O Tênis na Extensão do Movimento Cyberpunk (volume teórico)

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Trabalho de Conclusão de Curso II apresentado ao Centro Universitário Senac – Santo Amaro, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Design com linha de formação específica em Design Gráfico. Orientador Prof° Dr. Lazaro Elizeu Moura Caio Rocha de Oliveira São Paulo 2020


Dedico este projeto para todos que aqui serão citados e que me apoiaram durante estes exatos 1 ano e 9 meses. À vocês, o meu eterno muito obrigado! Aos meus amigos queridos: Ao Neto, meu amigo advogado sneakerhead e basketball freak que sempre curtiu meu pensamento não-linear. Ao Bi, meu primo irmão, que compartilha dos mesmos gostos artísticos e me ajudou com conselhos valiosos. Aos meus dois irmãos, Flox e Miko, que acompanharam diariamente minhas ideias mais malucas e opinaram sempre positivamente sobre. Ao meu amigo fashion Vitão, que me ajudou a entender mais sobre o que realmente importa na moda. À Dudinha, a virginiana em que me inspiro e que mais me ajudou a por meus sentimentos no lugar. À Didinha, minha designer vegana que me ajudou a entender o mundo corporativo por trás do meu trabalho. Aos meus dois amigos, Matios e Jox, que me lembraram das coisas realmente importantes da vida. Às pessoas que apareceram no meu caminho e me proporcionaram sabedoria para realização de minha pesquisa: Eduarda Donato, Diego Kuwahara, Danilo, Victor Feitosa e Ricardo Nunes. À minha psicóloga Edna, que me ensinou a entender que a loucura nem sempre é um termo pejorativo. À minha familia, e aos melhores pais que alguém poderia ter como suporte: Bimba, obrigado por pausar A Praça é Nossa para me ouvir, eu te amo papi! Mamis, obrigado por servir sempre de inspiração de moda e por financiar meus estudos e minhas maluquices, eu te amo! À mulher que vou passar o resto da minha vida, Mirica, que me ouviu falar incessantemente e sempre foi meu porto mais seguro, eu te amo. E por fim, mas não menos importante, ao meu querido orientador: Lazarinho, obrigado por me ouvir, me acalmar, me guiar pelos infinitos segundos-caminhos que acabei passando, e principalmente por levar em conta todas as minhas questões, sua orientação foi essencial para este projeto.


A relação arte-inconsciente não exclui a totalidade da história da arte, mas considera-a de uma nova perspectiva: em favor da imagem inconsciente, A relaçãodesacreditar arte-inconsciente não exclui a totalidade da história da tentar-se-á a forma, entendida como representação de arte, uma mas considera-a de uma nova perspectiva: em favor da imagem inconsciente, realidade da qual se tem consciência. A relaçãodesacreditar arte-inconsciente não exclui a totalidade da história arte, tentar-se-á a forma, entendida como representação de uma (ARGAN, 1992,da p.360) mas considera-a de uma nova perspectiva: em favor imagem realidade da da qual se teminconsciente, consciência. tentar-se-á desacreditar a forma, entendida como representação uma (ARGAN, 1992,de p.360) realidade da qual se tem consciência. (ARGAN, 1992, p.360)



/resumo 1. Este projeto visa conhecer a história e compreender a importância do tênis, dentro de uma vivência cultural de um grupo de jovens conhecidos como sneakerheads, conhecendo desde de sua origem, até a sua inserção na moda streetwear. Para tanto, expõe alguns aspectos da moda contemporânea, abordando a história do hip hop, bem como outras referências de estilos musicais, com a intenção de entender extensão do comportamento deste grupo, por meio de hábitos históricos, socioeconômicos e culturais. Com objetivo de auxiliar a compreensão, a pesquisa traz uma reflexão sobre o movimento literário cyberpunk, onde fundamenta alguns valores sociais, onde é visto como um movimento radical, de acordo com as interpretações e os desejos de liberdade de uma sociedade marginalizada, diante de uma realidade imposta por um poder dominante, fazendo conexão com aspectos parecidos dos grupos culturais sneakerhead e streetwear, tais como transgressão, ousadia, autenticidade e inovação.

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Como tradução das ideias aqui expostas, a criação de um catálogo digital é pensada, contendo ilustrações de tênis inspiradas nas culturas citadas, baseadas na estética do cyberpunk, que busca trazer questionamentos sobre antigos conceitos, como uso e função.


/introdu ção 2. ¹O calçado era um acessório caracterizado por uma longa história. No período pré-histórico, era um simples pedaço de madeira ou couro, que era usado apenas para proteger os pés. Hoje, eles possuem uma vasta lista de significados, associados com a moda, estilo, personalidade, sexualidade, gênero e classe. (RIELLO, 2006, tradução livre do autor)

De cultura para cultura, a cada ano, novos estilos vão sendo criados e/ou melhor fundamentados por integrantes de cada nicho cultural. Nos anos 80, a moda começava a ser difundida nas ruas e cada grupo tinha sua própria maneira de se expressar por meio dela, fazendo uso do material que era disponível até então. Já em meados dos anos 90, o cenário já estava bastante evoluído. O streetwear já era parte essencial do cotidiano de jovens artistas, e a subcultura sneakerhead começava a ser exposta para o mundo, em sua grande maioria no esporte e na música. Na atualidade, existem diversos novos modelos com estilos diferentes que são de grande importância para o movimento, pois abordam lados conceituais, profundos e sensíveis, evidenciando que o calçado não é consumido apenas por sua funcionalidade, mas também, por seus aspectos estéticos e tecnológicos. O cyberpunk foi uma referência utilizada nesta pesquisa fundamentando alguns valores e aproximando o processo de criação do projeto final. Entende-se neste caso, o cyberpunk, como um movimento radical, de acordo com as interpretações e os desejos de liberdade de uma sociedade marginalizada, diante de uma realidade imposta por um poder dominante, do mais forte sobre o mais fraco, na qual a ideia de valor social, do que entende-se enquanto qualidade de vida, torna-se questionável prevalecendo um conceito niilista, quebrando tais convicções. ¹Footwear is a garment characterized by a long history. In prehistoric times, it was a simple piece of wood or leather and was used to protect the foot. Today shoes are more than functional objects. They convey a wide range of meanings associated with fashion, style, personality, sexuality, gender, and class.

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citação

No campo da moda e da vestimenta, o tênis é um produto criado para práticas esportivas, originalmente elaborado com os princípios de proteção e conforto para os pés. Com o passar do tempo, este conceito evoluiu mudando seu propósito inicial, sendo consumido por outros usuários.


Visando compreender a importância do tênis, o projeto analisa o cotidiano de um grupo seleto de jovens, o qual se expressa a partir de seu estilo próprio, utilizando como base, valores históricos, socioeconômicos e culturais. A pesquisa aborda a extensão do comportamento deste grupo, por meio de hábitos da moda contemporânea, expondo o que se pensa a respeito do conceito de individualidade.

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Assim sendo, a pesquisa traz uma reflexão sobre a história do tênis, bem como, cria um projeto para uma pequena coleção de produtos, utilizando ilustrações da indumentária tênis, como proposta inovadora para essa categoria.


/objetivo 3. Pesquisar um segmento da moda como conceito de comportamento e liberdade de expressão através dos questionamentos do movimento cyberpunk. Abordar a subcultura de sneakerheads dentro do streetwear como objeto de investigação da relação entre a moda contemporânea e o cyberpunk.

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Como produto, criar uma coleção de ilustrações que traduzem esteticamente essa investigação, incluindo um catálogo digital apresentando novas propostas com uma identidade visual inspirada no tema cyberpunk.


/objetivo 5 3.1 esp3cíficos A pesquisa objetiva investigar parte da história do tênis, assim como, trazer a cultura streetwear e sua subcultura sneakerhead incluindo o movimento cyberpunk, enquanto movimentos que norteiam o interesse pela temática mencionada no título deste trabalho. A investigação pretende abordar a moda, como comportamento social e seus desdobramentos na cultura jovem contemporânea, a fim de reforçar o conceito de que a indumentária tênis pode contribuir para o entendimento do perfil de seus usuários e apreciadores. Para o desenvolvimento desta pesquisa, serão contextualizadas as influências dos movimentos sneakerhead e cyberpunk, enquanto estilos capazes de traçar um modo de se compreender aspectos, tais como transgressão, ousadia, autenticidade e inovação. A análise deverá citar alguns conceitos sobre razão e não-razão, como justificativas para se entender os movimentos de liberdade no comportamento do público consumidor do objeto tênis.

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Como etapa final, será realizado um catálogo digital contendo ilustrações de tênis inspiradas na cultura sneakerhead e cyberpunk.


4./justificativa O streetwear e a subcultura sneakerhead foram criadas a partir dos desejos de jovens dos anos 80 e 90, que não mais possuíam a necessidade de seguir os padrões sociais estéticos e comportamentais que lhes eram impostos. Sociedade que, até então, segundo Lipovetsky, vivia sem aceitar nada que fosse fútil e frívolo, cultivava um desejo preso e excessivo por individualidades, onde repetiram durante séculos, dogmas e valores ancestrais, tornando-os uma sociedade hiper conservadora, que impediam o aparecimento da moda em si. (LIPOVETSKY, 1989).

²Tênis, bem como outros tipos de calçados, são mais que objetos que cobrem nossos pés, são peças que podem ser identificadas como uma subcultura, uma questão de status, um item fashion, e um objeto social/cultural moderno e pós moderno que vincula pessoas e comunidades. (KAWAMURA, 2016, tradução livre do autor)

O projeto não visa o tênis enquanto produto, no sentido da concepção e venda comercial, mas sim, enquanto produto artístico, buscando reflexões, usando como expoente os movimentos Sneakerhead e Cyberpunk para discorrer sobre a exibição de um novo estilo e uma nova proposta visual para seus usuários.

²Sneakers, like other types of footwear, are more than an object that covers one’s feet, and they can be identified as a subculture, a status symbol, a fashion item, and a modern and a postmodern social/cultural object that binds a community and people together among others.

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citação

A partir da investigação desses movimentos, será provável entender os motivos que conduziram grupos de jovens ao desejo de se expressarem por meio de roupas, acessórios, também por meio dos tênis.


O inconsciente não é apenas uma dimensão psíquica explorada com maior facilidade pela arte, devido à sua familiaridade com a imagem, mas é a dimensão da existência estética e, portanto, a própria dimensão da arte. (...) A relação arte-inconsciente não exclui a totalidade da história da arte, mas considera-a de uma nova perspectiva: em favor da imagem inconsciente, tentar-se-á desacreditar a forma, entendida como representação de uma realidade da qual se tem consciência. (ARGAN, 1992, p.360)

A pesquisa justifica-se a partir da intenção em apresentar algumas ilustrações de diferentes tênis como novas possibilidades desta indumentária, promovendo discussões sobre os novos modelos, bem como, estimulando desejos e sonhos em seus usuários.

5.

/procedimentos metodológicos Para o desenvolvimento do projeto, serão realizadas leituras como livros, graphic novels, artigos e sites sobre moda, artes, design, ilustração e cibercultura, a partir de autores tais como, Gilles Lipovetsky, Diana Crane, Yuniya Kawamura, Nicholas Smith, Giulio Carlo Argan, William Gibson, Pierre Lévy, Vivienne Westwood, entre outros. Serão analisados também, sites de moda streetwear como HYPEBEAST, onde foram retirados materiais didáticos, como citações e imagens, que serviram para fundamentar e complementar cada capítulo aqui exibido.

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Complementando a pesquisa, serão averiguados alguns vídeos e documentários, como Fresh Dressed (figura 1), escrito e dirigido por Sacha Jenkins em 2015, que fala sobre a história da moda urbana (figura 2) na ascensão do Hip-Hop desde a década de 1970, 80 e 90.

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citação

Retomando os princípios mencionados por Argan:


figura 2

figura 1

ilustração de estilos de cada cidade americana do documentário Fresh Dressed. Autor desconhecido

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pôster documentário Fresh Dressed. Autor desconhecido


figura 3

Just for Kicks (figura 3) , escrito por Come Chantrel e Thibaut de Longeville e dirigido por Thibaut de Longeville e Lisa Leone, faz um estudo aprofundado sobre cultura e moda do tênis, desde a sua criação como vestuário esportivo até seu lugar como pedra angular na moda hip-hop.

poster do Documentário Just for Kicks. Autor desconhecido

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O trabalho será concluído com a criação de um catálogo digital, apresentando alguns rafes de tênis dentro do tema escolhido, feitos ora de forma tradicional com lápis e papel, ora em sistema digital, selecionando alguns estudos de modo que eles deverão ser transportados para o programa Adobe Photoshop e Procreate. No programa digital esses desenhos serão detalhados, coloridos e finalizados. Serão utilizados os programas Adobe Illustrator e Adobe InDesign para produzir a diagramação do catálogo, que será no formato A4 (210 x 297 mm). O produto será exibido de forma digital, com possibilidade em ser impresso, onde será mostrado um exemplar de cada (uma peça) modelo. Algumas marcas, criadores de conteúdos e artistas, serão citados enquanto referências e inspirações para o desenvolvimento deste projeto. Eles são:


As imagens contidas nesta página foram recolhidas através do tempo e pertencem à artistas que admiro e que me inspirei enquanto referências para produzir, tanto o produto final, quanto a identidade visual deste projeto.

josan gonzales

Ilustrador

figura 4

figura 5

viktor and rolf Marca

figura 6

figura 7

a cold wall

figura 8

figura 9

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Marca


yuri pardi

estilista

Yuri Padi roupas-monumento, 2015.

figura 11

figura 10

iris van herpen Marca

Iris Van Herpen, salto alto para desfile, 2014.

Iris Van Herpen, salto alto para desfile, 2016.

figura 13

figura 12

zaha hadid

Arquiteta

figura 15

figura 16

Zaha Hadid sapato em colaboração com Melissa, monumento, 2016.

Zaha Hadid saltos altos impressos 3D, 2015.

Zaha Hadid saltos altos impressos 3D - 2, 2015.

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figura 14


Foi realizada uma pesquisa de campo com o intuito de aprofundar o entendimento sobre o que pensam alguns apreciadores do streetwear e da subcultura sneakerhead. Ela foi realizada na Galeria do Rock de São Paulo capital e em algumas lojas do segmento, tais como Alfa Sneakers, Maze, Your ID, Ã Urban Shop, entre outras. As seguintes perguntas foram criadas:

>pesquisa de campo

171selvagem 1 - Por que você gosta de tênis? Cara, com uns 15 anos eu percebi que na escola pra você ser bem aceito nas rodas de pessoas, você teria que ter algo que chame a atenção, lembro que o pessoal falava muito de tênis, falava de tênis de outras pessoas, então foi o meio de interagir com o pessoal, daí então virou um vício, mas hoje uso o que gosto e não pra ser aceito. 2 - O que mais te chama atenção em um tênis? Não me considero sneakerhead, tem muitos lançamentos que fico sabendo por amigos, mas mesmo assim acho incrível como um acessório pode causar reações, fazer amizades (como nós se conhecemos kkk), inimizades… hoje é o principal acessório para mim, amo tênis. 3 - Qual a importância do tênis no seu dia a dia? Super importante, hoje em dia se vestir bem faz todo sentido na minha profissão (vendedor), a questão do conforto também é muito importante, então busco estilo e conforto no dia a dia. 4 - Você combina peças de roupa com tênis? Se sim, qual não pode faltar? Sim, pego muita referência no instagram, acho importante ter essa harmonização,principal motivo de atraso no trabalho, não saio sem provar todos os tênis. 5 - O que você sente quando compra um tênis que queria muito? Cara, sofro de ansiedade, então imagina, já fiz loucura pra comprar tênis, melhor sensação do mundo. 6 - Pra você, valor conta na hora de escolher um tênis? Talvez, os mais caros são os que mais gosto, mas não é uma regra, creio que saber se vestir é o mais importante. 7 - Qual seu estilo ou marca favorita de tênis? Por que?

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A$AP BARI sem mais!! Ele é ref de estilo na mob mais foda do mundo!! VLONE x NIKE é meu tênis dos sonhos, que é assinado por ele, #nikeboys


ricardo_sneakersbr 1 - Por que você gosta de tênis? Não tenho uma resposta para essa pergunta. Gosto de tênis desde que me entendo por gente, não só pelo calçado/necessidade de proteger os pés, mas, principalmente, pelo simbolismo cultural que ele tem e pelas histórias que cada modelo carrega. 2 - O que mais te chama atenção em um tênis? A história que cada modelo carrega. 3 - Qual a importância do tênis no seu dia a dia? Considerando que, hoje em dia, ele é o coração do meu trabalho e que é sempre o primeiro elemento que escolho quando vou me vestir, o tênis tem uma importância bem grande no meu dia a dia. 4 - Você combina peças de roupa com tênis? Se sim, qual não pode faltar? Sim. Começo a me vestir pelo tênis e escolho o restante das peças a partir dele. 5 - O que você sente quando compra um tênis que queria muito? Gosto de comprar tênis, mas gosto MUITO MAIS de usá-los. Pra mim, a sensação de colocar nos pés um tênis que eu queria muito, pela primeira vez, continua sendo o que me motiva a trabalhar nesse mercado. 6 - Pra você, valor conta na hora de escolher um tênis? Valor financeiro? De forma alguma. 7 - Existe alguma marca de roupa ou tênis que traduz a sua personalidade? Por que?

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Não. No que diz respeito à forma como me visto e aos tênis que uso, a minha “personalidade” não é formada por apenas uma marca. Ter “personalidade” é exatamente combinar o melhor de cada uma delas em busca do seu estilo próprio e fazer com que as roupas que você usa/os tênis que calça traduzam isso.


rafael 1 - Por que você gosta de tênis? Eu gosto mais pelo fato de que cada tênis expressa sua personalidade e gênero combinando com seu estilo. 2 - O que mais te chama atenção em um tênis? História e o porquê de cada modelo é o que me chama mais atenção pois gosto de saber o motivo da existência de cada um. 3 - Qual a importância do tênis no seu dia a dia? Uma das coisas mais lógica e o conforto pois minha rotina e meio corrida e isso agrega muito mas às vezes só o estilo também me satisfaz 4 - Você combina peças de roupa com tênis? Se sim, qual não pode faltar? Claro! Pois a maior intenção é fazer com que o tênis combine mais ainda com meu estilo de se vestir ainda mais pelo fato que curto muitas coleções exóticas que quase ninguém tem. 5 - O que você sente quando compra um tênis que queria muito? Primeira sensação e o prazer de ter. a segunda já é a paixão como se fosse um filho e a terceira e alegria de adquirir aquele modelo que fiquei meses querendo e consegui comprar. 6 - Pra você, valor conta na hora de escolher um tênis? Olha antigamente não tanto pelo fato de que não me preocupava com isso pois sabia o porquê do valor de cada um mas hoje em dia conta muito porque sou pai de família e não tenho uma condição boa e é que nem eu falei na resposta de número 5 eu demoro meses pra comprar até sobrar uma grana. 7 - Existe alguma marca de roupa ou tênis que traduz a sua personalidade? Por que?

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Eu já tive vários estilos e o que me sinto mais confortável e no estilo underground (roupas um pouco mais largas para se sentir mais a vontade). Já curti muito a Nike mas machucava muito meu pé e hoje em dia prefiro puma e Adidas pois posso usar minha própria numeração sem apertar meu pé, fora isso o porque de tudo e o preço pois existem vários modelos no precinho e um mais pancada que o outro.


feitxsa 1 - Por que você gosta de tênis? Não tenho uma resposta para essa pergunta. Gosto de tênis desde que me entendo por gente, não só pelo calçado/necessidade de proteger os pés, mas, principalmente, pelo simbolismo cultural que ele tem e pelas histórias que cada modelo carrega. 2 - O que mais te chama atenção em um tênis? A história que cada modelo carrega. 3 - Qual a importância do tênis no seu dia a dia? Considerando que, hoje em dia, ele é o coração do meu trabalho e que é sempre o primeiro elemento que escolho quando vou me vestir, o tênis tem uma importância bem grande no meu dia a dia. 4 - Você combina peças de roupa com tênis? Se sim, qual não pode faltar? Sim. Começo a me vestir pelo tênis e escolho o restante das peças a partir dele. 5 - O que você sente quando compra um tênis que queria muito? Gosto de comprar tênis, mas gosto MUITO MAIS de usá-los. Pra mim, a sensação de colocar nos pés um tênis que eu queria muito, pela primeira vez, continua sendo o que me motiva a trabalhar nesse mercado. 6 - Pra você, valor conta na hora de escolher um tênis? Valor financeiro? De forma alguma. 7 - Existe alguma marca de roupa ou tênis que traduz a sua personalidade? Por que?

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Não. No que diz respeito à forma como me visto e aos tênis que uso, a minha “personalidade” não é formada por apenas uma marca. Ter “personalidade” é exatamente combinar o melhor de cada uma delas em busca do seu estilo próprio e fazer com que as roupas que você usa/os tênis que calça traduzam isso.


/o tênis 6. De acordo com os relatos históricos e a necessidade natural de proteger os pés contra pedras, sujeiras ou animais peçonhentos, o homem encontrou uma alternativa que seria um utensílio usado e evoluído no decorrer dos tempos: O sapato. Na maioria das civilizações antigas, as sandálias eram os calçados mais comuns, até mais ou menos 1850, a maioria dos sapatos era fabricada em formas absolutamente retas, construídos de forma que o lado direito e esquerdo eram praticamente os mesmos. O Victoria and Albert Museum, espaço para exibições de artes decorativas e design, que fica em Londres, organizou uma linha do tempo do sapato, a qual foi usada como referência nesta pesquisa, mostrando a evolução do design de cada sapato através do tempo. Os egípcios começaram a fabricar sapatos a partir de 1550 aC, eles eram grandes e possuíam um formato de barco, feitos de junco trançado, onde as tiras eram longas e finas cobertas por tiras mais largas do mesmo material. (The Victoria and Albert: Shoes - Pleasure and Pain) e com o passar do tempo, as ideias de sapatos começaram a ser mais estudadas, e foi entendido que o formato dos sapatos até então, não eram tão eficientes paras as novas atividades do homem. Na Renascença em 1450, o sapato com formato redondo foi inventado, com base nos dedos dos pés, sendo prático primeiro para crianças, e depois sendo utilizado por adultos também.

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Dessa época, para os dias atuais, o calçado foi se desdobrando em múltiplas formas, segmentos, gêneros, texturas, materiais e estilos, alcançando, de uma maneira globalizada, uma aceitação e utilização por todos os seres humanos.


O tênis é uma invenção relativamente moderna, com suas raízes na Revolução Industrial. Com a chegada de um novo processo de fabricação, a vulcanização da borracha, inventada e desenvolvida por Charles Goodyear, (figura 17) onde um novo método de produção surgiu, os sapatos agora poderiam ser fabricados de forma mais barata e eficiente, uma vez que cada sapato era produzido à mão por um sapateiro.

figura 17

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Ilustração de Charles Goodyear produzindo a borracha vulcanizada. Autor desconhecido


Foi então que em 1916, a U.S. Rubber Company, fabricou o primeiro tênis de verdade (figura 18) feito inteiramente com solado de borracha, no qual foi batizado com um nome que mais tarde seria conhecido como o proprio nome da empresa, “Keds”. Devido ao sucesso, a companhia lançou mais tarde uma linha inteira chamada “Pro-Keds”, focada totalmente nos jogadores de basquete. figura 18

Foto do primeiro tênis feito pela U.S. Rubber Company, chamado de “Keds”.

Poster de anúncio do primeiro Keds, em 1916

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figura 19


Devido a uma queda numa escada, acidente sofrido por Marquis M. Converse, fundador da Converse Rubber Company, surgiu uma ideia em se criar um calçado com solado de borracha que fosse mais aderente e resistente. Foi então que, em 1917 a Converse criou o “All Star” (figura 20). O calçado foi criado inicialmente para a prática de basquete, e acabou recebendo dicas de melhoras em seu design, do até então renomado jogador de basquete da época, Chuck Taylor. As dicas do jogador eram bem pontuais, ajudou a adicionar maior flexibilidade e suporte para o tornozelo. Ele também reforçou o marketing deles adicionando o famoso logo All Star da marca no calçado.

Charles H. Taylor, ex-jogador de basquete do Akron Firestones, juntou-se à equipe de vendas da Converse. Ele viajou pelo país promovendo-os a jogadores de basquete. Em 1923, ele começou a se envolver no processo de produção e design do calçado. Eles ficaram conhecidos como “Chucks”. KAWAMURA,Yuniya. Sneakers (Dress, Body, Culture). Tradução livre do autor. Edição do Kindle.

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figura 21

figura 20

citação

Sem Chuck Taylor é altamente improvável que a Converse, que até então era fabricante de galochas com sola de borracha, tivesse inventado um dos tênis mais históricos da história.

Primeiro tênis da Converse, chamado de All Star, criado em 1917

Taylor, who was a former basketball player with the Akron Firestones, Convers sales team. He traveled around the country promoting them to players. By 1923, he started to get involved in the production and design the shoe. They became known as “Chucks.”

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Charles H. joined the basketball process of

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Poster de 1917 da Converse anunciando seu primeiro tênis, chamado de All Star


O tênis foi renomeado posteriormente em 1932 para “Converse All Star Chuck Taylor” em homenagem ao jogador, já que graças a ele, o All Star possuía um monopólio dentro da NBA (National Basketball Association, principal liga de basquete profissional da América do Norte) até os anos 80, chegando a ser nomeado o tênis oficial das olimpíadas, de 1936 até 1968. O tênis era muito confortável de modo que até os soldados o usavam em seus treinos no período da Segunda Guerra Mundial. Contudo o conceito de conforto foi mudando com o passar dos anos. Marcas como Nike, PUMA e adidas começaram aparecer e mostrar novas tecnologias ao mercado daquela época. O couro passou a dominar a fabricação dos tênis deixando de lado os famosos tênis de lona.

figura 22

Com a ascensão da cultura sneakerhead o reinado da Converse tinha se acabado. A fixação era tanta que, em 1986, o grupo de hip hop Run-D.M.C. (figura 22) decidiu escrever uma letra sobre os tênis que usavam, devido a um homem chamado Dr. Deas, que começou a espalhar alguns folhetos em seu bairro dizendo que os ladrões, pobres e arruaceiros da comunidade, eram aqueles que usavam itens populares da época, tais como jeans da Lee, um chapéu da Kangol, algumas correntes de ouro e tênis da PUMA ou adidas, sem os cadarços.

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Grupo de hip hop Run-DMC, 1986.


A intenção do grupo era passar a visão contrária daquilo que o homem estava tentando passar sobre a juventude da época: Mostrar que não se deve julgar um livro pela capa, que aqueles itens faziam parte da liberdade de expressão do indivíduo e, mesmo parecendo com o perfil adotado pelo doutor, não é correto colocar todos em um mesmo julgamento. A letra queria provar que a forma que um indivíduo se veste, não define quem ele é como um todo, que pessoas que viviam ali ou em qualquer outro lugar, poderiam sim, se vestir da mesma maneira como os folhetos listavam, sem aparentar má índole.

My Adidas Walk through concert doors And roam all over coliseum floors I stepped on stage, at Live Aid All the people gave an applause that paid And out of speakers I did speak I wore my sneakers but I’m not a sneak My Adidas cuts the sand of a foreign land With mic in hand I cold took command My Adidas and me both askin P We make a good team my Adidas and me We get around together, rhyme forever And we won’t be mad when worn in bad weather My Adidas My Adidas My Adidas (Letra de My Adidas, de Run-D.M.C. 1986)

Saindo das quadras, para as ruas, o tênis ganhava um significado cultural enorme na década de 80. Passando por Elvis e seu Rockabilly (figura 23), pelo Punk Rock de Joey Ramone e seus amigos (figura 24), até sua volta nos anos 90 com o Grunge de Kurt Cobain (figura 25), o All Star Chuck Taylor já estava sendo visto como um símbolo de revolta, quando o astro rebelde dos anos 50, James Dean (figura 26), o adotou ao seu uso diário, influenciando muitos jovens e adultos a fazer o mesmo.

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citação

Além disso a ideia também era mostrar ao mundo o que a vivência do hip hop tinha lhes proporcionado. Viajar o mundo fazendo turnês, pisando em palcos lotados, vestidos com as roupas que gostavam, e usando os tênis que gostavam. A faixa se chamava “My Adidas”.


figura 23 Elvis Presley usando Converse All Star no set das filmagens de Coração Rebelde, 1961.

figura 24

figura 25

Ramones usando Converse All Star, 1978.

Kurt Cobain usando Converse All Star, 1994. figura 26

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James Dean usando Converse All Star, 1955.


Após sua disseminação dentro da música e do campo artístico, como um todo, incluindo alguns modelos assinados por esses artistas, o tênis passou a ter uma metamorfose constante, rompendo consigo mesmo e se adaptando às questões da época em que estava inserido, permitindo que questões de liberdade de expressão pudessem surgir. Essa liberdade dentro do universo do tênis se baseia em sua própria criação e trajetória, sempre trazendo algo ousado e inédito. Se antes sua premissa inicial era suprir as necessidades físicas do esporte, hoje tenta inovar, seja em formatos, cores, ou novas tecnologias e materiais, o que permitiu alcançar também não-atletas, pessoas comuns que se importavam tanto quanto esportistas em relação ao conforto prometido/ proporcionado e que acabaram por se identificar também com sua estética, que é diretamente ligada ao seu estilo de vida, onde muitas vezes tem como intenção romper certos valores conservadores da época a qual todos usavam apenas sapatos.

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As tecnologias nos tênis antigamente eram básicas e não empolgavam como acontece nos dias atuais. No final dos anos 70 o EVA nascia e a ciência dentro do esporte estava começando a ficar muito inovadora. A Nike possuía o solado Waffle (figura 27), criado pelo então treinador, Bill Bowerman, um dos criadores da empresa e eventualmente, em 1978, com o engenheiro aeroespacial Marion Franklin Rudy, foi criada a tecnologia Air, com o Nike Tailwind runner (figura 28). E toda vez que alguma tecnologia nova era anunciada, parecia com algo futurista, como o adidas Micropacer (figura 29), que possuía um computador embutido, que servia para contar os seus passos.


figura 27

Nike Tailwind, 1978. figura 28

Nike tailwind anuncio original, 1978 figura 29

pรกg. 29

adidas micropacer


Foi então que em 1984, buscando novas ideias de retorno de energia, a ideia de fazer um amortecimento totalmente mecânico surgiu com o designer criador do Air Force 1, Bruce Kilgore. Bruce desenvolveu um protótipo aparentemente insano na época (figura 31), que tinha como propósito reunir as informações recolhidas em testes feitos observando corredores em uma corrida especial em Harvard. Mas apenas em 1997 uma solução foi encontrada: Colocar 4 colunas de espuma oca de poliuretano, comprimidas entre uma placa de poliuretano termoplástico, no calcanhar do tênis. Lançada apenas 3 anos depois, em 2000, a silhueta foi nomeada de Nike Shox R4. O “R” significa “Running” (correr) e o “4”, vem das colunas de espuma que serviam para absorver o choque do impacto ao correr, dando significado para o “Shox” (ou Shock - choque). Após o seu lançamento alguns outros modelos começaram a aparecer, como o Nike Shox BB4 (figura 32), criado por Eric Avar, modelo criado para prática do basquete, no qual Vince Carter, jogador da NBA, foi chamado para ser o garoto propaganda. E, segundo ele mesmo, o tênis o tornou um All-Star. O solado era inspirado em um foguete lembrando do boost de energia responsiva prometida. O cabedal era inspirado em um traje espacial remetendo aos questionamentos sobre o futuro que existiam naquela época.

figura 30

figura 32

figura 31

Dentro das colunas de espuma do Nike shox R4.

Nike shox BB4, croqui de Eric Avar 2003.

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Protótipo amortecimento Shox, 1981.


Outro modelo influente criado nessa época foi o Nike Shox TL (figura x), o “TL” significa “Total”, já que o solado era composto completamente pelas colunas de espuma. A silhueta foi e ainda é muito influente no mundo, principalmente no Reino Unido, dentro do gênero musical Grime hip hop, onde apareceu em colaborações com o rapper Skepta (figura 33), e com a marca da designer de moda Rei Kawakubo, criadora da COMME des GARÇONS (figura 34). No Brasil, o modelo também foi muito usado, tanto que ganhou um apelido de “4 molas”, “12 molas”, ou apenas “tênis de molas”, no qual possui uma colaboração com o jogador de futebol Neymar (figura 35). figura 33 figura 34

Nike shox COMME des GARÇONS, desfile de 2019. Nike shox Skepta, 2019.

figura 35

pág. 31

Nike shox R4, Neymar Jr., 2019.


citação

Paralelo como a criação do nike shox, a puma desenvolveu uma nova ideia: ligar um tênis em um computador. A ideia partiu do CEO da época, Armin Dassler, que tinha a intenção de inovar no campo dos tênis de corrida da época, então pediu a ajuda do Dr. Peter Cavanagh para ajudá-lo a desenvolver tal tecnologia. E em 1986 foi criado o PUMA’s RS-Computer (figura 36 e 37), um tênis que tinha um chip de computador embutido em uma espécie de bloco em seu calcanhar, que servia para registrar a distância, o tempo e as calorias do usuário. Os corredores podiam conectar o tênis por meio de um conector de 16 pinos a qualquer Apple IIE, Commodore 64 ou IBM PC para visualizar seus dados. O computador no calcanhar do RS (Running System) traduziu os dados e deu aos corredores a capacidade de comparar corridas passadas com metas futuras, aprendendo e entendendo como se tornar mais rápido, eficiente e competitivo. (PUMA. Tradução livre do autor.)

3

figura 36

Pensando em melhorar a performance dos atletas, a PUMA queria inovar em uma tecnologia nunca antes vista em um par de tênis para corrida, mas mesmo sendo extremamente atrativa, as vendas do RS-Computer não foram tão bem quanto o esperado. O modelo acabou inovando muito mais em uma estética a frente de seu tempo, não pensando em limites para seu design, fazendo a volta do tênis-computador em 2018, totalmente atualizado com conexão USB e Bluetooth, com a premissa de que o modelo não servia mais apenas para performance, mas também para diversão. figura 37 PUMA’s RSComputer, conteúdo da caixa, 1986.

PUMA’s RS-Computer, anúncio original, 1986.

pág. 32

³The computer on the heel of the RS (Running System) translated data and gave runners the ability to compare past runs with future goals, learning and understanding how to become faster, more efficient, and competitive.


citação

Tendo isto em mente, novos criadores contemporâneos, como Samuel Ross criador da marca A– COLD–WALL*, desenvolvia um modelo em uma colaboração com a Nike, o Zoom Vomero +5, conhecido em sua década de lançamento, 2010, como um tênis de corrida extremamente comum, a silhueta teve seus materiais modificados para corresponder aos desejos de Ross, que gostaria de acompanhar o processo de envelhecimento precoce do produto, e teve um bloco de plástico adicionado em seu calcanhar, com objetivo de analisar os conceitos e a relação de humanidade, forma e escultura, título de sua coleção em 2018.

Minha abordagem com o Vomero é sobre destacar e humanizar as complexidades do tênis. O Vomero +5 vem de uma era de inovação vivendo no exterior de um tênis de corrida tecnologias, materiais - tudo em exibição constante. Isso fornece muitas oportunidades para isolar vários componentes da “tecnologia”. Você encontrará com o retrabalho do Vomero uma versão humana do ponto inicial e final de um tênis de corrida: os componentes irão envelhecer e descolorir. Com um foco no ciclo da vida, foi introduzido através da remoção de vários revestimentos de PU e UV freqüentemente usados ​​ para evitar descoloração e envelhecimento. Eu quero que o tênis viva, e isso foi conquistado com a remoção da película entre o produto e os efeitos do nosso ambiente. (Samuel Ross para o blog DOCUMENT. Tradução livre do autor)

figura 38

figura 39

Nike Zoom Vomero +5 A-COLD-WALL*, Branco, 2018.

Nike Zoom Vomero +5 A-COLD-WALL*, Preto, 2018.

pág. 33

4 My approach with the Vomero is about highlighting and humanizing intricacies of the shoe. The Vomero +5 is from an era of innovation living on the exterior of a trainer—the engine, spokes, hardware—all on constant display. This provides much opportunity to isolate multiple components of the ‘engine.’ You’ll find with the reworking of the Vomero a human take on the beginning and end point of the trainers: components will age and discolor. A focus on life cycle has been introduced through the removal of several PU and UV coatings frequently used to avoid discoloring and aging. I want the shoe to live, [and] that’s been achieved by removing the film between the product and the effects of our environment.


A tecnologia Shox, juntamente com o RS-Computer, no geral, falharam em questões de vendas, mas alcançaram uma liberdade criativa, na qual um fato interessante nos modelos lançados chama atenção: Sua estética parece ter ultrapassado a sua função. As gerações posteriores se encantaram com a ideia de uma aparência inédita e inusitada, seja em sua robustez, materiais, ou em adereços acoplados, abrindo portas para uma sequência sem limites de novos modelos interessados em inverter o seu valor de uso, ultrapassando o campo do tênis, enquanto indumentária esportiva, tornando-se um objeto de desejo e representação comportamental.

Em 2015, o Brooklyn Museum, trouxe uma exposição de tênis, organizado pela AFA (American Federation of Arts) e pelo Bata Shoe Museum. Chamada de The Rise of Sneaker Culture (A Ascensão da Cultura Sneaker), a exposição é a primeira a explorar a história social e o significado cultural do tênis.

pág. 34

A exposição incluiu aproximadamente 150 pares de tênis, e analisou sua evolução desde o início até seu papel atual como símbolo de status e ícone urbano.


figura 40

Nike “Air Jordan I”, 1985 Arquivos da Nike. Foto: Cortesia Federação Americana de Artes / 2013

figura 41

figura 42

figura 43

Nike x Tom Sachs “NikeCraft Lunar Underboot Aeroply Experimentation Research Boot” Protótipo, 2008–12 Coleção de artista. Foto: Cortesia Federação Americana de Artes

Nike “Air Jordan III”, 1988 Kosow Sneaker Museum (Electric Purple Chameleon, LLC). Foto: Kathy Tarantola Photography / Cortesia: Federação Americana de Artes Nike “Foamposite”, Arquivos da Nike de 1997 . Foto: Ron Wood / Cortesia: Federação Americana de Artes

figura 44

Louis Vuitton x Kanye West “Don”, 2009 coleção particular. Foto: Ron Wood/ Cortesia Federação Americana de Artes/ Bata Shoe Museu

figura 46

figura 45

pág. 35

Design Nike x Staple “Dunk Low Pro SB Pigeon”, 2005 coleção de Jeff Staple. Foto: Cortesia Federação Americana de Artes

adidas “Micropacer”, 1984 Coleção do Bata Shoe Museum, presente de Phillip Nutt. Foto: Ron Wood/Cortesia Federação Americana de Artes/ Bata Shoe Museum


figura 47

adidas “Stan Smith”, ca. 1980 adidas AG. Foto: adidas AG/studio waldeck/Cortesia: Federação Americana de Artes

figura 48 adidas x Run–DMC 25th Anniversary “Superstar”, 2011 Cortesia de Run – DMC, coleção de Erik Blam. Foto: Ron Wood/Cortesia Federação Americana de Artes/Bata Shoe Museum

figura 49

figura 50

Nike “Waffle Trainer”, 1974 Museus e Galeria de Arte de Northampton. Foto: Ron Wood/Cortesia Federação Americana de Artes/Bata Shoe Museum

Converse “Gripper” fim dos anos 1940– início dos anos 1950 Coleção do Bata Shoe Museum. Foto: Ron Wood/Cortesia Federação Americana de Artes/Bata Shoe Museum

pág. 36

figura 51

Gebrüder Dassler Schuhfabrik “Modell Waitzer”, 1936 adidas AG/studio waldeck/ Cortesia: Federação Americana de Artes


8.

/o streetwear e o sneakerhead

Streetwear pode ser todo e qualquer conjunto de roupas, geralmente confortáveis e usadas por pessoas nas ruas, assim conhecidas por fazer parte da moda urbana, no entanto essa definição ainda não engloba tudo. O streetwear é considerado um movimento de uma junção de subculturas de jovens das décadas de 80 e 90, que carregavam bastante influência do graffiti, skate, surf, hip hop e do esporte.

5 O streetwear representa um estilo de vida que muitos acreditam ter nascido no começo dos anos 1980, em Nova York. Devido a constante alienação e frustração que jovens sentiam, principalmente nos centros, não só de Nova York, mas no mundo todo, foi formada uma comunidade influenciada pelo skate, punk, hardcore, reggae, hiphop, uma cultura emergente de clubes, graffiti, viagens e cena artística nas áreas do centro da cidade. (VOGEL, 2006, p.7. Tradução livre do autor.)

James Jebbia, fundador da marca de skate Supreme, e Shawn Stussy, fundador da marca de surf Stüssy, foram os pioneiros no movimento: Shawn na califórnia, e Jebia em Nova York. No Harlem, o designer Dapper Dan criou estilos e produziu artistas de hip-hop, os quais eram rejeitados por marcas de luxo na época, desempenhando um papel fundamental para elevar o movimento à luxúria na década de 80. Enquanto o movimento tem suas raízes no ocidente norte americano, o oriente estava contando com Hiroshi Fujiwara e Nigo, ambos designers de moda que foram influentes no Japão na mesma década.

Streetwear represents a lifestyle that many agree was born in the early 1980s in New York. Due to the constant alienation and frustration felt mainly by inner city kids, not just in New York but worldwide, a community was formed that was influenced by skateboarding, punk, hardcore, reggae, hiphop, an emerging club culture, graffiti, travel and the art scene in downtown city centre areas. 5

pág. 37

citação

Foi originado dentro de círculos de amizades que pensavam e agiam de forma parecida. Era um antídoto para os diferentes e complicados estilos que estavam na moda na época. As pessoas usavam camisetas e moletons, que remetiam a estética do hip hop. Usar isto estava ligado ao conforto e à auto-expressão.


Se você está falando sobre origens, então eu acho que o que nós chamamos de street fashion, agora fluiu naturalmente do skateboarding; mas a realidade atual é diferente. Parece a cultura dos sneakers agora; a cultura dos sneakers e do hip-hop, se tornaram a cultura das ruas. (FUJIWARA, HYPEBEAST, 2019. Tradução livre do autor) https://strategyand.hypebeast.com/streetwear-report-hiroshifujiwara-history

6

Como um expressivo movimento cultural, o streetwear não surgiu do acaso, sendo difundido, simultaneamente, em outras cidades e regiões do mundo. Nos Estados Unidos, marcas como Stüssy, Supreme, Staple e ALIFE iniciaram suas atividades entre os anos 80 e 90. Enquanto na Ásia, especificamente no Japão, paralelamente surgiam UNDERCOVER, BAPE, NEIGHBORHOOD e WTAPS. Boyd (2015) comentou em sua participação ao documentário Fresh Dressed (2015), a importância do estilo e da vestimenta para a representação identitária na história da cultura Afro-americana no século 20. Então, é cabível se pensar que o movimento não deve ser visto como uma tendência da moda propriamente dita, mas como o impulso de uma mudança maior, dando poder a cultura popular, vinda diretamente das ruas, abrangendo a arte e a música como um conjunto, motivado pela quebra de regras e pela descoberta de novos jeitos de interação, entre a arte e o som, de maneiras não convencionais.

If you’re talking about the origins, then I think what we call street fashion now has naturally flowed on from skateboarding; but the current reality is different. It feels like a sneaker culture now; sneakers and hip-hop culture have become the street culture. 6

pág. 38

citação

O site HYPEBEAST em entrevista, questionou Fujiwara sobre como a definição do streetwear mudou ao longo dos anos.


O ato de se vestir é entendido como a extensão da personalidade e do comportamento, gerando uma linguagem interpessoal, que pode ser aceita por outras pessoas, gerando proximidades sociais entre indivíduos. Castilho (2004) argumenta que a vestimenta foi se tornando parte de um sistema de comunicação social, onde regras e valores foram construídos, alternando de sociedade para sociedade, muitas vezes gerando um controle social. Por acreditar em ideias parecidas sobre questões de liberdade de expressão e identidade própria, a interação coletiva acaba sendo explorada por grupos de jovens em sua maioria. Como na década de 70, em que gangues eram formadas nas ruas do sul do Bronx, em Nova York, e seus integrantes possuíam um dress code que servia para identificar e separar aliados de inimigos. A partir de vivências e experiências vindas das ruas, outros grupos começam a surgir, grupos estes que têm as mesmas bases críticas sobre moda, expressão identitária, partindo do princípio que você pode ser quem quiser, nas ruas, expondo seu verdadeiro eu, criando assim, movimentos sociais acompanhados de novas culturas e subculturas. figura 52

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Coleção de tênis DJ Khaled, Robb Report, 2018.


Dos melindrosos anos da década de 1920 ao Chicano cholos dos anos 1970, “subcultura” é antes de tudo um contêiner que tenta acolher vários grupos de jovens cujo afeto, vestimenta, música e normas se afastam de um centro mitológico. (CLARK, The Death and Life of Punk, 2003, p.223, nota de rodapé 2 tradução livre do autor)

7

O tênis nasceu no esporte, mas sua contínua relação com a cultura do guetto o trouxe para o lifestyle das ruas. Nos anos 80, a subcultura mesmo em ascensão, já demonstrava sua grande importância na questões de criatividade e identidade. O anseio de expor seu eu interior, fez com que alguns jovens criassem novos jeitos de colocar seu estilo em seus pares, como em Fresh Dressed (2015) que exibe a história de alguns artistas de hip-hop, nos quais relatam sobre as mais criativas customizações feitas naquela época. Tratava-se de pinturas com latas de spray, trazendo as cores fortes do graffiti, modificações de cadarços que vinham com alguns tênis de marcas como keds e converse, que eram esticados, passados, e colocados de forma diferente da que vinha de fábrica, formando os famosos fat laces, comumente usados por b-boys, garotos que dançavam ao som da batida das músicas da época, até as customizações mais rebuscadas do designer Dapper Dan, que misturava elementos do high fashion e da moda de rua, tornando-as mais especiais e únicas, fazendo do imaginário, real e que ajudaram aqueles artistas que, até então, não tinham contato com o mundo da luxúria e do glamour, a embasar seu estilo.

From the flappers of the 1920s to the Chicano cholos of the 1970s, “subculture” is above all a container that attempts to hold various groups of young people whose affect, clothing, music and norms, deviate from a mythological centre.

7

pág. 40

citação

Subculturas se originam dentro de grupos culturais já consolidados, onde geram espécies de mini conjuntos de indivíduos cujo pensamentos divergem de alguma forma do modo de vida de seu grupo principal, porém, sem se desprender de seu principal modo de vida. A cultura sneakerhead pode ser considerada uma delas, pois, foi dentro do streetwear que ela se consolidou, demonstrando seu grande valor popular e sentimental.


Para um sneakerhead, ele pode ser considerado o item principal que sustenta todo o conjunto de peças, onde montar um outfit pode começar a partir de um bom par. A aquisição de um tênis pode reunir escolhas e fatores comportamentais específicos mostrando a forma como é visto pela sociedade, os aspectos relacionados ao custo, os estilos associados ao gosto pessoal, o conforto de um produto comercial e sua funcionalidade. Fazer parte de um seleto grupo social, que abrange questões muitas vezes consideradas fúteis, pode ser desafiador, pois deve-se entender o tênis, não de uma maneira convencional, onde se procuram funções estritamente básicas, mas como a base criativa que envolve estética, conforto e desejo.

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Existe um termo que está sendo altamente difundido na atualidade, que se chama Athleisure, que é a mistura de atlético com lazer, em sua tradução literal. A ideia surgiu depois que um grupo de pessoas teve a iniciativa em usar roupas para práticas esportivas onde os produtos apresentavam tecidos mais elásticos e leves, de modo mais confortáveis. Assim sendo, a subcultura sneakerhead começou a ser mais difundida, dando origens a novas tendências. Devido ao sucesso dos tênis, em 2005, foi lançado o documentário Just For Kicks, no qual foi um fenômeno na época, chamando atenção de todos, ocasionando uma grande mudança no cenário, pois, com sua popularidade, chamou atenção de grandes marcas high end já consolidadas através do tempo, tais como Chanel, Givenchy, e Louis Vuitton, que começaram a olhar para o futuro dos sneakers, iniciando também, a produção de seus próprios modelos. A partir desta iniciativa diversos designers de tênis começaram a criar contando histórias durante o processo de suas confecções.


Conclui-se então que, para muitos, não fashionistas por assim dizer, o tênis pode ser apenas uma peça habitual de vestuário, no sentido em ser quase obrigatório no seu uso cotidiano, onde se enquadra tanto de uma forma básica, sendo um importante produto usado no ambiente de trabalho, por sua funcionalidade e por seu aspecto confortável. O tênis se destaca por sua flexibilidade e praticidade, bem como por sua forma e conceito. Ele também carrega algumas questões associadas a representação de idéias, propostas conectadas ao uso, considerando uma realidade atual que pode ser econômica, estética ou provocativa, que é justamente o ponto onde os sneakerheads se encaixam.

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Este grupo específico trata o tênis como forma de expressão intrínseca, que estende-se para além de uma mera beleza estética, tornando-se em sua grande maioria, um vínculo conectado a questões de comportamento, situação econômica e posicionamento na sociedade contemporânea.


cyberpunk/> 9. Nos anos 80, a ficção científica estava em alta. Aventuras em espaços cósmicos e entidades galáticas eram o tema principal em filmes e livros relacionados. Literaturas que questionavam sobre como seria o futuro por vir já eram comuns, mas foi só nesta década que alguns autores como Neal Stephenson e William Gibson começaram a pensar no futuro de maneira muito mais imediata, e apesar de não terem o criado, nomearam o estilo como Cyberpunk, trazendo a ficção científica para o ciberespaço. O movimento é caracterizado por sua forte apelação tecnológica e a baixa qualidade de vida da população. As pessoas são valorizadas não pelo que sabem fazer, mas pelo quanto de poder monetário elas possuem, têm acesso sem limites a tecnologia de ponta, mas somente para aqueles que podem pagar. Tem-se implantes cibernéticos, mas também desigualdade social e violência sem controle.

(..)veja só o que construímos com os primeiros vários bilhões: conjuntos habitacionais de baixa renda que se tornaram núcleos de delinquência, vandalismo e desesperança social generalizada, piores do que os cortiços que pretendiam substituir; conjuntos habitacionais de renda média que são verdadeiros monumentos à monotonia e à padronização, fechados a qualquer tipo de exuberância ou vivacidade da vida urbana; (JACOBS, The Death and Life of Great American Cities, 1961 p.14-15)

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citação

Com uma estética distópica, as cidades do gênero são sujas e repletas de pessoas e objetos descartados. É geralmente um ambiente soturno, congestionado por edifícios e placas de publicidades desmedidas, onde as propagandas e suas luzes neon destacam-se, gerando um enorme ruído visual. Jane Jacobs discorre um pouco sobre isso:


Eu defino o ciberespaço como o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores. Essa definição inclui o conjunto dos sistemas de comunicvação eletrônicos (aí incluídos os conjuntos de redes hertzianas e 93 telefônicas clássicas), na medida em que transmitem informações provenientes de fontes digitais ou destinadas à digitalização. Insisto na codificação digital, pois ela condiciona o caráter plástico, fluido, calculável com precisão e tratável em tempo real, hipertextual, interativo e, resumindo, virtual da informação que é, parece-me, a marca distintiva do ciberespaço. Esse novo meio tem a vocação de colocar em sinergia e interfacear todos os dispositivos de criação de informação, de gravação, de comunicação e de simulação. A perspectiva da digitalização geral das informações provavelmente tornará o ciberespaço o principal canal de comunicação e suporte de memória da humanidade a partir do início do próximo século. (LÉVY, Cibercultura, 1997 p. 91)

Já o sufixo punk, tem origem na Inglaterra e era uma gíria utilizada para denominar jovens que questionavam os valores sociais que adotavam uma estética provocativa em seu modo de agir e pensar, como em sua forma de se vestir, dando origem a um movimento artístico de contracultura. A distopia é uma palavra comumente usada para denominar o comportamento punk. No campo da moda, o punk possuiu grandes nomes como a estilista britânica Vivienne Westwood, que colocava toda sua excentricidade, criando roupas para seus conterrâneos marginalizados, utilizando acessórios tradicionais do movimento, como correntes, patches, saltos altos e espartilhos, nos quais formavam conjuntos de looks inusitados, muitas vezes com cunho político e rebelde. Ela afirmava que não fazia roupas como mercadoria, mas como uma ideia. (WESTWOOD e KELLY, p. 160).

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citação

A origem da palavra vem da junção dos vocábulos cyber e punk. Seu prefixo vem da palavra inglesa cybernetics, que significa, de acordo com o dicionário dicio, ciência que estuda os mecanismos de comunicação e de controle nas máquinas e nos seres vivos. É desta definição que vem sua conexão com o movimento de cibercultura, movimento que, segundo o autor Pierre Lévy é:


figura 53

figura 54

figura 55

Evgeny Zubov, projeto Russia-2077, 2018. figura 57

Jogo OBSERVER, screenshot por Caio Rocha, 2017.

Jogo OBSERVER, screenshot por Caio Rocha, 2017.

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figura 56


O punk reflete a vida como ela é, nos apartamentos desconfortáveis dos bairros pobres, e não o mundo de fantasia e alienação que é o que a maioria dos artistas criam. É verdade que o punk destruirá, mas não será uma uma destruição irracional. O que o punk destruir será depois reerguido com honestidade. (BIVAR, 2001, p.59).

Segundo a autora Helena Abramo, o conceito de distopia, ao contrário de seu antônimo, no qual possui um ideal a ser atingido, é o aumento dos traços negativos de uma sociedade existente, gerando uma visão inversa de um mundo que se vive, um alerta para a sociedade para qual se está rumando. Abramo também relata que mesmo tendo um comportamento apocalíptico, uma postura em sua grande maioria bizarra, fazendo uso de uma estética infernal, o movimento punk não possui um desejo de morte e culto ao horror, mas sim um desejo de expor o pensamento que lhes afligem da sociedade em que vivem, uma forma de denunciar então seus horrores. (ABRAMO, 1994). Pensando em uma sociedade contemporânea, a ideia de um ambiente noturno e movimentado, pode ao mesmo tempo ser composto por uma estética iluminada e carregada, como pode possuir também um ar solitário e vazio daqueles que o frequentam. Logo, visando explorar e expor alguns de seus ideais, o conceito do cyberpunk será utilizado nesta investigação acadêmica, para que, fazendo uso de sua estética pós-apocalíptica e questionadora, seja possível compreender o que se pensa sobre os ideais de expressão por meio da moda contemporânea jovem e as novas concepções de sociabilidade, gerando diferentes relações com ações, objetos e suas conexões em um meio virtual.

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citação

O autor Antônio Bivar complementa:


figura 58

figura 59

Jogo OBSERVER, screenshot por Caio Rocha, 2017.

Jogo OBSERVER, screenshot por Caio Rocha, 2017.

figura 60

Jogo OBSERVER, screenshot por Caio Rocha, 2017. figura 61

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Jogo OBSERVER, screenshot por Caio Rocha, 2017.


/catálogo

10.

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Marmotagem vem do francês “Marmotter” que significa murmurar, ou resmungar e no Brasil o termo, é usado em diversas religiões, é usado para denominar um trapaceiro. Segundo o wikipedia: “A palavra marmotagem refere-se ao ato incorreto ou indevido praticado pelo marmoteiro. Outras palavras também podem ser associadas ao marmoteiro: trambiqueiro, kosibetó, bequeiro, vigarista, safado, inventor de moda e muitos outros” O uso para marmotagem no sentido de “inventar moda”, é comumente usado pelo povo nordestino para dizer que um indivíduo está ridiculo, fora de moda, ou realmente inventando uma nova forma de utilizar um objeto, seja usar um acessório em um local incomum, colocar roupas ao contrário, utilizar um objeto qualquer como acessório, ou até calçados considerados impróprios para uma ocasião social.

vida_HUMANO tempo_EFEMERO materia_ESTRUTURA


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sk3tches


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Tr4 X


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mono-2001


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h8 LOW


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h8 HIGH


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tRb RUN


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iRUN


considerações 11. finais Com esta pesquisa, desenvolvi a habilidade em me relacionar com um texto acadêmico, considerando que, antes, eu pouco sabia sobre o assunto. Aprendi que para o desenvolvimento de uma teoria, se faz necessário buscar referências competentes para o acompanhamento no assunto proposto para que o tema se desenvolva com embasamentos consistentes e não fique somente no campo das opiniões. A ideia para a realização do projeto surgiu do desejo em se aprimorar minhas capacidades ilustrativas. Realizei um de meus trabalhos mais artisticamente aprimorados, aplicando design, moda e arte em toda a coleção. Um projeto como este pressupõe o desenvolver de ideias, diversas pesquisas e buscas de referências, assim como experimentações no campo gráfico. Acredito que até este momento, de acordo com a quantidade de croquis que foram construídos, entendo que o resultado satisfez as expectativas, naturalmente que um projeto como este poderá amadurecer, com desdobramentos e reflexões futuras. O propósito da pesquisa, assim como a hipótese sobre o movimento cyberpunk e a sua relação com a indumentária tênis me pareceram coerentes com todo o desenvolvimento do trabalho, suas transformações e adaptações conceituais, resultando nas ilustrações que foram desenvolvidas. Considero que o projeto, desde as primeiras intenções, e desejos, alcançou os objetivos levantados no início do trabalho. Acredito que as referências e pesquisa em campo, assim como as diversas referências bibliográficas, auxiliaram na construção e no fortalecimento das expectativas.

pág. 62

Por se tratar de produtos inéditos, neste trabalho de conclusão de curso, optei por não confeccionar nenhum protótipo, ou mesmo a confecção de um tênis a partir de alguma ilustração desenvolvida. Me restringi apenas na elaboração de ilustrações onde me senti mais confortável no processo criativo, sem me preocupar, neste momento inicial, com a ergonomia, com a funcionalidade, ou resistência de materiais. Me considero um ilustrador de modo que todo o trabalho desenvolvido neste tcc, intencionou a criação de tênis voltados para o seu aspecto conceitual.


/referências

12.

LIPOVETSKY, Gilles. Império do Efêmero: A Moda e seu Destino nas Sociedades Modernas. 1987 CRANE, Diana. A moda e seu Papel Social. 2006 KAWAMURA, Yuniya. Sneakers: Fashion, Gender, and Subculture. 2016 SMITH, Nicholas. Kicks: The Great American Story of Sneakers. 2018 ARGAN, Giulio. Arte Moderna.1992 JACOBS, Jane. The Death and Life of Great American Cities. 1961 GIBSON, William. Neuromancer. 1984 WESTWOOD, Vivienne; KELLY, Ian. Vivienne Westwood. 1997 BIVAR, Antônio. O que é punk. 5.ed. 2001 ABRAMO, Helena. Cenas Juvenis: Punks e Darks no Espetáculos Urbano. 1994 LÉVY, Pierre. Cibercultura. 1997 SHIROW, Masamune. Ghost in the Shell. 1989 CASTILHO, Kathia. Moda e linguagem. ed. 5. 2004. HYPEBEAST (Org). FUJIWARA, Hiroshi. 2018. Disponível em: <https://hypebeast.com/people/hiroshifujiwara>. Acesso em: 17 out. 2019. Victoria And Albert Museum (Org.). A HISTORY OF SHOES. 2019. Disponível em: <https://www.vam.ac.uk/ shoestimeline/>. Acesso em: 01 out. 2019.

pág. 63

Who What Wear (Org). BLOCK, Elinor. The History Of Streetwear: From Stüssy to Vetements. 2017. Disponível em: <https://www.whowhatwear.com/streetwear/ slide2>. Acesso em: 02 out. 2019.


PORTAL São Francisco (Org). HISTÓRIA DO TÊNIS. 2020. Disponível em: <https://www.portalsaofrancisco. com.br/historia-geral/historia-do-tenis>. Acesso em: 02 set. 2020. PORTAL São Francisco (Org). HISTÓRIA DO ALL STAR. 2020. Disponível em: <https://www. portalsaofrancisco.com.br/curiosidades/historia-doall-star#:~:text=A%20hist%C3%B3ria%20dos%20 t%C3%AAnis.%20A%20inven%C3%A7%C3%A3o%20 do%20cal%C3%A7ado,Charles%20tratou%20de%20 criar%20uma%20sola%20de%20borracha.>. Acesso em: 02 set. 2020. Eduardo Higa (Org.). A ORIGEM DO TÊNIS. 2020. Disponível em: <https://eduardohiga.commercesuite. com.br/origem-do-tenis/>. Acesso em: 01 set. 2020. DOCUMENT (Org). BRAKE, David. A-Cold-Wall*’s Samuel Ross ponders over the role of materiality in his work. 2018. Disponível em: <https://www. documentjournal.com/2018/11/a-cold-walls-samuelross-ponders-over-the-role-of-materiality-in-his-work/>. Acesso em: 02 set. 2020. PUMA (Org.). PUMA REISSUES THE RS-COMPUTER SHOE. 2018. Disponível em: <https://about.puma.com/ en/newsroom/brand-and-product-news/2018/201812-10-puma-reissues-the-rs-computershoe#:~:text=Global%20sports%20brand%20PUMA%20 was,revolutionized%20the%20way%20runners%20 trained.>. Acesso em: 01 set. 2020.

pág. 64

Dicionário Informal (Org). Marmotagem. 2013. Disponível em: <https://www.dicionarioinformal.com.br/ marmotagem/>. Acesso em: 04 set. 2020.


/lista de 13. imagens

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figura 1: pôster documentário Fresh Dressed. Autor desconhecido figura 2: ilustração de estilos de cada cidade americana do documentário Fresh Dressed. Autor desconhecido figura 3: poster do Documentário Just for Kicks. Autor desconhecido figura 4: josan gonzales figura 5: josan gonzales figura 6: viktor and rolf figura 7: viktor and rolf figura 8: a cold wall figura 9: a cold wall figura 10: yuri pardi figura 11: yuri pardi figura 12: iris van herpen figura 13: iris van herpen figura 14: zaha hadid figura 15: zaha hadid figura 16: zaha hadid figura 17: Ilustração de Charles Goodyear produzindo a borracha vulcanizada. Autor desconhecido figura 18: Foto do primeiro tênis feito pela U.S. Rubber Company, chamado de “Keds”. figura 19: Poster de anúncio do primeiro Keds, em 1916 figura 20: Primeiro tênis da Converse, chamado de All Star, criado em 1917 figura 21: Poster de 1917 da Converse anunciando seu primeiro tênis, chamado de All Star figura 22: Grupo de hip hop Run-DMC, 1986. figura 23: Elvis Presley usando Converse All Star no set das filmagens de Coração Rebelde, 1961. figura 24: Ramones usando Converse All Star, 1978 figura 25: Kurt Cobain usando Converse All Star, 1994. figura 26: James Dean usando Converse All Star, 1955. figura 27: Nike Tailwind, 1978. figura 28: Nike tailwind anuncio original, 1978 figura 29: adidas micropacer figura 30: Dentro das colunas de espuma do nike shox R4. figura 31: Protótipo amortecimento Shox, 1981 figura 32: Nike shox BB4, croqui de Eric Avar 2003. figura 33: Nike shox Skepta, 2019. figura 34: Nike shox COMME des GARÇONS, desfile de 2019. figura 35: Nike shox R4, Neymar Jr., 2019 figura 36: PUMA’s RS-Computer, anúncio original, 1986.


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figura 37: PUMA’s RS-Computer, conteúdo da caixa, 1986. figura 38: Nike Zoom Vomero +5 A-COLD-WALL*, Branco, 2018. figura 39: Nike Zoom Vomero +5 A-COLD-WALL*, Preto, 2018. figura 40: Nike “Air Jordan I”, 1985 Arquivos da Nike. Foto: Cortesia Federação Americana de Artes / 2013 figura 41: Nike x Tom Sachs “NikeCraft Lunar Underboot Aeroply Experimentation Research Boot” Protótipo, 2008–12 Coleção de artista. Foto: Cortesia Federação Americana de Artes figura 42: Nike “Foamposite”, Arquivos da Nike de 1997 . Foto: Ron Wood / Cortesia: Federação Americana de Artes figura 43: Nike “Air Jordan III”, 1988 Kosow Sneaker Museum (Electric Purple Chameleon, LLC). Foto: Kathy Tarantola Photography / Cortesia: Federação Americana de Artes figura 44: Louis Vuitton x Kanye West “Don”, 2009 coleção particular. Foto: Ron Wood/Cortesia Federação Americana de Artes/Bata Shoe Museu figura 45: adidas “Micropacer”, 1984 Coleção do Bata Shoe Museum, presente de Phillip Nutt. Foto: Ron Wood/Cortesia Federação Americana de Artes/ Bata Shoe Museum figura 46: Design Nike x Staple “Dunk Low Pro SB Pigeon”, 2005 coleção de Jeff Staple. Foto: Cortesia Federação Americana de Artes figura 47: adidas “Stan Smith”, ca. 1980 adidas AG. Foto: adidas AG/studio waldeck/ Cortesia: Federação Americana de Artes figura 48: adidas x Run–DMC 25th Anniversary “Superstar”, 2011 Cortesia de Run – DMC, coleção de Erik Blam. Foto: Ron Wood/Cortesia Federação Americana de Artes/Bata Shoe Museum figura 49: Nike “Waffle Trainer”, 1974 Museus e Galeria de Arte de Northampton. Foto: Ron Wood/Cortesia Federação Americana de Artes/Bata Shoe Museum figura 50: Converse “Gripper” fim dos anos 1940–início dos anos 1950 Coleção do Bata Shoe Museum. Foto: Ron Wood/Cortesia Federação Americana de Artes/Bata Shoe Museum figura 51: Gebrüder Dassler Schuhfabrik “Modell Waitzer”, 1936 adidas AG/studio waldeck/Cortesia: Federação Americana de Artes figura 52: Coleção de tênis DJ Khaled, Robb Report, 2018. figura 53: Evgeny Zubov, projeto Russia-2077, 2018. figura 54: Evgeny Zubov, projeto Russia-2077, 2018. figura 55: Evgeny Zubov, projeto Russia-2077, 2018. figura 56: Jogo OBSERVER, screenshot por Caio Rocha, 2017. figura 57: Jogo OBSERVER, screenshot por Caio Rocha, 2017. figura 58: Jogo OBSERVER, screenshot por Caio Rocha, 2017. figura 59: Jogo OBSERVER, screenshot por Caio Rocha, 2017. figura 60: Jogo OBSERVER, screenshot por Caio Rocha, 2017. figura 61: Jogo OBSERVER, screenshot por Caio Rocha, 2017.


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