DiáriodeCoimbra
DCEspecial
T N A BIOC K PAR
4 DE MARÇO DE 2010 QUINTA-FEIRA / NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE
DIRECTOR ADRIANO LUCAS
A referência da biotecnologia em Portugal Em 2012, o Biocant Park deverá ter mais três edifícios a funcionar, atingindo um investimento global de 35 milhões de euros Andrea Trindade O Biocant II, terceiro edifício do Biocant Park foi recentemente inaugurado pelo primeiro-ministro José Sócrates. O parque de ciência e tecnologia, a trabalhar desde Setembro de 2005, em Cantanhede, recebe os maiores elogios de quem o visita e é já considerado a referência da biotecnologia em Portugal. É hoje sede para 15 empresas (cerca de 25 por cento do total das bioindústrias existentes no país) e emprega cerca de 150 profissionais altamente qualificados. O percurso de pouco mais de quatro anos é notável, mas os passos que pretende dar são bastante maiores. O Biocant espera crescer - em instalações e, sobretudo, em massa crítica - para ganhar dimensão e competitividade internacional. Isso mesmo refere ao Diário de Coimbra o director científico, Carlos Faro. O projecto Biocant Park nasceu de uma colaboração entre o Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra e a Câmara Municipal de Cantanhede, a que se veio a juntar a Universidade de Aveiro, por força do envolvimento de investigadores que ali eram também docentes. «Não tem por base instituições mas pessoas, um grupo que partilha da mes-
CARLOS ARAÚJO
O BIOCANT II, inaugurado o mês passado, está totalmente ocupado com empresas ma visão e cultura, e penso que aí residiu a chave do sucesso», recorda Carlos Faro. O Biocant I Centro de Inovação iniciou a sua actividade em Setembro de 2005, integrando laboratórios, unidades de inovação e algumas empresas que se haviam deslocado de Coimbra, nomeadamente da Incubadora do Instituto Pedro Nunes. Menos de um ano depois, foi inaugurado o edifício sede do
parque e no início do mês passado o Biocant II. Este significou um investimento de 3,8 milhões de euros, numa obra entregue à MRG Engenharia e Construção, e tem já o espaço completamente ocupado por novas empresas. «O que conseguimos nestes quatro anos é absolutamente notável e, neste momento, o Biocant é a referência da biotecnologia em Portugal», considera o director, dando a entender que
as melhores expectativas foram superadas. Porém, «qualquer projecto nesta área tem de ter dimensão internacional e, para isso, precisamos de crescer ainda mais, atingir uma massa crítica para competir lá fora e é esse o grande desafio para os próximos anos», refere. Novas unidades Ter mais recursos humanos e reunir a massa crítica necessá-
ria à internacionalização do Biocant passa, desde logo, por concretizar o projecto do Centro de Neurociências (CNC) - Biotech. Submetido ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), o projecto deverá obter uma aprovação até Março, ao que se seguirá o lançamento de concurso público, devendo a construção do edifício iniciar-se em Setembro deste ano, segundo Carlos Faro. O edifício vai nascer num lote por trás do Biocant II e terá mais do dobro do seu tamanho, centrando formação e investigação em biotecnologia. «É absolutamente fundamental, vai trazer-nos mais 150 investigadores, duplicando a nossa capacidade científica. Não acredito que existam infra-estruturas de ciência e tecnologia na região com a qualidade que estamos a propor», refere o director, prevendo a inauguraçãoparaoiníciode2012. Uma outra faixa de terreno do parque, entre o Biocant e o parque desportivo, ainda da Câmara de Cantanhede, deverá ser cedida para construir o Biopilot, edifício de biotecnologia industrial. «Já foi aprovado no âmbito do QREN e estamos, neste momento, a montar o consórcio que irá explorar a unidade», adianta o responsável, notando que a estrutura será usada por empresas do
parque, mas que terá parceiros privados, que potenciarão o seu desenvolvimento e a tornarão mais rentável. Segundo Carlos Faro, o Biopilot estará operacional já no próximo ano. Perante a existência de um número considerável de empresas à espera de se instalarem no parque, «consideramos seriamente a hipótese de construir ao lado o Biocant III, para funcionar a partir do início de 2012», acrescenta. Parcerias privadas Mas os projectos de expansão não se ficam por aqui. Está também previsto um centro de realidade virtual, cuja candidatura não foi considerada elegível pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro no concurso de parques de ciência e tecnologia, mas para o qual o Biocant está já a procurar parceiros privados, nomeadamente na área imobiliária. Assim, no final de 2012, o Biocant Park deverá ter mais três edifícios em funcionamento, atingindo um investimento global de 35 milhões de euros. Com esta capacidade instalada, Carlos Faro acredita que não será difícil atrair uma empresa de grande dimensão internacional para o parque. l