Revista Eletrônica Bragantina On Line - Fevereiro/2016

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Revista Eletrônica Bragantina On Line

Discutindo ideias, construindo opiniões!

Número 52 – Fevereiro/2016 Joanópolis/SP

Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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SUMÁRIO Nesta Edição: - EDITORIAL – O jardim ....................................................................................... Página 3; - LINHA DO TEMPO – O próximo voo! Por Helen Kaline Pinheiro ....................................................................................... Página 4; - PALAVRAS E EXPERIÊNCIAS – Ele nasceu para ser barbeiro Por Emily Caroline Kommers Pereira .................................................................... Página 6; - O ANDARILHO DA SERRA – Viva os loucos! Por Diego de Toledo Lima da Silva ....................................................................... Página 10; - COLCHA DE RETALHOS – O carnaval em Juazeiro da Bahia Por Rosy Luciane de Souza Costa ......................................................................... Página 12; - PSICOLOGUÊS – Política e politicalha Por Luciano Afaz de Oliveira ................................................................................ Página 17; - MEMÓRIAS – Memórias veladas Por Susumu Yamaguchi ......................................................................................... Página 19; - A ARTE DO TURISMO E DA HOTELARIA–A marcha capitalista contra a cultura tradicional Por Leonardo Giovane ........................................................................................... Página 23; - BIOMEDICINA – Gene ‘G’ e o vilão dos adipócitos Por Tereza Reche .................................................................................................... Página 26; - ROMANCE DAS LETRAS – A educação sustentável Por Betta Fernandes ................................................................................................ Página 33.

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REVISTA ELETRÔNICA BRAGANTINA ON LINE Uma publicação independente, com periodicidade mensal.

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EDITORIAL

O JARDIM

Prezados leitores! Na lucidez de francos pensamentos, o homem havia pensado em modificar o mundo começando por um jardim. Plantou muitas flores e plantas diversas, enfeitando os olhos dos preparados para enxergar as pequenas coisas. Os demais não viam e não queriam ver, apenas criticavam cegamente. Mas o homem não desistiu, cultivou a terra com amor e concretizou a primeira mudança destes tempos turbulentos. Acreditou em si e viu brotar flores por todos os cantos, nas mais diversas cores e formas, refletindo seu sorriso em dias de sol e de chuva. Um simples jardim, um simples homem... E a mudança tão necessária aos nossos tempos, fazer acontecer!

Diego de Toledo Lima da Silva – Editor (15/02/2016) E-mail: revistabragantinaon@gmail.com

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LINHA DO TEMPO

Helen Kaline Pinheiro Estudante de Psicologia e jovem talento de Joanópolis E-mail: helenkpinheiro@gmail.com

O PRÓXIMO VOO!

Algumas vezes podemos ter inúmeras possibilidades a nossa frente, um mundo inteiro, assim como a fotografia a seguir tentará demonstrar. No momento da fotografia, eu observava as montanhas, as árvores, os pássaros no céu, mas este pássaro me chamou a atenção, porque em meio a tudo isso ele preferiu este fio. Um fio que o levava perto do céu, que trazia a tranquilidade e a felicidade desejada, um lugar que era favorável, assim ele estava atento e talvez planejando seu próximo voo.

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Assim, também, precisam acontecer com nossas escolhas, elas não devem seguir a multidão de possibilidades ou porque todo mundo faz assim, mas sim o nosso desejo, por mais único e diferente que ele seja. Preferir o sonho do nosso coração nem sempre é simples, pois muitas pessoas podem olhar tudo ao nosso redor e questionar em nossas escolhas, porque se esqueceram de considerar o significado daquele sonho para a nossa vida. O nosso sonho, o que o nosso coração deseja, é nesta direção que precisamos planejar o nosso próximo voo!

Leia mais no Blog: http://helenkaline.blogspot.com.br/

Como citar: PINHEIRO, H.K. O próximo voo! Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.52, p. 4-5, fev. 2016. Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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PALAVRAS E EXPERIÊNCIAS

Emily Caroline Kommers Pereira Escritora e Jornalista E-mail: myzinhacarol@gmail.com ELE NASCEU PARA SER BARBEIRO

Há quase dois anos, em 12 de maio 2014, em plena segunda-feira às 10 horas, depois que o comércio estava todo aberto, uma barbearia era a única loja da rua que estava com as portas fechadas. Motivo: o dono, Gentil de Lima Mauro, estava almoçando. Isso mesmo, ele saiu para almoçar no meio da manhã. Mas para ele, que começou o dia quando o sol estava nascendo, 10 horas já era hora de almoçar. Naquele dia, embora o sol brilhasse no céu e o azul fosse intenso, um vento gélido castigava os pedestres. Enquanto esperava a hora da entrevista – era um importante trabalho de faculdade – fiquei sentada no banco em frente à loja, com a jaqueta fechada, segurando uma pasta e com minha agenda já aberta, anotando tudo à minha volta e repassando mentalmente o que iria perguntar. A visita não fora previamente marcada, então eu esperava ansiosa que ele voltasse logo e estivesse disposto a conversar comigo. Por volta de 11 horas, um fusca azul se aproximou do estacionamento ao lado da barbearia e ali entrou. Estacionamento este que também pertence ao mesmo barbeiro. Finalmente chegara a hora de entrevistá-lo. Espiei dentro do salão: somente ele, nenhum freguês. Segunda-feira, àquela hora, todos estavam trabalhando. Com passos curtos, adentrei o recinto. Era um lugar pequeno e aconchegante, com um grande espelho que cobria completamente uma das paredes. Embaixo, uma prateleira com vários produtos de cabelereiro e barbeiro, como tesoura e navalha, o que confirmava o ofício ali executado, tudo disposto de maneira simples, porém com elegância. Além de tudo, dois aparelhos telefônicos, dando um ar de escritório ao lugar. Duas poltronas para os clientes ficavam em frente ao espelho, indicando que duas pessoas trabalhavam ali. Além disso, duas cadeiras estavam dispostas Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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próximo à parede, para os clientes esperarem sua vez. Mais que depressa solicitei minha entrevista e fui agraciada com uma resposta afirmativa. Naquele mesmo instante, senti como se um peso tivesse sido tirado dos meus ombros. Se eu me empenhasse, naquele mesmo dia a reportagem estaria feita e encaminhada ao professor. Sentado em uma das poltronas, olhando-me fixamente, Senhor Gentil disse de pronto em tom de brincadeira: “Eu não sei nada, somente cortar cabelo e fazer barba”. Expliquei no ato que ele não precisava ter grandes conhecimentos, todo o necessário eram respostas simples e que contasse um pouco de sua história. O barbeiro, então, apontou a poltrona à sua frente e, já sem receios, relaxou e sorriu: “pode se sentar”. Assim começamos a conversar e fui conhecendo um pouco de sua história. Senhor Gentil tinha então 85 anos, e por 75 foi barbeiro. Ele começou a cortar cabelo e barba ainda criança, no Bairro do Caetetuba, e foi assim por sete anos, até que na adolescência abriu a Barbearia Aparecida no centro da cidade. Naquele tempo, as leis trabalhistas não eram rigorosas como hoje e não havia tanto destaque para o trabalho infantil. Pelo contrário, seguir a profissão dos pais era comum, mesmo ainda criança. Sendo assim, “seu Gentil” seguiu os passos do pai, Senhor Francisco de Lima. Destas sete décadas e meia de profissão, somente nos cinco primeiros anos ele trabalhou sozinho. Nesse tempo, seu irmão cinco anos mais velho, Alpheu de Lima Mauro, conhecido pelo apelido Tito, começou a cortar barbas e cabelos também. Por mais de meio século eles estiveram juntos e se tornaram tão conhecidos que é quase impossível um morador mais antigo de Atibaia não ter ouvido falar dos “Irmãos Barbeiros”. Em 2008, a Câmera de Vereadores prestou uma homenagem aos dois. Quem sugeriu foi o então vereador Takao Ono, que cortou cabelo com Tito por 60 anos. O vereador faleceu nesse mesmo ano, meses depois, devido a complicações após um AVC. Na sessão da homenagem, uma moção de congratulações, com um diploma e um brasão, foi entregue aos irmãos. Além da barbearia, eles ajudaram a desenvolver o judô em Atibaia. O esporte era um hobby da família e isso os incentivou a abrir uma escola, na qual os filhos de ambos iniciaram a vida como judocas que fizeram sucesso até mesmo em campeonatos internacionais (Gentil Filho chegou a ser campeão brasileiro e sul americano). No começo de 2009, devido a problemas de saúde, “seu Tito” veio a falecer. Houve até um minuto de silêncio na mesma Câmara que o homenageou no ano anterior. Foi uma grande perda para a cidade, para a família e, especialmente, para o irmão, que trabalhou ao seu lado todos os dias. Mesmo com a morte do mais velho, “o trabalho seguiu normalmente”, contou Senhor Gentil, mas não era a mesma coisa. Mesmo após cinco anos, adentrar o salão do Calçadão, na Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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Rua José Alvim, e encontrar apenas um dos barbeiros é nostálgico. Na placa em frente à Barbearia Aparecida ainda estão gravados os dois nomes. Senhor Gentil contou sobre os filhos que teve com “dona Tina”, com quem ainda é casado. Ele estufou o peito com orgulho: “Tenho três filhos, todos médicos”, Gentil Filho, Tito e Tim. Por último ele falou dos fregueses: “Agora a freguesia tem diminuído, porque eu cobro muito caro”. Ao todo, o serviço de barba e cabelo saia 50 reais naquele ano, podendo ser realizados individualmente. Mesmo que o dono considerasse um valor elevado, para os clientes mais antigos é um preço justo. Afinal, cortar cabelo e barba ali é uma honra, com alguém que já é praticamente um patrimônio da cidade. Além do serviço prestado, Senhor Gentil oferece aos frequentadores um litro de aguardente, que ele compra do próprio bolso e dá de presente. O estacionamento também, mesmo sendo cobrado e qualquer pessoa possa deixar o carro ali enquanto faz compras, passeia pela cidade, paga contas, etc., é um brinde ao qual todos os clientes têm direito. A entrevista nada mais foi que um bate papo descontraído. O senhor de 75 anos mostrou-se simpático e prestativo do início ao fim. Ao final, ele afirmou que, enquanto estiver vivo, será barbeiro com orgulho. É feliz assim e se satisfaz em sua profissão quase centenária. Agradeci cordialmente a conversa e, antes de sair, perguntei se eu poderia tirar uma foto do ambiente e dele. Nunca fui exímia fotógrafa e, à época, dispunha somente de um aparelho celular com uma câmera não muito potente, mas mesmo assim não ficou tão ruim. Ou ficou?

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Referências:

http://www.atibaia.com.br/noticias/noticia.asp?numero=14994 http://www.atibaianews.com.br/ver_not.php?id=3045&ed=Pol%EDtica&cat=Not%EDcias

Como citar: PEREIRA, E.C.K. Ele nasceu para ser barbeiro. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.52, p. 6-9, fev. 2016. Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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O ANDARILHO DA SERRA

Diego de Toledo Lima da Silva Técnico/Engenheiro Ambiental, Andarilho e Cronista E-mail: diegoaikidojoa@hotmail.com

VIVA OS LOUCOS!

Gritos ecoam no interior de minha mente, registro histórico do terror da guerra que marcou para sempre a humanidade. Os assustadores campos de concentração e a destruição do próprio homem, causado pela loucura insana do poder. Atordoado pelos relatos, acordei num pequeno arraial rural, uma velha igreja e algumas construções completamente abandonadas. Àquela visão solitária me fez lembrar as vilas europeias durante a guerra, vazias e sem vida. Cor, raça e religião, o que importa? São detalhes pertencentes a cada indivíduo, na essência somos iguais. Impossível é negar o Holocausto e a tristeza dos períodos de guerra... Mas pra que lembrar? Para valorizarmos e cultivarmos a paz, com todos os cuidados que ela merece. Somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter... Vamos viver as coisas novas que também são boas, o amor e o humor das praças cheias de pessoas, agora quero tudo, tudo outra vez. Viva a paz! Meus gritos ecoam no centro do arraial, mesmo que ninguém me escute continuarei a gritar... Acha que estou louco? Louco não, loucura é construir bombas e negar tamanho genocídio, a história não pode e nem deve ser apagada. Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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Vamos lá meu camarada, vamos dar as mãos e marchar pela paz. Iniciemos plantando uma árvore, colhendo flores, limpando as praças e curtindo um som... Traga as nossas amadas, viva o amor!

Ao abrir as portas da velha igreja novamente encontrei a paz, no silêncio de um altar tomado por poeira. É o reflexo do tempo, o mesmo que nos faz reviver o passado pensando no futuro. É a verdadeira fé, que dá forças para superar os obstáculos. Na sombra de um grande jatobá cochilei mais uma vez, acordei sobre as páginas de um jornal, com o relato de uma sobrevivente dos campos de concentração nazistas intitulado: “Sonhar faz parte da sobrevivência”. Viva os loucos! Viva o amor! Viva a paz! E viva os sonhos! Como citar: DA SILVA, D.T.L. Viva os loucos! Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.52, p. 10-11, fev. 2016. Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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COLCHA DE RETALHOS

Rosy Luciane de Souza Costa Professora, Historiadora e Pesquisadora E-mail: costarosyluciane@hotmail.com O CARNAVAL EM JUAZEIRO DA BAHIA

O Carnaval é a festa popular mais animada no país. De origem europeia chegou ao Brasil no século XVII. Este festejo é realizado uma vez ao ano no período que antecede a quaresma; momento litúrgico que a Igreja marca para a remição de pecados. Portanto, a antecipação desse período permite liberdades e excessos, em meio a carros alegóricos puxados por animais, fantasias feitas de papel crepom e brincadeiras de jogar água nas pessoas, conhecida como “O Entrudo”. As comemorações do Carnaval de Juazeiro (BA) foram iniciadas nos meados do século XIX. Em 1910, um grupo de foliões formou “Os Valetes do Povo”, primeiro clube carnavalesco da cidade. Logo após as associações filarmônicas 28 de Setembro e a Apollo fundaram os clubes carnavalescos “Os embaixadores de Veneza” e “Os Filhos do Sol” respectivamente, vindo a serem os grupos carnavalescos de maior rivalidade que deram ao carnaval da cidade a magia e elegância dos seus inesquecíveis bailes.

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(Acervo de Maria Franca Pires)

Carnaval de Juazeiro da Bahia, em 1914 (Clube Embaixadores de Veneza).

Em Juazeiro, (BA) o carnaval foi oficializado em 1914, com a fundação do clube carnavalesco Embaixadores de Veneza, com muito luxo, pedrarias, carros alegóricos, despertando assim o espírito carnavalesco no povo festivo.

(Acervo do Museu Regional do São Francisco)

O Bloco carnavalesco das Odaliscas passeia em uma Fubica (Calhambeque), no Carnaval de 1928.

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Caracterizou-se nos três dias de folia, com entrudos (brincadeiras de água) e talcos ou outros tipos de pós. Durante o dia os clubes centrais, como as Sociedades Apolo, 28 de Setembro, Artífices Juazeirense e outros, recebiam os animados foliões, fantasiados com confetes, serpentinas e lança perfume Rodouro (metálica), para as dançantes matinês, ao som do jazz ou orquestras vindas de Jacobina e ou da própria região. Quem não queria brincar em clubes ficava pelas ruas pulando ao som das músicas transmitidas pelas caixas de som instaladas nos postes (rua da 28 de Setembro e rua d’Apolo ) ou sambando ao batuque de alguns foliões mais animados. Uns mascarados de monstros (látex) correndo atrás dos meninos, homens vestidos de mulher, com soutien, saia curta de babados, sapato alto e sombrinha, outros nos mais extravagantes trajes.

(Acervos do Blog do Geraldo José) Os festejos nas cidades de Salvador e do Rio de Janeiro influenciaram na criação de alguns grupos em Juazeiro, como os Caretas e/ou

Matraqueiros.

Logo

depois

foram

criados os clubes carnavalescos na cidade, com seus bailes, associações e sede própria. Entre as associações de maior destaque na cidade estavam a Sociedade Filarmônica 28 de Setembro fundado em 1897, a Sociedade Filarmônica Apolo fundada em 1901, a Sociedade

Beneficente

dos

Artífices

Juazeirenses fundada em 1928 e o São Francisco Country Club fundado em 1966 (CUNHA, 1978 – Diário da Região). Caretas e mascarados percorrem ás ruas de Juazeiro (Década de 1970).

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Bloco carnavalesco da Soc. Apolo. Década de 1950. A Quarta feira de Cinzas tinha o sabor do bem e da saudade: “São três dias de folia e brincadeira, você pra lá e eu pra cá até quarta-feira…”.

O povo enchia as bisnagas de perfume, xixi ou mesmo água e jogava nos mascarados que passavam em grupos. Em meio a esses mascarados destacava-se o grupo de mulheres casadas, que logo após os afazeres domésticos, colocavam uma mortalha de preferência estampada, com um capuz escondendo o rosto, luvas para esconder a aliança (naquele tempo mulher casada não ficava sem aliança), meias grossas, sapatos sete vidas (conga), fala fina e andar diferenciado para não serem reconhecidas. E lá saía o grupo junto com as Batucadas, entrando nas casas conhecidas, cantando, bebendo e comendo, até às dezoito horas quando

regressavam

ao

lar.

Contavam algumas que entravam nos bares e sentavam no colo dos próprios

maridos

e

eles

compenetrados achavam que eram Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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as outras. À tarde também acontecia o desfile de carros, de preferência sem capota, tipo Fubica, Jeep e caminhonetes, que subiam a Carmela Dutra e desciam pela Rua d’Apolo, formando assim o famoso Corso (desfile de carros repletos de foliões) com lança perfumes, fantasias, confetes e serpentinas, combinando com a alegria do povo que assistia nas calçadas e aplaudia o carro mais animado e enfeitado. Isto ia até às 18h30, quando se iniciava o desfile dos blocos ou cordões das “Mulheres da Boa Esperança” (Prostíbulo) - Verdadeiro Show de luxo e beleza. Após esse horário cada um ia para sua casa descansar, pois no outro dia começava tudo de novo. A partir de 1955, à noite, as batucadas fizeram a festa disputando o título da melhor do ano, mas nada igual à batida cadenciada da Escola de samba Á Cacumbú. A porta bandeiras criava malabarismos e os componentes ostentavam o nome da escola, contando com a participação do povo.

Trios Elétricos e blocos de Abadás.

Hoje o carnaval de Juazeiro se adequa aos novos tempos. Trios Elétricos, blocos disputando o mais bonito abadá e camarotes completam a festa de momo. Mas a tradição dos antigos carnavais de fantasias e máscaras ainda caminha pelas ruas de Juazeiro. Mistura de ritmos, sons, culturas. Uma festa que tem como identidade a alegria de um povo festeiro. Dessa forma se compõe o Carnaval no Brasil e em Juazeiro não poderia ser diferente. Cidade abraçada pelo Rio São Francisco que traz no rosto da sua gente, a hospitalidade e o encanto da Bahia.

Como citar: COSTA, R.L.S. O carnaval em Juazeiro da Bahia. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.52, p. 12-16, fev. 2016. Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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PSICOLOGUÊS

Luciano Afaz de Oliveira TRI-PSICO Psicólogo Clínico Particular (Piracaia) Psicólogo da Saúde Mental (Prefeitura Municipal de Piracaia) Psicólogo Clínico Particular (Joanópolis) E-mail: lucianoafaz@gmail.com POLÍTICA E POLITICALHA

Que responsabilidade em escrever sobre este tema, tão atual como sempre foi. Afinal até parece sinônimos, mas vamos lá. Li este texto do Rui Barbosa (de forma forçada) quando estava no 8º ano do Fundamental, lá no Alípio de Barros, em São Paulo. Lembro-me da professora de português pedindo que fizéssemos uma análise do texto completo do Rui. Confesso que não foi nada bom, pois politica sempre foi um assunto não tão agradável de discutir, até porque como Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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citado acima, parece sinônimo de pessoas ruins, de mau caráter etc... Enfim, vamos nos ater no presente momento em que vivemos com muitos escândalos aparecendo, políticos que não caiam, caindo, outros lutando para não cair e o País, Estado e até os municípios parados, a deriva. A moral é algo que deveria ser instinto do ser humano, mas o dinheiro e a ambição acabam corrompendo tudo e a todos. Não existe a preocupação com o outro e sim consigo mesmo. O que tem muito quer ganhar mais e mais, já o pobre que se lasque. Ao ler um trecho da Campanha da Fraternidade (Católica) deste ano, vemos as palavras de um grande homem da humanidade, Papa Francisco. O trecho é este: “Eu sonho ver o pobre, o excluído sentar-se à mesa da fraternidade; governo e povo trabalhando unidos na construção da nova sociedade”. Sonho... Sonho é ótimo, porém a realidade é sempre a mesma, basta ver que neste ano mesmo teremos políticos perpetuando a palavra politicalha. Deixando até aqueles que possivelmente são do bem com a mesma marca. Na psicologia podemos dizer que se trata de um estigma, algo difícil de quebrar, pois a grande maioria se esquece dos princípios da ética e da moral quando estão no poder. Difícil, porém, não impossível - basta querer. Por hora, que todos nós tenhamos um bom ano eleitoral e que a politicalha se afaste de vez de todos nós. Que assim seja...

Como citar: DE OLIVEIRA, L.A.

Política e politicalha. Revista Eletrônica Bragantina On Line.

Joanópolis, n.52, p. 17-18, fev. 2016. Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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MEMÓRIAS

Susumu Yamaguchi Cronista e Andarilho E-mail: sussayam@gmail.com MEMÓRIAS VELADAS

Acordamos assustados sentindo falta de ar e olhamos em volta preocupados, mas as outras pessoas pareciam dormir tranquilamente. No ônibus que saíra de Lima à noite, apenas nós e o motorista estávamos despertos no terço final da madrugada. Saberíamos somente depois que naquele momento passávamos pelo Passo de Conococha, a 4.080 metros de altitude, e descíamos para o vale do Rio Santa. Sem ver onde estávamos e ainda com dificuldades para respirar, começávamos a acompanhar o rio desde seu nascedouro no lago Conococha até a cidade de Huaraz, a quatrocentos quilômetros ao norte da capital peruana. A claridade da manhã finalmente nos mostrou que tínhamos alcançado o vale entre as Cordilheiras Branca e Negra, que se estendia por quase duzentos quilômetros e era conhecido como Callejón de Huaylas. Não sabia então, claro, mas muitos anos depois, em outro século e novo milênio, eu olharia para uma fotografia anilada pelo distanciamento – desde montanhas agudas, águas plácidas de um lago, pedras que me sustentavam, vestimentas, chapéu, postura e até o desbotado do céu – e recordaria os dias luminosos de sol e frio, ventos, e as noites geladas de cintilantes estrelas. Lembraria a visão dos picos sempre sem neve de um lado do vale e os nevados de outro, quantidades deles, com altitudes acima de cinco e seis mil metros. Como um dia em que, após vencer um passo da Cordilheira Branca vindo de Olleros, o ônibus parou um instante para que um bando de bravos, e alguns inocentes, passageiros descessem e saíssem correndo morro abaixo por uma trilha para interceptá-lo à frente, no zigue-zague da estrada. O ar rarefeito e gelado sob o brilho de pleno sol queimava a respiração e ardia a visão de buracos e pedras, mas chegamos todos bem. Sendo o último a entrar no ônibus que apenas me aguardava para seguir até Chavín de Huántar, fui tão entusiasticamente aplaudido quanto o campeão daquela pequena corrida nas alturas dos Andes peruanos. Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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Lembraria também uma noite em que, após me debater com grandes atribulações para tentar superar o passo Portachuelo de Llanganuco, a 4.767 metros de altitude, eu acampava e buscava me recuperar da exaustão da caminhada do dia. À medida que a escuridão tomava conta de meu desânimo, tênues claridades foram surgindo para fazer-me companhia na terra, assim como as estrelas cobriam-me do céu. Exultei quando me dei conta de que elas eram as montanhas nevadas que tinha visto durante o dia, e que à noite adquiriam brilho próprio e manifestavam sua majestade no silêncio reverente de todas as coisas e seres. No dia seguinte, bem cedo, desci de volta para o vale e desisti da travessia de Lagunas de Llanganuco até Santa Cruz, mas grato pela noite luminosa nas montanhas da Cordilheira Branca. E lembraria especialmente de Yungay – e também, de outros acontecimentos e personagens que esse nome evocaria depois de tanto tempo. Como o guia que nos relatava o que ocorrera vinte e cinco anos antes, quando dezenas de moradores estavam ali, exatamente como nós naquele momento, aos pés do Cristo Redentor com o braço direito movendo-se para o alto, no topo do cemitério de Santo Domingo de Yungay. Seu tom dramático era pontuado por dados precisos: a data, 31 de maio de 1970; a hora, 3:23:32 PM; duração do sismo, 45 segundos; intensidade, 7,8 na escala Richter. Vinte anos após os vinte e cinco depois do terremoto, minha memória voaria do Callejón de Huaylas para o campus da Universidade de Brasília, onde um telão fora instalado no gramado para o acompanhamento dos jogos da Copa do Mundo de Futebol México 1970, cuja abertura acontecia no mesmo domingo da tragédia no Peru. A equipe peruana estreou em 2 de junho, enlutada e após superar incertezas a respeito de possível retirada do torneio. Todo nosso fervor de torcedor migrou para o time que tinha como técnico o brasileiro Didi, relegando momentaneamente as intermináveis discussões políticas sobre torcer, ou não, contra a seleção brasileira na Copa. O guia retomava a narrativa e mostrava o paredão escuro no alto do pico norte do Huascarán, de onde dezenas de milhares de toneladas de rocha, gelo, neve e lama desceram em avalanche provocada pelo terremoto. Parte dessa massa arrasou o povoado de Ranrahirca e outra saltou por cima de um colo de serra e sepultou Yungay, depois de percorrer dezoito quilômetros em três minutos. Ficaram acima do nível da morte o cemitério com seus mortos e menos de cem viventes, o campanário da catedral, quatro palmeiras na Plaza Mayor. Também, quase duzentas crianças e adultos que assistiam ao circo no estádio em uma colina, algumas pessoas em plantações nas serras e outras que saíram da cidade em busca dos raros televisores para ver a abertura da Copa. Restaram vivos cerca de trezentas pessoas dos vinte mil habitantes de Yungay. Nas semanas seguintes acompanharíamos os noticiários sobre o terremoto e os jogos da brava seleção do Peru. Dificuldades no socorro às vítimas – e vitória peruana, de virada, sobre a Bulgária por 3 x 2. Setenta a oitenta mil mortos no país – e vitória peruana sobre o Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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Marrocos por 3 x 0. Solidariedade internacional, inclusive adoções de órfãos – e derrota peruana para a Alemanha Ocidental por 3 x 1. E nas quartas de final, caberia ao Brasil sepultar, também, a esperança peruana: 4 x 2. E recordaria ainda a nossa descida com reverência, da colina do cemitério em direção ao que fora o centro da cidade, por caminhar em um imenso campo santo e com a consciência de que, poucos metros abaixo de nós, milhares de pessoas tinham sido enterradas subitamente em meio aos modorrentos afazeres e sestas de um domingo à tarde. Até chegarmos ao coração interrompido de Yungay, passamos em largas sendas por entre grandes canteiros com flores amarelas, azuis, brancas, vermelhas que faziam da vasta área plana rodeada de montanhas um belo e pungente jardim.

Margareth – margot.joaninha@hotmail.com

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Dali, a uma altitude de 2.500 metros, a visão do Huascarán surgindo por trás da colina que nos separava da quebrada do rio Ranrahirca era magnífica, com seus picos norte (6.655 m) e sul (6.768 m) elevando e pintando de branco, contra o azul profundo do céu, o nosso horizonte da Cordilheira Branca. Às nossas costas, a Cordilheira Negra observava-nos com seus picos de cinco mil metros que ecoaram o tronar do Huascarán. À esquerda, sobre uma colina, vivia a pequena e nova Yungay, reverente entre gigantes temperamentais. Uma fina linha de nuvens brancas cingia e apartava o alto nevado do Huascarán de sua parte rochosa, e levava minha memória de volta para os anos 1970, em Brasília. Eu tomava pinga com um amigo peruano e sonhava pegar o trem da morte, atravessar a Bolívia, depois cruzar o lago Titicaca e chegar a Cuzco; tomar outro trem, descer no km 88, atravessar o rio Urubamba e caminhar pela Trilha Inca até Machu Picchu. Só fui até lá muito tempo depois, mas não dessa maneira: todos esses almejados – e necessários – momentos ficaram para sempre velados para minha memória. Eu continuava a contemplar a serenidade do Huascarán e percorria com o olhar o caminho feito pela avalanche, desprendendo-se do alto do pico norte, inclinando para a direita, sempre crescendo e transbordando o canal que descia diretamente para o lado de cá. Meu olhar recuou ainda alguns anos mais, quando outro desmoronamento fizera o mesmo caminho e desaparecera atrás daquela colina protetora, tranquilizando de vez o sono da população de Yungay. Mas dessa vez a avalanche rugiu na quebrada e irrompeu já na entrada da cidade dos homens, trazendo a força afluente da natureza. No alto, o delicado movimento das nuvens em sua contradança com o Huascarán levaria minha memória também, ainda velada, para um futuro distante, incerto possível. Lá, na contradança entre as forças – própria da natureza e temerária dos homens – o rompimento de barragens de rejeitos de mineração em Mariana faria com que a minha memória arremetesse de volta diretamente para o Callejón de Huaylas e ressurgisse, no silêncio do campo santo de Yungay, para sempre revelada.

Como citar: YAMAGUCHI, S. Memórias veladas. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.52, p. 19-22, fev. 2016. Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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A ARTE DO TURISMO E DA HOTELARIA

Leonardo Giovane M. Gonçalves Técnico em Hospedagem e Graduando em Turismo E-mail: leonardo.giovane@hotmail.com A MARCHA CAPITALISTTA CONTRA A CULTURA TRADICIONAL

A história sempre foi um suporte rígido para entender o mundo no qual nos situamos atualmente. As manifestações culturais são, ou deveriam ser heranças de nossos antepassados, traços arraigados em nossa cultura e, em especial, ao nosso lugar natal. Entretanto, qual seria o limite para o tradicional de uma região? Com a explosão da internet e a tão famosa Globalização as fronteiras se romperam, o cultural tradicional sofreu interferências, tornou-se universal, passível de ser visto e consumido pelos mais distintos povos de todos os cantos do mundo. E isso influencia diretamente no que encontramos nos destinos. Basicamente, na atualidade é relativamente fácil ir à Bahia e encontrar o mesmo artesanato, com as mesmas características do que é feito no Rio Grande do Sul, isto é quando o mesmo não foi feito em um terceiro estado e incorporado nos demais como se pertencessem aos mesmos. Observamos isso nas cidades litorâneas, pois vemos sempre as mesmas peças feitas de conchas, cola quente, tinta e papelão nas banquinhas de artesanato e, o que só difere é o letreiro dizendo “Estive em São Sebastião, Estive em Ubatuba ou Estive em Maresias e lembrei de você”. Claro que muitas vezes, e já vivenciei isto, de estar em Ilha Bela e ver um produto escrito “Estive em Cambuí e lembrei de você”. O artesanato em suma, é o um dos fatores, contudo há outros que também possuem grande relevância quando tratamos da aculturação das coisas. As manifestações culturais são as mais afetadas pela marcha capitalista de consumo em massa. Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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Isso pode ser observado pelo carnaval, que não deixa de ser uma manifestação cultural popular, mas que ao longo dos anos foi sendo incorporado nas inúmeras cidades ao longo do território nacional. Um exemplo disto é ver o Axé no Sudeste, ou o Samba no Nordeste, e até o Frevo no Sul. Na conjuntura atual, a autenticidade das coisas está em um intenso embate entre o que traz mais turistas e dinheiro e o que visa resgatar, perpetuar e disseminar o patrimônio cultural tradicional. Deste modo, o tão mencionado turismo consciente, não passa de um clichê utilizado pela minoria dos viajantes. Isto, considerando que deveria ser a maioria dos viajantes que possuem a preocupação com a comunidade local. Os fatores podem ser invertidos também, vamos a outras cidades e prestigiamos coisas que não são tradicionais daquele local, não passam de encenação para turistas, mas isso pode ocorrer na nossa cidade, quando pessoas fazem o mesmo deslocamento para ver algo que não é real.

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Mas, até quando iremos pensar no capital e recriar, criar e incorporar padrões, traços e culturas que não nos pertencem? Muitos afirmam que o Brasil não possui cultura, não possui identidade, porém será que procuramos o verdadeiro sentido de cultura nos ambientes corretos?

Como citar: GONÇALVES, L.G.M. A marcha capitalista contra a cultura tradicional. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.52, p. 23-25, fev. 2016. Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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BIOMEDICINA

Tereza Reche Biomédica/Escritora E-mail: terezarch@gmail.com GENE ‘G’ E O VILÃO DOS ADIPÓCITOS

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Acerca da obesidade genética, pesquisadores da Tufts University identificaram uma interação gene-dieta que parece influenciar o peso corporal. Estes estudos foram posteriormente confirmados em outros três seguimentos. Homens e mulheres portadores do genótipo CC demonstraram maior índice de massa corporal (IMC) e escores de maior incidência de obesidade, mas somente se eles consumiram uma dieta rica em gordura saturada. Estas associações foram vistas na apolipoproteína A-II gene promotor (APOA2). "Acreditamos que esta é a primeira vez que uma interação gene-dieta influencia o IMC e a obesidade", diz o correspondente e autor sênior Jose Ordovás, PhD, diretor do Laboratório de Nutrição e Genômica no Jean Mayer USDA Human Nutrition Research Center on Aging (USDA HNRCA) na Tufts. "Nossas descobertas reforçam o apoio à ciência da nutrigenômica e são mais um passo em direção à meta de alfaiataria individualmente recomendações dietéticas para reduzir o risco de doença crônica ou doenças como a obesidade." O estudo, publicado na edição 09 de novembro, do Archives of Internal Medicine, analisa gene dieta interações no promotor APOA2, uma região de expressão DNA controle do gene APOA2. Proteínas respondendo a alguns nutrientes nos alimentos interagem com os promotores que ditam como os genes se comportam. Há duas variantes ou alelos do promotor APOA2, T e C. Eles existem em três genótipos: CC, TT e TC. Os pesquisadores dividiram a população de estudo em alto e baixo saturada grupos de gordura. Em seguida, eles compararam a ingestão de gordura saturada, o IMC e o risco de obesidade em todo o CC, os genótipos TT e TC. Alta ingestão de gordura saturada foi definida como 22 gramas ou mais por dia. Alimentos gordurosos, tais como cortes de carne e laticínios feitos com leite integral ou 2% contêm gordura saturada, que aumenta o colesterol. Portadores CC que consumiram altos níveis de gordura saturada foram os mais suscetíveis a maiores níveis de IMC e obesidade, e colegas observaram Ordovás. Segundo o primeiro autor Dolores Corella, PhD, professor da Universidade de Valencia-CIBER Fisiopatolog-a de la Obesidad y Nutrici-n (Espanha), e cientista visitante no Laboratório de Nutrição e Genômica no HNRCA USDA: “Em todos os três estudos, os portadores CC que consumiram dietas de alta gordura saturada teve o maior IMC em comparação com o TT e genótipos TC e, principalmente, as operadoras CC outros que relataram consumo baixo de gordura saturada dietas. Este trabalho é baseado em um estudo de dois anos, encontrando genótipos que influenciam as preferências alimentares, ingestão de calorias e IMC". No estudo anterior, Ordovás, Corella e os colegas encontraram homens e mulheres com o genótipo CC, que tiveram uma ingestão estatisticamente significativa maior de gordura do que o TT e grupos genótipo TC. Além disso, pacientes portadores de gene CC, ingeriram cerca de 200 calorias a mais por dia e foram cerca de duas vezes mais chances de serem Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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obesas. Os autores viram os mesmos resultados para a prevalência da obesidade no genótipo CC no presente estudo. "Nós vimos uma forte associação entre obesidade e alta ingestão de gordura saturada, mas novamente, não houve associação significativa entre os dois em portadores CC com baixa ingestão de gordura saturada ou em TT ou portadores TC", Corella acrescentou. Obesidade foi definida como IMC de 30 ou maior. Os pesquisadores calcularam o IMC como peso em Kg dividido pela altura em metros ao quadrado. O consumo alimentar foi medido por auto relato questionários dietéticos. Como na população em geral, a maioria dos participantes do estudo possuíam os genótipos TT e TC. Aproximadamente 10 a 15 por cento da população dos Estados Unidos são portadores CC, que se refletiu no FOS, GOLDN e Boston Estudo porto-riquenho. "Embora portadores CC são apenas uma pequena parcela da população, acreditamos que a interação foi observada entre gordura saturada e merece uma investigação mais aprofundada IMC", diz Ordovás. "Há uma necessidade de compreender os mecanismos por trás dessa interação dieta-gene particular e para descobrir se há outras interações similares em outros genes que poderiam fator na prevenção da obesidade". As proteínas G compõem uma família de proteínas que estão envolvidas em inúmeras vias de controle metabólico das células. Estudos epidemiológicos recentes demonstraram a associação do polimorfismo C825T à obesidade em populações de várias etnias. Quando a predisposição genética conferida pelo polimorfismo se associa a fatores ambientais como sedentarismo

e

gravidez,

o

risco

do

desenvolvimento

de

obesidade

aumenta

consideravelmente.

OBESIDADE NO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

Sabe-se através dos estudos e pesquisas realizadas em genética voltada à Nutrição. Que o genótipo TT indica predisposição à obesidade e à hipertensão. Neste caso, o médico deve recomendar exercícios físicos e dieta alimentar, além de evitar a indicação de remédios que alterem a pressão arterial e a frequência cardíaca, como a sibutramina. Mulheres sedentárias com o genótipo TT possuem um risco 7 vezes maior de ganhar peso excessivo na primeira gravidez e retê-lo depois, do que mulheres com genótipos CT ou CC, por exemplo. Os indivíduos CT não apresentam tendência à obesidade, mas ela pode ser causada por outros fatores. Para o emagrecimento de quem pertence a este genótipo, recomenda-se regime alimentar e exercícios físicos. Em alguns casos, o uso de medicamentos também pode ser indicado. Já para que um paciente do genótipo CC perca peso, mesmo não sendo este um genótipo que predispõe à obesidade, recomenda-se o uso de fármacos aliado ao tratamento, Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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pois somente a dieta alimentar e a prática de exercícios físicos não são suficientes. Este é o grupo que melhor responde ao tratamento com sibutramina. PROTEÍNAS ‘G’

Existe uma variação genética na Proteína G (receptor de membrana celular) que recebe o nome de C825T e está associada ao controle da obesidade e à resposta terapêutica. A genotipagem da Proteína G detecta efeitos adversos ao uso de medicamentos em pessoas com predisposição à obesidade. O resultado auxilia o médico escolher uma estratégia terapêutica específica para cada pessoa e isso melhora muito os resultados do tratamento. Como os efeitos colaterais, indesejáveis, podem atrapalhar o tratamento dos pacientes obesos a escolha do fármaco passa a ser importante para o sucesso do tratamento e o diagnóstico da proteína G permite também a escolha do fármaco adequado. Ao identificar o genótipo de cada indivíduo, a medicina consegue hoje tanto prevenir como mostrar o melhor tratamento para a obesidade. Por meio do exame que determina o polimorfismo C825T do gene da subunidade b3 da Proteína G, realizado em Porto Alegre pelo Amplicon, é possível saber se o paciente pertence aos genótipos TT, CT ou CC. Essa diferenciação é fundamental para a eficácia do tratamento a ser adotado.

Obs.: Este exame é indicado a todas as pessoas que desejam emagrecer ou mulheres que estão em sua primeira gestação.

Padrões genéticos detectados no diagnóstico laboratorial da proteína G

GENÓTIPO TT Gutersohn e colaboradores (Lancet, 2000, vol 355: 1240-1241) mostraram que mulheres sedentárias com o genótipo TT na posição 825 do gene da subunidade b3 da proteína G possuem um risco 7 vezes maior do que mulheres com genótipos CT ou CC de ganhar peso excessivo na primeira gravidez e retê-lo depois. A prática de exercício físico moderado durante a gravidez elimina este risco aumentado. Assim, a identificação de mulheres com o genótipo TT, que predispõe à obesidade, representa uma oportunidade ideal para a prática da medicina preditiva: o risco genético pode ser identificado precocemente e a obesidade prevenida com exercício físico regular e controle da ingestão calórica na gravidez. A individualização do risco fornece a motivação para aderência ao programa preventivo. Estudos do GENE mostram que o genótipo TT é visto em 16% das mulheres brasileiras. O tratamento dos obesos TT, cujo genótipo também é associado à hipertensão, deve evitar fármacos que aumentem a pressão arterial e a frequência cardíaca, a sibutramina Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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entre eles.

Medicamentos e seus resultados frente a este Gene A sibutramina (Reductil ou Plenty), usada para o gerenciamento de peso desde a década de 90, é geralmente bem aceita: induz à saciedade sem criar dependência. Mas tem resposta muito variável de paciente para paciente, como ocorre com a maioria dos medicamentos. Para pacientes obesos TT, a sibutramina é eficiente, mas vai exigir cuidado na área cardiovascular. Em contraste, para obesos com genótipo CC, a sibutramina parece oferecer ótimos resultados. Para estes pacientes o uso de sibutramina pode aumentar a pressão arterial expondo-o a riscos cardiovasculares. Mulheres primíparas (primeira gravidez): possuem um risco sete vezes maior de ganhar peso excessivo e retê-lo após a gestação.

GENÓTIPO CC A sibutramina é eficiente para ajudar os obesos CC, homens ou mulheres, na perda de peso, segundo o artigo Pharmacogenetics, 2003, vol 13:453-9. Este genótipo não predispõe especialmente à obesidade, mas ela pode ocorrer por outros fatores. A recomendação tradicional de regime alimentar e exercício apenas é ineficiente. Esforços físicos e regimes tão somente, não trarão resultados eficientes, pois o indivíduo CC, pois o metabolismo se encarrega de defender o peso-base, ao primeiro sinal de diminuição da ingestão e/ou aumentado o gasto de calorias. Um estímulo exógeno se impõe e a sibutramina é o medicamento de escolha para o obeso com genótipo CC, predominante no DNA de populações de origem europeia. O Teste do Polimorfismo da Proteína G (genótipos TT, TC ou CC) possibilita assim aos médicos praticar a Medicina Preditiva Personalizada (primigesta magra, com história familiar sugestiva ou que se declare compulsiva). Permite-lhes, também, se pautar pelos últimos avanços da farmacogenética: o exame da proteína G define o perfil genético do paciente a priori e permite uma estratégia terapêutica personalizada. A Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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indicação do fármaco ideal evita despesas desnecessárias, efeitos colaterais indesejáveis e frustração.

COMO SABER QUANDO SE DEVE EFETUAR O TESTE? • Primigesta (primeira gravidez) magra com histórico familiar sugestivo de obesidade e que apresente sinais de compulsão alimentar. • Pacientes obesos em tratamento. Importante realizar esse teste quando houver a possibilidade de predisponibilidade à obesidade, pois, usufruir de medicação sem prévio estudo específico pode tanto causar danos, quanto não atingir o objetivo inicial.

DIABETES No diabetes tipo I, caracterizado por limitada ou ausente produção de insulina pelas células beta e por cetoacidose, os níveis de glucagon estão em elevadas concentrações. Após o tratamento com insulina,

os

níveis

de

glucagon

são

reduzidos drasticamente, indicando o papel da insulina na regulação do glucagon. As proteínas G compõem uma família de proteínas que estão envolvidas em inúmeras vias de controle metabólico das células. Estudos

epidemiológicos

recentes

demonstraram a associação do polimorfismo C825T à obesidade em populações de várias etnias. Quando a predisposição genética conferida pelo polimorfismo se associa a fatores ambientais como sedentarismo e gravidez, o risco do desenvolvimento

de

obesidade

aumenta

consideravelmente.

Resumindo Existe sim um fator preponderante à obesidade, e fica claro revisando estes artigos que, mesmo havendo disposição para um regime equilibrado, exercícios físicos e extrema força de vontade para evitá-la, são necessários em casos de um dos genes citados acima, se Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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presentes no indivíduo, o uso medicamentoso para potencializar tais resultados. Procure um endocrinologista para maiores informações e jamais se automedique!

Referências Links http://www.news-medical.net/news/20091118/168/Portuguese.aspx http://geneticenter.com.br/texto.php?id_post=65 http://www.laboratoriogene.com.br/exames/obesidade-e-gravidez-teste-preditivo-medicinapreditiva/ http://www.amplicon.com.br/artigos-laboratorio-amplicon/obesidade-exame-da-proteina-gindica-eficiencia-de-farmacos-no-tratamento-da-obesidade http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0104-12822008000100013&script=sci_arttext

Como citar: RECHE, T. Gene ‘G’ e o vilão dos adipócitos. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.52, p. 26-32, fev. 2016. Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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ROMANCE DAS LETRAS

Betta Fernandes Escritora e Advogada E-mail: bettabianchi40@gmail.com A EDUCAÇÃO SUSTENTÁVEL

Há necessidade de uma escola voltada para o desenvolvimento das habilidades, onde os adolescentes adquiram conhecimentos, habilidades, atitudes e valores necessários para formar um futuro sustentável. A escola tem que reformular o seu papel em relação à sociedade, incluindo o desenvolvimento sustentável, no ensino e na aprendizagem, falando sobre mudanças climáticas, redução de riscos de desastres, biodiversidade, redução da pobreza e consumo sustentável. O objetivo é promover competências como pensamentos, críticas, reflexão sobre cenários futuros e tomadas de decisão de forma colaborativa. É preciso cuidar da sustentabilidade individual, para depois discutir e cuidar da sustentabilidade do planeta, do sequestro de carbono e da riqueza da biodiversidade regional. A nova geração tem que frequentar a escola não só para buscar conhecimentos e aprovação em avaliações escolares, tem que estudar para aprender a se relacionar melhor com o mundo. Ter aulas de etiquetas e comportamentos para que possam futuramente participar do mercado do trabalho, elevar seu padrão de vida e também preservar a saúde do nosso planeta que está morrendo aos poucos.

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A prática do amor se faz necessário para que despertem novas consciências que tenham mais cuidado, mais responsabilidade em praticar o querer ser mais para o mundo... O querer ser mais para o nosso planeta.

Veja mais em:

Blog: bettafernandes.blogspot.com.br Twitter: @bettabianchi40 Facebook: Betta Fernandes

Como citar: FERNANDES, B.

A educação sustentável. Revista Eletrônica Bragantina On Line.

Joanópolis, n.52, p. 33-34, fev. 2016. Edição nº 52 – Fevereiro/2016

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