O AMPARO INFORMATIVO BIMESTRAL DA DIOCESE DE AMPARO
ANO 3 | # 10 | MAIO - JUNHO 2017 | diocesedeamparo.org.br
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O GRAVE MOMENTO NACIONAL O episcopado brasileiro, reunido em sua 55ª Assembleia Geral, em Aparecida, de 26 de abril e 05 de maio, emitiu Nota Oficial sobre o momento que o Brasil atravessa nos últimos tempos. Na véspera do encerramento do encontro anual dos bispos, a presidência da
CNBB faz um balanço dos trabalhos e destaca que Brasil é “um País perplexo diante de agentes públicos e privados que ignoram a ética e abrem mão dos princípios morais, base indispensável de uma nação que se queira justa e fraterna”. página 06
ROMARIA MARCA INÍCIO DAS COMEMORAÇÕES DO 20º ANIVERSÁRIO DA DIOCESE Confira detalhes deste momento especial para nossa diocese e fotos inéditas da celebração no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida.
páginas 12 e 13
MISSIONÁRIO NO AMAZONAS Artigo do padre André Panassolo a respeito da missão em São Gabriel da Cachoeira/AM. página 24
Foranias estudam documento da CNBB página 11
Marcada ordenação do diácono Rafael página 09
Nota da CNBB pela vida, contra o aborto página 07
51ª DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES
PENTECOSTES, A VINDA DO ESPÍRITO SANTO
MENSAGEIROS DA ESPERANÇA PASCAL
Confira a Mensagem do Papa Francisco para o DMC a ser celebrado em 28 de maio.
Artigo sobre a Solenidade de Pentecostes festejado em 04 de junho.
Editoral de Dom Luiz Gonzaga para este Tempo Pascal.
página 04
página 23
página 02
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Padre Anderson Frezzato Coordenador Diocesano de Pastoral Queridos irmãos e irmãs! Paz do Ressuscitado!
MENSAGEIROS DA ESPERANÇA PASCAL Amada irmã e amado irmão, que a graça e a paz de nosso Bom Deus estejam sendo permanente alimento para sua vida, porque o Senhor quer precisar de cada uma e cada um de nós na comunicação do amor e da bondade d’Ele, sempre e cada vez mais necessários, conforme percebemos claramente, à medida que vamos tomando consciência mais lúcida dos desafios que enfrentamos em nossa missão cristã. Deus, que tudo pode e que tem a minha e a sua vida, e a de quem quer que seja, nas mãos d’Ele, deseja, com perfeita paciência, nossa valiosa colaboração, apesar dos muitos limites, para tornarmos este mundo melhor, na contínua transmissão de princípios e valores dos quais não podemos jamais abrir mão. Para isto, não contamos apenas com os grandes meios de comunicação, como, por exemplo, a televisão e o rádio, ou os jornais e revistas de ampla circulação, que, aliás, com poucas exceções, mais destroem do que constroem a dignidade humana. É com a intenção de promover cada pessoa, na condição de filho e filha muito amados pelo Pai, que nosso “O AMPARO”, nesta 3ª edição bimestral de 2017, chega aos seus olhos para uma leitura que, desejamos, seja agradável e estimuladora. Observando o que tem acontecido e está acontecendo em nossa amada Diocese, nas Foranias e Paróquias, pelas Pastorais e Movimentos, incentivemo-nos mutuamente a assumir com maior entusiasmo, num renovado ardor, a necessidade, e, mais do que isto, o desejo de noticiar, ou seja, divulgar com boa vontade e valentia a Boa Nova do Reino, boa notícia incomparável, tão antiga e, ao mesmo tempo, sempre nova e imprescindível, conforme vamos acompanhando nosso cotidiano. O ponto mais alto desta Boa Nova, ou, melhor ainda, o seu centro, em torno do qual e a partir do qual deve movimentar-se toda a nossa ação pastoral, tudo o que envolve o nosso “ser” Igreja, é o grande Mistério Pascal, cujo cume é a Ressurreição do Senhor, a maior de todas as conquistas e vitórias que se pode desejar, procurar e alcançar, pois nenhum esforço para qualquer experiência de superação e felicidade vale a pena sem a consideração desse que foi e sempre será o maior de todos os acontecimentos. Na liturgia da nossa Igreja, estamos no Tempo Pascal, 50 dias que são como um único dia, o Domingo da Páscoa, que dura desde aquele domingo por excelência, ou seja, o “dia que o Senhor fez para nós” (conforme o Sl 117 [118], 24), até o domingo da maravilhosa solenidade de Pentecostes que, neste ano, será no 1º domingo de junho. Querido irmão e querida irmã, conto com você, não apenas para ser um leitor e uma leitora do nosso “O AMPARO”, mas também para divulgá-lo entre aqueles que lhe são próximos ou de quem você pode tornar-se próximo e próxima. Façamos deste veículo de comunicação um instrumento que nos incentive a ser mensageiro e mensageira da esperança pascal!
Chega a suas mãos mais uma edição do nosso informativo O Amparo. Que você, meu irmão, minha irmã, esteja muito bem. De certo, você pôde viver com intensidade todas as festividades da Semana Santa, e agora junto com toda a Igreja, espera a vinda do Espírito Santo, na Solenidade de Pentecostes. A leitura de tudo o que aqui se encontra reportado deve ser além de informativa, propositiva. São tantas as atividades realizadas por nosso bispo Dom Luiz Gonzaga, pelos nossos sacerdotes, sobretudo, pelos inúmeros agentes de pastorais presentes nas nossas paróquias, movimentos, irmandades. Desejo firmemente que algo te chame a atenção, desperte interesse e se você ainda não participa da vida pastoral da Igreja, se sinta convidado (a). As formações sobre o Documento 105 Cristãos leigos e leigas, na Igreja e na Sociedade, da CNBB, estão acontecendo com ótima participação dos agentes de pastorais e entra em término na sua fase de forania, com o último encontro na Forania São José (Mogi Mirim), na Paróquia São Pedro Apostolo, dia 21 de junho, às 19h30. Estes encontros de formação visam, primeiramente, motivar os agentes de pastoral a se comprometerem na elaboração do 2º Plano de Pastoral, cuja base é o protagonismo leigo na vida pastoral da Igreja. Outros encontros acontecerão dentro do caminho que devemos percorrer nessa feitura, e em breve iremos informá-los. Por fim, que você possa celebrar bem a Solenidade de Pentecostes, a vinda do Espírito Santo sobre toda a Igreja. É o Espírito de Deus, qual força dinâmica, que nos ajuda a cumprir a missão evangelizadora, pois nos capacitada oferecendo tão ricos dons para a nossa vida de batizados, esteja em seu coração. Na força do Espírito Santo, boa leitura! FALE CONOSCO Para esclarecer dúvidas, sugestões ou reclamações, nos envie um e-mail no endereço eletrônico: jornaloamparo@diocesedeamparo.org.br
Dom Luiz Gonzaga Fechio Bispo Diocesano
Expediente
JORNALISTA RESPONSÁVEL SIRLENE RIBEIRO - MTB 66.955/SP
O AMPARO INFORMATIVO OFICIAL DA DIOCESE DE AMPARO ANO 3 | #10
DIAGRAMAÇÃO - DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO REVISÃO - MARGARIDA HULSHOF CRÉDITO DAS MATÉRIAS: EQUIPES PASCOM PAROQUIAIS
BISPO DIOCESANO DOM LUIZ GONZAGA FECHIO
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EGITO É SINAL DE ESPERANÇA E REFÚGIO “Caros irmãos e irmãs, bom dia! Hoje quero falar a vocês da Viagem apostólica que, com a ajuda de Deus, eu realizei nos últimos dias ao Egito. Eu fui ao país após ter recebido um convite quadruplo: do Presidente da República, de sua Santidade o Patriarca Copto ortodoxo, do Grande Imã de Al- Azhar e do Patriarca Copto Católico. Agradeço a cada um deles pela acolhida que me deram, verdadeiramente calorosa. E agradeço a todo povo egípcio pela participação e afeto com que viveram esta visita do Sucessor de Pedro. O presidente e as autoridades civis se empenharam de modo extraordinário para que este evento pudesse acontecer do melhor modo; para que pudesse ser um sinal de paz, um sinal de paz para o Egito e para toda aquela região, que infelizmente sofre com os conflitos e o terrorismo. De fato, o tema da viagem era “O Papa da paz no Egito da paz”. A minha visita à Universidade de Al-Azhar, a mais antiga universidade islâmica e máxima instituição acadêmica do Islã sunita, teve um duplo horizonte: o diálogo entre cristãos e muçulmanos e, ao mesmo tempo, a promoção da paz no mundo. E em Al-Azhar aconteceu o encontro com o Grande Imã, encontro que se alargou na Conferência Internacional para a Paz. Em tal contexto, eu ofereci uma reflexão que valorizou a história do Egito como terra de civilidade e terra de alianças. Para toda a humanidade, o Egito é sinônimo de antiga civilização, de tesouros de arte e conhecimento; e isso nos recorda que a paz se constrói mediante a educação, a formação da sabedoria, de um humanismo que compreende como
parte integrante a dimensão religiosa, o relacionamento com Deus, como recordou o Grande Imã em seu discurso. A paz se constrói também partindo da aliança entre Deus e o homem, fundamento da aliança entre todos os homens, baseada no Decálogo escrito em tábuas de pedra no Sinai, mas muito mais profundamente no coração de cada homem de cada tempo e lugar, lei que se resume nos dois mandamentos do amor a Deus e ao próximo. Este mesmo fundamento está também na base da ordem da construção social e civil, na qual são chamados a colaborar todos os cidadãos, de cada origem, cultura e religião. Tal visão de sã laicidade, emergiu na troca de discursos com o presidente da República do Egito, em presença das autoridades do país e Corpo diplomático. O grande patrimônio histórico e religioso do Egito e o seu papel na região meridional lhe conferem um dever no caminho em direção a uma paz estável e duradoura, que se apoie não no direito da força, mas na força do direito. Os cristãos, no Egito como em cada nação da terra, são chamados a ser fermentos de fraternidade. E
isso é possível se vivem entre eles a comunhão de Cristo. Um forte sinal de comunhão, graças a Deus, pudemos dar junto com o meu caro irmão Papa Tawadros II, patriarca dos coptas ortodoxos. Renovamos o empenho, também assinando uma Declaração Comum, de caminhar juntos e de nos esforçarmos para não repetir o batismo administrado nas duas Igrejas. Juntos rezamos pelos mártires dos recentes atentados que atingiram tragicamente aquela venerável Igreja; e o sangue deles fecundou este encontro ecumênico, do qual participou também o Patriarca de Constantinopla Bartolomeu: o patriarca ecumênico, meu caro irmão. O segundo dia de viagem foi dedicado aos fiéis católicos. A Santa Missa celebrada no Estádio, colocado à disposição pelas autoridades egípcias, foi uma festa de fé e fraternidade, na qual sentimos a presença do Senhor Ressuscitado. Comentando o Evangelho, exortei a pequena comunidade católica do Egito a reviver a experiência dos discípulos de Emaús: a encontrar sempre no Cristo, palavra e pão da vida, a alegria da fé, o ardor da esperança e a força de testemunhar no amor que “encon-
tramos o Senhor”. O último momento vivi junto com os sacerdotes, religiosos e religiosas e seminaristas, no Seminário Maior. Há tantos seminaristas: e isso é uma consolação! Foi uma bela liturgia da Palavra, durante a qual foram renovadas as promessas de vida consagrada. Nesta comunidade de homens e mulheres que escolheram dar a vida a Cristo pelo seu Reino, eu vi a beleza da Igreja no Egito, e rezei por todos os cristãos do Oriente Médio, para que guiados por seus pastores e acompanhados pelos consagrados, sejam sal e luz nestas terras, em meio ao povo. O Egito, para nós, foi um sinal de esperança, refúgio e auxílio. Quando aquela parte do mundo era inflamada, Jacó, com os seus filhos, foi embora de lá; e depois, quando Jesus foi perseguido, foi até lá. Por isso contar a vocês sobre esta viagem significa percorrer o caminho da esperança: para nós o Egito é aquele sinal de esperança, seja pela história seja pelo hoje, desta fraternidade que eu desejei contar a vocês. Agradeço novamente àqueles que tornaram possível esta Viagem e a todos que, de diversos modos, deram a sua contribuição, especialmente a tantas pessoas que ofereceram as suas orações e seus sofrimentos. A Família de Nazaré, que emigrou pelas margens do rio Nilo para fugir da violência de Herodes, abençoe e proteja sempre o povo egípcio e o guie sobre o caminho da prosperidade, da fraternidade e da paz. Obrigado!” Franciscus Audiência Geral de 03 de maio de 2017
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Notícias da Igreja no Mundo MENSAGEM DO PAPA PARA O 51º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES “Não tenhas medo, que Eu estou contigo” (Is 43, 5) Comunicar esperança e confiança, no nosso tempo Graças ao progresso tecnológico, o acesso aos meios de comunicação possibilita a muitas pessoas ter conhecimento quase instantâneo das notícias e divulgá-las de forma capilar. Estas notícias podem ser boas ou más, verdadeiras ou falsas. Já os nossos antigos pais na fé comparavam a mente humana à mó da azenha que, movida pela água, não se pode parar. Mas o moleiro encarregado da azenha tem possibilidades de decidir se quer moer, nela, trigo ou joio. A mente do homem está sempre em ação e não pode parar de “moer” o que recebe, mas cabe a nós decidir o material que lhe fornecemos (cf. Cassiano o Romano, Carta a Leôncio Igumeno). Gostaria que esta mensagem pudesse chegar como um encorajamento a todos aqueles que diariamente, seja no âmbito profissional seja nas relações pessoais, “moem” tantas informações para oferecer um pão fragrante e bom a quantos se alimentam dos frutos da sua comunicação. A todos quero exortar a uma comunicação construtiva, que, rejeitando os preconceitos contra o outro, promova uma cultura do encontro por meio da qual se possa aprender a olhar, com convicta confiança, a realidade. Creio que há necessidade de romper o círculo vicioso da angústia e deter a espiral do medo, resultante do hábito de se fixar a atenção nas “notícias más” (guerras, terrorismo, escândalos e todo o tipo de falimento nas vicissitudes humanas). Não se trata, naturalmente, de promover desinformação onde seja ignorado o drama do sofrimento, nem de cair num otimismo ingênuo que não se deixe tocar pelo escândalo do mal. Antes, pelo contrário, queria que todos procurássemos ultrapassar aquele sentimento de mau-humor e
resignação que muitas vezes se apodera de nós, lançando-nos na apatia, gerando medos ou a impressão de não ser possível pôr limites ao mal. Aliás, num sistema comunicador onde vigora a lógica de que uma notícia boa não desperta a atenção, e por conseguinte não é uma notícia, e onde o drama do sofrimento e o mistério do mal facilmente são elevados a espetáculo, podemos ser tentados a anestesiar a consciência ou cair no desespero. Gostaria, pois, de dar a minha contribuição para a busca dum estilo comunicador aberto e criativo, que não se prontifique a conceder papel de protagonista ao mal, mas procure evidenciar as possíveis soluções, inspirando uma abordagem propositiva e responsável nas pessoas a quem se comunica a notícia. A todos queria convidar a oferecer aos homens e mulheres do nosso tempo relatos permeados pela lógica da “boa notícia”. A BOA NOTÍCIA A vida do homem não se reduz a uma crônica asséptica de eventos, mas é história, e uma história à espera de ser contada através da escolha duma chave interpretativa capaz de selecionar e reunir os dados mais importantes. Em si mesma,
a realidade não tem um significado unívoco. Tudo depende do olhar com que a enxergamos, dos “óculos” que decidimos pôr para a ver: mudando as lentes, também a realidade aparece diversa. Então, qual poderia ser o ponto de partida bom para ler a realidade com os “óculos” certos? Para nós, cristãos, os óculos adequados para decifrar a realidade só podem ser os da boa notícia: partir da Boa Notícia por excelência, ou seja, o “Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1, 1). É com estas palavras que o evangelista Marcos começa a sua narração: com o anúncio da “boa notícia”, que tem a ver com Jesus; mas, mais do que uma informação sobre Jesus, a boa notícia é o próprio Jesus. Com efeito, ao ler as páginas do Evangelho, descobre-se que o título da obra corresponde ao seu conteúdo e, principalmente, que este conteúdo é a própria pessoa de Jesus. Esta boa notícia, que é o próprio Jesus, não se diz boa porque nela não se encontra sofrimento, mas porque o próprio sofrimento é vivido num quadro mais amplo, como parte integrante do seu amor ao Pai e à humanidade. Em Cristo, Deus fez-Se solidário com toda a situação humana, revelando-nos que não estamos sozinhos, porque temos um Pai que
nunca pode esquecer os seus filhos. “Não tenhas medo, que Eu estou contigo” (Is 43, 5): é a palavra consoladora de um Deus desde sempre envolvido na história do seu povo. No seu Filho amado, esta promessa de Deus – “Eu estou contigo” – assume toda a nossa fraqueza, chegando ao ponto de sofrer a nossa morte. N’Ele, as próprias trevas e a morte tornam-se lugar de comunhão com a Luz e a Vida. Nasce, assim, uma esperança acessível a todos, precisamente no lugar onde a vida conhece a amargura do falimento. Trata-se duma esperança que não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações (cf. Rm 5, 5) e faz germinar a vida nova, como a planta cresce da semente caída na terra. Visto sob esta luz, qualquer novo drama que aconteça na história do mundo torna-se cenário possível também duma boa notícia, uma vez que o amor consegue sempre encontrar o caminho da proximidade e suscitar corações capazes de se comover, rostos capazes de não se abater, mãos prontas a construir. A CONFIANÇA NA SEMENTE DO REINO Para introduzir os seus discípulos e as multidões nesta mentalidade evangélica e entregar-lhes os “óculos” adequados para se aproximar da lógica do amor que morre e ressuscita, Jesus recorria às parábolas, nas quais muitas vezes se compara o Reino de Deus com a semente, cuja força vital irrompe precisamente quando morre na terra (cf. Mc 4, 1-34). O recurso a imagens e metáforas para comunicar a força humilde do Reino não é um modo de reduzir a sua importância e urgência, mas a forma misericordiosa que deixa, ao ouvinte, o “espaço” de liberdade para a acolher e aplicar também a
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Notícias da Igreja no Mundo si mesmo. Além disso, é o caminho privilegiado para expressar a dignidade imensa do mistério pascal, deixando que sejam as imagens – mais do que os conceitos – a comunicar a beleza paradoxal da vida nova em Cristo, onde as hostilidades e a cruz não anulam, mas realizam a salvação de Deus, onde a fraqueza é mais forte do que qualquer poder humano, onde o falimento pode ser o prelúdio da maior realização de tudo no amor. Na verdade, é precisamente assim que amadurece e se entranha a esperança do Reino de Deus, ou seja, “como um homem que lançou a semente à terra. Quer esteja a dormir, quer se levante, de noite e de dia, a semente germina e cresce” (Mc 4, 2627). O Reino de Deus já está no meio de nós, como uma semente escondida a um olhar superficial e cujo crescimento acontece no silêncio.
Mas quem tem olhos, tornados limpos pelo Espírito Santo, consegue vê-lo germinar e não se deixa roubar a alegria do Reino por causa do joio sempre presente. OS HORIZONTES DO ESPÍRITO A esperança fundada na boa notícia que é Jesus faz-nos erguer os olhos e impele-nos a contemplá-Lo no quadro litúrgico da Festa da Ascensão. Aparentemente o Senhor afasta-Se de nós, quando na realidade são os horizontes da esperança que se alargam. Pois em Cristo, que eleva a nossa humanidade até ao Céu, cada homem e cada mulher consegue ter “plena liberdade para a entrada no santuário por meio do sangue de Jesus. Ele abriu para nós um caminho novo e vivo através do véu, isto é, da sua humanidade” (Heb 10, 19-20). Através “da força do Espírito Santo”, podemos ser “tes-
temunhas” e comunicadores duma humanidade nova, redimida, “até aos confins da terra” (cf. At 1, 7-8). A confiança na semente do Reino de Deus e na lógica da Páscoa não pode deixar de moldar também o nosso modo de comunicar. Tal confiança que nos torna capazes de atuar – nas mais variadas formas em que acontece hoje a comunicação – com a persuasão de que é possível enxergar e iluminar a boa notícia presente na realidade de cada história e no rosto de cada pessoa. Quem, com fé, se deixa guiar pelo Espírito Santo, torna-se capaz de discernir em cada evento o que acontece entre Deus e a humanidade, reconhecendo como Ele mesmo, no cenário dramático deste mundo, esteja compondo a trama duma história de salvação. O fio, com que se tece esta história sagrada, é a esperança, e o seu tecedor só pode ser o
Espírito Consolador. A esperança é a mais humilde das virtudes, porque permanece escondida nas pregas da vida, mas é semelhante ao fermento que faz levedar toda a massa. Alimentamo-la lendo sem cessar a Boa Notícia, aquele Evangelho que foi “reimpresso” em tantas edições nas vidas dos Santos, homens e mulheres que se tornaram ícones do amor de Deus. Também hoje é o Espírito que semeia em nós o desejo do Reino, através de muitos “canais” vivos, através das pessoas que se deixam conduzir pela Boa Notícia no meio do drama da história, tornando-se como que faróis na escuridão deste mundo, que iluminam a rota e abrem novas sendas de confiança e esperança. Vaticano, 24 de janeiro Memória de São Francisco de Sales Franciscus
CENTENÁRIO DAS APARIÇÕES DE FÁTIMA O Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, prepara-se para celebrar no próximo dia 13 de maio, os 100 anos das aparições de Nossa Senhora de Fátima aos três pastorinhos. As aparições deram origem ao santuário, considerado um dos mais importantes do mundo e centro de propagação da devoção mariana. JACINTA E FRANCISCO SERÃO CANONIZADOS EM 13 DE MAIO O Papa Francisco estará em Fátima nos dias 12 e 13 de maio para as celebrações comemorativas do centenário. Na programação estão uma visita à Capelinha das Aparições, oração do rosário com os fiéis, e, um dos momentos mais aguardados, a canonização de Jacinta e Francisco Marto, os dois pastorzinhos. Os pastorinhos serão as primeiras crianças não-mártires a serem proclamadas Santas. Na mesma data, há 17 anos, os dois irmãos eram bea-
tificados por João Paulo II. Jacinta e Francisco, os irmãos de apenas nove e dez anos, junto com a prima Lúcia dos Santos, tiveram visões de Nossa Senhora pela primeira vez em 13 de maio de 1917, seguindo-se em todos os dias 13 de cada mês, até chegar ao mês de outubro. Nos “encontros celestiais” Maria deixou mensagens sobre acontecimentos futuros e recomendações aos peque-
nos, entre estas, a de rezar o Rosário diariamente. CRIANÇA CURADA ACOMPANHARÁ CANONIZAÇÃO A criança brasileira curada por intercessão de Francisco e Jacinta, em um milagre reconhecido pelo Papa, vai acompanhar a canonização dos Pastorzinhos, na Cova da Iria. “No dia 11 de maio, a criança mi-
raculada e a família vão fazer uma declaração em Fátima sobre o milagre, estando disponíveis para falar com a imprensa, assistindo, no dia 13, à canonização dos dois Pastorzinhos”, assinala uma nota divulgada. Até lá, “a família não vai dar entrevistas nem fazer declarações, por pretender que o seu testemunho seja feito no Santuário de Fátima”. A identidade da criança, por ser menor, e pormenores exatos da cura “estão sob reserva”. O reconhecimento de um milagre realizado depois da beatificação é um processo da competência da Congregação das Causas dos Santos, regulado pela Constituição Apostólica Divinus Perfectionis Magister, promulgada por João Paulo II em 1983. O decreto saído da Congregação, declarando santos os dois beatos, foi então submetido à aprovação do Papa Francisco, o que aconteceu a 23 de março deste ano.
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Notícias do Brasil
O GRAVE MOMENTO NACIONAL “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6,33)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil–CNBB, por ocasião de sua 55ª Assembleia Geral, reunida em Aparecida-SP, de 26 de abril a 5 de maio de 2017, sente-se no dever de, mais uma vez, apresentar à sociedade brasileira suas reflexões e apreensões diante da delicada conjuntura política, econômica e social pela qual vem passando o Brasil. Não compete à Igreja apresentar soluções técnicas para os graves problemas vividos pelo País, mas oferecer ao povo brasileiro a luz do Evangelho para a edificação de “uma sociedade à medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação” (Bento XVI – Caritas in Veritate, 9). O que está acontecendo com o Brasil? Um País perplexo diante de agentes públicos e privados que ignoram a ética e abrem mão dos princípios morais, base indispensável de uma nação que se queira justa e fraterna. O desprezo da ética leva a uma relação promíscua entre interesses públicos e privados, razão primeira dos escândalos da corrupção. Urge, portanto, retomar o caminho da ética como condição indispensável para que o Brasil reconstrua seu tecido social. Só assim a sociedade terá condições de lutar contra seus males mais evidentes: violência contra a pessoa e a vida, contra a família, tráfico de drogas e outros negócios ilícitos, excessos no uso da força policial, corrupção, sonegação fiscal, malversação dos bens públicos, abuso do poder econômico e político, poder discricionário dos meios de comunicação social, crimes ambientais (cf. Documentos da CNBB 50– Ética, Pessoa e Sociedade – n. 130) O Estado democrático de direito, reconquistado com intensa participação popular após o regime de exceção, corre riscos na medida em
que crescem o descrédito e o desencanto com a política e com os Poderes da República cuja prática tem demonstrado enorme distanciamento das aspirações de grande parte da população. É preciso construir uma democracia verdadeiramente participativa. Dessa forma se poderá superar o fisiologismo político que leva a barganhas sem escrúpulos, com graves consequências para o bem do povo brasileiro. É sempre mais necessária uma profunda reforma do sistema político brasileiro. Com o exercício desfigurado e desacreditado da política, vem a tentação de ignorar os políticos e os governantes, permitindo-lhes decidir os destinos do Brasil a seu bel prazer. Desconsiderar os partidos e desinteressar-se da política favorece a ascensão de “salvadores da pátria” e o surgimento de regimes autocráticos. Aos políticos não é lícito exercer a política de outra forma que não seja para a construção do bem comum. Daí, a necessidade de se abandonar a velha prática do “toma lá, dá cá” como moeda de troca para atender a interesses privados em prejuízo dos interesses públicos. Intimamente unida à política, a economia globalizada tem sido um verdadeiro suplício para a maioria da população brasileira, uma vez que dá primazia ao mercado, em detrimento da pessoa humana e ao capital em detrimento do trabalho, quando deveria ser o contrário. Essa economia mata e revela que a raiz da crise é antropológica, por negar a primazia do ser humano sobre o capital (cf. Evangelii Gaudium, 53-57). Em nome da retomada do desenvolvimento, não é justo submeter o Estado ao mercado. Quando é o mercado que governa, o Estado torna-se fraco e acaba submetido a uma perversa lógica financista. Recorde-se, com o Papa Francisco, que “o dinheiro é para servir e não para governar” (Evangelii Gaudium 58).
O desenvolvimento social, critério de legitimação de políticas econômicas, requer políticas públicas que atendam à população, especialmente a que se encontra em situação vulnerável. A insuficiência dessas políticas está entre as causas da exclusão e da violência, que atingem milhões de brasileiros. São catalisadores de violência: a impunidade; os crescentes conflitos na cidade e no campo; o desemprego; a desigualdade social; a desconstrução dos direitos de comunidades tradicionais; a falta de reconhecimento e demarcação dos territórios indígenas e quilombolas; a degradação ambiental; a criminalização de movimentos sociais e populares; a situação deplorável do sistema carcerário. É preocupante, também, a falta de perspectivas de futuro para os jovens. Igualmente desafiador é o crime organizado, presente em diversos âmbitos da sociedade. Nas cidades, atos de violência espalham terror, vitimam as pessoas e causam danos ao patrimônio público e privado. Ocorridos recentemente, o massacre de trabalhadores rurais no município de Colniza, no Mato Grosso, e o ataque ao povo indígena Gamela, em Viana, no Maranhão, são barbáries que vitimaram os mais pobres. Essas ocorrências exigem imediatas providências das autoridades competentes na apuração e punição dos responsáveis. No esforço de superação do grave momento atual, são necessárias reformas, que se legitimam quando obedecem à lógica do diálogo com toda a sociedade, com vistas ao bem comum. Do Judiciário, a quem compete garantir o direito e a justiça para todos, espera-se atuação independente e autônoma, no estrito cumprimento da lei. Da Mídia espera-se que seja livre, plural e independente, para que se coloque a serviço da verdade. Não há futuro para uma socie-
dade na qual se dissolve a verdadeira fraternidade. Por isso, urge a construção de um projeto viável de nação justa, solidária e fraterna. “É necessário procurar uma saída para a sufocante disputa entre a tese neoliberal e a neoestatista (…). A mera atualização de velhas categorias de pensamentos, ou o recurso a sofisticadas técnicas de decisões coletivas, não é suficiente. É necessário buscar caminhos novos inspirados na mensagem de Cristo” (Papa Francisco – Sessão Plenária da Pontifícia Academia das Ciências Sociais – 24 de abril de 2017). O povo brasileiro tem coragem, fé e esperança. Está em suas mãos defender a dignidade e a liberdade, promover uma cultura de paz para todos, lutar pela justiça e pela causa dos oprimidos e fazer do Brasil uma nação respeitada. A CNBB está sempre à disposição para colaborar na busca de soluções para o grave momento que vivemos e conclama os católicos e as pessoas de boa vontade a participarem, consciente e ativamente, na construção do Brasil que queremos. No Ano Nacional Mariano, confiamos o povo brasileiro, com suas angústias, anseios e esperanças, ao coração de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Deus nos abençoe! Aparecida-SP, 3 de maio de 2017. Cardeal Sergio da Rocha Arcebispo de Brasília Presidente da CNBB Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ Arcebispo de São Salvador da Bahia Vice-Presidente da CNBB Dom Leonardo Ulrich Steiner Bispo Auxiliar de Brasília Secretário-Geral da CNBB
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Notícias do Brasil NOTA DA CNBB PELA VIDA, CONTRA O ABORTO A presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) emitiu Nota Oficial “Pela vida, contra o aborto”. Os bispos reafirmam posição firme e clara da Igreja “em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural” e, desse modo condenam “todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil”. Confira a íntegra: “Não matarás, mediante o aborto, o fruto do seu seio” (Didaquê, século I) A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através da sua Presidência, reitera sua posição em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural. Condena, assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil. O direito à vida é incondicional. Deve ser respeitado e defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana. O direito à vida permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e também para aquela que ainda não nasceu. Na realidade, desde quando o óvulo é fecundado, encontra-se inaugurada uma nova vida, que não é nem a do pai, nem a da mãe, mas a de um novo ser humano. Contém em si a singularidade e o dinamismo da pessoa humana: um ser que recebe a tarefa de vir-a-ser. Ele não viria jamais a tornar-se humano, se não o fosse desde início . Esta verdade é de caráter antropológico, ético e científico. Não se restringe à argumentação de cunho teológico ou religioso. A defesa incondicional da vida, fundamentada na razão e na nature-
za da pessoa humana, encontra o seu sentido mais profundo e a sua comprovação à luz da fé. A tradição judaico-cristã defende incondicionalmente a vida humana. A sapiência e o arcabouço moral do Povo Eleito, com relação à vida, encontram sua plenitude em Jesus Cristo. As primeiras comunidades cristãs e a Tradição da Igreja consolidaram esses valores. O Concílio Vaticano II assim sintetiza a postura cristã, transmitida pela Igreja, ao longo dos séculos, e proclamada ao nosso tempo: “A vida deve ser defendida com extremos cuidados, desde a concepção: o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis” . O respeito à vida e à dignidade das mulheres deve ser promovido, para superar a violência e a discriminação por elas sofridas. A Igreja quer acolher com misericórdia e prestar assistência pastoral às mulheres que sofreram a triste experiência do aborto. O aborto jamais pode ser considerado um direito da mulher ou do homem, sobre a vida do nascituro. A ninguém pode ser dado o direito de eliminar outra pessoa. A sociedade é devedora da mulher, particularmente quando ela exerce a maternidade. O Papa Francisco afirma que “as mães são o antídoto mais forte para a propagação do individualismo egoísta. ‘Indivíduo’ quer dizer ‘que não se pode dividir’. As mães,
em vez disso, se ‘dividem’ a partir de quando hospedam um filho para dá-lo ao mundo e fazê-lo crescer” . Neste tempo de grave crise política e econômica, a CNBB tem se empenhado na defesa dos mais vulneráveis da sociedade, particularmente dos empobrecidos. A vida do nascituro está entre as mais indefesas e necessitadas de proteção. Com o mesmo ímpeto e compromisso ético-cristão, repudiamos atitudes antidemocráticas que, atropelando o Congresso Nacional, exigem do Supremo Tribunal Federal-STF uma função que não lhe cabe, que é legislar. O direito à vida é o mais fundamental dos direitos e, por isso, mais do que qualquer outro, deve ser protegido. Ele é um direito intrínseco à condição humana e não uma concessão do Estado. Os Poderes da República têm obrigação de garanti-lo e defendê-lo. O Projeto de Lei 478/2007 – “Estatuto do Nascituro”, em tramitação no Congresso Nacional, que garante o direito à vida desde a concepção, deve ser urgentemente apreciado, aprovado e aplicado. Não compete a nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida, assegurando-o a alguns e negando-o a outros. Essa discriminação é iníqua e excludente; “causa horror só o pensar que haja crianças que não poderão
jamais ver a luz, vítimas do aborto”. São imorais leis que imponham aos profissionais da saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou indiretamente, na prática do aborto. É um grave equívoco pretender resolver problemas, como o das precárias condições sanitárias, através da descriminalização do aborto. Urge combater as causas do aborto, através da implementação e do aprimoramento de políticas públicas que atendam eficazmente as mulheres, nos campos da saúde, segurança, educação sexual, entre outros, especialmente nas localidades mais pobres do Brasil. Espera-se do Estado maior investimento e atuação eficaz no cuidado das gestantes e das crianças. É preciso assegurar às mulheres pobres o direito de ter seus filhos. Ao invés de aborto seguro, o Sistema Público de Saúde deve garantir o direito ao parto seguro e à saúde das mães e de seus filhos. Conclamamos nossas comunidades a unirem-se em oração e a se mobilizarem, promovendo atividades pelo respeito da dignidade integral da vida humana. Neste Ano Mariano Nacional, confiamos a Maria, Mãe de Jesus, o povo brasileiro, pedindo as bênçãos de Deus para as nossas famílias, especialmente para as mães e os nascituros. Brasília-DF, 11 de abril de 2017. Cardeal Sergio da Rocha Arcebispo de Brasília Presidente da CNBB Dom Murilo S. R. Krieger, SCJ Arcebispo de São Salvador Vice-Presidente da CNBB Dom Leonardo U. Steiner, OFM Bispo Auxiliar de Brasília Secretário-Geral da CNBB
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Notícias do Brasil BRASIL TERÁ NOVOS SANTOS: PROTOMÁRTIRES SERÃO CANONIZADOS EM 15 DE OUTUBRO Os protomártires do Brasil serão canonizados pelo Papa Francisco, em 15 de outubro próximo, na Basílica de São Pedro. Os futuros santos são: André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, sacerdotes diocesanos, e Mateus Moreira e seus vinte e sete companheiros leigos, que em 1645, no Rio Grande do Norte, derramaram seu sangue por amor a Cristo. Conhecidos como mártires de Cunhaú e Uruaçu foram beatificados no ano 2000.
Em 16 de julho de 1645, o padre André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por 200 soldados holandeses e índios potiguares. Os fiéis estavam participando da missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú – no município de Canguaretama (RN). Em 03 de outubro de 1645, três meses depois, houve o massacre de Uruaçú. Padre Ambrósio Francisco Ferro foi torturado e o camponês Mateus Moreira, morto.
Notícias da Diocese de Amparo SEMINARISTAS DA DIOCESE PARTICIPAM DE PEREGRINAÇÃO ESTADUAL À APARECIDA Nacional, onde foi recitado o terço e rezada a Santa Missa no altar central, juntamente com o povo de Deus reunido. Após a celebração eucarística, na Capela São José, ainda no interior da Catedral Mariana, os vocacionados tiveram um encontro com o Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, que dirigiu palavras de encorajamento aos seminaristas e fez uma belíssima reflexão sobre a
No sábado, dia 22 de abril, os 15 seminaristas da Diocese de Amparo, acompanhados pelo reitor do Seminário Diocesano São José, padre Edson Luis Andretta, participaram da Peregrinação dos Seminaristas de todo o Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. O encontro reuniu mais de 700 seminaristas
do Estado de São Paulo. Na tribuna Bento XVI os seminaristas tiveram uma acolhida de Dom Paulo Beloto, bispo de Franca, referencial da Organização dos Seminários e Institutos do Brasil (OSIB) e do responsável pela organização do encontro, padre Leandro dos Santos. Saindo em procissão do lado exterior da Basílica, os seminaristas entraram no interior do Santuário
imagem de Nossa Senhora Aparecida e o que ela tem a dizer aos futuros padres da Igreja. Após escutar as palavras de Dom Orlando, o presidente da OSIB e demais representantes discursaram brevemente, fazendo agradecimentos e dando motivação aos presentes no encontro. A Romaria encerrou-se com a Consagração Solene a Nossa Senhora Aparecida.
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Notícias da Diocese de Amparo PÁSCOA ANTECIPADA COM PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA Na terça-feira, dia 11 de abril, foi comemorada, de modo antecipado, a Páscoa com pessoas em situação de rua da cidade de Amparo, no conhecido “Largo do Mercado”, com a presença do bispo diocesano Dom Luiz Gonzaga Fechio. A comemoração, iniciada às 19 horas, teve uma longa preparação por parte dos envolvidos. A primeira ação foi o pedido de ajuda para a compra dos alimentos utilizados no jantar: macarrão, molho, salsicha, salada de alface com tomate acompanhada de pão e refrigerante. A segunda atividade foi o preparo da refeição por membros da Comunidade Missão Athos 2, de Pedreira, coordenada pelo seu fundador Lucas Lastória, na moderna cozinha industrial do Centro de Pastoral São João Paulo II, da Paróquia São Sebastião, cedida pelo padre Carlos Panassolo. Com tudo preparado, o grupo Missão Athos 2 dirigiu-se ao “Largo do Mercado” onde já o aguardavam dois integrantes da Comunidade Coração Missionário de Maria, de Mogi Mirim, que portavam um violão para animar o momento de oração antes
do jantar, além de cobertores, produtos de higiene pessoal e de devoção, como terços e medalhas religiosas, entregues após a refeição. Como o convite às pessoas em situação de rua já havia sido feito, na chegada dos responsáveis pela ação caritativa formou-se logo um círculo para apresentações recíprocas, aproximação, oração e fornecimento do alimento, momento no qual foram entoados cantos, feitas orações e a leitura bíblica. Algumas músicas eram puxadas, de cor, pelas próprias pessoas em situação de rua. O ponto alto foi quando Dom Luiz conduziu,
com um canto, a bênção dos alimentos e de todos os presentes. A reunião durou cerca de duas horas e era possível ver o clima animado entre todos, como testemunhou uma pessoa que pôde acompanhar o evento do seu local de trabalho ali perto ou de acordo com os próprios servidos, que diziam: “A comida não está boa, está ótima”, “Deus abençoe vocês pelo que fazem”, “Venham sempre”, além de uma senhora da rua que pediu ao bispo para ouvi-la em confissão e foi imediatamente atendida. No final, os que ajudaram a pre-
parar a refeição noturna formaram novamente um círculo para rezar com Dom Luiz uma prece de gratidão e ouvir dele palavras de encorajamento na missão, muito necessária, mas nem sempre bem compreendida dentro e fora da Igreja, de acordo com o depoimento de um dos participantes. Esse mesmo jovem espera que o exemplo do Papa Francisco e do bispo diocesano sirvam de estímulo aos que desejam ajudar pessoas em situação de rua, apesar das incompreensões enfrentadas. De acordo com o Irmão Vanderlei de Lima, consagrado na Diocese de Amparo e um dos participantes do evento, “já há, na cidade, graças a Deus, iniciativas parecidas, com destaque para a de uma senhora que procura oferecer 70 refeições semanais aos necessitados, o que é, sem dúvida, muito louvável”. Ainda de acordo com ele, “além do agradecimento a ser feito aos envolvidos nesse ato de caridade e compromisso social, o próximo passo é tentar dar continuidade ao trabalho iniciado, a partir do que ficar acertado em uma reunião a ser feita na Cúria”.
ORDENAÇÃO PRESBITERAL DO DIÁCONO RAFAEL ACONTECE EM AGOSTO É com grande alegria que a Diocese de Amparo convida a todos para a Ordenação Presbiteral do diácono Rafael Spagiari Giron, que será realizada na Catedral Diocesana Nossa Senhora do Amparo, no dia 04 do mês de agosto de 2017, sexta-feira, às 19h30. Pela imposição das mãos do bispo diocesano Dom Luiz Gonzaga Fechio, o diácono será ordenado presbítero sob o lema “Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado” (1 Pd 5, 2). Rafael foi ordenado diácono no dia 10 de fevereiro deste
ano. “Mais uma vez, minha gratidão a Deus porque, em sua infinita bondade, olhou para mim e enviou-me para ser um operário na construção de seu Reino. Também agradeço a Dom Luiz Gonzaga Fechio, nosso bispo diocesano, por mais uma vez acreditar e confiar em minha vocação. Estou vivendo experiências incríveis em meu ministério diaconal. Agradeço a todo o Povo de Deus, Rebanho do Senhor, por todo o testemunho de fé. Com a alegria do Bom Pastor”, se alegra o diácono.
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Notícias da Diocese de Amparo SETOR JUVENTUDE REALIZA ENCONTRO DE LIDERANÇAS O setor juventude de nossa diocese promove no domingo, dia 7 de maio, um encontro de coordenadores e líderes das pastorais e movimentos juvenis. O encontro tem como tema a convocação do Sínodo dos Bispos sobre a juventude pelo Papa Francisco – “Jovens, a fé e o discernimento vocacional” – e acontecerá na Paróquia São José, em Mogi Mirim, às 15h. O assessor eclesial do Setor Juventude, padre Carlos Panassolo, estará presente e haverá uma missa presidida pelo bispo diocesano, Dom Luiz Gonzaga Fechio.
PASCOM TERÁ ENCONTRO DIOCESANO EM MAIO Agentes da Pastoral da Comunicação da Diocese de Amparo se reunirão na tarde de sábado, 27 de maio, para um Encontro Diocesano da Pascom em comemoração ao 51º Dia Mundial das Comunicações, este ano celebrado em 28 de maio. Na ocasião o bispo diocesano, Dom Luiz Gonzaga Fechio, refletirá a respeito da Mensagem do Papa Francisco para a data “Não tenhas medo, que Eu estou contigo’ (Is 43,5) – Comunicar esperança e confiança no nosso tempo”. Haverá reza do Terço e confraternização. O encontro tem início às 14h, no Patronato Jesus Crucificado (futura sede da Cúria Diocesana). O Dia Mundial das Comunicações Sociais é a única data estabelecida pelo Concílio Vaticano II (Inter Mirifica, 1963). Ele é celebrado em muitos países, no Domingo que precede a Festa de Pentecostes. Para a ocasião, o Santo Padre sempre escreve uma mensagem, tradicionalmente publicada na Festa de São Francisco de Sales, 24 de janeiro, patrono dos jornalistas. (ver pág. 4)
DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES NA DIOCESE A Pastoral Vocacional Diocesana promoverá no Dia Mundial de Oração pelas vocações, 07 de maio, um encontro especial, “atendendo não só ao firme propósito de pedir a Deus por novas e ardentes vocações sacerdotais e religiosas, mas também rezando por todas as vocações da Igreja: leigos consagrados, casados em famílias cristãs e membros de novas comunidades”, diz a carta convite do assessor eclesiástico da pastoral, padre Carlos Oliveira. O encontro será realizado na manhã do dia 07 de maio, às 9 horas, na igreja de Santo Antônio, localizada à Rua Maranhão, 3102, bairro Guedes de Baixo, em Jaguariúna, e contará com as seguintes atividades: pregação sobre o tema dado pelo Papa Francisco: “Impelidos pelo Espírito para a Missão”; Adoração ao Santíssimo Sacramento e Missa. Todos os anos, o Sumo Pontífice prepara uma mensagem para esse dia de Oração, IV Domingo de Páscoa, no Domingo do Bom Pastor.
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Notícias da Diocese de Amparo FORANIAS INICIAM ESTUDO DE DOCUMENTO DA CNBB As foranias de nossa diocese iniciaram em março a formação sobre o documento 105 da CNBB - “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade – Sal da Terra e Luz do Mundo”
(Mateus 5,13-14). A formação do referido documento está acontecendo dentro do processo de elaboração do 2º Plano de Pastoral da Diocese de Amparo.
As palestras formativas são ministradas pelo padre Anderson Frezzato, coordenador diocesano de pastoral, com a presença dos leigos, agentes de pastoral e sacerdotes das
respectivas foranias. A formação já ocorreu na forania N. Sra. da Penha, Sant´ana, Jesus Bom Pastor e N. Sra. do Rosário. Na forania São José acontecerá no dia 21 de junho.
Forania Jesus Bom Pastor Paróquias da cidade de Amparo
FORANIA JESUS BOM PASTOR PREPARA CAMINHADA MARIANA As paróquias da cidade de Amparo, que compõem a Forania Jesus Bom Pastor, irão realizar no mês de junho uma Caminhada Mariana até a cidade de Itapira, em comemoração aos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida nas águas do rio Paraíba do Sul. A caminhada tem início na noite de sábado, 17 de junho, com concentração e oração na Capela São Judas Tadeu, aos pés do Cristo Redentor, de lá os peregrinos caminharão até a Matriz de Nossa Senhora Aparecida dos Prados, em Itapira, e participarão da missa das 8h, no domingo, dia 18 de junho.
A romaria a pé está em sintonia com o Ano Nacional Mariano e a possibilidade de receber indulgência plenária na realização de peregrinação ao Santuário Nacional de Aparecida ou a outra igreja paroquial dedicada à Senhora Aparecida. Além da peregrinação há outras condições para receber a graça, como se confessar, comungar e rezar nas intenções do Papa Francisco. Mais informações nas secretarias das paróquias: Catedral Nossa Senhora do Amparo, São Benedito, São Sebastião, São João Batista, Nossa Senhora Aparecida de Arcadas e São José Operário.
BISPO PRESIDE VIGÍLIA PASCAL NA CATEDRAL Presidiu a Vigília Pascal, na Catedral Diocesana de Nossa Senhora do Amparo, Dom Luiz Gonzaga Fechio, às 19h30, com a presença de grande número de fiéis. A Bênção do Fogo Novo iniciou a Solenidade, quando nosso bispo acendeu o Círio Pascal que ilumina a vida de todos nós, como afirmou ele. Com o Exultet cantado de forma linda, foi proclamada solenemente a Ressurreição de Jesus. A Liturgia da Palavra foi comple-
ta, contando com a proclamação das oito leituras que narram a presença de Deus na história de Israel e do início da Igreja Primitiva. Batizou-se uma jovem que, como afirmou Dom Luiz, dava testemunho de Jesus a toda a assembleia, testemunho de adesão a Cristo e de amor à Igreja. Terminada a celebração pascal, Dom Luiz Gonzaga permaneceu na igreja para cumprimentar a todos, desejando uma Santa e Feliz Páscoa.
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Especial: 20 anos ROMARIA MARCA INÍCIO DAS COMEMORAÇÕES DO 20º ANIVERSÁRIO DA DIOCESE Cerca de três mil romeiros da Diocese de Amparo estiveram presentes no sábado, dia 25 de março, no Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida para render graças pela caminhada da diocese rumo ao 20º aniversário. Os romeiros participaram da Missa das 9h, presidida por nosso bispo, Dom Luiz Gonzaga Fechio, e concelebrada por todo clero diocesano, estiveram presentes religiosas, religiosos e seminaristas. Um mar de bandeirinhas brancas, com o logo comemorativo dos 20 anos, tomou conta da basílica e, cantando e rezando, os devotos participaram deste momento especial de comunhão entre todas as paróquias da diocese para agradecer e bendizer a Deus, como irmãos na fé, na casa da Mãe Aparecida. “E o verbo se fez carne e o Senhor do mundo e da vida mergulhou, mergulhou, plenamente na nossa condição humana para tirar-nos da sujeira do mal do pecado. Queridos irmãos, queridas irmãs, numa sociedade que com crescente intensidade nos atrai para o consumo, desumanizando-nos, resgatemos com essa festa tão bonita, essa solenidade, o que presenciamos com tanta facilidade em nossa sociedade, cada vez
mais a perda da dignidade humana, num tempo de tantas perdas de valores cristãos e humanos, de ética, de patriotismo, de referências consistentes, necessitamos renovar a nossa esperança Naquele que não nos decepciona”, disse Dom Luiz iniciando sua reflexão. O bispo falou da alegria de estar ‘na casa da Mãe’. Mãe de todos os brasileiros, mas principalmente dos mais explorados. Lembrando a temática da Campanha da Fraternidade ressaltou a necessidade de não nos deixarmos levar pela “ganância, pelo egoísmo, pela fome insaciável de dinheiro e poder dos nossos governantes e políticos, que com raras exceções, jamais deveriam estar onde estão, porque não representam o povo brasileiro”. “Por que Maria é Nossa Senhora?” – questionou - “Porque ela é a humilde serva do Senhor!” – prosseguiu Dom Luiz – “Maria que nós lembramos hoje, com particular referência, é a humilde serva do Senhor, que sem nenhuma pressão, e sim com inteira liberdade, total liberdade, deu-se toda, ela não deu uma parte dela, nem a maior parte, ela deu-se toda para Deus realizar o maior plano de amor do mundo, é por causa dessa entrega, sem reserva, que podemos e
devemos chamá-la Senhora Nossa”, completou. Dom Luiz recordou que nesta mesma data há 19 anos, em 25 de março de 1998, acontecia a instalação da recém-criada Diocese de Amparo, na Catedral Nossa Senhora do Amparo, hoje constituída de 32 paróquias espalhadas por 11 cidades. “A Diocese de Amparo no interior desse
estado, pequena na sua extensão territorial, de um pouco mais de 2 mil quilômetros quadrado, mas grande no coração do seu povo, vem hoje à casa da Mãe Aparecida agradecer, justamente nesse dia, os 19 anos da sua instalação, e abrir mais solenemente a caminhada do vigésimo ano”, lembrou. O bispo destacou que “a Virgem
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Maria Nossa Senhora Aparecida é também a Senhora do Amparo, cuja imagem, a imagem de Nossa Senhora do Amparo, com menino Jesus deitado em seus braços recebendo um tocante carinho ao nosso coração, nos sensibiliza, há um cuidado responsável e afetuoso que precisamos ter com o pequeno, ou seja, com aquela pessoa que independentemente da idade está sendo agredida, violentada de alguma forma na sua dignidade, pode ser aquela pessoa que ainda está no ventre materno, como pode ser aquela pessoa de muita idade, que parece não servir mais dentro do modo de pensar da nossa sociedade”. Na data em que comemoramos a Solenidade da Anunciação do Se-
nhor, o bispo enfatizou a necessidade de nós, como cristãos católicos, renovarmos o nosso ‘eis-me aqui’, no desejo de estarmos mais próximos da Virgem Maria, imitando sua obediência e confiança no Senhor. “Vamos voltar para as nossas casas, vamos voltar para as nossas tarefas cotidianas, e mostremos mais animados e comprometidos que a nossa devoção a Maria é um permanente desejo de uma gravidez do seu filho, quem é devoto de Maria tem que se ‘engravidar’ de Jesus, que precisa vir à luz pela nossa vida em inúmeras pequenas coisas, que fazem uma grande diferença, que a nossa Mãe querida a Senhora Aparecida, a Senhora do Amparo nos acompanhe, assim seja”, exortou.
TV FRANCESA ACOMPANHOU DIOCESANOS NA ROMARIA AO SANTUÁRIO DE APARECIDA Uma equipe do canal público francês TV France 2 esteve em Amparo no dia 24 de março para gravar imagens e entrevistas para um documentário que estão realizando sobre a comemoração dos 300 anos do encontro da imagem milagrosa de Nossa Senhora Aparecida nas águas do rio Paraíba do Sul. Durante o dia, a equipe captou imagens na Catedral Nossa Senhora do Amparo e depoimento de uma devota de Nossa Senhora, já na madrugada do sábado, dia 25, acompanhou o momento de oração que antecedeu a romaria na Matriz de São Sebastião. Conduzido pelo pároco, padre
Carlos Panassolo, e com presença do bispo diocesano, Dom Luiz Gonzaga Fechio, a oração contou com canções marianas e reflexão da importância de Maria na Igreja e a felicidade de termos Nossa Senhora Aparecida como mãe, padroeira e rainha do Brasil. Após o momento de oração, os devotos, o pároco, o bispo diocesano e a equipe francesa entraram nos veículos e começaram o trajeto até o Santuário Nacional. Chegando à casa da Mãe Aparecida, diversos fiéis foram entrevistados e testemunharam a devoção e alegria de estar no Santuário Nacional.
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Forania Jesus Bom Pastor Paróquias da cidade de Amparo
COMUNIDADE SÃO VICENTE DE PAULO REFLETE AMOR AO IRMÃO E CRESCIMENTO NA FÉ Há cinco anos, no dia 12 de abril de 2012, acontecia a primeira missa celebrada na comunidade São Vicente de Paulo, no Parque Flamboyant, território da paróquia São Sebastião, em Amparo/SP. A celebração foi fruto de uma caminhada das famílias que durante anos se reuniam para a reza do santo terço e novenas. A partir de então, davam um novo e definitivo passo para o constituir uma comunidade que caminha na alegria do ser Igreja. Agora, com o sonho de uma futura capela e com diversas atividades durante o ano, incluindo missas mensais realizada nas casas, os fiéis escolheram alegres São Vicente de Paulo como patrono, santo tão importante para os trabalhos sociais de nossa Igreja com as Conferências Vicentinas, presentes em todo o mundo. “Fazemos todas as novenas - como a de Natal e Pentecostes - Encontros da Campanha da Fraternidade - Via-Sacra e buscamos participar ativamente das ações da paróquia. Hoje, aproximadamente 50 famílias participam de nossa comunidade e - com a graça de Deus crescemos cada vez mais”, alegra-se o coordenador da comunidade, Carlos Panhan. Para o pároco, padre Carlos Panassolo, os investimentos na comunidade vêm de encontro com o crescimento da demanda dos fiéis, tornando-a cada vez mais ativa e entusiasmada na alegria de ser Igreja, de se reunir como irmãos. “O nascer de mais uma nova comunidade, levando em conta a distância que esta se encontra da Matriz, é motivo de grande alegria e possibilita um novo polo de evangelização, comunhão e fraternidade. O sim de cada um abre um novo horizonte de largas possibilidades para a edificação do Reino. O Santo padroeiro escolhido vem ao
encontro de um antigo sonho de edificar neste local uma capela, como sinal da gratidão de tantos devotos que aqui encontrou um terreno fértil e sedento da boa semente”, alegra-se o pároco. Doado em forma de comodato pelo Conselho Metropolitano em comunhão com o Conselho Geral dos Vicentinos da Diocese de Amparo, o terreno no qual será construída a capela já passou por obra de terraplanagem, fechamento com alambrado e plantio de grama. O pré-projeto da capela foi feito e inclui um pátio que servirá de estacionamento e local para festas, um prédio que abrigará salas de catequese, cozinha e banheiros. A capela terá uma capacidade para 300 fiéis. Uma das ações já realizadas para dinamizar a empreitada foi a constituição de um grupo de dizimistas, alguns oriundos da Matriz e outros novos que residem no bairro, bem como a realização de pequenos eventos - como a festa de São Vicente, realizada no último mês de abril, para angariar os recursos necessários para o início das obras. Aqueles
que querem colaborar, como os que são devotos de São Vicente de Paulo, podem entrar em contato com a secretaria paroquial e saber mais informações.
A Conferência Nossa Senhora Aparecida, no bairro dos Pedrosos fundada há 2 anos, veio da necessidade de atender a comunidade mais distante da Matriz, localizada vizinha à cidade de Morungaba. Há tempos havia a sinalização da importância de ter um trabalho específico para a comunidade, acompanhando mensalmente aproximadamente 15 famílias. A mais nova e futura Conferência Vicentina São Miguel Arcanjo, no Jardim Figueira, começou a dar seus primeiros passos em setembro do ano passado, quando o pároco, na festa do padroeiro da comunidade, depositou uma flor aos pés da imagem de São Miguel Arcanjo e entusiasmou a comunidade a criar uma conferência vicentina que atendesse as necessidades do bairro. Atualmente com uma diretoria provisória, atende a média de 23 famílias mensalmente.
OS VICENTINOS NA PARÓQUIA A atuação dos vicentinos na paróquia é de extrema importância. A Conferência São Sebastião comemorou neste ano seus 79 anos de atividade. Mensalmente, aproximadamente 100 famílias são assistidas com as cestas básicas e acompanhadas - trabalho possível através da importante Campanha do Quilo que ocorre junto às comunidades com a ajuda das monitoras, anjos da caridade. Tal trabalho vem sendo realizado na paróquia há 26 anos com abençoados frutos, uma arrecadando mensal de aproximadamente 2 mil quilos de alimento. O trabalho ainda inclui a distribuição de fraldas às famílias, compradas com contribuição mensal do dízimo da paróquia. Outras duas novas conferências na paróquia também caminham em comunhão com o sim generoso e perseverante de alguns paroquianos.
O TRABALHO VICENTINO A Sociedade São Vicente de Paulo é uma organização mundialmente conhecida e que teve origem na França a partir da primeira Conferência de Caridade, fundada em 1833 pelo Beato Antônio Frederico Ozanam, na época com apenas 20 anos de idade, com o apoio de jovens estudantes. O nome da organização foi dado em honra a São Vicente de Paulo, considerado o pai das obras de caridade da Igreja, já que em sua época trabalhou incansavelmente pelas obras de ajuda aos irmãos a partir da missão cristã. Prestar serviços aos que estiverem em dificuldades e levá-los a Deus sempre que possível é uma missão que faz parte do dia a dia dos Vicentinos, uma forma de estar mais próximo aos pobres e propor novas soluções para amenizar as desigualdades sociais.
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Paróquias da cidade de Mogi Mirim
PARÓQUIA REALIZA MISSA CAMPAL NO DOMINGO DE PÁSCOA O Domingo de Páscoa é dia de alegria e confraternização, e neste ano, no dia 16 de abril, milhares de católicos celebraram a ressurreição de Jesus Cristo. A vitória de Jesus sobre a morte é o acontecimento central da nossa fé. Para celebrar toda essa alegria foi realizada uma Missa campal às 8h, nas dependências do Seminário Nossa Senhora de Fátima de Mogi Mirim. A Missa foi presidida pelo pároco da Paróquia Senhor Bom Jesus do Mirante, frei João José Luiz de França, e teve a participação de mais de 300 pessoas. Crianças ofertaram Terra, Planta
e Água para lembrar-nos que celebrar a Páscoa significa renovar nosso compromisso batismal de levar adiante a nova criação inaugurada por Cristo. Hoje, este compromisso, além de uma ecologia meramente biológica, deve levar-nos a pensar e a dispor-nos ao cuidado e ao cultivo do humano e de toda a humanidade (Cf. Campanha da Fraternidade). Antes de mais nada faz-se necessário despertar em todos a “consciência de uma origem comum, duma recíproca pertença e dum futuro partilhado por todos... Surge assim um grande desafio, cultural, espiritual e educa-
tivo que implicará longos processos de regeneração” (LS 202). Após o término da celebração,
todos partilharam de um delicioso café da manhã comunitário nas dependências do Seminário.
EXPOSIÇÃO DE ESTANDARTES ACONTECEU EM MOGI MIRIM A igreja Nossa Senhora do Carmo, pertencente à Paróquia São José, em Mogi Mirim, situada na praça Floriano Peixoto, Jardim Velho, promoveu uma Exposição de Estandartes. A abertura foi em 26 de janeiro e contou com a apresentação do Quarteto de Cordas Dell´Arte, do SESC, com violino, viola e violoncelo. A comunidade teve a oportunidade de visitar o acervo particular de
Valter Polettini e alguns Estandartes das igrejas Matriz São José e Santa Cruz. A Exposição esteve disponível para visitação no antigo Batistério na igreja Nossa Senhora do Carmo, até o dia 19 de março, por ocasião dos festejos do padroeiro da cidade de Mogi Mirim, São José. Parabéns aos envolvidos, colaboradores e patrocinadores.
PARÓQUIA PROMOVE FORMAÇÃO PARA CATEQUISTAS “A catequese é um dos pilares da educação da fé; não é um trabalho como outro qualquer, mas deve ajudar as crianças, jovens e adultos a conhecer e amar cada vez mais ao Senhor, ou seja, é uma das aventuras educativas mais bonitas. Da mesma forma, não é a mesma coisa “ser” catequista que “trabalhar” como catequista, já que ser catequista é uma
vocação”, diz o Papa Francisco. Pensando nisso, a Pastoral da Catequese da Paróquia Senhor Bom Jesus Mirante, Mogi Mirim, promoveu no mês de abril a 1ª formação de catequistas no ano de 2017. Foram três encontros com palestras referentes à importância do perfil dos catequistas, com a compreensão de que a catequese é uma vocação, e como
realmente é necessário se atualizar e planejar o encontro catequético. Estavam presentes vários catequistas, alguns novatos e outros que vêm servindo há mais tempo, não somente catequistas da paróquia, mas também de outras paróquias da cidade de Mogi Mirim. Contou-se também com o apoio e participação da Eliana Antônia Ferraz, coorde-
nadora da Pastoral Catequética em nossa Diocese. Foram tratados assuntos relevantes, tendo como objetivo a melhoria no caminho da fé para os jovens, adultos e crianças: Vocação e Espiritualidade do Catequista; Pedagogia da Catequese nas idades e História da catequese e Iniciação à Vida Cristã.
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Forania São José
Paróquias da cidade de Mogi Mirim
50 ANOS DA COMUNIDADE NOSSA SENHORA DO MONTE SERRAT A Comunidade Monte Serrat da Paróquia São Benedito, em Mogi Mirim, celebrou no primeiro dia da Solenidade de sua padroeira, 27 de maio, o jubileu dos seus 50 anos, após ter passado o dia todo em adoração ao Santíssimo Sacramento. Esta data comemorativa marcou uma comunidade que se dedicou na construção e manutenção da capela da Vila Bianchi. “Agradecemos a todos que colaboraram para esta caminhada de fé e amor a Jesus Cristo:
coordenadores de pastorais, movimentos, e aos devotos de Nossa Senhora do Monte Serrat, que trabalham em prol da Comunidade”, disse o pároco, frei Cristiano Piva Oshiro, antes da bênção do Santíssimo. A festa aconteceu de 27 a 30 de abril, com missa todos os dias, vivenciando o Ano Jubilar Mariano e a devoção pela padroeira Nossa Senhora do Monte Serrat. Os devotos confraternizaram em animada quermesse todos os dias após as missas.
JOVENS ENCENAM VIA-SACRA NA SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO O grupo de jovens da Paróquia São Benedito encenou a Via-Sacra em frente à igreja histórica da paróquia na Praça Duque de Caxias, em Mogi Mirim, na sexta-feira Santa, dia da paixão e morte de Jesus Cristo. Alguns deles descreveram a experiência e como vivenciaram o amor de Cristo. “Eu achei muito lindo, pois mostrou para todo mundo o que Jesus passou realmente. Não são todas as pessoas que sabem o que Ele passou de verdade, e essa experiência de que participei mostrou a todos o que Jesus fez por nós”, diz Kevelin Fer-
nanda Melo, 16 anos, catequizanda da Crisma. Para Luiz Felipe Ferreira, 14 anos,
foi muito bonito. “Gostei muito e se for preciso podem me chamar, que faço o teatro da Paixão de Cristo no-
vamente. Foi muito legal fazer teatro. É a primeira vez que faço”, explica. Na opinião de Isabele Oliveira, 14 anos, foi muito gratificante ter participado. “Gostei muito de ter participado, porque a gente encenou o que aconteceu de verdade. Acho que depois dessa encenação várias pessoas entenderam que chocolate não tem nada a ver com a Páscoa e sim Jesus”, conclui. Que as sementes do amanhã, semeadas com a participação da juventude na semana Santa, deem frutos na comunidade São Benedito.
CATEQUESE PAROQUIAL VIVENCIA A INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA Nas vésperas da Semana Santa, as catequistas da matriz São Benedito, Mogi Mirim - Natalina Aparecida Malvezzi Assis, Rosemeire Aparecida Miguel Amorim e Leonice Esperança - trabalharam com as crianças a instituição da Eucaristia por Jesus. Prepararam uma mesa com toalha branca, suco de uva e pão, simbolizando a última ceia de Jesus. Explicaram o significado do pão e
do vinho (corpo e sangue de Jesus). Segundo a coordenadora da catequese, Ana Lúcia Polletini Mello, eles vivenciaram a cerimônia do Lava-pés e trabalharam o servir como exemplo de Jesus, lavando os pés dos discípulos. “Procuramos mostrar a importância do que Jesus fez na última ceia, quando instituiu a Eucaristia por meio do pão e do vinho”, comenta.
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Forania São José
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“IDE, POIS, E ENSINAI O EVANGELHO A TODAS AS CRIATURAS; BATIZAI-AS EM NOME DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO” (MATEUS 28, 19) Nossa Pastoral do Batismo enfrentou um desafio, ao se deparar com a inscrição de pais com deficiência auditiva (surdos e mudos). O que e como fazer? O mais fácil seria aceitar a proposta dos padrinhos: eles participariam do encontro de preparação e depois, em casa, explicariam o conteúdo para os pais da criança. O Batismo é o sacramento sobre o qual se fundamenta a nossa fé e que nos insere como membros vivos em Cristo e na sua Igreja. São milhões de deficientes em todo o mundo que também precisam desta inserção, desta evangelização. Por que deveríamos assustar-nos com um desafio como esse, ou simplesmente ignorar a inserção cristã?
Deus não nos abandona. Quando procuramos com fé o caminho do bem, Deus nos manda anjos, e foi um destes que nos auxiliou. Um anjo chamado Marcos, que não é católico, pratica outra religião, mas é conhecedor da linguagem de sinais (libras) e praticou o que o nosso querido Papa Francisco proclama: “Viver para os outros é uma regra da natureza... A vida é boa quando você está feliz, mas é muito melhor quando os outros estão felizes por sua causa”. Independentemente da diferença de religião ele aceitou o convite, e com muito carinho e respeito, gratuitamente, ajudou-nos nos dois dias (o dia do encontro de preparação e também no dia da celebração do Batismo), proporcionando aos pais um
digno encontro com Deus para o Batizado de sua filha. Por outro lado, isso nos leva a uma grande responsabilidade, a de manter esses pais, e outros cristãos que enfrentam a mesma dificuldade,
ativos, acolhidos e inseridos dignamente na nossa fé. Pastoral Familiar – Equipe do Batismo Paróquia Senhor Bom Jesus Mirante/ Mogi Mirim
SEMANA SANTA NA PARÓQUIA SÃO PEDRO APÓSTOLO A Paróquia São Pedro Apóstolo, em Mogi Mirim, realizou as celebrações do Tríduo Pascal na matriz e na comunidade Nossa Senhora Aparecida, no distrito de Martim Francisco. Na Quinta-feira Santa, 13 de abril, além da missa na matriz, a missa de Lava-pés foi presidida pelo pároco, padre Francisco Silvestre, na comunidade Nossa Senhora Aparecida. Sexta-feira Santa, dia 14, a celebração da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo foi presidida, no distrito, pelo padre Rogério Moreira, membro da comunidade de vida “Deus Proverá”, de São José do Rio Pardo/ SP. No Sábado Santo, dia 15, todas as comunidades, pastorais e movimentos da paróquia se reuniram para a Vigília Pascal na matriz, com a missa
presidida pelo padre Rogério e concelebrada pelo padre Francisco. No Domingo de Páscoa, 16 de abril, a Missa da Ressurreição foi celebrada na matriz e nas comunidades Nossa Senhora Aparecida, Dis-
trito de Martim Francisco e Menino Jesus de Praga, no Jardim Planalto. Na missa do domingo, os fiéis rezaram também com o encontro das imagens de Jesus Ressuscitado e da Virgem Maria.
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RESTAURADA, IMAGEM DE SÃO JOSÉ VOLTA PARA A MATRIZ A centenária imagem de São José, padroeiro de Mogi Mirim, volta a ocupar o altar central da Matriz de São José. Após oito meses em um processo de restauro, a imagem apresenta-se em suas cores originais. O retorno da imagem para a Matriz se deu por ocasião da solenidade de São José, no dia 19 de março, e por estar já concluído o restauro do presbitério da igreja. Conforme registros, em 19 de março de 1942, essa mesma imagem foi levada, em procissão, da igreja de Nossa Senhora do Carmo para a nova matriz, de onde nunca saiu. Padre Nelson Demiciano, pároco e um dos responsáveis pela restauração, acredita que, ao longo do tempo, a imagem sofreu várias interferências inadequadas, como a aplicação de camadas de tinta sobre a cor original e verniz não apropriado para a proteção da policromia, além da perda de partes: dedos, tanto da ima-
gem de São José, como do menino Jesus em seus braços. “Aproveitando que a imagem seria retirada do altar para os trabalhos de revitalização do presbitério e considerando que ela necessitava passar por um processo de conservação e restauro, assumimos o desafio de restaurá-la, com o compromisso de interferir o mínimo possível, para que a imagem pudesse ser apresentada à comunidade da forma mais próxima do que foi idealizado pelo artista que a concebeu e de quando chegou à cidade de Mogi Mirim, para simbolizar o patrocínio de São José a este povo”, explica o pároco. O restaurador responsável pela revitalização da Matriz, Agagiani Antonio Barijan, também participou de forma ativa no processo de recuperação da imagem. Há uma exposição fotográfica montada na Matriz, mostrando o processo de restauração da escultura. A exposição é aberta ao público. ORIGEM De acordo com a historiadora do Museu de Arte Sacra da Arquidiocese de Campinas, Paula Elizabeth Barrantes, a imagem de São José da Paróquia de São José de Mogi Mirim “tem fortes características do início do séc. XX, a imaginária que ensina e exemplifica na expressão e no corpo a proposta evangelizadora da Igreja”. Segundo Paula, esta imagem pode ser atribuída ao escultor veneziano Marino Del Favero, em virtude dos detalhes faciais, da pequena mecha de cabelo no alto da testa, e ainda da maneira como são acentuadas as maçãs do rosto. “A policromia também é muito característica da Oficina Marino Del Favero: os tons de rosa da túnica do menino Jesus, bem como o azul da túnica de São José. A imagem possui um ligeiro jogo de perna muito suave, o movimento fica por conta dos olhos, que se mostram em profunda reflexão, característica
da imaginária do fim do séc. XIX e início do séc. XX, quando a Igreja se volta para o ser humano e seus problemas sociais e espirituais”, aponta a historiadora. Segundo Paula, esta imagem pode ser datada entre 1908 e 1916, pois no ano de 1908, Dom João Batista Corrêa Nery, primeiro bispo de Campinas, iniciava as visitas na recém-criada Diocese de Campinas, da qual a Paróquia São José fez parte até o ano de 1997. Nessas visitas Dom Nery foi acompanhado por Marino Del Favero, seu escultor predileto, pela fidelidade à iconografia dos santos. ICONOGRAFIA O Cajado: Em uma das mãos, a direita, a imagem segura um cajado florido (Lírios), principal atributo de São José. Este cajado com lírios faz parte de uma tradição que vem de um dos evangelhos apócrifos, segundo a qual o Sumo Sacerdote tinha determinado que havia chegado a hora de Maria se casar. Então reuniu os jovens pretendentes e entre eles estava José. Cada jovem tinha um cajado de madeira; e a resposta de Deus seria dada pela flor, que iria brotar de um dos cajados dos pretendentes. O que floriu primeiro foi o de José. É uma bela tradição! Embora não possa ser confirmada, o que importa é que José foi escolhido para ser o pai adotivo do Menino Deus. Já o ramo de lírios simboliza a pureza do coração de José, bem como sua vitória sobre as coisas do mundo, sobretudo sobre a tentação de abandonar o projeto de Deus, cedendo às tentações do mal. O manto marrom: O manto marrom e ocre tem os seguintes significados: sendo as cores da terra, do chão, simbolizam a humildade, traço marcante da personalidade de São José: homem simples, do qual pouca coisa se fala na Bíblia. O marrom é ainda a cor da madeira, e, sendo assim, recorda o seu ofício de carpin-
teiro, na carpintaria onde trabalhava para sustentar Jesus, Maria e a si mesmo. A túnica: A túnica de São José normalmente vem pintada na cor roxa, azul ou branca. O azul simboliza a fé, a paciência e a confiança. O azul recorda que José está na terra, mas pertence a Deus e agora, do céu, olha e intercede por nós. Já as flores douradas simbolizam que a vida de São José sempre foi orientada pela luz e pela sabedoria divina. O olhar para baixo: É de notar que, na grande maioria das vezes, as imagens de São José o representam com o olhar voltado para baixo, para a terra. O simbolismo do olhar para a terra recorda que ele foi o pai terreno, adotivo, de Jesus. Foi capaz de amar, de cuidar, de ensinar e de contribuir na formação do menino Deus, cumprindo a sua missão de pai. Ao ser representado olhando para baixo, isso recorda também que ele olha e intercede por nós que estamos aqui na terra, e nos acompanha em nossa jornada para o céu, nosso destino final, onde, a exemplo dele, participaremos da Vida Divina de Deus. O menino Jesus no colo de São José: No braço esquerdo São José traz com segurança o menino Jesus. Esta representação retrata a paternidade deste grande santo, que assumiu Maria grávida como sua esposa, mesmo sabendo que não era o pai da criança. Na forma como ele segura o menino com firmeza, vemos a simbologia do cuidado, da proteção de um bom pai. A túnica do Menino Jesus: O menino Jesus pode estar vestido com uma túnica branca, mas também rosa. “A cor rosa é usada na imaginária como símbolo da ligação de sangue, e ainda como símbolo da paixão. Em geral são as faces de Maria e do menino que poderiam trazer a cor rosa, pois Jesus estabelece a ligação entre o mundo espiritual e material,
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ou seja, o Deus nascido de uma mulher humana, mas gerado por Deus, pela ação do Espírito Santo. Os detalhes em dourado recordam a origem divina de Jesus, confirmando, mais
uma vez, que José é o pai adotivo de Jesus”, explica a historiadora. O globo terrestre e as mãos do Menino Jesus: O menino traz na mão esquerda o globo terrestre, signifi-
cando o seu senhorio sobre todas as coisas. Como diz São Paulo: ‘Tudo foi criado por ele e para ele...’; ele tem o mundo em suas mãos. Com a mãozinha direita abençoa, derrama
sobre nós toda sorte de bênçãos. O olhar voltado para o chão significa seu amor misericordioso e a oferta da salvação aos homens e mulheres de todos os tempos e lugares.
Forania Sant´Ana
Paróquias das cidades de Holambra, Jaguariúna, Pedreira e Santo Antônio de Posse
PARÓQUIA FESTEJA JUBILEU DE PÉROLA A Paróquia Santo Antônio de Pádua de Pedreira/SP entra em festa a partir do dia 1º de junho com a celebração de seu padroeiro e também do aniversário de 30 anos de caminhada da comunidade como paróquia. A festa tem como tema “Santo Antônio 30 anos: Pérola dos olhos de Deus; Palavra Viva para nossa Comunidade”. A alegria de comemorar o aniversário de uma paróquia é render graças a Deus pelo trabalho frutuoso de tantos fiéis de ontem e de hoje, que com generoso sim, ajudam a construir o Reino de Deus entre nós. Celebrar uma paróquia é celebrar a comunidade na alegria do Ser Igreja. “Celebrar 30 anos é uma grande dádiva de Deus. Na festa em que ce-
lebramos mais um ano de vida, peçamos a Deus que tenhamos a disponibilidade e vida para servir nossa comunidade paroquial por mais anos”, alegra-se o administrador paroquial, padre Leandro Torres. A comemoração começa com a Trezena em louvor ao padroeiro com missas celebradas por padres convidados e também pelo bispo diocesano, Dom Luiz Gonzaga Fechio, que abrirá a trezena no dia 1º de junho, às 19h30, na Matriz de Santo Antônio de Pádua. No dia 9 de junho, acontecerá o Jantar em comemoração ao Jubileu de Pérola no Canoa Buffet às 20h30. Os ingressos estão disponíveis na secretaria da paróquia e com os coordenadores das comunidades, pasto-
rais e movimentos. A quermesse acontecerá nos dias 3, 4, 10, 11, 13, 15, 17 e 18 de junho. A programação completa da festa está na página da paróquia em facebook. com/ParoquiaSantoAntonioDePaduaDePedreira A Paróquia de Santo Antônio de Pádua em Pedreira é a segunda mais antiga da cidade e é formada pela Matriz e pelas Comunidades Santa Rosa de Lima, Santa Luzia, Santa Edwiges, Imaculada Conceição e Nossa Senhora das Graças. Seu primeiro pároco foi padre José Eduardo Sartori. Os outros padres que passaram pela paróquia e contribuíram para seu fortalecimento como comunidade de fé foram: padre José Luís de Araújo, padre Osmar Marques, padre
Carlos Roberto da Silva, padre Flávio Eduardo Mazetto, monsenhor Pedro Maia Pastana, padre João Gonçalves da Silva, padre Paulo Henrique Dias, padre Antônio Carlos F. de Souza e padre Flávio Ferreira da Silva.
EVANGELIZANDO COM ARTE E AMOR NA SEMANA SANTA Numa ação conjunta, a Paróquia Santa Maria de Jaguariúna e a Secretaria do Turismo e Cultura realizaram, no espaço paroquial, a encenação da Paixão de Cristo no decorrer da Semana Santa, com o objetivo de aproximar a população municipal, através dessa tradicional atração cultural, das atividades religiosas da Igreja nesse tempo em que celebramos o ápice do mistério do amor de Deus por nós. O Supervisor Artístico da Secretaria da Cultura da cidade, João Paulo Nascimento, contou que houve uma conjunção, tendo a Secretaria entra-
do em contato com o padre Milton Modesto, pároco na Santa Maria, que por sua vez levou a ideia para a comunidade, onde os agentes das diversas pastorais se responsabilizariam não só pela arte, mas também pela expressão religiosa sugerida através de suas experiências de fé. A intenção com o envolvimento e presença da comunidade católica, inclusive a do próprio pároco em cena junto dos agentes, foi arregimentar o rebanho, não só participante das atividades religiosas cotidianas, mas também o público atraído pela apresentação cultural, para, de certo
modo, envolvê-lo nas celebrações da Semana Santa, sendo a estruturação da peça adaptada à fachada da igreja
Matriz nova. Segundo João Paulo, a Secretaria da Cultura desejava essa parceria desde 2012.
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Forania Sant´Ana
Paróquias das cidades de Holambra, Jaguariúna, Pedreira e Santo Antônio de Posse
HOLAMBRA RECEBE BÊNÇÃO NA FESTA DA DIVINA MISERICÓRDIA No domingo, dia 23 de abril, celebrando a oitava da Páscoa de nosso Senhor Jesus Cristo, a festa da Divina Misericórdia na cidade de Holambra contou com a presença dos fiéis paroquianos, especialmente da comunidade Rosa Mística, que com confiança se prepararam rezando a novena durante a semana, juntamente com as demais comunidades da paróquia. A festa foi conduzida pelo casal consagrado Luis Flávio Degrani e sua esposa Salete Degrani, da Comunidade Missionária Providência Santíssima da cidade de Mococa/SP, juntamente com o padre José Eduardo Martins Arruda. O início da festa contou com a recitação do terço da Divina Misericórdia e em seguida a pregação do casal missionário.
a ovelha está, o Pastor vai se alegrar em reencontrá-la”. Nessa reflexão encontramos a resposta para a pergunta: Quem é Jesus? E a resposta condiz com tudo o que foi vivido na Paixão de Cristo: Jesus é o Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. Ao fim do primeiro momento houve o convite para a reflexão sobre a semelhança entre Deus e o homem: “Quando somos semelhantes a Deus? Quando amamos, quando refletimos o amor d´Ele. O amor está plantado na criatura humana”. Aprofundando a reflexão e preparando para o momento de oração e adoração ao Santíssimo Sacramento, falando sobre a realidade do ser hu-
mano e a ação do amor Divino, Salete nos explicou que “é possível amar ao próximo como Jesus ama, mas na maioria das vezes a nossa humanidade não deixa”. Este segundo momento reforçou também algo que está se perdendo na atualidade, a prática de rezar uns pelos outros; as pessoas pedem oração porque confiam, creem que a oração do católico pode alcançar a Jesus, somos convidados a interceder pelos outros. Com esta conclusão, deu-se início à Adoração conduzida pelo padre José Eduardo, quando homens, mulheres, jovens e crianças presentes puderam ter um momento de intimidade com o Santíssimo Sa-
A PREGAÇÃO Conduzida em dois momentos, a pregação abordou em primeiro lugar a alegria de ser cristão: Luís nos convidou a refletir que “o cristão que não vive a alegria do Evangelho é porque ainda não se encontrou com Jesus”, e lembrou a parábola do pastor e suas ovelhas, esclarecendo que “independente da situação em que
cramento e rezar uns pelos outros. MISSA DE ENCERRAMENTO Presidida pelo padre José Eduardo, a Santa Missa das 19h recebeu, além dos participantes da festa, os paroquianos costumeiros desse horário, que também puderam saborear a bênção da Divina Misericórdia. Na homilia, o padre Ensinou a partir do Evangelho do dia (Jo 20, 19-31) que “é tempo de festa, tempo de agradecermos a Deus e a palavra de ordem é encontrar-se com Deus”. Recordou-nos também sobre Santa Faustina, uma freira polonesa que vivia a mística bênção de ver Jesus. Através dela foi realizado o desejo de Cristo, a festa de Sua misericórdia, que celebra a certeza de que nada está perdido. O padre ensinou e fez um convite aos adultos, aos pais, aos avós, para que pratiquem o costume de rezar e interceder uns pelos outros, em especial pelos filhos e netos: “Não tenham medo de rezar, rezem para dar o exemplo, pois o filho copia aquilo que aprende em casa”. Ao final, ressaltou a prática do perdão na família, pois a festa da misericórdia é a festa do perdão. “Perdoar é sinal de inteligência”, disse padre José.
JOVENS PRATICAM REFLEXÃO PROPOSTA PELA CF As comunidades da Paróquia Santa Maria, em Jaguariúna, realizaram momentos de estudos sobre a Campanha da Fraternidade (CF) deste ano: Biomas Brasileiros e Defesa da Vida. O seminarista Eduardo do Santos Godoi, que faz estágio pastoral na paróquia, junto com os jovens da turma da Crisma, também estudaram e fizeram o belo gesto de plantar um Ipê Amarelo, com o intuito de todos compreenderem na prática a proposta para reflexão e ação da CF, e ainda levaram no fim uma
muda para cuidarem em casa. Com diversos temas, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem chamado à reflexão e responsabilidade toda a nação sobre realidades que necessitam de ação conjunta que possa contribuir para a justiça de modo geral em vários aspectos da atividade e vida humana. Por iniciativa de três padres no ano de 1962, acontecia pela primeira vez, no tempo da Quaresma, a Campanha da Fraternidade, em Natal/RN. E em 1964 era aplicada a nível nacio-
nal, tendo em 1965 a CNBB tomado a responsabilidade pela sua estrutu-
ra e aplicação anualmente em toda a Santa Igreja Católica no país.
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Forania Nossa Senhora da Penha Paróquias da cidade de Itapira
A QUARESMA NO INSTITUTO SAMARITANO DE ITAPIRA No tempo propício da quaresma, o Instituto Samaritano, atendido pela Paróquia de Santo Antônio de Itapira, realizou, junto aos irmãos moradores de rua assistidos pela entidade, a tradicional meditação da via-sacra. Diariamente, depois de servida uma caprichada refeição, foram contempladas as estações da via dolorosa de Nosso Senhor, como alimento precioso para as almas. Foi uma experiência rica de encontro silencioso com Deus, de oração e de partilha, que vem contribuindo muito para a realização deste trabalho. De fato, desde o início, durante o inverno de 2016, os paroquianos têm se empenhado em fazer deste serviço um verdadeiro apostolado, empenho que se renova no período quaresmal, pois, como lembra o Papa Francisco, a Igreja não é uma mera entidade filantrópica, mas é entusiasmada pelo Espírito Santo a dar testemunho vivo do Evangelho, levando adiante não apenas uma mensagem bonita ou um serviço caritativo, mas a própria pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos que nos tempos atuais nem sempre é fácil alcançar este propósito. As respostas para os problemas humanos concretos parecem sempre apontar para as realidades meramente mundanas: ora a política, ora a economia, ora a psicologia. Deus é posto de lado, como um complemento, quando não é simplesmente ignorado. O homem de hoje
quer dar conta de si mesmo, aposta em sua capacidade de resolver tudo sozinho, confiando demasiado em suas instituições. Mesmo nós, que somos cristãos e participamos da vida da Igreja, também somos tentados a instrumentalizar Deus, valendo-nos Dele simplesmente para chancelar nossas próprias decisões, presos em um ativismo cheio de compromissos e horários, mas sem tempo e espaço para o precioso silêncio em que nos encontramos com Ele. É verdade que, mesmo nesses tempos difíceis, se apresentam propostas de ajuda aos mais pobres e necessitados. Existe uma solidariedade natural e humana que, embora muito frágil e, comumente, abandonada, é capaz de inspirar algumas iniciativas desta ordem. Todavia, a experiência nos mostra que esses serviços, não raro, redundam num mero assistencialismo, que não se aprofunda no cuidado do outro, mas se restringe a uma assistência material, que não alcança as reais carências humanas. Sem esquecer o frequente uso político-ideológico dessas pessoas mais frágeis, usadas como propaganda política, transformadas em bandeiras e discursos falsos. Por isso, como Igreja, somos desafiados a ir além desta solidariedade, para mergulhar de fato na caridade cristã, chamado que se torna ainda mais forte durante a quaresma. O
serviço a nossos irmãos mais pobres deve ser uma resposta profunda Àquele que nos amou primeiro, pois “como não amar de volta um amor assim”? Devemos agir com os olhos na Cruz e o coração cheio de graça, correndo ao encontro daqueles que Ele nos deu para amar, reconhecendo-os como um dom, pois “tudo o que fizeres a um desses pequeninos, é a Mim que fazes”. Assim, não levamos conosco apenas a comida, a cama e a roupa, mas o Amor que nos move e que transborda neste encontro. Este Amor de que também somos tão necessitados e que nos faz estar unidos a estes pequenos, reencontrados com a nossa própria pequenez. De fato, a experiência do Amor de Deus é algo que extravasa, que não se pode guardar para si. Daí este impulso apostólico, o desejo de anunciar o Evangelho, o espírito missionário
que brota naturalmente de todo coração cristão, mas que nem sempre é bem compreendido por aqueles que não comungam desta mesma alegria. Muitas vezes levantam-se objeções à evangelização, tomada como um mero proselitismo, sob o pretexto do respeito às individualidades. Devemos resistir com coragem na fidelidade à nossa missão, cientes de que, embora a resposta da fé seja algo que diz respeito à liberdade de cada um, também faz parte desta mesma liberdade a possibilidade de partilhar a fé. Principalmente, quando estamos convictos de que não existe maior ato de caridade do que anunciar Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. É com esta convicção, guiada pelo Espírito Santo, que a Paróquia de Santo Antônio tem se dedicado ao cuidado dos moradores de rua, levando, especialmente na quaresma, não só a comida e o teto, tão necessários, mas também a riqueza do encontro com Jesus crucificado, em união com toda a Igreja. Contamos com as orações dos nossos irmãos diocesanos, para que possamos perseverar neste serviço, sendo fiéis à missão que nos foi confiada. E esperamos que nosso apostolado possa gerar os frutos de conversão desejados por Deus, tanto para os assistidos, quanto para todos os funcionários e voluntários que se empenham em trabalhar pelo Instituto Samaritano.
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Artigos de Liturgia O SENTIDO DA LITURGIA Queridos irmãos e irmãs, filhos amados de Deus! Após percorrermos um longo caminho de cinco artigos, por meio dos quais pudemos compreender um pouco mais sobre a Celebração Eucarística de que participamos, seja diariamente ou semanalmente, hoje começaremos a nos debruçar sobre o sentido da ação litúrgica e do como se dá a sua relação com o ser humano. De início é bom deixar clara a significação da palavra “Liturgia”: ela é de origem grega (leitourgia, sendo o verbo: leitourgeth), formada pela junção de Laós, Leós = POVO + érgon = SERVIÇO, AÇÃO, TRABALHO. Deste modo, podemos dizer que “liturgia” é uma ação em favor do povo. No que se refere ao sentido religioso, a liturgia passou a ser compreendida, através da tradução da bíblia de língua hebraica para a grega, como o serviço realizado no Templo de Jerusalém; daí, a palavra veio a ter o significado de função sacerdotal e de serviço ritualístico do templo. No entanto, não faz muito tempo que o termo “Liturgia” vem sendo usado na Igreja. O adjetivo liturgicus e o substantivo liturgia foram introduzidos, sem dúvida, pela primeira vez sob sua forma latina, em 1588 por Georges Cassandre. Rapidamente tais termos ganharam direito de cidadania na erudição eclesiástica. Foi somente no século XVIII que os termos recebiam seu sentido atual, designando o conjunto dos atos do culto da Igreja. Se o termo “Liturgia” nos remete ao serviço do povo, então todos são chamados a ajudar nesse exercício que traz como consequência o cultivo da fé e a prática da caridade. Deste modo, o crescimento da vida espiritual não se limita à participação em determinada ação cultual (missa, ou
celebrações de outros sacramentos), mas vai além, chega até a maneira de se viver com Deus, consigo mesmo e com os outros. A “função sacerdotal” que a palavra “liturgia” recorda-nos já pode ser visualizada no Antigo Testamento: o sacerdote é aquele que serve de intermediário entre Deus e o povo, oferecendo os sacrifícios a Deus em favor de todo o povo. Com Jesus, seu sacrifício torna-se diferente dos sacrifícios antigos (de animais), uma vez que, agora Ele foi ao mesmo tempo o sacerdote e a vítima, pois ofereceu-se a si mesmo ao invés das vítimas. Por isso, dizemos que Jesus é o sacerdote por excelência, o único sacerdote verdadeiro, o único capaz de oferecer a Deus um sacrifício eficaz. Na Celebração Eucarística, o próprio Jesus é o sacerdote que oferece esse sacrifício, o mesmo único e eterno sacrifício da cruz que ali se atualiza, mas o padre também é chamado sacerdote porque participa desse sacrifício, agindo em nome d’Ele e como seu representante. Ele é sacerdote por Cristo, com Cristo e em Cristo, e não por si mesmo. Ou seja, ele não oferece um sacrifício de si mesmo a Deus, oferece o próprio sacrifício de Cristo. Embora o presbítero (padre) também seja convidado a oferecer-se a si mesmo, unindo-se ao sacrifício de Cristo, ele é sacerdote, em primeiro lugar, pela ação sacrifical de Jesus Cristo (sua entrega na Cruz) para somente depois, pela Graça de Deus, ser sacerdote no oferecimento de sua vida como serviço aos irmãos. Por isso, o padre não é sacerdote porque celebra a eucaristia; mas o contrário, somente celebra a eucaristia porque é capaz de ser sacerdote a partir de Cristo. De igual forma, o povo de Deus também é sacerdote na medida em que todos são igualmente chamados
a oferecer-se a si mesmos a Deus juntamente com Cristo, unindo-se ao sacrifício de Cristo apresentado e atualizado pelo presbítero na Celebração Eucarística. Por isso, todos os que são batizados formam, na Igreja, o Povo Sacerdotal (“Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo” (cf. Ex 19, 3-6)) que, por sua vez, exerce cada qual a seu modo, o ministério que lhe é próprio. Sendo assim, o ministério, enquanto doação sacerdotal, na constituição e formação da Igreja, pode ser compreendido de dois modos distintos: o ministério ordenado (bispos, presbíteros e diáconos) que são ministros que celebram o sacrifício memorial do Senhor e se doam em favor do Reino de Deus; e o ministério não-ordenado (religiosos e religiosas, leigos e leigas que desempenham diversas funções em colaboração com os ministros ordenados perante toda a comunidade) que unem seu serviço ao sacrifício de Cristo. Essa liturgia que, segundo o Concílio Vaticano II é, por excelência, o exercício do sacerdócio de Jesus Cristo, o servo do Pai, utiliza sinais sensíveis para que visualizemos a ação de Deus em nós (nossa santificação). Esses sinais estão presentes na vida do Povo de Deus desde o Antigo Testamento, quando o povo de
Israel pede a Deus, por intermédio de Moisés, sinais sensíveis da Aliança que Deus tinha firmado com todos eles (cf. Ex 4). Para que a Liturgia possa ser algo verdadeiro e transformador na vida das pessoas, é necessário partirmos de um princípio básico que nos apresenta a Liturgia como formada por três pontos fundamentais: a experiência de fé, a visualização dos símbolos e a execução dos gestos. Vejamos cada um deles: Experiência de Fé: o ser humano é capaz de promover e guardar experiências em sua mente. A soma dessas experiências vai, ao logo do tempo, gerando a maturidade e a melhor compreensão sobre os fatos. A fé também é assim: nossas primeiras experiências em relação à fé, como criança (ou adulto), vão-se transformando na crença e na certeza da presença de Deus para além dos sinais e gestos que visualizamos. A comunidade de fé experimenta o Senhor Ressuscitado. Portanto, a experiência de fé é algo que vem antes mesmo dos sinais e gestos, ela é algo natural ao ser humano e precisa ser compreendida e levada ao crescimento para que haja uma fé madura e verdadeira. Símbolos: a liturgia cristã apresenta-se como um conjunto de sinais e símbolos (como por exemplo:
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a água, o óleo, a vela, a cruz, o círio pascal etc). Essa palavra “símbolo” vem do verbo grego symbállo que nos remete a um fragmento que exigia ser completado por outra parte para formar uma realidade completa e funcional. Ora, o símbolo por si só não tem sentido algum; nossa experiência de fé vem completá-lo para dar-lhe pleno sentido dentro da liturgia. Gestos: a execução dos gestos se dá pela expressão do corpo que, por sua vez, nos leva a uma realidade além daquela do movimento realizado (por exemplo: ao estender a mão, não o faço por nada, mas para pegar
ou entregar algo, ou cumprimentar ou ajudar, ou seja: o gesto não vale por si mesmo, mas por aquilo que ele significa). Na liturgia precisa ser assimilada a importância dos gestos e a interiorização de cada um deles para a vivência litúrgica. Caso contrário, o Rito passa a ser algo somente mecânico e não vivencial e transformador das realidades internas de cada ser humano. A experiência de fé, ligada à visualização dos símbolos e à execução dos gestos, leva-nos aos Ritos Litúrgicos. O Rito, em seu sentido originário, é compreendido como a “repetição” de algo. Porém, na fé
cristã, o Rito ganha um sentido todo especial: ele é a expressão da fé professada. Além disso, ele é capaz de fazer memória do grande revelador da fé (Jesus); uma memória não como lembrança, mas como concretização no hoje, em cada ato celebrativo, do serviço e da doação de Jesus (é Jesus realizando a LITURGIA-SERVIÇO-ENTREGA em cada ato celebrativo). No próximo artigo veremos, mais detalhadamente, quais são os símbolos e gestos mais vivenciados na liturgia. Vale sempre recordar que, embora a liturgia aconteça em sua ação plena (nas celebrações) dentro das igrejas, ela é também vivencia-
da por cada um de nós no dia a dia, através das ações de fé (oferecimento de si mesmo a Deus) e das ações de caridade (oferecimento de si mesmo ao outro). Como “tarefa” de casa deixo-lhes o pedido para que percebam a presença dos símbolos e gestos nas celebrações de que participarem; e não se esqueçam de ligar cada um deles à experiência de fé que cada um possui, sempre à luz do Senhor Jesus que sofreu, morreu e ressuscitou. Boa experiência de fé!
Diácono Rafael Spagiari Giron Assessor Diocesano da Pastoral Litúrgica
Espaço Catequético PENTECOSTES, A VINDA DO ESPÍRITO SANTO Pentecostes, na fé católica, é a celebração da vinda do Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os Apóstolos, no Cenáculo, onde estes se achavam escondidos e amedrontados, mas unidos em oração, após a terrível morte de Cristo na Cruz. Aqui, caríssimo(a) irmão(ã), há alguns pontos que já merecem destaque, pois, de certo modo, contrapõem a nossa lógica, importante, sem dúvida, mas falha algumas vezes, e a de Deus, infalível por excelência. Ela aparece em torno do fato de estarem a Virgem Maria e os Apóstolos, como foi dito, reunidos em um só lugar. Ora, pela lógica humana o fato em si parece absurdo. Sim, um grupo quer guardar e viver o ensinamento do Mestre, morto e ressuscitado, a fim de poder divulgá-lo ao mundo, mas tem medo e, por isso, se junta em um mesmo local. Péssima tática. Se alguém quisesse, invadiria o Cenáculo e acabaria com todos. Não seria mais inteligente formarem grupos menores em vários locais? Ao menos salvariam a mensagem a ser transmitida de viva voz e, depois, registrada por escrito, sobretudo nos Evangelhos. A resposta para tal atitude, irmão
e irmã, está na ação divina sempre operante na vida de quem o segue. Os discípulos tinham recebido de Jesus a ordem de “permanecer em Jerusalém até serem revestidos da força do alto” ou “batizados com o Espírito Santo” (Lc 24,49; At 1,4). Como era um grupo pequeno, era natural que buscassem permanecer unidos. Tratava-se de um grupo que tinha, sim, medo dos judeus (cf. Jo 20,19), mas também se confiava a Deus por meio de intensa oração em comunidade (cf. At 1,14). Eis dois pontos importantes na Igreja: oração e comunhão fraterna. Tão importantes que é nesse contexto que ocorre o Pentecostes.
São dois os grandes relatos: em Jo 20,22, o Senhor Jesus, no Domingo, aparece entre os Apóstolos, em corpo glorioso, e, depois de saudá-los e enviá-los, sopra sobre eles e diz: “Recebei o Espírito Santo”; em At 2,1-4, muito mais cheio de simbolismos, o Espírito de Deus pousa em cada um e realiza uma grande transformação: de covardes, tonam-se destemidos pregadores diante do povo que estava em Jerusalém. E não só nesse dia, mas em toda a história que se sucede. Basta ler – e a Igreja faz isso durante todo o tempo pascal – o livro dos Atos dos Apóstolos para se ter uma clara ideia
de quanto o Espírito de Deus age (conversões em massa, fundação de comunidades, a vinda de Saulo (Paulo) para a Igreja, as missões etc.), de modo que o livro dos Atos é também conhecido como “o Evangelho do Espírito Santo”, pois descreve, muito vivamente, Sua ação na comunidade nascente. Comentamos tudo isso a fim de tentar deixar mais claro aquilo que a Igreja sempre ensinou como mistério de fé (o maior, aliás): há um só Deus em três Pessoas realmente distintas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. As três agem sempre juntas, mas, para facilitar a catequese e a compreensão, surgiu o costume de fazer o que os estudiosos chamam de apropriação, ou seja, atribuir ações específicas a cada uma das pessoas divinas, segundo o que melhor as caracteriza. Assim, fala-se no Pai como criador, no Filho como salvador e no Espírito como santificador. Peçamos, portanto, irmão e irmã, a cada dia e momento de nossa vida: “Vem Espírito Santo... vem santificar a nós e às nossas comunidades. Amém”. Ir. Vanderlei de Lima é eremita na Diocese de Amparo
24 | O AMPARO
Artigo MISSÃO: UMA EXPERIÊNCIA DO RESSUSCITADO ENTRE OS CRUCIFICADOS DESTE MUNDO Quando senti a mão de Deus segurando a minha, deixei-me conduzir por Ele. Abandonei as resistências para viver uma aventura e um romance em Sua companhia que me basta. Não vim a São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, por coragem. Até porque não a tenho. Vim por fé! Quando senti Sua mão por entre a minha, compreendi que seria incapaz de fazer esse caminho sozinho. Sabia de todo o sofrimento que me esperava. Aliás, não sabia... Imaginava. Há muita gente sofrida esperando, ao menos, que se sopre com ternura sobre suas feridas. Como poderia esperar participar da glória do Senhor, sem participar de seu sofrimento? O missionário faz o caminho da via crucis. Não é o caminho da dor, mas o caminho do amor. Não é o sofrimento pelo sofrimento, mas o sujeitar-se ao sofrimento por amor a Deus na pessoa dos mais sofridos. Dentre as tantas experiências que têm tocado o meu coração e engrenado o meu processo de conversão, está uma vivida na Sexta-feira da Paixão. Ao contrário das nossas Sextas-Feiras Santas de igrejas lotadas, aqui elas são vazias. Presidi na matriz. Não havia mais do que 40 pessoas na celebração. Foi a experiência do Calvário. Aos pés da Cruz, uns poucos. Após ter adorado a Cruz do
Senhor, voltei à cadeira presidencial. No meio da fila estava uma senhora cega, acompanhada de seu filho. Ao se aproximar do Crucificado, tentou ajoelhar-se, com muita dificuldade, amparada pelo filho. Ao aproximar-se da Cruz, uma das cenas mais ternas que já vi, que me levou às lágrimas. Presa à escuridão de seus olhos, como Maria naquela sexta-feira, essa senhora foi inclinando-se lentamente e “procurando” a cruz com o seu rosto. Ao senti-la, ao invés de beijá-la, acariciou-a com sua face, terminando sua adoração com um doce, materno e devoto beijo. Foi impossível conter a emoção. Perguntei à ministra qual era o nome daquela senhora. E para a minha surpresa, ouvi de seus lábios o nome Maria.
Aquela senhora, para mim, naquela sagrada Sexta-Feira foi Nossa Senhora. A cega D. Maria é semelhante à Maria do Gólgota. Ambas entendem de dor, mas entendem muito mais de fé. Envergonhei-me de minha fé, alimentada mais por livros do que por simples amor e intimidade. Envergonhei-me de mim, por preferir assistir o sofrimento escondido em meio aos espectadores daquele fatídico dia a ter a ousadia de Maria e João em se fazerem próximos à agonia do Salvador. Foi nesta Sexta-feira da Paixão, no dia 14 de abril, que uma cega me ensinou a contemplar a história da Salvação com os olhos de Nossa Senhora. Não apenas como alguém que sabe de tudo o que ocorreu. Mas
como alguém que sente o que está acontecendo. A Vigília Pascal também foi uma experiência inusitada. Igreja lotada. Por incrível que pareça, mais crianças e jovens do que idosos. Iniciada a celebração eucarística, acaba a energia de toda a cidade, devido a uma forte tempestade. Vivemos nossa Páscoa como os primeiros cristãos: às escuras e à luz de velas. Nunca em minha vida uma noite foi tão iluminada: o círio tornou clara toda aquela escuridão, quando todas as demais velas foram por ele alimentadas. A capela tornou-se um ponto de luz no bairro escuro. Não há como não ser grato a Deus quando até os contratempos falam de Deus. Não há como não sentir Deus, quando até mesmo os detalhes evidenciam Deus. Não há como não ouvir a Deus, quando o próprio silêncio é sua voz. O Senhor me trouxe até aqui para proporcionar-me uma experiência íntima com Ele. Aos poucos me despe de meus conceitos para que eu O descubra tal como Ele é. E eu, que antes fui conduzido por suas mãos, agora estou em suas mãos, para que faça de mim o que bem entender. Se esta mão não me guiar, me perderei. Se esta mão não me guardar, perecerei. É preciso ir onde Ele mandar para poder ganhar o lugar que só Ele pode dar. Ninguém está só nessa missão. O próprio Cristo assegurou isso: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20b). Para o missionário, bastam essas duas certezas por Jesus prometidas: nesta vida, a sua presença, e depois desta vida, o prêmio da vida eterna. Avante! Padre André Ricardo Panassolo Missionário atuando no Amazonas