Revista Eletrônica Bragantina On Line - Setembro/2016

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Revista Eletrônica Bragantina On Line

Discutindo ideias, construindo opiniões!

Número 59 – Setembro/2016 Joanópolis/SP

Edição nº 59 – Setembro/2016

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SUMÁRIO

Nesta Edição: - EDITORIAL – Despertar! ..................................................................................... Página 3; - CRIATIVOS INOVADORES – Inventores e Empreendedores: benefícios e desafios para uma atuação conjunta Por Paulo Gannam .................................................................................................... Página 4; - A ARTE DO TURISMO E DA HOTELARIA – O velho mundo se tornou o novo mundo Por Leonardo Giovane ............................................................................................. Página 7; - PALAVRAS E EXPERIÊNCIAS – Um mundo colorido Por Emily Caroline Kommers Pereira .................................................................... Página 9; - EDUCAÇÃO AMBIENTAL – Entre o subjetivismo, a objetividade e a aprendizagem significativa Por Flávio Roberto Chaddad ................................................................................. Página 11; - ARTE E VARIEDADES – Em trapos passados Por Thiago Santos ................................................................................................... Página 14; - MEMÓRIAS – Navegar no Sertão Por Susumu Yamaguchi ......................................................................................... Página 15; - O ANDARILHO DA SERRA – Mediador da vida Por Diego de Toledo Lima da Silva ....................................................................... Página 19; - COLCHA DE RETALHOS – Vaqueiro do Sertão Por Rosy Luciane de Souza Costa ......................................................................... Página 21; - DIVULGAÇÃO – De frente com o terror noturno Por Wilker Santos ................................................................................................... Página 25.

Edição nº 59 – Setembro/2016

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REVISTA ELETRÔNICA BRAGANTINA ON LINE Uma publicação independente, com periodicidade mensal.

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EDITORIAL

DESPERTAR!

Prezados leitores! Despertar para o novo e para o velho, Para o azul e o vermelho, Um sorriso e o choro, Alegria e tristeza... Vida e morte, Despertar para a renovação de todo dia, Hoje e sempre!

Diego de Toledo Lima da Silva – Editor (12/09/2016) E-mail: revistabragantinaon@gmail.com

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CRIATIVOS INOVADORES

Paulo Gannam Jornalista e Inventor E-mail: pgannam@yahoo.com.br INVENTORES E EMPREENDEDORES: BENEFÍCIOS E DESAFIOS PARA UMA ATUAÇÃO CONJUNTA

Por várias razões, quase todo inventor sabe inventar, mas sem crivo, sem plano de negócios, sem validação, sem modelos de negócios, sem estimativa de investimento, de projeções de vendas e de retorno sobre o inventado. Não tem recursos técnicos, financeiros e humanos, nem tem acesso a fontes que lhe permitam precisa e abrangente análise de mercado. Tampouco tem competência comercial, muito menos fabril para colocar sua ideia no mercado. Sobrevive não de sua vocação, mas com alguma outra atividade que nada tem a ver com inventar. Estas limitações, em parte, não são tão ruins, pois permitem que ele crie o que bem entenda, sem parâmetros controladores por vezes falhos que poderiam considerar de cara uma ideia muito lucrativa como “inviável”. Inventor vive numa frequência diferente, é um observador do mundo, de seus padrões, das pessoas, do comportamento, de eventos pelos quais poucos se interessam. Consegue, às vezes, em número e qualidade melhores do que qualquer outro, bolar soluções que atendam a necessidades específicas para as quais não foi criado um produto específico. Com muito custo, se perseverar, o inventor conseguirá por conta própria ou com a ajuda de terceiros elaborar um protótipo mais próximo daquilo que concebeu, e tentar proteger os seus direitos de patente no instituto competente por meio de um pedido de patente de sua criação. Esse processo leva de alguns meses a mais de uma década! Só que essa aptidão e todo esse esforço não costumam fazer sentido nenhum para o mercado,

nem

para

um

investidor-anjo,

e

muitas

vezes

nem

para

um

empreendedor/empresário. Investidores dificilmente entram em projetos que ainda não estejam no mercado – caso da maior parte dos produtos criados por inventores independentes –, porque a chance de escalar, retomar o dinheiro investido e ainda ganhar com a venda geral do produto diminui. O decepcionante é que não se trata aqui de dizer se a ideia do inventor é boa ou não, lucrativa ou Edição nº 59 – Setembro/2016

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não. Trata-se de faltar informações e análises necessárias para chegar a conclusões que apontem para algo promissor ou não. Com isso, patentes valiosas – se encaixadas num bom modelo de negócios – ficam engavetadas. Já o empreendedor é visto como “gente de atitude”, que sabe fazer um bom plano de negócios, criar valor por meio de um produto ou serviço e ganhar um bom dinheiro devido à sua visão comercial. E o investidor seria a pessoa que pode entrar com grana e com o marketing, com a implementação comercial em si. Quanto maior o risco que considerar estar assumindo, maior será o retorno a ser reivindicado por esse investidor na negociação. E ambos – no Brasil isso parece bem real – acabam olhando para o inventor como um bobalhão de jaleco trabalhando no porão de sua casa, apaixonado por ideias e esquisitices, um ser mais teórico e curioso. Não é bem assim. São competências distintas, mas úteis para o negócio a ser criado. O inventor pode criar, desenvolver algo e patentear – ainda que não entenda bulhufas de negócios – e o empreendedor/investidor pode entrar com a testagem, validação, criação de modelos de negócios lucrativos e, finalmente, com a parte fabril e comercial livre de concorrência para lançar o invento no mercado. Com isso, todos ganham! O inventor independente, sendo pessoa física, mesmo sem ter qualquer empresa constituída – sequer sendo microempreendedor individual – pode estimular empresas a fabricarem e comercializarem sua patente, dentro e fora do país, e isso gera empregos, renda, e impostos que mantêm toda uma sociedade da mesma forma que o empreendedor quando inicia e faz crescer sua startup. O problema, entre tantos outros, é haver arraigado no Brasil o desmerecimento, preconceito e burocracia em torno do trabalho desenvolvido por pessoas físicas e em torno da possibilidade de que pessoas físicas também possam fazer bons negócios com pessoas jurídicas. A lei foi tola ao favorecer muito mais PJ’s do que inventores autônomos na condição de PF’s, e ao condicionar o recebimento de dinheiro a fundo perdido, a participação em feiras de inovação e à qualidade das premiações ao fato de se ter ou não uma empresa constituída ou ao fato de se ser MEI ou não. Ignoram que inovação nasce em toda esquina, e que não há razão para o futuro acontecer apenas nos laboratórios das universidades ou centros de pesquisa de empresas privadas. Isso gera falta desconhecimento de novos produtos e dos benefícios de se explorar uma patente de um inventor. Um tipo de ignorância que pode estar custando ao comércio e à indústria milhões de reais anualmente e à sociedade grande ônus em seu bem-estar. Quando a ideia

do

inventor

comprova-se

viável,

é

barato

e

lucrativo

ao

empresário/empreendedor/investidor fazer parceria com o inventor, principalmente se levarmos em conta a originalidade do projeto e exclusividade de produção e comercialização, estando livre de concorrência por até 20 anos. O empresário tem ainda valorização do patrimônio intangível de sua empresa, maior valor agregado e condições de enxugar os custos Edição nº 59 – Setembro/2016

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jurídicos de administração da patente, e os de P&D. Embora ainda sobreviva o vício da lei e da cultura do Brasil de separar radicalmente os direitos e o valor de inventores dos diretos e do valor dos demais, todos eles fazem parte de uma grande cadeia. Cada qual usando caminhos diferentes para chegar a um mesmo e costumeiro destino desejado: colocar seu sonho no mercado, crescer e fomentar a economia.

As invenções de Gannam podem ser conferidas no site: https://paulogannam.wordpress.com/

Outros Contatos: Linkedin: https://www.linkedin.com/pub/paulo-gannam/51/1b0/89b Facebook: https://www.facebook.com/paulogannam.inventionsseekinvestors Google+: https://plus.google.com/+PauloGannaminven%C3%A7%C3%B5es Twitter: https://twitter.com/paulogannam

E você? Já teve ou está com uma grande ideia? Conte para o Paulo, pois pode virar notícia aqui na Revista Bragantina!

Como citar: GANNAM, P.

Inventores e Empreendedores: benefícios e desafios para uma atuação

conjunta. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.59, p. 4-6, set. 2016. Edição nº 59 – Setembro/2016

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A ARTE DO TURISMO E DA HOTELARIA

Leonardo Giovane M. Gonçalves Técnico em Hospedagem e Graduando em Turismo E-mail: leonardo.giovane@hotmail.com O VELHO MUNDO SE TORNOU O NOVO MUNDO

Nunca sei se os autores de artigos devem contar o que eles passam, mas como sou um autor de turismo e hotelaria, penso que minhas experiências podem ser triviais para passar meu conhecimento e desmoralizar paradigmas. Bom, como alguns sabem, estou vivendo um tempo aqui na Hungria, o país é lindo, tem culturas diferentes, pessoas diferentes e, sobretudo, hábitos completamente diferentes do que vivemos no Brasil. Minha função aqui não é desmoralizar nossa nação, até porque temos muitas coisas boas e coisas a melhorar em nosso país. Mas vamos falar sobre a Hungria e sobre a minha viagem que garanto que vocês terão outra visão. O Brasil é conhecido internacionalmente, agora pela Copa, pelas Olimpíadas e às vezes me falam do Samba e do Carnaval. Mas sim, nesses poucos dias que estou aqui, não teve uma pessoa que não me perguntou sobre estes dois eventos esportivos. A língua oficial da Hungria é o húngaro, e como dizia Chico Buarque "a única língua do mundo que, segundo as más línguas, o diabo respeita", pois bem, a língua é muito difícil. Mas aí vem o questionamento, então vou falar o quê? O inglês, oras. Mas não sei falar muito bem o inglês, o que eu faço? Aprendi uma coisa muito precisa nesses dias aqui, se você sabe o básico as pessoas te ajudam, claro que tem umas que não querem nem te ver pintado de verde amarelo, mas existem pessoas que tem paciência e procuram o máximo possível te entender. Edição nº 59 – Setembro/2016

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E quando falo pintado de verde e amarelo, digo pelo fato dos brasileiros serem bem vistos aqui, sim, nós somos. Quando falo a alguém que sou brasileiro vejo um sorriso diferenciado no rosto deles. Tudo bem, já contei as maravilhas do novo mundo, mas o que o Brasil tem a oferecer de diferente? Bom, parece clichê, mas nossa hospitalidade é irrefutável, nosso jeito de receber e hospedar, o modo como fazemos amigos. Não sou a pessoa que tem mais facilidade de fazer amigos no mundo, mais cheguei há 5 dias, e já fiz bons amigos, mas vejo pessoas de outras nacionalidades não tão entrosadas aqui. Enfim, este texto foi para dizer a vocês que temos nossos altos e baixos, mas eles nos tornam brasileiros e dignos de carregar nossas bandeiras pelas ruas de Budapeste e do Mundo!

Como citar: GONÇALVES, L.G.M.

O velho mundo se tornou o novo mundo. Revista Eletrônica

Bragantina On Line. Joanópolis, n.59, p. 7-8, set. 2016. Edição nº 59 – Setembro/2016

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PALAVRAS E EXPERIÊNCIAS

Emily Caroline Kommers Pereira Escritora e Jornalista E-mail: myzinhacarol@gmail.com UM MUNDO COLORIDO

ACORDAR. A-COR-DAR. DAR COR A. DAR A COR. Tudo isso nesse simples verbo, tão comum no vocabulário diário. Acordar = dar a cor. Explicarei melhor do que estou falando. Há alguns dias eu saí para me encontrar com uma amiga. Fomos a uma pastelaria comer e bater um papo. Na verdade, é mais ou menos uma amiga, mas é muito querida como tal. Ela é missionária em Goiás e veio para Atibaia em 2011, depois disso veio mais uma vez, mas não foi possível sairmos para passear e conversar. Mas deixa-me voltar ao tema. Minha amiga me falou de um artigo que leu em algum lugar que falava sobre isso. Sobre acordar = a cor dar. Fiquei pensando... Pensando... E resolvi escrever meu próprio artigo, pois é algo que nunca antes tinha pensado e que faz muito sentido. Acordar por vezes é um sacrifício, principalmente quando é segunda-feira. Dizem que há dois tipos de pessoas: as felizes e as que acordam cedo. Hoje acordei e fiquei na cama por meia hora, daí me levantei, tomei o café da manhã e voltei para a cama, onde fiquei por mais meia hora, até o despertador me obrigar a levantar. Como trabalho meio período, posso dormir um pouco mais de manhã. Quando a missionária me falou da relação entre acordar e a cor dar, desde que prestei atenção à palavra, esse verbo que traduz uma ação tão corriqueira e incômoda, uma obrigação diária, às vezes prazerosa e às vezes não, e dei a ela um novo significado, acordar se tornou algo mais alegre. Claro que o despertar continua sendo penoso, principalmente segunda-feira, Edição nº 59 – Setembro/2016

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mas sua cor é diferente. Azul é uma cor que gosto muito, minha favorita. Não consigo entender como no inglês ela faz parte de expressões negativas, relacionadas à tristeza e sentimentos semelhantes. Para mim, é uma cor maravilhosa. Ou roxo. Também gosto muito dessa cor. Aliás, a cor-tema da minha festa de 18 anos foi lilás, uma cor parente do roxo. Contudo, o azul ainda está em primeiro lugar e meu mundo eu colori de azul, ou tento, diariamente. Com o passar dos anos, apareceram pessoas que tentaram pintar o mundo de preto, e nessas vezes foi realmente difícil e penoso acordar. Esse foi um momento escuro em minha vida. Até que resolvi voltar ao azul. Dar novamente cor. Tenho sonhos. Alguns mais fáceis de realizar que outros, alguns quase impossíveis, alguns para um futuro próximo, alguns que ficaram engavetados por anos, outros que ainda estão em stand by esperando o momento de florescer, outros que deixei para trás para viver novos sonhos, outros que nem imaginei sonhar, uns que já se realizaram... Ter sonhos em um mundo manchado de preto é muito triste. É o mesmo que sonhar enquanto dorme. Imagine: você está dormindo e sonha o sonho mais belo, mais perfeito e mais possível que você já sonhou... Mas é só um sonho, não há como realizá-lo, pois dali a pouco você vai abrir os olhos e o sonho vai embora. Pior ainda. Com o passar do tempo, com as horas correndo e o dia chegando ao fim, o sonho vai se desvanecendo, se perdendo da memória. Por isso, conversando com minha amiga, resolvi que devia recolorir meu mundo, decidi deixar a noite escura pra trás. Para que eu pudesse sonhar acordada. Sim, resolvi a cor dar. Novamente. Sonhar e saber que o sonho pode se realizar. E o azul, que é a minha cor preferida, me ajudou, pois é o azul do céu, do mar... Do que são das criações de Deus as mais belas, em minha modesta opinião. Desde então, os anos passaram, comecei e terminei a faculdade, me tornei jornalista, minha vida mudou, conheci pessoas, adquiri conhecimento, fiz novas descobertas, descobri outros olhares, outro jeito de ver o mundo. Porém, ainda estou no processo, que é sem fim e me acompanhará até meus dias se acabarem. A cor dando. Ainda não conclui. Mas o importante é que resolvi começar! Dê a cor também, é mais feliz viver em um mundo colorido. Um mundo onde podemos sonhar!

Como citar: PEREIRA, E.C.K.

Um mundo colorido. Revista Eletrônica Bragantina On Line.

Joanópolis, n.59, p. 9-10, set. 2016. Edição nº 59 – Setembro/2016

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Flávio Roberto Chaddad Graduado em Engenharia Agronômica e Ciências Biológicas; Graduando em Filosofia; Especialista em Educação Ambiental, Gestão da Educação Básica e Gestão Ambiental; Mestre em Educação Superior e Mestre em Educação Escolar E-mail: frchaddad@gmail.com ENTRE O SUBJETIVISMO, A OBJETIVIDADE E A APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Deixemos que os alunos construam seus conhecimentos a partir de seu arcabouço cultural ou tentemos trazer este conhecimento prévio mais próximo de um conhecimento objetivo? Primeiramente, em meu ponto de vista, não existe conhecimento absoluto que nunca mude e nem conhecimento que seja sempre relativo, dependente do olhar de cada pessoa. Muitas pessoas pensam que, como uma metamorfose ambulante

(1)

, o conhecimento

está sempre mudando como os contrários de Heráclito, que não há um conhecimento objetivo pairando sobre o mundo. Pelo contrário, há mudança sim. Mas, esta mudança ocorre a partir da incorporação do velho pelo processo dialético. Um exemplo, nossas concepções de ciência não deixam de se banharem em três pensadores que viveram há milênios: Parmênides; Heráclito e Protágoras. Parmênides dizia que o ser subjaz por trás deste mundo, que para ele era inexistente. Nós podemos apenas contemplar a verdade através do pensamento, já que os sentidos eram manifestações de nosso corpo, da matéria. Através do ser que é, Parmênides fundamentou a metafísica cristã, Deus, e também a ciência que abandonou o Ser que é pelas regularidades matemáticas que guiam o universo. Heráclito, outro pensador, pensava ser o mundo uma eterna luta dos contrários, do movimento. De Heráclito, Hegel emprestou o movimento e a contradição e firmou seu pensamento no panteísmo do Deus Histórico: “O ser que surge, se manifesta e se transforma pela contradição de seus predicados formando uma síntese das múltiplas determinações que

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se inscrevem na realidade”. Para Hegel os homens não tinham controle sobre o Deus histórico e sua máxima manifestação era a realização do estado liberal ou da livre iniciativa. Outro pensador, Protágoras dizia que tudo é relativo, que o homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, daquelas que não são. Tudo depende da maneira e da situação que ele vê o mundo. Não há um conhecimento objetivo a ser alcançado. Este pensamento veio contagiar a nossa realidade, fazendo se construir certo preconceito contra a ciência – que não deixa de ser dialética – e contra a raiz sana da modernidade, que é o marxismo. Estes são alguns exemplos, de como nós não jogamos fora a criança com a água do balde Nós como seres humanos históricos, construímos um repertório de conhecimentos das mais variadas áreas. Estes conhecimentos – os pilares - serviram e ainda servem de repertório para que o novo surja, se manifeste e seja esta síntese das múltiplas determinações. Lembrando a música de BELCHIOR: “Apesar de termos feito tudo que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. Portanto, apesar de toda influência pós-moderna na realidade educacional, vejo que existe uma objetividade e esta objetividade não deve ser negociada em hipótese alguma com qualquer aluno, é ela que dará suporte para a emancipação humana – que deve ser a finalidade da educação. A aprendizagem significativa, que foi discutida aqui na semana passada, muitas vezes, pode ser entendida de forma errônea. Ela, como outras posturas educativas, estão sendo utilizadas pelo construtivismo e pela pós-modernidade. Disto, vislumbro que há possibilidades e limites à aprendizagem significativa. Como marxista pondero, em primeiro lugar, que nem toda aprendizagem se dá de forma significativa, pela própria bagagem cultural dos alunos. Se for possível trazer as concepções prévias deste aluno para mais próxima da objetividade ela é necessária. Por outro lado, se for apenas para ensinar conforme as necessidades dos alunos, vejo que a educação não cumpre a sua função. Os alunos têm conhecimentos ou trazem conhecimentos de casa que se baseiam no senso comum. Não estamos falando em alunos do ensino médio, de uma universidade ou da pós. Estou falando dos alunos do ensino fundamental I. Estes conhecimentos não elevam ninguém, pelo contrário, os condicionam a serem dominados eternamente pelo sistema. O que se quer é um conhecimento que os emancipem, que os tornem reflexivos. E este conhecimento está sistematizado cientificamente – o que há de melhor na cultura humana - e faz parte do currículo a ser dado e nada mais.

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Muitos profissionais dizem que nós educadores devemos ensinar de acordo com as necessidades dos alunos. Eu pergunto: mas eles sabem o que querem, têm condições de saber o melhor para eles? Qual a função da educação, neste sentido, apenas adestrá-los ao sistema? É com estes questionamentos que termino este pequeno esboço.

______________ (1) Aprender a aprender – não é importante a finalidade do conhecimento, mas sim apenas sua apreensão momentânea.

Como citar: CHADDAD, F.R.

Entre o subjetivismo, a objetividade e a aprendizagem significativa.

Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.59, p. 11-13, set. 2016. Edição nº 59 – Setembro/2016

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ARTE E VARIEDADES

Thiago Santos Escritor, Cineasta e Roteirista E-mail: contatots2016@gmail.com EM TRAPOS PASSADOS

O ciclo do viver continua. Em tese, já que o mesmo encontra em si todas as mazelas, estas responsáveis pelo impedimento quanto ao bom viver. Cada passo; em cada passo fica eminente que o individuo (ainda que capaz) limita-se ao abatimento, tornando-se mero espectador. Enquanto o espetáculo em existência propicia aos demais sorrisos e deliciosos risos. Objetivamente e heroicamente tenta, mas o resultado continua ligado unicamente ao fracasso. Reflexões diversas lhe vêm, contudo, respostas distantes continuam. Percebe-se nesse simples ato que a dor será senhora deste, até o dia em que deixar de amá-la, livrando-se do caos para todo o sempre. Para que tal processo prospere, resta antes de tudo que se abra mão daquilo que não se vê. Pois o que se vê é o ser humano dotado de capacidade, porém destruído em lamentos!

Como citar: SANTOS, T. Em trapos passados. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.59, p. 14, set. 2016. Edição nº 59 – Setembro/2016

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MEMÓRIAS

Susumu Yamaguchi Cronista e Andarilho E-mail: sussayam@gmail.com NAVEGAR NO SERTÃO “Lamarca morreu aqui”, disse Andreza subitamente, fazendo um gesto com o braço que tornava indefinível o local indicado. Diante de meu olhar interrogativo, ela completou: “Perto de Brotas de Macaúbas”. Fiquei na mesma, pois não sabia onde era. Ela falava sobre atrativos naturais e culturais do município, além da convivência com o rio São Francisco, e de repente apareceu esse “Lamarca morreu aqui” dito com um distanciamento inerente a fatos históricos. Para a jovem secretária municipal de Ibotirama, algo ocorrido há quarenta anos não teria nada a ver com sua existência. Eram outros tempos, outras as estações. Da mesma forma, ela falou de uma grande enchente do rio que inundou a região do cais e do mercado e chegou até a escadaria da Matriz, acontecimento de uma época em que ela nem era nascida. Imaginei que fosse a mesma cheia de que falaram Jurandir e seu Lenine em Januária, a mais de trezentos quilômetros rio acima. “Lamarca morreu aqui”. Para mim, que em setembro de 1971 tinha apenas alguns anos a menos do que ela devia ter agora, sua frase soou como se uma névoa se abrisse de repente e trouxesse de volta imagens reveladas e depois veladas pela censura, pelo tempo e pela memória: sua perseguição e morte no sertão da Bahia, e morte – oficialmente por suicídio, versão finalmente desmentida mais de trinta anos depois – de sua companheira, a psicóloga Iara Iavelberg, em Salvador. Andreza me reconduzira àquele longínquo sertão do tempo através do que me era até então apenas um distante sertão do espaço: o aqui. Eu já tinha passado pela ponte de Ibotirama sobre o rio São Francisco – e até estado mais perto de Brotas de Macaúbas – indo para a Chapada Diamantina sem me dar conta desse aqui. E estava, portanto, mais distante do que agora embora no tempo eu estivesse mais próximo, em 1993. Assim como eu realmente só vi Fernão Dias quando passei por Juramento e pela serra Edição nº 59 – Setembro/2016

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Resplandecente em Itacambira, embora os possa ter estudado em livros, o sertão da Bahia onde o ex-capitão do exército Carlos Lamarca foi morto juntamente com o ex-metalúrgico José Campos Barreto, o Zequinha, só adquiriu real existência para mim através da recordação do acontecido e com minha presença aqui. “Navegar é preciso”. Eu ainda viajava pelo sertão e via Lamarca e Zequinha sendo mortos embaixo de uma árvore – após uma perseguição de trezentos quilômetros em três semanas – quando ouvi de Andreza o nome do projeto que levava educação ambiental e cultural ao povo ribeirinho através do São Salvador, transformado em barco-escola. A prefeitura de Ibotirama encarregava-se da manutenção do barco e de sua tripulação, e as cidades interessadas arcavam com o combustível para visitas pelo rio São Francisco. O São Salvador, a que seu Lenine tinha se referido em Januária, navegou em sua atual missão até Bom Jesus da Lapa, a cento e cinquenta quilômetros rio acima, e também por povoados rio abaixo. O problema era que algumas prefeituras ainda deviam o valor do combustível, o que dificultava o trabalho de valorização das manifestações culturais ao longo do rio São Francisco. O barco-escola ficava atracado no cais quando não estava viajando, à disposição de estudantes, população e visitantes.

Margareth – margot.joaninha@hotmail.com

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Do alto da arquibancada de uma quadra esportiva eu via de um lado a rampa do cais, a prainha, o São Salvador, o rio São Francisco e a ponte de mais de um quilômetro que levava em direção a Barreiras; de outro, o centro esportivo, a igreja de Nossa Senhora da Guia e o centro antigo da cidade, que se encontravam atualmente protegidos das cheias do rio pelo extenso paredão sob meus pés. Desci em direção ao São Salvador em busca de seu Severino, o comandante do barco, de quem Andreza falara com tanto entusiasmo e recomendara ouvir suas experiências. Um jovem instrutor do Navegar é Preciso apresentou-me os compartimentos do barco: uma pequena sala com seis computadores e outra, pouco maior, com biblioteca e brinquedoteca. Na popa, sanitários e casa de máquinas, onde um adaptado motor Scania substituía o sistema a vapor. No andar de cima, o convés era auditório para atividades com muito público. Atrás, Jackson mostrou cozinha e camarotes da tripulação. E havia mais: no terceiro piso o barco abrigava a cabine de comando, de onde se tinha magnífica visão da água, da terra e do céu. Voltamos ao convés e seu Severino estava em conversa animada com outros visitantes. Contava que há mais de vinte anos deixou de derrubar matas com arrastões de tratores e correntes, aposentou-se e agora, de certa forma, se penitenciava através desse projeto de conscientização de jovens para a importância dos cuidados com a natureza. Jackson descrevia o que ocorria no rio: pequenos barcos sugavam areia do fundo, levavam até a margem e carregavam caminhões basculantes. Dizia que as pequenas embarcações não tinham a estabilidade necessária e por isso corriam grandes riscos nessas operações, e mostrava do outro lado do rio uma estrutura de dragagem firmemente ancorada em tratores fixos na margem, que retirava grandes quantidades de areia. Ouvindo Jackson falar assim e olhando o deslizar das águas do São Francisco, lembrei-me de seu Lenine dizendo que antigamente esse rio não era tão triste. E nessa tristeza a areia continuava a se mover constantemente, para lá e para cá, de acordo com os movimentos da água, e a mudar de lugar o canal do rio. E as curvas, para dentro ou para fora, continuavam a formar, ou não, os bancos de areia, as coroas – as croas. “Mas, melhor de todos – conforme o Reinaldo disse – o que é o passarim mais bonito e engraçadinho de rio abaixo e rio acima: o que se chama o manuelzinho da croa”*. Diadorim feito Reinaldo ensinara a Riobaldo “o bem-querer sem propósito”* ao que para ele era apenas “para se pegar a espingarda e caçar”*. Bem-querer sem propósito, bem-querer com propósito: o bem-querer. Deixei o São Salvador e estava de novo sobre o paredão entre o rio São Francisco e a cidade. Olhei rio acima e vi na margem da última curva o que Jackson dissera ser um porto de soja, um gigantesco depósito que engolia filas intermináveis de caminhões carregados e que esperava, empanzinado, as águas subirem para embarcar a carga. Rio abaixo, o que vi foram Edição nº 59 – Setembro/2016

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as águas passando por baixo da ponte e seguindo em busca da represa de Sobradinho, o grande mar do sertão. E à frente, rio presente, parei o olhar no barco branco: a barca humana. Na proa, no alto da testa, escoltada por duas carrancas de dois metros, renitente rio abaixo e rio acima nas águas do São Francisco, o São Salvador exibia com galhardia a sua mais alta divisa, azulceleste: BARCO–ESCOLA.

______________ * Grande sertão: veredas – João Guimarães Rosa

Como citar: YAMAGUCHI, S. Navegar no Sertão. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.59, p. 15-18, set. 2016. Edição nº 59 – Setembro/2016

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O ANDARILHO DA SERRA

Diego de Toledo Lima da Silva Técnico/Engenheiro Ambiental, Andarilho e Cronista E-mail: diegoaikidojoa@hotmail.com

MEDIADOR DA VIDA

Para o tempo não existe madrugada, nem amanhecer, apenas estações de horas e minutos inexatos da imensidão. Enquanto o escuro do caminho iluminava os olhos do andarilho, presente em mais uma romaria de tantas histórias de vida. Vida livre pela imensidão de trechos percorridos por corpos onipresentes e almas ausentes do centro do universo, circulando por um céu de estrelas, nuvens e luas. Luas que conduzem ciclos de águas, chuvas e plantações, tradições tão antigas quanto à história desta gente. Não seria um pouso capaz de revelar seus segredos, nem as luzes provenientes das moradas vizinhas. Talvez, o tempo seja o fiel da balança, o juiz que decidirá as discussões, o mediador de conflitos ou não mais que um ator da romaria envolvido no ato de caminhar, sem poder de decisão quanto à própria ação. Resta apenas seguir em frente... Seguir por mato dentro, de cruzamentos impostos por versões de canções caipiras, muitas vezes compostas nestas terras. Seguindo em versões escritas no livro da vida, onde relatamos paisagens cotidianas e sinais de respeito aos símbolos religiosos do caminho. Muitas vezes, os símbolos são os próprios peregrinos, pérolas da antiguidade que a modernidade não apagou, mas que saudou sua vinda a um novo tempo. Tempo que apela atenção aos viventes, aos ausentes e onipresentes. Verdades que só são percebidas ao final do caminho, da vida ou do trecho, paradas sinuosas desta vida. Sorrisos que alcançam o destino aliviado pela vitória, pelas bênçãos e pela nova chance de agradecer mais um ano.

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Ano, mais uma medida do tempo carnal, que conduz a vida diária, diferente da história espiritual e de almas perambulantes do estradão... Tempos, os mesmos tempos meu camarada!

Como citar: DA SILVA, D.T.L. Mediador da vida. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.59, p. 19-20, set. 2016. Edição nº 59 – Setembro/2016

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COLCHA DE RETALHOS

Rosy Luciane de Souza Costa Professora, Historiadora e Pesquisadora E-mail: costarosyluciane@hotmail.com VAQUEIRO DO SERTÃO

“Vaqueiro é um termo que designa no Brasil a pessoa responsável por cuidar de um rebanho de gado. No Norte do Brasil, onde o Português radicado se transformou no vaqueiro que faz uso de indumentária própria feita de couro (calça, gibão, chapéu, peitoral, luvas e botas). Pois o couro protege a pele do vaqueiro contra queimaduras vindas do sol e dos galhos e espinhos das árvores da caatinga, mata ou sertão de espinhos verdes, próprios Edição nº 59 – Setembro/2016

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do Brasil de norte a sul, O maior problema enfrentado pelo vaqueiro é o da água. Às vezes o gado tem que ser levado por dezenas de quilômetros até os bebedouros (rio, riacho, lago). Na época da migração ele tem que conduzir o gado para lugares distantes na ida e na volta. O tipo étnico do vaqueiro provém do contato do branco colonizador com o índio, durante a penetração do gado nos sertões do Nordeste e sul brasileiro". (Texto pesquisado na Internet) “Montado em seu cavalo fogoso, com sua roupa de couro, cheio de coragem e de saberes, o vaqueiro rompeu a caatinga, varou o cerrado fechado, vadeou córregos e rios, percorreu vargens e campos abertos. Conquistou o sertão são-franciscano. Amansou boi barbatão xucro e criou a civilização do couro”.

Um Vaqueiro toca o chocalho e o outro, o berrante. “No lombo do seu cavalo, o vaqueiro torna-se um bravo capitão comandando a batalha. De poucas letras é uma fonte de sabenças. Lida com o gado, cavalo, cerrado e caatinga. Conhece-os profundamente e respeita-os. É corajoso, mas temente a Deus. Como todo sertanejo, o vaqueiro é sensível e manifesta as artes em seu cotidiano”.

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“Canta, toca viola e sanfona. Distraem-se nos passos improvisados do Lundú ou na roda do carneiro, com versos bem ritmados. Como grande manejador das artes e ofícios, trabalha bem com o couro e o sedém. Nos longos caminhos, tangendo o gado sob o sol escaldante ou debaixo de chuva, o vaqueiro refaz-se no aboio, o seu canto sagrado. O aboio apresenta toda uma escala gradativa de emissões vocais, que vão do simples ruído oral à manifestação exclusivamente musical. O aboio pode ser um simples solfejo, usado no Norte de Minas ou entremeado de versos em quadras, muito comum no nordeste brasileiro. Levando uma boiada, quando se juntam cinco, sete, dez, vinte vaqueiros, num concerto de aboio em tons e semitons, dá-se um espetáculo de rara beleza, onde cada vaqueiro aboia em solo. Quando um acaba de cantar, outro já se lhe segue e assim sucessivamente. Há, contudo, vaqueiros que atravessam; não esperam o companheiro acabar o canto e entram desafinados quebrando o ritmo. Contudo, a vida de vaqueiros sempre foi muito sofrida desde os vastos primórdios; mal remunerada e trabalha em estado de semiescravidão. Hoje, século XXI, este vaqueiro não existe mais; foi expulso do sertão. Os tempos são outros. O cerrado e a caatinga devastados. A criação de gado não mais se dá em campos extensos, veredas e veredões. O gado é criado em compartimentos fechados, estanques ou confinado. Embora não admitam, os maiores culpados pela devastação do cerrado e o êxodo do vaqueiro para as periferias das cidades são os agronegócios e a extração do carvão vegetal”.

(Texto pesquisado no livro- Rio São Francisco Vapores & Vapozeiros, de Domingos Diniz, Ivan Passos Mota e Mariângela Diniz)

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************* Glossário: Boi barbatão – boi brabo criado sozinho no mato. Lundú – batuque ou dança africana sensual. Roda de carneiro – o par vai para o centro da roda, bate forte o pé e simula uma marrada de carneiro. Sedém - Cinta utilizada em rodeios que, passada na altura da virilha do animal, tem a finalidade de estimulá-lo.

Como citar: COSTA, R.L.S. Vaqueiro do Sertão. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.59, p. 21-24, set. 2016. Edição nº 59 – Setembro/2016

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De frente com o terror noturno

Quando o extinto protetor de mãe aflora, e querendo tirar o filho do perigo, não consegue. A agonia de vê-lo gritando por ajuda, mas, impotente você não sabe o que fazer. Realmente pode salvá-lo? O que pode fazer? O que não deve? Esse é o mundo do terror noturno... A criança após um dia cansativo, ao sentir o conforto do colchão sobre suas costas, lentamente, mas de modo gradual, não percebe o fechamento dos olhos. A mãe também cansada, ao sentir a sensação de que poderia haver mais uma crise, arregala a pupila para não adormecer. A iluminação e a proteção externa não salva ninguém, que interiormente está vendo, nada além de breu e solidão. Mesmo com o quarto todo iluminado e atenção dela redobrada sobre ele. Do silêncio nasce o grito. Da tranquilidade o desespero. Do sorriso o choro. A criança grita, chora, implora por alguém. Ela também grita, chora e implora para que ele a perceba. Filho e mãe, mãe e filho. Em um mesmo espaço, mas não na mesma atmosfera. A criança não acorda do terror, e ela não dorme sossegada. É o tempo de terror noturno!

Sobre o autor:

Wilker Santos é formado em Letras, Professor Voluntário na Rede Emancipa. Redator, blogueiro e um apaixonado pelo mundo da comunicação.

Facebook: https://www.facebook.com/wilker.santos.90038 Blog: https://adriwilblog.wordpress.com/ E-mail: adriwilca@gmail.com

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