Saúde e Bem-Estar

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SAÚDE E BEM-ESTAR

Esta revista faz parte integrante da edição de hoje do Diário de Coimbra e não pode ser vendida separadamente



Introdução 03

FICHA TÉCNICA - Abril 2021 Director: Adriano Callé Lucas Directores-adjuntos: Miguel Callé Lucas e João Luís Campos

REGIÃO DE EXCELÊNCIA AO SERVIÇO DA SAÚDE

Directora-geral: Teresa Veríssimo

A

saúde e o bem-estar, de todos e de cada um, ganharam uma maior dimensão neste último ano, muito por culpa da situação pandémica que se tem vivido no país e no mundo. Estar atento aos sinais do corpo e solicitar, quando alguma coisa não está bem, aconselhamento médico ou ajuda especializada é essencial para tratar ou prevenir situações mais graves. A Coimbra e à região acorrem muitos dos que procuram cuidados de saúde diversos e de qualidade, prestados por profissionais cuja excelência tem levado o nome de Coimbra de Norte a Sul do país e também além fronteiras. A investigação que aqui se faz, aliada à formação diferenciada dos futuros médicos, enfermeiros, psicólogos ou farmacêuticos, são alguns dos temas que compõem este caderno especial do Diário de Coimbra, onde se destaca o que de melhor se faz na cidade, e na região, num sector fundamental como este e que toca várias gerações. O crescimento e desenvolvimento tem sido, de resto, notório, com a afirmação ainda mais vincada da região como “pólo de excelência na saúde”, com o conhecimento que se produz a dar um contributo decisivo para uma maior e melhor qualidade de vida dos conimbricenses e dos portugueses.

Textos: Andrea Trindade, Ricardo Busano e Sónia Morgado Fotografias: Ferreira Santos, Figueiredo e Arquivo DC Coordenação comercial: Mário Rasteiro Vendas: Ana Lopes, Fernando Gomes, Hélder Rocha, Luís Ferrão e Marta Santos Design Gráfico: Pedro Seiça Publicidade: Carla Borges e Rui Semedo Impressão: FIG - Indústrias Gráficas, S.A.

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Na Via Verde do AVC, por exemplo, o CHUC é o único centro hospitalar do país a assegurar resposta 24 horas por dia, todos os dias do ano, e recebe doentes de Bragança a Faro

O MAIOR CENTRO HOSPITALAR DO PAÍS MARCA PELO PIONEIRISMO CHUC Com 18 centros de referência e presença em 10 redes europeias de referenciação, é o maior centro hospitalar do país, em número de camas e actividade assistencial, e trabalha para ser exemplo de excelência no SNS A actividade do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) distribui-se actualmente pelos pólos HUC, Hospital Geral (Covões), Sobral Cid, Hospital Pediátrico e pelas duas maternidades de Coimbra. A sua dimensão assistencial é bem visível quando comparamos os números de produção com a média do grupo de hospitais de maior dimensão em que se encontra incluído (grupo E, dos hospitais centrais). O número de doentes saídos em 2020 foi de 44.651, por comparação aos 33.247 de média do grupo E; fizeram-se 744 mil consultas, sendo a média daqueles hospitais de 640 mil, e 211 mil urgências, muito mais do que a média de 166 mil do grupo dos hospitais centrais. Tudo isto em ano de pandemia ,e tendo sido o centro hospitalar com mais doentes Covid-19 internados, cerca de 500 num mesmo período.

«O CHUC é o hospital de referência na região Centro para muitas patologias e importa ter presente que, mesmo no período mais critico da pandemia, em Janeiro e Fevereiro do corrente ano, nunca o CHUC deixou de procurar, por todos os meios ao seu alcance, manter o mais alto nível de resposta possível às necessidades das populações que serve e para as quais é a principal resposta», declara o presidente do Conselho de Administração, Carlos Santos. O CHUC é parte do Serviço Nacional de Saúde (SNS), «cuja essência é colaborativa, sendo que a sua maior força está na complementaridade, no trabalho em rede, na gestão coordenada dos meios e na avaliação tempestiva das necessidades. É esta complementaridade que assegura respostas integradas e garante a segurança dos cidadãos», considera o gestor.

Em 2019, o CHUC integrava 130 ensaios clínicos e participava em cinco projectos financiados pelo Horizon 2020, num investimento de cerca de 1,5 milhões de euros

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O responsável lembra que a região tem «os mais elevados índices de envelhecimento da sua população» e que o CHUC é no Centro a única resposta do grupo de hospitais em que se insere, ao contrário da região Norte, com dois hospitais do grupo E e de Lisboa e Vale do Tejo com três. «O CHUC é o prestador de cuidados diferenciados, que procura, todos os dias, ser ágil, resiliente, eficaz e efectivo para os utentes da região Centro e nalgumas valências para todo o país», resume Carlos Santos. Todas as unidades hospitalares do SNS em Coimbra estão reunidas no grande centro que é o CHUC. Desde 2011 que assim é, resultado da fusão entre os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) e a sua maternidade Daniel de Matos, com o, à data, Centro Hospitalar de Coimbra – englobando Hospital Geral,


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Maternidade Bissaya Barreto e Pediátrico – e o antigo Centro Hospitalar e Psiquiátrico de Coimbra, com as unidades de Sobral Cid, Arnes e Lorvão (as duas últimas entretanto extintas). Oito instituições foram colocadas sob uma mesma administração, «partilhando instalações, recursos humanos e meios técnicos, gerando sinergias e complementaridade, potenciando ainda mais a diferenciação, já que muitos dos seus centros de referência são-no agora envolvendo equipas dos vários pólos». Isso mesmo sublinha o director clínico do CHUC, Nuno Deveza. Em número de camas, como em números assistenciais, o CHUC é o maior centro hospitalar do país. Em estreita articulação com a Universidade e com a melhor investigação que se faz em saúde, é já referência em diversas áreas e quer continuar a ser exemplo de excelência no SNS. Aqui chegam diariamente pessoas de toda a região Centro, mas a sua diferenciação torna-o também resposta de fim de linha para utentes de todo o país e até do estrangeiro, com destaque para os PALOP. O CHUC tem 18 centros de referência nacionais reconhecidos pela Direcção-Geral de Saúde (ver caixa) e é também o centro hospitalar com maior número de centros integrados em redes de referenciação europeias - uma dezena. Porque a prestação de cuidados de saúde de qualidade, o ensino e a investigação devem andar de mãos dadas e constituem um dos seus principais motores de desenvolvimento, em 2015 foi criado o Centro Académico Clínico de Coimbra CHUCUC, consórcio que visa reforçar as sinergias entre hospitais e a Universidade de Coimbra, tendo por missão o desenvolvimento e a aplicação do conhecimento e da evidência científica na prestação de cuidados de saúde altamente diferenciados. Nuno Deveza fala do CHUC como uma «referência incontornável na investigação clínica e translacional», com diversos projectos em curso e numa articulação com centros de investigação da área das ciências médicas, mas também farmacêuticas, da engenharias, etc.. Em

 Números

585 milhões de euros é o valor do orçamento anual do CHUC

8.685 profissionais, mais 771 do que em 2019

44.651 doentes saídos de internamento em 2020, menos 11 mil do que em 2019

744.340 consultas realizadas, menos 15% do que em 2019

211.196 31.396 urgências, menos 29%

A transplantação foi sempre uma bandeira de Coimbra. Na imagem um autotransplante de fígado, cirurgia rara

doentes operados, menos 23% do que em 2019

2019, participava em 130 ensaios clínicos, cinco projectos financiados pelo programa europeu para a investigação e inovação H2020 (no valor de cerca de 1,5 milhões de euros) e em sete outros projectos financiados, revela o director clínico.

Carlos Santos, presidente do Conselho de Administração do CHUC

Da transplantação à URGUS e oncofertilidade Coimbra foi pioneira a nível nacional na área dos transplantes, com o cirurgião Linhares Furtado a realizar o primeiro transplante de um órgão vital em Portugal em 1969 - primeiro rim, depois fígado, pâncreas e intestino, com inovações de alcance mundial nas técnicas operatórias. A transplantação continua a ser uma das bandeiras do CHUC, hoje com o único centro de transplantação hepática pediátrica do país e referência também no transplante hepático de adulto, no transplante de rim de adulto, no transplante

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de córnea e no transplante de coração, este último realizado no mais produtivo centro de cirurgia cardiotorácica do país - fundado em finais de 80 por Manuel Antunes - e onde se fizeram 13 transplantes de coração só no ano passado. «Somos o maior centro do país na transplantação renal, realizámos 121 transplantes em 2019 e 90 no ano passado. Na transplantação hepática pediátrica, em que somos único centro nacional, realizámos no ano passado 10 transplantes, um dos quais com dador vivo», revela o director clínico, lembrando que o CHUC continua a ser líder nacional na colheita de órgãos para transplante. Criada em 2011, a Unidade de Reconstrução Génito-Urinária e Sexual (URGUS) é desde 2017 referência nacional no processo de reatribuição sexual. Na área da Reprodução Humana, o CHUC foi também pioneiro - com Agostinho Almeida San-


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gia rara no mundo, realizado em Novembro

tos, nos finais dos anos 80, a iniciar novas técnicas de procriação medicamente assistida - e hoje tem o único Centro de Oncofertilidade do país, que visa preservar e restaurar a função reprodutiva em pacientes com diagnóstico de cancro. O Banco de Ossos - que permitiu fazer 184 transplantes de osso no ano passado e que forneceu 80 enxertos para todo o país -, a Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Queimados, a Genética Médica, entre outras, são igualmente áreas que respondem a nível nacional. O Hospital Pediátrico coordena seis centros de referência europeus, sendo nas áreas de doenças genéticas ósseas raras e de síndromes dismórficas com atraso intelectual grave, os únicos centros ibéricos. As doenças hepáticas com doença rara, o transplante de órgãos em criança, as doenças oncológicas pediátricas e as doenças metabólicas são outras das áreas

que levam o seu prestígio além fronteiras. A diferenciação técnica e científica e também o método de trabalho baseado numa grande articulação de diferentes serviços deram desde cedo frutos naquele que é o maior hospital pediátrico do país e o único construído de raiz. Com mais de três décadas de existência, o Centro de Desenvolvimento da Criança, fundado por Luís Borges no antigo hospital, foi o primeiro a nível nacional e tem sido pioneiro na implementação de equipas multidisciplinares, contribuindo para a melhoria dos cuidados e qualidade de vida das crianças com problemas de neurodesenvolvimento, neurológicos e/ou metabólicos. Também no Pediátrico mantém-se em funcionamento há mais de 20 anos a Telemedicina na Cardiologia Pediátrica, articulando-se no diagnóstico e tratamento de patologias cardíacas com hospitais do país e dos PALOP. O director clínico Nuno Deveza sublinha a importância da resposta dada no âmbito nacional também ao nível de situações urgentes. O CHUC tem há vários anos vias verdes para a doença coronária e para o acidente vascular cerebral, sendo no caso do AVC o único hospital do país a garantir uma resposta 24 sobre 24 horas todos os dias do ano. «Está sempre disponível uma equipa de neurorradiologia de intervenção e a unidade tem recebido doentes de Bragança a Faro», repara.

Progressos e inovações são constantes Mesmo com as limitações impostas pela pandemia de Covid-19 ao longo do último ano e da pressão enorme a que esteve sujeito na assistência a doentes infectados, o CHUC não deixou de progredir. No ano passado, e só para dar alguns exemplos, o Serviço de Neurocirurgia implantou pela primeira vez em Portugal uma nova geração de neuroestimuladores medulares para tratamento da dor crónica e teve início o programa de ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorporal) para dadores em paragem cardiorrespiratória.

Um ano em que “todos deram o seu melhor” O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra teve o maior dispositivo de todo o Serviço Nacional de Saúde (SNS) dedicado à Covid-19 e chegou a ter internados ao mesmo tempo 428 doentes estáveis e 83 doentes críticos (nível intermédio e cuidados intensivos), ocupando ao todo 16 enfermarias com doentes estáveis, duas com doentes intermédios e quatro com cuidados intensivos. «O CHUC foi sujeito à maior pressão da sua já longa história. Teve montado o maior dispositivo Covid de todo o SNS, com 500 camas alocadas ao internamento de doentes com SARS-CoV-2 e respondeu com enorme competência, chegando a receber doentes para cuidados intensivos e para enfermaria de praticamente todo país, sem nunca recorrer a soluções muito mediáticas, mas pouco recomendáveis na gestão dos fluxos da urgência, ao contrário do que aconteceu noutros locais», declara o presidente do Conselho de Administração do CHUC, Carlos Santos. Nuno Deveza dedica a todos os profissionais palavras de reconhecimento. «Foi um grande desafio e houve por parte de todas as classes profissionais enorme empenho e espírito de missão. Todos deram o seu melhor e houve momentos bastante difíceis, particularmente a partir da segunda vaga da pandemia», declara. Depois de, numa primeira fase, concentrar a

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resposta a doentes Covid-19 no pólo do Hospital Geral (Covões) - «o que reunia as melhores condições físicas e de segurança, sem colocar em risco a restante actividade hospitalar» -, no início de Janeiro avançou-se para o pólo HUC, começando pelas enfermarias de Dermatologia e de Otorrino, seguindo-se Ginecologia, Ortopedia, Cirurgia Vascular, uma enfermaria de Medicina. «Rapidamente chegámos a ter mais doentes Covid neste pólo. A nível dos cuidados intensivos, foi criada uma unidade no piso - 3 com 15 camas, que esteve quase a encher, o que nos levou a transformar uma unidade de cuidados intensivos com oito camas em quartos de pressão negativa. Não foram necessárias, mas por pouco. O pólo HUC também acabou por ser dotado de urgência respiratória, com capacidade para 14 doentes e que chegou a estar cheia», recorda o intensivista, frisando que colegas de todas as especialidades prestaram cuidados a doentes Covid. A diminuição de internados permitiu retomar progressivamente a actividade – recorde-se que cirurgias e actividade programada chegaram a estar suspensas - e, já no início de Abril, a administração do CHUC decidiu encerrar a unidade de cuidados intensivos do pólo HG (Covões), ainda que mantendo escalado um médico intensivista, e limitar o funcionamento da sua urgência ao período diurno.

Nuno Deveza, director clínico do CHUC


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Urgência e Cuidados Intensivos serão alvo de investimentos

com financiamento pelo Programa de Resiliência e Recuperação, num valor de 6,5 milhões de euros (sem IVA). De acordo com o presidente do CHUC, «ao nível da eficiência energética irá ser concretizado durante o ano 2021 e primeiro trimestre de 2022 um investimento de 2,8 milhões de euros no Hospital Geral», estando actualmente em curso neste pólo projectos de requalificação das enfermaria, num total de 1,5 milhões de euros. «Estão ainda em curso outros projectos transversais, que impactam directamente na relação com o utente, quer ao nível da simplificação de processos, através da conclusão do projeto de transformação digital, mas também na melhoria do acesso dos utentes ao hospital, por via da reformulação dos circuitos e de áreas de estacionamento no pólo HUC», acrescenta Carlos Santos.

Criar departamentos clínicos

Primeiro apenas no pólo do Hospital Geral (Covões), depois também no pólo HUC, o CHUC chegou a ter 500 camas alocadas a doentes Covid-19

Infraestruturas Construção de nova maternidade é fundamental para o futuro do CHUC e essencial para a região Centro Com um orçamento anual de 585 milhões de euros, incluindo 20 milhões de euros para a execução de investimentos estruturantes, o CHUC dá continuidade à renovação e requalificação do seu parque hospitalar. A Urgência e os Cuidados Intensivos no pólo HUC e vários edifícios do Hospital Sobral Cid merecerão, em breve, investimentos, mas o Conselho de Administração, liderado por Carlos Santos, ainda não tem novidades sobre o tão aguardado edifício para acolher as duas maternidades da cidade. Ao nível da renovação de equipamentos médicos, estão neste momento a decorrer a instalação de dois aceleradores lineares adquiridos em regime de locação e um PET (Tomografia por Emissão de Positrões) e vários processos para a substituição de equipamentos na área da imagem médica, num valor de investimento total de 13,5 milhões de euros, adianta o presidente do Conselho de Administração. No que a instalações diz respeito, são cinco os projectos considerados estruturantes, com a nova maternidade logo à cabeça e para a qual se estima um

valor de investimento na ordem dos 45 milhões de euros. Quanto à requalificação do serviço de Urgência (pólo HUC), irá permitir «uma profunda alteração aos circuitos internos dos utentes, com reflexos directos na segurança e qualidade na prestação» - o valor de investimento ascende a 7,4 milhões de euros e terá financiamento comunitário, estando reunidas as condições para que «durante o mês de Abril seja aberto o concurso público para a empreitada», adianta Carlos Santos. Já a nova unidade de cuidados intensivos, em fase de projecto, irá permitir alterar o actual modelo de gestão do doente crítico e resultará numa disponibilidade total de 44 camas de medicina intensiva após o investimento, que rondará também os sete milhões de euros. Recorde-se que Portugal se encontra abaixo da média europeia em número de camas de cuidados intensivos e que a região Centro ainda se encontra abaixo da média nacional. A pandemia, reconhece Nuno Deveza, director clínico e intensivista, só trouxe ao de cima as fragilidades que já existiam no país. A requalificação de vários edifícios no Sobral Cid irá possibilitar novas abordagens ao tratamento do doente psiquiátrico, destacando-se a requalificação e ampliação de dois edifícios para instalação da Psiquiatria Forense, sinalizado

Centros de referência: Cardiologia de intervenção estrutural Cardiopatias congénitas Coagulopatias congénitas Doenças hereditárias do metabolismo Epilepsia refratária Fibrose quística Implantes Cocleares Neurorradiologia de intervenção na doença cerebrovascular Onco-oftalmologia (retinoblastoma e melanoma ocular é único nacional) Oncologia de Adultos – Cancro do esófago Oncologia de Adultos – Cancro do reto Oncologia de Adultos – Cancro do testículo Oncologia de Adultos – Cancro hepatobilio/pancreático Oncologia de Adultos – Sarcomas das portes moles e ósseos Oncologia Pediátrica Transplante de coração Transplante hepático (único nos transplantes hepáticos pediátricos) Transplante de rim em adultos

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«A estabilização da estrutura interna, evoluindo de um modelo assente nas unidades de gestão intermédia para um modelo de tipo departamental com maior foco na efectividade clínica; o reforço dos instrumentos de controlo interno e de prestação de contas; o reforço da confiança dos profissionais na sua organização; e a continuidade de um investimento na inovação e modernização tecnológica» são, para Carlos Santos, alguns dos maiores desafios internos. No plano externo, o foco deve ir para a «qualidade dos cuidados e o reforço da confiança dos doentes». A administração do CHUC quer potenciar os seus 18 centros de referência e a presença em 10 redes europeias de referenciação; trabalhar em proximidade com os diversos níveis do sistema de saúde para racionalizar e optimizar o percurso dos doentes; investir na cooperação estratégica com a Universidade de Coimbra através do consórcio Centro Académico Clínico, como motor do desenvolvimento da produção e difusão de conhecimento científico, e trabalhar em rede com as restantes estruturas de ensino da cidade e da região; e reforçar a presença do CHUC em organismos internacionais como M8 Alliance, European Reference Network, CPLP. «Afirmar cada vez mais o CHUC como instituição de referência na região e no país para um SNS mais forte, mais inclusivo e mais solidário» é o objectivo. Cooperação, competência, compromisso e complementaridade são, nas palavras do presidente do Conselho de Administração, eixos de orientação que resumem a estratégia para o conseguir.


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10 Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro

ROVISCO PAIS ALARGA CAPACIDADE COM INTERVENÇÃO NO EDIFÍCIO PRINCIPAL Crescimento Requalificação vai permitir ao Centro aumentar lotação de internamento para mais 60 camas. Actualmente existem 80 camas para reabilitação e 60 para a unidade de cuidados continuados As obras de requalificação do edifício principal do Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais (CMRRC-RP), localizado na Tocha, concelho de Cantanhede, que estão em curso e deverão estar concluídas dentro em breve, vão permitir à unidade aumentar a capacidade de internamento para mais 60 camas. Actualmente existem 80 camas para reabilitação e 60 para a unidade de cuidados continuados, pelo que a empreitada irá dotar a instituição com uma nova aptidão e dinâmica para que o Rovisco Pais possa dar continuidade ao «trabalho de excelência» que tem vindo a desenvolver nas áreas de Medicina Física de Reabilitação e Unidade de Cuidados Continuados de Convalescença (UCCC). O CMRRC-RP, o primeiro do Serviço Nacional de Saúde (SNS), quando iniciou funções (1996) era um pólo de inovação e reconhecimento internacional. O principal objectivo da unidade passava pela prestação de cuidados de saúde diferenciados na área da Medicina Física de Reabilitação à população residente na sua área de influência, correspondente aos seis distritos da região de saúde do Centro: Aveiro, Castelo Branco, Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu, articulando-se de forma complementar com todos os hospitais e unidades de saúde do território no quadro da Rede Nacional de Especialidade Hospitalar e de Referenciação de Medicina Física e de Reabilitação, podendo ainda prestar cuidados à população de outras regiões do país desde que existisse capacidade disponível e não ocorressem listas de espera. Pelo mesmo diploma foram-lhe transmitidos todos os direitos e obrigações da então extinta Leprosaria Nacional, o pessoal e o respectivo património. De estrutura pavilhonar, a partir do projecto do arquitecto Carlos Ramos, os seus edifícios datam maioritariamente da década de 40 do séc. XX, distribuindo-se por uma herdade de 140 hectares. A unidade recebeu os primeiros doentes de Medicina Física e Reabilitação - nesta vertente presta cuidados nas áreas de Desporto Adaptado

Centro de Medicina de Reabilitação é uma referência nos cuidados de saúde

Terapêutico, Enfermagem de Reabilitação, Fisioterapia, Psicologia-Clínica e Neuropsicologia, Terapia da Fala, Terapia Ocupacional e as Tecnologias em Reabilitação - em Novembro de 2002, data a

partir da qual veio progressivamente a aumentar a capacidade de internamento em reabilitação, actualmente com 80 camas, bem como a resposta em ambulatório.

Avaliação de desempenho aos profissionais para atingir metas Os responsáveis do Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro-Rovisco Pais (CMRRC-RP) encontravam-se a finalizar em Março a Avaliação de Desempenho aos seus profissionais, sistema considerado «importante para que os objectivos da unidade sejam atingidos». A avaliação de desempenho pode ser entendida como uma prática formal que determina o grau de eficácia dos trabalhadores e o seu desempenho. No CMRRC-RP, a avaliação dos trabalhadores para o biénio 2019-

2020 através do “SIADAP3” consagra as seguintes prioridades: «privilegiar a fixação de objectivos individuais, em linha com os dos serviços e a orientação para obtenção de resultados, permitir a identificação do potencial de evolução dos trabalhadores, permitir o diagnóstico de necessidades de formação e de melhoria dos postos e processos de trabalho e apoiar a dinâmica de evolução profissional numa perspectiva de distinção do mérito e excelência dos desempenhos».

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Em Maio de 2012 foi iniciada a prestação de uma nova tipologia de cuidados, com a inauguração da Unidade de Cuidados Continuados de Convalescença (UCCC), com 30 camas, especificamente direccionada para doentes pós-acidente vascular cerebral e pós-cirurgia do aparelho locomotor. Em Junho de 2015 a UCCC alargou a sua capacidade para 60 camas, face à pressão da procura deste tipo mais diferenciado de cuidados. A instituição vive de financiamento público, recebendo do orçamento de Estado uma verba a rondar os 5 milhões de 400 mil euros, independentemente da taxa de ocupação do Centro, todavia, face às exigências e às áreas em que intervém, os responsáveis são obrigados a uma ginástica financeira no objectivo de encontrar novas formas de financiamento. Em 2020, segundo o mapa de pessoal, o Centro de Medicina dispunha de 283 profissionais afectos à estrutura, entre os quais 18 médicos, 83 enfermeiros, 39 técnicos de diagnóstico e terapêutica e 94 assistentes operacionais.


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12 Instituto Português de Oncologia de Coimbra

NA LINHA DA FRENTE PARA TRATAR O DOENTE COM CANCRO IPO São seis décadas dedicadas ao tratamento do doente oncológico, num desenvolvimento contínuo que nunca perdeu de vista a humanização Falar de cancro, do seu tratamento, diagnóstico e até prevenção é falar do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra. Depois da criação do Instituto da Luta contra o Cancro em Portugal por Francisco Gentil, em 1927 - dão-se os primeiros passos de uma resposta na região Centro em 1953, com a aquisição de uma pequena vivenda que viria a ser o edifício sede. O início de actividade foi em 1962 e de lá para cá muito mudou. O IPO de Coimbra cresceu, autonomizou-se, modernizou-se, ampliou sucessivamente instalações, diferenciou-se, num desenvolvimento que prossegue. Mantém-se, no entanto, o mesmo foco na humanização dos cuidados, parte integrante do ADN de um hospital para o doente oncológico. O IPO de Coimbra é hoje uma instituição de referência na prestação de cuidados de saúde a pessoas com cancro. Valores com a humanização dos cuidados, a dignidade e integridade da pessoa humana na promoção da saúde e no tratamento da doença fazem parte do capital cultural da instituição, são referencial para todos os colaboradores e norteiam a actividade assistencial. Outro aspecto diferenciador é a multidisciplinaridade, uma premissa fundamental em Oncologia. A instituição assenta o seu modelo de governação clínica em grupos multidisciplinares por patologia (GMP) que permitem o trabalho de equipa numa abordagem holística, centrada no doente, tanto do ponto de vista das especialidades de diagnóstico, como do ponto de vista terapêutico e das especialidades de suporte. Estão actualmente constituídos os GMP de Cabeça e Pescoço, Dermatologia, Digestivo, Endocrinologia, Ginecologia, Hematologia, Mama, Ossos e Tecidos Moles, Pulmão, Sistema Nervoso Central,

Tumores Endoendócrinos e Urologia. O IPO de Coimbra é acreditado pela Organization of European Cancer Institutes (OECI) e pelo Caspe Healthcare Knowledge Systems (CHKS) e mesmo num ano em que estivemos a braços com uma pandemia conseguiu responder aos mais elevados padrões de qualidade, como mostrou a auditoria de monitorização realizada em Outubro pelo CHKS ou a renovação da certificação da qualidade do Serviço de Imunohemoterapia, em Novembro. Para a presidente do Conselho de Administração do IPO, Margarida Ornelas, são muitos os serviços e áreas de referência, tornando-se difícil a escolha, mas a Oncologia Médica não pode deixar de ser mencionada, desde logo por ser o maior serviço na região Centro. É também o único serviço de Oncologia Médica com idoneidade formativa, que colabora com outros hospitais na área da oncologia em rede (com os hospitais de Castelo Branco e Figueira da Foz na consulta de decisão terapêutica e com a Figueira no Hospital de Dia em contexto de pandemia), e tem na qualidade dos cuidados e no acesso a medicamentos inovadores algumas das principais marcas distintivas. Já na Radioterapia destaque para a «renovação e inovação, novos equipamentos e técnicas». A responsável do IPO aponta a excelência dos recursos humanos e o seu esforço diário, com equipas que trabalham até às 22h00, bem como a diferenciação que tem vindo a ser feita na tecnologia colocada ao dispor do serviço. Neste momento, o hospital dispõe de três unidades de tratamento de megavoltagem: um equipamento de tomoterapia e dois aceleradores lineares, que este ano serão substituídos por aceleradores com tecnologia de última geração

Unidade hospitalar inteiramente dedicada ao doente oncológico tem vindo a crescer e a diferenciar-se nas últim

(um já está instalado e o segundo será entregue até ao fim do ano). A «produção notável do serviço na área da braquiterapia prostática» também é assinalada pela presidente da instituição. Os Cuidados Paliativos do IPO de Coimbra, com equipas altamente sensibilizadas para a humanização de cuidados e uma unidade reconhecida a nível nacional e internacional, são uma escola para muitos profissionais do país e do estrangeiro. O IPO é centro de referência na área da Oncologia de Adultos - Cancro do Reto e obteve, em 2018, a acreditação pela European Respiratory Society em ecoendoscopia endobrônquica, actualmente a técnica "gold standard" no estadiamento do cancro do pulmão, para a qual é também centro de referência.

 Números

130.000 consultas anuais, em média, e com uma média de 20 dias de espera

5.500 doentes internados por ano, com demora média de 7 dias

4.500 cirurgias, com uma média de 1,8 meses de tempo de espera

21.000 tratamentos de quimioterapia por ano, em hospital de diabetes

A crescer na investigação O IPO tem vindo a destacar-se em diversas áreas de investigação, participando num número crescente de projectos, e mesmo em ano de pandemia não parou a sua actividade científica. «Temos sido a principal entidade recrutadora em alguns ensaios clínicos, nomeadamente na área da cabeça e pescoço, sendo que muito recentemente fomos mesmo o principal recrutador de doentes a nível mundial num ensaio clínico nesta área. Os resultados de um ensaio clínico no qual o IPOC participou, incluindo vários doentes com cancro de cabeça e pescoço, em colabo-

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30.500 a 34.000 tratamentos de radioterapia externa, em ambulatório

60 milhões de euros de orçamento anual, 49% vai para salários

1.007 colaboradores, sendo 79% do sexo feminino


Instituto Português de Oncologia de Coimbra 13

Investimento de 37 milhões de euros desenha um “futuro auspicioso” Obras O novo edifício de Cirurgia e Imagiologia é a obra mais aguardada e deve estar concluída em 2023

Margarida Ornelas, presidente do Conselho

O futuro do IPO «continua auspi-

as últimas décadas

ração com vários hospitais mundiais de referência (entre os quais o Memorial Sloan Kettering de Nova Iorque), foram há pouco tempo publicados na prestigiada revista científica Lancet», adianta Margarida Ornelas. O projeto Oncommunities (uma plataforma online para doentes com cancro da mama), realizado em articulação com o Instituto Pedro Nunes e o Instituto Catalão de Oncologia, que alcançou o prémio Hintt e o Prémio Investir em saúde, ou o Programa HUMANIZA – Apoio Integral a Pessoas com Doenças em Fase Avançada, através de parceria com a Fundação “La Caixa” e recentemente apontado como um modelo de intervenção de excelência em cuidados paliativos, são outros exemplos do dinamismo científico da instituição, com natural repercussão na qualidade dos cuidados. Com o Humaniza, por exemplo, a unidade hospitalar aumentou significativamente a sua capacidade de resposta às necessidades psicossociais dos doentes e famílias que lidam com doença em fase avançada. A presidente do IPO de Coimbra frisa que a instituição nunca parou a sua actividade em contexto de pandemia, tendo até registado um crescimento nas consultas e nos tratamentos de quimioterapia. O IPOC criou um segundo Hospital de Dia para abarcar as necessidades de outros hospitais e continua a responder ao Hospital da Figueira da Foz.

de Administração

cioso», nas palavras da presidente do do IPOC Conselho de Administração, Margarida Ornelas. Com a demolição do actual edifício da Cirurgia/Imagiologia e a construção de um novo edifício, cuja conclusão está prevista para 2023, a área de prestação directa de cuidados será aumentada em cerca de 32%. O IPO tem em curso um ambicioso plano de investimentos num valor superior a 37 milhões de euros, adjudicado recentemente e de onde se destacam a pela ministra da Saúde a 4 de Fevereiro, construção do novo Bloco Operatório «vai acolher parte substancial da actiPeriférico (1,8 M€), a concretização do vidade cirúrgica durante o período da programa de eficiência energética (1,6 realização da empreitada», explica M€), a criação de um novo Sector de Margarida Ornelas. A cirurgia de amVirologia (200 mil euros), a instalação bulatório já decorre neste novo bloco, dos dois novos aceleradores lineares que tem duas salas operatórias e equi(5,8 M€) e a construção do tão esperado pamento específico que será aproveitado novo edifício de Cirurgia e Imagiologia depois para o novo edifício de Cirurgia. (cerca de 28 M€). «Este último, aguarReforçar o posicionamento da instidado há mais de uma década, é o in- tuição como referência nos tratamentos vestimento que marcará o futuro não de radioterapia é o objectivo da instasó do IPOC, como da própria região lação dos dois novos aceleradores liCentro e do Serviço Nacional de Saúde neares, que vêm substituir equipamen(SNS), melhorando de forma inexorável tos de megavoltagem com mais de uma as condições para a prestação de cui- década de actividade. «Permitirá audados», repara a responsável. mentar a capacidade de resposta, parO processo tem, admite a presidente, ticularmente no que diz respeito à com«sofrido algumas vicissitudes» ao lon- plexidade das técnicas de tratamento, go dos últimos anos: teve de ser revisto com tradução quer na precisão, quer o valor do investimento em mais 6,5 na segurança da radioterapia prescrita, milhões de euros - acabou por ser apro- garantindo a capacidade de tratar, de vado no âmbito do Programa de Inves- forma eficiente, clinicamente efectiva timento na Área da Saúde em 2019 - e e de acordo com os mais elevados paapós novo concurso público foi possível drões de qualidade técnica e científica». encontrar uma resposta dentro do preço O primeiro acelerador linear já foi insbase e, finalmente, adjudicar a em- talado no início de Abril e o segundo preitada de ampliação e requalificação deverá ser entregue no final do ano. do edifício de Cirurgia por um valor próximo dos 28 milhões de euros. A obra deve arrancar este ano, mas obriga o IPO a reorganizar-se, para que a actividade seja mantida sem impacto assistencial. «Estamos a ultimar a adaptação/conversão do nosso Hotel de Doentes para acomodar o internamento cirúrgico, cuja conclusão está prevista para Maio; a obra do acesso horizontal do edifício está praticamente concluída; e vamos fazer a reconversão da nossa biblioteca num espaço para a Imagiologia». Entretanto, o novo Bloco Operatório Periférico, que foi inaugurado SAÚDE E BEM-ESTAR

A reconfiguração do sector de Virologia, integrado no Laboratório de Patologia Clínica, é outra área de investimento. A pandemia de Covid-19 obrigou a estruturar uma resposta laboratorial que permitisse o diagnóstico de SARSCoV-2 com segurança e rapidez face às distintas situações clínicas de rastreio ou de abordagem de casos suspeitos, bem como a possibilidade de estudos de imunidade. O objectivo agora é preparar a instituição o melhor possível para responder a este e a outros vírus que surjam no futuro. Segundo Margarida Ornelas, «a reconfiguração deste sector foi considerada no plano de retoma da instituição e enquadra-se no Plano de Expansão da Capacidade Laboratorial SARS-CoV-2». No próximo triénio, a presidente do IPOC quer dar continuidade às acções já desencadeadas e que assentam em três pilares: «garantia do acesso (a cuidados com qualidade, dentro dos tempos máximos de resposta, a medicamentos inovadores e a novas tecnologias); concretização do plano de investimentos em curso; e capacitação e motivação dos recursos humanos, de modo a preservar a coesão interna». «Falar do percurso do IPO de Coimbra é falar dos seus profissionais e os resultados alcançados só têm sido possíveis graças à sua enorme dedicação. Com eles temos conseguido ser fiéis ao compromisso de bem cuidar do doente oncológico», termina.

Dois novos aceleradores lineares vêm reforçar o posicionamento do IPO como referência nos tratamentos de radioterapia

Demolido o actual edifício, nascerá no mesmo local a nova Cirurgia e Imagiologia do IPO de Coimbra


14 Hospital CUF Coimbra

Unidade hospitalar projectada para dar uma resposta especializada através de abordagens inovadoras e multidisciplinares às várias patologias

CUF COIMBRA APOSTA NA QUALIDADE E EXCELÊNCIA DOS CUIDADOS DE SAÚDE Diferenciação Os utentes do Hospital CUF Coimbra contam com uma oferta diversificada e multidisciplinar, alicerçada num corpo clínico experiente Com mais de 75 anos de experiência na área da saúde, e uma rede de 18 unidades localizadas por todo o território nacional, a CUF disponibiliza à população da região um hospital com uma oferta diversificada e multidisciplinar, alicerçada num corpo clínico experiente e que garante qualidade clínica na abordagem às mais diversas patologias, e uma resposta atempada e segura. Em Coimbra, o Hospital CUF Coimbra foi projectado para dar uma resposta especializada através de abordagens inovadoras e multidisciplinares, integrando áreas clínicas incontornáveis, tanto nas perspectivas da prevenção, diagnóstico, como na dos tratamentos e meios de reabilitação. O diagnóstico e tratamento atempado são, de resto, das maiores prioridades deste Hospital, respondendo de forma célere às necessidades de saúde da população e por isso, a aposta na di-

ferenciação dos cuidados de saúde e a ampliação da capacidade de resposta é permanente. «Com dedicação, diligência e competência, o corpo clínico do Hospital CUF Coimbra tem vindo a manter uma resposta célere e de qualidade a todas as gerações da população, tirando partido de equipamentos médicos com tecnologia de ponta e técnicas diferenciadoras na área da saúde», afirma a administração desta unidade de saúde. A elevada experiência das equipas clínicas garante ainda o desenvolvimento de um processo contínuo de crescimento e de melhoria dos seus serviços, tendo sempre como base um avançado perfil tecnológico e a multidisciplinaridade dos cuidados de saúde. O Hospital CUF Coimbra distingue-se, ainda, pela sua abrangente oferta clínica, com resposta adequada às mais diversas situações de doença, e uma

aposta constante no reforço das diversas áreas médico-cirúrgicas disponibilizadas. Desta forma, e com um projecto clínico robusto, quer ao nível da tecnologia, quer dos processos utilizados, o Hospital CUF Coimbra conta, actualmente, com a totalidade das especialidades médico-cirúrgicas, distribuídas por gabinetes de consulta e exames, internamento com quartos individuais, bloco cirúrgico, recobro, cuidados intermédios, Hospital de Dia Oncológico, exames especiais e um Atendimento Médico Não Programado que responde às situações inesperadas de saúde. «Com acordos com as principais seguradoras e subsistemas de saúde, incluindo ADSE e SIGIC, esta unidade assegura, tanto na vertente do diagnóstico como na vertente terapêutica e de intervenção, respostas de elevada qualidade clínica e condições de conforto funda-

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mentais no acompanhamento dos doentes» garante a administração.

Referência na resposta oncológica A diferenciação, multidisciplinaridade e oferta disponibilizada ao nível da resposta oncológica ou hemato-oncológica coloca o Hospital CUF Coimbra como uma referência nesta área de intervenção. Organizada em vários grupos de patologia, é composta por uma equipa multidisciplinar de profissionais altamente diferenciados que diagnosticam, tratam e vigiam. Os cuidados disponibilizados são personalizados a cada doente e têm uma forte componente de humanização. No Hospital de Dia, o doente é acompanhado por um profissional de enfermagem especializado e de referência, e para um acompanhamento personalizado e ajustado a cada doente, uma gestora oncológica auxilia o doente e a sua família durante todo o percurso da doença. A detecção e intervenção precoce são os pontos fundamentais para o sucesso do tratamento e afirmam-se como pilares basilares da Oncologia deste hospital. A Unidade de Cuidados Intermédios é outro dos exemplos claros da diferenciação disponibilizada pelo Hospital CUF Coimbra. Com uma capacidade instalada altamente diferenciada para a prestação de cuidados de saúde especializados e com condições ímpares de conforto para o doente, esta unidade recebe doentes


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com múltiplas patologias, sejam elas de carácter médico ou cirúrgico. Com um perfil clínico que permite cuidados especializados para doentes que necessitam de maior vigilância das equipas de saúde, esta unidade acentua o carácter diferenciador do Hospital CUF Coimbra. Dotada de equipamentos especializados que permitem desenvolver o acompanhamento, tratamento e monitorização contínua dos doentes, esta Unidade está a cargo de uma equipa multidisciplinar, que trabalha em estreita coordenação, composta por médicos, enfermeiros e auxiliares de acção médica, todos com formação específica, que garante uma assistência especializada 24 horas por dia.

Oferta multidisciplinar ao nível da resposta oncológica ou hematooncológica coloca a CUF Coimbra como uma referência nesta área de intervenção A pensar sempre no bem-estar dos utentes, a adequação da disponibilidade dos serviços às necessidades dos doentes é outra área fundamental. Nesta vertente, o Hospital CUF Coimbra alargou recentemente o horário do Atendimento Médico Não Programado de Adultos, com o objectivo de garantir uma resposta atempada e segura para um conjunto de situações de saúde inesperadas. Assim, o serviço passou a estar disponível de segunda a sexta-feira, das 9h00 às 20h00 e aos sábados das 9h00 às 17h00. O Atendimento Médico Não Programado do Hospital CUF Coimbra é assegurado por uma equipa de profissionais especializados em Medicina Geral e Familiar e Medicina Interna. Este serviço, com acesso aos principais seguros e subsistemas de saúde, disponibiliza todos os meios complementares de diagnóstico necessários para o acompanhamento integral do doente, nomeadamente com suporte das equipas de Imagiologia Ecografia, TAC, Ressonância e Raio X - e de Patologia Clínica. De referir ainda que na área de Exames Especiais, e seguindo o propósito de incremento da oferta disponibilizada à população, foram disponibilizados na especialidade de Gastrenterologia novos exames de diagnóstico, nomeadamente de exames Colonoscopia e Endoscopia, entre outros procedimentos. Esta área, que conta com apoio de uma equipa multidisciplinar, dispõe de sala de recobro onde é realizada a monitorização do doente até ao momento da alta.

Investigação reforça projecto clínico Uma das dimensões potenciada pelo projecto clínico do Hospital CUF Coimbra prende-se com a aposta na investigação clínica, com foco na promoção do desenvolvimento dos profissionais de saúde com amplas vantagens para os doentes. Neste contexto, a CUF e a AIBILI - Associação para Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem - encontram-se a implementar uma parceria para o desenvolvimento de investigação clínica que permite reforçar as competências de ambas as instituições e unir esforços para a concretização de projectos relevantes, nomeadamente na área da Oftalmologia. «Esta parceria junta os esforços e competências de duas instituições que vêem a investigação clínica como factor determinante para o desenvolvimento da saúde em Portugal», garante a administração da CUF. Para além da participação de investigadores e médicos das diferentes unidades CUF em estudos de investigação clínica promovidos pela AIBILI, esta parceria prevê ainda a realização de cursos, workshops e acções de formação através da CUF Academic and Research Medical Center - a entidade responsável pela investigação clínica e formação de profissionais na CUF. Esta parceria reforça a aposta na criação de sinergias com as mais prestigiadas instituições na área da saúde, investigação e ensino, nas regiões onde estão implantadas as suas unidades.

Qualidade Certificada por entidade internacional No que se refere à aposta no reconhecimento da qualidade clínica através de programas de certificação, o Hospital CUF Coimbra superou, recentemente, com êxito a auditoria de certificação do Sistema de Gestão da Qualidade, atribuída pela SGS, referência mundial em processos de certificação, no âmbito da norma internacional ISO 9001. Trata-se de um reconhecimento externo da implementação de mecanismos de gestão relacionados com a satisfação do doente, melhoria contínua e organização por processos, reforçando o posicionamento do Hospital na garantia da prestação de cuidados de saúde de excelência ao doente. «Este reconhecimento comprova a cultura de qualidade e segurança promovidos diariamente no Hospital CUF Coimbra. A obtenção desta certificação evidencia, ainda, o empenho e profissionalismo das equipas e o compromisso assumido para garantir a satisfação dos doentes, sempre em linha com as melhores práticas internacionais», conclui a administração. SAÚDE E BEM-ESTAR


16 Hospital da Luz Coimbra

CARDIOLOGIA DE INTERVENÇÃO É ÁREA DE ALTA DIFERENCIAÇÃO DO HOSPITAL DA LUZ COIMBRA Modernização Hospital posiciona-se num contexto de medicina diferenciada,contando com excelentes profissionais e meios tecnológicos modernos e ainda áreas de alta diferenciação em todas as especialidades

Pedro Beja Afonso, administrador do Hospital da Luz Coimbra

Há três anos, quando a Luz Saúde adquiriu a Idealmed UHC, teve início o processo de transformação desta unidade hospitalar em Hospital da Luz Coimbra (HLC), e desde então tem-se vindo a afirmar como uma unidade de referência na região Centro. «Modernizámos tecnologicamente o Hospital, reforçámos o corpo clínico, criámos uma Unidade de Cuidados Intensivos e Intermédios, abrimos novas valências, nomeadamente a Cardiologia de Intervenção e a Cirurgia Cardíaca, mudámos processos, reforçámos a segurança clínica, estabelecemos parcerias com instituições e alterámos o modelo de governação. Sentimos que as pessoas confiam no Hospital da Luz Coimbra, porque nos escolhem diaria-

mente para cuidar da sua saúde. Como tal, é com satisfação que posso dizer que os objectivos definidos para estes três anos foram cumpridos», começa por afirmar Pedro Beja Afonso, administrador do HLC, acrescentando que «o Hospital da Luz Coimbra conseguiu alcançar um volume de produção muito significativo, ainda que tenhamos espaço para crescimento e melhoria». Em números, estima-se a realização, este ano, de mais de 120 mil consultas, incluindo as clínicas de Cantanhede, Figueira da Foz, Pombal e Solum, e mais de 6 mil intervenções cirúrgicas. Entre os vários investimentos que têm vindo a ser feitos, é nos recursos humanos que a administração mais tem apos-

tado. E nem poderia ser de outro modo, como garante Pedro Beja Afonso porque, diz, «no sector da saúde, os melhores resultados só se alcançam com os melhores profissionais. Mesmo em ano de pandemia, nunca precisámos de recorrer ao lay-off. Mais: até contratámos novos profissionais para o Hospital». Entre 2017 e 2020, o quadro de pessoal do Hospital da Luz Coimbra aumentou 75%. Presentemente, mais de 300 pessoas têm contrato de trabalho com o Hospital, sendo que, além destes, colaboram com esta unidade de saúde outros 400 profissionais. Com um «corpo clínico que me orgulha muito e com quem me sinto absolutamente seguro e confiante» o Hospital

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da Luz Coimbra posiciona-se num «contexto de medicina diferenciada e de equipa, contando para isso com excelentes profissionais e meios tecnológicos modernos. Posso afirmar que temos áreas de alta diferenciação em todas as especialidades. A existência no hospital da Unidade da Cuidados Intensivos e Intermédios permite a realização de intervenções cirúrgicas altamente complexas, como é o caso da cirurgia hepatobiliopancreática ou da cirurgia cardíaca. Não obstante, diria que as áreas oncológica e cardiovascular são os dois eixos mais importantes no actual desenvolvimento clínico do Hospital da Luz Coimbra» sublinha aquele responsável. As áreas da ginecologia, oftalmologia, ortopedia e


Hospital da Luz Coimbra 17

urologia, são aquelas em que a Luz Coimbra tem vindo a crescer em termos de actividade de forma muito sustentada. «Não posso deixar de referir o programa de cardiologia de intervenção como uma área de alta diferenciação do nosso Hospital. O Hospital da Luz Coimbra é, na realidade, o único hospital privado da região Centro onde se realizam cateterismos cardíacos, angioplastias e diversos procedimentos de intervenção estrutural, nomeadamente no âmbito da intervenção valvular (TAVI e Mitraclip). Temos, nesta área, uma resposta clínica muito consistente, diferenciada e de grande qualidade» atesta Pedro Beja Afonso. Tendo em conta que a medicina, e toda a actividade que envolve a área da saúde, está em constante evolução, é exigido às equipas clínicas e instituições de saúde um trabalho e uma atenção constantes às inovações, à actualização científica e técnica e ao investimento em equipamentos que permitam oferecer aos doentes o estado da arte da medicina. O Hospital da Luz Coimbra não é excepção: «mantemo-nos a par dos passos que todos os dias são dados nas mais diversas áreas. Mas não posso deixar de destacar o investimento que fizemos na área dos exames de imagem: hoje, trabalhamos

com equipamento de RM 3 Tesla e com TAC de dupla energia, entre outros. Investimos também em equipamento de imagem intraoperatório, que permite às equipas cirúrgicas operar por neuro-navegação, uma técnica topo de gama utilizada nas cirurgias ao cérebro e à coluna. A existência de equipamentos tecnológicos de grande diferenciação, conjugados com a competência dos médicos que temos no Hospital, permite-nos, por exemplo, realizar ressonâncias magnéticas de corpo inteiro, termoablações por radiofrequência – utilizadas no tratamento das doenças do fígado e pâncreas - e realizar diversos procedimentos cardíacos, entre outros. Brevemente, vamos fazer no Hospital da Luz Coimbra exame de ressonância magnética funcional, para a área das neurociências, passando o nosso Hospital a ser uma das poucas unidades hospitalares do país onde este exame se realiza» enfatiza o administrador. A área da investigação é, também ela, uma área estratégica para o Hospital da Luz Coimbra, sendo a área da Imagiologia aquela onde está a decorrer um maior número de ensaios clínicos. «Neste momento, estamos a participar em mais de 60 ensaios clínicos. Creio que o Hospital

Entre os vários investimentos que têm vindo a ser feitos, é nos recursos humanos que a administração mais tem apostado Unidade da Cuidados Intensivos e Intermédios do Hospital da Luz Coimbra permite intervenções cirúrgicas altamente complexas

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da Luz Coimbra é hoje visto, quer pela indústria farmacêutica, quer por diversas instituições de saúde de referência, como um parceiro credível e de elevada qualidade» afirma.

Projectos em curso Pedro Beja Afonso refere que estão a ser desenvolvidos «dois projectos estruturais, um relacionado com a unidade de internamento de medicina interna e um outro com a instalação de um centro avançado de patologia músculo esquelética, onde colaboram ortopedistas, fisiatras, médicos de medicina desportiva, reumatologistas, fisioterapeutas e enfermeiros. Estamos também a aumentar o espectro de intervenção do Centro de Oncologia, nomeadamente para a área da hemato-oncologia, e a diversificar as técnicas de gastrenterologia e de pneumologia».De forma mais lata,e com o objectivo de reforçar a capacidade de intervenção do Hospital o grande projecto dos próximos tempos passa por «alicerçar a rede Hospital da Luz na região Centro, fortalecendo a articulação entre os seus três hospitais (Aveiro, Coimbra e Oiã) e as cinco clínicas (Águeda, Cantanhede, Figueira da Foz, Pombal e Solum) .


18 Sanfil Medicina

SANFIL DISTINGUE-SE PELA PROXIMIDA Afirmação Fazendo jus ao processo de consolidação da sua actividade, o Grupo Sanfil tem desenvolvido projectos de modernização e aquisição de equipamentos mais modernos O Grupo Sanfil Medicina (GSM) está desde a sua fundação ligado à prestação de cuidados de saúde, em complementaridade com a oferta pública. «Cobre todo o espectro de serviços que vão desde a consulta e os meios complementares de diagnóstico de imagiologia, até à reabilitação pós-cirúrgica, e o acompanhamento permanente de utentes, incluindo na hemodiálise», refere Pedro Marcelino, administrador do Grupo Sanfil. O Grupo nasceu no ano de 1953 com a fundação da Casa de Saúde de Santa Filomena e com a primeira Unidade de Saúde, com bloco operatório e internamento, localizada no centro de Coimbra. Nesta unidade, os sócios fundadores e outros profissionais de saúde exerciam a sua actividade profissional, uns na área da medicina (Cirurgia Geral, Ortopedia e Urologia, entre outras), e outros na área da enfermagem. Mais tarde, já na década de 80, foi criado, nesta unidade, um serviço de hemodiálise em parceria com médicos urologistas e nefrologistas da cidade de Coimbra. Na primeira década do presente século, o Grupo Sanfil Medicina intensificou bastante a sua actividade médicocirúrgica adveniente da maior procura e aposta na fidelização de médicos de referência. Este desenvolvimento é acompanhado por fortes investimentos na modernização e ampliação das instalações da Casa de Saúde e na aquisição dos equipamentos mais modernos para servir um bloco operatório cada vez mais activo e diversificado, no que toca às áreas médico-cirúrgicas, assim como num serviço de imagem que viu ampliado o seu espectro de diagnóstico a todas as valências da radiologia/imagiologia.Também nesta altura, o GSM iniciou a sua expansão com a aquisição de duas unidades em Coimbra: a unidade de hemodiálise Nefrovales e a unidade de Fisioterapia, Cardiologia e Gastroenterologia do Cidral (CDTI). Em 2012, o GSM adquire a Diaton – com actividade na área da Medicina Nuclear – e o Centro Hospitalar de S. Francisco, alargando a

sua presença às regiões de Leiria, Viseu e Aveiro. Com uma vasta oferta de especialidades, nas quais se tem vindo a destacar ao longo do tempo, a Sanfil tem como missão promover a vida e cuidar da saúde de todos, e para isso, o Grupo associa o talento e dedicação dos mais de 800 profissionais, ligados à área da prestação de cuidados de saúde e de suporte a essa actividade, a área práticas inovadoras da medicina, para proporcionar a satisfação das necessidades de saúde dos pacientes, centrados nos resultados alcançados. «O que há de melhor nas organizações são as pessoas que as compõe, sendo esse o nosso melhor activo», atesta a administração. Presentemente, e de uns anos a esta parte, a Sanfil tem

Administração aposta na robustez e ampliação das áreas de diferenciação competitiva, fortalecimento de relações e de parcerias estratégicas Grupo Sanfil Medicina associa o talento e dedicação de toda a sua equipa às práticas inovadoras da medicina

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vindo a consolidar a sua actividade, apostando na robustez e ampliação das áreas de diferenciação competitiva, fortalecimento de relações e de parcerias estratégicas, relacionamento próximo e gerador de sinergias com todos os stakeholders da área da saúde, à diferenciação tecnológica, já iniciada, e científica, à diversificação de valências e ao crescimento orgânico. No que diz respeito à inovação tecnológica, «o GSM tem vindo a renovar o seu parque de equipamentos, tendo concluído vários acordos de parceria com algumas das principais marcas que actuam neste domínio, no sentido de continuar investida da mais recente tecnologia», explica Pedro Marcelino, garantindo que «o GSM tem vindo a crescer em dimensão


Sanfil Medicina 19

DADE AOS UTENTES

Sanfil Medicina tem vindo a crescer, em qualidade e quantidade, intensificando a sua actividade, com forte aposta na diferenciação dos serviços prestados

e serviços, sendo sempre muito gratificante saber que cada vez temos mais respostas de saúde para os nossos utentes», garante o responsável. Ao nível de infraestruturas, o Grupo Sanfil está a implementar um ambicioso plano de remodelação e expansão de várias unidades no quadriénio 2021 a 2024. De referir, nesta vertente, a inauguração, em breve, do novo centro de operações e tecnologia do GSM no Coimbra iParque, onde ficarão instalados os serviços centrais partilhados do Grupo.

Unidades do Grupo Sanfil Apesar de ter origem na cidade de Coimbra, o Grupo Sanfil detém unidades espalhadas por toda a zona Centro do país,

desde Alcobaça até Viseu, num total de dez concelhos em toda a região. Tal facto, apresenta-se como uma das suas maiores virtudes: o estar mais próximo dos utentes. As unidades em causa são: Centro Hospitalar S. Francisco, em Alcobaça; Diaton, em Aveiro; Clínica de Cantanhede, no concelho de Cantanhede; Casa de Saúde de Santa Filomena, Diaton, Centro de Diagnóstico e Tratamento Integrado e Nefrovida, em Coimbra; Centro Radiológico da Figueira da Foz, na Figueira da Foz; Centro Hospitalar S. Francisco e Diaton, em Leiria; Clínica da Lousã, no concelho da Lousã; Imagran, na Marinha Grande; Centro Hospitalar S. Francisco, em Pombal; e Diaton, na cidade de Viseu. SAÚDE E BEM-ESTAR


20 Opinião

O melhor de nós Rosa Reis Marques Presidente do Conselho Directivo da Administração Regional de Saúde do Centro

á cerca de um ano, o país começou a viver um problema de saúde pública preocupante, refletido à escala mundial. Um vírus, em grande parte desconhecido e com uma surpreendente capacidade de contágio e de consequências dramáticas, exigia do SNS vigorosa e rápida ação. Na região Centro, a assistência à covid-19 obrigou a uma reorganização de serviços cada vez mais eficaz, a uma maior concentração dos recursos, exigiu resposta célere às necessidades de um o dia-a-dia vivido em pandemia. Não foi fácil. As dificuldades emergentes de uma nova realidade em saúde puseram, contudo, à prova o melhor de nós, sobretudo a coragem dos muitos profissionais do setor, absolutamente decisiva num combate que começou por ser desigual e prolongado no tempo. Respiramos hoje aliviados, mas não descansados. Com a terceira fase do plano de desconfinamento em curso, recuperamos segurança para retomar a

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normalidade no funcionamento dos serviços de saúde com boas perspetivas. A situação de longa duração que vivemos não nos deixou reféns da inércia. Exigente, 2021 trouxe a urgência do maior processo de vacinação jamais organizado no país e a região Centro soube responder ao desafio, com centros de vacinação instalados em todos os concelhos e a vacinação a decorrer, simultaneamente, para utentes acamados. A estreita e atenta colaboração das autarquias, e agora da Fundação Calouste Gulbenkian, contribuíram para o bom funcionamento do processo; o desempenho dos serviços farmacêuticos da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) tem sido fundamental, bem como a dedicação e experiência dos profissionais dos centros de saúde que, com satisfação, têm estado a cumprir o plano de vacinação. No primeiro trimestre do ano, a produção global de consultas nos cuidados de saúde primários (CSP) foi de mais 13% do total da ARSC comparativamente ao mesmo período de 2020, uma variação positiva, resultante do incremento das consultas não presenciais, que cresceram em mais 105%, como forma de compensação da redução imposta nos contactos diretos por conta dos efeitos da pandemia. Neste momento, a ARSC elaborou e aprovou o regulamento no âmbito da criação do incentivo excecional à recuperação de consultas presenciais nos CSP

enquadrado pela Portaria n. º 54/2021, de 10 de março, documento que promove a recuperação da produção e de resultados em CSP, nomeadamente nas áreas da vigilância da diabetes, hipertensão e dos rastreios. Neste patamar de cuidados, destaque ainda para a remodelação do parque da saúde no âmbito do Programa 2020, com cerca de três dezenas de unidades a candidatar pelas autarquias locais. Com o início do ano marcado por mais um plano de confinamento apertado, a ARSC aumentou o número de lugares na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) em mais 51, totalizando atualmente 2.649 camas, e dedicou atenção à formação em cuidados paliativos, levando a efeito um curso básico para 37 profissionais dos CSP e hospitalares do Baixo Vouga e Baixo Mondego, prosseguindo agora nas restantes regiões. Na área dos cuidados hospitalares, regista-se o crescimento da consulta externa, nomeadamente da primeira consulta em 7%, e a redução do tempo médio de espera na lista para cirurgias face ao ano passado é animadora. Os bons resultados não se esgotam nos exemplos dados, mas também não se refletem ainda, como gostaríamos, em toda a atividade da retoma assistencial. Estamos certos que com tempo, investimento, e dando sempre o melhor de nós em segurança, os serviços de saúde da região Centro retomarão, em breve, o curso da excelência de sempre.

"O novo ( já antigo) paradigma de saúde Paulo Cunha Presidente da Direcção Regional do Centro da Ordem dos Psicólogos Portugueses

issertarei neste artigo sobre excelência da saúde, dando uma perspetiva diferente, mas não nova, ao pressuposto do que esta deve ser, a direção que devemos seguir e como cada pessoa pode e deve contribuir. Falarei, mais do que está feito, do que poderá sempre ser feito. Para esta minha reflexão, terei como ponto de partida uma definição da Organização Mundial de Saúde que assim prevalece desde 7 de Abril de 1948: “Saúde é um estado de bem-estar físico, mental e social e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade.” Mais do que uma definição, trata-se da reformulação de um paradigma anteriormente constituído. Esta abordagem faz a saúde depender da capacidade de cada pessoa conseguir estabelecer

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um equilíbrio entre ela e o seu meio envolvente. Isto significa também que uma determinada pessoa com uma doença ou perturbação física identificada, pode ser considerado saudável, até um determinado nível, pela sua capacidade de estabelecer um equilíbrio interno que o faça retirar o máximo possível da sua vida, repito, independentemente da presença de uma possível doença física. A importância deste paradigma empodera o ser humano no estabelecimento da sua própria saúde. A pessoa não deve estar preocupada apenas com a presença de uma doença identificada ou não, mas sim, com a promoção de todo e qualquer ato que promova o bem estar, o equilíbrio fisico, mental e social. Mais tarde, a mesma Organização Mundial de Saúde definia saúde mental como “um estado de bem estar em que cada indivíduo realiza as suas capacidades, pode lidar com o stress do dia a dia, consegue ser produtivo no seu local de trabalho e é capaz de contribuir para a sua comunidade”. A riqueza destas definições traz a importância dos fatores pessoais, as circunstâncias sociais e fatores ambientais para a natureza da saúde mental. Foi também importante porque permitiu que se começasse a deixar de considerar o ser humano como algo SAÚDE E BEM-ESTAR

terminado em si mesmo, para o considerarmos como parte de um sistema mais vasto. Permitiu que se visse o ser humano integrado num maior número de variáveis a poderem ser controláveis, ser um agente influenciador e não apenas influenciável. O ser humano não pode ser dissociado do meio ambiente, dos hábitos de vida saudáveis, do convívio, do sorriso, da resiliência, dos momentos de prazer no dia a dia, de criar relações positivas e de escolher trabalhos nos quais se enquadra e se sente realizado. Desde a primeira definição, a Organização Mundial de Saúde coloca o desafio da saúde ser um pressuposto pelo qual qualquer pessoa pode lutar, criar e construir não apenas para si, mas também para os outros, criando um movimento global que tem permitido redefinir e continuar a promover a evolução das políticas sociais. Na Região Centro temos, segundo este paradigma, um conjunto de oportunidades de hábitos de vida saudável. Pessoas e patrimónios únicos por descobrir, com uma natureza a respeitar. Uma saúde de excelência é aquela que é construída por todos nós em equilíbrio com locais excecionais, por pessoas de excelência, cada um a contribuir para um todo global.”


Opinião 21

PRONTOS A VENCER A COVID-19 Augusto Meneses Presidente da Delegação do Centro da Associação Nacional de Farmácias

os dez anos, o menino António ia de bicicleta à vila de Avelar, buscar medicamentos para as pessoas da sua aldeia. Num discurso que tive o prazer de ouvir, quando recebeu as Insígnias da Associação Nacional das Farmácias, o fundador do SNS contou que foi o “Senhor Medeiros”, farmacêutico comunitário, a ensinar-lhe a administrar injectáveis, assim como “a palavra Democracia”. Antes do 25 de Abril, as farmácias já eram os serviços de saúde mais próximos das pessoas. Na Democracia, esta rede não tem parado de crescer. Portugal tem hoje 2.950 farmácias, equitativamente implantadas em todo o território. Como dizia António Arnaut, olhando para trás, mas também para o futuro, «as farmácias são a mão longa do SNS».

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Há farmacêuticos comunitários em abundância, no Interior como nas grandes cidades. Os últimos números contabilizavam 10.561 em actividade. Em média, cada farmácia já tem 3,6 farmacêuticos ao serviço das populações, o que torna a rede portuguesa uma das cinco mais qualificadas do mundo. A pandemia pôs à prova a rede de farmácias num momento especialmente delicado. Uma em cada quatro farmácias enfrenta processos de insolvência e de penhora. Sete, em cada dez, chegam ao fim do ano e contabilizam prejuízos pelo serviço público de dispensa de medicamentos comparticipados pelo Estado e o aconselhamento aos doentes. Apesar disto, a rede respondeu de imediato. Para começar, adoptou um fluxograma de triagem e encaminhamento de casos suspeitos. Revelou-se tão bem feito e eficaz que acabou traduzido em dezenas de línguas, do inglês ao árabe, do chinês ao russo, por iniciativa da Federação Internacional Farmacêutica. Farmacêuticos de todo o mundo, em exercício em farmácias comunitárias, farmácias hospitalares e em laboratórios de análises clínicas, seguiram o modelo português. As farmácias foram a primeira cadeia de serviços a garantir entregas ao domicílio em todo o território.

SAÚDE E BEM-ESTAR

Lançaram a linha telefónica gratuita 1400, que permite às pessoas encontrar medicamentos 24 horas por dia numa farmácia próximo de casa, com toda a segurança e o devido aconselhamento. Em Março, reforçaram em 7,8 milhões de euros a dispensa de medicamentos a crédito, evitando a interrupção de tratamentos dos doentes com maior fragilidade económica e dificuldade de acesso a consultas médicas. E começaram a dispensar aos doentes mais frágeis, portadores de sida, hepatite, esclerose múltipla e outras doenças de risco, medicamentos dantes só disponíveis nos hospitais. Desde Dezembro, centenas de farmácias estão a testar a população contra a COVID-19, com os mais elevados padrões de segurança. Neste momento, estão a viabilizar os programas de testagem de municípios do Lisboa e Oeiras. Na nossa Região Centro as farmácias também estão preparadas para o fazer. Aliás, o seu contributo para o desempenho nacional atrás descrito é insubstituível. Quanto às vacinas, venham elas. Os farmacêuticos vacinam contra a gripe há 12 anos. No último Outono, 600 mil portugueses optaram por se vacinar numa farmácia da sua preferência. A rede está pronta a ajudar Portugal a vencer a COVID-19, à semelhança do que está a acontecer nos EUA, França, Inglaterra e na generalidade dos países mais desenvolvidos. O menino António bem pode ficar orgulhoso das farmácias da sua região e do seu País.


22 Opinião

A CERTEZA QUE EU TENHO Ricardo Correia de Matos Presidente do Conselho Directivo Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros

o longo das últimas décadas verificaram-se, no sector da Saúde, importantes desenvolvimentos a nível científico, tecnológico, social e económico. Houve uma melhoria significativa dos padrões de qualidade de vida dos cidadãos, que provocou novos problemas, mais complexos. As alterações nas necessidades em cuidados de saúde, motivadas pela pressão demográfica associada ao envelhecimento e à redução da natalidade, bem como uma maior incidência e prevalência de doenças crónicas, traz novos desafios aos sistemas de saúde. Mas

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muito se mantém. Mantém-se o foco insuficiente na prevenção primária, mantém-se a disparidade na alocação dos profissionais de saúde em termos geográficos, mantém-se a insuficiência do seu número e especialização. A Pandemia veio agravar estes desafios, já conhecidos, e criou novos dilemas sociais: na acessibilidade aos serviços de saúde, excessivamente centralizados, ou na incapacidade agravada com o isolamento (com a consequente dependência de estruturas de apoio). Assistiu-se a um aumento do número de famílias com recursos económicos escassos, a uma agudização das reivindicações dos profissionais de saúde — e, em termos gerais, a uma redução da actividade económica. As tensões aumentaram na sustentabilidade financeira de todo o Estado Social, âncora inalienável na defesa do modelo social, solidário e universal preconizado pela Constituição da República Portuguesa. Neste contexto, com o objectivo de responder a todas estas necessidades, torna-se imprescindível o apoio de todos os stakeholders na construção das me-

lhores soluções. Para os mais cépticos, e defensores da centralização do poder, a cooperação entre a Administração Regional de Saúde do Centro, os agrupamentos de centros de Saúde (ACeS) e as autarquias na definição e criação dos centros de vacinação é prova de sucesso. Estes centros de imunização em grande escala estão preparados para vacinar um mínimo de 600 pessoas por dia, em segurança e com elevada qualidade. O sucesso, seja qual for a definição, exigirá sempre colaboração e cooperação entre as pessoas e Instituições. Se existe algo de positivo nos momentos mais difíceis da Humanidade é a capacidade de nos unirmos em torno de um único objectivo: a sobrevivência. A COVID-19 mostrou a fragilidade da vida humana. Mais ainda: deixou a descoberto os fracos pilares onde construímos a nossa sociedade. Para responder, para fazer a diferença, precisamos de lideranças positivas, competentes, agregadoras, que transmitam a confiança necessária para criar uma onda de esperança num futuro melhor. Chegámos enfim à certeza. A certeza que eu tenho: nada ficará igual. Caberá a cada um de nós escolher o papel a desempenhar nesse futuro. Eu já escolhi o meu.

O nosso futuro recomeçou em 2020 Carlos Cortes Presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos

esforço que costumamos fazer em encontrar aspetos positivos nos acontecimentos que estão longe de o ser, é algo que não aprecio particularmente. O “podia ter sido pior” ou as “oportunidades” que se abrem perante uma desgraça são remendos que tentamos colocar numa tentativa de contrariar uma tragédia. Apesar de tudo, é inegável que há aspetos que sobressaíram durante o último ano e que importa referir. Esta pandemia mostrou-nos a importância da solidariedade e da compassividade. Mostrou-nos, sobretudo, que as grandes adversidades da História devem ser enfrentadas em união e não em individualismos filauciosos. Percebemos que, para enfrentar esta praga sanitária, social, económica e financeira, precisamos de encontrar soluções que possam incluir todos. Não, não combateremos e não venceremos esta pandemia sós! Fá-lo-emos em comunidade e em grupo coeso e unido. Ao colocarmos, hoje, a Saúde no centro de todas as políticas estamos a encarar a resposta a esta emergência pandémica que, em simultâneo, não pode fazer esquecer outros objetivos: a redução da mortalidade infantil, a redução da mortalidade materna, o alargamento da cobertura vacinal, a esperança média de vida aos 65 anos, anos de vida saudáveis aos 65 anos e o aumento da esperança média de vida à nascença, entre

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tantos outros avanços e opções que combatem as desigualdades em Saúde. Um dos aspetos mais importantes de união e colaboração entre instituições está relacionada com o papel do Poder Local no combate a esta pandemia. É inegável o contributo prestado pelos municípios em articulação com bombeiros, forças de segurança, instituições de saúde e outros parceiros sociais. É justo reconhecer que uma parte importante do combate à pandemia foi concretizada com a participação direta das autarquias. A Ordem dos Médicos continuará a assumir o seu papel de Provedor da Saúde e dos Doentes na defesa da qualidade da Saúde e do acesso equitativo aos cuidados de saúde e, em articulação e cooperação com várias entidades locais, regionais e nacionais, defenderá intransigentemente a promoção da saúde e bem-estar dos profissionais e das populações, doentes ou saudáveis. É neste enquadramento que devemos saudar a criação, em Coimbra, do Conselho Municipal de Saúde envolvendo os vários stakeholders do município. Apesar de todos os receios face ao novo modelo de municipalização do setor da Saúde, esta crise trouxe à tona a importância do envolvimento do Poder Local. As autarquias, sublinhe-se, foram entidades participativas, colaborativas e com visão partilhada na resposta às populações neste contexto tão complexo. Registamos o sinal positivo do envolvimento da Câmara Municipal de Coimbra nas questões da Saúde de que este Conselho Municipal é instrumento de reflexão e planeamento intersetorial. Pena que alguns responsáveis de instituições que prestam cuidados de saúde em Coimbra não tenham, nem a mesma visão estratégica nem a mesma vontade de participação e inclusão. Temos, pois, um longo caSAÚDE E BEM-ESTAR

minho a percorrer. Temos de encontrar soluções para os problemas mais prementes, designadamente a maternidade de Coimbra, a sobrelotação e a falta de capacidade de resposta dos Hospitais da Universidade de Coimbra, a indefinição, ou melhor, a falta de transparência sobre os destinos do Hospital Geral de Coimbra (vulgo Hospital dos Covões), entre outros. Enfrentamos ainda um outro obstáculo, de consequências imprevisíveis, no contexto nacional: o envelhecimento da população. Coimbra, também neste âmbito, contribuirá para encontrar medidas preventivas que levem a uma redução da carga da doença nos mais idosos, promovendo medidas que promovam o envelhecimento saudável. Através do Ageing@Coimbra, a região Centro de Portugal, com Coimbra como pólo estratégico, é uma das 77 regiões de referência para o Envelhecimento Ativo e Saudável reconhecidas pela Comissão Europeia, a única em Portugal. As áreas da Saúde e da Ciência são de extrema relevância para Coimbra, cidade que sempre se notabilizou pelo contributo científico e académico no País e no Mundo. Com a sua Universidade, com os centros de investigação, numa visão sempre inovadora e com brilhantismo, estes continuam a dar-nos condições estruturais para encontrar as melhores respostas em Saúde. A Câmara Municipal de Coimbra, através da criação do Conselho Municipal de Saúde, deu o mote para a visão que Coimbra e as suas principais unidades de saúde têm de adotar: construir uma visão estratégica, incluir a sociedade civil na discussão e nas soluções e, sobretudo, saber fundamentar as suas decisões. Um excelente exemplo que todos deveriam seguir. Numa visão integrada e dinâmica da sociedade, continuaremos unidos na valorização dos cuidados de saúde.


Opinião 23

É urgente vacinar o mundo contra a Covid-19 e não só os que têm maior poder económico! Anabela Mascarenhas Presidente da Direcção Regional do Centro da Ordem dos Farmacêuticos

e me garantissem que pagando a minha vacina, a dos meus familiares e, ainda, a dos funcionários da minha empresa, o que já somaria cerca de 40 vacinas, tal resultaria na vacinação do mesmo número de pessoas num país que ainda não iniciou a vacinação, eu não hesitaria em fazê-lo. Uma das muitas soluções para aumentarmos a produção de vacinas, passaria pelo pagamento das mesmas por parte das pessoas que têm um rendimento mensal acima do ordenado mínimo nos vários países, ficando os Estados responsáveis pelo pagamento das restantes, contribuindo assim para a salvação de muitas outras em todo o mundo. Esta ideia, aparentemente ingénua, fortaleceria a indústria na capacidade de produção, e poderia fomentar o trabalho em parceria de várias empresas.

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Foram desenvolvidas vacinas num curto espaço de tempo, graças à colaboração de imensos investigadores. Não podemos esquecer que o objetivo primordial é o de chegar o mais depressa possível a todas as pessoas. Infelizmente alguns países lideraram a corrida às vacinas, porque as compraram a preço mais elevado. No caso da Comunidade Europeia afirma-se constantemente que a distribuição das doses é proporcional ao número de habitantes de cada país, o que na realidade não está a acontecer. De acordo com a OMS, já foram administradas em todo o mundo 600 milhões de doses de vacina contra a covid-19. Mas a realidade de cada região é muito discrepante: enquanto, por exemplo, praticamente 100% da população de Gibraltar já foi vacinada, países como a Nicarágua ainda aguardam as primeiras doses. Há uma faixa inteira de países africanos a aguardar a chegada da vacina, da Líbia a Madagáscar, países que não figuram sequer nas estatísticas de vacinação da OMS. Ao deixarmos de fora estes países estamos a alimentar as mutações mais graves do vírus e, consequentemente, estas poderem vir a escapar à eficácia das vacinas e tratamentos atuais, sendo que muitas pessoas já vacinadas poderem vir a ser contagiadas

SAÚDE E BEM-ESTAR

pelos mutantes daqui a alguns meses. É urgente mitigarmos esta pandemia, acelerando o envio das vacinas para todos os países, obviamente com o contributo económico de todos os que o possam fazer. Este vírus tentou ensinar-nos que estamos todos no mesmo barco, mas continuamos a ter os que merecem andar de cruzeiro enquanto outros se ficam pelas canoas. Mesmo grandes barcos como o Titanic que foi pensado para ser o navio mais luxuoso e mais seguro de sua época, classificado como "inafundável"... naufragou!

É urgente mitigarmos esta pandemia, acelerando o envio das vacinas para todos os países, obviamente com o contributo económico de todos os que o possam fazer


24 Faculdade de Medicina de Coimbra

 FMUC em números (Dados Outubro 2020)

31 docentes e investigadores em contexto de mobilidade: 26 incoming e 5 outgoing

78 pessoas constituem o grupo de trabalhadores da FMUC

112 estudantes em contexto de mobilidade, dos quais 95 são incoming e 17 outgoing

502 2.449

docentes e investigadores

estudantes do nível de ensino pré e pós-graduado

Faculdade de Medicina da UC acolhe anualmente cerca de três mil estudantes

FORMAÇÃO ACADÉMICA E CLÍNICA DE EXCELÊNCIA Referência A FMUC prima por instalações modernas, laboratórios de excelência, docentes e investigadores de referência e um forte apoio ao ensino prático «A cidade de Coimbra e a sua região compõem um ecossistema particular e de proximidade na área da saúde, constituído por instituições de referência nacional e internacional, nos diversos domínios da assistência, do ensino, da investigação e da inovação». A afirmação é de Carlos Robalo Cordeiro, director da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) que reconhece na Escola que representa um papel primordial no Pólo da Saúde da UC, com «condições únicas para o desenvolvimento de projectos de investigação, na área da saúde, que vão desde a molécula ao Homem». Neste sentido, continua o responsável, «as estruturas existentes conferem a possibilidade de realizar estudos de investigação básica ou fundamental, e avaliar posteriormente o seu

potencial em termos de novas formas de diagnóstico ou terapêutica. Esta abordagem holística dos problemas permite a participação da FMUC em grandes projectos de investigação e inovação, na promoção da saúde das populações. Este cluster, que inclui unidades de investigação e instituições prestadores de cuidados de saúde altamente diferenciadas, coloca Coimbra não apenas como uma referência regional, na área da saúde, como também permite que se compare com o que de melhor se faz em todo o mundo, de acordo com os mais exigentes padrões de qualidade científica e clínica». Constituindo-se como a mais antiga Escola Médica portuguesa e de todo o espaço lusófono, a FMUC é hoje uma Escola com modernas instalações, la-

boratórios de excelência, docentes e investigadores de referência e um forte apoio ao ensino prático. Uma Escola que prima por formar profissionais de saúde aptos a serem líderes nas áreas profissionais pelas quais venham a optar. O ensino clínico é ministrado sobretudo no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) cuja proximidade física, técnica e científica com a FMUC garante condições únicas de interacção e integração de ensino clínico e investigação, envolvendo uma estreita e profícua colaboração entre os profissionais das duas instituições assente no Centro Académico Clínico de Coimbra. De referir que a FMUC é a única Faculdade de Medicina portuguesa que ministra, além do curso de Medicina, o Mestrado Integrado em Medicina Dentária, com uma forte ligação

SAÚDE E BEM-ESTAR

ao CHUC e, consequentemente, «um ensino prático diferenciado, inserido na prestação de cuidados de saúde oral pelo SNS. Além disso, esta convivência permite o desenvolvimento de fortes sinergias, partilha de recursos e conhecimentos e uma maior transversalidade no âmbito da investigação, do ensino e da prestação de serviços à comunidade», sublinha Carlos Robalo Cordeiro.

Ensino da medicina e investigação No presente ano lectivo, a FMUC acolhe mais de 2.700 estudantes, dos quais 1.940 frequentam o Mestrado Integrado em Medicina, 225 o Mestrado Integrado em Medicina Dentária, 200 os programas de doutoramento e 323 outros cursos de formação pós-graduada, designadamente mestrados de especialização avançada. Anualmente, a Faculdade recebe centenas de estudantes estrangeiros, provenientes de diversas áreas do globo, sendo que, no ano lectivo de 2018/2019 – no período pré-pandemia – este grupo representava 12% do total dos seus estudantes. A forte procura de alunos que a FMUC regista anualmente prende-se com o prestígio que esta escola tem semeado


Faculdade de Medicina de Coimbra 25

ao longo dos anos para além das fortes qualidades pedagógicas e papel activo dos seus docentes na produção de conhecimento. «Numa Escola Médica que se pretende moderna, o ensino da medicina não pode estar dissociado da prática da investigação. Além de todas as qualidades pedagógicas, um professor da FMUC deve ter um papel activo na contribuição para o avanço do conhecimento, pois só assim estará melhor preparado e mais habilitado para ensinar os seus alunos. Os nossos professores têm demonstrado sucesso na área da investigação, sendo, em muitos dos domínios, pessoas de reconhecido mérito nacional e internacional. Este sucesso é demonstrado, não apenas pela publicação dos seus estudos nas melhores revistas da especialidade, como também pela capacidade de atrair financiamento em concursos altamente competitivos, nomeadamente em termos de apoio a projectos de investigação de excelência, lançados pela UE, como os ERC» enaltece o director. Tendo por base os recursos existentes e o trabalho já realizado, assim como o potencial instalado, a FMUC identificou áreas de interesse estratégico nas quais se possa afirmar ao mais alto nível: Neu-

Carlos Robalo Cordeiro é presidente da Faculdade de Medicina desde 2019

rociências, Ciências Cardiovasculares, Ciências da Visão e Oncobiologia, Cancro e Meio Ambiente. «Releva-se, no entanto, o Envelhecimento, área do conhecimento que cruza, de forma transversal, todos estes domínios, existindo nesta área um plano concertado e devidamente estruturado, em diversas frentes, para que possa haver um crescimento sólido e firme, e que responda a problemas societais concretos», garante, re-

FMUC com “condições únicas para o desenvolvimento de projectos de investigação, na área da saúde, que vão desde a molécula ao Homem”

SAÚDE E BEM-ESTAR

forçando que «em todas as áreas pretende-se que a investigação desenvolvida possa incluir, de forma integrada e transversal, aspectos que vão desde o estudo dos mecanismos de doença até à sua aplicação no contexto clínico. Para que isto ocorra, é necessário haver um diálogo estreito e profícuo entre cientistas e clínicos, e é isso que fomentamos na FMUC, nomeadamente ao nível da formação avançada, onde os estudantes são como uma espécie de catalisadores desta estratégia. O facto dos alunos poderem “crescer” num ambiente altamente rico e estimulante, em termos de oportunidades de investigação, faz com que estes estejam melhor preparados para, no futuro, serem também melhores médicos». Carlos Robalo Cordeiro reconhece que para que seja possível fazer investigação de qualidade é necessária a existência de plataformas tecnológicas de suporte devidamente apetrechadas. Por isso, diz, «a FMUC tem vindo a investir, dentro das enormes restrições orçamentais a que está sujeita, na capacitação destas plataformas, não apenas em termos de equipamentos de última geração, como também na qualificação e diferenciação dos seus técnicos».e.


26 Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM COM VÁRIOS PROJECTOS NA COMUNIDA Serviço Formar bons profissionais de saúde que coloquem o conhecimento adquirido ao serviço da população é um dos principais objectivos da Escola Com 140 anos de existência, a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) tem contribuído, de forma, decisiva, para que Coimbra, e a região, seja reconhecida como cidade do conhecimento e da saúde, apresentandose como uma «mais-valia para o país e para o mundo», começa por afirmar Aida Cruz Mendes, presidente da ESEnfC. «O nosso trabalho na construção, divulgação do conhecimento e formação de profissionais é uma das nossas áreas de missão mais importante» contribuindo «para a melhoria da saúde das populações e formação de enfermeiros mais capazes de enfrentar os desafios que a saúde lhes coloca», explica. Aida Cruz Mendes lembra que a evolução que a formação sofreu em mais de uma centena de anos, contribuiu para que hoje a Escola esteja «muito centrada no desenvolvimento do estudante e na construção de um raciocínio de procura da informação. Estamos conscientes que o conhecimento na área da saúde tem uma evolução muitíssimo rápida e por isso é preciso que as pessoas não aprendam para aquilo que existe hoje mas que aprendam no sentido de perceberem como é que se constrói esse conhecimento, como podem aceder à informação ao longo de toda a sua vida e como é que podem ir continuando a estar actualizadas, socorrendo-se de toda a produção científica». Neste propósito, a investigação assume

um papel primordial, com a criação, em 2001, da Unidade de Investigação da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. A primeira submissão a avaliação foi feita em 2004, ficando deste logo acreditada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), obtendo o seu primeiro financiamento. «Foi um incentivo para continuarmos a investir nessa área, e desde essa data até hoje a Unidade de Investigação tem sido regularmente avaliada pela FCT e temos vindo sempre a progredir. Na última avaliação tivemos uma pontuação de 14 em 15. Estamos portanto no bom caminho, no sentido de tornar a nossa investigação cada vez mais relevante para a formação e para a saúde em geral», sublinha. Um número considerável de docentes da ESEnfC são investigadores, e aos alunos de licenciatura é dada a oportunidade de integrar equipas de investigação (não obrigatório ao nível curricular), facto que contribui para o seu enriquecimento curricular. Simultaneamente, investigadores de diferentes pontos do país integram esta Unidade de Investigação, alguns dos quais já constituiram núcleos da nossa Unidade. Assim, neste momento, além do grande grupo que funciona aqui na Escola, temos núcleos de investigação em Viseu, Bragança e Viana do Castelo, por exemplo. «A ideia é que estes investigadores possam, nos sítios onde exercem a sua actividade, congregar massa crítica suficiente para, de uma forma articulada, desenvolverem os seus projectos de investigação». Com base nas avaliações externas que têm sido feitas à Escola Superior de Enfermagem, Aida Cruz Mendes refere que um dos aspectos que distingue o ensino aqui praticado passa pela forma como

Ensino, investigação e extensão são as três áreas de missão fundamentais e que distinguem o ensino que é minis

Escola está hoje «muito centrada no desenvolvimento do estudante e na construção de um raciocínio de procura da informação»

SAÚDE E BEM-ESTAR

se articulam as suas três áreas de missão fundamentais: ensino, investigação e extensão. «Temos procurado que a nossa formação seja baseada na investigação e que ensine os nossos estudantes a adquirirem uma metodologia e um espírito inquieto de procura. Formar profissionais de saúde nos dias de hoje passa também por formá-los no sentido de aprenderem a desenvolver juízo crítico e a utilizar a informação para a transformarem em conhecimento. Isto é um processo de maturação e uma forma inovadora de desenvolvimento dos nossos alunos, licenciados e pós-graduados», garante a


Escola Superior de Enfermagem de Coimbra 27

granjear mais reconhecimento público».

DADE

é ministrado na Escola Superior de Enfermagem

presidente da ESEnfC. Simultaneamente, a Escola tem vindo a desenvolver um projecto de articulação entre ensino e investigação, e a extensão, com uma presença importante na comunidade. «Infelizmente com a pandemia não foi possível desenvolver todos mas em anos “normais” temos em média cerca de 26 projectos de extensão com impacto na comunidade e nos quais os estudantes também participam e percebem como é que o conhecimento pode ser transferido para ganho de saúde na população. Esta é uma distinção da nossa Escola e talvez aquilo que nos tem feito

Formação interprofissional Com uma vasta oferta formativa - licenciaturas, pós-graduação, mestrados e colaboração em programas de doutoramento com a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra - a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra tem também para oferecer formações de pós-graduação, não conferentes de grau. São tipicamente cursos que correspondem mais ou menos a um semestre visando áreas específicas que em determinado momento são identificadas como necessárias para reforçar a formação dos profissionais de saúde e nas quais «temos massa crítica suficiente para fazer uma formação diferente e pô-la em oferta para o “mercado”». No âmbito da formação, e para que as necessidades das populações sejam completamente satisfeitas - como tem mostrado, de resto, a actual situação de pandemia - Aida Mendes defende a necessidade, e a urgência, de transformar em projecto, muito em breve, a ideia da formação interprofissional. Para a presidente da ESEnfC «não chega ser um bom médico, bom enfermeiro, bom psicólogo ou bom técnico de serviço social se cada um trabalhar para seu lado, de costas voltadas. Isso não é produtivo nem suficiente para gerar boa qualidade dos serviços de saúde. É preciso que os profissionais de saúde saibam trabalhar de forma articulada, e para que as pessoas saibam trabalhar em conjunto, têm de ter formação também em conjunto para aprenderem, desde cedo, a fazer esse trabalho colaborativo». Este é, portanto, um desafio que a presidência da Escola pretende alcançar e nesse sentido, o lançamento do livro “Educação e Trabalho Interprofissional em Saúde” no Dia Mundial da Saúde (7 de Abril), pretendeu relançar a discussão sobre um tema que em 2010 já tinha sido abordado por um grupo internacional de investigadores, com a publicação na revista científica

Lancet de um relatório que chamava a atenção para os benefícios para a saúde de uma formação interprofissional. Aida Mendes lembra ainda um outro desafio que Escola já tem vindo a trabalhar, e que tem a ver com a forma como é pensada a educação em enfermagem no sistema de saúde no geral. E explica: «enquanto os médicos têm um estatuto que lhes permite casar muito bem aquilo que é a sua actividade académica com a sua actividade clínica, o mesmo não acontece na enfermagem. Temos boas relações com as entidades parceiras onde fazemos a formação dos nossos estudantes mas uma coisa é ter boas relações e outra é pertencer e fazer parte do mesmo espaço colaborativo». Por isso, a Escola Superior de Enfermagem de Coimbra tem uma reivindicação antiga: não apenas parceira, que é o que é neste momento do Consórcio do Centro Académico Clínico de Coimbra, mas sim parte integrante. «Não chega mudar a designação, há todo um conjunto de tarefas que é preciso fazer, umas são legislativas, como a questão do estatuto dos profissionais de enfermagem e como é que eles se podem relacionar com a actividade clínica, mas há outras que podem passar até pela forma como percebemos a relação que podemos vir a ter na oferta que a Escola pode fazer de serviços de saúde». Nesta vertente, a presidente refere que a ESEnfC tem desenvolvido algumas experiências no serviço que é

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prestado à comunidade, por exemplo, na preparação para o parto ou na adaptação às actividades do quotidiano quando alguém sofre um Acidente Vascular Cerebral. «São coisas pontuais mas achamos que temos conhecimento suficiente para podermos abrir mais espaços deste tipo. Por exemplo, a pós-graduação em feridas em vigor poderia ser muito benéfica não só para a formação dos estudantes mas também para a população em geral se nós conseguíssemos oferecer um serviço de tratamento onde as pessoas se possam dirigir, beneficiando daquilo que é o nosso conhecimento e as nossas áreas de intervenção para benefício directo das populações» e que pode passar pela eventual construção de uma área de prestação de serviços mais formal.

Mensagem final «Gostaria de deixar uma mensagem a todos os nossos concidadãos: a nossa batalha em relação à Covid-19 não está ganha. Neste momento ainda temos um número muito limitado de pessoas vacinadas. Apesar da vacinação, e ao ritmo que tem vindo a ser desenvolvida, todas as pessoas devem manter as mesmas regras que têm vindo a ser anunciadas ao longo de todo o ano: usar a máscara, ter os cuidados de desinfecção das mãos, manter respeito pela distância entre pessoas, principalmente quando estão sem máscara.Não podemos deixar que seja por determinação legal que nos vamos proteger.A protecção individual é o respeito pela saúde pública colectiva e portanto ao longo de um ano todos os agentes de saúde têm vindo a relevar estes importantes aspectos: usar máscara, distância social, higiene das mãos e etiqueta respiratória. Neste momento, isto é mais do que nunca importante se queremos continuar num bom caminho de prevenção da doença», conclui.

Aida Cruz Mendes, presidente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra


28 Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra

INTERNACIONALIZAÇÃO E INVESTIGAÇÃO SÃO AS DUAS GRANDES BANDEIRAS DA ESTESC Crescimento Num ano completamente atípico, devido à pandemia de Covid-19, a Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra congratula-se pelo facto de ter captado um maior número de alunos

A Escola comemora este ano 41 anos d existência

No ano em que comemora 41 anos de existência, a Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra (ESTeSC) do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC) assume-se como uma instituição de ensino que aposta, desde sempre, na diferenciação. Situada em Coimbra, pólo de saúde por excelência, quer do ponto de vista da prestação de cuidados, quer do ponto de vista de formação, «a Escola tem um espaço e um contexto muito próprio de formação de profissões reguladas, neste

momento com oito licenciaturas. Tem acompanhado a evolução do ensino, tanto do ponto de vista tecnológico, como na liderança de alguns momentos, como a implementação do processo de Bolonha. Marcos que diferenciam a escola», começa por afirmar João José Joaquim, presidente da ESTeSC. Com cerca de 1.300 alunos a frequentar o grau de licenciatura, o responsável sublinha o crescimento e a captação de mais alunos num ano completamente

Um dos objectivos da presidência passa por criar um novo edifício, por forma a ser possível dar uma resposta mais eficaz ao ensino e à investigação, acolhendo mais alunos

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atípico. «Não sei se esta pandemia e a atenção mediática centrada na saúde terá despertado nos candidatos ao ensino superior uma apetência maior pelo ensino na área da saúde. Não sei se é essa a explicação mas calculo que a exposição mediática do papel dos profissionais de saúde possa ter influenciado», enfatiza João José Joaquim que considera ser «um crescimento interessante mas neste contexto de restrições torna mais difícil a gestão porque temos mais gente e o espaço é o mesmo». Por isso, um dos objectivos passa por aumentar o espaço disponível para o ensino e reorganização da Escola, com a possível criação de um edifício de raíz, projecto que transitou da anterior presidência liderada por Jorge Conde, actual presidente do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC). Desta forma será possível acolher mais alunos e promover mais formações, garante João José Joaquim. O processo de captação de novos alunos tem um reflexo muito grande na internacionalização, com o processo Erasmus, por um lado, que tem levado alunos, docentes e não docentes para “fora de portas”, captando também interessados em frequentar a ESTeSC. Neste sentido, de referir o trabalho que já vinha sendo feito com grande intensidade, por parte do Politécnico de Coimbra com uma forte aposta no mercado brasileiro onde tem divulgado todas as escolas que integram o IPC. «Temos apresentado as condições de cada uma das nossas unidades orgâ-


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30 Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra

nicas de ensino, e neste caso em concreto da saúde, para tentar captar no mercado brasileiro um público muito específico» refere. A pandemia travou, em certa medida, todo este processo, «mas estávamos em crescimento e a captar cada vez mais alunos internacionais e por isso pretendemos dar continuidade a esse projecto porque nos aproxima a língua e porque o mercado brasileiro ainda olha para Coimbra com bons olhos. Vêem em Coimbra uma marca de qualidade ligada ao ensino de uma forma geral», sublinha. Além da componente da internacionalização, que é uma das suas grandes bandeiras, a investigação assume igualmente um papel de relevo na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra. Nesta vertente, o presidente da Escola explica que estão em desenvolvimento vários projectos, nomeadamente relacionados com a Covid-19, com o fim último de transferir para a sociedade o conhecimento que resulta dessa investigação, bem como para o ensino, capacitando mais e melhor os seus alunos. A investigação feita tem contribuído, de resto, «para desenvolver um conjunto de respostas que têm permitido criar mais-valias para a sociedade». Neste âmbito, é também uma aposta do IPC a criação do Instituto de Investigação Aplicada, responsável por fazer uma gestão mais profissional, agregando e dando uma outra dimensão e uma outra capacidade à vertente da investigação.«Assim, em articulação com o Instituto de Investigação Aplicada do IPC temos construído bases mais sólidas para uma maior capacidade de afirmação da componente da investigação dentro da escola, para consumo interno (conhecimento e aprendizagem) e depois para nos relacionarmos com a comunidade, sociedade e empresas» garante o presidente.

mentos de o reconhecer. Temos hoje muitos ex-alunos nas diferentes áreas naquilo que é a linha-da-frente e portanto a escola tenta sempre posicionar-se olhando para o futuro, percebendo as mudanças que estão a acontecer e de que forma temos de responder. No próprio processo de reorganização dos cursos – com os planos de estudo a serem revistos, em norma, a cada seis anos - a Escola tenta antecipar cenários de futuro, olhando para a evolução da saúde, da tecnologia, do conhecimento, da investigação, posicionando depois nos planos curriculares essa perspectiva que tem da evolução da área da saúde e da forma como ela está em cada momento», refere, acrescentando ainda: «Esta situação em concreto (de pandemia), faz-nos reflectir. Acho que o que fomos fazendo nos preparou minimamente para uma situação destas mas obviamente ninguém estava a contar com uma dimensão tão global de uma pandemia que afectou, sem restrições,o mundo. A forma como a comunidade reagiu fez-nos perceber que as competências estavam cá, para esta capacidade de adaptação dinâmica e de gestão da incerteza». Neste momento, e em termos de oferta formativa, a Escola tem apostado, para além das licenciaturas e mestrados, na formação não graduada e nas pós-gra-

duações, áreas em que cresceu de forma significativa. «De um modo geral, em quase todas as áreas passamos a ter oferta formativa não conferente de grau e as pós-graduações têm estado a correr muito bem. Temos sempre as restrições do contexto do espaço mas hoje, principalmente nas pós-graduações, conseguimos, com o ensino à distância, fazer o que não conseguíamos por falta de espaço. Por isso, uma parte das pósgraduações tem funcionado em regime não presencial mas com alguma componente prática em horários diferentes das licenciaturas» promovendo-se, assim, o uso das instalações em diferentes momentos do dia e da semana. O carácter prático distingue, desta forma, a formação que é ministrada na Escola, com a existência de laboratórios próprios, forte componente prática dos cursos e formação em contexto real de trabalho, junto dos parceiros da ESTeSC. A literacia em saúde é também uma aposta, e por isso em Maio vai ter lugar «um programa de banda larga de formação que traz uma série de competências» numa colaboração com a UNESCO e várias universidades e instituições de ensino da Europa, incluindo igualmente uma série de colaborações dentro do próprio IPC. «Temos a expectativa que este programa possa ir

Oferta diversificada e com forte componente prática «Sentimos um orgulho imenso nos profissionais formados por esta Escola, temos tido oportunidade em vários mo-

João José Joaquim, presidente da ESTeSC

SAÚDE E BEM-ESTAR

avançando para uma pós-graduação ou mestrado e nesse sentido estamos a trabalhar também com vários parceiros nacionais e internacionais», explica João José Joaquim. Em jeito de conclusão, e indo ao encontro do tema desta revista, o presidente da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra reconhece a qualidade da formação que se faz em Coimbra e em Portugal e de uma forma transversal. «Não estou só a olhar para a nossa Escola e para o nosso tipo de ensino mas para aquilo que é a formação de profissionais de saúde em Portugal. Por isso, não tenho dúvida que o sucesso e a resposta qualificada do nosso Serviço Nacional de Saúde e do sector privado resultam da qualidade dos profissionais que tem e estes resultam da qualidade da formação que é feita no nosso país, em todas as profissões que dão hoje uma resposta muito competente na área da saúde», enaltece. Olhando em particular para Coimbra, João José Joaquim reconhece-lhe, por um lado, um posicionamento na prestação de cuidados e no ensino na área da saúde que poucas zonas do país terão, e, por outro, um potencial que não está a ser explorado, nomeadamente na união e colaboração entre as várias entidades ligadas à saúde. Nesta questão,«o Centro Académico Clínico em Coimbra, coordenado por Carlos Santos, presidente do CHUC, e que tem como parceiros a Faculdade de Medicina da UC, a nossa Escola, a Escola de Enfermagem, a Faculdade de Farmácia, o IPO, no fundo todas as estruturas prestadoras de cuidados e formadoras na área da saúde» pode representar «a pedra que falta para que possa ser dada uma dimensão diferente àquilo que já existe mas de forma mais individualizada». João José Joaquim defende, assim, a junção de todos estes actores, «cada um no seu papel: formação, investigação, prestação de cuidados». Desta forma, «Coimbra poderá beneficiar de uma afirmação muito clara na área da saúde, quer do ponto de vista da prestação quer do ponto de vista da formação» conclui.


Faculdade de Farmácia de Coimbra 31

FACULDADE DE FARMÁCIA SITUA-SE NO CAMPUS DE SAÚDE MAIS CONCENTRADO NA EUROPA Rede A FFUC tem vindo a adaptar a sua acção e paradigma de formação em função da evolução dos tempos, numa estratégia centrada na investigação e na inovação tecnológica Reconhecendo a qualidade e dimensão dos recursos disponíveis, designadamente a existência de uma densa rede de instituições de saúde de reconhecida qualidade, com destaque para o papel central e aglutinador do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) como duas das razões, entre tantas outras, que contribuem para a centralidade de Coimbra e para a excelência da região Centro na área da Saúde, a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC) po-

siciona-se, em relação à cidade, em particular, e à região Centro, em geral, «como uma importante parceira na promoção e concretização da estratégia de identificação da imagem da cidade com as Ciências da Saúde e, consequentemente, uma aliada de peso no processo de afirmação e desenvolvimento económico».

SAÚDE E BEM-ESTAR

Francisco Veiga, director da Faculdade de Farmácia

«A FFUC, enquanto Unidade de Ensino e Investigação integrada na Universidade de Coimbra, que assume em relação ao meio em que está inserida uma importante responsabilidade cultural, social e económica, posiciona-se como um importante pólo de transmissão e valorização do conhecimento, contribuindo activamente, ao nível dos seus dois principais pilares de missão – ensino e investigação, para transformar esse conhecimento em valor real e proporcionar à cidade e à região os recursos essenciais – humanos, de investigação, desenvolvimento tecnológico e inovação – que permitam sustentar e reforçar a centralidade e a excelência de Coimbra e da região Centro em termos da qualidade dos cuidados de saúde diferenciados prestados aos utentes e aos doentes», afirma Francisco Veiga, director da Faculdade de Farmácia. Comprometida com a sua missão e as suas responsabilidades institucionais no contexto lato das Ciências da Saúde, a FFUC assume, assim, um papel estruturante. «Sendo uma das principais e mais importantes escolas de ensino superior farmacêutico do país, e a que tem maior visibilidade e impacto na região, o seu contributo é decisivo para a formação de profissionais especializados com competências técnico-científicas diferenciadas e diferenciadoras na área farmacêutica, aptos a integrar o mercado de trabalho e a incorporar a larga rede de profissionais de saúde especializados, quer seja em contexto de farmácia comunitária, farmácia hospitalar, farmácia industrial, ou ainda nas vertentes das análises clínicas,


32 Faculdade de Farmácia de Coimbra

(A3ES), entidade responsável por garantir a qualidade do Ensino Superior a nível nacional».

Competência e conhecimento ao serviço da comunidade

FFUC tem vindo a adaptar a sua acção e paradigma de formação em função da evolução dos tempos, centrada na investigação e inovação

análises toxicológicas e análises alimentares, a biotecnologia, ou os assuntos regulamentares», explica. Criada em 1921, e tendo celebrado recentemente, a 18 de Janeiro deste ano, o seu primeiro centenário, a FFUC tem vindo a adaptar a sua acção e paradigma de formação em função da evolução dos tempos, numa estratégia concertada e centrada na investigação e na inovação tecnológica, estando os seus currículos de acordo com o modelo europeu de reforma do ensino superior implementado na sequência da Declaração de Bolonha e alinhados com as mais recentes directrizes e desafios da sociedade do Horizonte 2020 e do Horizonte Europa. «Temos, naturalmente, muito trabalho por fazer e ainda muito caminho a percorrer, mas a FFUC evoluiu muito nos últimos anos, o que aliás é visível num conjunto de indicadores, como a elevada procura pelos nossos cursos, os resultados da aprendizagem, o sucesso escolar, o nível de satisfação dos estudantes e os índices de produção científica» garante o director. Actualmente frequentam a FFUC mais de 1.500 estudantes, distribuídos pelos diferentes ciclos de estudos, que vão desde as licenciaturas, passando pelo Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, pelos cursos de mestrado de 2.º Ciclo, Doutoramento em Ciências Farmacêuticas e pelos cursos de pós-graduação e especialização em áreas específicas, não conferentes de grau. A Faculdade de Farmácia acolhe também estudantes internacionais provenientes de vários pontos do mundo, que optam por realizar ou complementar a

sua formação na FFUC, «reconhecendo-a e elegendo-a como uma escola de referência em termos do ensino farmacêutico e da investigação. Uma escola que alia tradição e modernidade» e no âmbito das políticas de intercâmbio com universidades estrangeiras, recebe igualmente alunos provenientes de diferentes países da Europa, ao abrigo de Programas de Mobilidade, entre os quais se destaca o Programa Erasmus. Esta Faculdade, mais do que estar localizada numa cidade e numa região em que a saúde assume um papel primordial, «está, desde logo, localizada no Campus de Saúde mais concentrado na Europa. De facto, se traçarmos uma circunferência com 500 metros de raio, cujo centro seja o edifício da FFUC, encontramos Escolas de Saúde (FFUC, FMUC, ESENFC), Hospitais (HUC, HP, IPO, CUF) e Centros de Investigação (CNC, IBILI, ICNAS...) que, no seu conjunto, não fora a situação de pandemia em que vivemos, movimenta diariamente mais de quinze mil pessoas só entre profissionais de saúde, estudantes e investigadores», afirma o responsável, assumindo que «facilmente se compreende que um estudante, assim que entra nesta “pequena cidade”, comece “ab initio” a sua formação em contexto real de trabalho, iniciando, desde logo, a preparação quer para a vida profissional futura, quer para o necessário desenvolvimento e inovação da área da saúde, quer, também, para entender que só o trabalho em equipa com a conjugação das diferentes competências existentes permite alcançar os melhores resultados».

O experiente corpo docente da Faculdade de Farmácia, com currículos e carreiras profissionais que se destacam pela sua qualidade técnico-científica, «e acima de tudo intimamente comprometido com a sua missão de elevar o ensino e investigação farmacêuticos a patamares de excelência que correspondam às expectativas e anseios profissionais dos estudantes e que lhes proporcionem os conhecimentos e as ferramentas indispensáveis para se tornarem profissionais competentes e de sucesso, aptos a integrarem o mercado de trabalho nacional e internacional e a serem reconhecidos pela sua formação de excelência, competência e capacidade de trabalho» é uma mais-valia da Faculdade, contribuindo para o seu reconhecimento local, nacional e internacional. «O corpo docente que integra o staff permanente da FFUC, composto por 100% de doutorados, é, sem dúvida, um dos factores chave do sucesso educativo» sublinha o responsável. Quanto à oferta formativa, a FFUC tem à disposição dos seus estudantes «uma oferta ampla e diversificada, certificada e acreditada pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior

FFUC mantém com as entidades de saúde locais e regionais, mas também nacionais e internacionais, uma relação de diálogo e cooperação permanentes

SAÚDE E BEM-ESTAR

Sem prejuízo do valor e da afirmação do seu corpo académico noutros pilares da missão universitária, Francisco Veiga refere ainda o facto da FFUC «integrar investigadores competitivos, reconhecidos além-fronteiras, líderes de equipas e mentores de projectos em diversos domínios de investigação fundamental e aplicada ao desenvolvimento do medicamento, à preservação da saúde e aos pressupostos para a promoção de uma vida saudável». Correspondendo à organização do Sistema Científico e Tecnológico Nacional, os investigadores estão integrados em «prestigiados centros de investigação», entre os quais o Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC.BC); o Centro de Investigação em Engenharia dos Processos Químicos e dos Produtos da Floresta (CIEPQPF); a Associação para Investigação Biomédica em Luz e Imagem (AIBILI); o Centro de Química de Coimbra (CQC); o Coimbra Institute for Biomedical Imaging and Translational Research (CIBIT); o Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20); a Rede de Química e Tecnologia (REQUIMTE), entre outros. O director da Faculdade revela que «os indicadores de produtividade científica, que a cada ano vêm sendo superados, testemunham o impacto da investigação produzida da FFUC, bem como a sua posição de destaque no ranking das instituições congéneres». Naturalmente, continua, «os conhecimentos e as competências dos investigadores da FFUC estão, também, ao serviço da sociedade através das inúmeras participações em comissões técnicas de entidades públicas de referência, nacionais e internacionais como a Agência Europeia do Medicamento (EMA) e Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), centros colaborativos, centros de inovação e de transferência de conhecimento, e centros de competências de diversas fileiras económicas, entre tantos outros. De referir ainda que a FFUC mantém com as entidades de saúde locais e regionais, mas também nacionais e internacionais, uma relação de diálogo e cooperação permanentes, «baseada no entendimento alargado de que é pela união e concertação de esforços entre todos os agentes envolvidos, e só por essa via, se poderão alcançar, no futuro, os melhores resultados em termos da qualidade da saúde e bem-estar da população», garante o director da Faculdade.


Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação de Coimbra 33

SAÚDE MENTAL ESTÁ BEM PRESENTE NA FPCEUC

Notoriedade A Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra vive da importante relação entre investigação e ensino A Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), que assinala este ano os 40 anos de existência, tem granjeado uma grande notoriedade nacional e até mesmo internacional, com base em três factores fundamentais, como salienta o seu director. «A qualidade dos docentes e dos investigadores é o mais relevante numa estrutura universitária» somando-se «a qualidade dos estudantes e do grupo técnico» que a constitui, para ser capaz de responder às expectativas dos estudantes e da comunidade porque, garante António Gomes Ferreira, «a Faculdade é mais do que ensino e investigação, é também prestação de serviços à comunidade», aspecto «muito relevante da sua dinâmica». É precisamente através do Centro de Prestação de Serviços à Comunidade (CPSC), instalado no edifício 1 da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, que a aproximação entre a comunidade aca-

Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação completa em 2021 40 anos de existência

SAÚDE E BEM-ESTAR


34 Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação de Coimbra

démica e a sociedade civil é mais vincada, com a disponibilização de uma vasta oferta de consultas. «Por esta via temos conseguido estabelecer uma relação de muita confiança e reconhecimento o que faz com que às vezes não consigamos dar resposta a todas as solicitações que nos chegam», explica. Avaliação neuropsicológica; avaliação psicológica, aconselhamento e reabilitação; terapia de casal e familiar; psicoterapia individual, gerontopsicologia, orientação e aconselhamento de carreira, resolução de problemas e aprendizagens escolares; diversidade sexual e identidade de género; consulta universitária crianças a adolescentes e consulta “anos incríveis” são algumas das consultas que a população em geral pode usufruir através deste Centro que, mesmo em tempo de pandemia e face a todas as restrições impostas, quer à comunidade académica quer à comunidade civil, deu continuidade ao serviço prestado, readaptando-se e acentuando a promoção da saúde mental. Nesta fase, explica António Gomes Ferreira, «as consultas de psicologia, asseguradas por docentes e profissionais de reconhecido mérito, em diversas áreas de intervenção, continuaram a realizar-se, umas vezes presencialmente e outras vezes online», com prioridade aos acompanhamentos já iniciados com crianças, adultos e famílias. No entanto, sublinha o Director da Faculdade, nos últimos meses, e fruto da pandemia, o CPSC registou um maior número de pedidos de intervenção por parte de famílias fragilizadas que, de um momento para o outro, se viram confrontadas com uma nova realidade. As consequências do isolamento social nos idosos, crianças e jovens, o desafio de conjugar teletrabalho, ensino à distância, apoio aos mais novos e rotinas domésticas ou ainda a alteração da situação profissional (lay-off, não renovação de contratos e desemprego) foram os principais motivos que levaram a um acréscimo dos pedidos de ajuda ao CPSC da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação. De salientar ainda que o Centro de Prestação de Serviços à Comunidade deu igualmente resposta a empresas privadas que procuraram assegurar a qualidade da saúde mental do seus colaboradores. Desta forma, a FPCE assume um papel bastante relevante para a comunidade, sobretudo local e regional, mas alguns pedidos de consultas estendem-se a outras zonas do país. Este facto deve-se, em grande medida, «ao prestígio dos nossos docentes e investigadores, procurados para uma opinião e posição mais fundada na qualidade da investigação

António Gomes Ferreira, director da FPCEUC, sublinha a qualidade do ensino e da investigação, com o conhecimento e serviços colocados à disposição dos cidadãos

aqui produzida. Temos colegas que são especialmente bem vistos no espaço nacional» explica António Gomes Ferreira. Ao prestígio alcançado através do CPSC, soma-se a qualidade do ensino que pratica, com os rankings a revelarem, «claramente» que esta Faculdade tem «a melhor área de psicologia do país». Esta distinção «deixa-nos bastante orgulhosos mas também coloca muita responsabilidade diante desse reconhecimento. Isso revela a qualidade dos docentes e investigadores fundamentalmente. A qualidade dos nossos estudantes, em geral, também está por norma acima da média, havendo aqui uma combinação virtuosa» garante o director da FPCE da Universidade de Coimbra. A investigação é, seguramente, um dos seus pilares fundamentais desta Faculdade. «Hoje na Universidade valorizamos especialmente a investigação porque consideramos que é com base na ciência e em evidências científicas que podemos actuar de forma diferenciada e rigorosa. Nesse aspecto, a Faculdade está muito bem. Temos vindo a crescer do ponto de vista quantitativo e qualitativo e somos, cada vez mais, e de acordo com os rankings, uma referência nacional. Para esta distinção, muito tem contribuído a acção desenvolvida pelo CINEICC - Centro de Pesquisa em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental». Este Centro, continua António Gomes Ferreira, «está muito bem posicionado a nível nacional e internacional, com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia a avaliá-lo como “Excelente”». O CINEICC

assume-se, assim, como o melhor Centro de investigação na área da psicologia a nível nacional e «isso satisfaz-nos mas coloca também uma grande pressão sobre aquilo que fazemos porque é preciso desenvolver e dar continuidade a este processo». Neste sentido, a investigação tem permitido à Faculdade candidatar-se a projectos e obter financiamento externo que de certa forma suportam e consolidam essa investigação de qualidade, podendo, inclusivamente, contratar investigadores «que de algum modo rejuvenescem e dão sentido de futuro à investigação que estamos a fazer». Por tudo isto, «são boas as perspectivas de consolidação desse desenvolvimento na área da investigação», garante António Gomes Ferreira (ler na página 42 mais informações sobre o CINEICC). Segundo o director, a «Faculdade vive exactamente dessa importante relação entre investigação e ensino» e por isso é fundamental que o «Centro esteja inserido dentro de uma estratégia de desenvolvimento mais ampla e que nos dê a capacidade de fazermos melhor formação». Nesse aspecto, a interacção entre o Centro e a Faculdade é fulcral, devendo os investigadores do CINEICC ser, simultaneamente, docentes da Faculdade. Nesta triangulação, o CPSC assume, igualmente, um papel importante «porque permite uma relação com a prática e com a actividade que os futuros profissionais irão desenvolver » assevera. O director da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação afirma ser fundamental manter esta dinâmica que vinha a ser desenvolvida «em velocidade cru-

SAÚDE E BEM-ESTAR

zeiro», quer no âmbito do ensino quer no âmbito da investigação e do CPSC, e que a pandemia acabou por prejudicar de alguma forma. Para possibilitar o crescimento sustentado na investigação, e para que o ensino continue a ser de qualidade, atraindo os melhores alunos, é essencial, nas palavras de António Gomes Ferreira, que se dê início às obras previstas para o edifício 2 da Faculdade. «Precisamos de ter instalações mais qualificadas para, por um lado, respondermos de forma mais personalizada ao ensino-aprendizagem mas também para proporcionar melhores condições de investigação, atraindo também os melhores investigadores nacionais e internacionais». Por várias razões, e também “por culpa” da pandemia, diz o director da FPCEUC, «tudo está demasiado atrasado e temo que não tenhamos no espaço de um ano o início das obras, quando já deveriam estar terminadas. Este é um dos problemas que pode afectar a nossa sustentabilidade de desenvolvimento no âmbito da investigação e do ensino e na atractividade dos melhores estudantes», lamenta o responsável.

Consultas do Centro de Prestação de Serviços à Comunidade promovem uma maior proximidade entre a comunidade académica e a sociedade civil


ICNAS - Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde 35

DO DIAGNÓSTICO ÀS TERAPÊUTICAS INOVADORAS NA ÁREA DO CANCRO ICNAS Criar em Coimbra o primeiro pólo de uma rede nacional de terapia oncológica avançada, baseada em tecnologias emergentes, é um dos próximos desafios O Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) da Universidade de Coimbra é um centro de excelência na área da imagem médica avançada e da investigação translacional. Converteuse nos últimos anos numa das referências globais na produção de radioisótopos e radiofármacos – com utilização no diagnóstico e terapêutica de um vasto leque de doenças -, realizando também exames inovadores e pioneiros ao nível da PET (tomografia por emissão de positrões) e ressonância magnética, nomeadamente nas áreas da Oncologia, Cardiologia e das Neurociências. Localizado no pólo das Ciências da Saúde, em Coimbra, o ICNAS

Antero Abrunhosa, director do Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde

não tem parado de evoluir na última década, colocando-se ao lado dos melhores centros europeus. Uma das suas próximas ambições é criar em Coimbra o primeiro pólo de uma rede nacional de terapia oncológica avançada baseada em tecnologias emergentes. Antero Abrunhosa, director desde 2017, recorda que a ideia de criar um centro de investigação avançada na área das ciências nucleares aplicadas à saúde remonta a meados dos anos 90 do século passado e teve como mentor João José Pedroso de Lima, professor universitário e então director do Serviço de Biofísica da UC. «Na altura, o objectivo era trazer para Portugal a PET, uma técnica de imagem médica com importantes aplicações clínicas e de investigação em Oncologia, Cardiologia e Neurociências. A primeira preocupação deste saudoso professor, que era simultaneamente físico de formação e catedrático da Faculdade de Medicina, foi

SAÚDE E BEM-ESTAR

preparar uma equipa que garantisse o sucesso do projecto, tendo enviado três dos seus alunos/colaboradores para programas de doutoramento em grandes centros europeus de referência na altura». Assim, Antero Abrunhosa esteve em Londres, Francisco Alves em Copenhaga e Nuno Ferreira em Orsay, perto de Paris. Com o regresso destes investigadores, por volta do ano 2000, tem início o trabalho de planeamento e construção do que viria a ser o ICNAS, formalmente inaugurado em 2009 como Unidade Orgânica de Investigação da Universidade de Coimbra. O instituto integrou então outras duas estruturas: o Laboratório de Radioisótopos da Faculdade de Medicina, liderado por Adriano Rodrigues - que veio a ser o primeiro director do ICNAS e a Rede de Imagiologia Cerebral Funcional (BIN), coordenada por Miguel Castelo Branco, com um equipamento de


36 ICNAS - Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde

Ressonância Magnética (IRM) de 3 Tesla também pioneiro no país. Segundo Antero Abrunhosa, com a nomeação de Miguel Castelo Branco como director do ICNAS, em 2011, «há uma progressiva integração das diversas estruturas promovendo a criação de um verdadeiro centro de investigação translacional “da molécula ao homem”, integrando as valências da IRM com a PET, bem como as diversas componentes de investigação clínica e fundamental». Transformar a investigação do ICNAS em produtos e serviços que possam ser comercializados no mercado nacional e internacional e assim contribuir para a sustentabilidade financeira do projecto é o objectivo da entretanto criada sociedade ICNAS-Produção, uma entidade pública empresarial totalmente detida pela Universidade. E o seu primeiro sucesso acontece logo em 2012 com o lançamento da Fluorodesoxiglucose [18F] UC. «Foi o primeiro medicamento lançado por uma universidade portuguesa e tem um impacto significativo no país já que, até essa altura, Portugal importava cerca de cinco milhões de euros por ano deste biomarcador de imagem PET a partir de Espanha», explica Antero Abrunhosa. A ICNAS-P lançou entretanto mais cinco produtos no mercado nacional e um em Espanha, cimentando um papel de liderança a nível nacional e tornando-se hoje num dos maiores produtores ibéricos de radiofármacos para a PET, acrescenta.

Investigação ao serviço da saúde O ICNAS inovou igualmente na prestação de serviços, oferecendo actualmente mais de 20 tipos diferentes de exames PET, muitos deles na vanguarda a nível europeu e únicos na Península Ibérica, bem como alguns dos mais avançados exames de imagiologia por ressonância magnética, nomeadamente RM funcional e espectroscópica. «Estes serviços são disponibilizados ao sistema nacional de saúde e se, por um lado,

ProtoTera prevê investimento de 100 milhões

O ICNAS lançou em 2012 a Fluorodesoxiglucose UC, o primeiro medicamento criado por uma universidade portuguesa, um biomarcador de imagem PET que o país era, até aí, obrigado a importar

ajudam a aumentar a acessibilidade dos utentes aos hospitais portugueses, também contribuem para a sustentabilidade financeira do projecto do ICNAS e são

basilares numa infraestrutura que emprega dezenas de profissionais altamente qualificados», sublinha Antero Abrunhosa.

A “união faz a força” em investigação translacional Em 2019, o ICNAS criou a sua própria unidade de investigação acreditada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o CIBIT - Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional, liderado pelo investigador e professor universitário Miguel Castelo Branco, e que logo na sua primeira avaliação, efectuada por um painel de peritos internacionais, teve a classificação máxima de Excelente (ver texto na página 41). Em conjunto, o ICNAS, o CIBIT e a ICNAS-P formam um cluster avançado que alavanca projectos de investigação, desenvolvimento e Inovação (I&D&I) na área da imagem médica

aplicada às Neurociências, Cardiologia e Oncologia em colaboração com alguns dos mais importantes grupos de investigação da Universidade de Coimbra nas áreas da Física, da Química, da Engenharia, da Farmácia e da Medicina. Antero Abrunhosa, director do ICNAS, salienta «as fortes colaborações com o Laboratório de Instrumentação e Partículas (LIP), o Centro de Neurociências (CNC), as faculdades de Ciências e Tecnologia, Farmácia e de Medicina e o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), sempre numa perspectiva integradora e translacional».

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No ano passado, como reconhecimento pelo trabalho desenvolvido, o ICNAS foi nomeado Centro Colaborador da Agência Internacional de Energia Atómica, o organismo das Nações Unidas que se dedica ao uso pacífico da radiação. Trata-se de uma distinção rara na área da produção de radioisótopos e tecnologia da radiação, apenas ostentada por outros cinco centros no mundo. Segundo o seu director, «permite colocar o ICNAS como participante de projectos de desenvolvimento do conhecimento e interveniente nos principais fóruns de discussão internacionais da área, levando-o a uma escala verdadeiramente global». «Mas a ambição não acaba aqui». Em parceria com o LIP, o Instituto Superior Técnico e o Instituto Português de Oncologia, o ICNAS criou recentemente a associação ProtoTera, que tem como objectivo vir a criar em Portugal uma rede nacional de terapia oncológica avançada baseada em tecnologias emergentes. Com um investimento estimado de 100 milhões de euros, o projecto deverá ter o seu primeiro pólo em Coimbra, aproveitando o projecto já aprovado para a Subunidade 2-4 da Faculdade de Medicina. «A unidade, a construir ao lado do actual edifício do ICNAS incluirá, nos seus pisos inferiores, um terceiro ciclotrão, de tecnologia inovadora, dedicado à produção de isótopos e terapêutica oncológica, num projeto que junta o diagnóstico pela imagem à terapêutica. Um conceito muito actual que dá pelo nome de “teranóstica” e que permitirá alavancar o ICNAS como um dos principais centros inovadores desta área em toda a Europa», explica Antero Abrunhosa. Será «um marco histórico», como assumiu no ano passado o próprio reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, que prevê iniciar a construção ainda neste mandato. Com pouco mais de uma década de actividade, o ICNAS não só se afirma como unidade científica como também como unidade fundamental na terapêutica do cancro.


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38 MIA Portugal - Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento

COIMBRA ACOLHE PROJECTO PIONEIRO NA ÁREA DA INVESTIGAÇÃO DO ENVELHECIMENTO Investimento O MIA Portugal - Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento será o primeiro centro de referência focado no estudo dos processos biológicos do envelhecimento no Sul da Europa Lançado pelaUniversidade de Coimbra (UC) em colaboração com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) e o Instituto Pedro Nunes, o MIA Portugal - Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento apresenta-se como um projecto pioneiro a nível nacional na área da investigação do envelhecimento. Com o apoio do Programa para Investigação e Inovação Horizonte 2020, «o projecto Europeu que tivemos a felicidade de ganhar foi criado formalmente no início do ano passado», começa por explicar Rodrigo Cunha, coordenador da formação e instalação do MIA Portugal nesta fase inicial. A convite da então presidente da CCDRC e actual ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, Rodrigo Cunha “tomou” conta do processo depois de ter sido recusada a primeira proposta do projecto. Foi necessário reestruturá-lo e nessa sequência surgiu a aprovação do Centro que está hoje em instalação. Ana Abrunhosa, a par do antigo reitor, João Gabriel Silva, foram os grandes artífices para que o projecto voltasse a ganhar forma. «As intervenções notáveis de Ana Abrunhosa em Bruxelas foram a mais-valia que permitiu depois a aprovação» sublinha o coordenador, a tempo parcial, do MIA Portugal. Já a nova direcção da CCDRC, acrescenta, «tem-se mostrado muito empenhada para termos um projecto de referência na região Centro». Pôr em andamento um Centro numa altura de fortes restrições em termos de contactos pessoais é uma tarefa complicada mas «já conseguimos contratar os dois primeiros investigadores, dois jovens que classifico como fora de série, em termos do seu potencial, e no próximo ano continuaremos este processo de contratação. Ao todo serão sete grupos de investigação num universo de cerca de 60 a 80 pessoas que formarão o corpo de funcionamento, e espero nessa altura já termos duas condições cumpridas: por um lado, a contratação de um director científico a tempo inteiro, e por outro instalações para os grupos de investigação do MIA Portugal».

Rodrigo Cunha, coordenador do MIA Portugal

O BioMed, edifício projectado pela reitoria da UC para a biomedicina,e que se irá nascer no Pólo III, junto à Faculdade de Farmácia e do ICNAS, irá acolher, entre outros grupos, o Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento. «O projecto já foi aprovado a nível governamental, bem como as autorizações para o lançamento de obra, e por isso esperamos que no prazo de 3 a 4 anos seja possível ter o edifício pronto a albergar não só este novo Instituto como também os vários grupos de suporte da Universidade de Coimbra que trabalham em tópicos afins e que formarão um corpo de sustentação para estes grupos de excelência», explica Rodrigo Cunha. «Quando concebemos este projecto nunca quisemos que fosse uma ilha, pretendemos que este Centro seja construído dentro da UC, que se torne excelente e que eleve à sua volta a qualidade de toda a intervenção que é feita nos grupos da Universidade. Houve uma série de colegas que redirec-

cionaram parte dos seus interesses científicos no sentido de se começarem a aproximar destes tópicos. Não foi um esforço muito grande na medida em que, por exemplo, o Centro de Neurociências e Biologia Celular já tinha vários grupos focados em doenças neurodegenerativas. Aqui passa por compreender quais as modificações introduzidas pela idade e que são de longe o maior factor de risco para as doenças crónicas, em geral, e degenerativas, em particular», acrescenta, realçando alguns grupos que têm dado um grande contributo para esta questão do envelhecimento: Grupo de investigação de Lino Ferreira dedicado às células estaminais e que está a trabalhar no UCBiotech; Cláudia Cavadas, vice-reitora, tem um grupo interessado em compreender os mecanismos que estão por detrás do controlo que a ingestão de diferentes quantidades de comida tem no processo de envelhecimento; da Faculdade de Medicina, Teresa Gonçalves tem dado

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um importante contributo com um tema muito actual por força da pandemia: compreender como é que os seniores reagem aos desafios que são impostos por microrganismos; Carlos Palmeira, da Faculdade de Ciências, tem trabalhado em processos de degeneração hepática. Já o grupo do coordenador do MIA Portugal tem olhado com particular atenção, nos últimos anos, para os efeitos da cafeína, com a observação muito promissora de que quem bebe de modo regular, doses moderadas de café, tem uma melhor qualidade de vida com o envelhecimento. «Portanto, há muita actividade que já vem sendo feita neste tópico, por grupos que eventualmente virão a ser de suporte do MIA Portugal, de acordo com as decisões do futuro director científico», diz. Para o docente e investigador, Coimbra já tem um reconhecimento europeu da qualidade da investigação nesta área do envelhecimento e o projecto deste Instituto surge, precisamente, na sequência


MIA Portugal - Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento 39

daquilo que é a actividade já reconhecida como excelente na área da biomédica, sobretudo na área das doenças neurodegenerativas e processo de neurobiologia, que tem «como pais Arsélio Pato de Carvalho, uma grande referência nas áreas das biologias celulares e neurociências, e Catarina Resende de Oliveira, que deu continuidade ao seu trabalho», explica. «O reconhecimento deste potencial foi, de certa maneira, um cartão de visita para o projecto ser olhado com alguma seriedade. Para além disso, o facto de termos o maior e provavelmente o melhor hospital do país, contribuiu para uma certa convergência entre os aspectos de natureza clínica e investigação biomédica», recorda. Finalmente, o terceiro factor que favoreceu, e muito, segundo Rodrigo Cunha, a aprovação deste projecto prende-se com o facto de Coimbra ser uma das regiões de referência no estudo do envelhecimento. Neste sentido, o MIA Portugal apresenta-se mais revolucionário e pretende «não só ajudar paliativamente indivíduos que atingiram uma idade mais avançada mas acima de tudo conhecer os mecanismos que estão por detrás das modificações que muitas vezes resultam em doenças no indivíduo idoso e tentar en-

contrar alvos que possam ser manipulados por forma a atenuar aquilo que é a deterioração gradual e que muitas vezes se torna abrupta e dá origem à doença», esclarece. Este é o grande objectivo deste novo centro de investigação e que tem um valor sócio-económico que é reconhecido a nível europeu. «Estamos muito alerta para o custo que tem o problema da doença no idoso: 5% do número de idosos consome cerca de 40% dos recursos do Sistema Nacional de Saúde pelas necessidades assistências que necessitam. Este é um volume gigantesco e se nós conseguirmos que estes 5% se reduzam a 1% há um duplo benefício: não só poupamos muito em termos de assistência como reintegramos à sociedade indivíduos que estavam incapacitados e passam a estar capazes de dar o seu contributo à sociedade», garante Rodrigo Cunha. Olhando para a realidade portuguesa, o investigador reconhece duas facetas no processo de envelhecimento. Por um lado o «envelhecimento 1.0» com Portugal a apresentar-se como um dos países mais velhos da Europa e do mundo. «Em termos percentuais somos a quarta população com maior número de indivíduos idosos e do ponto de vista do 1.0 somos

Os grupos de investigação irão desenvolver a sua actividade em colaboração directa com dois parceiros internacionais Ao todo serão sete grupos de investigação num universo de cerca de 60 a 80 pessoas que formarão o corpo de funcionamento do MIA Portugal

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um exemplo com condições para que as pessoas vivam mais tempo mas não sabemos o porquê. Este é o bom. Depois temos o mau: e é o que este Instituto quer tentar limitar, e de uma maneira mais ambiciosa, reverter: temos uma população mais idosa, que vive mais tempo mas como menos saúde e temos que compreender se são factores intrínsecos ou um conjunto de factores intrínsecos e extrínsecos que fazem com que tenhamos condições que permitam ao indivíduo viver mais tempo mas que, por outro lado, os condicione mais do que eventualmente outras populações», afirma Rodrigo Cunha. Os grupos de investigação do MIA Portugal irão desenvolver a sua actividade científica de investigação clínica em colaboração directa com dois parceiros internacionais: a University of Newcastle Upon Tyne, «primeiro centro de investigação na área da biologia do desenvolvimento do mundo e que tem experiência acumulada de dezenas de anos» e a University Medical Center Groningen «dinâmica e criada numa zona pobre do Norte da Holanda» que tem como objectivo principal a identificação dos mecanismos biológicos responsáveis pelo processo de envelhecimento.


40 iCBR - Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra

doença de Alzheimer: a retina como um espelho do início e progressão da doença?”, coordenado por Francisco Ambrósio, é disso exemplo. «Fizemos o estudo em modelos animais e em pessoas com diagnóstico de Alzheimer em estadio não muito avançado, concluindo que existem alterações na retina e que estas podem ser úteis no diagnóstico mais precoce da doença», lembra.

Do sumo de mirtilo à análise de lágrimas

Francisco Ambrósio, director do iCBR, Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra

À DESCOBERTA DOS MECANISMOS DE DOENÇA Investigação iCBR estuda biomarcadores de doenças e novas estratégias terapêuticas, ferramentas e abordagens que ajudem no diagnóstico e no tratamento de doenças Sabia que é possível usar a retina como “espelho ou janela para o cérebro” e, através de testes não invasivos, contribuir para o diagnóstico precoce e a monitorização da terapêutica da doença de Alzheimer? Isso mesmo mostrou a equipa coordenada por Francisco Ambrósio com um estudo longitudinal sem precedentes, divulgado no início do ano passado. Com conclusões que podem ser promissoras para a prática clínica e abrir mais “janelas” na investigação de outras patologias – doença de Parkinson, esclerose múltipla, esclerose lateral amiotrófica, etc. -, este é apenas um dos muitos projectos de investigação do iCBR – Coimbra Institute for Clinical and Biomedical Research (antigo IBILI). Um centro multidisciplinar onde os cientistas trabalham para descobrir os mecanismos das doenças. Centro de investigação multidisciplinar da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), avaliado como Excelente pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e reconhecido como unidade de referência na investigação a nível internacional, o iCBR investiga os mecanismos celulares e moleculares sub-

jacentes a diversas doenças, com o objectivo de identificar novos biomarcadores de doença, estratégias terapêuticas inovadoras e novas abordagens para promover a saúde e a qualidade de vida. Instituto de Investigação Clínica e Biomédica de Coimbra (na tradução para português), o iCBR tem na sua génese o IBILI (Instituto Biomédico de Investigação da Luz e Imagem), criado em 1994 sob a liderança do oftalmologista e professor universitário José Cunha Vaz. A instituição granjeou enorme prestígio nacional e internacional, sobretudo na investigação relacionada com a oftalmologia e a imagem. A mudança de nome para iCBR, há cerca de quatro anos, prendeu-se com o facto de ter sido criado o Coimbra Institute for Biomedical Imaging and Translational Research (CIBIT), agora sediado no Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS) e dedicado à investigação relacionada com a imagem biomédica. Francisco Ambrósio lidera desde 2002 um grupo de investigação na área das ciências da visão e é o actual director do iCBR. A reestruturação interna levada a cabo já sob a sua liderança quis dar maior

ênfase à investigação clínica, tornando a FMUC mais competitiva e reconhecida nacional e internacionalmente. Ciências Cardiovasculares e Metabólicas, Neurofarmacologia e Neuropsiquiatria, Doenças da Visão, Meio Ambiente, Genética e Oncobiologia (área que trouxe para a estrutura do iCBR os investigadores do CIMAGO) e, por fim, Vida Saudável e Envelhecimento Activo foram definidas como áreas estratégicas de investigação. O iCBR conta actualmente com mais de 200 investigadores, sendo mais de 100 doutorados. «Atingir patamares de excelência mais elevados e um maior reconhecimento internacional são os grandes objectivos e o trabalho deve passar, cada vez mais, pelo estabelecimento de pontes entre a parte clínica e a parte fundamental da investigação, e sempre que possível pela investigação translacional», diz Francisco Ambrósio. Cada linha de investigação é coordenada por um investigador clínico e por um investigador das áreas mais básicas (bioquímico, farmacêutico, biólogo, etc.) e isso tem resultado no sucesso dos projectos. O trabalho “Alterações cerebrais na

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São muitos os projectos de investigação em curso no iCBR que visam aumentar o conhecimento sobre os mecanismos das doenças. Na área cardiovascular e do metabolismo, por exemplo, está a ser analisado o sumo de mirtilo numa estratégia de prevenção da diabetes ou o potencial terapêutico das folhas da sua planta na esclerose múltipla. No cancro, há uma equipa de cientistas a desenvolver uma ferramenta inovadora de teranóstica – técnica que reúne diagnóstico e terapêutica – dirigida às metástases pulmonares. De volta à visão, há um projecto que parte da análise de lágrimas para identificar biomarcadores da retinopatia diabética, permitindo uma forma não invasiva de diagnóstico precoce e avaliação da resposta à terapêutica. Num tempo dominado pela pandemia de Covid-19, há ainda no iCBR quem investigue o impacto de infecções sistémicas no desenvolvimento de formas precoces ou potencialmente mais graves de retinopatia diabética, glaucoma ou degenerescência macular relacionada com a idade. Partindo da mesma máxima de que a retina é “uma janela ou espelho do cérebro”, existe um projecto de investigação em curso para perceber se existem alterações da retina em crianças com perturbação de hiperactividade e défice de atenção e se estas podem ajudar a perceber a evolução da doença e os efeitos do tratamento com metilfenidato. Francisco Ambrósio sublinha que é «muito gratificante ter boas ideias e desenvolver projectos que ajudam a avançar com o conhecimento em determinadas áreas, a identificar novos biomarcadores de doença ou novos tratamentos». No entanto, «a investigação tem custos muitíssimo elevados, exige uma estrutura base e capacidade para obter financiamento». «O trabalho do cientista é muito competitivo, exige muitas horas de trabalho, paciência e resistência à frustração», refere. «Há artigos escritos e reescritos até serem aceites para publicação, projectos que são submetidos e não são aprovados para financiamento, já para não falar da precariedade que afecta os investigadores».


CIBIT - Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional 41

O QUE NOS DIZEM AS IMAGENS DO CÉREBRO? CIBIT As neurociências são uma área forte deste centro de excelência e líder da Rede Nacional de Imagiologia Cerebral Funcional

de Boas Práticas de Envelhecimento Activo e Saudável na Região Centro, na área do Conhecimento». Estas valências «permitiram a participação internacional em consórcios na área das doenças neurodegenerativas e do neurodesenvolvimento, com publicações de relevo» e tudo isto tem permitido à unidade receber vários prémios nacionais e internacionais.

Projectos nacionais e em redes europeias

Miguel Castelo Branco coordena o Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional, instalado no ICNAS

O CIBIT (Centro de Imagem Biomédica e Investigação Translacional) é um centro de investigação translacional da Universidade de Coimbra (UC) que desenvolve estudos no âmbito das neurociências humanas e áreas da biomedicina que envolvem desenvolvimento e validação de biomarcadores. O estudo do funcionamento do cérebro, no seu desenvolvimento saudável e na patologia, integrando tecnologia de ponta da imagem biomédica, é um dos principais focos da unidade que é líder da Rede Nacional de Imagiologia Cerebral Funcional e tem contribuído para o desenvolvimento e reconhecimento científico nacional nesta área. O CIBIT surgiu da necessidade de definir uma estratégia de longo prazo para manter e assegurar a liderança de Coimbra numa área de investigação interdisciplinar préclínica e clínica centrada na Imagem Biomédica, em que há contributos de investigadores das áreas mais diversas, da Química, Física, Matemática, à Engenharia Biomédica, Biologia, Farmácia, Medicina e Psicologia. Dá continuidade aos projectos de valorização científica e tecnológica que foram conseguidos pela UC e implementados na infraestrutura do ICNAS – onde o centro está sediado -, com o apoio

de várias unidades orgânicas, em particular a Faculdade de Medicina. Miguel Castelo Branco, neurocientista e professor da FMUC, é o coordenador do CIBIT que possui como pilares de investigação fundamental e aplicada as neurociências, as ciências cardiovasculares e a oncologia. A estes juntam-se os pilares tecnológicos da imagiologia nas suas diferentes vertentes (com vários instrumentos de ponta em imagem animal e humana) e da inteligência artificial.

Excelência reconhecida pela FCT «É uma unidade eminentemente interdisciplinar e, como tal, envolve o esforço conjunto de investigadores oriundos de várias unidades orgânicas, incluindo o ICNAS, as faculdades de Medicina, de Farmácia, de Ciências e de Psicologia. Atinge assim praticamente todo o Universo UC, e muitos dos seus programas de mestrado e doutoramento. É particularmente relevante a ligação ao Centro Clínico Académico, no contexto da imagem médica», revela o responsável, notando que o centro participa ainda em programas de formação nas áreas da biomedicina e engenharia.

O CIBIT, enquanto unidade de investigação na área da saúde, foi classificada como “Excelente” por um painel internacional nomeado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). «Contribuiu, alicerçada nas valências do ICNAS, para alavancar projectos de investigação básica e clínica, incluindo ensaios clínicos da iniciativa do investigador, nas áreas de desenvolvimento de radiofármacos, dispositivos médicos e novos métodos de diagnóstico e terapêutica. Estes trabalhos originaram várias patentes, startups e spin-offs», declara Miguel Castelo Branco. Estas valências de investigação «complementam-se com o contributo do ICNAS na geração de receitas para a Universidade, no impacto económico gerado pela produção de radiofármacos e de métodos avançados de imagem médica», repara o cientista. «Temos a liderança científica (CIBIT) e Tecnológica (ICNAS) da Rede Nacional de Imagiologia Cerebral Funcional e participamos em mais três redes do Roteiro Nacional de Infraestruturas. A participação no programa Ageing@Coimbra foi dominante no contexto de estudos de investigação clínica e também na área do envelhecimento, tendo ganho o prémio

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Além dos consórcios já referidos, Miguel Castelo Branco aponta grandes projectos europeus como o STIPED H2020, que tenta desenvolver novas técnicas de neuroestimulação em doenças neuropediátricas e que já gerou a participação em cinco ensaios clínicos, numa área em que foi obtida uma bolsa Marie Curie. Outro projecto importante é o AIMS2-TRIALS, uma iniciativa global para encontrar novos tratamentos no autismo. A participação do CIBIT visa reforçar a área da investigação clínica, procurando novas opções de tratamento, não apenas farmacológicas mas também usando tecnologias como a realidade virtual, para tentar melhorar problemas de comunicação, socialização e integração de pessoas com autismo. Neste projecto multidisciplinar, o centro de Coimbra desenvolve técnicas de interacção social e usa imagens da ressonância magnética funcional para perceber o que se passa no cérebro nessas situações. «Temos ainda vários projectos em colaboração com instituições dos Estados Unidos (Universidades de Austin e Califórnia) e vencemos neste âmbito o Prémio FLAD para investigação Clínica», adianta Castelo Branco. A nível nacional há a destacar um projecto de cerca de 2,4 milhões de euros, o MEDPERSYST em que o CIBIT lidera um consórcio de várias universidades (Coimbra, Aveiro, Minho e Lisboa) para abordagens de medicina personalizada em doenças do neurocomportamento. «Temos ainda vários projectos no âmbito do Portugal 2020, centrados no desenvolvimento de radiofármacos ou instrumentação, para além dos financiados pela FCT, CCDRC ou Fundações como a Bial», acrescenta. O futuro, diz Miguel Castelo Branco, passa pela consolidação da liderança científica e tecnológica na área da Imagem Biomédica, em articulação com o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), por via do Centro Clínico e Académico, e com as várias unidades orgânicas da UC. Nesta senda, e precisamente para a assegurar o futuro, o investigador preocupa-se ainda com uma «articulação com a Universidade para a promoção do emprego científico».


42 CINEICC - Centro Inv. em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental

TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO DO CINEICC PARA A COMUNIDADE Psicologia No Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental estão em curso mais de cinquenta projectos de investigação que abordam, na sua maioria, questões relacionadas com a saúde mental Fundado em 2003, o Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC), coordenado por Cristina Canavarro, é uma Unidade I&D financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) com sede na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. Na Avaliação de Unidades I&D 2017, o CINEICC foi classificado como “Excelente” com pontuação máxima em todos os parâmetros. Desta forma, o CINEICC é a Unidade da área da Psicologia mais bem classificada em Portugal, a par do CICPsi, em Lisboa. A sua acção desenvolve-se em torno da avaliação das funções (neuro)psicológicas e no estudo dos processos cognitivos e emocionais, bem como no desenvolvimento de ferramentas de avaliação e de intervenção psicológica empiricamente validadas para a promoção da saúde e do bem-estar ao longo da vida, em contextos clínicos e comunitários, e em diferentes faixas etárias. «O Centro tem-se desenvolvido de uma forma sustentada e espero que assim continue neste meu segundo mandato na coordenação. Tem muita gente nova e temos conseguido sustentar estes contratos ao longo do tempo. Há pessoas de muita qualidade que queremos que continuem connosco e sustentar os seus contratos é a nossa maior preocupação», afirma Cristina Canavarro. Actualmente, o CINEICC reúne 159 investigadores, nas diferentes categorias definidas para os centros de investigação, nomeadamente 53 membros integrados doutorados (dos quais cerca de 70% não são staff da FPCEUC), 29 membros integrados não doutorados e 77 colaboradores. No total, 56 destes investigadores são alunos de doutoramento. Actualmente encontram-se em curso no CINEICC mais de 50 projectos de investigação, financiados por fontes públicas e privadas, nacionais e internacionais, e cujos objectivos de estudo abordam, na sua maioria, questões relacionadas com a saúde mental (por exemplo, perturbações alimentares, depressão, perturbações de ansiedade, esquizofrenia, distúrbios do sono, trauma e perturbações relacionados com o stress), morbidade psico-

Centro de Investigação tem sede na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

lógica relacionada com condições físicas crónicas (por exemplo, síndrome do intestino irritável, cancro, dor, cardiopatia, HIV) e um conjunto de estudos relacionados com os factores psicossociais (maternidade e paternidade, cuidadores formais, relações familiares, dinâmica de casal e saúde reprodutiva, entre outros). Cristina Canavarro sublinha que o período de pandemia fomentou uma série de actividades e estudos resultantes do envolvimento dos investigadores do CINEICC em diversas iniciativas nacionais e internacionais relacionadas com a Covid-19 e que deram origem a projectos financiados: CuidaIdosamente - Covid19: Impacto do isolamento social na saúde

mental de adultos e idosos; Mind The Mom: intervenção online para a saúde mental perinatal em tempos de pandemia, e Mental health after infection: Effects of Covid-19 on survivors’ psychosocial functioning, financiado pela Fundação La Caixa, são três dos projectos em curso. Todo o conhecimento que resulta do trabalho de investigação que é desenvolvido pelo CINEICC é colocado ao serviço da comunidade. Esta transferência de conhecimento tem sido, de facto, uma das maiores preocupações, com o desenvolvimento de aplicações móveis, websites, validação de instrumentos de avaliação (neuro) psicológica, na área da

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Psicologia Clínica e da Saúde, consultoria e formação especializada para profissionais de saúde, educação e justiça e criação da Unidade de Psicologia Clínica Cognitivo-Comportamental (UPC3). A principal missão desta unidade passa precisamente por devolver à comunidade os frutos do trabalho realizado nas últimas décadas por um grupo de docentes da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação e de investigadores do CINEICC, prestando diferentes serviços para a prevenção e tratamento da doença mental, destinados à comunidade em geral e a profissionais de saúde e áreas adjacentes. A UPC3 da Universidade de Coimbra, instalada no edifício antigo da Faculdade de Medicina, Pólo I, começou a ser pensada há cerca de 3 anos e foi formalizada em Setembro de 2020. Apresenta-se como uma plataforma de serviços de saúde mental que reúne psicólogos clínicos especializados e certificados, com formação avançada na área das psicoterapias cognitivo-comportamentais. Tendo em conta a estreita articulação com o CINEICC, a UPC3 oferece a diferentes públicos-alvo a possibilidade de participação, de forma gratuita, em programas de intervenção com eficácia comprovada pela investigação na prevenção/tratamento de dificuldades na área da saúde mental. Paralelamente, disponibiliza consultas individuais de Psicologia Clínica e de Psiquiatria, em formato online e presencial, destinadas a crianças, adolescentes, jovens e adultos, serviços de supervisão clínica especializada para psicólogos graduados com vista à sua certificação e ainda cursos de formação pós-graduada para a capacitação e desenvolvimento de outros profissionais da área da saúde mental e áreas afins. Adicionalmente, a UPC3 desenvolve serviços de consultoria especializada nas áreas da saúde mental e do bem-estar destinados a equipas, organizações, empresas, que podem ser desenhados em função das suas necessidades e especificidades. «Temos registado uma boa adesão, com a comunidade em geral a acolher bem esta iniciativa», refere a coordenadora, lembrando a oferta de consultas que foi feita aos profissionais de saúde que estiveram na linha da frente no combate à pandemia.


CNC - Centro de Neurociências e Biologia Celular 43

vindo a desenvolver projectos em colaboração com outros organismos da cidade e região, como o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Instituto Português de Oncologia (IPO), Centro Académico Clínico, o Hospital Rovisco Pais, para além das interacções com o Biocant Park e o Instituto Pedro Nunes (IPN).

Projectos em curso e estratégias para o futuro

Com cerca de 500 membros, o CNC apresenta-se como o maior centro de investigação da Universidade de Coimbra

APOSTA NA QUALIDADE DA INVESTIGAÇÃO BIOMÉDICA NA UNIVERSIDADE Excelência Investigação de topo, inovação, estudos avançados e respostas aos desafios societais são as grandes missões do Centro de Neurociências e Biologia Celular O Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), instituição científica que visa fomentar a investigação biomédica e o ensino pós-graduado multidisciplinar na Universidade de Coimbra (UC), tem trilhado, ao longo dos seus 30 anos de existência, um caminho de sucesso e de excelência, elevando a qualidade da investigação que é feita na UC. Com cerca de 500 membros - 210 doutorados, cerca de 150 alunos de doutoramento, para além de alunos de mestrado e pessoal técnico e administrativo - o CNC apresenta-se como «o maior centro de investigação da UC» cuja «excelência tem a ver com os seus investigadores mas também com toda a estrutura de apoio, não só do CNC, mas igualmente da UC, e que permite um caminho de excelência», afirma Paulo Oliveira, vice-presidente. Muitos dos líderes de grupo do CNC são docentes na UC «contribuindo para uma universidade de investigação

de excelência, levando para as suas aulas muito desse conhecimento inovador que é produzido». Primeiro Laboratório Associado em Portugal (2000), uma «marca de qualidade atribuída pelo Governo português», o CNC está dividido em três áreas específicas - Neurociências e Doença, coordenada por Ana Luísa Carvalho; Metabolismo, Envelhecimento e Doença, coordenado por Paulo Oliveira, e Biotecnologia coordenado por Luís Almeida, presidente do CNC. Os grupos de investigação estão localizados em três pólos: Faculdade de Medicina (Pólo I), Pólo III da UC, e o terceiro pólo está localizado no UC-Biotech, edifício inaugurado em 2014 no Biocant, Parque Tecnológico de Cantanhede criado em 2005 com forte apoio do CNC. De acordo com Paulo Oliveira, o Centro está alinhado com pilares de excelência da UC, a saber, inovação, educação (com

participação em programas doutorais e mestrado e treino de alunos que «esperamos que sejam os investigadores de topo do amanhã») e também resposta aos desafios da sociedade. Nesta vertente, o CNC tem colaborado em várias actividades, «em autocarros, cafés, teatros, escolas e publicação de bandas desenhadas e artigos científicos» com o contributo fundamental do «gabinete de comunicação, coordenado por Sara Amaral, e que é muito activo». A ligação CNC-UC é, assim, essencial para o sucesso das duas instituições. «Muitas das publicações na área da biociências e biomedicina da UC são de investigadores ligados ao CNC que, por ano, publicam cerca de 500 artigos. Esta sinergia tem sido, por isso, excelente porque tem valido uma produção científica distinta e muitas actividades comuns que queremos continuar a fortalecer». Além desta importante e sólida relação, o CNC tem

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Do percurso de excelência do CNC são vários os marcos importantes destacando-se a criação, em 2018, do CIBB (Centro para Inovação em Biomedicina e Biotecnologia), consórcio formado pelo CNC e iCBR (antigo IBILI). «O CIBB é um Laboratório Associado na área biomédica, inteiramente constituído por investigadores e docentes da UC e podemos estar orgulhosos com o facto deste consórcio ter tido nota máxima na avaliação feita pela FCT», sublinha. Em curso no CNC estão vários projectos, quer nacionais quer internacionais, em áreas importantes e com impacto na vida das pessoas, por exemplo, com vista a novos tratamentos do AVC e doenças metabólicas, ou com relevância para a gestão da pandemia de Covid-19. A nível europeu o CNC também está envolvido em vários projectos, e destaca-se a coordenação de duas redes Europeias de treino de alunos de doutoramento, uma « na área das doenças neuropsiquiátricas», e uma outra, coordenada pelo vice-presidente do CNC, denominada “FOIE GRAS” e que estuda o “Fígado gordo não alcoólico”, com uma forte componente de comunicação, com a publicação de vários artigos científicos e um livro de banda desenhada. De referir ainda as infraestruturas tecnológicas desenvolvidas por este Centro e «que são essenciais ao desenvolvimento da investigação biomédica, dão muito prestígio tanto ao CNC como à UC, muitas delas reconhecidas pela FCT e pelo Sistema Tecnológico Nacional, e que estão ao dispor de outros grupos de investigação, internos ou externos à Universidade» explica Paulo Oliveira. Na prossecução da excelência da investigação, o CNC pretende continuar a atrair talento, nacional ou estrangeiro, e a «contribuir activamente para a missão da UC de produção de conhecimento com forte impacto». Este Centro pretende, igualmente, aumentar a relação com a sociedade, reforçando igualmente as relações internas e externas. «A excelência da investigação também passa por melhorar as redes internas dentro de cada instituição, com as pessoas a remarem para o mesmo lado», conclui.


44 Biocant Park

48 empresas instaladas e perto de 450 trabalhadores O Biocant Park possui 48 empresas instaladas, num ecossistema que contempla actualmente cinco edifícios e conta com cerca de 450 trabalhadores. «Orgulhosamente podemos dizer que, das 48 empresas actualmente instaladas no parque, 30% tem origem em capitais e/ou conhecimento estrangeiro. Cientes da elevada procura de espaços para instalação no parque actualmente com espaço totalmente ocupado - ainda em 2021 o Biocant Park dará início à construção de uma nova infraestrutura totalmente dedicada ao acolhimento de novos projectos empresariais, aumentando em 20% as suas infraestruturas partilhadas», frisa a directora executiva do Biocant Park. O primeiro edifício do Biocant Park foi inaugurado em 2005

CONSTRUÇÃO DE FÁBRICA DE VACINAS E TERAPIAS CELULARES EM ANÁLISE Biocant Park Projecto a concretizar-se, segundo Joana Branco, directora executiva do Parque Tecnológico, poderá gerar investimento de “80 milhões de euros” para a região O contexto pandémico da Covid-19 veio ilustrar a abertura à comunidade do ecossistema do Biocant Park, em Cantanhede, e o «empenho de todos para disponibilizar novas soluções com impacto directo na saúde mundial». A par com tantos outros “players” mundiais, rapidamente as empresas e unidades de I&D do ecossistema «reestruturaram a sua actividade, apostando no desenvolvimento de soluções inovadoras nas áreas de diagnóstico, tratamento e prevenção, baseadas na forte experiência e conhecimento das suas equipas». Um medicamento à base em células estaminais para tratar doentes graves com Covid19, uma infraestrutura para a realização em escala de testes de diagnóstico de Covid-19, uma vacina por inalação, produção da proteína “Spike SARS-Cov-2” para fins investigacionais, desenvolvimento de revestimentos para superfícies

com propriedades antimicrobianas e antivirais, assim como o desenvolvimento de um teste de detecção de SARS-CoV-2 em amostras ambientais (ar e superfícies), são exemplos de projectos desenvolvidos pelas empresas e laboratórios sediados no Parque Tecnológico de Cantanhede. «Face à relevância do contexto das vacinas para que possamos retomar, pelo menos em parte, a nossa rotina diária, o projecto de desenvolvimento desta nova vacina tem ganho especial relevo. Além deste desenvolvimento, está neste momento em análise a possibilidade da construção de uma fábrica para a produção de vacinas e terapias celulares que, a concretizar-se, vai corresponder a um investimento na região de cerca de 80 milhões de euros», adianta Joana Branco, directora executiva do Biocant. «Atento às necessidades das empresas e dos empreendedores, o Biocant Park é

hoje um ecossistema de inovação que coloca ao dispor de todos um conjunto vasto de ferramentas tecnológicas, apoio técnico especializado e de desenvolvimento de negócio. Além de infraestruturas especializadas, vocacionadas para o desenvolvimento de projectos na área das biociências», assume a responsável. «O parque contempla também um núcleo industrial capaz de acolher empresas numa fase de desenvolvimento mais madura». Este núcleo destinado às «Bioindústrias em muito tem contribuído para a visibilidade internacional do parque». Recorde-se, por exemplo, a «implementação da empresa Tilray, dedicada ao desenvolvimento de produtos à base de canábis para fins medicinais».

Projecto arranca em 2005 Com o primeiro edifício inaugurado em 2005, ao longo destes 16 anos o Biocant

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Park tem «desempenhado um papel pioneiro na disseminação do potencial nacional no sector da Biotecnologia», fomentando o «empreendedorismo na área das biociências e contribuindo para a capacitação das empresas do sector». Em 2014, com a inauguração de um pólo de capacitação em Biotecnologia do Centro de Neurociências da Universidade de Coimbra, o parque «ganhou um novo impulso», passando a integrar num mesmo campus o contexto de formação avançada de recursos humanos e de geração de conhecimento científico, por parte do núcleo académico, a componente de transferência de conhecimento, foco de actividade do Biocant. Em 2018, a estrutura organizacional do parque sofreu uma alteração digna de registo, pela entrada de um parceiro privado que se substitui no papel de gestão do parque, tarefa até então desempenhada pelo município de Cantanhede, mas também com capacidade para investir em empresas do sector. Impulsionado pelo município de Cantanhede e com o apoio da Universidade de Aveiro e da Universidade de Coimbra (através do Centro de Neurociências e Biologia Celular), o projecto que deu corpo ao Biocant Park, Parque de Ciência e Tecnologia integralmente focado na Biotecnologia, emerge do reconhecimento deste forte potencial instalado, e da constatação do impacto global da biotecnologia em diversas áreas.


Oftalmologia - José Cunha-Vaz 45

“JUSTIFICAVA-SE O RECONHECIMENTO DE COIMBRA COMO CIDADE DA VISÃO” Entrevista José Cunha-Vaz, catedrático emérito de Oftalmologia da Universidade de Coimbra, foi director do serviço de Oftalmologia dos HUC e esteve na origem do IBILI e da AIBILI. Diz que os planos que tinha para tornar a cidade uma referência nesta área não só se cumpriram como superaram mesmo as expectativas Diário de Coimbra Se Coimbra tem hoje prestígio internacional na Oftalmologia muito lhe deve a si. Aceita este mérito? José Cunha-Vaz Aceito e penso que foi talvez uma das minhas maiores conquistas. Não encaro como mérito, mas como resultado positivo do trabalho de uma vida, de um esforço focado no desenvolvimento da Oftalmologia. Se tivesse ficado nos Estados Unidos teria feito outras coisas. Tendo voltado para Coimbra apostámos em fazer uma coisa de nível internacional. O que conseguimos não se deveu só a mim, mas a um grupo de pessoas.

José Cunha-Vaz dedicou toda a sua vida à investigação clínica na área da Oftalmologia, sobretudo na retinopatia diabética. Aos 82 anos continua a trabalhar

Entre 1978 e 1986 foi professor de Oftalmologia e director do Serviço de Retina da Universidade de Illinois, em Chicago. Quis criar em Coimbra condições idênticas? A ambição e o desejo foi criar condições em Portugal que me permitissem fazer aquilo que eu gostava e estava lá a fazer: investigação clínica em condições de excelência. Como vimos agora, com a vacina em resposta à Covid-19, quem faz o desenvolvimento mais rápido são os países que têm competências e capacidade instalada em investigação; e os Estados Unidos responderam mais rapidamente porque são quem tem os meios para o fazer, mais do que a Alemanha e outros países, porque investiram anos na investigação, que é o que permite aos países estar na linha da frente. A investigação é um pouco como os quadros pontilhistas, cada um está a colocar o seu pontinho e não se vê nada, até que, a certa altura, os pontinhos juntos fazem sentido e avançamos. É preciso estar constantemente a produzir,

a juntar, a adicionar, e há um momento em que qualquer coisa se encontra de diferente, de novo, e que aparece às vezes inesperadamente. Antes dos Estados Unidos já tinha estado em Londres. Licenciei-me em 1962, casei e logo a seguir fui para Inglaterra, onde estive três anos no Instituto de Oftalmologia de Moorfields, em Londres, e fiz lá a minha tese de doutoramento... É engraçado que, aproveitando a área de excelência que tem na Oftalmologia, a cidade de Londres, que tem uma dimensão completamente diferente de Coimbra, assumiu a visão e a Oftalmologia como uma área de especialização da cidade. Coimbra devia tê-lo feito também? Tudo o que se faz na vida depende muito do foco e da conjunção, num determinado momento, de uma série de circunstâncias, e é também preciso alguém que puxe. Acho que Coimbra podia ter-se assumido internacionalmente como cidade da visão, mais fortemente do que fez, num compromisso colectivo - da Câmara, de toda as instituições, das pessoas - e com vantagens para a cidade. O serviço de Oftalmologia [do CHUC] diferenciou-se e é hoje um serviço muito forte, o maior e melhor do país, competitivo com centros de Londres, Paris e Berlim. E não ficou só por ali, temos ainda o Centro Cirúrgico de Coimbra, do António Travassos, a Unidade de Oftalmologia de Coimbra, do Joaquim Murta, as Clínicas Mira, do Joaquim Mira, e outros...Todo este conjunto de excelência ao nível hospitalar e das clínicas privadas tem uma força que não existe em Portugal em mais sítio nenhum, e que não existe também em Espanha em sítio nenhum. O grande desenvolvimento da Oftalmologia em Coimbra começa com a criação do IBILI? Regressei a Coimbra depois de Londres e estive aqui até 1978, e ainda fizemos algumas coisas. A fluorometria do vítreo, em 1975, que foi o primeiro método que surgiu para quantificar as alterações da barreira hemato-retiniana e que teve grande impacto a nível internacional. Portanto, já havia capacidade para fazer coisas. Dos Estados Unidos o que trouxe mais foi a organização, a forma que tinham de fazer investigação e a vontade de copiar o que se fazia de ponta a nível mundial, numa fasquia que aqui procurámos acompanhar. Estive lá por dois períodos, primeiro até 1980 e depois voltei a ir de 1984 e 1986. Regressei por dois motivos: tínhamos entrado na União Europeia e tinha sido criado o Hospital

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46 Oftalmologia - José Cunha-Vaz

Novo. Havia a possibilidade de financiamento europeu e condições para um projecto como o que viemos a concretizar com o Instituto Biomédico de Investigação em Luz e Imagem (IBILI), com projectos de investigação bem definidos, mais ligados à parte experimental, e a AIBILI, que já fazia a ponte com a utilização e aplicação: os primeiros passos para patentear, comercializar e aproximar da indústria. Progressivamente, fui-me mantendo mais ligado à AIBILI, que tem aquilo que sempre me motivou: a investigação clínica, perceber como a doença progride, fazer o acompanhamento dos doentes, etc.. A AIBILI gere hoje a rede europeia de investigação clínica em Oftalmologia. A nível internacional coordenamos a EVICR.net, uma rede europeia com cerca de 100 centros de investigação. Temos dois grandes projectos a decorrer: o Macustar, relacionado com a Degenerescência Macular da Idade (DMRI), e o Recognised, que estuda a relação entre a diabetes e algumas alterações cognitivas. Toda a parte da estrutura e da informação dos projectos é liderada por Coimbra. Temos o melhor centro de investigação clínica da Europa na área da Oftalmologia. O AIBILI é também o único Centro de Interface na área da Saúde, reconhecido pelo Ministério da Economia. Já deixou a presidência da associação mas, aos 82 anos, continua a ser presença regular e a trabalhar. Agora a presidente é a Dr.ª Conceição Lobo, que tem um grande interesse e entusiasmo pela associação. É da equipa dos melhores que se formaram à minha volta. Mas eu continuo muito activo, porque gosto do que faço e porque me distraio, continuo atento às novidades e a publicar. Olhando para trás, penso que houve uma série de circunstâncias: primeiro tive uma boa formação em Londres, trabalhei com as pessoas certas e tive sorte; depois criámos aqui um centro que já era dinâmico o suficiente para

Há bons centros em Lisboa e no Porto, mas não há dúvida nenhuma de que aqui há uma excelência que não é pontual, a nível hospitalar e de clínicas privadas Como vimos agora, com a vacina em resposta à Covid-19, quem faz o desenvolvimento mais rápido são os países que têm competências e capacidade instalada em investigação. A nível internacional, coordenamos a EVICR.net, uma rede europeia com cerca de 100 centros de investigação. Temos o melhor centro de investigação clínica da Europa na área da Oftalmologia. O AIBILI é o único Centro de Interface na área da Saúde, reconhecido pelo Ministério da Economia

produzir alguma coisa de novo, e tanto foi que nos vieram buscar para os Estados Unidos, onde entrei pela porta principal. Fiquei como professor catedrático e director de um instituto de investigação clínica na retinopatia diabética, que era a área em que estava focado. Isso foi crucial, porque os melhores dos Estados Unidos eram os meus parceiros. Quando voltei, vim também numa situação ideal porque os europeus me viam de alguma forma como elo de ligação a que se fazia nos Estados Unidos. Recebeu várias distinções e prémios de carreira. Qual foi para si a mais relevante? Fui a única pessoa que foi presidente da Sociedade Europeia de Catarata e Cirurgia Refractiva (2000-2002) e presidente da Sociedade Europeia da Retina (20062008). Tenho também bastante orgulho em alguns prémios, como a Medalha de Ouro Helmholtz da Sociedade Europeia de Oftalmologia. Recebi um prémio da Association for Research in Vision and Ophthalmology (ARVO), que tem cerca de 20 mil membros e é das mais prestigiadas do mundo. Fui sempre muito bem tratado. Aqui em Portugal foi-me atribuída a Ordem de Mérito da Instrução Pública e a Ordem do Infante D. Henrique. Não tenho razão de queixa de nada, nem pena de nada. Que evolução prevê na abordagem das doenças oftalmológicas? Toda a minha vida foi focada na retinopatia diabética. É das doenças mais graves, tem aumentado imenso nos países desenvolvidos e não só. É, a par da DMRI, que aumenta com o envelhecimento da população, uma área forte aqui em Coimbra e na investigação que aqui se faz. A Oftalmologia tem as doenças mais objectivas, mais mensuráveis e mais quantificáveis. Vai haver cada vez mais transmissão de informação à distância, que aumentará o acesso dos doentes, com recurso à telemedicina e será possível consultas até por telemóvel. No futuro,

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vai também contar muito a inteligência artificial, para normalização da informação e melhor caracterização da doença por imagens; há a automatização de alguma cirurgia; a terapia genética vai ser importantíssima não só nas doenças raras, como já é, mas nas outras doenças... Como avalia a Oftalmologia actual em Coimbra? A melhor maneira de avaliar é ver a quantidade de pessoas que procuram Coimbra para se tratar. Há bons centros em Lisboa e no Porto, mas não há dúvida nenhuma de que aqui há uma excelência que não é pontual mas transversal. Numa cidade de cerca de 150 mil habitantes, temos pessoas como o [António] Travassos, o [Joaquim] Murta, a Maria João Quadrado, agora a Andreia [Rosa], o [Joaquim] Mira, numas e noutras áreas, são muitíssimo competentes e fazem as coisas bem feitas. Temos grandes especialistas, grandes cirurgiões. Isso é que dá a dinâmica e uma cultura diferente à cidade. No meu tempo de director de serviço de Oftalmologia já tínhamos mais doutorados do que em todas as outras especialidades juntas, sempre procurei que se especializassem. Correu como tinha idealizado? Foi sem dúvida ultrapassado. Foi melhor do que eu esperava, sinceramente. A nível europeu, sobretudo. A nossa posição solidificou-se e cresceu. Mas queremos sempre mais. Importa manter e continuar a desenvolver. Justificava-se o reconhecimento de Coimbra como “Cidade da Visão” em Portugal. E isso não prejudicava as outras especialidades, antes pelo contrário, as pessoas vêm tratar de uma coisa e tratam as outras. Era uma questão de bandeira, assumida por todos. Temos as condições: no público e no privado as pessoas são muito bem tratadas, há investigação de ponta, inovação e a preocupação com o treino para serem cada vez melhores. Essa cadeia existe e está plenamente estabelecida.


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Equipa do Centro de Responsabilidade Integrada de Oftalmologia do CHUC, liderada pelo médico Joaquim Murta (ao centro)

OFTALMOLOGIA, A “MENINA DOS OLHOS” DE COIMBRA Referência Fruto de uma articulação entre as vertentes académica, clínica e de investigação, Oftalmologia do CHUC tem respostas únicas, como o centro de Onco-Oftalmologia A Oftalmologia começou a sobressair em Coimbra na década de 80 do século passado, pela mão de José Cunha-Vaz, que trouxe dos Estados Unidos o conhecimento e a inspiração para erguer um centro de excelência na investigação e na prática clínica. A resposta assistencial foi sempre o foco, mas a investigação clínica por detrás e o desenvolvimento de novas técnicas e terapêuticas tornaram-na referência além fronteiras. É fruto deste trabalho consistente, realizado ao longo dos últimos 30 anos, o lugar de destaque internacional que a Oftalmologia de Coimbra ocupa, assume Joaquim Murta, que sucedeu a Cunha-Vaz na liderança do serviço dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) em 2008 e dirige hoje o Centro de Responsabilidade Integrado de Oftalmologia (CRIO) do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC). Este é um dos maiores, senão o maior centro do país no que toca à actividade assistencial e também o que mais produz investigação, estando envolvido em pro-

jectos europeus mas também em parcerias com reputadas universidades americanas (Harvard, McGill, UNIFESP, entre outras). Refira-se que Joaquim Murta é o único membro activo português a integrar a Academia Ophtalmologica Internationalis (AOI), que reúne 100 individualidades a nível mundial e tem José Cunha-Vaz como membro emérito. Ao nosso jornal, Joaquim Murta sublinha a dinâmica favorável que existe na cidade, seja para a Oftalmologia, seja para outras áreas da saúde. «Coimbra tem características que poucas cidades na Europa têm»: um campus onde reúne unidades de investigação que permitem uma abordagem interdisciplinar, transversal e integrada em saúde associadas à Universidade de Coimbra (como o iCBR, o CIBIT e outras); uma das melhores incubadoras de empresas de base tecnológica,

que é o Instituto Pedro Nunes (IPN), com grande foco nas ciências da saúde, o Biocant; e importantes empresas da Indústria Farmacêutica que apostam fortemente em Investigação e Desenvolvimento. «Existe hoje uma interligação muito forte das diversas áreas: o Centro Académico e Clínico de Coimbra, que hoje felizmente começa a funcionar de facto, uma colaboração e trabalho conjunto muito grande entre a parte assistencial, de ensino e a parte de investigação», repara Joaquim Murta, frisando que «estruturas que dependem de ministérios diferentes têm de se interligar localmente» e trabalhar para objectivos comuns se quiserem ter sucesso. O «desenvolvimento e a projecção» na área da Oftalmologia acontecem, no

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Joaquim Murta, director do CRIO de Oftalmologia do CHUC

seu entender, pelo bom aproveitamento deste ecossistema e por uma cultura criada. «Os profissionais que vêm para o nosso serviço estão interessados na parte assistencial, em fazer consultas e cirurgias, mas fundamentalmente na diferenciação do seu trabalho e na investigação. E isso tem repercussões enormes. Somos o serviço que mais doutorados tem – nove doutorados e mais 13 internos doutorandos», sustenta. O CRIO «está organizado por áreas, como outros serviços de referência mundial, e as pessoas que estão na liderança de cada uma delas juntam à forte actividade assistencial a investigação, a participação em redes nacionais e internacionais de Oftalmologia, em ensaios clínicos, são “opinion leaders” em muitas dessas áreas, integram sociedades europeias e mundiais, e isso é que traz a projecção».

Onco-Oftalmologia já tratou mais de 200 doentes O CRIO de Oftalmologia do CHUC tem o único Centro de Onco-Oftalmologia a nível nacional. Este centro altamente diferenciado, criado em 2018, trata melanomas e retinoblastomas ao nível do que melhor se faz em todo o mundo, evitando a deslocação dos doentes para o estrangeiro como acontecia até aqui, com os custos financeiros que isso implicava para o sistema de saúde e os impactos sociais para doentes e famílias. Até hoje, o centro já tratou mais de 200 doentes,


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portugueses e dos PALOP. Mais comum no adulto, o melanoma tem uma incidência de cerca de 40 casos por ano em Portugal e uma mortalidade que tem permanecido estável. «Vamos estar envolvidos em novos ensaios clínicos e na criação de um centro multidisciplinar de melanoma no CHUC, com outras especialidades médicas, para cada vez mais conseguirmos preservar a visão do doente e travar a evolução da doença», adianta. O retinoblastoma é uma doença mais rara, que afecta sobretudo crianças e em que o diagnóstico precoce tem uma importância capital na taxa de mortalidade. «Se for detectado a tempo, o retinoblastoma é tratável com quimioterapia supra-selectiva da artéria oftálmica, levada a cabo por uma equipa multidisciplinar que integra, para além de oftalmologistas, neurorradiologistas, anestesistas e oncopediatras». O objectivo é tratar o tumor precocemente, antes que este se espalhe, preservar a vida e a visão. «Infelizmente, continuamos a ter crianças, vindas dos PALOP, que nos chegam tardiamente, quando já não é possível salvar a visão e o foco é salvar a vida», repara Murta. O Centro de Onco-Oftalmologia foi o primeiro centro de referência do país a ser acreditado, mas a renovação dessa

acreditação está dependente da realização de obras e reorganização do espaço físico do serviço. Isso mesmo refere o director, lamentando o atraso num processo mais abrangente de obras que já leva mais de cinco anos. «Somos o serviço com maior produção assistencial do CHUC. Precisamos de poucas camas de internamento porque a maioria dos tratamentos são feitos em ambulatório, por isso temos de readaptar as áreas de enfermaria e de consulta», explica, adiantando que está previsto passar uma parte da actividade que está agora no piso 8 para uma área do piso -1. Depois de «emperrar na ARSC e na ACSS, parece que com a actual administração [do CHUC] as coisas vão finalmente avançar», prevê.

Novo tratamento para “cegueira nocturna” O CRIO é ainda centro de referência para o tratamento de doenças raras oftalmológicas, estando igualmente integrado nas respectivas Redes Europeias de Referenciação. Joaquim Murta adianta que nos próximos dias terá ali início um novo tratamento de uma doença rara, a retinopatia pigmentar, também chamada de “cegueira nocturna”. «Há algumas formas de retinopatia pigmentar que ce-

 Números

78.515 consultas em 2019 (baixou para 49.847 no ano passado, com a pandemia de Covid-19)

12.300 cirurgias em 2019 (baixou para 8.826 no ano passado)

37 especialistas, mais dois que aguardam contrato

13 especialistas saíram por reforma ou por rescisão após a fusão do CHUC

9 doutorados e mais 13 internos doutorandos

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gam precocemente e irreversivelmente, mas foi desenvolvida uma terapia genética que possibilita, através da injecção subretiniana de uma substância, parar a evolução da doença. Vamos começar a fazêlo em breve e seremos o único centro oftalmológico do país a fazê-lo». O serviço do CHUC é líder na área da transplantação – de córnea, células estaminais, bioengenharia de tecidos –, executa todo o tipo de tratamentos diferenciados e inovadores nas doenças da superfície ocular e córnea, doenças da retina, cirurgia de catarata e implante de lentes multi-focais, retinopatia diabética, degenerescência macular relacionada com a idade (DRMI), entre outras. O investimento em tecnologia, equipamentos sofisticados e de grande precisão tem sido fundamental, numa área médica em que se assistiu a uma tremenda evolução nos últimos anos. «A catarata opera-se hoje com uma incisão de cerca de dois milímetros; a DRMI que cegava as pessoas é hoje tratável com injecção de medicamentos no olho; a transplantação faz-se praticamente com injecção de células e com o desenvolvimento da terapêutica genética a perspectiva de avanços na terapêutica e cirurgia é muito maior», traça Joaquim Murta.


50 CHUC - Centro de Responsabilidade Integrado de Oftalmologia

“Falta-nos uma estratégia de comunicação e fazer lobby por Coimbra”

Financiamento com base na qualidade dos serviços

«Existe uma tendência para colocar a saúde, e não só, em dois grandes pólos – Lisboa e Porto, menorizando Coimbra. Mas sempre fomos referência em diversas áreas, temos dos hospitais com maior produção assistencial, o que tem maior número de centros de referência (18) e é reconhecido em 10 Redes Europeias de Referência», repara Joaquim Murta, destacando que o CHUC tem perto de quatro milhões de euros de financiamento no âmbito do Horizonte 2020 (Programa-Quadro Comunitário de Investigação & Inovação), «mais do que qualquer outro centro hospitalar». Acontece que «em Lisboa está o poder central e no Porto há um bairrismo muito grande que faz com que todos se juntem a puxar pela região». O que tem Coimbra de fazer para resgatar os louros que lhe pertencem? Para o director do serviço de Oftalmologia, e antigo director da Faculdade de Medicina, é fundamental «comunicar mais e melhor, seja no CHUC seja na Universidade, fazer “lobby”». «Isso viu-se agora, nesta pandemia de Covid-19, quando o melhor exemplo de resposta hospitalar, de organização, de diferenciação, esteve em Coimbra e não noutras cidades, ao contrário do que foi mediatizado pela comunicação social nacional», exemplificou. Mas isso carece de «um plano estratégico» e de uma «união forte das principais lideranças da cidade, políticas e institucionais – Universidade, CHUC, Administração Regional de Saúde do Centro, CDDRC, Câmara Municipal, etc. -, focalizada num mesmo caminho» de desenvolvimento e de afirmação da cidade. Apesar do consenso que existe à volta desta necessidade, segundo Joaquim Murta, «há muito a fazer e rapidamente». E, relembra, «as ciências da saúde são uma das linhas mais importantes de desenvolvimento estratégico da cidade e da região».

Procedimento de quimioterapia intra-arterial no tratamento do retinoblastoma no único centro de onco-oftalmologia do país

Em Oftalmologia, como nas outras áreas hospitalares, não podem «todos fazer tudo», é imperioso implementar redes de referenciação. No entender de Joaquim Murta, só isso vai ter impacto na pressão assistencial a que estão sujeitos os grandes hospitais e na gestão das listas de espera. Depois, «é preciso avaliar, mais do que o volume, a qualidade dos actos praticados», bem como «o impacto positivo ou negativo medido pelos próprios doentes». «As instituições de saúde que apresentarem melhores resultados clínicos e os melhores resultados para os doentes têm de ser pagas de forma diferente das que tiveram piores resultados», defende o director do Centro de Responsabilidade Integrada de Oftalmologia (CRIO) do CHUC. «Tem de haver uma rede de referenciação e coragem política para dizer que um determinado hospital vai deixar de fazer este ou aquele procedimento porque existem equipas mais diferenciadas noutro lado para o fazer, e porque quem faz mais, usualmente faz melhor», declara. Por outro lado, muito do que se faz num serviço altamente diferenciado como o do CHUC, «poderia e devia ser feito em hospitais da periferia». O também director da Unidade de Oftalmologia de Coimbra (UOC), clínica referência no sector privado, destaca

ainda o papel complementar dos privados, salvaguardando que também eles devem estar sujeitos a escrutínio e avaliação da qualidade, sobretudo quando operam no âmbito de programas de recuperação de listas de espera do Serviço Nacional de Saúde. «Tem de haver uma integração, de um sistema de saúde público como privado em complementaridade, com auditorias regulares e avaliação de resultados», resume.

Distinção do Fórum Económico Mundial «Aumentar a eficiência das intervenções médicas, reduzindo o seu custo, eliminando despesas supérfluas e, ao mesmo tempo, aumentando a qualidade dos tratamentos para os doentes, integrando-os na avaliação dos resultados» é precisamente o objectivo do projecto coordenado por Joaquim Murta que foi há cerca de um mês distinguido pelo Fórum Económico Mundial como “Hub Global de Inovação”. O projecto, implementado na área da catarata, e que vai iniciar-se na área da DMRI, foi projectado no âmbito do Health Cluster Portugal e desenvolvido por instituições de saúde públicas e privadas do país (13), com um total de 11.500 doentes - o CHUC, o Grupo Mello Saúde e a Unidade de Oftalmologia de Coimbra (UO) foram os mais importantes centros

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deste projecto. «Com questionários realizados aos doentes antes e depois das intervenções, percebemos que uma percentagem das pessoas não beneficiaram da cirurgia. Se o doente é o nosso foco em termos de tratamento, ele tem de ser mais envolvido no processo e isso não acontece se os sistemas de saúde forem baseados no volume da produção», explica o oftalmologista. A distinção com o “Hub Global de Inovação” reconhece pela primeira vez um hub (centro) português e pode inspirar mudanças significativas nos procedimentos, eficiência e financiamento dos actos médicos, bem como na qualidade de vida dos doentes. O Fórum Económico Mundial considerou o projecto “ValueBased Health Care – Catarata” de tal maneira distintivo que o quer ver replicado noutros países.

É preciso implementar redes de referenciação, e financiar de acordo com a qualidade e o impacto dos actos praticados para o doente, defende Joaquim Murta


Unidade de Oftalmologia de Coimbra 51

VALOR DOS CUIDADOS ESTÁ NOS PROFISSIONAIS UOC Unidade de Oftalmologia de Coimbra, dirigida por Joaquim Murta no sector privado, abrange todas as sub-especialidades e tem realizado intervenções pioneiras

UOC tem instalações no Hospital da Luz Coimbra mas funcioamento autónomo e conta com uma equipa multidisciplinar

AOftalmologia de Coimbra é referência nacional seja no sector público seja no sector privado da saúde, e é por isso que diariamente se deslocam à cidade pacientes vindos de todo o país. O professor catedrático de Medicina Joaquim Murta, que dirige o CRIO de Oftalmologia do CHUC, lidera no sector privado a Unidade de Oftalmologia de Coimbra (UOC), criada à imagem e semelhança do primeiro no que toca a estar assente numa equipa multidisciplinar - que abrange todas as sub-especialidades - e bastante focada na investigação e na diferenciação. Mais de metade dos oftalmologistas trabalham no sector privado, mesmo que trabalhem igualmente no sector público. «Cumpro de um lado [hospital

público] e cumpro do outro, são trabalhos independentes e os outros médicos têm as mesmas regras em relação a isso», diz Joaquim Murta. «E quanto melhor é o nosso trabalho, seja onde for, maior a referenciação de doentes, pois essa é sempre feita em função dos médicos, das equipas e da qualidade que demonstram», declara. «Há uma tendência dos grandes grupos de saúde para tornar a medicina em algo não referenciável, dando a ideia de que interessa a marca e não o médico. Mas é precisamente o contrário. Não se pode fazer uma anonimização dos médicos, porque o valor dos cuidados de saúde está nos seus profissionais e no facto destes serem mais ou menos diferenciados», acrescenta.

A UOC é constituída e dirigida por médicos. O seu corpo clínico integra 17 oftalmologistas e dois anestesiologistas. A equipa por si liderada é composta por Andreia Rosa, Cristina Fonseca, Dalila Coelho, Fausto Carvalheira, Filipa Ponces, Guilherme Castela, Isaura Regadas, Jorge Henriques, João Gil, João Pedro Marques, João Pereira Figueira, Maria João Quadrado, Maria da Luz Cachulo, Miguel Raimundo, Pedro Fonseca e Rufino Silva, a grande maioria doutorados ou em doutoramento. A unidade, localizada em Coimbra, dispõe de equipamento e tecnologia avançada para o diagnóstico e tratamento médico e cirúrgico nas diversas áreas da Oftalmologia. A cirurgia de catarata e do

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segmento anterior do globo ocular, a cirurgia refractiva, a área da córnea e superfície ocular, retina e vítreo (vertente médica e cirúrgica), estrabismo e oftalmologia pediátrica, glaucoma, neuroftalmologia, tumores oculares, cirurgia estética e rejuvenescimento oculofacial, distrofias hereditárias da retina, electrofisiologia ocular são, entre outras, as áreas de especialização. São muitas as participações dos oftalmologistas da UOC em projectos internacionais e as apresentações em reuniões especializadas. Na última reunião da European Society of Cataract and Refractive Surgeons (ESCRS), por exemplo, quatro oftalmologistas da UOC – João Gil, Andreia Rosa, Maria João Quadrado e Joaquim Murta – apresentaram os excelentes resultados obtidos com a utilização da técnica de crosslinking personalizado, único no país, no tratamento do queratocone, doença cada vez mais frequente da córnea que afecta fundamentalmente os jovens. Na mesma reunião científica, Joaquim Murta foi coautor na apresentação de um trabalho multicêntrico acerca do IBERIA Biobank, um biobanco de explantes oftálmicos na Península Ibérica. A equipa da UOC foi pioneira em Portugal na aplicação de uma nova lente intraocular para a correcção da presbiopia – ou dificuldade de ver ao perto – em doentes com cataratas ou com cristalino transparente, intervenção que permite a doentes dispensarem os óculos em quase todas as situações. João Figueira, especialista em retina médica e cirúrgica faz parte de uma equipa internacional que irá apresentar os resultados de um novo fármaco para o tratamento do edema macular diabético, no maior congresso de investigação em oftalmologia – ARVO, que irá decorrer no próximo mês de Maio. Também integrou o grupo panamericano (PACORES) que apresentou os resultados a longo prazo do tratamento cirúrgico das membranas epirretinianas no congresso da Macula Society, que decorreu em fevereiro 2021.


52 Clínica Oftalmológica Joaquim Mira

eficácia, rapidez e segurança. «Na vanguarda da inovação, a clínica tem pugnado pela implementação de técnicas de excelência», adianta Joaquim Mira. E isso acontece, desde logo, com a correcção cirúrgica de erros refractivos. A miopia, a hipermetropia e o astigmatismo condicionam a vida das pessoas com impacto negativo a nível social e profissional, mas o cirurgião refere que, na actualidade, «é possível restabelecer a visão do paciente, de forma célere e praticamente sem dor, através de cirurgia laser ou implante intracocular (no caso de altas miopias)».

Bloco para cirurgia por laser

Joaquim Mira dirige a clínica que reúne uma dezena de especialistas e está dotada dos mais avançados meios de diagnóstico e tratamento

TRÊS DÉCADAS DE EXPERIÊNCIA E DIFERENCIAÇÃO EM CIRURGIA OCULAR Joaquim Mira Clínica oftalmológica assume-se como uma unidade médico-cirúrgica especializada no diagnóstico e tratamento de patologias oculares Liderada por um cirurgião oftalmológico com três décadas de experiência, a Clínica Oftalmológica Joaquim Mira, em Coimbra, reúne uma dezena de especialistas e está munida dos mais avançados meios para diagnóstico e tratamento de todas as patologias oculares. Nas respostas que proporciona aos doentes, destaque para a área cirúrgica, pela elevada dife-

renciação dos seus médicos e pela constante actualização tecnológica que tem feito dos seus equipamentos. «A nossa grande preocupação é com os doentes e com as boas práticas. Com base no diagnóstico, procuramos sempre a solução mais simples e eficaz para o problema concreto da pessoa», refere o responsável pela clínica, actualmente

apenas dedicado à prática médica no sector privado. «Nem sempre a cirurgia é a melhor opção e que existem outras respostas médicas eficazes», admite, mas as técnicas e os materiais cirúrgicos têm evoluído muito, designadamente com a tecnologia laser e há hoje uma panóplia de problemas que são resolvidos de forma minimamente evasiva, com

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Sediada na Quinta de Voimarães, em Coimbra, a Clínica Oftalmológica Joaquim Mira possuí um bloco operatório vocacionado para a cirurgia por laser, que faz justamente esta correcção cirúrgica de erros refractivos. A unidade dispõe ainda, entre outros, de aparelhos de OCT (Tomografia de Coerência Óptica) para estudo da retina, da córnea e segmento anterior do olho; angiógrafo, tomógrafos, microscopia especular, exame de campos visuais, ecografia ocular, IOL Master, retinografia e paquimetria. A especialidade de Oftalmologia na Clínica Joaquim Mira oferece uma prestação assistencial completa que se reparte pela consulta adulta e pediátrica, apoio ao atendimento médico permanente na área da especialidade, realização de exames complementares de diagnóstico, cirurgia de ambulatório e cirurgia com internamento. Sob a direcção de Joaquim Mira, a clínica integra os oftalmologistas Matilde Pereira, Cristina Tavares, Augusto Barbosa, Isa Sobral, Evaristo Castro, Pedro Fonseca, Inês Marques e João Cardoso. Cataratas, miopia, astigmatismo, hipermetropia, lentes intra oculares, estrabismo, oftalmologia pediátrica, glaucoma, pálpebras, campos visuais, laser YAG, laser monocromático, angiografia digital e retinografia são algumas das áreas em que se organiza.


Clínicas Leite 53

TECNOLOGIA DE TOPO MUNDIAL É UMA DAS APOSTAS DAS CLÍNICAS LEITE Inovação A cirurgia laser é uma das áreas em que mais se distinguiu o oftalmologista Eugénio Leite, com clínicas em Coimbra e Lisboa As Clínicas Leite possuem mais de três décadas de existência e são uma referência na área da saúde privada. Sob direcção clínica de Eugénio Leite, destacam-se pelos seus serviços de excelência e pela aposta constante na implementação de tecnologia de topo a nível mundial e na implementação das mais recentes e comprovadas metodologias terapêuticas e cirúrgicas na área da oftalmologia. O Iridex – tratamento laser, não invasivo, para o glaucoma; o Laser E-eye – procedimento por laser, não invasivo, para tratamento do olho seco; ou a OCTA – tomografia de coerência óptica angiográfica, um exame de diagnóstico para a grande maioria das doenças que afectam a retina e/ou o nervo óptico (neuropatias ópticas), sem necessidade de dilatar nem injetar qualquer produto e sem uso de flash e com uma resolução infinitamente superior às anteriores tecnologias, são exemplo de alguns dos mais recentes investimentos das Clínicas Leite. Mas há outras, como o teste do sistema lacrimal IDRA, um exame para o diagnóstico e tratamento do olho seco, ou o sistema RRCD (Redução e Rentabilização de Custos do Doente), que permite a redução de custos para o doente com rentabilização e maximização de resultados. Considerado um dos precursores da cirurgia laser em Portugal, Eugénio Leite deu o seu contributo a vários estudos científicos e coordenou projectos europeus de Oftalmologia. Participou, como investigador, em múltiplos projectos de

Oftalmologista Eugenio Leite é mentor e director das Clínicas Leite

desenvolvimento de instrumentação para oftalmologia e foi vencedor de prémios nacionais e internacionais pela sua actividade de investigação, como o Prémio Investigação Oftalmológica – European Society for Cataract and Refractive Surgery (ESCRS) – De Jong Award. A Cirurgia refractiva, implanto-refractiva, glaucoma, retina médica ou retina cirúrgica são algumas das áreas em que o médico oftalmologista se destaca, mas não descurando outras como a oftalmologia geral, estrabismo, óculo-plástica,

oftalmologia pediátrica ou neuro-oftalmologia. «As Clínicas Leite foram pioneiras, em Portugal, na introdução de vários procedimentos cirúrgicos e tratamentos médicos, nomeadamente, da cirurgia a laser para erros refractivos e para a catarata, no tratamento a laser para o olho seco e para o glaucoma e na realização de angiografias sem uso de contraste, entre muitas outras técnicas», referem os seus responsáveis. Eugénio Leite é o mentor e o director clínico das Clínicas Leite, que têm justa-

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mente a Oftalmologia como um dos focos principais. A unidade privada de saúde, com consultórios em Coimbra e também em Lisboa, abrange todavia muitas outras especialidades médicas. Com instalações no Estádio Cidade de Coimbra, as Clínicas Leite estão certificadas no âmbito da Qualidade do seu Sistema de Gestão e em Conciliação da Vida Profissional, Familiar e Pessoal, são ainda PME Líder e somam diversas distinções em responsabilidade social e boas práticas em equipas de trabalho.


54 Centro Cirúrgico de Coimbra

CIRURGIAS INÉDITAS DEVOLVEM VISÃO A QUEM JÁ TINHA PERDIDO A ESPERANÇA Centro Cirúrgico A primeira cirurgia oftalmológica com recurso a tecnologia 3D ou a inédita translocação de olhos são marcas do pioneirismo de António Travassos

“Evitar toda a cegueira curável” é o que move o oftalmologista António Travassos

“Ver diferente e fazer diferente” é segredo, lema e afirmação de António Travassos. O médico que foi oftalmologista da Irmã Lúcia ou de António Champalimaud e que atrai a Coimbra pessoas de todos os cantos do mundo, é conhecido por resolver causas que pareciam perdidas e são muitos os doentes que lhe agradecem por voltar a ver. O Centro Cirúrgico de Coimbra, que fundou em 1999, tem sido pioneiro em diversas técnicas ci-

rúrgicas e terapêuticas, contribuindo em grande medida para o patamar de excelência nacional e internacional em que se encontra a nossa cidade na área Oftalmologia. «O que me move é poder evitar toda a cegueira curável», disse um dia em entrevista. António Travassos é reconhecido sobretudo na área da cirurgia vitrorretiniana, das estruturas do interior do globo ocular. A nível mundial, o Centro Cirúrgico de

Coimbra é pioneiro na realização de cirurgias oftalmológicas com recurso a tecnologia 3D, permitindo obter imagens do interior e exterior do olho durante a operação e garantindo o sucesso em operações altamente delicadas. Foi também com este oftalmologista, há mais de 20 anos inteiramente dedicado à clínica privada, que pela primeira vez se utilizou anticorpos monoclonais para tratar a retinopatia em prematuros. Em

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Dezembro de 2005, António Travassos aplicou, pela primeira vez no mundo, o bevacizumab, um fármaco usado e aprovado para o tratamento de cancro e que acabou por ser utilizado em Oftalmologia como off-label. Os Estados Unidos já o tinham feito, com resultados surpreendentes, em adultos. Este fármaco como outros anti-VEGF’s mudaram o rumo de histórias que culminavam, nalguns casos, em cegueira ou perda de visão irreversível. A diferenciação tecnológica é uma das apostas do centro, que não só investe nos melhores equipamentos como trabalha em estreita ligação com engenheiros biomédicos e informáticos para desenvolver avançados programas de obtenção de imagens e bases de dados. Em Setembro de 2015, António Travassos juntou ao rol de sucessos que o Centro Cirúrgico de Coimbra tem vindo a registar na área da Oftalmologia uma cirurgia inédita de translocação parcial do segmento anterior de um olho para o outro. A cirurgia única no mundo teve o objectivo de mudar parte da estrutura do segmento anterior do olho, sem destruir o ângulo da câmara anterior. O doente tinha perdido a visão nos dois olhos, mas exames de diagnóstico mostravam que havia a possibilidade remota de num deles ainda poder ver alguma coisa. E assim foi, depois de uma intervenção complexa realizada com sucesso. Poucos meses antes, o médico havia realizado o primeiro transplante duplo de córnea, em simultâneo, com vitrectomia e extração de corpos estranhos, com o objectivo de proporcionar uma recuperação de visão a quem estava cego. António Travassos é o presidente do Conselho de Administração do Centro Cirúrgico de Coimbra, onde se destacam outros especialistas da Oftalmologia como Sofia Travassos, Armando Leal, Eduardo José Silva, Ilídio Faria, Isabel Pires, Marco Marques, Mário Jorge Silva, Pedro Faria, Rui Daniel Proença e Rui Tavares. A clínica privada, situada em S. Martinho do Bispo, abrange várias especialidades médicas, com destacados médicos da cidade.


Opinião 55

uma cidade virada para a área da saúde Rui Santos Ivo Presidente do Conselho Directivo do Infarmed

uero iniciar este meu testemunho com a afirmação de que Coimbra é na atualidade, uma referência no setor da saúde em Portugal. É sem dúvida de destacar o facto de numa área tão concentrada, se poder encontrar um dos maiores Centros Hospitalar Universitário do país (CHUC-UC), com centros de investigação na área da saúde, com grande projeção nacional e internacional, em diversas áreas da investigação clínica e ciências médico-farmacêuticas. Estas instituições estão localizadas num verdadeiro campus da saúde, não sendo por isso de estranhar que Coimbra seja frequentemente apelidada de “Cidade da Saúde”. Coimbra está localizada numa região central do país, o que lhe confere um posicionamento estratégico, podendo também potenciar a cooperação com as demais universidades e escolas de ensino superior da Região, para trazer a área da Saúde para um quadro mais holístico, ligando com as áreas da tecnologia, do digital e todo o potencial inovador que se abre com os setores empresariais ligados a dispositivos médicos, à gestão de dados e ao uso das ferramentas de inteligência artificial. Coimbra é assim, comprovadamente, uma verdadeira cidade virada para a área da saúde, existindo inclusive um projeto da Câmara Municipal, que pretende criar um verdadeiro cluster de saúde em termos de produção de medicamentos inovadores e dispositivos médicos, em articulação com os centros de investigação da Universidade e do Instituto Pedro Nunes. De qualquer forma, existe já uma concentração de Indústrias Farmacêuticas na região Centro, onde destaco a Bluepharma, Fresenius/Labesfal, Medinfar, que desempenham um papel crucial no setor do medicamento,

sendo importante para a economia da Região, para a economia do país e para a projeção do nosso país no Mundo. De destacar muitas startups e companhias em desenvolvimento no Biocant Park. Coimbra desenvolve não só infraestruturas, como também gera conhecimento, através da formação em ensino superior público, com formação de recursos humanos altamente qualificados, sendo o contributo da Universidade de Coimbra extremamente essencial (Instituto Pedro Nunes ao nível empresarial, Centro Académico Clínico de Coimbra tem potenciado o setor da saúde nesta região). Todos os anos a cidade de Coimbra forma profissionais de saúde que abrangem as mais diversas áreas, como Medicina, Farmácia, Enfermagem, Fisioterapia, Psicologia, Medicina Dentária e Medicina Veterinária. Perante tantos exemplos, e outros que poderão ter ficado por assinalar é de enaltecer o valioso papel que a cidade de Coimbra tem no panorama nacional no que diz respeito à área da saúde e, mais concretamente, do medicamento, tornando-se ao longo dos anos num exemplo não só nacional como internacional.

Coimbra desenvolve não só infraestruturas, como também gera conhecimento, através da formação em ensino superior público, com formação de recursos huma nos altamente qualificados SAÚDE E BEM-ESTAR


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BLUEPHARMA COLOCA COIMBRA “NO M Investimento Desde a sua fundação, há 20 anos, a farmacêutica tem crescido de forma sustentada, estando hoje com vários projectos em desenvolvimento levando o nome de Coimbra a diferentes geografias do planeta Quando falamos em Coimbra “como uma região de excelência na área da saúde”, a Bluepharma é uma empresa de referência incontornável, uma vez que, no sector em que se insere, tem levado o nome de Coimbra de Norte a Sul do país e além fronteiras. Para isso, muito tem contribuído o trabalho desenvolvido, todos os dias e ao longo dos últimos anos, «colocando Coimbra no mapa». Porque, garante Paulo Barradas Rebelo, presidente do Conselho de Administração da farmacêutica, «não basta ter slogans e não basta dizer que se faz. Há que trabalhar todos os dias e é isso que nós fazemos, contribuindo para a afirmação de Coimbra como uma cidade boa para se fazer boa saúde e boa indústria farmacêutica». Além da Universidade de Coimbra (UC) - com quem a Bluepharma tem uma relação de grande proximidade, afirmando-se como uma empresa escola - e grandes hospitais, a cidade e a região têm na área farmacêutica um conjunto de empresas que se têm vindo a afirmar, «contribuindo para um sector que se desenvolve de forma muito saudável». Na sua génese, a farmacêutica com sede em S. Martinho do Bispo, procurou contribuir para um país e um mundo melhor, identificando, por um lado, as dificuldades dos portugueses em adquirirem os seus medicamentos e, por outro lado, o esforço permanente do Estado para cumprir com as suas obrigações. Assim, «fomos à raiz do problema e como os medicamentos eram de facto muito caros percebemos, desde muito cedo, que era possível fazer qualidade a baixo custo. E portanto a nossa entrada no mercado obedeceu a esta lógica: ir ao encontro das necessidades da população portuguesa e do Estado, que somos todos nós» lembra. O sector dos medicamentos genéricos permitiu, assim, e de acordo com o responsável, um conjunto de vantagens para Portugal: por um lado, a democratização do consumo de medicamentos, com os preços a apresentarem hoje uma redução «de 100 para 10, cerca de 90%, com os medicamentos genéricos a serem muitíssimo mais baratos e acessíveis que os originais». Neste sentido, recorda, o sector da indústria farmacêutica contribuiu para uma poupança ao Estado «de mil milhões de euros ao ano desde que a Troika esteve em

Com sede em S. Martinho do Bispo, a farmacêutica procura, desde a sua génese, contribuir para um país e um mundo melhor

Portugal,contribuindo muito para a sociedade». Por outro lado, a empresa tinha como ambição ser exportadora, contribuindo para um país mais equilibrado, exportando mais e evitando a importação de medicamentos. Desta forma, a Bluepharma foi crescendo de forma sustentada, vendendo e empregando mais. «O emprego também era para nós algo de muito importante e penso que também aí temos cumprido porque em 20 anos passamos de 58 pessoas para 750. A Bluepharma é hoje um grupo de 20 empresas, com 750 pessoas a trabalhar. Sinal de que os medicamentos genéricos têm estas vantagens de democratizar o consumo ao doente, de fazer poupar dinheiro ao Estado, de empregar gente e de criar valor», enumera. Alcançado este propósito, criação de valor e de equipas, a Bluepharma alimentava ainda a ambição de ser, não só uma empresa de produção de medicamentos genéricos, mas também uma empresa dedicada à investigação e ao desenvolvimento, contribuindo para o cluster da saúde em Coimbra. Nesta vertente, tem vindo a desenvolver um con-

junto de investigações não só dentro da Bluepharma mas também aproveitando o conhecimento que se faz na UC através de parcerias entre as duas entidades. Paulo Rebelo Barradas é da opinião de que «esta relação entre o conhecimento que é feito nas universidades e a ponte para as empresas é determinante para o sucesso dos países e das economias» e por isso, desde muito cedo, a Bluepharma ligou-se à UC, de quem é hoje um parceiro muito importante. A Bluepharma está, assim, a fazer o seu percurso nesta área da investigação e desenvolvimento. É um caminho «longo, difícil mas que vale a pena ser percorrido». Neste momento, «já temos um medicamento na área do cancro a ser testado em seres humanos. É difícil chegar até esta fase e nós já o estamos a fazer», sublinha. Também está em desenvolvimento um medicamento para a Covid-19. «Estamos no início de um processo que pode levar anos porque na indústria farmacêutica nada é imediato», refere, ressalvando a excepção das vacinas que foram criadas para combate ao SARS-CoV-2. «É um exemplo muito promissor porque utilizaram to-

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das as ferramentas disponíveis e articularam, numa parceria muito sólida com as autoridades e com toda a cadeia de valor das vacinas, e num ano conseguiram trazer ao mercado um medicamento de qualidade, seguro e eficaz». Com a sua responsabilidade, cuidado e conhecimento, a farmacêutica não podia deixar de dar o seu contributo «numa pandemia que nos está a afectar a todos». Assim contribui para a possibilidade de vir a existir um medicamento para tratamento, que minimize os efeitos e que evite, ou diminua significativamente os internamentos hospitalares. Por tudo isto, Paulo Barradas Rebelo julga estarem cumpridos, nestas duas décadas de existência da farmacêutica, os seus desígnios: ser uma empresa próxima da população e do Estado, fortemente exportadora, e que desenvolve investigação. «Somos uma empresa que exporta 90% do que faz e essa exposição ao mercado internacional dános uma credibilidade muito grande porque exportamos para praticamente todos os países europeus, nomeadamente para os mais ricos e sofisticados,


Bluepharma 57

O MAPA” exportamos também para a Austrália, EUA, Médio Oriente, África e América Latina», refere. Desta forma, a Bluepharma, e Coimbra, estão presentes em todas estas geografias.

Projectos em curso No âmbito do “Bluepharma Acelera 2030”, e com um investimento total de 50 milhões de euros, a farmacêutica está a remodelar a fábrica em S. Martinho do Bispo, expandindo-a em todas as suas vertentes, com a criação, por exemplo, no Centro de Investigação e Desenvolvimento de um novo laboratório que já está em pleno funcionamento. As novas instalações que estão a nascer em Eiras são o segundo projecto idealizado no âmbito do “Acelera 2030”. Neste novo edifício, serão desenvolvidas moléculas de alta actividade terapêutica, representando na sua maioria, medicamentos para o cancro (95%). «São medicamentos complexos e diferenciados. Temos vindo a desenvolver cada vez medicamentos mais difíceis onde há menos competição e onde há maior valor», su-

blinha o presidente do Conselho de Administração da Bluepharma. Esta nova unidade, que se vai chamar ONConcept, vai ser no fundo «uma fábrica muito orientada para estas áreas do cancro. É uma unidade de ponta e as obras ainda estão a decorrer» esperando-se que, até ao final deste ano, estejam concluídas. Por sua vez, o Bluepharma Park é um investimento para 10 anos a rondar os 150 milhões de euros. Para este espaço, já deu entrada na Câmara Municipal de Coimbra o pedido do licenciamento das obras da plataforma logística. Será o primeiro espaço a ser construído, face às necessidades da empresa, seguindo-se, quase de imediato, a criação da zona de embalagem, intervenção que deverá avançar também em breve face à falta de espaço em S. Martinho do Bispo. Para a área de 35 mil metros quadrados de telhado – uma das maiores superfícies cobertas em Coimbra - a Bluepharma tem ainda projectado, dentro de quatro anos, a instalação de uma fábrica de injectáveis complexos. Dedicada ao fabrico de formas sólidas de medicamentos, a farmacêutica tem estado, desde há cinco anos para cá, a desenvolver injectáveis complexos. «São produtos de grande valor acrescentado, di-

“Somos uma empresa que exporta 90% do que faz e essa exposição ao mercado internacional dá-nos uma credibilidade muito grande”

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Paulo Barradas Rebelo, presidente do CA da Bluepharma

fíceis, mas temos pessoas a trabalhar já com forte conhecimento nestas áreas. A fábrica será para acomodar esses desenvolvimentos que estamos a fazer. Se surgir a oportunidade de virmos a colaborar na área das vacinas, tenho dito que estamos bem preparados para o poder fazer mas também dizemos sempre que não é uma coisa imediata. Licenciar, construir uma unidade, definir o projecto, adquirir os equipamentos, criar equipas, formá-las, começar a produzir, nunca antes de quatro anos para que isso venha a acontecer», explica. Para o espaço restante do Parque que vai nascer em Cernache, a Bluepharma pretende atrair parceiros, «pequenas empresas que queiram estar connosco e que podem contar com o nosso knowhow como suporte, ou grandes empresas que se sintam confortáveis no Parque, com acesso a mão-de-obra qualificada». Coimbra, diz, «tem-nos dado uma vantagem competitiva muito grande porque tem mão-de-obra muito boa. A indústria farmacêutica é uma área em que as pessoas contam e são o principal activo. Temos pessoas muito bem preparadas e estamos a desenvolvernos porque temos exactamente essas competências e essa credibilidade».


58 Plural – Serviços Multipharma

Desde 2017, a Plural tem novo edifício e novo armazém em Coimbra

EMPRESA DE CAPITAL 100% PORTUGUÊS COM MAIOR REPRESENTATIVIDADE EM TODOS OS DISTRITOS Cooperativo A Plural actua junto de 1.500 farmácias nacionais, representando cerca de 50% das farmácias cooperadoras em Portugal Com sede em Coimbra, e presença de Norte a Sul, do Litoral ao Interior, incluindo a Região Autónoma da Madeira, a Plural – Serviços Multipharma é hoje uma das principais empresas de distribuição de medicamentos por grosso do país, com capital 100% português. Desde a sua génese, a empresa, que iniciou actividade como Farbeira, desenvolveu algumas estratégias de consolidação com outras cooperativas, primeiro com a Cofarbel (Coimbra) e Farcentro (Covilhã), e mais recentemente com a Udifar (Lisboa), assumindo, desde o início deste ano, uma nova identidade corporativa (Plural+Udifar). Volvidos 46 anos de existência, a Plural (denominação que assumiu em 2008), congrega em si a história de cinco

das sete cooperativas nacionais (além dessas cinco, uma tem sede no Porto e outra cessou actividade há cerca de três anos). Com esta matriz cooperativa e de economia social, na área de distribuição por grosso de medicamentos, são assim duas as empresas que se mantêm no activo, sublinha Miguel Silvestre, referindo ainda que «os dois primeiros líderes de mercado são grandes empresas de distribuição americanas» e com as quais a Plural anda «ombro a ombro, com a mesma competitividade e competência no que diz respeito à capacidade instalada e àquilo que oferecemos aos nossos clientes». Manifestando orgulho do caminho trilhado até ao dia de hoje, «de muito trabalho e crescimento consolidado», o

presidente do Conselho de Administração enaltece o facto da Plural actuar junto de 1.500 farmácias nacionais, representando cerca de 50% das farmácias cooperadoras em Portugal. Por isso, «esta equipa está muito satisfeita pelo que tem feito não só no que diz respeito à afirmação na nossa actividade, em termos nacionais», mas também pelo facto da Plural ter, desde 2017, novo edifício e armazém sede em Coimbra, tendo contribuído na recuperação de imóvel histórico na cidade. « Juntamos o melhor de dois mundos: responder à nossa necessidade ao mesmo tempo que conseguimos recuperar um espaço que representa um marco para os conimbricenses e para a região», explica. O espírito é, portanto, de satisfação

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por uma empresa, com sede em Coimbra, se afirmar como a primeira e maior empresa de capital 100% português nesta área da distribuição, com expressão desde Vila Real de Santo António a Vila Real de Trás-os-Montes incluindo uma plataforma na Região Autónoma da Madeira, desde 2019, através de uma parceria local. «Posso dizer que quando iniciamos este projecto éramos (Farbeira, Cofarbel e Farcentro) os três operadores mais pequenos do mercado e estoicamente conseguimos resistir, sendo muito consistentes na nossa estratégia, e inflexíveis naquilo que traçamos como sendo as premissas para manter a estrutura do ponto de vista económico-financeiro perfeitamente equilibrada. Julgamos ser um bom exemplo daquilo que podemos fazer e da nossa capacidade de criar valor, na cidade e na região, e de fazer as coisas bem. Com 350 trabalhadores, é objectivo da Plural, para o futuro, consolidar o trabalho e o investimento feitos nestes últimos anos. «Desde 2016 e até agora, investimos quase 25 milhões de euros não só na construção e transferência para a moderníssima plataforma logística e actual sede da Plural, bem como na aquisição dos activos da Udifar», descreve Miguel Silvestre. Fruto disso, continua o responsável, em 2020 «tivemos um crescimento de cerca de 25% do volume de negócios», com os resultados do ano a serem idênticos aos de 2019, porque, explica, «foi um ano de grandes investimentos, fortes amortizações e investimentos na preparação da junção destas duas realidades (integração da Udifar na Plural)». Depois de toda a actividade perfeitamente alinhada e com todas as optimizações possíveis num processo desta natureza, «os próximos anos seguramente serão muito mais rentáveis em termos de resultados e serão de consolidação dos investimentos com o objectivo de continuar a crescer e a ganhar escala». Nesta vertente, refere Miguel Silvestre, a Plural tem pela frente um «caminho de crescimento orgânico fruto da junção da Udifar à Plural» e que passa pela optimização do potencial das farmácias que eram cooperadoras da Udifar.

De Farbeira a Plural+Udifar No ano transacto, a cooperativa, que teve a sua génese nesta cidade em 1974, comemorou 46 anos de existência e durante os primeiros anos de actividade fez o seu percurso de forma individual, há altura com o nome de Farbeira. Mais tarde, em 2006, desenvolveu a primeira estratégia de consolidação com outras


Plural – Serviços Multipharma 59

duas cooperativas com sede na zona Centro. Nessa altura, com a globalização e instalação em Portugal de empresas internacionais e multinacionais na área da distribuição farmacêutica «percebemos que tínhamos de garantir massa crítica e criar dimensão para estarmos preparados para os tempos vindouros», lembra Miguel Silvestre, presidente do Conselho de Administração. Desde essa data, e com a fusão das três cooperativas, a empresa “viajou”, numa fase inicial, e durante dois anos, com o nome que agregava a história das três cooperativas: Farbeira, Cofarbel e Farcentro. Uma vez assimilada pelos cooperadores e pelo cliente interno esta junção, surge a designação social que a empresa mantém até hoje: Plural. «Um nome que identificamos como muito feliz porque traduz a pluralidade de empresas, de ideias, corporizando a forma como vemos o sector e como olhamos para o mercado de distribuição grossista em termos cooperativos», afirma o responsável. Com a mudança de nome e toda a reestruturação inerente, a empresa torna-se mais jovem na sua comunicação e, desde então, a sua estratégia de acção ganhou outra dimensão, passando de uma empresa de âmbito regional,

uma vez que actuava basicamente nos distrito da região Centro, para passar a actuar também no mercado nacional. Estava assim dado o primeiro passo no processo de expansão da Plural. «Abrimos plataformas logísticas no Algarve, Lisboa, Maia (primeiro na Feira), e em 2019 chegamos à Região Autónoma da Madeira» e desta forma «deixamos de ser uma empresa regional para sermos uma empresa de âmbito nacional», garante o presidente do Conselho de Administração. Desde Fevereiro deste ano, a Plural concretizou um processo que teve início em 2019, ficando o ano de 2020 marcado «na nossa história global pela Covid mas na história particular da Plural como o ano de desenvolvimento deste projecto. A Udifar, que chegou a ser em tempos a maior cooperativa de distribuição portuguesa, entrou num processo de reestruturação e revitalização no qual a Plural, para preservar o seu DNA e aquilo que ela representa, do ponto de vista histórico, para as farmácias em Portugal, decidiu investir, «com a aquisição dos seus principais activos e daqueles que acrescentam valor à nossa actividade, nomeadamente a infraestrutura do Cacém. É um armazém, em

Plural está hoje dotada “de infraestruturas do mais moderno que existe em termos de automação e sistemas tecnológicos”

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Miguel Silvestre, presidente do CA da Plural

termos de área, com capacidade superior e um potencial enorme, e por isso mudamos o nosso armazém do Montijo, que funcionou até Abril de 2020, para o Cacém», explica. No fundo, «incorporamos tudo o que diz respeito à actividade logística da Udifar, a história, o seu património material e imaterial no que diz respeito à distribuição por grosso de medicamentos». De recordar que a Udifar era, por si só, o reflexo da união de duas cooperativas a Sul: a Codifar e a União dos Farmacêuticos, a mais antiga cooperativa portuguesa e que data dos anos 30. Com esta aquisição por parte da Plural, passa a estar unida, na empresa de Coimbra, a história de cinco cooperativas portuguesas, «com uma capacidade instalada que nos permite pensar e garantir o futuro nos próximos 20 anos». Sempre atenta à evolução e necessidades do mercado, a Plural está hoje dotada «de infraestruturas do mais moderno que existe em termos de automação e sistemas tecnológicos». Por isso, assume-se como «um empresa extremamente moderna, versátil, dinâmica, numa perspectiva também comercial, e muito preparada», enaltece Miguel Silvestre.


60 Proquifa

QUALIDADE É UMA DAS BANDEIRAS DA PROQUIFA Distribuição A Proquifa dedica-se, há 33 anos, à distribuição por grosso de medicamentos de uso humano, desde o seu armazém, em Coimbra, para toda a região Centro

aos objectivos inicialmente propostos. «Ao longo dos anos procuramos que a empresa tivesse um crescimento sustentado, e tem sido um pouco essa a nossa trajectória, privilegiando o resultado da empresa, sem sair desta nossa área de trabalho que é a zona Centro. É um trabalho que queremos consolidar», afirma, explicando ainda que a Proquifa também chega a outras zonas do país mas aqui a entrega não é feita directamente pelo profissionais da Proquifa mas sim por transportadora. A qualidade, eficiência e prestação de um bom serviço ao cliente são uma preocupação constante da gerência e de toda a equipa, contribuindo para fomentar a confiança dos clientes na Proquifa. «Temos clientes de longa data e a sua fidelização traduz a qualidade do serviço prestado. É um orgulho muito grande para nós», explica o sócio-gerente. «Como somos uma empresa de pequena dimensão, procuramos que a qualidade seja uma das nossas bandeiras», acrescenta Luís Monteiro.

Proquifa possui uma equipa de mais de duas dezenas de profissionais que garantem que o serviço é prestado com qualidade e eficiência Empresa de distribuição farmacêutica, com sede em Coimbra, foi fundada em 1988

Com o objectivo de dar apoio às farmácias da zona Centro, fornecendo-lhes medicamentos, a Proquifa - Sociedade Químico Farmacêutica do Centro nasceu em Fevereiro de 1988, em Coimbra, pela mão dos irmãos, e sócios-gerentes da empresa, Luís Monteiro e João Monteiro. Dedicada, desde sempre, à distribuição de medicamentos de uso humano por grosso, em exclusivo e directamente nas farmácias da região, a Proquifa possui uma equipa de mais de duas dezenas de profissionais que garantem que o serviço é prestado com qualidade e eficiência, desde a organização, no armazém, dos medicamentos à posterior distribuição junto das farmácias que diariamente realizam as respectivas encomendas. «Os pedidos são executados e entregues em duas ou três rotas ao longo do dia», explica Luís Monteiro, acrescentando que «provavelmente, mais de 90% dos medicamentos que as farmácias comercializam são adquiridos através desta via, dos armazéns de medicamentos por grosso. As compras directas que são feitas aos laboratórios pelas farmácias têm um significado muito pequeno, não chegando aos 5%».

Inicialmente instalada na Estrada Logo de Deus, rapidamente surgiu a necessidade de mudar de instalações, dotando a empresa de um espaço que respondesse à qualidade que era exigida, nomeadamente pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde no que diz respeito à temperatura de conservação dos medicamentos. Assim, e desde há 10 anos, a Proquifa está instalada na Rua Vale do Paraíso, beneficiando de um grande incremento em termos de área e de conforto. «O espaço quadruplicou e respondemos às exigências do Infarmed. Temos instalações e frota próprias, facto que também nos dá alguma tranquilidade em termos de futuro», refere Luís Monteiro, frisando que «o espaço está bem concebido e, por isso, para os próximos tempos, a Proquifa

reúne boas condições para a função de distribuição e armazenamento de medicamentos». Com o aumento do espaço de armazém, a Proquifa aumentou também o stock de medicamentos. Desta forma consegue manter uma margem de segurança nos produtos que lhe é permitido. «Gostaríamos de ter mais, nomeadamente os chamados rateados mas os laboratórios não fornecem. Os armazéns (de um modo geral) sentem-se prejudicados neste aspecto porque não podem adquirir as quantidades que pretendem porque são atribuídas por quotas de mercado», explica o sócio-gerente.

Crescimento sustentado da empresa

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Nos seus 33 anos de existência, e de acordo com Luís Monteiro, a Proquifa tem respondido

Luís Monteiro, sócio-gerente da Proquifa

De referir ainda que, em termos de distinções, a empresa é PME Excelência (cerca de cinco anos consecutivos) e tem-se mantido como PME Líder, reflectindo a estabilidade financeira da empresa e a sua credibilidade junto da banca que «felizmente tem sido boa». Por tudo isto, os responsáveis sentem-se gratos pela confiança depositada por clientes e diversas entidades ao longo dos anos, auspiciando que assim continue. «Continuaremos a fazer o nosso melhor no dia-a-dia, e sempre que for possível. Melhorar é uma das palavras que faz parte do nosso vocabulário», assevera. Luís Monteiro conclui dizendo que Coimbra é, de facto, uma referência não só nacional como internacional em três áreas fundamentais – conhecimento, saúde e construção civil – apresentando-se a Universidade e o Hospital como os grandes motores de projecção de Coimbra no mundo. Assim, e no que à saúde diz respeito, «temos toda a legitimidade para dizer que somos um pouco melhor que os outros», afirma. Em toda esta dinâmica, a Proquifa desempenha o seu papel orgulhando-se de também fornecer medicamentos aos Hospitais da Universidade.


Empifarma 61

Cobrindo todo o território nacional, a empresa de Montemor-o-Velho é hoje o quinto maior operador em Portugal

EMPIFARMA: EMPRESA DE EXCELÊNCIA NA DISTRIBUIÇÃO FARMACÊUTICA EM PORTUGAL Inovação Crescimento constante e consolidado com forte aposta na tecnologia e automação tem caracterizado o percurso da empresa nos seus 23 anos de existência Com 23 anos de existência, a Empifarma tem vindo a «viver diferentes vidas» desde o início da sua actividade. Aquando da sua fundação, em 1998, a administração definiu como objectivo principal para a empresa alcançar «a excelência na distribuição farmacêutica no mercado ambulatório em Portugal, focada na qualidade, inovação e eficiência», tendo como fim último «a criação de valor ao nosso negócio, aos nossos clientes e parceiros». Em 2014, a empresa iniciou o grande desafio de entrar no mercado de distribuição ao canal Farmácia em Portugal e «o crescimento constante e consolidado ao longo dos últimos sete anos é a prova de que estamos a conseguir, não só alcançar, mas superar os objectivos definidos, com um vigor que até a nós nos surpreendeu» realça a administração. Nesse ano, continua, «entrámos num mercado já muito consolidado, bastante maduro e competitivo. A nossa abordagem foi totalmente disruptiva, com uma

forte componente de inovação tecnológica que teve uma grande adesão da Indústria Farmacêutica e, consequentemente, da Farmácia. O facto de acreditarem em nós, permitiu-nos crescer e arrojar mais, investindo ao longo destes últimos sete anos mais de 10 milhões de euros em tecnologia, automação e na abertura em 2020 de uma nova unidade de distribuição na Área Metropolitana de Lisboa». Neste sentido, cresceu mais de 300% em vendas, atingindo, no ano transacto, 197 milhões de euros. Em 2021, apesar da contracção sentida no mercado, a empresa espera superar os 205 milhões de euros de facturação. De referir que este ano a empresa de Montemor-oVelho já atingiu «uma quota de mercado de 8,6% em valor e 9,75% em unidades» e é actualmente «o 5.º maior operador em Portugal». Recordamos que a Empifarma actua exclusivamente no mercado nacional, «sendo hoje uma plataforma de refe-

rência» na ligação entre a Indústria Farmacêutica e a Farmácia. «A nossa acção assenta numa operação logística e de distribuição ultra eficiente, com elevado nível de automação, e no desenvolvimento de soluções tecnológicas que disponibilizamos a montante (Indústria Farmacêutica) e a jusante (Farmácia)», explica a empresa. Desta forma diariamente são processadas 300 mil embalagens de produtos farmacêuticos, servindo diariamente mais de duas mil farmácias, cobrindo todo território português, em grande parte com duas entregas por dia. Com mais de 160 colaboradores e duas unidades de distribuição automatizadas, com uma área coberta conjunta superior a 12.000 metros quadrados, situadas em Montemor-o-Velho e na Área Metropolitana de Lisboa, a Empifarma continua de olhos postos no futuro, com a missão de manter a criação valor para a sua actividade, para os clientes e parceiros. Assim, e já em 2021, a empresa

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prevê dar início a mais um grande investimento em automação e inovação tecnológica, que se concretizará até ao final de 2022. Esta aposta irá permitir à Empifarma estender a sua acção a outros segmentos de mercado. «O nosso desafio permanente é ter a capacidade de nos reinventarmos, de sermos inovadores e perseguirmos a eficiência. Só assim, tem sido possível diferenciarmo-nos e gerar valor para as Farmácias e para a Indústria Farmacêutica, que acredita em nós e nos tem permitido investir», conclui a administração.

Diariamente são processadas 300 mil embalagens de produtos farmacêuticos, servindo diariamente mais de duas mil farmácias


62 Cuidados Continuados

REDE DE CUIDADOS CONTINUADOS TÊM VINDO A CRESCER NA REGIÃO Saúde e Segurança Social Rede que nasce da articulação de duas tutelas já assegura 2.649 camas de internamento na região Centro Um doente com alta hospitalar mas que ainda não tem condições para regressar a casa; um utente que foi operado e precisa de convalescer, com algum tipo de cuidados de saúde; um doente crónico dependente, cuja família cuidadora precisa de descansar por uns tempos; ou uma pessoa com doença incurável em estado avançado e em fase sinal de vida. Nestas e em outras situações, são não só solicitadas respostas à Saúde como também à Segurança Social, numa estreita articulação que foi definida pela Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI). Criada em 2006, esta rede “tecida” por instituições públicas e privadas, de saúde

e de apoio social, arrancou com um projecto-piloto na região Centro, com 373 camas, e foi estendendo a sua abrangência no território. Tem vindo a crescer de ano para ano e só no final do mês passado aumentou a sua capacidade em mais 51 camas, elevando para 2.649 o total de camas em funcionamento. A nível nacional, a RNCCI garante hoje resposta a cerca de 15.500 pessoas, 9.621 das quais em internamento, 5.725 no domicílio e 205 em ambulatório (dados de finais de Março na página da Administração Central do Sistema de Saúde). Segue «um modelo organizacional inovador, assente no desenvolvimento de trabalho em parceria estabelecida entre

 Números

2.649 89%

camas de internamento na região

taxa de ocupação em 2020 no Centro

15.551 respostas na RNCCI a nível nacional

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os ministérios da Saúde e da Segurança Social, para a prestação de cuidados continuados integrados a pessoas que, independentemente da idade, se encontrem em situação de dependência». A prestação de cuidados continuados de saúde e de apoio social é assegurada através das unidades de internamento, unidades de ambulatório, equipas hospitalares e equipas domiciliárias. As intervenções sequenciais, decorrentes de uma avaliação conjunta, centram-se na «recuperação global entendida como o processo terapêutico e de apoio social, activo e contínuo, que visa promover a autonomia e melhorar a funcionalidade da pessoa em situação de dependência, através da sua reabilitação, readaptação e reinserção familiar e social».

Quem encaminha e para onde? O encaminhamento do doente para unidades da RNCCI compete a equipas de gestão de altas – compostas por médico, enfermeiro e assistente social criadas nos hospitais e nos centros de saúde. O objectivo é que o doente não fique desacompanhado aquando da sua alta hospitalar, continuando a ser devidamente assistido, cuidado e acarinhado


Cuidados Continuados 63

no seu processo de recuperação da saúde e do bem-estar. Dentro da RNCCI e no que toca a unidades de internamento, as unidades de convalescença são destinadas a doentes dependentes por perda transitória de autonomia (até 30 dias); as unidades de média duração e reabilitação para doentes com uma doença de base aguda ou crónica, que se encontrem em fase de recuperação, necessitem de continuação do tratamento ou de supervisão clínica continuada (até 90 dias); as unidades de longa duração e manutenção para pessoas com doenças ou processos crónicos que apresentam diferentes níveis de dependência e diversos graus de complexidade clínica e que não podem ser atendidas no domicílio por falta de apoio social, dificuldades de apoio familiar ou descanso familiar (desejavelmente até180 dias); existindo ainda o descanso de cuidador, dando a possibilidade de internar o doente que está a ser cuidado por período até 90 dias por ano numa unidade de longa duração e manutenção. Porque a actividade não se esgota no internamento, existem ainda as equipas de cuidados continuados integrados: equipas multidisciplinares, da responsabilidade dos cuidados de saúde pri-

IPSS, misericórdias e privados integram rede que já disponibiliza mais de 2.600 camas na região

mários, para prestação de serviços domiciliários a pessoas em situação de dependência funcional, doença terminal, ou processo de convalescença cuja situação não requer internamento, mas que não podem deslocar-se do domicílio. A RNCCI visa potenciar os recursos locais e apoiar a criação de serviços de proximidade, bem como promover a dis-

tribuição equitativa das respostas a nível territorial. Na região Centro, nomeadamente nas zonas do interior, fortemente envelhecidas, este tem sido um desafio acrescido e a que a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) tem procurado responder com o aumento de acordos estabelecidos com diferentes instituições. No último “reforço” efectuado, o au-

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mento de camas verificou-se no distrito de Aveiro, com a Residências Montepio, Serviços de Saúde SA, em Albergaria-aVelha, a acrescentar 10 camas de cuidados de convalescença (total 90 camas); no distrito de Coimbra, com o Centro Cívico Polivalente “O Emigrante” Camarneira, a criar mais nove camas de longa duração e manutenção (total 30 camas) e a Fundação ADFP, Miranda do Corvo, a abrir 12 lugares em cuidados continuados integrados de Saúde Mental; e no distrito de Leiria com a Santa Casa da Misericórdia da Marinha Grande, a acrescentar 20 camas de longa duração e manutenção (total 51 camas). As taxas de ocupação da RNCCI na região Centro nas tipologias de internamento de convalescença, média e longa duração situaram-se nos 89% no ano de 2020. Já no primeiro trimestre deste ano, a ocupação rondou os 88%. A ARSC lembra que os cuidados continuados «promovem a continuidade de cuidados de forma integrada a pessoas em situação de dependência e com perda de autonomia e, por isso, estão centrados na recuperação global da pessoa, promovendo a sua autonomia e melhorando a sua funcionalidade, no âmbito da situação de dependência em que se encontra».


64 Análises Clínicas - Laboratórios

Task-force enaltece boa capacidade de testagem O coordenador da task-force para a promoção do Plano de Operacionalização da Estratégia de Testagem em Portugal, Fernando Almeida, considera que Portugal tem uma boa capacidade de testagem. No dia 21 de Abril, ouvido pelos deputados da Comissão de Saúde, o médico de Coimbra e presidente do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge contava 160 laboratórios, entre sector público e privado, com capacidade laboratorial de PCR [técnica padrão para testes à Covid-19], espalhados por todo o país, além de 600 entidades autorizadas a fazer testes rápidos de antigénio e outras quatro entidades autorizadas a disponibilizar autotestes. «Começamos há um ano com apenas um laboratório, o Instituto Nacional de Saúde,

e já conseguimos que pelo menos 160 laboratórios tivessem capacidade laboratorial de PCR. Temos essa capacidade espalhada por todo o país. Todo o sector público tem essa capacidade instalada - houve até um investimento de 8,4 milhões de euros na melhoria da capacitação de testagem», referiu Fernando Almeida aos deputados. Entre os 160 laboratórios estão, segundo o presidente do Instituto Ricardo Jorge, 26 instituições ligadas às universidades - a Universidade de Coimbra é uma delas - e 86 entidades privadas. Numa estratégia massiva, Portugal está agora a intervir em três eixos: testagem dirigida, programada e generalizada.

Grandes laboratórios foram os primeiros a oferecer capacidade para testar Covid, mas todos tiveram papel acre Fernando Almeida, presidente do Instituto Ricardo Jorge

ANO DESAFIANTE PARA OS LABORATÓR ANÁLISES CLÍNICAS Análises clínicas Primeiro os grandes grupos, depois os laboratórios de proximidade, muniram-se do equipamento necessário para testagem da Covid-19 Quando, em Março do ano passado, a pandemia de Covid-19 chegou a Portugal, as análises foram centralizadas no Instituto Nacional de Saúde (INSA) Doutor Ricardo Jorge. Inicialmente, eram poucos os laboratórios preparados para analisar amostras e detectar o SARS-CoV-2. Numa operação coordenada pela Direcção-Geral de Saúde e o INSA, laboratório nacional de referência, os laboratórios dos hospitais e, no sector privado, os grandes grupos laboratoriais - seguidos, meses mais tarde, de alguns laboratórios de proximidade muniram-se do equipamento, conhecimento e organização necessários para o que estava para vir. No final daquele primeiro mês, Portugal tinha pouco mais de dois mil testes à Covid-19 realizados. Em Abril deste ano atingimos já os 10 milhões

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de testes, reflexo de um extraordinário aumento da capacidade de testagem e de um esforço concertado de laboratórios de análises, públicos e privados. «Foi sem dúvida um ano muito desafiante, mas os laboratórios responderam, ao início com dificuldade, mas nunca deixaram de fazer o seu trabalho habitual - as análises de rotina, as colheitas ao domicílio, ir aos lares - e também o relacionado com os testes Covid-19. Orgulhamo-nos muito de ter participado deste esforço conjunto e continuaremos a colaborar», declara Jorge Nunes Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Analistas Clínicos (APAC), que tem cerca de 70 laboratórios associados (dos 80 e tal existentes), espalhados de Norte a Sul do país. O responsável da APAC, que representa essencialmente laboratórios de proximidade, admite que, numa fase inicial, foram naturalmente os grandes grupos laboratoriais - Germano de Sousa, Synlab, Unilabs, mas também os Laboratórios Beatriz Godinho, Luísa Frazão, na nossa


Análises Clínicas - Laboratórios 65

 Números

160 laboratórios asseguram testes PCR em todo o país

26 são instituições ligadas a universidades e 86 são privados

27 laboratórios têm convenção com a ARSC para testes Covid (privados e UC)

116 116 postos de colheita covid disponíveis na região Centro

pel acrescido, na pandemia e no controlo de outras doenças

ÓRIOS DE S região, entre outros - que se posicionaram para fazer os testes PCR. Mas, a pouco e pouco outros também começaram a investir nos equipamentos necessários. Recorde-se que os testes Covid-19 são feitos mediante referenciação do médico de família, da linha SNS 24 ou da Saúde Pública, com os utentes a receberem a respectiva requisição e a agendar o teste no laboratório que escolherem. Na nossa região, a Administração Regional de Saúde do Centro tem convenção para testes Covid com 27 laboratórios (privados e Universidade de Coimbra), que no total têm 166 postos de colheita Covid disponíveis. Além dos testes de detecção da Covid-19, os chamados testes PCR, existem os testes antigénio (de detecção rápida) e os testes de anticorpos, que permitem através de análise ao sangue perceber se existe imunidade ao coronavírus. A redução de actividade nos centros de saúde baixou a prescrição de outro tipo de análises, o que levou a uma quebra da actividade destes laboratórios em 30 a 40% logo em Março e Abril do ano passado,

entretanto recuperada, com a retoma de consultas. «Mas os laboratórios de proximidade mantiveram sempre as suas portas abertas, garantindo os domicílios e as análises de rotina essenciais por exemplo para doentes crónicos ou para grávidas de fora dos grandes centros urbanos», refere Nunes Oliveira. O presidente da APAC sublinha ainda que os laboratórios de análises clínicas estão hoje a participar na testagem realizada junto das escolas e jardins de infância e a colaborar com o INSA no envio de amostras para a realização de mais um estudo epidemiológico da Covid-19. Adriana Brito, directora técnica de um laboratório de análises clínicas situado em Coimbra, o Actualab, confirma que o último ano foi de muito trabalho, com uma necessidade constante de acompanhar a informação sobre a pandemia. «Tentámos sempre responder à necessidade de outras análises, já que no nosso caso não tínhamos por missão fazer Covid. Agora estamos a participar na testagem das escolas», referiu a farmacêutica ao nosso jornal, precisamente no dia em que o país atingiu o número recorde de testes à covid-19: mais de 94 mil testes, segundo divulgou o secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales. Reajustando os meios técnicos e recursos humanos, «os laboratórios mostraram uma grande capacidade de organização e a resposta foi total», reparou a directora do laboratório, que é membro da Secção Regional do Centro da Ordem dos Farmacêuticos. SAÚDE E BEM-ESTAR


66 Análises Clínicas - Laboratórios

Parceria para a sequenciação do genoma do SARS-CoV-2 Análises Clínicas Laboratório da UC é parceiro do Instituto Ricardo Jorge e vai cooperar na vigilância e no estudo nacional de novas variantes da Covid-19

UC na primeira linha a testar e a analisar

A Universidade de Coimbra (UC) e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) celebraram recentemente um protocolo de parceria que contempla a integração e o desenvolvimento do Laboratório de Análises Clínicas da UC como Laboratório Parceiro do INSA e um acordo para a execução específica da sequenciação do genoma do SARS-CoV-2 pela UC. A sequenciação de um maior número de amostras do SARS-CoV-2 é um imperativo nacional, para responder às orientações do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, perante a emergência de novas variantes da Covid-19, com o objectivo não só de avaliar a representação destas variantes, mas também para vigiar o aparecimento de outras. O protocolo celebrado tem como objecto a investigação, a formação avançada e a realização de ensaios laboratoriais em projectos nas áreas de epidemiologia,

do genoma do vírus SARS-CoV-2, que será realizado pela UC Genomics, a UC vai colaborar na vigilância realizada pelo INSA, a nível nacional. As amostras a estudar, de RNA já extraído, são seleccionadas e colhidas pelo INSA, em Lisboa, e depois processadas na UC Genomics, através de grupos de 96 amostras, cujos resultados obtidos são posteriormente enviados para tratamento do INSA.

Laboratório da UC está desde o início da pandemia a prestar serviços à comunidade

doenças infecciosas, genética, biossegurança, promoção da saúde e prevenção de doenças não transmissíveis, saúde ambiental, segurança alimentar, avaliação de risco de contaminantes químicos e biológicos, assim como o diagnóstico e monitorização de outros tipos de doenças não transmissíveis, como por exemplo doenças crónicas. A parceria entre a UC e o INSA prevê ainda o desenvolvimento de equipamento e tecnologia que permita o diag-

nóstico precoce, assim como a identificação de biomarcadores e a avaliação externa da qualidade laboratorial. No âmbito do desenvolvimento do Laboratório de Análises Clínicas da UC, o INSA será responsável por prestar colaboração na oferta integrada de diversos tipos de análises clínicas nas valências de hematologia, microbiologia, endocrinologia, imunologia, bioquímica e genética. Em relação ao projecto de sequenciação

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Recorde-se que, logo no início da pandemia, a UC juntou o seu Laboratório de Análises Clínicas (na Faculdade de Medicina - Pólo I) ao esforço comum, desenvolvido pelos parceiros da região e liderado pela Administração Regional de Saúde do Centro, para diagnosticar a Covid-19, alargando progressivamente a capacidade para processar análises. O secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales, assumiu, na assinatura do protocolo entre a UC e o INSA, que os laboratórios académicos são hoje responsáveis por cerca de 10% dos testes de Covid realizados em Portugal. No que toca à sua comunidade, aproveitando recursos laboratoriais próprios, a UC promoveu rastreios aleatórios a alunos e profissionais no arranque do ano lectivo e, já no mês passado, com a retoma da actividade lectiva presencial, reforçou ainda mais essa testagem, instalando um centro de testes na Cantina das Químicas com capacidade para realizar até mil testes diários.


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