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PERIÓDICO PROFISSIONAL DE ESTÉTICA ANO II - Nº 09 - 2017
R E V I S TA
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- ORTOMOLECULAR NO EMAGRECIMENTO - HIDRATAÇÃO E REFORÇO DA BARREIRA CUTÂNEA AQUAPORINA NO PROCESSO DE HIDRATAÇÃO DA PELE - A EFICÁCIA DO MICROAGULHAMENTO E ÁCIDO GLICÓLICO NO CLAREAMENTO DO MELASMA - A EFICÁCIA DO USO DA LUZ INTENSA PULSADA NA EPILAÇÃO - ATIVOS COSMÉTICOS ASSOCIADOS A MASSAGEM DRENANTE DO FIBRO EDEMA GELÓIDE - INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS PARA O DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA ALOPECIA
TRATANDO HIPERIDROSE TOXINA BOTULÍNICA X IONTOFORESE
Estética Com Ciência | 1
ISSN 2448-4598
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Edição 09
Ano II - 2017 Publicação Profissional Dirigida 100% Brasileira
A IMPORTÂNCIA DA FOTOPROTEÇÃO EM PELES MADURAS E A RELAÇÃO DO IDOSO COM O PROTETOR SOLAR. Coluna: Andrea Forlenza – Fatores dietéticos e acne: Qual a sua relação?
A Estética com Ciência é uma publicação direcionada aos profissionais que cuidam da Saúde, Beleza e Bem Estar com segurança e responsabilidade. Conteúdo científico para estudo, reciclagem e pesquisa.
Índice
Fatores diéteticos e acne: qual a relação?
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Ortomolecular no emagrecimento
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Hidratação e reforço da barreira cutâneo aquaporina no processo de hidratação da pele
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A eficácia do microagulhamento e ácido glicólico no clareamento de melasma
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O uso da carboxiterapia no tratamento de cicatrizes hipertróficas
28
Inovações tecnológicas para o diagnóstico e tratamento de alopecia
33
A eficácia do uso da luz intensa pulsada na Epilação
38
Peeling químico – Alfahidroxiácidos – Aha’s –
43
Os cuidados estéticas na alopecia Androgenética –
46
Ativos cosméticos associados à Massagem Drenante no tratamento do fibro edema elóide –
51
A importância da fotoproteção em peles maduras e a relação do idoso com o protetor solar
58
O uso do ácido ascórbico no clareamento de melasma
65
Corrente Aussie no tratamento da fraqueza muscular abdominal associada a diástese pós parto
69
Tratando Hiperidrose: Toxina Botulínica x Iontoforese
73
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Colaboradores Desta Edição Ana Cláudia Alves Ramos Ana Cláudia Calazans da Silva Ana Laura Tavares Enes AnauylaManholer Andrea StingelinForlenza Angélica Bezerra do Nascimento Beatriz Martins Manzano Caroline BirkanHubner Cecília do Amparo Manoel
Cintia Ribeiro MunozBrazolino Débora Barbara de Souza Martins Deborah Leite Campos Diana Carla Cabral Dias Dra. Paula França Evandro Luís Padilha Fabiana Ferreira de Medeiros Fernanda Rossi Paolillo
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Gisleia Maria Santana Pereira Gleice Santos Amasilis Isabela Ribeiro Zigante Jessica Caroline Vizu Juliane Mengue Alonso Laís Fernanda Serra Neves Larissa da Cruz Ferreira Laura Nogueira Cavanhão Márcia Ribondi
Polliana Lúcio Lacerda Profa. Lilian Sanpei Profa. Lucinéia Leite Rosália Maria Lopes ThaisFeihrmann
REVIST A
E D I T O R I A L
Enfim, 2017! Caro Leitor(a), aqui se inicia centenas de oportunidades de alcançar o seu objetivo. O tão esperado 2017 chegou e com ele muitos avanços tecnológicos e muita ciência vindo por ai. Nós da Revista Estética com Ciência, trabalharemos com muito amor e com muito suor para poder te manter informados do que há de melhor nesse segmento tão maravilhoso que é a Estética. Esse ano teremos tantos eventos maravilhosos para vocês buscarem atualização de qualidade e qualificada. No decorrer do ano, você irá acompanhar, quando, onde e para qual profissional esses eventos irão acontecer. Nesta edição temos 14 artigos científicos e a inauguração da coluna da Nutricionista Andrea Forlenza, trazendo um tema fantástico: Fatores dietéticos e acnes. Qual a sua relação? Teremos também um artigo incrível sobre a importância da fotoproteção em peles maduras e a relação do idoso com o protetor solar. Quero aproveitar o ensejoe parabenizar todos os profissionais da área da estética.Janeiro é o mês de todos vocês, quero desejar união, união e união! Para que juntos conseguimos a merecida “REGULAMENTAÇÃO” e assim termos o reconhecimento que todas vocês merecem. Preparem-se que em 2017 queremos que a sua estrela brilhe ainda mais e nós faremos o possível para contribuir com o seu progresso. Um grande beijo, chegou a hora de devorar esse conteúdo magnífico, cuja doação é de alma. Boa leitura!
‘Determinação, coragem e autoconfiança são fatores decisivos para o sucesso. Se estamos possuídos por uma inabalável determinação, conseguiremos superá-los. Independentemente das circunstâncias, devemos ser sempre humildes, recatados e despidos de orgulho’. Dalai Lama
SUCESSO DE PÚBLICO EM 2016, O MAIOR EVENTO CORPORAL DO SEGMENTO DE ESTÉTICA - ROAD SHOW LIPO REDUX REUNIU CERCA DE 1200 PROFISSIONAIS E ESTUDANTES DA ÁREA. Os participantes das 4 edições do ROAD SHOW LiporRedux de 2016 tiveram a oportunidade de atualizar seus conhecimento e aprender novas técnicas para os tratamentos corporais mais procurados pelas clientes nesta época do ano: redução de medidas, celulite, estrias e flacidez. A proposta é um dia completo com palestras que apresentam 04protocolos corporais exclusivos, sendo uma solução eficaz para cada necessidade.Todos saem capacitados por conteúdos teóricos e demonstrações práticas e são titulados
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como EXPERTS CORPORAIS. Em 2016 o ROAD SHOWLipoRedux contou com 04 edições nas cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro, Joinville e Belo Horizonte. Com uma média de público de 300 pessoas por evento, além das palestras houve espaço para exposição e venda de produtos, coffee break para os participantes e sorteios de prêmios e brindes variados, com participação especial de parceiros como a Revista Estética com Ciência, que premiou com exemplares grátis e 01 assinatura anual da revista.
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FATORES DIETÉTICOS E ACNE: QUAL A RELAÇÃO? A acne é a afecção de pele mais prevalente, acometendo cerca de 85% da população com idade entre 11 e 30 anos, principalmente em países ocidentais. Em áreas rurais e sociedades não industrializadas essa prevalência é muito menor. Sugere-se que a acne se desenvolva principalmente em grupos que consomem alimentos com alto índice glicêmico, dieta mais típica das sociedades modernas e industrializadas1,2. Observou-se grandes diferenças na prevalência da acne em populações de sociedades modernas com relação às tradicionais. Na população de Inuites (esquimós), por exemplo, não havia relatos de aparecimento de acne enquanto mantinham seus hábitos e alimentação tradicional, local. Após mudanças nesses costumes, com a introdução de hábitos ocidentais, a prevalência da acne se assemelhou à das sociedades modernas3. Em outras populações, que mantinham seus hábitos preservados, a constatação foi a mesma. Os autores atribuíram a ausência da acne nessas populações principalmente à dieta local, de índice glicêmico mais baixo, sem alimentos industrializados, assim como à possíveis suscetibilidades genéticas4. Apesar de não ser uma condição que traz ameaças à vida, a acne pode deixar profundas marcas emocionais, associadas à autoimagem e autoestima e físicas, como cicatrizes1. Diversos fatores parecem estar envolvidos na etiologia da acne vulgar, dentre os quais destacam-se os fatores genéticos, hormonais ligados aos androgênios com aumento da produção de testosterona e conversão em di-hidrotestosterona (DHT), dietéticos e psicológicos, que podem 16 | Estética Com Ciência
atuar de forma isolada ou associada5. A fisiopatologia desta afecção é complexa, envolvendo diversos fatores interligados entre si, tais como a produção excessiva de sebo pelas glândulas sebáceas, a hiperqueratinização e obstrução folicular, a colonização bacteriana do folículo pelo P. acnes e a inflamação2,5. A relação entre o desenvolvimento da acne e a alimentação ainda não está bem estabelecida, mas os alimentos mais incriminados são o chocolate, nozes, produtos lácteos, alimentos gordurosos, preparações condimentadas e carboidratos com alto índice glicêmico5.
QUAIS AS EVIDÊNCIAS ATUAIS? Busca-se há tempos encontrar evidências da relação entre a acne e a ingestão de certos tipos de alimentos, porém, a metodologia utilizada naqueles estudos é bastante discutida. Estudos mais recentes correlacionam especialmente o consumo de laticínios e alimentos de alto índice glicêmico com a patogênese da acne vulgar6. Em uma revisão da literatura efetuada por Scipioni et al. (2015), verificou-se que o consumo de gordura, açucar e fast foods estão relacionados positivamente com a acne, assim como a ingestão de leite, bebida láctea instantânea, sorvete, queijo cottage e cream cheese. No entanto, não foram encontradas diferenças na prevalência da acne frente ao consumo de iogurte, queijo, chocolate e nozes em grupos que consumiam mais ou menos desses alimentos6. Por outro lado, o consumo de peixes e seguir uma alimentação baseada na dieta medi-
terrânea (com peixes, frutas, verduras, legumes, cereais integrais, azeite, leguminosas, oleaginosas) foram associadas a um efeito protetor para acne6,7. O efeito protetor no consumo de peixes pode estar relacionado ao seu teor de ômega-3. Este ácido graxo poli-insaturado é capaz de reduzir a liberação de mediadores pró-inflamatórios e favorecer a liberação de prostaglandinas anti-inflamatórias, modulando assim a inflamação presente na acne2.
E QUAL O MECANISMO ENVOLVIDO ENTRE O CONSUMO DE LEITE, ALIMENTOS DE ALTO ÍNDICE GLICÊMICO E A ACNE? O consumo de leite aumenta os níveis plasmáticos dos aminoácidos de cadeia ramificada, os BCAAs (leucina, isoleucina e valina), resultando numa hiperinsulinemia pós-prandial e níveis persistentes elevados de IGF-1 (fator de crescimento semelhante à insulina 1), sinalizando a ativação do mTORC1 (proteína alvo da rapamicina em mamíferos). O mesmo ocorre após a ingestão de suplementos à base de whey protein8,9. Tanto o consumo de leite, quanto o consumo de alimentos com alto índice glicêmico ativam a sinalização do mTORC1. Essa superestimulação do MTORC1 afeta o funcionamento da glândula sebácea, aumentando a produção de sebo e agravando a acne8. São considerados alimentos com alto índice glicêmico, aqueles com IG>70, moderado com IG entre 56 e 69 e baixo quando o IG<55. Dentre os com IG>70 podemos citar a sacarose, o mel, xarope, cerveja, milho, arroz, massas de farinha branca, biscoitos, torradas, sorvete, bolo, geléias, algumas frutas, como melancia, manga, abacaxi, banana, mamão papaia e outros como a batata, beterraba e a abóbora. Tanto as frutas, como os legumes não devem ser evitados ou excluídos da alimentação, apenas o seu consumo deve ser equilibrado, sem exagero nas quantidades e compondo refeições com outros alimentos 5,10. Em um estudo realizado por Smith et al., que favorecia o consumo de carboidratos de baixo índice glicêmico, verificou-se que o grupo intervenção apresentou redução significativa do número total de lesões de acne, lesões inflamatórias, dos níveis séricos de testosterona, quando comparado ao grupo controle11.
ser efetivo no tratamento de pústulas. Verificou-se que indivíduos com acne papulopostulosa apresentavam níveis reduzidos de uma enzima antioxidante, a glutationa peroxidase, que é dependente de selênio. Após suplementação com selênio houve aumento dessa enzima, melhorando o aspecto da acne2. Já em grupos com acne tratados com a vitamina A houve uma redução significativa do número de pápulas, pústulas e infiltrados. Apesar de grande aliada contra essa afecção, a vitamina A pode se tornar perigosa em doses elevadas e deve, portanto, ser usada com cautela e acompanhamento adequado2.
CONCLUSÃO A relação da dieta com o aparecimento e o agravamento da acne sempre foi um tema de interesse de profissionais da área da saúde. Os dados mais recentes sobre esse tema, revelam que há uma relação especialmente no consumo de leite, de suplementos à base de whey protein e BCAA, e de alimentos com alto índice glicêmico com a patogênese da acne. Além disso, deficiências de alguns micronutrientes como o zinco, o selênio e a vitamina A também parecem estar presentes em portadores desta afecção. Uma alimentação menos industrializada, mais variada, colorida e composta de alimentos integrais, verduras, frutas, nozes e castanhas, de azeite e com maior frequência no consumo de peixes, poderá trazer benefícios para as pessoas propensas à manifestação da acne, por ser de caráter mais anti-inflamatória, antioxidante, com menor índice glicêmico e com alto teor de micronutrientes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Davidovici BB, Wolf R. The role of diet in acne: facts and controversis. Clin Dermatol 2010;28:12-16. 2. Pujol AP. Nutrição aplicada à estética. Editora Rubio 2011. p.71-90. 3. Schaefer O. When the Eskimo comes to town. Nutr Today 1971;6:8-16. 4. Cordain L, Lindeberg S, Hurtado M, et al. Acne vulgaris. A disease of western civilization. Arch Dermatol 2002;138:1584-90. 5. Comin AF, Santos ZEA. Relação entre carga glicêmica da dieta e acne. Scientia Med 2011;21(1):37-43. 6. Scipioni G, Monteiro GC, Soldateli B. Acne e dieta: uma revisão. Nutrire 2015;40(1):104-9. 7. Di Landro A, Cazzaniga S, Parazzini F, et al. Family history, body mass index, selected dietary factors, menstrual history, and risk of moderate to sever acne in adolescents and young adults. J Am Acad Dermatol 2012;67(6):1129-35. 8. Melnik BC, John SM, Plewig G. Acne: Risk indicator for increased body mass index and insulin resistance. Acta Derm Venereol 2013;93:644-9. 9. Pontes TC, Fernandes Filho GMC, Trindade ASP et al. Incidence of acne vulgaris in young adult users of protein-calorie supplements in the city of João Pessoa –PB. An Bras Dermatol 2013;88(6):907-12. 10. Tabela nutricional de índice glicêmico. http://bemstar.globo.com/index. php?modulo=tab_nutri&ig=1. Acessado em 29/11/2016. 11. Smith R, Mann N, Makelainen H, et al. A pilot study to determine the short-term effects of a low glycemic load diet on hormonal markers of acne: a nonrandomized, parallel, controlled feeding trial. Mol Nutr & Food Res 2008;52:718-26.
RELAÇÃO ENTRE MICRONUTRIENTES E ACNE Em pacientes com acne foram verificados níveis reduzidos de zinco, selênio e vitamina A. Dietas que favorecem a ingestão de fontes de zinco auxiliaram na diminuição da acne e da quantidade de sebo, reforçando sua ação cicatrizante, queratolítica e anti-inflamatória sobre os comedões abertos e fechados, por inibir a síntese de mediadores inflamatórios2. O selênio, por atuar nas infecções, apresentou
Andrea Stingelin Forlenza,
Farmacêutica-Bioquímica e Nutricionista. Pós graduada em Nutrição Clínica Funcional, Fitoterapia Integrativa em Nutrição e Pós Graduanda em Farmácia Estética. Sócia-proprietária da Nutravie Consultoria Nutricional e Educacional. Atuação clínica em consultório.
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ORTOMOLECULAR NO EMAGRECIMENTO No meio artístico não se fala em outra coisa senão do Emagrecimento Ortomolecular que enxugou determinado ator ou atriz. Há um consenso entre os especialistas, das mais diversas áreas, de que a saúde está diretamente ligada à ingestão das quantidades essenciais de vitaminas, sais minerais e aminoácidos. Baseada nesse conceito também está a Ortomolecular, que há alguns anos vem sendo estudada no Brasil e, desde então, constatou-se a relação entre carência nutricional com dieta alimentar e má absorção dos nutrientes pelo corpo. Comemos de forma não planejada, simplesmente colocamos no prato diversos alimentos de acordo com nosso paladar e o “tamanho da fome”, sem nos preocuparmos se tem sinergia entre si, se os nutrientes que ofertam têm uma boa ou má interação. O conceito da ortomolecular no início foi utilizado para promover a desintoxicação de metais pesados entre trabalhadores da indústria e da metalurgia. Com a descoberta dos Radicais Livres e sua ação negativa quando em concentrações acima da normalidade, levaram os estudos para um patamar acima. A ação dos radicais livres, leva ao estresse oxidativo (SO), ou seja, ao desbalanço entre a ação antioxidante e oxidante em nosso organismo, sendo neste caso, ação oxidante muito maior que a antioxidante, desta forma levando ao envelhecimento, disfunções inestéticas e doenças. Para ser saudável, temos que ingerir ali18 | Estética Com Ciência
mentos saudáveis como o consumo de frutas, verduras, legumes, peixes, queijos brancos, óleo de canola e azeite virgem, aves, ovos, leite magro e cereal integral devem participar da alimentação na quantidade adequada para cada pessoa. Ao mesmo tempo, diminuir e até mesmo tirar da nossa alimentação as gorduras saturadas encontradas nas frituras com óleo superaquecido e reaproveitado em itens como pastel de feira, bife à milanesa e batata frita que prejudicam o coração, a pele, a circulação sanguínea e a visão, além de causar colite (inflamação do intestino) e muitos outros transtornos ao organismo. Abolir ainda açúcares refinados e farináceos industrializados (pão francês, bolo, macarrão e demais pratos feitos com farinha branca), pois ambos aumentam a taxa de colesterol ruim e possuem alto teor de radicais livres, que favorecem o diabetes, além de fermentarem no aparelho digestivo causando distensão abdominal e gases. O termo Ortomolecular foi usado pela primeira vez pelo cientista Linus Pauling, nos anos 60, indicado para o prêmio Nobel de Química e da Paz; e que preconizava o uso de substâncias naturais, ou seja, vitaminas, minerais, aminoácidos e fitoterápicos para promover o reequilíbrio químico do organismo. Atualmente esse conceito é amplamente utilizado pelos diversos profissionais da área da saúde visando sempre o equilíbrio geral da pessoa, aumento a resposta do or-
ganismo frente às ações terapêuticas desses profissionais. Profissionais estes capacitados para tanto, personalizando ainda mais seu atendimento. Somos seres individuais, com necessidades diferenciadas e que, ao serem observadas de forma adequada, tem na terapêutica individualizada para o seu caso o melhor resultado na solução das queixas apresentadas. Quando o organismo se encontra equilibrado e não tem que lidar o tempo todo com alimentos inflamatórios, responderá melhor e de forma mais efetiva, levando ao emagrecimento saudável. Para tanto, é preciso uma anamnese detalhada do cliente, conhecer seus hábitos alimentares, estilo de vida, se se expõe a ambientes desfavoráveis, como se encontra emocionalmente, etc. Após a avaliação completa, vem a segunda etapa, que é desenvolver um programa tanto com sugestão de alimentos, quanto de mudanças de hábitos, bem como agregar novos hábitos à vida do cliente. Perceba que estamos falando de condutas individualizadas, porque o mesmo que faz uma pessoa emagrecer pode não ser eficaz para outra pessoa. Então segue aqui algumas dicas para você: ALIMENTOS - EVITAR Fique longe: frituras de forma geral, refrigerantes, embutidos, tortas, coxinhas, maioneses, bolos, sorvetes, doces, temperos e molhos prontos. HIDRATE-SE Água é essencial para quem deseja emagrecer. Se você não consegue tomar água, compre um squeeze. Beber água no squeeze remete nossa memória a infância quando nos alimentávamos pela mamadeira e isso gerava grande conforto. Lembre-se: Se você sente vontade de comer a todo o momento e não sabe o que exatamente deseja comer e por esse motivo acaba comendo de tudo e mesmo assim não se sente satisfeita, então o que está realmente sentindo é sede. ESTEJA ATENTO Hora de comer é hora de comer, não é hora de ver TV ou bater papo. Seu cérebro precisa entender o que está acontecendo e perceber todos os alimentos. Preste atenção no que está comendo, sinta o que está comendo. Esse é o momento de sua nutrição. Tenha foco.
PRATO BONITO Faça um prato colorido de entrada com verduras e legumes, antes de iniciar com os pratos quentes. CHÁ Após a refeição beba um chá que auxilie no processo como por exemplo chá verde, chá de erva doce
ALGUNS ALIMENTOS INFLAMATÓRIOS E ANTIINFLAMATÓRIOS ALIMENTOS ANTIINFLAMATÓRIOS Algas marinhas Alho Aveia Azeite de oliva extra virgem, prensado a frio. Brotos Cebola Cogumelo Shitake Cúrcuma Frutas Gengibre Legumes Manjericão Peixes ricos em ômega 3 Soja Verduras Fitoterápicos Chá verde Camomila Calêndula ALIMENTOS INFLAMATÓRIOS Açúcar Bebida Alcoólica Biscoitos Recheados Carboidratos refinados Doces artificialmente coloridos Fast Food Frituras Pipoca de micro-ondas Refrigerante. Aprenda a utilizar os conceitos da ortomolecular aplicados na estética Cursos online – www.idealterapia.com.br (11) 9 8135-0380 (Whats) Escreva sua dúvida para lu@idealterapia.com.br Lucinéia Leite
Biomédica, tecnologia estética, terapeuta naturista (Chinesa e Indiana); Pós Graduada em Nutrição Clínica e Ortomolecular; Pós Graduada em Fisiologia Humana e Saúde da Mulher no Climatério pela USP, com artigo publicado; Pós Graduada em Biomedicina Estética, Especialista em Programação Neuro Linguística (PNL); Membro da Associação Médica Brasileira de Ortomolecular; Membro da Sociedade Brasileira de Nutrição Funcional
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HIDRATAÇÃO E REFORÇO DA BARREIRA CUTÂNEA AQUAPORINA NO PROCESSO DE HIDRATAÇÃO DA PELE A pele é o maior órgão do corpo humano e Desempenha múltiplas funções. Graças à camada queratinizada da epiderme, protege o organismo contra agressores externos, desidratação, atrito e apresenta células do sistema imunitário que previne a entrada de microrganismos. Por intermédio de suas terminações nervosas sensitivas, recebe constantemente informações sobre o ambiente e as envia para o sistema nervoso central. Graças a seus vasos sanguíneos, glândulas e tecido adiposo, colabora na termorregulação do corpo. Em relação à Anatomia, a pele é constituída por 3 camadas: Epiderme, Derme e Hipoderme.
A Epiderme: sendo a camada mais superficial da pele, de origem ectodérmica e composta por epitélio estratificado pavimentoso e queratinizado. A Derme: a cama intermediária da pele, de origem mesodérmica, composta por tecido conjuntivo rico em fibras colágenas e elásticas, vasos sanguíneos, estruturas nervosas e musculares. E Hipoderme: a camada mais profunda da pele, também conhecida como tecido celular subcutâneo, de origem mesodérmica, composta em sua maioria por adipócitos, dispositivos em lóbulos separados e fibroconjuntivo.
EPIDERME
A camada mais superficial da pele, de origem ectodérmica. É constituída por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. As Células mais abundantes nesse epitélio são os queranócitos. A Epiderme ainda apresenta mais três tipos de células: os melanócitos, as células de Langerhas e as de Merkel. É diferenciada em pele fina e pele espessa, dependendo de sua espessura. A pele espessa é encontrada na palma das mãos e na planta dos pés; a pele fina protege todo o resto do corpo. Nas regiões mais espessas (pele espessa), a epiderme atinge espessura de até 1,5 mm. A Epiderme sofre um processo contínuos de
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diferenciação celular a partir de um pool de células-tronco diferenciando-se em 5 camadas sucessivas: basal espinhosa, granular, lúcida (exclusiva das regiões palmoplantares) e córnea. Camadas da epiderme e os diferentes tipos celulares Camada Basal ou Germinativa: essa camada está sempre produzindo novas células, que se dividem por mitose. Estão presentes os melanócitos, células especializadas em produzir a melanina, que é o pigmento que dá cor à pele e aos pelos. Os prolongamentos dos melanócitos penetram nas células dessa camada e da espinhosa, espalhando melanina no seu interior. As células de Merkel são mecanorreceptoras, ou seja, percebem estímulos mecânicos do exterior e os encaminham para as fibras nervosas. Camada Espinhosa: possui células com desmossomos e prolongamentos que ajudam a mantê-las bem unidas, o que lhes confere aparência espinhosa. As células de Langerhans se encontram espalhadas pela camada e ajudam a detectar agentes invasores, enviando alerta ao sistema imunológico para defender o corpo; Camada Granulosa: à medida que sobem, os ceratinócitos vão sendo achatados. Na camada granulosa possuem forma cúbica e estão cheios de grânulos de queratina, que passa a ocupar os espaços intercelulares; Camada Córnea: Possui espessura muito variável e é constituída por células achatadas, mortas e anucleadas. O citoplasma apresenta cheio de queratina. Esta possui, no mínimo, seis polipeptídeos distintos; a composição dos tonofilamentos são modificados a medida que os queratinócitos se diferenciam. As células da camada basal apresentam queratina de baixo peso molecular, enquanto os queratinócitos mais diferenciados sintetizam queratinas de peso molecular maior. Na camada córnea os tonofilamentos se aglutinam juntamente com a matriz formada pelos grânulos de querato-hialina. Nesta fase, os queratinócitos estão transformados em placas sem vida descamando continuamente. Todas as camadas descritas acima estão presentes na epiderme na sua maior complexidade, que é na pele espessa. Já na pele fina, frequentemente estão ausentes as camadas granulosa e lúcida, com uma camada córnea bem reduzida.
DERME
so. Sua composição é essencialmente de colágeno (cerca de 70%) e outras glicoproteínas e fibras do sistema elástico. As fibras elásticas formam uma rede ao redor das fibras de colágeno que conferem flexibilidade à pele. A camada imediatamente abaixo da epiderme é chamada de camada papilar pois possui inúmeras papilas dérmicas encaixadas nas reentrâncias da superfície irregular da epiderme. Em seguida há a camada reticular que contém mais fibras elásticas, além de vasos sanguíneos e linfáticos e terminações nervosas, também são encontradas glândulas sebáceas e sudoríparas e as raízes dos pelos. A camada Papilar é delgada, formada por tecido conjuntivo frouxo que dá origem às papilas dérmicas. Estão presentes nesta camada, fibrilas especiais de colágeno, inserindo-se na membrana basal de um lado, e de outro, penetram profundamente na derme (junção dermo-epidérmica). Estas ajudam na fixação da derme à epiderme, além de facilitar a nutrição das células da epiderme, pelos vasos sanguíneos presentes na camada reticular da derme. A Camada reticular é mais espessa, formada por tecido conjuntivo denso. Tanto a camada papilar, quanto esta camada em questão possui muitas fibras do sistema elástico, responsáveis, em parte, pela elasticidade da pele. Encontram-se também nessa camada, vasos sanguíneos, nervos, folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas.
HIPODERME A hipoderme é formada por tecido conjuntivo frouxo e fica situada na região mais profunda da pele, unindo de modo pouco firme a derme aos órgãos subjacentes. Esta camada é responsável pelo deslizamento do pele sobre as estruturas nas quais está apoiada. Dependendo da região e do grau de nutrição do organismo, a hipoderme poderá ter uma camada formada por células gordurosas (adipócitos), que quando desenvolvida, é denominada de panículo adiposo. Este, por sua vez, é responsável por modelar o corpo, sendo também uma reserva de energia, proporcionando proteção contra o frio (gordura funciona como isolante térmico).
BARREIRA CUTÂNEA
Corte transversal da pele: a epiderme é a parte mais escura, sendo a camada córnea mais externa (soltando partes) e a derme é a mais clara.
A derme é formada de tecido conjuntivo den-
A Importância da Hidratação para a Jovialidade e Saúde Cutânea Para que a pele esteja em bom estado adequado de funcionamento, são necessários dois processos básicos: limpeza e Hidratação Cutânea. A limpeza contribui para remoção de secreções cutâneas naturais e microorganismos. A Hidratação tem o papel primordial de manter o conteúdo de água na Epiderme e a barreira epidérmica em perfeito estado. A barreira Cutânea promove proteção mecânica e permeação seletiva de moléculas, além de restringir a proliferação de microrganismos patogênicos e manter uma adequada concentração de água. Estética Com Ciência | 21
O equilíbrio cutâneo e essencial para o bom funcionamento cutâneo e para manutenção de sua aparência normal. Quando há falta de água no organismo, o estrato córneo fica desidratado, as células não são reabastecidas corretamente, chegando menos água à Epiderme, tornando a pele mais áspera e seca. A Barreira epidérmica é composta por: matriz proteica celular, e matriz intercelular. As camadas celulares epidérmicas superficiais repelem água, enquanto as profundas a retêm. Essas características levam a equilíbrio entre os compartimentos celular proteico e intercelular lipídico, estabelecendo o balanço hídrico normal.
FATOR DE HIDRATAÇÃO NATURAL A água presente na epiderme não é suficiente para a hidratação epidérmica se não houver fatores para a sua retenção, impedindo a evaporação para o meio. Nesse sentido, duas estruturas desempenham este papel, o FHN e os lipídios intercelulares. O componente queratinocítico, o FHN (conjunto de estruturas hidroscópicas, que interagem entre si), retém água e condiciona um aspecto normal para o tegumento. Os lipídios intercelulares (originados dos queratinócitos nucleados e dispostos na camada córnea) são estruturas bipolares (com “cabeças” hidrofílicas e “caudas” hidrofóbicas) que controlam a permeabilidade e o movimento intercelular da água. Tais estruturas gordurosas selam o FHN nos corneócitos, mantendo o conteúdo hídrico intercelular. Tais lipídios são tão importantes para o funcionamento normal da epiderme que, quando aplicados topicamente, atravessam o estrato córneo, são capturados por vesículas fagocíticas na parede das células granulosas epidérmica. Migram para uma fusão ao sistema reticular-Golgi, sendo com posterior exocitose dos lipídios para o espaço intercelular corneano, a fim de recompor a função hidratante dos lipídios intercelulares dessas células anucleadas.
FATORES QUE ALTERAM A ESTRUTURA DA PELE O funcionamento adequado dessa barreira confere integridade, equilíbrio hídrico, Hidratação e descamação corneocítica organizada à pele. Quando há distúrbios de algum componente de barreira, há um aumento de perda de água transepidérmica, resulta na xerose, com seus sinais e sintomas:Dentre as características de pele seca, pode-se observar: descamação, fissuras, tensão, rubor e ocasionalmente sangramentos. Entretanto há várias condições intrínsecas e extrínsecas que podem desencadear a Xerose Cutânea, como desordens na estrutura e na função da epiderme, fatore ambientais, umidade ou temperaturas muito baixa, radiação solar, ou até exposições a produtos químicos ou tensoativos. Aquaporinas e sua importância na Hidratação Cutânea Aquaporinas são canais formados por proteínas especiais que atravessam a membrana 22 | Estética Com Ciência
celular e conduzem seletivamente as moléculas de água para dentro e fora da célula, ao mesmo tempo prevenindo a passagem de íons e outros solutos. A presença desses canais aumenta a permeabilidade das membranas à água. As aquaporinas, também denominadas canais de água, são capazes de reforçar incrivelmente a reserva natural da epiderme melhorando a circulação de água entre as células. Em 2003, o comitê do Nobel concedeu o Prêmio de Química ao americano Peter Agre por ter descrito o funcionamento das AQUAPORINAS. (Rev.Veja 03 de março 2010 edição 2154) Agre demonstrou que as aquaporinas atuam como válvulas elétricas que deixam passar moléculas de água. São proteínas transmembranares, que formam canais de água responsáveis pelo transportes de água. Atualmente somam-se 13 espécies de aquaporinas. A Aquaporina 3, AQP3 ou aquagliceroproteína, é a presente na pele, encontrando-se principalmente nos queratinócitos basais e suprabasais, porém, com redução gradativa até o completo desaparecimento nas células córneas. Estas proteínas podem ter suas expressões diminuídas devido a exposição ao sol e no processo do envelhecimento. A Aquaporina 3, (AQP3). Destaca-se por ser permeável à água e a moléculas como glicerol e ureia, importantes agentes hidratantes cutâneos sendo chamado de aquagliceroporina. Está presente nas células intestinais, do aparelho respiratório, cutâneas, renais, eritrocitárias e condrocitárias. Sendo indispensável para o perfeito funcionamento da pele e outros órgãos. O transporte de água facilitado pela AQP3 está envolvido na migração celular, acelerando a reparação de feridas. O transporte de glicerol facilitado pela AQP3 se relaciona não somente com Hidratação celular e elasticidade, com base nas propriedades umectantes do próprio glicerol, mas também, com a proliferação celular. O glicerol tem uma função importante na Epiderme. O conteúdo de glicerol está diretamente associado a síntese de lipídios, o que contribui para manutenção das funções cutâneas, através da formação de um filme protetor na superfície do estrato córneo. As Aquaporinas são importantes sistemas que regulam o transporte de água na derme para Epiderme. Assim elas bombeiam a água das camadas basais da Epiderme até o estrato córneo.
HIDRATAÇÃO: CLASSIFICAÇÃO E MECANISMO DE AÇÃO Manter a Limpeza e a Hidratação cutânea, e o uso frequente de produtos hidratantes ainda é a terapia de escolha para manter a integridade cutânea, de modo que o objetivo primordial da Hidratação e manter a saúde e a manutenção da pele, prevenindo a desidratação e o envelhecimento da pele e a quadros de xerose ou irritação cutânea. Os hidratantes são classificados de acordo com o mecanismo de ação de seus componen-
tes, em oclusivos, umectantes, emolientes e reparadores proteicos. Na maioria das vezes, os produtos comerciais disponíveis utilizam matéria-prima de cada uma dessas classes em suas formulações para maiores efetividade e sucesso terapêutico. Os oclusivos retardam a evaporação e perda de água epidérmica através da formação de um filme hidrofóbico na superfície da pele e no interstício entre os ceratinócitos superficiais. Os umectantes retêm água na camada córnea, seja por atraí-la da derme, seja em ambientes com umidade atmosférica superior a 70%, por atraí-la do ambiente. Os emolientes são ricos em substâncias capazes de “preencher as fendas” intercorneocíticas, retendo água nessa camada. Já os reparadores proteicos ajudam a reparar estruturas proteicas dérmicas danificadas ou estimular sua produção. Agem como hidratantes, pois assumem um papel osmótico, embebendo-se de água e retendo-a na epiderme e derme.
CONCLUSÃO Quando a pele está hidratada adequadamente, ela está apta para assim cumprir efetivamente todas suas funções e permitir homeostase Cutânea. A manutenção da Hidratação Cutânea bem como a capacidade de renovação celular do organismo, é imprescindível para a conservação da saúde, maciez, elasticidade e jovialidade cutânea. Atualmente vivenciamos um grande avanço na área cosmética, voltados ao desenvolvimento de novas tecnologias, novos mecanismos de Hidratação mais eficaz e com maior manutenção. Abaixo tem alguns ativos comprovados, que estimulam a Aquaporinas3:
Aquasense
É um ativo que atua através do aumento da expressão gênica das proteínas que ligam-se fortemente à queratina, formando uma barreira protetora e promotora da manutenção da hidratação cutânea, demonstrou aumento na expressão gênica das aquaporinas.
Amiporine
É um extrato purificado do romã, que faz a pele parecer mais jovem, porque hidrata e a epiderme se torna mais macia e radiante. Além disso, restabelece o fluxo de água com o estímulo da AQP3, e melhora a comunicação celular, permite a circulação e distribuição homogênea da água entre as células da derme e epiderme, aumentando o fluxo normal de água, aumenta a elasticidade da epiderme e da derme, promove a reparação da barreira epidérmica, evita o afinamento do epitélio ao longo dos anos, permite a formação e consolidação do filme hidro lipídico, restringe a perda de água, previne o envelhecimento da pele. Skin Mimics, uma mistura balanceada em ceramidas, colesterol, ácidos graxos, compostos estes encontrados naturalmente na pele, que funciona como proteção da pele e regeneração celular e estimulam as AQP3. A Descoberta das Aquaporinas, e ativos que conseguem aumentar e expressão da mesma, traz grande avanço na tecnologia cosmética, que visam combater os sinais e contribuindo de forma intensa e profunda o ressecamento e as disfunções cutâneas. Importante salientar que a manutenção de uma pele saudável e bem hidratada é extremamente importante na integridade das camadas superficiais da Epiderme, garantindo a manutenção da função de barreira da pele. Bibliografia Consultada DRAELOS, ZOE DIANA ,Cosmecêuticos ,Série Procedimentos Em Dermatologia Cosmética ,Elsevier Editora Ltda , ,2ª ed. ,2009 Costa, Adilson Tratado Internacional de Cosmecêuticos/Adilson Costa.-Rio de Janeiro: Guanabara Koogan 2012 Alberts,Bruce Biologia Molecular da célula / Bruce Alberts,Alexander Johnson, Julian Lewis, Martin Raff, Keith Roberts e Peter Walter;trad. Ana Beatriz Gorini da Veiga et al. - 4.ed.-Porto Alegre: Artmed, 2004 – JUNQUEIRA, L.C.U. & CARNEIRO, J. Histologia Básica. 11ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 524p. Guirro, Elaine; Guirro, Rinaldo. Dermatologia Funcional 3ªEd. São Paulo, Manole, 2004
Aquaporine Active AQP-3
É composto por um bio-peptídeo exclusivo derivado ao ácido glutâmico associado ao silanetriol trealose, um dissacarídeo extraído de plantas do deserto. Atua diretamente sobre os queratinócitos aumentando a produção dos genes da aquaporina-3e de outras moléculas envolvidas na função “barreira” da pele.
Hyaloporine
Obtido da violeta (Hydrolyzed Viola Tricolor Extract), uma flor selvagem, comum em países da Europa, com crescimento anual ou perene de vida curta. A Hyaloporine ativa a expressão da hidratação biológica e rejuvenescimento da pele por 5 Estímulos: •Ativação da expressão de proteínas celulares, •Produção de Aquaporine 3, •Síntese de ácido hialurônico, •Manutenção da integridade tecidual •Diferenciação epidérmica.
Profa. Lilian Sanpei
Brasil e Japão Atua no Japão Como Diretora Estetic Gakuin Japan Shibu (Instrutora Técnica) Na JBHA e EPI Estetic Association Japan Formada em Estética e Cosmetologia Terapias Complementares Especializada em Cosmetologia Avançada e em Terapias Complementares Idealizadora de Técnicas Avançadas Japão e no Brasil Responsável pelo trabalho do Mundo Estética no Japão Responsável pela SBSE Japão e no Brasil Juntamente com a Dra. Lucineia Leite Biomédica e Fisiologista Colunista na revista no Japão Banzai Japan
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A EFICÁCIA DO MICROAGULHAMENTO E ÁCIDO GLICÓLICO NO CLAREAMENTO DO MELASMA Estudo de caso
RESUMO:
O melasma pode ser psicologicamente an-
gustiante para a maioria das pessoas, e pode estar afetando de forma negativa a qualidade de vida destas. A utilização do ácido glicólico vem se mostrando eficaz na luta contra manchas solares, pelo fato de ter um alto poder esfoliativo e clareador da pele. O microagulhamento cutâneo além de destruir o colágeno velho e produzir um novo colágeno, estimula também a elastina e potencializa a permeação dos ativos cosmecêuticos. O objetivo deste trabalho é apresentar um caso clínico da utilização do ácido glicólico à 10% com sobreposição do mesmo, juntamente com o microagulhamento para o tratamento do melasma. A metodologia foi apresentar através de imagens antes e após o término do tratamento e um questionário de satisfação. A combinação do tratamento com o ácido glicólico e o microagulhamento se apresentou eficaz no clareamento do melasma, e também foto envelhecimento cutâneo. Palavras Chave: microagulhamento, ácido glicólico, melasma, fotoenvelhecimento, 24 | Estética Com Ciência
colágeno.
INTRODUÇÃO
O melasma é uma hiperpigmentação adquirida comum que ocorre com exclusividade em áreas fotoexpostas, em especial a face e ocasionalmente pescoço e antebraços. A fotoproteção é um dos passos mais importantes no tratamento do melasma e deve ser iniciada no início e durante todo o processo de tratamento, pois a exposição frequente à radiação ultra violeta e luz visível provoca a ativação dos melanócitos e deposição de melanina, o que pode influenciar tanto a melanogênese como a persistência do melasma, e deve ser usada de amplo espectro, que abranja faixas de UVB e UVA.1,2 O tratamento dessas desordens hiperpigmentares é realizado à base de substâncias despigmentantes ou clareadoras da pele, os agentes clareadores podem agir por diferentes mecanismos de ação, mas todos ligados à produção ou transferências de pigmento, descamação das células hiperpigmentadas e degradação de ceratinócitos para estimular uma reno-
vação celular, alteração química da melanina, entre outros.1,2 O microagulhamento, também conhecido como TIC (técnica de indução percutânea do colágeno), é realizado utilizando um aparelho com várias microagulhas atraumáticas em rolamento na superfície da pele, para realizar micro furos na epiderme e derme utilizando um aparelho devidamente registrado na ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) as células reagem a essa “invasão” com uma corrente de demarcação que é adicionalmente aumentada pelo potencial elétrico das próprias agulhas para potencializar a produção de colágeno novo, remoção do colágeno antigo, e permitir que os dermocosméticos penetrem mais facilmente na pele. Após as microlesões, as células se regeneram para superar o trauma, eliminando imperfeições.1,6 O ácido glicólico, também considerado como um peeling superficial é encontrado naturalmente na cana de açúcar, é o ácido mais comumente utilizado nas clínicas de dermatologia estética, pois tem pouco potencial de irritação cutânea e pouco sensibilizante, é utilizado para o tratamento de diversos tipos de lesões cutâneas, como manchas, rugas superficiais, médias e profundas, entre outros.1,3 O presente estudo se trata de um caso clínico de um paciente do sexo masculino com 30 anos e queixa de manchas na face, a metodologia utilizada foi iniciar com uma limpeza de pele profunda, hidratação facial profunda, e 10 sessões de microagulhamento com a utilização do protocolo Glycolic Peel da Valmari Dermocosméticos.
REVISÃO TEÓRICA
A formação da melanina ocorre por uma reação química chamada melanogênese, para que essa reação ocorra é preciso ter duas substâncias fundamentais: a proteína tirosina e a enzima tirosinase. Entre os fatores que influenciam a melanogênese estão fator genético, as características dos melanossomas são codificadas pelos genes de pigmentação.2
Os melanócitos fabricam grânulos, os melanossosmos, que sofrem a melanização através da tirosinase, que pela, oxidação da tirosina, leva à formação da melanina, os melanócitos injetam, através dos seus dendritos, os melanossomos no interior dos ceratinócitos que os incorporam. Com a maturação dos ceratinócitos, aqueles são eliminados. Há dois tipos de pigmentação melânica da pele, a cor intrínseca da pele, que é geneticamente determinada e imutável e, a facultativa, que decorre da ação dos raios solares ou UV artificialmente produzidos, conhecida como bronzeamento.3,4 Este pode ser classificado em duas categorias: bronzeamento imediato, que ocorre em poucos minutos da exposição solar e persiste até 24 horas e o bronzeamento tardio, que se inicia de 2 a 3 dias após a irradiação e dura, em média semanas e meses. O bronzeamento imediato decorre da melanização, isto é, da fotooxidação da melanina previamente existente, enquanto o bronzeamento tardio deriva da melanogênese e transferência da melanina aos ceratinócitos. Ambos, UVA e UVB, produzem tanto eritema como pigmentação, porém com diferentes apreciáveis.3
O Melasma é uma hipercromia adquirida, quadro caracterizado por manchas castanhas, mais ou menos intensas, de limites irregulares, localizado em áreas de exposição solar. Na maioria das vezes, limita-se à face, porém pode surgir no colo, no decote e nos membros superiores. Na face pode ocorrer na região frontal, temporal, malar, supralabial, dorso nasal e mandibular. É considerada uma fotodermatose porque o sol é fator desencadeante e agravante. A história familiar é positiva na maioria dos casos. Pode surgir na gravidez, que é o cloasma gravídico, ou com o uso de hormônios exógenos (pílulas anticoncepcionais e terapia por reposição).1,3 Tem predomínio no sexo feminino, ocorrendo com menor frequência no sexo MICROAGULHAMENTO masculino. O tratamento baseia-se na foÉ um método que produz pequenos futoproteção e nos agentes despigmentantes. A restrição à exposição solar é indis- ros na superfície da pele, realizado despensável. Os fotoproterores devem ser lizando um rolo de polietileno, que contém várias agulhas acopladas, compondo químicos e físicos.3 um asterisco, tendo como objetivo ultra-
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passar a camada protetora da pele por meio dos furos feitos por essas agulhas, com comprimentos que variam de 0,25 a 3 milímetros.1 O rolamento promove a formação de colágeno e elastina, além de originar uma intensa renovação celular, o rolo de agulhas provoca uma lesão intencional na pele, como há pele intacta ao redor do furinho, ela reage para cicatrizar a pele agredida, ao fazer isso uma grande quantidade de colágeno é formado em toda a área.1 O método, também conhecido como TIC (técnica de indução percutânea de colágeno) oferece uma rota minimamente invasiva da entrega de produtos cosmecêuticos, esta tecnologia envolve a criação de vários canais na pele, abrindo os poros em camadas superiores da epiderme, com dimensões de tamanho micro, permitindo, assim, a entrega de um amplo aspectro de moléculas terapêuticas, incluindo proteínas que de outra forma não atravessam a pele intacta.1,16 O tempo que os poros permanecem abertos é motivo de controvérsia. Usando um aparelho microscópico com focal a laser (CLSM) é possível determinar que os poros abertos com as microagulhas fecham rapidamente, em torno de 10 a 15 minutos após a realização do procedimento. Através de uma técnica de medida de perda de água transepidermal (TEWL) demonstrou que após 48hs após a aplicação do microagulhamento a via transepidermal ainda estava viável.1
ÁCIDOS
Os ácidos são todas as substâncias que possuem seu pH mais baixo que o da pele, fazendo com que se torne ácida, proporcionando um peeling químico, que poderá ser muito superficial, médio ou profundo, dependendo da sua porcentagem e do seu pH.3,7 Particularmente o ácido mais comumente utilizado na área de dermatologia estética é o glicólico, pois não é tóxico sistematicamente é pouco irritativo e pouco foto sensibilizante, mais mesmo assim não é dispensável o uso do filtro solar ou bloqueador durante o período de tratamento.3,8 O ácido glicólico, é um alfahidroxiácido, derivado da cana de açúcar e de vegetais doces., vem sendo utilizado em larga escala no tratamento de diversos tipos de lesões da pele humana, entre eles manchas, rugas superficiais, médias e profundas, sequelas de acne, flacidez tissular, pele seca e até mesmo estrias, além de ser utilizado em tratamentos onde se deseje promover uma maior permeabilidade da pele para os princí26 | Estética Com Ciência
pios ativos 7,8 O intervalo entre as sessões poderá ser de 15 em 15 dias e os benefícios obtidos em cada sessão são sempre somatórios, tendo sempre em vista a restruturação de um melhor resultado final da pele.8
CASO CLÍNICO
Cliente do sexo masculino com fototipo – Reatividade à luz ultra violeta (Escala de Fitzpatrick): III (moreno claro). Idade: 30 anos. Análise da Pele: Possui comedões abertos, pústulas, microcisto, nevo melanocítico. Biótipo Cutâneo: Pele Mista. Desequilíbrios: Pele desidratada, com manchas difusas e melasma. Cosméticos de uso habitual: Hidratante com Filtro Solar. Motivo da Procura por tratamento: Limpeza de Pele, clareamento das manchas, diminuição dos óstios dilatados e leve rejuvenescimento facial.
METODOLOGIA
Foi realizado uma avaliação facial e preenchimento do histórico clínico, com anexo de fotos e autorização para realização deste estudo. Dia 01: realizada uma sessão de limpeza de pele facial. Dia 10: realizada uma sessão de hidratação facial. Dia 16: realizada a primeira sessão de microagulhamento com aparelho devidamente registrado na ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) composto por 194 agulhas de 0,5mm, de aço inoxidável dispostos em oito fileiras na extensão do rolo de polietileno, esterilizado por radiação gama, o microagulhamento foi realizado em múltiplos sentidos, compondo um asterisco em cada região, com finalidade de atingir todo o tecido em tratamento, até provocar um eritema moderado. No decorrer do protocolo o cliente referiu sensação de ardência e aquecimento, principalmente após a realização do microagulhamento, em uma escala de 0 a 10, o cliente referiu 8, que logo foi passando, teve uma leve descamação nas primeiras sessões, e seu rosto permanecia hiperêmico em torno de 24 à 48 horas após a sessão. Não foi observado nenhuma região com hipopigmentação ou frost e hiperpigmentação durante todo o tratamento. Os atendimentos foram quinzenais, após as dez sessões do protocolo utilizado foi realizado no dia 125 uma sessão de limpeza de pele facial e no dia 131 uma hidratação facial. Após o término do atendimento o cliente foi instruído a continuar seus cuidados em home carer, de uso noturno, foi indicado a utilização do gel clareador da White Skin (Valmari Dermocosméticos). Para a proteção
contra as radiações solares e para fazer uma hidratação o cliente utilizou o Filtro Solar FitoBiovit FPS 30, que possui proteção hidratante anti brilho para peles normais e mistas, que proporciona alta proteção contra as radiações UV-B e UV-A, protegendo-a do fotoenvelhecimento e da ação dos radicais livres. Com a finalidade de manter os resultados adquiridos, para complementar o tratamento realizado em cabine de estética, assim trabalhamos todos os pontos de sensibilização do melanócito, além do uso continuado do filtro solar, pra evitar o surgimento de novas manchas ou hiperpigmentação solar, e indicar a reaplicação a cada 2 a 3 horas.
RESULTADOS
Fotos realizadas antes e após a conclusão do tratamento, demonstrando melhora evidente nas linhas e marcas de expressão, textura e clareamento facial, diminuição dos óstios dilatados, clareamento do melasma, melhora do viço e luminosidade. (Figura 1, 2 e 3) No questionário de satisfação o cliente relatou estar muito satisfeito com o resultado, o grau de dor e desconforto foi considerado tolerável pelo cliente.
princípios ativos veiculados, que têm aplicações importantes modulando a proliferação de células da pele, na migração celular, inflamação, angiogênese, melanogênese e na síntese de proteínas e regulação, foram favoráveis para o ótimo resultado deste tratamento. O dermocosmético ativo utilizado foi entregue até o alvo em forma estável e foi capaz de ter o desejado efeito biológico in vivo. A entrega transdérmica de ativos através do microagulhamento têm muitas vantagens biológicas, o que inclui a ação terapêutica sustentada e a permanência dos resultados obtidos, superando a barreira do estrato córneo. Por fim, o tratamento do melasma com microagulhamento, associado ao protocolo Glycolic Peel da Valmari Dermocosméticos, juntamente com hidratação facial e uso home carer do gel clareador da White Skin (Valmari Dermocosméticos) toda noite e utilização do Filtro Solar de amplo espectro (UVA e UVB) mostrou-se eficaz no tratamento do melasma deste cliente e também das linhas de expressão superficiais, superando inclusive, as expectativas primárias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Microagulhamento. Visualizado no Artigo “O poder das agulhas” http://www.revistaestilofashion.com.br/. Em Outubro de 2016. 2. COTRIM, Tânia. 7° Congresso Científico Internacional de Estética e Cosmetologia – CCIEC. Composição Editorial Triall. SÃO PAULO, 2014. 461p. 3. AZULAY, David Rubem; AZULAY, Rubem David. Dermatologia. 3.ed. RIO DE JANEIRO: Guanabara Koogan, 1985. 664p. 4. JUNQUEIRA, Luiz C. Uchôa (Luiz Carlos Uchôa), 1920-; CARNEIRO, José. Histologia básica. 11.ed. RIO DE JANEIRO: Guanabara Koogan, 2008. 524p. 5. GARTNER, Leslie P., 1943-; HIATT, James L., 1934-. Atlas colorido de histologia. 4.ed. RIO DE JANEIRO: Guanabara Koogan, 2007. 432p. 6. Microagulhamento: novo método para rejuvenescimento da pele. Encontrado no site: https://www.sbcd.org.br/noticia/2499. Em Outubro de 2016. 7. DRAELOS, Zoe Diana. Cosméticos em dermatologia. 2.ed. RIO DE JANEIRO: Revinter, 1999. 329p. 8. Ácido glicólico a 70%. ARTIGO. Encontrado no site: http://cdn. fagron.com.br/doc_prod/docs_9/doc_900.pdf Em Novembro de 2016
Thaís Feihrmann
222628-F
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se, com a finalização deste estudo de caso, que a associação do ácido glicólico (kit Glycolic Peel) juntamente com os
Fisioterapeuta PósGraduanda em Docência e Gestão do Ensino Superior Técnica de Estética pelo Instituto Valmari de São Paulo – SP Professora dos Cursos Técnicos de Estética do Instituto Valmari de Pato Branco – PR Trabalha na Valmari Clínica de Estética de Pato Branco - PR
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O USO DA CARBOXITERAPIA NO TRATAMENTO DE CICATRIZES HIPERTRÓFICAS: Revisão de Literatura RESUMO A cicatriz hipertrófica é considerada uma das complicações que podem ocorrer no processo do reparo tecidual, após o organismo sofrer uma lesão. A carboxiterapia consiste na aplicação de dioxido de carbono diretamente na cicatriz, através da infusão intradérmica, desencadeando o aumento da circulação do tecido e promovendo uma melhora na oxigenação tecidual. A referida terapia, por meio da agulha, gera um trauma mecânico no tecido, ocasionado pelo gás. Em seguida, ocorre um processo inflamatório que, como resultado, permite a proliferação de fibroblastos, com posterior síntese de colágeno e elastina. O presente artigo é uma revisão bibliográfica que buscou analisar 28 | Estética Com Ciência
a literatura científica sobre o efeito da carboxiterapia na melhora da microcirculação de cicatrizes hipertróficas. Foram analisados artigos e livros produzidos entre os anos de 1998 e 2016, a fim de organizar melhor a temática para a utilização dos benefícios proporcionados pela carboxiterapia na cicatriz hipertrófica. Portanto, o objetivo deste estudo foi demonstrar os benefícios da carboxiterapia no tratamento de cicatriz hipertrófica. Não foi encontrado na literatura o benefício da carboxiterapia para a cicatriz hipertrófica, acredita-se que seus benefícios sejam atribuídos ao aumento da velocidade microcirculatória; à vasodilatação arteriolar; à potencialização do efeito Bohr e à neoangeogênese devido à aplicação do dióxido de carbono. Estudos práticos utilizando a aplicação da carboxiterapia na cica-
triz hipertrófica se fazem ainda neces- cido, aumentando e promovendo a vasários. sodilatação e o aumento da drenagem Palavras-chave: Estética, Gás carbônico, veno-linfática (LOPES, 2005). Cicatrização. Segundo Piccolo (2008) e Lima Junior (2008), todas as lesões passam pelas fases inflamatória, proliferativa e de ABSTRACT remodelamento, tendo como resultado The hypertrophic scar is considered uma cicatriz. Entretanto, as cicatrizes one of the complications that can occur inestéticas podem evoluir determinanduring the tissue repair process, after do alterações psicossociais e limitações the body has suffered an injury. The car- funcionais. Segundo autores PICCOLO ET AL. boxitherapy consists on applying carbon dioxide directly on the scar by the (2008) ; LIMA JUNIOR, (2008), consiuse of intradermal infusion, triggering deram que uma cicatriz hipertrófica é a better circulation and oxygenation resultado de desordens fibroproliferaof the tissue.. Such therapy, by the me- tivas, característica humana, de modo ans of a needle, generates a mechanical a haver uma proliferação excessiva de trauma on the tissue, caused by the car- proteínas da matriz extracelular, após o bon dioxide. Afterwards, an inflamatory processo inflamatório. Estas cicatrizes process takes place, which, as a result, passam pelo mesmo processo normal allows the proliferation of fibroblasts,, de cicatrização, entretanto, têm evolufollowed by a synthesis of collagen and ção temporal mais prolongada e retraelastin. This article is a review, whose ção cicatricial importante; algo obseraim is to analyze the scientific literature vado nas cicatrizes hipertróficas. A técnica de carboxiterapia está creson the carboxitherapy effects in the improvement of microcirculation of hyper- cendo amplamente no mercado da estétrophic scars. Articles and books from tica, por ser uma técnica pouco invasiva between 1998 and 2016 were analyzed, e seus efeitos serem bastante conheciin order to better organize the theme for dos. O gás carbônico em contato com the use of the benefits provided by the o tecido provoca na pele uma microcircarboxitherapy in hypertrophic scars. culação local, estimulando fibroblastos Therefore, the aim of this study was to a produzirem mais colágeno e elastina demonstrate the benefits of such the- para a restauração da pele. O seu uso rapy in hypertrophic scars. Benefices of na cicatriz hipertrófica ainda não é muicarboxitherapy for hypertrophic scars to divulgado (BORGES 2010). Esta revisão bibliográfica objetivou could not be found during the literature research. One believes that its benefits proporcionar uma condensação de coare attributed to the increase of micro- nhecimentos científicos sobre os benecirculatory speed; to arterial vasodi- fícios da carboxiterapia no tratamento lation; to the potentiation of the Bohr da cicatrizes hipertróficas. effect and to neogenesis, due to the 2 METODOLOGIA application of carbon dioxide. However, practical studies using the application A pesquisa é fundamentada na reof carboxitherapy in hypertrophic scars visão bibliográfica que, segundo Gil are still needed. Key-words: Aesthetic, Carbon dioxide, (2010), consiste no exame da literatura científica para levantamento e análise Healing do que já se produziu sobre o tema. A identificação dos descritores foi re1 INTRODUÇÃO alizada, no site Ciências da Saúde, na lisoficial disponibilizada na página eleO gás carbônico é um método que ta trônica da Biblioteca Virtual da Saúde está sendo utilizado em várias irregula- (BVS). Em seguida, os resultados foram ridades da pele, demonstrando em es- refinados com base em dois critérios: tudos a melhora da oxigenação tecidu- abrangência temporal dos estudos enal, perfusão tecidual e circulação local tre 1998 a 2016 e, os idiomas e os mesmos estudos se referem posi- inglês e espanhol. As buscasportuguês, foram retivamente à aplicação do gás carbônico alizadas nas bases: Medical Literature sobre a elasticidade cutânea, propor- Analysis and Retrieved System on-line cionando uma melhora na cicatrização (MEDLINE), Literatura Latino-Americae regeneração do colágeno. (CORREA na e do Caribe em Ciências da Saúde et al., 2008; BRANDI et al., 2004). e Scientific Eletronic Library Os efeitos obtidos pela carboxitera- (LILACS) OnLine (SciELO). pia atuando na microcirculação do teA seleção de artigos foi feita em conEstética Com Ciência | 29
formidade com o assunto proposto, sendo descartados os trabalhos repetidos, sem relevância ou que fugiram à proposta da pesquisa. As palavras-chave utilizadas foram: estética, gás carbônico e cicatrização. A partir dos critérios de exclusão,e da leitura dos títulos e resumos, foram selecionados 18 artigos.
3 RESULTADOS O processo de cicatrização tegumentar se dá basicamente no tecido conjuntivo, no qual múltiplos fatores de ordem geral ou local interferem em sua constituição e função, como por exemplo, a idade do paciente. A cicatriz consiste na substituição do tecido lesado por novo tecido conjuntivo, indicado como cicatricial (GUIRRO; GUIRRO, 2004). No caso de um processo exacerbado de reparo, a cicatriz resultante é excessiva e na maior parte dos casos prejudica o correto desenvolvimento das funções fisiológicas e estéticas da região atingida (KEDE; SABATOVICH, 2004). A reparação tecidual classicamente é dividida em quatro fases: hemostasia, inflamação, fase proliferativa e fase de remodelagem (GONÇALVES; PARIZOTTO, 1998). Estudos mostram que a cicatrização de feridas precisa de uma organização celular, matriz extracelular e sinais químicos no objetivo de reparar o tecido (MENDONÇA; COUTINHO-NETO, 2009). Na fase fetal o reparo das lesões se dá sem formação de cicatriz, tendo uma perfeita restauração do tecido pelo processo de neoformação tecidual. Entretanto, após o nascimento, há uma falha na organização, desencadeando a formação de cicatriz pós-reparo (MENDONÇA; COUTINHO-NETO, 2009). Existem vários tipos de cicatriz: a hipertrófica, cicatriz que respeita o seu limite anatômico; o queloide, que é uma cicatriz com produção de colágeno jovem com ausência de fatores inibitórios; a normatrófica, quando a pele adquire aspecto, textura e consistência anterior ao trauma; e a atrófica, quando sua maturação não atinge o trofismo esperado, geralmente surgido por perda substância tecidual ou sutura inadequada (CANDIDO, 2001). A cicatrização é uma sequela de dimensões variadas, em consequência do crescimento de tecido fibroso. Não deve ser confundida com reparação, pois nesta o tecido cutâneo volta a apresentar 30 | Estética Com Ciência
suas características originais. As cicatrizes podem ser subdivididas em três classificações: atróficas, hipertróficas e queloidianas. A diferença entre cicatriz hipertrófica e queloide é que neste último o crescimento fibroblástico extrapola as margens do trauma inicial e, portanto, atinge uma proporção maior, podendo chegar a grandes dimensões (AZULAY, 2008). Gonçalves e Parizotto (1998) afirmam que, na fase da hemostasia, que acontece logo após o trauma, ocorre vasoconstrição, reflexo imediata como prevenção de perda sanguínea ou de líquidos corporais, formação de um tampão hemostático primário pelas plaquetas, seguida de ativação dos processos bioquímicos da cascata de coagulação e liberação de mediadores solúveis responsáveis pelo início dos estágios subsequentes. Em seguida, a fase inflamatória, é multimediada inicialmente pelos fatores humorais e, consequentemente, pelo fator celular, que é responsável pelo processo de substituição tecidual. Na fase proliferativa, é ressaltada a importância dos fibroblastos, por produzirem colágeno, que é a substância responsável pela força e integridade do tecido, o qual sustenta uma recente e frágil rede de capilares que mantêm a base da formação do tecido de granulação, de aparência vermelha e heterogênea, havendo crescimento de capilares ao redor da lesão. A fase de remodelagem pode durar meses ou anos e durante este período o tecido de granulação retrocede, o colágeno depositado se remodela e uma cicatriz madura se forma. O desenvolvimento das cicatrizes hipertróficas ocorre devido a um trauma profundo, com a principal característica clinica de ser uma lesão acima do nível da pele, porém limitada ao nível da lesão inicial, vermelha, com prurido e retraída. Histologicamente, a cicatriz hipertrófica é caracterizada pela presença de pequenos vasos, miofibroblastos, expressando α-actina de músculo liso e feixes de colágeno dispostos em um arranjo aleatório. Geralmente, essas estruturas são observadas formando nódulos com a presença de colágeno do tipo III, sugerindo que estão continuamente ativados, pois esse tipo de colágeno está associado à fase inicial de reparo (BORGES, 2006). Cicatrizes hipertróficas ocorrem a partir de hiperproliferação de fibroblastos, com consequente acúmulo de matriz extracelular, especialmente pela excessiva formação de colágeno. As cicatrizes hipertróficas consistem em
cicatrizes elevadas, tensas e confinadas às margens da lesão original. Com frequência tendem à regressão espontânea, vários meses após o trauma inicial (CARROL et. al., 2002; FERREIRA; D’ASSUMPÇÃO, 2006). A diferença entre uma cicatriz hipertrófica e um quelóide é um tanto acadêmica: a cicatriz hipertrófica tem como característica a regressão espontânea entre o período de um ano, sendo que a hipertrofia ocorre dentro dos limites da lesão. Por outro lado, o queloide, geralmente, é uma situação definitiva, não apresentando melhoras espontâneas, de modo que a formação fibrosa se estende para além da área original da lesão (GUIRRO; GUIRRO, 2004). A cicatriz hipertrófica, na maioria das vezes, se desenvolve entre a sexta e a oitava semana após o término da epitelização, podendo também se desenvolver logo após a lesão tecidual. Apesar disso, as cicatrizes podem atingir um tamanho considerável, havendo a possibilidade de causar alargamento importante nas margens da cicatriz, assim como um aumento do seu relevo em relação à pele adjacente. No aspecto clínico, a superfície da pele da cicatriz hipertrófica apresenta-se lisa, brilhante e, por vezes, telangiectásica, além disso, não são observados pelos ou secreção sebácea e sudorípara (HOCHMAN et al., 2011). A primeira utilização do CO2 foi percutânea com banhos em água enriquecida de gás carbônico termal e industrial. A via subcutânea foi utilizada secundariamente por Wollina et al. 2004, quando observou, após a aplicação do gás, a antecipação da cicatrização das feridas e diminuição da infecção em feridas crônicas (ABRAMO; TEIXEIRA, 2011). No início, a aplicação era feita sob a forma de banhos secos ou em água carbônica, sendo observada a melhora do fluxo sanguíneo no local (LOPEZ; WORTHINGTON, 2006). Há registros da utilização do dióxido de carbono, desde 1151, em banhos de piscinas naturais com água carbonada. Estudos comprovam que banhos de imersão em água carbonada aumentam o fluxo sanguíneo nas regiões submersas em relação as áreas com água natural (DURAES, 2012). Em 1777, Pierre Lalouette apresentou a portadores de úlceras o tratamento sistêmico do gás carbônico. O tratamento foi feito pelo uso de cadeira de forrmigação que canalizava sais mercuriais e vapores de combustão (PIAZZOLLA, 2011).
A utilização da carboxiterapia teve início na França, durante a década de 1930, na Estação Thermal de royat, onde a carboxiterapia era denominada ‘terapia com gás carbônico’. Com o passar do tempo, passou a ser designada de ‘balnearioterapia’. Pessoas de toda Europa migravam ao Spa de Royat para realização do tratamento de arteriopatias obliterantes em feridas. Foram utilizadas câmeras de gás, com uso percutâneo do gás até chegar à forma injetada (BORGES, 2010). Após 20 anos, em 1953, o cardiologista Jean Baptiste Romuef publicou a respeito. Após ter sido esquecido durante quatro décadas, foi retomado, nas décadas de 1980 e 1990, com alguns trabalhos direcionados à cirurgia vascular (FERREIRA, 2012). A carboxiterapia chegou ao Brasil no início do século, sendo direcionada à área da estética (flacidez, gordura localizada, celulite e estrias) e, atualmente, é utilizada como aliada nos tratamentos das cicatrizes estéticas, olheiras, cicatrização de úlceras, em caso de pós- lipoaspiração, alopecia, psoríase, microvarizes, edemas de pálpebras e sequelas de queimados (BORGES 2010) Após 20 anos, em 1953, o cardiologista Jean Baptiste Romuef publicou a respeito. Após ter sido esquecido durante quatro décadas, foi retomado, nas décadas de 1980 e 1990, com alguns trabalhos direcionados à cirurgia vascular (FERREIRA, 2012). Na Alemanha publicou em 89, 91 e 97 resultados após tratamentos de CO2 percutâneo em pacientes com arteriopatia periférica, observando melhora claudicação intermitente descrevendo a ação farmacológica do gás: aumento da pressão parcial de oxigênio,vasodilatação e diminuição afinidade da hemoglobina local pelo oxigênio (potencialização do efeito Bohr) (LOPES, 2005). Os benefícios da carboxiterapia seriam atribuídos ao aumento da velocidade microcirculatória, à vasodilatação arteriolar, à potencialização do efeito Bohr, neoangeogênese, ativando os barorreceptores cutâneos, devido à aplicação do dióxido de carbono (SILVA, 2009). A carboxiterapia tem sido muito utilizada nas disfunções estéticas e dermatológicas. O seu uso consiste em um gás carbônico medicinal puro, com 99,9% de pureza, administrada em forma subcutânea, com objetivo de melhorar a oxigenação tecidual e a vasodilatação periférica (BORGES, 2010). O gás carbônico provoca um leve Estética Com Ciência | 31
edema e hiperemia local, provocados pelo processo inflamatório, com intenção de aumentar a capacidade de replicação dos fibroblastos e acarretar a consequente produção de fibras colágenas e elásticas (BORGES, 2010). O método de execução da aplicação da carboxiterapia não é cirúrgico. Após a aplicação, o dióxido de carbono se difunde rapidamente e os resultados são relativamente rápidos. Os estudos afirmam que é possível notar os efeitos depois da quarta aplicação, sendo que o tratamento se inicia com dez aplicações, até o desaparecimento da área lesionada. A frequência do tratamento acontece duas a três vezes na semana, não sendo preciso que o paciente se ausente de suas atividades normais, retornando para casa, após cada sessão (DOMINGUES, 2006). A ação da carboxiterapia no tecido conjuntivo ocorre pela ocorrência de dois traumas: o mecânico, acarretado pela agulha; e o trauma provocado pelo gás. Ocorrerá um processo inflamatório, seguido de todas as etapas inerentes a ele. Como resultado, teremos a proliferação de fibroblastos com posterior síntese de colágeno, elastinas e vasos (BORGES, 2010). Os efeitos obtidos pelo carboxiterapia são a vasodilatação e um aumento da drenagem veno-linfática, a microcirculação vascular do tecido conectivo e, sobretudo, a microcirculação (LOPES, 2005).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Não se encontram, na literatura, artigos que relatem a aplicação da carboxiterapia na cicatriz hipertrófica. Acredita-se que seus benefícios seriam atribuídos ao aumento da velocidade microcirculatória, a vasodilatação arteriolar, a potencialização do efeito Bohr e a neoangeogênese devido à aplicação do dióxido de carbono. Entretanto, há necessidade de estudos práticos nessa na área para promoção de maior embasamento, uma vez que a área da estética tem se tornado relevante do contexto da saúde e do bem-estar.
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Márcia Ribondi 1 MsC. Cíntia Ribeiro Munõz Brazolino 2 1 Discente do curso de Especialização (Lato Sensu) em Estética no Pré e Pós Procedimentos Médicos da Universidade de Vila Velha - UVV, Vila Velha, ES. E-mail de contato: mr_blz@hotmail.com 2 Docente orientadora do curso de Especialização (Lato Sensu) em Estética no Pré e Pós Procedimentos Médicos da Universidade de Vila Velha - UVV, Vila Velha, ES.
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INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS PARA DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA ALOPECIA
RESUMO
Os cabelos dão forma e valorizam a face, assim, são considerados importantes componentes estéticos, entretanto, pode ocorrer alopecia. O objetivo deste trabalho consistiu em realizar o diagnóstico e tratamento da alopecia através de dispositivos ópticos e mecânicos com aplicação de cosméticos. Foi realizado dermocospia, higienização, esfoliação do couro cabeludo, ventosas, microagulhamento e fototerapia com luz azul, âmbar, vermelha e infravermelha durante 4 à 12 meses em clínica e em programa home care padronizado, além da aplicação de loção capilar. Foi constatado a prevenção da queda de cabelo, o aumento de folículos capilares ativos e o crescimento capilar. Uma das limitações do estudo foi o tamanho da amostra, que se apresenta em número reduzido, mas demonstra o tratamento da alopecia. Tecnologia óptica associada à estímulos mecânicos e formulações cosméticas contribuem para o tratamento da alopecia. Palavras chave: Estética, Dermatologia, Alopecia, Dermoscopia, Fototerapia
ABSTRACT
The hair is important for aesthetic. However, alopecia may occur. The aim of this study was to perform diagnosis and treatment of alopecia by optical and mechanical techniques with application of cosmetics lotion. Dermoscopy, cleaning, exfoliation, vacuum therapy, micronee-
dling with dermaroller and phototherapy with blue, amber, red and infrared radiation were performed during 4-12 months through clinical services and standard home care program. In addition, hair lotion was applied. There were prevention of hair loss, increased proportion of active hair follicles and hair growth. Optical technology associated with mechanical stimulus and cosmetic formulation contribute to the treatment of alopecia. Key words: Aesthetics, Dermatology, Alopecia, Dermoscopy, Phototherapy
INTRODUÇÃO
Em alguns anos atrás alopecia, manchas, rugas e linhas eram consideradas naturais com o passar da idade, mas hoje já não são mais aceitáveis nos padrões de estética humana. Esta mudança de perfil da sociedade e das suas necessidades fez com que antigos conceitos e técnicas fossem revisitados e modernizados para o amplo uso tanto na terapêutica quanto na estética (Manoel, Paolillo e Menezes, 2014). Técnicas ópticas e fotônicas têm propiciado importante revolução tecnológica para diagnóstico e tratamento na medicina dermatológica e estética. Destacam-se os emissores de luz Laser (acrônimo para Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation - amplificação da luz por emissão estimulada de radiação) e LEDs (acrônimo para Light Emitting Diodes - diodos emissores de luz) que são usados na interação da luz com o Estética Com Ciência | 33
tecido biológico para fototerapia e terapia tempo real, monitorando a resposta do tefotodinâmica, além das técnicas de diag- cido ao tratamento. nóstico por fluorescência para diferenciação do tecido biológico (Bagnato, 2008). FUNDAMENTOS DO
FOTOTERAPIA
A luz emitida por LASERs ou LEDs é absorvida através da pele e acelera o transporte de elétrons na mitocôndria, o que aumenta a síntese de Adenosina Trifosfato (ATP), modula o processo inflamatório e gera mudanças na expressão de RNA/DNA, além de aumentar a circulação sanguínea e, consequentemente, a entrega de oxigênio e vários nutrientes importantes para a reparação e ativação tecidual, por exemplo, capilar, cutâneo, muscular, ósseo e neural Masha, Houreld e Abrahamse, 2013). As cores da luz são muitas vezes referidas pelos seus respectivos comprimentos de onda e incluem a luz azul (400-470 nm), verde (470-550 nm), âmbar ou amarelo (580-590 nm), vermelha (630-700 nm) e o infravermelho próximo (700-1200 nm). As luzes de cor azul, âmbar ou amarela, vermelha e infravermelha são utilizadas para tratamento dermatológico e estético (Vladimirov, Osipov e Klebanov, 2004). Ainda, a fototerapia quando conjugada com substâncias fotossensíveis adquire o nome de Terapia Fotodinâmica.
TERAPIA FOTODINÂMICA
O mecanismo da Terapia Fotodinâmica consiste na interação da luz com o fotossensibilizador que transferem energia ao oxigênio molecular dos tecidos gerando espécies reativas de oxigênio que levam células ou micro-organismos à morte (Henderson e Dougherth, 1992). O fotossensibilizador pode ser endógeno ou exógeno. As porfirinas são moléculas orgânicas produzidas pelo organismo através da degradação dos glóbulos vermelhos, hemoglobina e bilirrubina. A produção de porfirina é maior em locais de processo inflamatório. Ainda, os micro-organismos também produzem porfirinas, que são encontradas na acne e no couro cabeludo. No local de acúmulo de porfirina endógena a luz azul ou vermelha pode ser utilizada para tratamento, pois as porfirinas apresentam bandas de absorção na faixa de 400-630nm e são consideradas agentes fotossensibilizadores, o que explica os efeitos da ação bactericida e fungicida (Elman e Lebzelter, 2004), bem como, da modulação do processo inflamatório e imune para tratar dermatites, acne e caspas, além de acelerar o processo de cicatrização de feridas (Dai et al., 2012). O diagnóstico óptico é capaz de detectar a fluorescência vermelha da porfirina em 34 | Estética Com Ciência
DIAGNÓSTICO ÓPTICO
A iluminação com luz branca e lente de aumento permite o aumento da imagem. Entretanto, quando a luz ultravioleta (UV) é emitida ocorre o fenômeno da fluorescência, ou seja, quando o átomo no estado fundamental (menor energia) absorve luz, este passa para um estado excitado (maior energia) e fica mais instável e tende a retornar ao estado fundamental emitindo fluorescência em comprimentos de onda maiores (Larowicz, 2006). Assim, a fluorescência emitida permite que olhos vêem aquilo que não veria a olho nu, possibilitando a diferenciação celular (micro-organismos) e tecidual (sadio versus alterado). Neste contexto, técnicas ópticas e fotônicas são importante para diagnóstico e tratamento da alopecia.
ALOPECIA
Vários são os tipos de alopecia, entre eles a alopecia cicatricial, areata e androgênica. A alopecia cicatricial é caracterizada pela destruição permanente do folículo piloso e fibrose residual (Crisóstomo et al., 2011), enquanto a alopecia areata e androgênica são não-cicatriciais (Steiner e Bartholomei 2013). A alopécia areata envolve a ativação dos linfócitos do infiltrado perifolicular que produz a liberação de citocinas com consequente inibição da proliferação das células do folículo piloso, interrompendo a síntese do pêlo sem destruir o folículo (Rivitti, 2005). Já, a alopecia androgênica ocorre em homens e mulheres, entretanto, os homens apresentam perda contínua e progressiva de cabelo. Sua origem pode ser genética e sofre influências dos hormônios androgênicos que transformam os folículos terminais em folículos miniaturizados, tornado os cabelos cada vez mais curtos, mais finos e mais claros. Desta maneira a redução da cobertura do couro cabeludo refere-se ao processo de miniaturização e não está relacionada à destruição dos folículos pilosos (Lobo, Machado e Selores, 2008). Além dos aspectos genético e auto-imune (Higino et al. 2012), os fatores como sexo, idade, raça, dieta, medicamentos, mudanças hormonais, hábitos de cuidados com o cabelo (lavagens, tinturas, alisamentos) também podem influenciar na queda de cabelo (Mulinari-Brenner, 2012). Neste contexto, os cabelos são considerados importantes componentes estéticos, pois dão forma e valorizam a face, implicando no desenvolvimento de novas técnicas para estética capilar.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho consistiu em realizar o diagnóstico e tratamento da alopecia através de dispositivos ópticos, mecânicos e cosméticos.
METODOLOGIA
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em São Carlos, Brasil (número do parecer 966.589). Os pacientes foram informados sobre os objetivos e procedimentos metodológicos da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Para o tratamento fotoestético e diagnóstico da alopecia em clínica foi utilizado o equipamento Vênus (MMOptics, São Carlos, SP, Brasil) e no sistema home care, o paciente realizou o tratamento fotoestético com o equipamento Hair Lite (MMOptics, São Carlos, SP, Brasil), como previamente descrito por Manoel, Paolillo e Bagnato (2014). O sistema de diagnóstico é um dermatoscópio composto por uma peça de mão que emite luz branca e contém lente para o aumento da imagem em até 30x, bem como por um dispositivo para imagem de campo amplo que emite luz UV (400 nm ± 10 nm). Além do sistema de diagnóstico que são conectados ao computador, o equipamento apresenta mais duas peças de mão para o tratamento fotoestético. Em uma manopla, contém dois Lasers vermelhos (660 nm) alternados com três LEDs azuis (~450 nm) e, na outra, contém dois Lasers infravermelhos (808 nm) alternados com três LEDs âmbar (~590 nm). Enquanto, o equipamento para home care é composto por uma peça de mão portátil que emite luz vermelha e azul. O procedimento clínico para tratamento capilar período de 4 à 12 meses foi: (1) Higienização e esfoliação do couro cabeludo; (2) Uso de ventosas (Skiner, São Paulo, Brasil): ventosa de passarinho com 3 cm de altura, 11 cm de circunferência e 3 cm de largura, ventosa luneta com 7,5 cm de altura e 12 mm de circunferência e ventosa mini sino com 6 cm de altura e 3 cm de circunferência. Foi utilizado 200-250 mmHg de pressão negativa e o tempo de tratamento com cada ventosa foi 5 minutos em toda região tratada para aumentar o fluxo sanguíneo, a nutrição celular e a síntese de colágeno; (3) Realização de microagulhamento (MT RollerTM), com 1080 agulhas de 1,5 a 2,0 mm de altura cada, aplicado em várias direções (forma de asteriscos) para gerar danos e melhora na circulação sanguínea, o que potencializa os efeitos da fototerapia e a permeação
de ativos e; (4) fototerapia com aplicação de 5 ciclos de 5 minutos do LED âmbar simultaneamente com Laser infravermelho no modo varredura em área de 8 cm2 na alopecia. Para finalização foi aplicado o shampoo de limpeza profunda (Amplexe, ADA TINA Cosmetics, Campinas, SP, Brasil). Os tratamentos com as ventosas e o microagulhamento foram realizados 2 vezes por semana até cessar a queda de cabelo, posteriormente, as técnicas foram aplicadas 1 vez por semana no período de 4 à 12 meses de acordo com cada quadro clínico. Posteriormente, foi aplicada a fototerapia com âmbar e infravermelho. No sistema home care, o paciente realizou diariamente 10 minutos de luz azul e 10 minutos de luz vermelha em varredura, além de lavar a cabeça com shampoo e loção anti-queda de estimulação capilar (Amplexe, ADA TINA Cosmetics, Campinas, SP, Brasil). Em relação aos parâmetros de fototerapia utilizados neste estudo, cada minuto de iluminação corresponde a 6 J de energia. Na Figura 1 pode-se observar em vermelho a porfirina produzida por micro-organismo no couro cabeludo com o sistema de diagnóstico por UV. O procedimento clínico pode ser visualizado na Figura 2.
Figura 1 - Porfirinas (em vermelho) produzidas por micro-organismo no couro cabeludo são evidenciadas por luz UV na alopecia parcial (A) e total (B). As luzes azul e vermelha interagem com a porfirina para ação antibacteriana e antifúngica, auxiliando no controle da caspa e dermatite, favorecendo o crescimento capilar.
Figura 2 - Procedimento clínico.
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RESULTADOS
O tratamento da alopecia pode ser observado nas Figuras 3, 4 e 5. Os pacientes não usaram nenhum medicamento e não apresentavam nenhum problema de saúde. O tratamento resultou na prevenção da queda de cabelo e no surgimento de folículos capilares ativos, além da melhora na oleosidade e hidratação do couro cabeludo (Figuras 6).
Figura 3 - Caso 1: Paciente de 38 anos de idade com alopecia androgênica desde 22 anos de idade demonstrou crescimento capilar, espessamento dos fios e o preenchimento do couro cabeludo ao longos dos 4 meses de tratamento.
Figura 4 - Caso 2: Paciente de 36 anos de idade com alopecia androgênica desde 28 anos de idade demonstrou melhora da qualidade e aumento da quantidade dos fios de cabelo antes e depois de 4 meses de tratamento.
Figura 5 - Caso 3: Paciente de 43 anos de idade com alopecia androgênica desde 20 anos de idade demonstrou uma melhora considerável no quadro de calvície antes e depois de 12 meses de tratamento. Figura 6 Ativação de folículos, crescimento capilar e aumento da hidratação: Resultados do prétratamento (A e D), 1 mês (B e E) e 3 meses (C e F) de tratamento em alopecia total (A, B e C) e parcial (D, E e F).
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DISCUSSÃO
O principal achado deste estudo foi que o sistema de diagnóstico e acompanhamento clínico revelou o tratamento não medicamentoso da alopecia através da combinação de ventosas, microagulhamento e fotoestimulação por vários comprimentos de onda, como o azul, âmbar, vermelho e infravermelho. A luz vermelha e azul são importantes para ação antibacteriana e antifúngica, auxiliando no controle da caspa e dermatite. Embora possa ocorrer em várias partes do corpo, a dermatite seborréia quando localizada no couro cabeludo favorece o aparecimento da caspa. Estas alterações capilares estão relacionadas com a presença do fungo Malassezia, previamente conhecido como Pityrosporum ovale (P. ovale). A coloração vermelha observada na imagem por UV indica o local de acúmulo da porfirina encontrada no micro-organismo. As porfirinas apresentam bandas de absorção referente à luz azul e vermelha, o que permitiu a ocorrência da ação da Terapia Fotodinâmica para inativação de micro-organismo (Elman and Lebzelter, 2004). Neste contexto, a luz azul e vermelha promove qualidade tecidual e favorecimento do tratamento capilar (Avci et al. 2014). Para estimulação capilar, as ventosas combinam a pressão positiva do sangue com pressão negativa do vácuo, permitindo a mobilização profunda da pele e das estruturas vasculares e linfáticas, o que promove o aumento do aporte de oxigênio celular e da atividade metabólica com estimulação dos fatores de crescimento, modulação do processo inflamatório e maior síntese de colágeno (Banwell e Musgrave, 2004). Já, o microagulhamento gera ruptura e remoção do colágeno subepidérmico danificado, permitindo a substituição por novas fibras de colágeno e elastina, além do aumento da microcirculação. Ainda, múltiplas micropunturas atingem a derme e gera perda da integridade da barreira cutânea para dissociação dos queratinócitos, modulação do sistema inflamatório (citocinas), vasodilatação dérmica e estimulação tecidual (Lima et al., 2013). Estas alterações na homeostase tecidual favoreceram a ação da fototerapia, intensificando a qualidade e a velocidade da resposta biológica (Manoel, Paolillo e Menezes, 2014). A luz vermelha estimula o Bulbo capilar, aumentando o metabolismo ce-
lular proporcionando maior nutrição capilar, fortalecendo os fios de cabelo diminuindo a queda capilar. Além disso, a luz vermelha estimula o desenvolvimento de novos folículos capilares, aumentando a quantidade de cabelos no couro cabeludo, bem como reduz a inflamação local induzida pelo estresse diário e envelhecimento celular diminuindo o aumento da queda capilar (Satino et al., 2013). Já o infravermelho atua estimulando o fluxo sanguíneo e diminuindo a inflamação na região do bulbo capilar. Neste contexto, a luz com comprimentos de onda vermelho e infravermelho apresentam maior penetração no couro cabeludo e atuam ativando as células tronco presentes no folículo capilar promovendo um aumento na renovação celular do fio de cabelo (estímulo da fase anágena de crescimento). Ainda, a luz âmbar e azul também apresentam importantes efeitos fotoestéticos (Weiss et al. 2005). A luz âmbar atua estimulando colágeno, elastina e as proteínas de membrana na matriz extracelular da papila dérmica aumentando a espessura e adesão do fio de cabelo no couro cabeludo evitando, portanto, a queda de cabelo. Já a luz azul atua ativando a queratina do fio do cabelo e do couro cabeludo fortalecendo, consequentemente, o bulbo capilar (diminuição da perda de água), região que abriga o folículo piloso que é o centro de produção do cabelo, além de promover a hidratação do couro cabeludo (Manoel, Paolillo e Menezes, 2014).
CONCLUSÕES
A fotoestimulação por Laser e LED associada à técnicas mecânicas, como as ventosas e o microagulhamento, bem como aos cosméticos podem trazer benefícios dermatológicos e estéticos, com destaque para o tratamento da alopecia. Os tratamentos dermatológicos e estéticos, na maioria das vezes, estão relacionados aos danos teciduais, processos inflamatórios e regeneração ou reparação tecidual, que envolvem muitas funções celulares. Neste contexto, a luz consegue interagir e acelerar esses processos de forma segura em todos os procedimentos clínicos, potencializando o tratamento e garantindo a sua qualidade.
AGRADECIMENTOS Nós gostaríamos de agradecer especialmente ao Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato pela orientação e estímulos ao desenvolvimento de inovações tecnológicas na área da saúde e estética. Agradecemos também à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) - processos N. 2013/07276-1 e 2013/14001-9 e à empresa MM Optics Ltda. REFERÊNCIAS 1.Manoel CA, Paolillo FR, Menezes PFC. Conceitos Fundamentais e Práticos da Fotoestética. Compacta Gráfica e Editora; 2014. 2.Bagnato VS. Novas Técnicas Ópticas. Ed. Livraria da Física; 2008. 3.Masha RT, Houreld NN, Abrahamse H. Low-intensity laser irradiation at 660 nm stimulates transcription of genes involved in the electron transport chain. Photomedicine and Laser Surgery. 2013; 31(2):47-53. 4.Vladimirov YA, Osipov AN, Klebanov GI. Photobiological principles of therapeutic applications of laser radiation. Biochemistry (Mosc.). 2004; 69:81-90. 5.Henderson BW, Dougherth TJ. How Does Photodynamic Therapy Work. Photochemictry & Photobiology. 1992; 55:145-147. 6.Elman M, Lebzelter J. Light therapy in the treatment of acne vulgaris. Dermatol Surg. 2004; 30:139-46. 7.Dai T, Gupta A, Murray CK, Vrahas MS, Tegos GP, Hamblin MR. Blue light for infectious diseases: Propionibacterium acnes, Helicobacter pylori, and beyond? Drug Resist Updat. 2012; 15(4):223-236. 8.Larowicz, J.R. Principles of Fluorescence Spectroscopy. New York: Springer; 2006. 9.Crisóstomo MR, Crisóstomo CMC, Crisóstomo MGR, Gondim VJT, Crisóstomo MR, Benevides AN. Perda pilosa por líquen plano pilar após transplante capilar: relato de dois casos e revisão da literatura. Anais Brasileiros de Dermatologia. 2011; 86(2):359-361. 10.Steiner D, Bartholomei S. Alopecia na mulher. Revista Brasileira de Medicina. 2013; 70(10): 343-349. 11.Rivitti EA. Alopecia areata: revisão e atualização. Anais Brasileiros de Dermatologia. 2005; 80:57-68. 12.Lobo I, Machado S, Selores M. A alopecia androgenética na consulta de tricologia do Hospital Geral de Santo António (cidade do Porto, Portugal) entre 2004 e 2006: estudo descritivo com componente analítico. Anais Brasileiros de Dermatologia. 2008; 83(3):207-211. 13.Higino KS, Coutinho MP, Ribeiro MG, Geller M, Kahn E. Breve Revisão Alopecia areata: aspectos imunogenéticos. Revista Brasileira de Medicina. 2012; 69(1/2):14-20. 14.Mulinari-Brenner F. Revisão Alopecias: avaliação inicial. Revista Brasileira de Medicina. 2012; 69(3):4-12 15.Manoel CA, Paolillo FR, Bagnato VS. Diagnóstico óptico e tratamento fotoestético de alopecia: estudo de caso. In: XXIV Congresso Brasileiro de Engenharia Biomédica (XXIV CBEB), 2014, Uberlândia, MG. 16.Avci P, Gupta GK, Clark J, Wikonkal N, Hamblin MR. Low-level laser (light) therapy (LLLT) for treatment of hair loss. Lasers Surg Med. 2014; 46(2):144-151. 17.Banwell PE, Musgrave M. Topical negative pressure therapy: mechanisms and indications. International Wound Journal. 2004; 1: 95-106. 18.Lima EVA, Lima MA, Takano D. Microagulhamento: estudo experimental e classificação da injúria provocada. Surgical and Cosmetic Dermatology. 2013; 5(2):110-114. 19.Satino JL, Markou M. Hair Regrowth and Increased Hair Tensile Strength Using the HairMax LaserComb for Low-Level Laser Therapy. International Journal of Cosmetic surgery and Aesthetic Dermatology. 2003; 5(2):113-117. 20.Weiss RA, McDaniel DH, Geronemus RG, Weiss DA. Clinical Trial of a Novel Non-Thermal LED Array for Reversal of Photoaging: Clinical, Histologic, and Surface Profilometric Results. Lasers in Surgery and Medicine. 2005; 36:85-91
Cecília do Amparo Manoel & Fernanda Rossi Paolillo Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF), Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP), São Carlos, SP, Brasil
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A EFICÁCIA DO USO DA LUZ INTENSA PULSADA NA EPILAÇÃO RESUMO
Desde a época da Cleópatra, no Antigo Egito, as mulheres se depilavam, hoje em dia com o estilo de vida moderno delas, devido à grande integração no mercado de trabalho, ao acúmulo de responsabilidades e tarefas, faz com que busquem soluções rápidas e eficientes para manter uma estética impecável. Os pelos se encontram na pele, que reveste todo o corpo humano e possui múltiplas funções, a pele se divide em três camadas distintas, a epiderme, a derme e a tela subcutânea. Entre a derme e a epiderme encontramos os melanócitos que produz a melanina, que é responsável pela pigmentação da pele e dos pelos. Existem várias formas de fazer a retirada dos pelos, algumas são apenas superficiais, outras como a epilação, requer maior cuidado e devem ser realizadas por profissionais, pois destroem a parte essencial de reprodução do pelo, causando dores, irritações e até mesmo infecção localizada, retirando toda a haste do pelo de forma agressiva, tem maior durabilidade, mas não é permanente. A luz intensa pulsada (LIP) é uma das técnicas para se fazer a epilação, é uma 38 | Estética Com Ciência
luz não coerente, que abrange comprimento de onda amplo, pois trata o alvo com um feixe de luz específico, por meio da utilização de filtros de corte e regulagem do tempo de exposição do pulso de luz e intervalo entre eles. A LIP é um aparelho de luz que vem sendo utilizada de forma crescente e apresentando aplicações com resultados fundamentados em caráter cientifico, age sobre o pigmento, com uma emissão de pulsos de luz, disparados contra a pele, que faz com que o pigmento acastanhado evapore. Palavra-chave: Luz pulsada, epilação, depilação.
ABSTRACT
From the time of Cleopatra in ancient Egypt, women we’re waxing, today with the modern lifestyle of them, because of the integration in the labor market, the accumulation of responsibilities and tasks, makes seek fast and efficient solutions to maintain an impeccable aesthetic. The hairs are in the skin which covers the whole human body and has multiple functions, the skin is divided into three distinct layers, the epidermis, the dermis and the subcutaneous tissue. Betwe-
1.INTRODUÇÃO
Desde a época da Cleópatra, no Antigo Egito, as mulheres se depilavam, foram as primeiras a utilizar argila e mel que originaram as ceras de hoje. Na Antiga Grécia, também se depilavam por estética, o primeiro instrumento inventado por eles foi o estrigil. Sacerdotisas dos tempos de Creta tomavam entorpecente para suportar a dor causada pela depilação no corpo inteiro. No Brasil, índios arrancavam com os dedos os pelos da sobrancelhas e os cílios. Com tudo a questão da depilação vem de tempos muito antigos e de diversas culturas, seja por estética, crenças ou religião [1]. O estilo de vida moderno, principalmente das mulheres devido à grande integração no mercado de trabalho, ao acúmulo de responsabilidades e tarefas, faz com que busquem soluções rápidas e eficientes para manter uma estética impecável. A beleza da pele, sua aparência e sua juventude fazem parte da personalidade da mulher e da imagem que quer passar. Hoje em dia, pela higiene e praticidade, tornaram-se comuns as técnicas de retirada de pelos, conhecidas como depilação definitiva ou a longo prazo, técnicas consideradas muito eficazes para quem não quer mais se preocupar com a extração dos pelos por um grande período de tempo [2].
1.2. FISIOLOGIA DA PELE E DO PELO
en the epidermis and the dermis we find melanocytes producing melanin, which is responsible for pigmentation of the skin and the hair. There are several ways to make the removal of hair, some are superficial, others such as epilation, requires extra care and should be done by professionals, because they destroy the essential part of reproduction by causing pain, irritation and even localized infection, removing any rod by aggressively has increased durability, but it is not permanent. Intense Pulsed Light (IPL) is one of the techniques for making depilation, is an incoherent light covering wide wavelengths, since this target with a beam of specific light, through the use of cutting filter and exposure time adjustment of the light pulse and the interval between them. IPL is a light device that is being used increasingly and presenting applications results based on scientific, acts on the pigment with a light emission pulses, fired against the skin, which causes the brown pigment evaporate. Keyword: Pulsed Light, epilation, depilation.
Os pelos se encontram na pele, que reveste todo o corpo humano e possui múltiplas funções como: primeira linha de defesa contra microrganismos, primeiro contato com o ambiente externo, barreira protetora contra agressões químicas, biológicas, mecânicas, raios solares e poluições diversas [3]. Segundo Junqueira e Carneiro (2008), a pele se divide em três camadas distintas, a epiderme, a derme e a tela subcutânea, sendo que esta última, embora apresente a mesma estrutura e morfologia da derme não faz parte da pele. A epiderme é a camada mais externa, onde se sintetiza queratina. A derme tem mais resistência e elasticidade, onde ficam as células que produzem colágeno e a elastina. E a hipoderme tem a
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função de isolamento térmico e proteção contra choques mecânicos. A derme é um tecido conjuntivo constituída de células e matriz extra celular, onde também é encontrado a inserção dos anexos cutâneos [4]. Entre a derme e a epiderme encontramos os melanócitos que produz a melanina, que é responsável pela pigmentação da pele e dos pelos [5]. O folículo piloso é uma dilatação terminal de um prolongamento da epiderme, com vinte e cinco ciclos de vida. O desenvolvimento do folículo ocorre a partir do 3º mês fetal e o ciclo completa em torno do 8º mês de gestação [6]. Ao nascer o corpo humano é resultado por aproximadamente 5 milhões de folículos, e após o nascimento não é formado folículos adicionais. Algumas regiões não possuem folículos como a região do lábio inferior, regiões palmares, plantares e pênis [6]. Na extremidade interior do pelo, é encontrado a papila dérmica, responsável por intermediar o afluxo sanguíneo com o organismo. Na extremidade externa situa-se o bulbo onde contém a matriz germinativa composta por fibroblasto que controla o número de células na matriz determinando o tamanho e o formato do pelo [6]. Os pelos passam por um ciclo de crescimento dividido em três fases. Onde a primeira fase, de crescimento, é chamada de anágena. Dura entre dois e seis anos de idade, durante esse tempo, o metabolismo da haste é bastante ativa. A segunda fase é chamada de transição ou catágena, duram em média duas semanas, o pelo desprende da raiz e sobe para o superfície. A última fase é chamada de repouso ou telógena, dura de três a quatro meses. É o período que o pelo cai, ou é empurrado através do pelo que começa a crescer, para dar início a um novo ciclo de crescimento [7]. A estrutura do pelo é uma haste formada por uma camada mais externa chamada de cutícula, que é constituída por células em plaquetas, encaixadas, são queratinizadas e sem pigmento, tem forma de escamas e rico em ácidos aminados; O córtex forma a camada intermediaria e ocupa a maior parte da estrutura do pelo, formado por células epiteliais fusiformes, ricas em melanina; A medula forma a parte central do pelo, que é constituída por uma ou duas camadas de grandes sem núcleo. [1].
1.3. TIPOS DE DEPILAÇÃO
Existem várias formas de fazer a retirada dos pelos, algumas são apenas superficiais, pois cortam parte do pelo que está inserido na pele, como a utilização de creme depilatório (que faz um corte químico) ou a lâmina (que faz um corte físico) e que duram somente 2 ou 3 dias em média e não causam dor se utilizado corretamente. Há também a depilação que retira os pelos pela raiz, as técnicas neste caso variam, mas a mecânica é a mesma, puxam os pelos rapidamente retirando-os completamente da pele e assim
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causam dor, como por exemplo: cera quente ou fria, pinça, linha e aparelho elétrico, duram em torno de 15 a 25 dias [1]. E por fim as técnicas de epilação, que requer maior cuidado e devem ser realizadas por profissionais, pois destroem a parte essencial de reprodução do pelo, causando dores, irritações e até mesmo infecção localizada, retirando toda a haste do pelo de forma agressiva, tem maior durabilidade, mas não é permanente. São elas a depilação por eletrólise, que ocorre por meio da corrente elétrica, onde uma agulha chega a base do folículo piloso destruindo a papila dérmica; A depilação por laser que utiliza a emissão de energia luminosa (luz) para destruir o folículo do pelo e o próprio pelo [11]; E a depilação por luz pulsada (LPI) as cores liberadas pela luz pulsada incluem as cores azuis, verdes, amarelas e vermelhas, utilizam um sistema de flash de luz pulsada de alta potência que provoca o aquecimento da raiz do pelo e a coagulação do bulbo, que o atrofia e destrói por completo [1].
1.4. LUZ PULSADA
A luz intensa pulsada (LIP), embora não seja um Laser, é uma luz não coerente, que abrange comprimento de onda amplo, pois trata o alvo com um feixe de luz específico, por meio da utilização de filtros de corte e regulagem do tempo de exposição do pulso de luz e intervalo entre eles [8]. Atualmente, a LIP é um aparelho de luz que vem sendo utilizada de forma crescente e apresentando aplicações com resultados fundamentados em caráter cientifico, age sobre o pigmento, com uma emissão de pulsos de luz, disparados contra a pele, que faz com que o pigmento acastanhado evapore, tendo entre os tratamentos a epilação, alteração da pigmentação da pele, envelhecimento e fotoenvelhcimento tecidual, alterações do crescimento do pelo e atrofia tecidual, como as estrias, acnes e melanoses [9].
1.4.1. HISTÓRIA DA LUZ PULSADA
As flashlamps de luz intensa pulsada começaram a ser usados com propósitos médicos nos anos 1960 e, na última metade da mesma década, surgiram dados em uma publicação sobre tratamentos nos olhos e em problemas na pele. A lâmpada de xenônio, primeiramente desenvolvida como uma fonte de energia para os raios laser, vem sendo usada como forma de terapia com aplicações diretas de sua energia nos equipamentos de LIP, sob a forma de flashlamps que são circuitos elétricos que promovem um repentino estouro num fusível, gerando uma luz brilhante [10]. No ano de 1963, Godlman desenvolveu a luz intensa pulsada, junto a teoria de fototérmolise seletiva (a combinação do comprimento de onda com duração do pulso luminoso emitido proverá energia necessária para lesar somente o tecido-alvo, com o mínimo de lesão das regiões adjacentes) desenvolvida em 1983, por Ander-
son, deram origem ao primeiro aparelho de LIP para uso comercial no ano de 1994, mas a primeira patente registrada sobre o princípio de luz intensa pulsada foi feita pelo americano Harte em 1972, que o descreveu como um mecanismo de fotodepilação, dando valores de influência e de duração da impulsão válidos até hoje. Essa tecnologia foi aprimorada por mais de 30 anos para chegar a sua otimização no procedimento [2] [9].
1.4.2. CARACTERÍSTICAS DA LUZ INTENSA PULSADA
A luz intensa pulsada é um procedimento que utiliza flash de luz pulsada de alta potência, pro-
vocando o aquecimento da raiz do pelo em temperatura acima de 70 graus, ocasionando a coagulação do bulbo, causando atrofia e destruição completa do mesmo [11]. A LIP é uma fonte de luz não laser, gerada por lâmpadas que resulta na emissão de calor e radiação luminosa. Diferencia-se do laser que possui somente uam cor, pois é policromática, a LIP também possui divergência angular muito grande, não havendo um ponto focalizado como se fosse uma lâmpada comum [11] [10]. A luz emitida é caracterizada pela distribuição espectral das diferentes cores que a compõe, a LIP emite uma luz de faixa ampla (entre 320 nm a 1200 nm) em pulsos que podem ser simples, duplos ou triplos, de duração variável (2-20 ms) com intervalos entre os pulsos variando entre 10 a 500 ms, que mediante a aplicação de uma série de filtros dá lugar a vários espectros de emissão; Os filtros, geralmente, podem variar de acordo com o comprimento de onda apropriado para a absorção e determinados tecidos, para uma epilação duradoura e estimulo de colágeno da derme reticular deve variar entre 640 nm a 1200 nm [9] [2]. Quanto maior a fluência (J/cm²), melhor a eficácia da depilação; porém, vale ressaltar que a eficácia depende da interação da destruição do folículo sem lesão de estruturas adjacentes ou seja a epiderme [10]. O tecido de interação da luz pulsada é controlado por três grandes fenômenos: reflexão, ab-
sorção e espalhamento. Uma parte significativa de luz é refletida a partir da superfície cutânea, o resto da luz é absorvido pelos cromóforos, que são melanina contida no sangue. Os pelos recebem a radiação da LIP e o cromóforo absorve a radiação, contudo, após o tratamento determinada quantidade de pelo é eliminada, cerca de 25% dos pelos desaparecem [12].
1.4.3. FOTOEPILAÇÃO
Os pelos são matéria semiviva, sofrem influência direta, dos hormônios e seu crescimento ocorre por ser nutrido por vasos sanguíneos, são eles que levam os nutrientes até a papila dérmica permitindo a reprodução celular, que também serão um dos alvos da luz para destruir o folículo piloso. Para obter um resultado satisfatório, de epilação eficaz e duradoura, é necessário a destruição das partes essências na reprodução do pelo, como bulge, papila dérmica e vasos sanguíneos [10]. Os folículos pilossebáceos não estão sincronizados na mesma fase, portanto a fase anágena é o alvo temporal do tratamento por LIP, pois com a rápida divisão celular ocorre maior pico de produção de contração de melanina [13]. A redução permanente e a depilação definitiva são distintas, pois não existe a eliminação total dos pelos após o tratamento, e sim a substituição dos pelos grossos por pelos finos e claros, então o pelo não destruído retorna com diâmetro, número e quantidade diferente [10]. No caso de epilação de pelos brancos, o protocolo deve ser diferenciado, pois este pelo não possui melanina, por tanto não tem o pigmento acastanhado, assim o órgão-alvo não será a melanina e sim a hemoglobina residual; tendo que chegar na raiz do pelo a uma profundidade de 2 a 4 nm, o tempo de flash deve ser adaptado (30 ms) e pode-se fazer uma leve pressão na pele [2].
2. OBJETIVO
Com base na introdução o objetivo deste trabalho é descrever a eficiência do tratamento da luz intensa pulsada na depilação ou epilação dos pelos do corpo como uma solução duradoura.
3. METODOLOGIA
O método utilizado para a elaboração deste trabalho foi a pesquisa bibliográfica. O material pesquisa foi constituído de artigos de revista cientificas, livros, documentos legais e sites especializados da internet. O levantamento bibliográfico foi realizado por meio de consultas ás seguintes bases de dados: Google Acadêmico, Lilacs, Scielo, Dedalus. A busca foi retrospectiva se limitando aos artigos científicos publicados entre 1996 a 2013, com uso dos seguintes descritores: Depilação, luz pulsada, epilação e pelos. Como critérios de inclusão para seleção do material pesquisado foram considerados os materiais publicados em língua portuguesa e na íntegra. Estética Com Ciência | 41
4. RESULTADOS AUTORES
ANO
TÍTULO
RESULTADOS PRINCIPAIS
DAWBER, Rodney; NESTE Dominique Van.
1996
Doenças dos cabelos e do couro cabeludo: sinais comuns de apresentação, diagnóstico diferencial e tratamento.
Esta obra aborda a fisiologia e anatomia da pele, do couro cabeludo, do pelo, investigando suas patologias e a psicossociologia do cabelo.
DECCACHE, Daniela S.
2006
Formulação dermocosmética contendo DMAE glicolato e filtros solares: desenvolvimento de metodologia analítica, estudo de estabilidade e ensaio de biometria cutânea.
O ensaio de biometria cutânea demonstrou que a formulação analisada não aumentou a oleosidade na pele das voluntárias, demonstrando-se adequada para todos os tipos de pele.
FARIAS, Daniel Lima; MEJIA, Dayana Priscila Maia.
2013
Os benefícios da aplicação da luz intensa pulsada na epilação e em diversas afecções na pele: uma revisão de literatura.
A luz intensa pulsada é tida como uma boa opção de tratamento para diversas afecções da pele, particularmente o fotoenvelhecimento cutâneo, além de ser indicado para os casos de epilação de partes do corpo.
JUNQUEIRA, Luiz C.; CARNEIRO, José.
2004
Histologia básica.
Esta obra é um informativo atualizado segundo a evolução das ciências da saúde sobre terapêutica medicamentosa e reações adversas a fármacos.
LIRA, Izadora Paula de Souza; LIMA, Tatiana Ferreira de Siqueira
2008
O Uso da Corrente Microgalvânica no Tratamento de Rugas: Uma Revisão.
O eletrolifting apresenta resultados satisfatórios, porém mostra muita divergência dos autores na melhor amperagem utilizada da corrente assim não comprovando um melhor parâmetro específico.
PATRIOTA, R. C. R.; RODRIGUES, C. J.; CUCÉ, L. C.
2011
Luz intensa pulsada no fotoenvelhecimento: avaliação clínica, histopatológica e imuno-histoquímica.
A luz intensa pulsada constitui boa opção de tratamento para o fotoenvelhecimento cutâneo, sendo uma técnica não-ablativa, segura e eficaz, visto que a melhora clínica observada pelos pacientes encontra paralelo na análise histológica.
PEREIRA, Jose Marcos.
2001
Propedêutica das doenças dos cabelos e do couro cabeludo
Esta obra aborda a fisiologia e anatomia do couro cabeludo e do cabelo, fazendo uma análise sobre as doenças que os atingem.
PIROLA, Flávia M.
2012
LIP e seus benefícios ao alcance do profissional de estética.
As funcionalidades da luz intensa pulsada é eficaz em muitos casos, como nas estrias, poiquilodermia de civatte, fotorrejuvenecimento, telangectasias, discromias, hemangiomas, melanoses, na fotoepilação, e na acne, rendendo resultados satisfatórios.
PIROLA, Flávia Maria; GIUSTI, Helena Hanna Khalil Dib.
2010
Dermato – Funcional: Modalidades, terapêuticas nas disfunções estéticas.
Com base científica e experiência profissional a obra aborda tópicos da anatomina e fisiologia da pele, cosmetologia, recursos terapeuticos tanto na estética facial quanto na corporal, conjugando conhecimento para profissionais do bem-estar na busca da melhora da qualidade de vida.
RUDOLF, Carline; PAVELECINE, Sabrina; GALLAS, Juliana Cristina
2008
O processo de depilação definitiva: uma análise corporativa.
Os tratamentos à base de luz (Laser ou LIP) oferecem boas alternativas para a combinação de pele clara e pelo escuro, porém em todos os outros casos, o risco de efeitos é mais elevado, enquanto que a eficácia é menor.
SANTOS, A. C.; BASSANI, J.; MACHADO, M.; PAGANI, T.
2009
Diferentes tipos de depilação.
Considerou-se para poder realizar uma depilação de qualidade e para compreensão dos processos depilatórios, é necessário o conhecimento, pois são diversos e específicos para cada tipo de pele ou região a ser depilada.
SILVA, Janaína Bastos; BARONIO, Jussara; LACERDA, Felipe; BUENO, Vandressa
2012
O efeito da luz pulsada em manchas senis: um relato de caso.
A luz intensa pulsada foi aplicada em 4 pacientes com manchas senis, conseguindo atuar na despigmentação das manchas da pele, além de estimular a produção de colágeno.
TONIDANDEL, Vanessa Estima B. C.; GOSI, Maria Magali; WADA, Mariangela Almeida; VASCONCELOS, Maria Goreti
2012
Aplicação de luz pulsada em depilação de pelos brancos.
Em 3 meses e meio foram feitas sessões de luz pulsada na barba de um paciente, apresentando assim diminuição da quantidade de pelos e no tempo de crescimento, constatando-se um resultado satisfatório sobre a utilização desta técnica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. SANTOS, A. C.; BASSANI, J.; MACHADO, M.; PAGANI, T. Diferentes tipos de depilação. 2009. Disponível em: http://siaibib01.univali.br/pdf/Anelise%20Cruz%20dos%20 Santos%20e%20Josistela%20Bessani.pdf. Acesso em 18 out. 2016. 2. TONIDANDEL, Vanessa Estima B. C.; GOSI, Maria Magali; WADA, Mariangela Almeida; VASCONCELOS, Maria Goreti. Aplicação de luz pulsada em depilação de pelos brancos. 2012. Disponível em: http://famesp.com.br/novosite/wp-content/ uploads/2011/12/Artigo_Estetica_nov2012.pdf. Acesso em 18 out. 2016. 3. DECCACHE, Daniela S. Formulação dermocosmética contendo DMAE glicolato e filtros solares: desenvolvimento de metodologia analítica, estudo de estabilidade e ensaio de biometria cutânea. 2006. 153f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Curso de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2006. 4. JUNQUEIRA, Luiz C.; CARNEIRO, José. Histologia básica. 10. Ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koongan, 2004. 5. LIRA, Izadora Paula de Souza; LIMA, Tatiana Ferreira de Siqueira. O Uso da Corrente Microgalvânica no Tratamento de Rugas: Uma Revisão. Rio de Janeiro, jun. 2008. Disponível em: http://www.interfisio.com.br/?artigo&ID=335&url=O-Uso-da-CorrenteMicrogalvanica-no-Tratamento-de-Rugas--Uma-Revisao. Acesso em 30 out. 2016. 6. DAWBER, Rodney; NESTE Dominique Van. Doenças dos cabelos e do couro cabeludo: sinais comuns de apresentação, diagnóstico diferencial e tratamento.1. ed. São Paulo, SP: Manole, 1996. 7. PEREIRA, Jose Marcos. Propedêutica das doenças dos cabelos e do couro cabeludo. São Paulo: Atheneu, 2001. 246p. 8. PATRIOTA, R. C. R.; RODRIGUES, C. J.; CUCÉ, L. C. Luz intensa pulsada no fotoenvelhecimento: avaliação clínica, histopatológica e imuno-histoquímica. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v. 86, n. 6, nov./dez. 2011. 9. SILVA, Janaína Bastos; BARONIO, Jussara; LACERDA, Felipe; BUENO, Vandressa. O efeito da luz pulsada em manchas senis: um relato de caso. 2012. Disponível em: http:// siaibib01.univali.br/pdf/Janaina%20Bastos,%20Jussara%20Baronio.pdf. Acesso em 18 out. 2016.
42 | Estética Com Ciência
10. PIROLA, Flávia M. LIP e seus benefícios ao alcance do profissional de estética. 2012. Disponível em: http://www.hairbrasil.com/congresso/estetica2012/dia26/3_flavia.pdf. Acesso em 31 out. 2016. 11. FARIAS, Daniel Lima; MEJIA, Dayana Priscila Maia. Os benefícios da aplicação da luz intensa pulsada na epilação e em diversas afecções na pele: uma revisão de literatura. 2013. Disponível em: http://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/19/47_-_ Os_benefYcios_da_aplicaYYo_da_luz_intensa_pulsada_na_epilaYYo_e_em_diversas_ afecYes_na_pele_-_RL.pdf. Acesso em 18 out. 2016. 12. RUDOLF, Carline; PAVELECINE, Sabrina; GALLAS, Juliana Cristina. O processo de depilação definitiva: uma análise corporativa. 2008. Disponível em: http://siaibib01. univali.br/pdf/Carline%20Rudolf%20e%20Sabrina%20Pavelecini.pdf. Acesso em 18 out. 2016. 13. PIROLA, Flavia Maria; GIUSTI, Helena Hanna Khalil Dib. Luz Intensa Pulsada. In: BORGES, Fabio dos Santos. Dermato – Funcional: Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. 2 ed. São Paulo: Phorte, 2010.
Angélica Bezerra do Nascimento; Débora Barbara de Souza Martins; Deborah Leite Campos; Rosália Maria Lopes
Trabalho de Pesquisa do Curso Superior em Tecnologia de Estética e Cosmetologia, apresentado ao Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU, como requisito parcial para obtenção da nota na disciplina de Projeto Integrado IV sob orientação da Profa. Dra. Ana Carolina F. de Moraes.
PEELING QUÍMICO ALFAHIDROXIÁCIDOS - AHA’s Os alfa-hidroxiácidos (AHAs) são ácidos carboxílicos, formados a partir de aminoácidos (Yu & Van Scott, 2004). Estes compostos são encontrados na natureza, em plantas, animais e microorganismos. Participam de vários processos metabólicos, como o Ciclo de Krebs e a glicólise (Berardesca, 2001). Alguns AHAs são produtos intermediários e/ou metabólitos no metabolismo de carboidratos, como o ácido cítrico e ácido málico (Yu & Van Scott, 2004).
Os AHAs mais utilizados em cosméticos são o ácido glicólico e o ácido lático, sendo agentes de descamação e emolientes da pele. Entre os AHAs estão também o ácido málico, ácido tartárico, ácido cítrico, ácido mandélico e ácido benzílico (Yu & Van Scott, 1989; Nardin& Guterres, 1999). Os alfa-hidroxiácidos, quando utilizados nas formulações, as mesmas necessitam ser neutralizadas para que alcancem uma faixa de pH entre 3 e 5, com Estética Com Ciência | 43
objetivo de se aproximar ao pH da superfície da pele que varia de 4,2 a 5,6 pois, acredita-se que a eficácia tópica da formulação esta diretamente relacionada ao seu pH desejado, (YU; SCOTT, 1996). A eficácia tópica de uma formulação que contém um alfa-hidroxiácido, depende de dois fatores principais: a concentração biodisponível, que é a fração da droga não alterada que chega a circulação sistêmica, e o veículo utilizado. O veículo é muito importante na eficácia tópica de um alfa-hidroxiácido, tanto para uso cosmético como para indicações dermatológicas. Alguns alfa-hidroxiácidos como: ácido glicólico, ácido lático, ácido tartárico, ácido málico e ácido cítrico, são altamente solúveis em água, cremes e ou loções feitos de emulsões óleo-em-água, outros são mais solúveis em lipídios, que é o caso do ácido mandélico e ácido benzílico, que são altamente solúveis em unguentos ou em emulsões tipo água-em-óleo (YU; SCOTT, 1996). Os alfa-hidroxiácidos são responsáveis pela retenção de água da epiderme, acelerando desta forma o processo de renovação celular, para que isso ocorra, o pH da formulação deve estabilizar-se em torno de 3,8 e utilizar concentrações de 10%. Pertencem a este grupo o ácido glicólico, ácido cítrico, ácido lático, ácido mandélico e ácido tartárico. Desta forma, temos que: - Ácido Málico: extraído da maça; - Ácido Tartárico: extraído da uva;
- Ácido Glicólico: encontrado em alimentos naturais, como a cana-de-açúcar, apresenta boa absorção em diferentes camadas da pele, além de agir como um solvente para a matriz intercorneócita reduzindo a excessiva queratinização. É um peeling suave que atua promovendo o afinamento do extrato córneo, que é útil na renovação da epiderme e redução visível das linhas faciais. Deve ser aplicado localmente para estimular a renovação celular, e também atuar como clareador hidrofílico, que aumenta a hidratação e elasticidade da pele. O aumento da elasticidade da pele se deve a estimulação direta na produção de colágeno, elastina e mucopolissacarídeos nas camadas mais profundas da pele (HENRIQUES et al.,2007). Os mecanismos de ação dos AHA’s ainda não é bem conhecido mas, as teorias atuais sugerem que, baixas concentrações agem somente sobre a epiderme causando, descamação, plastificação e promoção de diferenciação na epiderme normal e que, concentrações elevadas agem na epiderme e também na derme (Nardin & Guterres, 1999; Yu & Van Scott, 1996; Berardesca, 2001; Yu & Van Scott, 2004). A aplicação tópica de baixas concentrações de AHA (2 a 10%) resulta em aumento das glicosaminoglicanas (GAGs), particularmente de ácido hialurônico. O ácido hialurônico pode reter água numa proporção maior que mil vezes seu peso, sendo que este aumento de GAGs pode ser um importante aspecto na melhora clínica de linhas de expressão e rugas associados ao fotoenvelhecimento (Leyden et al, 1995).
- Ácido Lático: extraído do leite azedo, por meio de fermentação bacteriana, responsável por promover a hidraINDICAÇÕES (Nardin, Gutierres, 1999) tação da pele. Em altas concentrações promove a esfoliação e renovação da pele, sempre mantendo seu pH de estabilidade de 3,5 a 4,5 com máxima con- Acne: diminuem a coesão dos corcentração de 10%; neócitos em baixas concentrações e provocam separação dos queratinócitos - Ácido mandélico: obtido pela hidró- e epidermólise em concentrações mais lise do extrato de amêndoas amargas. elevadas. Os mais efetivos para esta Segundo estudos, o ácido mandélico é afecção são, ácido mandélico, ácido gliútil para tratar acne inflamatória não- cólico, ácido lático e ácido málico; -cística e rejuvenescer e pele foto envelhecida, além de utilizado no pré peeling - Rosácea: promovem a melhora das e na prevenção de infecções por bacté- lesões devido à normalização da querias no pós peeling. ratinização, além do efeito do baixo pH das formulações, o que causa deple44 | Estética Com Ciência
ção dos nutrientes bacterianos, resultando em diminuição dos patógenos. O aumento de substâncias como o ácido hialurônico, glicosaminoglicanas, fibras elásticas e colágeno na derme causados pelos AHAs também podem tornar a telangiectasia menos visível (Briden & Rendon-Pellerano, 1996). Fotoenvelhecimento: diminuem a espessura do estrato córneo hiperqueratolítico por reduzir a coesão dos corneócitos, induzem à síntese de mucopolissacarídeos e colágeno na pele fotodanificada, impedem parcialmente atrofia dérmica, mudanças citológicas e diminuição da síntese de glicosaminoglicanos (Barquet, Funck , Koester, 2006) As reações adversas causadas pelos AHA’s incluem edema, eritema, ardor, prurido, frost, formação de bolhas.
REFERÊNCIAS - Barquet, A.P., Funck, A.P.G., Koester, L.S.. Comparação entre alfa-hidroxiácidos e polihidroxiácidos na cosmiatria e dermatologia. Rev. Bras. Farm., 87(3): 67-73, 2006 - Berardesca, E. Alpha hydroxy acids. In: BarelL, A.O. Handbook of Cosmetic Science Tecnology. New York: Marcel Bekker Incorporate, 2001. p.311-315. - Briden, M.E.; Rendon-Pellerano, M.I. Treatment of rosacea with glycolic acid. J. Geriatr. Dermatol. 1996 Suppl B (4): 17B-21B. - Leyden, J.J.; Lalker, R.M.; Grove, G.; Kaidbey, K. Alpha hydroxy acids are more than moisturizers. J. Geriatr. Dermatol. 1995a Suppl A (3): 33A-37A. - Nardin, P., Guitierres S.S. Alfa – Hidroxiácidos: aplicações cosméticas e dermatológicas. Caderno de Farmácia, v. 15, n. 1 p. 7-14, 1999. - YU, R. J.; SCOTT, E. J. V. Biodisponibilidade de Alfa-Hidroxiácidos em Formulações Tópicas. Cosméticos On Line. São Paulo. n. 24, p. 38-44, Jun. 1996.
Dra. Paula França Fisioterapeuta Dermato Funcional Fisioterapeuta Intensivista Coach Docente de cursos de Pós Graduação Fundadora do Centro de Estudos Paula França - CEPAF
OS CUIDADOS ESTÉTICOS DA ALOPECIA ANDROGENÉTICA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
podem ser utilizados nos cuidados estéticos para a eficácia terapêutica dessa patologia Estudos referentes a tricologia estão cada capilar. Apesar da quantidade limitada de vez mais em evidência devido aos inúmeros estudos sobre o referente tema, os procediprocedimentos estéticos e patologias capila- mentos estéticos e os ativos cosméticos meres que afetam as mulheres e homens. Den- lhoram significativamente o quadro de alopetre essas patologias encontram-se a alopecia cia principalmente se associados com outros androgenética, que se caracteriza pelo afina- tipos de tratamentos encontrados no mercamento dos fios causando rarefação difusa na do, porém poucos autores conseguiram definir os parâmetros para a terapêutica capilar região frontoparietal. Atualmente diversos tratamentos surgiram da alopecia androgenética sendonessa área para tratar esse distúrbio, procedimentos que chegar a resultados mais satisfatórios e defivão desde uma simples massagem a uma nidores. sessão invasiva como a carboxiterapia. Este Palavras-chave: Alopecia androgenética. estudo foi realizado através de uma revisão Queda capilar. Calvície. bibliográfica, exploratória sobre o tema alopecia androgenética, terapêutica e cuidados ABSTRACT estéticos, utilizando livros, artigos científicos e revistas científicas com a intenção de comStudies refering to Trichology are getpreender o melhor recurso estético para o tratamento da alopecia androgenética e com ting more demonstrated due to inumeo objetivo de analisar os procedimentos esté- rous aesthetic procedures and capillaries ticos disponíveis e os ativos cosméticos que pathologies that affect women and men. Among those pathologies is androgene-
RESUMO
46 | Estética Com Ciência
tic alopecia, which is thinning of hair shafts that causes difuse rarefaction in the region frontoparietal. Currently, there are various treatments for this disturb, procedures that come from a simple massage to a invasive sessio like carboxytherapy. This study was accomplished through exploratory bibliographic revision about the theme, therapy and aesthetic care. the means used were books and scientific articles, intending to comprehend the best aesthetic resource for the treatment of androgenetic alopecia and analyze the aesthetic and cosmetic procedures avaiable. Despite the limited amount of studyabout the theme, the procedures and products improve significantly the condition alopecia, specially if associated with other treatments encoutred on the market. However, only a few authors could define the parameters for treatment hair loss, for it is complicated to reach more satisfying and definitive results. Key-words: Androgenetic alopecia. Hair loss. Baldness.
1 INTRODUÇÃO Os cabelos proporcionam a proteção contra traumatismos e radiações solares, mas eles também exercem uma influência enorme no padrão social e no psicológico de cada um, interferindo até mesmo na sua forma de cada pessoa se relacionar. Essa idolatria aos cabelos surgiu na antiguidade, influenciando líderes e imperadores. Os cabelos também são referências sociais e culturais em muitas civilizações. (WIELEWSKI; SERRÃO; MOSER, [200-]). A alopecia androgenética (AAG) é considerada uma patologia dermatológica crônica localizada nos folículos pilosos e com efeitos colaterais, principalmente aqueles relacionados a questões psicológicas e emocionais. (REBELO, 2015). Esta patologia que se destaca pela perda de pelos do couro cabeludo, também é conhecida por alopecia difusa andrógeno-dependente, calvície, alopecia andrógena. (KEDE; SABATOVICH, 2009). Esse tipo de calvície é de ordem genética, comum após os 40 anos ou próximo à menopausa, e pode se associar com doenças endócrinas onde a testosterona está predominante, como mulheres com ovários policísticos. (JUNIOR, 2006). Atualmente existem diversos métodos de tratamento, de uso tópico, oral, invasivo e não invasivo sendo possível analisar a existência de um leque de tratamentos, facilitando a escolha da melhor terapêutica, de acordo com o perfil do paciente. (SILVA, 2011). Com o aumento de queixas em relação à queda capilar, novos recursos estão sendo descobertos ao longo dos anos. Antes, esse assunto somente era estudado na área da Medicina por disciplinas como Tricologia, hoje já é estudado em áreas como o curso de Estética, onde aborda métodos
não invasivos e de resultado significante para o tratamento dessa patologia. (SANTOS; ALMEIDA; MOSER, [200-]). Calcula-se que aproximadamente 30% de mulheres caucasianas apresentam AAG antes dos 50 anos. (MACHADO, 2007). O quadro de alopecia se divide em 12% de mulheres com AAG a partir dos 29 anos, 25% a partir dos 49 anos, 41% superior a 69 anos e 50% podem apresentar características dessa patologia após os 79 anos. (KLEINHANS, 2012). Já 50% dos homens podem apresentar algum grau de AAG acima dos 50 anos e seus sinais podem se apresentar em 14% em adolescentes entre 15 - 17 anos. (BRENNER-MULINARI; SEIDEL; HEPP, 2011). Diante desse cenário, torna-se relevante o estudo das causas da AAG, tendo em vista a importância dos cabelos para autoestima e sua influência na qualidade de vida. Observando para tal, os cuidados estéticos que podem ser proporcionados àqueles acometidas por essa patologia. Cuidados esses, alcançados através de procedimentos e ativos, e de inovações tecnológicas e tratamentos diferenciados como aromoterapia, massagem, shiatsu, eletroterapia, alta frequência, conforme afirmam Santos; Almeida e Moser [200-]. Portanto, este estudo tem por objetivo analisar alguns dos procedimentos estéticos disponíveis e os ativos cosméticos que podem ser utilizados nos cuidados estéticos para a eficácia terapêutica desta patologia.
2.1 A alopecia androgenetica feminina
A alopecia androgenetica provoca o afinamento dos fios causando rarefação difusa na região fronto-parietal. (MACHADO, 2007). A AAG feminina é caracterizada pela perda progressiva do diâmetro, comprimento e pigmentação, sendo esta uma alopecia não cicatricial, ou seja, é reversível, pois não causa a destruição do folículo piloso. (REBELO, 2015). De acordo com Pereira (2007) a patologia se encontra ligada à presença de hormônios no folículo pilossebáceo que é predisposto à alopecia. Existem dois hormônios que são essenciais quando o assunto é queda capilar, a T (testosterona), por exemplo, é o responsável por mudanças no corpo, voz, sexual e emocional da mulher, causando uma masculinização, já a DHT potencia o crescimento de pelos terminais, aumenta as entradas na região temporal, causando a AAG e a acne. A frequente estimulação dos folículos pilosos pelo hormônio masculino T que através da enzima 5α-redutase é transformada em DHT, que promove a diminuição progressiva nos folículos pilosos em cada ciclo, causando a miniaturização. O fato de haver um fator genético que influência na AAG não é comprovado, porém existem casos que afirmam esse envolvimento sendo geralmente o histórico familiar em mulheres menos comum (FIG. 1). (BRENNER-MULINARI; SEIDEL; HEPP, 2011). Estética Com Ciência | 47
para pessoa. Atualmente, existe a Escala Universal de Classificação Básica e Específica (BASP) que relata o grau em que o cliente se encontra dependendo de fatores como a condição da linha anterior do cabelo. (SILVA, 2011).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
As mulheres podem apresentar dois tipos de padrão de AAG, o masculino, que apresenta perda de cabelos na região bitemporal e no vértex, responde bem as terapias antiandrogênicas, e feminino, com a perda de cabelos na linha mediofrontalpoupando a linha frontal, parecendo não ter influência dos androgênios sistêmicosnão respondendo bem a terapia antiandrogênica. (KEDE; SABATOVICH, 2009).
2.2A alopecia androgenética masculina
A AAG masculina se caracteriza pela miniaturização dos folículos pelo diidrotestosterona (DHT), essa afirmativa é comprovada porque homens estéreis não apresentam AAG, comprovando que o DHT é o principal causador da AAG masculina. (BRENNER-MULINARI, 2011). A calvície masculina inicia pelas entradas, com afinamento dos fios e após a queda progressiva. Com o fim da queda, os cabelos começam a ser substituídos por fios cada vez mais finos, até chegar a uma penugem fina. É acometida na frente e em cima da cabeça (retratação na região fronto-temporal e escassez na região vértex), de acordo com a classificação de Hamilton Norwood (FIG. 2). (ERBS et al. 2010).
A AAG pode iniciar durante a puberdade ou ao se apresentar mais velho, variando de pessoa 48 | Estética Com Ciência
Este estudo foi realizado através de uma revisão bibliográfica exploratória sobre o tema alopecia androgenetica feminina, terapêutica e cuidados estéticos, utilizando livros, artigos científicos e revistas científicas e especializadas com a intenção de compreender o melhor recurso estético para o tratamento. A pesquisa iniciou-se em agosto de 2015 e foi finalizada em março de 2016, onde foram utilizados os seguintes descritores: alopecia androgenética feminina, queda capilar, alopecia, ciclo capilar, calvície feminina. Os materiais foram colhidos através dos sites científicos Scielo e Google Acadêmico, do programa de empréstimo da biblioteca do UNIFOR, Ângela Vaz Leão.
4 DISCUSSÃO De todos os artigos pesquisados, apenas o estudo de Paiva [2006?] e o estudo de Lima e Chingui (2013) especificaram os parâmetros para se realizar osprocedimentos carboxiterapia e laserterapia capilar, respectivamente. Paiva [2006?] utilizou o fluxo de 60 mL/ min. através do plano sub-galeal na carboxiterapia, espaçamento de 5cm, intervalo de 15 dias e 5 sessões em 3 clientes, seu tratamento foi associado a intradermoterapia de procaína 2% D-pantenol 40 miligrama por mililitro (mg/mL), minoxedil 0,5% e biotina 5mg/mL resultando em uma boa hidratação e resistência dos cabelos, lanugem após a 2ª sessão e aumento da densidade. Já Lima e Chingui (2013) realizou a aplicação de D-pantenol com o laser de baixa potência modulação do vermelho de 660 a 690 nm e o intravermelho 790 a 830 nm por 24 sessões durante 6 meses, sempre realizando a limpeza com xampu de jaborandi, alta frequência, aplicação do D-pantenol e irradiou o laser com a dosimetria de 4 joules (J), fluência 140J/CM² até a 2ª sessão, após a 3ª, aplicação 2J, fluência 70J/cm² finalizou com tônico de D-pantenol. Após 4 meses, o laser foi aplicado semanalmente por 30 minutos, dosimetria inicial e a finalização foi recomendação da manutenção uma vez ao ano, recomenda-se a manutenção mínima de 12 sessões quinzenalmente, notou-se melhora através da inspeção e de fotos, porém não se especificou em quanto tempo nem seu processo de crescimento. Wichrowski (2007) dissertou que na laserterapia, até 30% do fluxo sanguíneo chega a raiz reduzindo causa da queda capilar na raiz do cabelo, a oleosidade e o nível de
DHT nos folículos pilosos concluindo que esse procedimento só é eficaz em pessoas que ainda possuem fios, mesmo que finos. Concluindo que apesar dos diferentes aparelhos utilizados nos protocolos, o D-pantenol demonstrou grande importância no percentual da redução da queda por se tratar de um excelente ativo hidratante, já no estudo em que não foi utilizado a aplicação de D-pantenol, o laser atuou de forma eficaz contra essa patologia, dessa forma ambos procedimentos revelaram resultados satisfatórios com ou sem o uso de ativos cosméticos. Simplicio [2013] descreve que a carboxiterapia realiza a manutenção da fase anágena sustentável, estimulando o crescimento do fio firme e grosso causando uma melhora da oxigenação, microcirculação e aporte sanguíneo, eliminando as toxinas e aumentando o metabolismo local. Diferente de Paiva [2006?], Simplicio [2013] não relata os parâmetros para se utilizar na carboxiterapia, porém ambos concordam que o procedimento relatado proporciona a vasodilatação local e melhora o fluxo sanguíneo. Fernandes (2008) realizou o processo de desincruste associando a ionização para nutrir e hidratar em 7 sessões, na 4ª sessão a rarefação diminuiu, porém não especificou a modulação do aparelho. Wichrowski (2007) descreve que o eletrodo embebido de carbonato de sódio ou salicilato de sódio ao ser aplicado resulta na saponificação do couro, ressalta que a chave do aparelho de alta frequência permanece no modo normal ou positiva, após, é feita a lavagem e a chave é colocada na posição inversa ou negativo para realizar a remoção. Na remoção, o algodão molhado com água retira o sabão. Afirma também, que o uso associado a ativos capilares melhora no crescimento capilar realizando a limpeza dos óstios capilares. Ambos não relataram sobre os parâmetros utilizados nos aparelhos, não estabelecendo um padrão de modulação para esse procedimento, apenas concordam que a retirada de gordura através da transformação do sebo em sabão contribui para a diminuição da alopecia devido a limpeza do óstio capilar e que seu uso associado a ionização de ativos potencia esse protocolo positivamente. Santos, Almeida e Moser [200-] indicam a aplicação da alta frequência por 3 a 10 minutos e salientam que não deve ser usado em locais que tiveram contato com o álcool e relata que através desse procedimento é realizada a limpeza, nutrição, umectação e estimulação do couro. Wichrowski (2007) afirma que a aplicação de alto frequência promove o efeito térmico homogêneo, dilatação superficial e leve vasoconstrição profunda e também recomenda a aplicação de 3 a 10 minutos assim como Santos, Almeida e Moser, já Fernandes (2008) apenas revela que utiliza o mé-
todo como faiscamento direto. O conteúdo relacionado a alta frequência dissertado por Santos; Almeida e Moser [200-] e Fernandes (2008) foi delimitado, não especificando os parâmetros para a área capilar. Mumford (2009) disserta que os movimentos devem ser feitos com a pressão dos dedos, em círculos e de fricção promovendo a estimulação dos capilares e seu crescimento. Já Fernandes (2008) diz que os movimentos são de deslizamento, rotação e vibração, devendo ser firmes, levantados e rítimos envolvendo nessa massagem os ombros, pescoço e orelhas levando a uma estimulação da corrente sanguínea ativando os filamentos nervosos e glândulas e fortalecendo o bulbo capilar. Wielewski, Serrão e Moser [200-] diferente dos outros autores, indicam a aplicação da massagem com a esfoliação e tonificação que geram um fortalecimento do folículo piloso combatendo a oleosidade e promovendo o relaxamento. Tanto Mumford (2009), Wichrowski (2007) quanto Wielewski; Serrão e Moser [200-] concordam que os movimentos da massagem devem ser leves afim de evitar a queda capilar. Pereira [200-] afirma que os ativos podem ser associados para evitar a queda, esses produtos podem ser utilizados na permeação, massagens ou em xampus, máscaras e condicionadores. O estudo realizado por Fernandes (2008) obteve resultados através das técnicas combinadas de massagem, alta frequência, desincruste e do uso da cosmetologia, utilizando ativos como o jaborandi e óleos essenciais, promovendo uma limpeza e estimulando o crescimento. A partir da quarta sessão notou-se resultados positivos. O diferencial do estudo de Fernandes (2008), foi o uso do Filtro de Proteção Solar (FPS), pois nenhum outro estudo cita o uso do FPS. Entretanto vale ressaltar que o mesmo só cita e não descreve os motivos do seu uso. Gomes e Damazio (2009) listaram muitos ativos eficazes na queda, neste trabalho são citados alguns ativos eficientes contra a AAG como o Juá, Jaborandi e Alecrim. Esses ativos promovem a limpeza, são adstringentes, antissépticos, hidratantes, suavizantes, dão brilho, maciez, entre outras funções. Consulin (2014) afirma que os nutricosméticos, apesar de novos no mercado e muita das vezes ainda desconhecidos, são eficazes e seu uso é interessante se conjugado com os procedimentos estéticos visando potencializar o tratamento estético. Cabral, Benatti e França (2010) relatam que essa tecnologia tem o objetivo de tratar a pele de dentro pra fora, tornando-se mais efetivo, ao invés de substituir o cosmético, são utilizados como complementos. Pereira (2007) enfatiza que a visualização do tratamento deve ser documentado com Estética Com Ciência | 49
fotos para se obter a notoriedade do crescimento dos fios. Os estudos de caso aqui relatados nos resultados foram realizados em homens devido a escassez na literatura referente a pesquisas experimentais em mulheres.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Foi evidenciado através deste estudo que a alopecia androgenética acomete principalmente mulheres próximas da menopausa ou com problemas hormonais por ser uma patologia de origem hormonal/genética e 50% dos homens em algum momento da vida apresentará sinais de AAG, sendo uma patologia comum em ambos os sexos causando danos na autoestima e até mesmo no convívio social. Observou-se que a Estética e a Farmacologia andam juntas, de forma a potencializar o tratamento desta disfunção. Através dos resultados encontrados neste estudo foi possível concluir que a Estética possui respaldo na literatura, mesmo que limitados, para o uso seguro de ativos e a realização de procedimentos nos cuidados que podem ser proporcionados à mulher na terapêutica da AAG apresentando resultados satisfatórios. Sugere-se mais estudos sobre os procedimentos estéticos no tratamento da AAG, em busca de aperfeiçoamento e novos resultados clínicos e experimentais sobre essa temática. REFERÊNCIAS ABRAHAM, L.S. et. al. Surgical & Cosmetic Dermatology. Tratamentos estéticos e cuidados dos cabelos: uma visão médica (parte 1), v.3, n.1, p.130-136, Rio de Janeiro: 2009. Disponível em: <http://www. surgicalcosmetic.org.br/detalhe-artigo/27/Tratamentos-esteticos-ecuidados-dos-cabelos--uma-visao-medica--parte-1-> Acessado em 27 fev. 2016 ALAM, M.; GLADSTONE, H.B.;TUNG, R.C. Requisitos em Dermatologia: Dermatologia cosmética. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. BORGES, F. Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. 2. ed. rev. amp. São Paulo: Phorte, 2010. BRENNER-MULINARI, F.; SEIDEL, G., HEPP, T. Entendendo a alopecia androgenética. Surgical and cosmetc dermatology, Curitiba, v. 3, n.4, p.329-337, 2011. Disponível em: <http://www.surgicalcosmetic.org.br/ detalhe-artigo/160/Entendendo-a-alopecia-androgenetica> Acessado em: 21 set. 2015 CONSULIN, M. Nutricosméticos, as ‘’Pílulas da beleza’’. Revista Negocio Estética. [S.l.], 6 jan 2014. Disponível em: <http://www.negocioestetica. com.br/author/marcia-consulin/page/2/> Acessado em 06 mar. 2016 DANGELO, J.G.; FATTINI, C.A. Anatomia humana básica. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2002. ERBS, A.F. et al. Alopecia e os tratamentos de transplante e prótese capilar. 18p. Artigo cientifico (Graduação em Cosmetologia e Estética) - Universidade Vale do Itajaí - UNIVALI, Balneário Camboriú, 2010. Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/pdf/Ana%20Fl%C3%A1via%20 Erbs,%20Mariele%20Muniz%20Mocelin.pdf> Acessado em 18 ago. 2015 FERNANDES, J.L.R. Avaliação, como ela pode ajudar ou prejudicar o aluno. 2008. 57p. Monografia (Pós-graduação “Lato Senso” em Docência do Ensino Superior) - Universidade Candido Mendes, Rio de Janeiro, 2008. Disponível em: <http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_ publicadas/k206426.pdf> Acessado em 09 set. 2015.. GOMES, R.K.; DAMAZIO, M.G. Cosmetologia: Descomplicando os princípios ativos 3. ed. rev. São Paulo: LMP Editora, 2009. HALAL, JOHN Tricologia e a química capilar. 5ed. CENGACE Learning, 2012. INDUSTRIA BRASILEIRA DE EQUIPAMENTOS MÉDICOS LTDA. HF IBRAMED. 2ed. n. 3 Amparo: IBRAMED, 2012. Disponível em: <http:// manual.assistenciafernandes.com.br/ibramed/estetica/HFIbramednovo. pdf>. Acesso em 27 fev. 2016. JUNIOR, F.T.B. Calvície feminina: Classificação proposta. Revista Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica,v.4, n. 21, p. 196-202, 2006. Disponível em: < http://www.rbcp.org.br/details/62/calvicie-feminina-classificacao-proposta> Acessado em 27 fev. 2016. KEDE, M.P.V.; SABATOVICH, O. Dermatologia Estética. 2ed. atual. e ampl.
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Juliane Mengue ALONSO 1 Larissa da Cruz FERREIRA 2
1 Graduanda do Curso de Estética do Centro Universitário de Formiga/ UNIFOR-MG / Email: a.gleiceamasilis@gmail.com 2 Enfermeira Docente do Curso de Estética do Centro Universitário de Formiga/ UNIFOR-MG - Email: pollianallacerda@gmail.com
ATIVOS COSMÉTICOS ASSOCIADOS À MASSAGEM DRENANTE NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE (CELULITE) RESUMO
O termo celulite é uma palavra de origem latina “Cellulite”, utilizada para descrever alterações topográficas da superfície da pele. É definido por uma sobrecarga de gordura localizada, devido à hipertrofia dos adipócitos é considerada uma patologia multifatorial por ser determinada por efeitos hormonais, predisposição genética, inatividade, dietas inadequadas, obesidade e distúrbios posturais. O Fibro Edema Ginóide (FEG) é subdividido em quatro fases sendo elas: primeira fase: quase imperceptível, considerada uma fase breve; segunda fase: é a fase da inflamação;
já é visível; terceira fase: conhecida como fase nodular, onde ocorre uma lesão acelerada na densidade do tecido conjuntivo quarta fase: possui as mesmas características da fase três, porém ocorre também um espessamento do tecido conjuntivo no adipócito. Para se obter um resultado satisfatório no tratamento da FEG, vários são os mecanismos disponíveis para tal. A massagem drenante é uma técnica que vem a ser uma forte aliada no tratamento devido a mesma promover analgesia e incremento na circulação sanguínea e linfática, melhora da oxigenação dos tecidos, quebra da cadeia de gordura e a melhora do tônus Estética Com Ciência | 51
muscular. Ela também desobstrui os poros, hidrata, elimina as células mortas, estimula a circulação sanguínea ocorrendo hiperemia local. Existem ativos cosméticos que podem contribuir atuando em mecanismos diferentes como estimulando a lipólise, melhorando a drenagem através de ativadores da circulação e reestruturando o tecido lesado através de renovadores de colágeno. Os ativos cosméticos mais utilizados atualmente são a Centella Asiática, a Castanha da Índia, Cafeína, Gengibre, Uva Vermelha e o Guaraná. O presente trabalho teve como objetivo fundamentar o uso de ativos cosméticos associados a massagem drenante para o tratamento do FEG. Diante desta revisão de literatura pode-se considerar que a técnica de massagem drenante é eficaz no tratamento ao FEG quando associada ativos lipolíticos, mesma não reduz peso corporal, o que ocorre é uma melhora no aspecto visual e clinico do tecido cutâneo, ocorre também à melhora na circulação sanguínea e linfática, e a diminuição do edema da região afetada pelo FEG, sendo dispensado o uso de aparelhos associados, diminuindo os custos do tratamento proposto. Por ser uma afecção multifatorial o profissional deve indicar ao paciente a mudança de hábitos de vida associadas a uma alimentação saudável, sem vícios e com a prática de alguma atividade física, que contribuirá no resultado final do tratamento. Palavras chave: Fibro edema gelóide, Tratamentos, Massagem Drenante
ABSTRACT
The term cellulite is a word of Latin origin “Cellulite”, used to describe topographical changes of the skin surface. It is defined by a localized fat overload due to adipocyte hypertrophy is considered as a multifactorial disease to be determined by hormonal, genetic predisposition, inactivity, inadequate diets, obesity, and postural disorders. The Fibro Edema Gynoid (EGF) is divided into four phases which are: first phase: almost imperceptible, considered a short phase; second phase: the phase of inflammation; It is already visible; third stage: stage known as nodular, which occurs an accelerated lesion in tissue density fourth phase: has the same phase of the three characteristics, but also is a thickening of the connective tissue in adipocytes. To obtain a satisfactory outcome in the treatment of EGF, there are several mechanisms available to do so. The drainage massage is a technique that has to be a strong ally in the treatment because the same promote analgesia and increase in blood and lymph circulation, improves oxygenation of tissues, fat chain breaks and improves muscle tone. It also unclogs the pores, moisturizes, removes dead cells, stimulates blood circulation occurring local hyperemia. There are cosmetic 52 | Estética Com Ciência
actives that can contribute in different mechanisms acting as stimulating lipolysis, improving drainage through the circulation activators and restructuring the injured tissue through collagen renovators. The cosmetic actives most currently used are Centella Asiatica, the Horse Chestnut, Caffeine Ginger, Red Grape and Guarana. This study aimed to support the use of cosmetic actives associated with drainage massage for the treatment of EGF. In the face of this review can be considered that the drainage massage technique is effective in treating the EGF when associated lipolytic active, it does not reduce body weight, what happens is an improvement in the visual and clinical aspect of skin tissue, also occurs at improvement in blood and lymph circulation, and reduction of edema in the region affected by the EGF, and dismissed the use of associated devices, reducing the cost of treatment. As a professional multifactorial disease should tell the patient to change lifestyle habits associated with a healthy, without vices and with the practice of some physical activity, which will in the end result of treatment. Keywords: Fibro edema gelloid, Treatments, Massage Draining.
INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos, o padrão de beleza sofreu várias alterações, onde, devido a grande influência da mídia e redes sociais, surgiu uma tendência de padrão estético, no qual a adiposidade e a irregularidade da pele são pouco aceitas pela sociedade. Atualmente, para alcançar o padrão de beleza imposto pela sociedade, a mulher, principalmente, submete-se a uma série de procedimentos estéticos, dietas, medicamentos, exercícios exaustivos e, até mesmo, intervenções cirúrgicas, na tentativa de aprimorar ou manter uma boa aparência estética (FRANCISCHELLI; JUNQUEIRA; FRANCISCHELLI, 2000). A flacidez tecidual, a gordura subcutânea localizada sobre o corpo e o fibro edema gelóide (FEG) “celulite”, são as queixas mais comuns entre os pacientes atendidos pela profissional esteticista. Dentre as disfunções mais indesejadas que acometem as mulheres, destaca-se o FEG, que é uma infiltração edematosa do tecido conjuntivo subcutâneo, não inflamatória, seguida de polimerização da substância fundamental, que infiltra-se nas tramas, produzindo uma reação fibrótica consecutiva. O acúmulo de gorduras das células está relacionado à quantidade insuficiente de enzimas que está sendo produzida para a queima dessas gorduras acumuladas (SILVA; FILONI; FITZ, 2014). Essa disfunção ocorre sobretudo nas mulheres tendo início na puberdade, embora a real prevalência ainda não tenha sido estabelecida. Sabe-se que é prevalente em todas as
raças, sendo mais comum nas caucasianas. Há três hipóteses para explicar a fisiologia do FEG, a primeira é em relação aos fatores inflamatórios, a segunda deve-se as alterações vasculares, e por fim as alterações dos septos do tecido conjuntivo que causam uma redução do mecanismo de bombeamento muscular dos membros inferiores, dificultando o retorno venoso e aumentando a estase de líquidos. Devido ao fator hormonal, esta disfunção acomete quase a totalidade das mulheres, sendo rara em homens (SILVA; MELO; MEYER, 2006). Vários recursos são utilizados para o tratamento do FEG, no entanto, poucos apresentam resultados satisfatórios e comprovados cientificamente em estudos. Dentre os tratamentos existentes para essa disfunção existe a massagem drenante que caracteriza-se por movimentos circulares e em espiral, trabalhados intensamente nos centros dos gânglios linfáticos. Os movimentos suaves, rítmicos e precisos, realizados com consciência, produzem um relaxamento para que a linfa flua, o oxigênio e as substâncias ativas penetrem no tecido intersticial, alimentando e regenerando as células. Seu objetivo é o de fazer fluir os líquidos do corpo, reforçar as defesas do sistema linfático, conduzindo a um equilíbrio do sistema nervoso parassimpático. É essencial no tratamento do FEG, pois ela promove analgesia e incremento na circulação sanguínea e linfática, porém a disfunção é multifatorial, decorrentes de fatores como má alimentação, sedentarismo, causas genéticas, sendo necessária a atenção redobrada do indivíduo nestes fatores para o tratamento poder definir intervenções estratégicas que visam o restabelecimento do equilíbrio do organismo (SILVA; MELO; MEYER; 2006). Através da massagem ocorre maleabilidade tecidual, diminuição da resistência da pele, auxiliando na penetração de produtos com princípios ativos específicos. A utilização de cosméticos amplificam os resultados obtidos através da massagem, pois estes objetivam a redução da flacidez, gordura localizada, FEG e distúrbios circulatórios conforme a composição de cada produto. Outro tipo de tratamento para o FEG se dá pela associação de ativos como Centella Asiática, Castanha da Índia, Cafeína, Gengibre, Uva Vermelha e Guaraná, se tornam indispensáveis no tratamento, pois estimulam a lipólise, potencializam a drenagem através de ativadores da circulação e reestruturando o tecido lesado através de renovadores de colágeno (GUIRRO e GUIRRO, 2004). O presente trabalho teve como objetivo fundamentar o uso de ativos cosméticos associados à massagem drenante para o tratamento do FEG. Na constante busca pelo belo, o público feminino, tem recorrido a métodos e técnicas
com uma expectativa cada vez maior de bons resultados. Isto motivou uma verdadeira revolução na indústria de cosméticos, assim como na pesquisa e introdução de novos conceitos que, quando interpretados e aplicados convenientemente, proporcionam resultados que certamente virão ao encontro dos anseios dos pacientes e profissionais esteticistas (SILVA; MELO; MEYER; 2006).
METODOLOGIA
Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e Mérito Científico CEP, sob o número de idetificação 8877 e protocolo 563/2015, este trabalho científico foi realizado pelos meios de pesquisa bibliográficas, onde foram utilizados artigos disponíveis nos sites Google acadêmico, Scielo (Scientific Electronic Library Online), Pubmed (US National Library of Medicine National Institutes of Health) e Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), datados de 2000 a 2015, em idioma português Brasileiro.
REVISÃO DE LITERATURA
O Fibro Edema Gelóide (FEG), popularmente conhecida como “celulite” é uma alteração estética indesejável e preocupante, que acomete milhões de mulheres em alguma época de suas vidas (MAKISHI; FERNANDES; GUAZZI; SILVA, 2014). O termo celulite é uma palavra de origem latina “Cellulite”, utilizada para descrever alterações topográficas da superfície da pele. É definido por uma sobrecarga de gordura localizada, devido à hipertrofia dos adipócitos é considerada uma patologia multifatorial por ser determinada por efeitos hormonais, predisposição genética, inatividade, dietas inadequadas, obesidade e distúrbios posturais (GUIRRO e GUIRRO, 2004). Este termo ficou conhecido na década de 20, para descrever uma alteração estética do tecido cutâneo. A partir daí alguns termos foram utilizados na tentativa de nomeá-la de acordo com suas características histomorfológicas, sendo eles: lipodisfrofia localizada, fibro edema gelóide, hidrolipodistrofia ginóide, paniculopatia edema-fibroesclerótica e paniculose, lipoesclerose nodular, lipoesclerose nodular, lipodistrofia ginóide. Porem a denomicação Fibro edema gelóide tem-se demonstrado como o conceito mais adequado para descrever o quadro historicamente conhecido e erroneamente denominado de celulite (GUIRRO e GUIRRO, 2004). O FEG é uma infiltração edematosa do tecido conjuntivo subcutânea, não inflamatória, seguida de uma hiperpolimerização da substância fundamental, tendo como consequência uma reação fibrótica. Essa hiperpolimerização (ou processo reativo) resultante de uma alteração no meio interno é favoreEstética Com Ciência | 53
cida por causas locais e gerais, em virtude das quais os mucopolissacarídeos que a interagem sofrem um processo de gelificação. Sendo assim, o FEG pode ser definido clinicamente como um espessamento não inflamatório das capas subdérmicas (MENEZES; SILVA; RIBEIRO, 2009). A reação fibrótica que ocorre no FEG por consequência do edema do tecido conjuntivo e da hiperpolimerização da substancia fundamental amorfa, se manifesta em forma de nódulos de variada extensão e localização, podendo até gerar dor nas áreas acometidas (MENEZES; SILVA; RIBEIRO, 2009). Sua classificação pode ser dividida em quatro fases de acordo com as alterações clínicas e histopatológicas, de acordo com HORIBE (2000) sendo a primeira fase quase imperceptível, considerada uma fase breve, circulatória, linfática, onde há uma hipertrofia das células adiposas devido ao acúmulo de lipídios; a segunda é a fase da inflamação, definida como o processo de floculação e de precipitação de substância amorfa do tecido conjuntivo; a terceira fase é conhecida como fase nodular, onde ocorre uma lesão acelerada na densidade do tecido conjuntivo devido à irritação das fibras teciduais, há também uma formação de um tecido fibroso; e por fim a quarta fase, que possui as mesmas características da fase três, porém ocorre também um espessamento do tecido conjuntivo no adipócito, telangectasias, microvarizes e varizes. Sua etiologia é considerada multifatorial, pois nesse processo existem vários fatores envolvidos, como os desencadeantes, os predisponentes e os agravantes. Os fatores predisponentes são de origens genética, sexual, étnica, pelo biótipo corporal, pela distribuição de tecido adiposo e pelos receptores envolvidos. O hiperestrogenismo é estimado como principal fator desencadeante (MAKISHI; FERNANDES; GUAZZI; SILVA, 2014). Essa disfunção ocorre sobretudo nas mulheres tendo início na puberdade, embora a real prevalência ainda não tenha sido estabelecida. Sabe-se que é prevalente em mulheres de todas as raças, sendo mais comum nas caucasianas. Localiza-se essencialmente na parte inferior do corpo (região pélvica, glúteos e nádegas), já que afeta a quase totalidade das mulheres, sendo rara nos homens (MAKISHI; FERNANDES; GUAZZI; SILVA, 2014). De maneira geral pode-se delinear uma etiologia para o FEG, subdividindo os fatores que provavelmente desencadeiam este processo em três classes, sendo a primeira considerada por fatores predisponentes, estes podem predispor o FEG, somando-se um destes fatores a outros, podemos ter a probabilidade razoável da instalação da mesma, sendo eles genéticos, idade, sexo e desequilíbrio hormonal. O segundo se da por fatores 54 | Estética Com Ciência
determinantes, são aqueles no sexo feminino, fumantes, com maus hábitos alimentares e ainda com desequilíbrio hormonal, será alvo de fácil aceso para as infiltrações teciduais, neste contexto pode-se citar o estresse, fumo, sedentarismo, desequilíbrios glandulares, perturbações metabólicas do organismo em geral (diabetes), maus hábitos alimentares e disfunções hepáticas. Já o terceiro, fatores condicionantes, a partir dos fatores acima citados criam-se perturbações hemodinâmicas locais, que podem aumentar a pressão capilar, dificultar a reabsorção linfática favorecendo a sua transdução nos espaços intersticiais (GUIRRO E GUIRRO, 2004). O aparecimento do FEG tem se tornado um fato preocupante, por se tratar de uma afecção multifatorial, para que o seu tratamento obtenha bons resultados é necessária uma anamnese detalhada. Num enfoque global, os tratamentos para esta condição clínica compreendem medidas higiênico-dietéticas, terapia física e tratamentos estéticos. É uma afecção benigna que atinge as mulheres, não apresenta riscos de vida, porem afeta a vida afetiva causando importante desconforto emocional (MAKISHI; FERNANDES; GUAZZI; SILVA, 2014). Os tratamentos para o FEG descritos na literatura estão divididos em dois grupos, os invasivos que são realizados por uma técnica cirúrgica invasiva e também através de produtos que são injetados diretamente na região; e os tratamentos não invasivos, que são realizados através de massagens, eletroterapia, laser e luz intensa pulsada (BAGATIN, 2010). Dentre as inúmeras técnicas terapêuticas a massagem drenante é essencial no tratamento do FEG, pois ela promove analgesia e incremento na circulação sanguínea e linfática. A massagem drenante é uma técnica que utiliza manobras rápidas e intensas sobre a pele, utilizando pressão através de movimentos de amassamento e deslizamento. Entre os principais benefícios estão à melhora da oxigenação dos tecidos, quebra da cadeia de gordura e a melhora do tônus muscular. Ela também desobstrui os poros, hidrata, elimina as células mortas, estimula a circulação sanguínea ocorrendo hiperemia local. Atua na eliminação da retenção de líquido devido a sua atuação também no sistema linfático. Quando aplicada adequadamente agrega a utilização de ativos cosméticos lipolíticos onde os efeitos benéficos da massagem corporal são intensificados (GALVÃO, 2005). As ações da massagem drenante no organismo ocorrem no Tecido tegumentar, diante da troca de líquidos (arterial/ intersticial/ intracelular/ linfático ou venoso) promovendo a revitalização dos tecidos por desintoxificação e nutrição dos mesmos. Sobre o Tecido adiposo, o favorecimento da troca de líquidos
tem como consequência a melhora da circulação periférica que dá condições aos adipócitos superficiais de manterem sua carga, impedindo a sedimentação que origina o FEG; e sobre o Tecido muscular, onde a massagem resulta na desintoxificação da musculatura pelo retorno venoso e linfático, os nutrindo e tonificando (MAGALHÃES; CAMARGO; HIGUCHI, 2013). Em relação a aplicação da massagem drenante, as manobras realizadas durante o procedimento são o deslizamento, ou seja, é a manobra introdutória, com deslizamentos iniciais mais superficiais e vão aumentando a pressão conforme o objetivo almejado. Esta manobra promove um efeito analgésico que permite gradualmente que o paciente se acostume e suporte sem maiores desconfortos os movimentos subsequentes. Logo o amassamento é a manipulação em que os músculos e tecidos subcutâneos são alternadamente comprimidos e liberados, as mãos do profissional esteticista e a pele do paciente se movem conjuntamente sobre as estruturas mais profundas. Esta manobra promove a desintoxificação das fibras musculares, estimulando a drenagem sanguínea e linfática a produzir rapidamente a eliminação das toxinas, provoca maior nutrição celular e ajuda no combate a flacidez. Em seguida o pinçamento, sendo realizado com as extremidades dos dedos polegares, indicador e médio, pinçando pequena quantidade de músculo com as mãos alternadamente em forma de “C”. É indicado para ativação muscular e combate a flacidez. A percussão é a manobra que estimula através da contração das fibras musculares a circulação e a tonicidade muscular, deve ser executada seguindo a orientação das fibras musculares, não utilizar esta manobra em regiões sem apoio ósseo, a mesma ajuda no combate a flacidez muscular e tissular. E por fim é realizado a fricção, esta manobra é uma espécie de deslizamento profundo executado de modo energético e rápido, pode ser utilizados o polegar e o nó dos dedos para a realização das fricções em regiões como coxas e glúteos (MAGALHÃES; CAMARGO; HIGUCHI, 2013). Porém, devido a FEG se caracterizar por uma disfunção multifatorial, é necessária maior atenção para o tratamento poder definir intervenções estratégicas que visam o restabelecimento do equilíbrio do organismo. Através da massagem ocorre maleabilidade tecidual, diminuição da resistência da pele, auxiliando na penetração de produtos com princípios ativos específicos. Apesar de ser um ótimo recurso terapêutico existem suas contraindicações, sendo elas a pressão alta; varizes; pacientes cardíacos; inflamações; processos cancerígenos; nódulos e cistos, estado febril; pós-cirúrgico; menstruação abundante, gestação, osteoporose, placas e próte-
ses (GALVÃO, 2005). Devido a esta patologia ser de etiologia multifatorial, o profissional esteticista deve estar preparado para orientar o paciente quanto aos cuidados com a alimentação, práticas de atividades físicas, consumo de água, dentre outros, é importante agir com espírito de multidisciplinaridade, e fazer a indicação de outros profissionais da área da saúde tais como os nutricionistas, educadores físicos, tudo isso dependendo das necessidades especificas de cada paciente observadas durante a anamnese (MAKISHI; FERNANDES; GUAZZI; SILVA, 2014). Além da massagem drenante há tratamentos que associam ativos lipolíticos que promovem o aumento da circulação sanguínea e linfática, e a dissociação das fibroses de gordura. As formulações cosméticas para massagem são elaboradas com uma substancial parte oleosa ou umectante que objetiva diminuir o atrito entre a pele de quem aplica a massagem e a de quem recebe, facilitando as manobras a serem realizadas e tornando-as menos incômodas ou doloridas para quem está recebendo (SILVA; FILONI; FITZ, 2014). A utilização de produtos cosméticos é tão antiga quanto à própria civilização, mesmo na antiguidade já existia a preocupação com o corpo. O uso de bálsamos, óleos, fragrâncias, já faziam parte dos hábitos dos povos mais antigos (SILVA; TEIXEIRA; MELO; MEYER, 2006). Os cosméticos são substâncias que aplicamos topicamente no corpo humano (epiderme, pêlos, unhas, lábios) com a finalidade de limpar, perfumar, proteger ou manter em bom estado, modificar o aspecto, são produtos que promovem modificações, pois interagem com a pele de maneira mais ativa (SILVA; TEIXEIRA; MELO; MEYER, 2006). O uso de ativos cosméticos específicos para cada tipo de disfunção a ser tratada, amplificam os resultados obtidos através da massagem, objetivam a redução da flacidez, gordura localizada, FEG e distúrbios circulatórios (SILVA; TEIXEIRA; MELO; MEYER, 2006). Complementa-se que o uso de produtos cosméticos de origem natural tem desempenhado um papel importante por possuírem diferentes mecanismos de ação nos tratamentos estéticos em geral com resultados eficientes e satisfatórios ao paciente e ao profissional esteticista. Quando a formulação do cosmético é de origem natural, significa que o produto utiliza compostos vegetais, evitando a substituição dos mesmos por substâncias de origem sintética (COSTA, 2012). Nos últimos anos as pesquisas feitas por ativos cosméticos de origem vegetal tem atraído muito a atenção global para fins medicinais e cosméticos, como por exemplo, a Aesculus hippocastanum, Centella asiática e Estética Com Ciência | 55
Coffe arábia, estes são ricos em uma ampla variedade de metabólitos secundários. Diversas classes desses compostos podem ser citadas: fenóis e polifenois, quinonas, flavonoides, taninos, cumarinas, terpenóides e alcaloides (LEONARDI, 2008). Os produtos cosméticos destinados ao tratamento do FEG podem atuar em diversos aspectos desta afecção, sendo em locais que sofrem acometimento da microcirculação, perda de elasticidade da pele, diminuição endógena da atividade lipolítica e alteração do relevo cutâneo (COSTA, 2012). De acordo com MAGALHÃES; CAMARGO; HIGUCHI (2013) o gengibre (Zingiber officinale R) é medicinalmente utilizada para asma, bronquite, menorreia, estimulante digestivo, anti-inflamatória, antirreumática, antiviral, antimicrobiana, antitussígena, antitrombose, cardiotônica, antialérgica, colagoga, protetora do estômago e da garganta. A análise fitoquímica do Gengibre aponta a presença de 1 a 2,5% de óleos voláteis, sendo estes os citral, cineol, borneol e os sesquiterpenos zingibereno e bisaboleno, além de um óleo-resina rico em gingeróis. Outros constituintes são os açucares, proteínas, vitaminas do complexo B e C. Encontramos no Gengibre os olés essenciais canfeno, felandreno, zingibereno e zingerona, que promovem o aquecimento dos membros frios, sendo utilizados para ativarem a circulação de áreas afetadas pelo FEG. Já a uva vermelha (Vitis vinifera L) possuem em sua composição flavonoides, leucocianidinas que auxiliam no aumento da permeabilidade das vesículas microarteriais e linfáticas, e taninos que auxiliam na redução da peroxidação lipídica. Contêm também ácidos como o oxálico, málico, tartárico e racêmico. Em produtos de uso tópico, o óleo essencial é usado na concentração de 2 a 7 %. E o guaraná (Paulinia cupana K) possui as seguintes propriedades: estimulante, afrodisíaco, adistringente, ação tônica cardiovascular e ação diurética. A análise fitoquímica de suas sementes aponta a presença de pequena quantidade de um óleo formado de componentes voláteis e fixos, 30% de amido, 15% de proteína, 12% de taninos e até 5,8% de cafeína, que é acompanhada de pequenas quantidades de teofilina, ácido mandélico, saponinas, catequina, epicatequina e alantoína. Além destes, inclui-se saponinas e taninos em altas concentrações, sendo que estes apresentam atividade antioxidante. Devido a isso, sugere-se o uso em formulações tópicas para o tratamento do FEG, porem a eficácia do uso do extrato de guaraná topicamente ainda não foi comprovada na literatura científica. Segundo SILVA; FILONI; FITZ (2014) a castanha da índia (Aesculus hippocastanum) a principal ação farmacológica da Castanha da Índia é sobre o sistema circulatório, prin56 | Estética Com Ciência
cipalmente no sistema venoso. Seus ativos aumentam a resistência e o tônus das veias, diminuindo a fragilidade e a permeabilidade dos capilares. Os derivados cumarínicos agem nos distúrbios vasculares periféricos e nos edemas proteicos, retiram as proteínas do interstício e promovem a drenagem linfática. A escina é o principal componente em formulações cosméticas para o FEG, pois demonstram a capacidade de reduxir a atividade enzimática lisossomal, e reduz também a permeabilidade capilar. Os flavonoides possuem ação anti-inflamatória, por inibirem o ciclo lipoxigenase e cicloxigenase. Com isto não ocorre há liberação dos principais mediadores inflamatórios (prostaglandinas e leucotrienos), com redução da permeabilidade capilar, redução da inflamação e da dor, além de possuir capacidade de melhorar o fluxo sanguíneo ao preencher buracos microscópicos em vasos sanguíneos. Reforçando estas veias há a prevenção de danos futuros ao sistema circulatório. De acordo com KEDE; SABOTOVICH (2009) a centella asiática (Centella asiática) é um ativador da circulação sanguínea e um metabólico anticelulítico, a Centella asiática vai atuar na normalização da produção de colágeno ao nível dos fibroblastos. As células adiposas são soltas promovendo a liberação de gordura localizada através da penetração de enzimas lipolíticas, e consequentemente normalização das trocas metabólicas entre a corrente sanguínea e as células do tecido adiposo, auxiliando a melhora da circulação venosa de retorno. Outra ação importante é a de controlar fixação prolina e alanina, que são fundamentais na formação de colágeno. Também possui ação anti-inflamatória e antibacteriana agindo como cicatrizante de feridas da pele, atua sobre fibroses de várias origens, sendo elas estéticas ou cirúrgicas. No FEG vai agir nos edemas de origem venosa, com a concentração de 3 a 5% sendo nas formas de géis, cremes ou loções. FREDERICO et. al (2006) realizou um estudo utilizando 5 mulheres voluntárias, com faixa etária de 20 a 30 anos, acometidas do FEG em região glútea. As mesmas foram divididas em dois grupos, sendo A (2) e B (3). Para o tratamento foi utilizado o aparelho ultra-som e uma substância de acoplamento em forma de gel composta de castanha da índia, centella asiática e hera. O grupo A foi tratado com dose de 1,5 watts/cm², e o grupo B com dose 1,1 watts/cm², durante 16 sessões em 4 semanas. Os autores concluíram que o diagnóstico feito mediante imagens comparativas, era seguro e confiável. O tratamento obteve resposta terapêutica satisfatória em apenas umas das 5 voluntárias, devido inconstância do nível de contração muscular da região tratada, exigido para retratação das
imagens, antes e após o tratamento, atrapalhando a análise do quadro ao fim do estudo, assim como do pequeno número de participantes na pesquisa, e também pela ausência de outros meios de avaliação. BAGATIN (2010) relata que a cafeína é um composto químico classificado como alcaloide do grupo das Xantinas. A fitoquímica dos grãos de café demonstra a cafeína como uma substância ativa, também se encontra em outras partes da planta com exceção das raízes, que são compostas de teofilina e teobromina, hemicelulose e outros carboidratos, ácido clorogênico e trigonelina, ácidos graxos, esteróis, fenóis, ácidos fenólicos, proteínas e taninos. As folhas além destes mesmos componentes contem os ácidos benzoicos, cinâmico e ascórbico, quercetina e outros flavonoides. Com o intuito de ultrapassar o estrato córneo que constitui a principal barreira à penetração da cafeína e, atingir o tecido subcutâneo, os pesquisadores desenvolveram formulações cosméticas, constituídas por ativos que promovem a penetração cutânea, utilizando veículos, como a incorporação em lipossomas, que de depositam ingredientes ativos no local de ação, de uma forma direcionada e em maior quantidade. Além de manter a estabilidade dos ativos, os lipossomas aumentam a absorção pelas camadas da pele. Estudos demonstram a capacidade de estimular significativamente a lipólise, a síntese de leptina em cultura de adipócitos humanos, colágeno, elastina e glicosaminoglicanas (GAGs) em cultura de fibroblastos humanos, a concentração de fibroblastos em gel de colágeno, bem como promover a melhora das características histológicas gerais da pele. Há uma frequência cada vez maior de indivíduos que são sensíveis a formulações cosméticas, podendo apresentar reações alérgicas e até mesmo irritações severas na pele. Portanto antes de dar início a qualquer procedimento estético com produtos cosméticos é necessário fazer um teste com o produto, colocando uma pequena quantidade do mesmo em uma região onde há maior sensibilidade e deixar agir por alguns minutos. Caso não houver nenhum tipo de reação, sendo estas: vermelhidão, coceira ou inchaço, a paciente pode fazer o uso do produto (GALVÃO, 2005).
CONCLUSÃO
Diante desta revisão de literatura pode-se considerar que a técnica de massagem drenante é eficaz no tratamento ao FEG quando associada ativos lipolíticos, mesma não reduz peso corporal, o que ocorre é uma melhora no aspecto visual e clinico do tecido cutâneo, ocorre também à melhora na circulação sanguínea e linfática, e a diminuição do edema da região afetada pelo FEG, sendo dispensado o uso de aparelhos associados, diminuin-
do os custos do tratamento proposto. Por ser uma afecção multifatorial o profissional deve indicar ao paciente a mudança de hábitos de vida associadas a uma alimentação saudável, sem vícios e com a prática de alguma atividade física, que contribuirá no resultado final do tratamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AFONSO, J. P. J. M; TUCUNDUVA, T. C. M; PINHEIRO, M. V. B; BAGATIN, E; Celulite: artigo de revisão. Surg Cosmet Dermatol 2010. BAGATIN, E. et. al. Celulite: artigo de revisão – Surg Cosmet Dermatol 2010. BORGES, F. S. Dermato–funcional: modalidadesterapêuticas nas disfunções estéticas. São Paulo: Phorte, 2006. COSTA, E. M; Mecanismo de ação de comostos utilizados na cosmética ara o tratamento da gordura localizada e da celulite. Revista Saúde e Pesquisa, v. 5, n. 3, p. 555-566, set./dez. 2012. CRUZ, Â. S. L; SILVA, M. L. A eficácia da massagem modeladora para o tratamento do fibro edema gelóide. Trabalho acadêmico de Estética e Cosmética - Faculdades Integradas Ipiranga. Belém 2014. FIGUEIREDO, S. G; MEJIA, D. P. M. O uso da cosmetologia associada à massagem modeladora no tratamento da celulite. Trabalho de Pós-graduação em Fisioterapia Dermatofuncional - Faculdade Ávila. Disponível em < http://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/14/22_O_ uso_da_cosmetologia_associada_a_massagem_modeladora_no_ tratamento_da_celulite.pdf. Acesso em: 29 Set. 2015. FRANCISCHELLI, M.; JUNQUEIRA, L. O. R.; FRANCISCHELLI, R. T. Hidrolipodistrofia: avaliação epidemiológica e uma proposta de classificação Disponível em: www.naturale.med.br/bibliografia/ portugues/celulite2resumo.htm. Acesso em 15 nov. 2015. FREDERICO, M. R; et al. Tratamento de celulite (Paniculopatia Edemato Fibroesclerótica) utilizando fonoforese com substância acoplante à base de hera, centella asiática e castanha da índia. Revista Fisioterapia Ser. vol. 1 nº 1 2006. GALVÃO, M. M. M. G. Drenagem linfática manual e ultra-som no tratamento do fibro edema gelóide em região glútea – um estudo de caso. 2005. Trabalho de graduação em Fisioterapia – Faculdade Assis Gurgacz. Cascavél 2005. LEONARDI, R. L; Cosmetologia aplicada. São Paulo: Editora Santa Isabel, 2008. MAGALHÃES, B. H; CAMARGO, M. F; HIGUCHI, C. T. Indicação de uso de espécies vegetais para o tratamento da celulite com fins cosméticos. InterfacEHS - Revista de Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade. Vol. 8, No 3. Ano 2013. MAKISHI, C. A. S; FERNANDES, J. M; GUAZZI, S. A. SILVA, S; Massagem modeladora no tratamento da Fibro Edema Gelóide. São Paulo 2014. MENEZES, R. C; SILVA, S. G; RIBEIRO, E. R; Ultra-som no tratamento do Fibro Edema Gelóide. Revista científica Inspirar. Vol. 1 ed. 1 p. 11-15 2009. NASTAS, B; Massagem modeladora é aliada contra a celulite; 2015. NETO, M.F. et al. Hidrolipodistrofia – Avaliação epidemiológica e uma proposta de classificação. Revista da sociedade brasileira de medicina estética, 2003 - Disponível em: http://www.naturale.med.br/bibliografia/ portugues/celulite2resumo.htm Acesso em: 29 Set. 2015. RIBEIRO, C; Cosmetologia aplicada a dermoestética. São Paulo: Pharmabooks, 2006. SILVA, J. G. M; FILONI, E; FITZ, F.F. Fisioterapia no tratamento das disfunções estéticas corporais – Revisão de Literatura – MTP & Rehabjournal 2014, 12:979-1012. SILVA, C. F; TEIXEIRA, R. M; MELO, A. C. S; MEYER, P. F. Avaliação do Interesse da Comunidade Científica em Publicações em Fibro Edema Gelóide (celulite) e Eletroporação. Rev. Fisioterapia Brasil Vol. III, Nr.1. Ano: 2006. VOLPI, A. A. A; VASQUEZ, A. C. B; DELOROSO, F. T; GIUSTI, H. H. K – Análise da eficácia da vacuoterapia no tratamento do fibro edema gelóide por meio da termografia e da biofotogrametria – Fisioterapia Brasil, v. 1, n.1. Jan/Fev 2010 p. 72-81.
Juliane Mengue ALONSO 1 Larissa da Cruz FERREIRA 2 1. Graduanda do Curso de Bacharelado em Estética – FHO/ Uniararas. 2. Mestranda em Ciências Biomédicas pela Fundação Hermínio Ometto - FHO - UNIARARAS. Graduada em Biomedicina pela Fundação Hermínio Ometto - FHO - UNIARARAS. Atuou na área de Biologia Molecular e Imunogenética em estágio feito na empresa Histogenetics, durante 3 meses em Nova Iorque, Estados Unidos. Onde aprendeu e aprimorou técnicas de PCR, Blotting e Eletrforese. Durante à graduação desenvolveu em seu projeto de iniciação científica a pesquisa intitulada: Desenvolvimento de um método rápido, eficiente e de baixo custo para a detecção das mutações A827G e C7462T nos genes MT-RNR1 e MT-TS1, respectivamente, associados à perda auditiva. Onde por esse projeto foi bosilsta PIBIC-CNPq. Especialista em Genética Molecular e Citogenética, pela Universidade de Campinas- UNICAMP, pelo projeto “Desenvolvimento de uma estratégia de diagnóstico de baixo custo utilizando a técnica de FISH em mucosa oral de pacientes com a Síndrome da deleção do 22q11.2”. Especialista em Estética Facial e Corporal, pela Fundação Hermínio Ometto - FHO - UNIARARAS. Docente nos cursos de Bacharelado em Estética na UNIARARAS, de Bacharelado em Estética na Faculdades Integradas Maria Imaculada e de Biomedicina na Faculdades Integradas Maria Imaculada.
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A IMPORTÂNCIA DA FOTOPROTEÇÃO EM PELES MADURAS E A RELAÇÃO DO IDOSO COM O PROTETOR SOLAR RESUMO
Introdução: Com o aumento da expectativa de vida no país, o número de idosos no Brasil é cada vez maior, resultado de uma melhor qualidade de vida a população e com uma menor taxa de natalidade. A pele do idoso é uma pele extremamente sensível devido às diversas alterações cutâneas trazidas pelo decorrer do envelhecimento intrínseco, que é o envelhecimento cronológico ou verdadeiro, mas principalmente pelo envelhecimento extrínseco ou fotoenvelhecimento, que está diretamente ligado ao acúmulo de exposição à radiação solar ao longo de sua vida. A radiação solar ultravioleta causa alterações cutâneas e genéticas no DNA das células, tornando a pele do idoso mais suscetível a rugas, manchas, xerose e câncer de pele, sendo este o problema mais perigoso e com número cada vez mais crescente. Por esse motivo, visto que a fotoproteção é capaz de retardar e amenizar os efeitos lesivos causados pelas radiações solares, o uso do protetor solar em peles maduras se torna indispensável. Entretanto, é nítida a falta de uso do protetor solar pelas pessoas de terceira idade. Objetivo: identificar, através de revisão de literatura, qual o conhecimento dos idosos sobre quanto aos perigos da exposição solar, a fotoproteção diária e os motivos do não uso do protetor solar diariamente. Justificativa: transmitir o conhecimento a população da terceira idade, bem como estimular o uso do protetor solar entre eles, a fim de proteger e diminuir as lesões cutâneas que podem ocorrer devido à exposição solar sem a fotoproteção. Conclusão: Constatou-se que os idosos possuem poucas informações sobre o que é o fotoenvelhecimento e os problemas de pele que isso pode lhes trazer. 58 | Estética Com Ciência
Também foi observada que há falta de informações claras quanto aos benefícios da fotoproteção diária. Além disso, a falta de marketing para incentivo ao consumo e uso do protetor solar e a situação financeira dos idosos dificulta a aquisição do produto e os afasta dos cuidados básicos com a saúde da pele. Palavras-chave: Protetor Solar, Idoso, Envelhecimento.
ABSTRACT
Introduction: According the increase of life expectancy in Brazil, the number of elderly is increasing as a result of the population’s better quality of life and lower birth rates. The elderly skin is extremely sensitive not only because of several cutaneous changes brought by intrinsic aging, which is the chronological or real aging, but mainly by extrinsic aging, or photoaging, directly connected to the accumulation of solar radiation exposure throughout life. Solar ultraviolet radiation causes cutaneous and genetic changes in the cells’ DNA, making the elderly skin more susceptible to wrinkles, blemishes, xerosis, and also skin cancer, which is the most dangerous issue and presents an ever-increasing number. In this sense, since photoprotection is able to slow down and mitigate the harmful effects caused by solar radiation, the use of sunscreen on mature skin has become imperative. However, it is clear the lack of sunscreen use by seniors. Objective: to identify, through literature review, the elderly knowledge of sun exposure dangers, daily photoprotection and reasons for not using sunscreen regularly. Justification: to impart knowledge to the senior population, as well as encourage the sunscreen use among them, in order to pro-
tect and decrease cutaneous injuries that may occur due to sun exposure without photoprotection. Conclusion: It was verified that the elderly have few information about what is photoaging and about the skin problems that this can bring to them. It was also noticed that there is a lack of clear information about the benefits of daily photoprotection. In addition, the lack of marketing to stimulate the consumption and the financial situation of the elderly make it difficult to purchase products and keep the seniors away from the basic health care of their skin. Keywords: Sunscreen, Elderly, Aging.
INTRODUÇÃO
Uma das maiores conquistas da humanidade é o seu processo do envelhecimento prolongado e contínuo, sendo esta a consequência de uma situação de vida mais saudável da população. A Organização Mundial da Saúde aponta que atualmente, o Brasil possui cerca de 13 milhões de idosos, sendo 12% da população total. Em 2025, terá cerca de 32 milhões de pessoas acima dos 60 anos de idade, contabilizando cerca de 14,5% da população (DUTRA et al., 2013; RIBEIRO; ALVES; MEIRA, 2009). Com o aumento da expectativa de vida e um maior numero de idosos no Brasil, tornou-se maior a procura dos mesmos por atividades de lazer em busca de melhorar a qualidade de vida durante a velhice, das quais os deixam expostos ao sol por um maior período de tempo (RIBEIRO; FRIAS, 2004). Com isso, houve crescimento no consumo de produtos cosméticos e tratamentos estéticos, principalmente pelas mulheres, com intuito de amenizar os sinais causados pelo tempo relacionados ao fotoenvelhecimento, proveniente desta exposição solar (WITCZAK; ZAMBERLAN, 2013; SILVA; COSTA, 2012). O fotoenvelhecimento da pele ocorre devido a agressões externas, como poluição, tabagismo e acúmulo de exposição aos raios solares durante o decorrer da vida, ocasionando diversas lesões tissulares, como queimaduras, câncer, manchas e o envelhecimento precoce da pele, do qual pode atingir pessoas de qualquer idade, sendo mais grave em idosos, devido à fragilidade cutânea (FORTES; SUFFREDINI, 2014). Devido a grande incidência de radiação solar no Brasil, a proteção contra os raios solares no país é indispensável para a integridade da pele, principalmente as mais frágeis como a pele dos idosos. O uso de proteção como chapéus, óculos escuros e principalmente fotoprotetores, ajudam os idosos a prevenir alterações cutâneas, como rugas, manchas e ressecamento, além de retardar o processo de fotoenvelhecimento e proteger os idosos de doenças como o câncer de pele, ocasionados pela exposição solar. Porém, o uso de fotoprotetores não é comum e nem disseminado entre as pessoas da terceira idade (DUTRA et al., 2013), sendo esse um agravante para as lesões de pele encontradas nessa população.
Diante do exposto, faz-se necessário a realização de estudos que contemplem tanto a importância do fotoprotetor na pele do indivíduo idoso, assim como a relação e conhecimento dos idosos no Brasil quanto ao uso do protetor solar. Desta forma, este estudo tem como objetivo realizar uma revisão de literatura a fim de identificar o motivo dos idosos não usarem o protetor solar e buscar uma forma de estimular o uso da fotoproteção nesta idade. Este estudo se caracteriza como uma revisão de literatura, onde foi realizada uma pesquisa através de busca em bases de dados científicas (Scielo, Lilacs), assim como em periódicos, artigos e livros disponíveis na biblioteca da Instituição de Ensino Superior FHO Uniararas, com datas entre 2001 a 2014. Foram critérios de exclusão estudos em línguas estrangeiras.
DESCRIÇÃO
Após a busca de referências bibliográficas na literatura, foram encontrados dois estudos que abordam a temática desta revisão de literatura. Tais estudos são de: Ribeiro e Frias, (2004) e Dutra e colaboradores (2013), que serão discutidos ao longo do texto. Em relação à pele, este tecido é o principal órgão de defesa contra agressões externas do corpo humano. Representando cerca de 20% do peso corporal, a pele é responsável pela termorregulação, proteção, nutrição, transpiração, defesa e absorção, além de estar relacionada a manifestações sócio-emocionais e com a estética (TOFETTI; OLIVEIRA, 2006; SILVA; COSTA, 2012). A pele é dividida em duas camadas: epiderme e derme, ambas sobrepostas ao tecido adiposo. A epiderme é camada externa da pele, não vascularizada, diferenciada por células mais queratinizadas e anucleadas, formando uma importante barreira protetora contra microorganismos externos e impermeável a perda de líquidos corporais internos. (RIBEIRO, 2010; FORTES; SUFFREDINI, 2014). Já a derme é a camada interna da pele, composta por fibras proteicas como elastina, colágeno, reticulina, matriz extracelular, entre outros, tem como função a fixação e nutrição da epiderme, pois possui um completo sistema de capilares sanguíneos e linfáticos (TOFETTI; OLIVEIRA, 2006; RIBEIRO, 2010). O envelhecimento é um processo tempo-dependente, contínuo e irreversível do corpo, para tentar se adaptar às mudanças ambientais e pode se dar por fatores intrínsecos e extrínsecos (MONTAGNER; COSTA, 2009). Com isso, o corpo humano vai gradualmente perdendo a capacidade de homeostase do organismo, assim como suas funções e números celulares. A pele é o órgão com mais efeitos e sinais evidentes dessa passagem (FORTES; SUFFREDINI, 2014). De acordo com Dutra e colaboradores (2013), o envelhecimento intrínseco é um evento natural e esperado, muitas vezes chamado de verdadeiro ou cronológico, sendo a pele o órgão com Estética Com Ciência | 59
mais efeitos visíveis a olho nu. Ocorrem alterações celulares e menor capacidade dos órgãos de executar suas funções normais, causando doenças e morte. Apesar de diversos estudos e teorias, o envelhecimento ainda não possui uma causa propriamente dita, sendo inevitável. O envelhecimento extrínseco, também chamado de fotoenvelhecimento, é decorrente de um processo cumulativo com dependência do grau de exposição solar ao longo da vida. O fotoenvelhecimento é o responsável pelas maiores alterações visual da pele, de proporções macro e microscópicas, como rugas, manchas e lesões pré-malignas (DUTRA et al., 2013; MONTAGNER; COSTA, 2009). Além de diversas mudanças na aparência dos idosos, como ilustra a Figura 1, a principal diferença entre o envelhecimento cronológico e o fotoenvelhecimento é a quantidade de material amorfo encontrado na papila dérmica no lugar de tecido conectivo, decorrente da exposição solar prolongada ao longo dos anos. Outra diferença entre as duas formas de envelhecer é que, ao contrário do envelhecimento intrínseco, o fotoenvelhecimento pode ser retardado com uso regular de fotoprotetores (DUTRA et al., 2013; MONTAGNER; COSTA, 2009). Como p ro te to r natural do sol, a pele possui a melanina, que é produzida pelo melanócito, responsável pela sua pigmentação. Loc a l i z ado na epiderme, estas células, têm grande capacidade de absorver luz, protegendo a pele contra os efeitos nocivos dos raios solares que, por sua vez, aceleram o envelhecimento cutâneo. Além disso, ela tem um importante papel antioxidante, inibindo a oxidação tecidual por O2- e RO2. Porém a cada década, o corpo perde cerca de 15% dos melanócitos, deixando os idosos com mais áreas expostas ao sol. Devido a essa redução, há o surgimento de manchas senis (ou lentigos), principalmente em peles mais claras, que são o 60 | Estética Com Ciência
resultado da alteração da densidade melanocítica, ocasionando maior deposição de melanina em pontos específicos como face, pescoço, tórax, mãos, antebraços, testa e couro cabeludo, sendo estes os lugares com maior incidência solar (FORTES; SUFFREDINI, 2014; MONTAGNER; COSTA, 2009; MACEDO, 2005). Essas manchas costumam ter formato irregular, com variados tons de marrom, lisas, achatadas, e podem variar de milímetros a centímetros de tamanho (RIBEIRO; ALVES; MEIRA, 2009). Em condições normais, a pele leva cerca de 28 dias para renovar todo o tecido epidérmico. Após uma exposição solar prolongada, ela apresenta inflamação (bronzeamento), sinalizada por eritema, edema e calor e aumento de níveis de prostaglandinas e leucotrienos (sinais químicos inflamatórios). Como consequência, há uma diminuição na capacidade do sistema imunológico para eliminar células cutâneas alteradas (renovação), em razão de mudanças nos queratinócitos e demais células epiteliais, causando mudanças em moléculas de adesão e perda das funções celulares. Nos idosos, existe uma queda na quantidade destas células de defesa da pele, como as células de Langerhans, aumentando a perspectiva de inflamações e infecções, deixando as queimaduras solares mais graves ( F O R TES; SUFFREDINI, 2014). Já o tempo de renovação celular em pessoas da terceira idade é mais lento, levando até 60 dias para uma total renovação epidérmica, deixando-as mais tempo desprotegida com uma camada de pele enfraquecida (FORTES; SUFFREDINI, 2014). Até a oitava década de vida, a capacidade de renovação celular diminuiu cerca de 50% e a reparação e cicatrização da pele demoram até três vezes mais do que uma pele jovem. (ACCURSIO, 2001). Além disso, os queratinócitos tornam-se mais estável a apoptose, ficando mais propensos as alterações genéticas, causando acúmulos de alterações no DNA e proteínas, dei-
xando-as mais propensas ao desenvolvimento de carcinogênese (MONTAGNER; COSTA, 2009; SANTOS et al., 2013). Com o envelhecimento, a derme tem redução em sua espessura devido a diminuição de fibras de elastina e colágeno, que também ficam “porosas”, perdendo a elasticidade natural. Esse afinamento é responsável pelas rugas e torna a regulação epitelial ineficiente. O estrato córneo também tem redução e sofre perda hídrica, refletindo em sua integridade, podendo ocasionar rachaduras e intervir no mecanismo de proteção. A perda de água desta camada causa a xerose, que é a desidratação da pele do idoso por conta dos raios solares ultravioleta, causando descamação e prurido (FORTES; SUFFREDINI, 2014; RIBEIRO; ALVES; MEIRA, 2009). A radiação solar (raios UV) são tipos de ondas emitidas pelo sol e pelas estrelas, que penetram a pele e interagem negativamente com as células em diferentes profundidades por três tipos de ondas principais: UVA, UVB e UVC. A radiação ultravioleta B são ondas curtas (290 – 320 nm), mas com grande potencial energético, que penetram a epiderme afetando principalmente os queratinócitos, causando melanogênese e deixando a camada córnea mais espessa. Causa danos agudos e crônicos a pele, como manchas imediatas, queimaduras, descamação e câncer. Este tipo de radiação é capas de produzir danos diretos ao DNA e possui maior potencial para ação carcinogênicas, tendo seu pico de emissão entre às 10 e 16 horas (MONTAGNER; COSTA, 2009; ARAUJO; SOUZA, 2008; TOFETTI; OLIVEIRA, 2006). A radiação ultravioleta A são ondas longas (320 – 400 nm), porém menos energéticas e eritematosas, mas que penetram a pele de modo profundo, atingindo epiderme e derme, lesionando queratinócitos e fibroblastos respectivamente. Estas ondas causam efeitos nocivos à pele de forma indireta, pois são as principais indutoras da síntese de agentes oxidativos como o ROS (reactive oxygen species) que atuam diretamente no DNA mitocondrial e diminui a ativação do gene p53, um agente que reduz mutações genéticas, aumentando as chances de câncer. Também é a principal responsável pelo bronzeamento, produção de radicais livres e fotoenvelhecimento e ainda há suspeitas de relação deste raio com o desenvolvimento de melanomas malignos. Ao contrário da UVB, os raios UVA possuem a mesma intensidade durante todo dia e o ano todo (MONTAGNER; COSTA, 2009; ARAUJO; SOUZA, 2008). A radiação ultravioleta C (280 – 100 nm) é a radiação mais absorvida pelo DNA, mas por ter pouca penetração através da epiderme, não é tão eficaz na produção de melanina ou outros danos quanto as ondas UVA e UVB, embora todas sejam capazes de causar lesões carcinogênicas. Apesar de serem filtradas pela camada de ozônio, essas ondas já atingem a Terra em regiões acometidas pelos “buracos” desta camada
protetora, sendo este um grande perigo visto que quanto menor o comprimento de onda, maior a sua capacidade energética em atingir e lesionar a pele (ARAUJO; SOUZA, 2008; TOFETTI; OLIVEIRA, 2006; FLOR; DAVOLOS; CORREA, 2007). Além das radiações UV, o sol também emite a luz visível e o raio infravermelho (IR), que também podem causar danos à pele. A IR transmite energia em forma de calor, aumentando a temperatura da pele em até 40ºC. Essa exposição pode causar problemas teciduais como eritemas, hiperpigmentações, descamações finas, telangectasias, entre outras. Além disso, pode estimular a síntese de radicais livres, induzindo danos ao DNA de forma indireta (BALOGH et al., 2011). A melhor maneira de retardar o fotoenvelhecimento e evitar os demais danos causados pelo sol é através da prevenção. O uso de filtros solares, principalmente em peles já idosas, que são mais frágeis e suscetíveis a mutações genéticas, são indispensáveis no dia-a-dia em um país como o Brasil. Porém não é o que acontece, visto que os idosos são os menos adeptos ao uso da fotoproteção diária (BALOGH et al., 2011; DUTRA et al., 2013). Os fotoprotetores são o principal meio de proteção contra as agressões das radiações solares. Eles foram criados quando se percebeu que certas substâncias eram capazes de proteger a pele contra queimaduras solares. São aptos a amenizar a quantidade de radiação ultravioleta que atinge a pele por duas formas: absorção ou refração. Quando se associam os dois tipos de filtros em uma mesma formulação, obtém-se uma proteção mais eficaz contra UVA e UVB ao mesmo tempo. (ARAUJO; SOUZA, 2008). Eles devem cobrir toda a superfície da pele, protegendo-a, porém sem penetrá-la, para que não haja reação sistêmica pelo produto. Entretanto, não podem ser tóxicos, visto que pequenos traços podem ser absorvidos pela pele ou ingeridos quando aplicados próximo à boca. Além disso, os filtros solares precisam ser estáveis na pele ou ao calor, visto que alguns produtos perdem sua função quando aquecidos, manter fotoestabilidade sob a luz do sol e garantir proteção por várias horas (ARAUJO; SOUZA, 2008). De início, os fotoprotetores protegiam somente da radiação UVB, permitindo o bronzeamento desencadeado pelos raios UVA. Porém, com o passar dos tempos, verificou-se que era necessária a proteção contra ambas as ondas solares, para reduzir os índices de câncer de pele e o fotoenvelhecimento. Com pesquisas na década de 80, ficou evidente que o raio UVA era o principal causador do fotoenvelhecimento. Com isso, criou-se o pensamento de que filtros solares devem proteger tanto de queimaduras cutâneas, quanto de lesões teciduais ocasionadas pelo acumulo de radiação UV sobre a pele (FLOR; DAVOLOS; CORREA, 2007; MONTEIRO, 2010). Estética Com Ciência | 61
Existem dois tipos de filtro solar: os inorgânicos, que são compostos por óxidos metálicos, capazes de refletir a radiação solar; e os orgânicos, que possuem componentes orgânicos em sua composição, que protegem a pele através da absorção da radiação (FLOR; DAVOLOS; CORREA, 2007). Os produtos que refletem a radiação UVB e UVA, ou seja, os inorgânicos possuem partículas metálicas inertes, capazes de impedir que a radiação solar atravesse a pele. Esse filtro reflete e dispersa a radiação solar, formando uma barreira física sobre a pele. É comumente a base de óxido de zinco e dióxido de titânio, preparadas em um veículo especial refletante. São protetores mais eficazes, principalmente contra a radiação UVA e menos irritativos, pois possuem partículas de tamanhos compatíveis aos das radiações, dificultando sua permeação, porém são menos agradáveis cosméticamente e esteticamente, visto que possuem uma cor branca mais forte, difícil de disfarçar na pele (ARAUJO; SOUZA, 2008; TOFETTI; OLIVEIRA, 2006; MONTEIRO, 2010). Entretanto, com os avanços da tecnologia cosmética, foram criados micropartículas destes mesmos óxidos, dos quais possuem melhor espalhamento e deixam uma camada incolor sobre a pele, Apesar de não possuir ação contra a luz solar visível, tem grande potencial para absorver e espalhar as radiações UV, tornando-se um grande salto para a tecnologia cosmética de fotoprotetores inorgânicos atuais (FLOR; DAVOLOS; CORREA, 2007). Os protetores orgânicos tem a capacidade de absorver a radiação e transformá-la em outro tipo de energia, tornando-a menos energética e emitindo a radiação em forma de calor, sem prejudicar a pele. Essa reação se dá através da excitação dos elétrons de uma orbital muito energética para uma orbital menos energética, liberando e dissipando a energia em forma de calor quando voltam ao seu estado original. Pode-se obter essa ação através de elétrons de uma amina ou grupo metoxila presentes em sua formulação química. Apesar de serem mais satisfatório cosmeticamente, estes tipos de filtro solares são mais propensos a alergias e dermatites de contato, além de serem eficazes somente contra os raios UVB, deixando a pele desprotegida contra os raios UVA. Essa característica torna os filtros refletantes mais eficazes (ARAUJO; SOUZA, 2008; TOFETTI; OLIVEIRA, 2006). A eficácia de um protetor solar é medida através do seu fator de proteção solar (ou FPS). Este fator é uma relação do prolongamento de tempo que uma pele fotoprotegida demora a se queimar (ter eritema) em comparação a uma pele desprotegida quando exposta ao sol, calculado através da equação ilustrada na (Figura 2). Como exemplo, uma pessoa de pele clara que leva cerca de 20 minutos para se bronzear, quando protegida com um filtro solar FPS 15 e expostas às mesmas condições climáticas, leva cerca de 300 62 | Estética Com Ciência
minutos (5 horas) para ter eritemas (FLOR; DAVOLOS; CORREA, 2007; BALOGH et al., 2011).
Enquanto o FPS é protege a pele contra a radiação UVB, ainda existem duas substâncias chamadas PPD (Persistent Pigment Darkening) e IPD (Immediate Pigment Darkening), responsáveies pela proteção contra os raios UVA. A técnica para avaliar a eficácia do PPD se dá através da resposta persistente de produção melanina após exposição a radiação UVA em até 4 horas, enquanto que a avaliação do IPD se dá verificando o escurecimento gradual da pele após a exposição a essa radiação. Para sua eficácia, dois testes são necessários, sendo o primeiro avaliando a capacidade do protetor de impedir a penetração dos raios UVA, enquanto o outro avalia a capacidade de reduzir o bronzeamento da pele (BALOGH et al., 2011). Apesar de importante para a proteção da pele, o uso do protetor solar infelizmente ainda é pouco praticado pelas pessoas, principalmente pelos idosos. A relação dos idosos com o filtro solar ainda é assunto que precisa ser muito discutido, visto que nem todos acham necessário o uso, por desconhecerem sua função e importância e os males da exposição solar (RIBEIRO; FRIAS, 2004). Ainda de acordo com as pesquisas realizadas por Ribeiro e Frias (2004), apesar de a maioria dos idosos conhecerem o produto, não sabem com clareza sua real importância e seu impacto na saúde da pele. Dos 12 participantes pesquisados por eles em um grupo de idosos frequentadores de uma associação desportiva que ficam expostos ao sol, somente 6 (50%) relataram utilizar protetor solar antes das atividades. Destes, apenas 3 (25%) usavam com maior frequência, sendo o FPS 30 (mais indicado para idosos, devido a sua pele sensível), enquanto 2 (16,7%) utilizavam somente em dias de sol. Entretanto, dos 12 entrevistados, 8 (66,6%) sabiam os horários não recomendados para as atividades físicas ao ar livre devido a maior incidência de radiação solar, que são das 10 – 11 horas da manhã até às 16 – 17 horas da tarde. Quando os pesquisadores questionaram aos idosos sobre os motivos do não uso ou uso incorreto do protetor solar, as justificativas foram de que eles acreditavam que o protetor solar só serve para dias de sol e não em dias nublados; que é importante, mas simplesmente não usam; que só deve ser usado quando estão expostos ao sol, ou simplesmente não acha importante. Apesar de a maioria dos participantes certificarem que conheciam a importância do filtro solar (83,3%, n = 10), tais respostas deixaram evidente
a falta de clareza que esses indivíduos têm sobre o uso do produto (RIBEIRO; FRIAS, 2004). Dutra e colaboradores (2013) também fizeram uma pesquisa com 30 idosos de uma clínica escola de tratamentos fisioterápicos de uma Instituição de Ensino Superior, sendo 24 (80%) do sexo feminino e 6 (20%) do sexo masculino, todos com faixa etária de 60 a 79 anos de idade. A finalidade da entrevista foi saber sobre a relação deles com a fotoproteção. Nesta mesma pesquisa, todos os entrevistados desconheciam os termos “fotoproteção” e “fotoenvelhecimento”. Deste grupo, apenas 22 (73%) deles faziam o uso diário de proteção solar. Destes, apenas 15 (68%) usavam filtro solar, mas apenas 12 (60%) utilizavam diariamente, enquanto que apenas 2 (9%) e 5 (23%) utilizavam somente óculos de sol e sombrinha, respectivamente. Ainda nas pesquisas de Dutra et al (2013), quando eles questionaram aos idosos sobre o motivo de usarem ou não o filtro solar, os idosos responderam positivamente para uso no intuito de se protegerem contra queimaduras solares, doenças de pele, alergias ao Sol, manchas, envelhecimento e câncer de pele. Entretanto, apesar das respostas sobre tais preocupações com a aparência e qualidade cutânea, foi observado que todos os idosos possuíam alterações na pele, tanto facial quanto corporal, relacionadas ao fotoenvelhecimento, como pele seca (50% ou n = 15); sensibilidade cutânea (57% ou n = 17); pigmentação (64% ou n = 19) e rugas (13% ou n = 4). Tais características são consequência de hábitos de exposição solar constante e prolongada desde a infância, pois são processos cumulativos. A pele pode reparar pequenas alterações, porém alterações mais profundas se mantêm, devido às sucessivas exposições. Crianças que não tem cuidados frequentes contra os raios UV, têm grandes chances de desenvolver câncer de pele na vida adulta, visto que os efeitos lesivos causados pelo sol podem levar de 20 a 30 anos para aparecerem, além de apresentarem sinais de fotoenvelhecimento a partir 21 anos de idade. Aos 40 anos, todas essas pessoas já podem apresentar graus avançados do envelhecimento extrínseco. Quanto mais velhos se tornam, maiores serão as chances de doenças de pele malignas (TOFETTI; OLIVEIRA, 2006). Em ambas as pesquisas, foi questionado o FPS preferencial na hora da compra e foi constatado que a grande maioria dos idosos escolhem o fator de proteção 30. Este número é o mais indicado para gerontes e peles sensíveis, visto que fatores de proteção mais altos podem dar a falsa segurança de “maior tempo de exposição ao sol”, o que não é verdade, pois o produto não possui essa finalidade (RIBEIRO; FRIAS, 2004). Ainda em seu questionário, Dutra e colaboradores (2013) levantaram dados sobre o nível de escolaridade e renda familiar dos entrevistados. Observou-se que os indivíduos com maior nível
de escolaridade faziam mais uso do protetor solar, enquanto que indivíduos com menor nível faziam mais uso de chapéus para a proteção solar, do qual também se envolviam costumes socioculturais. O gênero sexual também tem influência nessa questão, visto que as mulheres fazem mais uso do protetor solar levando em consideração o lado estético, enquanto os homens preferem a sombra dos chapéus por conta de suas tradições. Já quanto à renda, verificou-se que o não uso do protetor solar estava envolvido em sua aquisição, visto que 28 (93%) dos entrevistados relataram ter apenas de 1 a 3 salários mínimos em sua renda familiar total. Quando não trabalham, os idosos sustentam-se apenas com sua aposentadoria, direito garantido pela Lei nº 8.213/91 da Previdência Social, amparada pelo Estatuto do Idoso. Porém, a quantia em dinheiro nem sempre é suficiente, fazendo com que muitos idosos precisem continuar trabalhando para complementar a renda e garantir o sustento mínimo. Esse aspecto tem impacto direto em sua qualidade de vida, pois a má remuneração às pessoas da terceira idade, somado a um sistema de saúde ineficiente, os priva de qualquer assistência de saúde adequada e até mesmo na compra de medicamentos e demais itens que garantem conforto e saúde (DUTRA et al., 2013). Os dados verificados nas pesquisas são preocupantes, visto que se torna nítido a falta de cuidados próprios à saúde da população em geral. No Brasil, os casos de câncer de pele são cada vez maiores, tornando-se um problema de saúde pública. Para se ter noção do problema, na década de 30, somente uma (1) a cada 1500 pessoas possuíam câncer de pele. Já nos anos 2000, esse número mudou, passando a ocorrer um (1) caso de câncer a cada 90 indivíduos. Os carcinomas (tumores de pele) representam cerca de 80% dos casos, enquanto que o melanoma (câncer mais maligno e comum em idosos) representa cerca de 7%. Os lábios, que frequentemente são esquecidos na hora da aplicação da fotoproteção e por ser uma pele mais sensível a radiação solar, tem se tornado frequente local de câncer. O carcinoma basocelular (CBC) é comum em pessoas de pele clara; o carcinoma espinocelular (CEC) é comum em cicatrizes de queimaduras ou pele áspera devido ao sol; enquanto que o melanoma maligno pode resultar de uma pequena mancha escura ou pinta, característica facilmente encontrada em idosos (DUTRA et al., 2013; FERREIRA et al., 2013). Esse número crescente se relaciona com a mudança de hábitos dos brasileiros com o passar dos anos. Em 1920 o corpo bronzeado virou um padrão de beleza cultural, estimulado por Coco Chanel após voltar de uma viagem ao Mediterrâneo. Desde então, tornou-se obsessão entre os jovens da época a busca pelo bronzeado perfeito e seguro. Porém o bronzeamento trata-se de uma reação de defesa do organismo quando este se sente lesionado pelos raios UV, Estética Com Ciência | 63
que ao penetrarem a derme e epiderme provocam uma aceleração na produção da melanina, na tentativa de fazer com que a pele aguente a agressão. Devido às pesquisas realizadas sobre o tema, somente em 1988 foi oficialmente anunciado que o bronzeamento não é um processo saudável, não pode ser considerado seguro e o uso do protetor solar tornou-se indispensável em qualquer idade ou fototipo. (MACEDO, 2005). A forma como o indivíduo percebe o próprio envelhecimento contribui para sua autoestima na terceira idade (DUTRA et al., 2013). A insatisfação do idoso com a própria aparência por conta dos padrões de beleza voltados para o público jovem os afeta negativamente, principalmente as mulheres, devido à questão da vaidade que cerca o gênero feminino. Uma pesquisa realizada com um grupo de idosas (n = 10) de 60 a 80 anos sobre o comportamento dessas senhoras quanto aos hábitos de consumo de produtos cosméticos constatou que, apesar de o consumo de produtos cosméticos pelas idosas ter aumentado, quanto maior a idade, menor era o consumo de produtos para cuidados diários com a pele, como o protetor solar ou outros cosméticos. Conclui-se que esse aspecto se deve ao fato do preço do produto nem sempre ser compatível com a situação econômica dos idosos, além do marketing do produto ser mais forte para o publico jovem (WITCZAK; ZAMBERLAN, 2013). Em um projeto de integração de cursos realizado pela marca de protetor solar Sundown® em um Centro Universitário, foi solicitado que os alunos do curso de Publicidade e Propaganda montassem uma campanha publicitária para o uso do protetor solar em épocas como Outono/Inverno, visto que mesmo em períodos mais frios, a radiação ainda é prejudicial à pele. Entretanto, o público alvo da pesquisa eram homens e mulheres, de classe B e C e com faixa etária acima dos 25 anos de idade. Todo o marketing foi voltado apenas para o publico jovem (PINHEIRO et al., 2013), deixando a desejar quanto ao incentivo do público idoso em adquirir o produto ou se preocupar em proteger a pele. Em outra proposta de projeto feita para um curso de Design de Produtos de uma universidade, foi solicitado que os alunos criassem uma embalagem de protetor solar que atendesse as expectativas de aquisição e uso do público idoso. Ao concluírem o projeto, foi idealizada uma embalagem com um formato ergonômico de vidro, com curvas, para um melhor encaixe em suas mãos. A tampa do produto possuiria frisos, ficando menos escorregadia ao abrir e fechar. Haveria uma espátula para a aplicação do produto, evitando assim a contaminação da formulação pelos dedos. A formulação química do protetor foi analisada que a pele dos idosos é mais propensa a alergias, desencadeadas em sua maioria por fragrâncias adicionadas ao produto. Sendo assim, o protetor solar desenvolvido não possuirá fragrâncias, além de ter 64 | Estética Com Ciência
uma textura mais leve, fácil deslize e de rápida absorção (OLIVEIRA, 2009).
CONCLUSÃO
Após toda a revisão bibliográfica, pôde-se concluir que: • Os idosos têm pouco conhecimento sobre os efeitos do protetor solar e sobre os problemas de pele causados pela radiação solar; • O valor do produto ainda é pouco acessível; • Há falta de incentivo somado a falta de marketing voltado para o idoso; • Ainda há poucas pesquisas relacionadas à fotoproteção dos idosos. O que pode ser feito: • Mais campanhas que transmitam informações e incentivo aos idosos quanto aos benefícios do uso diário do protetor solar; • Valor mais acessível a todas as classes sociais ou distribuído pelo SUS; • Maior divulgação e marketing com público alvo da terceira idade; • Aumentar o número de pesquisas voltadas ao assunto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACCURSIO, C. S. C. Alterações de pele na terceira idade. Revista Brasileira de Medicina, São Paulo, v. 9, n. 58, p.646-658, 2001. ARAUJO, T. S.; SOUZA, S. O. Protetores solares e os efeitos da radiação ultravioleta. Scientia Plena, São Cristovão, v. 4, n. 11, p.1-7, 2008. BALOGH, T. S. et al. Proteção à radiação ultravioleta: recursos disponíveis na atualidade em fotoproteção. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v. 86, n. 4, p.732-742, 2011. DUTRA, R. K. D. et al. Fotoenvelhecimento e fotoproteção na percepção de idosos. Fisioterapia Brasil, Campina Grande, v. 14, n. 6, p.408-413, dez. 2013. FERREIRA, E. P. V. et al. Uso do protetor solar em mulheres para a prevenção do fotoenvelhecimento. Revista Faculdade Montes Belos, São Luís de Montes Belos, v. 6, n. 1, p.1-10, 2013. FLOR, J.; DAVOLOS, M. R.; CORREA, M. A. Protetores solares. Quim. Nova, Araraquara, v. 30, n. 1, p.153-158, 2007. FORTES, T. M. L.; SUFFREDINI, I. B. Avaliação de pele em idoso: revisão da literatura. J Health Sci Inst, São Paulo, v. 32, n. 1, p.94-101, 2014. MACEDO, O. R. A construção da beleza: tudo que você pode fazer para obter e conservar a juventude da pele sem cirurgias. São Paulo: Globo, 2005. MONTAGNER, S.; COSTA, A. Bases biomoleculares do fotoenvelhecimento. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v. 84, n. 3, p.263-269, 2009. MONTEIRO, E. O. Filtros solares e fotoproteção. Revista Brasileira de Medicina, São Paulo, v. 67, n. 1, p.5-18, 2010. OLIVEIRA, S. L. Embalagem para protetor solar. In: WORKSHOP DE ANALISE ERGONÔMICA DO TRABALHO, 4., 2009, Viçosa. Anais... . Viçosa: 2009. p. 1 - 14. PINHEIRO, A. L. et al. Cartaz: Sundown, o Sol não tira férias. In: CONGRESSO DE CIêNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE, 18., 2013, Bauru. Anais... . Bauru: Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2013. p. 1 - 11. RIBEIRO, C. Cosmetologia aplicada a dermoestetica. 2. ed. São Paulo: Pharmabooks, 2010. RIBEIRO, D. S.; FRIAS, M. A. E. Conhecimento de idosos sobre a importância e uso de protetor solar. Nursing, São Paulo, v. 76, n. 7, p.3439, set. 2004. MEIRA, E. P.; RIBEIRO, L. C. C.; ALVES, P. B. Percepção dos idosos sobre as alterações fisiológicas do envelhecimento. Cienc. Cuid. Saúde, Diamantina, v. 8, n. 2, p.220-227, set. 2009. SANTOS, A. G. et al. Relação do uso do protetor solar com a incidência do câncer de pele. Revista Científica da Uniararas, Araras, v.1, n.2, p.65-73, 2013. SILVA, L. V.; COSTA, M. C. D. Mecanismos para a prevenção do envelhecimento cutâneo. In: CONGRESSO MULTIPROFISSIONAL EM SAUDE, 6., 2012, Londrina. Anais... . Londrina: Unifil, 2012. p. 1 - 4. TOFETTI, M. H. F. C.; OLIVEIRA, V. R. A importância do uso do filtro solar na prevenção do fotoenvelhecimento e do câncer de pele. Revista Científica da Universidade de Franca, Franca, v. 6, n. 1, p.59-66, abr. 2006. WITCZAK, P. E.; ZAMBERLAN, L. A beleza feminina e o envelhecer: o comportamento de idosas no consumo de produtos e o significado do belo. In: SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 21., 2013, Ijui. Relatório técnico-científico. Ijui: Unijui, 2013. p. 1 - 4.
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro de Universitário Hermínio Ometto para obtenção do título de Bacharel em Estética ORIENTADORA: Prof. Dra. Beatriz Martins Manzano Laís Fernanda Serra NEVES 1 Diana Carla Cabral DIAS 1 Beatriz Martins MANZANO 2 1. Graduanda do Curso de Bacharelado em Estética – FHO/ Uniararas. 2. Doutora em Medicina Translacional pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, e professora do Curso de Bacharelado em Estética – FHO/Uniararas.
O USO DO ÁCIDO ASCÓRBICO NO CLAREAMENTO DE MELASMA RESUMO
Introdução: Considerado o maior órgão do corpo humano, a pele é responsável por assegurar grande parte das relações entre meio interno e externo, conferindo proteção. A mesma é dividida em três camadas, epiderme, derme e hipoderme. Na epiderme, mais especificamente na camada basal, encontra-se os melanócitos, células essas responsáveis pela produção de melanina, quando as mesmas são transferidas para os queratinócitos ocorre a pigmentação da pele. O aumento na transferência de melanina, pode ocasionar hiperpigmentação cutânea indesejada, como por exemplo o melasma, caracterizado por uma entidade patológica de desenvolvimento lento caracterizado por uma mácula hiperpigmentada na face, geralmente precipitada pela gestação ou pelo uso de contraceptivos orais e exacerbada pela luz solar, dentre demais fatores. Para tratamento dessa disfunção, são utilizados inúmeros ativos, dentre eles as vitaminas. As vitaminas são fundamentais para conservação das atribuições metabólicas do organismo, na área da cosmetologia é utilizada por sua enorme eficácia. Dentre as vitaminas, destaca-se a vitamina C ou ácido ascórbico, caracterizada pelo seu alto poder antioxidante, visto que oferece fotoproteção à radiação UVA/UVB, reduzindo o processo de hiperpigmentação. Objetivo: O presente estudo teve por objetivo realizar uma revisão de literatura sobre o uso da vitamina C no clareamento do melasma. Materiais e métodos: A pesquisa foi realizada utilizando artigos online e bibliotecas virtuais datados a partir de
2009 a 2016. Considerações finais: Conforme o levantamento bibliográfico, foi evidenciado que o Ácido Ascórbico apresentou resultados positivos nos tratamentos para clareamento do melasma. Assim, o presente estudo sugere trabalhos práticos para uma maior fundamentação do assunto. Palavras-chave: Ácido ascórbico, Antioxidante, Pele, Melesma.
ABSTRACT
Introduction: Considered the largest organ of the human body, the skin is responsible for ensuring that much of the relationship between internal and external environment, providing protection. The same is divided into three layers, the epidermis, dermis and hypodermis. In the epidermis, specifically in basal layer is melanocytes, these cells responsible for melanin production when they are transferred to the keratinocytes skin pigmentation occurs. The increase in melanin transfer may result in unwanted skin hyperpigmentation such as melasma, characterized by a slowly developing disease entity characterized by a hyperpigmented spot on the face, usually precipitated by pregnancy or use of oral contraceptives and exacerbated by sunlight among other factors. For treatment of this dysfunction are used numerous assets, including vitamins. Vitamins are essential for the maintenance of metabolic functions of the body in the area of cosmetology is used by its enormous efficiency. Among the vitamins, there is vitamin C or ascorbic acid, characterized by its high antioxidant power, as it offers sun Estética Com Ciência | 65
protection UVA / UVB radiation, reducing the hyperpigmentation process. Objective: This study aimed to conduct a literature review on the use of vitamin C in lightening melasma. Methods: The survey was conducted using online articles and virtual libraries dating from 2009 to 2016. Considerations: Literature, it was shown that the ascorbic acid showed positive results in treatments for whitening of melasma. Thus, the present study suggests practical work for further substantiation of the subject. Keywords: Ascorbic acid Antioxidant Skin, Melesma.
INTRODUÇÃO Considerado o maior órgão do corpo humano, a pele é responsável por assegurar grande parte das relações entre meio interno e externo, conferindo proteção. Além disso, colabora para o bom funcionamento do organismo. É constituída por três camadas denominadas de epiderme, derme e hipoderme, ou tecido subcutâneo. Na pele, mais precisamente em uma das camadas da epiderme, a camada basal, encontra-se os melanócitos, células estas responsáveis pela nossa pigmentação (PAULOS; MOTA, 2014). Os melanócitos são células dendriticas que produzem melanina, substância essa que pigmenta os queratinócitos, protegendo a pele contra agressões UV. A melanina pigmenta os queratinócitos dando cor natural à pele, sendo que a pigmentação depende basicamente da quantidade de melanina transferida para cada queratinócitos pelos dendritos. O aumento na transferência de melanina, pode ocasionar hiperpigmentação cutânea indesejada, como por exemplo, o melasma (NEVES; COSTA, 2014). Os problemas hiperpigmentares, como o melasma, aborrece e atinge a autoestima de indivíduos, ocasionando estresse emocional, ansiedade e demais patologias, sendo esses problemas ocasionados principalmente por exposição solar e distúrbios hormonais (PERETTI, 2015; CESÁRIO; PANONTIN, 2015). O melasma é uma entidade patológica de desenvolvimento lento caracterizado por uma mácula hiperpigmentada na região frontal e malar, geralmente precipitada pela gestação ou pelo uso de contraceptivos orais e exacerbada pela luz solar (COSTA et al, 2011; NEVES, COSTA, 2014). Observam-se máculas marrom-acinzentadas ou marrom-escuras, simétricas, com bordas irregulares que compromete frequentemente a face e por muitas vezes tem o aspecto de asa de borboleta, podendo acometer ambos os sexos, em mulheres são mais frequentes, com maior incidência na idade fértil (COSTA et al, 2011; NEVES, COSTA, 2014). Para se diagnosticar, verifica-se a profun66 | Estética Com Ciência
didade da pigmentação, sendo dividido em tipos, epidérmico, dérmico, misto ou indefinido, lembrando que, quanto maior a profundidade, mais difícil a regressão da hiperpigmentação. Para o tratamento da patologia discrômica, existem muitas técnicas sendo aplicadas, sendo que o uso de vitaminas acabam por se tornar um dos principais meios de eficácia, como é o caso da vitamina C (CAVAVECHI, SEVERINO, LIMA, 2015). As vitaminas são fundamentais para conservação das atribuições metabólicas do organismo, na área da cosmetologia é utilizada por sua ação protetora, clareadora e renovação celular. A vitamina C é como um poderoso antioxidante visto que oferece fotoproteção à radiação UVA/UVB, reduzindo o processo de hiperpigmentação da pele (PAULOS; MOTA, 2014; CAVAVECHI, SEVERINO, LIMA, 2015). Dessa maneira, o presente estudo teve por objetivo levantar relatos bibliográficos acerca do uso da Vitamina C no clareamento do melasma.
REVISÃO DE LITERATURA A pele é considerada um dos órgãos que mais sofre transformações seja ao decorrer dos anos, a exposição climática, luz, calor, dentre outras alteração, podendo levar a alterações do sistema tegumentar assim como da imunidade celular, refletindo o estado físico e emocional do indivíduo. Assim, manter a integridade cutânea é de extrema importância para que o organismo possa se defender das diversas alterações ou mudanças às quais o indivíduo esteja exposto (HARRIS,2009). A pele funcionalmente age como um envoltório de proteção ao meio externo controlando a perda de fluidos corporais evitando a penetração de substancias estranha e nociva ao organismo, atuando assim como uma capa protetora e uma barreira impermeável a muitas substâncias (HARRIS, 2009). Partindo de que a pele é considerada o maior órgão do corpo humano e o mais pesado, é um órgão de revestimento complexo e heterogêneo, constituída essencialmente de três grandes camadas de tecidos: uma superior (epiderme), uma camada intermediária (derme), e uma camada profunda (hipoderme). Apresenta funções de proteção, nutrição, pigmentação, queratogênese, termorregulação, transpiração, perspiração, defesa e absorção (HARRIS,2009). Mais precisamente, em uma das camadas da epiderme, a camada basal, se encontra os melanócitos, células estas responsáveis pela pigmentação da nossa pele (PAULOS; MOTA, 2014). Os melanócitos presente na epiderme são células responsáveis pela coloração onde acontece todo o processo de formação da melanina, sendo o produto final dessa reação o fototipo de pele de cada indivíduo, esse processo é denominado de melanogênese
(BATISTA; MEIJA, 2013). O processo da melanogênese é fundamental pois é onde ocorre o desenvolvimento dos melanossomas dando início com a enzima tirosinase para a síntese da melanina (CESÁRIO; PANONTIN, 2015). A melanina age na pele como uma proteção por absorver os radicais livres que estão livres no interior dos queratinócitos, e sua coloração varia entre as concentrações dos pigmentos eumelanina (pigmento negros ou marrons) e feomelanina (normalmente amarelo, vermelho/marrons) todos os indivíduos tem que ter os dois pigmentos a diferenciação está na quantidade que cada indivíduo tem em sua composição genética (CESÁRIO; PANONTIN,2015; HARRIS, 2009; SOUZA; JUNIOR, 2013). Vimos que os melanócitos estão localizados na epiderme, mais precisamente na camada basal, sintetizando a melanina. Cada melanócito pigmenta muitos queratinócitos. A pigmentação em si depende somente da quantidade de melanina que é transferida do melanócito para os queratinócitos através dos dentritos, se por um acaso ocorre alterações desta condição, alterações pigmentares podem aparecer, podendo se caracterizadas como acromia (ausência de cor), hipocromia (tons mais claros que a pele) ou hipercromia (tons mais escuros que a pele), sendo o melasma, uma patologia caracterizada como hipercromias (NEVES; COSTA, 2014). As hipercromias decorrem basicamente da maior ou menor quantidade de melanina, da alteração de vasos sanguíneos ou extravasamento do pigmento hemático, dependendo do tamanho é classificada como mancha ou mácula (GOMES; DAMAZIO, 2013). A palavra melasma é um termo derivado do grego “melas” que tem por significado negro. É uma entidade patológica de desenvolvimento lento caracterizado por uma mácula hiperpigmentada na face, geralmente precipitada pela gestação ou pelo uso de contraceptivos orais e exacerbada pela luz solar UV. Observam-se máculas marrom-acinzentadas ou marrom-escuras, simétricas, com bordas irregulares que compromete frequentemente a face e por muitas vezes tem o aspecto de asa de borboleta, podendo acometer ambos os sexos, geralmente em mulheres em idade fértil tem maior incidência (COSTA et al, 2011; NEVES, COSTA, 2014). Caracteriza-se em três diferentes tipos, o epidérmico, dérmico e misto, dependendo da camada atingida pelo pigmento. Não existe um padrão, mas a maior incidência é o melasma misto, que é a concentração do pigmento localizado na epiderme proporcionado à coloração castanha a pele. No melasma dérmico o pigmento se concentra na derme, e a coloração varia entre azulado ao acinzentado (NEVES; COSTA, 2014).
Dentre os fatores que desencadeiam a patologia estão à gestação devido à oscilação hormonal, uso de medicamentos como anticoncepcionais, terapias hormonais, tumores nos ovários, medicamentos fotossensibilizantes entre outros. Apesar de terem alta incidência, o melasma tem tratamento (GAETKE; GERMANO; GAMA, 2011). Segundo Neves e Costa (2013), cada indivíduo tem uma quantidade de melanina que pode aumentar com a radiação ultravioleta ou pôr o aumento de hormônios, mas o principal fator para o desenvolvimento é a exposição solar (NEVES; COSTA, 2013). A radiação ultravioleta causa a peroxidação dos lipídios da membrana promovendo a estimulação na produção de melanina em excesso tendo a hipercromia como resultado (NEVES; COSTA, 2013). A utilização dos principais ativos que agem por diferentes mecanismos de ação que podem diminuir a produção ou inibir da formação da melanina tem como objetivo melhorar o aspecto da mancha ou redução da mesma utilizando os clareadores e nesse grupo as vitamina se encaixam muito bem (NEVES; COSTA, 2013; CAVACHI; SEVERINO; LIMA, 2015). A vitamina C também conhecida como ácido ascórbico é um antioxidante hidrossolúvel, desempenha um papel importante em reações de oxidação/redução. É considerado um ótimo antioxidante, pois confere foto proteção à radiação UVA e UVB entre outras funções como o clareamento (PAULOS; MOTA, 2014). Essa vitamina tem a sua eficácia garantida por reduzir a formação dos radicais livres auxiliando na prevenção dos danos ocasionados pelo sol (CAVACHI; SEVERINO; LIMA, 2015). É um despigmentante natural, que mantém a melanina sob a forma reduzida e descorada. Tem a sua capacidade clareadora já salientada por, inibir a melanogênese (SILVA; et al, 2011; GAETKE; GERMANO; GAMA, 2011). Destaca por poder ser associada a outras formulações ou ativos, porque atua na inibição da melanina, interagindo com a tirosinase reduzindo sua oxidação, porque absorve a radiação solar, além disso, é um cofator na síntese de colágeno e elastina (CESÁRIO; PANONTIN, 2015). Segundo Cesário e Panontin (2015), a vitamina C quando comparada utilização da água destilada em meia face, obteve resultado satisfatório em relação à mancha por um período de quatro meses (CESÁRIO; PANONTIN, 2015). Na pratica o uso da vitamina C tem melhor seu desempenho na fase de manutenção ou combinação com outros despigmentantes (COUTINHO, et al 2012). A vitamina C inibe a melanogêse promovendo o clareamento da pele, também possui ação antioxidante prevenindo danos ocasioEstética Com Ciência | 67
nados pelo sol, contribui também para a melhora da pele. As formas mais utilizadas da vitamina C são ascorbosilane C, nano esferas de vitamina C, palmitato de vitamina C (BATISTA; MEIJA, 2013). A utilização da mesma faz um afinamento da epiderme, sua concentração é cinco vezes maior do que na derme, podendo ser utilizada em qualquer fototipo sem restrições, podendo inclusive ser utilizada no verão (BATISTA; MEIJA, 2013). O mecanismo de ação da vitamina ocorre através da interação com íons de cobre inibindo a tirosinase, bem como a redução da dopaquinona oxidada que é o substrato da melanina, além disso faz o reparo tecidual, aumentando a síntese de colágeno (BERGMANN; BERGMANN; SILVA, 2013). Pode também ser administrada por via oral combinado com proantocianidina ou ser usada topicamente com concentrações variadas (SARKAR; CHUGH; GARD, 2012). A inativação da enzima tirosinase é parada quando ocorre a transformação oxidativa da tirosina em DOPA, e age também como anti-radical livre protegendo as células. Quando utilizada para o clareamento em contra partida também previne os sinais de envelhecimento, além do estimulo a síntese de colágeno e elastina (FIGUERÓ; FILHO; COELHO, 2008). É antioxidante incorporados a várias formas farmacêuticas com o propósito de tratar e prevenir a pele dos efeitos maléficos do sol, e dos radicais livres. Melhora a tonicidade da pele deixando-a brilhante e macia não sendo fotossensibilizante (COCHITO, et al, 2014). O filtro solar também é muito importante nesse processo de clareamento da mancha pois a pele fica muito sensível. O mecanismo básico é absorção e reflexão ou espalhamento da luz, em formulações em cremes ou loções (ALVES; JUNIOR; CARDOSO, 2015).
CONCLUSÃO
Observa-se nas literaturas que o melasma é difícil, mas não impossível, de ser tratado, o tratamento pode se estender por vários meses, e além disso a melhora ocorre quando o paciente cumpre os passos incluindo a fotoproteção. Concluo que ácido ascórbico ou vitamina C é um dos mais antigos despigmentantes naturais utilizados pois reduz a formação de radicais livres, intensifica a síntese de colágeno, apresenta atividade foto protetora, prevenindo assim, os danos causados pelas radiações, auxilia no tratamento de manchas hipercrômicas.
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RERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALVES, A.V.F; JÚNIOR, R.L.C A; CARDOSO, J.C. Efeito do extrato de própolis como mediadora fotoprotetora contra os danos causados pela radiação UV. 2015. 75 f. Dissertação de Mestrado em Saúde e Ambiente – Programa de Pós-graduação em Saúde e Ambiente, Universidade de Tiradentes, Aracaju, 2015. BATISTA, E. F; MEIJA, D.P. M. Ação da vitamina c no melasma. 2013. 12 f. TCC (Graduação) - Curso de Estética e Cosmetologia, Faculdade Sulamericana Fasam, 2013. BERGMANN, C.L.M.S; BERGMANN, J; SILVA, C.L.M. Melasma e rejuvenescimento facial com o uso de pelling de ácido retinóico a 5% e microagulhamento caso clinico. 2013. 25 f. Pós-graduação em Dermatofuncioal, Faculdade do Litoral Paranaense, 2013. CASAVECHI, A.M.; SEVERINO, J.C.; LIMA, C.R.J. A utilização da vitamina C e do peeling de diamante no tratamento de melasma facial: estudo comparativo. 2015. 6 f. TCC (Graduação) - Curso de Estética, Centro Universitário Católico Salesiano Auxiliam, Missão Salesiana de Mato Grosso – Mantenedora, 2015. CESÁRIO, G. R; PANONTIN, J. F. Principais ativos utilizados no tratamento do melasma. 2015. 55 f. TCC (Graduação) - Curso de Ciências Farmacêuticas do Curso de Farmácia, Centro Universitário Luterano de Palmas, Palmas, 2015. COCHITO, B.S; MACHADO, L.C; ALVES, M.N.S; LUNA, T.D; DIAS, A; SILVA, R.M. Utilização da vitamina C como atenuando do envelhecimento cutâneo. 2014. 4 f. Faculdades integradas de Fernandópolis. 2014. COSTA, A.; ARRUDA, L.H.F.; PEREIRA, E.S.P.; PEREIRA, M.O.; SANTOS, F.B.C.; FÁVARO, R. Estudo clínico para avaliação das propriedades clareadoras da associação de ácido kójiko, arbutin, sepiwhite e achromaxyl na abordagem do melasma, comparada à hidroquinona 2% e 4%. Surgical Cosmet Dermatol. v.3, n.4, p.22-30. COUTO, M. A. L; CANNIATTI-BRAZACA, S. G. Quantificação de vitamina C e capacidade antioxidante de variedades cítricas. 2010. 19 f. TCC (Graduação) - Curso de Ciência. Tecnologia. Alimententícia, Universidade de São Paulo, Campinas, 2007. COUTINHO, G. S. L; et al. Prescrição de produtos dermocosméticos durante a gravidez. 2012. 10 f. TCC (Graduação) - Curso de Farmácia, Biologia, Instituto Racine e Instituto Florence de Ensino Superior. Porto Alegre, 2012. FIGUERÓ, T.L.M; FILHO, E.A.F; COELHO, L.R. Pele e gestação: aspectos atuais nos tratamentos e drogas comumente utilizados. 2008. Revista Feminina, volume 36. Páginas 511 – 521. Caldas Novas, 2008. GAEDTKE, G.N; GERMANO, S; GAMA, R. Abordagem terapêutica do melasma na gestação: revisão bibliográfica.2011. 21 f. TCC (Graduação) – Pós-Graduação, Medicina Estética, Instituto Paulista de Ensino em Medicina e Cirurgia Estética,2011 HARRIS, M.I. N.C. Pele: estrutura, propriedades e envelhecimento. 3. ed. São Paulo: Senac, 2009. 352 p. NEVES, B.P; COSTA, M.D. Revisão de literatura sobre melasma: enfoque no tratamento. 2014. 42 f. Tese (Doutorado) - Curso de Pós-graduação em Dermatologia, Ics/funorte, Alfenas, 2013. PAULOS, A.C.P; MOTA, J.P. Formulações dermatocosméticas: da atualidades aos desafios futuro. 2014. 37 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências Farmacêuticas, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Escola de Ciências da Saúde, Lisboa, 2014. SARKAR, R; CHUGH, S; GARG, V.K. Newer and upcoming therapies for melasma.2012. Páginas 417 – 428. SILVA, A.P.T; et al; Desenvolvimento de géis contendo nanocápsulas de palmitato de ascorbila.2011. 2 f. Mestrado – Nanociência, UNIFRA, Santa Maria - RS, 2011. SOUZA, V.M.; JUNIOR, D.A. Ativos dermatológicos: dermocosméticos e nutracêuticos. São Paulo: Pharmabooks, 2013.802 p. SOUZA, A.C; et al. Massagem ayurvédica na revitalização cutânea facial com princípios de origem vegetal.2008. 95 f. TCC (Graduação) – Estética e Cosmetologia, Universidade Anhembi, Morumbi, 2008. URASAKI, M.B; MANDELBAUM, M.H.S.A; BARETO, C.P. Manchas na pele em mulheres no ciclo gravídico puerperal.2012. 6 f. TCC (Graduação) – Enfermagem, Universidade de São Paulo, 2012.
Gisleia Maria Santana PEREIRA 1 Ana Claúdia Calazans da SILVA 2 Evandro Luís PADILHA 3 1. Graduanda do Curso de Bacharelado em Estética – FHO/Uniararas. 2.Pós-Graduada (especialista) em Cosmetologia Clínica pelo Centro de Ensino Superior de Valença-RJ, realizado presencialmente no IPUPOInstituto Maurício Pupo de Cosmetologia e Pesquisa - 2014. Graduada em Tecnologia em Estética pelo Centro Universitário Hermínio Ometto - UNIARARAS – 2012.Experiência em Estética Corporal, Facial e Cosmetologia. Atualmente é docente do Centro Universitário Hermínio Ometto - UNIARARAS com ênfase em saúde. 3. Mestre em Ciências Biomédicas (Fisiologia) pelo Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas (2013). Especialista em MBA em Cosmetologia pelas Faculdades Integradas Metropolitanas de campinas – Metrocamp – (2008). Graduação em Tecnologia em Estética pelo Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas (2006). Docente do curso Bacharelado em Estética do Centro Universitário Hermínio Ometto com experiência na área da saúde, com ênfase em Estética e coordenador do programa de estágio supervisionado do Curso de Bacharelado em Estetica nas áreas de Terapias Mauais e Estética corporal/facial. Pós graduando em Terapia Ayurveda pelo Instituto de cultura Hindu Naradeva Shala.
CORRENTE AUSSIE NO TRATAMENTO DA FRAQUEZA MUSCULAR ABDOMINAL ASSOCIADA DIÁSTASE PÓS PARTO. Estudo de Caso
RESUMO
Este estudo descreve o tratamento realizado em uma voluntaria, cuja queixa principal se dá por uma fraqueza muscular abdominal associada a uma diástase pós parto. O trabalho objetivou proporcionar o aumento da força muscular abdominal com o uso da estimulação elétrica por meio da Corrente Aussie. A voluntária apresentava um abdômen preduberante e aumento da diástase abdominal. Assim, o processo metodológico da pesquisa se deu, através do método dedutivo-bibliográfico, através de um estudo mais aprofundado de artigos científicos, os quais foram selecionados devido a sua
relevância. E um estudo de caso, onde foi submetida a uma avaliação constituída de perimetria abdominal, aferição com uso do paquímetro e fotografia. Enfim, esse trabalho mostrou resultados eficazes com correntes exitomotoras em relação a flacidez muscular e diástase abdominal pós parto. Palavras-chaves: Fraqueza muscular, diástase, eletroestimualação, corrente Aussie.
ABSTRACT
This study describes the treatment in a volunteer, whose chief complaint is given by an abdominal muscle weakness associated with a post partum diastase. The work Estética Com Ciência | 69
aimed to provide the abdominal muscle strength increase with the use of electrical stimulation through the Aussie. The volunteer had a preduberante and abdomen increased abdominal diastase. Thus, the methodological research process took place through the deductive method-bibliographical through further study of scientific articles, which were selected because of their relevance. And a case study, where it was subjected to an evaluation consists of abdominal perimetry, measuring with use of the caliper and photography. Anyway, this work has shown effective results with exitomotoras currents in relation to muscular flaccidity and post partum abdominal diastase. Key words: muscle weakness, diastase, eletroestimualação, Aussie.
INTRODUÇÃO
A fraqueza muscular pode ser definida pela perda de potência muscular, desde que os músculos ficam flácidos devido a falta de exercícios físicos, ganho de peso e aumento do útero durante a gestação, se eles não são solicitados, as fibras musculares ficam hipoatrofiadas, flácidas, e por consequência, favorecem o aparecimento da diástase (1). A diástase gestacional acontece no segundo trimestre de gestação, tendo uma incidência maior nos três últimos meses, em virtude do volume abdominal maior, assim como no pós-parto, a qual se apresenta na forma de um estiramento causado pelo enfraquecimento da musculatura abdominal (2). Durante a gestação, o útero em expansão provoca um alongamento dos músculos abdominais (reto abdominal, transverso do abdômen, oblíquo interno e externo), ocasionando uma separação das duas bandas musculares que se encontram na região central do abdômen (3). No local onde os dois músculos se separaram cria uma espécie de “espaço” de mais ou menos 2 a 3 cm de largura e 12 a 15 cm de comprimento, de maneira simplificada, é como se houvesse uma linha mais funda entre os seios e o umbigo (linha Alba) que separasse o abdômen verticalmente em dois, podendo chegar a um intervalo de 12 a 20 cm de largura, e se estender por quase todo o comprimento dos músculos retos (4). Ressalta-se ainda, que os dois músculos reto do abdômen, mesmo quando reabilitados ficarão sempre um tanto separados (cerca de 1,5 a 2 cm) e que o importante é que eles estejam fortes (4). Nota-se que a diástase do músculo reto não provoca dor, mas com a distensão excessiva pode afetar a musculatura abdo70 | Estética Com Ciência
minal na estabilização do tronco, podendo gerar dores na lombar, sendo de suma importância o monitoramento de uma boa postura (5). Na literatura existem vários relatos sobre o uso e os resultados de tratamentos com correntes exitomotoras, os quais favorecem o fortalecimento e hipertrofia muscular, além da vasodilatação e o aumento do retorno venoso e linfático (1), podendo assim favorecer a diminuição da diástase e conjunto a melhora da força muscular. Motivo pelo qual optamos pelo aparelho NEURODYN ESTHETIC da marca Ibramed, registrado pela ANVISA 10360310022, o qual dentre 8 terapias, oferece a Corrente Aussie (Manual Neurodyn Esthetic). A Corrente Aussie, ou corrente Australiana, foi desenvolvida pelo pesquisador Alex Ward, da Universidade de LaTrobe em Melbourne – Austrália e trata-se de uma corrente elétrica terapêutica alternada com freqüência portadora na faixa de kHz e modulação em baixa freqüência com alguma semelhança em relação à terapia interferencial e Corrente Russa, a diferença está no valor da corrente de kHz utilizada bem como no formato de onda. Para contração muscular, a Corrente Aussie utiliza frequência de 1 kHz combinada com Bursts de duração igual a 2 µs, dessa forma, a produção de torque é máxima quando comparados a outras correntes comerciais. A modulação em rampa deve ser utilizada com o objetivo de se evitar a fadiga muscular precoce e a freqüência de 50 Hz é a mais indicada (6). Verificar os resultados do uso da estimulação elétrica por meio da Corrente Aussie no tratamento da fraqueza muscular abdominal associada a diástase pós parto.
MATERIAL E MÉTODO
A pesquisa foi desenvolvida utilizando-se o método dedutivo-bibliográfico, desde que foram consultados artigos científicos que trataram do assunto, além de um relato de caso, o qual foi iniciado após o esclarecimento e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pela participante. Participou do estudo uma voluntária, D.D.C., do sexo feminino, residente em São Joaquim da Barra – SP, 34 anos, com 1,55 m a qual passou por uma cesariana à 3 anos e 9 meses, cuja a queixa principal se dá por uma fraqueza muscular abdominal associada a uma diástase. Inicialmente, realizou-se anamnese, em seguida foi feita uma avaliação constituída de perimetria abdominal, aferição da diástase e registros fotográficos. Em relação a perimetria, foi utilizada a fita métrica milimetrada, tendo como referência a cicatriz umbilical. O perímetro foi
aferido em 5 e 10 cm acima do umbigo, 5 cm abaixo do umbigo e na cicatriz umbilical. A aferição da diástase do reto abdominal foi realizada com a voluntária posicionada em decúbito dorsal, os joelhos flexionados e os pés apoiados na maca. Foi marcado 5 cm acima da cicatriz umbilical e solicitado que a voluntária realizasse uma flexão anterior do tronco até que as bordas inferiores das escápulas saíssem da maca, mantendo esta posição por alguns segundos realizou-se a aferição da diástase do músculo reto-abdominal com o paquímetro e lápis branco. As fotos foram realizadas no primeiro e no último dia do tratamento, onde as mesmas foram tiradas pelo celular modelo Galaxy Gran Duos Prime, marca Samsung. Após a avaliação, a voluntária, foi submetida a um programa de tratamentos de eletroestimulação durante três dias na semana, com duração de 20 minutos cada sessão, totalizando 15 sessões. Para a realização do tratamento a voluntária deitou-se em decúbito dorsal, em uma maca, onde foi realizada a limpeza da região do abdômen com sabonete líquido e algodão. Logo depois, com o gel neutro, foram fixados os eletrodos em origem e inserção nos ventres dos músculos reto-abdominal D e E, e oblíquos D e E, nos seguintes parâmetros:
rentes a diástase e perimetria, como apresentado na tabela II. Tabela II – Avaliação Diástase/Perimetria
Data:
15/08/2016
30/08/2016
17/09/2016
DIÁSTASE 5 cm acima da cicatriz umbilical:
4,0 cm
4,0 cm
3,5 cm
PERIMETRIA 10 cm acima da cicatriz umbilical:
86 cm
85 cm
83,5 cm
5 cm acima da cicatriz umbilical:
93 cm
91 cm
89,5 cm
Cicatriz umbilical:
95 cm
95 cm
93,5 cm
5 cm abaixo da cicatriz umbilical:
96,5 cm
95 cm
95 cm
Número de sessões
0
7
15
Fonte: Adaptado de Borges e Valentin (7)
A análise dos dados da perimetria mostra que o tratamento reduziu medidas devido a diminuição da circunferência abdominal e da diástase entre os músculos reto- abdominal D e E, dentro de 15 sessões. (Figura 1)
Tabela I - Corrente Aussie: Parâmetros usados no tratamento
CORRENTE AUSSIE
PARÂMETROS
FREQUÊNCIA PORTADORA
1 QUILOHERTZ (KHz)
FREQUÊNCIA MODULADA
50 HERTZ (Hz)
LARGURA DE PULSO
2 MILISSEGUNDOS (MS)
INTENSIDADE
DE 20 A 50 MICROAMPERES (µA)
TEMPO DE SUBIDA
4 SEGUNDOS
TEMPO DE CONTRAÇÃO
8 - 10 SEGUNDOS
TEMPO DE DESCIDA
4 SEGUNDOS
TEMPO DE TRATAMENTO
20 MINUTOS
MODO
RECIPROCO
Fonte: Elaborado pelas autoras
Durante o tratamento a voluntária era orientada a ajudar com exercícios voluntários, ou seja, movimentos de abdominais e/ou isométricos, levando-se em consideração suas limitações.
RESULTADOS
Como resultado final desta pesquisa, verificou - se que mesmo que os músculos da região abdominal ainda se encontram enfraquecidos, houve uma grande melhora nas medidas refe-
Figura 1: Avaliação antes e depois do tratamento
Sendo assim, observou-se que o nosso estudo de caso, comparado ao de Borges e Valentin (7), obteve resultados inferiores, devido aos números de sessões terem sido menores e o inicio do tratamento pós parto mais tardio. Nota- se ainda que será necessário mais sessões de Corrente Aussie, juntamente com exercícios físicos e o tratamento postural com uma fisioterapeuta. Ressalta-se a melhora do estado psicológico e emocional da voluntária, devido a disposição a dar continuidade nos tratamenEstética Com Ciência | 71
tos indicados.
DISCUSSÕES
Segundo Antônio et al (8), a estimulação elétrica cada vez mais vem ocupando seu espaço no mercado, desde que, associada a exercícios físicos, resultam em tratamentos benéficos, em menos tempo e sem grande esforço. A eletroestimulação muscular promove efeito gratificante no aumento de hipertrofia e força muscular (9). Borges e Valentin (7) relata que na literatura possuem vários resultados satisfatórios em relação a eletroestimulação, melhorando assim, a qualidade da função muscular, desde que, mantém a qualidade e quantidade do tecido muscular, aumenta ou mantém a força muscular e estimula o fluxo de sangue no músculo. Em comparação ao estudo de caso de Borges e Valentin (7), publicado na Revista Brasileira de Fisioterapia Dermato-Funcional, ao nosso, podemos notar que a eletroestimualação, realmente promove um efeito benéfico no aumento da força muscular. Baseado no estudo feito pelos autores Borges e Valentin (7), os quais escolheram três pacientes para a realização do estudo de caso, escolhemos a paciente C, devido a mesma ter uma idade aproximada a da nossa voluntária, nota-se uma melhora a qual será demonstrada no quadro 1: Quadro 1- Resultados diástase/perimetria (Paciente C)
1,9 cm a : diástase abdominal 1 cm a: 10 cm acima da cicatriz umbilical; 4 cm a: 5 cm acima da cicatriz umbilical; 8 cm a: cicatriz umbilical; 12 cm a: 5 cm abaixo da cicatriz umbilical. Fonte: Dados (BORGES; VALENTIN, 2002, p.5)
Para melhor entendimento veja abaixo a analise entre a paciente C (7) e a nossa voluntária:
CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo foi feito com o intuito de demonstrar como o tratamento da fraqueza muscular abdominal associada a diástase pós parto com a Corrente Aussie pode ser eficaz, desde que o equipamento é capaz de restabelecer a atrofia muscular, potencializar a força da musculatura e por conseqüência melhorar a aparência estética. Os autores citados nesse estudo, mostram que a associação de exercícios físicos são indispensáveis no resultado de tratamentos relacionados a correntes de eletroestimulação. Na literatura existem vários relatos sobre o uso e os resultados de tratamentos com correntes exitomotoras, os quais resultam em resultados satisfatórios e que irão atuar na qualidade da função muscular. Mas, em relação a diástase abdominal pós parto, há uma grande escassez de trabalhos relacionados a esse tema, os quais se fazem necessário para que podemos ter resultados, parâmetros e estudos mais fidedignos.
REFERÊNCIAS 1. GUIRRO, E; GUIRRO, R. Fisioterapia Dermato-Funcional: Fundamentos, recursos e patologias. 3.ed. São Paulo: Manole, 2004. 2. GILLEARD, L.W.; BROWN, J.M. Structure and function of the abdominal muscles in primigravid subjects during pregnancy and immediate postbirth period. Physical Therapy v.76, p.750-762, 1996. 3. THOMSON, A. et al. Fisioterapia de Tidy. Cap. 25, Santos: São Paulo, 1994. 382-395 p. 4. POLDEN, M. & MANTLE, J. Fisioterapia em Ginecologia e Obstetrícia. Cap. 7, Santos: SãoPaulo, 2000, 223-280 p. 5. MARTINS, A. B.; RIBEIRO J.; SOLER, Z. A. S. G. Proposta de exercício físico no pós-parto: um enfoque na atuação do enfermeiro obstetra. 28 de setembro de 2010. 6. CRANWELL-WARD, J., Bassons, P. & Gover, S. (2004). Mentoring. A Henley Review of Best Practice. New York: Palgrave MacMillan. 7. BORGES, Fábio dos Santos.VALENTIN, Ericka Christine. Tratamento da Flacidez e Diástase do Reto-Abdominal no Puerpério de Parto Normal com o Uso de Eletroestimulação Muscular com Corrente de Média Freqüência – Estudo De Caso*. Revista Brasileira de Fisioterapia Dermato-Funcional - Vol. 1 n° 1 – 2002. Disponivel em: < http://www. proffabioborges.com.br/artigos/tratamento_da_flacidez_diastase_reto_ abdominal.pdf>. Acesso em: 01 de setembro 2016. 8 ANTONIO, Scheila; JR, Aderbal Silva Aguiar. O uso da corrente russa para promover o fortalecimento dos músculos peitoral maior e menor. Trabalho de conclusão de curso de fisioterapia daUniversidade do Sul de Santa Catarina. 2002. 9. LIMA, Evelyne Patrícia Fernandes; RODRIGUES, Geruza Baima de Oliveira. A estimulação russa no fortalecimento da musculatura abdominal. ABCD, arq. bras. cir. dig. São Paulo , v. 25, n. 2, June 2012 .
Ana Cláudia Alves Ramos 1 Fabiana Ferreira de Medeiros 1 Isabela Ribeiro Zigante 1 Jessica Caroline Vizu 1 Laura Nogueira Cavanhão 1 Fonte: Dados da pesquisa em estudo
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1 Tecnólogo em Estética e Cosmética, Claretiano - Centro Universitário de Batatais,SP.
TRATANDO HIPERIDROSE: TOXINA BOTULÍNICA X IONTOFORESE RESUMO
A sudorese é um mecanismo termorregulador adaptativo localizado ou generalizado. Ela é também um concomitante fisiológico da ansiedade. Sabe-se que a pele reflete os estados emocionais, uma pessoa enrubesce quando esta com vergonha, sua quando ansiosa. A maior parte dos indivíduos está ciente da associação entre suar e as emoções. A hiperidrose é uma doença comum, que frequentemente se exacerba pelo stresse emocional ou fatores psicológicos. No corpo humano, o suor é produzido pelas glândulas sudoríparas écrinas e apócrinas, quando estimulado quer seja por fatores endógenos ou exógenos, sua principal função é a termorregulação. A hiperidrose pode ser definida como sudorese excessiva e incontrolável que ocorre na ausência de causa discernível, também é determinada como uma hiperfunção das glândulas sudoríparas. Pacientes que transpiram excessivamente são geralmente submetidos a enorme pressão psicossocial em razão das restrições que isso causa na vida pessoal e profissional, são comumente estereotipadas como ansiosas e/ou negligentes com a higiene pessoal. Uma distinção fundamental é feita entre hiperidrose primária (idiopática) e hiperidrose secundária (derivada de outra patologia). Outra divisão é feita entre as hiperidroses focais
e as generalizadas. O maior interesse terapêutico refere-se à forma primária da hiperidrose, que ocorre principalmente nas palmas, plantas e axilas, regiões anatomicas de maior concentração das glândulas sudoríparas écrinas. O diagnóstico das hiperidroses é basicamente clínico e tem como base a gravidade e comprometimento da qualidade de vida causado pelo distúrbio da sudorese no paciente, alguns exames laboratoriais auxiliam na investigação e eliminação de causas secundárias, conduzindo o terapeuta na analise correta de cada anamnese realizada anteriormente ao tratamento. O teste do iodo- amido tem se mostrado útil na confirmação e delimitação da área a ser tratada. Atualmente, diversos recursos para tratamento da hiperidrose encontram-se disponíveis. A terapia física por iontoforese, apesar de ser pouco difundida, é uma técnica segura e eficaz para o tratamento da hiperidrose. Economicamente acessível, tem se mostrado como a melhor opção para tratamento de pacientes pediátricos e aos intolerantes a dor. O elevado número das sessões para obtenção do controle da sudorese é apontado como fator limitante da técnica. A terapia com toxina botulínica atualmente vista como símbolo de beleza e glamour, no tratamento da hiperidrose, também possui indicação por sua eficácia, em especial aos traEstética Com Ciência | 73
tamentos localizados. O alto custo envolvido e as dores oriundas das injeções da toxina botulínica são os fatores de desvantagem da técnica. Palavras-chave: hiperidrose, iontoforese, toxina botulínica.
ABSTRACT
Sweating is an adaptive thermoregulatory mechanism which can be local or general. It is also a physiological concomitant of the anxiety. It’s been known that the skin shows emotional states, a person blushes when ashamed, sweats when anxious. The major part of the individuals is aware of the association of sweating with emotions. The hyperhidrosis is a common disease which is frequently intensified by emotional stress or psychological factors. In the human body, sweat is produced by the eccrine and apocrine glands, when stimulated either by endogenous or exogenous factors, its main function is thermoregulation. Hyperhidrosis can be defined as excessive and uncontrolled sweating that occurs without presenting a distinguishable cause, it is also determined as a hyperfunction of the sweating glands. Patients who sweat excessively are usually affected by huge psychosocial pressure due to the restrictions that it causes in their personal and professional lives, they are commonly stereotyped as anxious and/or negligent in their personal hygiene. One fundamental distinction is made between primary (idiopathic) hyperhidrosis and secondary hyperhidrosis (derivative of pathology). There is another division between the focal and generalized hyperhidrosis. The major therapeutic interest refers to the primary type of hyperhidrosis, which occurs principally in the palms, soles and axilla, anatomic regions with higher concentration of eccrine sweating glands. The diagnosis of the hyperhidrosis is basically clinical, and it is based on its seriousness and how quality of life is compromised by the disturbance of sweating to the patient. Some laboratory exams help investigate and eliminate secondary causes, leading the therapist to an accurate analysis of each anamnesis performed before the treatment. The starch-iodine test has been useful to the confirmation and delimitation of the area to be treated. Currently, different resources for the treatment of hyperhidrosis are available. The physical therapy by iontophoresis, although not widespread, is a safe and effective technique for the treatment of hyperhidrosis. It is economically affordable, and has been showed as the best option for the treatment of pediatric patients and the ones who are intolerant to pain. The high number of sessions needed to the accomplishment of the sweating control is pointed as a limiting factor for the technique. Therapy using botulinum toxin, currently seen as a symbol of beauty and glamour in the treatment of hyperhidrosis, is also indicated due to its efficacy, especially in the local treatments. The high cost and the pain caused by the injections of botulinum toxin are the disadvantages of the technique. 74 | Estética Com Ciência
Key-words: hyperhidrosis, iontophoresis, botulinum toxin.
1 INTRODUÇÃO
O corpo humano é muito mais que uma máquina baseada em leis físico químicas. Tão pouco pode ser conceituada como sendo um conjunto de sistemas, pois vai além de ossos, músculos, membranas, tendões, órgãos; uma vez que estende-se para a alma21. O manto de revestimento do organismo ao longo de sua extensão apresenta variações, sendo ora mais flexível, ora mais regida, exerce inúmeras funções orgânicas indispensáveis à vida. Como disse o poeta Rimbaud, “A pele é o que há de mais profundo”, constituinte da imagem corporal, a pele integra o organismo ao próprio corpo21,7. Nossos corpos são carregados de simbolismo, positivos e negativos. A atual sociedade, centrada na produção e rendimento, saúde e boa aparência estão intimamente ligadas à ideia de sucesso. Nesse âmbito, conceitualmente, estética é a apreciação da beleza, ou a combinação de qualidades que proporcionam prazer aos sentidos14,19,21. A pele torna-se palco das manifestações fisiológicas do organismo, age como órgão sensorial admitindo a expressão das emoções, a vasoconstrição torna a pele empalidecida enquanto que a vasodilatação a enrubrece, na ereção pilosa observamos a pele arrepiada, irritações nas terminações nervosas geram prurido11. A pele tem participação no sistema imunológico, confere proteção relativa contra insultos físicos é atuante na produção de vitamina D3, excreta eletrólitos, regula a temperatura corporal e embora represente cerca de 15% do peso corpóreo, é considerada o maior órgão do corpo humano2,23. Três distintas camadas de tecidos compõem essencialmente a pele, quando somadas garantem uma espessura máxima de três milímetros. A camada mais profunda, hipoderme, de origem mesodérmica, embora seja estudada dentro do sistema tegumentar não é considerada por muitos autores como parte integrante da pele, constitui-se por tecido conjuntivo adiposo, recebe também denominação de panículo adiposo que serve de suporte a adesão dos órgãos subcutâneos e internos, atua ainda como isolante térmico e absorve choques2,12. A derme, ou camada mediana, também de origem mesodérmica, constitui-se por tecido conjuntivo, que apresenta diferentes tipos celulares em seu meio e abundante substancia amorfa (material gelatinoso, incolor e viscoso, composto principalmente por ácido hialurônico, proteoglicanas, glicoproteínas e fibras). Encontram-se nessa camada os vasos sanguíneos e linfáticos, assim como as terminações nervosas responsáveis pelas sensações de calor, frio, cócegas, etc.2,12,23. A camada superior, epiderme, visível a olho nu e avascularizada, possui origem ectodérmica, é constituída de tecido epitelial estratifica-
do pavimentoso, com células escamosas dispostas em várias camadas. Dentre as células que compõem a epiderme, encontram-se os queratinócitos (produtores de queratina, responsáveis pela impermeabilização da pele), os melanócitos (produtores de melanina, pigmento que proporciona cor a pele), as células de Langerhans (atuantes na resposta imune) e as células de Merkel (atuam como mecanorreceptores, células ligadas a terminações nervosas e sensoriais)2,12,23. A epiderme origina os anexos do tegumento: Pelos, unhas, glândulas sebáceas, glândulas ceruminosas, glândulas sudoríparas, glândulas vestibulares nasais, glândulas circumanais, glândulas axilares e glândulas mamárias. A principal função da epiderme é evitar a perda de água para o ambiente externo. O efeito barreira da pele é realizado principalmente pelo extrato córneo, que reveste a epiderme2,12. A vida humana impõe estreitos limites para se manter em equilíbrio, frente as mudanças climáticas ocorridas no ambiente externo, o hipotálamo regula o meio interno, garantindo a homeostase corpórea. A temperatura sanguínea motiva maior ou menor dissipação calórica, através da constrição e dilatação da rede vascular cutânea, que em conjunto com os impulsos termossensoriais da pele determinam impulsos hipotalâmicos, via fibras colinérgicas (sistema simpático) estimulam as glândulas sudoríparas de todo o corpo. A transpiração (evaporação do suor) é a forma mais efetiva do ser humano regular a temperatura orgânica3,8,10,19. O suor é produzido pelas glândulas sudoríparas écrinas e apócrinas, quando estimulado quer seja por fatores endógenos ou exógenos3,23. A principal função dessas glândulas é a termorregulação, secundariamente e não menos importante, a sudorese umidifica a pele e excreta substancias potencialmente tóxicas, como o cloreto de sódio, potássio, bicarbonato e quando necessário expeli ainda ureia, amônia e lactato14. Desta mesma forma ainda podem ser eliminados drogas, anticorpos e proteínas19. Características individuais como sexo, idade e raça interferem na sudação. O sexo masculino apresenta maior volume de glândulas sudoríparas. Sabe-se também que a temperatura da pele influência o grau de sudorese. Em contra partida, a desidratação, os estímulos frios e o avançar da idade resultam na diminuição da sudorese3,7. Hiperidrose é definida como uma hiperfunção das glândulas sudoríparas 22. Ou seja, é sudorese excessiva3,10,11,13,14,15,19. O aumento da produção do suor pode se manifestar de forma localizada ou generalizada pode ainda ser primário e idiopático ou secundário, quando derivado de outra patologia3,19. A maioria dos tipos de hiperidrose é devida exclusivamente á atividade das glândulas écrinas5,10,11,13,14,22, porem em determinados tipos de hiperidrose localizada há hiperatividade de ambas as glândulas ou somente das glândulas apócrinas3. A hiperidrose é uma disfunção comum que
acomete homens e mulheres de todas as raças, todavia asiáticos e judeus parecem ser mais acometidos3,7. Ao fisiológico do corpo humano não é maléfica, contudo causa desconforto ao portador e de alguma forma afeta a vida do individuo seja no profissional, social e/ou psíquico11,14,22. A sudorese excessiva é geradora de desconforto físico e causadora de constrangimento, pois ninguém gosta de se apresentar com roupas e/ou calçados encharcados pelo suor. A maior problemática desse distúrbio que pode ou não ter envolvimento de fatores emocionais é o comprometimento das atividades diárias (escrever, apertar mão de outra pessoa, manipular papéis e ferramentas, inibição de prática instrumental)3,5,14,19,22. Segundo TOGEL et. al (2002) Pacientes que transpiram excessivamente são geralmente submetidos a enorme pressão psicossocial em razão das restrições que isso causa na vida pessoal. Essas pessoas são comumente vistas como negligentes em relação aos cuidados de higiene pessoal ou estereotipadas como ansiosas, nervosas ou inseguras22. Em nossa atual sociedade o culto a beleza se mantém sob evidencia, cuidados com o corpo ganham a cada dia maior mérito. A sudorese exacerbada geradora de desconforto parece não pertencer ao conceito de belo, sendo assim, um tema de relevância e interesse para a biomedicina estética. O maior interesse terapêutico refere-se à forma primária da hiperidrose, que ocorre principalmente nas palmas, plantas e axilas, regiões de maior concentração das glândulas sudoríparas écrinas2,3. Atualmente diversos recursos para o tratamento da hiperidrose estão disponíveis, as opções variam entre medidas tópicas e sistêmicas, psicoterapia e técnicas mais invasivas, cirúrgicas e não cirúrgicas3, 5, 14. Essa obra de revisão tem por objetivo expor e comparar duas terapêuticas para hiperidrose, a aplicação de toxina botulínica e o uso da iontoferese. A primeira ganha mais adeptos a cada dia, atualmente é usada para tratar uma variedade de condições (como distonia focal, bruxismo, cefaleia), e no quesito melhorias estéticas esta ganhando ascensão por corrigir linhas de expressão e rugas periorbitais3,13. Já a segunda, pode parecer novidade, contudo o processo que utiliza um simples aparelho de corrente direta juntamente com água de torneira para inibir a produção de suor, tem sido utilizado há tempos13. Com o intuito de propiciar aos colegas biomédicos estetas critérios para a escolha da melhor terapia perante um paciente diagnosticado com sudorese excessiva a seguir, abordo detalhadamente a anatomia e histologia das glândulas sudoríparas, bem como as formas de hiperidrose, os testes para identificação e exames complementares. Na sequencia elucido a utilização da toxina botulínica e a técnica de iotoforese para o tratamento da hiperidrose, desta forma essa obra coopera para o conheciEstética Com Ciência | 75
mento da fisiologia e mecanismo básico da sudorese, assim como a terapêutica relacionada com suas disfunções.
2 DESENVOLVIMENTO ANATOMIA E FISIOLOGIA DAS GLÂNDULAS SUDORÍPARAS
A pele humana contem dois tipos funcionalmente distintos de glândulas sudoríparas, as glândulas écrinas e as apócrinas2,7,23. 2.1 Glândulas Sudoríparas Écrinas (GSE) Encontram-se distribuídas por toda superfície corporea, exceto em áreas de pele modificada, como conduto auditivo externo, bordo vermelhão dos lábios, leitos ungueais, clitóris, pequenos lábios, glande e face interna do prepúcio. Respondem pela maioria das glândulas sudoríparas, estima-se que existam cerca de três milhões delas7,19. As GSE formam-se inicialmente na superfície volar das mãos e dos pés, durante a 12ª semana de desenvolvimento intra-uterino. A partir da 20ª semana, estruturas análogas às glândulas aparecem na região axilar e posteriormente acometem demais áreas da extensão corporal3,23. As glândulas écrinas são apêndices da pele, embriologicamente derivadas da superfície epitelial e não fazem parte da unidade pilossebácea. Se apresentam como um cordão celular, formam um tubo reto e longo, ascende do corpo glandular e cresce, abrindo-se finalmente na superfície epitelial. A glândula é do tipo merócrina (suas células apenas secretam)3,19. Ao nascimento as GSE são morfologicamente normais, porem só torna-se funcional a partir de dois anos de idade, devido ao desenvolvimento do sistema nervoso, não existindo formação de novas glândulas após o parto. A inervação se dá pelas fibras simpáticas pós glanglionares não-mielinizadas. Fisiologicamente, porém, são regidas por mediadores parassimpáticos, ainda que respondam em menor grau a mediadores simpatomimétricos3,19. Portanto drogas como a acetilcolina, acetilbeta-metilcolina e pilocarpina, estimulam a sudorese enquanto que as drogas parassimpatolíticas, como a atropina, a inibem. As glândulas écrinas são também estimuladas pela adrenalina, embora o mecanismo dessa ativação esteja ainda em debate3,19. A secreção sudoral écrina é composta de 99% de água e solutos encontrados no plasma, contém, em concentrações menores, especialmente sódio, cloretos, potássio, uréia, proteínas, lipídeos, aminoácidos, cálcio, fósforo e ferro. Também drogas, anticorpos e proteínas podem assim serem eliminadas7,19. Em condições adversas de temperatura, a sudorese pode atingir a produção de 10 a 12 litros em 24 horas. À medida que o suor passa ao longo do ducto da glândula sudorípara, o hormônio aldoesterona aumenta a reabsorção de cloreto de sódio e a secreção de potássio, esse processo garante ao corpo conservar o cloreto de sódio nos climas quentes7. 76 | Estética Com Ciência
Como já relatado anteriormente, as GSE estão distribuídas por toda a pele em um padrão anatômico comum, contudo a densidade de distribuição é variante dependendo da área corpórea. Os maiores volumes de glândulas écrinas são encontrados nas axilas, palmas das mãos e solas dos pés5,7. 2.2 Glândulas Sudoríparas Apócrinas (GSA) As glândulas sudoríparas apócrinas se desenvolvem a partir de uma protuberância do epitélio folicular na 16° semana de vida intra-uterina, fazem parte da unidade pilossebácea, tendem a se abrir nos folículos pilosos logo acima das glândulas sebáceas, não desenbocam diretamente na superfície epidérmica3,7,19. São maiores que as écrinas, entretanto muito menos numerosas, normalmente ficam restritas a poucas regiões: axilas, região anogenital e periumbilical, área perimamilar, prepúcio, escroto e sob a forma de glândulas modificadas no conduto auditivo externo (glândulas ceruminosas), nas pálpebras (glândulas de Moll) e na mama (glândulas mamarias). As GSA algumas vezes, são observadas na face, couro cabeludo e abdome3,19. As glândulas apócrinas são tubulares, compostas por uma porção secretora e uma dutal. A secreção apócrina é viscosa de aspecto leitoso e inodoro, contém proteínas, açucares, amônia e ácidos graxos. A presença e ação das bactérias na pele são responsáveis pela produção de odor característico da sudorese3,7. As GSA surgem na adolescência, a partir de uma glândula precursora écrina, sendo constante a sua presença na região axilar e períneo. O inicio de sua atividade correlaciona-se as alterações hormonais da puberdade e, portanto é considerada uma característica sexual secundária3. Ao contrario das glândulas sudoríparas écrinas (controle colinérgico), as glândulas sudoríparas apócrinas respondem a estímulos adrenérgicos. Como esperado, drogas que interferem no sistema adrenérgico também agem nas GSA. Portando drogas bloqueadoras adrenérgicas inibem a transpiração, assim como drogas que agem na depleção de transmissores nos neurônios adrenérgicos3. Sua secreção aumenta pelos estímulos emocionais por meio das fibras nervosas simpáticas, sendo contínua e não esta vinculada a termorregulação19.
3 HIPERIDROSES PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS TIPOS E SUBTIDOS
A transpiração é uma função vital para nossa sobrevivência, permite a água corporal evaporar protegendo assim o corpo para que não haja um superaquecimento22. A hiperidrose caracterizada pela sudorese excessiva, atinge 1% da população 20 submetendo essas pessoas a enorme pressão psicossocial em razão das restrições que a condição gera na vida pessoal e profissional dos indivíduos11,22. Pode ocorrer de maneira isolada (focal) atingindo áreas anatômicas específicas; de forma
associada, quando envolve mais de uma região (palmar e plantar, por exemplo), ou ainda de forma generalizada onde se observa a implicação de todo o corpo10. Quando os sintomas são intensos, ocorre gotejamento espontâneo da área afetada20. 3.1 Hiperidroses primárias São hiperidroses idiopáticas, a sudação é constante, diferente do excesso de suor que é produzido na pratica esportiva ou no processo de aclimatização em climas tropicais3,22. 3.1.1 Hiperidrose cortical ou emocional Hiperidrose écrina generalizada, evidenciada nas regiões mais ricas em glândulas sudoríparas, como couro cabeludo, fronte, axilas, planta das mãos, solas dos pés e períneo-inguinal. Eventualmente pode ser restrita apenas nestas áreas. O quadro é desencadeado e/ ou agravado por fatores e estados emocionais. Admite-se que os impulsos oriundos da córtex, liberem acetilcolina em demasia, consequentemente aumento da sudorese. Assim, durante o sono, quando há diminuição dos impulsos nervosos, a hiperidrose cortical apresenta melhora3. 3.1.2 Hiperidrose palmar e plantar Nas hiperidroses de mãos e pés (focal) assim como nas palmo-plantares (associada), observa-se envolvimento localizado das GSE, onde os pés e/ou as mãos dos portadores são geralmente frios, devido a evaporação do suor, fator esse que também estimula o sistema nervoso simpático, agravando a clínica3. 3.1.3 Hiperidrose axilar A hiperidrose axilar é resultado da hiperatividade das GSE e GSA, inicia-se após a puberdade, quando ocorre o desenvolvimento das glândulas apócrinas. Naturalmente é constante, mas fatores emocionais, calor e exercícios contribuem para sua intensificação3. 3.1.4 Hiperidrose térmica ou hipotalâmica Decorrente de estímulos dos centros reguladores da temperatura no hipotálamo, que eventualmente pode apresentar sensibilidade aumentada. A principal fonte estimuladora do hipotálamo é a temperatura, quer seja por causas exógenas (calor), ou endógenas: exercícios, doenças metabólicas (hipertireoidismo, obesidade, diabetes, menopausa, gota, porfirias, outras), reações medicamentosas, doenças cardiovasculares e neurológicas. A Hiperidrose hipotalâmica não diminui durante o sono, podendo inclusive se intensificar3,8. 3.2 Hiperidroses secundárias São hiperidroses relacionadas com disfunções pré-existentes (associa-se com: lesões medulares, neuropatias periféricas, lesões cerebrais, lesões intratorácicas doenças sistêmicas, por medicamentos ou intoxicação, e outras formas raras)10. Comumente têm inicio abrupto e cursam com outros sintomas associados às respectivas patologias, são subdivididas em formas extensas e localizadas3. A tabela em anexo, mostra em detalhes essa classificação. 3.3 Avaliação do paciente e testes para identificação A sudorese excessiva é motivo de grande
constrangimento psíquico e social8. O maior interesse terapêutico refere-se à forma primária da hiperidrose, que ocorre principalmente nas palmas, plantas e axilas, regiões de maior concentração das glândulas sudoríparas écrinas2,3,5. A obtenção de uma boa anamnese é fundamental ao diagnostico da hiperidrose, devem ser investigados dados que facilitem a correta conduta terapêutica, o paciente deve ser indagado sobre: fatores desencadeantes, duração do processo (se ocorre ou não durante a noite), tempo de instalação, histórico familiar de sudorese excessiva, uso de medicação, menopausa, obesidade, entre outros3,5. Além dos dados históricos, recomenda-se a realização de alguns exames laboratoriais: Hemograma completo, glicemia de jejum, dosagens de T4 livre (tetraiodotironina livre) e TSH (hormônio estimulador da tireoide)3. Eliminando assim o risco de tratar indevidamente, pacientes que possuem chances de estarem acometidos por determinadas patologias como a neuropatia diabética, hipoglicemia, hipertireoidismo, doenças toxicológicas, linfomas, feocromocitoma e demais3,5,16,22. Apesar das hiperidroses primárias serem predominantes, o biomédico deve estar atento às causas secundárias, pois o uso da toxina botulínica pode atrasar o desenvolvimento da patologia base, trazendo prejuízo para o paciente. Como a hiperidrose impacta negativamente a vida do portador, a visão subjetiva do paciente, em relação a sua sudorese também deve ser considerada10,14. Segundo KEDE e SEBATOVICH (2015), o Questionário de Qualidade de Vida em Dermatologia (DLQI) pode ser aplicado nesses pacientes, através do qual, perguntas simples avaliam o quanto a doença afeta a vida do paciente. No DLQI os pacientes são indagados sobre: sintomas e sentimentos, atividades diárias, lazer, trabalho e escola, relações pessoais e possíveis tratamentos anteriores. A avaliação das respostas gera um resultado em score, através do qual se pode avaliar o quanto a sudorese excessiva interfere na vida do paciente18. O teste do iodo amido foi descrito em 1927 por Minor , por essa razão o teste também é reconhecido por seu nome; consiste este na reação do amido, polissacarídeo multicarbonado, com o iodo, na presença da água (suor), que resulta na formação de um precipitado de coloração enegrecida (cor púrpura)3,5,11,13,22. Para a realização do teste de Minor, o paciente deve ser orientado a interromper o uso de antiperspirantes e agentes tópicos para hiperidrose (caso em uso) por 24 horas, a fim de se evitar interferentes nos resultados, os pelos devem ser aparados. A área do teste deve ser limpa com álcool 70% e na subsequente a aplicação de iodo 2%, após a secagem da solução, polvilha-se o amido14. Na área em estudo, os pontos escuros representam o local do orifício da glândula sudorípara. O inicio da sudorese ocorre espontaneEstética Com Ciência | 77
amente logo após polvilhado o amido sobre o iodo, ocorrida a precipitação, esta deve ser registrada através de fotografias, para efeito comparativo após a instituição terapêutica e permitir marcação adequada para a técnica de aplicação da toxina botulínica. Com o registro fotográfico é possível realizar o procedimento em data diferente ao do teste3,14,22. Outros métodos, menos utilizados, também podem medir a transpiração objetivamente. Na gravimetria, a pele é pressionada com filtro de papel absorvente e a quantidade de suor absorvido é então determinada utilizando balanço analítico. À medida que determina a evaporação em pontos definidos (g/m²h), chamada higrometria, igualmente pode ser empregada, assim como a colorimetria, onde a mudança de coloração ocorrida em papel especialmente revestido, colocado em contato com o suor é analisada3,14,22. 3.4 Tratamento clínico da hiperidrose O objetivo do tratamento da hiperidrose é a redução do volume de suor secretado a um nível aceitável para o portador. É importante entender a motivação e as expectativas deste antes de realizar a terapêutica. Um aconselhamento apropriado ao paciente sobre as possíveis complicações e as limitações de cada técnica deve ser claramente apresentado pelo profissional ao seu paciente, assim juntos poderão definir o plano de tratamento ideal5,10. 3.4.1 Iontoforese A primeira descrição dessa técnica foi em 1747 por Pivatti, mas ganhou popularidade na administração de drogas no inicio do século XX, quando LeDuc formulou hipóteses e demonstrou que íons eram transferidos para a pele por reagirem eletroliticamente com o eletrodo, desde então estudos cercam-se a investigar a efetividade da técnica em condições clínicas, seja para efeitos de fármacos ou de cosméticos1,16. A ação da iontoforese é conhecida como administração transdérmica de radicais químicos que recebem estímulos de corrente galvânica de baixa intensidade (corrente direta), portanto trata-se de uma terapia física, onde através da pele integra quando se estabelece um gradiente de potencial de corrente, íons fluem por caminhos de menor resistência1,9. Alguns estudos demonstram a utilização da técnica de iontoforese adicionando ao ânodo, substancias anticolinérgica, como brometo de glicopirrônio, metilsulfato de poldina ou brometo de hexopirrônio. Os mesmos relatam efeitos aparentes mais rápidos e duradouros, contudo em razão dos efeitos adversos relatados (irritação de membranas da cavidade oral, dificuldade de acomodação, retenção urinária e/ ou dor abdominal)3,22, essa obra recomenda que a utilização da iontoforese seja realizada puramente com água de torneira e sem a adição de agentes anticolinérgicos. AGNE (2015) afirma que dentre os trajetos porosos (glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas, folículos pilosos e as imperfeições cutâneas) a iontoforese tem preferência pela via su78 | Estética Com Ciência
dorípara, uma vez que o extrato córneo confere a pele resistência a penetração de ativos e as glândulas sudoríparas por serem ricas em sódio e potássio apresentam maior condução de íons. Bouman e Grunewald-Lentzer em 1952 foram os responsáveis pela primeira descrição da técnica no meio fisioterapêutico para o tratamento da hiperidrose. Mas Levit foi o responsável pelo reconhecimento e prática clínica do procedimento, em 1968. O mecanismo de ação permanece sem explicação conclusiva até hoje, porém se presume que uma rota reversiva do canal iônico ocorra no glomérulo secretor das glândulas sudoríparas, secundariamente a hiperqueratinização, aventa-se também que o mecanismo da iontoforese ocasione uma diminuição do gradiente eletroquímico da produção de suor1,9,22. Encontra-se disponível para venda no Brasil um número razoável de aparelhos para a administração de iotoforese. O tratamento envolve encher recipientes de plástico rasos com água morna de torneira, eletrodos de aço inoxidável ou alumínio (revestidos com esponjas) são utilizados para conduzir eletricidade a água, onde as áreas hiperidróticas (mãos ou pés) devem ser submersas. Para demais áreas, como a axila, deve-se utilizar uma almofada de lã de algodão umedecida em água sobre o eletrodo3,4,22. Quanto a dosimetria de corrente empregada, indica-se a utilização entre 8 a 20 mA (miliampere). Após a acomodação dos eletrodos na área a ser tratada, liga-se o aparelho e a corrente deve ser gradativamente aumentada, de acordo com o conforto de cada paciente, é necessário que o mesmo sinta e relate um leve formigamento na área afetada, esta sensação não deve ser incomoda. Após ajustada a dose conforme o limite tolerável, essa deve ser mantida até o final da sessão5,13,22. Uma sessão de iontoforese deve possuir duração média de 10 a 20 minutos, a frequência das sessões variam de acordo com o grau de sudação do paciente, em alguns casos é necessário a realização diária, até ser atingido o nível para manutenção (uma vez por semana). Contudo normalmente o tratamento inicia com 3 ou 4 sessões por semana. Em casos de hiperidrose palmo-plantar, as mãos e os pés podem ser tratados simultaneamente. Atribui-se aos ânodos maior eficácia do que aos cátodos, consequentemente, a direção da corrente deve ser alternada durante a sessão1,3,4,22. Durante as sessões de iontoforese algumas prevenções devem ser tomadas afim de se evitar acidentes, o paciente não deve estar usando qualquer objeto metálico (pulseiras, relógios, anéis, brincos, etc.), a pele deve estar limpa e livre de óleos ou cremes. A área a ser tratada jamais deve ter contato direto com os eletrodos e nem deve possuir feridas, visto que aumenta as chances de queimadura local. A amperagem deve ser gradualmente aumentada ao iniciar a sessão e gradualmente diminuída antes de desligar o equipamento3,5,13,22.
Os efeitos adversos documentados incluem: irritação dermatológica temporária (pele resecada que pode apresentar fissuras, eritema) e hiperestesia subjetiva e ocasionalmente bolhas transitórias. Portadores de marcapasso, dispositivo intra-uterino metálico, próteses ortopédicas metalicas, arritmias cardíacas, epiléticos e gestantes são contraindicados a realização dessa modalidade terapêutica3,10,22. 3.4.2 Toxina botulínica O emprego da toxina butilinica (TB) quer seja na terapêutica, quer seja na área cosmética, representa mais um avanço científico nas pesquisas com microrganismos. Desde a descrição do botulismo como doença, a identificação do agente etiológico, a obtenção da toxina, até a liberação para o uso clínico, muitos anos se passaram e inúmeros trabalhos foram publicados3,14. Após esse longo trajeto ser percorrido, hoje se pode afirmar que são diversos o uso da toxina botulínica, todos consagrados e esse medicamento tornou-se símbolo de glamour, beleza e bem estar. O Clostridium botulinium, bactéria gram positiva, anaeróbica e produtora de esporos, é o grande responsável pela produção da potente e afamada neurotoxina3. As diferentes cepas do Clostridium botulinum originam oito sorotipos antigênicos e distintos de exotoxinas citoplasmáticas. Elas são identificadas como sorotipos A, B, C1, D, E, F e G. A exotonina C2 tem uma estrutura e ação farmacológica diferenciada, sendo denominada de toxina binária. As sete demais exotoxinas são conhecidas por serem neurotóxicas; possuem estrutura e função similares. Enquanto que os sorotipos diferem entre si em vários aspectos, tais como: posição do complexo da neurotoxina na cadeia de aminoácidos, nível de ligação e ativação local de ação intracelular, eficácia na paralisia da musculatura, duração de ação, afinidade com o alvo específico e locais dos aceptores e receptores. Comercialmente, encontram-se disponíveis os sorotipos A e B3,5,14. Conhecida como botulismo, a doença humana caracterizada pela paralisia muscular secundária a ingestão de comida envenenada, provem dos sorotipos A, B, E e raramente pelo F e G. Sendo mais potente a neurotoxina do tipo A 3. Na prática médica a toxina tipo A é a principal empregada, a tipo B também possui permissão de uso14. Nas obras consultadas todos os ensaios realizados utilizaram a toxina botulínica tipo A (TBA). Entre 1817 e 1822 o médico e escritor Justines Kerner, fez a primeira descrição completa dos sintomas do botulismo, naquela mesma época já indagava- se sobre a possibilidade terapêutica do uso das neurotoxinas3. O oftalmologista Alan B. Scott em 1973 demonstrou a eficiência terapêutica da toxina botulínica no tratamento do estrabismo, inicialmente em macacos. Sete anos depois, Scott juntamente com E. Schantz utilizaram a cepa aprovada para uso médico em seres humanos no tratamento da mesma
patologia3,5,14,22. Justinus Kerner, no ano de 1882 notou a anidrose como um dos sintomas do botulismo, assim também foi constatado em pacientes que recebiam a toxina botulínica para tratamento de espasmos hemifaciais. Tais observações conduziram hipóteses de que a hiperidrose focal, também poderia ser tratada através de injeções da toxina botulínica3. Até o ano de 1994 a toxina botulínica era empregada exclusivamente para tratar doenças musculares. Bushara em 1996, e Naumann em 1997, reportaram seu potencial no tratamento da hiperidrose palmar. Após o feito, vários outros pequenos estudos sobre a utilização da toxina botulínica tipo A em axilas, palmas, plantas e tronco foram publicados. Dentre as diversas toxinas, a TB-A é a mais eficaz para bloqueio de junções neuromusculares das fibras musculares mais ativas3,5,11,13. A toxina botulínica tem a propriedade de inibir a liberação da Acetilcolina na junção neuromuscular, logo bloqueia a transmissão sináptica, consequentemente gera desnervação química e funcional, tanto nos músculos estriados e lisos, quanto nas terminações nervosas das glândulas sudoríparas. Tornando-se assim uma ferramenta eficaz no tratamento de áreas locais com hiperidrose, por ocasionar cessação temporária da transpiração. As formulações comerciais da TB, obtidas através da cultura do Clostridium butulinum cepa Hall, constituem-se por: pó estéril, liofilizado de complexo de toxina botulínica, usualmente para injeções intramusculares3,5,14. A utilização da toxina botulínica para o tratamento da hiperidrose envolve a aplicação de múltiplas injeções intradérmicas na área afetada. O teste do iodo amido deve ser realizado anteriormente as aplicações por servir de marcador preciso das glândulas hiperativas5,10. As injeções devem ser espaçadas entre 1 e 2,5 centímetros de distancia, a agulha deve ser curta e fina (30G de 4mm, preferencialmente) as doses variam entre os produtos comerciais da toxina botulínica3,5. A aplicação da TBA na hiperidrose é um procedimento que não apresenta riscos, não necessita de internação e permite ao paciente retornar suas atividades no mesmo dia, o efeito adverso primário é a dor da injeção, pequenos hematomas na área da aplicação podem aparecer assim como parestesia3,11. O potencial antigênico da toxina botulínica é tanto maior quanto maior for à quantidade de proteínas e outras moléculas inativas presentes em sua fórmula. As formulações atuais aprimoradas apresentam menor carga de proteínas total, sem diminuição da potencia do produto14. No mercado brasileiro, cinco apresentações da toxina botulínica tipo A (TB-A) encontram-se disponíveis: Botox₢ (toxina onabotulínica), Dysport₢ (toxina abobotulínica), Prosigne₢, Xeomin₢ (toxina incobotulínica) e Botulify₢ e uma apresentação da toxina botulínica tipo B (TBB) (Myobloc₢/ Neurobloc₢), por sua vez, mais eficaz para fins neurológicos e menos eficaz Estética Com Ciência | 79
para fins estéticos3,14. Contraindicações do uso da toxina botulinica incluem gravidez, lactação, doenças neuromusculares, distúrbios da coagulação do sangue, infecção local, hipersensibilidade conhecida a ingredientes da formulação, como a albumina e concomitante uso de drogas, que também afetam a transmissão neuromuscular3,5,11,22.
4 MATERIAIS E MÉTODOS
O método utilizado para a elaboração deste trabalho foi à pesquisa bibliográfica. O material pesquisado constituiu-se de artigos em revistas científicas, jornais eletrônicos e livros. O levantamento bibliográfico foi realizado por meio de consultas as seguintes bases de dados científicos: Scielo, Lilacs, Pubmed, Medline. E ainda por: Wiley online library, LWW journals, Jhon Libbey Eurotext. Com o uso dos seguintes descritores: tratamento de hiperidrose, toxina botulínica na hiperidrose, iontoforese na hiperidrose. Como critério de inclusão para a seleção do material pesquisado foram considerados estudos publicados que utilizavam a toxina botulínica e/ ou iontoforese com água de torneira para o tratamento da hiperidrose. Foram excluídos os estudos onde na terapêutica por iontoforese eram utilizadas substancias ionizáveis na água (tais como: atropina, histamina, formaldeído, drogas anticolinérgicas, etc).
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
ALMEIDA E HEXSEL (2003), afirmam que a iontoforese, quando bem administrada, é um método simples, efetivo e seguro no tratamento da hiperidrose axilar, palmar e plantar. TOGEL (2002), em seu estudo relata taxa de resposta positiva em hiperidrose palmo-plantar em aproximadamente 90% dos pacientes, com melhora dos sintomas após 5 sessões e sucesso terapêutico após 15 sessões. O trabalho de KARAKOÇ et. al (2002), demonstrou que a iontoforese com água de torneira controla a hiperidrose de mãos e pés após um total de oito sessões e que a administração de corrente direta é segura, eficaz e facilmente utilizada no tratamento da hiperidrose palmar e plantar. O mesmo afirma ainda que essa técnica deve ser oferecida a pacientes com hiperidrose palmo-plantar antes de intervenção cirúrgica ou injeção de toxina botulínica. Para o controle da hiperidrose, em contrapartida as longas sessões de iontoforese, encontra-se a utilização das injeções de toxina botulínica. Com base nas obras consultadas, o efeito terapêutico pode ser observado a partir do terceiro dia, com redução dos sintomas de 50% na primeira semana e de 90 a 95% na segunda semana após aplicação. Áreas residuais de sudorese excessiva podem ser tratadas com reforço de injeções intradérmicas de toxina botulínica após 2 meses da primeira sessão de tratamento. A redução dos sintomas da hiperidrose variam entre 4 a 12 meses, a duração média entre os pacientes é de 7 meses3,5,13,14,20, 22. 80 | Estética Com Ciência
Nas obras consultadas, os autores descrevem segurança de técnica na aplicação da TB no tratamento de hiperidrose, visto que, após quase duas décadas de uso, nenhum efeito adverso persistente foi relatado. Apesar de algumas pessoas tolerarem bem a dor das injeções, o desconforto pode ser minimizado através da utilização de géis e/ ou cremes anestésicos. A crioanalgesia também foi descrita como método efetivo para diminuir o desconforto, assim como o uso de spray de diclorotetrafluoretano3,11,14,15,16,22. Com relação à quantidade de toxina a ser aplicada, o estudo de REIS e colaboradores (2011), demonstra que a soma dos múltiplos pontos em cada região é incerto. A região frontal pode variar entre 30 a 50 pontos. Em cada lado da axila assim como em cada lado palmar e plantar podem ser utilizados de 30 a 60 pontos. No trabalho de CONTIJO et. al (2011) reporta-se que para o tratamento da hiperidrose axilar, são utilizadas de 50 a 100 unidades de toxina botulínica por axila e que doses superiores a 50 unidades por axila têm pouca melhora significativa. Com relação a distancia de pontos entre as aplicações, a obra de ATKINS (2002), aponta que melhores resultados são obtidos com a demarcação de 1 centímetro de distancia entre os pontos. Segundo TOGEL (2002), as aplicações de toxina botulínica na região palmar podem ocasionar fraqueza temporária nos músculos menores, por difusão da toxina, produzindo força reduzida de pressão. Esse pode ser o problema de maior importância para o paciente, por tanto esse dado deve ser enfatizado durante o consentimento da técnica. Visando evitar tal paraefeito KEDE e SEBATOVICH (2015), sugerem diluições menores da toxina botulínica e uma aplicação mais superficial na derme reticular. Outro fator de impacto na escolha pelo tratamento com toxina botulínica é o custo envolvido nas aplicações, calcula-se uma ampola para o tratamento das axilas e duas para o tratamento das mãos, esse motivo torna a terapia da TB limitante a alguns pacientes11,12. Por último, mas não menos importante, a possível formação de anticorpos contra a toxina é uma possibilidade que pode levar a uma eficácia terapêutica reduzida ou anular completamente os efeitos da toxina botulinica. A instauração de anticorpos neutralizantes antitoxina botulínica pode ocorrer sobre tudo em pacientes que receberam altas doses, em curtos períodos3,14. Os anticorpos IgG que se formam são a maior causa da perda de eficácia no tratamento clínico. Apesar de aplicações corretas (técnica e dose), a falha na resposta a TB pode ocorrer por resposta ausente primária (rara e determinada geneticamente) ou secundária (formação de anticorpos). Por tanto, reforços e/ ou correções devem ser evitados após o período de 15 dias da aplicação inicial. Os intervalos entre as
aplicações não devem ser menores do que 4 meses. Devem-se evitar ainda altas doses (superior a 200 unidades) e injeções intravenosas acidentais3,5,22.
6 CONCLUSÃO
A sudorese que excede o nível necessário para a termorregulação, tido como hiperidrose, é receada pelo portador por gerar desconforto e ser interferente na vida pessoal e interpessoal desse indivíduo; que muitas vezes alem de ser acometido pelos efeitos físicos característicos do suor demasiado, padece ainda com decorrências psicológicas. Nas consultas literárias realizadas para confecção dessa monografia, a maior parte dos autores relata tratamento da hiperidrose em seus pacientes com predominância da condição afetando axilas, mão e pés. Os artigos revisados, para ambas terapêuticas, contam com um pequeno número de pacientes em tratamento ensaio clínico que comprovadamente possuíam hiperidrose primária. Contudo o número reduzido de pacientes modelo, não invalida os estudos. Ambas terapêuticas apresentadas nessa obra podem ser oferecidas como favorável ao tratamento da hiperidrose, uma vez que, apesar de não serem opções definitivas, demonstram proporcionar redução expressiva da sudorese nos pacientes analisados. O sucesso do tratamento utilizado varia, dependendo em parte da área do corpo afetada e da severidade do problema. Do ponto de vista do paciente, a terapêutica ideal deve ser bem sucedida, segura e não custosa. Com relação à iontoforese, o potencial de tratamento sistêmico por essa técnica, está sendo redescoberto e mostra-se cada vez mais eficiente. Esse método é praticamente isento de efeitos colaterais e controla eficazmente a hiperidrose. A desvantagem da iotoforese implica no alto número de sessões necessárias para obtenção regular da hidrose, pois deve ser feita em longo prazo e sem duração determinada. Esse fator tem sido apontado como causa da baixa adesão pelos pacientes. A admissão de aparelhos de iontoforese de uso individual, que atualmente podem ser adquiridos comercialmente por preços razoáveis, possivelmente seja a razão da escassa utilização da técnica em clínicas. A iotoforese parece ser a melhor escolha para o tratamento da hiperidrose na população pediátrica e nos pacientes que apresentam intolerância a injeções e a dor. Já a terapêutica com toxina botulínica, apesar de se mostrar bastante eficaz em um espaço prolongado de tempo, apresenta ainda custo bastante elevado, fazendo desse, fator limitante. É particularmente útil no tratamento da hiperidrose focal, em especial nas axilas, na região plantar e inguinal. A aplicação da TB na região palmar, em razão da área de superfície, requer maiores doses do que nas aplicações
axilares. A técnica de aplicação palmar requer atenção e cuidados especiais, pois alguns dos efeitos colaterais, como dor e fraqueza muscular são relevantes. Os efeitos colaterais e as complicações da aplicação da toxina botulínica na hiperidrose são temporários e pouco frequentes. Apesar de ser um tratamento seguro, a técnica por muitos pacientes é considerada como dolorosa.
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Caroline Birkan Hubner Anauyla Manholer
Estética Com Ciência | 81
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