Destaque Rural 13ª edição

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ANO II NÚMERO 13 RIO GRANDE DO SUL AGOSTO | SETEMBRO | 2016 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

INFORMAÇÃO COM PROPRIEDADE

CAVALO CRIOULO

PAIXÃO OU NEGÓCIO? LEITE Os desafios e o futuro da produção

TRIGO Segregação traz mais liquidez e rentabilidade

MÁQUINAS Lançamentos para a Expointer 2016


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CAVALO CRIOULO

ÍNDICE

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PAIXÃO

OU NEGÓCIO?

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LEITE: DESAFIOs E FUTURO DA PRODUÇÃO

FUNGICIDAS: QUALIDADE NA APLICAÇÃO

28

TRIGO: SEGREGAR É A SAÍDA

MÁQUINAS: LANÇAMENTOS 2016

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24

32

FÓRUM: PERSPECTIVAS PARA O AGRONEGÓCIO


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CIRCULAÇÃO

EDITORIAL

Paixão e negócio

P

atrimônio e motivo de orgulho gaúcho, o Cavalo Crioulo tem ganhado espaço e respeito nos mercados nacional e internacional, tanto para utilização no trabalho quanto para práticas esportivas. Mercado bilionário e em desenvolvimento, leilões com animais vendidos a cifras milionárias e destaque na mídia, tem atraído novos entrantes na criação desse animal que é digno de respeito pela sua rusticidade, resistência e beleza. Quem pretende investir na raça tem sempre o fator emocional como influência importante, e perigoso, no que diz respeito à decisão de investimentos na raça, pois esse animal desperta paixão em quem se envolve e acaba dificultando a avaliação de viabilidade econômica da atividade. Para a criação da matéria de capa desta edição, fomos a campo levantar informações com criadores, profissionais e representantes da raça, para trazer a nossos leitores, que pretendem entrar no mercado de criação do Cavalo Crioulo, o que realmente deve ser feito para ter sucesso nesse mercado cada vez mais profissionalizado e que não comporta amadores. Novo site Com desenvolvimento de conteúdo focado em mídia online, a partir de setembro, entra no ar o novo site da revista Destaque Rural, nossos leitores poderão encontrar informações sobre as principais culturas agrícolas, mercado, clima, pecuária e um time de colunistas renomados. Estamos ampliando a nossa plataforma de comunicação para continuarmos a cumprir nossa missão, levar informação com qualidade ao produtor rural.

#edição 13 #Ano II #Agosto e Setembro Editora Riograndense CNPJ 17.965.942/0001-07 Inscrição Municipal 66829 Endereço Rua Cacilda Becker, 30 Boqueirão Cep 99010-010 Diretor Leonardo Wink Jornalista Responsável Ângela Prestes (MTB/RS 17.776)

Boa leitura! Leonardo Wink

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destaquerural.com.br | Agosto e Setembro - 2016 |

Capa JG Martini Projeto Gráfico Cássia Paula Colla

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Rio Grande do Sul | Ano II | nº13

Diagramação Ângela Prestes Colunistas Gilberto Cunha Elmar Luis Floss Fernanda Falcão Comercial Leonardo Wink Impressão Gráfica Tapejarense Contatos leonardowink@destaquerural.com.br redacao@destaquerural.com.br

(54) 9947- 9287 Tiragem 8 mil exemplares

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LEITE MANEJO

Desafios e o futuro da produção Apesar de 2016 ser um ano atípico no quesito preço, com valores mais altos, são várias as dificuldades que continuam atingindo os agricultores, principalmente nas menores propriedades Ângela Prestes*

H

á muito tempo a família de Leonardo possui vacas leiteiras para a própria subsistência. Mas foi em 1982 que a atividade passou a ser profissionalizada e o produto comercializado para uma cooperativa. Junto com a nova atividade, vieram os desafios e também os benefícios de trabalhar com o setor leiteiro. Para o produtor Leonardo Michelon Bertoldin, 24 anos, o trabalho é gratificante porque a vaca leiteira é capaz de responder rapidamente qualquer manejo adotado para ela na propriedade. “Assim, nós agricultores podemos investir em conforto, nutrição e manejo e teremos retorno em curto prazo”. O benefício, porém, esbarra no alto custo de produção e na escassez de mão de obra qualificada para a produção de leite. Para a doutora em Extensão Rural e Pesquisadora no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), Raquel Breitenbach, as principais dificuldades e desafios encontrados atualmente nas unidades de produção de leite no Rio Grande do Sul são três. a) alcançar alta escala produtiva, necessária para viabilizar economicamente a produção; b) gestão de custos nos estabelecimentos rurais; e c) ter um filho preparado

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FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

A microrregião de Passo Fundo tem a maior produção do Estado, de 533.415 mil litros, e a maior produtividade nacional, de 4.465,89 litros/vaca/ano.

para ser sucessor e gerenciar a propriedade. “A produção de leite no Rio Grande do Sul é diversa, sendo que algumas regiões têm dificuldade, enquanto outras se destacam pelos bons índices de produção e produtividade, ganhando reconhecimento estadual e nacional. É o caso da microrregião de Passo Fundo, que tem a maior produção do estado, de 533.415 mil litros, e maior produtividade nacional, de 4.465,89 litros/vaca/ano (dados do IBGE, 2014)”. Mesmo assim, a heterogeneidade das unidades de produção de leite (UPLs) resulta em produção, produtividade, qualidade e lucros diferenciados. “Especialmente no que se refere à tecnologia empregada, padrão genético dos animais, disponibilidade de capital para a atividade, conhecimentos e práticas gerenciais, sistemas de produção, intensificação da produção, acesso à assistência técnica, escala de produção e experiência na atividade”. Entretanto, Raquel cita um gargalo que se destaca na maioria das UPLs da região: a reduzida área útil para produção de leite. “Como a produção de leite é realizada, majoritariamente, por unidades de produção familiares, estas dispõem de reduzida área para a produção agropecuária. Além disso, considerando a atratividade atual da produção de grãos, estas UPLs têm optado pela diversificação de atividades, com a integração lavoura/pecuária, intercalando a produção de leite e grãos”, explica. Esse cenário impõe a necessidade de otimização do fator de produção terra, tendo em vista o tamanho reduzido das propriedades e a opção dos agricultores por dividir a mesma para a produção de grãos e de leite. “Como resultado, os produtores de leite, em sua maioria, desenvolvem a atividade em áreas com média de 20 hectares e têm como maior gargalo da produção a falta de reserva alimentar e a dificuldade de atingir escala produtiva necessária para ter uma remuneração considerada satisfatória por eles”. Cadeia produtiva A complexidade da cadeia produtiva do leite faz

A propriedade de Leonardo Michelon Bertoldin fica localizada em Água Santa

Atualmente, possui 130 animais, sendo 70 vacas em lactação

Há cerca de cinco meses eles decidiram adotar o sistema Compost Barn

Hoje, a propriedade produz cerca de 1.800 litros/dia

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Cadeia produtiva do leite no Rio Grande do Sul Indústrias artesanais Indústrias de insumos

Fornecedores de insumos

Produtores de leite

Grandes indústrias

Beneficiamento/ processamento

Atacado/ varejo

Consumidor

Cooperativas

com que ela seja dependente de outras cadeias. A boa te, muitas vezes distantes geograficamente uns dos remuneração da soja e do milho, por sua vez, elevam outros, e que produzem um produto sem diferenciaos custos de produção, o que viabiliza baixas escalas. ção. “Do outro lado, tem menor número de empresas “Portanto, a principal dificuldade processadoras que adquirem granprática do agricultor que desendes quantidades de leite dos agrivolve a atividade de bovinocultura cultores e agregam valor ao produto. de leite tem sido alcançar a escala Isso gera uma estrutura de mercado produtiva necessária para cobrir os em que na transação entre agricultor e custos fixos e variáveis da atividade. empresa processadora, o primeiro tem Isso porque a indústria de laticínios menor poder de barganha e não detem migrado para um modelo de fine preço, ou seja, é tomador de preprodução focado em grande escala ço”. Já as empresas varejistas são ainda produtiva”, avalia a pesquisadora. mais concentradas que as empresas Segundo Raquel, esse cenário processadoras, ou seja, são em menor exige que os agricultores sejam número e detêm grandes parcelas de competitivos em suas unidades de mercado. “Portanto, na transação enRaquel Breitenbach produção, no sentido de manter Doutora em Extensão Rural e tre empresas processadora e varejo, produção, produtividade, qualida- pesquisadora este último é que define o preço por de e lucro na atividade. “O espaço deter maior poder de mercado. Emno mercado para os agricultores de bora exista um conflito histórico entre baixa escala produtiva e que não se agricultor e empresa processadora, no adequam aos padrões mínimos de que se refere ao preço pago ao agriculO espaço no mercado qualidade está cada vez menor. Os tor pelo leite, as maiores margens da para os agricultores de agricultores, por sua vez, possuem cadeia do leite nem sempre ficam com baixa escala produtiva baixo poder de barganha e suas ações esta última”. e que não se adequam estratégicas se limitam, basicamente, Considerando todos os agentes da aos padrões mínimos em diminuir custos e/ou aumentar cadeia produtiva do leite, agricultor, de qualidade está cada escala produtiva”. Conforme Raquel, empresa processadora e varejo são os vez menor.” a cadeia produtiva do leite é uma que detêm as maiores margens. As das mais complexas do agronegócio. análises acerca dessas margens mos“Essa complexidade se dá, entre outros motivos, pelos tram que se os preços estão em alta, todos ganham mais inúmeros agentes que integram a cadeia, bem como do que quando estão em baixa. Quando o preço está em pelas diversas conformações que esta pode ter”, explialta a margem do produtor é menor, já que a indústria ca. O produtor é apenas um elo dessa cadeira, que nenão repassa todo o aumento. Por outro lado, quando os cessita de margem de lucro para manter seu negócio. preços baixam muito, as empresas processadoras absorSegundo a pesquisadora, há um grande número de vem parte maior da perca, não repassando tudo para o agricultores ofertando pequenas quantidades de leiagricultor. Já o varejo, por deter informações elevadas e 10 |

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ser o elo mais organizado, consegue ter boas margens inclusive nesses períodos. Portanto, a ampla disputa pela participação no preço final e pelas maiores margens do produto ocorre entre a indústria e o varejo. Transformação Na opinião de Leonardo, o que falta são tecnologias mais acessíveis, tanto em preço quanto conhecimento, principalmente relacionadas à ordenha, manejo, gestão e planejamento da atividade. A propriedade, localizada na comunidade Rincão do Campo, interior de Água Santa, possui atualmente 130 animais, sendo 70 vacas em lactação e os outros 60 divididos entre vacas secas, terneiras e novilhas. Há cerca de cinco meses o sistema intensivo de semi-confinamento com galão de alimentação foi trocado para o Compost Barn. Hoje, a propriedade produz cerca de 1800 litros/dia. Essa mudança de sistema é comum. Raquel observa uma transformação nas UPLs. “No intuito de otimizar os fatores de produção, em maior nível a terra, tem migrado para sistemas de produção intensivos, como o semi-confinamento e confinamento”. Outra dificuldade dos produtores apontada por ela é a dificuldade em analisar os custos de produção e de viabilidade de investimentos. “Alguns não sabem exatamente quanto custa para produzir um litro de leite em sua propriedade e, portanto, qual o lucro obtido na mesma. Essa limitação, somada à escassez de informações e de profissionais que prestem assistência técnica na área de gestão rural, dificulta à tomada de decisão acerca de investimentos na propriedade”. Sucessão familiar Desafio comum em outros setores da agropecuária, a sucessão também dificulta o trabalho na produção de leite, seja do ponto de vista social ou gerencial. Conforme Raquel, as pesquisas têm demonstrado que um dos principais fatores que levam as famílias rurais a desistirem da atividade leiteira tem relação com a inexistência de um sucessor na propriedade ou quando esse sucessor não gosta da atividade. Portanto, o gerenciamento da propriedade tem que prever e antever essa problemática. “Os fatores que influenciam na decisão do jovem em ficar na propriedade são muitos, mas os que têm se destacado são: participar desde cedo nas atividades agropecuárias e de gerenciamento da propriedade; receber incentivo dos pais para permanecer na propriedade; visualizar a propriedade como um lugar com perspectiva de geração de renda; investir e tecnificar a propriedade para que o jovem consiga ver nela possibilidades de boa remuneração”.

O que esperar Apesar de ainda não ser o ideal para o produtor, o atual ambiente, com preços mais elevados, é o mais favorável à produção de leite. “Nesse semestre a relação de troca do leite com o milho e soja, por exemplo, começou a melhorar. Esse cenário de produção positiva impacta no aumento da oferta, já que os agricultores que estavam pensando em desistir da atividade não o farão e os demais, dentro das possibilidades, aumentam a produção”, explica Raquel. Além disso, no cenário internacional, há a possibilidade de importar leite por preços mais competitivos, bem como é provável a retração do consumidor em resposta aos preços elevados dos produtos finais. Somando esses fatores, é presumível que os preços da matéria-prima comecem a ceder. Porém, essa é uma mudança que não ocorre rapidamente e, portanto, o cenário não deve mudar muito no curto prazo. Ou seja, a restrição de oferta segue no mercado interno e os preços pagos ao produtor podem ainda permanecer em alta nos próximos meses. O preço do leite pago ao produtor teve uma valorização acumulada de expressivos 58,5% nesse ano. Segundo a pesquisadora, essa valorização tem surpreendido positivamente os pecuaristas, os quais visualizaram em 2015 um acréscimo nos custos de produção. “Esse acréscimo dos custos foi o principal responsável pela redução da produção de leite no país e consequente escassez de leite no mercado doméstico”. Considerando o preço real do leite pago ao produtor, esse foi o maior valor recebido pelo produtor desde 2000, período em que o Cepea-Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Esalq/USP iniciou acompanhamento dos preços. *COLABORAÇÃO: RAQUEL BREITENBACH

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ENTREVISTA MANEJO

“A lucratividade depende da redução de custos e aumento da eficiência” Juliana Pila, zootecnista e analista de mercado da Scot Consultoria, respondeu algumas perguntas para a revista Destaque Rural sobre o mercado do leite no Brasil

Destaque Rural u Quais as principais dificuldades para a produção de leite no Brasil? Juliana Pila u Os principais problemas da produção de leite no país são a não homogeneidade da produção e a baixa produtividade. Além de questões relacionadas à qualidade do leite. Na parte de mercado, os choques de oferta causam grandes variações positivas e negativas no preço do leite, o que causa dificuldade de planejamento e gestão da atividade. DR u De que depende a lucratividade do produtor? Juliana u A lucratividade do leite depende basicamente da redução de custos e aumento da eficiência e, consequentemente da receita, mantendo a margem satisfatória com a atividade.

DR u Por que o leite é tão caro para o

consumidor final e o produtor recebe tão pouco? Quem fica com o lucro? Juliana u Historicamente temos que as margens do varejo são as maiores, no entanto, o primeiro semestre foi marcado pela alta do preço do leite ao produtor. Em todos os meses, os valores ficaram 12 |

acima da média registrada em igual período do ano passado (valores nominais). Apesar das altas nos preços recebidos pelo leite, os custos de produção subiram mais, estreitando a margem da atividade. No varejo, apesar da alta verificada, essas foram mais limitadas em função do consumo patinando, reflexo do menor poder de compra do consumidor. A margem de comercialização do leite longa vida no varejo em relação ao atacado também está estreita. A alta em todos os elos é consequência da menor disponibilidade de matéria-prima.

DR u Existe um modelo de produção

DR u O que se pode esperar para o

mais lucrativo? Há uma recomendação para o Rio Grande do Sul? Juliana u Acredito não existir um modelo de produção mais lucrativo, tudo depende do quanto o pecuarista pode investir na atividade, fazendo produção a pasto, semi confinamento ou confinamento. A qualidade do controle dos custos e o uso de tecnologia adequada a região é que vai decidir se a atividade dará lucro ou não. Há casos de sucesso em diversos sistemas de produção.

DR u Por que o leite não tem o mesmo destaque das outras cadeias? Juliana u O mercado do leite necessita de mais incentivo. Nos últimos tempos vêm ocorrendo uma maior divulgação com relação ao consumo e também para a abertura de novos mercados no exterior, a criação de associações com atuação forte e representativa também vem sendo uma boa alternativa.

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Juliana Pila, analista de mercado

restante do ano em relação a preço pago ao produtor? Juliana u No primeiro semestre, a queda na produção de leite no país fortaleceu os preços pagos ao produtor e também no atacado e no varejo, mesmo com a demanda patinando em função do cenário econômico vivido pelo país. Espera-se recuperação na produção a partir de setembro na região Sul e Sudeste do país, mas os incrementos deverão ser comedidos este ano, em função dos menores investimentos e gastos por parte do produtor na atividade, além de questões climáticas. Com relação aos preços, para o curto prazo, a pressão de alta deverá continuar em função da menor disponibilidade de matéria-prima e os preços médios de 2016 deverão ficar em patamares acima dos verificados em 2015, em valores nominais. No entanto, os custos de produção deverão permanecer maiores na comparação anual.


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MANEJO ARTIGO

Produção de leite e renda: semi-confinado, free-stall ou compost barn?

N

o Rio Grande do Sul existem Unidades de Produção de Leite (UPLs) com diferentes sistemas de produção, destacam-se os sistemas semi-confinado e confinados (Free Stall e Compost Barn). O objetivo desse texto foi demonstrar de forma prática, a partir de dados de uma pesquisa empírica, a viabilidade econômica comparativa dos sistemas de produção de leite na Microrregião de Passo Fundo. Ou seja, buscou-se responder qual sistema de produção é mais rentável e lucrativo na região: Semi-confinado (SC), Free-Stall (FS) ou Compost-Barn (CB)? Para a realização da pesquisa, foram estudadas três propriedades de cada sistema (total de nove) e representativas da região. Nestas propriedades foi realizado levantamento dos dados referentes aos custos de produção e análise econômica, considerando o ano de 2015. Os resultados da análise estão na Tabela 1. O sistema que apresentou maior utilização de área para a produção foi o sistema confinado por CB, pois é caracterizado, na região, por ter maior escala produtiva, têm maior número de animais e requer maior área para produção de alimentos como silagem e feno. Número de pessoas envolvidas na atividade, representadas pelas UTHs-Unidades de Trabalho Homem, se

Compost Barn 14 |

mostrou semelhante entre os sistemas SC e CB. (Ver tabela 1) No que se refere à remuneração da atividade, esta foi analisada tendo por base os três fatores produtivos mais importantes para a atividade, e que necessitam ser otimizados: terra, mão de obra e animal. Considerando o fator de produção mão de obra, aqui denominado de UTH, observa-se na Tabela 1 que o sistema produtivo CB foi o que mais remunerou por UTH utilizada. Já considerando o recurso produtivo animal, a maior remuneração por animal foi obtida no sistema produtivo SC. Por fim, considerando a maior remuneração por área (ha) os sistemas produtivos SC e CB tiveram remuneração maior e muito próxima um do outro. O sistema FS não se apresentou como uma boa opção em nenhuma das análises. A Figura 1, por sua vez, visa apresentar ainda a análise de custos e renda agrícola por litro de leite nos três sistemas analisados. (Ver figura 1) Para o sistema produtivo CB, a escala produtiva das propriedades da região é maior, comparativamente aos outros sistemas, o que faz com que a remuneração por litro também o seja. No que se refere aos custos de produção, ficou evidente um custo menor em R$ 0,10 para o sistema de produção SC. Por consequência, a renda agrí-

Free-Stall | Agosto e Setembro - 2016 | Rio Grande do Sul | Ano II | nº13

Raquel Breitenbac Doutora em Extensão Rural, Professora no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS)

Frederico dos Santos Trindade Zootecnista, Mestrando na UDESC, e presta assistência técnica e consultoria em unidades de produção de leite


cola por litro de leite foi maior para o sistema produtivo SC, seguido do CB e, por último o FS. Ressalta-se ainda, que essa pesquisa foi realizada no ano de 2015, quando os preços pagos ao produtor ainda não estavam nos patamares que se observa atualmente (Julho de 2016). Ao analisar a renda agrícola do leite (lucro) nos casos estudados e transformá-la em sacas de soja correspondentes, considerando a média da commodity no ano agrícola de 2015 (R$ 70,59), constatou-se que o sistema Semi-Confinado rendeu lucro de 58 sacas/ha, o Free-Stall 47 sacas/ha e o Compost Barn 69 sacas/ha. Porém, ao comparar e escolher entre diferentes atividades agrícolas, como produção de leite e soja, deve-se considerar não só a renda, mas também a disponibilidade de terra, mão de obra e a vocação da família envolvida com a atividade. A partir desses dados muitos pecuaristas de leite devem estar se questionando: se cada sistema demonstrou eficiência diferente dependendo do recurso produtivo analisado, como faço para escolher o sistema de produção que devo adotar? Uma orientação que deixamos para o agricultor é que ele deve considerar a disponibilidade dos fatores de produção TERRA, CAPITAL e MÃO DE OBRA na decisão e escolha entre o sistema de produção Semi-Confinado, Free-Stall e Compost Barn. O sistema a ser escolhido dependerá do fator de produção que é mais limitante na propriedade. Se optar por sistemas confinados, o produtor deve estar consciente que precisa ter alta escala produtiva para viabilizar o seu negócio, pois os custos fixos e variáveis são mais elevados. Orienta-se ainda, que o produtor deve realizar sempre uma análise econômica do investimento para identificar a viabilidade do mesmo, pois essas informações serão diferentes para cada propriedade, o que requer uma análise individualizada. Na média das propriedades estudadas, o Sistema SC tem maior retorno ao ano de 7%, seguido do CB com 5,4% ao ano e por último o FS levaria mais tempo pra se pagar, em média 50 anos, por ter retorno anual de 3,6%. E na sua propriedade como seria? Quais seriam os custos? Quanto tempo levaria para o investimento se pagar? Qual a escala produtiva ideal? Essas são questões que o agricultor precisa responder antes de decidir por um investimento. Para tanto, se não tiver como responder isso sozinho, torna-se essencial buscar um profissional competente que auxilie nessas análises.

Tabela 1: Características e renda nos sistemas de produção Semi-Intensivo, Free-Stall e Compost Barn

Semi-confinado

Free-Stall

Compost Barn

18,67 ha

14,83 ha

21,17 ha

Superfície de área útil Unidade de trabalho homem (UTH)

2,35

1,83

2,25

Número de animais

43,33

36,00

59,67

Renda agrícola mensal/UTH (R$)

4.333,49

2.524,51

5.088,76

Renda agrícola/Animal (R$)

3.095,82

1.864,99

2.338,11

Renda agrícola/Ha (R$)

7.233,74

4.327,87

7.223,52

Figura 1- Remuneração, custos de produção (custos com depreciação, alimentação e outros custos) e renda agrícola por litro de leite produzido nos sistemas de produção semi-confinado, free-stall e compost barn.

R$ 2,50 R$ 0,20

R$ 0,15

R$ 2,00

R$ 0,24

R$ 1,50

R$ 0,56

R$ 1,00

R$ 0,16 R$ 0,09

R$ 0,50

R$ 1,05

R$ 1,07

R$ 1,11

Semi-confinado

Free-Stall

Compost Barn

R$ -

Custo Total/ litro

R$0,81

R$ 0,59 R$ 0,23 R$ 0,09

Custo Total/ litro

R$0,91

Remuneração/1

Custo depreciação/1

Custo alimentação/1

Renda agrícola/1

R$ 0,58

Custo Total/litro

R$ 0,27 R$ 0,06

R$0,91

Outros custos/1

Semi-confinamento

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CAVALO CRIOULO

Paixรฃo ou negรณcio?

FOTO: JG MARTINI

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O mercado de cavalo crioulo movimenta mais de R$ 1 bilhão por ano no Brasil, gera cerca de 200 mil postos de trabalho e é um dos protagonistas do agronegócio gaúcho. Mas é viável investir em uma cabanha?

Ângela Prestes

U

ma relação de admiração. De trabalho, confiança e lealdade. O Cavalo Crioulo faz parte da história e tradição do gaúcho. Muito mais do que um instrumento de trabalho, a raça se tornou um personagem cultural do Rio Grande do Sul. Hoje, ele permanece nessa posição de destaque, mas ganhou também um espaço no mercado. De acordo com uma pesquisa realizada pela ESALQ/ USP em 2012, o Cavalo Crioulo movimenta no Brasil cerca de R$ 1,28 bilhão por ano, dentro de um complexo mercado que envolve criadores e profissionais ligados

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FOTO: ÂNGELA PRESTES

Marcelo Bertagnolli, com Butiá Zagaia e Butiá Estampa

ao cavalo, como clínicos veterinários, ferradores, tratadores, leiloeiros, representantes de indústrias e comércios de rações e medicamentos e comércio de produtos para o cavalo e o cavaleiro. O crioulo gera aproximadamente 238 mil postos de trabalho em todo o país. Número esse maior que a quantidade de empregados em grandes setores da economia, como a indústria automobilística por exemplo. Um passo inicial certeiro O Cavalo Crioulo chegou na Fazenda Butiá em 1982. O pai de Marcelo Bertagnolli, hoje responsável pela cabanha, José Ronald Bertagnolli, estudava criar uma raça de equino. Depois de ganhar uma égua crioula de presente, a BT Saracura, ele adquiriu mais dois exemplares e iniciou a criação. Essas duas éguas, BT Lasqueada e BT Dengosa, foram as melhores que a Butiá já teve. O bom começo, com a orientação de quem já entendia do assunto, garantiu um resultado rápido. “Muito do resultado que a cabana Butiá teve na atividade de equinos eu atribuo à experiência do Flávio Bastos Tellechea, que era titular, na época, da marca BT. Orientação inicial de quem já estava no meio, conhecia cavalo e nos colocou já no rumo 18 |

certo”, conta Marcelo. Desde então, a Butiá não parou de produzir bons cavalos. O foco na funcionalidade, com pais e mães comprovados e testados e um histórico de bons animais colocou a cabanha no rumo certo. Hoje, são três garanhões, 55 fêmeas e uma produção anual que gira em torno de 40 potros. Um histórico de premiações O primeiro Freio de Ouro disputado pela Butiá foi em 1984. De lá para cá, a cabanha sempre esteve presente na final do Freio. Hoje, a soma fica em 17 premiações. Nos anos 90, viu-se no Chile um cruzamento cujo produto interessava antes mesmo de nascer. Tratava-se da linhagem Taco X Estribillo, sangue de campeões do Rodeo Chileno. Veio ao palco Santa Elba Comediante. Com esta genética, algum trabalho e muita sorte, conquistou-se o Freio de Prata 86, Freio de Ouro e de Prata 87, Freio de Ouro 88, Freio de Prata 89 e 90, Freio de Bronze 93, Freio de Ouro 94, Freio de Bronze 95, Freio de Bronze 99, Freio de Bronze 2000, Freio de Ouro e de Prata 2001, Freio de Ouro 2002, Freio de Prata FICCC 2003, Sand Storn Slide Aberto de Lubbock - Texas 2004, Freio de Prata 2007 e Freio de Prata FICCC 2009.

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É um trabalho que exige boa orientação, uma busca permanente por conhecimento e qualificação, algum investimento e principalmente dedicação e paciência.” José Luiz Lima Laitano Presidente da ABCC


Negócio sustentável Na fazenda, o cavalo é tratado como negócio. Além de ser sustentável em si mesmo, ajuda a fazer propaganda para as demais atividades da empresa, que também é sementeira. “Todos os prêmios que conseguimos no Freio de Ouro refletem diretamente na venda de sementes, por exemplo. Como negócio o cavalo é sustentável, se paga e dá um pouco de dinheiro sim”, conta. Oscilação é uma regra dentro do mercado. Atualmente, a atividade não está em alta, agravada pela crise e a quantidade de animais no

mercado. “Já teve um pico bem mais alto. Muita gente entrou no negócio, o que provocou um momento de calmaria. Aumentou a população de cavalo, e, consequentemente, o preço diminuiu. Mas uma coisa interessante é que os bons cavalos continuam valendo igual ou até mais do que valiam antes”, analisa Marcelo. Atividade que demanda tempo Imediatismo não é a palavra que define o mercado do crioulo. Para José Luiz Lima Laitano, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCC), o Cavalo Crioulo continua sendo um bom negócio. Entretanto, é preciso cautela. “Quem não é do ramo não pode achar que vai começar a criar hoje e em pouco tempo vai ganhar dinheiro. É um trabalho que exige boa orientação, uma busca permanente por conhecimento e qualificação, algum investimento e principalmente dedicação e paciência”, explica. No entanto, há casos de novos criadores

O Rio Grande do Sul concentra mais de 80% da manada de Cavalos Crioulos do Brasil.

FOTO: JG MARTINI

Em 2016, a Butiá Zagaia é a aposta da Cabanha para levar o prêmio. “Ela vem de uma família consistente, tem tudo para se dar bem esse ano”, aposta Marcelo. Conforme ele, para que o animal seja realmente competitivo, a consistência materna deve transcender gerações. “O acasalamento tem que ser com reprodutores bons, mas cuidando sempre as mães”, explica.

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que seguiram um caminho correto e estão conseguindo bons resultados. “Além disso, como o cavalo tem se mantido valorizado e tornou-se um importante ativo dentro do contexto do agronegócio, mesmo em um momento de instabilidade econômica, podemos afirmar, sim, que ele é um bom negócio”. Para Marcelo, demora cerca de 10 a 15 anos para se adquirir um status de criador e iniciar as vendas de animais. “É uma atividade de médio e longo prazo”. Orientação O primeiro conselho de José para quem deseja investir no mercado é buscar orientação. Ele cita o corpo técnico da ABCC, que possui 28 profissionais credenciados, capacitados e disponíveis a qualquer interessado em investir na raça, como uma opção. “É importante aproveitar toda essa experiência do técnico, ouvi-lo, e a partir disso traçar um objetivo na sua criação. Seja para o trabalho, lazer ou esporte, esses profissionais estão aptos a prestar todo o apoio necessário ao iniciante, tornando o seu investimento mais efetivo”, recomenda. Atualmente, novos mercados se abrem para a raça. Segundo o presidente da ABCC, estimulados pela expansão das provas esportivas ou simplesmente pelos prazeres do lazer a cavalo, tem crescido muito um novo público do cavalo chamado de usuário. “Diferente dos criadores ou proprietários, os usuários são os grandes responsáveis pela multiplicação de hospedarias e escolas de equitação por todo o país, consolidando uma nova tendência de uso desse animal: a do cavalo como “pet”. Hoje em dia é cada vez maior o número de pessoas que realizam o sonho de ter um cavalo para montar nos fins de semana, mesmo sem ter uma fazenda ou campo”. Conforme ele, a terceirização do trato e da

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manutenção tornou o Cavalo Crioulo, e as múltiplas opções de uso agregadas a ele, acessíveis a qualquer um. “Isso abriu uma importante porta de entrada a quem quer conhecer o meio e experimentar o cavalo, antes de dar o passo seguinte e investir na criação”. Para Marcelo, é importante ouvir quem conhece o mercado, visitar cabanas e pesquisar. “Tem que ouvir todo mundo e quem tem que tomar a decisão é você mesmo, porque é você quem vai comandar. O sucesso da Butiá se deve ao fato de que começou certo. Se começar errado, se demora muito tempo e não consegue nem entrar no mercado”. Tecnologia que impulsiona Os leilões estão entre os principais ramos do mercado do Cavalo Crioulo. As facilidades trazidas pela tecnologia ajudaram a alavancar as vendas e impulsionaram as empresas leiloeiras. Para o proprietário da Crioulo Remates, Flávio Antônio Celia, trabalhar no mercado há quase 30 anos é interessante e desafiador. “A evolução é notória. Há 20 anos, os leilões eram somente presenciais e muito regiona-

Flávio Antônio Celia Crioulo Remates

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A raça Segundo José Luiz Lima Laitano, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCC), as principais características do cavalo Crioulo são a sua funcionalidade, beleza e resistência. “A raça se destaca fisicamente pelo equilíbrio e harmonia, sendo um animal de estatura mediana e linhas uniformes e proporcionais. Entretanto, apesar da beleza e do temperamento dócil, sua rusticidade, capacidade de recuperação e facilidade de adaptação aos extremos climáticos são peculiaridades marcantes. Tais características distinguem esse animal como um incansável trabalhador e tornam ainda mais simples e menos onerosa a sua manutenção, sem a necessidade de cuidados excessivos”, explica. Conforme ele, o cavalo crioulo é um animal de coragem, ativo, inteligente, longevo, e comprovadamente versátil, pois se destaca em todas as exigências que lhe são impostas.


lizados. Com o advento da transmissão pela TV, o mercado se abriu para todo o Brasil, dando um incremento muito grande nas vendas. Hoje, com o uso da mídia eletrônica, surgiu mais uma via importante de comercialização, a qual temos certeza de que será o grande meio de venda daqui para a frente”, analisa. Ele indica dois gargalos, que tornam o trabalho mais desafiador. “O primeiro é a efetiva implantação da venda pela mídia eletrônica, hoje sem dúvida a grande saída para o mercado, levando em conta principalmente custos. O outro grande desafio é como fazer a distribuição dos animais vendidos para todo o Brasil, visto que a grande quantidade destas vendas é realizada aqui no Rio Grande do Sul. O problema de logística é hoje o grande desafio a ser enfrentado”, afirma. Futuro do mercado Flávio também aposta na figura do usuário de cavalo como o futuro do mercado. O público de usuários da raça, segundo a ABCCC, soma 60 mil pessoas em todo o país. “A categoria mais procurada e vendida é, sem dúvida, a dos animais para usuários da raça crioula, ou seja, exemplares domados para uso em cavalgadas, provas de laço, paleteadas e para o próprio lazer”. Conforme ele, mesmo com a crise, o mercado se manteve estável em 2015, mas teve um decréscimo no preço médio em relação a 2014. Para 2016, a expectativa é que as vendas mantenham o mesmo patamar, com grande procura de animais domados. De motorista a fotógrafo especializado Pode-se dizer que foi por acaso que José Guilherme Martini se tornou um dos fotógrafos de Cavalo Crioulo mais reconhecidos do Brasil. Em 1999 ele começou a trabalhar no Jornal Gazeta do Povo, prestando serviço de locação de carro onde era o motorista. Durante cinco anos acompanhou os fotógrafos profissionais do jornal em diversas pautas e foi se interessando aos poucos pela profissão. “Como era apaixonado por cavalos resolvi praticar o que aprendia com esses profissionais nas cavalgadas com amigos e provas do circuito do Freio de Ouro nos finais de semana. A convivência e o aprendizado com esses

Paixão que vem da infância Foi quando ainda era criança, com apenas cinco anos de idade, que Milton Ivan Pereira Castro, hoje com 46 anos, começou a trabalhar com o cavalo crioulo, ajudando o pai, que era cabanheiro. Hoje, o ginete de São Lourenço do Sul/RS, tem uma rotina de trabalho que começa já às 5h30 da manhã e vai até à noite. Ele começou a treinar cavalos em 1988 e a primeira participação no Freio de Ouro foi em 1994, quando também ganhou o primeiro Freio. “Eu vivo meu dia a dia para os cavalos. Trabalhar com cavalo para mim é tudo. Tudo que eu consegui até hoje foi por eles. Todos os dias quando eu começo a trabalhar parece que é um novo dia, está sempre recomeçando, procurando melhorar”. Milton soma 23 anos consecutivos participando do Freio de Ouro. São 8 Freios de Ouro, 2 Freios de Prata, 3 Freios de Bronze e 1 Freio Internacional.

profissionais foram de grande importância para minha escolha em seguir em frente como fotógrafo, pois estavam sempre prontos para ensinar e ajudar. Imagine eu com 30 anos de idade nunca tinha sonhado em ser fotógrafo”, relembra. A paixão por cavalos surgiu quando criança. Proprietário desde os 15 anos de idade, ele sempre acompanhou o ciclo das exposições e classificatórias no estado do Paraná e, desde 1990, vai à final do Freio de Ouro. O primeiro clic foi em uma cavalgada na fazenda de um amigo, em Lages/SC. Mas o que realmente marcou para José Guilherme foi a primeira foto publicada. “Por sorte ou destino, Mariano Lemanski, da Cabanha São Rafael, junto com o publicitário Claudio Freire e Lauro Martins, Agosto e Setembro - 2016 | Rio Grande do Sul | Ano II | nº13

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10 anos de fidelidade”, conta ele. De acordo com o fotógrafo, o melhor momento para a foto é no primeiro instante em que o cavalo chega para ser fotografado, quando está curioso com tudo que acontece a sua volta. “É preciso ter muita paciência, esperando sempre o melhor momento”. Segundo ele, existem vários ângulos que podem valorizar um animal, assim como destruí-lo na fotografia. “O interessante é ter um bom conhecimento técnico dos animais aprendendo com os criadores e discutindo quais as características a serem valorizadas na imagem. Cada animal tem uma característica diferente do outro então esse primeiro vistaço é importante”, finaliza.

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José Guilherme Martini Fotógrafo da raça crioula

FOTO: FERNANDO CONRADO

FOTO: JG MARTINI

administrador da Cabanha, resolveram me dar uma chance. Eles me convidaram para produzir a foto para um anúncio onde o título era: “Nada como começar o dia com o pé esquerdo...” e fotografo o estribo do lado esquerdo do cavalo que é o lado de montar. Foi minha primeira foto publicada”, lembra. A rotina de trabalho é de muitas viagens. “Como resido em Campo largo/PR, que fica próximo a Curitiba, viajo sempre até Porto Alegre de avião, em seguida alugo um carro e saio para atender os clientes em várias regiões do Estado. Geralmente minhas viagens são longas de 15 a 20 dias pois trabalho com uma agenda pré-determinada, onde atendo clientes com


O campo

avança

Fernanda Falcão

tecnico@sementesfalcao.agr.br

Engenheira Agrônoma e Gerente Técnica da Sementes Falcão

E depois da porteira?

Q

uando pensamos nos diferentes setores geradores de renda do Brasil, o Agronegócio tem papel de destaque, tornando-se referência mundial em desenvolvimento e progresso. A demanda crescente da população por alimentos em quantidade e qualidade torna o país peça fundamental no contexto global para suprir esta necessidade de alimentos. Segundo dados do IBGE relativos ao primeiro trimestre do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 0,3% em relação ao trimestre anterior e teve queda de 5,4% quando comparado ao primeiro trimestre de 2015. O PIB do agronegócio acumulou alta de 1,55% no primeiro quadrimestre do ano. O ramo agrícola cresceu 2,37% no período frente a queda do ramo pecuário (-0,22%). O agronegócio sustenta o país. Mas torna-se fundamental a volta do crescimento e confiança em outros setores da economia. A falta de investimentos em infraestrutura, logística, instabilidade jurídica e política, instabilidade econômica com a volta da inflação, aumento das taxas de juros, controle sobre a variação cambial e burocracia estatal são alguns dos entraves que impedem ainda mais o crescimento do agronegócio brasileiro. A ausência de estratégias a curto, médio e longo prazo são um dos fatores que levam a falência das propriedades rurais, assim como a falta de planejamento da sucessão familiar. E como tornar a propriedade rural uma empresa rural?

O mundo mudou, assim como a agricultura. E nós também precisamos evoluir e acompanhar estas mudanças. O agricultor necessita ser o novo empresário rural. As empresas rurais precisam se tornar globalizadas neste mercado cada vez mais competitivo e exigente, desenvolvendo planos estratégicos de curto, médio e longo prazo. O consumidor final exige qualidade e as empresas necessitam capital humano capacitado, capazes de criar estratégias neste cenário macroeconômico conturbado do nosso país. Antes da porteira temos a gestão técnica do nosso negócio, com novas informações e novas tecnologias à disposição, tornando possível o aumento de produtividade, desde que cada etapa do processo produtivo seja bem manejado. Entretanto, a empresa rural vai muito além da gestão técnica. Ela engloba controle financeiro, administrativo, recursos humanos, tecnologia da informação, marketing e comercialização. Qual conhecimento temos sobre o nosso negócio? Estamos analisando agronômica, administrativa e economicamente nossa atividade? Independente do tamanho da propriedade tornar-se inviável a atividade agrícola sem o amplo conhecimento do negócio. A profissionalização da empresa rural é fundamental para garantir a sobrevivência do novo empresário rural frente as constantes mudanças e desafios do mercado. Planejamento, inovação, tecnologia, conhecimento, gestão técnica

e econômica, aliada a estratégias empresarias são fundamentais para alcançarmos rentabilidades cada vez maiores.

O agronegócio sustenta o país. Mas torna-se fundamental a volta do crescimento e confiança em outros setores da economia.


FUNGICIDAS

Qualidade na aplicação Uma aplicação eficiente garante o controle de pragas e doenças e uma maior produtividade

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Ângela Prestes

A

aplicação errada de defensivos agrícolas pode colocar em risco os bons resultados de uma lavoura. É preciso estar atento a todos os fatores que interferem na eficiência de aplicação para garantir uma boa safra. Segundo o engenheiro agrônomo e especialista em tecnologia de aplicação, Paulo Rosa, a qualidade da água utilizada no processo, que deve ser limpa e possuir pH na faixa de 5,0 a 6,0 é um dos primeiros itens a serem observados. “Depois, o posicionamento correto do produto para a praga ou doença a ser controlada, a revisão do pulverizador eliminando possíveis problemas e a adequação do volume de calda/DMV da pulverização a condição climática”, recomenda ele. Uma boa aplicação garante um melhor controle de pra-

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gas e doenças e uma área foliar sadia e bem desenvolvida faz com que a produtividade da lavoura seja maior. “Na verdade, nosso grande desafio com uma tecnologia de aplicação de qualidade, é manter a lavoura com uma quantidade de folhas verdes suficientes para que a produção de fotoassimilados seja transformada em produção”, explica Rosa. A hora certa de aplicar Para Rosa, o fungicida deve ser aplicado na lavoura bem cedo. “De acordo com vários trabalhos publicados e nossa experiência de campo, somente conseguimos uma boa proteção da base da planta se as primeiras aplicações forem feitas com as linhas abertas”. Depois desse primeiro passo, o produtor deve repetir as aplicações no intervalo de dias recomendado pela pesquisa, de acordo com o grau de pressão de in-


fecção para o ano. “Além disso, buschuva, fatores de extrema importâncar as horas do dia onde a temperacia em fungicidas para se respeitar o tura do ar esteja abaixo de 30 graus intervalo de reaplicação e garantir a e a umidade relatiproteção adequada da va do ar acima de planta”. Além disso, a 50%, pois valores aviação também evita a extremos nos traperda por amassamenzem grandes perdas Somente conseguimos to que em algumas lapor evaporação”. Se vouras podem chegar uma boa proteção da a 5% do potencial pronão for feita correbase da planta se as tamente, as perdas dutivo. primeiras aplicações podem ser altas. De acordo com o enforem feitas com as “Em condições cligenheiro aeronáutico linhas abertas.” máticas extremas, e sócio da Vinci AeroPaulo Rosa gotas com excessináutica, Shailon Ian, Especialista em tecnologia de aplicação vo grau de fracionao custo da aplicação mento e barra com aérea é muito similar distribuição desuniforme, podem ao da aplicação convencional, ponos dar perdas de até 60% da dose rém os aviões trazem a vantagem pulverizada”. de cobrirem áreas maiores em um curto intervalo de tempo. Para ele, Aviação agrícola a utilização da aviação agrícola não Utilizados, em sua maioria, para a se restringe a grandes propriedades. aplicação de defensivos e fertilizan“A aviação agrícola pode ser adotates, as aeronaves são boas aliadas no da por qualquer produtor desde que controle da lavoura. A aviação traz sua plantação esteja em uma área rapidez e agilidade na operação, que permita o voo de forma segura. além da possibilidade de entrar em Entretanto, propriedades muito peáreas com umidade do solo elevaquenas não se beneficiam tanto do da, onde pulverizadores não rodam. uso do avião haja visto que a apli“Principalmente logo após uma cação convencional pode se dar de

Avaliação com papel hidrosensível

forma bastante rápida”. Hoje, 25% de todos os defensivos agrícolas são aplicados por via aérea nas plantações ao redor do mundo. A frota de aeronaves aeroagrícolas é a segunda maior frota registrada no Brasil com mais de 1400 aviões. “’As vantagens da aviação aeroagricola são amplamente reconhecidas nas propriedades brasileiras adicionalmente as propriedades localizadas no centro-oeste se beneficiam do terreno pla-

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no e sem obstáculos”, explica Ian. Diferença entre o uso de helicóptero, drone e avião Conforme o engenheiro agrônomo, o avião é um equipamento consolidado e com tecnologia correta dentro dos limites climáticos adequados traz excelentes resultados. “Porém necessitamos áreas com comprimento de linha mais longo para evitar manobras excessivas e manter o alto rendimento”. Já os drones e helicópteros têm as mesmas qualidades da aviação, mas com a vantagem de poder se trabalhar em áreas menores e em glebas pequenas e curtas, principalmente circundadas por matos e que exijam um melhor controle de bordadura. “São novas tecnologias que vem a somar, as quais deveremos estudar e entender a sua melhor aplicação”. Para Ian, a aviação, assim como diversas outras áreas da economia, deve verificar em algum momento no futuro a ampliação do uso de drones e robôs. “Se tais máquinas substituirão completamente as aeronaves hoje existentes é muito complexo de se determinar agora. Provavelmente o que veremos é o uso misto de aeronaves não tripuladas e aeronaves convencionais por um bom período ainda”, observa.

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Um pulverizador fora das especificações compromete a eficiência de vários produtos

Cuidados com o pulverizador Segundo o engenheiro agrônomo e especialista em tecnologia de aplicação, Paulo Rosa, o operador ou aplicador deve ter capacitação em treinamento específico. Um pulverizador fora das especificações compromete a eficiência de vários produtos. Ele indica os principais cuidados: - Revisar e eliminar todos os vazamentos. - Conferir o estado e a vedação dos filtros principal e de linha. - Revisar toda barra de pulverização, buscando observar coeficiente de variação máximo de 8% entre as pontas. Acima desse valor, substituir por novas. - Velocidade de trabalho máxima que mantenha as barras estabilizadas e com distância uniforme do alvo. - Grau de pulverização da calda (DMV) adequado ao tipo de alvo e condição climática local. - Volume de calda compatível com o índice de área foliar (IAF) da cultura.

Conferência da temperatura e umidade

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OPINIÃO elmar@incia.com.br

Elmar Luiz Floss Engenheiro-agrônomo e consultor Instituto de cicências agronômicas - Incia

Fatores essenciais para altos rendimentos do milho

O

milho é a principal cultura produtora de grãos no mundo e a segunda no Brasil, utilizado como alimento humano e animal, produção de etanol e matéria prima para vários produtos industrializados. A principal utilização do milho é na alimentação de frangos de corte e postura, suínos e até mesmo de bovinos de leite, associado com o farelo de soja. Trata-se de um cereal de alta adaptabilidade, sendo cultivado, atualmente, em quase todas as regiões do globo. É a cultura de maior potencial de rendimento de grãos, o que reduz o custo da unidade de grão produzida. Na safra de 2015/16, a produção mundial de milho no Brasil foi de 966,4 milhões de t, no Brasil de 69 milhões de t. Trata-se da cultura maior produtora de grãos do mundo, a segunda no Brasil e a terceira no Rio Grande do Sul. No entanto, os rendimentos médios no Brasil e no Rio Grande do Sul são baixos quando se considera os potenciais de rendimento obtidos nas propriedades que adotam a moderna tecnologia de manejo hoje disponível. O baixo rendimento médio de milho no Brasil, deve-se, principalmente, a população inadequada e má distribuição de plantas (devido a alta velocidade de semeadura, solos frios, grande profundidade de semeadura, salinidade devido a altas doses de potássio na linha e pragas de solo), falta de cobertura verde/morta, inadequadas propriedades físicas do solo (solos compactados), adubação nitrogenada abaixo das necessidades da cultura, deficiência de zinco (em solos arenosos, cerrado ou devido a altas doses de calcário em superfície) e deficiência hídrica.

Fatores para altos rendimentos Altos rendimentos de grãos de milho, com qualidade, dependem da conjugação de mais de 50 fatores, dentre os genéticos (híbridos), ambiente (solo e clima), manejo da cultura (tratos culturais) e fatores fisiológicos internos da planta. Otimizar todos os fatores envolvidos com a lavoura, antes e durante o desenvolvimento das plantas. Sair da mentalidade do “mínimo” para o “máximo”. Saber o ideal e fazer “o possível”, para aliar o aumento da produtividade com aumentos na rentabilidade.

Fatores edáficos O milho exige solos com boa estrutura física, com boa permeabilidade à água e ao ar. Podem ser de textura argilosa ou areno-argilosa desde que tenham boa estrutura. Não suporta solos encharca-

dos, pois necessita de boa aeração junto às raízes. E, solos com uma saturação de bases superior a 70%, alta CTC e descompactados.

Fatores de nutrição O milho de altos rendimentos exige muito nitrogênio, uma quantidade menor de potássio e menos de fósforo assimilável. O pH ótimo situa-se próximo de 6,0 e 6,5. Uma tonelada de milho remove do solo, em média, 27,9 kg de N; 20,5 kg de K; 10,3 kg de P; 1,6 kg de Ca; 1,6 kg de Mg e 1,3 kg de S

Fatores climáticos A cultura exige durante o período vegetativo abundância de calor para desenvolver-se e produzir normalmente. O rendimento do milho está diretamente relacionado com a disponibilidade de luz, pois é classificada como planta C4. Para que ocorra alta intercepção de radiação luminosa (9095% de absorção foliar máxima) para a cultura do milho, há necessidade de alta disponibilidade de água, nutrientes e temperatura adequada. É indispensável chuva ou irrigação precedente a época de fecundação dos óvulos nas espigas. Considera-se como limitante a falta de água no período de 15 dias antes e 15 depois da floração do milho.

Fatores genéticos Para obter altos rendimentos e maior estabilidade na produção é importante diversificar híbridos de diferentes ciclos (reduzir o risco de ocorrência de estiagens na floração), estatura baixa (resistentes ao acamamento e mais responsivos à adubação nitrogenada), folhas curtas e eretas (reduz o auto-sombreamento), com sementes de alto vigor e uniformes, dentre aqueles de maior potencial e estabilidade de rendimento, adaptados a cada região edafo-climática, época de semeadura, nível de fertilidade do solo (propriedades físicas, químicas e biológicas) e com uma qualidade de grãos requerida pelo mercado.

Fatores relacionados à semeadura Realizar a semeadura do milho quando a temperatura do solo estiver acima de 15oC. (emergência rápida e uniforme), com velocidade de semeadura não superior a 6-8 km/h, numa profundidade entre 3 a 5 cm, em diferentes épocas (minimizar efeitos de estiagem na floração), numa densidade de plantas recomendada para cada híbrido, disponibilidade hídrica na região e nível de fertilidade do solo.

Fatores relacionados ao controle sanitário Com híbridos, que apresentam ciclo cada vez mais curto, menor estatura de plantas e maiores potenciais de rendimento, os cuidados no controle fitossanitário devem ser maiores. Para o controle de pragas e moléstias, além de um adequado tratamento de sementes, é de fundamental importância a rotação de culturas e o equilíbrio nutricional das plantas, especialmente, a relação N/K. Na parte aérea monitorar o ataque de lagartas, pulgões, percevejos, dentre outras pragas, pois, é de fundamental importância a manutenção de uma boa área foliar e a duração da área foliar verde e sadia, especialmente, durante o enchimento de grãos. O controle de plantas daninhas inicia com uma dessecação antecipada e a aplicação de herbicidas pós-emergência até o estádio V4.

Fatores relacionados à fisiologia Os principais fatores envolvidos com a produção (fonte) são um adequado sistema radicular (eficiência de fornecimento de água e nutrientes), transporte de água e nutrientes das raízes até a folha, folhas curtas e eretas, com adequados teores de clorofila (eficiência na síntese), um índice de área foliar – IAF entre 3,5 a 5 (tamanho da fábrica), uma maior duração da área foliar verde e sadia (jornada de trabalho). Os fotoassimilados (açúcares e aminoácidos) produzidos na folha dependem da disponibilidade de água para que sejam transportados até os grãos na espiga. O boro é o micronutriente responsável pela liberação de açúcares da folha para o simplasto. Existe alta correlação entre o rendimento do milho e os teores de nitrogênio e potássio na planta nos estádios reprodutivos, o que justifica a aplicação parcelada de fertilizante nitrogenado. Portanto, a capacidade de armazenamento (dreno), depende da atividade do aparelho fotossintético, do número de grãos formados e da capacidade de enchimento desses grãos (massa).

Considerações finais Os altos rendimentos e qualidade dos grãos de milho dependem de mais de 50 fatores, relacionados com a genética, solo, clima, tecnologias de manejo utilizadas e dos processos fisiológicos internos. Utilizar híbridos de diferentes ciclos e de acordo com o nível de tecnologia utilizado; diversificar épocas de semeadura; cuidado com a densidade de plantas; evitar excesso de calagem em superfície na semeadura direta; adubação nitrogenada adequada (dose e época); e, eficiente controle sanitário.

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TRIGO

Segregação traz mais liquidez Para especialistas, segregar é a saída para lançar a triticultura gaúcha a outro patamar Ângela Prestes

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oje, as culturas de inverno ocupam cerca de 20% da área plantada no verão. As áreas utilizadas para soja e milho no Rio Grande do Sul correspondem a aproximadamente seis milhões de hectares, enquanto apenas 800 mil foram semeados com trigo em 2016, o que representa apenas 13% da área. São muitos os fatores que levam os produtores a não apostarem na cultura, entre eles a comercialização. Contudo, algumas medidas podem fazer a diferença no momento de vender os lotes. Apostar nelas pode ser a solução para quem ainda desconfia do potencial do trigo. Para o coordenador da Câmara Setorial do Trigo da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação do RS, Altair André Hommerding, dois principais fatores afetam a produção no Estado: as adversidades climáticas e os problemas de liquidez e preço durante a comercialização. “O trigo tem grande potencial de aumento de área se houver incremento na comercialização. A segregação é uma ferramenta para auxiliar nesta questão”. Para Vicente Roberto Barbiero, presidente da Associação dos Cerealistas do Rio Grande do Sul (Acergs) e do Sindiagro e representante dos cerealistas do Brasil na Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Culturas de 28 |

Inverno, é preciso que todas as partes envolvidas se unam para que essa melhora ocorra. “Para nós, produtores gaúchos, o trigo ainda é a melhor alternativa que se tem para produzir no inverno”, avalia. Segundo ele, a preocupação com a segregação começou há cerca de cinco anos, quando o Paraná passou a segregar e, consequentemente, tirou o posto do Rio Grande do Sul de maior produtor de trigo do país. “O Paraná possui atualmente um trigo de melhor qualidade e, com isso, consegue remunerar melhor o produtor e ter uma ótima liquidez”. Diferentes cultivares, diferentes destinos Cada cultivar de trigo tem uma aptidão industrial específica, ou seja, as qualidades de farinha são distintas para diferentes mercados, como panificação, massas e biscoitos. Para o engenheiro agrônomo e gerente comercial na Biotrigo Genética, Lorenzo Mattioni Viecili, esse é um dos vários fatores pelos quais a segregação tem importância no mercado. “Existem várias demandas no mercado pelos grãos produzidos, pelas indústrias moageiras, por farinhas para panificação industrial, panificação caseira, biscoitos, massas”, explica. Outra demanda vem do setor de rações, que não se preocupa com a qualidade da farinha, apenas com a porcentagem de proteína no grão. De acordo com Viecili, quando não se segrega visando ao mercado interno, os lotes podem não atender as expectativas das indústrias moageiras e acabam sendo destinados à exportação para outros países que têm menor exigência em qualidade. “Vale lembrar que as indústrias moageiras brasileiras são muito exigentes por alta qualidade ou segregação, pois os consumidores são muito exigentes quando compram pão, biscoito ou a massa”, aponta.

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Altair André Hommerding

O trigo tem grande potencial de aumento de área se houver incremento na comercialização. A segregação é uma ferramenta para auxiliar nesta questão.”


ez e rentabilidade Logística que prejudica Esse potencial, segundo Viecili, pode chegar a mais de 2 milhões de hectares no inverno se haver demanda. “O Brasil consome em média 11 milhões de toneladas/ ano e produz 5,5 milhões de toneladas/ano, em média. A maior produção se encontra nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul. O Paraná está ao lado do maior mercado consumidor, São Paulo, tem facilidade logística e há grandes empresas de moagem assim como as cooperativas desse estado também investiram em indústrias moageiras para absorver parte da produção do estado, exportando assim farinha para outros lugares do Brasil”. Ele explica que o Rio Grande do Sul é o segundo maior produtor de trigo do país, produz em média 3 milhões de toneladas/ano e consome em média 1,5 milhões de toneladas/ano, sobrando, assim, um excedente de produção no Estado. A logística se torna muito cara para escoar esse excedente para grandes centros consumidores, como o Nordeste, por exemplo. “Estradas complicadas e fretes caros. Olhando por esta ótica, não há estímulo para que o RS aumente a área de trigo, pois irá aumentar os excedentes de produção, ou seja, uma oferta muito maior do que a demanda local”, explica. Porém, essa realidade pode ser revertida se houvesse uma flexibilização na Lei de Cabotagem (transporte marítimo) ou se fossem colocados à disposição mais navios para fazer o transporte de grãos para

outros estados brasileiros. Estados do norte do país, hoje, acabam comprando trigo dos EUA, Canadá e até mesmo da Argentina, pois o frete do RS para o Norte é muito caro, o que inviabiliza comprar trigo gaúcho. “Isto ocorre porque há somente 2 ou 3 navios com baixa capacidade de transporte para se fazer a cabotagem, encarecendo demais o frete marítimo. No meu entendimento, a cabotagem hoje é uma das grandes saídas para alavancar a cultura do trigo no estado”. Conforme Viecili, o Brasil importa em média 6 milhões de toneladas de outros países, a um custo de R$ 1.000,00 a tonelada, mandando para fora mais de R$ 6 bilhões. “Se esse montante fosse investido aqui no Brasil, quantos empregos e arrecadação iríamos gerar a mais no setor? O trigo gaúcho evoluiu muito nos últimos anos em qualidade industrial, o Estado está competitivo, mas a logística de escoa-

O que é segregar? Existem diferentes tipos de trigo, com características diferentes para atender a demanda das indústrias que produzem produtos diversificados a base de trigo, como pães, biscoitos e massas. Conforme Hommerding, atualmente a maior parte da produção estadual de trigo entregue pelo produtor às cooperativas e cerealistas não sofre nenhum tipo de separação durante o recebimento, tudo é misturado no armazenamento, o que interfere na qualidade final do produto colhido. “Esta mistura acaba não tendo as características necessárias para atender o mercado adequadamente, perdendo valor comercial”. A segregação, portanto, é importante porque separa grupos de cultivares com características semelhantes que atendam a determinados mercados. “Por exemplo, um lote homogêneo de trigo com características próprias para produção de farinha para pão tem um valor maior no mercado, pois tem as qualidades necessárias para atender a indústria de panificação”, explica.

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mento de excedentes prejudica o estímulo de aumento de área”. O papel de cada um Mudar o cenário do trigo no Rio Grande do Sul não é um trabalho que pode se fazer sozinho. Cada agente que faz parte do processo desempenha um papel importante para a valorização da cultura. Para Hommerding, o produtor precisa planejar e manejar sua lavoura visando produzir um trigo da melhor qualidade possível, com as características necessárias que o mercado exige. “As cooperativas e cerealistas farão a segregação no recebimento do produto colhido, provavelmente após já ter havido o acompanhamento técnico dos produtores desde o plantio”, afirma. Para Barbiero, é preciso separar os materiais por região do Estado, que possam ter o maior teto produtivo. “Plantarmos sementes fiscalizadas e com tratamento industrial, e orientarmos para o manejo correto. Evitarmos produtos e ações não recomendadas. No recebimento, padronizar a secagem e a armazenagem dentro de um ideal para não perder a qualidade de origem e manter o produto saudável”. Conforme Viecili, o papel dos obtentores é disponibilizar cultivares que atendam os diferentes nichos de mercado, e cada cultivar com um posicionamento correto sobre cuidados agronômicos e para qual finalidade industrial é destinada. As cooperativas, cerealistas e revendas têm o papel de orientar o produtor qual a cultivar mais indicada para sua região, ou quais cultivares irão trabalhar no recebimento para fazer segregação. “Já o produtor tem que sempre buscar informações junto as 30 |

empresas envolvidas na produção, para orientá-lo da melhor forma a buscar o máximo retorno da cultura. Produtor também tem que buscar sempre sementes com certificação, para garantir procedência e estar amparado para qualquer eventualidade”, recomenda. Mas um dos papeis mais relevantes dentro desse processo é o do governo. “Só queremos que sejam quebradas algumas barreiras que nos deixam impossibilitados de concorrer com outros estados brasileiros produtores e também outros países”, apela Barbiero. Ele aponta a barreira fiscal como uma das principais. “Precisamos ter os mesmos percentuais de ICMS em relação aos demais estados produtores. Hoje, para levar nosso trigo para outros estados consumidores, nos deparamos com diferenças enormes de alíquotas”. O ICMS do Paraná, por exemplo, é de 2%, enquanto o do Rio Grande do Sul é de 8,4%. Outra barreira apontada por ele, também lembrada por Viecili, é a logística. Orientação Recentemente, uma nota técnica foi lançada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Irrigação (SEAPI) do Rio Grande do Sul

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regulamentando a segregação do trigo por grupo de cultivares. A segregação se deu em trigo pão, onde se dividiu em três classificações conforme a coloração, trigo doméstico e trigo biscoito. O agrupamento foi elaborado com base em resultados de pesquisas e resultados da indústria de moagem. A intenção é orientar os produtores quanto a quais cultivares plantar e auxiliar as cooperativas e os cerealistas na tomada de decisão quanto quais cultivares receber em suas unidades. Segundo Hommerding, a partir de agora o que precisa ser feito consiste em algum investimento por parte dos cerealistas e das cooperativas na adequação das estruturas de recebimento de grãos e treinamento de pessoal. “Além da conscientização dos produtores de que a segregação é importante e necessária para o desenvolvimento da triticultura no Estado”. Para Viecili, a nota representou um avanço enorme e inédito na história do Estado. “Com o apoio de todos os envolvidos na câmara setorial do trigo, chegamos a uma ótima orientação de segregação, com grande participação dos moinhos na sua constituição, ou seja, ela realmente é o que o mercado busca em termos de qualidades”.

Para fazer o download da nota técnica, lançada pela Seapi, basta acessar o link: goo.gl/ fb9RnH


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MÁQUINAS

Lançamentos trazem mai

Empresas apresentam os principais lançamentos para Expointer 2016 Case IH A Case IH apresenta durante a Expointer 2016 a evolução do sistema de colheita Axial-Flow, introduzido no Brasil de forma pioneira pela fabricante na década de 90. As colheitadeiras Axial-Flow Série 130, composta de quatro modelos: 4130 (da classe 5), 5130 e 6130 (da classe 6) e 7130(da classe 7) atendem a todas as regiões do Brasil e, durante a feira, o grande destaque será a versão para colheita de arroz do modelo 5130. Essa versão sai de fábrica com mais de dez conjuntos de componentes reforçados para suportar as condições extremas encontradas na colheita do arroz. Com plataforma de corte específica para essa cultura, com 20 ou 25 pés, a Axial-Flow 5130 oferece a melhor performance da categoria, assim como a maior potência e a maior reserva de torque entre todos os modelos disponíveis no mercado. A máquina destaca-se também pela

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sua versatilidade, pois se adapta perfeitamente às exigências do produtor do Sul do Brasil e permite que apenas com a troca da plataforma de corte e com poucos ajustes realizados de dentro da cabine pelo operador, o produtor pode mudar de uma cultura para outra. Outro destaque é a qualidade dos grãos colhidos que é uma característica consagrada pelo sistema axial desenvolvido pela Case IH. Além disso, a versão para arroz tem a oferta de

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um excelente conjunto de pneus próprios para arroz, sendo que o dianteiro é duplo e além do melhor sistema de tração da categoria. Essa máquina traz também como novidade a substituição dos motores mecânicos pelos motores eletrônicos FPT Industrial, cuja reserva de potência pode chegar ao dobro do principal concorrente. Na versão 5130, são 272 cv de potência nominal e 319 cv de potência máxima.


is tecnologia e facilidade John Deere A John Deere participará da 38ª edição da Expointer reforçando a estratégia de Soluções Integradas e como o Pós-Venda, de forma preventiva, otimiza as operações e atua diretamente no dia a dia do produtor. Confira os principais destaques para a pecuária: Os tratores modelos 6110E e 6125J (na foto) são amplamente utilizados no segmento de pecuária. As máquinas possuem transmissão PermaClut, com 12 marchas à frente e 4 marchas à ré, totalmente sincronizadas. Dessa forma, é possível realizar a troca de marchas sem parar o equipamento. Acopladas, as carregadoras frontais auxiliam na agilidade e na movimentação de produtos em fazendas de gado e leite. Outros implementos que serão destaques na feira pelo seu perfil muito voltado a este segmento são as roçadeiras GreenSystem™, lançadas este ano pela John Deere. Também marcam presença os tratores utilitários John Deere da Série 5E, a linha de tratores mais versátil da categoria, com a opção dos cabinados (5078E, 5085E e 5090E) e os modelos 5055E, 5065E e 5075E, com diferencial de ser o mais econômico do segmento e oferecer manutenção de rotina simples, resultando em baixo custo de operação. São equipamentos

muito utilizados pelos produtores da agricultura familiar e também no segmento de pecuária, quando aplicável, podem ser adquiridos via programa MDA, por meio do Banco John Deere, o único banco de fábrica a disponibilizar esta linha de financiamento. A Série 5E traz também uma novidade: o piloto automático de fábrica, o que gera ainda mais conforto na jornada de trabalho e reduz em até 90% sobreposições, dependendo do sistema de orientação e da precisão do sinal. Ainda para o segmento de pecuária, estará novamente a forrageira 8300 que possui mais desempenho

e qualidade operacional para a colheita de forragem. Com estrutura e design novos, a máquina apresenta uma forma de transferência de força que exige menos potência do motor e, associada à transmissão ProDrive, permite maior velocidade de deslocamento para colher e picar a forragem. Completando a linha pecuária, as enfardadoras cilíndricas e prismáticas serão representadas na feira pelo modelo 569. Com hastes recolhedoras de metal, o equipamento apresenta maior resistência e mais material recolhido em menos tempo.

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Massey Ferguson

A Massey Ferguson apresentará durante a Expointer 2016, a versão cabinada para a Série MF 4200 Compacto. Dentre o evento, os visitantes que passarem pelo estande da marca poderão conhecer de perto a novidade. Este modelo de trator é o mais vendido do Brasil, e agora a marca apresenta sua versão com cabine. A nova Série MF 4200, versão compacta, é composta de três modelos: MF 4265 (65 cv), MF 4275 (75 cv) e MF 4283 (85 cv). Sendo que estas versões são indicadas para culturas adensadas como cafeicultura, citricultura, horticultura, entre outras que exigem máquinas

Valtra A consagrada linha BM apresentará alguns opcionais que tornam o equipamento ainda mais eficiente. Estes tratores da Valtra sempre foram reconhecidos como uma das melhores opções do segmento de média potência (entre 106 e 132 cv), pois oferecem muito mais desempenho e robustez. Isto porque o novo sistema hidráulico foi redimensionado para vazão de 58 litros/minuto (11% a mais em relação ao

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anterior), o que significa que o maquinário está mais ágil, mesmo quando utiliza implementos de três pontos. Outra novidade será o sistema de fluxo constante, que também tem um acréscimo na vazão, passando para 58 litros/ minuto, ideal para equipamentos que possuem motores hidráulicos. E, por fim, a linha possuiu sistema de piloto automático, que garante precisão e maior rentabilidade no plantio.

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mais estreitas. Para atender aos profissionais deste segmento, a marca desenvolveu estes novos modelos com cabine que garantem o conforto necessário para que os operadores possam ter melhores condições de trabalho durante a jornada. “A Série MF 4200 Compacto tem design robusto e moderno. Os faróis em linha, na parte superior frontal do capô, e agora também no teto da cabine, proporcionam maior profundidade e amplitude lateral, o que resulta em melhoria na eficiência do sistema, tornando a operação mais ergonômica e segura durante os períodos noturnos, por exemplo”, destaca Eder Pinheiro, coordenador de marketing do produto tratores da Massey Ferguson.


New Holland A demanda por tecnologia em máquinas de menor porte vem crescendo nos últimos anos. Os pequenos e médios produtores encontraram nesse caminho uma forma de aumentar a rentabilidade da lavoura, sem necessariamente ampliar a área plantada. Para atender a esse público, a New Holland investiu no desenvolvimento da CR5.85, uma colheitadeira da classe 5. “O diferencial desse lançamento é o exclusivo sistema de duplo rotor, que faz uma fricção mais leve no grão e usa uma força centrífuga intensa, proporcionando uma maior separação e rendimento mais alto, dependendo das condições da lavoura, em comparação a uma máquina convencional”, explica Luiz Miotto, gerente de Marketing de produto para colheita da New Holland. A tecnologia é a mesma usada em colheitadeiras mais

potentes da linha CR da New Holland. A máquina possui potencial nominal de 265 hp e pode chegar a até 312 hp. Outra exclusividade é a mesa autonivelante, que permite à colheitadeira andar em terrenos mais inclinados, sem ter que reduzir a velocidade, pois mantém automaticamente o sistema de limpeza dos grãos na horizontal em superfícies de até 17% de declividade. Segundo Miotto, a mesa autonivelante, com uma área de peneira de 5,4m², reduz drasticamente a perda de grãos, o que gera muito mais rentabilidade para o produtor. “Além disso, a CR5.85 possui um tanque graneleiro de 7 mil litros e a maior taxa de descarga da classe, de 90 litros por segundo, diminuindo em 15% o tempo que a máquina fica parada, descarregando, em comparação com a principal concorrente”, explica.

Stara A Princesa é uma plantadora que veio para marcar um novo conceito em plantio. O lançamento da Stara é indicado para o cultivo de milho, soja e algodão, ela chega no mercado para facilitar a vida do produtor, tendo como diferencial a vantagem de ser articulada e contar com a distribuição de sementes e fertilizantes, disponível nos modelos com 16, 18 ou 20 linhas de plantio (com espaçamento de 45 cm). O chassi da Princesa possui grande articulação, o que proporciona a melhor copiagem do terreno durante o plantio, garantindo maior homogeneidade mesmo em terrenos

acidentados. O sistema de transporte é exclusivo e patenteado onde a articulação com fechamento lateral facilita a passagem por estradas, pontes e porteiras estreitas, deixando a plantadora com apenas 4,85m no modelo com 16 linhas e 5,75 m para o modelo de 18 linhas. A Princesa é uma plantadora compacta e leve. Está disponível em 2 modelos, a Princesa DPS, com caixa de sementes suspensa e a

Princesa Top, com caixa de sementes central. As Princesas possuem o sistema de Distribuição Precisa de Sementes Stara (DPS), proporcionando a melhor distribuição de sementes.

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CT& Bio

Gilberto Cunha

gilberto.cunha@embrapa.br

Pesquisador do Laboratório de Meteorologia Aplicada à Agricultura - Embrapa Trigo

Pioneirismo do SPD em campo nativo melhorado

A

ração e gradagem de solos ainda eram práticas bastante usadas na agricultura gaúcha, quando, em agosto de 1984, instigados por uma campanha patrocinada pelas entidades ligadas ao setor rural do município de Passo Fundo, com base no mote “Plante Bem, Plante Sempre”, em cujas mensagens veiculadas pela televisão, especificamente em uma delas, o médico veterinário João Kurtz Amantino encerrava a sua fala afirmando “Caberá, no futuro, ao campo nativo, a produção de grãos”; um grupo de pesquisadores da Embrapa Trigo, sob a liderança de Roque Gilberto Annes Tomasini, resolveu iniciar uma experiência que até então não havia sido praticada em nosso meio, envolvendo o Sistema Plantio Direto (SPD) em campo nativo melhorado, com o foco em produção de grãos e forragem, integrando lavoura e pecuária. O vaticínio de João Kurtz Amantino não foi de todo tão desarrazoado quanto poderia parecer na época. O sistema trigo e soja, que predominava no nosso meio, vinha demonstrando certas fragilidades, que já eram perceptíveis na paisagem regional, como, por exemplo, nos mananciais de água, cuja coloração avermelhada era sinal de deposição de partículas dos solos erodidos e somando-se à presença de voçorocas que avultavam nas coxilhas, além de perda de produtividade das lavouras, que, inclusive, ameaçava a sustentabilidade econômica desse sistema. A integração lavoura-pecuária e o sistema plantio direto davam os primeiros passos como práticas promissoras 36 |

em agricultura de base conservacionista. João Kurtz Amantino, um pecuarista vocacionado, apostou na força da inovação, introduzindo, a partir de um sistema de pastoreio rotativo Voisin à la brasileira, com a orientação dos pesquisadores da Embrapa Trigo, um projeto de integração lavoura-pecuária, com plantio de soja, trigo, milho e pastagens em área de campo bruto melhorado (denominação da época para os campos nativos melhorados), manejado sob plantio direto. E os resultados não tardaram a aparecer na propriedade de João Kurtz Amantino, com a elevação da produtividade do trigo e da soja e a redução do tempo necessário para levar um boi ao abate. O trabalho ganhou notoriedade e chegou às páginas dos jornais e das revistas da época, com destaque para a ampla reportagem veiculada no Guia Rural, edição de abril de 1987, além de ter sido objeto de inúmeros relatos em publicações técnico-científicas. Esse marco histórico do SPD em campo nativo melhorado envolveu a semeadura de várias espécies anuais, com coordenação e execução operacional pela Embrapa Trigo, na época, simplesmente mencionada como CNPT, em alusão a sua identidade institucional vinculada à Embrapa: Centro Nacional de Pesquisa de Trigo (CNPT). Na safra 1984/85, a soja (cultivar BR 4) foi semeada com um protótipo de semeadora para plantio direto desenvolvido pelo CNPT, conhecido nas hostes internas como Formiguinha, e com a implantadora de pastagens marca Fundiferro. Na sequência, em 1985, vieram o trigo (cultivar BR 14) e a cevada (linha-

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gem PFC 7808), semeados com a semeadora TD 220, marca Semeato. Por sua vez, na safra 1985/86,voltaram a soja (cultivar Cobb), o trigo (cultivar CNT 8) e a mistura azevém + ervilhaca, implantados com a semeadora SD 513, marca Lavrale. Em 1986/87, foram cultivados milho (híbrido AG 401 e variedade Conda), semeado com um protótipo de semeadora para plantio direto desenvolvido pela Menegaz, e soja (cultivar BR4), com a semeadora SD 513, marca Lavrale. Mas, o reconhecimento desse pioneirismo deu-se, efetivamente, por ocasião das comemorações do aniversário de 150 anos do município de Passo Fundo (1857- 2007), quando, a partir de uma inciativa do então vereador Édison Nunes, encaminhada ao Executivo Municipal em 20 de agosto de 2007, foi aprovada a construção de um monumento em homenagem ao “Pioneirismo na prática de plantio direto em campo nativo, sobre pastoreio rotativo”, tendo como local de instalação a Fazenda São João, às margens da Rodovia BR 285, onde o trabalho de campo foi originalmente realizado. Quem cruzar pela Rodovia BR 285, no sentido Passo Fundo a Mato Castelhano, logo após a barragem da Corsan, com um pouco de atenção, poderá observar esse monumento, cuja inauguração ocorreu na tarde de 11 de dezembro de 2007. Uma descrição detalhada do trabalho pioneiro e seus principais resultados podem ser encontrados no documento “Campo bruto melhorado: grãos solo e vida”, de Roque Gilberto Annes Tomasini e outros, edições EMBRAPA-CNPT, 1987, 22p.


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DEBATE MANEJO

Fórum discute perspectivas para o agronegócio brasileiro Evento, que ocorreu em Passo Fundo/ RS, contou com o apoio institucional da Revista Destaque Rural

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C

om o objetivo de debater a situação e as perspectivas, a curto e médio prazo, para o agronegócio brasileiro, foi criado o I Fórum Estadual do Agronegócio. O evento, que aconteceu em Passo Fundo/RS, em junho, foi promovido pela Instituto de Ciências Agronômicas – Professor Elmar Luiz Floss – Instituto Incia, com apoio de diversas instituições, entre elas a revista Destaque Rural. O fórum reuniu cerca de 600 pessoas, entre técnicos, produtores, empresários do agronegócio, imprensa, autoridades e estudantes e contou com a participação de importantes nomes da agricultura brasileira. Estiveram presente o ex-ministro da agricultura, Luiz Fernando Cirne Lima, o diretor de Agronegócio da ESPM, Luiz Tejon Megido e o professor e engenheiro agrônomo, Dr. Paulo Zimmer, da Universidade Federal de Pelotas. Os palestrantes abordaram te-

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mas relacionados à situação e as perspectivas do agronegócio brasileiro diante da política e economia mundiais, sob os pontos de vista técnico, político e econômico. Segundo o organizador do fórum, professor Elmar Luiz Floss, considerando a importância do setor, como produtor de alimentos de origem vegetal e animal, gerador de empregos (30% dos empregos no Brasil), renda (21% do PIB) e divisas (8 dos 10 principias produtos exportados são do agronegócio), há necessidade de debater seu futuro. “Diante dos enormes desafios gerados pela situação econômica e política do Brasil, bem como os gargalos de natureza técnica”. Conforme ele, o agronegócio brasileiro se consolida cada vez mais como o grande negócio do país, mesmo com a falta de investimentos, devido à instabilidade de mercado, bate recorde de exportação e de produção de grãos alimentícios, uma sustentação


para a economia. “É o único setor com crescimento de 1,8%, fazendo com que o seguimento seja a base da economia brasileira. O crescimento da produção de soja e de milho alavancou a produção de carne suína, de aves e bovina”, avalia. Situação e perspectivas O ex-ministro Luiz Fernando Cirne Lima fez um histórico das mudanças ocorridas na agricultura e pecuária do Brasil a partir dos anos 1970. Manifestou sua esperança no crescimento da agricultura brasileira, em função das enormes áreas de terra que ainda podem ser incorporadas à produção, às tecnologias disponíveis e à capacidade crescente de adoção das tecnologias pelos produtores rurais. Historiou a evolução da agricultura brasileira a partir da criação da Embrapa em 1973 e a geração de tecnologias de manejo das culturas em clima tropical. Mostrou-se preocupado com a falta de investimentos públicos em logística (ferrovias, hidrovias, rodovias e portos) para atender o crescimento da produção e das exportações. Convidou a todos os segmentos do agronegócio a lutarem pelas hidrovias no Rio Grande do Sul, para levar volumes crescentes da região de produção de grãos, carnes e celulose, ao porto de Rio Grande. O Professor PhD. Marcos Fava Naves, da Faculdade de Economia e Administração da USP, falou sobre “Uma leitura do futuro do Agronegócio brasileiro”, traçou cenários ao agronegócio, baseado na grave situação econômica do país, com perda do poder aquisitivo dos brasileiros, cuja solução não vai ocorrer em curto prazo. Mas demonstrou grande otimismo em relação ao aumento crescente do mercado internacional, principalmente pelos países da África e Ásia. São regiões de maior crescimento da população, com aumento do poder aquisitivo e sem fron-

José Luiz Tejon Megido foi um dos palestrantes

teiras agrícolas. Mas, para atender essa demanda, o Brasil precisa incorporar novas áreas de cultivo, mediante a aplicação das inovações tecnológicas que estão sendo desenvolvidas pela pesquisa, de forma cada vez mais rápida. Atos rendimentos A busca por altos rendimentos depende de vários fatores como genética, nutrição, clima e sanidade. Uma maior produção requer maior extração e exportação de nutrientes pelas culturas, em menor tempo de ciclo. Segundo o professor e PhD. Telmo Amado, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), isso desafia a assistência técnica e produtores no aumento da disponibilidade de nutrientes no solo, bem como aumentar o sistema radicular para aumentar a eficiência de absorção. A agricultura de precisão é uma importante ferramenta para aumentar a eficiência da adubação (aplicação a taxas variadas) e posicionamento, tanto de macro quanto de micronutrientes. Investir num maior crescimento radicular (eliminar impedimentos físicos, químicos e biológicos), especialmente aumentando a concentração de

cálcio e enxofre em produtividade (calagem e gessagem), além de aumentar a eficiência de absorção, reduz os efeitos de deficiências hídricas. O encerramento do I Fórum Estadual do Agronegócio contou com a palestra do professor, comunicador e consultor José Luiz Tejon Megido, com o tema “O Agronegócio brasileiro, diante do cenário político e econômico do Brasil”. O professor fez uma síntese dos principais pontos defendidos pelos palestrantes do dia. Como sair do “onde estamos?” para “onde vamos?”. Enfatizou a importância da competência profissional, que, diante do fracasso da classe política, há necessidade que a sociedade civil se organize, a partir das Confederações Nacionais da Agricultura, Indústria, Comércio e Serviço, responsáveis pelo PIB nacional. Elaborar um plano de desenvolvimento para o país, mediante as necessárias reformas administrativas, previdenciárias e políticas, envolvendo os três poderes (executivo, legislativo e judiciário). No encerramento, o coordenador do evento professor Elmar Luiz Floss, anunciou a realização do II Fórum Estadual do Agronegócio, em Passo Fundo, para junho de 2017.

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