendo usada pelo ser humano como forma de sobrevivência, como quando o bebê recém-nascido utiliza do choro para afetar seu cuidador e ter suas necessidades atendidas, mostrando que a emoção nasce da vida orgânica e também a modifica, podendo trazer problemas de saúde se o indivíduo estar em estado emocional extremo.

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atuação das emoções depende da expressão involuntária e incontrolável do indivíduo (centros subcorticais) e com a maturação do ser as emoções podem ser controladas voluntariamente.

PAULO FREIRE Paulo Freire influenciou o mundo com sua filosofia da educação, que, segundo sua visão, poderia ocasionar em uma transformação total da sociedade. De início focou na alfabetização de adultos, onde deu início ao seu famoso método dos círculos de cultura. Para Freire existe uma sabedoria popular, os alunos têm em si experiências, verdades, questionamentos, que devem ser usados em sala de aula para enriquecer sua consciência. Ele mostrou que é possível fazer ricas discussões em grupos populares, mesmo que sejam analfabetos, e esse enriquecimento da consciência popular poderia originar uma transformação da sociedade.

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A originalidade do método de Paulo Freire não reside só na eficácia dos métodos de alfabetização, mas, acima de tudo, na inovação de seus conteúdos para “conscientizar” (...). A conscientização nasce em um determinado contexto pedagógico e apresenta características originais: com as novas técnicas se aprende uma nova visão de mundo, a qual implica uma crítica cujos caminhos não são impostos, mas deixados à capacidade criadora da consciência “livre”; Não se conscientiza um indivíduo isolado, mas sim uma comunidade, quando ela é totalmente solidária com respeito a uma situação-limite comum. Portanto, a matriz do método, que é a educação concebida como um momento do processo global de transformação revolucionária da sociedade, é um desafio toda situação pré-revolucionária e sugere a criação de atos pedagógicos humanizantes (e não humanísticos) que se incorporam em uma pedagogia da revolução (GADOTTI, 1991, p. 37).

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Os círculos de cultura não tinham materiais previamente montados, os alunos escolhiam o assunto que queria falar e os professores possuem o papel de guia-los a temas secundários referente ao principal apresentado, a fim de aprofundar seus questionamentos, e assim, seu processo educativo. Assim, não existia a hierarquia tradicional do ensino, em que o professor é a figura de autoridade, segundo Freire, em seus círculos a hierarquia na relação entre aluno e professor é horizontal. Significa que os dois são igualmente importantes no processo de aprendizagem e aprendem juntos com essa interação. Descrição dos métodos pedagógicos dos círculos de cultura (GADOTTI, 1991): 1 - Investigação temática: • O professor deveria tomar nota de tudo que escutava dos participantes da comunidade. • O foco é conversar com os alunos, deixar que falem das suas vidas, sonhos, experiências e crenças, a fim de anotar as palavras que mais relevantes. • Após anotar tudo falado em sala, as palavras com maior significado e relevância social eram escolhidas como palavras geradoras e temas geradores.


2 - Palavras geradoras e temas geradores: • São palavras que retratam a vida da comunidade, que seriam investigadas e abertura a questionamentos. • Os questionamentos poderiam ser ligados a vida das pessoas diretamente, como temas filosóficos sobre sua existência, ou questionamentos políticos. • Os temas gerados têm o foco na conscientização, assim sendo ricos em interpretações e aprofundamento. Em seu livro “Pedagogia do Oprimido”, Freire aponta a educação como ferramenta de libertação, ela é um ato político da construção da consciência da sociedade, se usada da maneira certa, buscando a ética, justiça e solidariedade pode formar uma nova sociedade. A educação deve estar a favor de favorecer as classes oprimidas, as oferecendo igualdade e liberdade. Por isso é tão importante que nos círculos de cultura os participantes estejam sempre contestando as palavras geradoras, criando consciência sobre sua realidade, e isso não precisa acontecer somente em aulas de alfabetização.

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Consequentemente, aprender é o entendimento da sua realidade, a partir das suas experiências, para compreender com mais autoridade a nossa realidade precisamos contestar, formar um senso crítico. Se desvinculando de um sistema com base na memorização. Freire propõe focar na compreensão, reflexão e crítica. Sua crítica sobre a sua realidade é uma resposta ativa a opressão social que sofreu, assim, engajando a militância política no educando.

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CONSIDERAÇÕES

A escola nova marcou a história trazendo educadores revolucionários, misturando pedagogos, médicos, psicólogos e filósofos com métodos inovadores que visam formar um novo ser humano, com os ideais de liberdade, igualdade, autonomia autoconhecimento e democracia. A pedagogia construtivista não chegou a influenciar o mundo como desejava, devido ao aumento de regimes fascistas, grande parte dessas escolas foram caçadas e impedidas de continuar seu trabalho (GRUDZINSKA 2016), pois uma educação emancipadora que forma indivíduos pensantes e questionadores não é interessante para um ditador. Hoje, quase 100 anos depois, essas ideias ainda são vistas como inovações e são usadas como referências para a criação de novas escolas e diretrizes educacionais. Analisando o contexto da nossa sociedade, a alienação do sistema capitalista e como a escola tradicional trabalha para nutrir esse sistema, escolas influenciadas pelo movimento da Escola Nova podem romper essa corrente cultural que estamos inseridos, e mais do que nunca precisamos dessa mudança na educação. Devido a geração de pessoas egoístas, competitivas, superficiais e passivas, a desigualdade social aumenta a cada dia e nosso planeta é explorado sem nenhuma consciência. Como Freire e Dewey apontaram, a educação é libertadora, precisamos lutar pela real democracia e pela conscientização da população para dar à luz a um novo ser. Esse ser é pacificador, consciente das suas responsabilidades com sua comunidade e com seu planeta, contesta sua política e corre atrás dos seus direitos.

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Em todas teorias, uma atividade educativa foi vista com grande importância, atividades práticas que proporcionem experiências individuais a cada aluno. Jogos, brincadeiras, trabalhos, debates, atividades que os educandos participem ativamente e saiam da posição de repetidor para reconstrutor de ideias.

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O BRINCAR As brincadeiras são atividades que promovem o desenvolvimento físico, mental, social e afetivo, consideradas atividades espontâneas e voluntárias da criança. “A brincadeira é uma atividade que a criança começa desde seu nascimento no âmbito familiar” (Kishimoto, 2002, p. 139) e continua com seus pares. Ela é desenvolvida pela criança para obter prazer e poder recriar o que entende do mundo ao seu redor, permite o fortalecimento do vínculo com os pais e adultos, além de ajudar a criança a explorar o meio em que vive. O brincar é a maneira mais pura da criança se comunicar, simples brincadeiras podem demonstrar seus sentimentos de uma forma lúdica e espontânea, além de exteriorizar seus questionamentos. A psicanalista Ivone Lins, em um artigo para o jornal o Globo (20/10/2012), diz que brincando a criança pode trazer à tona sentimentos sem ter medo de julgamentos externos, é pela brincadeira que a criança traz questões existentes em seu interior, sentimentos como angústia, raiva, tristeza e solidão, mas também a alegria, felicidade e euforia. Logo, ela conclui que é brincando que a criança expressa sentimentos que nem consegue entender, de uma forma livre de repreensão e críticas. Ela ainda afirma que é a relação entre brincar e ser criativo que confere à brincadeira sua importância decisiva. A criança precisa brincar porque a criatividade é uma necessidade universal. Em outras palavras, é importante que a criança tenha um tempo e espaço para brincar e se desenvolver, trabalhando a própria criatividade, levando em consideração que toda atividade lúdica da criança ela domina a linguagem simbólica, por ser uma ação do campo da imaginação. Ao brincar ela ressignifica objetos para fazer parte da realidade que sua imaginação simulou. Segundo Vygotsky, quando a criança brinca de interpretar papéis, como de uma cozinheira, ela busca agir da mesma forma que viu alguém fazer, e todos seus brinquedos complementam a representação. Podemos observar que a criança se submete a regras de suas brincadeiras sem se preocupar com ganhar ou perder, seu objetivo é brincar e obter prazer com isso. Por meio da imitação, a criança cria brincadeiras tentando reproduzir o que observou, sem entender o motivo da ação, ao decorrer do tempo deixa de imitar para realizar suas atividades a partir da sua consciência. Para o autor, quando uma criança imita ela se desenvolve psicologicamente e fisicamente, pois está conhecendo e construindo novas possibilidades. “A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial com aquilo que é o “não-brincar”. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da diferença existente entre a brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar-se. Nesse sentido, para

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Conforme está escrito no Referencial Curricular 1998 (vol. 1, pág. 27):

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brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada.”

Para Vygotsky, no brincar, a criança avança sua idade média, acima de seu comportamento diário. Logo, na brincadeira a criança evolui de tal maneira que executa atividades que não são esperadas para sua idade. De acordo com Wallon, a infância é sinônimo de lúdico, por ser nessa fase da vida que o lúdico tem maior peso e a criatividade manifesta-se tão forte e livremente. “Sabemos que é através das brincadeiras que as crianças estabelecem relação com o meio, interagem com o outro, para construir sua própria identidade e desenvolver sua autonomia.” (FREIRE et al, p.1). As brincadeiras devem ser atividades voluntárias, não podem ser impostas, quando imposta se torna trabalho ou lição. Ao analisarmos historicamente, a brincadeira, assim como o lúdico, tem forte presença na educação infantil, o único período escolar que a criança tem maior liberdade para ter iniciativa, ser criativo e inovar. Com o avanço das pesquisas no campo do desenvolvimento humano, o brincar ganhou força em ambientes escolares e familiares. No Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), a brincadeira é colocada como um direito da criança, sua forma de expressão, pensamento, interação e comunicação. Nesse sentido a brincadeira é cada vez mais relacionada com o desenvolvimento da criança, incentiva a relação entre pares, resolver conflitos, formação de um cidadão crítico e reflexivo. Hoje, já não se liga o conteúdo da imaginação da criança com o brinquedo que tem acesso. “a criança quer puxar alguma coisa, torna-se cavalo, quer brincar com areia e torna-se padeiro, quer esconder-se, torna-se ladrão ou guarda e alguns instrumentos do brincar arcaico desprezam toda a máscara imaginária ( na época, possivelmente vinculados a rituais): a bola, o arco, a roda de penas e o papagaio, autênticos brinquedos, tanto mais autênticos quanto menos o parecem ao adulto.” (BENJAMIN, 1984, pp. 76-77)

De acordo com o autor, ao brincar a criança está na sua zona de desenvolvimento proximal (funções que não estão em formação na criança), permitindo que a criança esteja acima da sua idade média, a brincadeira traz pré-disposições evolutivas que são fonte de desenvolvimento.

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Segundo educadores como Montessori, a brincadeira é uma aprendizagem social, e a participação de adultos é essencial, pois permite que a criança contexte, faça escolhas, pense, coopere, construa, experimente, descubra, entre diversas outras coisas, pois:

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o brincar é o principal meio de aprendizagem da criança que gradualmente desenvolve conceitos de relacionamentos casuais, o poder de discriminar, de fazer julgamentos, de analisar e sintetizar, de imaginar e formular”. (DES,apud MOYLES,2002, p.37)


O brincar necessita do movimento, está ligado a conceitos como desafio, limites e liberdade, é uma atividade séria para a criança, onde ela deseja fazer o seu melhor. Por meio de brincadeiras ela avança etapas do seu desenvolvimento, formando conceitos e aprendendo a viver. Podemos separar o brincar em dois segmentos: o livre e o dirigido. O brincar livre é toda brincadeira que parte da iniciativa da criança sem ter uma pretensão educativa. Geralmente acontece no ambiente familiar, de passeio, informação ou descobertas, ou seja, brincadeiras que partindo somente do interesse da criança tem característica de aprendizagem importantes para ela, onde a partir de seus conhecimentos ela se abre para novos, para apropriar-se do seu meio, desenvolvendo sua cultura lúdica. Piaget aponta que o brincar é um complemento da imitação, precisa de técnicas instintivas ou hereditárias, ou seja, a criança aprende a imitar para poder brincar. Quando uma criança brinca ela assimila novas informações e acomoda estruturas mentais, logo, o interesse por diferentes tipos de brincadeiras acompanha o desenvolvimento. Conforme a criança começa a se conectar com o meio em que vive a brincadeira vai apresentar mais regras e criações imaginárias simbólicas. Agindo sobre os objetos, as crianças desde pequenas, estruturam seu espaço e o seu tempo, desenvolvem a noção de causalidade, chegando à representação e, finalmente, à lógica. (PIAGET, apud KISHIMOTO, 1996, p 95)

De acordo com a teoria do psicanalista Aucouturier, a brincadeira ajuda a criança no processo de socialização, pois a mesma percebe que para brincar ela precisa de outra pessoa, começa a entender que a relação com o outro a ajuda nas suas realizações e projetos pessoais, e começa a entender que precisamos do outro para viver em sociedade.

O BRINCAR

Pesquisas recentes mostram que o brincar pode auxiliar na aprendizagem, em especial as que necessitam de processos cognitivos mais complexos. A partir da sua exploração a criança desenvolve sua criatividade e alimenta sua imaginação. Desenvolvem suas teorias sobre o meio em que vivem, e aprendem a viver com o mundo real e o da sua imaginação. O brincar estimula o “Aprender a fazer”, possibilita a criança a entrar em contato com novos conceitos, informações e até a superar as barreiras que encontrar para aprender o que deseja. Essa nobre atividade é destacada por vários teóricos a fim de demonstrar sua importância para o desenvolvimento infantil e para construção do conhecimento.

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OS BRINQUEDOS DO MÉTODO DE MARIA MONTESSORI Montessori defende que o caminho do conhecimento passa pelas mãos, pois é por meio dos seus sentidos que as crianças descobrem o mundo “A criança ama tocar os objetos para depois reconhecê-los”. (DALTOÉ e STRELOW, s.d, p.25) Os exercícios que desenvolvia chamava a atenção do aluno por meio das características dos objetos: tamanho, peso, forma, cor, barulho, textura, cheiro) (DALTOÉ e STRELOW, s.d), o rumo de seu conceito era do concreto ao abstrato. A partir da conclusão que as crianças aprendem melhor a partir de suas procuras e experiências. Para ampliar a aprendizagem do aluno ela desenvolveu materiais didáticos que caracterizaram seu trabalho e o tornou famoso. São simples objetos, porém muito atrativos, projetados para diferentes tipos de aprendizagem, desde línguas à exatas, pois, segundo Montessori, não existe aprendizagem sem ação.

BRINQUEDOS SENSORIAIS Nas idades entre três e seis anos as atividades psíquicas e sensoriais estão em formação, junto com um rápido crescimento físico. Nessa fase, segundo Montessori (1965, p.99), “desenvolve seus sentidos: sua atenção, em decorrência, vê-se atraída para a observação do ambiente”. Sendo o período perfeito para “dosar metodicamente os estímulos sensoriais, a fim de que as sensações se desenvolvam racionalmente; prepara-se, assim, a base sobre a qual construir-se-á uma mentalidade positiva”. (MONTESSORI, 1965, p. 99) • Cilindros dos encaixes sólidos: Pode ser usado a partir dos três anos, com apenas três dedos as crianças tiram os cilindros de seus encaixes, pegando-os pela cabeça, tendo a forma parecida com um lápis comum. Com o intuito de preparar os órgãos motores para a escrita, aperfeiçoar a visão pela comparação de cilindros e junto o raciocínio e a associação, ao a criança tentar colocar de volta cada cilindro em seu encaixe.

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• Encaixes planos:

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Segundo a educadora, são “encaixes planos correspondentes às formas geométricas”. (MONTESSORI, 1965, p.130). O manuseio desse material consiste em identificar o lugar das peças misturadas em seus encaixes. Essa atividade estimula e exercita a atenção, reconhecimento e a associação das formas, consequentemente, o toque aos contornos das peças se torna um guia, ajudam a mão ainda inexperiente, a manter-se dentro de limites. Como consequência os olhos começam a se habituar e reconhecer as formas antes da mão tocar. Montessori aponta que esse material pode ser usado para preparar de forma indireta para a escrita, usando o extinto natural da criança de preencher desenhos que possuem somente o contorno, a autora proporcionou que as crianças fizessem seu próprio contorno que iriam preencher, dando a criança a opção de esco-


lher qual queria. “Neste intuito, preparei um material – os encaixes de ferro – que permite traçar os contornos de figuras geométricas. Obtém-se, assim, um desenho decorativo que, de modo algum, parece ser uma preparação direta à escrita.” (MONTESSORI, 1964, p.194) • Letras de lixa: Para dar início ao contato das crianças com sinais gráficos, Montessori desenvolveu um material composto de pequenos cartões lisos que tinham letras do alfabeto recortadas de lixas, as crianças tocam as letras no sentido da escrita, repetindo o movimento outras vezes, fazendo com que a vista e o tato reforcem a memória desses gestos na mente da criança. Logo, a autora afirma que a aprendizagem da escrita se desenvolve através do tato, que faz ficar na mente, “ao mesmo tempo, a memória motora e a memória visual da letra em questão” (MONTESSORI, 1965, p.195). Figura 2 – Materiais sensoriais

Fonte: Blog do LABEM - Laboratório de Educação Matemática - UFF (2019)

• Atividades da vida diária O método montessoriano demonstra a importância da realização de atividades relacionadas ao dia-a-dia da criança, como fazer sua cama, lavar a louça, dobrar suas roupas, etc. Podem ser usados como uma forma de conciliar os movimentos e a coordenação motora da criança. Segundo Montessori,

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[...] estes exercícios não são impulsionados por um espírito de competição ou rivalidade esportiva, mas pelo amor das crianças para com o ambiente que as circunda. Com tal ginástica as crianças se exercitam no ambiente em que vivem em comunidade, sem se preocupar se trabalham para si ou para o bem comum. Corrigem, com grande prontidão e igual entusiasmo, todos os erros, os próprios e os alheios, sem procurar o culpado para fazê-lo reparar o mal feito. (MONTESSORI, 1964, p. 95)

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MATERIAL DOURADO Conhecido como “material das contas douradas” foi elaborado para ajudar o ensino do sistema de numeração decimal-posicional e para efetuar operações, ele possibilita que as crianças montem dezenas e centenas, porém, ele possuía limitações para realizar atividades relacionadas a números decimais e raiz quadrada. “Foi por isso que Lubienska de Lenval, seguidor de Montessori, fez uma modificação no material inicial e construiu em madeira na forma que encontramos atualmente.” (DALTOÉ e STRELOW, s.d) O material modificado é formado por cubos, barras e cubo grande, onde representam: Figura 3 - Material dourado

Fonte: Matemática online (2008).

O número 265 representado pelo material dourado: Figura 4: Representação do número 265.

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Fonte: Matemática online (2008).

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Ao ter contato com esse material a criança se desenvolve em meio a experiências concretas que possibilitaram aos poucos novas abstrações mais complexas. O aluno se torna mais independente, concentrado e confiante em si mesmo. Possibilita que a criança perceba seus erros e aprenda com eles, além de fazer com que a criança trabalhe seus sentidos.


O BRINCAR DE WINNICOTT Winnicott aponta que ao brincar a criança demonstra sinais da sua vivacidade e se socializa ao mesmo tempo, logo, quando a criança brinca ela cria relações, conforme interage com as pessoas e com as ferramentas da sua brincadeira ela exterioriza relatos íntimos. Ao voltar seus estudos para a faixa-etária de crianças de um a três anos, enxerga o seu “eu” (Self para Winnicott) fortemente ligado a mãe, logo, a mesma deve ser suficiente boa para suprir as necessidades do filho. Contudo, o momento de afastamento entre mãe e bebê é inevitável, nesse cenário a brincadeira vem para ajudar a criança a lidar com isso e se desenvolver sozinha. “[...] é brincando que a criança elabora progressivamente o luto pela perda relativa dos cuidados maternos, assim como encontra forças e descobre estratégias para enfrentar o desafio de andar com as próprias pernas e pensar aos poucos com a própria cabeça, assumindo a responsabilidade pelos seus atos.” (OLIVEIRA, 2000, pág. 7) De acordo com Oliveira a brincadeira é uma atividade chave para o desenvolvimento da autonomia e independência da criança, porém é importante que em suas brincadeiras a criança entenda e tenha limites. Segundo Winnicott é no brincar que alcançamos a liberdade da criação, tanto para adultos quanto para crianças. O ponto mais importante na brincadeira é que manifesta a criatividade no indivíduo, e é somente pela criatividade que entramos em contato com nosso “self”. Winnicott afirma que é no brincar, e só nele, que o indivíduo, pode ser criativo e utilizar sua personalidade completa: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu (self).”

CONSIDERAÇÕES

O brincar também pode ser usado como uma forma inovadora de educar, conforme Montessori mostrou, através do conhecimento sobre a criança e seu desenvolvimento podemos fazer com que aprender seja divertido e prazeroso, afinal, nós somos naturalmente desbravadores do mundo e nascemos com a necessidade de conhecer, sentir e experimentar. Brincar é uma atividade educativa que alimenta a curiosidade da criança, onde seu desejo de conhecer o mundo é estimulado, por isso, a brincadeira deve ser explorada no ambiente escolar, para a criação de um lugar que faça o aluno a desenvolver atividades inteligentes de uma forma lúdica.

O BRINCAR

Enfim, podemos concluir que o brincar é uma atividade de grande importância na vida do ser humano, é por ela que a criança exterioriza seus pensamentos, aprende a se comunicar e socializar, começa a descobrir o mundo, desenvolve sua criatividade e sua autonomia, sendo até visto como a única forma de entrar em contato com seu “eu”.

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VÍNCULOS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA Wallon coloca a afetividade como conceito central no desenvolvimento humano, necessária na estrutura da inteligência. Todavia, não existe vínculos sem afetividade, temos necessidade de construir vínculos por toda nossa vida, nos vinculamos as nossas mães desde o cordão umbilical. De acordo com o autor, essa necessidade só será realizada quando encontramos relações em que podemos nos encontrar e nos formar, assim, os vínculos são formados nas relações parentais e sociais.

O autor Richard Sennett vai falar sobre como as mudanças no cenário econômico moldam valores sociais e personalidades. De acordo com o autor, o enfraquecimento das grandes instituições deixou o indivíduo em um estado incompleto. Do mesmo modo, hoje o indivíduo é perseguido pelo tempo, deve aprender a lidar com as constantes do capitalismo: instabilidade e relação de curto prazo, lidando com talento ( meritocracia) e com cultura do consumo ( necessidade associada à paixão consumptiva) (SENNETT, 2006). O sociólogo Zygmunt Bauman analisou a formação do modo de vida humana na contemporaneidade, destacando as mudanças no sentido societário marcadas mais pela facilidade do que a estabilidade. Segundo o autor, hoje a necessidade do fácil e rápido acesso e utilização de bens afeta as relações humanas, fortalecendo o medo e a apatia em relação a outras pessoas. Assim, a atual circunstância patrocina a transformação do homem em objeto de consumo. De acordo com Bauman, a contemporaneidade é marcada pela vontade de liberdade e de estar no mesmo ritmo das mudanças econômicas, tecnológicas e culturais. Nossas vidas giram em torno de números e preços, buscamos custo-benefício até em nossas relações. Logo, não tem como formar uma verdadeira relação entre as pessoas, pois, a mesma depende de valores impostos pelo mercado, que não se importam com os vínculos ou com a diversidade dos indivíduos.

VÍNCULOS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Segundo o filósofo Dufour, na perspectiva sociocultural o indivíduo contemporâneo possui maior liberdade das instituições familiares, religiosas e trabalhistas, ao mesmo tempo que é levado a se tornar narcisista e hedonista. O mesmo está sempre a procura de algo que não tem, devido aos estímulos do neoliberalismo econômico. Logo, o consumo é visto como caminho para a felicidade, é ponto forte na formação das identidades narcisista e hedonista. Essas identidades fazem com que o indivíduo contemporâneo tenha pouca sensibilidade em relação ao outro e a relacionamentos duradouros, ocasionando em relações efêmeras e superficiais.

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Bauman mostra a fragilidade dos vínculos a partir do exemplo das relações virtuais, onde ele descreve que: [...] as visões tradicionais de ação muitas vezes recorrem a metáforas orgânicas para suas alusões: o conflito era cara a cara, o combate corpo a corpo; a justiça era olho por olho, dente por dente; a discussão encarniçada, a solidariedade ombro a ombro, a comunidade face a face, a amizade de braço dado e a mudança passo a passo. (BAUMAN 1999, p.22-23)

O autor destaca que em relações no meio virtual os novos parâmetros éticos não são mais baseados em contatos sensoriais ou pela proximidade em relação ao outro. Porém, para construir a moralidade precisamos da proximidade nas nossas relações, assim, as relações virtuais prejudicam essa formação, quando analisamos as trocas simbólicas nesse meio. Logo, “[...] ao aumentar a distância, a responsabilidade pelo outro se vai consumindo e as dimensões morais do objeto se borram até que chegam ao ponto de fuga em que desaparecem das vistas” (BAUMAN 2006, p.224).

VÍNCULOS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Em resumo, para formar vínculos precisamos da proximidade do outro, quanto maior a distância, mais difícil será, podendo até se tornar impossível. Portanto, na contemporaneidade, o avanço tecnológico permite que encurtamos distâncias, facilitando a comunicação, mas esse contato por meio do mundo virtual afeta nossas relações.

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Conclui-se que, a partir das problemáticas apontadas pelo autor, podemos ver que no mundo contemporâneo existe a união dos conceitos de relacionamento e fluidez, podendo até ser confundidos. O escoamento das relações formadas por frágeis vínculos serão a base para todo tipo de relação do indivíduo, sendo do mundo virtual ou não.

FAMÍLIA Como falado ao decorrer do trabalho, a aprendizagem acontece desde o primeiro suspiro da criança, e o ambiente familiar é o primeiro ambiente de socialização que entramos em contato, atua como mediadora principal dos padrões, modelos e influências culturais. Também vista como a primeira instituição que visa proteção e cuidados para o bem-estar de seus membros, além de ser uma importante transmissora de valores, crenças, ideias e significados culturais (Kreppner, 2000). Tendo assim grande peso na formação do indivíduo, principalmente na infância, quando a criança quer conhecer o mundo e aprender a se relacionar. A família é o cerne da aprendizagem humana, possui influência nas relações afetivas, sociais e cognitivas, a partir de seus próprios modelos culturais constroem modelos de relações e construções individuais e coletivas. As experiências no ambiente familiar influenciam em como aprendemos a lidar com emoções, na criação de padrões de comportamento, ações e como lidamos com problemas. É por meio das relações e crenças familiares que acontecem as transformações na sociedade.


Para a criança em seu relacionamento familiar, é de extrema importância as interações, vínculos afetivos, cuidados e os estímulos, logo, os vínculos familiares precisam ser continuamente fortalecidos. As futuras habilidades sociais e cognitivas, necessitam da qualidade desses vínculos afetivos para se formar, e também alimentar o interesse da criança por coisas novas. Porém, dependendo da estrutura familiar e de como se coloca para a criança, também pode fazer mal a criança e prejudicar seu desenvolvimento. Sarti diz que na sociedade contemporânea a família passou de “unidade de produção” para “unidade de consumo”, consequência principal da perda do sentido de tradição. Devido a isso amor, casamento, família, sexualidade e trabalho antes possuíam papéis pré-estabelecidos para seguir, hoje a individualidade prevalece nesses conceitos e ganha importância social e influência nas relações familiares. Logo, a característica relacional da família está ligada a lógica de sua criação. De acordo com Osterne (2001):

Portanto, a família ocidental contemporânea pode ser considerada um ‘micro’ unidade de consumo e de subsistência, possui o sentimento de estar vivendo num mundo incerto, incontrolável e assustador. Nossa idealização de satisfação e prazer é conduzida pela cultura da sociedade do consumismo, individualismo, esquecimento e inquietação. Essa mudança de cenário e valores sociais refletem diretamente na família e na construção da relação entre os membros. Ao analisar tudo dito até agora, a família tem um papel importante na formação do indivíduo, e a família contemporânea passa por dificuldades na manutenção de seus vínculos afetivos devido a base da sua construção sociocultural. Inserida numa sociedade que ao invés de ser movida pelo desejo é movida pela falta, pela ditadura perversa do mercado, e pela valorização do reconhecimento pelo o que se tem e não pelo que se é.

ESCOLA Quando a criança está na escola ela entra em contato com uma realidade diversificada de aprendizagem, ou seja, um lugar com diferentes fontes de conhecimento, atividades, regras, conflitos, problemas e diferenças (Mahoney, 2002). A escola é um espaço psicológico, físico, cultural que estimula o desenvolvimento global, de acordo com atividades previamente organizadas e colocadas em práticas no ambiente escolar. É um sistema que envolve inúmeras pessoas com personalidades diferentes, propenso a formar numerosas interações importantes para a formação da personalidade da criança, de acordo com seu estágio de desenvolvimento. Po-

VÍNCULOS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Alguns fatores importantes contribuíram no processo histórico para as mudanças na estruturação da família: As relações de mercado e a crescente industrialização que modificaram, lenta, mas radicalmente, o status social da família; A ascensão do capitalismo que determinou a união da família a fim de se vencer as controvérsias da vida e, ao mesmo tempo, enfraqueceu como grupo extenso, incapaz de subsistir aos ambientes de proletarização ( p.53).

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demos concluir que a escola é um ambiente multicultural que é rico na construção de laços afetivos e um treinamento para iniciar a vida na sociedade (Oliveira, 2000). Segundo Piaget, é no período escolar que a criança evolui da heteronomia para a autonomia moral. A moral heterônoma é a moral que te faz obedecer a autoridades, aquilo que é apresentado como dever é ligado a um ato “bom”. Já a moral autônoma é uma evolução da anterior, o bem não está ligada somente aos deveres, como também a reciprocidade, o contato, o projeto comum. De acordo com Piaget, a moral caminha para se tornar autônoma porque é quando o indivíduo começa a construir sua personalidade. As crianças quando se relacionam descobrem que para viver conforme as regras são necessárias a reciprocidade, entendendo as regras como afetivas, todos devemos aceitá-las para o bem em comum. A escola assume um papel fundamental para a formação e evolução do ser humano e da sociedade. Ela é um microssistema da sociedade, deve refletir as mudanças da mesma e lidar com as exigências de um mundo globalizado. Um de seus maiores desafios é instruir alunos, professores e pais para viverem e superarem as dificuldades de um mundo com mudanças instantâneas e com muitos conflitos interpessoais, contribuído para o desenvolvimento saudável do indivíduo.

VÍNCULOS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

As modificações sociais que acontecem na criança no ambiente escolar, influenciam como ela enxerga a si mesma e aos outros.

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Olhando para o cenário da escola contemporânea, percebe-se a influência do consumismo no modo de viver das crianças. Elas vão com roupas e brinquedos de grife, geralmente o que estiver em alta no momento, uns com originais e outros com cópias, dependendo da classe social da escola. É claro a influência da mídia no controle de gostos e tendências, passamos de um mundo onde heróis alimentam fantasias infantis para adoradores de celebridades momentâneas, surgem de programas de TV, filmes e até de corporações de consumo infantil que passam a ocupar os materiais escolares, podemos ver que a escola é o novo território do consumo. Conforme já apontado neste capítulo estamos lidando com problemas na formação de vínculos afetivos devido a cultura capitalista, avanço tecnológico e o enfraquecimento das instituições sociais como a família e a escola. Porém, segundo Dewey “a escola é a única forma de vida social que funciona de forma abstrata em um meio controlado, que é diretamente experimental” (1896, p. 244). Ou seja, o ambiente escolar permite um ambiente controlado, onde você pode criar um cenário de aprendizagem de conteúdos pré-determinados. Logo a escola pode lutar contra os malefícios da cultura contemporânea, estimulando o desenvolvimento de indivíduos que não seriam influenciados de maneira nociva pela mídia, tecnologias e indústria do consumo.


CONSIDERAÇÕES

VÍNCULOS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Podemos concluir que os vínculos são fundamentais no desenvolvimento humano, a família e a escola têm papéis determinantes para a formação dos mesmos, segundo Dessen (2007) compartilham funções sociais, educativas e políticas na formação do indivíduo. A família é a primeira instituição social que o indivíduo entra em contato, responsável por passar os conceitos da sua cultura e formar os primeiros vínculos afetivos. Já a escola possui um papel importante para a formação do ser e do seu desenvolvimento social, por ser uma microssociedade onde a criança entrará em contato com diferentes personalidades, cenários, questionamentos e fontes de conhecimento. Porém a mesma precisa ser reestruturada para levar em conta fatores como a cultura, os vínculos afetivos e o crescimento biopsicossocial das crianças.

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estudos de concepção CONCEITOS Esse projeto tem como objetivo criar um produto onde a criança possa aprender brincando, mas o que aprender e como ensinar foram perguntas difíceis de responder. Por isso eu usei conceitos chaves que se destacaram em toda minha pesquisa sobre educação e experiência com o ensino público, para me guiar na construção do produto: LEITURA E CRIATIVIDADE Criar o hábito de ler tem grande importância pra a formação do aluno, já que a leitura é essencial para o processo de aprendizagem, é por meio da leitura que abrimos nossos horizontes, entendemos e aprofundamos em conhecimentos sobre o mundo, e por consequência, aumentamos os limites da nossa criatividade. Muitos pensadores também afirmam que indivíduos que leem se tornam críticos-reflexivos, capazes de mudar o mundo em que vivem. Conforme a matéria “As dificuldades na formação do hábito de leitura em alunos do Ensino Fundamental” do site Abre Livros, as dificuldades na formação do hábito de leitura se deve a falta de incentivo em casa por parte dos pais, já na escola, os livros são apresentados de uma forma massante, se tornando algo desinteressante e cansativo para os alunos, quase como um castigo.

Entretanto, uma página lotada de palavras não é muito atrativo para crianças, ainda mais na era digital, em que tudo é visual e interativo. Logo, para estimular a leitura de uma forma atrativa e divertida eu escolhi as histórias em quadrinho. Segundo o site Árvore de livros, quadrinhos prendem a atenção dos leitores por inovarem como apresentam o conteúdo, independente se a história for curta ou longa, ajuda crianças e adolescentes a aprender e descobrir prazer na leitura. Para trabalhar também a imaginação da criança, escolhi uma narrativa interativa, onde o leitor faz parte da história, um jogo em que o tabuleiro é a própria imaginação, assim eu cheguei ao quadrinho-jogo, mais conhecido como “aventura solo”. Um livro onde o leitor vai fazer escolhas dentro da narrativa e viver a experiência conforme suas decisões, onde não existe apenas um final e o leitor pode passear pelas páginas, se tornando uma leitura mais dinâmica, evitando o cansaço que livros geralmente causam a crianças.

ESTUDOS DE CONCEPÇÃO

Por isso decidi fazer um material literário que crie um vínculo entre diversão e leitura para crianças do fundamental, e assim, estimular o desenvolvimento da leitura de uma forma divertida e que proporcione boas lembranças, fazendo com que ler seja tão legal quanto assistir desenho.

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BRINCAR E APRENDER Uma das grandes questões quando comecei a montar a história foi “o que vou ensinar?” e “onde que vai acontecer?”. Para responder essas perguntas eu me inspirei em um dos grandes nomes que citei nesse trabalho, o professor que criou uma escola que atravessava o tempo, onde crianças trabalhavam como adultos e aprendiam na prática, Jonh Dewey. Quando eu li sobre a Escola de Dewey eu não acreditei que existiu um lugar tão incrível assim, só em me imaginar construindo casas e revivendo épocas antigas, penso como iria amar viver nessa escola, era tão irreal para mim que parecia uma história de outro mundo. Assim eu tive uma ideia, e se eu fizer uma história sobre a escola de Dewey, só que ao invés de uma escola seria um mundo mágico onde as crianças aprendem conforme as épocas, mas com mais magia e um toque de aventura. Me inspirei em best-sellers como “Percy Jackson e os Olimpianos”, “As Crônicas dos Kanes” e “Harry Potter”, e em filmes como “Shark Boy e Lavar Girl”, “Alice no País das Maravilhas” e “Como treinar o seu Dragão”. Histórias que levam as crianças para sua imaginação com aventuras apaixonantes e personagens que se destacam por serem diferentes e usar suas diferenças como sua maior qualidade. A partir da didática de Dewey, eu escolhi focar na história da humanidade, a partir dela falar de outras temáticas. Como base eu usei o livro “As Crianças na História: Modos de vida em diferentes épocas e lugares” escrito por Chris e Melanie Rice, para escolher as épocas que eu iria falar e características dos personagens. Depois de definir esses pontos decidi trabalhar com crianças entre 10 e 12 anos, pois precisam ter uma certa maturidade para conseguir se prender a história e é nessa fase onde a criança está aberta a novas descobertas. No ponto de vista de desenvolvimento afetivo e cognitivo de Wallon, com essa idade a criança está no final do 4° Estágio de desenvolvimento - O categorial (6-11anos).

ESTUDOS DE CONCEPÇÃO

De acordo com Mahoney e Almeida (2005):

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[...] a diferenciação mais nítida entre o eu e o outro dá condições mais estáveis para a exploração mental do mundo externo, físico, mediante a atividades cognitivas de agrupamento, classificação em vários níveis de abstração até chegar ao pensamento categorial. A organização do mundo em categorias bem definidas possibilita também uma compreensão mais nítida de si mesma. ( p. 23)

Já Piaget chama essa fase cognitiva de Estágio operacional concreto (7 a 11 anos), segundo o site Hipercultura, nesse estágio as crianças desenvolvem a consciência sobre o outro, saem da fase egocêntrica começando a entender que nem todos sentem e veem o mundo da mesma forma que eles. Para Piaget esse estágio marca o início do pensamento lógico ou operacional, isso significa que a criança cria capacidade de resolver as coisas internamente, dentro da sua cabeça, em vez de apenas fisicamente.


EMPATIA E EXPRESSÃO Ao finalizar minha pesquisa percebi dois pontos que são muito importantes no processo de educação e hoje são negligenciados, as emoções do aluno e a liberdade de expressão. Por isso foquei em fazer um projeto onde a criança conheça mais do que história ou matemática, que ela aprenda conceitos morais e tenha um lugar onde possa se expressar, mesmo sem perceber que está fazendo isso. Nessa aventura solo eu realcei conceitos como empatia, compaixão, solidariedade e a diferença. A intenção é colocar a criança em situações problemas onde ela tome decisões e encare as consequências, como por exemplo, momentos em que ela pode julgar ou não alguém. Também colocar espaços onde convido a criança a falar mais sobre ela, seus pontos fortes e fracos, como ela se enxerga, se já sofreu por ser diferente dos outros. E se a criança não entende como é passar por isso, o livro vai ter crianças de exemplo, que contam sua história e estimulam a empatia do leitor.

ESTUDOS DE CONCEPÇÃO

Para fazer desse livro um material que possa ajudar crianças a serem escutadas, a ideia é que elas entreguem esse livro a um adulto em que confie, podendo ser desde seus pais aos seus professores. Assim o educador terá mais consciência dos problemas que o aluno enfrenta, e quanto melhor um professor trabalhar a individualidade do aluno, melhor será o desenvolvimento do mesmo.

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REFERÊNCIAS Para fazer o meu produto estudei tanto quadrinhos-jogos como livros-jogos, aprendendo como construir uma história interessante e educativa e ao mesmo tempo em uma estrutura do jogo em um quadrinho. Dois livros foram importantes referências nesse projeto:

CURUMATARA

ESTUDOS DE CONCEPÇÃO

Curumatara, de Volta à Floresta é uma aventura-solo, um livro interativo com parágrafos numerados, no qual o leitor decide a ordem que estes paragrafos serão lidos, decidindo o que o personagem deveria fazer em cada ponto da história. Neste livro, o leitor precisa ajudar Curumatara a salvar os animais da mata próxima a Frederico das Emas, onde está sendo construída uma hidrelétrica. O livro percorre diversos temas transversais abordados no currículo do ensino fundamental.

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CAPTIVE Por que alguém atacaria um policial? É uma das muitas questões que você está obcecado desde que recebeu um pedido de resgate após o sequestro de sua filha. Em Captive, assim que você começa a caminhar em direção a porta da frente de uma mansão sombria no fundo da floresta, sua mão treme sobre sua arma, seu espírito se alimenta de medo e você pode antecipar que algo não vai acabar bem. Sua intuição não iria traí-lo -mesmo sem imaginar o que realmente lhe estava reservado na noite mais hor-

ESTUDOS DE CONCEPÇÃO

rível de toda a sua existência. Captive é uma história em quadrinhos combinada com um jogo. O primeiro título publicado da série “Viva Essa Aventura”. Você encarnará um personagem de uma imersiva história onde suas escolhas guiarão seu progresso. Você utiliza uma ficha de personagem semelhante aos utilizados em RPG que controla seus bens, suas habilidades especiais e seus pontos de vitória. Em geral, a jogabilidade consiste em seguir os quadros -que contêm dicas, enigmas e armadilhas -e fazer escolhas sobre onde IR e o que fazer, enquanto usa sua percepção visual para coletar pistas e ser inteligente o suficiente para resolver os enigmas. Como em qualquer jogo, você pode perder -às vezes muito mal.

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MEMORIAL DESCRITIVO TIPO DE IMPRESSO:

PERFIL PSICOGRÁFICO:

Livro.

Crianças de escola pública, hiperativas e que estão começando a criar o hábito de ler.

TEMA DO PROJETO: Quadrinho-Jogo TÍTULO DO IMPRESSO: O Mundo de Dewey CARACTERÍSTICAS DA EDITORA: Criativa, moderna, focada em educação, desenvolvimento infantil e fantasia.

FONTES UTILIZADAS: Título: Bobby Jones Soft - corpo 60pt Espaço entre-linha: 44pt Espaço entre-letra: Optical Texto: Nunito - corpo: 12pt Entrelinha: 14pt Espaço entre-letra: Optical

Livro-jogo, storytelling, ilustração PERIODICIDADE: Anual. TIRAGEM (ESTIMADA): 1000 exemplares PÚBLICO-ALVO/PERFIL DEMOGRÁFICO: Crianças de 10 -12 anos

Fala: Comic Sans - corpo: 7pt Entrelinha: 11pt Espaço entre-letra: Optical PADRÃO CROMÁTICO: Para o fundo do volume teórico: Branco e preto Para os fundos da história: Branco e preto

MEMORIAL DESCRITIVO

CONCEITO EDITORIAL DO PROJETO:

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DOCUMENTAÇÃO

DOCUMENTAÇÃO

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DOCUMENTAÇÃO


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DOCUMENTAÇÃO



CONSTRUÇÃO ESPAÇO DE JOGO Para começar a criar essa aventura solo eu precisei definir duas coisas: Espaço de jogo e personagens. Usando como referência o livro “As Crianças na História” da editora ática, eu escolhi as épocas que iria retratar, e como estou falando em um mundo em formação, pensei em desenhar algo que remetesse aos nosso mundo em formação, terras que ainda não foram divididas em continentes, e ao mesmo tempo, unir épocas que são como “continuação” da outra. Porém, nem todas as terras no mapa são retratadas na história, são lugares incríveis que seriam foco em outras edições do livro. Logo, meu mapa ficou assim:

Império Romano

China Antiga

Grécia Antiga

Índia Mogol Japão

Noruega Viking

Império Malines

Itália Renascença

Espanha Medieval

Inglaterra Rev. Indrs.

Deserto Australiano

México Asteca

CONSTRUÇÃO

Egito

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PERSONAGENS NOME: NIARA IDADE: 12 CARACTERÍSTICAS: Tamanho médio para a idade, é negra com cabelo crespo, está vestida como uma egípcia. PERSONALIDADE: Niara é muito simpática, inteligente, obstinada e fala mais que uma matraca. Tem sempre várias ideias para melhorar as atividades, não tem medo de dar sua opinião, principalmente para protestar contra o que acha errado e ajudar quem precisa, por isso virou monitora da sua época, e ajuda novas crianças a se adaptarem ao Antigo Egito. Ela e Lorenzo tem um projeto para tornar o mundo de Dewey mais acessível para os cegos, que pretendem levar para o mundo real. INTELIGÊNCIA: 16

VONTADE: 18

AGILIDADE: 9

FORÇA: 12

NOME: LORENZO IDADE: 11

CONSTRUÇÃO

CARACTERÍSTICAS: Ele é um menino pardo, pouco baixinho pra idade, um pouco magrinho, tem cabelos cacheados bem curtinhos e ele é cego.

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PERSONALIDADE: Ele é esperto e gosta muito de ler, é apaixonado por geografia e história, gosta de explorar novos lugares, seus costumes, e as sensações. Não gosta que as pessoas o tratem como deficiente, por isso pode ser meio ignorante as vezes, ao entrar na escola foi treinado para que seus outros sentidos como audição e olfato se tornassem incríveis, por isso ele consegue se virar bem sozinho. Lorenzo tem glaucoma congênito, perdeu totalmente a visão com 6, mas fica feliz por ter perdido, pois antes disso tinha que fugir do sol, hoje ele se sente uma criança normal. Ele quer fazer a diferença criando projetos de inclusão que melhorem a vida de deficientes visuais, e ajudar outras minorias também.


INTELIGÊNCIA: 16

VONTADE: 18

AGILIDADE: 15

FORÇA: 9

NOME: OX (XEROX) IDADE: 10 CARACTERÍSTICAS: Baixinha e magrela, loira, usa óculos, é uma gêmea e ela é da Noruega Viking. PERSONALIDADE: Ela é tímida e sofre sempre que zoam ela e a irmã por causa dos seus nomes, também é muito simpática, meiga, engraçada, apaixonada por cálculos, problemas de lógica e tem uma super memória. É muito ligada a sua irmã gêmea, fazem tudo juntas, ama construir barcos com sua irmã e fazer viagens pelos mares. Ela e a irmã tem uma mãe que trabalha muito e mal tem tempo para elas, são criadas pela tia chata que não gosta muito delas, por isso aprenderam a cuidar uma da outra e fazer tudo juntas. INTELIGÊNCIA: 17

VONTADE: 12

AGILIDADE: 6

FORÇA: 8

NOME: PIA (FOTOCÓPIA) IDADE: 10

PERSONALIDADE: Ela é briguenta e de pavio curto, está acostumada a defender a irmã de qualquer um, já que muitos zoam elas por causa dos nomes engraçados (como já falado na descrição da irmã, uma cuida da outra). Também é amorosa e se preocupa com os outros, odeia injustiças e ajuda todos que precisam. Ela ama arte, dançar, pintar, fazer barcos com a irmã, e constroem os melhores barcos da era Viking. INTELIGÊNCIA: 10

VONTADE: 14

AGILIDADE: 16

FORÇA: 12

CONSTRUÇÃO

CARACTERÍSTICAS: Loira, baixinha e magrela, tem cabelo bem curtinho com uma mecha colorida e é da Noruega Viking.

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NOME: MATHEUS IDADE: 11 CARACTERÍSTICAS: Ele é asiático, alto, gordinho, cabelo preto liso e raso, faz parte da Espanha Medieval. PERSONALIDADE: É hiperativo, ótimo em atividades físicas, está na era medieval e gosta muito de arco e flecha. Vem de uma família rica, mas seu pais trabalham muito e mal ficam em casa, por isso passa mais tempo com sua babá, não tinha ninguém pra brincar e se divertir, ele é disléxico, por isso não gosta de ir para escola, é muito zuado por ter dificuldade de aprender. INTELIGÊNCIA: 9

VONTADE: 13

AGILIDADE: 15

FORÇA: 17

NOME: PROFESSORA REGINA IDADE: 30 CARACTERÍSTICAS: Alta, negra, com cabelo cacheado, ela é professora no Egito Antigo e sacerdotisa da deusa Ísis.

CONSTRUÇÃO

PERSONALIDADE: É divertida, adora conversar e brincar com os alunos, gosta de ser vista como uma amiga que está sempre ali para te ajudar quando precisar, independente do que for. Também não tolera injustiças e ensina seus alunos a lutar pelos seus direitos e o que acham certo, trata todas crianças como iguais.

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INTELIGÊNCIA: 20

VONTADE: 16

AGILIDADE: 12

FORÇA: 15


NOME: LISANDRO IDADE: 30 CARACTERÍSTICAS: Alto, branco, cabelo castanho liso e pequeno. Usa roupas gregas antigas e é bem malhado. PERSONALIDADE: Ele é o polemarco de Atenas, isso quer dizer que é o comandante supremo do exército, responsável pela segurança do Estado, ele adora falar sobre democracia e filosofia, além de atividades físicas e é famoso ganhador das corridas de bigas. É vaidoso e metido, mas tem uma queda por Regina e faz qualquer coisa para impressioná-la. INTELIGÊNCIA: 17

VONTADE: 7

AGILIDADE: 17

FORÇA: 20

NOME: WAGNER IDADE: 50

PERSONALIDADE: Ele é um feiticeiro que estudou com Dewey, ao contrário dele, amou a revolução industrial, a criação das máquinas, das empresas, do capitalismo, da divisão de classes, seu sonho era que cada dia mais as pessoas fossem divididas pelo que tem. Ele é muito inteligente, arrogante, ambicioso, mas preguiçoso e folgado. Ele acha que sabe mais que todo mundo, todos são menos inteligentes que ele e tem que fazer o que ele quer, não gosta de conversar e entender a opinião do outro. INTELIGÊNCIA: 10

VONTADE: 14

AGILIDADE: 16

FORÇA: 12

CONSTRUÇÃO

CARACTERÍSTICAS: Muito alto e magro, tem cabelos brancos e pretos misturados, e uma careca em cima da cabeça.

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ACONTECIMENTOS Após ler o “Guia do narrador” do livro “Curumatara” descobri que para criar a história de um livro-jogo primeiro definimos os acontecimentos chaves. Deles podem existir várias escolhas, mas a ideia é que o leitor passe por todos esses acontecimentos para ter o “melhor final”, os outros finais tendem a ser ruins, por serem resultantes de más escolhas. Assim ficaram os meus acontecimentos:

1- Chegada na cidade, Niara é presa e você é chamado para ajudá-la. 2- Você vai atrás de ajuda, conhece uma professora e um menino se oferece para te ajudar. 3- Você vai para Grécia descobrir o que aconteceu e procurar por pistas. Você descobre um suspeito que vai estar na idade média. 4- Você passa pelo território viking para chegar a idade média, e gêmeas amigas do menino que se oferece para ajudar se juntam a aventura. 5- Você encontra o menino suspeito, descobre que ele foi enganado por um homem mal, ele ajuda você a ir atrás do homem que está com o diamante.

CONSTRUÇÃO

6- Vocês vão para Rev. Industrial o encontram dando ordens em crianças nas fábricas, ele se faz passar por professor quando é um feiticeiro maligno, que queria destruir aquele lugar, e que está fazendo as crianças trabalharem pra ele como escravas.

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7- Você luta contra o feiticeiro e junto com as outras crianças e expulsa ele do mundo de Dewey. 8- Vocês são homenageados no centro da cidade e vão embora para a vida real.


FLUXOGRAMA Como uma aventura solo não tem uma leitura linear eu fiz um fluxograma para criar o esqueleto dos acontecimentos do livro. Usando os acontecimentos chaves como pontos fixos, ramifiquei caminhos para chegar até eles. Entre cada acontecimento tem um ou mais finais. mas somente um final bom para o leitor. A foto ao lado mostra o tamanho que meu fluxograma ficou.

ARGUMENTO Após escrever resumidamente os acontecimentos no fluxograma, escrevi um argumento de 20 páginas descrevendo melhor a história e a quantidade de cenas, também fui acrescentando cenas para melhorar a narrativa. Nesse argumento narrei rapidamente os acontecimentos, não escrevi falas ou descrição da cena, deixei para fazer isso no roteiro, mas comecei a dividir os acontecimentos em números e criar a navegação do leitor.

ROTEIRO

É o tipo de roteiro mais comum, e geralmente o mais parecido com a formatação do cinema. Aqui, as variações na formatação são praticamente infinitas, mas as páginas são claramente definidas, assim como todos os painéis e diálogos.

Usei o site CELTX para escrever o roteiro, nele descrevi a quantidade de quadros, como seriam os desenhos e quais seriam as falar, resultando em 116 cenas. Porém, após analisar o tempo que eu teria para desenhar as cenas resolvi diminuir a quantida-

CONSTRUÇÃO

O estilo de roteiro que eu escolhi foi o “Full Script” por ser um dos modelos mais usados para a construção de quadrinhos. Segundo Sandro Massarani o roteiro Full Script é:

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de para 105 cenas. Analisando o tempo que eu tinha decidi focar mais na história do que no desenho, por isso o roteiro foi a parte mais demorada do processo de criação.

DESENHO Essa foi a etapa mais desafiadora de todo projeto, por ter pouco tempo e uma história extensa precisei arrumar uma maneira de diminuir a quantidade de desenhos e falas, otimizar a história sem fazer com que perdesse o sentido ou momentos importantes. Comecei simplificando o estilo do desenho, após fazer um curso online de criação de personagem, decidi mudar meu estilo para algo mais simples e rápido de reproduzir, abaixo tem o antes e depois dos personagens.

CONSTRUÇÃO

ANTES

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DEPOIS


DEPOIS

CONSTRUÇÃO

ANTES

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CONSTRUÇÃO

Decidi tentar manter um padrão de até 4 quadros, que dá meia página do quadrinho, apenas em cenas especiais eu fiz mais quadros. Fui mudando a descrição dos desenhos e simplificando ao máximo, a ideia era usar o texto para complementar as informações que faltassem no desenho, para isso usei o “Narrador” para descrever o que não foi mostrado no desenho.

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Após fazer todos os desenhos comecei a colocar os balões e adaptar os textos as páginas: OX: LEVAMOS 4KG DE TRIGO, 1KG DE LÃ E 10 LITROS DE MEL PARA O ORIENTE. UM HOMEM CHEGOU E PEDIU PARA COMPRAR 60% DA QUANTIDADE DE TRIGO QUE LEVAMOS, SE CADA QUILO VENDEMOS POR 150 MOEDAS DE OURO, QUANTO É O VALOR DE 60% DE 4 QUILOS?

DESENHE AQUI COMO VOCÊ SE VÊ, E AO REDOR ESCREVA PALAVRAS QUE TE DEFINAM. FAÇA SUA CONTA AQUI E CHEGUE A UMA CONCLUSÃO:

SE QUISER, ESCREVA AQUI SOBRE O QUE VOCÊ TEM DE DIFERENTE DAS OUTRAS CRIANÇAS E COMO AS PESSOAS TE TRATAM POR ISSO.

VÁ PARA CENA 39.

OX:

QUEM ESTÁ CERTO?

ELE ME DEU 360 MOEDAS DE OURO, ESTÁ ERRADO! PAGOU A MENOS, TEMOS QUE VOLTAR E PEDIR A DIFERENÇA.

PIA:

OX ESTÁ CERTA, VÁ PARA CENA 2. O COMPRADOR ESTAVA CERTO E PAGOU A QUANTIA CORRETA? VÁ PARA CENA 22.

LORENZO: ONDE ESTAMOS? MATHEUS:

PORQUE ELAS ESTÃO TRISTES, SUJAS E CANSADAS, PARECEM QUE NÃO PODEM PARAR DE TRABALHAR.

PASSAMOS O PORTÃO DA INGLATERRA DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.

VOCÊ: OLHA QUEM VEM ALI, PROFESSORA REGINA! PIA:

O QUE VOCÊ VAI FAZER? VOCÊ FALA PARA OS SEUS AMIGOS ROUBAREM OS CAVALOS, VÁ PARA CENA 41. VOCÊ ENTRA NO ESTÁBULO PARA PROCURAR O DONO DOS CAVALOS PARA PEDIR

CERTEZA QUE NÃO É A ERA DA ESCRAVIDÃO?

LORENZO: POR QUÊ?

AJUDA, VÁ PARA CENA 57.

CRIANÇAS, QUE BOM VER VOCÊS!

CONTINUA NA PRÓXIMA PÁGINA.

CENAS ESPECIAIS Ao longo da história tem cenas específicas onde a criança pode se expressar, falar sobre ela e como ela escolhe julgar as pessoas. A seguir vou colocar as cenas mais especiais, os momentos importantes para conhecer melhor o leitor.

DESENHE AQUI COMO VOCÊ SE VÊ, E AO REDOR ESCREVA PALAVRAS QUE TE DEFINAM.

SE QUISER, ESCREVA AQUI SOBRE O QUE VOCÊ TEM DE DIFERENTE DAS OUTRAS CRIANÇAS E COMO AS PESSOAS TE

VÁ PARA CENA 39.

CONSTRUÇÃO

TRATAM POR ISSO.

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CENA 16

Essa cena é, na minha opinião, a mais importante do quadrinho, onde a criança escreve como se vê, como acham que os outros a enxergam e se já sofreu por ser diferente.

FAÇA AQUI SUA PROMESSA:

VOCÊ É UMX GRANDE AMIGX, OBRIGADO POR FAZER ISSO, NÃO FAZ IDEIA DO QUANTO É IMPORTANTE PRA MIM!

ANOTE O NÚMERO DESSA CENA EM ACONTECIMENTOS.

ESCREVA EM ACONTECIMENTOS SUA PROMESSA PARA LORENZO. VÁ PARA CENA 10.

CENA 25

Nesse momento a criança demonstra ter empatia pela luta de Lorenzo, e se compromete a fazer algo que não ganhará nada em troca além do agradecimento do amigo. ESCREVA O QUE VOCÊ QUER FALAR PARA LORENZO DEPOIS DE OUVIR SOBRE AS DIFICULDADES QUE ELE ENFRENTA, E SOBRE A LUTA DELE.

ÉH, SER DIFERENTE NÃO É FÁCIL, MAS TAMBÉM É MUITO LEGAL!

VOCÊ:

VOCÊ PROMETE AJUDAR ELE COM ESSE PROJETO DE AJUDAR DEFICIENTES

CONSTRUÇÃO

VISUAIS DENTRO E FORA DO MUNDO? VÁ PARA CENA 25.

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VOCÊ DIZ QUE ACHA LEGAL A LUTA DELE E ACREDITA QUE ELE VAI FAZER A DIFERENÇA, VÁ PARA CENA 10.

CENA 39

Aqui o leitor fala sobre o que achou da luta de Lorenzo, é uma área aberta para demonstrar sua visão, fazendo dessa parte um lugar onde o professor conheça mais a criança.


LORENZO:

ESCREVA AQUI O QUE VOCÊ QUER FALAR PARA MATHEUS:

SINTO MUITO POR VOCÊ TER UMA VIDA DIFÍCIL LÁ FORA, MUITO RUIM SE SENTIR SOZINHO, MAS TENHO CERTEZA QUE TEM CRIANÇAS QUE ADORARIAM TER VOCÊ COMO AMIGO.

NUNCA ALGUÉM ME DISSE ISSO, VOCÊ TEM RAZÃO! VAMOS DEVOLVER O DIAMANTE! SE VOCÊ TEM CABELO DE MEDUSA OU ESTÁ MUMIFICADO, VÁ PARA CENA 32. SE NÃO TEM NENHUMA MAGIA, VÁ PARA CENA 72.

CENA 63

Só por a criança ter chegado nessa cena já é uma prova que ela preferiu entender Matheus a julga-lo mal, e nesse campo para escrever ela demonstra sua empatia com Matheus.

VOCÊ: EU TENHO SIM!

VOCÊ:

VÁ PARA CENA 49.

CENA 97

Aqui o leitor fala sobre seu melhor amigo, é uma forma de entender as amizades da criança, e se ela não veio para essa cena pode indicar que esteja solitária e tenha dificuldade de socializar.

CONSTRUÇÃO

CONTA MAIS SOBRE ELX, COMO VOCÊS SE CONHECERAM E, PORQUE SÃO TÃO AMIGXS?

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CONTE AQUI SOBRE ALGUMA VEZ QUE JÁ FIZERAM ISSO COM VOCÊ:

NOSSA, QUE GENTE RUIM, SINTO MUITO POR VOCÊ TER PASSADO POR ISSO. SE EU ESTIVESSE LÁ TERIA BATIDO COM O LEME NESSX IDIOTA! PIAAAAA, VOCÊ SABE QUE NÃO PODE SER VIOLENTA ASSIM! NÃO CANSOU DE RECEBER PUNIÇÃO AQUI DO DIAMANTE? VIOLÊNCIA SÓ ATRAI MAIS VIOLÊNCIA. ELX TEM QUE FALAR COM ALGUÉM QUE CONFIA E PEDIR AJUDA, O IMPORTANTE É NUNCA FICAR CALADO.

VÁ PARA CENA 7.

CENA 100

Nesse momento da história o leitor conta que sofreu bullying e Ox o aconselha dizendo para procurar a ajuda de um adulto em que confie. Por mais que o aluno não conte diretamente ao professor, só por entregar esse livro, sabendo que o mesmo irá ler essa parte, já é uma forma de pedir ajuda.

EXPLICAÇÃO SOBRE OS TEMPOS

104 Espanha medieval A IDADE MÉDIA COMEÇOU NO SÉCULO V

UMA SÉRIE DE TRIBUTOS A SEREM PAGO. O SENHOR FEUDAL, POR SUA VEZ, TINHA COMO

CULTURA GERMÂNICA (VIKINGS E OUTROS

OBRIGAÇÃO PROTEGER AQUELES INSTALADOS

POVOS INDO-EUROPEUS), MAS NESSA ÉPOCA A

EM SUA PROPRIEDADE. ESSE SISTEMA

RELIGIÃO CRISTÃ (QUE ACREDITA EM JESUS

ECONÔMICO ERA CHAMADO DE FEUDALISMO.

CRISTO) GANHOU MUITA FORÇA COM A IGREJA CATÓLICA, ASSIM, AS OUTRAS RELIGIÕES FORAM SUMINDO E A IGREJA COMEÇOU A GANHAR GRANDE PODER ECONÔMICO, SOCIAL E POLÍTICO. COM O FIM DO IMPÉRIO ROMANO, A POPULAÇÃO COMEÇOU A IR PARA OS CAMPOS EM BUSCA DE COMIDA E PROTEÇÃO, ACABAVAM EM TERRAS DE SENHORES RICOS OU SENHORES FEUDAIS.

CONSTRUÇÃO

A SOCIEDADE MEDIEVAL ERA DIVIDIDA EM TRÊS ORDENS: 1° IGREJA CATÓLICA: ELA TINHA A FUNÇÃO DE ORAR POR TODOS, E CRIOU RITUAIS QUE EXISTEM ATÉ HOJE EM RELIGIÕES CRISTÃS. 2° OS NOBRES: ERAM RESPONSÁVEIS PELA SEGURANÇA DOS CAMPONESES, E VIVIAM UMA VIDA DE LUXO. ELES SÃO OS REIS, RAINHAS E

O SENHOR, DONO DAS TERRAS, PERMITIA QUE

PRINCESAS, ENTRE OUTROS.

O CAMPONÊS FICASSE NELAS, DESDE QUE

3° OS CAMPONESES OU TRABALHADORES:

ESTE CULTIVASSE-AS E ENTREGASSE PARTE

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DO QUE TINHA SIDO PRODUZIDO, ALÉM DE

NO CONTINENTE EUROPEU, NELA VEMOS A MESCLA DA CULTURA GRECO-ROMANA E DA

DEVERIAM TRABALHAR PARA FORNECER TUDO QUE A NOBREZA OU A IGREJA PRECISASSE. DESENHOS COMO “FROZEN: UMA AVENTURA CONGELANTE” , “SHREK” OU “O CORCUNDA DE NOTRE DAME” MOSTRAM A DIVISÃO SOCIAL E OS MITOS DA ÉPOCA.

VOLTE PARA A HISTÓRIA, VÁ PARA CENA 56.

Essas cenas são conteúdos bônus onde as crianças são encaminhadas ao decorrer da história para que conheçam mais sobre os tempos históricos que a narrativa retrata. A ideia é falar de um jeito descontraído, colocando curiosidades interessantes e apontando filmes ou desenhos para que a criança assista e se divirta ainda mais aprendendo.


MEDALHAS

CONQUISTAS Vários foram os caminhos que você passou nessa aventura, e alguns exigiram mais heroísmo, sabedoria e empatia do que outros. A fim de ressaltar suas conquistas, nessa folha estão as medalhas que você ganhou ao passar pelas páginas que anotou em acontecimentos.

CENA 78

MEDALHA DO ESCRIBA Demonstrou saber tudo sobre hieróglifos!

CENA 62

MEDALHA DA SENSATEZ Demonstrou não ser preconceituoso por não achar que a deficiência de Lorenzo o tornava incapaz de guiá-lo no mundo de Dewey.

Ao decorrer da história a criança toma várias decisões, umas mais difíceis que outras, mas todas são importantes, inclusive os pequenos gestos que muitas vezes passam despercebidos. A ideia das medalhas é enaltecer as boas decisões das crianças, mostrar como é importante fazer coisas pequenas, como pedir desculpas, até coisas mais difíceis, como tentar se colocar no lugar das pessoas.

CENA 35

MEDALHA DE BRAILE Aprendeu sobre o sistema de escrita usado pelos deficientes viduais.

CENA 13

MEDALHA DA SOLIDARIEDADE Demonstrou ser solidário ao explicar o dromedário para Lorenzo.

JOHN DEWEY DO MUNDO REAL

JOHN DEWEY DO MUNDO REAL

Eu apresento Dewey como um exemplo de um homem que mudou o mundo porque acreditou em si mesmo, independente de todas pessoas que duvidavam. O intuito é inspirar a criança a acreditar que pode sonhar alto e que vai realizar todos seus sonhos, independente da sua realidade difícil, o impossível é só questão de perspectiva.

CONSTRUÇÃO

CONHEÇA O

Essas são as ultimas páginas do livro, onde a criança vê que parte da magia é real, e que o mundo de fantasia e o real não são tão diferentes.

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feedback do leitor NOME: MARIA FERNANDA IDADE: 10 ESCOLARIDADE: 5º ANO, ESTUDA EM ESCOLA PÚBLICA. COR: BRANCA.

“Eu achei ele muito interessante, porque a gente pode interagir com ele, a gente pode interagir com o personagem, a gente aprende algumas coisas com ele, é... A gente vê que a diferença não é um problema, que a gente pode ser amigo de pessoas cegas, pessoa de outra cor, e também a gente pode decidir para onde a gente vai e isso é muito interessante!” Entrevista concedida por CASTRO, Maria Fernanda, Transcrição de áudio do Whatsapp [08.2020] Entrevistador: Eduarda Castro, 2020. arquivo. mp3 (26 seg.)

PERGUNTAS

1) O que você mais gostou no livro? RESPOSTA: Como nós podemos interagir com os personagens. 2) O que você menos gostou? RESPOSTA: O que eu menos gostei foi quando falaram para multiplicar o número com o outro porque sou péssima em matemática.

FEEDBACK DO LEITOR

PERGUNTAS FEITAS POR WHATSAPP PARA A LEITORA.

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3) Você teve dificuldade pra entender como lê o livro? Tipo, como passear

entre as cenas. A explicação do início estava fácil de entender?

RESPOSTA: Mais ou menos eu fiquei confusa em algumas partes mais li mais uma vez é entendi. Sim as explicações estavam claras.

4) O que você achou das partes do livro que ensinavam algo? A leitura

estava chata ou tranquila de entender?

RESPOSTA: Achei interessante. Tranquila. 5) Qual personagem vc gostou mais? E por quê? RESPOSTA: Lorenzo. Porque ele além de ter suas dificuldades ele enfrenta sem dificuldades é isso me admira.

6) Você achou a leitura cansativa ou achou rápida? RESPOSTA: Rápida. 7) Gostou dos desenhos? RESPOSTA: Sim. 8) Se identificou com os personagens?

FEEDBACK DO LEITOR

RESPOSTA: Sim, Ox.

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9) Você conseguiu entender o que é o braille? RESPOSTA: Sim já sabia um pouco mais com a leitura aprendi mais.


FEEDBACK DO LEITOR

DOCUMENTAÇÃO

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86

FEEDBACK DO LEITOR




CONSIDERAÇÕES FINAIS O que me levou a fazer esse trabalho foi a minha paixão por aprender coisas novas, porém, esse meu olhar sobre estudar não era comum no meu ambiente familiar ou escolar, tanto que o que mais me instigava a estudar e dominar assuntos era ensinar a outras crianças. A maioria das pessoas que eu ajudava demonstravam uma aversão por estudar, como se fosse um fardo a qual era obrigada a cumprir. Comecei essa pesquisa com o intuito de contribuir para melhorar o ensino público, encontrar uma maneira de diminuir esse “fardo” que atrapalha tantos jovens a se desenvolverem e conquistarem seus sonhos. Quando iniciei essa pesquisa e entrei em contato com a filosofia do “Movimento Escola Nova” encontrei as respostas e as perguntas que precisava ter para entender o motivo dessa aversão a estudar. O sistema de ensino tradicional visa formar indivíduos obedientes e passivos, o aluno deve se formar as exigências impostas pela escola, seus extintos naturais, emoções e vontades são ignorados, logo, isso provoca a associação entre estudo e a obrigação e dever. As escolas construtivistas desconstroem esse cenário, ao colocar a criança como centro do estudo, enxergaram como obter o máximo do seu desenvolvimento, tanto físico como cognitivo, emocional e social. Sua pedagogia demonstra a importância do interesse e da participação ativa das crianças nas atividades, em como o lúdico é importante para despertar prazer em aprender algo novo, proporcionando experiências únicas de aprendizagem.

Outro ponto que chamou minha atenção foi a criação de padrões de comportamento e memórias afetivas na primeira infância, como precisamos nos voltar para o início da vida escolar e tentar impedir a criação de traumas no processo de aprendizagem, Um dos maiores traumas que podemos perceber é a aversão a leitura, um prática essencial para ampliar para o processo de aprendizagem, descoberta do mundo e abrir os horizontes dos nossos pensamentos. Por isso fiz um material literário, onde a fantasia e a realidade coexistem e o aprender se torna divertido, pois não tem nada mais mágico que uma criança explorando o mundo, o mesmo lugar que nós não vemos mais graça, que vivemos sem parar para perceber a beleza ao nosso redor. Porém o olhar puro de uma criança enxerga, tudo parece mágico e em sua cabecinha super criativa passam um milhão de pensamentos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Precisamos resgatar o prazer em aprender, pois ele já é desconhecido por muitas crianças, por isso, proporcionar mais e melhores condições de desenvolvimento se faz necessário e urgente. E através de atividades tão prazerosas quanto o brincar, o vínculo entre prazer e aprender pode ser restabelecido. Além disso, o brincar possui um papel importante para o desenvolvimento da criatividade da criança, seu autoconhecimento e desenvolvimento social. Através de brincadeiras construímos e fortalecemos vínculos afetivos, começamos a entender o mundo ao nosso redor e construir nossa realidade.

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Por isso criei um material literário feito para uma criança, onde o adaptei aos seus gostos e características, com o intuito de trabalhar sua individualidade, ensinar através da experiência, estimular a empatia, solidariedade e a força de vontade. Fazendo com que ela vá construindo uma experiencia prazerosa com a leitura, distanciando da referência massante e chata de livros repletos de palavras que mal conseguem prender sua atenção em uma página. Além disso, também o tansformei em lugar onde a criança fala sobre ela, suas dificuldades, diferenças e pontos fortes, para tornar esse livro um instrumento que ajude a criança a se expressar, ser escutada e se aproximar de educadores e parentes que queiram entender e se aproximar do aluno.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao construir esse trabalho eu descobri o valor de uma educação feita para a criança, o primeiro passo para uma educação de qualidade é escutar um aluno, e desenvolver práticas educacionais conforme suas necessidades e que conversem com a sua realidade também. Acredito que livros como o meu podem ajudar muitas crianças, e que o futuro de uma educação de qualidade é a criação de materiais criativos e divertidos, que tornem a experiência de aprender tão incrível como realmente é.

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LISTA DE IMAGENS

Disponível em: <http://matematicaonline.weebly.com/material-dourado.html>

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