DINÂMICAS #0

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E S C O L A A RT Í S T I C A D E S OA R E S D O S R E I S


FICHA TÉCNICA

DINÂMICAS | MAGAZINE DE DESIGN DE PRODUTO PUBLICAÇÃO SEMESTRAL COORDENAÇÃO: ARTUR GONÇALVES, MARTA CRUZ, MICAELA REIS COLABORAÇÃO NESTA EDIÇÃO ALBERTO TEIXEIRA, ARTUR GONÇALVES, DÍDIMO VIEIRA, JOÃO PAULO PIMENTEL, JOSÉ AMORIM, JOSÉ ANTÓNIO GUIMARÃES, LAURINDA BRANCO, MADALENA MENESES, MARIA DA LUZ ROSMANINHO, MARIANA RÊGO, MARTA CRUZ, MÉCIA SOARES, MICAELA REIS, SUSANA AFONSO, SUSANA BARBOSA E OS ALUNOS ANA RITA SILVA, BEATRIZ FILIPE, CARLOS VEIGA, CÁTIA CARVALHO, GABRIELA COIMBRA, INÊS OLIVEIRA, JOANA FERREIRA, JOANA RIBEIRO, JOSÉ PEDRO SILVA, JULIANA CAMPOS, MARIANA GILSANZ, PATRÍCIA REIS, VASCO TUDELA. PRODUÇÃO GRÁFICA/ EDIÇÃO DIGITAL: MARTA CRUZ, MICAELA REIS CONTATO EDITORIAL: dinamicas@essr.net PROPRIEDADE: ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS RUA MAJOR DAVID MAGNO, 139 | 4000-191 PORTO TEL. +351 22 537 10 10


ALBERTO TEIXEIRA

DIRETOR DA ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

O PRODUTO DUM DESIGN Dar a conhecer é uma tarefa ingrata. Qualquer coisa é sempre muito mais do que aquilo que se dá a mostrar. Ou seja, conhecer é caminhar “para” sem nunca lá chegar. Será então que a tarefa de “dar a conhecer” é decepcionante? Muito pelo contrário! Em primeiro lugar é um desafio, depois é inesgotável e no fim de contas é polémica. Três dos melhores ingredientes para o sucesso de qualquer atividade construtiva. Antes que nos julguem, julguemos-nos a nós próprios. Antes que nos definam, definamos-nos a nós próprios. Antes que nos conheçam, conheçamo-nos a nós próprios. Não temamos as críticas. Aprendamos com elas. Tomemo-las como naturais e resultantes do ato de conhecer e dar a conhecer. Design é uma palavra recente mas cada vez mais emergente em áreas menos esperadas. Design é uma mescla de projeto, investigação, plano, organização, estruturação, decisão e no fim julgamento, crítica, avaliação. Ingredientes sempre presentes em qualquer ato humano que dê nascimento a uma obra. No fim de contas o que custa é começar e se tomarmos o lançamento desta revista, com este formato, como o começo, então o principal está feito. Abriu-se uma porta. Entrem por favor, estão todos convidados.

DINÂMICAS _ MAGAZINE DE DESIGN DE PRODUTO _ NÚMERO 0

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ED I TO RI A L

editorial PLATAFORMA DE COMUNICAÇÂO

(mais ou menos)

Chegou o momento em que se reúnem as condições ne-

profissionais afins, que terão uma participação especial,

cessárias para a publicação de um magazine digital de

mas também se deverá afirmar como elo de ligação com

Design de Produto da Escola Artística Soares dos Reis.

as escolas e instituições com as quais temos parcerias

O crescimento desta área do design na escola expres-

e intercâmbios.

sa-se pela qualidade do trabalho multifacetado que vem sendo realizado por alunos e professores. Há uma

Como recurso fundamental para o êxito desta iniciati-

conjuntura de estabilidade que proporciona um ponto

va contamos com o envolvimento dos professores e

de apoio para a contínua e fundamentada renovação e

alunos que, na escola, estão ligados de algum modo

sedimentação da experiência e do conhecimento que

ao universo Design de Produto e às áreas artísticas e

desse trabalho emana. Com esta nova plataforma abre-

tecnológicas que com ele fazem fronteira. Reafirmamos

-se um canal de comunicação, alicerçado nas grandes

que temos como medida do valor deste magazine a sua

finalidades do Projeto Educativo de Escola, que se pre-

capacidade de motivar na comunidade a produção de

tende implantar na vida do curso e da escola, e cujo

novos contributos e a sua reprodução num sentido for-

horizonte se deverá prolongar no futuro.

mativo

Olhando para o panorama das publicações periódicas

A tecnologia de produção digital e as ferramentas de

das áreas artísticas verificamos que há uma importante

divulgação via internet viabilizam aquilo que, nos con-

tradição de publicações periódicas de design e arqui-

textos tecnológicos do passado, só se alcançaria com

tetura que oferecem ao público informação atualizada

estruturas e custos muito significativos. Tal como um la-

e colocam em comunicação os designers, o público, as

boratório, o magazine é, na era das tecnologias de in-

empresas e os críticos. Será este tipo de comunicação

formação, mais uma experiência em que se analisam,

que se pretende fomentar.

testam e investigam as fronteiras de uma informação

O público-alvo deste magazine será toda a comunidade

aberta e de intervenção cívica, e mais um contributo

escolar, especialmente os alunos das várias áreas do

para uma cultura verdadeiramente democrática.

Design, sem esquecer o 10º ano comum e os cursos


ARTUR GONÇALVES

DIRETOR DE CURSO DE DESIGN DE PRODUTO PROFESSOR DE PROJETO CURSO DE DESIGN DE PRODUTO DA EASR

Cada edição será uma síntese de conteúdos que representem o genuíno pulsar do trabalho que se

A

este

magazine

foi

realiza na escola e das interações que se estabe-

atribuído o título “DINÂMICAS”. São

lecem com o vasto mundo do design. Na genuini-

bem conhecidas as aplicações desta

dade desta síntese estará a sua intemporalidade

palavra em disciplinas científicas como a

e valor documental.

Física, Sociologia e Economia nas quais se me-

Tendo em conta o exposto, a natureza da comu-

bém nas Artes Visuais e na Música se recorre a

leve e cativante sem perder o rigor e a qualidade formativa, e manter-se aberta aos movimentos e correntes de opinião que se desenvolvem no meio do Design, balizando-se pelos objetivos gerais que se seguem: • Desenvolver a cultura do Design na EASR; • Divulgar o trabalho realizado no âmbito do Design de Produto na escola e na comunidade; • Promover a inovação e o desenvolvimento de

VISÃO E INTERVENÇÃO

nicação e da informação a veicular terá que ser

dem e quantificam os movimentos de algo. Tameste conceito para expressar o nível de energia entre os elementos em presença no espaço e no tempo. Sendo uma palavra com origem no grego antigo, que se perpetuou em todos os idiomas latinos, germânicos e eslavos, abre-nos uma via para expressar, na declinação da língua portuguesa, um sentido de intercâmbio que, partindo do contexto interno, de escola, se expande para o externo, a cidade e, no limite, o mundo… No grego antigo os vocábulos com esta raiz significavam “poder” e “força”. Neste magazine de Design de Produto essa “força” e esse “poder” estarão nas id-

projetos formativos e de intercâmbio com outras

eias, nas propostas de intervenção, na criação de

escolas e instituições;

artefactos e de serviços que sejam instrumentos

• Fomentar a partilha de informação de natureza

eficientes, que estimulem a reação às adversi-

artística e científica entre áreas, especializações

dades e que, ao mesmo tempo, celebrem sim-

e tecnologias.

plesmente o gosto pela vida e pela beleza.

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ÍN DI CE

ÍNDICE 3

O PRODUTO DUM DESIGN - ALBERTO TEIXEIRA

4-5

EDITORIAL - ARTUR GOLÇALVES

6-7

INDICE

PERCURSOS

8-9

3 MIL ANOS OU QUE APRENDI NA SOARES - JOSÉ PEDRO SILVA

10-13

ESPELHO ÁLVARO - SUSANA AFONSO

14-15

OBJETOS RISÍVEIS | FERNANDO BRÍZIO - SUSANA GAUDÊNCIO

REFELEXÃO

16-17

A FUNÇÃO DA ESTÉTICA NO DESIGN - LAURINDA BRANCO

TECNOLOGIAS

18-19

ENTREVISTA A ADOLFO VILAS BOAS - MÉCIA SOARES

20-21

UMA ARTE (QUASE) EM EXTINÇÃO - DÍDIMO VIEIRA

22-25

A INDÚSTRIA TÊXTIL E DO VESTUÁRIO - MARIANA RÊGO

26-27

ESCULTOR CERÂMICO MÁRIO FERREIRA DA SILVA

28-29

JOALHARIA VERSUS PATRIMÓNIO CULTURAL - MADALENA MENESES


PROJETO

30-32 33

INDIVISO - JOANA RIBEIRO GRAFISMOS - CARLOS VEIGA

34-35

REMODELAÇÃO DO QUARTO - CÁTIA CARVALHO

36-37

OBJETO ESPECIAL- CÁTIA CARVALHO

38-39

REMODELAÇÃO DO QUARTO - MARIANA GILSANZ

40-41

ARRUMANTE - VASCO TUDELA

42-43

REVESTIMENTO CERÂMICO - INÊS OLIVEIRA

44-45

ESTAMPARIA - JULIANA CAMPOS

46-49

POLTRONA RED AND BLUE | GERRIT RIELTELD - JOANA FERREIRA

50

A CIDADE E AS MARCAS DO TEMPO - SOFIA SILVA

51

A CIDADE E AS MARCAS DO TEMPO - PATRÍCIA REIS

52-55

DESIGN DE MODA - TRABALHOS FIM DE CURSO

SUGESTÃO DE LEITURA

56-57

MANEIRA DE PENSAR O DESIGN - ARTUR GONÇALVES

BREVES

58

O PRODUTO DOS PRODUTOS - JOSÉ AMORIM SOUSA

59

DESIGN E GARGALHADAS - JOÃO PAULO PIMENTEL 7


mil anos 3 JOSÉ PEDRO SILVA

OU

o que aprendi na soares

Cheguei à Soares num dia de chuva em que o sol brilhava radioso no céu nublado, uma manhã límpida de nevoeiro cerrado, em que um vento parado, frio e húmido de deserto nos aquecia os ossos. Acho eu. Cheguei à Soares como quem chega a uma casa acabada de comprar, que apesar de ainda não nos pertencer sabemos que já lhe pertencemos. Acho eu. Cheguei à Soares como um miúdo no meio de mais trezentos e tal miúdos como eu, com a mesma vontade de estudar artes e com o mesmo sonho de um dia vir a poder dizer “hoje sou artista”. Acho eu. Cheguei à Soares. Isto, eu sei.

Cada ano nesta casa valeu por mil. E o que se pode

partilha de sabedoria e experiência. Aprendi a respirar

fazer em três mil anos de vida e aprendizagens e pro-

e a aproveitar o que a vida me dá. Do vidro sujo de po-

jetos e sonhos e choros e risos e amores e desamores!

eira posso fazer folha, dos chapéus que já não se fazem

Os primeiros mil passei-os numa fábrica de chapéus,

posso fazer projetos e da fábrica posso fazer mundo.

todos nós chapeleiros loucos – como dizia Lewis Carrol,

Ah, e aprendi que não há tempo, nunca há tempo por-

somos todos um pouco doidos, certo? – a aprender que

que o tempo é uma abstração circular.

cada um tem uma visão, e é válida, não há conceitos infundamentados, não há opiniões vazias, não há realiza-

Aprender a esquecer o tempo para cumprir prazos.

ções ocas, não há estéticas vagas. Aprendi que posso

Aprendi que somos mais transpirados que inspirados e

desenvolver a minha visão e desenvolvi-a e agora estou

que é mesmo assim, a cheirar a pó e a tinta e a suor e

a escrever e a desenvolvê-la, e agora alguém me está

a noites em claro de tempo esquecido, que somos mais

a ler e estou a desenvolvê-la mas quem me lê também

verdadeiros e mais essenciais. E isto foram os primeiros

está a desenvolver a sua própria visão, e também apren-

mil anos.

di isto. Aprendi que nos construímos pela interação, não somos mentes isoladas. Aprendi que pelos outros cres-

Os mil anos seguintes começaram com a mudança. A

cemos e por nós crescem os outros, e todos juntos em

fábrica não fabrica mais, as chaminés deixaram de fu-


JOSÉ PEDRO SILVA EX-ALUNO DA EASR

2007_2010 EASR CURSO DE DESIGN PRODUTO _ ESPECIALIZAÇÃO JOALHARIA 2010_ FACULDADE DE ARQUITETURA DA UNIVERSIDADE DO PORTO

mar. E com a casa às costas e a mágoa na alma mu-

miúdo como tantos outros, era agora este miúdo que um

dámo-nos, com a terrível conotação de pertencermos

dia vai querer dizer “hoje sou artista”. Para já não quero,

à última geração de chapeleiros. Aprendi assim que

quero dizer só que hoje, ah!, hoje sou aprendiz. Aprendi

a dor pode ser a mais libertadora e maravilhosa das

que posso vencer batalhas, que posso sobrepor-me às

sensações. E aprendi que tinha um passado relevante

contrariedades do tempo, esse que não pára de correr

porque partilhado, mas ainda assim tão meu que era

e não e que eu já sei como esquecer, que posso querer

impossível que mais alguém lá estivesse. E foi nestes

ter uma opinião e que tenho direito a ter uma opinião. E

mil anos que descobri os outros. Aprendi a ser sensível

aprendi que não há vergonha em mudar de opinião.

à criação, mas a ser crítico também. Aprendi a olhar a obra de outros e a tentar avaliá-la (alguém conseguirá

Aprendi a analisar. Aprendi a captar todos os instantes,

perceber a obra de outro, sem ter vivido e vivenciado o

cada tremer de mão, cada pestanejar, cada movimento

mesmo?). E aprendi que se aprende mais com quadros

da respiração. Aprendi a recriar e aprendi uma lingua-

e edifícios e esculturas e teatros e dança e música que

gem própria, aprendi a aceitar as linguagens dos outros

nos manuais, aprendi a necessidade que o Homem tem

e a discordar. E a aprendi a ser. E isto foram os últimos

de se exprimir, de se criar e recriar continuamente, de

mil anos.

se desdobrar em múltiplos planos. O Homem é a obra cubista por excelência. Aprendi que um ponto pode ser dinâmico. Aprendi a esboçar e a concretizar, a escrever, a descrever e a deixar sair a alma pelos dedos, em le-

Por fim já nem reparava se era fábrica se era

tras e traços. Sobretudo em traço, que as letras também

o “novo edifício”, que nome horrível, “novo

são traços. Aprendi a liberdade da criação. Aprendi a

edifício”, impessoal, frio, vazio de toda a

saber ser livre. E isto foram os segundos mil anos.

magia que “a fábrica” é capaz. Aprendi a

Por fim já nem reparava se era fábrica se era o “novo edifício”, que nome horrível, “novo edifício”, impessoal, frio, vazio de toda a magia que “a fábrica” é capaz. Apren-

desprender-me dos outros, e aprendi que tinha de me aprender. Em mil anos fui meu, e vi-me por dentro e percebi que tinha mudado.

di a desprender-me dos outros, e aprendi que tinha de

Aprendi que já não era um miúdo como tantos

me aprender. Em mil anos fui meu, e vi-me por dentro e

outros, era agora este miúdo que um dia vai

percebi que tinha mudado. Aprendi que já não era um

querer dizer “hoje sou artista”.

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SUSANA AFONSO

PROFESSORA DE PROJETO CURSO DE DESIGN DE PRODUTO DA EASR

espelho

Álvaro

Existem objetos que cumprem um papel meramente funcional. Out-

Nada melhor que os esboços do autor e

ros há que extravasam este domínio e se assumem como objetos

o maravilhoso texto de Mário Botta para o

de vida. Mais do que no domínio do simbólico estão ligados aos

definirem.

nossos afectos. O espelho do Arquiteto Siza é um destes exemplos, faz parte do

Resta-me agradecer ao atelier do Ar-

meu percurso de vida. Tem absorvido, ao longo da nossa existência

quiteto Siza Vieira na pessoa da Arquiteta

em comum, os meus medos e angústias e tem-me refletido as min-

Chiara Porcu a disponibilização destes

has alegrias e sucessos.

elementos.

Límpido, puro, sem ornamentos nem pretensões. Um quadrado

Susana Afonso

chanfrado e uma linha que o abraça e segura. Pura poesia.

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Este espelho estava entre os objectos, os esquiços e

por alguém durante a montagem.

as fotografias da sua grande exposição no Padiglione di Arte Contemporanea. Siza estava num canto da sala

Pedi a Siza um destes espelhos. Penso que, neste ob-

com alguns amigos. Mais de um milhar de convidados

jeto, se encontra facilmente a ideia e a síntese do seu

da Milano-bene tinham vindo para uma vernissage com

trabalho. Vejo neste espelho o reflexo de toda a deter-

peles, projetores de televisão, belas mulheres, homens

minação e vontade de fazer testemunho da sua procu-

da moda, da cultura e da política. E todos passeavam,

ra. Nele encontramos a humildade e poesia da sua ar-

discutiam e comentavam.

quitetura. Creio que é possível, simples, fácil e evidente falar de Siza através deste objeto.

Poucos, muito poucos se aperceberam da presença, tímida, de Álvaro Siza.

Um espelho é um objeto criado para o homem. Siza

Poucos, muito poucos, notaram a presença deste espel-

pega num vidro inclinado, corta-o, agarra--o num ângulo

ho. Os poucos que o fizeram, interrogavam-se se aquele

com um arame curvo até o tornar elemento de apoio.

objeto faria parte da exposição, ou se seria esquecido

Tudo é tão simples e natural, que se torna ma-ravilhoso.


SUSANA AFONSO

PROFESSORA DE PROJETO CURSO DE DESIGN DE PRODUTO DA EASR

Espelho Álvaro, 1975 Espelho e latão cromado

Para responder à lei do mercado, deveria ser executado Tudo é indispensável. Indispensável o vidro inclinado,

em prata ou ouro, adquirindo assim hipóteses de resistir

indispensável o corte no canto, indispensável o arame,

à lei do consumismo.

indispensável o apoio e a inteligência do apoio, indispensável a resistência do arame, indispensável a cur-

É um objecto de um raro saber construtivo.

vatura do arame, indispensável, enfim, para o homem, a poesia desta síntese.

Penso que é um pouco a arquitetura de Álvaro Siza, por vezes tão simples e essencial que pode parecer banal.

Pensemos um instante, no que poderia resultar semel-

Pelo contrário penso, que ela é simples e essencial como

hante objeto, desenhado por um desig-ner de moda.

o milagre da obra poética.

Deixo-vos a imaginar...

Este espelho desenhado por Siza, é demasiado sintético e essencial para o mercado. É um objeto que não pode

ser produzido e vendido, por ser demasiado barato.

Mário Botta Novembro 1980

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Fernando

por em

“Color Hanger”

objetos risíveis Susana Gaudêncio

“Fernando Brízio Desenho Habitado” EXD’11 Lisboa

A peça “Color Hanger” de Fernando Brízio foi apresentada no âmbito da exposição Sótão na Galeria Marz e fez parte do programa Tangencial da Bienal EXD’09. A exposição apresentava alguns protótipos inéditos do designer com o intuito de investigar a ideia de projeto e as narrativas do processo criativo em detrimento de um resultado final.

pela prestidigitação ou até pela ficção, e encontra-se latente na estrutura conceptual da sua obra. Vilém Flusser, afirma que “o design é um dos métodos para conferir forma à matéria e fazê-la aparecer assim e não de outra forma”. “Color Hanger” utiliza a metáfora da transformação para desafiar as leis da física e da explicação racional.

Utilizando um método de sinterização seletiva por laser, Brízio solidifica a tinta que sai do tubo e desenha um cabide. Este fenómeno criou uma alteração na estrutura microscópica do elemento base, a tinta, tendo como finalidade obter uma peça sólida coerente, o cabide. Esta ideia de transformação da matéria, espelha um modus operandi análogo aos sistematizados pela alquimia,

É através desta inversão muito especial do sentido comum das coisas que conseguimos encontrar o absurdo cómico nos objetos de Brízio, e que consiste em aspirar a construir as coisas sobre uma ideia que se tem e não a construir as ideias sobre as coisas, e ver perante nós aquilo em que se pensa, em vez de se pensar aquilo que se vê.


Brízio

“Furo”

“HB Drawing Shelf”

é licenciado em Design de Produto (1996) pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, cidade onde vive e trabalha. Desde então, tem desenvolvido objetos produzidos industrialmente bem como séries limitadas artesanais, a par de exposições, cenários e espaços interiores e exteriores para empresas e entidades como Droog, Schreder, Torino World Design Capital, experimentadesign, Câmara Municipal de Lisboa, II Coccio, Cor Unum, Fábrica Rafael Bordallo Pinheiro, Galerie Kreo e o coreógrafo Rui Horta. Professor e coordenador do Mestrado em Design Industrial da ESAD.CR, Fernando leccionou na ECAU… École Cantonal d’Art de Lausanne e na HfG em Karlsruhe, participando em inúmeras conferências e júris em Portugal bem como no estrangeiro. Exibido e publicado internacionalmente, os seus trabalhos integram a coleção permanente do MUDE - Museu do Design e da Moda em Lisboa, bem como várias coleções particulares.

No seu processo criativo, a realidade curva-se diante da imaginação. O designer faz uso de alterações semióticas intencionais, apoia-se no espírito da piada, para provocar o cómico de carácter subversivo perante o mundo industrializado. À semelhança das metodologias de ensino da Bauhaus, que encorajavam os alunos a experimentar de uma forma lúdica, e até pensar como crianças, também Fernando Brízio recusa uma seriedade funcionalista do design através de estratégias humorísticas. Este processo criativo existe associado a uma aprovação do erro como sua parte integrante, conferindo-lhe um mérito determinante na definição da experiência humana e que se fun-

damenta num atuar sem constrangimentos, produzindo com liberdade de ação, entre a tentativa e o erro. [...] O seu método de trabalho é animado por um espírito lúdico, curioso, de quem se emociona com as coisas, seja no atelier, o sítio onde Brízio guarda o motor do seu processo de transformação do mundo, laboratório de experimentação, casa, arquivo, oficina onde constrói um território quotidiano alternativo, ou nas ruas, onde observa com olhar crítico e emocional a experiência humana, na perspetiva de quem quer transportar essa mesma reação sensível e cognitiva para os objetos.

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REFLE X Ã O

Hora X, o primeiro objecto de design projectado por Bruno Munari, 1945

Será relevante a existência de uma especialização de

sirva sobretudo para repensar os métodos de ensino

Joalharia no Curso de Design de Produto? Para tentar

adoptados nas escolas de arte, que lentamente se vêm

dar resposta a esta questão, tantas vezes levantada, fui

transformando em escolas de design. Esta última cons-

procurar algumas lições, relendo o “Artista e Designer”

tatação poderá ser uma inevitabilidade porque, apesar

de Bruno Munari, mentor da metodologia de projecto

do pós-modernismo nos ter encaminhado para formas

que sugiro na minha prática lectiva de projecto de Jo-

de individualismo, a verdade é que a resposta às neces-

alharia.

sidades do conjunto dos cidadãos, do bem comum e da qualidade de vida, é ainda uma constante proposta dos

Nesta sua reflexão, Munari diz-nos que é bem possí-

nossos tempos, e estes constituem também problemas

vel que o equívoco (artista e/ou designer) tenha tido a

para os designers.

sua origem no facto de, na primeira escola de design, a famosa Bauhaus, …, os professores serem maiorita-

Ora, segundo Munari, o designer é um projectista dota-

riamente arquitectos, pintores e escultores. Mas o certo

do de sentido estético, que trabalha para a comunidade.

é que deles nasceu um novo tipo de operador estético:

O seu objectivo é de tentar produzir industrialmente, da

o designer. Munari questiona ainda: o que é que o artis-

melhor forma possível, objectos vulgares de uso corren-

ta alterou no seu modo de trabalhar para se tornar de-

te e a forma final dos seus trabalhos é o resultado lógico

signer? E o que há ainda de artístico no design? Como

de um projecto, que se propõe resolver de forma optimi-

trabalha um e outro? (...); creio que uma tal abordagem

zada, todos os aspectos do problema de projecto. Para


LAURINDA BRANCO

PROFESSORA DE PROJETO CURSO DE DESIGN DE PRODUTO DA EASR

"[...]Ora, segundo Munari, o designer é um projetista dotado de sentido estético, que trabalha para a comunidade.[...]"

isso, escolhe as matérias mais convenientes, as técni-

Quando o designer projecta um objecto com função

cas mais adequadas, testa as possibilidades, considera

estética, fá-lo de modo a que o principio que preside

a componente psicológica, o custo e todas as funções. Por isto o designer não trabalha sózinho mas em equipa interdisciplinar de competências, utilizando assim um método que lhe permite fazer face aos problemas de projecto.

à sua criação seja claro ao espectador/utilizador e que lhe permita descobrir, através do objecto, toda uma série de situações estéticas que enriquecem a sua possibilidade de conhecimento dos fenómenos. A preocupação do designer que concebe objectos

A Joalharia, pelo seu carácter de adorno, quase mera

apenas com função estética é fazer uma arte para

função estética, pode parecer desenquadrado do con-

ser consumida como o pão, dia-a-dia, como se

texto do design de produto, mas se considerarmos,

de alimento cultural se tratasse. E esta arte pode,

como o faz Jan Mukarovsky, que a função estética é mui-

assim, ser administrada em pequenas doses, por

to mais do que um simples adorno aposto à superfície das coisas e do mundo, e que tem uma acção profunda

meio de ob jectos de uso quotidiano.

na vida da sociedade e do indivíduo, com o mundo que o rodeia, então a função estética é também aqui um problema de design.

Garfos, Bruno Munari

17


T ECNO LO G I A S

Entre

vista Adolfo

Vilas Boas, nascido a 1953, natural do Porto. Entre

1983 e 2008, foi professor da área de Ourivesaria/Cinzelagem, na Escola Artística Soares dos Reis, na qual foi aluno. Mécia Soares – Há quantos anos está ligado à prática

cola participou.

da cinzelagem? Como aprendeu esta técnica? A.Vilas Boas - Oficialmente, trabalho na área desde os

M.S. - Sente que os jovens estudantes de uma escola

14 anos de idade. Há 44 anos, portanto. Mas aprendi

como a EASR aderem bem a esta tecnologia?

mais cedo, ainda criança. É uma tradição de família. O

V.B. – Sem dúvida. Os alunos que há uns anos eram

meu pai tinha um pequeno atelier em casa, no qual tra-

selecionados para entrar na EASR, preferencialmente

balhava. Eu adormecia ao som da maceta no cinzel.

queriam o curso de Artes Visuais, mas com a média

Fui aluno na EASR de 1967 a 1973. Fui trabalhador-es-

que tinham acabavam por ser selecionados para outros

tudante. Todo o meu percurso escolar, nesta fase, foi feito

cursos. Assim acontecia com a ourivesaria. No entanto,

à noite. De dia trabalhava numa oficina de cinzelagem.

muitos deles, depois de experimentarem esta área, tor-

Frequentei o curso de “Aperfeiçoamento de Ourivesaria/

naram-se os melhores alunos.

cinzelador”, regulado pelo decreto-lei 37-029, que dava

Grande parte dos meus alunos, estão a traba-lhar na

habilitação para lecionar. Tive alguns bons professores,

área da ourivesaria e muitos são empresários de suc-

entre os quais o professor Joaquim Meireles, na parte

esso na indústria da ourivesaria.

oficinal e o professor Isolino Vaz na parte de Projeto e História de Arte. Quando entrei como professor para

M.S. – Na sua profissão, que tipo de trabalhos mais gos-

EASR fui substituir o professor Meireles.

ta de produzir e porquê? V.B. - Gosto de trabalhar em todo o tipo de peças. Mas

M.S. - Lecionou durante 25 anos na EASR. O que mais

uma peça que tem um design original é, sem dúvida,

lhe apraz recordar dessa experiência?

mais aliciante.

V.B.- Quando, em 1983, entrei para a EASR, respondendo a um anúncio, fui substituir, precisamente o professor

M.S. - O que considera importante/necessário para se

Joaquim Meireles. Durante o período no qual lecionei

ser um bom cinzelador?

(1983 a 2008), recordo a excelente convivência e inter-

V.B. - Força de vontade, empenho, dedicação e princi-

ação com os alunos. A alegria e satisfação dos prémios

palmente gosto pelo trabalho.

que os alunos recebiam nos concursos nos quais a es-


MÉCIA SOARES

PROFESSORA DE METAIS CURSO DE DESIGN DE PRODUTO DA EASR

M.S. - Que futuro prevê para a prática da cinzelagem?

mais forte. Tenho cinzelado em peças únicas, que são

V.B. - Prevejo que num futuro, não muito afastado, quem

moldes, cujo objetivo é a produção em série. Mas é

for ourives e tiver qualidade, se investir no design das

claro que o que é feito à mão é reconhecido, tendo mais

peças, vai vencer. Neste momento, há poucas oficinas

valor. Distingue-se bem a diferença do que é executado

com cinzeladores a trabalhar. Esta é uma área que, com

manualmente e do que é feito em estampagem ou por

a crise atual, estagnou. Os antigos profissionais refor-

fundição.

maram-se. Existem poucas empresas no ativo, com-

Todo o trabalho tem um cliente que cada vez é mais exi-

parativamente com um passado não muito longínquo.

gente, quanto à qualidade do trabalho. Regista-se cada

Neste momento todas as peças que sejam originais têm

vez mais maior procura da originalidade.

procura. Daí o design destas ser tão importante, assim como o desenho. O desenho é o principal instrumento de trabalho nesta área. Praticamente todo o trabalho que faço é exportado para os Estados Unidos. Neste momento é o mercado

19


T ECNO LO G I A S

Após a mudança de instalações da Escola Artística So-

Uma vez que não seria possível resolver esta questão

ares dos Reis foi redescoberto um importante espólio,

pelos métodos que me foram transmitidos e também

que outrora havia sido utilizado e que com o passar dos

pelos métodos que existem atualmente, estabeleci con-

tempos foi ficando acumulado em vários locais mais re-

tacto com várias oficinas de execução de mobiliário de

cônditos, sendo apenas do conhecimento dos mais an-

estilo, no sentido de procurar uma solução.

tigos membros da escola. Informaram-me desconhecer quem poderia executar as Em virtude da Componente Não Lectiva e, dentro da mi-

peças de que necessitava e que seria bastante difícil

nha área tecnológica – Madeiras - decidi recuperar e

encontrar alguém que não só o soubesse fazer mas que

reabilitar o antigo mobiliário da escola.

também tivesse capacidades para o fazer.

De todos os desafios que me foram surgindo deparei-

Claramente, hoje em dia, contamos com a evolução tec-

-me com o problema da execução dos torcidos das

nológica para praticamente tudo, esquecendo peque-

trempes das cadeiras que tinha para restaurar.

nos casos especiais, tal como este.

TÉCNICA DOS TORCIDOS

1

2

3

Após a marcação das distâncias com o compasso é feito o corte com o serrote.

Utilização da enchó para a abertura dos torcidos.

Continuação da abertura com o auxílio do formão.


DÍDIMO VIEIRA

PROFESSOR DE MADEIRAS CURSO DE DESIGN DE PRODUTO DA EASR

[...] “De todos os desafios que me foram surgindo deparei-me com o problema da execução dos torcidos das trempes das cadeiras que tinha para restaurar.” [...] “Finalmente, por mero acaso, indicaram-me uma oficina de um torneiro, contudo este há já vários anos que não se encontrava em actividade devido à sua idade.” [...]

Apesar de existirem máquinas aptas para executar os

plicar o porquê da minha visita e o meu papel para com

torcidos num torno, estas apenas estão programadas

a escola, este recorreu a todo o seu saber e experiência

para um serviço em série, não se adaptando às diferen-

como velho artesão que era na arte de torneiro para re-

tes distâncias dos torcidos em questão.

alizar os torcidos pretendidos e transmitir-me esta estranha, interessante e em extinção arte.

Assim, continuando à procura da solução e já depois de ter consultado sem êxito vários sites na internet, o

Foi, também, graças à minha vontade de vir a imple-

problema da distância dos torcidos perdurava.

mentar práticas pedagógicas e artísticas com o objectivo de que este estilo antigo e manual de tornear chegas-

Finalmente, por mero acaso, indicaram-me uma oficina

se uma camada etária mais jovem, não se extinguindo,

de um torneiro, contudo este há já vários anos que não

precisamente pela sua falta de reconhecimento, que o

se encontrava em atividade devido à sua idade.

Sr. Reis, de setenta e seis anos se disponibilizou para, de certa forma, deixar o seu legado.

Não desistindo, desloquei-me à oficina e após uma afável e longa conversa com o Sr. Reis, que passou por ex-

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5

6

Utilização das grosas para dar forma à peça.

Aperfeiçoamento da peça com raspador.

Conclusão da peça usando a lixa fina para um melhor acabamento.

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T ECNO LO G I A S

A ITV portuguesa já interiorizou que o caminho da ino-

princípios científicos, informação técnica e imaginação

vação a seguir tem de passar pela tecnologia - têxteis

na definição de uma estrutura mecânica ou sistema, de

técnicos e funcionais, têxteis do futuro – em articulação

forma a desempenhar funções, previamente especifi-

e comunhão com a moda, com as marcas, com a logís-

cadas, com o máximo de economia e eficiência. O co-

tica, exigindo uma gestão complexa e renovada a todo

nhecimento da tecnologia dos tecidos (Sónia, 2010) é

o momento. Segundo Mário de Araújo (2000), a compe-

essencial para a concretização de um projeto de design

titividade na ITV passa por aumentar o número de mer-

de moda e têxtil, atendendo a que existem vários pa-

cados e de aplicações para os seus produtos, o que faz

râmetros que condicionam o desempenho dos tecidos

do desenvolvimento do design a chave para a inovação

relativamente à função e utilidade para as quais foram

em termos de produtos, processos e tecnologias.

projetados e produzidos.

Existe já, nas tecnologias têxteis, um elevado número

A aplicação destes tecidos abrange já diferentes seg-

de estruturas a serem utilizadas no vestuário e em têx-

mentações que incorporam gamas de produtos diferen-

teis-lar. O desenvolvimento de tecidos, por exemplo, de

ciados (Daniel Agis, 2010) tais como têxtil-lar (banho,

acordo com Mário de Araújo (1995), é o resultado de

cama e mesa, todas as componentes do “estar”, de


MARIANA RÊGO

PROFESSORA DE TÊXTEIS CURSO DE DESIGN DE PRODUTO DA EASR

A indústria têxtil e do vestuário (ITV) “é das indústrias mais inovadoras que existem, pois dela exige-se uma permanente criatividade quer nas coleções quer na apresentação de novos materiais e novas funcionalidades.” (Paulo Vaz, 2000)

esferas tão díspares quanto decorativas ou de conforto),

Atualmente, as microfibras (Sarah Clarke, 2007) são pro-

e têxteis técnicos (fornecendo produtos tão complexos

jetadas com a inclusão de substâncias suspensas em

quanto podem ser um automóvel, um avião e, ainda, apli-

pequenas bolhas, que são gradualmente libertadas. As

cações na área da saúde). A própria roupa diversificou e

microcápsulas são ocas e podem conter uma vasta gama

segmentou, por razões de índole técnica (trabalhador da

de produtos, incluindo remédios, vitaminas, bloqueado-

indústria, piloto de fórmula um, desporto…..), de índole

res de raios ultravioletas, agentes antibacterianos, antimi-

social (médico, enfermeiro …), de índole física (roupa de

crobiais, repelentes de insetos, hidratantes, óleos essen-

verão, roupa de inverno ….), como, de índole estética,

ciais e perfumes. Estes “ingredientes”, invisíveis a olho

seguindo as tendências de moda ditadas por um cada

nu, têm um efeito imediato.

vez maior número de produtores e de prescritores. As fibras óticas têm também gerado bastante interesse Em função das diferentes utilizações dadas ao produto

na ITV. Originalmente, eram usadas no setor da comuni-

final e das exigências destas utilizações, multiplicaram-

cação, como fontes de luz de estado sólido, como o raio

-se os tipos de tecidos e as especificações técnicas dos

laser e led. No momento, várias empresas têxteis inves-

mesmos.

tigam o potencial da fibra ótica e a sua aplicação no ITV.

23


T ECNO LO G I A S

(continuação)

LEDBAG

A LedBag, criada pela Designer Maria Roza Szczepanska, é uma bolsa que ilumina quando se abre. No interior desta há uma outra fileira de LEDs para iluminar os cantos escuros da bolsa, tornando-se mais fácil encontrar todos os objetos que estão no seu interior e permitindo ainda sinalizar que a bolsa foi aberta, caso o venha a ser por terceiros. A camada de emissores de luz, que contém os LEDs e os traços condutores é laminada entre a camada externa do saco e o revestimento interno. Tanto a camada exterior e como a interior têm a perfuração de imagem para deixar a luz brilhar LED através dela. Uma construção simples que proporciona a flexibilidade de reutilização da camada de emissores de luz para ser integrada em um outro estilo ledBAG.


MARIANA RÊGO

PROFESSORA DE TÊXTEIS CURSO DE DESIGN DE PRODUTO DA EASR

VESTIDO GALAXY

O vestido Galaxy é a peça central da exposição “Fast Forward: Inventando o Futuro”, no Museu de Ciência e Indústria de Chicago. O GalaxyDress proporciona um efeito fascinante, sendo bordado com 24 mil LEDs a cores - é a maior exposição wearable do mundo. O GalaxyDress usa o menor full-color LEDs, planas como papel e medem apenas 2 a 2 mm. Os circuitos são extrafinos, flexíveis e bordados à mão, numa

camada de seda que lhe dá estiramento, de modo a que o tecido de LED possa mover-se como tecido normal, com leveza e fluidez. Para difundir a luz, há 4 camadas de chiffon de seda que se move facilmente. A eletrónica extrafina permite que o vestido se molde à forma do corpo como um tecido normal. O GalaxyDress é projetado para funcionar com uma série de baterias do iPod (durando cerca de 30 minutos). Não sobreaquece e consome pouca eletricidade, graças à tecnologia LED. É leve, a parte mais pesada não é a tecnologia, mas as 40 camadas de seda plissada, crinolina, organza, que fazem com que a saia seja ampla. As áreas sem LEDs são decoradas com mais de 4000 cristais Swarovski, aplicados à mão, que fazem um gradiente de cristalino para rosa brilhante permitindo que vestido pareça ser de qualidade quando é desligado.

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T ECNO LO G I A S

Mário Ferreira da Silva Escultor Cerâmico Prof. Cerâmica na EASR de 1978 a 1980

A cerâmica acontece quando o homem primitivo e a sua ação soEmbora a matéria – argila – seja a mesma, muita coisa descobre o fogo����������������� bre a matéria,quando descobre que o fogo é a matriz

mudou desde então no domínio do conhecimento dos

que gera a necessária energia térmica capaz de desen-

materiais e dos processos de conformação.

cadear reacções e transformações que conduzem ao fenómeno de sintetização da matéria por ação do calor

Novas tecnologias de fabrico, da decoração pela cor

- foi o acaso.

e da cozedura sucedem-se. Por isso, a Cerâmica dos nossos dias difere da expressão estética e actividade

A Cerâmica está, assim, historicamente ligada á primei-

técnica de toda a Cerâmica do passado.

ra transformação físico-química produzida pelo Homem, ocorrida no momento em que pela primeira vez Ele utili-

A Cerâmica, considerada durante décadas como arte

za o calor para endurecer o “barro”.

menor, apresenta-se hoje como meio e fim: fornece o indício que livremente permite a criação de novas for-

Pode dizer-se que é aí, nesse longínquo e histórico mo-

mas, novos conceitos, novas utilizações e valores esté-

mento – nesse caso – de transcendente importância

ticos, situando-se no caminho de uma nova linguagem

para a humanidade, que se inicia a grande caminhada

plástica imprescindível no mundo moderno, nas mais

do Processo Científico e Tecnológico.

diversas áreas de actividade, sejam elas a Arquitetura,

Com a evolução técnica e tecnológica abrem-se novos

a Pintura, a Escultura ou o Design.

horizontes… http://www.mariofsilva.com


INÊS OLIVEIRA | CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO CERÂMICA | EASR

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T ECNO LO G I A S

v Como é do conhecimento geral, Portugal acolheu tardiamente a industrialização e ainda hoje apresenta sérias dificuldades ao nível operacional da mediação entre a concepção e a execução dos objetos. Esta afirmação espelha uma das dificuldades de conciliação das duas esferas artísticas, revelando a forma como ainda hoje se diferencia artesanato de design, recorrendo à separação do saber “fazer” e do “projetar|conceber”.

A divisão e a partilha do trabalho entre os artesãos e os

um nível qualitativo que dê à produção nacional a pos-

designers privilegiam precisamente o trabalho conjunto

sibilidade de competir em mercados saturados e de

e a aprendizagem mútua entre os atores sociais envolvi-

concorrência apertada, é fundamental rentabilizar os re-

dos num projeto criativo. Em paralelo, a insistência na re-

cursos disponíveis e investir na nossa herança cultural.

produção de modelos importados e os reduzidos inves-

O design de joalharia detém aqui um potencial valioso

timentos na qualificação da mão-de-obra especializada

e que não se deve ignorar! Pelas sucessivas alterações

(artesãos) colocaram a maioria dos produtos de joalha-

das reformas curriculares que têm vindo a ser introduzi-

ria portugueses (produzidos em Portugal), num patamar

das no ensino artístico especializado e profissionalizan-

muito pouco competitivo. Ainda não é muito claro falar

te e cumulativamente nos recentes investimentos nas

de uma identidade do Design de joalharia Português.

artes e ofícios que caracterizam o artesanato urbano,

No entanto alguma coisa tem vindo a mudar: hoje temos

é inequívoco que surgem fenómenos de aparecimento

poucos mas alguns exemplos de artistas qualificados

de jovens artesãos/artistas/designers que, com níveis

que contribuíram para a revitalização de algumas téc-

crescentes de escolaridade, com preparação e forma-

nicas tradicionais, nomeadamente na área da filigrana,

ção profissional adequada, munidos de competências

mas infelizmente não o suficiente para provocar uma

na área do design, da gestão, do marketing e das novas

mudança de paradigma no “modus operandi” e, con-

tecnologias optam pelas artes designadas por “meno-

sequentemente, no reposicionamento dos produtos de

res” como projetos de criação do seu próprio emprego.

joalharia industriais portugueses. Assim, para alcançar

Por outro lado, a uniformização dos objetos de joalharia


MADALENA MENESES

PROFESSORA DE JOALHARIA CURSO DE DESIGN DE PRODUTO DA EASR

s.

património cultural artesanato Tendo por base estes pressupostos, este ano lectivo e como primeira proposta de trabalho da turma de especialização em joalharia do curso de Design de Produto, adotamos uma estratégia assente na utilização de uma metodologia que respeita as regras e os princípios das boas práticas do deALFINETE CYTHARA | RITA LIMA PROJETO “RACONTE-MOI UN BIJOU”

sign, assente na problemática da “nossa” herança cultural do artesanato Português. “Convidamos” os alunos a proceder à análise, desconstrução e

e a (ilusória) perda de identidade pessoal dos indivídu-

redesenho de uma área do artesanato tradicional

os, impulsionados pelos estilos de vida das sociedades

ou urbano por eles escolhida, com o objectivo de

ocidentais atuais, diferenciam e validam os traços de

chegar a novas formas para a criação de uma

cada cultura. Projetar produtos com reflexos culturais das zonas onde são consumidos/utilizados, (distintos de onde são produzidos), permite estabelecer um vínculo

coleção de jóias, subordinada ao tema proposto pelo projeto Comenius - “Raconte-moi un bijou!”.

emocional entre consumidores e produtos, o que pode

Este projeto previa ainda a aplicação obrigatória

ser decisivo para a competitividade da produção nacio-

da técnica de gravação|modelação em osso. Com

nal. Tendo presente este aspeto, entre outros, torna-se

esta proposta, os alunos demonstraram, de uma

indispensável refletir sobre a importância e o interesse da presença da herança|património cultural português nos processos de design de joalharia em Portugal. Nes-

forma gratificante, que adquiriram conhecimentos e capacidades de manuseamento das informa-

te sentido, torna-se importante demonstrar que a com-

ções recolhidas relacionando-as com os proble-

petitividade depende de um conjunto de fatores, dos

mas da produção em série das jóias e ao mesmo

quais faz parte a valorização da cultura local, colocan-

tempo equacionaram e testaram o comportamento

do em evidência a responsabilidade social do designer como criador e transmissor de cultura.

e propriedades dos materiais utilizados.

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO JOALHARIA _ EASR

VO PO

cri a

A

PROCESSO

Problema

Colecção de Joalharia

Problema

Colecção de Joalharia

Pendente Pendente Alfinete Alfinete Anel Anel

Raconte mmoi oi uun n bbijou Raconte ijou [ [ ] ] ARTESANATO ARTESANATO PORTUGUÊS PORTUGUÊS

Zonas rurais Zonas rurais Objetos uJlitários Objetos uJlitários Produção simples Latoaria tradicional Produção Folha simples de flandres Latoaria tradicional Folha àd industrialização e flandres Anterior

Solução

Solução

Anterior à industrialização Desenvolvimento formal e técnico Desenvolvimento

formal e técnico

TRIÂNGULOS •  Formas geométricas TRIÂNG ormas rgegulares eométricas CÍRCULOS • •  VFolumes CÍRCULO •  Volumes regulares CILINDROS CONES CILINDR CONES


JOANA RIBEIRO

ARTE

m co

O artesanato tradicional é mais que um conjunto de simples artefactos com especificidades técnicas, é mais do que mais um produto industrial e frio, é fruto da

TR A

relação harmoniosa entre o Homem, a arte e a tradição, isto é, o povo cria a sua arte

DI Ç

(decorativa, simbólica ou funcional) através de ensinamentos tradicionais. O Homem materializa valores sociais, estéticos e emocionais partindo do exemplo dos seus antepassados, do seu povo.

ÃO

do

S

31


PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO JOALHARIA _ EASR

A coleção Indiviso, inspirada na latoaria tradicional das zonas rurais, integra formalmente este conceito. Analisando os vários tipos de objetos produzidos tradicionalmente, verifica-se a utilização constante de cones e secções cónicas, de círculos e triângulos. Deste modo, a coleção baseia-se em estudos destas formas e volumetrias simples bem como a integração das cores do conteúdo habitual destes objetos (vinho e azeite). Partindo destas formas geométricas, o conceito foi esquematizado de forma simples e perceptível: de forma cíclica integrado no círculo e ocupando os três vértices de um triângulo sólido e indissociável.

JOANA RIBEIRO (continuação)


PROJE TO

CURSO PROFISSIONAL DE TÉCNICO DE JOALHARIA CRAVADOR

CARLOS VEIGA

Este projecto insere-se no desafio lançado no âmbito do projeto Come-

nius “Racont-moi un bijou” e foi desenvolvido pelo aluno Carlos Veiga do 3º ano do Curso Profissional de Técnico de Joalharia Cravador.

Numa vertente mais experimental, foram realizados alguns trabalhos em osso. No sentido de dar resposta à proposta e com o objectivo de representar uma técnica tradicional portuguesa, aliando o património ao contemporâneo, foram realizados alguns ensaios de serigrafia em

Fotocópia de uma Renda de Bilros

osso.

Estes ensaios resultaram num colar em prata e osso (tingido e serigrafado). Pretende-se dar continuidade as estes ensaios de serigrafia em diferentes materiais com potencialidade para serem

Ensaio da serigrafia em osso sem tingimento

utilizados na joalharia.

GRAFISMOS

CARLOS VEIGA Aluno 3ºano curso profissional de joalharia cravador

COLAR EM PRATA E OSSO COM TINGIMENTO E SERIGRAFIA DIMENSÕES: 280X150X30MM PESO: 30 GRS.

Resulatdo final da serigrafia em osso com tingimento

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO _ EASR

Ter um quarto é ter um sítio onde refugiar-se, uma referência onde nos podemos encontrar a nós próprios. Num quarto há mais do que um quarto, há uma identidade de quem o utiliza, há uma intimidade imediata a partir do momento em que a porta fecha deixando por dentro o privado, o que não queremos que se veja, o que não se partilha, o que separamos dos outros.

PROBLEMAS DO QUARTO ATUAL

quarto inicial

1 pouca luminosidade natural 2 má distribuição da luz artificial 3 desarmonia de materiais 4 sem espaço para mesinha de cabeceira 5 assemelha-se a um escritório e não a um quarto 6 móveis em excesso – desaproveitamento do espaço 7 má seleção de cores – ambiente frio e fastidioso


CÁTIA CARVALHO O quarto ideal seria aquele em que o conforto e a funcionalidade fossem as palavras-chave. Seria também um quarto simples, com uma zona de descanso adequada e no qual fosse possível uma zona de estudo e ainda uma atividade de lazer – o piano [...] sem afetar as outras áreas e a circulação no quarto. [...]o quarto ideal, para mim, tem um carácter simbólico, pois salta para lá da sua função e da sua utilidade, é um símbolo de abrigo, de intimidade e de proteção[…]

Não fui capaz de definir o conceito de um quarto ideal pois, tal como diz Siza Vieira, “provavelmente não é possível definir ou não deveríamos tentar definir, porque simplesmente não é bom definir.”.

Em geral, penso que o quarto idealizado solucionou os vários problemas já existentes e os que poderia vir a ter, …tem um carácter simbólico, pois salta para lá da sua função e da sua utilidade, é um símbolo de abrigo, de intimidade e de proteção, no qual me sento

quarto final

identificada…

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO _ EASR

Foi mesmo a partir daqui que surgiu a ideia de

procurei apelar indirectamente através da sua for-

mencionar o banco de piano como objecto es-

ma ao facto de que um banco, para desempenhar

pecial. Além de mais, os bancos de piano são

plenamente a sua função, não tem que ter tan-

todos tão idênticos e rígidos que talvez um pouco

tos pormenores e complexidade, basta ser uma

de espontaneidade não faria mal nenhum, isto é,

“linha” que permita conforto ergonómico e, com

se criasse um banco pouco convencional talvez

isto, voltei à frase “gastar o mínimo possível com o

despertasse alguma reflexão ao vê-lo, ou seja,

máximo de função”.

…um banco de piano, para desempenhar plenamente a sua função, não tem que ter tantos pormenores e complexidade, basta ser uma “linha” que permita conforto ergonómico e, com isto, voltei à frase “gastar o mínimo possível com o máximo de função”.


CÁTIA CARVALHO

Já que é possível colocar um piano no quarto, porque não destacar um pouco mais esta actividade?

Admito que a simplicidade, apesar de não o parecer, é das coisas mais difíceis de se obter mas descobri que, se através do desenho “seguirmos” e procurarmos a função, a simplicidade revela-se em plenitude.

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO _ EASR

O conceito do projecto de reorganização do espaço do meu quarto integra a ideia de um sítio sossegado, minimalista, simples e prático, com cores claras e com alguns apontamentos naturalistas, tendo sido influenciada pelo ambiente e cores predominantes na arquitetura mediterrânica. Procurei ainda idealizar um espaço que contivesse pouco equipamento e que este fosse prático e estritamente necessário às funções que iria desempenhar, sendo estas a lúdica, a de dormir e a de vestir.

Neste seguimento criei duas áreas principais no espaço: uma de lazer, centrada num espaço livre, envolvido por duas paredes/ estante e uma área de dormir e vestir organizada em volta da cama. Foram atribuídos valores espaciais diferentes a cada uma das áreas com a descida do teto sobre o espaço de dormir para transmitir a ideia de um ambiente mais acolhedor.

Área de dormir e vestir Área de lazer Cama e armários Estantes


MARIANA GILSANZ

Há quatro elementos essenciais no quarto: as estantes que preenchem e animam o espaço a nível visual, mas, ao mesmo tempo, não o ocupam; a cama, que é bastante alta, com quatro gavetões para arrumação debaixo dela, e com duas colunas que nasceram da junção do modelo de uma cama de dossel com a ideia de fazer uma separação de ambientes dentro do espaço do quarto; o espelho grande na parede (parede da janela) que se situa em frente à porta e que gera com esta um eixo de união/separação entre as duas áreas atrás referidas; os armários integrados ao lado da cama, que ocupam toda a altura do quarto, com gavetas e prateleiras no seu interior.

É importante salientar que a entrada para o quarto de banho, localizado na zona adjacente à área de lazer, é realizada através de uma porta estante que corre lateralmente sobre as restantes, deslizando sobre duas calhas.

No que toca às cores e acabamentos foram utilizadas maioritariamente o branco e o azul claro. Na estante, nos móveis embutidos e na cama (estrutura) serão derivados de madeira lacados a branco. No chão está previsto soalho flutuante de madeira de tom escuro. As paredes são forradas a papel de parede às riscas (azul e branco).

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PRO J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO _ EASR

arrumante O conceito que escolhi desenvolver foi a criatividade

trabalho, como um escritório ou uma oficina. Foquei-me

como estilo de vida que será a base da construção do

na concepção de um instrumento que ajudasse a fluir

meu projecto para um quarto novo: fazer dele um espa-

melhor os projectos que estivesse a desenvolver e uma

ço quee contenha várias circunstâncias favoráveis ao

das chaves para que isso resulte é a organização para

que eu considero estimulante para a criatividade num

que haja o mínimo de desaparecimento de informação

só espaço pequeno determinado pelas diversas acti-

ou ideias no meio da bagunça que por vezes acontece

vidades que nele realizo. Um espaço de relaxamento,

em espaços de trabalho.

de música, de estudo, de desenho, mas tudo com uma

Desenvolvi então a concepção de um organizador de

ligação a uma só actividade: a produtividade criativa.

secretária, com a área de uma folha A4, para guardar

Para completar o quarto tinha que conceber um objecto

os projectos que estivesse a desenvolver no momento e

que se incorporasse no mesmo, portanto procurei esco-

que fossem mais urgentes.

lher um que estivesse relacionado com uma actividade ligada a esta ideia e que se inserisse num espaço de

O objecto é composto por quatro prateleiras de madeira amovíveis, um prumo de secção rectangular de madeira com 14 ranhuras onde o suporte de metal que segura as prateleiras se prende através de um processo de encaixe que só resulta se a estante estiver a um certo ângulo pois só assim o suporte de metal encaixa numa ranhura da estaca. O estudo da cor do objecto é simples, escolhi manter as cores originais dos materiais que o constituem: madeira do tipo mogno de cor escura para as placas que formam as estantes para contrastar com os papéis que forem lá colocados e para o prumo; tanto a chapa que suporta as estantes como o grampo de fixação terão a cor original do ferro.


VASCO TUDELA

Como o local onde se irá desenvolver a maior parte do

tímetros e com uma rosca que prende à plataforma de

trabalho é na secretária pensei em conceber uma ma-

uma mesa ou de outra plataforma dentro da espessura

neira de encaixar o objeto no tampo da mesa e desen-

limite, o que faz deste objeto um equipamento especi-

caixar facilmente quando necessitasse de o mudar de

fico para este quarto ou para qualquer outro local de

local para ter mais espaço na superfície da mesa. Inseri

trabalho se for um objecto produzido industrialmente.

então um grampo com uma abertura máxima de 8 cen-

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO CERÂMICA _ EASR

revestimento

cerâmico

O conceito escolhido para este projecto foi o dos barcos. E é nesse âmbito que surge a ideia de construir o meu revestimento partindo de um assunto relacionado com este. Após uma breve reflexão e pesquisa foi escolhido o tema das bandeiras, ou seja, os códigos inseridos nas bandeiras utilizados nos meios marítimos.

Comecei por fazer uma procura acerca dos códigos internacionais, acabando por descobrir como se representavam as letras e números, a nível americano. Posteriormente, observei algumas bandeiras que servem para realizar a sinalização de actividades em alto mar. Exemplo disso temos a bandeira diver down que pretende sinalizar a existência de um mergulhador nas proximidades. Após observar esta bandeira surgiu a possibilidade de associar, de uma bela forma, os dois conceitos.

Essa associação podia ser estabelecida a partir do seguinte ponto de partida: quando tomamos banho encontramo-nos submergidos pela água chegando a sentir quase uma sensação de que estamos a mergulhar. Assim, a casa de banho passa-nos uma sensação de mergulho que está inteiramente ligada com o conceito anterior. Estava então encontrado o ponto de partida para a elaboração deste projecto.


INÊS OLIVEIRA

a colecção surge como forma de agradar a todos os amantes de barcos. Partindo das suas formas básicas que nos fazem lembrar os códigos marítimos, iremos criar um espaço bastante próprio no nosso quarto de banho. A bandeira diver down é a principal fonte de inspiração. Baseada em formas essencialmente colocadas na diagonal, foi possível alcançar uma variedade considerável. Esta mesma variedade tornará possível uma vasta gama de combinações. Existindo duas opções quanto à coloração, o vermelho e o preto, essas combinações aumentam ainda mais. Tratando-se de uma colecção simples, cada um poderá combinar consoante os gostos mais específicos.

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO TÊXTEIS _ EASR

estamparia

é uma técnica de impressão sobre

tecido, obtendo-se directamente desenhos (Mário Araújo, 1987), com uma ou várias cores sobre o material têxtil.

Estampar é uma das mais exigentes técnicas têxteis. Normalmente, os motivos a estampar repetem-se em intervalos regulares, a que se dá o nome de “rapport”. Os processos mais utilizados para a estampagem direta de motivos coloridos sobre fundo branco são a estamparia através do rolo de cobre, em quadro plano, quadro rotativo e por transferência. Existem ainda os processos de estamparia por sobreposição, que consistem em estampar um motivo sobre fundo tinto ou estampar parcialmente um motivo sobre outro, através da estamparia por corrosão, por reserva e por devore. O processo de estamparia utilizado em contexto de aula é a estamparia em quadro plano, também conhecido pelo “sistema lionesa”.

Execução de misonetes – uma para cada cor do desenho; são feitas sobre papel adequado e com tinta opaca preta.

Dimensionar o tecido – aplica-se uma cola apropriada para tecidos sobre a mesa de estampar Estica-se o tecido sobre a mesa, de modo a que fique corretamente esticado otogonalmente, segundo o comprimento e a largura.

Limpeza de quadros – a tela pode conter sujidade e gorduras que não permitem uma execução correta do trabalho. É para isso necessário desengordurá-lo com um produto de limpeza (desengordurante).

Preparação de pastas – a pasta é constituída por um pigmento específico que é misturado com uma base (espessante ou expanding).


JULIANA CAMPOS

Papel de misonete papel transparente para o qual se transporta o desenho a estampar (a negro), previamente selecionado ao nível da cor, podendo ser draftex ou película fotográfica (fotolito). Raclete régua de alumínio que suporta uma borracha que se destina a arrastar a pasta sobre a tela do quadro, de modo a que as pastas coloridas atravessem a mesma e se depositem no tecido. Rasoeira peça metálica com um reservatório adequado a conter a emulsão e a transportá-la, por arrastamento, para a tela. Emulsão matéria gelatinosa fotossensível que obtura a rede do quadro e que é insolúvel em certas condições. Mesa de estamparia mesa coberta por um revestimento macio à prova de água. Esta deve servir igualmente para apoiar o quadro, deixando que a matriz fique em perfeito contacto com o tecido que se deseja imprimir.

Sensibilização dos quadros - Aplica-se a emulsão sensível ,com a rasoeira de um e de outro lado da rede, indo secar na estufa.

Gravação do desenho – coloca-se a misonete

sobre o quadro (previamente emulsionado) na prensa, fazendo um contacto direto entre o vidro, a misonete e o quadro. Programa-se o tempo de vácuo e de exposição de acordo com o desenho a estampar. A prensa é ligada para fazer vácuo, fazendo de seguida automaticamente a sensibilização através de luz ultravioleta.

Impressão – Após o tecido ter sido dimensionado à mesa e a pasta preparada, o quadro é colocado sobre o tecido, na posição adequada e orientado pelas cruzes de acerto. Distribui-se, depois, a pasta ao longo da parte superior da tela, sem tocar na imagem a imprimir. De seguida, arrasta-se a pasta com o auxílio da raclete.

Abertura do quadro – Processo pelo qual o quadro é lavado com jato de água a alta pressão, removendo a emulsão que não recebeu luz , aparecendo o desenho a estampar.

Impressão – Após o tecido ter sido dimensionado à mesa e a pasta preparada, o quadro é colocado sobre o tecido, na posição adequada e orientado pelas cruzes de acerto. Distribui-se, depois, a pasta ao longo da parte superior da tela, sem tocar na imagem a imprimir. De seguida, arrastase a pasta com o auxílio da raclete.

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11ºANO _ EASR

Em 1917, influenciado pelo Neoplasticismo, Gerrit Rietveld desenhou a poltrona Red and Blue. O primeiro modelo foi feito em carvalho natural, reproduzindo uma versão sóbria da poltrona, mas em 1918 Rietveld modificou-a e pintou-a. É um dos poucos modelos de cadeiras sem referências formais anteriores e que é universalmente reconhecido. Esta poltrona é um símbolo da carreira de Rietveld e ilustra as suas teorias. O seu design teve uma enorme influência que perdura até aos nossos dias.


JOANA FERREIRA

A construção da poltrona é simples e claramente definida pelos elementos de madeira que se encontram e sobrepõem. A cor define a geometria e a estrutura. O preto é usado para a estrutura, o amarelo para as extremidades cortadas dos elementos, o vermelho para o encosto e o azul para o assento. É composta por 13 tábuas quadrangulares de vários tamanhos e 3 tábuas rectangulares de diferentes tamanhos. Tem de comprimento 83 centímetros, de altura 88 centímetros, de largura 65,5 centímetros e a altura até ao assento é de 33 centímetros. Em 1973 a poltrona começa a ser produzida pela Cassina. Desconstrução da cadeira Red and Blue

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11ºANO _ EASR

GERRIT THOMAS RIETVELD Nasceu a 24 de junho de 1888, em Utreque (Holanda) e morreu em 1964 na Casa Schröder, onde passou os seis últimos anos de vida.

De origem Holandesa foi arquitecto e designer de mobiliário. Ainda estudante, trabalhou na marcenaria do pai, como dese-nhador numa loja de ourives e teve aulas nocturnas de arquite-tura com Pieter Jan Christophel Klaarhamer. Em 1917 desenhou o protótipo da famosa poltrona, não pintada, Red and Blue. Mesa Schröder 1 (1923)

Em 1918 abriu uma fábrica de mobiliário em Utrecht e mudou as cores da poltrona Red and Blue Em 1919 tornou-se um dos primeiros membros do De Stijl, contribuindo para a revista com o mesmo nome. Em 1923 Walter Gropius convidou-o a expor na Bauhaus. Em 1924 desenhou a casa Schröder. A casa parece uma representação tridimensional de uma pintura de Mondrian. Ao longo da sua vida projectou muitos edifícios e objectos de mobiliário, no entanto a poltrona Red and Blue e a casa Schröder foram consideradas as

Cadeira Zig-Zag (1934)

suas obras mais marcantes.


JOANA FERREIRA (continuação)

movimento

PIET MONDRIAN

O movimento De Stijl influenciou o desenvolvimento das

Huszar, o pintor futurista Gino Severini, o poeta holandes

artes plásticas, do design e da arquitetura. Tal como a

Antonio Kok, o cineasta Hans Richter, entre outros.

poltrona Red and Blue de Rietveld, a arquitectura e o

Mas a vasta influência do movimento foi originada pelo

design de interiores do De Stijl eram caracterizadas pelo

seu principal fundador e teórico, Theo van Doesburg,

uso de formas geométricas simples e elementos colori-

profeta, pintor, poeta, crítico, arquitecto, tipógrafo e pio-

dos que delineavam o espaço.

neiro do moderno design gráfico. Os designers do grupo

Nas construções das casas, os arquitectos usavam di-

De Stijl fizeram-se notar pela tensão, pelo equilíbrio e

visórias para dividir as áreas interiores e usavam o míni-

harmonia, conseguidos com a assimetria; pelo uso das

mo possível de mobiliário.

formas geométricas simples e das cores primárias e

As criações dos membros do De Stijl eram caracteriza-

neutras; pela máxima simplicidade; e pelo abstraccion-

das pelo abstraccionismo geométrico.

ismo.

Por ser antecipador de uma nova pureza estética, o

A confusão do pós Guerra que alcançava principal-

movimento De Stijl é conhecido como o primeiro movi-

mente a Europa e a necessidade de uma ordem que

mento de design moderno.

realçasse a construção e a funcionalidade, levou os ar-

O nome De Stijl (que literalmente significa “O Estilo”) foi

tistas à criação desta nova linguagem estética. Foram

particularmente apropriado para o movimento que, em

influenciados pelo cubismo que introduziu pela primeira

muitos sentidos, firmou o estilo do design do século XX.

vez a noção de abstracção da forma e de rigor. Durante

Este movimento formou-se na Holanda. O seu nome é

a Primeira Guerra Mundial houve poucos países que

derivado da revista De Stijl, publicada de 1917 a 1932, o

foram poupados aos abalos e à destruição. Só havia três

ultimo número publicado foi dedicado à memoria de Van

sítios onde o design moderno podia desenvolver-se: em

Doesburg, o editor.

Espanha, na Suíça e na Holanda. Foi durante os anos

Entre os elementos do grupo De Stijl estavam artistas

de conflito mundial que os artistas holandeses tiveram

admiráveis da época: o pintor Piet Mondrian, o arqui-

as condições de montar o cenário no seu país, neutro, e

tecto Jacobus Johannes Pieter Oud, o pintor Bart van

mais tarde, no pós-guerra, de preparar o caminho para

der Leck, o arquitecto e designer de mobiliário Gerrit Ri-

a ampliação do movimento na Europa.

etveld, o pintor e escultor Vantongerloo, o pintor Vilmos

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PR O J E TO

SOFIA SILVA

CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11ºANO _ EASR

"O tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel." (Platão)

FIM

“O tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel.” Platão

Cinema Batalha Esboço do ediYcio

o e Tecnologias – Design de Produto – Módulo 1

Esboço edifício escolhido

Percurso

Cinema Batalha

Grande hotel do Porto

EdiYcio a Fnac

Loja da anTga ouriversaria “Reis e Filhos”

Café MajesTc

Igreja de S.Ildefonso Cinema da Batalha Hotel B&B

Projeto e Tecnologias – Design de Produto – Módulo 1 Projeto e Tecnologias – Design de Produto – Módulo 1

O tema do trabalho proposto à turma no primeiro módu-

sim como a evolução dessas características num objeto

lo de Design de Produto do 11º ano foi “A cidade e as

escolhido. Sendo o percurso dado o troço da Rua de

marcas do tempo”. Neste contexto, e dado um percur-

Sta. Catarina desde a Capela das Almas até à Praça da

so, tivemos de analisar todos os seus equipamentos, a

Batalha, foi realizado um roteiro com os edifícios mais

evolução dos mesmos, os elementos que os constituem,

marcantes a nível arquitetónico.

a sua construção, a sua finalidade e funcionalidade, as-

Objecto urbano

Esboços do objecto

objeto escolhido

Desenho rigoro Desenho rigoroso Desenho Desenho Rigoroso Rigoroso

Projeto e Tecnologias – Design de Produto – Módulo 1

Banco “Modo Silla” de ripas de madeira e suportes Projeto e Tecnologias – Design de Produto – Módulo 1 em fundição dúctil. Madeira: Sucupira tratada com proteção fungicida, antiparasita e impermeável e acabamento final em verniz. Estrutura: ferro em fundição dúctil com uma capa de pintura negra forja. Medidas: 65x63x84 cm

Esboços do objeto


PATRÍCIA REIS

Ourivesaria & Filhos edifício escolhido

objeto escolhido

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE MODA | 2008/2011 _ EASR TRABALHOS FINAIS DOS ALUNOS_PROVAS DE APTIDÃO PROFISSIONAL

A moda tem um papel central na mudança intencional do aspeto do homem. É com esta ideia chave que Massimo Baldini desenrola o livro “ A invenção da moda” onde explora todos os aspetos que por ela passam. Para alguns, esta é considerada um “capricho”, para outros, uma “forma de tirania social” ou mesmo “ uma mudança por amor à mudança”. O Design de Moda é uma das áreas do design que tem como objetivo o desenvolvimento de peças de vestuário, respeitando todas as características culturais, técnicas, de moda ou tendências.

A CERTEZA DA DATA ANA RITA SILVA

EX-ALUNA DO CURSO DE DESIGN DE MODA | 2008-2011 _ EASR

“Que valem triunfos que não têm data?» Que valem, na verdade? É a certeza da data que imprime realidade às coisas que, sem essa certeza encantadora, apenas passadas, se desfariam nas diafanidades e implacabilidade do Tempo. Todo o nosso viver consiste num rolo de sonhos que se vão desprendendo de nós, fugindo para trás como o fumo de uma tocha que corre, depressa adelgaçados, logo esvaídos. São as datas que prendem, retêm esses sonhos: nelas ficam imóveis, em torno delas se condensam, por elas ganham forma e duração. Foi entrevendo esta verdade que Bossuet, numa grande imagem, comparou os dias felizes de uma existência a pregos de ouro cravados numa parede escura. Esses pregos eram as datas, onde as venturas dessa existência, que já voavam, se iam dissipar na eternidade, ficaram presas, imóveis, resplandecendo como pontos de ouro.“ Eça de Queirós, in ‘Notas Contemporâneas’


O ponto de partida para desenvolver um trabalho criativo é a seleção de um tema, seguindo-se a pesquisa e o desenvolvimento. Para começar o processo de pesquisa deve-se fazer uma lista de palavras que se associam ao tema, conhecido como “mapa mental” ou brainstorming. Depois desta fase de seleção e pesquisa, é aconselhável fazer a compilação da informação num painel de inspiração/painel de criação/painel de ambiente/storyboard, que se traduz numa excelente forma de organizar as ideias e pesquisas no início do projeto. Este captura o estilo e o tema de um conjunto de referências, exibindo imagens, tecidos e cores que influenciarão o processo criativo. Foi seguindo este princípio que os alunos do Curso Profissional de Design de Moda (2008 a 2011) desenvolveram um projeto final de curso cujo tema era “Sedução de Clássicos”. As alunas Ana Rita Silva e Gabriela Coimbra desenvolveram os seus projetos através da definição de subtemas como “O Tempo” e “Volkswagen - carocha”, respetivamente.

“Primeiro, defini “clássico” como um objeto, história, facto ou acontecimento antigo e intemporal e deixei-me seduzir pelos relógios como objeto indispensável ao Homem desde os tempos mais primitivos. Com o meu subtema encontrado só lhe faltava dar o nome. Para tal, elaborei um jogo de palavras, baseado no relógio como a máquina de medição de tempo mais precisa e defini o nome do meu projeto como “ Máquina de Tempo “.Assim, encontrei as palavras “medição” e “precisão” para uma questão estética. Com o nome escolhido, parti para a pesquisa histórica que é a chave de todo o projeto. Fui recolhendo imagens e foi através delas que consegui relacionar o meu tema com a moda. Relacionei as formas externas e internas do relógio com técnicas de confeção, como a modelação, o franzido, o plissado, a sobreposição de tecidos e os acabamentos. Ainda tendo por base a relação da história com a moda, identifiquei as 3 palavras-chave para o meu projecto: “Parar – Transformar - Inovar“, inovando a “moda” através da história e do tempo.

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE MODA | 2008/2011 _ EASR TRABALHOS FINAIS DOS ALUNOS_PROVAS DE APTIDÃO PROFISSIONAL

RECORDAR

REVIVER

A imagem do carocha, automóvel que ainda se

Dizem que a História é cíclica.Com efeito, nada de ver-

encontra presente na nossa memória, conduz-nos

dadeiramente novo acontece. De alguma forma, o pas-

a um passado não muito distante: a possibilidade

sado nunca deixou de estar presente nas nossas vidas.

dos menos favorecidos possuírem um pequeno

Sentir de novo esta época especial, a época do Beetle,

carro, com linhas inconfundíveis, é certo, mas pen-

torná-la presente, é de alguma forma reviver a emoção

sado para ser, fundamentalmente, um veículo po-

e a alegria de uma geração que pode passar do sonho

pular. Marcou gerações pelo facto de ser acessível

à realidade: possuir um meio de transporte, para toda a

a quase todas as bolsas e, ainda hoje, não deixa

família, sem ter grandes recursos financeiros.

ninguém indiferente.


GABRIELA COIMBRA

EX-ALUNA DO CURSO DE DESIGN DE MODA | 2008-2011 _ EASR

RECONSTRUIR Inspirado no modelo clássico carocha, da marca Volkswagen, surge uma colecção irreverente. As linhas curvas e as cores variadas e contrastantes são uma presença na colecção indo de encontro às características do clássico. O vestuário criado pretende dar respostas a uma variedade de gostos, tornando-se “popular” como aconteceu com o carocha.

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SU G E S TÃ O D E L E I T U R A

CARTAS A UM JOVEM DESIGNER Do manual à indústria, a transfusão dos Campana Irmãos Campana _ Campus/Elsevier Ano de edição: 2009

Ainda está bem presente no nosso espírito a exposição

nha um sorriso. Coincidências?

dos irmãos Campana “Anticorpos” que visitamos na de-

A curiosidade estava em conhecer a leitura que os pró-

legação de Vigo da Fundação Pedro Barrié de la Maza,

prios irmãos Campana fazem do seu trabalho, numa

e as vibrações do contacto com a seleção das obras ali

perspetiva abrangente, dirigida para além dos textos

expostas continuam bem vivas na forma como, desde en-

descritivos e críticos que se leem nos catálogos das ex-

tão, pensamos o design.

posições e que estão sobejamente divulgados.

Foi por isso muito estimulante encontrar este pequeno

Com uma carreira no universo do design, construída ao

livro, com um título que remete para o género literário

longo de 30 anos, os Campana, nos seus cinquentas, têm

epistolar, género algo caído em desuso. Aconteceu num

uma base sobre a qual assentar uma maneira de pensar

daqueles cruzamentos fortuitos, mas felizes, em que es-

o design. É esta a questão que se coloca neste pequeno

tamos esforçadamente à procura de um certo título, que,

livro que, como outros de uma dimensão semelhante e

afinal, nos informam que está esgotado, e onde, aquies-

como certos discursos de poucos minutos, marcam as

cendo, num movimento do olhar que percorre as estan-

roturas, mobiliza as vontades e acompanha a formação

tes, entre lombadas e destaques, um pormenor agarra a

de mentalidades diversas.

atenção, revela um outro caminho de pesquisa e dese-

Não se pode esperar um texto que siga, tal como o título


ARTUR GONÇALVES

DIRETOR DE CURSO DE DESIGN DE PRODUTO PROFESSOR DE PROJETO CURSO DE DESIGN DE PRODUTO DA EASR

“ Ouvimos muitas coisas a que não damos importância na

hora, e, muitos anos depois, a ficha cai de algo que foi uma real contribuição, mas a que não demos valor na época”.

sugere, uma estrutura convencional de cartas. O que te-

lê. Que circunstância provocou a insónia que persegue

mos é um conjunto de 18 textos independentes e de cur-

Humberto, em quem, à noite, as ideias e os pensamen-

ta extensão, com uma sequência lógica de temas, que

tos fervilham? Como funciona o trabalho em equipa e a

transportam uma voz que interpela continuamente o seu

coautoria entre os irmãos Humberto e Fernando? Porque

destinatário, o jovem designer, não com avisos e mora-

comparam a sua metodologia de trabalho com a dos “fa-

lismos ou grandes construções intelectuais, mas com as

velados” (habitantes/construtores das favelas)? Como

ideias e as sugestões que emergiram de um percurso de

resolveram a situação quando a EDRA, empresa de re-

trabalho, ou seja, como exemplos e não como exempla-

ferência internacional no design, mostrou interesse em

res.

produzir a poltrona “Vermelha” em alumínio e fio de al-

E não se pense que foi um percurso fácil. Nesta leitura

godão entrançado, e lhes pediu a memória descritiva e o

somos levados a seguir uma linha biográfica unida a uma

projeto de execução, e eles, pura e simplesmente, não os

linha reflexiva e conceptual, intimamente imbricadas no

tinham? Como reagem quando os questionam sobre se o

seu fluir espontâneo, muitas vezes politicamente incorre-

seu trabalho é design ou é arte, tanto no que diz respeito

tas sob o juízo da metodologia projetual dominante, em

ao uso como ao custo?

que o traço permanente é o do questionamento dos pre-

As respostas estão no livro cuja leitura aqui se propõe.

conceitos e a abertura para aprender.

E, para finalizar, enquanto alunos e professores teremos

Fica bem patente no conjunto de temas a ideia de trans-

algo especial a retirar da citação que se segue sobre o

posição, de se aplicar numa área uma técnica ou material

papel da escola na formação, algo que talvez já pressen-

que vem de outra, de se intersetar urbanismo, arquitetura

tissemos…

e design, alta tecnologia e baixa tecnologia, de se dar um

“ Ouvimos muitas coisas a que não damos importância

uso diferente àquilo que foi pensado para um certo fim.

na hora, e, muitos anos depois, a ficha cai de algo que

Este é o sentido de uma beleza que ressalta do caos e na

foi uma real contribuição, mas a que não demos valor na

multiculturalidade que os Campana encontram na região

época”.

de S. Paulo, lugar fundador das suas memórias, e onde estão, no pleno sentido da palavra, radicados.

Porto, Janeiro de 2012

E, no fluir da leitura sucedem-se preciosos momentos de

Artur Gonçalves

espontaneidade verbal e emocional que reafirmam a humanidade e a cumplicidade dos autores com quem os

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BR E V E S

JOSÉ AMORIM SOUSA

PROFESSOR DE METAIS CURSO DE DESIGN DE PRODUTO DA EASR

O Produto dos produtos O planeta Terra é actualmente habitado por cerca de

tos, e por isso a caminho do esgotamento.

7.000.000.000 de seres humanos…sete mil milhões de

E é com estas linhas que os “Terráqueos” tem que se

consumidores…Ou seja, somos todos consumidores...

coser…

de tudo!.. desde que nascemos até ao momento em que

E é da tensão permanente entre produção e consumo,

ine-vitavelmente sejamos devolvidos à Mãe Natureza…

em que, ora a carência pressiona e estimula a produção,

A começar pelo ar que respiramos, da água que bebe-

ora a abundância a desincentiva, que se alimenta a

mos sob todas as formas, (o vinho é composto por

Economia em todos os seus patamares, desde as mac-

78 a 85% de água), até aos variadíssimos alimentos que temos que ingerir regularmente, apenas para assegu-

roestruturas até à mais micro“Honra e Glória aos nossos antepassados, que tudo criaram e construíram para que hoje tenhamos tudo o que temos.”

scópicas empresas produtoras de bens e serviços. Daí a inexorável regra mãe: a

rar a preservação da vida, ou

lei da oferta e da procura, que

ainda dos recursos que todos

determina o sucesso ou o insuc-

necessitamos

esso económico e comercial de

utilizar

para

garantir a proteção e o abrigo

qualquer produto.

das condições climatéricas

Assim, há uma condição “sine

adversas.

qua non” para que um produto

E depois, há todo um universo imenso de produtos fun-

Padre Himalaya e o Pyrheliophero Feira Mundial de St. Louis – Califórnia 1904

damentais para a satisfação

seja acolhido de braços abertos pelos consumidores: irresistível atractividade!

de todas as outras necessidades igualmente importantes para acrescentar quali-

O Produto que inequivocamente respeita esta condição

dade à vida. Mas para que possamos satisfazer todas

nasceu no seio do mundo dos metais, e depois de uma

estas necessidades mais ou menos básicas, há cerca

longa gestação e evolução, terá surgido por volta do

de 60% da mesma Humanidade que acumula a fun-

séc. VII a.c., na Grécia (ironia do destino) … Chama--se

ção de produtores de todos esses bens. E todos esses

DINHEIRO e tem a faculdade única de poder ser tro-

produtos são provenientes da Mãe Terra e do Pai Sol…

cado por todos os produtos.

Todos!..Uns são renováveis porque de origem vegetal

É o único produto que contraria a lei da oferta e da

ou animal, produzidos pela poderosa energia vital que

procura…Quanto mais se tem mais se deseja ter…

subjaz a todos os seres; outros, de origem mineral, fini-

dizem….porque eu não sei o que isso é!..


JOÃO PAULO PIMENTEL

PROFESSOR DE CERÂMICA CURSO DE DESIGN DE PRODUTO DA EASR

Design e gargalhadas

Era tão só mais um “vulgar” clipe de

pote de doces que provocasse tal

vídeo dos que diariamente nos chegam

devoção e contemplação! O simples

em anexo via correio electrónico e que

pote que surge metafóricamente como

nem sempre nos conseguem seduzir.

paradigma do bom Design, relegando

Este era um dos agradavelmente raros

para segundo plano o inexcedí-vel e

e, por isso como noutras ocasiões, a

tecnologicamente avançado e combi-

minha mulher persuadiu-nos, [a mim

nado frigorífico.

e à criança cá da casa], a desfrutar

Ou como, a incessante e angústiante

de uns breves momentos de simples

procura duma solução para um sedu-

deleite.

tor desafio nos pode levar ao final mais

O clipe, excepcionalmente produzido,

inesperado!

é dos mais felizes que ultimamente

O inusitado final que nos estabelece

pude contemplar e que suscitam uma

e anuncia um novo e constante repto,

vontade clara e imediata de partilha.

que nos provoca e incita a nos superar-

Mas este era particularmente diferente

mos e simultaneamente nos deprime e

pelo desenlace provocado.

menospreza.

Assim, e no rescaldo de mais uma se-

O hilariante final que deixou em perfei-

maninha de aulas, dei por mim a refletir

to delírio duas gerações de criaturas,

sobre a façanha do porquinho “Ormie”

mas que só a criança cá da casa des-

e a nossa tão “venerada” profissão.

frutou em absoluto. E o momento não seria especialmente

Ou como, nós, formadores, educa-

original, não fosse o seu desfecho tão

dores, pedagogos e afins, desejaría-

singularmente inspirador…

mos que os nossos alunos encarnassem, [por breves momentos que fosse…], o seu espírito combativo, a

PS: Por isso aqui fica, para desfrutar-

sua astúcia e audácia irrepreensível.

em, não desistirem e… para encontrar

Como, ambicionaríamos [sempre?!]

o vídeo, noYouTube procurem “Ormie

desvendar tão especial e “intocável”

The Pig wants a cookie”.

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dinamicas @ essr.net

E SC O LA ART Ă? S T I C A D E S OA R E S D O S R E I S


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