DiáriodeCoimbra
9 DE FEVEREIRO DE 2010 TERÇA-FEIRA SUPLEMENTO QUINZENAL
DCSaúde NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE
DIRECTOR ADRIANO LUCAS
12 por cento das crianças e adolescentes têm hipertensão Estudo realizado na região Centro foi apresentado no Congresso Português de Hipertensão Andrea Trindade
D.R.
I Um estudo realizado pela Clínica Médica da Aveleira (Penacova) aferiu a prevalência de hipertensão arterial em 5381 crianças e adolescentes saudáveis, entre os cinco e os 18 anos, concluindo que 12,8 por cento tinham hipertensão. Dados que devem levar a uma reflexão não só dos médicos mas também das autoridades de saúde, considera João Maldonado, um dos responsáveis pelo trabalho que foi apresentado a semana passada no 4.o Congresso Português de Hipertensão. O registo foi efectuado durante o ano de 2009, nos distritos de Coimbra, Aveiro, Viseu e Leiria, no âmbito da avaliação clínica de crianças e jovens para a prática desportiva, e permitiu a avaliação de factores potencialmente envolvidos na prevalência da hipertensão arterial detectada. Na população estudada
outro factor a influenciar os valores encontrados. Os dados dos jovens avaliados em função do peso corporal demonstraram que a obesidade eleva a prevalência de hipertensão arterial para 20,5 por cento da população estudada. Há, no entanto, a referir que os jovens com excesso de peso que praticam desporto têm menos hipertensão.
A HIPERTENSÃO arterial em jovens pode atingir cifras alarmantes não se encontraram disparidades relevantes entre o sexo feminino e masculino. O estudo verificou que, do total de crianças e adolescentes (5381), 1805 tinham uma activi-
dade física federada, caracterizada pela prática desportiva regular – com uma média de 4,3 horas semanais de treino – desde há mais de um ano. Nestes, a prevalência de hipertensão
arterial era de 9,8 por cento, inferior à taxa dos restantes jovens que se situava nos 14,3 por cento. Além do exercício físico, o índice de massa corporal foi
Sinais de alarme «A prevalência da hipertensão arterial nas crianças e adolescentes é difícil de estimar, atendendo a que os dados presentes na literatura especializada são muito variáveis, situação que adquire uma maior complexidade em função da diversidade referenciada nas metodologias de análise e nas definições de hipertensão. No entanto, o fenómeno tem adquirido um carácter progressivo e que poderá atingir cifras alarmantes, em concordância
com o comportamento de outros factores relacionados, como a obesidade», salienta João Maldonado. João Maldonado lembra que quase metade da população adulta portuguesa (43 por cento) tem hipertensão e que as conclusões do estudo só vêm reforçar a importância de uma intervenção precoce nas faixas etárias mais baixas. «Os resultados são da região Centro, mas devem ser representativos do país. A prevalência aferida nas crianças e adolescentes é das mais elevadas da Europa», referiu ao Diário de Coimbra. Uma noção que deve contribuir para que as autoridades de saúde implementem estratégias de prevenção para este grave problema de saúde pública. O estudo, realizado pela Clínica da Aveleira, é da autoria de João Maldonado, Telmo Pereira, Rui Fernandes e Margarida Carvalho. l