Yogaterapia
natureza, corpo e filosofia da Ananda Marga integrados á beira do mar de Alagoas
Série especial
Margiis
papel dos no trabalho de pracar edição #2
editorial
Você conhece quem está por trás do Journal?
O Dharma for all nasceu em 2014, a partir da iniciativa de quatro ananda margiis, com o propósito de apoiar atividades de pracar, no Brasil e em outros países. Seja incentivando ações já existentes, ou apostando em novas propostas, o objetivo é fortalecer pessoas que estejam realmente empenhadas em difundir as práticas e a filosofia da Ananda Marga a um público mais amplo. As nossas ações são direcionadas a partir de dois eixos de ações: fomento a projetos e formação de pessoas. No tos,
eixo de fomento já lançamos duas
a projechamadas:
(i) A primeira foi destinada exclusivamente a acaryas, para que apresentassem projetos a serem realizados no Brasil. O resultado contemplou cinco projetos, dentre eles o site da Ananda Marga no Brasil. (ii) A segunda foi um Concurso de Ideias, destinado a margiis e acaryas. Dos quinze projetos recebidos, dois foram selecionados e já estão em andamento. Veja mais sobre os projetos aprovados em d4all.org/projetos/. No eixo de formação de pessoas, buscamos contribuir para a formação ideológica dos margiis, por meio de iniciativas como: (i) Vistara Dharma Camp, um encontro com o intuito de criarmos uma rede de
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cooperação de pessoas e seus projetos. (ii) Pracaraka Samgha, grupo de estudos que nasceu da necessidade identificada no segundo encontro do Vistara Dharma Camp. Aqui, os principais livros que compõe a base filosófica da Ananda Marga estão sendo estudados uma vez por semana, por meio de uma plataforma online, e algumas vezes por ano, em encontros presenciais. Todas essas atividades têm nos inspirado a cada dia. Sabemos da importância da ação de cada um para, em uníssono, orientarmos outros seres no caminho da bem aventurança. Por isso, é importante que essas e outras informações possam circular de forma mais efetiva e abrangente. Dessa percepção, nasceu em abril de 2018 nosso mais recente projeto: o Dharma for all Journal. Esse é um canal aberto e um instrumento de troca de informações, para que possamos, todos, mover-nos juntos em direção à Consciência. Dharma for all
Entre todas as ações virtuosas, punya karmas, a melhor é a performance de pracar (propagação espiritual). pracar apenas pode ser feito por aqueles que são aspirantes espirituais. Shrii Shrii Anandamurti *estes editoriais são textos opinativos, de autoria do Conselho Gestor da Dharma for all, organização que criou o Journal, e não configuram como reportagem jornalística.
editorial
Chegamos à segunda edição – e o que aprendemos até agora?
Na semana passada, encerramos nossa primeira edição. Começamos, agora, a segunda. Para nós, foi e tem sido uma jornada intensa e recompensadora. E, como qualquer projeto novo, precisamos recalcular a rota diversas vezes. Tudo está em fase de teste.
Por isso, agradecemos as centenas de pessoas que já estão seguindo nossa página, e as dezenas que curtem e comentam nossas publicações. Principalmente, agradecemos os feedbacks positivos e negativos, pois eles têm sido indicadores importantes para decidirmos o que fortalecer e o que mudar. Um dos pontos altos desta edição inaugural foi a primeira parte de uma série especial, sobre os diferentes papéis desempenhados pelos “tra-
balhadores de dharma pracar”. Uma matéria central para o propósito do Journal, criado pelo Dharma for all como forma de potencializar pracar (propagação da espiritualidade) e os pracarakas (quem trabalha para isso). Esperamos que apreciem, nesta segunda edição, a próxima parte desta série, que aprofundará no que significa ser um ananda margii. Em futuras edições, traremos outras séries especiais como essa. Queremos que o Journal seja tanto fonte de informação quanto de devoção e poesia. Por isso, chamamos Liss Thane para transformar os papéis de pracar em um infográfico didático e divertido, e para ilustrar a deliciosa história da infância de Baba,
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publicada em comemoração ao Ananda Purnima (aniversário de Baba). Continuaremos nessa toada, trazendo em outras edições imagens inspiradoras, inclusive lançando o Journal em outros formatos: no início de junho, ele estará no site do Dharma for all e será enviado em formato de revista digital, para aqueles que assinaram nossa newsletter. Percebemos que o universo de projetos em pracar e de pracarakas é grande e interessante, e que queremos conhecê-lo melhor. Por isso, desejamos estimular que mais pessoas nos escrevam, sugerindo ideias de matérias e pessoas a serem entrevistadas, e estamos montando um banco de projetos de ananda margiis. Se você sabe de algo ou alguém que mereça ser noticiado, entre em contato conosco. Também agradecemos dicas sobre música, livros, gastronomia e outras referências. Entendemos, por fim, que o Journal precisa dar espaço para os posicio-
EDIÇÃO GERAL Gurucaran SUPERVISÃO Prashanti EDIÇÃO GRÁFICA Iasodara Julia Koch
namentos políticos de seus criadores, num espaço diferente do conteúdo jornalístico. Esse é o tom, por exemplo, do #editorial do Dharma for all, publicado ainda na primeira edição, sobre o retiro setorial de Ananda Marga, ocorrido em fevereiro deste ano, no Brasil. Esses editoriais serão compartilhados uma vez ao mês (em casos especiais, mais de uma) e são dife-rentes do #editorial jornalístico (este que vocês leem agora). Agora vamos respirar fundo e mergulhar nesta segunda edição. Além do que já foi dito, tem texto sobre websites com bons recursos para pracar, uma matéria sobre o curso de yogaterapia em Alagoas (Brasil) com o Acarya Vishvarupananda Avadhuta, Jayadevi e Maytreii, unindo natureza, corpo e a filosofia da Ananda Marga, e um perfil do Acarya Rainjitananda Avadhuta, acarya brasileiro com base nos EUA, que faz um poderoso pracar com seus webinars sobre a filosofia do Tantra. Vem com a gente? Gurucaran – Editor Geral
REPORTAGENS DISTRIBUIÇÃO Taruna & gratuita colaborators PERIODICIDADE TRADUÇÃO mensal Devashish EDIÇÃO#2 Brazil / 2018
CONTATO journal@d4all.org https://journal.d4all.org f b.com/dharmaforalljournal
JOURNAL
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NESTA EDIÇÃO
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Engenharia do propósito
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O corpo como caminho do espírito
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Serie especial: Trabalhadores de dharma pracar 2
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8 websites sobre a filosofia de Baba
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“Life is smple” traz kiirtan simples e poderoso
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O arroz tailandês de Muktatman
Você deve lembrar que a vida humana não é como uma única flor; é como um buquê ou um jardim de flores desabrochando com muitas variedades de flores. E esta variedade de flores aumenta a beleza coletiva do jardim. Se houvesse apenas magnólia graniflora ou uma variedade de rosa apenas florescendo no jardim, embora essa única flor pudesse ser muito atraente, ainda assim o jardim como um todo não seria muito bonito. Um jardim é ainda mais bonito por causa das flores de vários tipos e matizes. Shrii Shrii Anandamurtii
profile
Engenharia
do
Propósito Acho intrigante quando conheço alguém que, desde muito cedo na vida, demonstra ter clareza do seu dharma, e que, além disso, segue firme em perseguí-lo, mesmo diante de obstáculos e provações ao longo da jornada. Foi essa a minha impressão sobre Acarya Rainjitananda Avadhuta, durante nossa conversa: a de que ele é um escolhido. Brasileiro do Rio de Janeiro, passou a infância numa fazenda em Minas Gerais, e aos dez anos, foi para a capital, Dias depois, a turma de amigos estuBelo Horizonte. Na faculdade, cursou dantes de yoga foi convidada a coengenharia e, prestes a se formar, pasnhecer um monge. Vestido de laranja, sou a se interessar por filosofia, com Acarya Bhaktapranananda Avadhuta sede de ali encontrar as entrou na sala e ensinou respostas para as ânsias “Cada dia é um cresci- a dança kaoshikii e ao fique movem o ser humanal, convidou a todos mento. Estou realno. Na biblioteca, cai-lhe à mente, cada vez mais, para uma palestra sobre mão um livro sobre a filomeditação. A sala da farealizando o que Baba sofia do yoga, que o levou culdade de Direito esa iniciar aulas em Hatha descreve na sua filo- tava cheia de universisofia. Vejo como o tários curiosos e afoitos Yoga. Sua professora, então, presenteou-lhe com o mundo está mudando por conhecimento de livro Autobiografia de um na direção do que ele espiritualidade. “Ao final, Iogue, que narra a história ficamos somente eu e falava.” de vida de Yogananda, um ele. Fiz-lhe muitas pergunswami indiano. “O livro me deu muita tas e achei que ele me ensinaria meinspiração em ser um swami”, relata. ditação imediatamente”. Só que não. 05 | Dharma for all Journal
O jovem engenheiro era o último da longa lista de iniciação que Dada Bhaktapranananda faria no domingo próximo.
Toda água busca o oceano
“Recebi minha primeira lição, meditei. Mas nada aconteceu. Eu fiquei um pouco frustrado, pois tinha muita expectativa, achava que era só repetir o mantra e alcançar samadhi, como havia lido no livro. Era uma ilusão”, Dada se lembra. Como uma mistura de persistência e atração, questionou novamente seu mentor. “Meditação você faz duas vezes por dia, regularmente”, lhe disse o monge. “E quantas vezes o senhor pratica?”, perguntou o jovem.
“Eu faço pelo menos quatro vezes ao dia”, o monge lhe respondeu. Sentindo-se instigado, Dada Rainjitananda desafiou a si próprio: “Se ele medita quatro vezes por dia, eu também posso!”. Daí em diante, sua dedicação à prática e filosofia só fez crescer. Os benefícios começaram a aparecer, bem como os desafios e dúvidas. E as religiões familiares? “Certa vez, enquanto subia a ladeira para ir à jagrti do Rio de Janeiro, ao mirar para o alto, avistei o Cristo Redentor e naquele momento entendi que Jesus estava me guiando para lá, era um sinal, e isso tirou a minha dúvida sobre estar no lugar certo. Dharma for all Journal | 06
Quando entrei na jagrit, havia uma foto de Baba muito bonita. Para mim, Jesus tinha me levado até lá e me entregue em boas mãos”. A noção de crescimento e ascensão de sua trajetória fica clara na conversa. Afiado como uma lança, que mira o alvo e corre atrás, e fluido como água, que toca a pedra no rio e não pára, ele seguiu o fluxo. Para desaguar no oceano. “Me tornar acarya era uma questão de tempo. Fui iniciado em 1982 e um ano e meio depois estava na Índia”. Lá encontrou Baba, via-o todos os dias. Depois chegaram milhares de pessoas para o DMC, onde Baba dava discurso e mudra como bênção. De lá foi para o treinamento de acarya em V a -
ranassi, cidade sagrada de Shiva, onde ganhou o nome atual: ranjit significa colorido. Assim, tornou-se um monge a quem o caminho da bem aventurança é cheio de muitas cores. Formado engenheiro e monge, Dada Rainjitananda serviu no Brasil, trabalhando mais com PROUT: ajudou a fundar um jornal, o Mover Juntos, sobre economia e sociedade, distribuído em retiros nacionais. Também serviu na África – Quênia, Zâmbia, Malawi, Tanzânia, e na Europa, na Alemanha e Itália. Desde 2000 mora nos Estados Unidos, onde é Secretário do Escritório Setorial do setor de Nova York (América do Norte e Central e Caribe). A unidade mestra que mora e administra, na cidade de Cairo, perto de Nova Iorque, possui uma horta que, com auxílio de outros dadas e margiis, produz bastante para o consumo, fornecimento em retiros e vendas. Estão ampliando o imóvel, para abrigar grandes retiros. Chega nesse ponto da conversa e eu lhe pergunto, “Dada, você conquistou tudo o que almejava?”, esperando ouvir algo extraordinário, ou uma grande ambição à frente . Mas o que ele entrega é simplicidade, reconhecimento, e o lampejo de curiosidade daquele jovem mineiro.
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“Cada dia é um crescimento. Estou realmente, cada vez mais, realizando o que Baba descreve na sua filosofia. Vejo como o mundo está mudando na direção do que ele falava. O vegetarianismo está crescendo, as pessoas estão buscando espiritualidade, o comunismo caiu. Estamos criando uma grande mudança nesse planeta, e isso é muito gratificante”, conclui ele, em tom pacífico. Por Taruna (Tatiana Achcar) Dharma for all Journal | 08
dharmapracar
O corpo como
caminho para o
espírito
Curso de yogaterapia une Tantra, práticas somáticas e natureza no Nordeste do Brasil O corpo como uma entrada bela e sagrada para o aprofundamento espiritual. Como uma extensão da natureza. Como palco onde a brincadeira cósmica pode acontecer. Como espaço de contato com a nossa condição humana. Como lugar de autoconhecimento, enraizamento, fluxo. É para habitar este corpo que nos convida o curso de formação em Yogaterapia, criado por Acarya Vish09 | Dharma for all Journal
varupananda Avadhuta e Jayadevi (Germana Lucena), hoje também coordenado por Maetreyii (Cris Ibiapina). O curso é composto por quatro módulos imersivos e de encontros online. O primeiro módulo dura cinco dias, e os demais, seis dias – são 220h de curso presencial e 80h virtuais.
Os encontros presenciais acontecem à beira do mar de Japaratinga/AL, no Nordeste brasileiro, no Hotel Bitingui. Lá, os participantes realizam práticas corporais, palestras e dinâmicas tanto em sala quanto ao livre, em meio a sol, areia, ondas e brisa do mar – é na praia, inclusive, que acontecem as sessões de kiirtan e meditação. “A yogaterapia ainda está chegando no Brasil. Aqui, há dois movimentos fortes: o da Yogaterapia Hormonal, liderado pela Dinah Rodrigues, e a Yogaterapia Integrativa, do qual um dos representantes mais fortes é a Montanha Encantada, em Santa Catarina”, afirma Jayadevi. Segundo ela, a inovação do seu curso é a introdução de princípios do Tantra de Anandamurti (feitas pelo Dada), junto com as práticas somáticas do Feldenkrais (ministradas por ela) e do Embodiment (trazidas por Maetreyii). “O que mais me cativou nesse trabalho foi a possibilidade de utilizar o yoga não somente como poses, mas como ges-
tos e atitudes que são incorporadas em nosso cotidiano”, diz Maetreyii. A presença do Tantra se expressa tanto no campo prático, quanto teórico. Os participantes recebem diariamente aulas de ásanas, mantendo a essência do sistema de Ananda Marga, e enriquecendo-o com as práticas somáticas, exercícios do Hatha Yoga, entre outros. Também realizam dharmacakra (com kiirtan, meditação, kaoshikii e tandava) duas vezes ao dia, à beira do mar. Na parte conceitual, são trabalhados, principalmente, três aspectos do Tantra: os kosas (camadas da mente), a filosofia do corpo tântrico e a noção de liila (brincadeira cósmica). O conceito de kosas, por exemplo, “mostra o ser humano como um espectro que vai do corpo à alma”, como afirma Dada Vishvarupananda. “Alguém que está saudável, está aberto para a Consciência Suprema e permite que isso inunde todos os aspectos do seu ser”.
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A filosofia tântrica para o corpo, por sua vez, entende o corpo como “o maior instrumento que temos nesse planeta”. Por isso, diz Dada, por trás dos sofrimentos físicos e psíquicos, existe crítica, negação ou descolamento do próprio corpo. “O corpo é uma expressão da natureza, e corresponde aos seus elementos. Olhamos para ele como meio para trazer a beleza estética do Tantra, como uma tela onde podemos pintar a beleza da vida”, afirma. Por isso, ele destaca, o Tantra usa visualizações e mantras para transformar nosso jeito de olhar o corpo, para além de “carne e osso, mas como uma expressão cósmica profunda”. Já a ideia de liila (brincadeira cósmica), nos lembra que “o saudável, o doente, a juventude e a velhice, são todas expressões dessa brincadeira”. Segundo Dada, muitas doenças acontecem por excesso de autocentramento, e a noção de liila nos reconecta com a ideia de estarmos dançando uma dança cósmica que “algumas vezes assume tons mais cômicos, outras mais trágicos”. Ele conta que liila remete à energia da criança, que está sempre no presente, sem planejar o futuro ou ruminar o passado. As práticas somáticas, segundo Jayadevi, entram como “coadjuvantes”, para ajudar o participante a “entrar na experiência de sacralidade do corpo”. “O preparo corporal abre uma via mais rápida de acesso para quando o Tantra é introduzido”, afirma. Tanto ela, quanto Maetreyii, argumentam que o objetivo é fazer com o que os participantes aprofundem a relação com seu corpo, achando em si seus recursos de cura e autoconhecimento, para então poderem apoiar os outros, num trabalho terapêutico. 11 | Dharma for all Journal
Desde seu início, em 2016, 59 pessoas já passaram pelo curso, das quais 25 concluíram os quatro módulos. As demais ou ainda estão em formação, ou participam da nova turma, que deu a largada em maio deste ano. Os que chegam até o final podem atuar como yogaterapeutas, utilizando práticas e conceitos do yoga no tratamento auxiliar de doenças físicas e psíquicas. “Queremos espalhar sementes de Tantra, por meio do yogaterapia”, diz Jayadevi. E parece que estão conseguindo. Rainjanii (Rafaela Müller), que viaja desde o interior de São Paulo para estar nos módulos em Alagoas, afirma que o curso lhe deu “recursos ao mesmo tempo diversificados e ancorados na filosofia de Baba, para que o yoga seja acessível a quem o conhece ou não, e para apoiar questões de saúde específicas, nem sempre fáceis de lidar. Fortaleceu muito a minha inspiração”. Saiba mais sobre o curso escrevendo para manalucena@hotmail.com ou +55 83 99634-3800 (WhatsApp) Por Gurucaran (Gustavo Prudente) * fotos Harideva
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Série especial: Trabalhadores de dharma pracar – Part 2
O ananda margii é aquele que escolheu seguir a filosofia de Shrii Shrii Anandamurti, assumindo a missão de auto-realização (atma moksartham) e serviço a toda criação (jagat hitaya ca). Por isso, parte essencial de ser margii é estar sempre engajado em trabalhos relevantes, atuando constantemente para realizar pracar. Como os margiis têm realizado este trabalho? Como se inspiram? Que dificuldades encontram? Essas e outras perguntas serão investigadas aqui, na segunda parte da série especial “trabalhadores de dharma pracar”, a partir das experiências 13 | Dharma for all Journal
de quatro margiis brasileiros. Há diversas oportunidades para que margiis façam pracar. Podem apoiar o desenvolvimento das organizações que compõem a comunidade Ananda Marga hoje, atuando em um ou mais de seus vários departamentos – por exemplo, AMURT/AMURTEL (focado em assistência social) ou RAWA (focado em arte para elevação da consciência). Podem, também, levar os diferentes aspectos da filosofia e das práticas em seus próprios trabalhos, como líderes, gestores, empreendedores, professores, instrutores de yoga, entre outros.
Soma Devii (Sandra Brys), moradora há 28 anos da unidade mestra Ananda Kiirtana (Belmiro Braga, MG) e margii desde 1980, diz-se “afortunada pela graça de Baba por ter encontrado esse caminho”. Alimentada por essa graça, dedica-se exclusivamente à educação, como fundadora e atual diretora da Escola Rural Sol Nascente (parte da unidade mestra). Tanto a escola quanto os treinamentos, workshops, palestras, bem como as histórias infantis e canções que escreve, baseam-se no neo-humanismo. Segundo Soma, um dos papéis do margii é se valer dos ricos ensinamentos de Baba e de quem conviveu diretamente com ele para “criar uma didática apropriada, que apresente esse conhecimento de maneira acessível”.
Rajendra (Ricardo Almeida) do Rio de Janeiro, RJ, margii desde 1981, trabalhou muitos anos na parte organizacional da Ananda Marga no Brasil, e hoje em dia se dedica a organizar cursos de introdução ao kiirtan e à filosofia na jagrti do Rio de Janeiro. Para ele, pracaraka é aquele que “busca divulgar o dharma em sua melhor expressão, inspirado pelos ensinamentos e pela proximidade com Taraka Brahma, de modo a ajudar todos a evoluírem em suas expressões física, mental e psíquica”.
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Kalyanika (Carla Cavalheiro), de Caxias do Sul (RS), conheceu a Ananda Marga em 2004, por meio dos cursos do Instituto Visão Futuro, cuja base é a filosofia de Baba. Acabou trabalhando durante alguns anos em seus programas e levando técnicas de meditação e yoga para um grande público. Hoje, organiza um grupo de meditação e yoga em seu espaço e criou o movimento MeditAMOR, que leva músicas devocionais e kiirtan em retiros e congressos com temática espiritualista. Para Kalyanika, o grande motor para pracar também é a devoção: “O que me mantém de pé é o amor arrebatador e totalmente fora do meu controle que sinto por Baba, e que sinto que Ele também sente por mim”.
Lalan (Lucas Becker), iniciado em 2013, desenvolve o projeto “Yogue-se Pelotas”, com aulas de yoga e meditação, sem formato de dharmacakra, como porta de entrada das pessoas na filosofia. Além disso, promove cursos de alimentação vegetariana, filosofia espiritual, mantras, saúde e medicina e outros múltiplos aspectos da obra de Anandamurti. “Essas práticas amparam e fundamentam a estrutura do núcleo e dão mais credibilidade ao pracaraka frente à população local”. Para Lalan, os margiis devem levar pracar para todos os lugares e de todas as formas possíveis, embora “não seja necessário definir e levantar a bandeira da Ananda Marga sempre”. Ele defende que “um yogii é quem incessantemente se esforça em unir a consciência individual à consciência cósmica. Mas ser margii é ir além disso: é se esforçar para assumir socialmente o papel de sadvipra.”
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O caminho de pracar, porém, apresenta algumas pedras.
Kalyanika menciona os dogmas religiosos na região em que trabalha. Rajendra, por sua vez, acredita que um grande desafio é ajustar os trabalhos tradicionais das jagrtis com a mentalidade ocidental atual. Segundo ele, a solução seria uma abordagem gradual, em que um a pessoa passaria a frequentar o dharmacakra após um período mínimo de aprendizado da filosofia – como Lalan tem feito em seus projetos. Soma destaca desafios estruturais, como o baixo número de livros traduzidos, e a necessidade de uma maior sistematização e organização dos temas trabalhados pela Ananda Marga, de maneira padronizada. Nesse sentido, Kalyanika menciona as dificuldades de manter um grupo de voluntários praticantes e engajados. Sejam quais forem as dificuldades, elas se agravam pela disputa política que, segundo Lalan, existe hoje na organização. “Muitos acaryas estão perdendo tempo e energia em problemas individuais, de geogrupos e de sócio-grupos. Quando o objetivo de levar a sociedade a uma condição mais humana fica em segun-
do plano, o prejuízo é imensurável”. Apesar dos desafios, todos concordam que o atual momento de crise ética, política, social e econômica é oportuno para apresentar a filosofia às pessoas. Também é consenso que, para isso acontecer, é preciso se adequar a linguagem a cada público. “Visto que a obra de Sarkar é imensa e que vai muito além da capacidade humana, as diferentes abordagens são importantes para cativar pessoas com interesses diversos”, conclui Lalan. Quantos outros margiis engajados e inspiradores existem no Brasil e no mundo? Quais as suas ações bem sucedidas em pracar? Que dificuldades encontram? Como estão superando esses desafios? Se você tem um projeto e gostaria de divulgá-lo, ou gostaria de indicar o projeto de alguém, escreva para nós: journal@d4all.org. Em breve, lançaremos uma ferramenta para divulgação de projetos de dharma pracar do mundo todo. Leia aqui a primeira parte da série. Da Redação
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8 websites
para quem quer
divulgar a filosofia de
Baba
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BAÚ DA ANANDA MARGA
http://bau.anandamarga. pt/
BEABÁ
https://www.anandamarga.org/ O site é um beabá bem sistematizado sobre a ideologia e filosofia espiritual e social da Ananda Marga. Viaje pelos cinco continentes onde a organização está presente e conheça projetos em andamento, publicações e notícias, agenda de retiros, festivais e congressos.
Um site de Portugal que reúne discursos de Baba e história vividas e contadas por seus discípulos. Saúde, espiritualidade, ciência, economia, educação, agricultura e artes são abordados em discursos organizados por temas, como biopsicologia, Tantra, ecologia, yoga, literatura, relação com Deus, entre outros. Veja onde Ananda Marga atua com projetos em esNum dos textos sobre as colas, orfanatos, centros várias interpretações e de saúde, assistência à explicações da palavra desastres, e desenvolviyoga, Baba nos diz que mento comunitário. Per“yoga significa que todas guntas e respostas báas propensões se mo- sicas sobre ciência vem em direcção à Enti- espiritual e meditadade Suprema na esfera ção, e esclarecendo física, na esfera mental dúvidas sobre mée na esfera espiritual. E todos, benefícios e quando Ele se torna “Eu’ origens. Meditações e ‘Eu’ torna-se Ele, en- guiadas e livros, ebooks e tão o espírito de yoga é músicas. Encante-se com completamente alcança- a bela linha do tempo da do”. SIte em português. vida de Baba. Em inglês, espanhol e mandarim.
NAVEGANDO NA VASTIDÃO DE PRABHAT SAMGIITA
hhttp://prabhatasamgiita.net/
Como procurar (e encontrar) os seus Prabhat Samgiitas favoritos dentre as 5018 que Baba compôs? Neste site, é possível pesquisar pelo número da canção e pelo tema – em sânscrito, em bengali, em inglês. Encontre desde canções de Shiva e de Krsna a canções de aniversário, ano novo, casamento, nomeação de um bebê, cerimônia de plantio de árvores e muito mais. Há histórias, entrevistas, artigos escritos e contados por acaryas sobre Prabhat Samgiita, além do manifesto da Rawa – Associação de Artistas e Escritores Renascentistas, fundada por Baba em 1958. Site em inglês.
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A EDUCAÇÃO É O QUE LIBERTA https://gurukul.edu/
CANÇÃO INTERIOR http://www.innersong. com/ O site é uma verdadeira discoteca margii. Se você gosta de ouvir, além de música, outros conteúdos em áudio, vai passar horas aqui. Meditações e relaxamentos guiados, kiirtans, canções e histórias infantis, darshans, Prabhat Samgiita. E muita, muita música, entre kiirtans e composições próprias de dadas, didis e artistas como Jyoshna, Shubhamaya, Ainjali e bandas. Alguns filmes, como o famoso Conversas com Dada Chandranath, feito por Devashish. Tudo acompanha resenha. Sistema de busca por álbum e artista. Amostra grátis, download à venda. Site em inglês.
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Neo-humanismo é uma filosofia espiritual prática, que serve de base para os projetos de educação da Ananda Marga Gurukula, uma rede educacional internacional de escolas e institutos de ensino, pesquisa e serviço. A rede abrange mais de 50 países com mais de mil creches, escolas primárias, escolas secundárias, faculdades e orfanatos, estabelecidas nos últimos 50 anos. No site, você acessa todas essas instituições, ecovilas rurais espirituais e ebooks com histórias educativas para a primeira infância. Vale a pena conferir a revista eletrônica temática de Gurukula. SIte em inglês.
COMIDA PARA CORPO, MENTE E ALMA… http://simplysentient.org/ Tem que ser sutil. Em Simplesmente Sutil, você encontra receitas de entradas, saladas e sopas, prato principal, pestos, molhos, sobremesas, panquecas sem glúten, sucos e smoothies e sucos terapêuticos, tudo dentro da dieta prescrita por Baba. Com humor e beleza, inventa receitas originais, como o Vegecstast, um suco que faz você vibrar com energia e dança extasiante. E a torta CocoMangoTango, tropical e apaixonante. O site te fisga pela barriga alimenta os olhos com fotos caprichadas. No blog, artigos sobre saúde, medicina ayurvédica, curiosidades culinárias. Site em inglês.
BIBLIOTECA DE BABA http://prabhatasamgiita.net/
AMOR VERDE E AMARELO https://www.anandamarga. org.br/ Porta de entrada da Ananda Marga no Brasil, com endereço e contato de todas as unidades e comunidades espirituais do país. Acesso a projetos sociais e escolas neo-humanistas. Agenda de retiros, kiirtans em áudio, cursos de formação de yoga, treinamentos ideológicos, cursos de Prout, alimentação sutil, permacultura, agrofloresta, bioconstrução, eventos de arte e prabhat samgiita. Lista de livros escritos por Shrii Shrii Anandamurti e outros autores. Aprecie a linha do tempo da vida de Baba, com fotos. Site em português.
O P.R. Sarkar Institute é uma iniciativa da Ananda Marga Gurukula que funciona como uma biblioteca central online de recursos e um fórum para a pesquisa, desenvolvimento e distribuição dos ensinamentos e idéias relacionadas de P.R. Sarkar. Enorme quantidade de conteúdo muito bem organizado por ordem cronológica, alfabética e temática. Publicações, filmes, áudios. Por ocasião do centenário de seu nascimento, em 2021-22, o instituto está produzindo uma exposição e documentário, e para tanto convida a comunidade margii para contribuir com histórias, documentos, imagens, áudios, vídeos, artefatos históricos, artigos de mídia, arte, literatura e outros materiais. Site em inglês. Por Taruna (Tatiana Achcar)
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review
“Life is simple” traz kiirtan simples e poderoso
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Anil (Alexandre Rizzo) tocava kiirtan apenas para si mesmo. Entretanto, o acarya que o iniciou, Acarya Dharmadevananda Avadhuta, insistiu que ele tocasse publicamente. Anil aceitou o desafiou, e fez sua estreia durante um akhanda kiirtan. Tocava de olhos fechados, imerso em sua devoção, quando os abriu e viu em sua frente uma acarya. “Ela me olhava com pena, como quem me pedia o violão”, conta. Entendendo que seu kiirtan não havia agradado, ele poderia ter parado por aí. Mas seguiu em frente e se tornou não apenas um tocador de kiirtan muito apreciado, mas também compositor de melodias belas e poderosas. Algumas delas estão reunidas no seu primeiro álbum, “Life is simple” (A vida é simples, tradução livre).
“São melodias simples, intuídas com o coração”, afirma Anil, que diz se inspirar em artistas da música erudita, como Bach, em bandas de rock como o The Who, e na música popular brasileira. Entre os músicos de kiirtan, cita como referência Giiridhara (Glauber Pimentel), margii de Araruama, no interior do Rio de Janeiro. Anil é brasileiro, da capital do Rio de Janeiro. Foi iniciado em Ananda Marga em 1989, e atuou como brahmacarii de
1993 a 1995. Atualmente, divide o seu tempo entre o Rio de Janeiro e a unidade mestra de Ananda Kiirtana, na zona rural de Belmiro Braga, Minas Gerais. “Life is simple” pode ser adquirido diretamente com Anil, via WhatsApp: +55 21 98251-8250. Uma das faixas do álbum, “Céu Estrelado”, está disponível no Youtube e no Sound Cloud: https:// soundcloud.com/anil-rizzo. Da Redação
Anil tocando violão
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pracarakachef
O arroz tailandês de Muktatman,
que faz da culinária sua principal forma de pracar
Na pacata cidade de Santo Antônio carakas: “convidar com esse brilho nos do Pinhal, no interior do Estado de olhos”, porque “faz toda a diferença na hora de trazer mais e mais praticantes”. São Paulo, reside o paulistano Muktatman (Ricardo Arroio). Ele conta que se Depois da iniciação, Muktatman tornou margii há cinco anos. quando c o - meçou a aprofundar o seu foi iniciado pelo Acarya Jinanananentendimento do que é o da Avadhuta, por indi“As pessoas se cação de seu amigo – e encantam porque Tantra, o que o levou a uma grande mudança de vida. À pracaraka – Gurucaran conseguem perépoca, trabalhava com ges(Gustavo Prudente). Seceber que é postão e produção de grandes gundo ele, Gurucaran sível fazer uma eventos, mas com a prática foi o primeiro margii que conheceu, e foi o brilho alimentação sutil de meditação, passou a sendos olhos dele que o sem abrir mão do tir necessidade de frequentar programas de desenvolvilevou a pensar: “eu não sabor” mento humano. Acabou fasei o que é, mas eu quezendo disso seu trabalho ro um pouco disso aí também”. Este, atual. “Depois que eu comecei a diz, é seu conselho a todos os prameditar, um milhão de coisas aconteceram, liberei muito a minha potência no mundo, e por isso eu sou muito grato a esse caminho”, diz. Hoje, utiliza os conhecimentos e ferramentas do Tantra em diversas formas de pracar, como nas suas formações e consultas de coaching, no Programa Ser (focado na saúde integral) e no trabalho junto à ONG 23 | Dharma for all Journal
Wyse International (que realiza treinamentos de liderança para jovens de diversos países do mundo). Ele também traz seus conhecimentos para enriquecer os projetos da Ananda Marga, como nos encontros voluntários que conduziu junto às educadoras das creches da Avadhutika Ananda Jaya Acarya, em São Paulo/SP (Brasil) http://amurtsp.org/. Entre todas suas formas de pracar, uma das mais utilizadas é a alimentação. Ele leva a comida sutil para os eventos de culinária que promove, os programas que desenvolve (como os do Ser e do Wyse) e para projetos educativos, como o inovador “Culinária & Meditação”, que desenvolveu na Lumiar Internacional, escola da cidade onde mora. A cozinha entrou em sua vida como herança da família e de seu tempo trabalhando em restaurantes na Austrália. Se antes sempre cozinhava com alho e cebola, depois de conhecer Ananda Marga e abrir mão destes temperos, conheceu um novo universo de sabores, cores e cheiros. “Percebi diferença que faz na minha digestão” diz. Em todos os lugares que cozinha, ele explica o porquê de não utilizar alho e cebola. Dessa forma, tem a oportunidade de divulgar alguns aspectos da filosofia de Shrii Shrii Anandamurti. Para apoiar seu argumento, explica que outras linhas não consomem estes mesmos temperos, como os
vaisnavas (hare krsnas), e os praticantes da medicina tradicional chinesa. “As pessoas se encantam porque conseguem perceber que é possível fazer uma alimentação sutil sem abrir mão do sabor, mas sim explorando novos sabores. Como para mim a alimentação é uma paixão, ela acaba sendo uma porta de entrada para falar sobre meditação, sobre o caminho devocional, e sobre prática. Se eu fosse elencar a minha principal forma de fazer pracar, diria que a principal é através da comida”. Da Redação Dharma for all Journal | 24
Arroz tailandês Ingredientes:
Receita
xer. Cobrir a forma com papel alumínio e levar ao forno médio (200° C) por aproximadamente 20 minutos ou até que o líquido seque. Retirar do forno ainda coberto, e deixar descansar por 15 min, para que o arroz fique mais soltinho. Retirar o papel alumínio, as folhas de capim-santo e servir.
-1 xícara de arroz branco (agulhinha) -1 xícara de água de coco -1 xícara de leite de coco -Raspa de meio limão -Suco de meio limão Observações: -Sal a gosto -2 folhas de capim-santo (capim-cidrei- Pode usar qualquer tipo de arroz (basmati, jasmim, integral, etc). Dependenra) do do tipo de arroz, a proporção de líquidos pode variar. Caso faça a receiModo de preparo: ta em grande quantidade, o tempo de Lavar o arroz e deixar escorrer. cozimento pode variar. Em uma forma refratária acomodar as folhas de capim-santo inteiras no funSugestão de acompanhamentos: do do refratário, para facilitar a remoFarofa de Beterraba, chips de banana ção quando ficar pronto. Juntar o arroz lavado, a água de coco, ou chips de mandioquinha. Legumes ao curry ou moqueca vegetariana. o leite de coco, o suco de limão e o sal.Misturar bem e provar para corrigir Quer indicar um #pracarakachef? Eso sal, caso necessário. Espalhar as raspas de limão e não me- creva para journal@d4all.org 25 | Dharma for all Journal
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2018E *fonte ampsnys.org
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