DINÂMICAS #5

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5 MAIO 2017

ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS


DINÂMICAS | MAGAZINE DE DESIGN DE PRODUTO

FICHA TÉCNICA

PUBLICAÇÃO ANUAL COORDENAÇÃO: ARTUR GONÇALVES, MICAELA REIS COLABORAÇÃO NESTA EDIÇÃO ALBERTO TEIXEIRA, ALEXANDRE MARTINS, ARTUR GONÇALVES CARLOS SOUSA RAMOS, CATARINA FONSECA, JOSÉ MELO, MADALENA MENESES, MARCO CRUZEIRO, MARIA ANTÓNIA MENDONÇA, MICAELA REIS, MIGUEL NEIVA, PEDRO COELHO DO AMARAL, SOFIA DE CARVALHO, TERESA SILVA E OS ALUNOS ALEXANDRA GOUVEIA SANTOS, ALEXANDRE LABORDA, ANA PATRÍCIA CARVALHO, ANA PINTO, CAROLINA SANTOS, CATARINA VIEIRA, DIANA CERQUEIRA, DIOGO TEIXEIRA, FRANCISCA ANDRADE, FRANCISCO CARDOSO, FRANCISCO DIAS, FRANCISCO VILAÇA, GONÇALO CAMBOA, INÊS FERNANDES, JOANA GUERRA, JOÃO HENRIQUES, LEONOR PALAEZ PEDROSA, MARIA CARLOTA SANTOS, MARISA ALVES, MARTA BARBOSA, MATILDE PIMENTEL, RAQUEL MESQUITA, REINALDO FERREIRA, SANDRA CARDOSO, VASCO MARCOLIN. PRODUÇÃO GRÁFICA/ EDIÇÃO DIGITAL: MICAELA REIS CONTATO EDITORIAL: dinamicas@essr.net PROPRIEDADE: ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS RUA MAJOR DAVID MAGNO, 139 | 4000-191 PORTO TEL. +351 22 537 10 10


CARLOS SOUSA RAMOS

EX-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS DA ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

E OS CONCEITOS QUE ELAS NOS TRAZEM Por muito que se leia, por muito que pensemos que somos eruditos numa ou em muitas

matérias, há sempre, algures, uma surpresa para nos pôr no devido lugar. Foi o meu caso muito recentemente.

Veio até mim uma palavra nova, e com ela todo um novo conceito a explorar. Ainda se me tivessem mencionado a palavra retroceder, ou recuar, possíveis sinónimos da palavra em

causa, estaria eu todo satisfeito pois, ah!... essas eu conheço e sei o que significam, mas não, tinha de ser uma com uma carga significativa muito mais forte e com um enorme poder de realização e que eu desconhecia completamente.

Quem já não pensou ter o poder de agir sobre “coisas” passadas ou até ainda existentes, quer sejam do foro físico ou dos sentimentos, quem já não desejou modificar o que já está feito, nalguns casos tendo mesmo conseguido? Muitos de nós certamente.

E quem já se interrogou, em especial aqueles que utilizam a sua criatividade, que a

consequência desse seu ato, em noventa e nove por cento dos casos, é apenas uma modificação do que já se encontra feito? Não vos sei responder!

Mas sei vos dizer que faço parte daquele grupo de pessoas que pensa que, praticamente, já

tudo foi inventado, já tudo foi criado, pelo que tudo o que nos aparece como sendo “novo” não passa de um qualquer efeito de uma qualquer “frescura”. Muitas das vezes diz-se que isto é

“novo”, mas não passa de algo que já existiu, ou ainda existe, e que foi modificado, porque o valor e qualidade na “frescura” utilizada a isso leva a pensar.

Quer isto significar que não devemos aceitar atos de “frescura” ou que os devemos rejeitar ou, até mesmo, rechaçar? Não. Considero que é muito mais difícil “refrescar” do que criar.

Vejam o caso da própria vida. Algo ou alguém, numa ato de inspiração, pimba, trouxe-nos a

“vida”. E depois, quantas vidas em espécie e em quantidade, todos os dias nos surgem? São

criações? Não, são retroações, modificações da criação inicial, e todos elas consequência de uma enorme qualidade e proatividade da criatividade.

Pronto, ficaram a saber qual é a palavra que me pôs a pensar e a divagar: Retroação.

Como estamos a ser lidos aqui na revista “Dinâmicas”, não podia deixar de referir que na

área do Design e das Artes Plásticas, penso também que existe muito ato de retroagir, senão mesmo a totalidade. Termino com:

“No complexo plexo da vida

A criação, de retroação sofre os efeitos

Pois a utilização de um qualquer imbuído pincel Ou a de um ousado cinzel

Apenas transformam um qualquer primário ato Embora possamos afirmar que

De uma obra-prima se trata de facto.” [Carlos Sousa Ramos]


[R E TRO ] A ÇÃ O

retro ação O velho princípio da dialética hegeliana – tese, antítese, síntese – encontra-se plasmado em outros princípios, mesmo que travestido de forma mais moderna ou pós-moderna. Basicamente o que se pretende dizer é que a evolução se processa em ciclos binários contínuos. Primeiro a tese, afirmação, ação, proposta. Depois a antítese, crítica, análise, confronto. No final a, síntese, resolução, que é o início dum novo ciclo, ou seja uma nova tese. Por isso quando se fala em ação, reação, retroação não estamos a dizer nada de novo. Repetimos o velho, uma eterna ladainha, vestindolhe roupagens novas. O aparecimento de novas disciplinas que estudam o real interno e externo ao ser humano deram potencialidades novas e este princípio e generalizaram-no a sistemas materiais, biológicos e sociais. Nas ciências duras e menos duras, puras e micegenadas a retroação é uma espécie de “pão nosso de cada dia”. Uma teoria T1 é simulada na experiência E1, obtendo-se o resultado R1. Se compararmos os resultados com a realidade ou a meta a atingir poderemos ter que reformular T1 para T2 e voltar a uma nova experiência E2 com resultados R2. Este processo pode não parar por aqui e transformar-se numa sequência de T1, T2, T3, T4…….até atingir o Santo Graal. Uma teoria T capaz de ser a realidade ela própria e não uma qualquer representação. Um bom exemplo deste facto é a preparação dum novo medicamento. A meta a atingir faz-se recorrendo

a experiências, E1, E2, E3, E4, …...com as convenientes cobaias. Se os resultados R1, R2, R3, ...se forem aproximando do desejado temos novo medicamento. Quando passamos às Ciências Sociais já “a porca torce o rabo”. A retroação pode ser o que distingue a evolução da revolução. Talvez por isso já nem os pedagogos e os teóricos da educação falam em Reforma do Ensino. Tudo se resume agora a pequenos reajustes curriculares. Se bem o pensarmos a sociedade vem sendo contaminada pelos “procedimento LEGO”. Quer dizer, mudando aqui e acolá algumas pedras o sistema vai-se modificando e transformando. Evidentemente que no início do séc. XX isto seria a máxima das heresias.

Por isso Lenine zurziu o “renegado Kautsky” em nome da revolução. Claro que depois falou “numa passo atrás para dar dois à frente” uma retroação em ziguezague, recuar para recuperar forças e logo voltar à carga. Port essas e por outras é que hoje todos fogem dos cortes epistemológicos. Vem a propósito dizer que, em termos da psicologia, nos encontramos continuamente perante a dupla ação/reação. Diria até que todo o pensamento avança desta forma. Se temos uma ideia e a aplicarmos logo nos obrigamos a um processo avaliativo que ditará uma reação corretiva. O ensino, por maioria de razões, não escapa a este determinismo metodológico. Quando se fala em motivação não falamos


ALBERTO TEIXEIRA

PROFESSOR DA ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

desafios mais do uma retroação exercida sobre o processo ensino/ aprendizagem. Um binómio tão antigo quanto cansativo. A ação pedagógica dum professor esbarra com a reação do aluno (positiva umas vezes, negativa outras tantas) que só será ultrapassável por um repensar da forma como se ensina, portanto uma retroação. Assim dito e escrito a retroação parece um processo assético, bem compreendido e aceite por todos. De facto tudo nos leva a crer que sim, que interiorizamos este processo sem reservas (ou, pelo menos, com um mínimo de reservas). O problema só começa a surgir quando a retroação se destina, ou nós queremos que ela se destine, à repristinização de algum “status quo” já datado e ultrapassado. Quem não sentiu já a nostalgia duma infância banhada de felicidade e não a pretendeu repristinar? Quantas dessas vezes não tivemos perante uma ilusão criada por um estravismo cerebral? Tal como dizia um dos temas do filme de José Fonseca e Costa, Kilas o mau da fita, “a memória é uma armadilha, quanto mais se mexe mais se ensarilha”. Esta permanente nostalgia em que o cérebro se mergulha nos momentos de maior pressão (e depressão) acaba por se traduzir numa postura tendencialmente negativa. Mas há que não confundir esta ação negativa com a retroatividade negativa que atua como um freio, como um termoestato que ora acelera ora desacelera a variável em questão. Na nostalgia a retroatividade é uma

repristinação. Costumo lembrar-me dos versos da canção/ hino escocês, Flower os Scotland, “those days are pass now, and in the past they must remain”, como um antídoto para por fim à tentativa de repristinar passados gloriosos. A forma artística de repristinar é o que se entende por “revisitar”, dar uma nova leitura, uma nova interpretação ao que outrora teve sucesso. Uma espécie de “refrescadela”, um arejamento de estilo e intenção. Nessa ótica poderemos ver a fotografia artísta não digital como uma revisitação da fotografia analógica ou a tipografia artística como uma revisitação da tipografia industrial. Retroagimos sobre o objeto artístico para o tornar atual, contemporâneo. Há quem diga até que a arte se esgostou a ela própria e hoje só vive de revisitações e misturas. No fim, tudo o que resta resume-se à milenar dúvida “e se…?”. Será que a retroação é o instrumento por excelência da evolução e do livre-arbitrio? E se não houver esse tal livrearbitrio? Porque às tantas é isso mesmo, fazemos todos parte duma teia que alguém vai tecendo sem nos consultar. Quando pensamos que estámos a optar por um caminho livremente escolhido estaremos provavelmente a ser empurrados pela agulha que tece a nossa vida.


ED I TO RI A L

[

]

“Nada é tão novo e recente quanto o passado. O tempo - ou melhor, a memória que dele ficou - é uma escolha permanentemente reconstruida, uma página em permanente revisão.” (Mia Couto, in Expresso-Revista, 5 Junho 2010)


MICAELA REIS

PROFESSORA PROJETO E TECNOLOGIAS | EASR

AÇÃO Pensar num futuro (entre muitos possíveis), a partir do presente, com base num passado. – pode ser uma das definições possíveis para retro(ação). É este o nosso constante desafio... (In)conscientemente o nosso presente é uma reconstrução de um passado e o nosso futuro também o será. – Intervir sobre o passado é uma forma de trabalhar o devir. A incitação aqui proposta é ativar a vontade de pensar sobre uma construção temporal e como em simultâneo nos constroem e reconstroem, ou seja, assumirmos uma consciência critica e reflexiva ativa, antes de mais, sobre nós e a sociedade em que nos inserimos. E, como estas (re)construções modificam o nosso espaço de ação, reforçando a influência que a nossa perspetiva do mundo, se conforma e se reflete no papel que assumimos na e com a sociedade. Como cidadãos, esta vontade de pensar um futuro, é um dever, como designers é a nossa praxis. As sociedades não se desenvolvem a partir de um caminho linear, os diferentes campos de ação, políticos, económicos, científicos, tecnológicos, artísticos,... que se desmultiplicam velozmente intersetam-se e interrelacionam-se, granjeando cenários de extrema mudança, que nos exigem (re)pensar o futuro constantemente e de um novo modo. A noção de tempo e distância, também se altera constantemente. O tempo é formatado e formata a lógica humana – o tempo comprimiu-se e o espaço expandiu-se – habitamos um espaço global, caraterizado por instantâneos, onde a concepção de distância, num clique perde significado. Estas evidências que (re)constroem o nosso espaço de ação, assumem-se hoje, como um ponto de partida para a nossa reflexão, conduta e (re)posicionamento. Este é um desafio dinâmico, que nos incita um estado de alerta constante e uma obrigação perante a sociedade. Num contexto histórico, o papel e a responsabilidade do designer já foi mais simples de circunscrever, hoje o designer não se pode limitar a projetar uma forma visual e a uma função mecânica, urge pensar o futuro, consciencializando-se do papel que desempenha no presente. E nós, escola...não podemos ficar agarrados a um passado, temos uma missão e um dever ético, de pensar um futuro, assumindo a responsabilidade de formar cidadãos responsáveis e críticos, ensinando-os como pensar e não o que pensar, dotando-os de competências que lhes permitam agir consciente e criticamente em qualquer espaço-tempo.


ÍN DI CE

ÍNDICE 3

AI AS PALAVRAS E OS CONCEITOS QUE ELAS NOS TRAZEM - CARLOS RAMOS

4-5

RETROAÇÃO | DESAFIOS - ALBERTO TEIXEIRA

6-7

EDITORIAL - MICAELA REIS

8-9

INDICE

PERCURSOS

10-11

EU SURDO ME CONFESSO - CARLOS RAMOS

12-13

A CEREJEIRA DO MEU AMIGO O.F. - JOSÉ MELO

14-15

AUSCHWITZ E ARISTIDES DE SOUSA MENDES - JOSÉ MELO

16-17

O LUGAR ONDE NINGUÉM RI | AUSCHWITZ - BIRKENAV - JOSÉ MELO

18-19

BOM DIA, BELEZA | JOSÉ MELO

20-21

PÁDUA RAMOS

22-29

COLOR ADD - MIGUEL NEIVA

30-43

GUILHERME AWARD’16

44-57

REFLEXÃO SOARES A PENSAR O FUTURO MARCO CRUZEIRO | ALBERTO TEIXEIRA | ARTUR GONÇALVES | PEDRO COELHO DO AMARAL | TERESA SILVA

58-59

O PAPEL DO ALUNO | OPINIÃO OUVIDA - JOÃO CEREJO

60-61

EXPOSIÇÃO DE OURIVESARIA NA EASR - MADALENA MENESES

HISTÓRIA DO DESIGN

62-69

EXPOSIÇÃO DE OURIVESARIA NA EASR - GRUPO DESIGN DE OURIVESARIA

70-77

CONTEXTUALIZAR O DESIGN - CATARINA FONSECA

78-79

HISTÓRIA E LINGUAGEM DO LEQUE - MARIA ANTÓNIA MENDONÇA

80-89

ROCOCÓ | TEATRO - ALUNOS DA TURMA 12ºC1

TECNOLOGIAS

90-93

POLÍMEROS PASSADO E FUTURO - SOFIA CARVALHO


PROJETO

94-95

MÓDULO DESIGN DE PRODULO - ALUNOS 10ºANO

96-97

ALUMIECO - CAROLINA SANTOS

98-99

FRUTEIRA E SUPORTE PARA ESPELHOS - CATARINA VIEIRA

100-101

SUPORTE PARA UTENSÍLIOS DE COZINHA - FRANCISCA ANDRADE

102-103

DESPEJA BOLSOS - MARISA ALVES

104-105

CHÁVENA DE CAFÉ E BOMBONEIRA - ALEXANDRE LABORDA

106-107

LX GRADUS - DIANA CERQUEIRA

108-109

GRANATUM - MARTA BARBOSA

110-111

RAÍZES - MATILDE PIMENTEL

112-113

OLHARES - DIOGO TEIXEIRA

114-115

EVIDENTEMENTE - SANDRA CARDOSO

116-117

DF - FRANCISCO DIAS

118-119

FLEX LIGHT - INÊS FERNANDES

120-121

SUPERNOVA - REINALDO FERREIRA

122-125

PONTES DE LUZ - ALEXANDRA GOUVEIA SANTOS

126-127

MUNDO ONÍRICO - ANA PATRÍCIA CARVALHO

128-129

GES - ANA PINTO

130-131

YES - FRANCISCO CARDOSO

132-133

TOCA-ME - FRANCISCO VILAÇA

134-139

EDUCA - JOÃO HENRIQUES

140-143

I WANT - RAQUEL MESQUITA

144-149

ASA VINCADA - VASCO MARCOLIN

150-151

DOCE LAR - LEONOR PALAEZ PEDROSA

152-157

INSEGURO - GONÇALO CAMBOA

158-159

ENERGIAS NOCTURNAS - MARIA CARLOTA SANTOS

160-163

D’CORAÇÃO CHEIO - JOANA GUERRA


PER CURS O S

EU SURDO ME CONFESSO Como os demais todos os dias me levanto destapando-me do manto que cobre, do meu ser, a insatisfação por haver quem não me tente entender. Como os demais todos os dias me levanto vestindo o sentimento que naquele momento mais me está à mão. Como os demais choro, rio, abraço zango-me, refilo e me perfilo para do dia usufruir do seu fluir. Como os demais tenho dias difíceis e outros fáceis.

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E há dias em que eu, com muita dificuldade me faço compreender; a minha língua é a língua de quem do mundo ouve apenas o seu zumbido a sua vibração. Como os demais, não, não como os demais …. Não ouço, e por isso às vezes, não ouso e me isolo dentro do casulo da borboleta da indiferença. Como os demais quero por este mundo afora ir quero amar e quero feliz me sentir. … Como os demais!


CARLOS SOUSA RAMOS

EX-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS DA ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

O poema acima tem uma história. Mas não terão todos os poemas uma história, ou serão uma história? Uma história com sentimento ou de sentimentos? Há quem diga que quem escreve poemas transmite o que sente, ele próprio, pelo que, quem o lê, deve sintonizar-se no mesmo comprimento de onda e compreender, entender, o pensamento, o sentir do poeta. E há quem, e eu sou um deles, pense que na grande maioria das vezes, o poeta, esconde os seus sentimentos e apenas escreve sobre o dos outros. Eu, que de forma livre escrevo poemas, pelo menos assim penso que o faço, é muito raro partilhar os meus sentimentos. Escrevo sobre o que assisto, sobre o que penso ser o sentir de alguém que o manifesta com gestos, ou com expressões, ou com o olhar, os olhos muito dizem, ou simplesmente com a intuição. É fácil? Não e sim. Para passarmos do “é difícil escrever” para o “não, não é difícil escrever” sobre sentimentos que não são os nossos, apenas necessitamos de uma condição, o de conseguir colocar-nos no lugar do outro, no lugar de quem está vivenciando esse sentimento, ou sentimentos.

E tal é fácil, o conseguir colocar-nos no lugar do outro? Não e sim. Mas o sim é de receita fácil. Basta querer ter empatia pelo nosso semelhante que a osmose de sentimentos flui. Ou isso, ou, não serão os sentires dos outros os nossos sentires também? Quero com isto dizer que este nosso mundo de vivências diversas seria muito mais agradável se apostássemos nessas duas condições existenciais: a empatia e o sabermos colocarnos no lugar do outro. De volta ao poema que se encontra no início deste texto, eis a sua história: recentemente, em conversa com quem me lê e sobre o que escrevo, veio à baila que nunca tinha escrito sobre o sentir de quem tem uma insuficiência auditiva parcial ou total. Perante tal constatação, e respondendo a tal falta, eis que, mais uma vez, eu, que não sofro de tal insuficiência, bem pelo contrário, fiz todos os possíveis por me colocar no lugar de quem assim se encontra, surgindo então o poema em questão, o qual é hoje pertença da estrutura que cuida dos alunos com deficiência auditiva da EASR.

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PER CURS O S

A cerejeira

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JOSÉ MELO

PROFESSOR DA ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

A tua cerejeira de menino tem a vida a rebentar, Parecida com a que o Alberto Carneiro descreveu Ali à porta da casa humilde de S. Mamede do Coronado, Onde construiu o seu ateliê vegetal de desenho, Habitando nele um palácio de sonho E partilhando os esquissos infantis Que trazia de bicicleta para a velha Soares, ao fim das tardes. No teu lar vegetal pousa aquela andorinha anilhada da Escandinávia Que vinha lá dos montes agrestes de Miranda cá matar saudades das ondas! Pois a tua árvore grande manda-te notícias que podes dar à mãe: Está a florir, a lavar as nossas almas com seivas de brancura, Como se fosse um repique de sinos, Ou um céu estrelado, ou um mar cintilante, ou uma seara a remar, À vista do sol que nos alimenta a todos e é calor e luz… Obrigado pelas cerejas que depositaste nos nossos olhos. Na verdade, « Le temps des cérises » escapou-se-nos dos dedos E lá restam apenas farrapos de tinta ou Das palavras gastas, pinceladas de sonhos rasgados, dispersos, Como no filme de Tarkovski “Espelho” de que falavas, Com esse teu jeito especial de seres sempre mais que tu Ou de nos lavares os dias com a água da poesia… Lembras-te de “Ordet” de Carl Dreyer? Havia a palavra-mistério Daquele profeta tio amalucado, palavra-viva, palavra-certa, palavra-santa: Porque temos tanta pressa dela, tens de desistir daí E voltares até ao nosso regaço, Carregado com o teu cesto de cerejas, Para haver outra vez canto do cuco e ser Primavera! Um beijo para a tua Alexandra (que agora és tu!) 21 de Março/2017– no dia da Poesia. José Melo

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PER CURS O S

AUSCHWITZ E ARISTIDES DE SOUSA MENDES «…os judeus foram deportados em grupo: famílias, comunidades aldeãs, no seu conjunto…As pessoas que o deportado judeu vê desaparecer, enviadas por um chicote de oficial das SS para um destino desconhecido, não são anónimas nem desconhecidos companheiros casuais de uma longa viagem até ao desconhecido: são mães, irmãos ou irmãs menores, avós já velhos. O que o deportado judeu vê desaparecer é carne da sua carne, e depressa saberá que o destino era a câmara de gás. Uma pergunta vai, pois, obcecá-lo durante a vida inteira: Porque me salvei eu? Porque morreram eles?» (Jorge Semprún) As comemorações do 60º aniversário da libertação de Auschwtiz-Birkenau ainda ecoam na nossa comunicação social. Nesse mortífero e imenso campo de concentração nazi, como cerca de outros vinte construídos na “grande” Alemanha, mandado edificar por Hitler para levar a cabo o seu projecto de “solução final” de morte e extermínio dos judeus, dos ciganos, dos “impuros”, morreram mais de um milhão de seres humanos, de forma “científica”, “planificada”, enquadrada num projecto industrial “autêntico”, articulando a “produção” das câmaras de gás com a capacidade incineradora dos fornos crematórios. O horror e a crueldade vieram outra vez à tona, por esses dias, em programas televisivos especiais, em artigos de jornais e de revistas. E nunca é demais recordar essas imagens tremendas, semelhantes às que já presenciei pessoalmente em Dachau, quando visitei, há alguns anos, esse campo “pioneiro”, iniciado logo no início da carreira “artística” do Führer, em 1933, nos arredores de Munique. E ainda bem. Porque como informava o caderno Actual do “Expresso” de 5/2, num inquérito recente da BBC, concluíase que 40% dos ingleses com menos de 25 anos não sabem o que foi e onde fica Auschwitz! E em Portugal na mesma ou pior, dada a iliteracia que nos caracteriza. Dado que existe hoje o efectivo temor de um apagamento sistemático destas memórias, o escritor franco-espanhol Jorge Semprún, (ele mesmo um antigo prisioneiro de Buchenwald, em artigo titulado “O Extermínio”, de que faz parte a citação inicial deste

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escrito), reconhecia a premência de perpetuar a Memória dos sobreviventes. E, na sua opinião, tal só poderia fazer-se por intermédio do recurso à criação literária, à ficção escrita ou fílmica, por forma a garantir que as novas gerações não esqueçam essa banalização do horror. É óbvio que Portugal não viveu directamente a tragédia negra da barbárie, apesar de ter vivido a “sua” invisível guerra colonial, cujas feridas ainda estão longe da cicatrização. Mas, ainda assim, como europeus e cidadãos cosmopolitas, possuidores de memória colectiva, honra-nos o testemunho de um herói máximo do Holocausto, o “justo” Aristides de Souza Mendes, também conhecido por “o Schindler português”. Na verdade, o cônsul português em Bordéus durante a ocupação alemã da França, no início da década de 40, teve o atrevimento de desobedecer às ordens expressas de Salazar, que por essa altura acumulava a pasta do ministério dos Negócios Estrangeiros e que assim salvou muitos milhares de judeus e outros cidadãos, passando vistos diplomáticos a tanta gente que fez de Lisboa a sua placa giratória para o exílio nos Estados Unidos. Pensa-se que terão sido à volta de 30 mil pessoas, sendo delas 10 mil judeus, a serem salvas, o que levou um especialista a considerar o feito como “a maior acção de salvamento levada a cabo por uma só pessoa durante a Shoah” (vide “Actual” 2/5,pp. 21). A atitude deste nosso herói mereceu toda uma série de castigos ignominiosos da parte do governo ditatorial português, como a demissão compulsiva do


JOSÉ MELO

PROFESSOR DA ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

cargo e da função pública, acabando o nosso diplomata por morrer na miséria, a 3 de Abril de 1954, em Lisboa, deixando a sua residência em Cabanas de Viriato ao abandono, com todos os bens vendidos em hasta pública, restando hoje as paredes em ruínas, onde estranhos guardam toda a espécie de animais. Aí onde justamente se estabeleceu a sede da futura Fundação Aristides de Souza Mendes. Se um povo sem Memória colectiva se arrisca a definhar, então é imprescindível mantermos de pé o nosso património moral, incluindo nele as referências simbólicas que o mantêm e alimentam. Tal como é o caso da Casa do Passal reconstruída, no concelho de Carregal do Sal, ou uma série televisiva à volta dessa figura ímpar do nosso humanismo cristão, digna de figurar na galeria dos maiores vultos portugueses do século XX. Ou filme que haveria de ter um impacto mundial semelhante ao “A Lista de Schindler” de S. Spilberg, ao “O Pianista”de Polanski, ou maior ainda, nem que para tal precisasse de obter os apoios do Conselho Mundial Judaico e de todas essas comunidades espalhadas pelo mundo, onde houvesse descendentes de exilados, salvos pelo nosso santo diplomata. Ele que escreveu um dia estas palavras:

“Impassível, vou então ficar à janela a assistir à matança dos inocentes? Não, não e não! Não sou cúmplice da chacina, vou desobedecer a Salazar, vou passar os vistos e salvar os perseguidos. Prefiro estar com Deus contra um homem, do que estar com um homem contra Deus”.

ARÍSTIDES DE SOUSA MENDES

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O LUGAR ONDE

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JOSÉ MELO

PROFESSOR DA ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

NINGUÉM RI AUSCHWITZ-BIRKENAU | POEMA

Duas pedras do chão deste lugar silencioso tiram-me o sono, Choram caladas no meu bolso e contam-me a raiva já pintada e incontida Das desgraças de humanos que por aqui se foram derretendo aos milhares, aos montões, como trevas, Subindo às nuvens, ao som agudo metálico dos lamentos surdos de violinos forçados, Onde o Ser se tornou milhões de não-seres definitivos, Corpos brancos da morte cuja vida começava a perder-se a partir do acto De descalçar os sapatos, como disse Primo Levi. Vi malas de viagem, pilhas de latas de pó, óculos e armações, toneladas de cabelos, Bonecas nuas esventradas e brinquedos desfeitos, Árvores sem pássaros ausentes livremente das longas avenidas, Inertes os sentidos finalmente murchos, fatalmente cinzentos. Paralisia do pensamento, ecos duma Razão depositada na vitrina das inutilidades, As ideias vomitadas na latrina colectiva de um Devir por vir. E o sol? Feriu a flor dos nossos braços, Pois neste não-lugar o cheiro a morte é eterno E o dia amanhece no silêncio seco da janela Que dá para o além do Nada… Onde pedir a esmola de um sorriso, Quando a brisa da tarde apenas nos traz gemidos e gritos Dos rostos riscados nas paredes, marcados pela sombra do Mal? Eu amaldiçoo a fera que se encostou a estes pavilhões sujos de medo E deixou apenas um campo deserto de flores, sem rasto de papoilas ou boninas, Enquanto Deus cobria o Seu divino rosto de vergonha. José Melo – 28 de Agosto de 2010. | Uns dias após a visita ao Campo

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JOSÉ MELO

PROFESSOR DA ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

BELEZA! Há uma catedral de anjos Dentro dessa alma nua de Afrodite, Ou de Héstia, Deméter, Minerva ou Perséfone/Coré, Mãos que nos falam duma brancura grega Antiga, sem idade. Irrompes do silêncio frio da espuma do mar E vens abraçar-nos à entrada. Aqui inicia-se a grande travessia, Promessa de Beleza no meio de nós. Sorriso de águia, de ave ligeira Salto obscuro na temporalidade Atravessas-nos e dóis As nossas fragilidades doces pastosas. Vem ensinar-nos o rude caminho Que à casa dos deuses conduz! Em ti há frutos rosados E perfume de flor selvagem insuspeita Acima de tudo és a mão do sonho, A perfeição do Sol, O combate da Palavra, O cumprimento que nos Abre, divina, Devagar e a todos A porta da nossa mortalidade.

(a uma estátua grega que habita, desde alguns dias, o hall da EASR) OUTONO de 2009.

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PER CURS O S

1931-2005 Nasceu em Moçambique em 1931, veio para Portugal em 1945 e estudou na Escola Superior de Belas Artes do Porto, com os mestres Carlos Ramos e Júlio Resende e como condiscípulos José Rodrigues, Jorge Pinheiro, Ângelo de Sousa e Espiga Pinto. Integrou uma das equipas da Fundação Calouste Gulbenkian para o concurso de anteprojeto da sua sede e foi sócio do gabinete do arquiteto Carlos Loureiro, com quem criou, em 1976, o GALP – Gabinete de Urbanismo, Arquitectura e Urbanismo. A partir dos anos 50 dedica-se ao desenvolvimento de peças de design e foi criador também de peças de ourivesaria. Participou com em diversas exposições no país e no estrangeiro; tem obras representadas em publicações nacionais e internacionais, foi galardoado com vários prémios, designadamente o European Community Design Prize 1990, em arquitectura. Foi um ávido coleccionador, reunindo centenas de peças de arte, entre jóias, móveis, esculturas, cerâmicas e pinturas, de célebres artistas como Lalique, Tiffany, Braque ou Dali. Foi um dos fundadores do Lugar do Desenho, de Júlio Resende.

exposições

Galeria Fernando Santos – Porto | Exposição “Um Ourives e 7 Artistas Trabalham a Prata” – séc. XX | Dezembro 1993 Museu Nacional de Arte Antiga – Lisboa | Exposição “Um Ourives e 7 Artistas Trabalham a Prata” – séc. XX | Junho/Outubro 1995 Cadeia da Relação – Porto | Exposição “Moderno Antigo” – séc. XX Universidade do Porto – Ordem dos Arquitectos | 1997 Museu Guerra Junqueiro – Porto | Exposição “Pratas do Porto” – séc. XVII ao séc. XX | Outubro/Dezembro 2001 Palácio Real de Amalienborg – Copenhaga – Dinamarca | Exposição “Pratas Portuenses” – séc. XVIII ao séc. XX | Junho/Agosto 2002 Centro Comércio de Eventos – S. Paulo – Brasil | Exposição “O Percurso da Prata do Norte de Portugal” séc. XX e XXI | 2005 Museu Nacional Soares dos Reis – Porto | Exposição “A Ourivesaria Portuguesa & os seus Mestres” | Junho/Julho 2007

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A marca registada para Portugal e Brasil PÁDUA RAMOS DESIGN® foi, recentemente criada para editar e comercializar peças de design do Arquitecto Luis Pádua Ramos, após a sua morte em 2005. PÁDUA RAMOS DESIGN® é detida pela única filha de Pádua Ramos, garante de continuidade da sua filosofia. Todas as peças reproduzidas após a sua morte são feitas pelos mesmos artesãos que com ele trabalharam, o que confere o mesmo elevado grau de qualidade e autenticidade. Cada peça é feita à mão, sem moldes, dedicando-lhe uma atenção especial o que não acontece nas peças produzidas em série. Todas as peças são assinadas, numeradas e acompanhadas de um Certificado de Autenticidade. Todas as peças estão protegidas no Instituto de Harmonização no Mercado Interno (IHMI) sob a forma de desenhos ou modelos comunitários registados sob os números 002036665; 002036749; 002037994; 002039966; 002098327; 002098350; 002098293; 002098426. PÁDUA RAMOS DESIGN® tem como principal objectivo dar a conhecer um trabalho de Design, considerado de vanguarda, tendo em conta a data em que a maioria das peças, quer de mobiliário, de iluminação e de decoração foram feitas – anos 80 e que se pode ver pelas suas linhas de modernidade.

As peças de Pádua Ramos são fruto de uma longa maturação da sua experiência como arquitecto. Na obra de Pádua Ramos, há uma simbiose entre a forma da arquitectura e o detalhe da mesma complementada com elementos recorrentes no design de Pádua Ramos. Impossivel dizer onde começa uma e termina a outra. O Arquitecto e Designer Luis Pádua Ramos, grande vulto da arquitectura portuguesa, dedicou toda a sua vida não só à arquitectura mas também ao design, criando peças que posteriormente incluia em algumas obras fazendo juz à sua fama de ser não só um homem de grandes volumetrias mas sobretudo um arquitecto do pormenor. Deixou um vasto espólio de desenhos de peças que nunca foram reproduzidas. Homem das artes, dedicou também a sua vida ao coleccionismo, tendo deixado uma vasta coleccção de arte que vai do séc. XV até aos nossos dias, com particular incidência no período da Arte Indo-portuguesa, Arte Nova e Art Déco. PÁDUA RAMOS DESIGN® publica um livro sobre a vida e obra de Pádua Ramos. in http://www.paduaramosdesign.com/main.html

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MIGUEL NEIVA

DESIGNER DE COMUNICAÇÃO CRIADOR DO CÓDIGO COLORADD

nota introdutória

"Dois pontos considero relevantes introduzir para

contextualizar a pequena e humilde reflexão que faço para escrever estas linhas.

O primeiro, é o facto de ser designer… que exerço com enorme paixão.

O segundo é que não sou daltónico, o que prova que somos mais competentes se fizermos as coisas a

pensar nos outros."

Há uns anos atrás, quando me propus criar um sistema de identificação de cores para daltónicos, confesso que se me perguntassem se fazia ideia do impacto que este iria ter em todo o mundo, a resposta simplesmente seria: - Não! Não fazia ideia. Após oito anos de investigação, desenvolvimento e dedicação para criar uma ferramenta que efetivamente garantisse uma melhor integração do daltónico na sociedade, percebi que tinha “entre mãos” algo que mais do que mudar o mundo era um ambicioso e bonito desafio que estava disposto a iniciar, fosse qual fosse o seu resultado final. Procurei seguir sempre um caminho sustentado, transparente, feito lado a lado com quem, efetivamente, poderia ver a sua vida facilitada por uma ferramenta capaz de “incluir sem discriminar”! Sempre vivi o Design como mais de que uma simples “arte” para conceber, criar, promover boas soluções capazes de potenciar o consumo generalizado de produtos que se querem globais. Mais do que isso, vivo e sinto o Design como uma disciplina que tem a “nobre missão” e a competência de poder tornar o mundo globalmente mais equilibrado e igualitário para Todos… esse sim, é o grande Desafio.

E foi, talvez, com todas essas premissas, não premeditadas, que natural e espontaneamente surge a ideia de criar um código (linguagem) capaz de permitir ao daltónico identificar as cores sem que tenha de pagar por isso e muito menos sem que necessite assumir a sua condição…Assim, nasce o ColorADD, uma linguagem inovadora, simples e universal pela capacidade que tem de servir Todos… e com tudo isso, a ambição (leia-se, desafio, ou vice-versa, como queiram entender) tornou-se grande e legitima. Encontrar um caminho, ou vários, para chegar a 350.000 milhões de pessoas que, espalhadas pelos quatro cantos do mundo, falando diferentes línguas, vivendo diferentes culturas, rezando a diferentes Deuses, têm todas a mesma dificuldade de “entender” a cor, sempre que esta é fator determinante de identificação, orientação ou escolha tornou-se o meu objetivo. Então, esta “cruzada”, tornou-se por si só apaixonante e global se acrescentarmos na equação a vertente “social”… aí, sim! Para Todos em todos os sentidos da palavra.… se por vezes nos ocorre a ideia de que tudo seria mais simples limitarmo-nos até ao que os nossos olhos vêm ou o nosso braço alcança, tudo se torna curto e não para Todos… possivelmente perde a graça, digo eu!?

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e a estratégia clara. Se a solução é para o Mundo, há que começar por algum lugar. Portugal!!... estender para a Europa e alargar para o Mundo. Foi essa a opção, com a garantia de um duplo e eficaz sentido positivo. 4 anos a testar a solução através de empresas e entidades com a possibilidade de chegar a todos com inovação, diferenciação e deixando uma enorme “pegada social”; por outro lado, permitir potenciar soluções capazes de serem “escaladas” com experiências reais e concretas – modelos de co-criação simples e com uma enorme partilha de valor. Com a criação da ColorADD.Social (ONG) em 2011, vejo o meio de promover e facilitar a implementação desta ferramenta simples no contexto escolar – sensibilizando toda a comunidade via escola, detetando o daltonismo através do rastreio precoce realizado com as crianças do 1º ciclo prevenindo vergonhas, constrangimentos e até bullying. Estas ações já em curso e com resultados tangíveis, são também facilmente replicáveis e escaláveis por toda a Europa.

Proponho-me, então, partilhar na primeira pessoa, … como vamos colorindo o mundo com o ColorADD - um projeto criado com pessoas e para as Pessoas. Não com dinheiro e pelo dinheiro. O retorno é uma natural consequência de um trabalho que temos feito com competência, paixão e partilha… e que tem tido o apoio dos mais diferentes quadrantes da sociedade global. Do reconhecimento da Ashoka, a maior organização mundial de empreendedores sociais, pelas condecorações, prémios e testemunhos, até ao Juliano, um miúdo daltónico de Córdoba, Argentina, que me chama “anjo da guarda”, têm sido muitas e muitas as pessoas em quem tenho “tocado” e que têm dedicado um pouco do seu tempo a esta causa… Quem sabe se um dia esta será mais uma bonita e colorida história, que recordaremos como um legado que Portugal deixa à Humanidade. Neste novo Mundo que estamos a criar, que acredito para melhor, o novo paradigma está em valorizarmos aquilo que nos move... e o que nos move são as Pessoas e que todos podemos contribuir para um mundo melhor. Não é preciso um grande problema e uma grande solução para tornar alguém feliz. É nos pequenos grandes detalhes que, passo a passo, faremos este mundo “mais colorido” para Todos… essa é a minha motivação!

PS: escrever na primeira pessoa e sobre o meu trabalho é algo que não estou habituado e que, confesso não é nada fácil. No entanto, a paixão com que me dedico a este projeto de vida, o prazer com que o faço e, principalmente, o acreditar que se todos fizermos um pouco pela sociedade vamos certa e facilmente conseguir viver num mundo melhor motiva-me a tentar fazê-lo.

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ColorADD | sistema de identificação das cores

INOVAÇÃO E RESPONSABILIDADE SOCIAL

ColorADD, a COR É PARA TODOS!

O código ColorADD é um Sistema de Identificação das Cores premiado com a Medalha de Ouro da Comemoração da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Uma ferramenta que procura garantir a plena integração de um público daltónico sempre que a Cor é fator determinante na comunicação e na aprendizagem. Estima-se que 350 milhões de indivíduos (cerca 10% da população masculina mundial e 0,5% da população feminina) sejam daltónicos.

ColorADD, SÍMBOLOS QUE INCLUEM COR! Desenvolvido

com

base

nas

3

cores

primárias,

representadas através de símbolos gráficos, o código ColorADD assenta num processo de associação lógica que permite ao daltónico, através do conceito da adição das cores, relacionar os símbolos e facilmente identificar toda a paleta de cores. O Branco e o Preto, surgem para orientar as cores para as tonalidades claras e escuras.

ColorADD, UNIVERSAL & TRANSVERSAL

“Sempre que a cor é um fator importante à identificação, orientação ou escolha...” O conceito ColorADD referencia a cor. 90% de toda a informação no mundo usa a Cor para comunicar! Cada implementação do Código é planeada para todos e não especificamente para Daltónicos. Incluir sem Discriminar. Este posicionamento gera uma reação positiva, num processo de mudança, que procura garantir iguais acessibilidades para Todos. Atualmente, o código ColorADD está já Implementado nas mais diversas áreas de atividade, nomeadamente em Hospitais, Transportes Públicos, Educação, Escolas e Universidades, Industria de Material Escolar e Didático, Vestuário e Calçado, Autarquias - Turismos, Educação, Cultura, Mobilidade, Comunicação - entre muitas outras que de forma transversal procuram incluir.

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ColorADD SOCIAL | EDUCAÇÃO

A Educação é um pilar da nossa Missão e consequentemente está incluída no nosso regime de licenciamento Pró-bono. O código tornouse parte integrante do Ensino, uma ferramenta inequívoca ao serviço das Comunidades Escolares, materializado pelo protocolo assinado com o Ministério da Educação e Ciência de Portugal (http://www. portugal.gov.pt/pt/os-ministerios/ministerio-da-educacao-e-ciencia/ mantenha-se-atualizado/20130327-mec-comunicado-coloradd. aspx). A Referenciação dos Exames com o código ColorADD, justificou-se pela necessidade de inclusão de minorias, sempre que a cor é fator relevante à interpretação, selecção ou escolha.

ColorADD LICENCIAMENTO DE UTILIZAÇÃO

O Código ColorADD poderá ser implementado mediante a atribuição de uma Licença de Utilização. As Licenças são ajustadas à dimensão de cada parceiro, assegurando que o custo seja acessível para Todos! Ao Licenciar o código, cada parceiro está contribuir para o projeto ColorADD Social, que tem como missão evitar a exclusão social precoce de Daltónicos no percurso escolar. Para mais informações, por favor contactar a ColorADD.

ColorADD VISIBILIDADE E RECONHECIMENTO INTERNATIONAL Colour Blind Awareness,

“…THE COLORADD CODE IS A FANTASTIC IDEA! WE AGREE THAT THERE IS A DEFINITE NEED FOR THE CODE TO BE APPLIED IN WAY-FINDING STRATEGY TO HELP COLOUR DEFICIENT PEOPLE EASILY AROUND HOSPITALS AND TRANSPORTATION SYSTEMS. “

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Oscar Ballabriga, Presidente Asociación “Daltónicos No Anónimos”: “HEMOS ESTADO ESTUDIANDO TU CODIGO Y NOS HA PARECIDO MUY INTERESANTE, ADEMÁS DE CUMPLIR UNO DE LOS OBJETIVOS DE NUESTRA ASOCIACIÓN. … SI PUEDO DECIRTE QUE TIENES NUESTRO APOYO PARA TODO LO QUE NECESITES Y, SI FUERA POSIBLE, NOS GUSTARIA QUE REDACTARAS UN ARTICULO PRESENTANDO TU SISTEMA PARA NUESTRA PAGINA.” Considerado pela revista GALILEU, editora GLOBO Brasil, como: “UMA DAS 40 IDEIAS QUE VAI MELHORAR O MUNDO”. Mereceu destaque na ICOGRADA, referência mundial no Design Gráfico como: “REINVENTING THE COLOR WHEEL” O projecto ColorADD foi apresentado em diversas iniciativas nacionais e internacionais, assegurando o reconhecimento e acreditação da comunidade académica e científica, entre as quais se destacam as segWuintes: 11th. Congress of the International Color Association (AIC 2009) - Sydney; IX Congresso dell’ Associazione Internazionale di Semiotica Visiva, Veneza; WCCA – World Congress of Communication and Arts, Lisboa; VI Conferenza Nazionale del Colore, Università del Salent, Lecce; AIC2010 – Color & Food, Mar del Plata; Innovation Festival , Lisboa; TEDx Porto; INCLUDE 2011, Royal College of Arts, Londres; AGE – UK, ‘Best Poster Award’; Innovation Festival , Talinn; IES / INSEAD “Iniciativa de Elevado Potencial de Empreendedorismo Social” Implementações Simples, Úteis e Acessíveis, em mais de 35 áreas diferentes, garantem hoje à ColorADD uma visibilidade internacional das comunidades empresariais, institucionais e dos media em geral: Le Monde, France Press, Vouge, Folha de São Paulo, Globo TV, entre outros.


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ColorADD PRÉMIOS E DISTINÇÕES MAIS RELEVANTES: “Social & Business Co-Creation: collaboration for impact”

“Iniciativa de Elevado Potencial de Empreendedorismo Social”

Projecto Finalista - A Ashoka, a Fundação “Zermatt Summit, a

Distinguido pelo Centro de Formação e Investigação em

Fundação Guilé, o DPD e a Boehringer Ingelheim anunciaram que

Empreendedorismo Social (IES) e pelo INSEAD.

o código ColorADD integra o grupo seleccionado dos projectos finalistas, na competição Europeia em 2014. Ver mais em: www.changemakers.com/discussions/entries/coloradd “Zero Project, for a world without barriers” “…orgulha-se de certificar que o ColorADD foi seleccionado entre as 54 melhores Práticas de Inovação reconhecidas pelo Comité de Seleção do Zero Project e/ou por um painel de peritos internacionais de renome nas áreas de Deficiência e Acessibilidades. ”in ZERO PROJECT's diploma.

Em Outubro de 2013, Miguel Neiva autor do Código, foi nomeado o primeiro Português "Fellow" da "Ashoka", integrado no programa "Making more Health", promovido pela "Boehringer-Ingelheim". A "Ashoka", é a maior organização Mundial de Empreendedores Sociais em rede, suportando a Inovação de ideias com "potencial para mudar o Mundo". Ver mais em: https://www.ashoka.org/fellow/miguel-neiva.

Ver mais em: http://zeroproject.org/practice/colour-identification-

Medalha Municipal de Mérito

system-for-the-colourblind/

Grau Prata, atribuído pela Câmara Municipal do Porto, ao Autor do

A aplicação “ColorADD App”, foi galardoada com o Primeiro lugar nos Prémios Europeus “Mobile for Good Europe Awards” em 2013 | Bruxelas, pela “Vodafone Foundation Mobile for Good Europe Awards” uma iniciativa conjunta entre a “Vodafone Foundation”, a “AGE Platform Europe” (AGE) e a “European Disability Forum” (EDF). Ver mais em: www.mobileforgoodeuropeawards.com “World Summit Award”, ColorADD APP foi eleita a melhor APP de 2014 na categoria Inclusion & Empowerment pela ONU (World Summit Award 2014). Ver mais em: http://www.publico.pt/tecnologia/noticia/duasaplicacoes-portuguesas-premiadas-pela-onu-1674496 “Certified BCorporation”: Uma empresa B redefine o conceito de sucesso nos negócios. Cumpre com uma exigente avaliação multidimensional do negócio, trazendo, além de perspetiva económica, as dimensões de impacto no meio ambiente, relações com colaboradores e comunidades. Uma empresa B não ambiciona apenas a ser a melhor DO mundo, mas a melhor PARA o Mundo!”. Ver mais em: www.bcorporation.net Medalha de Ouro comemorativa do 50.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem atribuída pela Assembleia da República de Portugal a “Miguel Neiva, mestre em Design, criador do Código ColorADD, sistema de identificação de cores para daltónicos, projeto pioneiro e inclusivo, desenvolvido para minorar o problema da total ou parcial cegueira da cor de 10% da população masculina mundial.”

ColorADD, EMISSÕES VÍDEO RELEVANTES:

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Miguel Neiva, “Fellow Asoka”

Código ColorADD – Miguel Neiva, um reconhecimento da excelência científica deste projeto, no âmbito da actividade da Universidade do Porto, realçando a sua importância na intervenção económica, social e cultural, tornando-a um dos principais promotores e ícones de desenvolvimento da Cidade Invicta" Prémio de Acessibilidade aos Transportes 2011 / 2012, promovido pelo IMTT, Instituto de Mobilidade e dos Transportes Terrestres. Prémio “Boa Prática na Promoção de Acessibilidades”, atribuído pelo ICVM, Instituto de Cidades e Vilas com Mobilidade e pelo Jornal Planeamento e Cidades, visando distinguir o sistema ColorADD, no âmbito do projeto “Acessibilidades e Mobilidade para todos – o estado da nação“, 2013. Menção Honrosa atribuída pela APMP, Associação para a Promoção do Multimédia e da Sociedade Digital, no âmbito da “8ª edição do Prémio Nacional Multimédia, à “ColorADD App”, uma aplicação com base no código ColorADD, que permite às pessoas daltónicas compreender a cor, em tempo real. Considerado pela revista Brasileira Galileu: “UMA DAS 40 IDEIAS QUE VÂO TORNAR O MUNDO MELHOR”. Distinguido pelos CTT Correios de Portugal com a emissão filatélica: “Comunicar a Cores”. “Best Poster Award” at Include 2011 – Royal College of Arts.

- Miguel Neiva, “ASHOKA” Fellow | www.youtube.com/watch?v=qbB-htBrhpI Conferencia - TEDx Oporto, Março 2011 | http://www.youtube.com/watch?v=rYBeM07kcuo Conferencia - TEDx S. Paulo - Brasil, Setembro 2011| http://www.youtube.com/watch?v=apT4qG6muEY - ColorADD Animação Universidade de Buenos Aires | http://www.youtube.com/watch?v=QA9Ce8hvKuk - Programa - 30 Minutos, RTP1 - dia 01 de maio | http://www.youtube.com/watch?v=UcYVebD76qQ


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PER CURS O S

Guilherme premeia os melhores produtos nacionais criados para o espaço casa Inovação, Tecnologia e Design são os principais objetivos a alcançar para vencer este prémio.

O Associative Design (AD) Guilherme Award surge com o propósito de incentivar os profissionais, indústrias e estudantes a desenvolverem e a dinamizarem a conceção de novos produtos destinados ao espaço casa. A criação do prémio tem como objetivo desafiar o desenvolvimento de novos projetos com um forte investimento nas 3 principais áreas determinantes na avaliação das candidaturas: Inovação, Tecnologia e Design. Este prémio é simultaneamente, uma forma de impulsionar e apoiar empresas e criativos que manifestem interesse em iniciar a promoção e comercialização dos seus produtos no mercado externo. Partindo desse contexto, a organização do AD Guilherme Award tem por objetivo a criação de uma marca distintiva que represente, promova e coloque os produtos portugueses no centro dos mais exigentes prestigiados mercados internacionais, de forma integrada, acentuando a qualidade, a inovação e o design, aspirando dessa forma integrada, acentuando a qualidade, a inovação e o design, aspirando dessa forma responder aos desejos e expectativas dinâmicas da economia global.

VENCEDORES

FINALISTAS

Nível Técnico (Categoria 1)

Nível Técnico (Categoria 1)

1º Prémio - Francisco Dias | EASR 2º Prémio - Vasco Marcolin | EASR Nível Superior (Categoria 2) 1º Prémio - Johan Vreeburg, Rita Solá, Tiago Miranda 2º Prémio - Inês Silva, Miguel Amaral 3º Prémio - Maria Nunes, Raquel Agostinho, Rita Azevedo Menção Honrosa - Diogo Castro, Gabriela Nogueira, Marco Santos, Marta Adamska Menção Honrosa - Lara Zudaire, Marina Godoy Profissionais (Categoria 3) 1º Prémio - André Gouveia Industrias (Categoria 4) 1º Prémio - Jeremy Aston, Mário Pereira, Sérgio Teles

Catarina Costa | EASR

Nível Superior (Categoria 2) Mariana Greno Rui Maia Inês Amorim Cátia Carvalho Akvilè Kontautaitè Mariana Sarabando Diogo Pimenta Ana Lopes, Anita Azevedo, Ricardo Lima Renata Laranjeira Alessia Civetta, Hélène Lambrecht Profissionais (Categoria 3) Álvaro Vila-Chã Marta Rosário Ana Lima Industrias (Categoria 4) Abel Ferreira, Ana Luísa Ferreira

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CONCURSO GUILHERME AWARD’2016

ASSOCIAÇÃO DE MADEIRAS E MOBILIÁRIO DE PORTUGAL | AIMMP

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_ INTRODUÇÃO O que é o tempo? Podemos classicá-lo? Senti-lo? Tem forma? Forma irregular ou regular? Conceito estranho este de ‘’tempo’’. Se pensarmos na vida como um exemplo do passar do tempo, chegamos à conclusão que, como nos diz o Eclesiastes (3, 1-3), ‘’Debaixo do céu há momentos para tudo, e tempo certo para cada coisa: Tempo para nascer e tempo para morrer, tempo para plantar e tempo para arrancar as plantas e tempo para destruir e tempo para construir’’. Rizoma ri·zo·ma |ô| (grego rhizóma, -atos) 1.p.metf. Base sólia que legitima ou autoriza alguma coisa; fundamento, raíz.

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Quando ‘’olhamos’’ para trás no tempo, é frequente pensar se fizemos deste percurso o que realmente queríamos, se adquirimos, de facto, a identidade que reflecte o que somos. Se não há resposta concreta para o conceito de Tempo haverá resposta para conceito de Identidade? Este projecto surge assim através de um pensamento rizomático e de uma reflexão sobre dois temas que estão ligados mas que serão explorados individualmente.

Identidade i·den·ti·da·de (latim identitas, -atis) substantivo feminino 1. Consciência da persistência da própria personalidade

Tempo tem·po (latim tempus, oris) substantivo masculino 1. Duração relativa das coisas que cria no ser humano a ideia de presente, passado e futuro; período contínuo e indenido no qual os eventos se sucedem.


CONCURSO GUILHERME AWARD’2016

ASSOCIAÇÃO DE MADEIRAS E MOBILIÁRIO DE PORTUGAL | AIMMP

1º PRÉMIO

FRANCISCO DIAS | TEMPO

_ MEMÓRIA DESCRITIVA Para além de toda a componente simbólica adjacente ao conceito da peça Tempo, a sua construção e aspecto final é bastante simples. A sua principal função é conter alimentos, não excluindo a hipótese de poder conter objetos. A sua forma orgânica e circular, tentando reproduzir os anéis de idade das árvores, tem como medidas gerais 515 x 407 x 60 mm. Cada anel tem 10 mm de altura (uma base e 5 anéis no total) e estão presos entre eles por quatro ímans sendo que a base tem apenas ímans em cima, e o anel superior tem apenas ímans em baixo. Os restantes componentes têm ímans em cima e em baixo, de forma a ficarem unidos e a manterem-se sempre na mesma posição. Por cima de cada peça é colocada uma frase de uma das definições da palavra Tempo. A sua impressão pode ser feita

manualmente por serigrafia ou outro tipo de técnica ou em CNC. Na maqueta foi utilizado contraplacado de Choupo aproveitando, assim, a variação de cor das várias camadas de madeira para valorizar a vista lateral da peça. A utilização de outros derivados de madeira como por exemplo o Valchromat, também pode contribuir para uma maior riqueza visual. O corte dos vários componentes é feito com tico tico manual, seguido de um processo de acabamento com várias ferramentas. Por fim, é feito em cada peça vários rebaixos circulares, utilizando uma fresa com o diâmetro do íman. Para uma maior produção, o que não é o principal objectivo deste projecto, poderá ser utilizada a tecnologia CNC.

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CONCURSO GUILHERME AWARD’2016

ASSOCIAÇÃO DE MADEIRAS E MOBILIÁRIO DE PORTUGAL | AIMMP

1º PRÉMIO

FRANCISCO DIAS | TEMPO

PAINÉIS PROJETO TEMPO

[

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O tempo, esse grande escultor. Marguerite Yourcenar

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A secretária “Controller” é o fruto de dois projetos, que se fundamentam a partir dos seguintes conceitos: ergonomia, conforto, espaço e durabilidade. A forma do tampo da secretária apresenta-se como uma fusão entre um retângulo e uma circunferência. A fusão entre a forma circular e retangular foi feita com o objetivo de alcançar a amplitude ergonómica da mesa redonda, tal como a simplicidade e pragmatismo do perfil retangular. Este tampo acaba por permitir uma sensação de controlo absoluto do posto de trabalho, devido à nossa amplitude de braços que, uma vez esticados, atingem qualquer ponto da mesa. Não só isso, mas a curva apresentada no local onde o utilizador se coloca, convida-o a focar-se na secretária na qual exerce uma atividade.

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CONCURSO GUILHERME AWARD’2016

ASSOCIAÇÃO DE MADEIRAS E MOBILIÁRIO DE PORTUGAL | AIMMP

2º PRÉMIO

VASCO MARCOLIN | CONTROLLER

Para realçar o aspeto anteriormente mencionado, a necessidade de armazenamento na mesa, revelase indispensável. As estações de armazenamento incluem duas gavetas escavadas no tampo inferior, acessíveis por tampas, que deslizam para o exterior através de corrediças, fazendo parte do tampo. O compartimento maior está preparado para o armazenamento de portáteis, visto que se incluiu um pequeno sistema de cabos que permite ter um portátil guardado na secretária até no tempo de carga. O porta-lápis cilindrico amovível, atravessa a espessura da mesa e assenta no tampo através de um arco, que contorna o cilindro. Este, ao ser removido, dá asas a outra funcionalidade da mesa, o sistema do lixo. Esta solução acontece através do vazio deixado pelo porta-lápis, que age como atalho para podermos empurrar qualquer excesso que se encontre na mesa, para o lixo.

No fim do tampo está presente um sistema de cabos, constiuído por três pequenos orifícios interligados. Na parte inferior do tampo encontra-se uma reentrância a fim de proporcionar um maior conforto das pernas do utilizador. As pernas estão divididas em cinco partes cada, com 4cm de diâmetro. Três destas peças são cilindros de diferentes dimensões, interligadas por duas peças intermediárias boleadas. As peças unem-se com estacas de aço em cruz no inteior da pera, de forma a que a perna seja estável. Estas serão unidas ao tampo através de parafusos na peça cilindrica que se une a ambas as peças intermediárias. Em termos de materiais, foram selecionados o carvalho para as pernas, orientando o veio na direção que segue o perfil da perna, na vertical, na horizontal e na diagonal, ao contrário do tampo, em que optei pela nogueira, como o veio orientado na horizontal, de forma a abranger toda a mesa de forma uniforme.

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CONCURSO GUILHERME AWARD’2016

ASSOCIAÇÃO DE MADEIRAS E MOBILIÁRIO DE PORTUGAL | AIMMP

2º PRÉMIO

VASCO MARCOLIN | CONTROLLER

PAINÉIS PROJETO CONTROLLER

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O objeto que apresento é uma peça de mobiliário multifuncional, constituído por balção, mesa, gavetas, bancos, garrafeira e prateleiras. Pretendo com esta peça de mobiliário criar a ideia de conformo e arrumação, uma vez que acredito que ninguém gosta de confusão e em espaços pequenos tentamos sempre arranjar uma solução, mas que nem sempre resulta. Com isto decidi escolher uma peça que refletisse o meu objetivo. Pretendo que o meu objeto seja de fácil utilização, quero que através de simples gestos se transforme de uma função para outra, balção para mesa, mesa com bancos sempre disponíveis e fáceis de arrumar, estante com garrafeira, bancos que quando não estão a ser utilizados permita a circulação das pessoas em espaços reduzidos. Para me inspirar escolhi caixas de arrumação e estantes. Sei que as caixas de arrumação são de grande ajuda para uma melhor organização, podendo em alguns casos funcionar como gavetas e as estantes são peças de mobiliário ideais para guardar de forma compartimentada objetos do dia-a-dia. Achei que seria bom relacionar estas duas peças porque ambas têm uma função muito útil e prática. O local da habitação onde o meu objeto vai ser inserido é a cozinha. Uma vez que é talvez o espaço onde mais se desarruma e talvez mais tempo se passa. Ao longo do projeto fui pesquisando objetos semelhantes dos quais pudesse

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CONCURSO GUILHERME AWARD’2016

MENÇÃO HONROSA

CATARINA COSTA | KOGE

conjugar as minhas fontes de inspiração. Por isso decidi embutir três gavetas e três bancos na parte frontal. Na parte traseira decidi por três estantes onde poderemos guardar variados objetos, como pratos, copos, taças, jarras… Ainda na parte traseira, tenho do lado esquerdo e do lado direito uma garrafeira onde podemos pôr várias garrafas. Numa das partes laterais optei por colocar uma mesa amovível para que fosse utilizada quando são servidas refeições. Decidi colocar essa mesa para termos um melhor aproveitamento do espaço. Na minha opinião esta objeto, ilha de cozinha, é um excelente investimento para cozinhas onde não existe muito espaço de arrumação. O público-alvo que pretendi atingir é um agregado familiar de três elementos no entanto a minha ilha de cozinha pode ser aplicado em casa de estudantes, lares ou aparthotéis. Considero que qualquer pessoa reúne competências para

conseguirem utilizar esta minha ilha. O material que decidi escolher para a realização da minha peça foi painéis fenólicos para o tampo devido à sua resistência e durabilidade e aglomerado de madeira revestido a folha para o resto da ilha, por uma questão de preservação do ambiente. As cores que decidi utilizar, foi o preto para o tampo, o branco para a estrutura que suporta a ilha, para os bancos, as gavetas e as prateleiras decidi utilizar o azul, o amarelo e o vermelho. Escolhi estas cores inspirando-me no famoso Mondrian devido ao jogo de cores que ele utiliza nas suas obras. Considero que criei uma peça de mobiliário inovadora e útil para espaços pequenos e de uso constante. O aspeto mais inovador é desta minha ilha de cozinha e o facto dos bancos facilmente se guardar na própria ilha dando a ideia de gavetas.

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tampo

travessa traseira da gaveta lateral da gaveta frente da gaveta lateral da gaveta

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fundo da gaveta

perna


CONCURSO GUILHERME AWARD’2016

MENÇÃO HONROSA

CATARINA COSTA | KOGE

PAINÉIS PROJETO CONTROLLER

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R EFLE X Ã O

S OA RES A PENSAR O FUTURO | DEBATE | REFLE X Ã O _ 11 . 0 1 . 2 0 1 7

soares O futuro não está aí a bater-nos à porta, eu diria que ele já está pelo menos com um pé dentro de nossa casa. Há 5 anos quem tinha uma coisa destas (smartphone)? Hoje podemos fazer com ele uma quantidade impressionante de coisas que até há bem pouco tempo eram mais “fixas”, ou mais difíceis de transportar e agora tornaram-se móveis - como ver televisão ou cinema – ou então isto ter a virtude de ser um aparelho que conseguiu apropriar-se e integrar as funções de toda uma diversidade de maquinaria - tirar fotografias, filmar, gravar áudio e ouvir música, calculadora, lanterna, permite orientação GPS e viagens virtuais, permite acesso a uma infinidade de informação em permanente actualização, basta ter a APP certa… (bom, ainda não dá para fritar ovos) / já não nos satisfaz apenas falar com o amigo ou com o familiar que está distante, queremos também vê-lo, aproximando essa interação digital com aquilo que são as nossas interações reais. E porque não uma reunião da empresa à escala mundial juntando num espaço virtual os diversos directores regionais? Enfim, isto são apenas exemplos do que apenas um pequeno aparelho da nossa época é capaz de fazer. Por isso, é preciso ser “smart”. Marshall Mcluhan, um dos pensadores mais proeminente do século XX, numa conferência contou a seguinte piada: um professor pergunta aos alunos? como é que seria isto agora se Thomas Edison não tivesse desenvolvido a lâmpada incandescente? E um aluno responde: professor, estaríamos a ver televisão à luz das velas. Embora Mcluhan fosse um crítico perspicaz dos media electrónicos evidenciando os riscos que a sua utilização comporta, ele também percebeu que o futuro é imparável. Esse é o significado da piada. Por isso, é preciso estar “on”… e fazer do futuro o nosso aliado; não o nosso inimigo. Também há 2 dias morreu outro grande pensador do século XX, Zygmunt Bauman, o pai da Modernidade líquida. No nosso

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tempo perdemos a fixidez das épocas passadas e tudo de algum modo se tornou líquido, fluído. A liquidez a que Bauman se refere é justamente essa inconstância e incerteza assente na falta de pontos de referência socialmente estabelecidos, que no passado eram sólidos mas agora já não são e que obriga a que cada um de nós os tenha que definir para si próprio. São esses padrões, códigos e regras que antes podíamos selecionar como pontos estáveis de orientação e pelos quais podíamos nos deixar depois guiar, que agora estão cada vez mais em falta, dando lugar a este labirinto de incertezas, que podíamos afirmar como marca característica da nossa época, com tudo o que isso poderá comportar de bom e de mau, simultaneamente de liberdade e de risco.


MARCO CRUZEIRO

PROFESSOR ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

Estamos de facto a viver uma época que tanto oferece grandes possibilidades, como grandes riscos. Não vale a pena estar aqui a falar de factos que são conhecidos de todos; chamo apenas a atenção para a palavra que o Oxford Dictionaries elegeu como palavra do ano 2016: Pós-verdade (post-truth). Vivemos portanto numa época em que a própria verdade se tornou irrelevante; mais uma vez a liquidez, como diria Bauman. Neste contexto, é absolutamente crucial que os educadores estejam atentos e ensinem a estar atento, a ter uma atitude, um pensamento crítico, porque “o meio é a mensagem”, diria o Marshall Mcluhan e muito facilmente nos deixamos seduzir pela manipulação, pela desinformação, pela contrainformação. São muitos os desafios destes novos tempos: São os novos media digitais, a economia do conhecimento e uma sociedade em constante mudança que não se compadece com a falta de competências dos indivíduos para as integrar. Para que servirá a escola se não for capaz de proporcionar o desenvolvimento das competências que permitam fazer face a estes novos tempos tecnológicos? Por exemplo, num relatório recente de 2015 o programa de PISA chama claramente a atenção para isto dizendo que “os estudantes incapazes de navegar através de complexas paisagens digitais não serão mais capazes de participar totalmente na vida económica, social e cultural em seu redor”. Também estou convencido que a revolução tecnológica ainda só vai no adro. Os próximos 10 a 20 anos trarão novidades no campo dos transportes, da robótica e da IA, que serão muito mais transformadoras da sociedade do século XXI do que as novidades da web 2.0 e serão responsáveis por uma vaga de desemprego em massa e de desadaptação permanente ao mundo do trabalho. Mesmo os trabalhos do chamado "colarinho branco" poderão desaparecer se as suas tarefas forem passíveis de tradução em algoritmos. A este respeito, muito recentemente Martin Ford editou um livro interessantíssimo intitulado “The Raise of The Robots”, que na edição em Português foi traduzido por “Robôs – A ameaça de um futuro sem emprego” onde alerta para uma sociedade em que o desemprego em massa e a desigualdade poderão conduzir à implosão do modelo económico da chamada economia do consumidor e, consequentemente também implosão do próprio modelo social. Ou seja, os taxistas não deviam estar preocupados com a UBER, mas sim com a tecnologia de mobilidade autónoma que está a ser desenvolvida pela Google. Portanto, neste contexto, como é que um ensino artístico poderá proporcionar aos nossos jovens as aprendizagens que lhes forneçam as ferramentas necessárias para fazer face a esta “idade tecnológica”? … (mesmo que essas aprendizagens não sejam necessariamente tecnológicas, porque as recomendações de PISA vão no sentido que não

devemos integrar meramente as novas tecnologias no ensino, mas também devemos procurar novas Pedagogias). Talvez a arte possa ser uma forma de escapar à tecnologia, não ficando prisioneira dela, mesmo quando a usa, uma vez que a originalidade e a criatividade, muito provavelmente, nunca serão passíveis de ser traduzidas em algoritmos. Ou seja, se a rotina pode ser robotizável, a imprevisibilidade do processo criativo certamente nunca o será. A escola em geral e, especificamente, o ensino artístico e a Escola Artística de Soares dos Reis tem que estar atenta e ser capaz de dar resposta a este novos tempos adequando as suas práticas e os seus processos de ensino-aprendizagem para sermos capazes de promover as competências necessárias para que os alunos possam enfrentar com sucesso um mundo exigente, competitivo e em permanente transformação. Termino dizendo que PISA sugere que em vez de uma aprendizagem direccionada para a medição de aquisições mediante currículos específicos, se pratique uma aprendizagem baseada num modelo dinâmico e no desenvolvimento de competências; competências essas que de acordo com o elenco da OCDE/CERI (que já data de 2008) determina que os alunos devem ser capazes de: a) entender conceitos complexos; b) trabalhar criativamente para gerar novas ideias, novas teorias, novos produtos e novo conhecimento; c) avaliar criticamente o que lêem; d) expressar-se claramente, tanto verbalmente como por escrito; e) entender o pensamento científico e matemático; f) aprender conhecimento integrado e utilizável; g) ser responsáveis pela sua contínua aprendizagem ao longo da vida.

Creio que o ensino artístico já está no bom caminho relativamente a estas recomendações e em larga vantagem relativamente ao ensino chamado de “regular”. Mas há sempre muito que melhorar, especialmente no quadro de mudança que se avizinha, e das exigências destes novos temos em permanente mudança.

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soares soares ALBERTO MARTINS TEIXEIRA

AGRADECIMENTOS _ Pelo convite _ Ciclos de discussão; tertúlias; think tank / ”T à quinta” do Pedro Bragança; intenções do Ângelo _ A escola deve ter uma representação do que entende ser o ensino artístico, vertida no seu Projeto Educativo e uma vontade de a levar a cabo usando o Regulamento Interno. _ Levar a tutela a discutir as ideias da escola e não esperar que a tutela nos dê propostas para discutir _ Exemplo do 10.º ano comum - Anos 90 discussão interna muito informal. - 2001 reunião em Lisboa – Alberto Gonçalves portador da ideia - 2003 – retomam-se reuniões – Fernanda Lage coordena a parte respeitante à Soares dos Reis - A reforma contempla um 10.º ano igual para todos os alunos e onde a disciplina PT não se centra em qualquer oficina em particular, apenas na noção de Projeto – papel da Conceição Magalhães

MUNDO ATUAL Revolução tecnológica – constituída por um binário de

novos materiais/novas técnicas que originam novas formas (impressão 3D), novas relações de trabalho (escritório em casa) e novos comportamentos (Facebook, pagamentos online a qualquer hora). A tecnologia 3D por adição de camadas permite construir formas que o homem não o conseguiria fazer

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doutra forma. A base duma impressora 3D é um programa e um processo de sedimentação de finas partículas. O que é o objeto artístico, o produto final ou o código que é introduzido na impressora? A escola deve incorporar rapidamente estas ideias através de laboratórios artísticos experimentais, uma espécie de oficina de artes rejuvenescida e atualizada. _ Automatização/robótica – levam ao desaparecimento de postos de trabalho (embora outros sejam criados). O diferencial aponta para o desemprego e a precaridade. Certas sociedades falam já dum rendimento base atribuído a qualquer cidadão. _ A biotecnologia pode ser uma bênção ou um pesadelo. Torna-se necessário uma postura ética e um conhecimento sustentado para poder optar. _ A questão ecológica. Comportamentos individuais e egoístas versus comportamentos coletivos e de partilha. _ Digitalização da informação, maior fluxão dessa informação. Redes. _ Sociedade líquida (Zygmunt Bauman, 1925-2017) – a nossa época caracteriza-se pela fluidez, precariedade, transitório, permeável. Nada +e definitivo, nada é para sempre.

Globalização

_ Mobilidade que nasce como uma forma de ultrapassar crises económicas; deslocação do trabalho; emigração. Nem sempre, ou quase nunca, há altruísmo na evolução/ transformação. _ Diálogo intercultural – altermodernismo. Um pé no país outro no mundo


ALBERTO TEIXEIRA

PROFESSOR ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

Sociedade da informação – poder _ Idade Média – força dos exércitos _ Modernidade – dinheiro, mercado _ Contemporaneidade – saber /know-how

REVOLUÇÃO DIGITAL _ Abolição dos empregos tradicionais – conceito de emprego. Empregos antigos podem-se revalorizar (trabalho artesanal e manual em contraponto à indústria e à serie, modistas/ estilistas, cabeleireiro de homens, cozinheiros/chefes de cozinha). _ Criação de novos empregos – uma forma diferente de emprego (local de trabalho não convencional) _ Atividades temporárias e não duradouras – o emprego não é para toda a vida nem será sempre na mesma atividade – precaridade será a regra. _ Adaptabilidade como essencial à sobrevivência. A adaptabilidade depende dos saberes e das competências, quantas mais melhor. _ Capacidade de ação: empreendedorismo, criatividade, inovação (3 vetores fundamentais)

ESCOLA _ Ensinar a aprender. Grande parte dos factos ensinados na escola ficam ultrapassados mal o aluno entra na chamada vida ativa. O exemplo da informática é paradigmático. Em vez do Word aprender o que é um processador de texto, em vez do Excel o que é uma folha de cálculo. Definir o que são os saberes essenciais que dominam outros saberes em constante mutação. _ A transdisciplinaridade que permitirá coordenar saberes de modo a que o processo artístico saia mais valorizado. Falase já em abandonar a divisão do currículo em disciplinas, fazendo-as gravitar em torno dum projeto. Uma espécie de constelação de saberes. _ Nova divisão de tarefas dentro da sala de aula. Aluno: busca, pesquisa, procura. Professor: critica, sistematiza a pesquisa. _ Alunos constrói o saber através da pesquisa orientada pelo professor (cuidados com um conceito pós-moderno de saberes como sendo uma construção social). O Projeto Educativo tem de apontar o caminho com clareza suficiente e o Regulamento Interno orientar e definir as estruturas necessárias para que isso aconteça. _ A luta contra a indisciplina ou a falta de regras ou o incumprimento de tarefas é uma luta, em certa parte, votada ao fracasso. A escola divorciou-se da realidade. Dividimonos entre “apocalíticos” (os que dizem que dantes é que era bom, que estamos perante o declínio da sociedade) e os “integrados” (que veem nas transformações tecnológicas

uma oportunidade) tal como no título do livro de Umberto Eco. _ A escola não é só a sala de aula. Cada vez menos o é. A escola como um todo é uma menagem e um meio para vincular essa mensagem. Comportamentos da comunidade, espaços, organização, tudo contribui para a formação do aluno. _ Em vez de se pensar no direito à diferença a “sociedade líquida” solicita o direito à indiferença. Em vez de uma união de conjuntos homogéneo diferentes entre si será preferível um conjunto de heterogéneos. _ Aprendizagem dinâmica/ativa versus aprendizagem estática/passiva. A aprendizagem deve mover-se em torno duma identidade própria, dum trabalho colaborativo de modo que seja o aluno a construir o seu projeto formativo. O programa não pode ser um documento prescritivo, antes uma orientação suficientemente flexível para ser adaptado às circunstâncias. A matemática ensinada nas escolas data do séc. XIX. Todas as grandes conquistas do séc. XX estão omissas. _ Cunstrucionismo em vez de instrucionismo.

AS ARTES _ Artes e ciência cada vez mais próximas. Os saberes confundem-se e interpenetram-se. Um cientista que não tenha preocupação estética na apresentação do seu trabalho não é um cientista. _ Realidade (física, psicológica, mental) transformava-se através da arte ou da ciência numa representação dessa realidade. _ Cada vez mais a “arte ou ciência” é “arte e ciência”. A exclusividade dá origem a uma inclusividade. Basta lembrar certas tendências da arte contemporânea e a título de exemplo o trabalho de Olga Noronha (as suas próteses artísticas são funcionais e certificadas, qualquer um as pode usar). _ As novas tecnologias não devem eliminar as antigas, antes colocá-las noutro patamar funcional. A tipografia como processo indústria de difusão da informação está ultrapassada. No entanto a tipografia artística, como fruição gráfica, está mais viva que nunca. O mesmo está a suceder com a fotografia analógica e, em doses homeopáticas com a litografia. Esta cultura de revalorização dos processos criativos e produtivos deverá também ser uma postura da escola. _ A escola da era industrial, da modernidade está morta (ou na melhor das hipóteses agarrada às máquinas que são os diversos normativos do ministério da educação). Falta construir a escola da pós-modernidade, regressar um pouco à antiguidade, espalhando a filo-sofia (o amor ao saber), fomentando a critica e a criatividade.

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debate | reflexão

a pensar o futuro... ARTUR GONÇALVES

ponto prévio Os assuntos que adiante vão ser tratados não

representam uma visão completa e consolidada sobre o

futuro do curso de Design de Produto, e, muito menos,

da escola, que está bem viva, nesta data em que celebra o seu 132º aniversário. Serão antes uma tentativa de

arrumar as ideias que emergem de uma experiência

concreta de trabalho em vários níveis nesta instituição. A forma encontrada para articular as ideias sobre as

quais se vai refletir, será como quem responde um

conjunto de questões de um inquérito ou, num tom mais simpático, a uma entrevista. Então vamos começar…

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ARTUR GONÇALVES

PROFESSOR ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

1. O FUTURO DO CURSO DE DESIGN DE PRODUTO No momento atual, quais são os pontos fortes do curso de Design de Produto da EASR? Considero que a diversidade geracional, de formação académica e de experiência na área dos seus professores, e o potencial de que tal diversidade resulte num enriquecimento de todos, são as forças principais do curso. A forte ligação ao meio, as especiais competências nas tecnologias tradicionais, a abertura à inovação conceptual e tecnológica, as partilhas de conhecimento entre o interior e o exterior, as parcerias com entidades e empresas afins ao curso, atestadas pelo sucesso da fórmula que funciona na FCT, também merecem menção. O reconhecimento da qualidade da formação ministrada pelas entidades afins que recebem os alunos formados, tanto no prosseguimento de estudos no ensino superior, como na vida profissional e, sobretudo, a satisfação e o apreço dos alunos que passaram pelo curso, pelos conhecimentos e competências que nele adquiriram e pelas experiências que nele viveram, confirmam a nota positiva e permitem olhar para o futuro com confiança. E quanto a problemas? As mudanças no contexto social, económico e escolar colocam ao curso o desafio constante de se reinventar. Não basta optimizar um modelo de formação alicerçado numa ideia de qualidade abstrata, quando o ritmo de transformação da realidade é avassalador, nomeadamente as mudanças nos paradigmas de carreira e de expectativas dos alunos. Mudar envolve mexer em “certezas” que parecem ser as mais legítimas, e daí convocar o medo do “abismo”… Implica sempre correr riscos, riscos esses que, com um planeamento adequado, podem ser minimizados. Envolve um espírito experimental genuíno, espírito que deveria prevalecer em todos os que trabalham no curso.

Reinventar o curso em que bases e em que sentido? Não são os programas da disciplina de PT em vigor que condicionam as bases dessa reinvenção. Se esquecermos a sugestões metodológicas que hoje nos parecem muito datadas, os grandes temas, objetivos e conteúdos continuam a ser os mais significativos no campo de Design de Produto A didática aplicada é que merece uma outra abordagem, que inclua o perfil atual dos alunos, baseada no mundo de hoje, com todas as suas qualidades e defeitos. Os alunos que existem, os que estão na escola, são os que interessam. Mudar tem que ser no sentido de se trabalharem conceitos de design experimental e livre, num contexto local, assente numa memória e identidade. Tem também que contar com o universo dos alunos, que raramente são ouvidos e envolvidos na definição do seu próprio percurso formativo. Haverá um desafio de comunicação do curso na escola e na comunidade? O que não se sabe que existe, no limite, não existe. O seu oposto, pode ser só comunicação e não ter conteúdo. A comunicação tem que ser feita na justa medida, numa linha paralela à realidade, como um instrumento de cruzamento de factos e vontades. O magazine digital “DINÂMICAS” é uma aposta muito interessante e tem um enorme potencial como plataforma de comunicação do trabalho feito no curso – é um projeto que tem que continuar com mais participação interna. A produção de conteúdos audiovisuais tem que crescer em variedade e ser disponibilizada dinamicamente nas mais diversas plataformas, nomeadamente na internet/redes sociais. Outra estratégia de comunicação é a aposta em projetos de intervenção originais à escala da escola e da comunidade, que têm um dupla virtude:

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• Mobilizam o curso numa perspetiva vertical (11º + 12º anos) em algo comum, com uma palavra especial de cada participante; • Revelam à comunidade, tanto na escola como no meio envolvente, o empenho do curso em equacionar e em gerar ideias para promover e qualificar o quotidiano. E a coordenação com outros cursos, áreas e recursos da escola? É pouco explorada, funcionando apenas em momentos pontuais. Para além da falta de projetos de impacto significativo que envolvam os cursos, o 10º ano comum e

os departamentos da formação geral, questão que será tratada mais adiante, deverá ser sublinhada a importância da coordenação horizontal, ao nível de turma, que vá para além da harmonização das datas de entrega dos trabalhos e da realização de testes. Nos cursos artísticos especializados, a disciplina de Projeto e Tecnologias poderá ser uma plataforma de gestão de um Projeto de Turma, declinação do Projeto Educativo da Escola. Um Projeto de Turma aproximará a formação académica de uma formação integral, e um currículo abstrato de uma experiência de vida real.

2. O FUTURO DA ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS No contexto atual, existe interesse e há viabilidade para a existência de uma escola artística? Mais do que nunca, as escolas especializadas têm razão de ser. Ultrapassada a fase da democratização da educação, apostando na uniformização e feita no quadro estatal, vai passar-se a uma fase de autonomização do projeto educativo de cada escola, apoiada num quadro de referência de saberes e competências geral. Neste sentido, não será a EASR que se vai dissolver no contexto das escolas do ensino secundário geral, mas mais o contrário. Nesta nova fase que se inicia, vai reforçar-se o princípio da liberdade de ensinar e aprender, o que tenderá a diversificar os modelos de ensino em função de realidades locais e de projetos pedagógicos diferentes. Do quadro atual do ensino de nível secundário, caracterizado pela predominância dos cursos gerais, coexistindo com uma pequena parcela de cursos profissionais e de um pequeno número de escolas artísticas, concentradas nas grandes áreas metropolitanas, a tendência será para a progressiva desmontagem deste modelo, que será substituído por escolas de diversas tipologias.

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Quais são os sinais que apontam no sentido de que o sistema educativo vai entrar nessa fase? O debate tem estado limitado a um grupo restrito de consultores, nomeadamente os que pertencem ao Conselho Nacional de Educação (ouvir a recente entrevista dada à rádio pelo Dr. Guilherme de Oliveira Martins). Os meios especializados têm realizado avaliações e comparações com casos de outros países, chegando todos à conclusão que o modelo atual está esgotado. Casos de outros países, quais? Um dos que mais tem despertado a atenção é o caso do Reino Unido, no qual o crescimento do número das “STUDIO SCHOOLS” atesta a vitalidade do modelo e da sua capacidade de mobilizar parceiros e de fazer a diferença na comunidade. “O movimento das “Studio Schools” arrancou em 2010 no Reino Unido, aplicando um conceito de educação, que visa preencher o vazio crescente entre as competências e conhecimentos que os jovens necessitam para serem bem sucedidos, e os que o sistema educativo convencional fornece. Trata-se de uma nova abordagem da aprendizagem


ARTUR GONÇALVES

PROFESSOR ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

através de um ensino baseado em projetos e trabalho real, aberta a alunos de todas as capacidades” “As “STUDIO SCHOOLS” são descentralizadas e têm, no máximo, 300 alunos.” Que estratégia deverá seguir a EASR neste contexto? O presente debate-reflexão na EASR é uma oportunidade para encarar este momento como um desafio, e não como uma ameaça. A grande procura que a escola tem tido, apesar da elevada carga horária dos cursos artísticos especializados, e das claras injustiças no processo de seriação dos candidatos ao ensino superior, não é estranha neste processo. É, na realidade, mais um sinal da fraqueza do sistema dos cursos gerais do secundário. A aposta deveria incidir nas áreas seguintes:

• Reforçar a sua própria identidade; • Maximizar a sua capacidade de intervenção e comunicação na comunidade, através de projetos globais com impacto significativo, aproveitando as energias internas e complementaridades; • Criar uma rede de parcerias que percebam o alcance e apoiem esses projetos globais; • Divulgar e disponibilizar a sua experiência de ensino estruturada em projetos, prosseguindo no seu próprio aperfeiçoamento; • Caso tal venha a ser necessário, espalhar o seu “ADN” pelo território que a envolve, em especial a experiência de trabalho em equipa e essa ferramenta pedagógica de excelência que é a metodologia projetual, nas suas múltiplas derivações.

3. O FUTURO DOS PROFESSORES

DA ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

O que se espera hoje dos professores da EASR? O fim da atitude passiva de funcionário. Todos os professores, não apenas um pequeno grupo de voluntários, terão que ter iniciativa para propor e dinamizar projetos, de forma a evitar o “vazio crescente entre as competências que os jovens necessitam para serem bem sucedidos” e as que a escola lhes proporciona. Para se garantir a continuidade e o desenvolvimento do projeto formativo da escola, para se merecer o ilustre legado de tantos professores que aqui deram o seu melhor, teremos que atuar com profissionalismo e paixão, investindo racionalmente as energias.

A escola só faz sentido se for mais do que uma soma de contributos. Tem que haver um elo de união no essencial, frente aos desafios que enfrenta. A diversidade e o nível de competências dos professores da escola estão claramente sub-mobilizados, como se a maioria dessas qualidades tivesse dificuldade em respirar. Ano após ano, este sentimento perdura, produzindo um lamentável desperdício de talento e tempo. Agir para mudar este estado de coisas é um imperativo de cada um e de todos. O tempo das nossas vidas é a nossa maior riqueza…

“O DESPERDÍCIO DE TEMPO É O MAIS FÁCIL DE TODOS OS DESPERDÍCIOS,

E O MAIS DIFÍCIL DE CORRIGIR PORQUE NÃO FICA ESPALHADO PELO CHÃO.” ADAM SMITH

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PEDRO COELHO DO AMARAL

a pensar o

futuro

Pensar o futuro da EASR, o futuro do ensino artístico especializado das artes visuais e audiovisuais é, obviamente, um exercício de reflexão extremamente complexo.

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Existem fatores, condicionantes ou imposições de natureza externa à Escola e, mesmo, desenvolvimentos internos que podem alterar significamente a essência e o rumo dessa reflexão. Para projetar o futuro importa refletir sobre o presente e o passado recente da Soares. Em pouco mais de uma década deu-se uma profunda transformação da nossa Escola. Em 2004 foi implementada uma reforma do ensino artístico especializado que, entre outras transformações, introduziu o 10º ano comum, alterou a oferta curricular através da reorganização e criação de novos cursos e especializações, novos programas curriculares, novas áreas transversais tais como a Formação em Contexto de Trabalho e Prova de Aptidão Artística e outras mais específicas como Imagem e Som A e MA3D, por exemplo. Entretanto, nesse período, a EASR mudouse para as novas instalações, aumentou significativamente o número de alunos que a frequentam, aumentou o número de professores e funcionários. Surgiram ainda novas realidades, tais como o ensino profissional e a assimilação de um número crescente de alunos com Necessidades Educativas Especiais e tornou-se uma escola de referência para os alunos Surdos. Entretanto também foram introduzidas profundas mudanças, essas transversais a todo o sistema de ensino público quer no processo de eleição dos Órgãos de Gestão e Cargos Intermédios quer na obrigatoriedade do ensino até ao 12º ano. Houve uma massificação no acesso ao ensino superior, o que levou a uma perda de influência do ensino secundário. Numa década, sem darmos por isso, podemos dizer que se passou uma vida inteira. Essa profunda mudança externa e interna, longe de ter sido consensual, é hoje, na minha perspetiva, uma realidade aceite por todos. Para os que habitam a atual Soares e que assistiram a essas sucessivas mudanças físicas e psicológicas, quer por aqueles que não chegaram a conhecer a antiga Soares dos Reis da Rua da Firmeza.

Sabemos que na mudança de currículo e, particularmente na mudança de instalações, existiram “realidades, vivências, proximidades, formas de ensinar, afetos” que se perderam. A Soares cresceu, tornou-se outra Soares. No entanto, agora com algum distanciamento é hoje possível afirmar, e dou como exemplo o Curso de Comunicação Audiovisual, do qual sou docente e Diretor de Curso, que a qualidade do ensino ministrado na EASR melhorou de forma extremamente significativa e que nos encontramos num momento em que a engrenagem encontra-se bem oleada. Desde que foram produzidas as mudanças acima referidas no ensino artístico especializado, todos os anos letivos os alunos do Curso produzem, apresentam e defendem entre 65 a 75 “objetos artísticos” denominados Provas de Aptidão Artística e anualmente o mesmo número de alunos desenvolvem o seu estágio profissional (FCT) fora dos muros da Escola em empresas parceiras da EASR. Todos os anos, fruto do trabalho de divulgação de professores e alunos, esses objetos artísticos são selecionados para festivais, mostras, exposições. Só este ano letivo os trabalhos desenvolvidos pelos alunos do Curso estiveram ou estarão presentes nos principais eventos audiovisuais de referência da Cidade do Porto como o Porto/Pos/Doc, o Fantasporto, o recente Indiejunior ou a Exposição de Fotografia Eyes Wide Open. Este nível de atividade e visibilidade só foi possível com a mudança de paradigma curricular, com as novas instalações e equipamentos e com um progressivo rejuvenescimento do corpo docente dentro do curso que acabou por resultar numa profunda mudança de mentalidade por parte de professores e alunos. Acredito, pelo que observo e participo, que esta nova realidade é extensível a toda a EASR, embora com diferentes níveis de profundidade. Apesar de não existir uma cultura de autoavaliação formal na EASR, e esse é para mim uma questão que impede uma avaliação mais rigorosa do nosso percurso, creio que não


existirão dúvidas que a EASR, independentemente de todos os problemas a que temos assistido neste último ano, é um caso de sucesso. Esse sucesso, e é justo referir, foi e é o fruto do trabalho desenvolvido por toda a Comunidade Escolar, no qual, temos a obrigação de incluir, aqueles que nos dirigiram no passado recente, em especial o professor Alberto Teixeira e os seus subdiretores professor José António Fundo e Lurdes Figueiral. Sem eles a Soares seria seguramente diferente e certamente não para melhor. Como é sabido, a última avaliação externa atribuiu a avaliação de “Muito Bom” à Soares dos Reis, comprovando institucionalmente o trabalho pedagógico e organizacional desenvolvido. Mais do que os rankings oficiais ou oficiosos, vamos encontrado a prova da qualidade dos nossos alunos e do nosso ensino no feedback e nas notícias que nos vão chegando, do seu percurso. A Soares e o Curso de Comunicação Audiovisual é hoje, felizmente ou infelizmente, uma exportadora de talento como se comprova pelos inúmeros casos de alunos que escolhem prosseguir o seu ensino e a sua vida profissional no estrangeiro. Hoje temos embaixadores um pouco por todo o mundo, basta acompanhar onde andam os nossos alunos e o que fazem e, saudavelmente, existem ex. alunos que se destacam em áreas tão díspares como a Arquitetura, o Design de Moda ou a Animação 2D e 3D. Ainda ontem, neste mesmo auditório, tivemos o privilégio de assistir a uma Palestra do Estúdio GrandPalab, composta exclusivamente por ex. alunos e um ex. professor do Curso e que evidenciam isso mesmo. Apesar de analisar de uma forma extremamente positiva o percurso que conheço e do qual faço parte na história da Soares, obviamente, que ao projetar a minha visão de futuro da Soares considero que existe uma enorme margem de progressão para se ir mais além. Surgem-me, naturalmente, inúmeras dúvidas, questões e sugestões que considero ser passíveis de reflexão e discussão interna, entre as quais destaco as seguintes: • A questão da viabilidade da dupla valência que nos é imposta (prosseguimento de estudos e inserção no mercado de trabalho); • Necessidade de encontrar uma plataforma de diálogo com a outra escola de ensino artístico, a António Arroio, de forma a defendermos de forma mais eficaz o nossos pontos de vista e interesses perante o Ministério; • Reflexão sobre os programas curriculares das disciplinas da componente técnico-artística, corrigindo o que há a corrigir e adaptando-os à evolução técnico-artística que decorreu nesta última década; • Questionar se ainda faz sentido a atual divisão entre Projeto e Tecnologias; • Aumentar a interdisciplinaridade, especialmente entre as disciplinas da componente geral e científica, de forma efetiva,

PEDRO COELHO DO AMARAL

PROFESSOR ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

se possível abrindo espaço nos programas para esse efeito. Projetos interdisciplinares que envolvam PT (por exemplo); • Refletir sobre os motivos porque determinadas disciplinas obtém resultados abaixo do esperado e porque determinados Cursos ou especializações tem menos procura e tentar efetivamente corrigir essas assimetrias; • Acompanhar o trajeto dos alunos após terminarem o seu ciclo de estudos na EASR, tal como é já prática corrente em inúmeras instituições de ensino superior e escolas profissionais; • Apurar se o processo de seleção dos professores da componente geral, científica e técnico-artística é o ideal e lutar pelo fim da instabilidade profissional de um, ainda enorme, número de docentes contratados de técnicas especiais; • Apostar na divulgação do trabalho artístico desenvolvido na Soares dos Reis. A Soares precisa-se de abrir ao mundo apostando na divulgação dos trabalhos realizados pelos seus alunos quer através de um website mais apelativo, uma aposta nas redes sociais, participação em Festivais, Mostras, Concursos, etc. Porque não realizar uma grande Mostra da Soares, num espaço cultural de referência na Cidade do Porto?; • Saber até que ponto o grau de exigência e de entrega de um aluno do ensino artístico especializado de artes visuais e audiovisuais é comparável com o grau de exigência e de entrega de um aluno que frequente outros tipos de ensino artístico (música, dança, teatro, etc).

conclusão

Pensar o Futuro da Soares dos Reis é, como referi no início, um exercício complexo. Existem inúmeras sensibilidades e mesmo perspectivas antagônicas dentro do corpo docente da Escola. Diferentes formas de pensar Soares. Apesar de tudo, temos conseguido construir um projeto educativo de sucesso, contribuindo todos para escrever mais um capítulo na história dos 132 anos da Soares dos Reis. 53


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soares a pensar o

TERESA SILVA

Antes de mais gostaria de salutar esta iniciativa de debate acerca da escola, no pensar a sua essência, “o que é a Soares” e o ensino artístico especializado, o que nos diferencia, o que queremos propor? Em reflexões acerca do ensino artístico e perspectivas futuras, balanços, considerações, problematizações, perspectivas e trilhos a traçar dentro dos tempos presentes e dos desafios que se adivinham em breve com reformas anunciadas para muito breve, mas ainda bastante nebulosas… mas disso falaremos a seguir ( no debate de ideias)…. Considero fundamental este debate numa perspectiva aberta de pensar a escola e o seu ensino, abarcando uma pluralidade de conceitos no pensamento do que fomos, quem somos e o que queremos ser, na identidade do “ espírito Soares”, escola especializada em ensino artístico de Artes Visuais, e AudioVisuais e denominada como “escola de afetos”, (não obstante estes últimos tempos conturbados, mas que poderão e deverão ser ultrapassados). Mas também acho que este debate, é apenas um pequeno aperitivo de menu para outros pratos principais, que serão muito importantes e estruturantes ao nível curricular, e que a escola terá que rapidamente apresentar propostas, ou podemos correr o risco de ficar “à espera do comboio na paragem do autocarro”… (como diz a canção de Sérgio Godinho) e só com o questionar é que se podem introduzir mudanças, e a meu ver tudo o que fica parado torna-se bafiento. Sou professora da Soares e sempre a vivi intensamente com fortes afetos, desde uma pré-história de ser a minha escola enquanto aluna (em meados dos anos 80), de uma história muito enriquecedora enquanto professora destacada de

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Desenho e Oficina de Artes no antigo edifício ao longo de 7 anos (finais de 90 e até 2003) e sempre desejei ser do quadro desta que considero a minha escola, o que consegui em 2009, sendo a partir daí professora de Desenho e desde á três anos exerço o cargo de Representante da disciplina. Após este preambulo e como representante de Desenho, começo por fazer uma breve reflexão acerca do que é o Desenho e qual a sua importância no ensino artístico, e mais ainda num ensino especializado em Artes Visuais. O que é o Desenho? Qual o seu lugar, o seu corpo ou o seu campo de acção nas escolas, no ensino? Conta-nos a História que o desenho é tão antigo como o homem, anterior à escrita, foi sempre um meio de expressão dos homens de todos os tempos, de todos os espaços e culturas. No renascimento, assume-se a representação do visível, como enganada e enganadora, tal como na vida real (as mentiras da perspectiva com as ilusões da tridimensionalidade) o desenho (com a perspetiva)


TERESA SILVA

PROFESSORA ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

autonomiza-se e ganha um estatuto artístico de excelência, visto a partir daqui como base fundamental e determinante para a aprendizagem de todas as outras artes. Acredita-se que “quem sabe desenhar sabe segredos. Sabe o truque do espelho mágico que confunde a realidade com a sua imagem”, na mente renascentista, o desenho instaurase como paradigma do conhecimento, sendo este um dom divino, dado que este é o próprio poder”. Desenhar é um verbo que deriva do latim Designare, ou seja designar, no sentido de indicar, ordenar, compor e dispor. A origem de termo Designare aparece pela primeira vez no vocabulário vasariano com conceito de desígnio de uma pretensão intelectual do artista, ou seja como alguma coisa que existe antes de ser executada, sendo a intenção de um desejo do seu criador que o pensa e o cria na sua imaginação. Do desenho como uma janela entre o indivíduo e a realidade (referida por Alberti), ao desenho como um espelho que se atravessa e transpõe e cujos reflexos se confundem com a realidade, até à criação de imagens irreais, fantásticas na invenção de mundos paralelos povoados por seres transhumanos (anjos, monstros, figuras míticas…) que nunca se conheceram mas que através do desenho ganharam uma forma reconhecível no nosso imaginário colectivo. O desenho é uma forma mental, formulador da ideia, a partir da qual se projecta, se imagina e realiza o que se deseja. O desenho permite a invenção tal como a obra divina, de inventar realidades ou (ir) realidades de tornar visível o invisível, de criar seres “incriados” tal como os anjos que se não fossem desenhados nunca os teríamos visto. Mas se um anjo é um ser que tem asas, Magritte desenha formalmente um cachimbo e afirma que este não é um cachimbo, eis o que é o desenho, um infinito reportório de imagens recriadas e traduzidas no papel, do imaginário e imagéticas do(s) universo(s) do seu criador. Se o pensamento gera um desenho, muitas vezes é o

próprio desenho que gera pensamentos. Com a modernidade, as vanguardas surgem como impulsos renovadores pelo seu “modo de fazer”, abrindo novas perspectivas para a criação e “lufadas de ar fresco” no campo do desenho. Este auto-reflecte-se e mostra os seus próprios meios e instrumentos, na plasticidade da linguagem artística. Na modernidade, o desenho e a escrita aproximaram-se, assumindo uma função “autográfica”, mostrando os seus processos e linguagem (a mancha, o traço, o claro-escuro, a volumetria, a textura…) associadas ao gesto proveniente da acção directa, corpórea e sensitiva do seu criador . O Desenho é projeto para Rui Sanches, na relação entre espaço/ tempo., e para Alberto Carneiro, “vemos e pensamos pelo desenho”. Louise Bourgeois afirma que os seus desenhos são “pensamentos-plumas”, no sentido de serem ideias que saiem velozmente do pensamento e as quais regista graficamente fixando-as no papel “como borboletas”. É talvez o único meio que permite mais do que a escrita uma transcrição imediata do pensamento, transpondo para imagens visíveis o que é invisível... A imagem desenhada é a mediação do indivíduo face à realidade que o envolve, sendo este sempre uma interpretação, dado que é filtrada pelo olhar de quem a vê. Neste sentido, existem várias realidades ou (ir)realidades, dado que o que é visível nem sempre é o que é real, nem tão pouco o que é credível é o que se vê. A contemporaneidade afirma-se pelo fim das definições universais do que é ou não arte, o que é ou não desenho, revertendo-se a questão para quando é arte e quando é desenho… Mas se os tratados tiveram um papel inequívoco na síntese e difusão dos saberes, hoje é pertinente a frase de Joseph Beuys que diz “a tudo chamo desenho” onde transpõe as noções do corpo instituído do desenho que subordinava a

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R EFLE X Ã O

S OA RES A PENSAR O FUTURO | DEBATE | REFLE X Ã O _ 11 . 0 1 . 2 0 1 7

criação artística, para o desenho actual cujo limite será a mente dos seus criadores. Face a esta resenha histórica, a minha reflexão incide no protagonismo do Desenho como disciplina estruturante do ensino artístico e mais do ensino especializado em artes visuais… O ensino artístico do Desenho Conforme vem no programa de Desenho, “O desenho não é apenas aptidão de expressão ou área de investigação nos mecanismos de percepção, de figuração, ou de interpretação, também é uma forma de reagir, é atitude perante o mundo que se pretende atenta, exigente, construtiva e liderante. ….. Numa época de mutações abundantes em desafios e incertezas complexas, o desenho assume-se, hoje, como piloto na área emergente da “Educação para a Cidadania”… Então há que pensar o desenho na escola face às novas reformas…Vamos apresentar propostas para a tutela antes desta nos tutelar a nós. Alguns indicadores para se pensar perspetivas futuras: Considero fundamental a reposição da carga horária no desenho (4 blocos para o 10º e o 11º, e 3 para o 12º), dada a importância do Desenho no ensino artístico, e mais sendo uma escola especializada em Artes Visuais. Esta carga horária no Desenho, reflectiu-se nos bons resultados que tivemos nos exames Nacionais ( nos últimos anos um valor acima das médias), não obstante os nossos alunos, muitas vezes irem a exame de forma displicente, dado que não precisam da nota de exame para terminar a disciplina e nem intervém nas suas médias no CIF. O que como sabemos tem sido um fator no baixar das médias do Desenho na escola, mas esse é um direito que lhes assiste. - O desenho como disciplina estruturante no ensino artístico, pode estabelecer redes e rizomas com variadas disciplinas e áreas de conhecimento( o que poderá ser mais reforçado).

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– Pensar a abertura de um curso/ disciplina de Oficina de Artes ou Laboratório das Artes em parceria com o Desenho, apostando nas Artes Plásticas, pintura, escultura, instalação, performance, happening, com o apoio de tecnologias..

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E penso o antes, o agora e o depois, e sinto no agora a falta de Artes Plásticas (área histórica da escola) numa escola especializada em ensino artístico, e de uma disciplina de Oficina de Artes integrada no curso Cientifico Humanístico de Artes Visuais, que permite várias pontes interdisciplinares, numa intertextualidade de conhecimentos. Esta disciplina permitiria a abertura de um espaço oficinal (como laboratório experimentação plástica, pressupondo como atelier o sujar e trabalhar) e interrelaciona -se diretamente com o Desenho, dado que o seu programa assenta no desenvolvimento conceptual de projetos artísticos, como um “laboratório de experimentação plástica”, pintura, escultura, instalação, performance, aliando as novas tecnologias com os meios tradicionais. Considero que Oficina de Artes é uma disciplina que permite uma transversalidade de conhecimentos quer na abordagem teórica (na ligação com a História da Cultura e das Artes) quer na aquisição de práticas artísticas (que se querem transversais, podendo/ devendo, utilizar os vários recursos e tecnologias que a escola tem), permitindo inclusive o desenvolvimento de projetos de escola ( aliando todos os cursos) abertos ao exterior( em parcerias com outras instituições, que muitas vezes solicitam), como se verificou em outros tempos dentro desta mesma disciplina, e nos quais participei ,nomeadamente, com a Luísa Gonçalves, Orlando Falcão e Emília Alírio, em” Aulas na Serra”, “Sete Sangrias”,(que percorreu várias cidades, Coimbra, Leiria, etc) “ Cidades Invisíveis (galeria Alvarez) “ Oskar Schlemmer”( teatro do


TERESA SILVA

PROFESSORA ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

Campo Alegre), Festival Festivídeo ( no Palácio de Cristal), Projeto “ Festival Performance BRR”( teatro Nacional S. João), entre muitos outros. Defendo que a Soares dos Reis deve ser uma escola artística que deve viver a “festa das artes” de forma “viva e numa pluralidade de pensamentos”, de acordo com os novos tempos contemporâneos, em que não se trata de nada excluir mas de incluir, O consenso não é o mais importante, o importante penso eu é o levantar questões, para possíveis resoluções. Em que ninguém tem a verdade, e eu muito menos nem a quero ter, apenas sou um ser pensante e professora desta escola, que se envolve nela, citando Ernesto de Sousa na sua “Alternativa Zero “( em que a Alternativa Zero, não faz tabularasa do passado nem do presente, prospectiva-o e propõe transformar-se em Alternativa Um, Dois,…),

“Muitos caminhos conduzem esta Roma de um mundo sem centro... e sem Roma.” (Ernesto de Sousa, 1977).

Ontem , pensei que não deveria dizer nada, manter-me calada, quando se abriu o debate……..mas depois não resisti, (até porque se tinham apresentado diferentes visões na mesa de convidados do que se entende por ensino artístico) e pensei que se estava ali e se tinha sido convidada, mais valia intervir, e dar as minhas opiniões……. Sabia que não seriam bem entendidas, que seriam confundidas com a “Velha do Restelo”, que lá vem ela e é mais do mesmo….. Enfim, para mim não é de nada disso que se trata nem nada disso que aponto como falhas nesta nova Soares, o que acho é que

faltam as artes plásticas, projetos numa interdisciplinaridade vivida em paixão pelas artes, numa escola que sempre as teve ( um espaço de oficina das artes) e que para mim faz sentido , e mais, verifico essa necessidade nos alunos e até surpreendentemente foi reiterada por Miguel Leal, ao dizer que os alunos que chegavam a Belas Artes o diziam….. Hoje cheguei à escola, e tive pessoas a interpelar-me furiosamente dizendo que deveria ter estado calada, mas tb tive outras que me disseram que ficaram a pensar no que disse e que concordavam….. O consenso não é o mais importante ..o importante penso eu , é o levantar questões, para possíveis resoluções……. Em que ninguém tem a verdade, e eu muito menos nem a quero ter, apenas sou um ser pensante e professora desta escola, que se envolve nela. No dia em que isto deixar de acontecer, passo a ser um professor robótico , coisa que não quero ser. E penso o antes, o agora e o depois, e sinto no agora falta de paixão artística na escola, no antes os alunos pediam licença para irem trabalhar ao fim de semana na escola ( nomeadamente no projeto que fiz nos sótãos da antiga escola, e que me obrigou a ir trabalhar aos sábados) e no agora um simples concurso de desenho promovido pela Associação de Estudantes que não aconteceu por falta de participantes….Desculpa o extenso desabafo que me apeteceu partilhar contigo, como diretor e homem democrático desta escola…Como parêntesis, refiro, que existiu uma pessoa tbmuito importante no passado desta escola, a Emília Alírio, que é sempre esquecida em homenagens e etc….. desenvolvi com ela vários projetos de grande protagonismo inclusive Oskar Schlemmer , no teatro do Campo Alegre…. Cujas esculturas ainda lá permanecem como espólio.

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R EFLE X Ã O

a opinião

ouvida

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JOÃO CEREJO

VICE PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTES DA ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

O papel do aluno? Será que existe realmente algum? Será que tem sido permitido ao aluno expor o seu papel? Acredito que o papel do aluno é criar e fazer evoluir o Mundo a cada

da realidade.

dia. Cada ser como aluno deve ter a responsabilidade de retribuir em

Uma outra grande razão de crítica por parte dos alunos é o facto da

tudo aquilo que o rodeia, pelo direito à Educação. Sem a educação

educação se socorrer de metodologias tradicionais de ensino, pondo

de que falo não haveria civismo, nem valores morais, nem ética, nem

de parte por completo processos recreativos, fazendo com que haja

conhecimento, nem novidade…

uma sistematização, atrevo-me a dizer alienação, da aprendizagem e da vivência do ser humano como aluno. Estes procedimentos

A Educação é algo difícil de relativizar, porque se no passado existia

enfraquecem a criatividade e a motivação do aluno para executar o

uma educação de maneiras incutida em casa, e, uma educação

seu papel.

científica, humanística e tecnológica obtida na escola, hoje e cada vez mais, estas duas vertentes do ensino realizam-se em uníssono.

Hoje, um outro grande problema, e que, para mim é o cerne da

A educação é aquilo que nos deve permitir conhecer, experienciar,

questão, é a omissão da opinião do aluno, o calar propositado da voz

errar, aprender, corrigir, crescer, executar sobre tudo aquilo

do aluno, o cercear da liberdade do aluno. No dia-a-dia, medidas vão

que coexiste connosco. Por isso mesmo o aluno tem um papel a

sendo tomadas, e leis vão sendo criadas no ensino em Portugal sem

desempenhar, o de concretizar, o de pensar e “opinar”, o de imaginar

nunca terem em conta o dizer do aluno. A verdade do aluno não é

e criar, o de ver e viver cada coisa.

ouvida, sendo absurdamente desvalorizada, levando a mau ambiente pedagógico.

A partir do momento em que esta educação é concedida ao aluno, ele deve disfrutar dela ao máximo possível, podendo retirar lições extremamente valiosas, para que possa executar e fazer respeitar o seu papel no mundo. Mas, se a educação enquanto condicionante do papel do aluno tem revelado virtudes, esta também tem defeitos, porque nada é perfeito, e então quais defeitos poderão ser esses de que falo? Nos nossos dias, uma crítica frequente por parte dos alunos é a falta de tempo livre. Sim, tempo livre! Falta de tempo para autoconhecimento, proporcionando muitas das vezes más escolhas na decisão de preferências de cursos. Falta de tempo para conhecer aqueles com quem habita no mundo, fomentando más estruturas sociais. Falta de tempo para práticas saudáveis a níveis psíquicos

Lembrando por fim que o aluno é avó do conhecimento, pai do concebimento e filho do futuro, peço que nenhum de nós se deixe remediado, e que cada aluno realize o seu papel, fazendo da sua liberdade uma realidade efetiva, exaltando a sua opinião fazendo-a ser ouvida, permitindo recordar o Mundo de ontem, criar o Mundo de hoje, e imaginar o Mundo de amanhã.

e físicos, levando a más estruturas cognitivas e corporais. Falta de tempo para experienciar o mundo, levando a uma abstracção surreal

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R EFLE X Ã O

“EXPOSIÇÃO OURIVESARIA NA EASR UM POUCO DE HISTÓRIA…”

[ EXPOSIÇÃO REALIZADA NO ÂMBITO DA CNL DESIGN DE OURIVESARIA ]

Integrei e participei entusiasmada no projeto CNL- design de ourivesaria, conjuntamente com os professores Luís Zoio (Coordenador), Rui Américo, José Amorim, Rui Correia, Susana Afonso, Dídimo Vieira e Artur Gonçalves. Desde logo, ofereci-me para trabalhar neste projeto cuja iniciativa partiu do departamento de design de produto, em resultado dos debates realizados em reuniões de preparação do ano letivo de 2015/2016, com o intuito de aprofundar/divulgar o conhecimento da relação entre o design contemporâneo e a área da Ourivesaria. Área esta com tradição secular na escola, e que concomitantemente está bem representada no tecido empresarial português, em especial na região metropolitana

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do Porto. A finalidade deste projeto visava a recolha, tratamento e a divulgação do design na área da ourivesaria da Escola Artística Soares dos Reis. Foi intenção do grupo de trabalho diversificar as actividades e estratégias do ensino/aprendizagem através da realização de uma exposição, meticulosamente organizada de forma cronológica, e para a qual foi possível mobilizar parte do acervo artístico, tecnológico e documental existente na Escola. A Escola Artística Soares dos Reis reúne nas suas coleções um número notável de objetos de ourivesaria e joalharia realizadas por inúmeros alunos ao longo de décadas e à luz de diferentes planos curriculares e de cursos distintos,


MADALENA MENESES

PROFESSORA DE PROJETO E TECNOLOGIAS ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS

que pela sua representatividade, permitem uma visão de conjunto sobre a evolução do ensino desta arte na Escola. Esses objetos, reunidos ao longo de várias décadas e as circunstâncias particulares da saua aquisição explicam a frequente ausência de informação sobre as condições de achado e seus contextos históricos que permitam, quer determinar a posição cronológica ou a datação exata dos achados, quer extrair conclusões que vão para além da simples análise material dos objetos, limitada a aspetos formais, estilísticos ou técnicos. De facto, as obras apresentadas não são em si mesmos documentos acabados e para que possam ser historicamente valorizadas foi necessária a realização cumulativa de uma investigação documental sobre a origem distinta que permitiu moldar o carácter da produção artística ao longo dos tempos, em particular das obras de ourivesaria e de joalharia que foram realizadas nesta Escola. A exposição segue uma ordem cronológica e agrupa os mais significativos momentos artísticos do ensino da arte da ourivesaria e da joalharia na EASR. No curso destes momentos

os objetos artísticos sofrem profundas reconfigurações das suas categorias tradicionais, pelo que a sua manifestação implicou a realização de pressupostos apenas vislumbrados pelas vanguardas históricas, e um refazer, no depois desse tempo. A contemporaneidade de alguns objetos de ourivesaria e joalharia propostos também aqui nesta exposição, dá lugar a uma proliferação de discursividades artísticas suscetíveis de diversos entendimentos. Esta exposição é, portanto, sobre o fluxo do tempo, os seus “passados” e os seus “presentes” da arte da Ourivesaria/ joalharia da EASR. A relevância deste testemunho leva-nos a equacionar a viabilidade de itinerância desta exposição, no sentido de esta extravasar o espaço físico da escola, dirigida a diferentes públicos escolares e/ou grupos da população que não têm possibilidade de aceder de outro modo a este tipo de manifestações culturais e assim divulgar a escola e o seu ensino na área do design de ourivesaria, potenciando o seu prestígio no universo nacional e internacional.

Breves fragmentos que nos “enchem” de vida.

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OURIVESARIA NA EASR

H I STÓ RI A D O D E S I G N

exposição ourivesaria na easr 121,0 cm

um pouco de história…

[ EXPOSIÇÃO REALIZADA NO ÂMBITO DA CNL DESIGN DE OURIVESARIA ] A exposição esteve patene de 25 de maio a 30 de setembro de 2016, no âtrio principal da EASR, realizada pelos professores do curso de Design de Produto que integram o grupo da CNL de Design de Ourivesaria.

1900 2016

[ MAQUETA DIGITAL DO PAINEL ] FRAGMENTO A

FRAGMENTO B

FRAGMENTO C

FRAGMENTO D

8880,0 cm 8,90 cm 257,0 cm

158,0 cm

55,7 cm

135,0 cm

1572,0 cm

81,7 cm

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UM POUCO DE HISTÓRIA

OURIVESARIA NA EASR

(EXPOSIÇÃO REALIZADA NO ÂMBITO DA CNL DESIGN DE OURIVESARIA)

121,0 cm

1,7 cm

Décadas de 1940 a 1970 DISCIPLINA DE desenho analítico e de composição : aplicação ao projeto

Décadas de 1900 A 1930 DISCIPLINA DE desenho ornamental

1884 escola DESENHO

1

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3

Trabalhos realizados por antigos alunos do cursos de:

Décadas de 1980 A 2010 prémios internacionais 1. Objeto: «Uma peça de mão».

1

2

design DE produto 3

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Autoria: Teresa Dantas Materiais: latão com banho de ouro e zircões. 1º Prémio - 11º Encontro 2003, Bélgica, Antuérpia.

GRAVADOR EM AÇO

faria guimarães

COMPLEMENTAR DE CINZELAGEM (Até

1948 - ESCOLA DE ARTE APLICADA SOARES DOS REIS)

1884escola DESENHO

Autoria: Ana Margarida Materiais: prata e acrílico 1º Prémio Especial - 7º Encontro, 1999, Alemanha.

industrial

Professor Joaquim de Vasconcelos

Industria de Ourivesaria, S.A. Gondomar.

Autoria: Teresa Dantas Materiais: prata e osso 1º Prémio - 8º Encontro, 2000, Málaga.

OURIVES

A Flamingo é uma empresa de dimensão média. Trabalha essencialmente a industria da prata, na vertente ourivesaria, mas também em ouro e latão, em joalharia, adorno pessoal e artigos decorativos. Atualmente produz peças de ourivesaria para a população Judaica dos EUA, fazendo evoluir a industria da prata. A sua produção é considerada de «tradição renovada», isto é, os seus produtos juntam o gosto requintado à tradição da industria portuguesa de ourivesaria.

curso COMPLEMENTAR de cinzelaGEM - anos 30 escola da rua da firmeza, nº49

(De

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1948 a 1973 – ESCOLA DE ARTES DECORATIVAS SOARES DOS REIS)

4 . Objeto: brincos

Autoria: Joana Ribeiro Materiais: ? 1ª Prémio - 20º Encontro,

CINZELADOR

1. Objeto: estudo para bandeja.

1. Estudo para punhais.

5 . Objeto: «Peineta».

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel. Data: década de 1940

Autoria: António Manuel Pinto Lacerda, nº174 Técnica: tinta da china sobre papel realçado a branco. Data: 20 de abril de 1944 Autoria: Armando de Sousa Ribeiro. Técnicas: tinta da china sobre papel

Autoria: Amélia Correia, 12ºano - Ourivesaria. Materiais: prata e titanio. Trabalho para concurso do PLE, Málaga, 1999.

2 . Estudo para salva.

Autoria: Daniel Pinto da Cruz, nº547, 4ºano. Técnicas: grafite e aguada sobre papel Data: década de 1940

Autoria: Carlos Marques O. Guimarães Técnicas: tinta da china sobre papel Data: 11 de dezembro de 1906

curso de gravura em cobre bronze e aço. ANOS

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8 HOSPITAL DE S. JOÃO, Ala de Pedriatria Projeto: «Um lugar para o Joãozinho»

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4 . Estudo para objeto ornamental com motivos

animais e vegetais. Autoria: David Rodrigues da Costa, nº200 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 7 de janeiro de 1913

3 . Estudo para cunho em aço.

Autoria: ? Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: ?

6 . Estudo de ornamentos para relógio de parede Autoria: Miguel Simões dos Prazeres Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 12 de fevereiro 1909

7 . Trabalhos ornamentais em cinzelagem

Autoria: Francisco Ferreira dos Santos, nº5 António Caetano O. Júnior, nº3. Técnicas: cinzelagem Data: 1919/1920

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24,8x35,0

escola da rua da firmeza, nº49

10 . Objeto: pulseira

Autoria: Catarina Barreto Materiais: latão prateado Ano de execução: 2013/14

11. Objeto: botões de punho

Autoria: Brilhantino Técnicas: Grafite sobre papel Data: década de 1950

Autoria: André Martinez Materiais: latão e pau santo Ano de execução: 2011/12

. Batente de porta - representação técnica.

Autoria: José Patrício Alves, nº211 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 6 de dezembro de 1910

12 . Objeto: Pendente

11. Estudo para jarrão.

Autoria: Nuno Recarei Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 19 de janeiro de 1912

9 . Objeto: colar, brincos e anel

Autoria: Daniela Nunes Materiais: latão oxidado a negro e esmalte vermelho Ano de execução: 2012/13

6 . Estudo para cunho em aço.

Autoria: António Vieira da Silva, nº197 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 23 de dezembro de 1913

Autoria: Sara Gonçalves Materiais: latão e acrílico Ano de execução: 2012/13

CINZELAGEM - década de 1950.

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escola da rua da firmeza, nº49

Autoria: Cláudia Baltarejo Materiais: latão e osso Ano de execução: 2011/12

EXPERIÊNCIAS TÉCNICAS E didáticas

1. Repuxagem:

técnica que consiste na aplicação de elementos químicos na superfícies dos metais de forma a provocar, por reação química, alterações da cor e textura originais. (Patina).

O Design e o Homem: Equipamento para o Habitar

3 . Texturas:

alteração da superfície dos metais por meio de diversos métodos; manual (percussão), ou por meios mecânicos utilizando o laminador, introduzindo o metal juntamente com outros materiais (por ex.: tecidos, arames, ou outros de maior resistência de modo a ficarem gravados na superfície do metal.

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2.

4 . Cravação: t é c n i c a

que permite a inserção de pedras preciosas em peças de joalharia/ ourivesaria. As diferentes tipologias de cravação podem ter configurações distintas dependendo das lapidações e formatos das pedras a cravar.

MANUEL ALCINO & FILHOS, Lda.

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«Não há aqui nenhum segredo» - Manuel Alcino. Manuel Alcino é uma marca fundada em 1902, por Manuel Alcino Sousa e Silva, a qual, atualmente, já atravessou seis gerações. Trabalha a prata à 114 anos com arte, tradição e qualidade. Uma tradição nascida no Porto e continuada através de uma empresa familiar que hoje se projeta com talento e design. Apesar de ser uma oficina tradicional, faz questão de aplicar inovações como a soldadura ou o corte de prata a lazer, Manuel Alcino garante ainda que a modernização não coloca em causa a pureza do trabalho artesanal da oficina, na medida em que «é só mais uma ferramenta, como desenho por computador». Alcino explica que o que justifica a maioria dos seus clientes não é a marca propriamente dita, mas sim as peças de caráter pessoal e que sempre são diferentes, não existindo uma outra igual pelo mundo fora. A particularidade da fábrica prende-se com o trabalho totalmente artesanal. O objetivo é fazer peças «manualmente com qualidade», uma vez que, desta forma, a peça não tem só o valor «no metal precioso mas também no trabalho aplicado e no design». A Manuel Alcino & Filhos, Lda., faz revenda para todo o mercado nacional, mas tem igualmente algum reconhecimento internacional, nomeadamente, a nível europeu.

2015 2016

12ºC3

«... Após a pesquisa, iniciei a criação do meu objeto de Ourivesaria, que, posteriormente, vai ser inserido na minha sala de jantar. Trata-se de um castiçal que apelidei de ´Douro`, em homenagem à região onde nasci e cresci.»

técnica com recurso a ferros embutidores que dão volume a uma determinada chapa de metal para que esta adquira uma determinada forma.

6 . Soldadura:

técnica de união de metais através do calor recorrendo a maçaricos.

Objeto: Suporte para vela. Autoria: Mariana Rufino Materiais: prata (protótipo: latão) Técnica: serrar, quinar, soldar, limar e beirar. Acabamento: lixar, polir e lustrar.

Objeto: açucareiro. Autoria: Leonor Pedrosa Materiais: prata (protótipo: latão e cobre) Técnicas: serrar, quinar, soldar, beirar, repuchar e fio torcido. Acabamento: lixar, polir e lustrar.

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1

2

FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - FCT

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA: O NÚMERO 4 DIAGRAMA CONCETUAL 4

Empresa proponente do projeto: EASR Empresa editora: Manuel Alcino, Lda.Ourivesaria

5 .Cinzelagem:

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CURSOS DE OFERTA

• Produção Artístic a • Design Comunicação • Design Produto •Comunicação Audio visual

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5

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técnica que consiste em desbastar a superfície do metal podendo assim disfarçar imperfeições ou fazer pequenos acertos.

Anel 2 SEXOS

2²=4

Autoria: Leonor Pedrosa Materiais: prata (protótipo: latão e cobre) Técnicas: serrar, beirar, soldar e fecho. Acabamentos: lixar, polir e lustrar.

9 . Serrar:

técnica em que se utiliza uma serra de joalheiro que permite recortar a superfície da chapa de metal que se quer trabalhar e produzir vazados na superfície (recortes interiores).

técnica manual que consiste na obtenção de incisões na superfície de um metal macio, com recurso a uma goiva ou buril.

PEÇAS CONCLUÍDAS COMPOSTAS POR 4 QUADRADOS

ALFINETE ANEL BOTÕES DE PUNHO PENDENTE

CURSOS DE OFERTA RECURSOS HUMANOS TRADIÇÕES CONCEITOS

4 EDIFÍCIOS COM 4 DISTRIBUIÇÕES

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5. Objeto: marcadores de livros.

Autoria: Joana Silva Materiais: prata (protótipo: latão) Técnicas: serrar, limar Acabamentos: lixar, polir e lustrar. TUDO O QUE FAZEMOS COMUNICA

Autoria: Gonçalo Camboa Materiais: cobre, prata/onix, imanes e chumbo Técnicas: trefilagem, canovão, soldar e quinar Acabamentos: lixar, polir, lustrar. Oxidação.

DIREÇÃO, PROFESSORES, FUNCIONÁRIOS, ALUNOS;

QUADRADOS PERFEITOS

-

Número que em matemática, é inteiro e não negativo que pode ser expresso como o quadrado de um outro número inteiro.

VIVA SOARES, CÍRCULO DE FOGO, MOSTRA SOARES, INTERCÂMBIOS;

-

DIFERENÇA, UNIÃO, SONHO, PARTILHA;

Alfinete

Autoria: Cláudia Sousa Materiais: prata, acrílico e fio de couro Técnicas: serrar (metal e acrílico), soldar, limar e rebitar. Acabamentos: lixar, polir e lustrar.

6. Objeto: para secretária .

SIGNIFICADOS

- PRODUÇÃO ARTÍSTICA, - DESIGN COMUNICAÇÃO, - DESIGN PRODUTO, - COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL -

3. Objeto: pendente/alfinete.

Botões de punho

4 -

-

2 MATERIAIS

4. Objeto: pendente/anel/botões de punho.

técnica de fazer passar uma barra de metal por uma fieira. Nesta pode definir-se o tio de secção pretendida, passando a barra a fio de diversas espessuras e secções.

NOME DAS PEÇAS E EXPLICAÇÃO

- FEMININO - MASCULINO

- PRATA - ACRÍLICO

técnica inventada no séc. XVII, e consiste na união de diversas lâminas de metal entre si, em forma de bloco laminado que podem ser unidas com soldadura ou por difusão.

11. Talhe doce:

4 CONC EITOS • Diferença • União • Sonho • Partilha

4 TRADIÇ ÕES • Viva So ares • Círculo de Fo go • M ostra So ares • Intercâmbio s

4 PÚBLIC OS • Entidades Relevantes • Antigos Reformados • Antigos Alunos • Convidados

«... Propõe-se a criação de um artefacto de design de ourivesaria para oferta/lembrança a personalidades convidadas de reconhecido mérito, que pela colaboração em projetos da escola e/ou propostas de atividades a desenvolver, honrem e prestigiem a instituição centenária EASR ... desenvolvendo um artefacto que deverá integrar referências à história, valores culturais e simbólicos da EASR, no âmbito da comemoração dos seus 131 anos...» in, FCT, Plano individual de trabalho do aluno/formando

8 . Casamento de metais/mokume-gane:

10 . Trefilagem de fio:

ESTRUTURAS

• Esco la de Desenho Indutrial de Faria Guimarães do Bo nfim - 1884 • Esco la Industrial de Faria Guimarães - 1888 • Escola de Artes De corativas de Soares dos Reis – 1928 • Esco la Artística de Soare s dos Re is - 2008

4 RECURSOS HUMANOS • Direção • Profe ssores • Func io nários • Aluno s

Ourivesaria: da tradição à contemporaneidade: Formas e Metáforas

Industria de Ourivesaria. Porto.

9

DESIGN de PRODUTO MÓDULO 1

técnica mecânica do processo da cinzelagem e consiste em dar a forma pretendida ao metal com o auxílio de um torno e moldes.

2 . Oxidação:

7 . Limar:

Autoria: Débora Silva Materiais: latão e quartzo fumado (cabochon) Ano de execução: 2014/15

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel Data: 1944

gravura em aço - década de 1950/60.

Autoria: J.J. Monteiro Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: ????

6. Objeto: pendente

8 . Objeto: anel

4 . Estudo de desenho ornamental para jarrão.

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel Data: décadas de 1930/40

8. Estudo para castiçal.

6

Autoria: Inês Carneiro Materiais: prata e titânio Ano de execução: 2012/13

5. Objeto: estudo para pá e escova de mesa.

9 . Estudo para castiçais.

10

5

7 . Objeto: brincos

Autoria: Eduardo Almeida J. Martins de Lucena, nº 28, TªC, 3º ano. Técnicas: grafite sobre papel Data: década de 1950

5 . Estudo para taças.

Esta iniciativa teve início em 2006 com o objetivo de reorganizar as instalações desta instituição. « Um lugar para o Joãozinho» assume-se como sendo um projeto de elevada responsabilidade e solidariedade social. A parceria com a EASR, em 2011, teve como finalidade a criação de artefactos para venda de produtos de merchadising para angariar fundos que contribuam para a construção sustentável do novo Hospital Pediátrico de São João e, consequentemente, para a melhoria das condições de vida das crianças.

Design de Produto

50/60.

escola da rua da firmeza, nº49

TECNOLOGIA

FLAMINGO,

3 . Objeto: «peineta».

2 . Estudo para alfinetes

3 . Estudos para brincos.

EXPERIÊNCIAS D E PA RC E R I A S

«... a ourivesaria era na época (1904) a única industria artística que possuíamos» Carlos Malheiro Dias

2 . Objeto: «Um objeto de mão».

de

1884

GRAVADOR DE COBRE BRONZE E AÇO

f.c.t.

«Entre as industrias tradicionais do país a ourivesaria ocupa decerto um dos primeiros lugares. Já nos ´costumes e foros´de Castelo Bom (1188) se encontra um título, que se refere ao exercício e profissão de ourives»

de

industrial

- PETE EPISCOPO

Pendente


(EXPOSIÇÃO REALIZADA NO ÂMBITO DA CNL DESIGN DE OURIVESARIA)

UM POUCO DE HISTÓRIA

OURIVESARIA NA EASR

(EXPOSIÇÃO REALIZADA NO ÂMBITO DA CNL DESIGN DE OURIVESARIA)

UM POUCO DE HISTÓRIA

GRUPO DESIGN DE OURIVESARIA Décadas de 1900 A 1930 PROFESSORES DE PROJETO E TECNOLOGIAS EASR Déca DISCIPLINA DE desenho ornamental DISCIP

1884 escola DESENHO

Trabalhos realizados por antigos alunos do cursos de:

faria guimarães

COMPLEMENTAR DE CINZELAGEM

de

industrial

GRAVADOR EM AÇO (Até

Décadas de 1900 A 1930 DISCIPLINA DE desenho ornamental

1884escola DESENHO de

1884

industrial

GRAVADOR DE COBRE BRONZE E AÇO OURIVES (De

curso COMPLEMENTAR de cinzelaG escola da rua da firmeza, nº49

1948 a 1973 – ESCOLA DE ARTES DECORATIVAS SOARES DOS REIS)

CINZELADOR

3

2

1

1. Objeto: estudo para bandeja.

1. Estudo para punhais.

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel. Data: década de 1940

Autoria: António Manuel Pinto Lacerda, nº174 Técnica: tinta da china sobre papel realçado a branco. Data: 20 de abril de 1944

1884 escola DESENHO de

1948 - ESCOLA DE ARTE APLICADA SOARES DOS REIS)

2 . Estudo para alfinetes

Autoria: Armando de Sousa Ribeiro. Técnicas: tinta da china sobre papel

2 . Estudo para salva.

Autoria: Daniel Pinto da Cruz, nº547, 4ºano. Técnicas: grafite e aguada sobre papel Data: década de 1940

3 . Estudos para brincos.

Autoria: Carlos Marques O. Guimarães Técnicas: tinta da china sobre papel Data: 11 de dezembro de 1906

industrial

curso de gravura em cobre bron escola da rua da firmeza, nº49

4 . Estudo para objeto ornamental com motivos

faria guimarães

animais e vegetais. Autoria: David Rodrigues da Costa, nº200 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 7 de janeiro de 1913

3 . Estudo para cunho em aço.

Autoria: Eduardo Almeida J. Martins de Lucena, nº 28, TªC, 3º ano. Técnicas: grafite sobre papel Data: década de 1950

5 . Estudo para taças.

Autoria: ? Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: ?

6 . Estudo de ornamentos para relógio de parede Autoria: Miguel Simões dos Prazeres Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 12 de fevereiro 1909

7 . Trabalhos ornamentais em cinzelagem

Autoria: Francisco Ferreira dos Santos, nº5 António Caetano O. Júnior, nº3. Técnicas: cinzelagem Data: 1919/1920

4

gravura em aço - década de 1950/6

5. Objeto: estudo para pá e escova de mesa.

2 . Estudo para alfinetes

11. Estudo para jarrão.

3

2

1

Autoria: J.J. Monteiro Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: ????

9 . Estudo para castiçais.

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel Data: 1944

24,8x35,0

8. Estudo para castiçal.

1. Estudo para punhais.

4 . Estudo de desenho ornamental para jarrão.

7

6

5

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel Data: décadas de 1930/40

6 . Estudo para cunho em aço.

Autoria: António Vieira da Silva, nº197

Autoria: Brilhantino Técnicas: Grafite sobre papel Data: década de 1950

Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Autoria: António Manuel Pinto Lacerda, nº174 Data: 23 de dezembro de 1913 Técnica: tinta da china sobre papel realçado . Batente de porta - representação técnica. a branco. 10 Autoria: José Patrício Alves, nº211 Data: 20 de abril de 1944 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 6 de dezembro de 1910

Nuno Recarei Autoria: Armando de SousaAutoria: Ribeiro. Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Técnicas: tinta da china sobre papel Data: 19 de janeiro de 1912

3 . Estudos para brincos.

CINZELAGEM - década de 1950.

8

10

9

11

Autoria: Carlos Marques O. Guimarães Técnicas: tinta da china sobre papel Data: 11 de dezembro de 1906

4 . Estudo para objeto ornamental com motivos

animais e vegetais. Autoria: David Rodrigues da Costa, nº200 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 7 de janeiro de 1913

5 . Estudo para taças.

Autoria: ? Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: ?

6 . Estudo de ornamentos para relógio de parede Autoria: Miguel Simões dos Prazeres Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 12 de fevereiro 1909

7 . Trabalhos ornamentais em cinzelagem

Autoria: Francisco Ferreira dos Santos, nº5 António Caetano O. Júnior, nº3. Técnicas: cinzelagem Data: 1919/1920

4

5

6

7

9

10

11

24,8x35,0

8. Estudo para castiçal.

Autoria: J.J. Monteiro Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: ????

9 . Estudo para castiçais.

Autoria: António Vieira da Silva, nº197 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 23 de dezembro de 1913

. Batente de porta - representação técnica.

10

Autoria: José Patrício Alves, nº211 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 6 de dezembro de 1910

11. Estudo para jarrão.

Autoria: Nuno Recarei Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 19 de janeiro de 1912

8

VITRINA VERTICAL _ Décadas de 1900 a 1930 Disciplina de Desenho Ornamental

VITRINA HORIZONTAL _ Dois albuns de desenhos originais, elaborados segundo o programa do Curso de Desenho Ornamental, para a Exposição Internacional de 1908 no Rio de Janeiro.

[ FRAGMENTO A ]

63

escola d


H I STÓ RI A D O D E S I G N

Décadas de 1940 a 1970 DISCIPLINA DE desenho analítico

amental

1

Trabalhos realizados por antigos alunos do cursos de:

GRAVADOR EM AÇO

de

COMPLEMENTAR DE CINZELAGEM 1948 - ESCOLA DE ARTE APLICADA SOARES DOS REIS)

(Até

1884escola DESENHO

1884

industrial

GRAVADOR DE COBRE BRONZE E AÇO OURIVES curso COMPLEMENTAR de cinzelaGEM - anos 30 escola da rua da firmeza, nº49

(De

1948 a 1973 – ESCOLA DE ARTES DECORATIVAS SOARES DOS REIS)

CINZELADOR

3

1. Objeto: estudo para bandeja.

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel. Data: década de 1940

2 . Estudo para salva.

Autoria: Daniel Pinto da Cruz, nº547, 4ºano. Técnicas: grafite e aguada sobre papel Data: década de 1940

curso de gravura em cobre bronze e aço. ANOS

50/60.

escola da rua da firmeza, nº49

4

3 . Estudo para cunho em aço.

Autoria: Eduardo Almeida J. Martins de Lucena, nº 28, TªC, 3º ano. Técnicas: grafite sobre papel Data: década de 1950

4 . Estudo de desenho ornamental para jarrão.

7

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel Data: 1944

gravura em aço - década de 1950/60.

escola da rua da firmeza, nº49

5. Objeto: estudo para pá e escova de mesa. Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel Data: décadas de 1930/40

6 . Estudo para cunho em aço.

Autoria: Brilhantino Técnicas: Grafite sobre papel Data: década de 1950

CINZELAGEM - década de 1950.

escola da rua da firmeza, nº49

11

[ MAQUETA DIGITAL DO PAINEL ] FRAGMENTO A

FRAGMENTO B

FRAGMENTO C

FRAGMENTO D

8880,0 cm 8,90 cm 257,0 cm

158,0 cm

55,7 cm

135,0 cm

1572,0 cm

81,7 cm

64

UM POUCO DE HISTÓRIA

OURIVESARIA NA EASR

(EXPOSIÇÃO REALIZADA NO ÂMBITO DA CNL DESIGN DE OURIVESARIA)

121,0 cm

1,7 cm

Décadas de 1940 a 1970 DISCIPLINA DE desenho analítico e de composição : aplicação ao projeto

Décadas de 1900 A 1930 DISCIPLINA DE desenho ornamental

1

1884 escola DESENHO

Trabalhos realizados por antigos alunos do cursos de:

faria guimarães

COMPLEMENTAR DE CINZELAGEM

2

3

Décadas de 1980 A 2010 prémios internacionais 1. Objeto: «Uma peça de mão».

1

2

design DE produto 3

4

Autoria: Teresa Dantas Materiais: latão com banho de ouro e zircões. 1º Prémio - 11º Encontro 2003, Bélgica, Antuérpia.

GRAVADOR EM AÇO (Até

1948 - ESCOLA DE ARTE APLICADA SOARES DOS REIS)

1884escola DESENHO

Autoria: Ana Margarida Materiais: prata e acrílico 1º Prémio Especial - 7º Encontro, 1999, Alemanha.

1884

industrial

Professor Joaquim de Vasconcelos

Industria de Ourivesaria, S.A. Gondomar.

Autoria: Teresa Dantas Materiais: prata e osso 1º Prémio - 8º Encontro, 2000, Málaga.

OURIVES

A Flamingo é uma empresa de dimensão média. Trabalha essencialmente a industria da prata, na vertente ourivesaria, mas também em ouro e latão, em joalharia, adorno pessoal e artigos decorativos. Atualmente produz peças de ourivesaria para a população Judaica dos EUA, fazendo evoluir a industria da prata. A sua produção é considerada de «tradição renovada», isto é, os seus produtos juntam o gosto requintado à tradição da industria portuguesa de ourivesaria.

curso COMPLEMENTAR de cinzelaGEM - anos 30 escola da rua da firmeza, nº49

(De

1

2

3

1948 a 1973 – ESCOLA DE ARTES DECORATIVAS SOARES DOS REIS)

4 . Objeto: brincos

Autoria: Joana Ribeiro Materiais: ? 1ª Prémio - 20º Encontro,

CINZELADOR

1. Objeto: estudo para bandeja.

1. Estudo para punhais.

5 . Objeto: «Peineta».

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel. Data: década de 1940

Autoria: António Manuel Pinto Lacerda, nº174 Técnica: tinta da china sobre papel realçado a branco. Data: 20 de abril de 1944

Autoria: Amélia Correia, 12ºano - Ourivesaria. Materiais: prata e titanio. Trabalho para concurso do PLE, Málaga, 1999.

5

6

7

8 HOSPITAL DE S. JOÃO, Ala de Pedriatria Projeto: «Um lugar para o Joãozinho»

2 . Estudo para alfinetes

Autoria: Armando de Sousa Ribeiro. Técnicas: tinta da china sobre papel

2 . Estudo para salva.

Autoria: Daniel Pinto da Cruz, nº547, 4ºano. Técnicas: grafite e aguada sobre papel Data: década de 1940

3 . Estudos para brincos.

Autoria: Carlos Marques O. Guimarães Técnicas: tinta da china sobre papel Data: 11 de dezembro de 1906

curso de gravura em cobre bronze e aço. ANOS

4

4 . Estudo para objeto ornamental com motivos

animais e vegetais. Autoria: David Rodrigues da Costa, nº200 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 7 de janeiro de 1913

3 . Estudo para cunho em aço.

Autoria: ? Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: ?

6 . Estudo de ornamentos para relógio de parede Autoria: Miguel Simões dos Prazeres Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 12 de fevereiro 1909

7 . Trabalhos ornamentais em cinzelagem

Autoria: Francisco Ferreira dos Santos, nº5 António Caetano O. Júnior, nº3. Técnicas: cinzelagem Data: 1919/1920

4

5

6

7

24,8x35,0

4 . Estudo de desenho ornamental para jarrão.

Autoria: J.J. Monteiro Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: ????

escola da rua da firmeza, nº49

9 . Objeto: colar, brincos e anel

Autoria: Daniela Nunes Materiais: latão oxidado a negro e esmalte vermelho Ano de execução: 2012/13

10 . Objeto: pulseira

Autoria: Catarina Barreto Materiais: latão prateado Ano de execução: 2013/14

6 . Estudo para cunho em aço.

11. Objeto: botões de punho

Autoria: Brilhantino Técnicas: Grafite sobre papel Data: década de 1950

Autoria: André Martinez Materiais: latão e pau santo Ano de execução: 2011/12

. Batente de porta - representação técnica.

Autoria: José Patrício Alves, nº211 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 6 de dezembro de 1910

12 . Objeto: Pendente

11. Estudo para jarrão.

Autoria: Nuno Recarei Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 19 de janeiro de 1912

Autoria: Sara Gonçalves Materiais: latão e acrílico Ano de execução: 2012/13

CINZELAGEM - década de 1950.

8

9

10

11

escola da rua da firmeza, nº49

Autoria: Cláudia Baltarejo Materiais: latão e osso Ano de execução: 2011/12

EXPERIÊNCIAS TÉCNICAS E didáticas

1. Repuxagem:

técnica que consiste na aplicação de elementos químicos na superfícies dos metais de forma a provocar, por reação química, alterações da cor e textura originais. (Patina).

3 . Texturas:

alteração da superfície dos metais por meio de diversos métodos; manual (percussão), ou por meios mecânicos utilizando o laminador, introduzindo o metal juntamente com outros materiais (por ex.: tecidos, arames, ou outros de maior resistência de modo a ficarem gravados na superfície do metal.

O Design e o Homem: Equipamento para o Habitar

1.

1

2

2.

4 . Cravação: t é c n i c a

que permite a inserção de pedras preciosas em peças de joalharia/ ourivesaria. As diferentes tipologias de cravação podem ter configurações distintas dependendo das lapidações e formatos das pedras a cravar.

101

11

12

«Não há aqui nenhum segredo» - Manuel Alcino. Manuel Alcino é uma marca fundada em 1902, por Manuel Alcino Sousa e Silva, a qual, atualmente, já atravessou seis gerações. Trabalha a prata à 114 anos com arte, tradição e qualidade. Uma tradição nascida no Porto e continuada através de uma empresa familiar que hoje se projeta com talento e design. Apesar de ser uma oficina tradicional, faz questão de aplicar inovações como a soldadura ou o corte de prata a lazer, Manuel Alcino garante ainda que a modernização não coloca em causa a pureza do trabalho artesanal da oficina, na medida em que «é só mais uma ferramenta, como desenho por computador». Alcino explica que o que justifica a maioria dos seus clientes não é a marca propriamente dita, mas sim as peças de caráter pessoal e que sempre são diferentes, não existindo uma outra igual pelo mundo fora. A particularidade da fábrica prende-se com o trabalho totalmente artesanal. O objetivo é fazer peças «manualmente com qualidade», uma vez que, desta forma, a peça não tem só o valor «no metal precioso mas também no trabalho aplicado e no design». A Manuel Alcino & Filhos, Lda., faz revenda para todo o mercado nacional, mas tem igualmente algum reconhecimento internacional, nomeadamente, a nível europeu.

2015 2016

12ºC3

«... Após a pesquisa, iniciei a criação do meu objeto de Ourivesaria, que, posteriormente, vai ser inserido na minha sala de jantar. Trata-se de um castiçal que apelidei de ´Douro`, em homenagem à região onde nasci e cresci.»

técnica com recurso a ferros embutidores que dão volume a uma determinada chapa de metal para que esta adquira uma determinada forma.

6 . Soldadura:

técnica de união de metais através do calor recorrendo a maçaricos.

Objeto: Suporte para vela. Autoria: Mariana Rufino Materiais: prata (protótipo: latão) Técnica: serrar, quinar, soldar, limar e beirar. Acabamento: lixar, polir e lustrar.

Objeto: açucareiro. Autoria: Leonor Pedrosa Materiais: prata (protótipo: latão e cobre) Técnicas: serrar, quinar, soldar, beirar, repuchar e fio torcido. Acabamento: lixar, polir e lustrar.

3

1

2

FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - FCT

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA: O NÚMERO 4 DIAGRAMA CONCETUAL 4

Empresa proponente do projeto: EASR Empresa editora: Manuel Alcino, Lda.Ourivesaria

5 .Cinzelagem:

4

CURSOS DE OFERTA

• Produção Artístic a • Design Comunicação • Design Produto •Comunicação Audio visual

6

5

7

técnica que consiste em desbastar a superfície do metal podendo assim disfarçar imperfeições ou fazer pequenos acertos.

Anel 2 SEXOS

3. Objeto: pendente/alfinete.

Autoria: Leonor Pedrosa Materiais: prata (protótipo: latão e cobre) Técnicas: serrar, beirar, soldar e fecho. Acabamentos: lixar, polir e lustrar.

3

4

técnica manual que consiste na obtenção de incisões na superfície de um metal macio, com recurso a uma goiva ou buril.

PEÇAS CONCLUÍDAS COMPOSTAS POR 4 QUADRADOS

8 8

10

9

11

5

6

Autoria: Cláudia Sousa Materiais: prata, acrílico e fio de couro Técnicas: serrar (metal e acrílico), soldar, limar e rebitar. Acabamentos: lixar, polir e lustrar.

5. Objeto: marcadores de livros.

Autoria: Joana Silva Materiais: prata (protótipo: latão) Técnicas: serrar, limar Acabamentos: lixar, polir e lustrar.

6. Objeto: para secretária .

TUDO O QUE FAZEMOS COMUNICA

Autoria: Gonçalo Camboa Materiais: cobre, prata/onix, imanes e chumbo Técnicas: trefilagem, canovão, soldar e quinar Acabamentos: lixar, polir, lustrar. Oxidação.

ALFINETE ANEL BOTÕES DE PUNHO PENDENTE

4 EDIFÍCIOS COM 4 DISTRIBUIÇÕES -

CURSOS DE OFERTA RECURSOS HUMANOS TRADIÇÕES CONCEITOS

4

SIGNIFICADOS

- PRODUÇÃO ARTÍSTICA, - DESIGN COMUNICAÇÃO, - DESIGN PRODUTO, - COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL DIREÇÃO, PROFESSORES, FUNCIONÁRIOS, ALUNOS;

QUADRADOS PERFEITOS

-

Número que em matemática, é inteiro e não negativo que pode ser expresso como o quadrado de um outro número inteiro.

VIVA SOARES, CÍRCULO DE FOGO, MOSTRA SOARES, INTERCÂMBIOS;

-

DIFERENÇA, UNIÃO, SONHO, PARTILHA;

Alfinete

4. Objeto: pendente/anel/botões de punho.

técnica de fazer passar uma barra de metal por uma fieira. Nesta pode definir-se o tio de secção pretendida, passando a barra a fio de diversas espessuras e secções.

Botões de punho

4 -

2²=4 2 MATERIAIS

-

técnica inventada no séc. XVII, e consiste na união de diversas lâminas de metal entre si, em forma de bloco laminado que podem ser unidas com soldadura ou por difusão.

11. Talhe doce:

NOME DAS PEÇAS E EXPLICAÇÃO

- FEMININO - MASCULINO

- PRATA - ACRÍLICO

9 . Serrar:

10 . Trefilagem de fio:

4 CONC EITOS • Diferença • União • Sonho • Partilha

4 TRADIÇ ÕES • Viva So ares • Círculo de Fo go • M ostra So ares • Intercâmbio s

4 PÚBLIC OS • Entidades Relevantes • Antigos Reformados • Antigos Alunos • Convidados

«... Propõe-se a criação de um artefacto de design de ourivesaria para oferta/lembrança a personalidades convidadas de reconhecido mérito, que pela colaboração em projetos da escola e/ou propostas de atividades a desenvolver, honrem e prestigiem a instituição centenária EASR ... desenvolvendo um artefacto que deverá integrar referências à história, valores culturais e simbólicos da EASR, no âmbito da comemoração dos seus 131 anos...» in, FCT, Plano individual de trabalho do aluno/formando

8 . Casamento de metais/mokume-gane:

técnica em que se utiliza uma serra de joalheiro que permite recortar a superfície da chapa de metal que se quer trabalhar e produzir vazados na superfície (recortes interiores).

ESTRUTURAS

• Esco la de Desenho Indutrial de Faria Guimarães do Bo nfim - 1884 • Esco la Industrial de Faria Guimarães - 1888 • Escola de Artes De corativas de Soares dos Reis – 1928 • Esco la Artística de Soare s dos Re is - 2008

4 RECURSOS HUMANOS • Direção • Profe ssores • Func io nários • Aluno s

Ourivesaria: da tradição à contemporaneidade: Formas e Metáforas

4 4

Industria de Ourivesaria. Porto.

9

DESIGN de PRODUTO MÓDULO 1

técnica mecânica do processo da cinzelagem e consiste em dar a forma pretendida ao metal com o auxílio de um torno e moldes.

2 . Oxidação:

7 . Limar: MANUEL ALCINO & FILHOS, Lda.

Autoria: Débora Silva Materiais: latão e quartzo fumado (cabochon) Ano de execução: 2014/15

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel Data: 1944

gravura em aço - década de 1950/60.

Autoria: António Vieira da Silva, nº197 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 23 de dezembro de 1913

6. Objeto: pendente

Autoria: Inês Carneiro Materiais: prata e titânio Ano de execução: 2012/13

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel Data: décadas de 1930/40

9 . Estudo para castiçais.

10

6

8 . Objeto: anel

5. Objeto: estudo para pá e escova de mesa.

8. Estudo para castiçal.

5

7 . Objeto: brincos

Autoria: Eduardo Almeida J. Martins de Lucena, nº 28, TªC, 3º ano. Técnicas: grafite sobre papel Data: década de 1950

5 . Estudo para taças.

Esta iniciativa teve início em 2006 com o objetivo de reorganizar as instalações desta instituição. « Um lugar para o Joãozinho» assume-se como sendo um projeto de elevada responsabilidade e solidariedade social. A parceria com a EASR, em 2011, teve como finalidade a criação de artefactos para venda de produtos de merchadising para angariar fundos que contribuam para a construção sustentável do novo Hospital Pediátrico de São João e, consequentemente, para a melhoria das condições de vida das crianças.

Design de Produto

50/60.

escola da rua da firmeza, nº49

TECNOLOGIA

FLAMINGO,

3 . Objeto: «peineta».

GRAVADOR DE COBRE BRONZE E AÇO

EXPERIÊNCIAS D E PA RC E R I A S

«... a ourivesaria era na época (1904) a única industria artística que possuíamos» Carlos Malheiro Dias

2 . Objeto: «Um objeto de mão».

de

f.c.t.

«Entre as industrias tradicionais do país a ourivesaria ocupa decerto um dos primeiros lugares. Já nos ´costumes e foros´de Castelo Bom (1188) se encontra um título, que se refere ao exercício e profissão de ourives»

de

industrial

- PETE EPISCOPO

Pendente


GRUPO DESIGN DE OURIVESARIA

940 a 1970 PROFESSORES DE PROJETO E TECNOLOGIAS EASR Décadas prémios i desenho analítico e de composição : aplicação ao projeto 3

2

1. Objeto: «Uma peça de mão».

Autoria: Teresa Dantas Materiais: latão com banho de ouro 1º Prémio - 11º Encontro 2003, Bélgi

2 . Objeto: «Um objeto de mão».

Autoria: Ana Margarida Materiais: prata e acrílico 1º Prémio Especial - 7º Encontro, 19

3 . Objeto: «peineta».

o e de composição : aplicação ao projeto 3

2

D p

Autoria: Teresa Dantas Materiais: prata e osso 1º Prémio - 8º Encontro, 2000, Mála

4 . Objeto: brincos

Autoria: Joana Ribeiro Materiais: ? 1ª Prémio - 20º Encontro,

5 . Objeto: «Peineta».

Autoria: Amélia Correia, 12ºano - O Materiais: prata e titanio. Trabalho para concurso do PLE, Má

Design de Produto

6

5

6. Objeto: pendente

Autoria: Sara Gonçalves Materiais: latão e acrílico Ano de execução: 2012/13

7 . Objeto: brincos

Autoria: Inês Carneiro Materiais: prata e titânio Ano de execução: 2012/13

8 . Objeto: anel

Autoria: Débora Silva Materiais: latão e quartzo fumado (c Ano de execução: 2014/15

9 . Objeto: colar, brincos e anel

Autoria: Daniela Nunes Materiais: latão oxidado a negro e e vermelho Ano de execução: 2012/13

10 . Objeto: pulseira

Autoria: Catarina Barreto Materiais: latão prateado Ano de execução: 2013/14

11. Objeto: botões de punho

Autoria: André Martinez Materiais: latão e pau santo Ano de execução: 2011/12

12 . Objeto: Pendente

Autoria: Cláudia Baltarejo Materiais: latão e osso Ano de execução: 2011/12

6

5

VITRINA VERTICAL _ Décadas de 1940 a 1970 Disciplina de Desenho Analítico e de Composição: Aplicação ao Projeto.

VITRINA HORIZONTAL _ Protótipos realizados na antiga Escola Industrial Faria Guimarães, nas décadas de 1940/ 50.

[ FRAGMENTO B ]

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ojeto

H I STÓ RI A D O D E S I G N de 1980 A 2010 Décadas prémios internacionais 1. Objeto: «Uma peça de mão».

1

f.c.t.

design DE produto 3

2

4

«... a ourivesaria era na época (1904) a única ind que possuíamos»

Autoria: Teresa Dantas Materiais: latão com banho de ouro e zircões. 1º Prémio - 11º Encontro 2003, Bélgica, Antuérpia.

Car

«Entre as industrias tradicionais do país a our decerto um dos primeiros lugares. Já nos ´costu Castelo Bom (1188) se encontra um título, q exercício e profissão de ourives»

2 . Objeto: «Um objeto de mão».

Autoria: Ana Margarida Materiais: prata e acrílico 1º Prémio Especial - 7º Encontro, 1999, Alemanha.

Professor Joaquim

FLAMINGO,

3 . Objeto: «peineta».

Décadas de 1980 A 2010 prémios internacionais

Industria de Ourivesaria, S.A. Gondo

Autoria: Teresa Dantas Materiais: prata e osso 1º Prémio - 8º Encontro, 2000, Málaga.

4 . Objeto: brincos

Autoria: Joana Ribeiro Materiais: ? 1ª Prémio - 20º Encontro,

1. Objeto: «Uma peça de mão».

Autoria: Teresa Dantas Materiais: latão com banho de ouro e zircões. 1º Prémio - 11º Encontro 2003, Bélgica, Antuérpia.

2 . Objeto: «Um objeto de mão».

Autoria: Ana Margarida Materiais: prata e acrílico 1º Prémio Especial - 7º Encontro, 1999, Alemanha.

5 . Objeto: 1 «Peineta».

Autoria: Amélia Correia, 12ºano - Ourivesaria. Materiais: prata e titanio. Trabalho para concurso do PLE, Málaga, 1999.

2

5

design DE produto 6

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4

HOSPITAL DE S. JOÃO, Ala d

Projeto: «Um lugar para o Joãozinho»

Esta iniciativa teve início em 2006 com o obje nizar as instalações desta instituição. « Um lugar para o Joãozinho» assume-se co projeto de elevada responsabilidade e solidari A parceria com a EASR, em 2011, teve como fi ação de artefactos para venda de produtos de para angariar fundos que contribuam para a c tentável do novo Hospital Pediátrico de São Jo entemente, para a melhoria das condições de v ças.

Design de Produto

6. Objeto: pendente

Autoria: Sara Gonçalves Materiais: latão e acrílico Ano de execução: 2012/13

7 . Objeto: brincos

Autoria: Inês Carneiro Materiais: prata e titânio Ano de execução: 2012/13

3 . Objeto: «peineta».

Autoria: Teresa Dantas Materiais: prata e osso 1º Prémio - 8º Encontro, 2000, Málaga.

8 . Objeto: anel

Autoria: Joana Ribeiro Materiais: ? 1ª Prémio - 20º Encontro,

MANUEL ALCINO & FILHO

Autoria: Débora Silva Materiais: latão e quartzo fumado (cabochon) Ano de execução: 2014/15

9 . Objeto: colar, brincos e anel

4 . Objeto: brincos

Industria de Ourivesaria. Porto.

9

11

101

«Não há aqui nenhum segredo» - Manuel Alc

12

Autoria: Daniela Nunes Materiais: latão oxidado a negro e esmalte vermelho Ano de execução: 2012/13

10 . Objeto: pulseira

Autoria: Catarina Barreto Materiais: latão prateado Ano de execução: 2013/14

5 . Objeto: «Peineta».

Autoria: Amélia Correia, 12ºano - Ourivesaria. Materiais: prata e titanio. Trabalho para concurso do PLE, Málaga, 1999.

5 botões de punho 11. Objeto:

Autoria: André Martinez Materiais: latão e pau santo Ano de execução: 2011/12

6

7

8

101

11

12

12 . Objeto: Pendente

Autoria: Cláudia Baltarejo Materiais: latão e osso Ano de execução: 2011/12

Design de Produto

6. Objeto: pendente

Autoria: Sara Gonçalves Materiais: latão e acrílico Ano de execução: 2012/13

7 . Objeto: brincos

Autoria: Inês Carneiro Materiais: prata e titânio Ano de execução: 2012/13

8 . Objeto: anel

Autoria: Débora Silva Materiais: latão e quartzo fumado (cabochon) Ano de execução: 2014/15

9 . Objeto: colar, brincos e anel

9

Autoria: Daniela Nunes Materiais: latão oxidado a negro e esmalte vermelho Ano de execução: 2012/13

10 . Objeto: pulseira

Autoria: Catarina Barreto Materiais: latão prateado Ano de execução: 2013/14

11. Objeto: botões de punho

Autoria: André Martinez Materiais: latão e pau santo Ano de execução: 2011/12

12 . Objeto: Pendente

Autoria: Cláudia Baltarejo Materiais: latão e osso Ano de execução: 2011/12

VITRINA VERTICAL _ Décadas de 1980 a 2010. Prémios Internacionais Design de Produto

_ FCT | Experiências de Parcerias _ Tecnologia | Experiências Técnicas e Didáticas.

VITRINA HORIZONTAL _ Protótipos realizados nas décadas de 1990 a 2010, no antigo curso de Ourivesaria e atual curso de Design de Produto.

66

A Flamingo é uma empresa de dimensão m essencialmente a industria da prata, na verten mas também em ouro e latão, em joalharia, ad artigos decorativos. Atualmente produz peças de ourivesaria pa Judaica dos EUA, fazendo evoluir a industria A sua produção é considerada de «tradição re é, os seus produtos juntam o gosto requintad industria portuguesa de ourivesaria.

[ FRAGMENTO C ]

Manuel Alcino é uma marca fundada em 19 Alcino Sousa e Silva, a qual, atualmente, já gerações. Trabalha a prata à 114 anos com arte alidade. Uma tradição nascida no Porto e cont de uma empresa familiar que hoje se projet design. Apesar de ser uma oficina tradicional, aplicar inovações como a soldadura ou o cort zer, Manuel Alcino garante ainda que a mod coloca em causa a pureza do trabalho artesana medida em que «é só mais uma ferramenta, co por computador». Alcino explica que o que justifica a maioria do não é a marca propriamente dita, mas sim as p pessoal e que sempre são diferentes, não existi igual pelo mundo fora. A particularidade da fábrica prende-se com o mente artesanal. O objetivo é fazer peças «man qualidade», uma vez que, desta forma, a peç valor «no metal precioso mas também no tra e no design». A Manuel Alcino & Filhos, Ld para todo o mercado nacional, mas tem igu reconhecimento internacional, nomeadament peu.


GRUPO DESIGN DE OURIVESARIA

PROFESSORES DE PROJETO E TECNOLOGIAS EASR

f.c.t.

TECNOLOGIA

EXPERIÊNCIAS D E PA RC E R I A S

EXPERIÊNCIAS TÉCNICAS E didáticas

1. Repuxagem:

«... a ourivesaria era na época (1904) a única industria artística que possuíamos»

técnica mecânica do processo da cinzelagem e consiste em dar a forma pretendida ao metal com o auxílio de um torno e moldes.

Carlos Malheiro Dias

«Entre as industrias tradicionais do país a ourivesaria ocupa decerto um dos primeiros lugares. Já nos ´costumes e foros´de Castelo Bom (1188) se encontra um título, que se refere ao exercício e profissão de ourives»

2 . Oxidação:

técnica que consiste na aplicação de elementos químicos na superfícies dos metais de forma a provocar, por reação química, alterações da cor e textura originais. (Patina).

Professor Joaquim de Vasconcelos

1

FLAMINGO,

Industria de Ourivesaria, S.A. Gondomar.

2

3 . Texturas:

alteração da superfície dos metais por meio de diversos métodos; manual (percussão), ou por meios mecânicos utilizando o laminador, introduzindo o metal juntamente com outros materiais (por ex.: tecidos, arames, ou outros de maior resistência de modo a ficarem gravados na superfície do metal.

A Flamingo é uma empresa de dimensão média. Trabalha essencialmente a industria da prata, na vertente ourivesaria, mas também em ouro e latão, em joalharia, adorno pessoal e artigos decorativos. Atualmente produz peças de ourivesaria para a população Judaica dos EUA, fazendo evoluir a industria da prata. A sua produção é considerada de «tradição renovada», isto é, os seus produtos juntam o gosto requintado à tradição da industria portuguesa de ourivesaria.

4 . Cravação: t é c n i c a

que permite a inserção de pedras preciosas em peças de joalharia/ ourivesaria. As diferentes tipologias de cravação podem ter configurações distintas dependendo das lapidações e formatos das pedras a cravar.

HOSPITAL DE S. JOÃO, Ala de Pedriatria Projeto: «Um lugar para o Joãozinho»

3

5 .Cinzelagem:

técnica com recurso a ferros embutidores que dão volume a uma determinada chapa de metal para que esta adquira uma determinada forma.

Esta iniciativa teve início em 2006 com o objetivo de reorganizar as instalações desta instituição. « Um lugar para o Joãozinho» assume-se como sendo um projeto de elevada responsabilidade e solidariedade social. A parceria com a EASR, em 2011, teve como finalidade a criação de artefactos para venda de produtos de merchadising para angariar fundos que contribuam para a construção sustentável do novo Hospital Pediátrico de São João e, consequentemente, para a melhoria das condições de vida das crianças.

6 . Soldadura:

técnica de união de metais através do calor recorrendo a maçaricos.

4 4

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7 . Limar:

técnica que consiste em desbastar a superfície do metal podendo assim disfarçar imperfeições ou fazer pequenos acertos.

MANUEL ALCINO & FILHOS, Lda. Industria de Ourivesaria. Porto.

8 . Casamento de metais/mokume-gane:

«Não há aqui nenhum segredo» - Manuel Alcino.

técnica inventada no séc. XVII, e consiste na união de diversas lâminas de metal entre si, em forma de bloco laminado que podem ser unidas com soldadura ou por difusão.

Manuel Alcino é uma marca fundada em 1902, por Manuel Alcino Sousa e Silva, a qual, atualmente, já atravessou seis gerações. Trabalha a prata à 114 anos com arte, tradição e qualidade. Uma tradição nascida no Porto e continuada através de uma empresa familiar que hoje se projeta com talento e design. Apesar de ser uma oficina tradicional, faz questão de aplicar inovações como a soldadura ou o corte de prata a lazer, Manuel Alcino garante ainda que a modernização não coloca em causa a pureza do trabalho artesanal da oficina, na medida em que «é só mais uma ferramenta, como desenho por computador». Alcino explica que o que justifica a maioria dos seus clientes não é a marca propriamente dita, mas sim as peças de caráter pessoal e que sempre são diferentes, não existindo uma outra igual pelo mundo fora. A particularidade da fábrica prende-se com o trabalho totalmente artesanal. O objetivo é fazer peças «manualmente com qualidade», uma vez que, desta forma, a peça não tem só o valor «no metal precioso mas também no trabalho aplicado e no design». A Manuel Alcino & Filhos, Lda., faz revenda para todo o mercado nacional, mas tem igualmente algum reconhecimento internacional, nomeadamente, a nível europeu.

9 . Serrar:

técnica em que se utiliza uma serra de joalheiro que permite recortar a superfície da chapa de metal que se quer trabalhar e produzir vazados na superfície (recortes interiores).

10 . Trefilagem de fio:

técnica de fazer passar uma barra de metal por uma fieira. Nesta pode definir-se o tio de secção pretendida, passando a barra a fio de diversas espessuras e secções.

11. Talhe doce:

técnica manual que consiste na obtenção de incisões na superfície de um metal macio, com recurso a uma goiva ou buril.

[ MAQUETA DIGITAL DO PAINEL ] FRAGMENTO A

FRAGMENTO B

FRAGMENTO C

FRAGMENTO D

8880,0 cm 8,90 cm 257,0 cm

158,0 cm

55,7 cm

135,0 cm

1572,0 cm

81,7 cm

UM POUCO DE HISTÓRIA

OURIVESARIA NA EASR

(EXPOSIÇÃO REALIZADA NO ÂMBITO DA CNL DESIGN DE OURIVESARIA)

121,0 cm

1,7 cm

Décadas de 1940 a 1970 DISCIPLINA DE desenho analítico e de composição : aplicação ao projeto

Décadas de 1900 A 1930 DISCIPLINA DE desenho ornamental

1

1884 escola DESENHO

Trabalhos realizados por antigos alunos do cursos de:

faria guimarães

COMPLEMENTAR DE CINZELAGEM

2

3

Décadas de 1980 A 2010 prémios internacionais 1. Objeto: «Uma peça de mão».

1

2

design DE produto 3

4

Autoria: Teresa Dantas Materiais: latão com banho de ouro e zircões. 1º Prémio - 11º Encontro 2003, Bélgica, Antuérpia.

GRAVADOR EM AÇO (Até

1948 - ESCOLA DE ARTE APLICADA SOARES DOS REIS)

1884escola DESENHO

Autoria: Ana Margarida Materiais: prata e acrílico 1º Prémio Especial - 7º Encontro, 1999, Alemanha.

1884

industrial

Professor Joaquim de Vasconcelos

Industria de Ourivesaria, S.A. Gondomar.

Autoria: Teresa Dantas Materiais: prata e osso 1º Prémio - 8º Encontro, 2000, Málaga.

OURIVES

A Flamingo é uma empresa de dimensão média. Trabalha essencialmente a industria da prata, na vertente ourivesaria, mas também em ouro e latão, em joalharia, adorno pessoal e artigos decorativos. Atualmente produz peças de ourivesaria para a população Judaica dos EUA, fazendo evoluir a industria da prata. A sua produção é considerada de «tradição renovada», isto é, os seus produtos juntam o gosto requintado à tradição da industria portuguesa de ourivesaria.

curso COMPLEMENTAR de cinzelaGEM - anos 30 escola da rua da firmeza, nº49

(De

1

2

3

1948 a 1973 – ESCOLA DE ARTES DECORATIVAS SOARES DOS REIS)

4 . Objeto: brincos

Autoria: Joana Ribeiro Materiais: ? 1ª Prémio - 20º Encontro,

CINZELADOR

1. Objeto: estudo para bandeja.

1. Estudo para punhais.

5 . Objeto: «Peineta».

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel. Data: década de 1940

Autoria: António Manuel Pinto Lacerda, nº174 Técnica: tinta da china sobre papel realçado a branco. Data: 20 de abril de 1944

Autoria: Amélia Correia, 12ºano - Ourivesaria. Materiais: prata e titanio. Trabalho para concurso do PLE, Málaga, 1999.

5

6

7

8 HOSPITAL DE S. JOÃO, Ala de Pedriatria Projeto: «Um lugar para o Joãozinho»

2 . Estudo para alfinetes

Autoria: Armando de Sousa Ribeiro. Técnicas: tinta da china sobre papel

2 . Estudo para salva.

Autoria: Daniel Pinto da Cruz, nº547, 4ºano. Técnicas: grafite e aguada sobre papel Data: década de 1940

3 . Estudos para brincos.

Autoria: Carlos Marques O. Guimarães Técnicas: tinta da china sobre papel Data: 11 de dezembro de 1906

curso de gravura em cobre bronze e aço. ANOS

4

4 . Estudo para objeto ornamental com motivos

animais e vegetais. Autoria: David Rodrigues da Costa, nº200 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 7 de janeiro de 1913

3 . Estudo para cunho em aço.

Autoria: ? Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: ?

6 . Estudo de ornamentos para relógio de parede Autoria: Miguel Simões dos Prazeres Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 12 de fevereiro 1909

7 . Trabalhos ornamentais em cinzelagem

Autoria: Francisco Ferreira dos Santos, nº5 António Caetano O. Júnior, nº3. Técnicas: cinzelagem Data: 1919/1920

4

5

6

7

24,8x35,0

4 . Estudo de desenho ornamental para jarrão.

Autoria: J.J. Monteiro Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: ????

escola da rua da firmeza, nº49

9 . Objeto: colar, brincos e anel

Autoria: Daniela Nunes Materiais: latão oxidado a negro e esmalte vermelho Ano de execução: 2012/13

10 . Objeto: pulseira

Autoria: Catarina Barreto Materiais: latão prateado Ano de execução: 2013/14

6 . Estudo para cunho em aço.

11. Objeto: botões de punho

Autoria: Brilhantino Técnicas: Grafite sobre papel Data: década de 1950

Autoria: André Martinez Materiais: latão e pau santo Ano de execução: 2011/12

. Batente de porta - representação técnica.

Autoria: José Patrício Alves, nº211 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 6 de dezembro de 1910

12 . Objeto: Pendente

11. Estudo para jarrão.

Autoria: Nuno Recarei Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 19 de janeiro de 1912

Autoria: Sara Gonçalves Materiais: latão e acrílico Ano de execução: 2012/13

CINZELAGEM - década de 1950.

8

9

10

11

escola da rua da firmeza, nº49

Autoria: Cláudia Baltarejo Materiais: latão e osso Ano de execução: 2011/12

EXPERIÊNCIAS TÉCNICAS E didáticas

1. Repuxagem:

técnica que consiste na aplicação de elementos químicos na superfícies dos metais de forma a provocar, por reação química, alterações da cor e textura originais. (Patina).

3 . Texturas:

alteração da superfície dos metais por meio de diversos métodos; manual (percussão), ou por meios mecânicos utilizando o laminador, introduzindo o metal juntamente com outros materiais (por ex.: tecidos, arames, ou outros de maior resistência de modo a ficarem gravados na superfície do metal.

O Design e o Homem: Equipamento para o Habitar

1.

1

2

2.

4 . Cravação: t é c n i c a

que permite a inserção de pedras preciosas em peças de joalharia/ ourivesaria. As diferentes tipologias de cravação podem ter configurações distintas dependendo das lapidações e formatos das pedras a cravar.

101

11

12

«Não há aqui nenhum segredo» - Manuel Alcino. Manuel Alcino é uma marca fundada em 1902, por Manuel Alcino Sousa e Silva, a qual, atualmente, já atravessou seis gerações. Trabalha a prata à 114 anos com arte, tradição e qualidade. Uma tradição nascida no Porto e continuada através de uma empresa familiar que hoje se projeta com talento e design. Apesar de ser uma oficina tradicional, faz questão de aplicar inovações como a soldadura ou o corte de prata a lazer, Manuel Alcino garante ainda que a modernização não coloca em causa a pureza do trabalho artesanal da oficina, na medida em que «é só mais uma ferramenta, como desenho por computador». Alcino explica que o que justifica a maioria dos seus clientes não é a marca propriamente dita, mas sim as peças de caráter pessoal e que sempre são diferentes, não existindo uma outra igual pelo mundo fora. A particularidade da fábrica prende-se com o trabalho totalmente artesanal. O objetivo é fazer peças «manualmente com qualidade», uma vez que, desta forma, a peça não tem só o valor «no metal precioso mas também no trabalho aplicado e no design». A Manuel Alcino & Filhos, Lda., faz revenda para todo o mercado nacional, mas tem igualmente algum reconhecimento internacional, nomeadamente, a nível europeu.

2015 2016

12ºC3

«... Após a pesquisa, iniciei a criação do meu objeto de Ourivesaria, que, posteriormente, vai ser inserido na minha sala de jantar. Trata-se de um castiçal que apelidei de ´Douro`, em homenagem à região onde nasci e cresci.»

técnica com recurso a ferros embutidores que dão volume a uma determinada chapa de metal para que esta adquira uma determinada forma.

6 . Soldadura:

técnica de união de metais através do calor recorrendo a maçaricos.

Objeto: Suporte para vela. Autoria: Mariana Rufino Materiais: prata (protótipo: latão) Técnica: serrar, quinar, soldar, limar e beirar. Acabamento: lixar, polir e lustrar.

Objeto: açucareiro. Autoria: Leonor Pedrosa Materiais: prata (protótipo: latão e cobre) Técnicas: serrar, quinar, soldar, beirar, repuchar e fio torcido. Acabamento: lixar, polir e lustrar.

3

1

2

FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - FCT

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA: O NÚMERO 4 DIAGRAMA CONCETUAL 4

Empresa proponente do projeto: EASR Empresa editora: Manuel Alcino, Lda.Ourivesaria

5 .Cinzelagem:

4

CURSOS DE OFERTA

• Produção Artístic a • Design Comunicação • Design Produto •Comunicação Audio visual

ESTRUTURAS

• Esco la de Desenho Indutrial de Faria Guimarães do Bo nfim - 1884 • Esco la Industrial de Faria Guimarães - 1888 • Escola de Artes De corativas de Soares dos Reis – 1928 • Esco la Artística de Soare s dos Re is - 2008

4 RECURSOS HUMANOS • Direção • Profe ssores • Func io nários • Aluno s

Ourivesaria: da tradição à contemporaneidade: Formas e Metáforas

4 4

6

5

7

técnica que consiste em desbastar a superfície do metal podendo assim disfarçar imperfeições ou fazer pequenos acertos.

4 CONC EITOS • Diferença • União • Sonho • Partilha

4 TRADIÇ ÕES • Viva So ares • Círculo de Fo go • M ostra So ares • Intercâmbio s

4 PÚBLIC OS • Entidades Relevantes • Antigos Reformados • Antigos Alunos • Convidados

«... Propõe-se a criação de um artefacto de design de ourivesaria para oferta/lembrança a personalidades convidadas de reconhecido mérito, que pela colaboração em projetos da escola e/ou propostas de atividades a desenvolver, honrem e prestigiem a instituição centenária EASR ... desenvolvendo um artefacto que deverá integrar referências à história, valores culturais e simbólicos da EASR, no âmbito da comemoração dos seus 131 anos...»

Anel 2 SEXOS

NOME DAS PEÇAS E EXPLICAÇÃO

- FEMININO - MASCULINO

3. Objeto: pendente/alfinete.

Autoria: Leonor Pedrosa Materiais: prata (protótipo: latão e cobre) Técnicas: serrar, beirar, soldar e fecho. Acabamentos: lixar, polir e lustrar.

3

4

5

6

ALFINETE ANEL BOTÕES DE PUNHO PENDENTE

4 EDIFÍCIOS COM 4 DISTRIBUIÇÕES CURSOS DE OFERTA RECURSOS HUMANOS TRADIÇÕES CONCEITOS

4

SIGNIFICADOS

- PRODUÇÃO ARTÍSTICA, - DESIGN COMUNICAÇÃO, - DESIGN PRODUTO, - COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL -

técnica inventada no séc. XVII, e consiste na união de diversas lâminas de metal entre si, em forma de bloco laminado que podem ser unidas com soldadura ou por difusão.

Pendente

PEÇAS CONCLUÍDAS COMPOSTAS POR 4 QUADRADOS

-

2 MATERIAIS - PRATA - ACRÍLICO

8 . Casamento de metais/mokume-gane:

Botões de punho

4 -

2²=4

in, FCT, Plano individual de trabalho do aluno/formando

Industria de Ourivesaria. Porto.

9

DESIGN de PRODUTO MÓDULO 1

técnica mecânica do processo da cinzelagem e consiste em dar a forma pretendida ao metal com o auxílio de um torno e moldes.

2 . Oxidação:

7 . Limar: MANUEL ALCINO & FILHOS, Lda.

Autoria: Débora Silva Materiais: latão e quartzo fumado (cabochon) Ano de execução: 2014/15

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel Data: 1944

gravura em aço - década de 1950/60.

Autoria: António Vieira da Silva, nº197 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 23 de dezembro de 1913

6. Objeto: pendente

Autoria: Inês Carneiro Materiais: prata e titânio Ano de execução: 2012/13

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel Data: décadas de 1930/40

9 . Estudo para castiçais.

10

6

8 . Objeto: anel

5. Objeto: estudo para pá e escova de mesa.

8. Estudo para castiçal.

5

7 . Objeto: brincos

Autoria: Eduardo Almeida J. Martins de Lucena, nº 28, TªC, 3º ano. Técnicas: grafite sobre papel Data: década de 1950

5 . Estudo para taças.

Esta iniciativa teve início em 2006 com o objetivo de reorganizar as instalações desta instituição. « Um lugar para o Joãozinho» assume-se como sendo um projeto de elevada responsabilidade e solidariedade social. A parceria com a EASR, em 2011, teve como finalidade a criação de artefactos para venda de produtos de merchadising para angariar fundos que contribuam para a construção sustentável do novo Hospital Pediátrico de São João e, consequentemente, para a melhoria das condições de vida das crianças.

Design de Produto

50/60.

escola da rua da firmeza, nº49

TECNOLOGIA

FLAMINGO,

3 . Objeto: «peineta».

GRAVADOR DE COBRE BRONZE E AÇO

EXPERIÊNCIAS D E PA RC E R I A S

«... a ourivesaria era na época (1904) a única industria artística que possuíamos» Carlos Malheiro Dias

2 . Objeto: «Um objeto de mão».

de

f.c.t.

«Entre as industrias tradicionais do país a ourivesaria ocupa decerto um dos primeiros lugares. Já nos ´costumes e foros´de Castelo Bom (1188) se encontra um título, que se refere ao exercício e profissão de ourives»

de

industrial

DIREÇÃO, PROFESSORES, FUNCIONÁRIOS, ALUNOS;

QUADRADOS PERFEITOS

-

Número que em matemática, é inteiro e não negativo que pode ser expresso como o quadrado de um outro número inteiro.

VIVA SOARES, CÍRCULO DE FOGO, MOSTRA SOARES, INTERCÂMBIOS;

-

DIFERENÇA, UNIÃO, SONHO, PARTILHA;

Alfinete

4. Objeto: pendente/anel/botões de punho. 9 . Serrar:

técnica em que se utiliza uma serra de joalheiro que permite recortar a superfície da chapa de metal que se quer trabalhar e produzir vazados na superfície (recortes interiores).

10 . Trefilagem de fio:

técnica de fazer passar uma barra de metal por uma fieira. Nesta pode definir-se o tio de secção pretendida, passando a barra a fio de diversas espessuras e secções.

11. Talhe doce:

técnica manual que consiste na obtenção de incisões na superfície de um metal macio, com recurso a uma goiva ou buril.

8 8

10

9

11

Autoria: Cláudia Sousa Materiais: prata, acrílico e fio de couro Técnicas: serrar (metal e acrílico), soldar, limar e rebitar. Acabamentos: lixar, polir e lustrar.

5. Objeto: marcadores de livros.

Autoria: Joana Silva Materiais: prata (protótipo: latão) Técnicas: serrar, limar Acabamentos: lixar, polir e lustrar.

6. Objeto: para secretária .

TUDO O QUE FAZEMOS COMUNICA

Autoria: Gonçalo Camboa Materiais: cobre, prata/onix, imanes e chumbo Técnicas: trefilagem, canovão, soldar e quinar Acabamentos: lixar, polir, lustrar. Oxidação.

- PETE EPISCOPO

67


H I STÓ RI A D O D E S I G N

DESIGN de PRODUTO

12ºC3

2015 2016

MÓDULO 1 O Design e o Homem: Equipamento para o Habitar

1.

2.

«... Após a pesquisa, iniciei a criação do meu objeto de Ourivesaria, que, posteriormente, vai ser inserido na minha sala de jantar. Trata-se de um castiçal que apelidei de ´Douro`, em homenagem à região onde nasci e cresci.»

Objeto: Suporte para vela. Autoria: Mariana Rufino Materiais: prata (protótipo: latão) Técnica: serrar, quinar, soldar, limar e beirar. Acabamento: lixar, polir e lustrar.

Objeto: açucareiro. Autoria: Leonor Pedrosa Materiais: prata (protótipo: latão e cobre) Técnicas: serrar, quinar, soldar, beirar, repuchar e fio torcido. Acabamento: lixar, polir e lustrar.

1

2

FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - FCT

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA: O NÚMERO 4 DIAGRAMA CONCETUAL 4

Empresa proponente do projeto: EASR Empresa editora: Manuel Alcino, Lda.Ourivesaria

4

CURSOS DE OFERTA

• Produção Artístic a • Design Comunicação • Design Produto •Comunicação Audio visual

ESTRUTURAS

• Esco la de Desenho Indutrial de Faria Guimarães do Bo nfim - 1884 • Esco la Industrial de Faria Guimarães - 1888 • Escola de Artes De corativas de Soares dos Reis – 1928 • Esco la Artística de Soare s dos Re is - 2008

4 RECURSOS HUMANOS • Direção • Profe ssores • Func io nários • Aluno s

Ourivesaria: da tradição à contemporaneidade: Formas e Metáforas

4 CONC EITOS • Diferença • União • Sonho • Partilha

4 TRADIÇ ÕES • Viva So ares • Círculo de Fo go • Mostra So ares • Intercâmbio s

4 PÚBLIC OS • Entidades Relevantes • Antigos Reformados • Antigos Alunos • Convidados

«... Propõe-se a criação de um artefacto de design de ourivesaria para oferta/lembrança a personalidades convidadas de reconhecido mérito, que pela colaboração em projetos da escola e/ou propostas de atividades a desenvolver, honrem e prestigiem a instituição centenária EASR ... desenvolvendo um artefacto que deverá integrar referências à história, valores culturais e simbólicos da EASR, no âmbito da comemoração dos seus 131 anos...»

Anel NOME DAS PEÇAS E EXPLICAÇÃO

2 SEXOS

PEÇAS CONCLUÍDAS COMPOSTAS POR 4 QUADRADOS

-

ALFINETE ANEL BOTÕES DE PUNHO PENDENTE

-

CURSOS DE OFERTA RECURSOS HUMANOS TRADIÇÕES CONCEITOS

4 EDIFÍCIOS COM 4 DISTRIBUIÇÕES

2²=4

in, FCT, Plano individual de trabalho do aluno/formando

2 MATERIAIS

4

3. Objeto: pendente/alfinete.

Autoria: Leonor Pedrosa Materiais: prata (protótipo: latão e cobre) Técnicas: serrar, beirar, soldar e fecho. Acabamentos: lixar, polir e lustrar.

SIGNIFICADOS

- PRODUÇÃO ARTÍSTICA, - DESIGN COMUNICAÇÃO, - DESIGN PRODUTO, - COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL

- PRATA - ACRÍLICO

3

P

Botões de punho

4

- FEMININO - MASCULINO

4

-

QUADRADOS PERFEITOS

DIREÇÃO, PROFESSORES, FUNCIONÁRIOS, ALUNOS;

-

Número que em matemática, é inteiro e não negativo que pode ser expresso como o quadrado de um outro número inteiro.

VIVA SOARES, CÍRCULO DE FOGO, MOSTRA SOARES, INTERCÂMBIOS;

-

DIFERENÇA, UNIÃO, SONHO, PARTILHA;

Alfinete

4. Objeto: pendente/anel/botões de punho.

Autoria: Cláudia Sousa Materiais: prata, acrílico e fio de couro Técnicas: serrar (metal e acrílico), soldar, limar e rebitar. Acabamentos: lixar, polir e lustrar.

5. Objeto: marcadores de livros.

Autoria: Joana Silva Materiais: prata (protótipo: latão) Técnicas: serrar, limar Acabamentos: lixar, polir e lustrar.

6. Objeto: para secretária .

TUDO O QUE FAZEMOS COMUNICA

Autoria: Gonçalo Camboa Materiais: cobre, prata/onix, imanes e chumbo Técnicas: trefilagem, canovão, soldar e quinar Acabamentos: lixar, polir, lustrar. Oxidação.

- PETE EPISCOPO

5

6

[ MAQUETA DIGITAL DO PAINEL ] FRAGMENTO A

FRAGMENTO B

FRAGMENTO C

FRAGMENTO D

8880,0 cm 8,90 cm 257,0 cm

158,0 cm

55,7 cm

135,0 cm

1572,0 cm

81,7 cm

68

UM POUCO DE HISTÓRIA

OURIVESARIA NA EASR

(EXPOSIÇÃO REALIZADA NO ÂMBITO DA CNL DESIGN DE OURIVESARIA)

121,0 cm

1,7 cm

Décadas de 1940 a 1970 DISCIPLINA DE desenho analítico e de composição : aplicação ao projeto

Décadas de 1900 A 1930 DISCIPLINA DE desenho ornamental

1

1884 escola DESENHO

Trabalhos realizados por antigos alunos do cursos de:

faria guimarães

COMPLEMENTAR DE CINZELAGEM

2

3

Décadas de 1980 A 2010 prémios internacionais 1. Objeto: «Uma peça de mão».

1

2

design DE produto 3

4

Autoria: Teresa Dantas Materiais: latão com banho de ouro e zircões. 1º Prémio - 11º Encontro 2003, Bélgica, Antuérpia.

GRAVADOR EM AÇO (Até

1948 - ESCOLA DE ARTE APLICADA SOARES DOS REIS)

1884escola DESENHO

Autoria: Ana Margarida Materiais: prata e acrílico 1º Prémio Especial - 7º Encontro, 1999, Alemanha.

1884

industrial

Professor Joaquim de Vasconcelos

Industria de Ourivesaria, S.A. Gondomar.

Autoria: Teresa Dantas Materiais: prata e osso 1º Prémio - 8º Encontro, 2000, Málaga.

OURIVES

A Flamingo é uma empresa de dimensão média. Trabalha essencialmente a industria da prata, na vertente ourivesaria, mas também em ouro e latão, em joalharia, adorno pessoal e artigos decorativos. Atualmente produz peças de ourivesaria para a população Judaica dos EUA, fazendo evoluir a industria da prata. A sua produção é considerada de «tradição renovada», isto é, os seus produtos juntam o gosto requintado à tradição da industria portuguesa de ourivesaria.

curso COMPLEMENTAR de cinzelaGEM - anos 30 escola da rua da firmeza, nº49

(De

1

2

3

1948 a 1973 – ESCOLA DE ARTES DECORATIVAS SOARES DOS REIS)

4 . Objeto: brincos

Autoria: Joana Ribeiro Materiais: ? 1ª Prémio - 20º Encontro,

CINZELADOR

1. Objeto: estudo para bandeja.

1. Estudo para punhais.

5 . Objeto: «Peineta».

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel. Data: década de 1940

Autoria: António Manuel Pinto Lacerda, nº174 Técnica: tinta da china sobre papel realçado a branco. Data: 20 de abril de 1944

Autoria: Amélia Correia, 12ºano - Ourivesaria. Materiais: prata e titanio. Trabalho para concurso do PLE, Málaga, 1999.

5

6

7

8 HOSPITAL DE S. JOÃO, Ala de Pedriatria Projeto: «Um lugar para o Joãozinho»

2 . Estudo para alfinetes

Autoria: Armando de Sousa Ribeiro. Técnicas: tinta da china sobre papel

2 . Estudo para salva.

Autoria: Daniel Pinto da Cruz, nº547, 4ºano. Técnicas: grafite e aguada sobre papel Data: década de 1940

3 . Estudos para brincos.

Autoria: Carlos Marques O. Guimarães Técnicas: tinta da china sobre papel Data: 11 de dezembro de 1906

curso de gravura em cobre bronze e aço. ANOS

4

4 . Estudo para objeto ornamental com motivos

animais e vegetais. Autoria: David Rodrigues da Costa, nº200 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 7 de janeiro de 1913

3 . Estudo para cunho em aço.

Autoria: ? Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: ?

6 . Estudo de ornamentos para relógio de parede Autoria: Miguel Simões dos Prazeres Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 12 de fevereiro 1909

7 . Trabalhos ornamentais em cinzelagem

Autoria: Francisco Ferreira dos Santos, nº5 António Caetano O. Júnior, nº3. Técnicas: cinzelagem Data: 1919/1920

4

5

6

7

24,8x35,0

4 . Estudo de desenho ornamental para jarrão.

Autoria: J.J. Monteiro Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: ????

escola da rua da firmeza, nº49

9 . Objeto: colar, brincos e anel

Autoria: Daniela Nunes Materiais: latão oxidado a negro e esmalte vermelho Ano de execução: 2012/13

10 . Objeto: pulseira

Autoria: Catarina Barreto Materiais: latão prateado Ano de execução: 2013/14

6 . Estudo para cunho em aço.

11. Objeto: botões de punho

Autoria: Brilhantino Técnicas: Grafite sobre papel Data: década de 1950

Autoria: André Martinez Materiais: latão e pau santo Ano de execução: 2011/12

. Batente de porta - representação técnica.

Autoria: José Patrício Alves, nº211 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 6 de dezembro de 1910

12 . Objeto: Pendente

11. Estudo para jarrão.

Autoria: Nuno Recarei Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 19 de janeiro de 1912

Autoria: Sara Gonçalves Materiais: latão e acrílico Ano de execução: 2012/13

CINZELAGEM - década de 1950.

8

9

10

11

escola da rua da firmeza, nº49

Autoria: Cláudia Baltarejo Materiais: latão e osso Ano de execução: 2011/12

EXPERIÊNCIAS TÉCNICAS E didáticas

1. Repuxagem:

técnica que consiste na aplicação de elementos químicos na superfícies dos metais de forma a provocar, por reação química, alterações da cor e textura originais. (Patina).

3 . Texturas:

alteração da superfície dos metais por meio de diversos métodos; manual (percussão), ou por meios mecânicos utilizando o laminador, introduzindo o metal juntamente com outros materiais (por ex.: tecidos, arames, ou outros de maior resistência de modo a ficarem gravados na superfície do metal.

O Design e o Homem: Equipamento para o Habitar

1.

1

2

2.

4 . Cravação: t é c n i c a

que permite a inserção de pedras preciosas em peças de joalharia/ ourivesaria. As diferentes tipologias de cravação podem ter configurações distintas dependendo das lapidações e formatos das pedras a cravar.

101

11

12

«Não há aqui nenhum segredo» - Manuel Alcino. Manuel Alcino é uma marca fundada em 1902, por Manuel Alcino Sousa e Silva, a qual, atualmente, já atravessou seis gerações. Trabalha a prata à 114 anos com arte, tradição e qualidade. Uma tradição nascida no Porto e continuada através de uma empresa familiar que hoje se projeta com talento e design. Apesar de ser uma oficina tradicional, faz questão de aplicar inovações como a soldadura ou o corte de prata a lazer, Manuel Alcino garante ainda que a modernização não coloca em causa a pureza do trabalho artesanal da oficina, na medida em que «é só mais uma ferramenta, como desenho por computador». Alcino explica que o que justifica a maioria dos seus clientes não é a marca propriamente dita, mas sim as peças de caráter pessoal e que sempre são diferentes, não existindo uma outra igual pelo mundo fora. A particularidade da fábrica prende-se com o trabalho totalmente artesanal. O objetivo é fazer peças «manualmente com qualidade», uma vez que, desta forma, a peça não tem só o valor «no metal precioso mas também no trabalho aplicado e no design». A Manuel Alcino & Filhos, Lda., faz revenda para todo o mercado nacional, mas tem igualmente algum reconhecimento internacional, nomeadamente, a nível europeu.

2015 2016

12ºC3

«... Após a pesquisa, iniciei a criação do meu objeto de Ourivesaria, que, posteriormente, vai ser inserido na minha sala de jantar. Trata-se de um castiçal que apelidei de ´Douro`, em homenagem à região onde nasci e cresci.»

técnica com recurso a ferros embutidores que dão volume a uma determinada chapa de metal para que esta adquira uma determinada forma.

6 . Soldadura:

técnica de união de metais através do calor recorrendo a maçaricos.

Objeto: Suporte para vela. Autoria: Mariana Rufino Materiais: prata (protótipo: latão) Técnica: serrar, quinar, soldar, limar e beirar. Acabamento: lixar, polir e lustrar.

Objeto: açucareiro. Autoria: Leonor Pedrosa Materiais: prata (protótipo: latão e cobre) Técnicas: serrar, quinar, soldar, beirar, repuchar e fio torcido. Acabamento: lixar, polir e lustrar.

3

1

2

FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO - FCT

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA: O NÚMERO 4 DIAGRAMA CONCETUAL 4

Empresa proponente do projeto: EASR Empresa editora: Manuel Alcino, Lda.Ourivesaria

5 .Cinzelagem:

4

CURSOS DE OFERTA

• Produção Artístic a • Design Comunicação • Design Produto •Comunicação Audio visual

6

5

7

técnica que consiste em desbastar a superfície do metal podendo assim disfarçar imperfeições ou fazer pequenos acertos.

Anel 2 SEXOS

3. Objeto: pendente/alfinete.

Autoria: Leonor Pedrosa Materiais: prata (protótipo: latão e cobre) Técnicas: serrar, beirar, soldar e fecho. Acabamentos: lixar, polir e lustrar.

3

4

técnica manual que consiste na obtenção de incisões na superfície de um metal macio, com recurso a uma goiva ou buril.

PEÇAS CONCLUÍDAS COMPOSTAS POR 4 QUADRADOS

8 8

10

9

11

5

6

Autoria: Cláudia Sousa Materiais: prata, acrílico e fio de couro Técnicas: serrar (metal e acrílico), soldar, limar e rebitar. Acabamentos: lixar, polir e lustrar.

5. Objeto: marcadores de livros.

Autoria: Joana Silva Materiais: prata (protótipo: latão) Técnicas: serrar, limar Acabamentos: lixar, polir e lustrar.

6. Objeto: para secretária .

TUDO O QUE FAZEMOS COMUNICA

Autoria: Gonçalo Camboa Materiais: cobre, prata/onix, imanes e chumbo Técnicas: trefilagem, canovão, soldar e quinar Acabamentos: lixar, polir, lustrar. Oxidação.

ALFINETE ANEL BOTÕES DE PUNHO PENDENTE

4 EDIFÍCIOS COM 4 DISTRIBUIÇÕES -

CURSOS DE OFERTA RECURSOS HUMANOS TRADIÇÕES CONCEITOS

4

SIGNIFICADOS

- PRODUÇÃO ARTÍSTICA, - DESIGN COMUNICAÇÃO, - DESIGN PRODUTO, - COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL DIREÇÃO, PROFESSORES, FUNCIONÁRIOS, ALUNOS;

QUADRADOS PERFEITOS

-

Número que em matemática, é inteiro e não negativo que pode ser expresso como o quadrado de um outro número inteiro.

VIVA SOARES, CÍRCULO DE FOGO, MOSTRA SOARES, INTERCÂMBIOS;

-

DIFERENÇA, UNIÃO, SONHO, PARTILHA;

Alfinete

4. Objeto: pendente/anel/botões de punho.

técnica de fazer passar uma barra de metal por uma fieira. Nesta pode definir-se o tio de secção pretendida, passando a barra a fio de diversas espessuras e secções.

Botões de punho

4 -

2²=4 2 MATERIAIS

-

técnica inventada no séc. XVII, e consiste na união de diversas lâminas de metal entre si, em forma de bloco laminado que podem ser unidas com soldadura ou por difusão.

11. Talhe doce:

NOME DAS PEÇAS E EXPLICAÇÃO

- FEMININO - MASCULINO

- PRATA - ACRÍLICO

9 . Serrar:

10 . Trefilagem de fio:

4 CONC EITOS • Diferença • União • Sonho • Partilha

4 TRADIÇ ÕES • Viva So ares • Círculo de Fo go • M ostra So ares • Intercâmbio s

4 PÚBLIC OS • Entidades Relevantes • Antigos Reformados • Antigos Alunos • Convidados

«... Propõe-se a criação de um artefacto de design de ourivesaria para oferta/lembrança a personalidades convidadas de reconhecido mérito, que pela colaboração em projetos da escola e/ou propostas de atividades a desenvolver, honrem e prestigiem a instituição centenária EASR ... desenvolvendo um artefacto que deverá integrar referências à história, valores culturais e simbólicos da EASR, no âmbito da comemoração dos seus 131 anos...» in, FCT, Plano individual de trabalho do aluno/formando

8 . Casamento de metais/mokume-gane:

técnica em que se utiliza uma serra de joalheiro que permite recortar a superfície da chapa de metal que se quer trabalhar e produzir vazados na superfície (recortes interiores).

ESTRUTURAS

• Esco la de Desenho Indutrial de Faria Guimarães do Bo nfim - 1884 • Esco la Industrial de Faria Guimarães - 1888 • Escola de Artes De corativas de Soares dos Reis – 1928 • Esco la Artística de Soare s dos Re is - 2008

4 RECURSOS HUMANOS • Direção • Profe ssores • Func io nários • Aluno s

Ourivesaria: da tradição à contemporaneidade: Formas e Metáforas

4 4

Industria de Ourivesaria. Porto.

9

DESIGN de PRODUTO MÓDULO 1

técnica mecânica do processo da cinzelagem e consiste em dar a forma pretendida ao metal com o auxílio de um torno e moldes.

2 . Oxidação:

7 . Limar: MANUEL ALCINO & FILHOS, Lda.

Autoria: Débora Silva Materiais: latão e quartzo fumado (cabochon) Ano de execução: 2014/15

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel Data: 1944

gravura em aço - década de 1950/60.

Autoria: António Vieira da Silva, nº197 Técnicas: tinta da china e aguada sobre papel Data: 23 de dezembro de 1913

6. Objeto: pendente

Autoria: Inês Carneiro Materiais: prata e titânio Ano de execução: 2012/13

Autoria: ? Técnicas: grafite sobre papel Data: décadas de 1930/40

9 . Estudo para castiçais.

10

6

8 . Objeto: anel

5. Objeto: estudo para pá e escova de mesa.

8. Estudo para castiçal.

5

7 . Objeto: brincos

Autoria: Eduardo Almeida J. Martins de Lucena, nº 28, TªC, 3º ano. Técnicas: grafite sobre papel Data: década de 1950

5 . Estudo para taças.

Esta iniciativa teve início em 2006 com o objetivo de reorganizar as instalações desta instituição. « Um lugar para o Joãozinho» assume-se como sendo um projeto de elevada responsabilidade e solidariedade social. A parceria com a EASR, em 2011, teve como finalidade a criação de artefactos para venda de produtos de merchadising para angariar fundos que contribuam para a construção sustentável do novo Hospital Pediátrico de São João e, consequentemente, para a melhoria das condições de vida das crianças.

Design de Produto

50/60.

escola da rua da firmeza, nº49

TECNOLOGIA

FLAMINGO,

3 . Objeto: «peineta».

GRAVADOR DE COBRE BRONZE E AÇO

EXPERIÊNCIAS D E PA RC E R I A S

«... a ourivesaria era na época (1904) a única industria artística que possuíamos» Carlos Malheiro Dias

2 . Objeto: «Um objeto de mão».

de

f.c.t.

«Entre as industrias tradicionais do país a ourivesaria ocupa decerto um dos primeiros lugares. Já nos ´costumes e foros´de Castelo Bom (1188) se encontra um título, que se refere ao exercício e profissão de ourives»

de

industrial

- PETE EPISCOPO

Pendente


GRUPO DESIGN DE OURIVESARIA

PROFESSORES DE PROJETO E TECNOLOGIAS EASR

3

2ºC3

EQUIPA

Pendente

LUÍS ZOIO [ COORDENADOR ] DÍDIMO VIEIRA JOSÉ AMORIM MADALENA MENESES

Pendente

RUI CORREIA

VITRINA VERTICAL Projetos realizados pelos alunos. Curso de Design de Produto | Especialização Ourivesaria Ano letivo 2015/ 16 | Turma C3 do 12ºAno

EXPOSITOR VERTICAL

Protótipos dos trabalhos realizados pelo alunos. Curso de Design de Produto | Especialização Ourivesaria Ano letivo 2015/ 16 | Turma C3 do 12ºAno

[ FRAGMENTO D ]

69


H I STÓ RI A D O D E S I G N

design

no tempo, no espaço e na sociedade

Contextualizar o design no tempo, no espaço e na sociedade, é essencial para uma boa prática e crítica sobre o mesmo. Ao longo dos tempos, o Design foi influenciado social, económica, política e tecnologicamente e, assim, foi criando e seguindo correntes.

70


CATARINA FONSECA

DESIGNER INDUSTRIAL PROFESSORA ESTAGIÁRIA | MESTRANDA EM ENSINO DAS ARTES VISUAIS FACULDADE DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO | UP FACULDADE DE BELAS ARTES | UP

O Design Moderno é, culturalmente falando, bastante antigo e está dividido em dois desenvolvimentos históricos distintos. Um deles foi a divisão do sistema laboral, entre o processo industrial e o processo de manufatura sobre o qual, Adam Smith, economista escocês, do século XVIII, disse poder fazer da manufatura um processo de fabricação mais rentável. O outro, era o refinamento das técnicas de altos volumes de produção e baixo custo. As consequências foram os longos prazos de produção e os produtos padronizados. As mudanças tecnológicas e sociais que surgiram em torno destes desenvolvimentos são familiarmente conhecidas como a Revolução Industrial. Estas ocorreram quando certos processos tecnológicos foram observados e explorados por engenheiros e empresários, na Grã-Bretanha. Embora estes mesmos processos tecnológicos fossem conhecidos por homens de ciência em toda a Europa, os ingleses com um fundo de estabilidade política, um governo centralizado, livre iniciativa e filosofia utilitarista e, também,

uma abundância de recursos naturais que, juntos, permitem a esses mesmos engenheiros e empresários tomarem a primeira vantagem na indústria, a nível comercial. Nesse sentido, foi na Inglaterra que o Design foi desenvolvido pela primeira vez. O processo de industrialização iniciado no Reino Unido, a partir da segunda metade do século XVIII, foi consequente da criação da maquinofatura acelerada pela invenção da máquina a vapor e do aperfeiçoamento dos teares que também funcionavam através dessa técnica. Isto, originou uma mudança importante na estrutura do trabalho: o artesão deu lugar ao operário e surgiram as fábricas. No final do século XVIII, o ferro, o vidro fabricado industrialmente e o aço impõem-se como materiais de construção de excelência, por corresponderem às exigências das novas cidades. Começou, assim, a era dos engenheiros, os únicos com conhecimentos suficientes sobre os materiais capaz de permitir a sua utilização. Um exemplo culminante foi

Os dez mandamentos de Dieter Rams

http://marcantabrico.info/coloring/dieter-rams-principles-of-good-design/

71


H I STÓ RI A D O D E S I G N

a Exposição Universal de Londres, que decorreu pela primeira vez no ano de 1851, na qual os pavilhões foram produzidos modularmente e montados no espaço. Em meados do século XIX, teve início em Inglaterra a luta de alguns designers contra o estilo aplicado na decoração de interiores até à época, o estilo Empire (1800 e 1830). Em 1830, por toda a Europa, os arquitetos compreenderam que foram ultrapassados pelos engenheiros e criticaram o ensino artístico do seu tempo, exigindo mudanças. Em Portugal, apenas em 1865, o arquiteto Pierre-Joseph Pézerat protestou contra a subordinação de arquitetos experientes a engenheiros recém-formados, considerados os primeiros meros auxiliares nos quadros do Ministério de Obras Públicas. Portugal participou neste evento, promovendo trocas culturais que beneficiaram o desenvolvimento das artes, vindo a impulsionar a educação para o Design. No ano que se seguiu, com a criação do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, chefiado por Fontes Pereira

de Melo, iniciou-se o ensino industrial. “É este ensino que será propício ao surgimento do que hoje chamamos Design”, sustenta Maria Helena Souto. É fundamentar referir que, na altura, se falava em desenho ou artes aplicadas às indústrias. Em todas as criações produzidas durante este período, predominaram os princípios do bom Design em que, a forma corresponde à função predestinada para a peça, fosse qual fosse a sua categoria. Foram os arquitetos do século XIX que deram origem ao movimento Moderno, influenciando os artistas contemporâneos. A partir dos anos 60, predominaram princípios da Bauhaus e da Escola de Ulm, bem como a admiração pelos estilos nórdico e italiano. Pelos anos 80, deu-se uma “dispersão pluralista, fruto da influência do PósModernismo”, afirma Maria Helena Souto. Apesar das grandes vantagens, o Design encontrou algumas adversidades em diversos lugares no qual foi instaurado. Na Grã-Bretanha, por exemplo, foi necessária a reformulação de

Mies Van der Rohe

https://www.barcelona.de/en/pavillon-mies-van-der-rohe-barcelona.html

Art Deco Typography http://artdecostyle.ca/

72


CATARINA FONSECA

DESIGNER INDUSTRIAL PROFESSORA ESTAGIÁRIA | MESTRANDA EM ENSINO DAS ARTES VISUAIS FACULDADE DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO | UP FACULDADE DE BELAS ARTES | UP

leis de patentes, no século XIX, devido à grande incidência de plágios. A causa era muito simples: uma peça de Design era adquirida apenas uma vez, graças ao lucro indeterminado que a mesma permitia alcançar, devido à facilidade com que era possível proceder à sua cópia. O problema provinha da facilidade de reprodução mecânica dos seus projetos, gerando-se, assim, uma indústria de contrafação. Paralelamente, surgiram vários movimentos, como o Arts & Crafts e a Art Nouveau. Em 1861, William Morris, também em Inglaterra, fundava a empresa Morris, Marschall, Faulkner & Co. com o objetivo de renovar as artes aplicadas. Em paralelo, vai-se instaurando o intitulado movimento “Arts and Crafts” que ficou conhecido como um reformador social e renovador de estilos. A combinação da ideia de projeto e de produção, caraterizam este movimento de renovação das artes e dos ofícios. O mesmo, contrariava, particularmente, a produção em massa, e, por esse motivo, falhou no desenvolvimento industrial, que ocorreu na segunda metade do século XIX.

Red and Blue Chair | Gerrit Rietveld

http://www.rietveldoriginals.com/en/portfolio/cassina-red-blue-chair/

Cadeira Thonet

Um bom exemplo, desta fase inicial do Design, foi a máquina de costura da Singer. Em 1879, foram produzidos 400 000 exemplares, por ano. Nessa mesma época, nasciam, primeiro na Alemanha e depois na Áustria, as cadeiras de madeira vergada dos Irmãos Thonet. O processo patenteado em Viena, de vergar madeira em vapor quente, foi a base para o sucesso mundial. As cadeiras foram apresentadas na Feira Mundial de Londres, em 1851. Nas cadeiras Thonet manifestava-se um dos pensamentos básicos do Design, uma grande incisão na produção massificada, com uma preocupação estética reduzida. Este pensamento dominou até os anos 70. O modelo de cadeira número 14 teve, até 1930, uma produção de 50 milhões de exemplares, continuando a ser produzida até aos dias de hoje. A “Art Nouveau”, tal como era conhecida em França, o “Jugendstil” na Alemanha, o “Modern Style” em Inglaterra ou o “Sezessionstil” na Áustria, refletiu um sentido de vida artístico que se refletia nos produtos do quotidiano. A Natureza era a principal fonte de inspiração, em particular o mundo das

http://tecnicasdemarcenaria.blogspot.pt/2011/07/ envergando-madeira.html

William Morris

https://sophia.smith.edu/blog/artistsbooks/ category/william-morris-the-ideal-book/

73


H I STÓ RI A D O D E S I G N

plantas, pois os conhecimentos de botânica de muitos dos seus criadores situavam-se ao nível de cientista. Flores, caules e folhas eram os principais focos de estudo para as suas silhuetas curvilíneas. Estas possibilidades decorativas também se podiam desenvolver a partir das curvas tão caraterísticas do corpo feminino. Este movimento foi seguido por Antoni Gaudi, que defendia que “Não existem linhas retas ou esquinas na Natureza. Portanto, os edifícios não devem ter linhas retas ou esquinas.” Contudo, os notáveis avanços tecnológicos, nomeadamente o aparecimento do motor de combustão interna, do motor elétrico e dos rudimentos das telecomunicações, causaram um grande impacto social no início do século XX. O artesanato foi, nesse sentido, abalado pelo trabalho mais eficiente que a produção em massa proporcionava na época, acabando por substituir, quase na totalidade, o trabalho artesanal. Neste seguimento, em 1907, foi fundado o Deutsche Werkbund, uma Liga de Ofícios Alemã, em Munique. Tratava-se de uma associação de artistas, artesãos, industriais e publicitários

que pretendiam integrar o trabalho da arte, da indústria e do artesanato por meio da formação e do ensino, tendo sido Peter Behrens (1868-1940), Theodor Fischer (1862-1938), Hermann Muthesius (1861-1927), Bruno Paul (1874-1968), Richard Riemerschmid (1868- 957), Henry Van de Velde, entre outros, os seus primeiros representantes. Nesta escola manifestavamse duas correntes principais: a normatização industrial e a tipificação dos produtos, bem como o desenvolvimento da individualidade artística. Entre 1870 e 1914, enquanto os países europeus se industrializavam, a disputa entre eles aumentava. Todos procuravam atingir o mesmo objetivo, dominar a Europa. Este clima de instabilidade provocou uma enorme tensão. Os países industrializados disputavam os mercados consumidores mundiais e as matérias primas disponíveis. Assim, começaram a aparecer os primeiros sinais do início de uma guerra, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que deixou a europa devastada, marcando o início da transferência do centro da vanguarda criativa de Paris para Nova Iorque.

Cartaz Escola de Ulm

http://designeotempo.blogspot.pt/2010/06/escola-de-ulm-e-esdi.html

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CATARINA FONSECA

DESIGNER INDUSTRIAL PROFESSORA ESTAGIÁRIA | MESTRANDA EM ENSINO DAS ARTES VISUAIS FACULDADE DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO | UP FACULDADE DE BELAS ARTES | UP

Por volta de 1917, estreou-se a preocupação com a estética, que proporcionou a criação de uma associação formada na Holanda por pintores, arquitetos, designers e filósofos holandeses, denominada por De Stijl. Nela procuravam alcançar uma linguagem visual capaz de expressar uma nova estética através da produção industrial, utilizando diversas paletas de cores, formas e linhas exclusivamente geométricas. Os seus principais representantes eram Theo Van Doesburg (1883-1931), Piet Mondrian (1872-1944) e Gerrit Rietveld (1888-1965) que defendiam a utopia estética e social, uma produção orientada para o futuro, afastando-se, assim, dos princípios defendidos por Ruskin (1819-1900) e William Morris. Em 1925, em Paris, realizou-se a influente Exposition Internationale des Arts Décoratifis et Industriels Modernes, onde o arquiteto suíço Le Corbusier (1887-1965) projetou um dos pavilhões dessa mesma exposição. Esse pavilhão foi intitulado L’Esprit Nouveau e figurava o modelo de Modernismo com paredes brancas lisas, estrutura de betão e

de grandes extensões de vidro unificadas por uma geometria hirta; mobilado com peças despretensiosas. Assim, surgiu a Art Deco, um estilo decorativo influenciado pela arte nãoocidental, nomeadamente africana e egípcia, que não foi um movimento de Design, mas um enfoque estilístico. As suas características mais marcantes foram as asnas e refulgências executadas com cores brilhantes, o uso do bronze, marfim e ébano, os modelos e padrões abstratos de ziguezagues, as formas geométricas e ainda, a introdução de materiais diferentes, mas económicos. Mais tarde, numa era conflituosa, após o ataque do Pearl Habor (1941), os EUA entraram na Segunda Guerra Mundial e criaram restrições na industria que se voltou para o desenvolvimento bélico. O Design teve de se aliar às normas implementadas pelo governo, a favor de uma produção standardizada, anteriormente defendida por Le Courbusier (1887-1965), no movimento Deutsche Werkbund (Munique, 1907). Nesse mesmo período, em Inglaterra, vivia-se uma austeridade severa devido aos conflitos diretos com a

Escola Bauhaus

https://blog.mobly.com.br/design-2/bauhaus-o-que-e/

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Alemanha que geraram condições de racionamento, dando origem a um Design utilitário (1942). Foi Gordon Russel (18921980) o responsável por este novo tipo de pensamento de racionamento aplicado ao Design onde incluía nas peças princípios de poupança, sobre as quais o governo tinha controlo. Estas peças respondiam às necessidades, quer dos casais recém-casados que pretendiam construir um lar e formar família, quer das vítimas dos bombardeamentos que perderam todos os seus bens. Porém, com o final da Segunda Guerra Mundial, a teoria do Design voltou-se para o estudo de áreas como a ergonomia e a utilização de metodologias projetuais sistematizadas chamadas de Design Methods. Nos EUA, surgiu uma cultura de consumo voltada para o grande boom que ocorreu no pósguerra intitulada Populuxe (1946). As empresas passaram a usar inteligentes estratégias de marketing que induziam a população a gastar os seus rendimentos e esta estava disposta a fazê-lo. É neste âmbito que o Design passa a ter um papel que o alia à cultura popular e o faz distanciar

do conceito do Funcionalismo (1910). A era da Populuxe foi também definida pela sua definição por base que defende que o luxo tem de ser acessível a todos, graças aos materiais que eram utilizados nos processos de produção. Anos depois, é fundada, em 1953, a Escola Superior da Forma, Escola de Ulm, que foi considerada a mais importante iniciativa depois da Segunda Guerra Mundial. O programa regia-se pelo modelo da Bauhaus, de Dessau e influenciou a arquitetura, a arte, a teoria, a prática e o ensino do Design. Nesta época, Dieter Rams assinala uma nova forma de pensamento, “Menos Design é mais Design” que vem reforçar a teoria de Mies van der Rohe (1886–1969) de que “Less is more”. Vivia-se agora uma época onde o optimismo se sobrepunha à austeridade e ao racionamento, e se proporcionava uma enorme confiança ao utilizador. Nesse sentido, os primeiros anos do século XXI, bem como os dias de hoje, foram marcados pela ascensão da economia global e do consumismo. A revolução digital começou por

Crystal Palace

http://arqpb.blogspot.pt/2010/05/o-pavilhao-das-controversias-entre-o.html

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CATARINA FONSECA

DESIGNER INDUSTRIAL PROFESSORA ESTAGIÁRIA | MESTRANDA EM ENSINO DAS ARTES VISUAIS FACULDADE DE PSICOLOGIA E CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO | UP FACULDADE DE BELAS ARTES | UP

volta de 1980 continua na actualidade. Por exemplo, em 2013, 80% da população mundial usava telemóvel, numa população que no início do seculo XXI, era de 6.1 biliões e passados 11 anos chegou aos 7 biliões, um aumento de 78 milhões por ano. Dando seguimento às décadas anteriores, os museus continuaram a apresentar o Design industrial ao público. Muitos museus foram construídos, expandidos ou até mesmo remodelados para se dedicarem especificamente ao Design. São exemplos o Design Museum e o Victoria and Albert Museum ambos em Londres, o Musée des Arts Décoratifs em Paris, o Glass Pavilion, Museu do Vidro em Ohio, EUA desenhado por Kazuyo Sejima (nas. 1956) e Ryue Nishizawa (nas. 1966), entre outros. O público mostrava-se disponível para conhecer e experimentar objectos de Design mais económicos, tal como nos dias de hoje, em que um dos fatores mais valorizados é a relação qualidade e preço. Por esse mesmo motivo, é cada vez mais comum abrirem lojas dedicadas à venda de peças de Design na área do mobiliário,

que visam promover produtos acessíveis, atrativos, funcionais e contemporâneos e assim, o acesso do público a objectos de Design tem aumentado e tem sido também acompanhado com os progressos tecnológicos que se fazem sentir, ano após ano.

Assim, termino esta breve contextualização da História do Design, com um pensamento que de forma muito concisa poderá definir esta vertente que se reparte entre a arte e a tecnologia, que tantas vezes gera controvérsias. “O Design deve contar uma história e essa história não deve ser repetida, deve ser sempre reinventada e feita, para que se possa não só aprender com ela como também criar algo para o futuro, conhecendo bem o mercado para quem se trabalha, quais as suas aspirações e desejos, onde vivem, como vivem e ter presente uma ideia clara de como e porquê que o Design que está a ser criado melhorará a vida deles.” Peter Horbury.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Documentários Documentário, BBC The Genius of Design 3 of 5 - Blueprints For War– 2010 Documentário, BBC The Genius of Design 4 of 5 - Better Living Through Chemistry – 2010 Documentário, BBC The Genius of Design 5 of 5 - Objects Of Desire – 2010 Livros Bayley, S; Conran, T. 2007. Design, Intelligence Made Visible, Buffalo, Firefly Books. Burdek, B. 2008. História, teoria e prática do design de produtos, São Paulo, Edgard Blucher. Byars, Mel. Barré-Despond, Arlette. 100 Designs/ 100 Years, Innovative designs of the 20th century Fiell, C; Fiell, P. 2012. 1000 Chairs, Köln, Taschen. Kentgens-Craig, Margret; The Bauhaus and America, First Contact 1919-1936. Lees-Maffei, G; Houze, R. 2010. The Design History Reader, Berg, Bloomsbury Academic. Norman, Donald A. 2004. Emotional Design: Why We Love (Or Hate) Everyday Things. Basic Books Raizman, D. 2003. History of Modern Design, London, Laurence King Publishing. Artigos Adorno, Theodor. 1967. Funcionalismo Hoje. [online], disponível em: http://www.mom.arq.ufmg.br/mom/babel/textos/adorno-funcionalismo.pdf Faria, J; Figueiredo, V. B; Meirelles, J; Navalon, E. 2010. Design e arte durante os anos 60 e 80: Pop, Op, Psicodelismo, Anti-Design e Radical Design. [online], disponível em: http://blogs.anhembi.br/congressodesign/anais/artigos/69694.pdf Loos, Adolf. 1908. Crimes e Ornamentos. [online], disponível em: http://www.eesc.usp.br/babel/Loos.pdf

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HI STÓ RI A DO D E S I G N

história e linguagem

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- Segundo Pancrácio Celdrán ( na “História das Coisas” ), “das coisas importantes dizem os sábios que o coração as confia à recordação para que a memória não se perca”. Assim, da representação feita pela “minha querida “ turma do 12ºC1 (ano letivo de 2016 / 2017 ) fica-nos o respeito e a recordação, em fotografias, gravação e memória de algo colectivo que nos encheu o coração (pela coragem que estes alunos demonstraram ), iluminou a alma, tocou-nos os sentidos deixando-nos a sensação de pouco, querendo nós mais de algo que deu tanto trabalho mas mostrou o quão positivos disponíveis, responsáveis,criativos e bonitos, quer por dentro quer por fora, são estes meninos! Diz Derrich de Kerckhove: “ o Design é a pele da cultura; os objectos do dia a dia ( cadernos, livros, cartazes, candeeiros,jornais, etc. ) narram a história sócio-cultural de quem quase os esquece apesar de tão essenciais e reflectem uma interpretação autoral e um enquadramento sócio-político.” Já José Bártolo afirma (em “O Design Português” ): “o termo Design será empregue compreendendo os processos de concepção e as comparações entre aqueles diferentes domínios de aplicação que se encontram directamente ligados à cultura do projecto; o design desempenha um papel crucial na formação de memória cultural, em que um artefacto usado na vida quotidiana é determinado não apenas pelas propriedades físicas da matéria mas também pela representação de uma cultura imbuída de valores simbólicos.” Posto que o desenho sempre precedeu o fabrico ou traçado técnico, de que maneira o trabalho ( Serão Rococó - dos alunos do 12ºC1 ) se liga à concepção / espírito de Design, apesar de a finalidade ser para aplicar numa só ocasião? Foca-se fundamentalmente a produção da Moldura, do cenário, pela solução encontrada perante a necessidade de só poderem usar aquilo de que puderam dispor; isto aguçou-lhes o espírito e a criatividade! Tornou-se, assim, a moldura ( e sua feitura ) a novidade central pela forma como foi feita e resolvido o assunto com dois problemas: - gastar pouco dinheiro; - gerir só o pouco de que dispunham. Então, explicaram os alunos encarregues da criação da moldura (depois de se organizarem, aqueles intervenientes da turma, em reuniões para o efeito )o seguinte: - “Base de cartão canelado.Foi este adornado com papel higiénico e endurecido com cola branca dando o formato das formas pretendidas. Depois de seco, foi coberto com papel crepe dourado sendo este preso com fita cola na parte de trás”. Como elemento simbólico da época dos Serões Rococó do século XVIII , saliento o Leque - usados vários na representação feita pelos alunos do 12ºC1 no grande auditório da escola no dia 22 de Fevereiro de 2017, e que mereceu a assistência de elementos da comunidade educativa. Assim, expõe-se o que escreve Pancrácio Celdrán na “História das Coisas” sobre a história do Leque:


MARIA ANTÓNIA MENDONÇA

PROFESSORA HISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES EASR

Um escritor do século XVIII, Julio Janin, assombrado perante a versatilidade do leque nas mãos de uma mulher, tem a dizer: "Servem-se dele para tudo: ocultam as mãos ou escondem os dentes atrás das varetas, se estes forem feios; acariciam o peito para indicar ao observador o que têm de mais perfeito; valem-se também dele para acalmar os sobressaltos do coração e é peça imprescindível da toilette de uma dama. Com ele, inicia-se ou põe-se termo a uma história galante ou transmite-se as mensagens que não admirem alcoviteiro". À sombra de um leque fazia-se confidências ou animava-se um galanteador tímido. Tinha uma linguagem própria. Assim, apoiar os lábios nos seus bordos significava desconfiança; passar o dedo indicador pelas varetas equivalia a dizer "temos de falar", abanar-se devagar significava indiferença; e usá-lo para tirar os cabelos da fronte traduzia-se por uma súplica: «não me esqueças». Uma senhora que se prezasse não levava duas vezes o mesmo leque a uma festa. Ao morrer, a rainha Isabel de Farnesio deixou uma colecção de mais de 1600. Mas a história do leque é tão longa como a da Humanidade. Na China, utilizavam-no tanto o homem como a mulher. Naquela civilização refinada, usa o estojo do leque na mão denotava autoridade. Nas visitas, levavam-no e cos-tumavam escrever nele ideias e pensamentos. E os Japoneses serviam-se dele para cumprimentarem e para colocarem sobre os leques os presentes que ofereciam às suas amizades. Não havia melhor prémio para um aluno disciplinado, nem se podia ir sem ele a bailes ou espectáculos. A mulher oriental sentia-se despida sem a ajuda do seu leque. Mesmos os condenados à morte recebiam um, no momento de saírem para o pacíbulo. Na Grécia clássica, as sacerdotisas preservavam os alimentos sagrados agi-tando sobre eles grandes leques de penas, penachos ou flabelos, costume ritual que foi, posteriormente, adaptado pelos Romanos, por sua vez imitados tam-bém pela liturgia cristã. O imperador Augusto tinha escravos que, armados de grandes leques, o precediam para atenuarem o calor ou espantarem as moscas. Também as matronas romanas mantinham entre os seus escravos uma série de eunucos encarregados de as abanar, no giniceu. Este ofício já existia em Atenas, segundo Eurípides mostra na sua tragédia Helena. Na Europa medieval, houve leques de penas de faisão e pavão real com cabos de ouro adornado, de uso habitual nos círculos da Corte. E, no século XV, os Portugueses introduziram o leque dobrável, procedente da China. Mas o uso do leque não foi exclusivo das civilizações chinesas e ociden-tais. Quando Hernán Cortés chegou ao México, nos princípios do século XVI, Moctezuma obsequiou-o com seis leques de penas com varetas ricamente or-nadas; e os Incas do Peru apreciavam-nos ramo que os ofereciam aos seus deuses.

Foi-lhe dispensado um bom acolhimento durante o Renascimento e, nos séculos XVI e XVII, o seu uso era normal. Isabel I de Inglaterra dizia às suas damas: «Uma rainha só pode aceitar um presente: um leque,); e garantia que qualquer outro obséquio era indigno. A chamada RainhaVirgem - porque não se casou -usava o seu leque pendurado à altura da cintura, preso por uma cor-rente de ouro. E, um século depois, Catarina de Médicis e Luís XIV de França eram grandes utilizadores e defensores deste objecto, dizendo: "Não se pode servir o amor sem a sua ajuda e o seu concurso." Tanto assim era que a rainha Luísa da Suécia instituiu, em 1774, a Real Ordem do Leque, que concedia às suas mais elegantes amigas. O século XVIII assinalou a sua consagração e o seu triunfo. A célebre cortesã Ninon de Lenclos mandava pintar os seus leques das mais engenhosas maneiras. A marquesa de Pompadour deu o seu nome a uma série de leques de varetas pintadas; e a rainha Maria Antonieta oferecia-os às suas amigas mais íntimas. Por isso, talvez, a Revolução Francesa quis ignorá-lo como um resto decadente de um passado deplorável - segundo os seus assassinos e guilhotinadores, espécie de progressistas do século XVIII. Mas estava tão enraizado que foi necessário procurar um uso revolucionário para ele: fabricaram leques que, ao dobraremse, adopravam a forma de uma espingarda, cujo motivo decorativo era a divisa tricolor. Entretanto, na Europa, fabricava-se leques para todos os usos imaginá-rios: para o luto, os casamentos; leques de bolso, de salão, de casa, de jardim ... e até os famosos leques de cheiro, impregnados de perfumes raríssimos, que, quando uma pessoa se abanava, soltavam a sua fragrância e serviam para os longos passeios de Verão. Em Veneza já existiam e a Espanha tinham chegado, durante o século XIX, os leques, as máscaras para assistir ao Carnaval e aos bailes de máscaras. Inven-tou-se então também os leques de espelhinhos, que permitiam observar os outros sem se ser observado. O seu uso decaiu. Mas não porque os moralistas dissessem dele que eram «alcoviteiros do recato, com os quais se cometem desacatos aos bons coscumes.”. Simplesmente deixou de ser um objecto da moda, pelo menos entre nós. in “História das Coisas” de Pancracio Celdran, Editorial Notícias, 2000 (pp. 173-175)

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ROCOCÓ teatro

Como alunos do 12ºC1 do curso de Design de Produto da Escola Artística de Soares dos Reis foi-nos proposta, na discipina de História da Cultura e das Artes, a apresntação de um trabalho de pesquisa com o tema "Rococó". Já que teríamos todos o mesmo tema optamos por fazer apenas uma apresentação que incluísse toda a informação indespensável sobre este tema.

ROCOCÓ O Rococó foi um movimento artístico europeu, que apareceu primeiramente na França, entre o Barroco e o Neoclassicismo. Surge a partir do momento em que o Barroco se liberta da temática religiosa e começa a incidir-se na arquitetura de palácios civis. Literalmente, o Rococó é o Barroco levado ao exagero. A expressão "época das Luzes" é, talves, a que mais frequentemente se associa ao século XVIII. Século de paz relativa na Europa, marcado pela Revolução Americana em 1776 e pela Revolução Francesa em 1789. No âmbito da hitória das formas e expressões artísticas, o Século das Luzes começou ainda sob o signo do Barroco. Quando terminou, a gramática estilística do Neoclassicismo dominava a criação dos artistas. Entre ambos, existiu o Rococó. O Rococó é também conhecido como o "estilo da luz" devido aos seus edifícios com amplas aberturas e sua relação com o século XVIII.

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CARACTERÍSTICAS GERAIS - Natureza decorativa e ornamental;

- Cores claras (suaves); - Tons pastéis e douramento; - Estilo colorido e galante; - Linhas curvas, delicadas e fluídas; - Inspiração fantasista e mundana; - Representação da vida profana da aristocracia; - Representação de Alegorias; - Leveza, elegância, alegria, graça, fragilidade, carácter intimista, bizarro, exuberante.

MÚSICA

O estilo da música utilizada no rococó é de díficil definição. É caracterizado por sarabandas, gigas, minuetos e outras galanteries. Favorecida pelo ambiente da corte de Luís XV, o seu ideal é a expressão artística da graça, frivolidade e elegância. O resultado, cuja artificialidade foi criticada posteriormente, captava as atitudes hedonistas e discretamente sentimentais da época.


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MODA

Na indumentária masculina, a peruca teve grande importância até à revolução francesa. Havia vários tipos delas, entre as quais as dos soldados, leve e presa com laços na nuca. Ao longo do século, esse adorno foi reduzido até ficar limitado a alguns encaracolados do lado do rosto e a uma trança. Com Luís XV, os trajes femininos tornanram-se mais soltos e vaporosos; os vestidos tinham pregas nas costas e caiam até ao chão. O Merinaque foi utilizado para dar volume ao traje feminino, cuja forma variava consideravelmente. Os componentes básicos eram os corpetes e as saias, ricamente decoradas. O corpete podia também ser aberto, mostrando uma peça de tecido bordada, com laços e rendas. As mangas chegavam até o cotovelo. Sedas e brocados com grandes motivos florais foram usados na indumentária dos dois sexos, artificialismo encontrado para dar vazão ao gosto da época pela natureza, pois era difícil caminhar fora dos salões com saias tão longas e sapatos de cetim de saltos altos.

DECORAÇÃO

A decoração de interiores e mobiliários desenvolve-se durante o reinado de Luís XV, entre aproximadamente 1730 e 1760. As linhas fluídas e graciosas destacam-se, tal como o seu repertório de motivos ornamentais e uma maior rigidez e austeridade. É considerado um dos estilos estéticos franceses de maior impacto, sendo, por isso dos mais diversos revivalismos ao longo do tempo. De um modo geral, a estética vai estar ao serviço da mentalidade da época, da busca dos prazeres do quotidiano e intimamente ligado à figura feminina.

POVO

No século XVIII a sociedade era tripartida. O grupo social com menos poder era, obviamente, o povo. Que vivia para servir os nobres e garantir que todos os seus caprichos eram realizados. Até aqui a sua existência era escondida mas o crescimento das artes menores o seu trabalho começou a ser representado nas miniaturas em cerâmica e em telas.

CULINÁRIA

A culinária foi, no século XVIII considerada uma arte menor. A pastelaria ganhou muita visibilidade devido a Vatel um pasteleiro criativo e inovador. Nesta época surgiram os cupcakes e o chantilly.

DESCRIÇÃO DA PEÇA

No palco estão a decorrer três cenas. A atenção do espectador vai ser dirigida para cada uma em determinados momentos. Na primeira cena encontram-se três personagens Maria (Rita Lapin), Mariana (Marta Damas), José (João Cerejo) que começam a apreciar o casal que se encontra sentado no sofá. Podemos notar a existência de intenções galantes entre as personagens. Na segunda cena, o recém casal Maria (Inês Pereira) e Pedro (Ricardo Saraiva) conversa sobre as ideias liberais que surgem na altura com os livros de J.J.Rousseau. Há a interferência da empregada (Catarina Vieira) para mostrar que não passavam de ideias. Na terceira cena existem três mulheres (Diana Cerqueira, Carolina Santos e Jéssica Pinto) a ouvir uma exibição musical (Leonardo Reis) que dá aso a uma conversa sobre a música e músicos da época. José (João Cerejo), personagem da primeira cena, interrompe a conversa para felicitar o músico e entre eles surge uma tenção sexual, isto, com a intenção de mostrar que a homossexualidade começaca a aparecer subtilmente.

Bom Espetáculo!

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primeira cena

Existem 3 personagens de pé no canto esquerdo da sala,

Maria (com um tom conclusivo): - Querendo ou não (baixando

Maria da Áustria, Mariana Vitória e D. José.

o tom de voz) já estão à muito prometidos (risadas)

Maria: Rita Lapin

José: D.isabel ia ficar feliz por ver seu filho assim…

Mariana: Marta Damas José: João Cerejo.

Maria: a sua memoria está presente nesta sala.

Narrador: Inês Filipa Pereira Renata: fantasma da família

Mariana: Antoine Watteau fez um bom trabalho.

Maria (enquanto olha para o casal que se encontra no sofá ao

(pausa de um minuto enquanto continuam a olhar para o

centro da sala): - Pode até Pedro não se aperceber mas vejo

casal)

que realmente se apaixonou por ela. José (para mariana com um tom de voz mais baixo e um José (com um tom de voz indignado): - Não pensei que

olhar fixo nela): - A mulher é um ser estupendo… (breve

acontecesse, todos sabemos a fama dele…(breve pausa)

pausa, toca-lhe no ombro) Sabe sempre como conquistar um

Mas vamos ver o que ocorre nos próximos três dias senhoritas

homem…

(sorri olhando para elas). Mariana (afastando se, dá uns passos à frente enquanto fala Mariana (colocando o leque à frente da boca): - Era bom para

lentamente): - Eu sempre soube que nasci para dominar o

ele… (breve pausa) ela é de boas famílias.

seu sexo e vingar o meu! (pára de andar e olha para José enquanto aponta discretamente para o casal com o leque) Ela

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José (quase interrompendo Mariana com um tom de voz mais

deve com certeza ser da mesma opinião, mas como disse,

alto): - E belíssima!

teremos 3 dias para o comprovar.


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José (enquanto s senta na cadeira mais próxima): - Eu mesmo

Narrador: - Nesta cena podemos ver que os casamentos eram

vou dispor de um quarto aqui em Queluz para assistir a

muitas vezes combinados pelos pais como pagamentos,

primeira fila. O grande inconveniente é que é virado a norte e

agradecimentos ou pelo fator financeiro, mas ainda assim há

nunca me vou habituar a que o sol invada o meu espaço pela

um peso enorme na relação entre a beleza estética e o amor.

manhã…

Para os homens desta época, a sua mulher/ futura esposa ser elogiada e cobiçada por outros era um orgulho, pois

Maria (senta-se rapidamente junto a José e fala enquanto o

quer dizer que esta é bonita, então elogiar as mulher não era

olha nos olhos): - Nesse caso pode acompanhar-me num chá

inadequado mas sim uma forma de valorizar a sua beleza.

nos meus aposentos, visto que está melhor posicionado…

Mariana faz um comentário inteligente sobre a força dos sexos, pode ter passado despercebido mas é muito importante

Mariana interrompe Maria e faz um som com a garganta

pois mostra que a mulher podia dizer o que quisesse, podia elogiara-se a si e às do seu sexo e era valorizada por isso

Maria (enquanto caminha para a mesa dos doces): - Vamos

mesmo.

provar um capcake (pega num e dá uma trinca e faz um

A desinibição para com a demonstração de interesse nas

sorriso) mmmmmmm tem sabor de anjo!!! São de um tal Vatel.

relações interpessoais foi uma das características mais marcantes do rococó.

José (enquanto pega num capcake): - Quem é esse Vatel?

As artes menores também caracterizaram o rococó, a culinária era uma delas, Vatel foi um dos pasteleiros mais famosos da

Mariana: - Ninguém, vem lá dos bairros pobres de Paris.

época. Chamo à atenção para a criação dos capcakes e do chantilly.

(A cena pára, o narrador aproxima-se da cena que acaba de ocorrer)

(O narrador volta para o seu lugar como personagem e a segunda cena começa)

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segunda cena

Existem 2 personagens sentadas num sofá no centro da

homem recebeu da natureza o direito de comandar os outros.

sala Pedro e Maria, são noivos, Pedro é mais calado e Maria

A liberdade é um presente do céu, e cada individuo da

abusadora do poder mas ao mesmo tempo apoiante da

mesma espécie tem o direito de usufruir dela logo que saiba

filosofia.

usar a razão. Se a natureza estabeleceu alguma autoridade, é a do poder paterno, mas este poder tem os seus limites

Maria: Inês Filipa Pereira

e, no estado da natureza, ele terminaria logo que os filhos e

Pedro: Ricardo

filhas tivessem condições de se conduzir…O povo é muito

Empregada: Catarina Vieira

capaz para escolher aqueles a quem deve confiar parte da

Narrador: Diana Cerqueira

sua autoridade…”

Pedro (Enquanto a olha nos olhos e agarra a sua mão):

Pedro (interrompe Maria): -Enciclopedy é sem dúvida uma

-Deixe-me dizer-lhe que tenho uma péssima reputação.

obra interessante cheia de teorias!

Maria (olhando-o nos olhos): -Sim, já me avisaram sobre o

Maria: - Teorias acertadas, se fizer um esforço para perceber

senhor! (sorri)

explicarei o que penso sobre o que acaba de ouvir… Somos todos iguais nascemos da mesma maneira temos os mesmos

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Pedro: -Não me parece que isso afetará o futuro.

direitos, é fascinante pensar na vida desta forma.

Maria (Lê excerto de um livro que tem na mão): “Nenhum

Pedro: - Tem toda a razão senhorita!


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Maria (olha para a empregada): - Uma taça de vinho (estala

Narrador: - Podemos reparar que Pedro e Maria estão já

os dedos)

prometidos, e nesta cena estão a conhecer-se. Pedro é muito sincero sobre sua reputação porque, mesmo que nesta época

(a empregada aproxima-se com um copo e entrega-o

as aparecias sejam muito importantes as pessoas eram muito

olhando-a nos olhos)

mais livres de seguir o seu instinto e de agradar aos seus prazeres sem serem julgados por isso.

Empregada (olha para o livro): posso perguntar o autor minha

Nesta época a cultura era muito valorizada, então todos

senhora?

se interessavam sobre os filósofos mais falados, Maria lê um excerto de Jean Jaques Rousseau sobre a liberdade

Maria (levanta-se e com um tom de voz alto diz irritada):

e igualdade, está sem se aperceber a descordar com a

-Como se atreve a olhar para mim e falar assim, ponha-se no

sociedade tripartida. Mas logo depois assistimos a uma

seu lugar imediatamente!

discussão, ou melhor, um abuso de poder perante a empregada.

(empregada ai em passo acelerado para o seu lugar inicial)

O povo assistia a tudo isto e tinha acesso a todas as teorias de igualdade, isto suscitou as ideias liberais.

Maria (volta a centrar-se e diz a Pedro): -Hoje em dia é difícil

Uma característica física interessante das senhoritas são os

arranjar boas criadas e boas governantas!

maravilhosos cabelos e maquiagem arrojada. A perfeição era, mais do que nunca, uma meta a atingir, então as mulheres

(A cena pára, o narrador aproxima-se da cena que acaba de

usavam o rosto como se fosse uma tela, primeiramente

ocorrer)

pintada em branco escondendo assim os defeitos e depois pintada ao mais ínfimo pormenor.

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H I STÓ RI A D A C U LT U R A E D AS ART ES T EATRO RO C O C Ó

terceira cena

Existem 2 senhoras de pé a aprecias umas esculturas, um

Augusta: -a boa musica sempre foi igualmente atrativa não sei

senhor começa a tocar uma musica e as duas encantam-se.

se o senhor será da mesma opinião.

Augusta: Inês Massena

Manuel: -com certeza! Poderia não ser? Sendo eu musico…

Teresa: Diana Cerqueira

José (a falar para Manuel): -vim felicita-lo! Pedro claramente

Manuel: Daniel

foi exigente na escolha!

José: João Cerejo Narrador: Jéssica Pinto

Manuel: - é um amante da música ou só gentil?

Augusta (enquanto olha para o homem a tocar no canto da

José: -A minha esposa adorava música e acabei por

sala): -Temos artista.

desenvolver o sentido critico.

Teresa: -veio de Paris convidado por Pedro como inauguração

Manuel (aproxima-se mais de José e num tom mais baixo

ao seu novo salão de Queluz, mas francamente nada

exclama tocando-lhe no ombro): - fale mais sobre o senhor!

comparado a António Vivaldi. (A cena pára, o narrador aproxima-se da cena que acaba de Manuel (aproximando-se das mulheres): -Ouvi o nome Vivaldi? A delicadeza Italiana sempre chamou a atenção das mulheres.

86

ocorrer)


ALUNOS DA TURMA 12ºC1

ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS | 2016_17 HISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES

Narrador: - Nesta cena podemos reparar, com Manuel e José

para fazer a forma da silhueta, na parte de cima uma blusa e

que as tendências homossexuais já não eram tão escondidas,

um corpete. Um elemento importante era a capa que tinham

porem discretas.

pelas costas isto permitia ás mulheres serem apreciadas e

A arte da musica foi também muito desenvolvida, os donos de

cobiçadas apenas para quem estivesse de frente e assim

palácios convidavam músicos para animar as suas tertúlias.

estas podiam identificar o individuo

Temos uma referência a António Vivaldi, a sua musica era caracterizada pelo conhecimento técnico excecional e um

Renata Fantasma (aproxima-se do centro do palco): e

compositor que queria ser conhecido como um teórico da

terminou o espetáculo obrigada!

arte. Como podemos presenciar nesta apresentação, o rococó

Inês Pereira (gritando): UM FANTASMA

caracterizava-se pela busca do prazer pessoal, o qual incluiu

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

também a indumentária, que nessa época foi elevada à categoria de arte. Para as mulheres da época o essencial da

E saem todos aos gritos!

moda do rococó residia na elegância no adornos e ate em elementos extravagantes, mas também incorporou o conceito de Jean Jacques Rousseau do “retorno à natureza” com elementos coloridos e florais não desfazendo dos tons pastel. Resumindo o vestuário feminino apresentava uma saia e uma segunda saia e formato triangular que contia uma armação

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H I STÓ RI A D A C U LT U R A E D AS ART ES T EATRO RO C O C Ó

antes...

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ALUNOS DA TURMA 12ºC1

ESCOLA ARTÍSTICA DE SOARES DOS REIS | 2016_17 HISTÓRIA DA CULTURA E DAS ARTES

...depois

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TEC NO LO G IA S

POLÍMEROS Este artigo pretende dar a conhecer melhor os polímeros - matérias variadas que nos rodeiam e que são passíveis de ser confundidas, tal é a sua variedade e abrangência. Os Polímeros são vulgarmente conhecido por plásticos, contudo não só os incluem, como são bem mais do que os “plásticos”.

_Então afinal o que são os polímeros??? Os polímeros são matérias cuja composição é baseada em longas cadeias de moléculas. Do Grego Poli - muitos e meros - parte, segmento. São portanto, matérias compostas por macro-moléculas. Os polímeros englobam os plásticos, as resinas e as borrachas, mas não só. Podem ser de origem natural ou sintética. O nosso corpo, por exemplo, é composto por polímeros naturais como o ADN. Outros exemplos de polímeros de polímeros naturais são a o amido, a celulose, a seda, entre outros. Os exemplos mais conhecidos dos polímeros sintéticos são o nylon, a baquelite, o polietileno e o PVC.

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SOFIA CARVALHO

PROFESSORA PROJETO E TECNOLOGIAS EASR

Desde tempos idos que a humanidade utilizou polimeros naturais como a lã, a seda, a celulose para a manufatura de objetos variados. Desde então que existe o sonho de criar artificialmente materiais sintéticos, que substituam os naturais, desempenhando melhor as mesmas funções ou até mesmo exponenciá-las. Apenas no século XIX, em 1866, surge o termo polímero, pelo químico francês Marcelin Berthelot. Surgem nessa altura os primeiros polímeros sintéticos, produzidos por modificação e manipulação dos polímeros naturais, veja-se o exemplo de Charles Goodyear, descobriu que ao aquecer a borracha natural até certo ponto, esta tornava-se mais resistente, processo fica conhecido por vulcanização. Outro polímero natural famoso na história, é a celulose. Foi graças à descoberta acidental do nitrato de celulose, sintetizado por Christian Friedrich baseando-se nesta matéria natural, que permitiu a John W. Hyatt sintetizar o celuloidecrucial para o desenvolvimento da fotografia e do cinema, pois é a base da película fotográfica. Contudo este material tão promissor foi abandonado por ser altamente inflamável, inclusivamente debaixo de água. Só em 1907 é que se desenvolveu o primeiro polímero totalmente sintético, a baquelite, cujo nome deriva do nome do seu criador, o químico Leo Hendrik Baikeland. Este material é altamente duradouro, sendo fácil de produzir e com baixo custo, revolucionando a indústria e o design de produto. Outros polímeros criados nessa época são o poliestireno em 1911 e o PVC em 1912. Até então, apenas se pensava nas aplicações industriais destes materiais. Na década dos

Indian Ocean Gyre, 2015 | http://www.studioswine.com

anos 20 do século passado, a ciência começa a estudar a composição em cadeia dos polímeros, o que permitiu o desenvolvimento de novos polímeros tais como os poliesteres, as poliamidas e o neopreno, nomes comerciais das polimeros criados pela empresa Dupont. Um outro motor de desenvolvimento foi a privação de matérias primas devido à segunda guerra mundial. Ao serem cortados os fornecimentos de borracha natural vinda da Ásia para os Estados Unidos, estes criaram grupos de investigação para criar borracha sintética. Na segunda metade do século XX surgem novos polimeros, assim como diversos métodos de produção em massa, e consequentemente novas aplicações. Nos anos 70 do século passado os plásticos assumem lugares técnicos e estruturais até então ocupados por outras matérias, substituindo madeira e metal. Até ao fim do século XX a generalidade das indústrias utiliza os polímeros numa escala nunca antes vista. Isto leva ao surgimento de uma nova consciência suscitada pela observação do ciclo de vida dos objetos e da resistência à decomposição destes materiais. Atualmente, devido à generalizada preocupação ambiental, o design não só se preocupa com o ciclo de vida do objeto, como pensa na reciclagem e na reutilização das matérias primas, num esforço de redução. Esta preocupação fez surgir grupos e equipas de designer que focam o seu trabalho na criação de objetos e produtos feitos a partir de materiais plásticos provenientes de ecopontos, lixeiras e de plásticos que de alguma forma foram parar ao meio ambiente, sendo muito poluentes e agressivos à biodiversidade.

Hair Glasses

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TEC NO LO G IA S

[continuação]

POLÍMEROS O design studio Swine, um grupo interdisciplinar que explora temas da identidade regional e o futuro dos recursos no contexto da globalização, enveredou pela investigação de materiais e desenvolveu trabalhos com forte preocupação ambiental nunca se desligando da componente estética e funcional dos objetos. Destacam-se entre outros os objetos compostos por plásticos resgatados do mar, ou armações de óculos em resina natural reforçados com cabelo humano. O studio swine demonstra nos filmes que produz acerca dos objetos que é possível conjugar o design, a estética, a funcionalidade e a ecologia mostrando processos de produção e fabricação não prejudiciais para o ambiente e facilitadores da renovação do ambiente, usando materiais considerados lixo, como redes de pesca ou outros plásticos à deriva no oceano e energias renováveis para a sua produção, como a luz solar que é usada para fundir os plásticos. Nesta linha de pensamento, a G-Star RAW e o músico Pharrell Wiliams tem vindo a criar linhas de roupa, produzida através de plástico proveniente dos oceanos. Associaram-se à empresa fornecedora de tecidos Bionic Yarn para produzir tecidos de ganga, imagem de marca da G-Star RAW, mas foram mais além ao criar todas as peças, incluido t-shirts,

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casacos, chapéus, etc, todos com esta matéria- prima proveniente do mar. A Bionic Yarn veio tentar preencher o hiato que existe na produção ecológica de fios texteis de alta qualidade, provenientes de materiais reciclados, resgatados do oceano. Este grupo pretende sensibilizar o consumidor para esta questão particular do lixo oceânico, de que tanto se tem vindo a falar e da qual depende o nosso futuro. O grupo de debate Parley for the Oceans, liderado pelo designer Cyrill Gutsch, colabora com marcas e entidades como a G-Star RAW, o governo das ilhas Maldivas e a marca de desporto Adidas, para criação de produtos que reusem plástico reciclado proveniente do mar e de outras fontes recicláveis. Um dos exemplos destas parcerias é o modelo de sapatilhas Adidas X Parley. Alexander Taylor, o designer da Adidas envolvido neste projecto, refere que este projeto quebrou nele hábitos enraízados, fazendo sentir a necessidade do designer se transformar num agente da mudança, de ter espírito empreendedor, procurando colaborações de modo a alcançar soluções surpreendentes que ultrapassem e ofereçam verdadeiras opções aos métodos atuais.

Sea Chair https://www.dezeen.com/2016/06/08/cyrill-gutsch-interview-parley-for-the-oceans-founder-ocean-plastic/

Pharrell Williams & G-Star RAW for oceans


SOFIA CARVALHO

PROFESSORA PROJETO E TECNOLOGIAS EASR

https://davehakkens.nl/preciousplastic/the-story-behindprecious-plastic/

Um projeto que está a ter algum impacto na sociedade, ainda que em pequena escala, é o “Precious Plastics” criado pelo designer Dave Hakkens. O foco é a reciclagem dos plásticos. Este designer ficou chocado com a produção anual de plásticos a nível mundial face à quantidade que é reciclada. Com esta constatação decidiu agir em proteção do meio ambiente, criando um projecto de cariz pedagógico opensource, fornecendo informação para a criação de máquinas de reciclagem de plástico e produção de objetos. Nos seus vídeos e web site mostra como obter plásticos para matériaprima de forma gratuita, ou pormenores como aprender a separar e identificar os ditos plásticos. Pelo meio ensina a produzir alguns objectos e deste modo estimula a criação de uma comunidade virtual onde todos partilham esta informação, onde são sugeridas modificações e melhoramentos tanto nas máquinas como nos objetos a produzir. Todos sabemos que sozinhos não conseguimos combater a poluição produzida por uma matéria que tanto usamos e necesitamos. Não podemos justificar desta forma a nossa impotência, passando a batata quente para as grandes companhias e empresas de reciclagem, mas devemos ter um papel ativo como designers e criativos.

Bionic Yarn. Novelo de fio reciclado e flocos de garrafas

No momento em que lemos este artigo existem trabalhos a ser desenvolvidos com biopolímeros para atenuar o impacto causado pela produção de polímeros sintéticos na natureza e nos humanos. Cabe-nos enquanto comunidade escolar esclarecer, sensibilizar e desenvolver ideias e produtos que acompanhem as tendências contemporâneas do design, especialmente o ecodesign. Sendo a Escola Artística Soares dos Reis uma escola com tantas valências a nível tecnológico deveria incorporar ideias como a da Precious Plastics, passando a assumir um papel mais ativo face ao meio ambiente e ao futuro, formando os alunos e consciencializando-os para estas questões, completando o ciclo da vida ao reciclar por exemplo, as garrafas de água e outros plásticos consumidos na escola. Verificar-se-ia que haveria ganhos a curto prazo, nomeadamente de cariz económico, pois a matéria prima está disponível e o custo de reciclagem é pequeno comparado com a aquisição de matérias similares. Dessa forma reduziríamos a pegada ecológica da comunidade, retirando da matéria a carga negativa do passado transformando-a em objetos do futuro. Olhando para este assunto de modo cronológico verificamos que a nossa Escola tem o seu surgimento pouco após o dos plásticos.

Adidas X Parley. http://www.parley.tv/#fortheoceans

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PR O J E TO

MÓDULO DESIGN DE PRODUTO | 10ºANO _ EASR

ano

Design de Produto [ módulo ] Este número do DINÂMICAS dedicado à retroação alerta-nos para a importância de revisitar o trabalho realizado em anos anteriores como o processo de iniciação a um exercício de reflexão mais profundo. Os trabalhos aqui mostrados foram desenvolvidos no módulo de Design de Produto, do 10º ano comum do ensino artístico especializado. Este 10º ano intitula-se “comum” porque no decurso do ano letivo, na disciplina de Projeto e Tecnologias, os alunos experimentam de uma forma modular os quatro cursos de oferta da Escola: Produção Artística; Comunicação Audiovisual; Design de Comunicação e Design de Produto. Os módulos têm a duração aproximada de 8 semanas, durante as quais os alunos desenvolvem uma proposta de trabalho que pretende abordar os conteúdos essenciais de cada área. O módulo de Design de Produto centra-se na aplicação da metodologia projetual para a resolução de um problema funcional. Centrado nesta premissa, o aluno deve perceber as fases de desenvolvimento de um projeto, experimentar diferentes modos e sistemas de representação, compreender a sua importância para a comunicação de ideias, e, por fim, materializar esse projecto, recorrendo às tecnologias de Madeiras e Cerâmica. Os objetos aqui apresentados respondem à função genérica de contentor. Ao longo dos anos, esta tem sido a proposta lançada aos alunos e que tem sido concretizada de várias formas, resultando em contentores para material riscador, luz, sabores, e outros que mantêm a sua função mais aberta.

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ALUNOS 10ยบ ANO

PROJETO E TECNOLOGIAS | Mร DULO DESIGN DE PRODUTO


PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11ºANO _ EASR | 2015_16

Os objetos ou materiais sem valor comercial na nossa sociedade. Os limites da sua funcionalidade e reaproveitamento. Dentro da problemática do “ecodesign” e “design sustentável”, e da consciência do carácter finito dos recursos naturais e da capacidade limitada do mundo para absorver as transformações impostas

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pelo Homem, há naturalmente a necessidade de refletir e realizar explorações na área da reutilização dos objetos e materiais sem valor comercial na nossa sociedade. Trata-se do tema denominado “Usa e re-usa” em que se abordam os limites da funcionalidade e reaproveitamento desses recursos, no fim da sua “vida útil”.


CAROLINA SANTOS

Alumieco O Alumieco é um projeto que consite na junção de duas peças principais, reutilizadas que encaixam perfeitamente

- uma base de candeeiro e um franco de ambientador. A

característica principal deste objeto é a sua simplicidade. É uma lamparina que encaixa sobre uma base de madeira que está suspensa através de cordões. O corpo principal do

produto tem cento e quarenta e sete milímetros de altura e o seu diametro maior é de cento e vinte milímetros e pertence

à base do candeeiro. Pode-se dizer que é um objeto de revolução, outro aspeto importante a reter neste objeto é a sua

segurança. Inicialmente a base só tinha dois furos, mas para um maior equilíbrio e estabilidade fizeram se quatro, de modo a que o frasco permanece em perfeito equilibrio, os cordões têm um acabamento anti fogo, tornando-se incombustíveis.

Por fim foi criada uma tampa, através da recuperação de peças desperdiçadas noutros trabalhos...

Em suma, considero que é um objeto bem conseguido que respeita todas regras impostas na proposta de trabalho.

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11ºANO _ EASR | 2015_16

usa e reusa

[fruteira] O objeto que eu trouxe para realizar o módulo do usa e re-usa foi uma prateleira criada pela minha Mãe, quando andava no Secundário.

Era bastante importante para mim, criar um objeto útil

e único, visto que derivou de um trabalho realizado por alguém que tinha a mesma idade que eu.

Esta prateleira era de madeira com cerca de 21 cm de largura , 23 de comprimento e 11 cm de altura. Depois de analisar a peça, comecei a pensar no que poderia fazer para a tornar num objeto único. Resolvi acrescentar ás bordas de cada uma das prateleiras estampagens produzidas em joalharia que, mais tarde, seriam recortadas, soladas e encaixadas na madeira. Para finalizar o objeto, decidi criar uma chapa de metal que acompanha a curva da madeira e sai das suas extremidades cerca de 1 cm.

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CATARINA VIEIRA

[suporte para espelhos] O objeto que eu trouxe para realizar o módulo do usa e re-usa era um pequeno banco. Este banco em madeira tinha cerca de 23 cm de comprimento, 16 cm de largura e 13 de altura. As pernas deste banco eram duas tábuas em madeira em forma e ‘V’ até quase ao meio da peça. Achei que esta característica poderia ser o ponto de partida para o desenvolvimento do meu trabalho. O processo de desenvolvimento da ideia foi longo até que cheguei à ideia final, a de transformar o banco num suporte de espelho. Para que resultasse, tive que separar toda a estrutura do banco. As peças que acabei por usar, foram as pernas do banco, que serviram de suporte ao espelho. Para o espelho ficar seguro, foi prolongado o ‘V’ nas peças de madeira. Esse corte tem exatamente a largura do espelho.

usa e reusa

Suporte para espelhos Materiais e Elementos: Madeira; Tubos de metal; placa de acrílico espelhado. 99


PRO J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11ºANO _ EASR | 2015_16

"Vinte e cinco por cento da população mundial estimada em seis biliões de pessoas, é responsável por oitenta por cento do uso de produtos químicos. Por volta de 2050 deverão viver no planeta vinte biliões de pessoas , o que representa dez vezes mais do que a população existente no início do século XX. Os cientistas estimam que, até esta data, as atividades h umanas são responsáveis pelo aumento das temperaturas da atmosfera entre 1,5 e 6 graus. O aquecimento global a uma escala nunca vista derreteu calotes de gelo, com a consequente elevação do nível das águas do mar até 60 centímetros. O mundo não é equitativo. Um consumidor típico das regiões ricas do “norte” desenvolvido consome entre dez e vinte vezes mais recursos do que um típico consumidor das regiões em vias de desenvolvimento do “sul”." Alastair Fuad-Luc, The eco-design handbook, no 4. A proposta baseou-se nos limites da funcionalidade de objetos banais, já sem vida, e no seu reaproveitamento, a sua reutilização. Assim, foi-nos proposta a recolha de objetos utilitários em fim de vida e na sua análise de forma a permitir a possível produção de novos artefactos para servir novos usos.

Objetivos da proposta

Adquirir consciência de que os recursos naturais são finitos. Familiarizar-se com a noção de impacto ambiental e as suas implicações. Despertar para a consciência social do design. Entender a problemática da sustentabilidade no espaço urbano e nos artefactos do dia a dia. Compreender a importância dos novos caminhos para o desenvolvimento e povoamento humano.

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ECODESIGN E DESIGN


FRANCISCA ANDRADE

USA E REUSA

N SUSTENTÁVEL

UTENSÍLIOS DE COZINHA

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11ºANO _ EASR | 2015.16

com suporte para documentos ECO DESIGN E DESIGN SUSTENTÁVEL O projeto parte da recolha de objetos utilitários em fim de vida e

com eles, produzir novos objetos que servissem para novos usos, isto é, atribuir-lhes uma nova função e dar-lhes uma “nova vida”. Este conjunto foi criado a partir de um prato de cerâmica e de um suporte para objetos de casa de banho. Tem como principal função a colocação de documentação e/ ou correspondência, chaves, clipes, moedas, entre outros

pertences/objetos do dia-a-dia. Também pode possuir uma função decorativa. Esta ideia surgiu pelo facto de a maior parte das pessoas não possuírem um local onde possam deixar os tais pequenos pertences do dia-a-dia e a sua

correspondência, deixando-os espalhados pela casa ou no aparador que se encontre à entrada de casa.

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MARISA ALVES

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11ºANO _ EASR | 2015.16

LINO SABATTINI Neste módulo “ Mercado de rua ao sábado de manhã” foi-nos atribuído aleatoriamente um “conjunto de chá” de um designer conhecido. No meu caso saiu-me o conjunto “Como” do designer italiano Lino Sabattini. O objetivo era partir das peças do designer para criarmos uma chávena de café e uma bomboneira. Devíamos , inicialmente, apresentar três opções para cada solução que posteriormente seriam reduzidas a uma. Lino Sabattini nasceu a 23 de Setembro de 1925 em Corregio, Itália. Ainda pequeno mudou-se com a família para Blevio num grupo de casas perto do lago Como. Lino começou a trabalhar aos 14 anos numa oficina de bronze e outros metais. Foi neste emprego que ele aprendeu as técnicas de trabalhar diferentes metais que depois usou para fazer as suas peças. Foi também nesta oficina onde Lino Sabattini encontrou uma cópia da revista “Domus” do arquiteto Gio Ponti que se tornou o seu “ídolo” e mais tarde seu amigo e mentor. Foi devido, também, a Gio Ponti que o trabalho de Lino Sabattini foi divulgado e reconhecido. Em 1956 Gio Ponti publicou na sua revista “Domus” um artigo sobre o trabalho de Lino Sabattini “Cordinale Vase”. Também nesse ano a sua peça “Como” entrou numa exibição em Paris “Shapes and Ideas from Italy”. Durante 1958 até 1963 trabalhou para a Christofle como diretor de design. Depois em 1964 voltou para Itália, Belgrano, para voltar a trablhar sozinho, onde morreu.

CONJUNTO DE CHÁ

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CHÁVENA DE CAFÉ A chávena teve como elemento de inspiração as pegas do conjunto de chá de Sabattini. A chávena foi executada em latão na oficina de metais e a asa foi feita com casamento de metais (latão e cobre) na oficina de ourivesaria. A parte de cima da chávena foi achatada para que pudesse encorporar a asa de uma maneira similar à que Lino Sabattino usou.


ALEXANDRE LABORDA

BOMBONEIRA A bombeira teve como elemento de inspiração o açucareiro de Lino Sabattini, que faz parte do conjunto, e tem uma forma similar à de um tronco humano. A forma da peça ficou muita parecida à do açucareiro virado ao contrário.

ao sábado de manhã

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11ºANO _ EASR | 2015.16

" Partindo da forma do Chasen, LXGradus, surge como um contentor de alimentos multifuncional." A composição aparentemente simples de linhas retas, teve como intuito a concepção de um objeto que respeitando formalmente o objeto de inspirção, que partindo da sua simplificação geométrica deu origem a um contentor de alimentos capaz de para além de conter, armazenar, transportar e servir alimentos, dado às carateristicas dos seus materiais, mantê-los termicamente quentes.

LXGRADUS

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DIANA CERQUEIRA

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | 11ºANO _ EASR | 2015.16

granatum conjunto de contentores de sabores “Granatum” trata-se de um conjunto de contentores de sabores suscetível a ser utilizado mais a nível comercial, aquando do serviço de entradas, por exemplo. É constituído por duas taças cerâmicas idênticas que quando encaixadas uma na outra permitem a sua colocação numa concavidade circular que as acondiciona. Esta concavidade encontra-se no centro da base de madeira da embalagem, com forma octogonal. Esta embalagem é também constituída por uma estrutura metálica com um octógono que encaixa no de madeira e por “pétalas” soldadas a cada aresta do mesmo. Estas, quando a embalagem se encontra fechada servem como de concha que acondiciona as duas taças na vertical. Por outro lado, quando a embalagem se abre, estas pétalas transformam-se num suporte para alimentos (auxiliado por tecido colado ao interior visto que ficam espaços entre as pétalas que deixariam os alimentos cair). O fecho da embalagem realiza-se por encaixe das pétalas umas nas outras e com o auxilio de um fio de tecido, inspirado no fio de algodão presente no chasen. O objeto em questão tem um carácter de dupla função, sendo facilmente adaptável quer a embalagem como a contentor de sabores para alimentos mais sólidos e secos (pão, tostas, etc.). Já as taças cerâmicas constituem objetos com função de conter líquidos (molhos, por exemplo) visto que tal é possível devido às propriedades da cerâmica.

CORTE AB

AB

CORTE AB

AB

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CORTE AB

AB

CORTE AB

AB


MARTA BARBOSA

Granatum

Conjunto de contentores de sabores-­taças e respetiva embalagem. Concebido para servir aperitivos. Dimensões Taças |­4x6 Embalagem | 16x14 Material Taças | ­cerâmica Embalagem | madeira e metais

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CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO CERÂMICA_ EASR | 2015.16 FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO | GRESTEL

GRESTEL O conceito deste projeto liga-se ao mais íntimo de uma árvore: o seu tronco e as suas raízes. Criei uma linha que mostrasse os seus veios cortados horizontalmente reportando-nos para um ambiente intimista, transmitindo uma ideia de “estar em casa” algo de individual num espaço público.

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MATILDE PIMENTEL

A textura quente e agradável das raízes, impressas na cerâmica, tem como objetivo criar empatia não só com o espaço envolvente mas também com a nossa gastronomia tão rica e variada, transmitindo a quem delas usufrui sensações únicas de bem-estar e harmonia. Tal como os espaços de restauração, as árvores são seres que se adaptam às várias circunstâncias, às várias estações do ano, da mesma forma que os espaços gastronómicos, cada vez mais, têm que ser versáteis na adaptação aos diferentes públicos e momentos da refeição, procurando uma constante inovação e, de todas as formas possíveis, superar as expectativas dos clientes

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO CERÂMICA_ EASR | 2015.16 PROVA DE APTIDÃO ARTÍSTICA | OBJETOS DE OUTRO MUNDO

OLHARES [REFLEXOS E REFLEXÕES]

Espelho meu, espelho meu, existe uma mundo para além do meu?

_ O que é o outro mundo?

Este outro mundo pode ter varias interpretações, podemos considerar outro mundo aquele que não se tem conhecimento, aquele com costumes diferentes dos nossos ou aquele com diferentes mentalidades. Podemos definir então que outro mundo é aquele que não conhecemos ou aquele que é distinto do nosso ao ponto de não sabemos nada ou pouco sobre este, mas será que conseguimos lá chegar?

_ O que é um objeto de outro mundo?

Será que existem outros mundos neste mesmo mundo? Mas será que existe algum outro mundo universal? Se existem vários mundos e diferentes perspetivas da palavra “mundo” neste como é que pode existir um outro mundo universal?

Platão, na “alegoria da caverna”, sugere que através do conhecimento, é possível captar a existência do mundo sensível (conhecido através dos sentidos) e do mundo inteligível (conhecido somente através da razão). Com esta alegoria em vez da procura do conhecimento para chegar a um novo mundo, optei pela procura do nosso mundo interior, ou seja a procura de cada um de nós, pois não nos conhecemos a nós próprios o suficiente para conseguir encontrar esse tal mundo que é só nosso e distinto de todos os outros. Cada mundo diferente, mas a mesma forma para se lá chegar, a reflexão do nosso reflexo no espelho, por isso procurei dentro de mim como chegar lá. Espelho meu espelho meu, existe algum mundo para além do meu? Com este facto descobri então o que vemos no espelho é um reflexo de nós e não nós no nosso mundo, mas sim num outro que quando refletimos o vemos através do reflexo.

“Todo o visível esconde algo invisível” René Magritte

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DIOGO TEIXEIRA

_ Reflexos e reflexões

“Olhares” e olhares, o que todos temos de passar todos os dias. Mas será que olhamos o tempo suficiente para nós? Será que nos valorizamos devidamente? Será que nos conhecemos assim tão bem como achamos? Este objeto simbólico está envolvido com a procura do nosso próprio conhecimento e será a partir do olhar que vamos conseguir perceber o que realmente somos? Não, o reflexo mente e é a única visão mais próxima que temos de nós próprios. Este espelho possui um filtro (rede) que representa todo o nosso conhecimento, pois o espelho revela-nos outra cor do que a que estamos a espera, a que vemos neste mundo. A cor branca e vidrada, deste mundo, por cima da cor interior da cerâmica, é o que nos é revelada no reflexo do outro mundo com a pureza revelando o interior da peça, o que pretendemos no nosso próprio conhecimento.

Neste objeto simbólico onde cada pessoa retira do seu próprio reflexo as reflexões necessárias à escolha do seu caminho. A rede é constituída por olhos que simbolizam a visão que tivemos de nós, a que temos e a que vamos ter com o passar do tempo.

“A mente adora imagens cujo significado é desconhecido, uma vez que o próprio significado da mente é desconhecido” René Magritte

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PRO J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO CERÂMICA_ EASR | 2015.16 PROVA DE APTIDÃO ARTÍSTICA | OBJETOS DE OUTRO MUNDO

MANIPULAÇÃO “Tudo o que é e vidente, mente. Evidentemente.” Sampaio da Nóvoa

Surgiram então do brainstorming palavras como “produz choque”, “imaginário”, “alteração da estrutura” e “o que não nos é familiar”, que interligo com a visão, a mente, o tato e a parte emocional, respetivamente. Esta pesquisa conduz-me para o Design Universal que consiste num design para todos, ou seja, um design de objetos que independentemente da idade ou da situação de habilidade, pretende levantar questões e responder a todas as perguntas e dificuldades que o ser humano enfrenta com ou sem problemas físicos ou psicológicos, perante as diferentes estruturas com que interage. De uma análise sobre o design e a sua história retive as seguintes palavras: educar, formar, transformar e manipular. A ideia de manipulação agradou-me especialmente, Manipular através do desenho, que é ele próprio uma mentira, conduz-me a uma pesquisa sobre Escher.

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A ilusão provocada pelas imagens impossíveis foi a primeira inspiração para o produto que desenvolvi. A partir daí comecei a pesquisa informativa sobre como queria utilizar o conceito de manipulação no meu objeto. Surgiram perguntas tais como: “Quero manipular ou desconstruir a manipulação?”, “Manipulação a nível mundial?”, “Será que vivemos num mundo ilusório ou será que o que vemos não é condicionado pelo que conhecemos?”, “Manipulamos ou somos manipulados?”, “Será um processo consciente?”. Dentro da manipulação obtemos a manipulação positiva e negativa. Na negativa a manipulação é usada para beneficio próprio, na positiva os indivíduos são manipulados para o que deve ser feito, mas então… Quem é que sabe o que deve ser feito? Termos da sociedade, termos gerais como a educação das criança na família e na escola para mudar comportamentos e atitudes inadequadas.


SANDRA CARDOSO

Pretendo então manipular e desconstruir a manipulação a partir da parte psicológica, visual e tátil. Com a manipulação psicológica, jogar com as formas orgânicas, uma vez que estas suscitam interesse em mexer e conhecer o objeto, assim como na parte tátil que também capta a nossa atenção pelas texturas. Quanto à parte visual o objeto revela uma forma diferente que também cativa o observador.

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO_ EASR | 2015.16 FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO | CANTO CERTO

UM PROJECTO QUE CONFRONTA FORMAS DO DESIGN VINTAGE COM O PRECISISMO

DO DESIGN JAPONÊS O projeto DF nasce entre ideias, desenhos e maquetas. Com origem num brainstorming, as formas simples e (as) simétricas fundem-se com o revivalismo do design de mobiliário dos anos 50 e com o design minimalista japonês. A mesa DF assume uma forma Vintage, onde os pequenos pormenores, como os malhetes e os entalhamentos, comunicam valores mais contemporâneos. A mesa de Cabeceira Df foi concebida para ser utilizada por qualquer tipo de pessoa. A madeira de pinho foi escolhida para a produção, com dimensões gerais de 52,7 x 45 x 30 cms. Sem gavetas, esta mesa não deixa que nada se esconda. Os objectos utilizados podem ser colocados em quatro plataformas horizontais. A altura destas vai variando permitindo, assim, que o utilizador possa colocar objectos grandes ou pequenos. O suporte das plataformas é feita

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por filas de paralelepípedos que conseguem criar uma leveza visual e garantir que a sua função se mantenha sem problemas. A caixa central, que apenas tem a face frontal aberta, vem quebrar o ritmo criado pelos suportes, equilibrando o aspecto da peça com uma vertente mais sólida. A ligação entre os componentes é feita através de malhetes retos, furos e respigas. Estes encaixes, apesar de tradicionais, garantem a robustez da peça e evitam futuros empenos ou deformações na sua forma inicial. O desenho da peça foi feito a pensar numa produção em CNC, ou seja, peças simples, rápidas de produzir e eficazes para a função. Deste modo, apesar da sua aparente complexidade, a peça facilmente é montada e utilizada.


FRANCISCO DIAS

As primeiras aulas de FCT foram na ofcina de madeiras a aprofundar conhecimentos sobre o trabalho com madeira maciça. Foi durante estas aulas que percebi a importância da escolha das madeiras consoante o ambiente onde vai ser colocado, a humidade e orientação dos veios. O primeiro contacto com os principais encaixes também se deu nestas aulas, ajudandome a compreender que cada encaixe tem uma função e que para além de um factor funcional estes podem ter um factor estético. Estes novos conhecimentos tornaram-se a minha principal base quanto à projecção de um objecto em madeira que até ao momento parecia ser uma tarefa bem mais simples. Antes de Iniciar o processo criativo, fiz uma pesquisa sobre o que é de facto a mobília e com que tipo de mobília é que mais me identifcava. Sem me aperceber, acabei por tornar esta pesquisa numa espécie de refexão sobre como é que me auto-defino. Mais complicado e com formas mais orgânicas ou mais simples, e com formas mais minimalistas. Acho que sou um pouco dos dois. Um equilíbrio entre simples e complicado. Tendo em conta que podia escolher qualquer tipo de mobiliário, escolhi uma mesinha de cabeceira. Isto porquê? Identifco-me bastante com a minha mesinha de cabeceira - é onde guardo e pouso alguns dos meus principais objectos do quo-

tidiano tais como: o relógio, o telemóvel, a carteira, os livros que ando a ler para me divertir e os que ando a ler para me fazerem pensar, um rádio Philips dos anos 70 . Este objecto que colocamos perto das cabeceiras das camas pode dizer muito de uma pessoa e seria uma peça que me daria gosto trabalhar.

Foram precisos oito desenhos para chegar a um ‘’final’’ que poderia ter muitas mais possibilidades. Vejo-o como uma mistura de anos 50 com qualquer coisa de design japonês. Todos estes pequenos malhetes e entalhamentos atribuem à peça um trabalho minucioso que acaba por ser o refexo deste projecto.

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO_ EASR | 2015.16 FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO | CANTO CERTO

LIGHT A Formação em Contexto de Trabalho foi crucial para o

entendimento do que é pensar como um designer, do que é questionar o que nos rodeia, como os objetos funcionam, porque funcionam desta maneira e não de outra.

Esta fez perceber a importância do design e a extraordinária capacidade reflexiva que um designer tem de ter, para ser capaz de identificar e solucionar problemas rápida e eficazmente. Esta proposta foi distinta de todas as outras porque nos foi colocada por uma entidade exterior a escola, mostrando-nos como funciona o mundo de trabalho, permitindo um melhor entendimento dos processos de produção das empresas e dando-nos uma nova motivação. Como o Homem se tem de adaptar á sociedade e os objetos são feitos para o Homem, á medida do mesmo, estes devem, também, adaptar-se ao estilo de vida deste, o que implica, cada vez mais, uma multiplicidade de funções e capacidades. O conceito do projeto é a adaptabilidade, sendo esta representada na versatilidade que as novas gerações têm de ter não só em relação ao mundo do trabalho, mas á vida em geral.

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INÊS FERNANDES

Esta adaptabilidade é perfeitamente visível no Flex Light, tanto através da sua fácil montagem e arrumação, como nas inúmeras posições do mesmo, sendo possível focar a luz para qualquer ângulo , e regular todo o objeto, adaptando-o não só ao utilizador, como, também, à tarefa que o mesmo executa.

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO EQUIPAMENTO_ EASR | 2015.16 FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO | CANTO CERTO

SUPERNOVA

UMA EXPLOSÃO DE LUZ

O supernova é um candeeiro vertical, projetado para uma construção modular, em consonância com os critérios de produção da Canto Certo.

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Tem como base um prisma quadrangular com uma torsão, num exercício de exploração da geometria que, com uma explosão nos remete para uma corpo celeste. A luz do seu interior é projetada em linhas oblíquas para o exterior, como se do nascimento de uma estrela se tratasse.


REINALDO FERREIRA

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PR O J E TO

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Esboços sobre o tema dos faróis

Estudos de desenvolvimento da ideia

Mapa mental

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ALEXANDRA GOUVEIA SANTOS

Exercício de contextualização do objeto na margem do Porto do Rio Douro

“Unir” as duas margens do rio Douro, a do Porto e a de Gaia, através de

mensagens de luz. Feixes de luz, comandados interativamente, cruzando-se entre

si e atravessando o rio, criam uma espécie de costura feita pelas pessoas, como se o rio fosse um rasgão entre as duas cidades, à espera de ser “remendado”.

Foi necessária a observação dos espaços de onde sairiam esses feixes de

luz e o equipamento urbano que sustentaria essa mesma luz. Escolheram-

se diversos espaços do lado do Porto e de Gaia, num conceito “entre pontes”, estando pensados quatro equipamentos de luz entre a Ponte de

“Folies” de Bernard Tschumi Equipamentos de cultura e lazer no parque de La Villette, Paris

D. Luís e a Ponte da Arrábida, já que depois destas o rio alarga muito e não tem tanto movimento.

O equipamento urbano foi baseado nos faróis de navegação do Douro, já que estes têm a mesma função de emitir feixes de luz codificados que os identificam.

Através da recriação de faróis existentes, chegou-se a uma forma cilíndrica sustentada por um pilar inclinado em direção ao rio. Este desequilíbrio

de formas foi inspirado no trabalho do arquiteto francês Bernard Tshumi, nomeadamente as suas famosas “Folies”, construídas no parque de La Villete, em Paris.

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PR O J E TO

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O cilindro, que constitui o elemento principal do equipamento, tem

uma estrutura de chapa de aço estirado, revestida por azulejos que

a população em geral poderá pintar e, dessa forma, participar na construção e composição do equipamento.

Estes azulejos vão estar separados em quatro filas intercaladas por tiras de metal de uma cor que chame a atenção das pessoas.

No interior do cilindro foram previstos raios de metal que o sustentam

e agarram ao pilar e, destes raios, saem tiras coloridas de metal que se intercalam entre as filas de azulejos.

No topo do pilar vai encontrar-se o projetor de luz, que é alimentado por um painel solar que carrega uma bateria para armazenamento

de energia. Com isto, o projetor não vai emitir apenas feixes de luz, mas sim uma luz expandida, como um candeeiro público, para que

o equipamento urbano esteja iluminado durante a noite também. No entanto, para criar a ideia do feixe de luz três quartos do cilindro de

policarbonato que reveste a lâmpada projetora, vai ser translúcido e só um quarto é que será transparente, direcionando a luz ao rio.

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ALEXANDRA GOUVEIA SANTOS

A luz é acionada através de um sensor de movimento colocado no topo do cilindro, direcionado para uma certa área, pensando-se em desenhar e escrever algo no pavimento dessa área para que as pessoas percebam como podem interagir. O conceito deste equipamento poderá ser expandido ao longo de todo o rio e de outros rios noutras cidades ou países, numa aposta nos valores de comunicação/expressão e interação entre pessoas no espaço urbano.

Dimensões e materiais: Altura: 6,40 m Diâmetro: 1,60 mxEstrutura de aço Revestimento a azulejo Policarbonato Equipamentos elétricos e luminosos

Estudo da relação de escala

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MUNDO ONÍRICO Diâmetro da esfera: 98mm Madeira de faia pintada c/tinta não tóxica de basaquosa Ímanes

Mapa mental

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ANA PATRÍCIA CARVALHO

Eis um exemplo em que se prova que o Design pode contribuir significativamente para o desenvolvimento harmonioso da criança, com base em jogos e brincadeiras. Em face do tema geral “Objetos do Outro Mundo” das relações ali presentes, procurou-se um conceito e um foco para uma concretização de algo. O conceito, ou subtema selecionado, face ao valor de cidadania, foi “pedagogia infantil”. Numa perspetiva científica e filosófica, este tema, revela o desejo da criação de um objeto que, de um modo notório, possa contribuir para mudar o mundo. No entanto, tem que existir alguém que seja aberto a novas ideais, e alguém que viva uma aprendizagem constante. O público que melhor constrói esse mundo são as crianças. Com isto, surgiu a ideia de criação de um brinquedo, uma tipologia de objeto que se afirma como a melhor ferramenta de construção da pessoa, tal como nos ensinou Friedrich Froebel com os seus livros e magníficos brinquedos pedagógicos. Existem temas que fascinam e ajudam as crianças. O que é abordado no brinquedo projetado está ligado à teoria das cores. As cores levarão a que o público-alvo possa construir o seu próprio mundo, seguindo ou não, as regras ou um modelo de criação. O objetivo deste projeto é desenvolver o raciocínio das crianças, a partir dos 3 anos de idade, e fazer com que elas sigam as suas próprias regras. A cor e os brinquedos, são instrumentos que acompanham a vida de um indivíduo permanentemente. Outro tema que pode despertar a curiosidade do público é a conotação geográfica no brinquedo, onde estão referidos os meridianos, pa-

ralelos e o equador, que divide o hemisfério Norte do hemisfério Sul.Relativamente aos espaços de utilização, o brinquedo destina-se a centros pedagógicos, psicopedagógicos, pediatrias, consultórios de psicologia. Visto que o brinquedo poderá estar em contacto com várias crianças, onde quer que este possa estar, deve haver sempre uma higienização diária por parte de quem o disponibiliza para brincar. O objeto é constituído por 33 peças de madeira (faia), onde 30 são desmontáveis. A forma esférica divide-se em cinco partes, representando a zona polar do norte, a zona temperada do norte, a zona tropical, zona temperada do sul e a zona polar do sul. Todas a partes/peças estão interligadas devido aos ímanes que possuem, e as cores que nelas estão presentes, têm origem em bases aquosas, cujo processo não é prejudicial ao ambiente nem à saúde. A nível ergonómico e antropométrico, o objeto é harmonioso, pois está feito à medida ideal para que cada um possa pegar, sem dificuldade. Quanto ao tamanho de cada peça, estas nem são muito pequenas, nem muito grandes, para que não haja riscos de se poder ingerir “objetos estranhos”. Relativamente ao nome do projeto, este é intitulado “Mundo Onírico”, devido ao facto de cada um poder construir um mundo à sua maneira, ou seja, aquilo que tiver em mente, ou aquilo que sonhar e desejar, tornar-se-á possível, numa realidade construída de forma diferente.

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PRO J E TO

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NÃO HÁ FESTA

DE S. JOÃO

Altura: 0,74 m Largura: 0,78 m Profundidade: 0,28 m Estrutura de aço Inox ou ferro

SEM O “GES”

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ANA PINTO

Um objeto de Design para reforçar as interações comunitárias e as tradições, em volta das sardinhas assadas da noite de S. João

Em Ancede, Baião, a minha terra, as tradições de S. João são semelhantes às da cidade do Porto, como o alho-porro, o lançamento de balões e o saltar as fogueiras. Porém, tratandose de uma pequena aldeia, existe um convívio mais forte entre as pessoas, em que cada um contribui sempre com alguma coisa para dar vida à festa. Uns dão a lenha e o carvão, outros a comida e outros ainda os grelhadores, peças fundamentais nas tradições gastronómicas da festa, para que, cooperando, todos vivam juntos as especiais alegrias da quadra. É neste contexto que surge a ideia de projetar um grelhador, enquadrado na experiência festiva de uma aldeia de Baião. Pretende-se que a eficiência, a funcionalidade, a facilidade de limpeza e arrumação, se conjuguem com a versatilidade do

grelhador, e que este estimule o espírito de união nos grupos de utilizadores e a vida ao ar livre. O grelhador é “duplo”, podendo ser utilizado da forma mais adaptada às necessidades do momento. Esta particularidade de serem “dois grelhadores num só”, é o fundamento da sua versatilidade. Optou-se por fazer com que o grelhador se possa desmontar, cabendo as peças resultantes no interior de uma das metades do objeto, permitindo assim a redução do espaço necessário à arrumação, fechando-se o grelhador, transformando-o num volume de reduzidas dimensões. Foram consideradas as questões de durabilidade com a opção pela construção em aço inoxidável, mais cara, mas está também pensada a alternativa do recurso ao aço/ferro, e as de ventilação/circulação de ar pelas brasas. Um fator muito importante foi a preocupação com saúde dos consumidores de grelhados, tendo-se previsto uma peça de chapa cuja função é reduzir o contacto dos alimentos com o fumo resultante da queima de gorduras, reduzindo-se assim significativamente a probabilidade de se formarem substâncias tóxicas nos alimentos. Tal com Dieter Rams defende nos “10 mandamento do bom design”, o grelhador tem poucas peças, a sua utilização é intuitiva, é funcional, durável e tem em conta a defesa do ambiente. O grelhador “GES” está aí para “Grelhar com Eficácia de forma Saudável!

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Pretendi desenvolver o conceito da necessidade. Ao responder a uma necessidade, o produto desenvolvido levanta Reações positivas e negativas, sendo que as pessoas vão Agir sobre o produto de acordo com essas Reações. O meu objetivo, o meu “Target” é provocar Reações e Ações, desenvolver um produto que faça com que as crianças (Re) ajam perante diferentes desafios. Um jogo ganhou forma, dimensões e cor! um jogo constituído pelos seguintes elementos: quadro magnético, prisma oblíquo triangular , prisma oblíquo retangular , módulo curvilíneo, esfera e Trigger Point. O grande desafio do jogo é criar um percurso e verificar se a esfera percorre corretamente todas as peças, desde a partida até à chegada. O Trigger Point é uma baliza pequena, que poderá ter como função, definir o início do percurso, o meio ou o seu fim. A conceção dos 3 módulos, onde circulará a esfera, é baseada em figuras geométricas simples, existindo três módulos com características diferentes. Um

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FRANCISCO CARDOSO

paralelepípedo comprido, com inclinação, para emitir um som contínuo da esfera (ao rolar na madeira) e um som instantâneo (o bater). Um módulo curvilíneo em metal, para proporcionar um som contínuo e instantâneo diferente. Por último, um pino de madeira, com a forma de prisma triangular (oblíquo) para provocar apenas um som instantâneo. YES

Sendo um jogo dedicado para as crianças, o objeto tem de ser genuíno e puro. Para tal, inspirei-me em movimentos artísticos que utilizam a cor, para atingir este fim, como o Fauvismo e o Neoplasticismo. O objeto desenvolvido terá cores puras e simples como branco, preto, azul, amarelo e vermelho. YES

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FRANCISCO VILAÇA

Uma campainha de chamada em que volta a ser possível sentir, na ponta dos

dedos, a reação do mecanismo à força exercida, e observar toda a movimentação

das peças que transformam o pressionar de uma tecla num som, quase esquecido, de uma verdadeira concha acústica de metal Este projeto, intitulado “Toca-me” (Ring me, em inglês), tem um objetivo muito simples. Criar um objeto para chamar alguém. Chamar alguém que nos atenda e chamar a pessoas interessadas num certo tipo de objetos e vivências, os responsáveis pelas lojas de antiguidades e velharias da cidade do Porto, para formarem uma cadeia de entreajuda, de forma a unificar o respetivo mercado, tornando-o mais forte e atrativo. A união e aproximação dos interessados neste nicho de mercado faz a força. Esta união espelhará a crescente importância do setor e valorizará a intervenção deste no desenvolvimento cultural e comercial da cidade. A cooperação é um dos valores estruturais da sociedade, para que esta tenha as condições necessárias para evoluir, na base do respeito, interação e partilha de conhecimento. Destaca-se também a componente do desenvolvimento sustentável, uma das apostas fortes do presente projeto. A reutilização de objetos, peças e componentes, a que hoje em dia ninguém dá valor, retirando-os do seu contexto original e adaptando-os a uma nova realidade, está no centro do projeto. O tema do “Reuso” reflete a preocupação pela sobrecarga do consumo, e os riscos desta sobrecarga para as gerações futuras. Face a esta realidade, os designers tendem a criar objetos pensados para serem reutilizáveis e recicláveis.

O valor da cidadania expressa-se na aposta pelo reforço da economia nacional, valorizando as competências profissionais das pessoas e o produto como uma peça de arte, em oposição à economia capitalista e financeira, de produção massificada e centrada no lucro de alguns. O design revivalista visa conservar as linhas, os materiais e os processos de produção, formas e funções, conferindo-lhes um toque contemporâneo, conservando assim o espírito original que o designer quer realçar. Nesta linha de pensamento descartam-se os processos massificados, reafirmando-se a primazia da qualidade do trabalho manual, enaltecendo a competência do artífice/artesão. Esta é uma opção já feita no século XIX por William Morris, que liderou um movimento de revivalismo em Inglaterra. Segundo ele, “o passado não está morto, vive em nós e vai viver no futuro que estamos ajudando a fazer”, pensamento que bem resume a ideia de que a cultura do design revivalista está entranhada na contemporaneidade e na vanguarda do design.Quanto ao objeto criado neste projeto, a campainha de chamada “TOCA-ME”, basta observá-la para a perceber. Uma estrutura elementar em metal e polímero, que recebe um mecanismo articulado e compensado por mola, no qual se destaca a reutilização de uma tecla de máquina de escrever e de uma campânula metálica, tudo ao alcance e à escala da mão, do sentir e do perceber das pessoas.

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"A educação é o grande motor do desenvolvimento

pessoal. É através dela que a filha de um camponês se

torna médica, que o filho de um mineiro pode chegar a

chefe de mina, que um filho de trabalhadores rurais pode chegar a presidente de uma grande nação."

NELSON MANDELA

A educação é um direito básico de todas as crianças, ainda assim, no ‘mundo em desenvolvimento’ há dois biliões de crianças em que a maior parte delas não recebem uma educação apropriada ou mesmo educação alguma, sendo que as condições das suas escolas são remendadas e, portanto, de péssima qualidade e de bem-estar. A escolaridade para muitas das crianças é de grande preocupação, e continua a ter impacto não só na vida das crianças, mas no desenvolvimento e progresso das nações. Mas terão estas crianças que sofrer danos corporais apenas por não terem dinheiro? Os direitos são todos os mesmos, quer se tenha liquidez ou não, independentemente daquilo a que se está habituado a ter (muito ou pouco). Um aspeto que que todos se parecem esquecer é que a Educação não é apenas o ato de sentar numa cadeira, seja ela qual for, e ouvir o Professor. Não. É preciso mais do que isso. É preciso que essa cadeira e essa mesa sejam minimamente

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confortáveis e dignas. Se os outros têm porquê que estes não podem ter qualidade nos seus equipamentos,? Porque sem isso é praticamente impossível estar-se concentrado no ensinamento que lhes é dado. O sub-tema, "Equidade Educativa" surgiu através da reflexão dos conceitos encontrados, levando ao desenvolvimento de uma pesquisa acerca dos problemas mundiais que advertem a sociedade. Refletindo durante um segundo acerca do quão fundamental a educação é, apercebe-se que ela torne um individuo capaz de tomar decisões, discutir e entender a razão. O objetivo é fazer com que estas crianças possam usufruir de uma vida escolar plena, conhecendo o lado educacional e de conhecimento e o lado confortável e digno dos seus equipamentos passando a conhecer uma realidade diferente, de conforto psicológico e físico. É facilmente percetível a urgência de desenhar um novo


JOÃO HENRIQUES

equipamento escolar já que as crianças ou estão sentadas na terra a escrever num caderno pousado nos joelhos, ou em cadeiras e mesas que foram remediadas, completamente degradadas e que não satisfazem as necessidades de aprendizagem que as crianças têm. Assim, o móvel também tem que ter em atenção as proporções das crianças, fazendo a média das suas dimensões, resultando em equipamentos que seguem as regras da ergonomia para crianças de diferentes idades (pelo menos dos 5 aos 9). A inexistência de uma linha de equipamentos escolares adequados traz consequência físicas futuras. A má postura enquanto sentados ao longo de muitas horas reflete-se na saúde das crianças. Em primeiro lugar, afeta a pressão do sangue- um estudo publicado em 2007, pelo “Journoul of Neuroscience” (Jornal da Neurociência) sugere que a tensão dos músculos do pescoço, ocorridos pela má postura, pode contribuir para o aumento da pressão sanguínea. Alguns pesquisadores descobriram ainda uma conexão entre os músculos do pescoço e as células cerebrais. Outra consequência, que é um pouco mais óbvia, é “a dor na coluna espinal e nas costelas, que podem ter um efeito negativo nos rins e no coração” (Richard Arrandt no “Ladies’ Home Journal”). Caso a coluna não estiver devidamente alinhada, vai prejudicar o alinhamento das costelas, que pressionam o coração e os pulmões.

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Outra consequência mais regular são as tendinites, fadiga, distúrbios circulatórios, lombargias,etc. Como conceito final que sintetiza a intenção expressada anteriormente, chegou-se à ideia de dois objetos como suporte à melhoria escolar. Esses objetos serão uma mesa e uma cadeira escolar, visto que são um dos equipamentos que mais falta fazem às crianças e que lhes permite ter mais conforto durante a aprendizagem, causando-lhes uma maior facilidade de compreensão e de atenção. Sendo assim, o conceito deste projeto anda à volta de quatro ideologias: - objeto planificado; -montagem; -adapabilidade; - enquadramento cultural; O objetivo é criar um artefacto que seja prático, desenvolvido para que parta de uma forma plana, de maneira a facilitar o transporte (com custos reduzidos). Os objetos não deverão ter quaisquer dificuldades técnicas para que, caso seja necessário, a sua montagem possa ser feita pelas crianças, respeitando sempre a cultura africana através do design. Estes objetos têm como propósito serem colocados nas salas de aula dos alunos, contudo, podem ser usufruidos temporariamente num outro local (devido à falta de espaço), já que os objetos serão de fácil (des)montagem, a sua

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arrumação na edificação escolar tornar-se-à mais eficaz. Os hábitos e influências sociais, culturais e psicológicas dos usuários devem ser levados em conta, já que o uso do próprio corpo e dos objetos sofre o reflexo dessas condições. A regionalidade é um fator a ser observado no mobiliário escolar.

Uma criança que entra numa sala de aula, e senta-se numa cadeira e tem à sua frente uma mesa, que possuí pormenores da sua cultura, sentir-seão conectados e confortavelmente parte dela. A partir das imagens ao lado, é possível perceber, nitidamente, as tonalidades mais usadas na cultura africana- as cores quentes e materiais escuros. O simbolismo das cores atrela emoções, sensações, religião, política, entre outros. Quando combinadas com outras, podem aderir significados completamente diferentes.


JOÃO HENRIQUES

Na cultura africana existe grande variedade artística, sendo que os seus padrões são bastante conhecidos. Os padrões possuem figuras geométricas preenchidas com cores quentes. Essas figuras geométricas têm significados para os africanos. Ao lado estão presentes alguns dos símbolos mais frequentemente utilizados nos padrões africanos.

O simbolismo da cor vermelha em África está

relacionado à boa-sorte, à vitalidade e riqueza.

TRIÂNGULO- MASCULINO

Em África, a cor verde representa o sagrado, a natureza ea fertelidade, mas também pode estar asscociado ao perigo e à corrupção.

A cor está ligada com ideias mais amenas. Na

LOSANGO- FEMININO

Nigéria, significa muita positividade, enquanto na África do Sul, felicidade.

O amarelo é usualmente reservado para pessoas de uma alta classe social.

DUPLO TRIÂNGULOHOMEM CASADO

A cor branca corresponde à ideia de pureza, de paz, de bondade e de limpeza, mas em certos locais pode significar doença.

O preto está ligado à idade e à sabedoria.

DUPLO LOSANGO- MULHER CASADA

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JOÃO HENRIQUES

Foram realizadas duas alternativas para adornar a cadeira, dando a sensação de proximidade com a cultura Africana. Estes símbolos poderiam ser feitos pelas pessoas a quem se dirige o projeto, caso se queira. Estes símbolos seriam feitos retirando material da primeira placa do contraplacado, ficando leves ranhuras. Assim, as pessoas poderiam personalizar a cadeira com símbolos da sua cultura e tradições locais.

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RAQUEL MESQUITA

“I WANT” – Um cabide e um puzzle –

“Eu quero um mundo melhor” - Conjunto de módulos de cabides para serem combinados e aplicados pelo utilizador, apelando à comunicação através dos cartões de nota “I Want”. O objeto tem como base o apelo à aceitação das pessoas, especialmente crianças, com autismo e facilitar a comunicação com elas. Para além disso, respeita os valores de cidadania, ética, desenvolvimento sustentável e cooperação. Os valores de cidadania e ética são apresentados através do apelo à aceitação e comunicação com os que são postos de fora pela sociedade, assim, fazendo a sua reintegração. O valor de cooperação existe entre o designer e quem compra e monta o seu próprio cabide, bem como pela utilização e criação de novos cartões “I WANT”. Por último o desenvolvimento sustentável está representado pela utilização de acrílico, um material que dura e pode ser reciclado.

Os módulos têm a forma de peças de puzzle e vêm em quatro tipos e quatro cores diferentes (azul escuro e claro, vermelho e amarelo), o que permite uma infinidade de conjugações entre elas. Com elas vêm cartões baseados no projeto PECS, que permitem à criança perceber que quando colocam um cartão com a imagem de um objeto na ranhura do cabide, esse objeto ser-lhes-á posto no mesmo cabide. A forma e cores dos objetos são baseadas na fita do autismo. Cada pessoa deve ter o seu cabide, ou conjunto de cabides, a que pode dar uma forma, encaixando as peças de puzzle, personalizando-o a seu gosto. Para além disso, nem todas as ranhuras têm de ter os cartões, mas podem ter pequenos desenhos, lembranças, objetos importantes. Assim, o objeto deixa de ser um cabide com função de informar algo, mas um jogo e uma peça artística, executada não só pelo designer, mas em cooperação com o utilizador, que acaba o trabalho que o designer inicia. Assim, são infinitas as composições que se podem realizar com apenas uma peça.

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As peças poderiam ser apenas fabricadas na cor azul escura, já que os rapazes são mais afetados por esta síndrome, contudo, para enriquecer todo este jogo de composições, são acrescentadas as cores vermelha, azul clara e amarela, presentes na fita do autismo. O azul simboliza o género masculino, que é o mais afetado, o amarelo simboliza a solidariedade que devemos ter com aqueles que sofrem com o autismo e o vermelho, mostra a paixão que eles têm pelo seu mundo e os seus amigos O nome deste projeto é “I Want”( eu quero) e refere-se a um mundo melhor, já que tem base no conceito de objetos do outro mundo, que na minha opinião, deveria ser um mundo melhor, para além disso, o objeto pretende estar a menos um passo de distância desse tal mundo melhor. Foi um projeto trabalhoso, que sofreu muitas mudanças até chegar ao estado em que se encontra. Contudo, segundo Júlio Verne “O Homem nunca é perfeito e nunca está satisfeito”. Fica assim o processo terminado, mas o projeto continua como que aberto, para que o utilizador o acabe.

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RAQUEL MESQUITA

Dimensões e materiais de um módulo: Altura: 130 mm Largura: 76 mm Profundidade: 80 mm Polímero e cartão

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PÚBLICO ALVO | Quando iniciei este projeto, tinha

[ CONTENTOR DE ALIMENTOS] ARTE OU FERRAMENTA | Após uma grande pesquisa e reflexão relativamente aos refugiados e à sua situação, procurei compreender onde eu poderia ajudar e fazer uma diferença, para além de fornecer comida, roupa e etc. Contudo, antes de poder efetivamente utilizar o design como a minha ferramenta e meio para resolver qulaquer tipo de problema, tive de me sensibilizar nos conceitos e designação de design.

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em mente resolver a Prova de Aptidão Artística em volta dos refugiados de todas as idades, contudo, não tinha conhecimento de que grupo específico de refugiados é que eu destinaria o produto em sí. Ao estudar e apro-fundar os meus conhecimentos neste campo, tomei conhecimento de todos os grupos e locais onde os refugiados se podem inserir. Inicialmente, tinha como motivação resolver um problema para os grupos de pessoas, que se encontram correntemente nos campos de refugiados, em específico, em Dunquerque e Calais, em França. Optei por estes dois campos, pois são os que se encontram em piores condições a nível Europeu. Foi com a iniciativa de minimizar a imundice nestes campos e promover a higiéne, que o produto ia ser executado.


VASCO MARCOLIN

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que eu poderia resolver, tive como conceito principal não só eufemizar o nível de imundice acumulada nos campos, que por sua vez, lançam enormes ondas de metano, devido à combustão que é feita para minimizar a quantidade de lixo acumulada nos campos, mas também reduzir a quantidade de pratos, tijelas, talheres e copos de plático a comprar. Por outro lado, esta pequena intervenção teria como objetivo ser um conjunto portátil, possível de se utilizar durante as viagens, que estes grupos efetuam. Para realizar estes desejos, a solução que encontrei seria criar uns contentores de comida acompanhados por copos e talheres de materiais reciclados, de forma a que para o caso de um se estragar, seria perfeitamente possível voltar

a reconstruir um novo a partir de um gasto. Para além disso, queria que ouvesse uma forma de tornar algo tridimensional em algo bidimensional a partir de dobras, de maneira a que este conjunto para comer fosse portátil, pequeno, mas grande o suficiente para comer; e fácil de utilizar. Para efetuar a passagem de 3D a 2D e vice-versa, a solução seria numa inspiração de Origami e PaperCraft. À medida que fui desenvolvendo o objeto, fui-me apercebendo, que o objeto poderia ser utilizado nos campos, como em Dunquerque, devido à quantidade de rejeitos, porém a sua portabilidade poderia ser aproveitada igualmente de outra forma. Visto que, a peça em sí é leve, resistente, flexível e portátil; notei que, cada um destes pequenos objetos poderia encontrar-se no bolso de cada refugiado, individualmente.

Des d

O PROCESSO... | Após ter refletido sobre os problemas

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MATERIAIS | Para executar um objeto, que fosse resistente

e dobrável, era necessário, algo que funcionasse como uma folha de papel, para a sua portabilidade, tal como um prato de cerâmica, que é resistente para se comer em cima. O material mais indicado para esta tarefa, seria o polypropileno. Este é um polímero termo plástico, ou seja é moldável a uma temperatura elevada específica, e torna-se rígido quando arrefecido. Sendo que o polypropileno é composto pelo monômero propileno, este é áspero e resistente a solventes, bases e ácidos químicos. Para a junção de polypropileno, é utilizado o método da soldagem. Depois de se ter produzido o polímero através do processo de massa (Utiliza-se polypropileno líquido e o polímero cavalga sobre o propileno líquido. O polímero é retirado e o monêmero é re-tirado) , este tem de ser moldado, ou têm de ser executadas as do-bradiças, para que o objeto se possa dobrar sem quebrar, através do processo da moldagem de injeção. Este processo é efetuado para fabricar diversos objetos, desde

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copos de plástico até partes automotivas. Neste processo, para realizar as dobradiças, será uti-lizada uma certa lâmina, aquecida à temperatura específica para moldar o polímero, que irá incidir com uma certa profundidade, na folha de polypropileno selecionada. Este material é adequado para vassalar o objeto, pois é extremamente resistente ao uso e à fadiga. Esta qualidade permitiu a este polímero de poder ter dobradiças, criadas a partir da sep-aração ou ligeiro enfraquecimento do material, através do calor. Estas dobradiças são um grande sucesso na indústria, por serem utilizadas em várias tampas de certos contentores ou molas de polímeros como este. Tal como o meu objeto exige, o polypropileno revela-se considerávelmente resistente ao calor, permitindo a produção de, por exemplo, chaleiras. Também não derreterá nas máquinas de lavar a louça ou em processos industriais de enchimento a quente. O material selecionado é muitas vezes utilizado para a criação de tampas, baldes de plástico, baterias de automóveis, pratos e jarros, entre outros. Também é considerado um ex-


VASCO MARCOLIN

cellente material para packaging, uma caraterística que, eu procurava incluir no objeto. O segundo material que o objeto contém, pertence aos botões de pressão, que irão facilmente conectar uma parte à outra do objeto, fazendo com que este passe de uma morfologia bidi-mensional a tridimensional. O material que optei, é o alumínio, pela sua resistência à corrosão e imunidade à humidade, pois o líquido pertencente à comida, ou até se este cair ao chão numa poça, o objeto não será prejudicado. Também é um material térmico, e fun-ciona como condutor para eletricidade e calor. Um aspeto, que auxilia uma vez mais a situação do eco-design, é a reciclagem e reutilização deste objeto, pois caso o polypro-pileno se devese partir, romper ou rasgar, este pode ser reciclado ou reutilizado, através do processo de soldagem entre uma parte e outra do material. Quanto ao alumínio, este é 100% reciclável, o que significa, que mesmo que um dos botões a pressão se parta e tenha de ser quebrado e retirado, este poderá ser reciclado e sub-stituído por outro idêntico.

De certa forma, ao efetuar este objeto, estou a demonstrar o meu apoio para contribuir no desfecho desta crise, que nos afeta a todos nós. Tomei consciência que, apesar de estar a reinterpretar um conceito já anteriormente explorado, estou a “fazer design”. O design é feito de grandes passos, porém os pequenos passos também estão presentes neste conceito. No fundo, o design é uma cópia, uma interpretação e uma reinvenção. Sinto que estou, não a melhorar, mas sim a adaptar um projeto, a uma situação específica. Com esta intervenção, pretendo exteriorizar os meus sentimentos de consciência e compaixão face à situação que os grupos de indivíduos forçosamente deslocados, pois sei, que apesar de lhes ser dado auxílio, este nunca é suficiente. Sinto uma grande empatia face à problemática proposta, e portanto pretendo demonstrar os meus valores éticos, cooperantes, conscientes do significado de cidadania e vigilantes face à sustentabilidade do planeta. Encerro este ano com mais experiência, mais ligações e mais aventuras para viver. Quando uma demanda acaba, outra começa.

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IMAGEM GRÁFICA | Antes de executar um logótipo, pensei

em atribuir um nome ao meu objeto. Contudo, entre nomes associados com dobras, bolsos, portabilidade e geometria, nada se adecuava. Apercebi-me de que estava a cometer um grande erro. Estava a retirar o simbolismo e humildade que queria transmitir com o meu objeto, pois estava a desenhar um logotipo, que promovia o objeto em si e não o gesto que eu queria fazer. Acabei por escolher como nome Asa Vincada. Escolhi este nome, pois este objeto tem de ser visto como um transmissor de emoções e de preocupações do mundo de fora, que não partilha a dor sofrida por estes grupos, mas que compreende e pretende não só ajudar em termos funcionais, mas também apoiar emocio-nalmente estes necessitados. Ao dizer-mos para alguém segurar, nestas peças, estamos a pedir, que se

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apoiem em nós e que os façamos sentir que há, de facto, um contributo da nossa parte. A Decidi atribuir o adjetivo “vincada”, pois é a ligação do objeto à sua caraterística principal, os seus vincos ou dobras. A asa, por sua vez está aliada à marca gráfica, neste caso a andorinha. Para representar o meu objeto, em termos gráficos, decidi utilizar uma andorinha estilizada. Sinto que é o símbolo que melhor se adecua ao meu objeto, pois não só é um animal que pertence aos grandes grupos migratórios, mas também é um animal voador. Voar é um símbolo de liberdade e independência, dois dos conceitos que estes indivíduos procuram. Procurei estilizar a forma da ave, de modo, a que não seja um símbolo tão difícil de se represen-tar nos objetos. Todos estes refugiados encontram-se na mesma situação, mas cada um tem uma história, que ninguém lhe poderá tirar.


VASCO MARCOLIN

Um dos logotipos encontra-se na face interior superior do objeto, de forma a que, ao estar a comer, possa ver a andorinha. Para o interior do objeto, como este é branco, o logótipo terá a cor do exterior, criando um contraste. Outro local onde a andorinha se encontra é no meio da face exterior, de forma a que o utilizador possa ver o logotipo quando for abrir ou fechar o contentor. Utiliza-se a mesma lógica de contraste, desta vez será uma andorinha branca a contrastar com o fundo colorido. Por fim, a andorinha também estará presente no fundo do copo, de maneira que o utilizador veja símbolo quando estiver a beber. O contraste da andorinha colorida contrastando com o fundo branco

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CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO OURIVESARIA_ EASR | 2015.16 MÓDULO 1 | DESIGN E O HOMEM

açucareiro Para iniciar o 1ºMódulo de Projeto e Tecnologia com a vertente de Ourivesaria, foi apresentada a seguinte proposta a desenvolver. Na proposta a problemática consistia em: cada aluno se debruça-se sobre a ligação do Design e o Homem. A proposta consistia então em : reorganizar um espaço ,neste caso a sala da habitação de cada aluno de modo a proporcionar um local ideal para expor objetos de Design de Ourivesaria, contudo este objeto não deveria ser só um mero objeto decorativo, mas sim também utilitário, a peça deveria estar situada onde tivesse o devido destaque e se encontrasse em plena harmonia com o restante local, não esquecendo obviamente da ligação deste objeto com o homem.

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Para a concretização do objeto de Ourivesaria este, deveria de ter como inspiração algum autor contemporâneo ligado a Ourivesaria e depois da reflexão e da inspiração sobre esse autor estar devidamente concluída só depois é que a peça deveria ser produzida na oficina de Ourivesaria. Seleção| Justificação da forma e conceito do Açucareiro -Porque selecionei este projeto ? Selecionei esta ideia, pois pretendia desde o inicio criar uma peça simples que estivesse inclinada para um estilo mais infantil, no qual todas as pessoas pudessem projetar a sua imaginação e ainda criar as suas próprias histórias. A ideia da pega ser a casa, surgiu quando visualizei as obras de Vicki Ambery Smith, mas de certo modo não queria fazer algo tão sofisticado e técnico mas sim algo simples mas ao mesmo tempo delicado. O conceito deste projeto cresceu quando visualizei também as obras de Eilleen Gatt, pois nas suas obras o estilo mais infantil e a ideia de querer transmitir histórias e significados está bem presente. A sua forma tomada está


LEONOR PALAEZ PEDROSA

ligada com o facto de ser mais fácil a sua utilização, pois impede o usuário de verter tão facilmente o açúcar. O nome “ Doce Lar “ está de certo modo conectada com o fato de o objeto ser um açucareiro, sendo uma embalagem que contém algo doce, mas também de possuir uma pega que é uma habitação ( lar ). Seleção| Técnicas a desenvolver nas oficinas - Como seria produzida a pega na Oficina de Joalharia? Depois de ter projetado a ideia de produzir um açucareiro, surgiram várias questões de como seria produzida e em que materiais. Depois de ter feito várias experiências ficou estipulado que a casa seria produzida em latão e que teria també apontamentos de cobre e ainda de prata. Para a concepção desta pega seriam utilizadas a técnica de quinagem na volumetria da casa e da porta, a técnica de fio torcido na varanda e ainda uma técnica muito simplificada de filigrana.

Açucareiro "Doce Lar" O “Doce Lar” foi produzido com o objetivo de ser uma peça que possuí duas funções: função utilitária e função decorativa/ simbólica. Foi produzida em duas oficinas, sendo estas: Oficina de Prataria onde se realizou o açucareiro propriamente dito e na Oficina de Joalharia onde foi produzida a pega que tem como inspiração a nível de formal a designer Vicki Ambery Smith e a nível conceptual Eilleen Gatt. A nível de materiais a esfera é produzida em latão e a pega é constituída também por latão, cobre e um apontamento em prata. O Açucareiro possuí 10cm de diâmetro e é ligeiramente tombado para a direita. A pega tem a forma de uma casa tridimensional com 1,5m de largura e 3cm de altura total. A peça apresenta de medidas finais 13cm de altura. E caso esta fosse para ser produzida e comercializada pretendia que fosse produzida em prata.

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⠊⠝⠎⠑⠛⠥⠗⠕ “INSEGURO”

Refletindo sobre os vários tipos de problemas no mundo, e os que mais me afetam, em primeira mão, procurei abordar o campo psicológico e abstrato da temática. Dentro deste campo existem diversos problemas desde a falta de cultura, a valorização de valores egoístas, a opressão, o preconceito e por último, o mais próximo de mim, as inseguranças, que não deixam de estar ligadas aos outros problemas referidos.

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Penso que estas são muitas vezes ignoradas por serem tão “comuns”, já que não existe ninguém que não tenha inseguranças. Viver baseia-se em decisões e dúvidas, nem sempre há uma resposta certa e nem sempre podemos ‘jogar pelo se-guro’. Como adolescente que vive estas inseguranças e que con-vive diariamente com uma variedade imensa de outros jovens, sei quão inseguros estes podem ficar por diversas razões. Não só os jovens, mas o resto das faixas etárias sofrem com a dúvida. Posto isto, pretendo projetar uma

linha de artefactos que representem as várias inseguranças no mundo e promovam uma alteração positiva nas pessoas que as sentem, levando-as a ultrapassá-las. A insegurança é um sentimento de mal-estar geral, de vulnerabilidade ou um senso de incapacidade e instabilidade que ameaça a própria auto-imagem ou ego. Uma pessoa insegura não tem confiança no seu próprio valor, numa ou mais das suas capacidades ou noutras pessoas. Pretendo incidir sobre as inseguranças que considero mais importantes e gerais, visto que as inseguranças podem derivar de quase todas as situações da vida. Tendo em conta que para se ultrapassar estas inseguranças a solução tem de partir do próprio, pretendo criar um produto funcional que não interfira diretamente com as inseguranças, mas sim simbólica e indiretamente. Ou seja, este produto irá sensibilizar o utilizador a mudar de perspectiva, reflitir sobre o que o incomoda e gerar uma ideia mais positiva do mundo. Acima de tudo o objeto deve valorizar o ser humano, o seu interior e as suas inseguranças.


GONÇALO CAMBOA

Numa segunda fase procura-se explorar o conceito dos sólidos de Platão e os seus significados. Dos cinco, tanto o Cubo como o Dodecaedro podiam ser aplicados à temática da insegurança. O Cubo, porque como Platão acreditava, conferiam solidez. Solidez é um conceito diretamente relacionado com as inseguranças, pois estas revelam uma falta de solidez psicológica. Por outro lado, o Dodecaedro é o único sólido presente no mundo inteligível, que simboliza o Cosmos. As inseguranças também se apresentam sob a forma inteligível, na “alma”. Quanto à sua execução, o Cubo é a forma mais viável, por isso a escolhida e trabalhada segundo algumas formas de NENDO. Através deste processo exploraram-se formas até se chegar à estrutura de um cubo com um dos vértices truncados. Após apostar no cubo com um canto truncado, foi necessário criar um sistema onde fosse possivel inserir o fio para cumprir a sua função de pendente. Pensou-se em criar uma estrutura de três fios que estendessem as arestas do

cubo, delineando a parte truncada. Para agarrar o fio à peça seriam ne-cessárias meias argolas, estas estragam a estética do objeto. Surgiu a ideia de usar um canal por dentro da aresta do cubo, algo que tornaria o cubo frágil. Ambas as opções foram experimentadas e concluiu-se que para fazer o canal, este ficaria em V pois só pode ser feito através de dois furos. Após refletir, decidi então deixar to-dos os cantos do cubo mas também as arestas criadas pelo cubo truncado. As-sim é possível inserir o fio do colar no vértice diferente. Por fim, procurou-se inserir os elementos semióticos nas várias peças.

Como, por exemplo, os fios vermelhos ligados à insegurança por separação, que convergem num dos cantos do cubo. Ou o labirinto 3D desenhado à volta de todo o cubo, criando um intricado de formas.

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Sólidos Platónicos Platão foi um filósofo, matemático,

racionalista, idealista e dualista do período clássico da Grécia Antiga. Inspirou muitas das filosofias posteriores à sua existência e deixou legados como os sólidos platónicos.

Os sólidos platónicos são poliedros

convexos cujas as faces são polígonos

regulares congruentes e todos os vértices contém o mesmo número de arestas. A

sua designação deve-se a Platão, que os descobriu em 400 a.C.

Platão foi o primeiro a demonstrar que existem apenas cinco poliedros regu-

lares e associou-os aos cinco elementos

que acreditava que constituíam o mundo

(quatro no mundo sensível e um no mundo sensível):

TETRAEDRO (elemento Fogo): Formado por quatro triângulos equi-láteros. Em cada um dos seus vértices concorrem três faces. O átomo do fogo seria um tetraedro, por se aproximar à for-ma das chamas. HEXAEDRO (elemento Terra): O cubo tem seis faces quadradas, pelo que também se pode chamar de hexaedro. Representaria o átomo da Ter-ra, pois quando colocados lado a lado, estes encaixam conferindo total solidez. OCTAEDRO (elemento Ar): As faces deste poliedro são triân-gulos equiláteros, no entanto, em cada vértice concorrem quatro triângulos. DODECAEDRO (elemento Cosmos): O dodecaedro é o único poliedro regular cujas faces são pentágonos regu-lares. Tal como os doze signos no espa-ço, este sólido tem doze fases. ICOSAEDRO (elemento Água): Constituído por cinco triângulos equiláteros que perfazem vinte faces, este sólido representaria os átomos da água, já que Platão defendia que a água

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SEPARAÇÃO

MITO DO FIO VERMELHO

PERDA

TRANSCENDÊNCIA | ALTITUDE


GONÇALO CAMBOA

CORPO FÍSICO MABEALIBIDADE

CAPACIDADES LABIRINTO | PERDA

DESCRENÇA NO MUNDO

ISOLAMENTO

ILHA | DISTÂNCIA | BARREIRA

SEXUALIDADE INTERSEÇÃO

ORDEM VS CAOS

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⠊⠝⠎⠑⠛⠥⠗⠕ “INSEGURO”

⠗⠑⠚⠑⠊⠞⠁⠙⠕ “REJEITADO” ISOLAMENTO

⠎⠬ “SÓ”

SEPARAÇÃO

⠞⠊⠉⠕ “CÉTICO”

DESCRENÇA NUM MUNDO MELHOR

MARCA GRÁFICA

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O nome de cada uma das peças deve refletir o seu conceito, para tal decidi que estes seriam nomeados de acordo com sentimentos ou sensa-ções que cada uma das inseguranças gera nas pessoas. Por exemplo, o pendente relativo à perda chamar-se-á “ABANDONADO”, pois este é o sen-timento gerado nas pessoas que perdem alguém. Já o nome da coleção deve refletir o que existe de comum em todas essas inseguranças - o facto de alguém se sentir “INSEGURO”. O próprio título de cada peça é, também, uma marca gráfica. Já que este é apresentado sobre uma mancha de pontos (Braille) e uma linha de rasura. Esta rasura representa a negação do sentimento de insegurança que cada peça simboliza.

⠁⠃⠁⠝⠙⠕⠝⠁⠙⠕ ⠙⠊⠎⠋⠕⠗⠍⠑ “ABANDONADO” “DISFORME” PERDA

CORPO FÍSICO

⠊⠝⠾⠞⠊⠇ “PERDIDO”

FALTA DE CONFIANÇA NAS CAPACIDADES

⠁⠝⠕⠗⠍⠁⠇ “ANORMAL” SEXUALIDADE


GONÇALO CAMBOA

EXTENSÃO DO CONCEITO

[ CANDEEIROS DE PRESENÇA ]

Paralelamente à modelação 3D do pendente, o conceito do projeto evoluiu e desdobrou-se noutras vertentes. A vertente mais importante e que deve ser intrinsecamente ligada aos pendentes é a do conceito de candeeiro de presença. A simbologia por detrás da luz é enorme, esta significa a esperança, a nitidez, a revelação... Para tal cada pendente será acompanhado de um homónimo que encaixará num candeeiro de presença, para representar o outro lado das inseguranças. “As inseguranças podem ser portadas, ou podem ser um ponto de partida para brilhar”. Ou seja, podemos viver com as inseguranças, quase como “um peso nas costas”, um fardo - pendente, ou podemos usá-las para atingir algo de bom e melhor, algo que ilumine candeeiro de presença.

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CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO TÊXTEIS _ EASR | 2015.16 FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO | SOMELOS

energias

Aceitar a escuridão, trabalhar através dos problemas, interpretar os sonhos e os estados alucinogénios da mente, onde a morte já não é tabu e, gradualmente, seremos capazes de discutir o processo à volta da “noite” de forma mais bonita e humana. Tendo em conta os conceitos presentes no painel de inspiração “Nocturne”, fornecido pela empresa SOMELOS, e a interpretação própria, pretende-se transmitir neste projeto de tecelagem o crescente movimento da noite, tanto mental como físico, e a forma de ver os momentos de solidão e melancolia como uma luz positiva capaz de trazer novas ideias e sensações. A tecelagem, nas suas diversas estruturas, desde o “cetim”, “tafetá”, “sarja”, “jacquard” e respetivas derivações, foi explorada de forma a extrair desta técnica o máximo de potencialidades, para se ter uma coleção ampla, que responda corretamente e criativamente às expectativas do mercado de camisaria masculina. A paleta cromática foi trabalhada de forma a transmitir as ideias subjacentes ao tema “Nocturne”, destacando-se o preto para representar o lado negativo, complementado com cores, que representam o lado positivo, apresentando assim o equilíbrio entre ambos. A cor está também ligada ao dia e o preto á noite, mostrando assim o contraste entre eles, tornando-os um só. Optou-se pelo uso das cores escuras, que têm a já referida conotação negativa, com a junção de cores vivas contrastantes,

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que representam não só o positivismo mas o equilíbrio entre ambos, como a mistura da noite com o dia, da luz com a escuridão. As cores estão também associadas às alucinações, de que tanto se fala nos tempos recentes. Através da análise de imagens sobre o tema, imagens alusivas á noite e aos efeitos de luz, apostou-se em associar os contrastes entre o preto e as cores com o contraste da luz com a noite. Os “degradês” são também explorados, tendo em conta as transições e o sentido geral do tema “Nocturne”. Conjugando as variáveis atrás referidas, produziu-se uma coleção que responde às exigências que se colocam à indústria da moda masculina, oferecendo soluções para as diversas situações do dia-a-dia, nomeadamente para as situações de trabalho e vida social. Tratou-se de um trabalho bastante exigente mas muito enriquecedor a nível profissional, capaz de resultar no mercado, indo ao encontro dos vários públicos. Conceitos fortes, escolhas arrojadas e criatividade sustentam esta coleção de tecidos


MARIA CARLOTA SANTOS

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CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO TÊXTEIS _ EASR | 2015.16 PROVA DE APTIDÃO ARTÍSTICA | OBJETOS DO OUTRO MUNDO

d’coração cheio

Marcar a diferença pela positiva através de um projeto de design têxtil,

acreditando que pequenas atitudes podem sempre fazer a diferença por envolver algo simbólico, sensibilizando as pessoas para a realidade da pobreza, que cada vez cresce mais.

Este projeto foi pensado para campanhas de apoio aos

seu lucro obtido, ser encaminhado para várias associações

exemplo, a “sopa dos pobres”.

perspetiva o público-alvo abrangerá todas as faixas etárias,

sem-abrigo e a famílias carenciadas, e serviços como, por

O objeto criado é um saco produzido em tecido, que

tem como principal objetivo o transporte, distribuição o

apoio ao consumo da comida.Naturalmente, o valor da solidariedade que está subjacente a este projeto, articulase com o do desenvolvimento sustentável, pois o saco é

produzido localmente de forma semi-industrial, com materiais ecológicos que não causam danos ao ambiente, tais como a

cortiça e o linho. O saco apesar de ter como principal objetivo a distribuição de comida pelos sem-abrigo, poderá também ser adquirido normalmente em lojas, devendo, parte do

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de apoio ao sem-abrigo e a famílias carenciadas. Nesta como por exemplo, as famílias que podem utilizá-lo como

saco de compras, os jovens para levar os livros para a escola, etc.. Como saco de compras, tem a mais-valia de ser

lavável, prático e bom para o ambiente, e tendo em conta que, hoje em dia, todos os sacos plásticos são apenas

adquiridos com um certo custo e estes causam poluição, este saco vem trazer uma solução.Este saco tem também

um dupla-funcionalidade. Abrindo os fechos laterais, cria um individual, onde a base circular pode ser assente nas pernas

e aí pode ser colocada a comida, visto que os sem-abrigo


JOANA GUERRA

muitas das vezes não têm local permanente das refeições.

chama que significa purificação, iluminação e vida. Todos

em termos estéticos, podemos encontrar diversos padrões,

seja de uma forma discreta, força, ao meu principal público-

O tecido foi trabalhado através da técnica de estamparia e,

para comunicar com a maioria em termos de gostos pessoais, e teriam como principal objetivo transmitir mensagens de motivação, positividade, esperança, entre outros. De todos eles, os que influenciaram mais a coleção foram, a água, ou a gota de água, que simboliza a origem da vida, purificação e

limpeza, a árvore que significa vida, o pássaro que transmite esperança e boa sorte, a lua que simboliza as várias fases

da vida, a âncora que significa firmeza, força, esperança, a escada que transmite ascensão e valorização, o mar que simboliza transformação e renascimento e finalmente a

estes símbolos são utilizados para transmitir, mesmo que

alvo, os sem-abrigo, e ajudá-los a ultrapassar esta fase difícil da vida. A paleta de cores selecionada para aplicação em

estamparia, acompanha de perto as mensagens simbólicas atrás referidas.Este projeto tem como nome “D’ CORAÇÃO

CHEIO”, pois junta duas palavras, onde o coração simboliza a solidariedade e sensibilização dos problemas que ocorrem

em nosso redor, e cheio que simboliza “barriga cheia”, pois

este projeto trata-se de distribuição de alimentos, significa também cheio, pois ao fazer algo pelos outros uma pessoa fica sempre mais rica na alma e no coração.

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PR O J E TO

CURSO DESIGN DE PRODUTO | ESPECIALIZAÇÃO TÊXTEIS _ EASR | 2015.16 PROVA DE APTIDÃO ARTÍSTICA | OBJETOS DO OUTRO MUNDO

d’coração cheio

Esboços de procura da ideia AMOSTRAS DE TECIDOS

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PALETA DE CORES


JOANA GUERRA

Planificação de corte do tecido de linho e cortiça

estudo de aplicação

Motivos selecionados para os padrões de estamparia

dos tecidos da coleção no objeto

Dimensões e materiais do saco: Altura: 400 mm Diâmetro da base: 270 mm Tecido de linho estampado e cortiça

163


dinamicas @ essr.net

ESCO LA ART Ă? S T I C A D E S O A R E S D O S R E I S


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