S E T E M B R O. 2 0 1 8
E S C O L A A RT Í S T I C A D E S OA R E S D O S R E I S
FICHA TÉCNICA
DINÂMICAS | MAGAZINE DE DESIGN DE PRODUTO PUBLICAÇÃO ANUAL COORDENAÇÃO: ARTUR GONÇALVES, MICAELA CARDOSO COLABORAÇÃO NESTA EDIÇÃO ALBERTO TEIXEIRA, ARTUR GONÇALVES, CARLA CASTIAJO, CARLOS SOUSA RAMOS, LAURINDA BRANCO, JOSÉ CALDAS, MARIA ESTELITA MENDONÇA, MICAELA REIS, E OS ALUNOS ALBERTO TAVARES, ALEXANDRE LABORDA, ANA FERNANDES, CATARINA FERREIRA, CATARINA VIEIRA, CAROLINA BRÁS, CAROLINA SANTOS, DIANA CERQUEIRA, FRANCISCA ANDRADE, GABRIELA SOUSA, ISABEL LOPES, ISABEL COSTA, MARISA ALVES, PEDRO PÊGO, JÉSSICA PINTO E SUSANA PEREIRA. PRODUÇÃO GRÁFICA/ EDIÇÃO DIGITAL: MICAELA CARDOSO CONTATO EDITORIAL: dinamicas@essr.net PROPRIEDADE: ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS RUA MAJOR DAVID MAGNO, 139 | 4000-191 PORTO TEL. +351 22 537 10 10
CARLOS SOUSA RAMOS
EX-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS DA ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS
em construção Duas simples palavras, juntas.
Seu significado: processo de formação de algo. O que quer dizer que, em dado momento, esse algo estará completo, formado. Será assim? Para a maioria de nós é. Mas, haverá alguém que me acompanhe na seguinte ideia: não, não é assim, está sempre tudo em construção, até um possível e verosímil seu desaparecimento? Ideia difícil. Vou tentar defender. Perdoarão os defensores do contrário apenas me debruçar sobre dois ou três aspetos desta nossa realidade existencial. Comecemos pelas próprias palavras que nos permitem estar aqui a desenvolver um texto. Pelo senso comum, cada uma das palavras do título, de per si, já não se encontram em construção. Mas tal, será certo? Não será o destino de cada palavra continuar a ser construída, trabalhada, através da sua incorporação numa frase, ou num texto mais vasto? Deixará de estar em estado de construção um conto, um romance, uma ficção, um ensaio, um poema, quando os seus autores os dão por terminados? Ou só quando os seus possíveis leitores tiverem virado a última folha? Ou, até, só quando o livro for queimado ou guilhotinado, não permitindo uma qualquer adicional forma de alteração ao texto, o mesmo será então considerado fora do conceito de “em construção”? Pois é, complicado, não? Passemos ao “desenho”. Um traço, mais especificamente um segmento de reta, ou um conjunto de traços, numa folha de papel, ou noutro suporte qualquer, quando quem o fez põe o papel de lado e considera que o desenho está completo, será que faz com que esse traço, ou esse desenho, já não está em fase de construção de algo? Não poderá haver uma alteração ao mesmo? E se ele for incorporado noutro? Como o definimos? Um pedaço de madeira, cola, e a construção de uma qualquer instalação artística com esses suportes, faz com que eles mesmos, que quando se encontravam individualizados eram considerados produtos acabados, passem afinal a estar ainda em fase de “em construção”? Quanto a nós próprios, seres humanos, o que dizer quanto ao nosso estado? Estamos completos, formados? Eis o que penso:
3
EM CO NS TR U Ç Ã O
Não posso, nesta minha primeira participação na revista Dinâmicas, deixar de referir o que senti ao encontrá-la na web: mas, faz todo o sentido esta revista na Soares! O seu conteúdo que valoriza e projeta o trabalho dos alunos e as suas Provas de Aptidão Artística, os textos de reflexão, a sua organização e design ... uma escola que faz e que se mostra; que ensina e faz aprender; que reflete e organiza o conhecimento. Uma escola (em)construção.
E ficou no meu pensamento a questão: porque não a revista da Soares? E uma escola será isso: uma organização em construção. Mas o intervalo fonético que a grafia do tema da revista - em construção - impõe, rapidamente, na sua leitura, avança para um contínuo que as une – emconstrução -, lembrando a interessante expressão da língua de Pepetela – “desconseguir” -. Mas se esta parece baralhar-nos com um antagonismo implícito pela negação do seu resultado, emconstrução aponta-nos para um propósito dinâmico e reforçado que invoca algo de novo em permanente melhoria. É nesta grafia que se assume aqui o tema da revista - emconstrução - palavra única que traz consigo significados como: dinamismo, procura, melhoria. Como algo vivo que nos aponta o caminho da utopia ou de um ideal que se deseja. Refletir sobre a Soares como escola emconstrução leva-nos a procurar os pilares que a suportam e que dão corpo a essa ideia de vida orgânica que interliga pessoas, ideias, projetos, sentimentos. Vida orgânica, própria de uma organização de pessoas.
JOSÉ CALDAS
DIRETOR ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS
Vejo a Soares emconstrução na adoção do Projeto como metodologia de trabalho e de desenvolvimento. Onde se equacionam problemas, não como problema em si mesmo, mas como desafios que podem ser resolvidos, projetando as dificuldades num ambiente construtivo de procura de soluções. Porque encarar as dificuldades como desafios é focar a atenção, não no problema, mas na solução ou nas múltiplas soluções. É dessa forma que se contribui na Soares para a formação de jovens, num contexto de formação técnicoartística. Jovens capazes de encarar os seus próprios problemas como desafios que requerem soluções. Jovens que aprendem que essas soluções se encontram através do conhecimento, do saber-fazer e da reflexão. Que aprendem que as melhores soluções são aquelas que conciliam o bem-estar social e individual com o rigor técnico, o trabalho e o esforço. Vejo a Soares emconstrução pela forma como complementa o seu currículo, envolvendo todos. Somos Soares, Viv’aSoares, Mostr’a Soares, Biblioteca, Internacional, Coesão Social, Projeto 20/20, Desporto e Saúde Escolar, GestoArtes, Círculo de Fogo e tantas outras atividades/projetos que desenvolve com os seus alunos e com a comunidade, que fazem desta uma escola inclusiva, aberta e integradora da diversidade. Vejo a Soares emconstrução como espaço de desenvolvimento profissional e pessoal dos docentes e não docentes, investindo na formação, no trabalho colaborativo e na partilha e apostando no trabalho em rede com a comunidade. É uma escola que, por via disso, reflete sobre a sua própria prática, que é capaz de construir conhecimento e disseminá-lo, o que é característico de uma organização madura e viva. Existe uma relação direta entre o
desenvolvimento profissional e o organizacional pelo que não haverá lugar ao desenvolvimento organizacional da Soares sem ocorrer o desenvolvimento dos seus profissionais. Vejo a Soares emconstrução como o resultado de um trabalho em conjunto, numa relação democrática de distribuição de poder que se prende com a tomada de decisões sobre o caminho a seguir na resolução dos desafios, em torno do qual todos se mobilizam. Porque colaborar é um entendimento negociado, do qual se espera que resultem benefícios para cada um e para todos. Vejo a Soares emconstrução pela vontade por mais e melhores aprendizagens. Uma escola que deseja o sucesso escolar dos seus alunos, que adquirem aprendizagens significativas. Uma escola que deseja que esse sucesso se reflita na vida dos seus alunos, enquanto cidadãos participativos e críticos, cidadãos implicados com o desenvolvimento social, porque ...
Mudar o Mundo, meu amigo Sancho, não é loucura, não é utopia, é justiça! Cervantes, in Dom Quixote de la Mancha
... e esse será o papel da Escola e da Educação.
ED I TO RI A L
“… ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico…” Chico Buarque, Construção
LAURINDA BRANCO
PROFESSORA PROJETO E TECNOLOGIAS CURSO DE DESIGN DE PRODUTO | EASR
Esta foi a primeira referência que me surgiu do tema desta “Dinâmicas”, ou ainda o poema de Vinicius, o “operário em construção”, uma visão revolucionária da tomada de consciência de classe do operário quando não compreende que o tijolo vale mais do que um pão… Construir pode significar, segundo o Priberam.pt, “o reunir e dispor metodicamente as partes de um todo” e esta definição remete-nos para o que apelidamos em Design de Produto de Metodologia Projetual. Em contexto académico a construção do saber é a constante dos objetivos dos muitos planos que constituem a escola, ela própria um “edifício” que se quer em construção, e por isso inacabado, nunca prisioneiro de contentamentos pontuais. Desta construção é então parte inerente o descontentamento, porque há sempre qualquer coisa que se pode melhorar, que pode surtir melhores resultados. Como em tudo, a construção é um processo que leva tempo, requer ponderação e nunca poderá ser descontextualizada do tempo em que ocorre. A velocidade do desenvolvimento humano exige a introdução de novos elementos na construção, para uma perfeita interação com o mundo onde se insere. A escola de ensino artístico é o espaço privilegiado da contemporaneidade, da ”idade transestética”, como carateriza Gilles Lipovetsky, o tempo em que vivemos: “o capitalismo centrado na produção” (fordiano) “é substituído por um capitalismo de sedução focalizado nos prazeres dos consumidores por intermédio de imagens e de sonhos, de formas e narrativas”1. Confrontamo-nos com novos paradigmas de ano para ano e é assim emergente reponderar a escola como o edifício que se constrói diariamente.
1 - Lipovetsky, Gilles e Serroy, Jean, in O Capitalismo Estético na Era da Globalização, Edições 70, 2014)
EM CO NS TR U Ç Ã O
O operário em construção,
poema de Vinicius de Moraes,
publicado em 1956, na primeira edição do quinzenário Para
Todos, e a canção de Chico
Buarque, Construção, lançada
em 1971, num LP com o mesmo nome editado pela Phonogram. Estes textos relatam o
paralelismo quotidiano de
operários que trabalham na construção civil e sentem
oprimidos pelas duras condições inerentes ás suas atividades. Enquanto um dos autores, um indica falta de saída,
criando um sufocante clima
de impossibilidades, o outro
aponta alternativas, mostrando um possível caminho para o
trabalhador superar as rudes condições que o degradam.
O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo: - Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu. E Jesus, respondendo, disse-lhe: - Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás. Lucas, cap. IV, vs. 5-8.
Era ele que erguia casas Onde antes só havia chão. Como um pássaro sem asas Ele subia com as casas Que lhe brotavam da mão. Mas tudo desconhecia De sua grande missão: Não sabia, por exemplo Que a casa de um homem é um templo Um templo sem religião Como tampouco sabia Que a casa que ele fazia Sendo a sua liberdade Era a sua escravidão. De fato, como podia Um operário em construção Compreender por que um tijolo Valia mais do que um pão? Tijolos ele empilhava Com pá, cimento e esquadria Quanto ao pão, ele o comia... Mas fosse comer tijolo! E assim o operário ia Com suor e com cimento Erguendo uma casa aqui Adiante um apartamento Além uma igreja, à frente Um quartel e uma prisão: Prisão de que sofreria Não fosse, eventualmente Um operário em construção. Mas ele desconhecia Esse fato extraordinário: Que o operário faz a coisa E a coisa faz o operário. De forma que, certo dia À mesa, ao cortar o pão O operário foi tomado De uma súbita emoção Ao constatar assombrado Que tudo naquela mesa - Garrafa, prato, facão -
Era ele quem os fazia Ele, um humilde operário, Um operário em construção. Olhou em torno: gamela Banco, enxerga, caldeirão Vidro, parede, janela Casa, cidade, nação! Tudo, tudo o que existia Era ele quem o fazia Ele, um humilde operário Um operário que sabia Exercer a profissão. Ah, homens de pensamento Não sabereis nunca o quanto Aquele humilde operário Soube naquele momento! Naquela casa vazia Que ele mesmo levantara Um mundo novo nascia De que sequer suspeitava. O operário emocionado Olhou sua própria mão Sua rude mão de operário De operário em construção E olhando bem para ela Teve um segundo a impressão De que não havia no mundo Coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão Desse instante solitário Que, tal sua construção Cresceu também o operário. Cresceu em alto e profundo Em largo e no coração E como tudo que cresce Ele não cresceu em vão Pois além do que sabia - Exercer a profissão O operário adquiriu Uma nova dimensão: A dimensão da poesia.
EM CO NS TR U Ç Ã O
E um fato novo se viu Que a todos admirava: O que o operário dizia Outro operário escutava. E foi assim que o operário Do edifício em construção Que sempre dizia sim Começou a dizer não. E aprendeu a notar coisas A que não dava atenção: Notou que sua marmita Era o prato do patrão Que sua cerveja preta Era o uísque do patrão Que seu macacão de zuarte Era o terno do patrão Que o casebre onde morava Era a mansão do patrão Que seus dois pés andarilhos Eram as rodas do patrão Que a dureza do seu dia Era a noite do patrão Que sua imensa fadiga Era amiga do patrão. E o operário disse: Não! E o operário fez-se forte Na sua resolução. Como era de se esperar As bocas da delação Começaram a dizer coisas Aos ouvidos do patrão. Mas o patrão não queria Nenhuma preocupação - "Convençam-no" do contrário Disse ele sobre o operário E ao dizer isso sorria. Dia seguinte, o operário Ao sair da construção Viu-se súbito cercado Dos homens da delação E sofreu, por destinado Sua primeira agressão. Teve seu rosto cuspido Teve seu braço quebrado Mas quando foi perguntado O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário Sua primeira agressão Muitas outras se seguiram Muitas outras seguirão. Porém, por imprescindível Ao edifício em construção Seu trabalho prosseguia E todo o seu sofrimento Misturava-se ao cimento Da construção que crescia. Sentindo que a violência Não dobraria o operário Um dia tentou o patrão Dobrá-lo de modo vário. De sorte que o foi levando Ao alto da construção E num momento de tempo Mostrou-lhe toda a região E apontando-a ao operário Fez-lhe esta declaração: - Dar-te-ei todo esse poder E a sua satisfação Porque a mim me foi entregue E dou-o a quem bem quiser. Dou-te tempo de lazer Dou-te tempo de mulher. Portanto, tudo o que vês Será teu se me adorares E, ainda mais, se abandonares O que te faz dizer não. Disse, e fitou o operário Que olhava e que refletia Mas o que via o operário O patrão nunca veria. O operário via as casas E dentro das estruturas Via coisas, objetos Produtos, manufaturas. Via tudo o que fazia O lucro do seu patrão E em cada coisa que via Misteriosamente havia A marca de sua mão. E o operário disse: Não! - Loucura! - gritou o patrão Não vês o que te dou eu? - Mentira! - disse o operário Não podes dar-me o que é meu.
E um grande silêncio fez-se Dentro do seu coração Um silêncio de martírios Um silêncio de prisão. Um silêncio povoado De pedidos de perdão Um silêncio apavorado Com o medo em solidão. Um silêncio de torturas E gritos de maldição Um silêncio de fraturas A se arrastarem no chão. E o operário ouviu a voz De todos os seus irmãos Os seus irmãos que morreram Por outros que viverão. Uma esperança sincera Cresceu no seu coração E dentro da tarde mansa Agigantou-se a razão De um homem pobre e esquecido Razão porém que fizera Em operário construído O operário em construção.
Amou daquela vez como se fosse o último Beijou sua mulher como se fosse a única E cada filho seu como se fosse o pródigo E atravessou a rua com seu passo bêbado Subiu a construção como se fosse sólido Ergueu no patamar quatro paredes mágicas Tijolo com tijolo num desenho lógico Seus olhos embotados de cimento e tráfego Sentou pra descansar como se fosse um príncipe Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo Bebeu e soluçou como se fosse máquina Dançou e gargalhou como se fosse o próximo E tropeçou no céu como se ouvisse música E flutuou no ar como se fosse sábado E se acabou no chão feito um pacote tímido Agonizou no meio do passeio náufrago Morreu na contramão atrapalhando o público
CONSTRUÇÃO Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico Seus olhos embotados de cimento e lágrima Sentou pra descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse máquina Beijou sua mulher como se fosse lógico Ergueu no patamar quatro paredes flácidas Sentou pra descansar como se fosse um pássaro E flutuou no ar como se fosse um príncipe E se acabou no chão feito um pacote bêbado Morreu na contramão atrapalhando o sábado Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir Por me deixar respirar, por me deixar existir Deus lhe pague Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir Pela fumaça e a desgraça que a gente tem que tossir Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair Deus lhe pague Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus lhe pague.
ÍN DI CE
ÍNDICE 3
EM CONSTRUÇÃO - CARLOS RAMOS
4-5
O CAMINHO DA UTOPIA - JOSÉ CALDAS
6-7
EDITORIAL - CONSTRUÇÃO - LAURINDA BRANCO
8-9 12-13
O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO | CONSTRUÇÃO VINICIUS DE MORAES E CHICO BUARQUE
INDICE
PERCURSOS
14-15
ANTÓNIO GARCIA - SOFIA CARVALHO
16-19
CONSTRUÇÃO DE SIGNIFICADOS - CARLA CASTIAJO
REFLEXÃO
20-23
TRANVERSALIDADES | UM LINK PARA A GESTÃO DE DESIGN - RAQUEL J. ANTUNES
24-33
A TIPOGRAFIA DO LUGAR - OLINDA MARTINS
HISTÓRIA DAS COISAS
34-35
AS JÓIAS - MARIA ESTELITA MENDONÇA
PROJETO
36-37
MÓDULO REVESTIMENTO - VALÉRIA FERREIRA
38-39
NATUREZA RÚSTICA - ALBERTO TAVARES
40-41
RELUX - ANA FERNANDES
42-43
NOTAS NUM BLOCO - CATARINA FERREIRA
44-45
MARMITA - GABRIELA SOUSA
46-47
SABORES - ISABEL LOPES
48-49
EXTERNO - INÊS COSTA
PROJETO
50-51
ESPAÇO COM[VIDA]- RENATA SAMPAIO
52-55
ESPAÇOS MÚLTIPLOS - ANA RITA COELHO
56-59
UM MUNDO DENTRO DE OUTRO MUNDO - FRANCISCA ANDRADE
60-61
PROJEÇÕES - CATARINA VIEIRA
62-65
ESSÊNCIA VOLÁTIL - ANA RITA LEITÃO
66-67
MOLUSCA - CAROLINA SANTOS
68-69
MÚSICA COM SETE PUFES - ALEXANDRE LABORDA
70-73
NATURVO - DIANA CERQUEIRA
74-77
LINHA RITMÉTRICA - SUSANA PEREIRA
78-81
PORTO NEGRO - JÉSSICA PINTO
82-85
SENTA-TE NESTA IDEIA - FRANCISCA ANDRADE
86-91
PENSAR É ESCALAR MONTANHAS - MARISA ALVES
92-93
GEOMETRIZAR - PEDRO PÊGO
94-97
À DESCOBERTA DO TIM TIM - CAROLINA BRÁS
PER CURS O S
"O designer era o que desenhava, mas na verdade não há um correspondente directo em português. Talvez lhe possamos chamar ‘o risco,’ como se estivéssemos na ‘sala do risco’. " António Carlos Garcia nasceu em Lisboa a 3 de Fevereiro de
1925. A sua extensa obra exerce se no domínio da Arquitetura
e do Design, em diversas vertentes, de modo interdisciplin-
ar e transversal, cruzando ambas as áreas e integrando - as muitas vezes em contexto. No domínio da Arquitetura projetou edifícios, uma fábrica, moradias, um complexo turístico
e desenvolveu trabalhos de Design de Interiores e Decoração para hotéis, salas de administração, instalações de bancos
e casas particulares. Em 1952 ganhou o primeiro prémio do concurso promovido pela Editora Ulisseia com as capas dos
livros O Adeus às Armas, de Hemingway e A Casa de Jalna de Mazo de la Roche, os primeiros dos cerca de 60 títulos da
série literária de Autores Modernos que viria a realizar para esta editora, com seleção do editor Figueiredo de Magalhães
e com a qual manteve uma colaboração prolifera e duradoura
no Destacam - se as marcas Strol – Importações - Exportações (1950), Estana – Fomento de Minas (1957), Messa – Máquinas de Escrever (1959), Pérola – Rótulos de Cerveja (1959), Sorefame – Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas (1961 - 1963) e Mineira – Companhia Mineiro do Lobito (1967). Con-
cebeu ainda os seguintes logótipos : Crédito Predial Português
(1963), Centrol – Centro Distribuidor dos Óleos de Moçam-
bique (1964), Cajuca, Codepa, Saprel, entre outros, e a Identidade Corporativa de diversas empresas, como estacionário
para Ecomar – Empresa Comercial do Ultramar (1956), Herold
- Imdica – Importadora e Distribuidora de Carvões ( 1957 ) e
Seta – Sociedade Exploradora de Transportes Aéreos (1965).
Para a Tabaqueira executou um trabalho de Design Gráfico marcante para a história A sua colaboração com a empresa de tabacos teve inicio em 1964 com o re-design da embalagem
SG Ventil, seguindo - se em 1965 as embalagens Sintra e no
ano seguinte, High Life, Monserrate e Kayak ; SG Gigante e SG Filtro em 1968. No âmbito do Design Gráfico de Cartazes, destacam - se os realizados para o SNI sob o tema “ O
Verão vem passar o Inverno a Portugal ” (1961), o intitulado “ Good Goods from Portugal ” (1959) e “ EMBA’61 (1961) para o Fundo de Fomento de Exportação e também o criado para XV Congresso de Química Pura e Aplicada (1965). Destacam - se entre outras, as exposições por si concebidas para diversas empresas e entidades como Messa (1959), Sorefame
(1975 e 1976), MOHP – Ministério da Habitação e Obras Públicas (1974 e 1975), Rodoviária Nacional (1974), Sidul (década setenta), Covina (década setenta) e Banco Nacional Ultrama-
rino – BNU (década oitenta). Com projecto do Arquitecto Frederico George, integrou a equipa responsável pelo Design de Interiores e Expositivo, em parceria com Daciano da Costa, que abordou o tema “ Portugal de Hoje e Amanhã ”. Posterior-
mente a Fábrica Osório e Castro promoveu a exportação da cadeira Osaka ( e da cadeira Sena, de António Sena da Silva
), divulgando este mobiliário sob o conceito “ A Supremacia do bom senso ” ( Edição FOC, década de oitenta ). Em 2003, os CCT Correios emitem um conjunto de dez modelos de selos
SOFIA CARVALHO
PROFESSORA PROJETO E TECNOLOGIAS CURSO DE DESIGN DE PRODUTO | EASR
Cadeira Gazela
Cadeira Osaka
sob o tema Design e pretendendo homenagear dez Designers
portugueses, reproduzem as suas criações, entre as quais desta-
camos a cadeira Osaka de António Garcia. A cadeira Osaka e as mesas Cubox4 foram apresentadas ao público na 1ª Exposição
de Design Português em 1971, na FIL, Foram também aspectos relevantes do seu trabalho a Decoração, Design de Interiores e Mobiliário de diversas Salas de Administração e de Administra-
dores de grandes empresas, como a Empresa Geral de Fomento
( Lisboa ), Lisnave, ( Margueira, década 60 ), do Banco Nacional Ultramarino – BNU ( hoje Caixa Geral de Depósitos, Av. Em
1974, a Companhia de Seguros Império convida António Garcia e Daciano Costa a dirigir um Gabinete de Design para dar apoio a outras frentes de negócio, designado Risco – Projetistas e Con-
sultores de Design, SARL. Participa no evento “ Design e Circunstância ” realizado na Sociedade Nacional de Belas Artes 1982, organizado pela Associação Portuguesa de Designers da qual
António Garcia havia sido sócio fundador em 1976. A sua obra
ganhou vulto na história do Design a nível nacional e internacional com a referência aos seus trabalhos nas seguintes publicações : 1ª e 2ª Exposições de Design Português (1971,1973) já referidos,
Graphics International 2 (EUA, c. 1960) ; Who’s Who in Graphic Art (1962) ; The Poster (1968) ; DesignLisboa94 (1994) ; Daciano
“António Garcia, Eu e Daciano: Daciano e eu temos, no registo civil, uma diferença de cinco anos. Nunca fomos companheiros de carteira, nem sócios, nem pertencemos a uma mesma equipa. Limitámo-nos a trabalhar com Frederico George, debaixo do mesmo tecto em períodos desfasados, mas fomos criando uma cumplicidade descomprometida que viria a tornar-se numa grande amizade (incrementada por alguns parceiros comuns, como António Garcia, Eduardo Afonso Dias, José Brandão e Cristina Reis). Com efeito, os três fulanos que referi a propósito da tal “geração intercalar” quase só têm em comum a paixão pelo ofício e os laços de uma grande amizade. António Garcia nunca se sentiu vocacionado para as práticas docentes nem para qualquer forma de comunicação verbal que exija um mínimo de formalismo. Limita-se a produzir obras exemplares de Arquitectura, Design de Interiores e Equipamento, além de uma obra notável de Design Gráfico, deixando para outros as justificações verbais.” 1
da Costa, Designer (2001), Sena da Silva – 60 anos de ofícios : riscos, sustos, entusiasmos, êxitos e insucessos (2000), Cadeiras Portuguesas Contemporâneas (2003), entre outras.
António Sena Da Silva
1 SILVA, António Sena da, “Modos de Aprender”, Daciano da Costa, Designer,: FCG, 2001, p. 16.
PER CURS O S
de significados Durante séculos, o cabelo foi usado como material
para adornos e na criação de joalharia. Apesar de o cabelo
não ser o material mais comum ou usual na fabricação de
joias, foi utilizado na joalharia e adornos, durante séculos1,
especialmente ao longo da
segunda metade do século XVII
(dezassete) e no final do século XIX (dezanove), altura em que
foi mais frequente incorporar o cabelo em joalharia2.
1 Pamela A. Miller, “Hair Jewelry as Fetish”, Ray B. Browne, Objects
of Special Devotion: Fetishism in Popular Culture. Ohio: Bowling Green University, 1982, p. 89.
2 Marcia Pointon, Brilliant Effects: A Cultural History of Gem Stones
and Jewellery. New Haven and London: Paul Mellon Centre for Studies in British Art, Yale University Press, 2009, p. 293.
Um fio de cabelo pode-se materializar e ser usado na construção de novos significados criativos. O uso do cabelo, como material, é também um forte meio usado para representar memórias, intimidade e outros significados sentimentais. O cabelo pode ser usado na construção da masculinidade ou feminilidade e pode também acarretar conotações sexuais. Além disso, o cabelo possui propriedades perturbadoras: quando está no “lugar certo” ou “no lugar”, pode ser atraente e aprazível; quando está “fora do lugar” ou é “erradamente colocado”, pode criar aversão ou ser repulsivo. Um objeto feito com cabelo pode causar diferentes reações – pode aproximar ou afastar, atrair ou repelir. Desincorporados, pedaços de cabelo revelam um corpo ausente. Esses pedaços (fragmentos) de cabelo podem ser guardados (conservados) e usados para preservar e significar memórias de uma pessoa, pois o cabelo tem a capacidade de persistir. Joalharia feita com cabelo mantém a presença do indivíduo e da pessoa na ausência do corpo, invoca a lembrança de ter vivido ou de ter morrido e reflete o desejo de manter por perto uma parte dessa pessoa, a pessoa amada, como uma forma de a recordar. O propósito mais comum da joalharia com cabelo era representar ou lembrar uma pessoa em particular e, portanto, é muitas vezes bastante pessoal como é visível no trabalho da joalheira Melanie Bilenker.
CARLA CASTIAJO
PROFESSORA PROJETO E TECNOLOGIAS CURSO DE DESIGN DE PRODUTO | EASR
Undress, 2007. Broche, ouro, prata, ébano, resina, pigmento e cabelo. Fotografia: K. Sprague.
De acordo com o joalheiro e escritor americano Bruce Metcalf, a abordagem que Bilenker faz para realizar fotografias dos seus momentos privados tem uma forte referência ao voyeurismo. Ela olha através da lente da câmara fotográfica os seus momentos privados e revela-os, nomeadamente aqueles instantes da sua vida, ações que as pessoas muitas vezes escondem do olhar curioso de estranhos. Para Metcalf, os trabalhos que ela faz elegem a pequena escala, sendo, por isso, joias usáveis; são criações pacientes íntimas e muito delicadas3.
Pinning Brooch Series. Broches, cabelo, papel, ouro, cristal mineral. Fotografia: Sienna Patti.
3 Bruce Metcalf, Ambiguous Intimacy: The Jewelry of Melanie Bilenker. USA: Sienna Gallery, 2007. 4 Ver, por exemplo, alguns exemplos da coleção do Museu Victoria & Albert: http://bit.ly/2eOkdoO http:// bit.ly/2fLaiFg (Visualizado em 1 de Agosto de 2018).
Ela usa uma técnica que era comum em joalharia sentimental (sentimental jewellery), assim como em joalharia de luto (mourning jewellery).4 Usar esse tipo de joalharia era uma prática comum durante a época vitoriana, para “segurar, manter” a memória, para lembrar os mortos ou para estimar um ser vivo e amado, e essa técnica consiste na inclusão de minúsculos fragmentos de cabelo humano que foram incorporados para criar pinturas delicadas.
PER CURS O S
de significados
[continuação]
Mesmo que Bilenker use uma técnica antiga, os temas utilizados no seu trabalho são
muito representativos do nosso tempo e contemporâneos. Tratam-se de momentos mundanos e comuns da vida cotidiana, e os títulos das suas obras evocam e revelam as suas práticas do dia-a-dia. Desta forma, alguns de seus momentos cotidianos e domésticos são registados e fixados, primeiro através da fotografia e, depois, a fotografia é reproduzida por outro meio, digamos, um desenho. O desenho é tipicamente feito de linhas finas de fios de cabelo. São imagens cuidadosamente “representadas”, construídas usando o seu próprio cabelo.
Bouquet, 2009. Broche, ouro, ébano, resina, pigmento e cabelo.
Os fios finos de cabelo são usados para criar os desenhos que depois são protegidos com resina, o que cria uma superfície brilhante. No entanto, a partir de 2009, Bilenker mudou para colas não tóxicas no papel (como na série In Bed) e, em seguida, a superfície é protegida com cristal mineral. Muitas vezes, o resultado final é uma peça de joalheira, como um broche ou um anel. E se não for mencionado, talvez à primeira vista não seja fácil perceber que o desenho foi feito de cabelo humano. O seu trabalho criativo abraça a ambiguidade, o familiar e o íntimo, e também reflete algo de misterioso, até mesmo de “estranho”.
CARLA CASTIAJO
JOALHEIRA PROFESSORA HISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES | EASR
Na série In Bed, ela faz alusão ao espaço íntimo e privado por excelência – a cama – e mostra-nos os diferentes desempenhos que faz na cama e no quarto, como por exemplo: dormir (Asleep), despertar (Rousing), vestir (Dressing) ou até apagar a luz (Turning Out the Light).5 É no quarto e na cama que passamos uma parte significativa de nossas vidas. É um lugar íntimo, um lugar de conforto, felicidade, amor ou dor, doença ou morte. Melanie Bilenker deseja preservar momentos mundanos, manter e proteger memórias, que podem ser imortalizadas em joalharia. Conservar (e preservar) essas memórias é um aspeto significativo da joalheira. O valor da joalharia com cabelo era (é) principalmente sentimental.6 A importância sentimental é capaz de substituir o valor económico, e o uso do cabelo humano como matéria-prima era (e é) um forte meio usado para representar memória, intimidade e criar significância sentimental.
5 In Bed Series: https://bit.ly/2wqKG5Q
(Visualizado em 1 de Agosto de 2018). 6 Shirley Bury, Jewellery 1789‑1910:
The International Era, 2 vols. Woodbridge: The Antique Collectors’ Club, 1991, p. 686.
In Bed Series, Turning Out the Light, 2012. Broche, cabelo, papel, nogueira, ouro, latão, cristal mineral. Fotografia: Sienna Patti
R EFLE X Ã O
Em construção... Andamos sempre à volta do mesmo. Desde a Antiguidade Clássica que não há outro tema para conversa. Será que as coisas são o que são ou esperam uma oportunidade para se transformarem em algo diferente? A mudança em luta contra a permanência. Uma coisa é certa, há quem tenha a imagem do mundo como algo completamente pixilizado, branco contra preto, claro contra escuro, errado contra certo, bem contra mau e por aí fora. Outros há que admitem uma gradação de cores (um degradée) e para esses a realidade nunca é. Será mais ou menos. Nada é certo, reina a incerteza, tudo depende de. Saber quem estará certo e quem estará errado é uma espécie de mito de Sísifo epistomológico. Mal a pedra do conhecimento está no cimo da permanência logo ela resvala ladeira abaixo da mudança.
ALBERTO TEIXEIRA
PROFESSOR DA ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS
Poderia aí ficar, mas Sísifo é um empedernido teimoso que logo leva esse conhecimento de volta à permanência. Pior que Sísifo só a malta da escola de Copenhaga que virou a interpretação da realidade às avessas temperando-a com a pitada excêntrica da física quântica. Deixa de haver realidade para passar a existir realidades sobrepostas com graus de probabilidade diferentes. Essa ambiguidade só termina quando alguém se mete a observar. Para lels observar é medir. Por essa razão o gato de Schrodinger, pobre bichano, está anafado numa caixa num estado latente de semi-vida ou semi-morte. Depende do ponto de vista. Copo meio-cheio, copo meio-vazio. Cada um escolhe a sua opção. Digamos que o gato está em construção da sua vida ou da sua morte. O terrível é que somos nós que decidimos quando abrimos a porta da caixa. Tanto poderemos ser salvadores como carrascos. Mas também isso não dependerá de nós. As inexoráveis leis da estatística hão-de-se encarregar da decisão e a tranquilidade instala-se. A vida continua. Ou a morte! Einstein, velha raposa, disse logo que Deus não jogava aos dados. Ou sim ou sopas. As coisas são o que são e não há meias tintas, nem nuances, nem subjectividades. Infelizmente as mais recentes experiências levadas a cabo neste domínio têm dado razão à interpretação da escola de Copenhaga. Vicissitudes de algo que está ainda em construção. A coberto destas diabrites da Física, que até poderá estar no rol das ciências exatas, os pós-modernos entraram de rompante e decretaram que o relativismo é a nova língua franca. Para tudo, sem exceção. Uma espécie de latim da sociedade líquida de Bauman.
R EFLE X Ã O
Com os discípulos de Lyotard, Paulo Virilo, Cioran, entre outros, começou-se a construir a realidade. Como se a realidade não existisse e dependesse de infindáveis narrativas incomensuráveis. Aqui entra Kuhn. Claro que os orientais já tinham descoberto isso. Tudo gira à volta duma energia cósmica que vai tomando diferentes formas e aspetos. Camões não teria dito melhor “todo o mundo é composto de mudanças tomando sempre novas qualidades”. Pode ser que o simbolismo seja diferente, mas as coisas estão lá. Na verdade o Yin e o Yang são menos os bits habituais que os qubits quânticos. Nesta perspectiva a palavra chave é “mutação”. As coisas mudam até se atingir o “Nirvana”, o nada absoluto. Pois, porque para os orientais os seres humanos são a única realidade que vale realmente a pena considerar. Por isso estão sempre em construção numa direção para o absoluto que ninguém viu nem sabe o que seja. Não estamos longe dos ciclos dialéticos de Hegel (tese-antítese-síntese). Ora assim voltamos à Grécia Antiga e ao filósofo Heráclito “nunca nos banhamos nas águas dum mesmo rio”. Até o rio se encontra em construção. Nada poderá escapar ao destino da “construção”.
Duma forma ou de outra tudo se encontra em construção. Nada está acabado. Até este artigo!
ALBERTO TEIXEIRA
PROFESSOR DA ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS
Pós-epílogo:
há um mantra contínuo (da família do politicamente correto) que manda pensar na impermanência e na incomplitude. Para além de se ter que “pensar fora do quadrado” temos que admitir que tudo está em construção. Não é de bom tom contrariar esta ideia. No entanto os pragamáticos fazem-na todos os dias. Talvez por isso tenhamos um conjunto de artefactos e uma realidade estruturada. Tivessem seguido cegamente a ideia de que tudo não está acabado e provavelmente nada teríamos para usufruir. O nosso destino teria sido uma imensa espera idêntica à de Godot. A verdade é que a evulução faz-se através duma constante oscilação entre um pólo e outro. Ora se expande, ora se contrai. Dum lado a luz, do outro as trevas. Ao lado do caos a ordem. A construção é assim um caminho que se ziguezagueia entre o agora e o depois.
R EFLE X Ã O
Um mundo em [re]construção
eco design e design sustentável
Infelizmente, a atividade humana tem gerado cada vez mais quantidade de poluentes que afetam o tão belo meio ambiente.
Desde sempre que tive contato com a
Natureza e revolta-me vê-la a morrer ao longo dos tempos.
É necessário protegê-la e saber usar
responsavelmente os seus recursos porque, na verdade, é ela que nos dá vida.
Todos nós conseguimos participar na
luta contra a poluição, basta querer. Sinto que, com o evoluir dos materiais e das
tecnologias, é mais fácil de intervir e cuidar do nosso meio ambiente. Sinto também que, o design poderá ser um excelente intermediário nessa iniciativa.
Enquanto estudante de design de produto, a minha motivação é sensibilizar o público para a redução de poluição, focandome neste sentido em dar a conhecer
novos materiais que poderão ser ótimas alternativas.
O Homem e a sua atividade têm vindo a fazer aumentar a quantidade de lixo na natureza. O tempo de degradação dos materiais na natureza varia, o que provoca a acumulação de lixo no meio ambiente. De forma a evitar e prevenir esta acumulação, o Homem tem que inventar estratégias que diminuam as quantidades de lixo ou que o tornem mais fácil de degradar. Incentivar a reutilização, a redução e a reciclagem e tornar os materiais utilizados mais biodegradáveis são as principais estratégias a adotar. Produtos biodegradáveis são aqueles que possuem uma decomposição mais rápida na natureza. Para isso, são compostos por elementos orgânicos para que os agentes biológicos naturais facilitem a sua degradação, evitando a poluição. Portanto, tratase de produtos sustentáveis e amigos do ambiente. Na Natureza, toda a matéria orgânica viva descompõe-se rapidamente e com grande facilidade, tornando ainda a terra mais fértil para os novos seres que virão. O mesmo não acontece com os humanos porque eles produzem coisas artificiais como as latas de refrigerantes, vidro e plástico, que demoram eternidades para se decomporem na totalidade. As embalagens de papel, por exemplo, demoram 3 a 6 meses a decomporem-se; os fósforos e as beatas de cigarro demoram cerca de 2 anos; as latas de alumínio, 200 a 500 anos e o vidro, 1 milhão de anos.
MARISA ALVES
ESTUDANTE CURSO DE DESIGN DE PRODUTO | EASR
DESIGN ECOLÓGICO Como é percetível no nome, o Design Ecológico é uma resposta aos desequilíbrios ambientais por nós provocados, criando produtos que reduzem a utilização de recursos não-renováveis ou que minimizam o impacto ambiental. Este termo surgiu pela primeira vez em Europa nos anos 60, sendo o seu principal defensor Victor Papanek, um designer austríaco que se preocupava bastante com o impacto ambiental e com as suas consequências. O Ecodesign tem como fundamento a redução dos impactos ambientais através de melhorias no fabrico de
produtos. Para além de se utilizar a menor quantidade possível de energia nos processos de fabrico, existe uma preocupação em gerar um número reduzido de resíduos, ora na criação, ora na reciclagem do
produto. Também existe preocupação na forma como o produto é pensado, projetado e criado, isto é, a sua embalagem, o transporte, a forma como chega a casa do consumidor, como pode ser reciclado, deitado fora ou reutilizado… Todas as suas características surgiram a partir da forte necessidade do Homem precisar de conviver com o meio ambiente de forma mais harmoniosa e menos agressiva.
PRÍNCIPIOS DO ECO-DESIGN DE VICTOR PAPANEK 1. Escolha de materiais de baixo impacto ambiental: renováveis, menos poluentes, não tóxicos ou que requerem menos energia de fabricação 2. Qualidade e durabilidade: produtos que durem mais tempo de maneira a gerar menos lixo 3. Reutilização: produtos executados a partir da reutilização de outros 4. Eficiência energética: utilizar métodos de fabricação que gastem menos energia 5. Modularidade: produção de produtos cujas peças possam ser facilmente trocadas em caso de defeito – gerar menos lixo porque o produto não é totalmente substituído
R EFLE X Ã O
Garrafa biodebradável ARI JÓNSSON
“We should ask ourselves, why are we using materials that take hundreds of years to break down in nature to drink from once and then throw away. I can’t claim that this is the perfect solution for our problem with plas tic bottles, but it’s a start.” “Porque é que ainda usamos materiais que demoram centenas de anos a decompor-se quando só os usamos uma vez e depois deitamo-los fora? Não posso afirmar que esta é a solução perfeita para o nosso problema, mas é um começo.” - ARI JÓNSSON -
Um designer de produto islandês, Ari Jónsson, encontrou uma solução para substituir o plástico que está a poluir o nosso Planeta. O plástico leva 500 a 1000 anos para se decompor na totalidade, esta solução é essencial para a combater a industria de plásticos. Haverá sempre necessidade de transportar água e, para isso, é necessário hexistirem recipientes. A sua inovação para resolver o problema da poluição existente hoje em dia, é nada mais que uma garrafa de água executada com angár, uma substância gelatinosa criada a partir de algas.. Esta garrafa biodegradável, é uma combinação do tal hagar com água. Essa mistura é aquecida e derramada num molde, molde esse que possuía a forma de uma garrafa de água. Após a mistura arrefecer no molde, a garrafa está pronta a ser utilizada. Dentro da garrafa, a água está completamente segura para consumo, uma vez que a garrafa não possui quaisquer produtos químicos. Ela possui a sua forma até ficar vazia, entrando em degradação quando está vazia. É uma ótima solução, pois, grande parte das garrafas de água são usadas apenas uma vez, sendo depois deitadas fora. Com esta inovação, também se pode melhorar a nossa qualidade de vida e a nossa saúde.
MARISA ALVES
ESTUDANTE CURSO DE DESIGN DE PRODUTO | EASR
Paper Bricks
EINDHOVEN WOOJAI LEE
O papel é um dos materiais mais produzidos e descartados do mundo e, mesmo sendo reciclado, vai perdendo qualidade à medida que o tempo passa. O designer coreano Eindhoven Woojai Lee olhou para o papel com outros olhos, decidiu fazer construções com algum do papel que era descartado – Paper Bricks. Esta é mais uma ideia inovadora que poderaá ajudar bastante o nosso Planeta.
“The form of the bricks was chosen to minimise the material usage, minimise the deformation and maximise strength. I wanted to give paper rubbish a new life as a much stronger and longer lasting material.”
Com o papel descartado, o designer criou pequenas mesas e bancos, parecendo-se com tijolos e podendo-se cortar, serrar e lixar tal como a madeira. Todo este processo dá-se com a transformação do papel em polpa, sendo, posteriormente, misturado com cola de madeira e à medida que isto se procedia, atribuía-se a forma desejada ao equipamento através de um molde.
“A forma dos tijolos foi escolhida para minimizar o uso do material, minimizar a deformação e maximizar a força. Queria dar uma nova vida aos desperdícios de papel, tornando-o num material muito mais forte e duradouro.”
Esta invenção possui uma textura irregular e apresenta tons marmoreados, dando aos Paper Bricks uma superfície macia e semelhante a têxtil. Cada unidade possui orifícios ao seu redor que permitem que cada bloco pode ser unido a outros.
- EINDHOVEN WOOJAI LEE -
R EFLE X Ã O
Adidas + parley ocean plastic ™ ALEXANDER TAYLOR
“A designer can be the agitator and the agent for change. He must be entrepreneurial in spirit, seeking out collaborators to reach amazing solutions which outperform and offer truly viable alternatives to current methods.” “Um designer pode ser o agitador e o agente para a mudança. Ele deve ser empreendedor de espírito, procurando colaboradores para alcançar soluções surpreendentes que superam e oferecem alternativas verdadeiramente viáveis aos métodos atuais “. - ALEXANDER TAYLOR
Parley Ocean Plastic, uma iniciativa ambiental, em conjunto com a Adidas, a marca desportiva, criaram uma coleção de sapatilhas de corrida executada a partir de grandes quantidades de plástico reciclado recuperado do mar. Essa coleção é composta por três pares de sapatilhas, as UltraBOOST, UltraBOOST X e a UltraBOOST Uncaged. Projetada pelo designer , esta coleção é feita com os processos de fabricação de calçado da Adidas, substituindo as fibras sintéticas por fios de plástico apanhado em ambientes marinhos. Cada par é executado com uma média de 11 garrafas de plástico, sendo os atacadores, a fita e a parte curva do calcanhar e o forro interior feitos a partir de um material PET reciclado. A paletas cromáticas azuladas e o padrão das ondas são inspiradas nos oceanos, sendo um atributo à beleza dos ambientes que esta iniciativa pretende proteger. Esta parceria, possui um foco mútuo na inovação ecológica e sensibiliza o público a evitar poluir os mares e, de certa forma, os oceanos. É uma forma inovadora e alternativa de economizar e reutilizar o plástico que já não precisamos.
MARISA ALVES
ESTUDANTE CURSO DE DESIGN DE PRODUTO | EASR
MATERIAIS SUSTENTÁVEIS
Biopolímeros
Biotecidos
Os biopolímeros são plásticos que possuem as mesmas propriedades do plástico comum, mas que se distinguem por usarem fontes renováveis – como óleos e gorduras vegetais, resíduos de soja e amido de vários plantas e microbiota – como matéria prima. No entanto, existem biopolímeros biodegradáveis e outros que demoram quase ou o mesmo tempo a decomporem-se que os plásticos comuns. Existem três tipos de biopolímeros biodegradáveis, os compostáveis, os hidrossolúveis e os oxidegradáveis. Os compostáveis são os biopolímeros que têm facilidade em desfazerem-se em processos de compostagem. Os hidrossolúveis decompõem-se automaticamente quando entram em contacto com a água. Por fim, os oxidegradáveis começam a desfazer-se mal entram em contacto com o oxigénio e com os raios ultravioleta, isto por estes biopolímeros terem recebido certos aditivos na sua fabricação. Esta matéria geralmente é utilizada em produtos descartáveis como embalagens e produtos de restauração, como os talheres descartáveis e os recipientes.
Bio têxteis são uma nova área no campo científico que tem evoluído muito, devido à necessidade de criar materiais que funcionem biologicamente sobre a pele humana. Com o avanço das investigações nesta área e o desenvolvimento da nano tecnologia, esta abordagem tem sido muito promissora. Especialistas em têxteis e medicina estabeleceram possibilidades bio funcionais na produção de têxteis, especialmente na área da Dermatologia. Como os têxteis interagem de uma forma muito intensa com a pele, os microsorganismos da pele podem ser nfluenciados por eles.
Peças de Suzanne Lee são feitas de material orgânico (chá verde, micróbios e celulose) e em casa.
R EFLE X Ã O
MATERIAIS SUSTENTÁVEIS[continuação]
Os Cogumelos Parecendo que não, os fungos têm muito mais que aquilo que pensamos para oferecer. Apesar de serem desperdiçados por nós, são ecológicos e podem tornarse o nosso maior recurso e transformar isso em algo realmente valioso. Uma start-up, a MycoWorks viu os fungos com outros olhos e criou o couro feito a partir de cogumelos. O seu ingrediente principal é o micélio, fios microscópicos, radiculares, dos cogumelos que possui diferentes substratos. Torna-se uma matéria interessante por ser uma fibra natural, poder ser cultivado e manipulado numa vasta quantidade de texturas, formas e cores. Esse couro couro vegetal 100% biodegradável é produzido naturalmente, sem químicos. Apesar de ser
semelhante ao couro e à camurça, é muito mais suave, transpirável e flexível. A empresa, para além do que foi dito anteriormente, afirma também que o material é à prova de água, próprio para o contacto com a pele humana e capaz de impedir a reprodução de bactérias. Além do couro, a fábrica também já experimentou fazer madeira sintética com eles. Misturado com serragem, criaram uma nova madeira capaz de destruir objetos de metal. Embora este material seja uma ótima e sustentável opção para o ecossistema, é também uma escolha ética que respeita os direitos dos animais. Assim, não é necessário financiar uma indústria cruel para obter produtos de qualidade, práticos e com durabilidade.
MARISA ALVES
ESTUDANTE CURSO DE DESIGN DE PRODUTO | EASR
“Madeira” das Bananeiras Green Blade é o nome dado ao laminado feito a partir das bananeiras criado pela empresa francesa FIBandCO. A fibra das bananeiras é um material bastante versátil, sendo usada em artesanato e matéria prima para vários produtos. De excelente qualidade estética, é resistente e fácil de trabalhar. É um material 100% natural, não contribui para a desflorestação, pois é executado a partir de resíduos
das plantações de bananeiras. Apenas são utilizadas as partes que seriam descartadas. Esta descoberta é vista como uma alternativa sustentável à madeira, não só por não matar a Natureza mas também porque a sua produção não contém químicos ou produtos adicionais. A Green Blade é adequada para interiores, decoração e mobiliário.
R EFLE X Ã O
MATERIAIS SUSTENTAVEIS [continuação]
Crustic Foi comprovado que é possível transformar a carapaça dos caranguejos em biopolimeros de alto desempenho. Os caranguejos, camarões e crustáceos possuem no seu corpo um alto valor de quitina. A quitina é um polissacarídeo, um polímero, composto por moléculas de açucar. A seguir à celulose, a quitina é o biopolímero mais abundande no nosso planeta. Esse material chama-se Crustic e é resultado da quitina com água e uma pequena quantidade de glicerina. A
processo de execução deste biopolímero demora muito mais tempo do que a dos plásticos convencionais mas os ingrediente não são tóxicos, sendo um material amigo do ambiente. Jeongwon Ji é um designer que decidiu fazer revestimentos mais táteis de produtos eletrónicos com este biopolímero. Os tais revestimentos são executados em moldes de madeira geométricos e pelo material ser ásperos, sofre uma pequena deformação à medida que repousa. Daí resultam formas mais táteis e orgânicas.
MARISA ALVES
ESTUDANTE CURSO DE DESIGN DE PRODUTO | EASR
TYVEK ® Surpreendentemente estamos em contacto com o material Tyvek quase todos os dias. Este material nãotecido elaborado com fibras puras de polietileno de alta densidade, é 100% reciclável e não prejudica o meio ambiente. Tyvek é uma marca registada da DuPont. Aparenta ser papel pela sua textura enrugada e tecido pelo seu toque macio, leve e flexível. É um material resistente ao desgaste, respirável, impermeável, durável e existe em várias cores. É um material 100% reciclável. O Tyvek pode ser facilmente modificado, podendo ser colado, cortado, costurado e, ainda, pode nele serem impressas imagens a tinta e pode ser escrito. Este material pode ser levado à máquina de lavar por ser resistente e seca rápido. É impossível de gastar ou desgastar, sendo
resistente a repetidas ações de dobrar ou machucar e flexionar sem rasgar, mas pode ser facilmente cortado com uma tesoura ou outro objeto cortante. Não é afetado por substâncias químicas, ácidos, bases e sais, tem uma alta resistência à deteorização, sujidade e manchas. Suporta temperaturas entre -75ºC a +118ºC. Devido às suas características, este material é bastante utilizado para diferentes coisas, como para pulseiras de identificação, etiquetas, sacos ecológicos, mantas térmicas de transporte de mercadorias, capas de proteção de automóveis, envelopes e mapas inquebráveis, equipamento de proteção em laboratórios, sendo ainda usado também no mundo da moda e para objetos de decoração.
H I STÓ RI A D A S C O I S A S
HISTÓRIA DAS COISAS “ Das Coisas importantes dizem os sábios que o coração as confia à Recordação. Foi por isso, parece, que se começou a escrever as dedicatórias: para que a memória não se perca! “ “ Noventa por cento do tempo do Homem decorre em contacto com os pequenos objectos, na relação direta com as coisas humildes: a faca, a cama, o armário, o anzol, os sapatos ou a capa… “ “ Diz Mark Twain que conhece muitos homens que poderiam viver sem uma filosofia determinada, mas para quem seria impossível viver sem as suas botas ou o seu cachimbo!,,, “ “ Não há um objeto pequeno à nossa volta que não tenha uma história ampla e uma peripécia complexa no que se refere à sua descoberta ou invenção! “
MARIA ESTELITA MENDONÇA
PROFESSORA HISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES | EASR
as jóias
A palavra jóia significa”alegria”. Embora seja de procedência francesa a sua etimologia vem do Latim, do termo “jocale”, com o significado de “jogo”. Não é difícil compreender porquê. Nos finais da Idade Média, entendia-se por jóia “tudo aquilo que nos dá prazer e contentamento”. E, no tempo de Cervantes, assegurava-se que trazê-las no corpo era indício de graça, alvíssaras e grande alegria. Na sua origem mais remota, a jóia era considerada um objeto relacionado com a magia. Utilizou-se como amuleto jóias de todos os tipos. Assim, na Pérsia e na Índia antigas, colocava-se jóias na boca dos doentes, atribuindo-lhes poderes curativos e revitalizadores.Mesmo quando morria alguém, acompanhava-se o cadáver de quantas jóias possuía, a fim de lhe servirem de adorno no mundo dos arcanos. No Egito Antigo, as jóias eram uma parte imprescindível do traje, parte tão importante que uma donzela podia andar despida mas não sem jóias. As jovens eram apresentadas aos seus esposos, antes da consumação do casamento, ostentando como único adorno um cíngulo de pedras de cores em volta da cintura, dizendo-lhes: “Aí tens a alegria das tuas noites e a ajuda para os teus dias”. Não era preciso que as jóias fossem de ouro. A conotação de valor económico que adquiriram é relativamente moderna. Num curioso livro publicado em Valladolide, em 1572, “El Quilatador”, o seu autor assegura que “não é jóia por ser de ouro, mas pela arte do ourives ao acabá-la”. E os lapidários antigos, isto é, os tratados sobre o poder das pedras preciosas e das gemas, fixam-se, mais do que no valor monetário, nas virtudes curativas, Assim, aos anéis e pulseiras atribui-se diferentes habilidades, consoante predomine neles determinada pedra: “...a turquesa azul, usada em anéis, protege de feridas a quem cair do cavalo; a ágata da Sicília, que é negra, livra quem a usar da mordedura de víboras, se antes tiver sido misturada com vinho tinto, A ágata de Creta, que é colorida, aclara a vista e apaga a sede; a cornalina vermelha alaranjada pode aliviar hemorróidas e dores de barriga ou de parto. Mas a pedra mais apreciada, sendo pequena e de resplendor cristalino, é o diamante, porque nem o fogo, nem a água, nem o tempo a podem danificar nem corromper; segundo dizem, só com sangue de cabrão abranda um pouco...” Os brincos, que eram usados no Egito há mais de 6000 anos, simples aros que atravessavam as orelhas, também eram considerados jóias. Punham-se para atrair, sobre aqueles que os utilizavam, o olhar alegre e para despertar o interesse.(...), foram igualmente objeto de utilização mágica. Mas a peça de joalharia por excelência, além do anel, foi o colar. Este teve sempre uma conotação mágica e até política, Representou, desde a sua origem, o poder, o comando e o domínio sobre o mundo visível e o oculto. Era, como o anel, uma representação em grande escala do círculo fechado, talismã perfeito, o mais poderoso de quantos amuletos pudesse fabricar qualquer bruxo ou grãosacerdote. Usavam-no os reis, os sumos-pontífices e os ministros do faraó. Quando o arqueólogo inglês H. Carter descobriu o túmulo de Tutancamon, em volta do pescoço deste encontrava-se um grande colar de 166 chapas de ouro, cujo desenho representa a deusa-abutre Nekhbet segurando nas garras um hieróglifo gravado cujo texto diz: “ Eis o círculo perfeito do mando”. Pancracio Celdrán - “História das Coisas”- Editorial Notícias. 2000
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11ยบ ANO_ EASR | 2016.17
revestimento
VALÉRIA FERREIRA
Nesta unidade de trabalho, foi pedido aos alunos que, após realizarem um levantamento fotográfico dos elementos arquitectónicos e equipamentos urbanos mais relevantes da Rua das Flores e Rua Mouzinho da Silveira, selecionassem três pormenores que originassem a criação de módulos de revestimento 10 x 10 cm.
O desenho e representação digital do trabalho foram realizados em computador, no software Inkscape. Parte destes desenhos digitais foram utilizados na tecnologia de têxteis para impressão de papel transfer que posteriormente viria a ser utilizado na técnica de termotransferência.
O pormenor escolhido encontrava-se gravado numa porta de madeira azul, e após vários estudos e esboços realizados em projeto, deu origem às ideias finais para os módulos de equipamento e de têxteis.
Por fim, simulou-se digitalmente uma aplicação do padrão têxtil em contexto - cozinha. O tecido escolhido seria SISAL uma vez que é brilhante e de alta resistência, no entanto, precisaria de alguns acabamentos como:
Seguidamente, passou-se para a concretização do módulo de equipamento nas oficinas de madeiras e metais. Para isso, utilizou-se uma base de MDF revestida a pinho e na parte metálica cobre.
1) anti humidade; 2) anti gordura; 3) scoth-gard (contra óleo e água); 4) anti fogo.
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11º ANO_ EASR | 2016.17
rústica natureza
ECO DESIGN E DESIGN SUSTENTÁVEL O projeto parte da recolha de objetos utilitários em fim de vida e com eles, produzir novos objetos que servissem para novos usos, isto é, atribuir-lhes uma nova função e dar-lhes uma “nova vida”.
Natureza rústica nasce de um olhar atento e sensível sobre a natureza e da reutilização
dos seus recursos. Partindo da recolha de objetos em fim de vida: um barril, uma hélice de
uma ventoinha e de um vaso, surge a ideia de criar um porta guarda-chuvas. Numa análise mais aprofundada sobre esta tipologia de objetos constatei que era necessário considerar um contentor que recolhesse a água dos guarda-chuvas molhados e em simultâneo a
possibilidade de este ser amovível. Nesse sentido e após uma reflexão sobre o problema, questionei: E se reutilizasse a água dos guarda-chuvas molhados? Para que função? E...
como? E, se para além de um porta guarda-chuvas, fosse também um vaso e as plantas fossem regadas com o reaproveitamento da água.
Natureza rústica, assume-se assim como um objeto simbólico, que ao mesmo tempo
que dá uma nova vida a objetos em fim de vida, também durante a sua utilização apela à necessidade de “regar” o mundo para o manter vivo, reutilizando o seu recurso mais precioso – a água.
[ OBJETOS COLECTADOS ]
ALBERTO TAVARES
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11º ANO_ EASR | 2016.17
RELUX [ ecodesign e design sustentável ] Após uma recolha de objetos em fim de vida, foi-nos proposto que os reutilizassemos e lhes conferissemos uma nova 'oportunidade', para responder a uma nova função. Partindo da sua análise, decomposição e re-construção tinhamos como objetivo dar-lhes uma nova vida, ou seja, uma nova função. Este é o objetivo desta nova proposta - Eco-Design e Design Sustentável.
ANA FERNANDES
A partir de uma esfera de plástico preto proveniente de um brinquedo de criança, com uns círculos também de plástico colorido transparente e de uma taça de cerâmica, surge a ideia de criar um candeeiro de mesa, ao qual foi dado o nome de RELUX. Também a sua denominação surge na sequência do tema proposto de reutilização, neste caso concreto, uma luminária criada a partir da reutilização de objetos. O candeeiro “RELUX” é constituído por : uma peça cerâmica utilitária que assume a função de base do candeeiro e uma esfera de plástico que tem a função de abajur. No interior foi criada uma estrutura que sustenta a peça e em simultaneo tem a função de suportar o casquilho e a lâmpada. Assim, nasce numa fusão entre o utilitário e o lúdico, onde novo objeto que se apresenta como uma peça utiliária - candeeiro, mas mantendo o seu lado lúdico do brinquedo, projetando luzes de diferentes cores provenientes das pequenas aberturas circulares cobertas por pequenos círculos coloridos transparentes.
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11º ANO_ EASR | 2016.17
“Notas num bloco”
Projeto e criação de um ou mais objetos no domínio da unidade “Ecodesign e Design Sustentável”
Apesar da sociedade atual estar maioritariamente
consciencializada do seu dever de reciclagem, a
reutilização ainda não é significativa. Habituou-se a
comprar, usar pouco, deitar fora e voltar a comprar. O planeta Terra tem recursos finitos e o dever do Homem
é preservá-los. Desta forma, é o dever dos alunos desta
área e futuros designers trabalharem a sustentabilidade do planeta e dos seus recursos. Uma das melhores
formas, é sem dúvida, a reutilização do que já foi feito.
Com este princípio, os alunos recolheram objetos de que já não precisavam para que, depois de transformados, pudessem ter uma nova função. Os objetos foram desmantelados e observados. Depois de alguma pesquisa e esboços, surgiram-me algumas ideias, das quais escolhi a que passo a explicar. A peça “Notas num Bloco” é um diário visual com um estojo integrado. Este objeto surgiu da necessidade diária que os alunos de artes têm destas ferramentas. A ideia da criação de um bloco compacto transportável e com firmeza suficiente que permite desenhar sem o apoio de uma mesa (devido à sua contracapa de madeira). Ideal para qualquer visita de estudo. A peça cumpre o proposto já que há a reutilização da motherboard de uma calculadora e de um par de calças de ganga. “Notas num bloco”é um objeto retangular, de pequenas dimensões e fácil de transportar. A motherboard é a capa e foi revestida interiormente por ganga. A capa, as folhas e a contracapa (placa de madeira de pinho) foram unidas por um sistema de fixação “parafuso porca”. Na contracapa está preso o estojo feito com as calças de ganga. Não houve qualquer alteração cromática relativamente aos objetos iniciais.
CATARINA FERREIRA
PR O J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11º ANO_ EASR | 2016.17
[marmita] Com o começo da Unidade 4, foi lançada uma proposta
denominada de “Os Artefactos e o seu Consumo na Sociedade Atual”, que tinha como objetivo a realização de um objeto para acondicionamento e transporte, de forma a incorporar as três áreas tecnológicas (Madeiras, Metais e Têxteis). Assim, depois de vários esboços, o objeto escolhido foi uma lancheira que se transforma num tabuleiro.
GABRIELA SOUSA
Com isto, uma vez que a lancheira consiste em duas caixas de madeira abertas, interligadas por dobradiças, foi necessária a realização de uma alça, de forma a segurar a base da lancheira, mantendo-a ou fechada, ou aberta, para além de ter como objetivo o transporte do objeto. Esta alça, para além disso, foi realizada com uma medida para ser colocada ao ombro, de maneira a tornar-se mais cómodo o seu transporte.
A base da lancheira iria ser realizada na tecnologia de madeiras, a alça para segurar a base na tecnologia de têxteis e alguns elementos mais simples na tecnologia de metais, como uma prateleira, que seria colocada no interior da caixa, com o objetivo de promover um maior suporte aos objetos posteriormente lá colocados, sem que esses saíssem do sítio (comida, etc.).
PRO J E TO
sabores CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11º ANO_ EASR | 2016.17
Este projeto surge no âmbito da temática “Os artefactos e o seu consumo na sociedade atual” e consiste na conceção e realização de um conjunto de objetos compostos por uma taça e uma embalagem.
Sendo a área da alimentação o contexto a explorar, o conjunto criado tem como função apresentar, servir e transportar refeições. Com inspiração na marca do Porto e relacionado com o contexto, o produto apresenta o nome “sabores.”. Numa primeira modalidade, o “sabores.” pode ser considerado como um produto de utilização individual, existindo, na refeição, um para cada pessoa. As duas divisórias destinam-se à colocação da comida, podendose ou não comer diretamente da caixa porque as duas tampas de madeira servem de prato. As dimensões da taça permitem a colocação dos mais diversos tipos de refeição, incluindo conteúdos líquidos. A tampa da taça, quando montadas as duas peças que a constituem, transforma-se num rechaud para a taça, no caso de se
servir uma refeição quente, podendo, no entanto, ser utilizada apenas como uma base para a peça cerâmica. Por outro lado é possível utilizar o produto como um contentor comunitário, sendo que a caixa, as duas tampas/pratos, a taça e respetiva tampa/rechaud não são individuais, mas servem para apresentar e servir aperitivos como pão, salgados, molhos e temperos, etc…Neste caso são necessários 1 a 2 “sabores.” por refeição, tendo em conta o número de pessoas. Estas duas modalidades são aplicadas a dois contextos distintos: a utilização do produto em casa e na área da restauração. Para a deslocação das refeições o conjunto “sabores.” transforma-se numa marmita, que com as duas pegas metálicas é transportada para o lugar desejado. Num contexto de restauração, o produto passa a ser a
ISABEL LOPES
embalagem de transporte das refeições take away que é também vendido ao cliente, existindo um acréscimo monetário ao total da compra. Ao adquirir este conjunto via take away o cliente pode utilizá-lo em casa como foi anteriormente descrito. O produto, devido à presença da imagem de marca do Porto, passa também a ser uma recordação da cidade tanto para os turistas como para os moradores da cidade que o adquirem. É multifuncional, prático e de fácil utilização e acesso (a nível de limpeza e de colocação das refeições). Em termo estéticos, trata-se de um conjunto de linhas e cores simples, que se enquadram a qualquer tipo de espaço. Por último, o “sabores.” reflete o conceito inovador da utilização da própria embalagem à refeição.
SABORES é constituído por uma caixa cúbica em MDF com duas pegas metálicas numa das faces, sendo esta a embalagem de dupla funcionalidade com uma dimensão de 15x15x14cm. Em duas das faces da caixa estão presentes elementos da imagem de marca do porto: “Porto.”, da autoria do designer Eduardo Aires. Com um mecanismo idêntico ao de uma mala a embalagem abrese, criando uma caixa de base retangular com duas divisórias, sendo a dobradiça um pedaço retangular de tecido. O acesso às divisórias é feito através de tampas deslizantes. A taça cerâmica com 8,5 cm de diâmetro da base, 13,5 cm de diâmetro da abertura e 5 cm de altura, encontra-se numa das divisórias da caixa e tem uma tampa de MDF composta por duas circunferência de 13,5 cm de diâmetro, que se encontram uma em cima da outra, presas por um elástico.
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CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11º ANO_ EASR | 2016.17
externo Na 4ª unidade da disciplina de Projeto e Tecnologias no Curso de Design de Produto da Escola Artística de Soares dos Reis foi proposto aos alunos a criação de um conjunto de objetos composto por uma taça e respetiva embalagem multifuncional a partir das imagens apresentadas (chasen). O tema da 4ª unidade intitula-se “Os artefactos e o seu consume na sociedade atual”. A introdução desta unidade teve como principal objetivo conjugar a aprendizagem e a metodologia projetua desenvolvida ao longo do ano. Fundindo assim todas as unidades desenvolvidas na criação de um objeto de raiz. Esta unidade teve também o intuito de apelar ao consumismo da nossa sociedade atual e o design dos objetos atuais conjuntamente com o valor cultural e artístico de alguns artefactos já não muito utilizados nos dias de hoje.
INÊS COSTA
75,41 75,41
RR11
7 7
TAMPA TAMPA__LATÃO LATÃO1mm 1mm 63,71 63,71
54,71 54,71
3,2 3,2
133 133
70 70
70 70
76 76 64 64
TAÇA TAÇACERÂMICA CERÂMICA__55mm mm 79 79
00 RR44
70 70
10 10
38 RR38
R5 R5
BASE BASE__MDF MDF55mm mm 55 10 10
10 10
ESCOLA ESCOLAARTÍSTICA ARTÍSTICADE DESOARES SOARESDOS DOSREIS REIS CURSO CURSODE DEDESIGN DESIGNDE DEPRODUTO PRODUTO U4 U4||OS OSARTEFACTOS ARTEFACTOSEEO OSEU SEUCONSUMO CONSUMONA NASOCIEDADE SOCIEDADEATUAL ATUAL
INÊS INÊSCOLAÇO COLAÇOCOSTA COSTA 25/ 25/05/ 05/2017 2017
Numa primeira fase foi pedido os alunos que procedessem a uma pesquisa sobre o objeto apresentado referente á cerimónia do chá no Japão e o contexto da sua utilização. Num primeiro exercício após a pesquisa efetuada, executou-se a realização de esboços e maquetas de pesquisa estrutural e formal. Com os esboços já apresentados procedeu-se assim a realização de um esboço cotado e do desenho técnico digital do objeto final. Para finalizar os objetos foram elaborados e executados nas oficinas das áreas tecnológicas respetivas. A peça “externo” foi a peça concebida como resposta a esta proposta. Esta peça comporta uma chávena de café com o respetivo pires e colher, e um açucareiro com a respetiva colher consistindo assim num quite solitário para beber café. Este quite compactado dá origem a uma peça cilíndrica que corresponde á embalagem. VISTAS VISTASORTOGONAIS ORTOGONAIS||EXTERNOS EXTERNOS
ESC.1:1 ESC.1:1
Decompondo o quite surgem dois conjuntos de objetos: um açucareiro individual e uma chávena de café com um pires, “dentro” deste pires contem uma pequena vela para que o café se possa manter quente durante todo o seu proveito. Esta ideia surgiu no seguimento do método projetual passando por várias fases até chegar a peça final nomeada de “externo”. A peça “externo” é uma resolução apresentada á proposta, cumprindo com todos os parâmetros. O nome dado ao projeto provem da frase “pensar fora da caixa” da autoria de John Adair. O conceito apresentado tem por base uma metáfora alusiva a tudo aquilo que nos rodeio ser uma “caixa” (casa, escola, edifícios públicos, carro, transportes, televisão, telemóvel, etc…), e a sua interligação com a nossa última proposta (criação de uma “caixa”).
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CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO CERÂMICA_ EASR | 2016.17 UNIDADE 1 | O Design e o Homem
[ Levantamento do espaço ]
espaço com[vida]
cozinha
Partindo da proposta ‘O design e o Homem’, tendo como base o ser humano no seu habitat, nasce este projeto de reorganização da cozinha e criação de um azulejo - módulo e a integração do mesmo módulo/ padrão no espaço, contemplando neste processo o espaço/ cozinha como um ambiente de preparação de alimentos e em simultâneo de refeições. Após uma análise reflexiva do espaço existente, tanto a nível de formal como funcional - espaço, iluminação, cor/ materiais, constatei que a alteração da maioria do mobiliário fixo traria consequentemente uma obra a nível estrutural - canalizações, que não era pretendida nesta proposta. Neste sentido, optei somente por repensar essencialmente o espaço de refeição. [ Reorganização do espaço ]
Ao longo da análise do espaço - materiais, cores, mobilidade, encontrei diversos aspectos que podia melhorar. A mesa estava desenquadrada, como se tratasse de dois espaços que se justaponham e não tinham continuidade, nesse sentido fiz crescer o espaço de refeição, passado a ser um espaço extensível que se adequa à função. Outro aspeto é a utilização de cores muito neutras e que tornam a cozinha fria e com falta de luz, assim determinei também que este espaço necessitava de alguns apontamentos de cor, tornando-o mais acolhedor. Assim, e querendo que o meu revestimento fosse também um objeto decorativo, que desse vida ao espaço, após estudar a sua evolução, debrucei-me
RENATA SAMPAIO
[ Módulo / Padrão ]
sobre a sua forma e saí do revestimento plano, dando-lhe alguma tridimensionalidade e dinamismo. Cheguei formalmente a um losango e assim nasceram diferentes padrões que podia formar, que me levaram a uma moldura de espelho, pois a sua forma possibilita a combinação de diferentes padrões e conceitos, adequando-se a outros espaços para além da cozinha. O material escolhido é o grés porcelanato, dado ser impermeável como também ter boa resistência mecânica, podendo ser utilizado em qualquer ambiente. A nível de decoração, aplicação de um vidrado transparente com uma pulverização azul semi-irregular, que poderá ser produzido em enumeras cores. [ Modelação Tridimensional / Renderização ]
[ Maquetas ]
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CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO_ EASR | 2016.17 UNIDADE 1 | O Design e o Homem
espaços
múltiplos O Design e o Homem
“Não existem casas pequenas, existem móveis grandes”
Ron Barth
ESPAÇOS MÚLTIPLOS é um projeto que parte das temáticas ‘O design e o Homem’ e ‘Equipamentos para habitar’, onde o objetivo principal é a reorganização do espaço quarto, adequando-o às necessidades individuais do seu utilizador. Neste sentido, presenciamos assim um processo de análise e reflexão sobre o espaço existente, que devido à pequena dimensão útil deu origem a um espaço, que que modifica e desmutiplica ao longo do dia, conforme as necessidades do momento. Assim, ESPAÇOS MÚLTIPLOS, assume-se como um conjunto de espaços dentro de um só espaço, que vivem em conjunto, sobrepondo-se, mas sem interferirem uns com os outros.
ANA RITA COELHO
O quarto tem uma luz natural aceitável, está virado a poente, mas a luz é impedida de entrar por vários obstáculos no exterior, ainda assim é iluminado grande parte do dia mesmo que pouco. A casa está situada num espaço urbano por isso não tem barulho do trafego automóvel, nem o stress implícito nas cidades – isto torna o quarto tranquilo, silencioso e calmo. A grande quantidade do branco torna-o solitário. A zona de lazer é demasiado grande, não fica espaço suficiente para a zona de trabalho, e faz com que o quarto pareça ainda mais pequeno.
No quarto existe pouco espaço livre e o espaço de trabalho e lazer não está bem determinado, isso faz com que o equilíbrio da divisão fique afetada. A secretaria está situada num sitio que impossibilita o acesso à janela. A cama tem gavetões grandes na base, um deles está sem acesso por causa do posicionamento da secretária. A televisão está numa prateleira demasiado alta para ser visionada da cama (única zona de lazer).
No quarto existe uma fonte de luz natural e duas fontes de luz artificial, uma das fontes artificial localiza-se no teto do quarto, a outra fonte é mais reduzida, um candieiro de mesa, na cabeceira da cama.
A iluminação natural provem de uma janela situada na parede este do quarto, está situada a poente sendo, supostamente, assim o quarto fica iluminado por um maior número de horas, mas existem vários obestaculos do lado exterior que impedem a maior parte da luz e entrar. Quando à luz existe, tem um inconveniente, como a luz da janela fica direcionada para a televisão impossibilita a visão da mesma.
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CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO_ EASR | 2016.17 UNIDADE 1 | O Design e o Homem
Na proposta de reorganização, tive em conta os conceitos e princípios que estabeleci, e fiz um mobiliário simples e rebatível para poder aproveitar o máximo de espaço possível, e torna-lo versátil. A cama vai estar inserida num espécie de degrau, assim posso recolhê-la quando não for necessária. O estrado é feito de madeira maciça para aguentar com o peso do colchão e de uma pessoa, tem rodas na parte inferior para facilitar a mobilidade da mesma. Na zona que fica virada para o exterior tem contraplacado com uma fissura suficientemente larga para caber uma mão e puxar a cama. A ocupar toda a parede Oeste foi construida uma estrutura modular, em forma de L, com funções múltiplas: guardar roupa, material de trabalho, assim como um puf/almofadas para quando quiser disfrutar confortavelmente da televisão, que ficará no espaço vazio entre a combinação 'Éles'. A secretária também é rebatível. Tem uma moldura que quando aberta transforma-se no suporte do tampo da mesa (feito de contra placado para ser mais leve). A zona de trabalho situa-se jutno da janela de forma a aproveitar a única fonte de luz natural existente. Para a fonte de luz artificial optei por uma luz LED branca porque, para além de ser mais económica, também combina com a base branca e assim propaga-se por toda a divisão, sendo necessária apenas uma fonte de luz. Em relação às cores optei por deixar na base o branco com o intuito de propagar a luz e dar a ilusão de que o quarto é maior. A cor vai estar presente nas paredes norte, sul e oeste e no teto.
Mas para que o excesso de branco não tornasse o espaço solitário e vazio completei-a com uma cor vibrante, o amarelo. O amarelo representa a energia, alegria, verão , é a cor da luz. Essa cor é associada ao intelecto, às ideias e à inquirição mental daí ser usada em salas de estudo e escritórios, ou seja ajudar em ambientes nos quais haja a necessidade de concentração e atenção. O contraplacado usado no objeto projetado (o móvel) vai ter tons amarelados e as suas portas vão ser em amarelo primário. Para haver um equilíbrio entre as duas cores coloquei uma cor neutra, o cinza, numa das paredes e em alguns elementos do objeto principal outros tons desta mesma cor.
ANA RITA COELHO
O objeto “Éles” é um modulo que, ao constituir um sistema modelar, dá origem a uma estante de arrumação. A sua altura máxima é 50cm, a sua altura relativa é 25cm, a largura máxima é 90cm e a altura relativa é 65cm. Materiais: A estrutura é em contraplacado de bétula, por ser mais leve, o mais indicado para pintar e mais económico. No projeto apresentado encontra-se pintado de amarelo, mas ganha versatilidade ao poder ser pintada de outras cores. As portas são de alumínio devido à sua cor acinzentada e também, de novo, por ser económico. Construtivo: A peça é composta por 6 placas de contraplacado de bétula que encaixam através de lamelas e respiga e fura. É composta também por uma porta em alumínio (89 x 25 x 3cm) que fixa à estrutura através de dobradiças, e tem ainda um esquadro que permite abrir e fechar mais facilmente. A estrutura vai encaixar através de lamelas. A lamela é uma peça que encaixa numa cavidade na peça que se pretende colar e ao absorver a humidade da cola incha, faz preção na cavidade das peças e estas ficam presas e seguras. Também vai ser utilizado o encaixe espiga e fura nos sítios em que não seja possível utilizar lamelas. Para prender as portas à estrutura vou usar dobradiças e um esquadro.
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CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO_ EASR | 2016.17 UNIDADE 1 | O Design e o Homem “Arte de Viver”
Um projeto de remodelação do espaço do quarto em que as opções de simplicidade e conforto se conjugam com a diversidade de formas e de materiais. A recriação do espaço produz um ambiente com um carácter dinâmico, peculiar e envolvente, num jogo de equilíbrios/desequilíbrios. Os conceitos de essência e funcionalidade estão em destaque, seguindo o princípio do minimalismo, já que «o bom design é o menos design possível».
«Arte de Viver/ Viver com Arte» foi o tema que presidiu a este projeto. Neste tema está presente uma questão fundamental que é a de se saber o que significa “Arte de Viver” e, num jogo de associação de ideias, que importância tem a Arte no trabalho dos designers e daí, nos ambientes habitados pelas pessoas na sua vida quotidiana. Uma pesquisa sobre obras de artistas permite-nos colher parte da sua experiência e saber, para além de melhor se conhecer a sua força criativa. O caso de Helena Vieira da Silva foi um dos que marcou este projeto como uma referência, com uma obra marcada pela singularidade dos espaços, pela mistura do equilíbrio com um certo desequilíbrio e pela conjugação do movimento e complexidade com as linhas e as composições quadriculadas.
FRANCISCA ANDRADE
“Composição”, pintura de Vieira da Silva, 1945
Estudo da propagação da luz no espaço do quarto
Desenho técnico digital cotado do levantamento do espaço
Tendo em conta as atividades que se realizam no quarto, sendo estas estudar, dormir, arranjar, conviver e relaxar, organizou-se o generoso espaço existente de modo a aproveitar o melhor que se possa retirar de cada área. Assim, as zonas destinadas ao estudo e ao lazer encontram-se ao lado da janela de modo a receber maior quantidade de luz natural, já a zona de dormir e de vestir encontram-se paralelas a este com menos recetividade de luz. De acordo com a reduzida amplitude de espaço a que se estava sujeito, optou-se por colocá-los todos encostados às paredes de modo a permitir um acesso mais facilitado e mobilidade dentro do quarto. Isto cria a ilusão de um espaço mais desafogado juntamente com a luminosidade natural que é possível adquirir da janela existente. Tem-se, assim, um quarto que prima pelo minimalismo, simplicidade, superfícies planas
Estudo dos percursos no quarto existente
e pelo essencial, assim como pelo conforto e o encontro de uma realidade desfasada daquela que corre lá fora. Pretendeu-se a criação de um quarto que fosse envolvente, e conduzisse a uma passagem, um caminho que levasse a um mundo dentro de outro mundo. Mundo este onde não há um padrão, onde não há simetrias regulares, onde se foge ao convencional, onde se é livre de viver com “arte de viver”. Procurou-se, com este projeto, criar um espaço que apelasse à imaginação e que não impusesse barreiras nos pensamentos, aqueles que fazem de nós seres humanos. O foco de atenção é atraído, neste seguimento, para o centro do quarto que nada mais tem para além do vazio iluminado, reforçando-se o conceito do vazio, do «menos é mais».
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CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO_ EASR | 2016.17 UNIDADE 1 | O Design e o Homem “Arte de Viver”
O habitante é embrulhado numa atmosfera que conjuga, tanto as linhas horizontais e verticais, geometrizadas, como as linhas curvilíneas que promovem a ideia de fantasia, movimento, intimidade, conforto, leveza e delicadeza. O objeto mais marcante deste projeto tem a forma de prisma triangular com 170x30x34cm e gira sobre um eixo cilíndrico de base circular em metal lacado a branco. Uma das faces deste prisma é cavada, o que afeta as outras duas que tem um dos lados cortado poe essa curva. Cada face é constituída por um material diferente: a cavada é realizada em polipropileno amarelo e as outras: uma é em espelho e a outra com aplicação de cortiça.
Maqueta do projeto à escala 1:17
FRANCISCA ANDRADE
Esta peça tem de carácter dinâmico, não convencional e multifuncional servindo para o arranjo pessoal (espelho), para a afixação de notas e fotografias (cortiça) e o lado amarelo tem um valor decorativo, sendo um apontamento de cor e uma forma de aproveitar o jogo de luz.
“Render” em AutoCad
“Render” em AutoCad
Materiais e acabamentos:
MDF lacado Madeira de Mutene envernizada Aglomerado de cortiça Revestimento de polipropileno Aço lacado
Maqueta do projeto à escala 1:17 Detalhes da área da cama
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CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO OURIVESARIA_ EASR | 2016.17 UNIDADE 1 | O Design e o Homem
[ PROJEÇÕES ] O SER HUMANO COMO MODELO CRIADOR, PRODUTOR E UTILIZADOR DE OBJETOS
Tendo como ponto de partida a sala de nossa casa, tínhamos como objetivo reorganizar este espaço com o objetivo de criar um espaço específico para expor objetos de ourivesaria. Numa segunda fase do mesmo projeto, tínhamos de criar um objeto de ourivesaria para expor nesse mesmo espaço, com base num determinado artista, movimento ou época - a minha referência escolhida foi a Arte Nova. Após o levantamento e análise do espaço, onde constatei alguns problemas espaciais de ocupação e iluminação do espaço, parti para reorganização da sala, com o intuito de dar resposta às necessidades, criando assim
O CASTIÇAL
três zonas distintas e habitam em conjunto: exposição, estar e refeições. Como se tratava de um espaço pequeno, decidi na parede atrás do sofá colocar uns painéis de madeira com 60cm de largura e nestes sustentar três prateleiras e criar em simultâneo uma iluminação direta sobre as mesmas, criando assim, o espaço expositivo que ao mesmo tempo funciona como uma estante. Para tornar a sala visualmente maior, retirei as portas dos moveis, como também substitui o tampo da mesa por vidro, conferindo à sala um aspecto de maior amplitude visual.
CATARINA VIEIRA
O objeto que projectei tem como já referi inspiração Arte Nova, mais especificamente no corrimão do palacete Savoy, desenhado pelo arquiteto Victor Horta.
A escolha da Arte Nova vem no seguimento das suas características, as formas sinuosas e naturais encontram-se assim neste projeto como projecções da luz - uma luz que permite ver a partir do presente as sombras do passado, o reflexo da Arte Nova no presente. Surge assim, um objeto que se configura como um castiçal, que parte de uma chapa de latão planificada com 13 cm de altura e 18 de largura, que se enrola sobre um eixo e forma um tubo cilíndrico com 6 cm de diâmetro. Este tubo assenta e encaixa concentricamente num outro cilíndrico que serve de suporte à vela.
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CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO TÊXTEIS_ EASR | 2016.17 UNIDADE 1 | O Design e o Homem “Arte de Viver”
Os conceitos de contraste cidade/natureza, simetria imperfeita, continuidade, movimento, suspensão e leveza orientaram o desenvolvimento do projeto, intitulado Essência Volátil. Assim, o vocábulo “Essência” remete-nos para a natureza que por si só reflete a ideia de simetria imperfeita e movimento, uma vez que nada na natureza é simetricamente perfeito e tudo se movimenta, não só através do seu crescimento mas também ao sabor do vento. As formas orgânicas dos elementos que compõem a natureza e o seu constante renascimento reforçam também o conceito de continuidade e movimento. A palavra “Volátil” refere-se aos conceitos de leveza e suspensão, dado que estes nos remetem para algo voador, que não toca no chão, algo leve e gracioso.
_ Âmbito do projeto Este projeto aborda duas vertentes diferentes, dado que consiste na remodelação e reorganização do espaço, que integra uma completa remodelação do equipamento que nele integrado, e na criação de uma coleção de estamparia têxtil para o revestir. As principais atividades que nele se podem realizar são estudar, dormir e vestir. Estas atividades foram organizadas de forma lógica e estruturada de modo a aproveitar o espaço do quarto, facilitando os percursos nele realizados, e a luz natural proveniente da janela. Assim, a zona destinada ao estudo encontra-se ao lado da janela do lado oposto à porta, a zona de dormir no lado contrário à de estudar e a de vestir concentra-se no lado oposto da janela e ao lado da região dedicada ao estudo.
ANA RITA LEITÃO
_ Reorganização do espaço O quarto remodelado tem como medidas 3,7 m de comprimento, 2,8 m de largura, que equivale a uma área aproximada de 10,5 m2, e 2,6 m de pé direito. Os equipamentos que integram o quarto reforçam a ideia de leveza e suspensão, uma vez que a cama e a cadeira estão penduradas por cabos e o resto dos móveis possuem uma base mais estreita, parecendo que estes também não tocam no chão. A cama e a secretária têm formas arredondadas que acentuam a noção de movimento.
O conceito de continuidade é representado através da ilusão dada pelo tapete presente por baixo da cama com a forma da mesma, assemelhando-se às ondas criadas na água quando se deixa cair algo na mesma. Por último, o contraste cidade/ natureza evidencia-se na presença de três vasos de plantas pendurados entre a cama e a janela, ou seja, são formas naturais divergentes de todo o mobiliário do quarto que é um produto artificial.
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CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO TÊXTEIS_ EASR | 2016.17 UNIDADE 1 | O Design e o Homem “Arte de Viver”
_Revestimento Têxtil Na coleção têxtil utilizada para o revestimento do quarto foram utilizados dois tons de rosa, de castanho e de verde, cores inspiradas nos conceitos e nas obras de arte das quais estes provieram. Um dos padrões realizados tem como motivo uma folha fragmentada, repetida em diversos tamanhos e posições, em dois tons de rosa (escuro e claro). Este padrão transmite movimento através da rotação da forma, leveza devido à descontinuidade da folha e simetria imperfeita, uma vez que, tal como todas as formas naturais, também esta folha não é completamente simétrica. Outro padrão concebido tem como motivo uma nuvem, inspirada num quadro de Camille Pissarro, decomposta em
fragmentos como no padrão anterior, realçando também a noção de movimento, simetria imperfeita e leveza. Para evidenciar o conceito de continuação, foram sobrepostas duas nuvens, uma clara e outra escura por baixo, de forma a dar o efeito de sombra. Os módulos foram espelhados de forma a dar a sensação de simetria imperfeita, algo típico da natureza. Foram usados dois tons de rosa e dois tons de castanho (claros e escuros). O terceiro padrão consiste num ramo de uma árvore com flores em que algumas possuem ponteiros de relógio. Por último, o quarto padrão consiste num conjunto de linhas sinuosas com quatro cores, dois tons de rosa e dois tons de verde (escuros e claros). Estas linhas reforçam os conceitos
ANA RITA LEITÃO
de movimento e continuidade graças à sua forma curvilínea e ao facto de serem linhas que se prolongam infinitamente. O padrão da folha fragmentada foi utilizado para a roupa de cama, como lençóis e capas de edredão, o dos ramos para revestimento de parede (apenas a parede do lado da cama), o das nuvens para o estofo do assento da cadeira baloiço e
o das linhas para as almofadas que se encontram em cima da cama. A roupa de cama, as almofadas, o revestimento de parede e o estofo da cadeira são de tecido de algodão. O tapete é de lã e as cortinas de poliéster, sendo translúcidas de modo a permitir uma melhor iluminação do quarto.
Materiais da coleção Têxtil: Tecidos 100% algodão Fios de lã Tecidos de fibras de poliéster
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CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO CERÂMICA_ EASR | 2016.17 FORMAÇÃO EM CONTEXTO TRABALHO | GRESTEL
molusca Durante o período de Formação e Contexto de Trabalho a empresa Grestel desafiou-nos a desenvolver uma linha de produtos que partisse da obra de Bordallo Pinheiro e Manuel Mafra. A obra de Bordallo Pinheiro, sobejamente conhecida na cultura popular portuguesa, com a sua fantasia e realismo, que foi bastante influenciada pela obra de outro ceramista, talvez não tão conhecido nos dias de hoje, o então Ceramista da Casa Real Portuguesa, Manuel Mafra. Tendo por base a cerâmica tridimensional como geradora de novos usos e significados convocando em paralelo os conceitos de inovação, composição, estética e interatividade, pretende-se que procurando inspiração, nas obras e também nos seus contextos, desenvolva uma coleção de peças decorativas e outras utilitárias, das quais possa advir o espírito das obras destes grandes ceramistastugueses.
Desenvolvimento de Protótipo
Modelação tridimensional e renderização da coleção nas diferentes cores
Depois da análise ás instalações do Grupo Grestel, o passo seguinte seria logicamente, a escolha da tipologia dos objetos a idealizar e realizar e assim após um processo de pesquisa reflexiva optei por desenvolver um serviço de mesa: prato marcador, prato raso, prato sopeiro, travessa, saladeira, taça de sopa/cereais, taça para molhos. Após uma análise longa e pormenorizada de esboços desenvolvidos a partir das pesquisas feitas em vários setores, selecionei as peças que pretendia que fossem a resposta á proposta dada. Deste modo, escolhi um prato marcador, um prato raso, um prato de sopa, uma taça de sopa/cereais, uma taça de molhos, uma saladeira e uma travessa para serem produzidos em grés fino.
Simulação fotográfica
Paletas de cor
CAROLINA SANTOS
Uma vez que o conceito que quis abordar foi o mar, desenvolvi peças com a forma, textura e cor de elementos marinhos, como ostras e conchas. Após a definição das peças, passei para a escolha cromática das mesmas. Esta fase a meu ver é muito relevante no decorrer da formação, pois a gama cromática é essencial para dar vida à peça e sem dúvida que tem grande impacto no público. Sendo assim, a minha coleção tem gamas cromáticas das conchas e das ostras com tons mais escuros e claros, pois estes elementos marinhos tem uma mistura de cores frias e quentes.Isto, porque quis dar a algumas peças a máxima naturalidade e realidade, por exemplo a travessa, o prato marcador e as taças.
No campo da produção industrial, os processos de fabrico das peças em cerâmica variam consoante a forma/dimensão das mesmas. As taças serão produzidas por via plástica e através do processo de Roller, uma vez que a sua textura, semelhante a uma concha, está confinada à face exterior da mesma. Quanto aos pratos o processo será o mesmo e a travessa e saladeira, serão produzidas por prensagem plástica.Relativamente à decoração/vidragem, as peças que não têm uma coloração uniforme poderão ser decoradas a partir de vidrados reativos aplicados por método manual e/ ou pulverização, e, para as lisas (monocromáticas) utilizando vidrados coloridos (de base transparente) pelo método de imersão ou pulverização.
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CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO_ EASR | 2016.17 FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO | CS Living, Lda
Imagens do edifício da Casa da Música do Porto – projeto de Tem Koolhaas
“Música com sete pufes” Projeto de sofás e seus derivados para a empresa CS Living, Lda
Improvisação e harmonia num conjunto coordenado de pufes de utilização livre, peças de um jogo que
desperta o sentido de apropriação do utilizador e que promove a interação e o convívio familiar e social.
O desafio base deste projeto de FCT (Formação em Contexto de Trabalho) consistia em conceber um sofá, ou uma das suas variantes, para a empresa “CS Living”, parceira da escola num processo de simulação de uma experiência de trabalho, com o objetivo de preparar o aluno-formando para o mundo profissional. Neste enquadramento, foi criado um conjunto de pufes, chamado “Puli”, constituído por sete elementos diferentes. As principais referências para o desenvolvimento deste projeto foram as formas poligonais presentes em vários edifícios. O exemplo que mais captou a atenção foi a Casa da Música do Porto (projeto de arquitetura de Rem Koolhaas), obra
Desenho técnico digital do conjunto
Desenho técnico digital de um pufe tipo
ALEXANDRE LABORDA
Imagem digital do conjunto de pufes
Vista explodida digital de um pufe tipo
que deixou uma marca forte no processo criativo, já que a ideia de um conjunto de pufes nasceu da análise de uma vista aérea do edifício. Assim, é possível encontrar semelhanças entre a vista de cima do “Puli” e a vista aérea da Casa da Música. A conceção da peça foi demorada, tendo-se alicerçado no estudo da vista de cima do conjunto e dos pufes um a um. Esta vista superior seria o ponto de partida de toda a peça, já que as formas poligonais impossibilitaram a criação rigorosa do conjunto pelos meios tradicionais, usando lápis e papel. Foi, por isso, necessária a utilização das ferramentas do programa Solidworks para se avançar no processo de definição da forma dos pufes.
Cada pufe tem uma estrutura composta por
O objetivo de dar à parte superior dos pufes uma configuração ligeiramente inclinada e não plana, conjugado com a necessidade de uma composição homogénea, implicou um cuidado especial na relação entre as partes, pois cada parte é influenciada pelas que estão à sua volta. O resultado final consiste em seis poliedros de seis faces e um de sete faces, tendo, no total, cerca de 1,60 m de comprimento, 1,30m de largura e uma altura variável, próxima de 0,40m.
Maqueta de estudo do conjunto
Sugestão de posicionamento dos pufes
peças de madeira com 30 mm de espessura, e o revestimento é estofado com recurso a espuma e tecido de material, cor e textura à escolha do utilizador.
Dimensões e Materiais: Altura: 400 mm (aprox) Comprimento do conjunto: 1700 mm Largura do conjunto: 130 mm Estrutura de cada peça em madeira de pinho tratado Precintas em poliéster Espuma de estofador de alta densidade Tecido de estofar
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CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO_ EASR | 2016.17 FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO | CANTO CERTO
naturvo parque infantil
Foi nos proposta a realização de um projeto de um produto, e/ou linha de produtos para a empresa Canto Certo – Construções LDA. No desenvolvimento do mesmo, poderão ser abordadas soluções de natureza modular assim como, os seus aspetos formais e funcionais ligadas a referências ideológicas e estéticas do Design.
Utilizando preferencialmente madeira, em complemento com metais, pretende-se desenvolver um projeto para produção de mobiliário urbano para parques infantis, tendo em atenção a capacidade tecnológica da empresa. A primeira fase, consistia na pesquisa de parques infantis e seus variantes, com o objetivo de encontrar uma inspiração inovadora e sair do parque tradicional. Posto isto, achouse importante a procura de diversos métodos de encaixe, a partir de ferragens ou, a partir de direções contrárias dos veios da madeira dando mais resistência ás peças. Teve-se ainda em atenção o tipo de máquinas que a empresa está disposta a usar, tendo percebido que sua máquina de corte, a CNC (comando numérico computorizado) era a máquina de eleição.Para início da pesquisa, foi necessário perceber como começaram a existir os parques infantis. Chegando há conclusão, que foram criados como uma necessidade de dar espaços de lazer ás crianças da cidade, que estavam a rodear-se cada vez mais de altos edifícios.
DIANA CERQUEIRA
Ao longo dos anos este conceito foi-se intensificando, tendo como objetivo a criação de espaços de lazer cada vez maiores e com mais distrações.
Os parques, nos dias que decorrem contrariam a vontade de as crianças ficarem fechadas, coladas a um pequeno ecrã. O parque consegue proporcionar momentos de diversão não só entre crianças, mas também com quem as acompanha. Desta forma, as crianças conseguem desenvolver as suas capacidades físicas e motoras de forma saudável.
O chão de borracha existente nestes locais, não só protegem as crianças de uma queda mas também, facilitam a lavagem do mesmo assim como a sua manutenção. Todos estes problemas, devem ser resolvidos para que todas as crianças possam usufruir de um espaço não só de lazer e diversão, mas também de descanso e tranquilidade onde se possam sentar à sombra nos dias de verão. Falta de bastantes diversões alternativas, assim como zonas temáticas. Um parque com uma grande durabilidade, que requer pouca manutenção devido á sua qualidade de materiais. Posto isto, é necessário dar ás crianças um lugar onde possam desenvolver as suas capacidades. Arranjar alternativas para um parque interativo, com tudo o que uma criança pode querer.
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO_ EASR | 2016.17 FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO | CANTO CERTO
O parque infantil trata-se de um parque projetado para uso exterior com 7,14 m (comprimento) x 1,50 m (largura) x 2,70 m (altura). A forma deste possibilita várias formas de utilização. Ou seja, podemos retirar o escorrega e permanecer só com as escadas horizontais que não sofre qualquer risco de segurança, graças ás suas barreiras protetoras. O material principal será a madeira de Pinheiro Marítimo ( madeira já utilizada pela empresa Canto Certo ) tratada com sais de cobre sob vácuo, resistente aos carunchos, com uma densidade de 650 kgs/m3. Estes tratamentos neste material, conferem à madeira uma grande resistência aos climas adversos. Este material está destinado ás duas paredes de escalada, ás escadas horizontais, plataforma, braços de sustentação de peso e ao baloiço suspenso. O baloiço suspenso, tem como função um local de descanso para os utilizadores mais pequenos, mas também de sombra. Do qual, pode ser revestido a tinta de ardósia (assim como toda a parte interior inferior do
parque) para um interação direta com o desenho a giz.. O escorrega, assim como os quatro assentos laterais (estando este presos desde o braço de sustentação ao solo por elásticos de Nylon que podem sustentar ate aos 2,7 mil kg) serão concebidos em plástico. Isto porque, se fossem em metal poderiam causar queimaduras com a sua exposição ao sol. No topo da escalada encontram-se dois acrílicos vermelhos transparentes, estes criam ás crianças uma perceção de um mundo de outra cor. Todas as barras desde as escadas horizontais às próprias barras de segurança, são concebidas em metal para diminuir o risco de queda. Para complementar o que foi referido anteriormente, o solo deste parque será todo ele em borracha com meios de drenagem de água.É de salientar que os acabamentos de todos estes elementos devem ser um pouco arredondados, pois independentemente de cada utilização do usuários, não podemos deixar que os utilizadores mais novos corram riscos de segurança.
DIANA CERQUEIRA
'Naturvo' consiste na junção de duas palavras, Natural e Curvo. Natural pelo seu principal material ser a madeira de Pinheiro Marítimo e Curvo pelas curvas naturais existentes nos veios da madeira e ainda, pelo facto do primeiro impacto quando olhamos para este parque infantil ser uma curva evidente.
O Parque Infantil Naturvo contém: Duas paredes de escaladas triangulares; Dois acrílicos vermelhos transparentes; Quatro assentos presos a quatro elásticos fortes; Um baloiço suspenso; Duas escadas horizontais; Uma corda para escalada; Um escorrega duplo. As medidas do Parque Infantil Naturvo são: 7,14 m (comprimento) x 1,50 m (largura) x 2,70 m (altura) Área de segurança: 11,14 m x 8,00 m Idade: 6 anos aos 13 anos (Decreto de Lei nº 119/2009 de 19 de Maio)
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO_ EASR | 2016.17 FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO | PAJÁ
“RITEMÉTRICO” é uma linha de puxadores para aplicações interiores, caracterizada pelo geometrismo, pelo uso da linha, pelo ritmo induzido pela mesma, pelo uso do poliuretano, pelos acabamentos dados ao latão estampado, pelas reentrâncias e saliências realizadas aplicadas nas formas, pela cor dada ao poliuretano, tudo isto para proporcionar um uso confortável e destaque visual ao puxador.
Design dos anos 50 do séc. XX e redesign
SUSANA PEREIRA
Foram selecionadas quatro tipologias de puxadores para serem desenvolvidas até ao pormenor, sendo estas o puxador redondo, o puxador muleta, o puxador de asa e o puxador de mobiliário. O conceito de “Redesign” foi integrado no projeto, num processo de se voltar a olhar para um produto, de se experimentarem alterações e melhoramentos nos seus aspetos técnicos e funcionais, de modo a otimizá-lo e a conseguir maior competitividade comercial. Reformular não só conceitos visuais, mas sistemas, produtos, etc. Podemos tomar a ideia de “Redesign” como uma inspiração em algo já existente e criação de um outro. Assim, os objetos produzidos nos anos 50 do séc. XX, com a sua ousadia formal e aposta no ritmo das formas semelhantes que se repetem, são as referências mais marcantes do presente projeto.
Desenho técnico digital de puxador redondo
Relativamente ao puxador redondo este é constituído na sua base por cinco peças, contendo adicionalmente uma roseta que liga à parede. A primeira peça constituída por latão, o seu pescoço tem como medidas principais 80x80x45 mm. A segunda uma semiesfera com dez marcas que proporcionam ritmo à peça. A terceira um cilindro fino, realizado para fornecer altura à segunda peça. Já a quarta tem como medidas máximas 80x80x37 mm, sendo a calota do puxador. Esta é realizada em poliuretano de forma a proporcionar uma sensação agradável ao toque, para tal efeito de conforto esta contem uma reentrância adequada ao dedo indicador do utilizador. Por fim a quinta peça que é colocada no “pescoço” de modo a uni-lo à roseta.
Renders do puxador redondo numa variedade de cores
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO_ EASR | 2016.17 FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO | PAJÁ
Esboços do puxador de muleta
O puxador muleta é constituído por duas partes base (contendo adicionalmente uma roseta e todos os mecanismos necessários para o seu funcionamento). A primeira a estrutura deste que tendo como medidas principais 20x130x65 mm, é realizada em latão. Nesta encontra-se um suporte, onde colocar a mão, largo de modo a que a mão do utilizador se adapte a este, de forma instantânea e confortável. Encontram-se também dez incrustações que se encaixam na segunda peça. Estas têm como medidas máximas 5x2x35 mm e fornece à peça ritmo, pois repete-se várias vezes, e conforto, porque é
realizada em poliuretano, um polímero com textura agradável ao toque. Tendo em conta agora a terceira tipologia selecionada (puxador de asa) depara-se com um puxador constituído por duas peças, a primeira de latão, a sua estrutura, com medidas máximas de 200x20x65 mm. Nesta encontra-se um suporte largo com o mesmo princípio do puxador muleta e dez reentrâncias onde se encaixa a segunda parte, tendo esta como medidas principais 5x2x35mm. Esta, do mesmo modo que a segunda peça do puxador muleta, proporciona ritmo e conforto á peça.
Renders do puxador de muleta numa variedade de cores
Desenho técnico do puxador de muleta
SUSANA PEREIRA
Materiais: Latão Aço Poliuretano
Maqueta de apresentação do puxador de muleta à escala 1:1
Por fim, o puxador de mobiliário, constituído apenas por uma peça de latão, tem como medidas máximas 40x55x25 mm é uma semiesfera seccionada e contem uma pequena reentrância adequada ao polegar do utilizador. Toda esta linha é realizada em latão estampado e poliuretano injetado transparente. Todos os seus puxadores podem ter diferentes acabamentos, sendo estes o escovado, o niquelado escovado, o gunmetal e o cobre escovado.
Concluindo a linha denominada Ritmétrica, de nome proveniente da junção das palavras rítmica e geométrica, prima pela simplicidade, conforto, pelo uso de formas inovadoras e de diferentes materiais.
Renders do puxador de móvel de estudo de contextualização
Desenho técnico do puxador de móvel
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO CERÂMICA_ EASR | 2016.17 UNIDADE 1 | O Design e o Homem “Arte de Viver”
PORTO NEGRO Cidades e Turismo foi o subtema selecionado para o desenvolvimento deste projeto e estas duas palavras representaram a base do mesmo. Estes dois conceitos partilham uma ligação bidirecional que por sua vez se relaciona com a atividade humana, com a curiosidade e exploração efetuada pelos turistas nas cidades. Estas atividades são amplificadas e tornam o tema versátil, podendo adquirir várias perspetivas.
Optei por escolher a vertente gastronómica, isto é “Artefactos Responsáveis e Atrevidos na Gastronomia Portuguesa”, projetando uma coleção focalizada para o prato típico Portuense, a Francesinha. Inicialmente foi desenhado o prato principal tendo partido de uma peça característica da louça preta, a meleira, no entanto foi concluído que a dimensão do conjunto iria ser excessivo e por isso foi abordado um outro tipo de design mais simples e funcional. Para o desenvolvimento deste projeto houve várias influências destacando-se entre elas o design do século XX, nomeadamente a Dieter Rams e a Escola de Ulm.
JÉSSICA PINTO
A forma das peças partiu de formas geometrizadas e prismáticas, tendo também como preocupação a configuração da forma. Este detalhe do formato das peças permitiu o uso do sistema de empilhamento, de forma a que o armazenamento e transporte destas peças fosse mais facilitado. A escolha dos materiais foi um dos pontos mais importantes neste projeto, pois desde o início da proposta que era pretendido utilizar um tipo de artesanato português. Quando a louça preta foi (por mim) “encontrada” ficou decidido um dos conceitos a abordar. Posteriormente foi decidido a combinação de três materiais - cerâmica /madeiras e metais, sendo que a cerâmica se localizava na louça, a madeira no suporte de transporte das peças, isto é, no tabuleiro e por fim o detalhe da colher em metal , com a finalidade de desenvolver uma tipo de molheira alternativa. Para consolidar o conceito do projeto, foi encontrado um tipo
de madeira rentável, económico e que é atualmente considerada uma invasora. Para esta coleção também foi analisado o processo e as técnicas que poderiam ser utilizadas perante um cenário de produção industrial. Os pratos seriam feitos através da Prensagem plástica ou Prensagem isostática e os materiais cerâmicos podiam ser Grés ou Porcelana, apesar de o uso de um material nobre não ser recomendado se este sofrer o processo de carbonização, da louça preta. Foi nesta fase do trabalho que se conclui-o que a única característica que a coleção iria adquirir da tradição da cerâmica preta era exclusivamente a tonalidade. Por este motivo foi repensada a inserção de vidrados pretos mate que reproduziriam de uma forma semelhante e simbólica a tonalidade do barro preto. Este efeito também podia ser conseguido através do uso de pastas coradas.
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO CERÂMICA_ EASR | 2016.17 UNIDADE 1 | O Design e o Homem “Arte de Viver”
PALETA CROMÁTICA
A Paleta Cromática também é influenciada pela Francesinha e como tal procura atribuir á louça as tonalidades que se podem encontrar numa francesinha e também as cores neutra (preto e branco).
PÚBLICO ALVO
A coleção desenvolvida foi projetada para espaços novos, onde o consumidor é servido no espaço de restauração e posteriormente têm que se deslocar para uma mesa para desfrutar da sua refeição. Foram selecionados o mercado do Bom Sucesso e o mercado da Ribeira, como exemplos pois ambos apresentam um novo conceito de restauração.
A MADEIRA
Após uma pesquisa sobre vários tipos de madeira, foi encontrada uma árvore conhecida como a invasora temível, essa árvore é denominada de Acacia-Austrália. A Acácia-Austrália (Acacia melanoxylon), é uma planta cujas sementes se mantêm contidas num ovário fechado, que posteriormente se transforma no fruto (angiospérmica), nativa da Austrália e da Tasmânia. Pertence à Ordem das Rosales, Família das Fabaceae (Leguminoseae), isto é, a Acácia-Austrália é um planta leguminosa.
Esta espécie têm a particularidade de se reproduzir prolificamente após a ocorrência de um fogo, ou seja, a sua reprodução é estimulada pelo fogo, e a rápida regeneração após um fogo deve-se essencialmente à germinação a partir das sementes. Por outro lado, tem também a vantagem de ter muita facilidade em se regenerar vegetativamente de forma vigorosa mas, comparativamente com a regeneração por semente, este é um mal menor. A maioria dos problemas de infestação por acácia que ocorrem nas zonas verdes, são consequência dos incêndios. Com a destruição da floresta provocada pelo fogo, é apenas necessária a existência de uma acácia no local, para que as grandes quantidades de sementes produzidas e estimuladas pelo calor das chamas levem a que a sua população colonize rapidamente todos os locais desocupados, impedindo o desenvolvimento de outras espécies.
JÉSSICA PINTO
A Acácia como todas as árvores possui vários tipos de madeira, sendo que atualmente a madeira é qualificada a mais precoce do mercado nacional. É uma madeira nobre, de boa qualidade e precocidade na produção – o corte inicial se dá com quatro anos – e altamente rentável. É indicada para variados usos nas indústrias de base florestal, como biomassa para energia, móveis de excelente qualidade, carvão, MDF, madeiracimento, aglomerados, laminados, lenha, tábua de fibra de madeira e cimento (WWCB), OSB, papel e celulose, construção de casas e desdobramento em serraria.
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO _ EASR | 2016.17 PROVA DE APTIDÃO ARTÍSTICA | DESIGNRISCADO – Conceitos atrevidos, artefactos responsáveis
Senta-te nesta ideia
Se 60… cria relações com as quais pode crescer. Se 60… descontrai, descansa e disfruta. Se 60… olha com olhos de ver para o que o rodeia. Se 60… desconecta-se da confusão. Se 60… ganha tempo para pensar. Se 60… nunca está parado. Que tal sentar-se?
F RANCISCA ANDRADE
O projeto ‘Se 60’ tem origem na ideia da criação de um objeto simbólico que adote conceitos atrevidos, pensando sempre na responsabilidade dos artefactos. Assenta no subtema do mobiliário urbano, tendo-se criado uma coleção de três bancos.
O conceito surgiu tendo em conta as atividades que se realizam numa cidade que passam pela pressa, o trabalho, o trânsito, a falta de tempo, a desorganização, os encontros e desencontros, o consumismo, a desatenção, e todo este ciclo vicioso. A velocidade com que vivemos impede-nos de viver. Damos por nós ofegantes, fazendo por fazer, atropelados por horários. Vivemos num mundo passivo, indiferente e desatento. Coisas como a beleza do que nos rodeia, a reflexão e as relações entre pessoas e a Natureza são cada vez menos
valorizadas. Passamos pelas coisas sem as habitar, falamos com os outros sem os ouvir, juntamos informação que nunca chegamos a aprofundar. Tudo passa num galope ruidoso e efémero. É preciso tomar ação e ser parte integrante da própria vida. Com esta condição, o produto criado tem como objetivo contrariar todo o lado negativo que o espaço citadino alberga procurando revitalizá-lo e transformá-lo, convidando as pessoas a interagir e tornando-as mais ativas no meio que as rodeia. A referência principal deste é projeto é a obra do arquiteto brasileiro do séc. XX, Óscar Niemeyer, um dos pioneiros no uso do betão armado, criador ousado na arquitetura e design, com o seu estilo totalmente inovador pois, ao contrário das construções dominantes da época, que usavam as retas e os ângulos, valorizou as formas curvas que via como mais leves, com menos peso visual.
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO _ EASR | 2016.17 PROVA DE APTIDÃO ARTÍSTICA | DESIGNRISCADO – Conceitos atrevidos, artefactos responsáveis
A natureza inspirava-o, porque as linhas curvas usadas nas suas obras, estavam em tudo: nas curvas de uma mulher, no curso sinuoso de um rio, no próprio planeta, que é curvo...
Da coleção Se60: Reflete: Este banco tem como medidas 75x71x60 cm. É individual e em consola, podendo haver jogos de associação com outros iguais a si, criando situações de paralelismo ou de espelho. Tem um tampo que serve de assento e outro mais alto que funciona como encosto, pequena mesa ou como apoio de braço. Descansa: Este banco tem como medidas totais 158x58x52 cm. É também em consola e pode ser associado a outros iguais a si formando composições de simetria. Tem capacidade para receber uma ou mais pessoas - no caso de alguém estar sozinho, pode optar por se deitar. Disfruta: O Disfruta é uma sub-coleção composta por 3 peças diferentes, podendo funcionar as 3 juntas ou separadas ou jogando com as diferentes composições de disposição possíveis que são muitos diversas permitindo ajustar a forma e a funcionalidade aos locais onde for aplicado. Paragem: Este banco tem como dimensões totais 202x35x40 cm. A sua forma é um quadrilátero irregular comprido e por esse motivo, destina-se a receber várias pessoas. Companhia: As dimensões gerais deste banco são 142x30x40 cm. Tem uma forma curvilínea sendo indicado para acolher um grupo de pessoas que queira conviver. Natureza: Este banco tem como dimensões totais 83x80x40 cm e corresponde à união do Companhia com o Paragem, sendo o mais assimétrico. Pode acolher cerca de 3 pessoas.
O material para a sua realização da coleção é o betão armado por ter facilidade em assumir qualquer forma (e, neste caso, foi vantajoso porque se optou por formas orgânicas e assimétricas), por ser resistente e durável. A cor escolhida é a do betão branco por transmitir pureza e deixar sobressair as características formais do banco.
FRANCISCA ANDRADE
Materiais: Betรฃo Aรงo
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO _ EASR | 2016.17 PROVA DE APTIDÃO ARTÍSTICA | DESIGNRISCADO – Conceitos atrevidos, artefactos responsáveis
MARISA ALVES
Após toda a recolha de informação, comecei por esboçar formas
e pensar em possíveis funções da minha mochila, de forma a tentar encontrar a mochila ideal para os praticantes de desporto de altitude. Desde sempre que queria uma mochila com muita
arrumação e vários compartimentos pois, na minha opinão, é importante manter o espaço organizado. Apesar de ter sido dificil,
procurei formas diferentes do normal e formas versáteis que se pudessem adequar ao corpo do praticante, sem o pertubar durante
a atividade. Depois de algumas tentativas, chego a uma forma
que, para mim é maravilhosa e po-derá causar grande impacto, o triângulo. Com a forma da mochila, procurei organizar ao máximo esse triêngulo de maneira a que desse para tudo.
Todos os estudos de formas e funcionalidades ajudaram-me na definição da minha mochila. Optei por um conjunto composto
por uma mochila mais uma bolsinha. A mochila, para além de ser utilizada para o transporte da comida necessária para o praticante
durante a subida, poderá ainda ser utilizada como almofada. Ambas as peças do conjunto possuem uma forma triangular,
sendo a mochila composta por quatro triângulos iguais à bolsinha, que por sua vez é um triangulo independente. A bolsinha apesar
de ser usada no arnês presa por um mosquetão, poderá juntar-se à mochila através de união por velcro.
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO _ EASR | 2016.17 PROVA DE APTIDÃO ARTÍSTICA | DESIGNRISCADO – Conceitos atrevidos, artefactos responsáveis
Optei por projetar um conjunto composto por uma mochila e
componentes serão para armazenar alimentos especificos
as peças do conjunto possuem forma triangular. A mochila
quantidades de energia.
uma bolsa para praticantes de desportos de altitude. Ambas é composta por quatro triângulos équiláteros de medidas iguais. Os três triângulos descendentes possuem fechos e
o ascendente, velcro. A bolsa junta-se à mochila através de velcro. Essa bolsa também possui fecho.
Na mochila, existe ainda uma saída circular num dos lados
exteriores, por onde sairá um tubo por onde o praticante
poderá beber água ou bebida isotérmica. Esse tubo vai desde o triângulo do meio, que possui uma capacidade aproximada
para meio litro de líquido, até ao exterior. Já os restantes
da alimentação do praticante e que produzam grandes A mochila possui 24,5cm de altura e, arredondadamente 25cm
de largura e a bolsa menor, de 9,5cm de altura e 5cm de largura, poderão ser executadas em dois tipos de materiais -
couro de cogumelos ou tyvek. O conjunto executado em tyvek, poderá ter várias cores, vindas de corantes naturais.
Para além de ser uma mochila de transporte de alimentos, também poderá ser utilizada como almofada.
É um conjunto funcional, versátil e amigo do ambiente por ser
controverso à poluição existente nos meios naturais, devido aos materiais e processos de fabricação nele utilizados.
MARISA ALVES
A forma escolhida para a mochila foi o triângulo equilátero. Um triângulo equilátero é constituído por três lados e ângulos internos iguais. O triângulo, como figura pura e por possuir três lados e vértices simboliza, neste contexto, os três desportos de altitude, a escalada, o canyoning e o alpinismo. O triângulo equilátero, representa o equilíbrio entre três forças divinas, simbolizando a divindade, equilíbrio, assim sendo, a mochila possui uma forma harmoniosa. O triângulo também pode ser compreendido como a junção perfeita do corpo, alma e espírito, que, a meu ver, são três elementos essenciais para a prática de desportos de altitude. Para os Himalais, um triângulo virado para cima, simboliza a montanha na arte sagrada. Já na Alquimía, existem quatro elementos que são representados por triângulos equiláteros: 1.Triângulo que aponta para cima = fogo 2.Triângulo que aponta para cima mas que é seccionado por uma linha horizontal = ar 3.Triângulo que aponta para baixo = água 4.Triângulo que aponta para baixo mas que é seccionado por uma linha horizontal = terra
TRINCO Para poder finalizar o projeto, pensei numa possível nomeação e marca gráfica que possa distinguir o meu produto de todos os restantes. Achei que é necessário o nome deste conjunto manter-se relacionado com o seu conceito e, de certa forma, com a sua simbologia. Querendo que fosse algo diferente, simples, mas que não passase de despercebido, juntei apenas duas palavras muito presentes neste projeto – cinco triângulos. Pelo conjunto ser constituído por cinco triângulos e pelo conceito apresentar uma vasta simbologia e um certo paralelismo, percebi que fazia sentido juntá-las. TRINCO é o nome deste projeto.Para além de se relacionar com os cinco triângulos, o seu nome, Trinco, também se relaciona com a sua função, transporte de comida que é trincada.
Além do que já foi dito, a forma da mochila relaciona-se com o triângulo que se encontra no centro do Círculo de Itten. O Circulo de Itten é nada mais que uma representação simplificada das cores percebidas pelo olho humano e é formado por cores primárias, secundárias e terciárias. A nossa perceção e reação à cor é algo instintivo, o Homem não pode negar as experiências que vai vivendo e acumulando na sua memória pois, é isso que o define e o faz agir de determinadas maneiras. Assim, podemse atribuir valores às variadas cores devido ao impacto que elas têm no Homem ao vizualizá-las. No meu ponto de vista, a cores primárias podem relacionar-se com os instintos primitivos do Homem na prática de desportos de altitude e, de certa forma, sobrevivência. Por isso, posso afirmar que o amarelo simboliza a atenção, alerta e percaução necessária nos desportos de altitude, o azul remete à tranquilidade, serenidade e ao infinito e o magenta representam a força, coragem e energia dos praticantes dessas modalidades. Portanto, os valores acima atrabuidos às cores primárias são todas as caracteristicas adquiridas de base, isto é, primitivas, necessárias para sobreviver ao que quer que seja, neste caso, às altitudes.
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO _ EASR | 2016.17 PROVA DE APTIDÃO ARTÍSTICA | DESIGNRISCADO – Conceitos atrevidos, artefactos responsáveis
O mais importante no processo criativo, é sair da zona de conforto, sem medo de partir
para o desconhecido e, simplesmente, arriscar sem saber qual será o ponto de chegada. Citanto José Régio , “ Não sei para onde vou, Não sei para onde vou,
Sei que não vou por aí!” É esta a “ máxima ” que me guia, enquanto pessoa e futura designer. Pensar o projeto é o mesmo que escalar uma montanha. Temos de tomar decisões ao longo das
étapas que vamos alcançando… passo a passo … onde em muitos momenos temos de ter capacidade de parar … recuar … e procurar outros caminhos… mais sólidos, nos quais nos conseguimos sustentar e que nos sustentam.
De certa forma, e num ponto de vista muito pessoal, o triângulo também respresenta as minhas aprendizagens ao longo dos
três anos vividos na Soares. Sendo os dois vértices inferiores os que constituem a base do triângulo, podem simbolizar o
décimo e décimo primeiro anos. Isto porque foram nesses dois anos que aprendi e construi todas as bases necessárias para que, no décimo segundo ano, podesse escalar e chegar ao
topo da montanha. É através de calafrios, esforço e muita força de vontade que tudo se constrói.
Numa outra dimensão, tudo isto pode ser comparado ao pensamento criativo no processo projetual. A criatividade ligase ao processo mental do individuo a nível de processo de
criação, projeto e comunicação. O pensamento criativo permite
a execução de novas ligações entre ideias, fundamentando uma perspetiva contextual e processo de sistemas. Neste tipo de processos são essenciais pensamentos manipulados por
contextos sociais e trabalhos de grupo, resultando da troca de ideias e da expressão e comunicação do pensamento
com o outro. Das ideias individuais em conjuntos com ideias de grupos, formam-se combinações e novas relações que definem uma ideia nova.
É através da recolha de informação e a triangulação dos pensamentos, isto é, cruzamento de dados, que percorremos caminhos ainda por nós não pensado. Da recolha de
informação, da criação de mapas visuais e com a troca de ideias com outros individuos, que vão surgindo cada vez mais
ideias e todas elas diferentes mas sempre potenciadoras de caminhos divergentes. Daí ser um caminho que ainda não foi pensado por nós. Esses tais caminhos, levam-nos a outros
lugares não comuns, fora da nossa zona de conforto mas que
nos permitem a atingir o cume, isto é, atingir os nossos objetivos de formas diferentes a aquelas que estamos habituados.
A verdade é que, o processo criativo é tudo menos linear. O processo criativo é algo interativo e recursivo, isto porque, a pensar-se em ideias para resolver o problema está-se também a rever o problema inicial. E, à medida que se vai idealizando e se vai explorando um tema/ problema, vão nascendo cada vez mais ideias que irão reconstruir a ideia inicial. Apesar não possuirem um prazo final natural, as etapas das diferentes fases do processo criativo não ocorrem numa sequencia linear simples, tanto podem ser repetidas, omitidas ou simplesmente podem acontecer simultaneamente, é algo inconstante e indefinido. Somos seres em construção.
MARISA ALVES
“Pensar é como escalar montanhas.
Um alpinista recusaria o caminho rápido e seguro de chegar ao topo da montanha via helicóptero. O que ele deseja são os medos, os calafrios, os desafios da montanha” - Rubem Alves -
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO OURIVESARIA _ EASR | 2016.17 PROVA DE APTIDÃO ARTÍSTICA | DESIGNRISCADO – Conceitos atrevidos, artefactos responsáveis
GEOMETRIZAR o espaço construído no espaço natural
“Quando se fala em “Risco” abrem-se duas linhas de significado: De um lado há o “Risco” entendido como uma marca linear num suporte, como desenho, modelo e até como conteúdos de um projeto (no tempo do Marquês de Pombal a “Casa do Risco” era local e serviço onde trabalhavam os arquitetos e engenheiros que projetaram as obras de reconstrução da cidade de Lisboa). De outro lado, há o “Correr o Risco”, ou o “Pisar o Risco” expressões que remetem para o estar exposto ao perigo e para a ideia de se ir além do que se deve.” Partindo do conceito ‘Geometrizar o espaço construído no espaço natural’ uma vez que eu procurava relacionar a forma do meu futuro ao objeto ao local de intervenção “Casa de Chá da Boa Nova”, dado que esta obra trata-se de um modelo de inserção da arquitetura na paisagem, a Casa de Chá é inserida harmoniosamente em cima das rochas, ou seja o espaço construído (Casa de Chá) intervém no espaço natural (Rochas).
Partindo deste subtema edifiquei que o meu objeto iria dispor deste conceito introduzido nele simbolicamente com intuito de enquadrar o objeto na história da Casa como na arquitetura da mesma visto que se trata de um design quente. Após uma análise, optei por projetar um apresentador de contas de restaurante, pois o facto de ser um objeto pouco pensado e desenhado seria arriscado dar uma nova conceção ao artefacto e demonstrar que este objeto tem muito para explorar artisticamente. Tendo em conta o que idealizei anteriormente, tentei definir um conceito que fundamentasse artisticamente e ideologicamente o meu apresentador de contas de restaurante. Partindo do ponto que o meu trabalho se trata de um design quente - design executado por poucos, destinado a algo mais específico, isto é, por se dirigir à Casa de Chá da Boa Nova. Procurei relacionar o meu objeto com a arquitetura da Casa de
PEDRO PÊGO
Chá, através de formas aproximadas, quer dizer, da estrutura do edifício com a organicidade do ambiente envolvente, de maneira a criar uma relação entre o cliente e o meio rochoso (Natureza)onde se localiza a Casa. Isto quer dizer que, aproveitei as linhas retas da obra de Siza Vieira, representadas na chapa superior da peça e misturei com as formas orgânicas da Natureza, reveladas nas curvas acentuadas do componente de madeira inferior. Para a conceptualização do meu objeto, optei por me inspirar no funcionalismo devido à simplicidade/ funcionalidade do trabalho do Siza Vieira. No seu trabalho “a forma segue a função”, isto é, a simplicidade das formas por ele utilizada refletem-se ao longo de todas as sua obras. Esse era um conceito que queria fazer transparecer no meu objeto. Ao fazer uma breve pesquisa sobre o arquiteto Siza Vieira e o seu trabalho, percebi que o meu objeto teria de se
adequar formalmente e funcionalmente ao seu registo, implementando também um pouco de minimalismo. No meu objeto também é perceptível o design orgânico, pela utilização de formas naturais que remetessem à intervenção humana na Natureza. O conceito orgânico tem um caráter de desenvolvimento natural. A forma artificial do meu objeto pode resultar de formas geométricas bem definidas, por imitar de maneira reservada as formas naturais, pela adaptação formal da mão ao uso, vir através de curvas sinuosas de forma graciosa que represente a algo que conhecemos. Pode dizer-se que: Design orgânico é uma filosofia de arquitetura e arte que promove a harmonia entre a habitação humana e o mundo natural através do desenho e da forma, tornando-se parte de uma composição unificada e inter-relacionados. Um dos artistas no qual eu me inspirei neste âmbito de Organicismo foi o objetos de Alvar Aalto.
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO TÊXTEIS_ EASR | 2016.17 PROVA DE APTIDÃO ARTÍSTICA | DESIGNRISCADO – Conceitos atrevidos, artefactos responsáveis
À descoberta do Tim Tim
Um museu poder ser um lugar de aventura, onde se deixa a curiosidade e a diversão à solta, um espaço apelativo ao espirito das crianças, uma experiência de exclusividade e alegria. Este projeto tem como área de intervenção os museus. Os museus são espaços de aprendizagem, cheios de cultura, movimentados e abertos a todas as idades. No entanto, o “bichinho do querer saber” está, geralmente, muito presente nas crianças, e nada melhor que essa idade para se começar a conhecer o património. Assim, através da ousadia de passar uma noite no museu e de conhecer algo novo, criou-se um produto que torna a atividade segura, responsável e confortável. O objetivo do projeto é abranger o máximo de museus possível, de modo a que a atividade se realize em todos, expandindo ainda mais os horizontes da cultura. Assim, essa atividade seria dedicada às crianças, para estas passarem uma noite no museu, na qual, para além de aprender tudo sobre os temas dos museu, fariam jogos, o que tornaria tudo mais apelativo. Para tal atividade é necessário um certo equipamento, sendo este o desafio do presente projeto. A ideia que surgiu foi a criação de um pack constituído por um saco cama que viria dentro de um saco mochila, para as crianças usarem durante a atividade, numa intervenção essencialmente centrada na área do Design Têxtil.
O saco cama tem 180 cm de altura e 140 cm de largura, aberto, e 70 m de largura, fechado. Este é o produto principal que acompanha as crianças durante a atividade, acabando por a representar. Cada saco cama remete para o tema do museu onde a atividade se realizará.
CAROLINA BRÁS
Esboços de motivos para a coleção de estamparia têxtil
Painel ambiente – Modelos de carros elétricos existentes no museu
Para aprofundar a ideia foi escolhido um único museu, o Museu do Carro Elétrico. Assim sendo, os motivos dos padrões são inspirados icónicos nos carros elétricos. O produto terá três fechos, um que dará acesso ao colchão e os outros dois que permitem trocar os padrões de modo a que a criança possa personalizar o seu saco cama. Assim, aberto, o saco de cama tem duas faces que podem ter um ou mais padrões, podendo o saco cama ter entre dois a quatro padrões. Este será feito em algodão e com fechos de plástico. Os objetos terão em conta os conceitos de ergonomia e antropometria e os materiais serão os mais económicos e amigos do ambiente. O trabalho da designer e ilustradora Julia Rothman foi uma importante referência para este projeto, dadas as surpreendentes temáticas que explora na criação de padrões, desde a mais abstrata até à mais figurativa, como animais, lugares, comida, entre outros. Destaca-se o tratamento descontraído que dá às formas dos objetos do quotidiano. Através da conjugação da simplicidade com o pormenor, resultam padrões bastante criativos e interessantes. A sua paleta de cor não varia muito de padrão para padrão e podemos ver que opta, não só pelo fundo branco, mas também por outras cores.
Paleta cromática a aplicar na coleção
Padrões têxteis da designer norte-americana Julia Rothman
PRO J E TO
CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO TÊXTEIS_ EASR | 2016.17 PROVA DE APTIDÃO ARTÍSTICA | DESIGNRISCADO – Conceitos atrevidos, artefactos responsáveis
As três mini coleções de estampados que integram a coleção do Museu de Carro Elétrico para o saco cama dirigido distinguem-se facilmente, sendo uma mais figurativa, “À Descoberta dos Elétricos” explorando a rica diversidade de formas e cores dos carros elétricos conservados e expostos no museu, outra mais abstrata “ À Descoberta dos Caminhos” e a última um intermédio das duas “À Descoberta das Formas”, mantendo sempre o mesmo mote. Estas últimas jogam com a forma e a linha, dando vida aos sacos cama. A paleta de cores das coleções baseia-se nas cores dos elétricos, cores bem características e plenas de significado na cidade do Porto.
Em suma, este projeto tem como objetivo “a descoberta” da cultura e do património português, criando uma atividade que apele à aprendizagem e que divulgue o papel dos museus no nosso país.
Materiais da coleção Têxtil: Tecidos 100% algodão Tecidos de fibras de poliester
CAROLINA BRÁS
dinamicas @ essr.net
ESCO LA ARTĂ? S T I C A D E S O A R E S D O S R E I S