ANO II NÚMERO 9 RIO GRANDE DO SUL JUNHO | JULHO | 2015 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
INFORMAÇÃO COM PROPRIEDADE
A BATALHA DO TRIGO Airton Becker
Presidente da XIIº Fenatrigo e do Sindicato Rural de Cruz Alta
n TRITICULTURA O trigo e as incertezas de mercado
n MANEJO Doenças e pragas podem afetar a Junho e Julho | 2015 | Rio Grande do Sul produção de alimentos?
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n SOJA Uma safra para ninguém | 1 Ano II | nº 9 botar defeito
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CIRCULAÇÃO
EDITORIAL
Crise e o agronegócio
E
stamos terminando o primeiro semestre de 2015, os números da economia brasileira causam muita apreensão, a crise está estabelecida e, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 0,2% de janeiro a março deste ano, em comparação com os três últimos meses de 2014. A inflação está acima da meta, passando dos 8%, a taxa SELIC é de 13,75%, número que não víamos desde janeiro de 2009 e, segundo informações do Infomoney, a expectativa é que passe dos 16% até o fim deste ano, o dólar está valorizado com estimativas de estabilização em R$ 3,30 e o desemprego chega a 8%. Na contramão da economia a agricultura foi o único setor que cresceu em 2015 (4,7% no trimestre), principalmente pelo desempenho da safra e das exportações da soja, que em maio atingiu o maior volume já embarcado em um único mês. Mas a crise também está afetando o setor, que já está vendo os custos da produção subirem mais de 35%, impulsionado pelos insumos cotados em dólar. Além do aumento nos custos de produção há expectativa de El Niño, e receoso com o baixo preço o produtor reduzirá às áreas de Trigo em até 40%, notícia muito negativa para Triticultura Gaúcha, que após a frustração da safra 2014 tinha expectativa de um cenário mais positivo este ano. Em contraponto, haverá um aumento da área plantada de Cevada que tem um risco maior, mas está com preço garantido, conforme matéria realizada para esta edição. A crise assusta, fecha muitas portas, mas faz parte dos ciclos econômicos e sabemos que o Brasil, principalmente pelo seu potencial agrícola, tem condições para transpor este período e sair fortalecido. São momentos como este que servem para organizar a casa, rever os custos, os processos e ajustar os investimentos no que realmente é necessário.
Boa Leitura Leonardo Wink
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CIRCULAÇÃO #edição 9 #Ano II #junho e julho Editora Riograndense CNPJ 17.965.942/0001-07 Inscrição Municipal 66829 Endereço Rua Cacilda Becker, 30 Boqueirão Cep 99010-010 Diretor Leonardo Wink Jornalista Responsável Cecília Laner (MTB 13.342) Jornalistas Fabiana Duarte Rezende Cecília Laner Colunistas
Gilberto Cunha Elmar Luis Floss Projeto Gráfico e Diagramação Cássia Paula Colla Revisão Débora Chaves Lopes Comercial Leonardo Wink Impressão Gráfica Sul Oeste Contatos leonardowink@destaquerural.com.br redacao@destaquerural.com.br
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ESPECIAL TRITICULTURA
ÍNDICE
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Na linha de frente pela valorização do trigo gaúcho
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O trigo e as incertezas de mercado
Canola: Uma alternativa para investir nesta estação Cevada no inverno e cerveja gelada no verão
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Doenças e pragas podem afetar a produção de alimentos?
Uma safra para ninguém botar defeito
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Cambaí: a marca da evolução no campo
Sua lavoura protegida contra as principais doenças, por mais tempo.
Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e restos de produtos. Incluir outros métodos de controle dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Uso exclusivamente agrícola. Registro MAPA nº 9210.
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CT& Bio
Gilberto Cunha
gilberto.cunha@embrapa.br
Pesquisador do Laboratório de Meteorologia Aplicada à Agricultura - Embrapa Trigo
A GUERRA BIOLÓGICA CONTRA OS PULGÕES DO TRIGO
S
ão poucos aqueles que ainda se lembram das “nuvens” de insetos que empestavam os para-brisas dos automóveis que cruzavam as rodovias das regiões do Planalto e Missões do Rio Grande do Sul, nos anos 1970. E que, no meio rural, não poupavam nem mesmo as vidraças das casas situadas nas proximidades de lavouras. Eram os pulgões ou afídeos, cujo grupo de insetos, representado por espécies exóticas, sem inimigos naturais locais, acompanhando a expansão das lavouras de trigo, grassavam livremente no nosso meio, como de resto em todo o ConeSul da América do Sul, a tal ponto de se tornarem a principal espécie praga para o cultivo desse cereal no Brasil. Os pulgões são insetos pragas importantes em agricultura, quer seja tanto pelos danos diretos que causam com a sucção da seiva das plantas quanto pela transmissão de fitopatógenos, especialmente o vírus do nanismo amarelo (com destaque para BarleyYellowDwarfVirus-BYDV e Cereal YellowDwarfVirus-CYDV). A situação era insustentável para a triticultura gaúcha nos anos 1970. Os prejuízos causados pelos pulgões no trigo eram vultosos. De duas a quatro aplicações de inseticidas eram realizadas nas lavouras, com custos e danos ambientais elevados, e sem êxitos aparentes. A situação começou a mudar em 1977, quando o Dr. Walter F. Kluger, que era diretor de um Projeto da FAO, entãoexecutado em parceria com a Embrapa em Passo Fundo, 6 |
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participou no Chile de uma reunião sobre “Controle Integrado de Pragas” e de lá trouxe como sugestãoà Chefia do Centro Nacional de Pesquisa de Trigo, que convidasse o Dr. Robert van den Bosch (1922-1978), que era oadministrador da Divisão de Controle Biológico do Departamento de Entomologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley/USA, para vir a Passo Fundo e avaliar a situação do problema causado pelos pulgões em trigo no Brasil. A sugestão, felizmente, foi acatada pelo Chefe-Geral da época, Dr. Ottoni de Sousa Rosa. A visita do Dr. Robertvan den Bosch foi realizada e, na ocasião, foi acertadaa contratação do consultor Andrew Paul Gutierrez, pesquisador da Universidade da Califórnia, que veio a Passo Fundo em dezembro de 1977, dando inicio à estruturação de um programa integrado de controle de pulgões em trigo; que começaria a ser posto em prática a partir de 1978. O problema era claro: os pulgões, sendo pragas exóticas(oriundas da Europa e da Ásia), não possuíam inimigos naturais locais (pelo menos em população suficiente para fazer frente ao avanço dessa praga), e proliferavam livremente no sul do Brasil. E assim foi que, em julho de 1978, começou, efetivamente, um dos mais notável e bem-sucedido exemplo de controle biológico de pragas na agricultura mundial:o controle biológico dos pulgões do trigo no Brasil. O modelo proposto foi o clássico: in-
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trodução, criação massal e liberação de inimigos naturais no ambiente. Entre o s inimigos naturais dos pulgões, destacam-se osmicroimenópterosparasitos (parasitoides), popularmente chamados de vespinhas, que ovipositamdentro do corpo dos pulgões, do ovo eclode a larva, que se alimenta do conteúdo interno do pulgão, onde também ocorre a fase de pupa, levando o hospedeiro à morte em cerca de uma semana; além de alguns insetos predadores (joaninhas, por exemplo). No caso brasileiro, foi priorizado o uso de parasitoides. Coletas desses parasitoides foram realizadas na Europa e no Oriente Médio, em julho de 1978, pelo coordenador do projeto L.A.B. Salles e pelo consultor A.P. Guttierrez. A maior parte das coletas e remessas para o Brasil foi realizada com a intermediação de laboratórios do Departamento de Agricultura dos EUA, um com sede na França e outro na Itália. Adicionalmente, remessas também foram realizadas a partir do Chile, via o insetário da Estação Experimental La Cruz/INIA. A primeira introdução de parasitoides de pulgões no Brasil deu-se em 29 de agosto de 1978, pelo Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre/RS. A partir desse momento, em Passo Fundo, começaria um memorável trabalho de pesquisa científica básica aplicada, que revolucionaria o controle de pulgões nas lavouras de trigo no Brasil.
CULTURAS DE INVERNO
Canola:uma alternativa para investir nesta estação Grão é considerado uma ótima opção para rotação de culturas
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ão há quem não se encante ao passar por perto de uma plantação de canola durante o período de floração. As flores amarelas enchem de beleza as lavouras gaúchas, além de ser uma alternativa para os produtores rurais como cultura de inverno. No último ano a oleaginosa foi cultivada em 40 mil hectares somente no Rio Grande do Sul, que respondeu por 80% de toda a produção nacional. Na região norte do estado cerca de 20 mil hectares foram destinados à canola, segundo o agrônomo da empresa de biocombustível BSBIOS, Olivan da Silva. A empresa, com sede em Passo Fundo, estimula os produtores a investir neste grão através de acordo firmado, no qual a BSBIOS se compromete em comprar a produção de canola com o valor de mercado da soja. “A garantia de venda e de preço do produto é o que estimula os agricultores a investir na cultivar”, explica Olivan, pois, diferente do trigo, o produtor não precisa se preocupar
com a qualidade do grão. Se a venda é certa, por que poucos agricultores apostam nesta oleaginosa (já que a área destinada a ela é bem inferior às áreas cultivadas com outras culturas de inverno)? Conforme o agrônomo, o que assusta é o alto custo de produção. “A canola exige adubação pesada para o seu bom desenvolvimento. São cerca de 300kg de adubo por hectare. No entanto, o investimento compensa, pois apenas 1/3 dos nutrientes são absorvidos pela planta. Os outros 2/3 ficarão no solo que estará pronto para receber a semeadura das culturas de verão”. A canola também é considerada excelente para rotação de culturas. Esta planta, da família das crucíferas (como o repolho e as couves), possui a raiz pivotanJunho e Julho | 2015 |
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Unidade de produção de biodiesel da BSBIOS em Passo Fundo
te, ou seja, apresenta uma raiz principal da qual se expande um grande número de raízes secundárias fasciculadas, formando uma espécie de “esponja de aço” no solo. “Este tipo de raiz auxilia na descompactação natural das áreas onde é cultivada”, esclarece Olivan. Ele ainda argumenta que, por atingir camadas mais profundas do solo, faz um melhor aproveitamento dos nutrientes que estão abaixo das camadas exploradas por outras cultivares. “Também, onde apodrece a raiz desta planta, fica espaços porosos na terra, o que facilita a entrada da água e a circulação de ar, melhorando a estrutura do solo”. A expectativa é de mais canola no campo em 2015 O receio este ano é geral, não 8 |
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Olivan da Silva, Agrônomo da BSBIOS
“A garantia de venda e de preço do produto é o que estimula os agricultores a investir na cultivar.”
importa a cultura: trigo, cevada ou canola. As três cultivares tiveram quebra de safra no último ano, em função do excesso de chuva registrado em 2014. Porém, a perspectiva de crescimento da área cultivada de canola nesta safra é de 10% em relação ao ano anterior. Entre os motivos está o menor interesse dos produtores no cultivo do trigo. Os produtores têm investido em bons pacotes tecnológicos para conduzir a safra e garantir um bom resultado para a oleaginosa. Na região de Passo Fundo o plantio já iniciou e em breve deve estar concluído. Segundo dados da Conab, a última safra de canola resultou em 28,1 mil toneladas no Rio Grande do Sul, numa área de 44,7 hectares. Para este ano a região sul do país deve ter uma área de
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47,1 hectares. Ora com alto rendimento, ora com quebra de safra, um dos produtores que vem apostando, desde 2008, na canola e deve fazer o mesmo este ano é o Thales Roso. Ele teve um rendimento de 35 sacas/ha em 2013, quando a média no Rio Grande do Sul ficou em torno de 25 a 30 sacas/ha. Segundo o agricultor, mesmo com a safra frustrada de 2014, por conta das fortes chuvas e queda de granizo, ele vai destinar 150 hectares da propriedade que tem em Passo Fundo à produção da oleaginosa – 10 hectares a mais que no último ano. “O risco sempre vai existir, em todas as culturas. Mas o que faz com que eu invista em canola, ano após ano, é a liquidez, que resulta em menor risco. Sempre existe a possibi-
Incentivo ao Pequeno Produtor
lidade de baixa produtividade em função do clima. Mas o que vingar tem compra garantida”, defende, ao fazer uma rápida comparação com o trigo, que também sofre perdas com problemas climáticos e, ainda, precisa ter determinada qualidade para ser comprado por moinhos. Outro fator que conta muito para Roso é o período de colheita da canola. “Até o final de outubro toda a produção está colhida, liberando, assim, o campo mais cedo para que se possa começar logo o plantio da soja”. O período de plantio da canola inicia dia 11 de abril e segue até dia 30 de junho.
A BSBIOS foi uma das primeiras empresas produtoras de biodiesel do país a receber o Selo Combustível Social, pois mantém estreita relação com a agricultura familiar, da qual adquire ,no mínimo, 40% da matéria-prima necessária para a produção de biodiesel. Através dessa distinção, os pequenos produtores de canola também recebem benefícios, como o fornecimento de assistência técnica gratuita, capacitação técnica e bônus na entrega da produção. Com essa política, a empresa auxilia no complemento da renda dos pequenos produtores e contribui para sua permanência no campo, garantido dessa forma, a participação da agricultura familiar da região no Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB).
“O risco sempre vai existir, em todas as culturas. Mas o que faz com que eu invista em canola ano após ano é a liquidez, que resulta em menor risco.”
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CULTURAS DE INVERNO
Se o trigo vai sair de cena nesta estação, a cevada pede espaço para ampliar a produção
FOTO: DIVULGAÇÃO/EMBRAPA
Cevada no inverno e cerveja gelada no verão
Cecilia de Cesar Laner
O
inverno está dando as caras e já vai dando aquela saudade dos dias quentes de verão. Ah, o verão! Época de férias, de piscina, churrasco com os amigos e (por que não?) de uma cervejinha bem gelada para matar o calor! Mas para que no próximo verão se possa degustar esta bebida tão apreciada pelos brasileiros, a hora certa para investir e cuidar de sua matéria-prima é agora, na estação mais gelada do ano. A cevada é a base para a produção do malte, que é o ingrediente fundamental da cerveja. Na década de 90 o Rio Grande do Sul chegou a destinar mais de 100 mil hectares ao grão, porém, no início dos anos 2000 os produtores gaúchos passaram a investir mais em outras culturas, 10 |
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deixando a cevada de lado. Com o estímulo da indústria cervejeira e a instalação da maltaria da AmBev em Passo Fundo, esse número passou a crescer novamente e, nos últimos anos, o cereal passou a ser visto como uma boa opção de plantio. Se em 2010 pouco mais de 30 mil hectares foram destinados ao grão no estado, em 2014 esse número mais que dobrou, chegando a 63 mil hectares cultivados. Destes, 55 mil foram plantados através da parceria realizada entre produ| Rio Grande do Sul | Ano II | nº9
tor e AmBev – companhia responsável por consumir cerca de 90% desta cultura de inverno. A AmBev estimula a produção da cevada firmando contratos com os produtores, nos quais se compromete a consumir o cereal produzido no campo. A parceria já foi consolidada com pelo menos 2 mil produtores no Rio Grande do Sul. O agricultor Narciso Barison Neto é um dos produtores que pretende investir em cevada este ano. Vai apostar no plantio do cereal em mil hectares na região
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dos Campos de Cima da Serra e em outros 200 hectares na região da campanha. “É a primeira vez que vou investir em cevada”, conta Barison. O produtor destaca que a decisão foi tomada após a frustração da safra de trigo do último ano. “Continuarei plantando trigo em outras áreas, mas este ano resolvi diversificar para conhecer melhor o mercado da cevada”. Ele acrescenta que
já assinou contrato de venda do produto para a AmBev, que é uma das vantagens ao investir no grão: garantia de preço e de mercado. Para saber mais sobre a parceria entre AmBev e produtores e quais os benefícios oferecidos pela empresa, a Destaque Rural entrou em contato com a assessoria de imprensa da companhia que nos concedeu entrevista.
“Se em 2010 pouco mais de 30 mil hectares foram destinados ao grão no estado, em 2014 esse número mais que dobrou, chegando a 63 mil hectares cultivados.”
Destaque Rural u Qual será a área destinada à cevada nesta próxima safra no RS? Em quais outros estados se produz cevada? A área destinada a este cereal será maior ou menor que ano passado? AmBev u A meta da empre-
sa é chegar a 60 mil hectares plantados, 9% a mais do que em 2014, quando foram cultivados 55 mil hectares. Destes, 51 mil no Rio Grande do Sul e os demais no Estado do Paraná.
Destaque Rural u Como foram as últimas safras? AmBev
A Safra de 2013 foi excelente. Garantimos 133 mil toneladas de cevada para a produção do malte. Já em 2014, devido ao mal tempo, os resultados foram menores. Como trabalhamos com muito planejamento, a companhia já “plantou” no ano passado com um “coeficiente de segurança”. Ou seja, plantamos um pouco mais por sabermos que poderia ser um ano com El Niño e isso poderia impactar na produção. É importante deixar claro que a diminuição da cevada do Brasil nesta safra não chegou a afetar a produção de malte da AmBev, já que a companhia também conta com cevada do exterior. Estes resultados tão pouco chegam ao consumidor final, pois não gera qualquer aumento de preço no produto final. u
Destaque Rural
u Qual é a condição perfeita de clima para que haja um bom de-
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senvolvimento e qualidade do produto?
AmBev u Típica de clima frio, a cevada é uma opção como cultura de inverno para os produtores de grãos da região sul do Brasil. O cultivo precisa de um clima seco e frio para o seu melhor desenvolvimento. Destaque Rural u Há mui-
ta incidência de doenças?
AmBev
Assim como em outras cultivares, na cevada há também incidência de doenças. Pensando sempre em auxiliar e desenvolver o mercado, a AmBev está diretamente envolvida em pesquisas, em parceria com instituições como Embrapa, para buscar alternativas para solucionar os casos. u
Destaque Rural
u Quais os benefícios da cevada para o produtor em relação ao trigo e as outras culturas de inverno? Quais são as condições de mercado da cevada hoje?
AmBev u Sendo mais preco-
ce e tolerante ao frio que outros cereais, a cevada pode ser semeada e colhida mais cedo, o que contribui para o melhor aproveitamento de máquinas, equipamentos e mão de obra, bem como para a instalação da safra de verão em época mais adequada. Além disso, permite a exploração de outras espécies na propriedade. O rendimento potencial produtivos nas lavouras é de 5.500 kg/ha. Com sua Política de Incentivo e parceria com os agricultores, a AmBev tem conseguido pro-
Projeção da área da AmBev de Passo Fundo
var que a cevada é um cultivo de inverno atraente. Em 2014, a companhia chegou a pagar aos produtores 21% a mais do que o mercado pagou ao trigo. Além disso, a companhia também está sempre atenta às necessidades dos produtores. No último ano, parte da safra que não foi aproveitada para o malte foi vendida ao mercado externo como forragem com o auxílio da companhia.
Destaque Rural u A Am-
Bev acompanha o desenvolvimento da produção dos agricultores ao longo do plantio e presta assistência técnica?
AmBev
u Como maior fomentadora desse cultivo no Brasil, a companhia tem um importante papel para o desenvolvimento do setor agrícola nacional. Só este ano, serão 2 mil produtores beneficiados. Além disso, aos agricultores interessados no cultivo, antes de iniciar a safra, a empresa disponibiliza sementes, fertili-
zantes e oferece treinamento gratuito para todos os operadores envolvidos no recebimento e processamento do cereal. A prática permite construir uma relação sustentável com os agricultores para um constante aprimoramento do produto e desenvolvimento do setor. A cada ano que passa, a AmBev consegue significativos avanços tecnológicos na qualidade e eficiência da produção do grão. Construindo este relacionamento com os produtores e com as cooperativas brasileiras, ganham os produtores, ganha a AmBev, ganha a sociedade e ganham os consumidores.
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MANEJO
Doenças e pragas podem afetar a produção de alimentos? O engenheiro agrônomo Dirceu Gassen esclarece dúvidas e aponta alternativas para encarar esse problema Cecilia de Cesar Laner
O
assunto é polêmico. Porém, é fato: com o aumento gradativo da população mundial é necessário investir cada vez mais na produção de alimentos. No entanto, ao destinar grandes áreas a um determinado tipo de cultura, aumenta-se o risco de proliferação de microrganismos e insetos consideravelmente, o que pode acarretar em problemas nas lavouras e quebras de safra. Para tratar do assunto, o pesquisador e engenheiro agrônomo Dirceu Gassen respondeu algumas perguntas relacionadas ao tema, que visa explicar ao leitor o porquê da disseminação de pragas, como elas interferem na produção de alimentos e quais as melhores alternativas para encarar este problema. 14 |
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Destaque Rural u Ao lon-
go da história, como o homem foi controlando as pragas que ameaçavam as plantações?
Dirceu Gassen u A ocorrência de pragas e de doenças está diretamente relacionado à planta cultivada e ao manejo da lavoura. Os problemas com pragas e doenças crescem com a área ocupada com a mesma planta e com os aumentos na produção por unidade de área.
A soja ocupa 60 milhões de hectares, na América do Sul, num período curto do ano. Essa área enorme, com um tipo de alimento é o fator que sele| Rio Grande do Sul | Ano II | nº9
cionará insetos e microrganismos, que são considerados praga ou doença para os interesses de produção do agricultor. Elas competem com o ser humano, na produção de alimentos. Na realidade, é a reação da natureza, restabelecendo o equilíbrio e a diversidade de flora e fauna. No passado, as produções obtidas por hectare eram baixas e a solução para os problemas de pragas, algumas vezes, era resolvido com o abandono da lavoura e com a migração do agricultor para novas áreas. A formiga foi um exemplo clássico de depreciação de
A formiga foi um exemplo de depreciação de valor da terra e limitante para desenvolver agricultura, até a década de 1960
Com Fox, você deixa a ferrugem e as doenças do lado de fora da soja.
Com mais de 100 milhões de hectares, Fox não dá chance para as principais doenças entrarem na lavoura, como a ferrugem, a antracnose, o oídio e a mancha-alvo. É por essas e outras que somos o fungicida que mais cresce em uso no Brasil: é a proteção que barra as doenças e libera seu potencial produtivo.
Fox - De primeira, sem dúvida.
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valor da terra e limitante para desenvolver agricultura, até a década de 1960, quando inseticidas passaram a resolver o problema dessa praga. A proibição de inseticidas clorados, na década de 1980, levou a um período de dificuldades no controle de formigas. Depois descobriu-se o uso do inseticida fipronil, eficaz no controle da mesma. O manejo da formiga cortadeira é dependente desse inseticida.
Destaque Rural u Hoje com tanta tecnologia e pesquisa ainda existem doenças que podem ameaçar a produção de alimentos em grande escala? Dirceu Gassen u A evolução e adaptação de insetos e microrganismos é contínua nos ambientes naturais. Pode-se dizer que a natureza não se defende da ação do homem, mas reage lentamente, restabelecendo o equilíbrio natural, determinando comunidades de flora e fauna diversificadas. A evolução de novas cultivares com as tecnologias geradas pela genética, novos produtos das indústrias de agroquímicos, os equipamentos automatizados e a agricultura de precisão, geraram novas oportunidades e mudanças significativas na agricultura. Ao mesmo tempo, apareceram novos problemas como as populações de plantas daninhas resistentes a herbicidas, de pragas a inseticidas e de doenças a fungicidas. Com isso, aumentou a complexidade no manejo de lavouras e cresce16 |
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ram as dificuldades na proteção de plantas. Pode-se afirmar que as facilidades disponíveis para controle de pragas, doenças e plantas daninhas foram se perdendo, com a necessidade de planejar a proteção de plantas em sistemas estruturados de produção de grãos. É necessário praticar a rotação de culturas e a adubação verde, estimulando a atividade biológica, a diversidade e a supressão natural das espécies que podem causar danos nas lavouras. O mundo está cada vez mais globalizado, com crescimento nas importações e exportações de grãos, plantas e carnes. Essa movimentação de biomassas facilita a disseminação de insetos e microrganismos, com o aparecimento de novas pragas e doenças, ou de raças com resistência aos métodos disponíveis de controle. Outro fator crescente relacionado a pragas e doenças é a possibilidade de introdução de espécies
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É necessário praticar a rotação de culturas e a adubação verde, estimulando a atividade biológica e a supressão natural das espécies
exóticas. Isso pode ocorrer pelo turismo e deslocamento contínuo de pessoas, que podem, acidentalmente trazer indivíduos na bagagem ou nas roupas. Além disso, a importação de grandes volumes de grãos, alimentos e equipamentos, aumentam os riscos de trazer novas espécies, que poderão se tornar praga ou doença em lavouras.
Destaque Rural u As mudanças climáticas interferem na disseminação de doenças? Dirceu Gassen u
Dirceu Gassen, Engenheiro agrônomo
Há controvérsia sobre a dimensão das mudanças climáticas causadas pela interferência do ser humano no ambiente. Os fatos mostram as mudanças ocorridas com a substituição de florestas e campos naturais para o desenvolvimento de lavouras e de pastagens. A produção crescente de CO2 liberado na atmosfera, a redução da diversidade da flora e fauna original, e o crescimento de áreas extensivas
aumento na produção por unidade de área, exigindo mais conhecimento sobre processos e manejo das plantas. Os problemas com a proteção também cresceram com novas doenças e pragas, além da seleção de populações de plantas daninhas, pragas e doenças resistentes aos agroquímicos usados no passado.
Destaque Rural
com a mesma espécie de planta determinarão novas cadeias tróficas, com a seleção de espécies ou raças de insetos e de microrganismos que poderão tornar-se praga. Há necessidade urgente de estudos básicos de biologia, de dinâmica populacional das principais espécies. No passado, décadas de 1970 e 1980, os estudos de controle biológico e de manejo foram muito mais intensos, com vários programas desenvolvidos em nível nacional. Nos últimos 15 anos, a pesquisa básica e as estratégias integradas de manejo reduziram. Em contraste com problemas crescentes de pragas, doenças e plantas daninhas em lavouras. Há deficiências muito grandes nas ações de pesquisa atribuídas a função pública, remuneradas pelos impostos diretos gerados pela agricultura. Por exemplo: não há museus de referência para identificação de insetos, ácaros, moluscos, fungos, bactérias, vírus,
nematoides, plantas daninhas, de inimigos naturais e de outros organismos de importância na agricultura. Não há programas nacionais de monitoramento de populações e raças resistentes de pragas, doenças e plantas daninhas. Os programas de controle biológico e de manejo devem ser estimulados e regulamentados. Não há como acertar estratégias de controle e de manejo se não há certeza das espécies e conhecimento sobre a dinâmica populacional de cada uma das espécies que causam danos à agricultura. Um exemplo recente foi a lagarta Helicoverpa armigera, que foi confundida com outras espécies por falta de taxonomistas no Brasil. As dúvidas, o medo disseminado sobre o potencial de danos da praga, levou à angústia, paranoia e ao uso exagerado de inseticidas, durante duas safras. A agricultura desenvolvida em 2015 é muito mais complexa do que a desenvolvida no passado. A viabilidade econômica passa pelo
Baseado em pesquisas, quais são as precauções que os produtores rurais devem ter nas próximas safras? Quais são os cuidados que devem ser tomados em curto, médio e longo prazo para manter uma produção de alimentos cada vez mais uniforme e longe de ameaças? Dirceu Gassen u As práticas de manejo e os investimentos adotados nas lavouras são suficientes para obter os rendimentos médios atuais. Mas para evoluir e alcançar novos patamares de produção é necessário mudanças, que envolvem conhecer mais biologia, entender a lógica das plantas e manejar as pragas com sabedoria. A sustentabilidade da agricultura depende da diversidade de espécies, com a rotação de culturas, a adubação verde, aumentando a atividade biológica. Não devemos temer a praga, mas investir na supressão natural, aumentando a atividade biológica no ambiente. A decisão de controle com agroquímicos deve ser feita quando necessário, obedecendo a rotação de ingredientes ativos para retardar e evitar a seleção de populações resistentes. Pode-se concluir que a rentabilidade da lavoura é proporcional ao conhecimento aplicado por hectare. u
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valorização
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Airton Carlos Becker, presidente da XII Fenatrigo e do Sindicato Rural de Cruz Alta, na luta pelos produtores e por melhores condições de comercialização do trigo produzido no Rio Grande do Sul
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Fabiana Duarte Rezende
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m homem com objetivos firmes: impulsionar o agronegócio de Cruz Alta e região, e buscar a valorização do setor agrícola brasileiro. Assim pode ser definido Airton Carlos Becker, presidente do Sindicato Rural de Cruz Alta, secretário municipal de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, presidente da última Fenatrigo, a XI Feira Nacional do Trigo que, após sete anos sem força para acontecer, foi novamente realizada em setembro de 2014 e permanece presidindo o evento deste ano, que acontecerá de 30 de setembro a 04 de outubro. Becker conta que sua relação com o trigo começou ainda na infância, na propriedade da família. Foi em 1981 que se mudou, com seus pais, para Cruz Alta, cidade considerada a Capital Nacional do Trigo, para viver e produzir. “Sabemos bem da importância do trigo tanto para o produtor gaúcho como para a economia do Estado. Esta é uma cultura de altos e baixos e a nossa propriedade, assim como outras de toda a região, absorve todas estas oscilações. Mesmo existindo dificuldades, há dez anos a cidade plantava oito mil hectares do cereal e hoje planta 30 mil. É a maior área cultivada do RS”.
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Segundo ele, o trigo é importante para o sistema de rotação de culturas das propriedades gaúchas, mesmo não oferecendo todos os anos a lucratividade esperada. “Nem sempre dá certo por causa do clima. Às vezes são as chuvas excessivas ou, então, as geadas fora de época. Mas, como nosso maquinário está disponível para o uso e contamos com a mão de obra de nossos funcionários, é preciso ocupar a estrutura para não deixá-la ociosa e, uma forma de fazer isso, é através do plantio do trigo”, comenta, ressaltando ainda a importância do plantio da cultura para conservação do solo. Sua família possui uma área de 1.020 hectares de lavouras, 30% dela para o trigo, além de uma área irrigada de 330 hectares.
Política O envolvimento de Becker com a política vem de casa, já que seu pai foi prefeito de Espumoso nos anos 70. O engajamento, na luta pelas causas que considera justas iniciou ao ser presidente do Diretório da Medicina Veterinária, curso no qual é formado pela Universidade de Santa Maria. Depois disso, somam-se doze anos de envolvimento com o Sindicato Rural de Cruz Alta, seis deles na presidência. “Foi assim que me apaixonei por esta causa, que é por meu setor e por algo que acredito. É uma luta válida, mas nem sempre compensatória. Às vezes, a própria classe produtora não valoriza isso. O Sindicato pode fazer pressão e criar envolvimento. Mas, muitas vezes, as decisões não saem. Se cada um de nós brigasse de maneira ordenada e mais unida, talvez as coisas estivessem melhor agora”.
Lutas Conforme Airton Carlos Becker, o Sindicato Rural que preside reivindica ações do governo para que, de fato, auxilie os produtores. A retirada do imposto de importação e a queda do valor do trigo estão entre as maiores preocupações do setor. Para ele, entre as melhorias a serem conquistadas está a garantia do preço mínimo e a uniformidade da análise do grão. O secretário municipal conta que durante a queda de preço registrado no último ano, os moinhos estariam afirmando que o trigo gaúcho não seria de boa qualidade, apesar de amostras 20 |
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apontarem o contrário. “Temos uma concorrência desleal com alguns países, especialmente aqueles que têm subsídios, já que seus fertilizantes e combustíveis são mais baratos. A vinda de trigo de fora para o país é uma concorrência desigual”. De acordo com Becker, o trigo, hoje, está com melhor qualidade. O produtor está investindo mais em tecnologia, agricultura de precisão e maquinário, visando a rentabilidade e qualidade do produto final. “Talvez, se pegarmos um documento de trinta anos atrás, as reivindicações seriam as mesmas: preço mínimo, um seguro mais eficiente... Hoje, brigamos muito em relação ao Proagro (que funciona como um seguro agrícola de custeio), que tem percentual de cobertura crescente. Estas são algumas das ações que o governo pode tomar para que o produtor se sinta mais motivado e, quem sabe, daqui alguns anos sejamos autossuficientes. É importante destacar que, como esta é uma cultura mais importante para o Paraná e para o Rio Grande do Sul, o restante do Brasil não está se importando tanto com o trigo”, afirma Becker. O presidente ainda diz acreditar que, de alguns anos para cá, o governo tenha dado um pouco mais de atenção ao setor por sua importância na economia, pois um terço do PIB vem do agronegócio.
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“Se cada um de nós brigasse de maneira ordenada e mais unida, talvez as coisas estivessem melhor agora”.
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Sindicato Rural de Cruz Alta
XII Fenatrigo Quando: Acontece de 30 de setembro a 04 de outubro de 2015. Local: Cruz Alta
A Fenatrigo Becker conta que a primeira edição da Fenatrigo aconteceu em 1975, mas nunca teve uma regularidade. A última havia sido realizada em 2007. Como o parque é integrado, pertencente ao Sindicato Rural, à prefeitura de Cruz Alta e à Cooperativa Agropastoril, as três entidades precisariam estar trabalhando em conjunto para fazer a feira acontecer. Para a edição de 2014 realmente acontecer, foi retomado o funcionamento da Associação Fenatrigo, a qual
é formada por nove instituições do município. “Tivemos também o fundamental apoio de diversas entidades ligadas ao setor como, por exemplo, da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (FARSUL). Os envolvidos, cada um em seu setor, auxiliaram com a organização. Como estas entidades e o Executivo Municipal aceitaram bem a ideia, foi possível trazer novamente para Cruz Alta, para os produtores e comunidade interessada, a discussão da importância do trigo”, conta Becker. Ele tam-
bém ressalta a participação fundamental dos voluntários da comunidade, que contribuíram para a realização do evento. “Observamos que o nome da feira é muito forte e ainda reconhecido por onde quer que se vá pelo Estado. O sentimento da importância do evento não foi somente cruzaltense, mas também de toda região. A retomada da feira provavelmente foi mais difícil do que se fosse começar do zero um outro evento, porém dar continuidade à história da Fenatrigo compensou o esforço”.
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Legado “A feira auxilia mantém a autoestima do cruzaltense. As pessoas abraçaram esta ideia e a feira é de Cruz Alta, isso faz com que a comunidade tenha orgulho em realizá-la. Para o produtor, fica a valorização do trigo, o momento propício para ressaltar a importância do cereal para a cidade e o estado, bem como fazer com que as reivindicações cheguem onde tem que chegar. Desta forma, vamos fomentando o setor triticultor para que o produtor possa estar aqui novamente no ano que vem em um melhor momento para o trigo”.
Futuro da cadeia “Acredito que a cadeia do trigo tende a prosperar. Contamos com várias empresas de tecnologia trabalhando a favor do produtor, que podem oferecer subsídios e variedades a respeito daquilo que o mercado quer. O trigo é importantíssimo e temos a esperança que todas as condições já citadas sejam melhoradas, principalmente com políticas mais eficientes para o setor. Também espero que o produtor plante mais trigo a cada ano, com melhores rendimentos e qualidade”.
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ESPECIAL TRITICULTURA
O Trigo incertezas
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Às vésperas do início do plantio, área destinada ao cereal ainda não está definida Cecilia de Cesar Laner
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epois de duas safras completamente diferentes entre si, os triticultores gaúchos estão cheios de dúvidas. Investir e apostar no trigo, esperando um resultado semelhante ao de dois anos atrás, ou ser mais ponderado e reduzir a área plantada diversificando a lavoura? Previsões de mercado, de clima e opiniões de especialistas podem ajudar os produtores a decidir qual será a melhor opção para 2015. Em 2013 o Rio Grande do Sul teve safra recorde. Colheu uma média de 2.822 kg/ha, chegando a 6 mil kg/ha nas melhores lavouras de trigo, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Além da produtividade histórica, a qualidade dos grãos também foi muito boa naquele ano e com a falta da commodity no mercado nacional, pois o Paraná teve quebra de safra no mesmo período, a produção gaúcha logo foi comercializada. O entusiasmo com os números positivos de 2013 fez com que no ano seguinte a área destinada ao trigo aumentasse em 5% no estado. No entanto, a expectativa de outra super safra transformou-se em frustração: quebra na lavoura e produto de qualidade ruim, em função do alto índice de umidade. A situação já não era boa para os agricultores do RS e ficou ainda pior com a grande oferta do produto no mercado, em 2014, pois o Paraná teve uma safra cheia e o governo isentou os moinhos de pagarem a Tarifa Externa Comum (TEC) do trigo internacional, o que facilitou a entrada do cereal vindo dos EUA, Canadá e Ucrânia. Esse procedimento foi tomado por parte do governo porque tanto a Argentina quanto o Uruguai e Paraguai não tiveram trigo suficiente para suprir a demanda do mercado brasileiro. Assim, com a facilidade em adquirir o trigo internacional, o trigo gaúcho, com qualidade baixa, foi ficando de lado na hora da comercialização. Confira artigo no final da reportagem* | Rio Grande do Sul | Ano II | nº 9
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Expectativas e Especulações Segundo o agrônomo da Emater de Passo Fundo, Cláudio Dóro, quando o assunto é investir na lavoura de trigo é preciso levar em conta dois fatores de risco: o clima e as condições de mercado. “É sempre difícil prever o resultado da safra do trigo, pois é uma cultura muito vulnerável às condições climáticas. Uma análise dos últimos 10 anos (ver no gráfico) mostra bem como é difícil fazer previsões, já que a produtividade muda muito de um ano para o outro. O produtor hoje está receoso em relação ao plantio, pois, além frustração da última safra, o mercado ainda não está bem definido para este ano. O 28 |
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“O custo da produção será em torno de 13% maior que no ano anterior”
preço mínimo do trigo ainda não foi estabelecido pelo governo e o custo de produção será em torno de 13% maior que no ano anterior, em função do aumento do dólar”. Ele ainda enfatizou que o impacto financeiro será ainda maior no investimento de fertilizantes, que chegam a estar 23% mais caros que em 2014. Além da valorização da moeda americana frente ao real, outros fatores interferiram no aumento de custo da lavoura, como o aumento da energia, do diesel e da mão-de-obra. “Ano passado, nessa época, o preço do trigo estava em R$ 33,00 a saca. Hoje vem sendo comercializado em torno de R$ 30,00. Ou seja, está custando 10% a menos e os custos de produção
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estão estimados em 13% a mais. O produtor está sem estímulos para investir”, analisa Dóro, que em função das circunstâncias acredita que a área destinada ao cereal este ano seja de 10% a 15% menor que no ano anterior. Embora não muito otimista em relação à safra 2015, o agrônomo adverte que, mesmo em anos de baixa rentabilidade, o trigo é sempre uma boa alternativa para os produtores, pois ajuda a diluir os custos fixos da lavoura, conserva o solo e os resíduos de adubos investidos na cultura deixam a terra melhor preparada para receber a soja e o milho. As avaliações feitas pelo analista de mercado da consultoria Safras & Mercado, Élcio Bento,
Gráfico 1
são um pouco mais otimistas, pois o economista acredita que haverá uma recuperação de preço da commodity. “Nos próximos meses deve haver uma escassez de trigo no mercado em função do período da entressafra no Brasil e no Mercosul. Levando em conta, que o Paraguai e o Uruguai tiveram safras relativamente ruins e a Argentina tem controlado a exportação de grãos desde 2012, por conta de uma política interna, há de se crer que os estoques devem ter uma boa redução até que se inicie a próxima colheita”. Conforme Élcio, a falta de oferta do produto no mercado deve fazer com que o valor do trigo volte a subir. Apesar de temerosos, os triticultores, como Airton Becker, de Cruz Alta, plantaram 300 hectares de trigo este ano. “Apesar do custo da lavoura estar alto, ainda é vantagem
Gráfico 2
Tabela
manter a cultura de inverno por conservar o solo em ótimo estado para o plantio das cultivares de verão. Infelizmente estamos frente a uma safra de incertezas em função do aumento do custo da produção, da alta do dólar e do preço do grão. Há receio dos produtores em relação à moeda americana, muitos temem que se repita o que ocorreu cerca de 10 anos atrás, quando, na safra de verão de 2004/2005, os produtores adquiriram os insumos com o dólar médio cotado a R$3,00 e comercializaram sua produção com o dólar médio cotado a R$2,70”, Junho e Julho | 2015 | Rio Grande do Sul | Ano II | nº 9
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avalia Becker. Já o produtor rural Venildo José Borghetti, de Tapera, possui lavouras no município de residência e em Palmeiras das Missões e já decidiu: não vai plantar trigo este ano. Para Venildo, o alto risco do trigo já não compensa mais. “Plantei 600 hectares de soja e 400 hectares de milho. Poderia usar essa terra para plantar trigo, como vinha fazendo nos últimos anos. Mas não compensa. Ano passado o prejuízo foi tão alto, que estamos pagando a conta até hoje”, declarou. Para não deixar o solo descoberto, o agricultor optou por investir em aveia este ano.
Se aprovada, a alíquota de ICMS será reduzida de
12% 2% para
quando houver operações entre estados.
competir, principalmente, com o Paraná que é o maior produtor do cereal, hoje, no Brasil. Se a medida apresentada for aprovada, a alíquota de ICMS será reduzida de 12% para 2%, quando houver operações entre estados. Hamilton destaca que o apoio do governo estadual seria determinante para o Rio Grande do Sul manter a área plantada de trigo na última safra. “Caso contrário, a redução vai ser grande. O produtor está desestimulado e preocupado com os altos custos de produção. O Sistema Farsul espera posicionamento do Estado até maio”*.
Em busca de competitividade Em meio ao clima de incertezas, há ações sendo realizadas no intuito de diluir os custos e aumentar as chances de competitividade do produtor gaúcho. Uma delas é a tentativa do presidente da Comissão do Trigo, Hamilton Jardim, e do economista do Sistema Farsul, Antonio da Luz, de reduzir permanentemente a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para operações interestaduais do trigo em grão. Ambos estiveram em reunião, no início de abril, com o secretário da Agricultura, Ernani Polo, e o secretário adjunto da Fazenda, Luiz Antônio Bins. No encontro foi salientado o prejuízo dos produtores de trigo do RS no último ano e a dificuldade dos mesmos para 30 |
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O estado paranaense tem vantagens frente ao Rio Grande do Sul por ter alíquota de ICMS reduzida, além de estar mais perto de mercados importantes como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o que implica em menor valor dispensado em frete.
*Até o fechamento desta edição o Estado ainda não havia se pronunciado quanto à redução de ICMS do trigo em operações interestaduais.
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Redução da temperatura da superfície do mar no Pacífico equatorial enfraquece a condição de El Niño
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El Niño 2015 Se as perspectivas de mercado são nebulosas para o trigo, pelo menos em relação ao clima, o agricultor, por enquanto, pode comemorar. As previsões recentes indicam que um El Niño fraco deverá permanecer ativo, pelo menos, durante o período de inverno e parte da primavera. Segundo os últimos boletins climáticos, divulgados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), este inverno terá frio e chuva dentro da normalidade. O observador meteorológico da Embrapa Trigo, Ivegndonei Sampaio, salienta que os boletins climáticos mais específicos foram divulgados com previsões até junho apenas, indicando, de modo geral, que não haverá chuvas em excesso em função da temperatura do oceano Pacífico. “Podemos ver nos relatórios que há registros de redução da temperatura da superfície do mar no Pacífico equatorial, o que enfraquece a condição de El Niño”. Na visão do agrometeorologista Gilberto Cunha, por ora, por ser um evento fraco, El Niño não deveria ser a preocupação principal dos triticultores. “Devemos é torcer para que, em 2015, não se configure sobre o Oceano Atlântico Sul a mesma condição do ano passado, quando o aporte elevado de umidade da Amazônia em associação com a intensificação das frentes frias, causadas pelas anomalias positivas de temperatura da superfície do mar no Atlântico, determinaram chuvas mais intensas e mais dias com chuva no sul do Brasil”.
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No fina nacion inglês) queda para a
Em fevereiro deste ano o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos divulgou que haverá uma redução na área destinada ao plantio do trigo no país em função da queda do preço da commodity.
ROJEÇÃO MUNDIAL
al de março o Conselho Internal de Grãos (IGC sigla em ) divulgou uma projeção de na produção mundial de trigo safra 2015/2016.
Também estimou que a produção global do cereal deve ser de
709 milhões de toneladas, 10 milhões de toneladas a menos que no último ano.
Ministério de Agricultura da Rússia prevê uma redução de 35% na safra de trigo em comparação a 2014, quando o país colheu o número recorde de 104 milhões de toneladas. A empresa de consultoria UkrAgroConsult, da Ucrânia, divulgou que a safra de trigo de 2015 deverá sofrer uma quebra de 10% na produção devido a condições climáticas.
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Dificuldades de 2014 Por Gilberto Cunha, pesquisador da Embrapa Trigo
A
primeira dificuldade associada ao clima para os triticultores do sul do país na safra 2014 começou já por ocasião da semeadura. Chuvas elevadas, em quantidade e em número de dias, entre maio e começo de julho, pelo excesso de umidade no solo, dificultaram a entrada de máquinas nos campos e o bom estabelecimento das lavouras, motivando, inclusive, o pedido dos produtores rurais de prorrogação do calendário de semeadura do zoneamento agrícola de riscos climáticos para trigo no RS e em SC; que por não apresentar óbice técnico intransponível, foi acatado pelo MAPA. Todavia, superada essa dificuldade inicial, com a semeadura do trigo podendo ser realizada em época ainda dentro de um período favorável para o bom desempenho produtivo da cultura, novas adversidades climáticas, realmente de caráter excepcional, adviriam no começo da primavera (em setembro e outubro), dando causa, especialmente por questões relacionadas a doenças de difícil controle, ao baixo desempenho produtivo de muitas lavouras e, por consequência, motivando o número elevado de pedidos de cobertura do seguro agrícola. As condições ambientes prevalecentes na estação de crescimento da safra de trigo 2014, no sul do Brasil, favoreceram a ocorrência generaliza de doenças de difícil controle – fúngicas de espiga e bacterioeses –, afetando tanto o rendimento quanto a qualidade do produto colhido. Além dos danos ao rendimento pela produção de grãos pequenos e chochos, a giberela também pode elevar os níveis de micotoxinas deletérias para a saúde humana e animal, que impede, inclusive, o uso desses grãos para uso como ração animal. As infecções tardias de giberela, durante a fase de enchimento de grãos, são responsáveis pela elevação dos níveis de micotoxinas. Ainda relacionado com doenças de espigas, houve registro de ocorrência de brusone (Magnaporte oryzae), diagnosticando-se em levantamentos a incidência de espigas com sintomas de brusone de 5 a 10%, podendo ter atingido níveis maiores que esses em algumas lavouras. Embora, frise-se, essa não seja uma doença típica do trigo no sul do Brasil. Entre outras doenças, a queima bacteriana também foi diagnosticada com certa frequência nas lavouras de trigo no RS, na safra 2014. A principal bactéria causadora dessa doença é a Pseudomonas syringae pv. Syringae, que está sempre presente nas superfícies das folhas de trigo, porém sob umidade elevada e temperaturas amenas (15 a 25 ºC e UR elevada) podem causar os sintomas de queima de folhas. As condições ambientais no final de setembro e começo de outubro determinaram o crescimento explosivo dessas bactérias desencadeando verdadeiras epidemias em algumas lavouras. O único método de controle plausível para bactérias em lavouras é o uso de cultivares resistentes, fato que ficou mais evidente pela resposta cultivar dependente que foi vista nessa safra. Infelizmente, ainda não temos as cultivares de trigo caracterizadas em relação a bacterioses para conhecermos de antemão esse tipo de risco. Ainda, manchas fúngicas causadas por Drechslera tritici-repentis e Bipolaris sorokiniana foram encontradas com maior frequência nessa safra. Essas manchas, que são favorecidas por chuvas elevadas, tem o seu controle embasado fundamentalmente em rotação de culturas e tratamento de sementes. Indubitavelmente, na safra de 2014 as condições de ambiente (regimes hídrico e térmico) favoreceram sobremaneira a ocorrência de epidemias, fúngicas e bacterianas em trigo. 34 |
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SOJA
Uma safra para ninguém botar
DEFEITO Média de produtividade foi a mais alta da história
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lima e tecnologia”, segundo o engenheiro agrônomo da Emater, Cláudio Dóro, essa foi a dupla responsável pela melhor colheita de soja de todos os tempos. A média, na região de Passo Fundo, ficou em 3.150 kg/ha, ultrapassando as médias dos últimos anos e superando a expectativa da colheita para 2015. “O clima úmido e quente que tivemos neste verão foi perfeito para o desenvolvimento da soja. Mas os excelentes resultados também são provenientes do investimento na lavoura. Os agricultores estão percebendo cada vez mais que a utilização de equipamentos com tecnologias como agricultura de precisão e máquinas precisas são fundamentais para aumentar a produção sem ter a necessidade de aumentar a área plantada”, destaca. Em todo o estado a safra rendeu 15,19 milhões de toneladas da oleaginosa, ultrapassando o número inicial estimado no início do plantio, que era de 14,84 milhões de toneladas, segundo dados divulgados no Informativo Conjuntural da Emater. A única região do estado que não superou as expectativas de produtividade foi a região sul, ficando com uma média de 2.224 kg/ha, enquanto se estimava colher o montante de 2.680 kg/ha. O resultado de 17% inferior ao total esperado se deve à falta de chuva, especialmente no final do ciclo, quando a planta está enchendo o grão. Para saber como foi a colheita dos gaúchos, acompanhe os dados divulgados por produtores de diferentes regiões.
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Constantina
Franciel Ribolli Largo Área plantada: 190 hectares Produtividade: 62 sacas/ha “Foi um excelente resultado. Colhi 30% a mais que no ano passado.”
Três de Maio
Antônio Carlos Cassol (Presidente do Sindicato Rural)
Área plantada: 900 hectares Produtividade: 50 sacas/ha
“Em Três de Maio as variedades de soja de ciclo mais precoce apresentaram um rendimento bem superior às de ciclo médio e tardio. A colheita se iniciou com médias acima de 60 sacas/ha. As lavouras que contaram com rotação de culturas (introduzindo o milho entre a soja e o trigo) obtiveram melhores resultados. Porém, sofremos uma estiagem que afetou a nossa região em março, além de termos registrado bastante ocorrência de ferrugem. Os dois fatores derrubaram a produtividade das variedades de ciclo médio e tardio, deixando a média de produtividade do município em pouco mais de 45 sacas/ha, conforme dados da Emater local.”
Palmeira das Missões / Tapera
Leandro Borghetti Área plantada: 600 hectares (divididos entre as propriedades das cidades)
Produtividade: 75 sacas/ha “Foi a maior e melhor safra. Tanto em rendimentos quanto em qualidade do grão.”
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Vacaria / Bagé
Narciso Barison Neto Área plantada: 4.000 hectares (Vacaria) e 900 hectares (Bagé) Produtividade: 70 sacas/ha (Vacaria) e 40 sacas/ha (Bagé)
“A colheita foi ótima em Vacaria! Porém dois problemas afetaram a produtividade da lavoura de Bagé. Primeiro foi o excesso de chuva próximo à época do plantio da soja, que deixou o solo compacto, prejudicando o desenvolvimento da planta. Depois foi a falta da chuva no final do ciclo que comprometeu o bom rendimento da plantação.”
Ibirubá
Leonir Fior
(Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais)
Área plantada: 60 hectares Produtividade: 64 sacas/ha
“Nunca colhi tanto! Essa safra foi fruto de muito trabalho e cuidado com a lavoura. Procuro estar sempre me atualizando, participo de palestras e já viajei para o exterior visitar fazendas modelo. Mas mesmo com a bagagem cheia de conhecimentos e experiência, não abro mão da assistência técnica de um agrônomo. Para mim, isso é fundamental!”
Tupanciretã
Emerci Natalberto Richter Área plantada: 1.000 hectares Produtividade: 63 sacas/ha
“Excelente safra! Colhi mais que no ano anterior, além de ter obtido mais rendimento, pois o custo da lavoura foi inferior ao da safra passada e a lucratividade maior.”
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DESTAQUE EMPRESAS
Cambaí: a marca da evolução no campo
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DESTAQUE EMPRESAS
A empresa sentiu a necessidade de marcar seus 10 anos com uma renovação
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pesar de ser uma marca nova, a Cambaí traz um legado em seu nome. Com uma longa história de atuação no mercado sob o nome de Sementes São Pedro, a empresa sentiu a necessidade de marcar seus 10 anos com uma renovação. “Ao longo dos anos fomos amadurecendo e conseguimos realizar muitos projetos com os quais sonhávamos, enquanto éramos Sementes São Pedro. Mas no mundo do agronegócio as mudanças são constantes, portanto precisamos estar sempre atentos e evoluindo”, destaca o presidente da empresa, Valdinei Donato. Foi com essa proposta que nasceu a Cambaí. “Sentíamos que precisávamos de um nível de profissionalização maior. Aumentamos significativamente o volume de sementes produzidas, a estrutura física e ganhamos espaço no mercado. Então, veio a necessidade de buscar pessoas que dessem suporte a esse crescimento. Sabemos do valor das pessoas e entendemos que somente com uma boa equipe se consegue uma marca de sucesso”, enfatiza. O empresário conta que nos últimos tempos a Cambaí passou por uma grande reestruturação. Vários profissionais foram incorporados no setor de
administração, logística, produção e comercialização. “Foi um processo longo que exigiu muitas mudanças, mas hoje já começamos a colher os frutos, sempre tendo como foco principal a produção de sementes”. Originalmente a empresa começou de forma familiar, com o pai de Valdinei, Valdir Donato. Com o passar do tempo os negócios se tornaram independentes e hoje Valdinei atua na empresa com a esposa Liliana, na gestão do negócio. O casal tem três filhos: a Luiza (14), a Isadora (12) e o Alexandre (5). Todos estão sempre envolvidos, participando dos eventos realizados na fazenda. Valdinei começou a traba-
“Sabemos do valor das pessoas e entendemos que somente com uma boa equipe se consegue uma marca de sucesso”
Valdinei e Liliana
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DESTAQUE EMPRESAS lhar na lavoura em 1994, após concluir o curso de Agronomia pela Universidade de Passo Fundo. Aplicar os conhecimentos aprendidos para crescer e impulsionar os negócios da família era o desafio. Neste período a implantação do Sistema de Plantio Direto era uma prioridade, pois a necessidade de desenvolver um processo produtivo, no qual as perdas de solo fossem minimizadas era muito importante. Porém ele fala que havia muita dificuldade, principalmente no que diz respeito a máquinas de plantio e técnicas de controle de invasoras. “Tivemos que aprender fazendo”, lembra. As irregularidades climáticas dificultavam muito a gestão da propriedade. A inconstância na produção tornava a tarefa de fazer um planejamento quase impossível. “Tínhamos que encontrar um caminho que minimizasse
“Já são 10 anos e o crescimento na produção nos colocou entre as principais empresas de sementes do estado”.
essa situação. Nesta busca passamos por diversos estudos em um período de dois anos para implementar a irrigação na propriedade. Por fim, em 2000 foi instalado o primeiro pivô central da região na propriedade da família e os bons resultados alcançados transformaram não só a nossa empresa: hoje a região das missões se consolida como um importante pólo de irrigação no estado. Sempre dividimos estes conhecimentos tentando contribuir com a região. Atualmente temos na fazenda, a qual possui 2.100 hectares, 20 equipamentos instalados que contemplam 50% da nossa área plantada”, comemora. Nos primeiros anos com pivô central, entre 2000 e 2004, foram tempos de margens encurtadas. Em 2002 foi implantado um software de gestão que proporcionou um olhar diferente sobre a propriedade. “Era uma
Da esquerda para a direita. Isadora, Liliana, Valdinei, Luiza e Alexandre 40 |
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época em que se precisava fazer mais com menos recursos”, pondera o empresário. Foi neste período, após a legalização da soja RR no Brasil, que a atividade de produção de sementes começou para a São Pedro. “Buscamos diversas parcerias, tanto relacionadas à cultura do trigo quanto da soja, trabalhando sempre para trazer as melhores cultivares e as melhores informações técnicas para os nossos clientes. Já são 10 anos
Pivô com trigo
e o crescimento na produção nos colocou entre as principais empresas de sementes do estado”, destaca com orgulho. Hoje a companhia possui uma holding que abriga a subdivisão de três áreas de negócios que se complementam entre si: lavoura, produção de sementes e transportes. Tendo como base de sustentação e foco o negócio da multiplicação de sementes, o grande objetivo da Cambaí é colaborar com o crescimento da produ-
tividade no campo, garantindo renda e maximizando resultados para os clientes e parceiros, através do fornecimento de cultivares com uma genética avançada, sanidade e de altos potenciais produtivos. “O desafio da Cambaí é fazer parte do crescimento qualitativo do agronegócio brasileiro. Para isso, constantemente são realizados investimentos em tecnologia de produção, buscando uma semente com alto poder germinativo, vigor e ex-
celente sanidade”, finaliza Valdinei Donato.
Armazenamento em Bag de 1000kg
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OPNIÃO elmar@grupofloss.com
Elmar Luiz Floss Engenheiro Agrônomo e licenciado em Ciências, Dr. em Agronomia, Diretor do Instituto Incia
TRIGO, PÃO FRANCÊS E GLÚTEN
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trigo e o pão são uma espécie de alimento sagrado para todos os povos, por isso, os mais citados na Bíblia. O que muda é a forma de elaboração do pão. O trigo é o terceiro grão alimentício mais produzido no mundo, apenas superado pelo milho e pelo arroz. O Brasil tem um consumo anual de aproximadamente 12,5 milhões de t, sendo 90% destinado à elaboração de pães. E o Brasil, na última safra, colheu aproximadamente 50% dessa demanda. Portanto, nos últimos anos, o Brasil importa mais de 50% de suas necessidades, a partir da Argentina, Estados Unidos, Canadá e Rússia. Apesar de termos cultivares e tecnologias de manejo disponíveis para produzir em quantidade e com qualidade para panificação. Portanto, não somos autossuficientes por questões políticas que privilegiam a importação. Na safra 2013, tivemos uma colheita de trigo com o maior rendimento e qualidade do grão da história. Foi resultado da utilização de cultivares com maiores potenciais de rendimento e com melhor qualidade, adaptados às diferentes condições de solo, à utilização (“otimizada”) das melhores tecnologias de manejo, hoje disponíveis, e pela ocorrência de adequadas condições climáticas. Infelizmente, em 2014, mesmo numa situação de condições climáticas desfavoráveis,
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as lavouras implantadas com os melhores cultivares, com diferentes ciclos, o uso de sementes com vigor, no qual houve a melhoria das condições físicas, químicas e biológicas do solo, pela implantação com qualidade do sistema plantio direto, solos com coberturas verdes (nabo ou aveia preta) como cultura intercalar, a rotação de culturas, qualidade de semeadura e a utilização das melhores tecnologias de manejo da cultura, com precisão, a lavoura ainda apresentou rendimentos satisfatórios. Com o uso de melhores cultivares e as melhores tecnologias de manejo, estamos obtendo melhores rendimentos de trigo, mesmo em condições adversas. Além da produtividade, a rentabilidade da lavoura depende também da qualidade para panificação do grão colhido. Os consumidores exigem cada vez mais o pão francês. Um pãozinho pequeno (“cacetinho”), marronzinho por fora, branco e fofo por dentro. Até sua forma imita um grão de trigo. Para produzir esse pão francês, há necessidade de uma farinha diferenciada de trigo. Uma farinha obtida a partir de trigos com alta força de glúten, chamados trigo tipo pão, ou melhorador. Na moagem do trigo, separa-se o farelo, rico em fibras, solúveis e insolúveis, e, proteínas do tipo globulinas e albuminas. Esse farelo é destinado ao arraçoamento animal. A farinha “branca” | Rio Grande do Sul | Ano II | nº9
vem do endosperma ou albúmen do grão de trigo, onde predomina o amido. Para elaborar o tão apreciado e procurado pão francês, há necessidade de um teor maior de outros dois tipos de proteína nessa farinha “branca”, que são as glutelinas e as gliadinas. As glutelinas dão a capacidade de crescer da massa (estensibilidade), enquanto as gliadinas são responsáveis pela retenção dos gases da fermentação (tenacidade), sem o rompimento da massa (pão abatumado). Portanto, para obter essa farinha para o pão francês, houve melhoramento genético e um manejo mais adequado da cultura. Infelizmente, há pessoas que são intolerantes ao glúten (os cilíacos). Como também existem pessoas intolerantes à lactose, o açúcar do leite. E, como aumentamos a produção de trigos, com mais força de glúten (para elaborar o pão francês), é evidente que aumentou o teor de glúten no pão francês. O engano está no modismo de retirar o glúten da alimentação para perder peso. O glútem (glutelinas e gliadinas) são proteínas e não engordam, e sim aumentam a massa muscular. O que engorda é a o amido, predominantemente presente no pão francês. Sob ponto de vista nutritivo e saúde humana, deveríamos consumir pão integral, com mais proteínas e fibras e menos amido, e não o pão francês.
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Cinco décadas de história e de ação em prol do agronegócio gaúcho