Dislexia e informação ao público infantil - a dança das letras

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC BACHARELADO EM DESIGN GRÁFICO

DISLEXIA E INFORMAÇÃO AO PÚBLICO INFANTIL Volume teórico

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC BACHARELADO EM DESIGN GRÁFICO

Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do Centro Universitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a). Guimarães, Rebecca A dança das letras / Rebecca Guimarães - São Paulo (SP), 2019. 20 f.: il. color. Orientador(a): Denize Roma, Eleni paparounis, Fabia Campos

DISLEXIA E INFORMAÇÃO AO PÚBLICO INFANTIL Volume teórico

Rebecca guimarães

Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Bacharelado em design com ênfase em design gráfico) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2019. dislexia, infância, educação, aceitação, apoio I. Roma, Denize (Orient.) II. paparounis, Eleni (Orient.) III. Campos, Fabia (Orient.) IV. Título

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DISLEXIA E INFORMAÇÃO AO PÚBLICO INFANTIL

A Deus, Aos meus pais e minha irmã que me deram apoio, Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac – Santo Amaro, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Design com linha específica em gráfico.

Amigos que sempre estiveram comigo, A minha orientadora, Ao Luis Gustavo, da ABD, A todos os disléxicos que assim como eu veem se superando cada vez mais. 4

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RESUMO A dislexia, um transtorno de aprendizagem, considerada um dos maiores problemas de rendimento escolar, está presente em todas as escolas, esse transtorno, pode causar consequências além de notas baixas. Essas crianças precisam de atenção e adaptações para que cresçam de maneira saudável e evoluam de maneira igualitária com as dos seus colegas, para que não haja sentimento de frustração que podem acarretar em problemas psicológicos e sociais, consequentemente tornando-se um adulto com autoestima baixa, e com falta de confiança o fazendo duvidar de sua capacidade. A dislexia não atrapalhará a vida do aluno se houver um diagnóstico e intervenções que auxiliarão o disléxico a progredir. Encontrar meios de apresentar a dislexia ao público infantil, de maneira lúdica, este trabalho tem como função conhecer mais sobre a dislexia, e contribuir na criação de uma peça gráfica, divulgando sobre esse transtorno, de maneira didática, de forma a auxiliar na identificação da dislexia, e gerando inclusão a partir de alunos do ensino funda“Ajude-me a crescer, mas deixe-me ser eu mesma”. Maria Montessori

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mental I.

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sumário ..................10 . . . . . . . . . . OBJETIVOS............. TIFICATIVA....................... JUS ......... ....11

.....................12 . . . . . . . . . . METODOLOGIA....

DAMENTOS TEÓRICOS. N U ........ F .... 13

...............14 . . . . . . . . . . O QUE É DISLEXIA?..

IANÇA COM DISLEXIA.. R C ........ A .....15

....................17 A I X E A ESCOLA E A DISL

VENÇÕES NECESSÁR R E T IAS.. IN ... 23

..............25 S O C I DESIGN PARA DISLÉX 8

LISE DE SEMELHANTES Á N A ......... ...29 ....................37 . . . . . . . . . . O PRODUTO.......... NTERAÇÕES..................... I S A ......... ...40

......................41 . . . . . S OS PERSONAGEN ORIAL DESCRITIVO...... M E ........ M ......42

....................46 . . . . . . . . . . PRODUTO FINAL.. RÊNCIAS........................ ........ R EF E ....49

. . . . . .. . . . . . . . . . . . APÊNDICE A........

XOS................................... E N ........ A ....59 9

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OBJETIVOS

JUSTIFICATIVA A escolha desse tema surgiu mediante falta de conhecimento sobre dislexia, uma disfunção específica de aprendizagem que afeta a leitura e a escrita, cerca de 5% a 10% da população mundial possui esse transtorno (IDA, 2019). Com a falta de conhecimento sobre o assunto o diagnóstico é adiado, prejudicando a vida acadêmica e social do aluno, de acordo com a ABD - Associação Brasileira de Dislexia, 60% da população Disléxica mundial não conhece ou sabe que tem dislexia. Outro obstáculo na vida do Disléxico é a falta de apoio, parental ou escolar, e com a escassez de informação, além de bullying, também há pouca iniciativa da escola ou da família em procurar auxílio, afetando o psicológico da criança, alimentando sentimentos negativos, como insegurança, ansiedade, raiva ou desapontamento, tornando-se um adulto frustrado. De acordo com Luiz Gustavo, psicólogo e pesquisador da ABD , para que exista progresso na vida social e acadêmica, há necessidades de intervenções, sendo o design de extrema importância, pois uma diagramação específica, fontes e cores podem facilitar a leitura e escrita do disléxico, além de uso de

Obje�vo geral O presente trabalho tem como obje�vo, apresentar a dislexia, transtorno específico de leitura e escrita, ao público infan�l de forma a auxiliar no diagnós�co precoce; ampliar conhecimento sobre a dislexia e gerar inclusão entre colegas de classes, prevenindo problemas acadêmicos e sociais na vida do aluno disléxico. U�lizar os princípios do design para organizar este conteúdo em um livro ilustrado, de forma lúdica e didá�ca, com as intervenções necessárias para compreensão de alunos disléxicos ou não, e auxiliar as crianças no entendimento do tema.

Obje�vos específicos

Apresentar a dislexia a alunos do ensino fundamental I Contribuir com o diagnós�co precoce da dislexia. Ensinar sobre a diversidade.

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imagens ajudando na compreensão do texto. Para que as intervenções ocorram, precisamos de informação, ao conhecermos mais sobre o tema, incentivamos a procura de ajuda especializada, “a desinformação é o maior obstáculo na vida do disléxico” (entrevista Luiz Gustavo, 2019). Um meio de informar o público infantil, que possa atingir maiores números de pessoas, seria organizar um livro ilustrado, de forma que facilite a leitura, e o entendimento do tema escolhido. O livro ilustrado além de atrair a atenção das crianças, estimula e facilita a leitura para o público disléxico e não disléxico podendo ser usado em ambiente escolar, ou em casa junto aos pais.

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METODOLOGIA Este presente projeto teve como método de pesquisa, estudos bibliográficos para identificar a causa e a forma de aplicação adequada ao público infantil e disléxico, pesquisa em campo, o qual apresenta uma entrevista com profissional de psicologia somando o conhecimento para a criação deste projeto e resolução do problema encontrado. Pesquisas sobre melhores intervenções, na área de diagramação. Focando nas dificuldades de um disléxico, e se baseando nos sintomas da dislexia para composição dos capítulos e temas da peça gráfica, com poucos textos, analise de semelhantes para discutir sobre fontes, e cores utilizadas, que auxiliem na confecção da peça gráfica final

FUNDAMENTOS TEÓRICO 12

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O que é dislexia? A dislexia é um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica, isto é, carrega uma carga genética, caracterizada pela dificuldade no reconhecimento preciso e fluente da palavra, dificultando a leitura e escrita, e também uma das causas mais frequentes de baixo rendimento escolar. Atinge 6% da população brasileira de acordo com IDA2, em 2002.

existem casos genéticos e hereditários, ou seja, 8 a cada 10 tem algum parente com dislexia na família (Luís Gustavo, 2019) Diagnóstico

É fundamental um diagnóstico precoce, para que haja apoio e intervenções necessárias os quais auxiliam a criança disléxica, podendo assim se desenvolver normalmente, no mesmo nível que seus colegas de classe, além de impedir sérios problemas psicológicos causados por falta de apoio dos responsáveis e dos profissionais de ensino. Sintomas Para o diagnóstico ser feito, é necessária a atenção dos pais e professores com Pode ser reconhecida desde os pri- hábitos e dificuldades do aluno, com recomeiros anos de vida, com o atraso do desen- mendação da escola ou médico, procurar volvimento da fala e da linguagem, dispersão, uma associação que trabalha com tal disfunfraco desenvolvimento de coordenação moto- ção, no Brasil, a Associação Brasileira de Disra. A atenção dos pais e professores são de lexia, é a responsável pelo diagnóstico e por extrema importância, pois esses sintomas po- prestar auxílio e suporte ao desenvolvimento dem aparecer com mais intensidade na pré- do disléxico. -escola por ser a fase em que se inicia o uso Não há uma cura, por ser neurobiolócontínuo de leitura e escrita. gica, mas há a necessidade de intervenções, Há casos de falta do diagnóstico pre- dependendo das características do indivíduo, coce, podendo descobrir a dislexia na fase como por exemplo, fonoaudiólogo quando se adulta, observando a frequente dificuldade refere a linguagem, escrita e relação letra e de escrever e ler, a falta de concentração po- som; e a psicopedagoga por conta das quesdendo ser encaminhado para uma clínica es- tões acadêmicas e pedagógicas. pecializada, por médicos como neurologistas, Existe uma diversidade de documenpsiquiatra ou geneticistas. tação que comprovam a dislexia, para que Além desses sintomas, existe uma seja válido, o documento tem que ser emitido carga genética, por ser uma disfunção neu- por um profissional regularmente habilitado, e robiológica, dentro dos casos dos disléxicos legalmente autorizado; alguns tipos de docuavaliados pela ABD* de 100% deles, 80% mentos, 14

A criança com dislexia

Souza (2017) explica: “Laudo”: um documento formal e técnico, que exige conhecimento específico, deve ser emitido por médico especialista ou equipe médica multidisciplinar após a realização de exames de uma determinada situação através da qual se apresenta e descreve um diagnóstico (c/código CID). Deverá constar o instrumento e/ou método utilizado; descrição normal e as alterações observadas no paciente; e o diagnóstico/conclusão, tendo como referência os padrões estipulados pela sociedade médica. Declaração Médica: é um documento informativo. Declara circunstanciadamente a condição de saúde do paciente, constatada pelo profissional. O conteúdo desta espécie de documento deve reproduzir, com idoneidade, as conclusões após exame/análise médica. Relatório médico: descreve formalmente a condição de saúde do paciente, após atendimento médico. Tem a finalidade de informar e descrever as condições clinicas do paciente diante de determinado diagnóstico/ situação. Parecer médico: trata-se de uma resposta por escrito, a uma consulta realizada. O conteúdo deve expressar de forma clara e objetiva a síntese do caso/situação; detalhar observações e os critérios adotados na análise; e ao final apresentar uma conclusão.

É natural que a criança quando colocada em um ambiente com outras crianças da mesma idade, tendem a querer criar a amizade, porém a dislexia pode se tornar um obstáculo, se não diagnosticado precocemente, existe uma grande chance do disléxico ter sua auto confiança abalada, dificultando o relacionamento com outras crianças, crescendo de maneira introvertida, e exposto ao bullying, consequentemente piorando emocionalmente e trazendo traumas que podem ser levadas a vida inteira do indivíduo. Mesmo adulto, a ideia de que são “burros” predomina e o medo de serem desafiados, por acreditarem que não possuem capacidade, pode atrapalhar em sua vida profissional, familiar e social, ao serem diagnosticados o Luís Gustavo (2019) diz que o sentimento que predomina no momento da descoberta da dislexia, é o alivio, pois agora sua dificuldade tem um nome, e tem um tratamento, excluindo a opção de que não possuem competência. Os pais de um disléxico A família é o primeiro espaço de afeto e segurança na vida da criança, sendo biológica ou não, é de extrema importância o apoio daqueles em que a criança confia. O primeiro 15


contato social da criança seria a família, aqueles que são representados como heróis e heroínas, os primeiros exemplos a serem seguidos De acordo com José Roberto Tozoni (1989, p.69): “(...) o que não pode ser negado é a importância da família tanto ao nível das relações sociais, nas quais ela se inscreve, quanto ao nível da vida emocional de seus membros. E na família, mediadora entre o indivíduo e a sociedade, que aprendemos a perceber o mundo e a nos situarmos nele.” É a formadora da nossa primeira identidade social. Ela é o primeiro “nós” a quem aprendemos a nos referir. Formadora da nossa primeira identidade social. De fato o seio familiar é o ambiente em que a criança poderá encontrar tudo que deseja, sendo esta sua função principal na vida do filho, cada vez mais a família se mostra importante no processo de aprendizagem e social. Para uma criança há a necessidade de acompanhamento dos pais na vida acadêmica, mas no que se refere ao aluno disléxico, a atenção de seus ascendentes é redobrada, por ter um transtorno que pode dificultar a trajetória de aprendizagem, a atenção dos pais, é fundamental para que haja o diagnóstico e intervenções necessárias. Os sintomas da dislexia se mostram presente desde os primeiros momentos na fala do disléxico, de acordo com Luiz Gustavo, a criança pode ser diagnosticada desde os 5 anos de idade, por já serem constatados os sintomas. Alguns pais ainda possuem certa dificuldade, e ou preconceito ao saber que seus filhos possuem

uma disfunção, e pela dislexia possuir uma carga genética, muitos pais tendem a ser disléxicos, portanto enfrentaram tamanha dificuldade, mas como chegaram no ponto em que desejavam, acreditam que seus filhos serão iguais, porém não conhecem sobre os efeitos negativos e a carga emocional em que a criança será exposta. Muitos sentimentos vêm à tona no momento da descoberta sobre a disfunção, alguns deles, definido pelo Leonard Hartwig, citado por Kathleen (2003): “estabelece cinco estádios que os pais podem atravessar, quando descobrem que o seu filho é disléxico: 1. Negação: “deve ser engano, o meu filho não.” 2. Raiva: “porque é que isto tinha de me acontecer a mim.” 3. Depressão: “o meu filho não é normal” 4. Aceitação: “aceitar o facto, procurar ajuda e ajudar.”. 5. Esperança: “o meu filho pode aprender e vai aprender.”. De fato o apoio dos pais se mostra de extrema importância para a vida social e emocional dos seus filhos, a fase da esperança é sem dúvida a mais difícil de ser alcançada, para que auxiliem seu filho, além de acompanhamento específico, e intervenções necessárias, a primeira missão dos pais é tomar atitudes positivas e dar o máximo de atenção e apoio aos seus filhos, resultando em uma criança mais confiante. 16

Autoestima x dislexia Quando falamos sobre a dislexia, de acordo com a Sofia Carneiro, mestre em ciência de educação, uma área que acaba sendo esquecida é o lado sentimental da criança, um sintoma emocional que costuma acompanhar a esse distúrbio é a ansiedade, talvez causada pelo medo de leitura em voz alta, vergonha por não conseguir ler alguma palavra, ou até a própria prova escrita, exercícios que demandam leitura, soletração ou até memorização, podem gerar sentimentos negativos que podem dificultar na sua evolução social. A falta de acompanhamento especializado, apoio dos pais e professores, exclusão na escola podem dificultar o processo de autoconfiança da criança, a fazendo duvidar de sua capacidade. Mahoney (1993, p. 68) afirma que: “[...] a criança, ao se desenvolver psicologicamente, vai se nutrir principalmente das emoções e dos sentimentos disponíveis nos relacionamentos que vivencia.” São esses relacionamentos que vão definir as possibilidades de a criança buscar no seu ambiente e nas alternativas que a cultura lhe oferece, a concretização de suas possibilidades, isto é, a possibilidade de estar sempre se projetando na busca daquilo que ela pode vir a ser. Todo esse ambiente desfavorecendo a criança pode atrapalhar futuramente em seus relacionamentos com amigos, e parentes,

Conforme Mahoney (2004, p.18): “[...] o afetivo propicia a constituição de valores, vontade, interesses, necessidades, motivações que dirigirão escolhas, decisões ao longo da vida.” Ao permitirmos que a criança cresça carregando uma carga emocional negativa, abre caminho para problemas psicológicas graves, de acordo com Luiz Gustavo (2019) por perceber que os outros estão evoluindo e você não o impacto emocional é inevitável, e causando um prejuízo significativo à vida da criança, justamente por causa da frustração, assim, abaixando sua autoestima, e se não houver as intervenções necessárias tende a piorar cada vez mais.

A ESCOLA E A DISLEXIA Dislexia X escola A escola tem grande importância na vida do aluno, que vai além de compartilhar um conteúdo multidisciplinar para provas e vestibulares, mas também a integração social da criança está sendo uma das principais funções. Uma das fases que mais duram na vida do aluno, podendo interagir com outras crianças, aprender novos conhecimentos, e assim evoluir de maneira saudável. Infelizmente a dislexia é pouco conhecida, mesmo que esta, esteja muito presente nas 17


salas de aulas, por ser pouco discutida, existem professores e agentes da educação que não estejam aptos para identificar ou trabalhar de maneira correta com alunos disléxicos, podendo agravar a situação psicológica do aluno, desencadeando sentimentos como desapontamento, desmotivação e baixa autoestima. O instituto ABCD3 (2019) Enfatiza, “A dislexia e os demais transtornos de aprendizagem não são devidamente conhecidos por professores do ensino básico e/ ou professores universitários, causando dificuldades nas relações entre eles e seus alunos.” Muitos professores não imaginam que um aluno possa ser disléxico ou sofrer com outro transtorno de aprendizagem, já que alguns chegam ao ensino superior sem serem diagnosticados. Consequentemente a dislexia é um dos transtornos mais difíceis de detectar dentro do sistema educacional, impedindo o diagnóstico correto para que haja intervenções, e quanto mais cedo identificado, menos a vida acadêmica será prejudicada e melhor e mais eficaz será o tratamento, e o desenvolvimento cognitivo, inclusive, para que não ocorra o risco deste ficar expostos à rótulos como: preguiçoso, burro, desatento. Dislexia não é uma doença, e não compromete na inteligência da criança, é uma disfunção de aprendizagem que incide somente em uma área específica do cérebro. Porém ainda há uma dificuldade, por afetar uma área que é muito utilizada no ambiente escolar, a

dificuldade na leitura e escrita, pode resultar em notas baixas. Por não reconhecermos esse transtorno de aprendizagem, e padronizarmos o ensino, esses alunos terão problemas com frustração por não se encaixarem neste padrão criado pela escola, gerando também sentimento de indignação e baixa autoestima. Silva afirma (2018, p.5), “Considera-se que o fracasso escolar se constitui em um dos problemas que se caracteriza pela falta de reconhecimento das diferenças existentes entre os alunos nas condições de aprendizagem, na qual se observa vários fatores de ordem psicológica, neurológicas, hereditária, econômica e social.” No Brasil, como descrito pelo Luiz Gustavo (2019) a graduação em pedagogia, fala-se ligeiramente sobre disfunções de aprendizagem, consequentemente o professor, não se torna capaz de auxiliar um aluno disléxico de forma adequada, transformando essa fase, marcante de forma negativa na vida da criança, afetando sua vida social. Preconceito e exclusão O preconceito e exclusão é algo que pode ser presente na vida acadêmica do disléxico, como já mencionado, se não houver as intervenções necessárias, além de prejudicar a vida acadêmica, o aluno estará exposto a comentários com uso de adjetivos ofensivos, afetando sua autoestima e também gerando exclusão do aluno. 18

É frequente o cenário de alunos considerados abaixo de a média serem postergados e esquecidos, a falta de conhecimento ou o Padrão de Inteligência criado pela sociedade, excluem crianças que possuem um funcionamento diferente do normal, Luiz Gustavo (2019) afirma que a falta de conhecimento gera bullying. Outro grave problema é a falta de apoio dos pais, considerados os exemplos da criança e o primeiro contato social, o qual afetaria diretamente suas condições sociais. Ao descobrirem que seus filhos possuem alguma disfunção um preconceito o qual eles precisam lutar contra para que acompanhem e deem o auxílio que seus filhos precisa, o preconceito veem a partir do desconhecimento, por não conhecerem a dislexia, acreditam que seus filhos podem ser burros, ou estarem com frescura. Na escola ao invés de ajudarem os professores podem dificultar por ensinar de maneira padrão, hoje existem direitos a favor dos disléxicos, por serem decorrentes esses cenários de bullying, com a intenção de deixar o sistema educacional igualitário. De acordo com Gustavo (2019), em depoimentos é possivel ver claramente a exclusão, e uso de apelidos de mau caráter contra crianças que possuem uma maneira diferente de aprender, a criança disléxica mesmo possuindo um funcionamento negativo do hemisfério esquerdo, o lado direito é usado com mais frequência tentando compensar a falta do outro lado do encéfalo, consequentemente

a criança disléxica tende a ser mais criativa por criar a capacidade de formar imagens de forma a ajudar na leitura. São crianças inteligentes que pensam diferentes e sofrem com a falta de informação. Bullying. A Lei nº 13.185, em vigor desde 2016, classifica o bullying como “intimidação sistemática, quando há violência física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação. A classificação também inclui ataques físicos, insultos, ameaças, comentários e apelidos pejorativos, entre outros.” O bullying infelizmente ainda ocorre com frequência em todas as escolas no mundo, no Brasil, de acordo com Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2015 - Um em cada dez estudantes é vítima de bullying – anglicismo que se refere a atos de intimidação e violência física ou psicológica, geralmente em ambiente escolar. Ciomara Schneider (2019), psicanalista de crianças e adolescentes, diz que as principais vítimas perseguidas, são as crianças que têm perfil retraído, por apresentarem maiores dificuldades de se expressarem ou de se abrirem na escola. Os casos de bullying costumam ser silenciosos, de forma a piorar a situação, a criança que sofre a perseguição tende a manter em silêncio o caso, não contata a família, nem professores ou agentes da educação que trabalham na sua escola, e existe uma 19


mudança significativa no comportamento da vítima, que podem refletir em notas baixas, aumento das faltas, por isso a necessidade de máxima atenção de pais e professores, o bullying pode trazer graves problemas psicológicos, de baixa autoestima até a depressão, segunda maior causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos de acordo com OMS (2018). Precisamos nos atentar a vida social da criança, cada detalhe é importante para fortalecê-lo e auxiliar para que tenha um futuro saudável, caso ao contrário os casos de bullying continuarão crescendo, e futuros de pessoas estarão comprometidos.

Inclusão social. Um meio de igualar a chance dos disléxicos com seus colegas é a inclusão social, uma política educativa, criada para melhorar a educação, gerar respeito e cidadania, infelizmente por muitos anos a educação era vista como “elitista”, pobres, mulheres e deficientes não tinham seu lugar na escola, segue dados publicados pelo Peter Mittler, em um artigo na revista Pátio (nº 20, 2002), apresentando a realidade mundial que enunciam algumas das facetas do tema da exclusão social no que tange à educação: “· 125 milhões de crianças em todo o mundo não frequentam a escola, sendo que as meninas são dois terços desse grupo;

· 150 milhões de crianças abandonam a escola antes de aprender a ler ou escrever; · 12 milhões de crianças morrem por doenças ligadas à pobreza todos os anos; · Um em cada quatro adultos nos países em desenvolvimento não sabe ler nem escrever; dois terços são mulheres; · Apenas cerca de 1% dos deficientes físicos frequentam algum tipo de escola na maioria dos países em desenvolvimento.” Esses números não diferem no Brasil, infelizmente a revista Estadão afirma que as taxas de exclusão social no Brasil voltaram a crescer entre 1980 e 2000, após essas estatística houve a necessidade de criar alguma estratégia que diminuíssem esses números, então foram criados programas com foco em ambiente escolar, como O Programa ética e cidadania. Mas o reconhecimento de exclusão social era discutido desde o século passado, “Praticamente em toda a história da civilização a educação tem sido para a elite, e as práticas educacionais têm refletido a orientação elitista” (Blankenship e Lilly, 1981). No módulo 4 de Ética e Cidadania; construindo valores e na sociedade (2004, p. 13) , além de elitista, a escola possui dificuldades em adaptar ou gerar uma educação mais flexível, é um desafio que permanece ainda nos dias de hoje, mas com essas dis20

cussões foi reconhecida a importância da inclusão social nas escolas, ao longo dos anos a educação vem evoluindo de forma positiva no âmbito inclusão, este movimento foi sendo adquirido, aumentando o público da escola. Com o passar do tempo, fica evidente a necessidade das diferenças, e a necessidade da proximidade e interação entre alunos de diferentes características, sem discriminação, em ambientes escolares. Como explica Robert Barth, professor de Harvard (1990, p. 514-515): As diferenças representam grandes oportunidades de aprendizado. As diferenças oferecem um recurso grátis, abundante e renovável... o que é importante nas pessoas – e nas escolas – é o que é diferente, não o que é igual. Essas mudanças foram promovendo uma ampla visão sobre diversidade, gerando uma inclusão geral, independente da religião, sexualidade, cor, nacionalidade, classe econômica, ou capacidade em ambientes de aprendizagem e comunidade, não somente levando educação para todos, mas também gerando respeito e apoio mútuo, autorização própria e o aproveitamento das diferenças para melhorar a sociedade. Ao comprovarem a necessidade da inclusão social, foram criadas leis em prol de pessoas portadoras de alguma deficiência física, em 1988, entrou em vigor a primeira lei a prol do público deficiente:

1988: A educação passa a ser direitos de todos, gerando igualdade; Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Direitos dos disléxicos Por muito tempo os deficientes eram considerados a partir de sua condição física, a escola não tinha adaptações para o público, autista, cegos, ou com disfunções de aprendizagem, mas isso vem mudando, em 2016, o senado aprovou a lei de inclusão para deficiente que também abrange o público autista e com transtornos de aprendizagem no meio escolar. O congresso Nacional decreta”: Art. 1º O Poder Público, para aperfeiçoar a política educacional brasileira dos sistemas públicos de ensino, especialmente quanto às ações de sustentabilidade para o processo de inclusão educacional da Educação Especial e da Educação Básica (...) Os direitos aos disléxicos, não são facilidades, mas sim maneira de igualar suas chances com as dos seus colegas, no vestibular, por exemplo, todo disléxico, ao comprovar seu diagnóstico possui o direito de um leitor, uma hora mais de prova, auxilio para 21


transcrever suas respostas. Luís Gustavo (2019) exemplifica: (...) em uma redação o disléxico vai demorar mais do que alguém não disléxico, então se ele tem 30% a mais do tempo isso não é benefício, você está oferecendo uma condição de igualdade, para competir em igualdade (...) Outra razão pelo qual há necessidade de um diagnóstico precoce, quanto antes descobrirmos, além de um melhor resultado com o tratamento, mais rápido poderá ir atrás de seus direitos, ajudando no seu desenvolvimento. Leitura e dislexia A dislexia torna o indivíduo em mau leitor, pelo fato deste transtorno afetar a leitura e escrita, a criança consegue ler mas com dificuldade, não consegue entender com eficiência o que leu, ou confusão com letras na hora de escrever, por isso a necessidade de intervenções, que auxiliem de forma que não o atrasem no seu processo de aprendizagem. Publicado no DSM - IV – TR (2003) A palavra dislexia, de origem grega, onde “dis”, significa “distúrbio” ou “disfunção”, e “léxis”, significa “palavra” ou, em latim, “leitura”. Portanto, é o comprometimento acentuado no desenvolvimento nas habilidades de reconhecimento das palavras e compreensão da leitura.

Figura 1: Leitura de um disléxico

a ler de maneiras diferentes, é comum, por exemplo, perceber que disléxicos sigam pelas áreas de arte, musica, áreas que requerem criatividade, por possuírem essa complicação na leitura, elas se obrigam a procurar outras maneiras de aprender, com isso estimulam o lado direito do cérebro, crescendo uma criança mais criativa.

INTERVENÇÕES NECESSARIAS Ponce (2018) explica: (Fonte: https://www.dislexclub.com/)

Na FIGURA1 podemos entender um pouco de como é a leitura e a dificuldade de um disléxico, felizmente, existem intervenções que podem diminuir essa confusão de letras, Luiz Gustavo (2019) cita algumas como, um espaçamento maior entre as linhas, fontes especificas para esse público, e uma letra maior, essas pequenas alterações ajudam o processo de leitura do disléxico. Mas mesmo com essa dificuldade o cérebro de uma criança disléxica funciona normalmente, mas de maneira diferenciada de uma pessoa sem este transtorno, a questão é pelo hemisfério esquerdo ter essa maior dificuldade, outras áreas passam a compensar essa falta de habilidade, o disléxico aprende 22

O maior diferencial da dislexia é, sem dúvida, a criatividade. Para um disléxico é Em nossa mente a razão perde espaço para a sensibilidade, o simples acumulo de conhecimento pouco vale, o que nos diferencia são as multi-conexões que ficam pipocando em nossa mente. Em outras palavras, o que faz a diferença não é uma montanha de coisas para decorar, mas a maneira pela qual cada um de nós usa o conhecimento que adquire. A criança passa a treinar sua criatividade no momento de leitura e escrita, maneira de encontrar uma solução para sua dificuldade, ela aprender ler e escrever de maneiras inusitadas, a criança disléxica passa a usar a seu favor outros elementos como cores, desenhos, por essa razão que precisamos sempre auxiliar a criança, uma solução seria usar

exercícios multissensoriais de forma a agregar a leitura, consequentemente tornando o ato de ler positivo. Materiais para alunos disléxicos Pode sim uma criança disléxica aprender a ler e escrever, e com o material adaptado facilitará para que ela consiga atingir seus objetivos, as intervenções são adaptações feitas para que auxiliem um disléxico a evoluir normalmente sem que haja consequências negativas no seu futuro, juntamente com profissionais qualificados, elas facilitarão a vida da criança no seu processo de aprendizagem. A questão que temos que nos atentar é o modo de ensino para esse público, como auxiliar um disléxico na leitura se as letras dançam ao seu olhar, e perdem seus significados? A dislexia é um funcionamento diferente do cérebro, que torna o ato de ler desgastante para a criança, de maneira a fazê-la acreditar que ler não pode ser prazeroso, desafiando professores e seus métodos de ensinos. De acordo com Silva (2018): “A inclusão educacional e a aceitação de crianças com distúrbios na sua vida escolar exigem dos professores, a reconstrução do saber da escola, além de melhoria na formação para trabalhar pedagogicamente com a heterogeneidade (...). Esse desafio coloca os educadores diante da necessidade de contemplar novos métodos e técnicas de ensino 23


ao se depararem com uma criança diagnosticada com dislexia e ajudá-la a se desenvolver” Os métodos de ensino convencionais não funcionam com eficiência quando se trata de dislexia, é preciso criar novos meios de ensinar esse público, revisar os meios de avaliações.

teriais escolares podemos buscar apoio em pequenas atividade no dia a dia da criança, além da escola. Figura 2: Aprendendo as horas.

Associação Brasileira de Dislexia (2014) afirma: “O professor deve utilizar elementos visuais (figuras, gráficos, vídeos, etc.) e táteis (como por exemplo, a utilização de alfabeto móvel, massinha e outros) para que a entrada das informações possa ser beneficiada por outras vias sensoriais”. Dessa forma, principalmente no período de alfabetização, o aluno pode compreender melhor a relação letra-som. As aulas devem ser segmentadas com intervalos para exposição, discussão, síntese e/ou jogo pedagógico.0” A melhor maneira de ensinar a uma criança disléxica, é usar recursos visuais, como desenhos, cores, de maneira a prender a atenção dela, e a ajudar com a interpretação das palavras, além de facilitar a memorização, que também se torna uma difícil tarefa para um disléxico, o design de seus materiais tem que ser pensados com cautela, uso de fontes específicas, um espaço maior entre as linhas, e também materiais de apoio, ABD por ser responsável por esse público, criou uma diversidade de materiais que trabalhassem outros sentidos das crianças, além de ma-

Figura 3: Material para disléxicos.

Na FIGURA 2 podemos ver um relógio projetado pela ABD, que mostram as horas e os minutos de maneira mais simples, de forma a facilitar ao disléxico a leitura de horas, são essas pequenas intervenções que farão a diferença na vida da criança, também criaram materiais que ensina o alfabeto com uso de texturas, e réguas que ajudam o disléxico acompanhar as palavras uma por uma FIGURA 3. Os exercícios multissensoriais se mostraram os mais eficazes para ensinar os disléxicos, uma forma de deixar a compreensão de textos menos desafiador a criança, é preciso reconhecer que, especialmente para crianças com dificuldade, as habilidades essenciais para o desenvolvimento da leitura devem ser ensinadas de maneira adequada, pois, caso contrário, essa criança chegará às séries mais avançadas sem conseguir ler e com sérios prejuízos emocionais.

DESIGN PARA DISLÉXICOS

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Uma das funções do designer é achar soluções. E para uma criança disléxica é necessário criar novos métodos visuais, que facilitem e o auxiliem no aprendizado, o design é uma ferramenta indispensável nas intervenções para o auxílio do disléxico. Como já apresentado, quanto mais usar recurso que ativem outras vias sensoriais da criança, melhor será o aprendizado.

Cores. As cores estão presentes no nosso dia a dia, e são importantes para diversas funções, uma delas é de atrair a criança, os livros infantis são repletos de cores e formatos diferentes de forma atiçar a sua curiosidade, segundo pedagoga Márcia Murilo, as cores são percebidas desde os 3 meses de idade, começam a observar que o mundo é colorido, costumam a fixar os olhares em objetos de cores primárias como vermelho, azul e amarelo, a partir de 1 ano e 5 meses as diferenciam, com 2 anos passam a nomeá-las. Os disléxicos, assim como qualquer criança, já estão habituados com as cores, e elas já são usadas a todo o momento principalmente quando se trata do público infantil, em jogos para crianças, nos meios de comunicação, em convites, panfletos, quando o público principal é a criança, tendem a ser extremamente coloridos, no ambiente escolar, é comum ver alunos usarem materiais coloridos de forma a auxiliar o entendimento da matéria as cores promovem estímulos e possuem vibrações próprias. A cor é uma maneira eficiente de ajudar com o aprendizado, na leitura ou escrita, usar desenhos de letras mais elaboradas e agradáveis, geram além de curiosidade, a ideia de que a leitura não é entediante, para um disléxico a leitura pode ser desafiadora por isso usar as cores pode ser um grande aliado ao ensinar uma criança disléxica, é uma metodologia

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simples, que utiliza o próprio meio em que a criança está inserida, combinar cores com o alfabeto, brincar com palavras, números, haverá um resultado positivo ao tratamento, e também tornará a leitura mais dinâmica, e é possível usar essa técnica com uma turma diversificada, gerando inclusão social. Diagramação específica. Outro método, muito utilizado e aconselhado pelo psicólogo Luís Gustavo (2019) é uma diagramação que possa ajudar na leitura de um disléxico. A diagramação é algo que pode facilitar para que não haja confusão no ato de ler “Para o disléxico, o que recomendamos texto com letras maiores, uma fonte específica, mais espaçamento entre as letras.” (Luís Gustavo 2019) existem também algumas formatações que podem atrapalhar na leitura do disléxico, Flavio Santana (2018) cita três tipos de distorções que podem ser causadas por uma diagramação inadequada ao público disléxico.

Na diagramação precisamos evitar algumas situações como na FIGURA 4 que Santana (2018) chama de “Efeito Rio”, que seria uma distorção, que apagam as letras em uma palavra ou texto, e pode influenciar na experiência do disléxico. Uma forma de diminuir, essa interferência, seria evitar na diagramação: o alinhamento justificado, por criar alguns espaçamentos irregulares, podendo deixar os usuários perdidos; Espaços duplos após o ponto final, por causar assimetria entre as palavras. Figura 5: Efeito borrão.

Figura 4: Efeito rio.

(Fonte: https://designculture.com.br/)

(Fonte: https://designculture.com.br/)

Outra distorção classificada por Flavio Santana (2018) é o efeito borrão (FIGURA 5) que são quando o visual do texto parece borrado, ou comprimido, e tem como causa o uso de muitas palavras, consequentemente para que não ocorra essa deformação, evitar parágrafos longos, ou texto preto sólido em um fundo branco. 26

Figura 6: Efeito lavagem.

de significa “qualidade de legível”, ser legível é: legível le·gí·vel adj

(Fonte: https://designculture.com.br/)

E a terceira distorção apontada, é o “Efeito lavagem” (FIGURA 6) causado pelo excesso de formatação, esse efeito ocorre quando há uso de fontes serifadas em textos longos, e palavras em itálico, causando uma visão fraca e falha do texto e, portanto diminuindo a velocidade da leitura e tornando mais difícil a identificação de certas palavras, uma forma de evitar utilizando fonte seguras para esse público, já existem fontes projetadas especificamente para pessoas com dislexia, e para dar ênfase a alguma palavra no texto preferir utilizar negrito ao invés de itálico.

“1. Diz-se de texto ou impresso que, por ser escrito em caracteres nítidos, bem visíveis e distintos, se pode ler com facilidade: Seus textos manuscritos são legíveis, embora sua letra seja muito feia.” Para a criação de qualquer peça gráfica é necessário atenção na diagramação do mesmo, é preciso manter uma boa legibilidade, desde pequenas alterações é necessário atenção nesse aspecto, e para o público disléxico é inevitável as adaptações, o que pode ser legível para uma pessoa não disléxica, é capaz de ser completamente ilegível para a pessoa disléxica.

Legibilidade Para um designer a Legibilidade é fundamental para um bom texto, é a base para qualquer livro, jornal ou revista, cada um com sua diagramação específica o significado de acordo com dicionário Michaelles, legibilida-

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Título: Alex Green. Autor: Anderson Almeida.

aNÁLISES DE SEMELHANTES

Editora: Independente.

Ano: 2017. Idioma: Português. Nº de páginas: 64.

País de origem: Brasil 28

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Sobre a História: conta a história de Alex, um garoto que quer se tornar mago, mas não consegue aprender magia de forma convencional, porque é disléxico. Na publicação de 64 páginas e miolo preto e branco, Alex ganha e perde seus poderes mágicos, embarcando em uma viagem ao redor do mundo para recuperar a magia. Lançada durante a CCXP (Comic Con Experience) 2017, é uma História em quadrinhos, possui 64 páginas, com desenhos estilo Cartoon, possui capa colorida e o miolo em preto e branco. Na capa as cores são fortes e chamativas, o título se dá pela cor predominante no personagem, verde. Não possui textos, nem falas e somente alguns detalhes com letras que comprovam a dificuldade do personagem principal

com a leitura. A história pode ser adquirida no site da HQ (http://alexgreen.com.br/) por R$ 15,00 Sobre o Autor: Anderson Almeida, conhecido como Mr. guache, disléxico, é ilustrador e roteirista, cria e desenvolve conteúdo para ilustração, histórias em quadrinhos, animação e TV. Em 1999, trabalhou como colorista na graphic novel “A estranha turma do Zé do Caixão”, da Brainstorm Editora. Em 2011, foi indicado ao 23º Prêmio HQ mix na categoria ”melhor webcomic”, com o álbum “Zeladores”, desenvolvido em parceria com Nathan Cornes. Atualmente trabalha no desenvolvimento de séries e animações para a TV e Web.

Figura 8: Processo Alex Green. Título: João presta atenção.

dioma: Português.

Autor: Patricia Secco

Nº de páginas: 20.

Editora: Modelo. País de origem: Brasil Ano: 2005.

(Fone: http://alexgreen.com.br/) 30

Formato: A5 (148x210mm) Capa: Papel Cartão 250g/m² Miolo: Papel couché 145 g/m²

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Figura 10: Miolo João, preste atenção.

Sobre a história: João, considerado o mais burro da escola, um aluno que acaba de ser aprovado no semestre e está muito feliz, e conta seu processo escolar e o porquê odiava ir à escola até descobrir que era disléxico e com o apoio de sua mãe e professora conseguiu, finalmente, tirar boas notas. A História é em primeira pessoa, com textos curtos, e fonte maior, um livro distribuído gratuitamente pela Associação Brasileira de dislexia, seu público alvo, são crianças diagnosticadas disléxicas, maneira que a ABD encontrou de explicar a criança o que é dislexia. História curta, ilustrado pelo Edu A. Engel. Sobre Autor: Formada em Administração de Empresas, trabalhou no mercado financeiro durante 12 anos. Quando seus dois filhos nasceram, ela resolveu dar uma guinada na carreira. Convencida de que só o investimento na Educação das crianças pode resultar em um mundo melhor, resolveu contribuir realizando o que gostava e sabia muito bem: escrever livros. Seus livros abordam temas cidadania, inclusão social e meio ambiente. Título: Osmar, o cãozinho que trocava as letras.

Ano: 2014. Idioma: Português.

Autor: Patricia Secco

Nº de páginas: 20.

Editora: Blu.

Formato: 264 x 264mm

País de origem: Brasil

(Fonte: http://livro.educardpaschoal.org.br/ ) 32

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Sobre a História: Esta obra faz parte de uma série de livros que abordam o tema da inclusão social associada ao da aceitação das diferenças e diversidades, procurando aproximar os pequenos leitores de alguns universos sociais, como o da dislexia. Osmar um cãozinho que possui um distúrbio de aprendizagem, e que se esforça muito para não trocas as letras, ele é inteligente e se descobre um ótimo artista. O livro é em terceira pessoa, a série usa animais como personagens, possui texto com fontes maiores e arredondadas, parágrafos de até seis linhas, a séria aborda temas de diversos assuntos, como surdez, problemas de fala, morte, entre outros com a função de ajudar na aceitação e inclusão e ensinar sobre a diversidade de forma didática

as crianças. Sobre o autor: por ser uma série de livros são diversos autores, o de Osmar, o cãozinho que trocava as letras é Cristina Klein, licenciada em Letras, bacharel em Comunicação Social - Jornalismo e pós-graduada em Educação atua na área editorial há 20 anos. É revisora, tradutora, autora de peças teatrais e de livros infantis com circulação nacional. Como escritora, tem tematizado assuntos que versam sobre valores, inclusão social e bullying, entre outros. Também escreveu livros ecumênicos e paradidáticos, como minigramática e dicionário de inglês. É autora da marca Patati-Patatá.

Figura 12: Coleção trabalhando as diferenças e a inclusão social

A coleção (FIGURA 12), trabalhando as diferenças e a inclusão social possui seis livros que são: Sofia, a ursinha vitoriosa. Lívia, e a mudanças que a vida traz. Davi, um coelhinho especial. Clara, a ovelhinha que falava por sinais. Beco, um patinho muito fofo. Osmar, um cãozinho que trocava as letras.

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CONCLUSÃO Ao analisar estes trabalhos inclusivos para o público infantil, podemos concluir que uso de cores são imprescindíveis no conteúdo infantil, em terceira pessoa, com pouco texto, no saco de Alex Green (2017) podemos observar um conteúdo bem explicado, sem uso de textos, nos outros dois exemplares, os texto usam fontes específicas para disléxicos, e a fonte maior e uso de parágrafos curtos, e com um maior espaço entre as letras, de maneira a ajudar a criança com dislexia ler com mais facilidade. 35


Dislexia é um transtorno, que segue presente no meio da população. Por meio de esntrevistas, e pesuisa, uma maneira que encontrei, de alcançar mais crianças e ensinar sobre o assunte, seria um livro. Um livro que mostrasse a visão de um disléxicos, apresentando as dificuldades que uma criança com dislexia tem ao ler, para passar essa visão e prender a atenção da criança, fiz um livro com interações, para ajudar no atendimento das dificuldade da leitura, brincando com as letras. Por ser um livro complexo pesquisei alguns livros que falam de assuntos mais sérios mas também de forma organica, e didática ao público infantil. alguns que me ajudaram na confecção do produto.

O PRODUTO 36

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O tituto rscolhido foi: A dança das letras uma forma de explicar o que é dislexia para as pessoas é dizendo que na visão de um dislexico as letras dançam, atrapalhando seu desempenho na leitura. também eu uso essa ideia das letras dançarem nas interações, as quais as crianças poderão brincar e ver as letras dançarem .

as interações As interações foram maneiras que escolhi para deixar o livro mais interessante para as crianças, de maneira a prender sua atenção, e também um meio que me ajudou a explicar melhor as dificuldades de um disléxico, foram 4 dificuldades escolhidas para explicar a danças das letras , além de ajudar no aprendizado das palavras, leitura e escrita, as palavras escolhidas foram baseada na musica “Criança não trabalha, criança da trabalho” de Palavra cantada, por fazerem parte do cotidiano infantil.

Testes das interações

1º rascunhos

Primeira parte do trabalho, rascunhos.

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personagem Um dos motivos por ter escolhido esse tema, foi por eu ser diagnosticada com dislexia, quando crinaça, e o quanto a falta de informção atrapalha no aprendizado e no social, a personagem do livro é baseada em mim mesma, e na “minha visão” como disléxica, este livro seria um depoimento meu, a personagem foi baseada em mim mesmo, se chama Rebecca, e ela tem como função apresentar a sua visão.

apresento a vocÊs rascunho personagem

REBE CCA

MEMORIAL DESCRITIVO O tema escolhido foi a dislexia para crianças, cujo o titulo do produto é “A dança das letras rementendo às dificuldades de uma criança dislexica com a leitura, com interações que mostram como é a visão de um dislexico de maneira divertida e didática. Por ser um público infantil, a escolha dos materiais foram intencionais,

Diagramação O texto foi feito de maneira orgânica, sem seguir um grid, de forma a brincar com a idéia das letras que dançam.

Formato: Aberto:40x20cm Fechado: 20x20cm A capa: Impressão digital Capa dura para ter uma maior durabilidade Impressão colorida Miolo: Impressão digital total de páginas: 22 papel: couché 250g Empastamento cola PVA 4X0 cores.

personagem baseada em mim na época em que fui diagnosticada. As bochechas eram marcas registradas Cabelos cacheados gordinha. e uma das minhas blusas preferidas quando criança era branca com listras rosas 40

Por possuir 4 interações, foram escolhido papel couché 250g o que facilita na montagem, e também no momento de uso das interações na interção que uso transparência, é utilizado paginas finais papel vegetal. 41


Fonte

Interações

Nome da face de tipos: OpenDyslexicAlta

Para as interações, foram usadas couché 250g faca especial

abcdefghijklm nopqrstuvw xyz ABCDEFGHIJK LM NO PQ R ST UV W X Y Z 1234567890.:,; ‘ “ (!?) + -*/=

Página

facas interações

Nome da face de tipos: Gloria Hallelujah

abcdefghijklm nopqrstuvwxyz ABCDEFGHIJKLM NOPQ RST UVW XYZ 1234567890.:,; ‘ “ (!?) +-*/= As fontes foram escolhidas, de acordo com o público alvo, de forma que não atrapalhe a visão da criança dislexicas e não dislexica. OpenDyslexic é uma fonte específica para dislexicos, usei caixa alta em todo o produto, para ficar mais fácil ao decifrar as letras. Gloria Hallelujah, foi usado nas interações para não haver confusão, e também chamar a atenção em palavras chaves, como o nome da personagem, a palavra dislexia.

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Página

facas interações

produto final 44

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pรกgincas capa

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referĂŞncias 48

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ALMEIDA, L.R. “ Wallon e a educação “. In: ALMEIDA, L.(org.) e MAHONEY, A.A. (org.). Henri Wallon - Psicologia e Educação. São Paulo, SP: Edições Loyola, 2ª edição, 2002. ARÊAS, Celina Alves. Função Social da Escola. [S. l.], 2008. Disponível em: http://portal.mec. gov.br/. Acesso em: 9 abr. 2019. ARISTIDES VOLPATO CORDIOLI. DSM- IV- Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Filadélfia: Artmed, 2003. ARRUDA, Marco Antônio et al. Inclusão Baseada em Evidências Científicas. Recomendações específicas/Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), São Paulo, 2014. Disponível em: http://www.dislexia.org.br/. Acesso em: 22 abr. 2019. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISLEXIA. O que é Dislexia. São Paulo, 21 nov. 2012. Disponível em: http://www.dislexia.org.br/. Acesso em: 18 mar. 2019. BASTOS, A.B.B.I. & DÉR, L.C.S. Estágio do personalismo. In MAHONEY, A.A. e ALMEIDA, L.R. (org), Henri Wallon, psicologia e educação. SP: Edições Loyola, 2002. Cunha, M. I. O bom professor e sua prática. Campinas, Sp: Papirus Editora, 14ª edição, 2002. DETERMINANTES Sociais e Riscos para a Saúde, Doenças Crônicas Não Transmissíveis e Saúde Mental. Folha informativa - Suicídio, [S. l.], 2018. Disponível em: https://www.paho.org/ bra/. Acesso em: 16 abr. 2019. ESTADÃO. Pesquisa mostra aumento do índice de exclusão social no Brasil. Exclusão Social, São Paulo, 20 maio 2003. Disponível em: https://politica.estadao.com.br/. Acesso em: 20 abr. 2019. GODOY, Darlene. Abordagens para Melhorar a Aprendizagem dos Disléxicos. SP, 2018. Disponível em: http://www.dislexclub.com/. Acesso em: 22 abr. 2019. HARTWIG, Leonard. Compreender a dislexia um guia para pais e professores. Portugal: Porto Editora, 2003.

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Entrevista: Luiz Gustavo V. Simi | Psicólogo / Pesquisador (ABD-Associação Brasileira de dislexia). O que é dislexia? “A dislexia, hoje, é classificada como transtorno do neurodesenvolvimento, o que se refere às áreas de leitura e escrita.” Em que momento é dislexia? “Sendo um transtorno de aprendizagem específico de leitura e escrita, mas fato é, os sintomas vão impactar diretamente as áreas de leituras específicas.” Trocas de letras específicas? Como EF, 4A? Sim, são as letras similares, então o M e o N, P e Q. Não é uma regra mas é comum essas trocas, e essas trocas acontecem por conta do funcionamento cerebral, a dislexia não é uma doença, portanto não tem cura, é um transtorno específico de aprendizagem, então isso se refere de fato ao funcionamento cerebral, o cérebro funciona de uma maneira diferente, tudo que se refere a aprendizagem para nós, se passa no hemisfério esquerdo do cérebro os disléxicos hoje, através de pesquisas de imagem, de ressonância magnética funcional por exemplo, quando submetidos às atividades de leitura e escrita, verifica-se que não há ativação do hemisfério esquerdo, entretanto ativa as outras áreas do cérebro que não são responsáveis por desempenhar essa tarefa, e isso faz com que em leitura ou escrita, existam essas trocas essas omissões, inversões, atividade de leitura, por exemplo é muito mais desgastante para um disléxicos, porque o funcionamento cerebral dele é diferente, então ele está usando áreas que não são responsáveis por essas atividades, e por isso causa essas dificuldades. Então com essa dificuldade no hemisfério esquerdo, o hemisfério direito é mais forte? É a neuroplasticidade, quando uma determinada área do nosso cérebro não funciona como deveria, há um mecanismo compensatório, então as outras áreas assumem atividades de fato não responsáveis por isso, isso faz com que existam outros caminhos para desempenhar essas atividades. Criança nasce com dislexia? é hereditário?

apêndices 52

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É neurobiológico, então aqui (ABD) dentro dos casos dos disléxicos avaliados pela ABD de 100% deles, 80% existem casos genéticos e hereditários, ou seja, 8 a cada 10 possui tem algum na família, não só mãe ou pai, mas vó, avô, primo.

A maioria dos pacientes vem encaminhado, profissionais de saúde encaminham, como médicos, neurologistas, neuropediatras, psiquiatras, geneticistas, profissionais da educação, a maioria dos pacientes veem por encaminhamento, mas você adulto, tiver a necessidade de saber o que você tem, o que  causa suas dificuldade, você pode vir por conta própria.

A dislexia vem acompanhada com outra disfunção?

Como explicam para uma criança o que é a dislexia?

De 100% que avaliamos entre 70% e 75% tem uma comorbidade, é quando tem outro transtorno de aprendizagem associado ao mesmo indivíduo, a minoria são disléxicos puros, que possuem somente dislexia

Mais ou menos, claro, com uma linguagem muito mais acessível, o disléxico são inteligentes, a inteligência na média ou acima da média, então eles percebem que tem uma dificuldade, eles percebem que não conseguem desempenhar uma tarefa que os demais colegas da mesma idade conseguem, e isso frustra, mesmo criança, e se não tiver o diagnóstico e as intervenções necessárias, essa frustração pode desencadear um problema emocional muito maior, conforme o desenvolvimento desse indivíduo, então para uma criança o que a gente fala, primeiro: você não é burro, segundo: o seu cérebro funciona de uma maneira diferente, e agora você vai precisar de um suporte fora da escola, para que você consiga se desenvolver no mesmo ritmo que seus colegas, você colocando dessa maneira, por serem inteligentes, eles compreende.

O público que mais observo na ABD são crianças, Existe também tratamento para adultos? Não tem uma idade limite para o diagnóstico, o nosso público maior, de fato é infantil, do 3º ao 7º ano, representa 70% do nosso público, mas, adultos também são avaliados, então como se trata de um transtorno específico de leitura e escrita a gente só pode concluir um diagnóstico de dislexia, depois que o indivíduo estiver alfabetizado, então, antes da alfabetização, ou seja, 5, 6 anos de idade a gente pode ver alguns sintomas, e dependendo da árvore genealógica desse indivíduo, por exemplo, é filho de dislexia ou neto, a gente já pode fechar uma criança de risco, já recebe as intervenções necessárias, para minimizar os impactos desses sintomas, mas, de fato, não há uma idade limite, já avaliamos idosos de 70 anos. Como é o tratamento? Para dislexia, não existe tratamento, não há cura, costumamos dizer, e de fato são feitas intervenções, então, intervenção fonoaudiólogo, intervenção psicopedagógico, isso sim, absolutamente positivo para o disléxico, ou fono ou psíquico pedagoga, vai depender muito das características do indivíduo. Por que fono? Porque se refere à linguagem, linguagem não só oral, as relações letra e som, e a psicopedagoga, por conta das questões acadêmicas, pedagógicas. Estratégia de estudos. Encaminhamento da escola? E os adultos? 54

As crianças disléxicas tendem a ser mais criativas? Isso é a neuroplasticidade na prática, já que nosso cérebro não funciona muito bem para leitura e escrita, em caso de dislexia, outras habilidades são desenvolvidas que em neurotípicos, normais, não são, por exemplo, muitos disléxicos têm um lado artístico, outros pintura, outras músicas, outros artes cênicas, existem diversas outras áreas, sociais, familiares ou individuais que são muito mais desenvolvidas do que nos demais, é mecanismo compensatório. Mas também são diversos casos, com sucesso que são engenheiros, advogados, TI, então a dislexia não é um fator impeditivo para absolutamente nada, vai causar dificuldades significativos na leitura e escrita, mas com atendimentos profissionais especializados você consegue encontrar caminhos e recursos para se desenvolver.

Sobre a falta de conhecimento sobre a dislexia nas escolas? Nós aqui da associação, tentamos passar para os pais, público em geral, que o que mais faz 55


sofrer, quem tem dislexia ou qualquer transtorno de aprendizagem é a desinformação. A desinformação social: Você pode perguntar para 10 pessoas na rua qual a diferença entre a dislexia e TDAH, por exemplo, não vão saber. Para profissionais da saúde a desinformação também se faz presente, e dentro das escolas também não é diferente, aqui no Brasil, a formação em pedagogia, a graduação, passa pelos transtornos de aprendizagem, não se aprofundam nas técnicas, estratégias de ensino, adaptações curriculares e tudo mais. Então os professores que têm essa informação, que tem essa sensibilidade procuram fora da sua formação essas informações, aqui na ABD formamos profissionais, do Brasil inteiro, capacitando esses profissionais. Essa desinformação está presente seja escola pública ou particular, tanto escolas, cursinhos, universidades, em qualquer lugar. A realidade é essa, ainda e não mudou, infelizmente. Intervenções necessárias quais são? Para o disléxico, o que recomendamos texto com letras maiores, uma fonte específica, mais espaçamento entre as letras, evitar “pegadinhas”, por exemplo, questões alternativas, 30% do tempo a mais para fazer uma prova, para muito disléxico isso ajuda muito, exemplo em uma redação o disléxico vai demorar mais do que alguém não disléxico, então se ele tem 30% a mais do tempo isso não é benefício, você está oferecendo uma condição de igualdade, para competir em igualdade, essa são algumas adaptações que a gente sugere entre outras. Os direitos do disléxico vale em todo o território brasileiro? vale em outros países? As leis de inclusão é federal, ela vale para todo o Brasil, mas em Cuiabá, por exemplo, tem leis específicas para disléxico só em Cuiabá, por ser lei municipal, em cada município pode ter leis distintas para disléxicos. E a ABD é uma “Global partner” da International dyslexia association, trabalham com associação de dislexia a nível mundial, então por sermos parceiros da IDA, o laudo técnico da ABD vale no mundo inteiro, e se for conclusivo, fechamos o diagnóstico de dislexia, é permanente, não precisa refazer. Preconceito dos pais, depois do diagnóstico? O que vemos, é assim, por 80% dos casos terem uma carga genética, hereditária muitos pais ou mães, passaram pela mesma coisa, sofreram e conseguiram chegar onde precisavam 56

chegar, então quando veem o filho nas mesmas condições, é completamente natural que se ele não tiver essa informação sobre a dislexia, e como lidar com ela, é natural que pensem e tenham atitudes de “como eu consegui passar, ele também vai conseguir”, mas isso causa um prejuízo emocional significativo, justamente por causa da frustração, então abaixe sua autoestima, baixa sua confiança. tudo por causa da desinformação. A dislexia pode levar alguma doença psicológica? É secundário, por você falhar nas atividades de leitura e escrita, os impactos emocionais são inevitáveis, então você ver as pessoas da sua sala indo pra frente e você não, é frustrante, com o tempo se não houver as intervenções necessária, tende a piorar cada vez mais, então é muito comum, por exemplo, quando diagnosticamos um adulto, eu costumo perguntar qual o sentimento, é alívio. Porque acaba, já adulto, ver que não é burro, é como se tirasse a carga das costas dessa pessoa, porque você dá nome para a dificuldade que ela tem. As crianças reclamam de bullying? Crianças são malvadas, não tem o filtro, tais como nós adultos, e sim, e acaba prejudicando muito o emocional e no desenvolvimento, uma criança que sofre com bullying, rotulados como burros, preguiçosos, incompetentes, infelizmente isso acontece muito. Sobre o livro João presta atenção, como chegaram na ideia de fazer um livro infantil? É a ideia de passar para a sociedade de forma lúdica e prática do que seria isso, nesse sentido, um material simples, não tem nenhum recurso absurdo, porém é didático, e faz se colocar no lugar do João, o objetivo é sensibilizar. Por que o público infantil? Para os pais lerem com as crianças. Diagnóstico precoce? O ideal é que seja antes mesmo da alfabetização, para que você comece intervir precocemente, quanto mais cedo for feitas as intervenções melhor será o resultado, é tão importante quan57


to fazer a avaliação cedo, é fazer uma boa avaliação isso significa que deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, quando a gente recebe um paciente com dificuldade, a origem dessa dificuldade é multifatorial, pode ser diversas causa, já pegamos diversos casos, com suspeita de dislexia, fez uma avaliação no oftalmologista, que nós pedimos os exames e descobriu que era miopia, comprou uns óculos, colocou na carteira da frente, o problema acabou, então a avaliação multidisciplinar vem nesse sentido, a gente avalia cada uma das esferas que fazem parte desse desenvolvimento. Pessoa de baixa renda e ABD? Não há um sistema único de saúde em transtorno de aprendizagem no brasil, então a ABD tem a responsabilidade de cumprir com essa ausência, que é federal, então a gente atende através do atendimento social, alunos que estejam matriculados na rede pública de educação, a gente só não pode, atender a todos de forma gratuita, porque não daríamos conta da demanda, não dá, temos uma única sede em são Paulo, e atendemos o brasil inteiro, é humanamente impossível, então precisamos colocar critérios, uma delas é tem que estar matriculado numa instituição de ensino, porque a gente entende que um diagnóstico bem feito como é daqui da ABD, será muito mais útil e fundamental para quem esteja estudando no que para alguém, que simplesmente quer matar curiosidade, ai pedimos uma série de documentações para comprovar renda e despesa dessa família, e a gente adequa o plano de atendimento a necessidades dessa família, o objetivo é todo mundo ser atendido. Qual a porcentagem de pessoas com dislexia no Brasil? A IDA estima que 10% da população mundial tem dislexia, dentro de sala de aula é o transtorno com maior incidência, 60% dos disléxicos mundial, não têm diagnósticos e nem sabem que são disléxicos.

anexos 58

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ANEXO I – A LEGISLAÇÃO REFERENTE AOS DISLÉXICOS O congresso Nacional decreta:

ANEXO II - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DE PARTICIPAÇÃO DE PESQUISA.

Art. 1º O Poder Público, para aperfeiçoar a política educacional brasileira dos sistemas públicos de ensino, especialmente quanto às ações de sustentabilidade para o processo de inclusão educacional da Educação Especial e da Educação Básica, conferirá a necessária atenção aos seguintes aspectos: I – planejamento necessário para o favorecimento do desenvolvimento e aprendizagem do aluno, levando-se em conta as mobilizações indispensáveis ao atendimento das necessidades educacionais especiais de cada um, voltadas para a permanência e o sucesso escolar daqueles alunos com distúrbios, transtornos e/ou dificuldades de aprendizagem; II – formação continuada de professores para identificação precoce e desenvolvimento de abordagem pedagógica especializada para crianças e adolescentes com distúrbios, transtornos e/ou dificuldades de aprendizagem; III – difusão entre todos os demais profissionais e áreas da educação do conhecimento sobre os distúrbios, transtornos e/ou dificuldades de aprendizagem, sua detecção e encaminhamento para tratamentos especializados; IV – desenvolvimento de processos diagnósticos, englobando múltiplas avaliações que possibilitem a coleta de dados diferenciados e complementares constituintes de subsídios para a compreensão do desempenho do aluno; V – conscientização da necessidade de combate contínuo à exclusão ou estigmatização dos alunos com distúrbios, transtornos e/ou dificuldades de aprendizagem; VI – abordagem sobre o papel e a influência da família e da sociedade diante dos distúrbios, transtornos e/ou dificuldades de aprendizagem; VII – envolvimento dos familiares no processo de atendimento das necessidades específicas para o desenvolvimento das habilidades escolares e os desafios do ato de aprender; VIII – busca pela ampliação do atendimento especializado disponível para que possa vir a contemplar os casos de distúrbios, transtornos e/ou dificuldades de aprendizagem.

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC BACHARELADO EM DESIGN GRÁFICO

DISLEXIA E INFORMAÇÃO AO PÚBLICO INFANTIL Rebecca Guimarães design gráfico 2019

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

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