TFG - Diogo Pereira

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Universidade de Artes e Biblioteca Municipal proposta para o centro de Blumenau

DIOGO AUGUSTO MONDINI PEREIRA orientador ARTUR SIMÕES ROZESTRATEN Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação São Paulo, janeiro 2015



Agradecimentos

Antes de começar a apresentação desse trabalho, gostaria de agradecer a algumas pessoas que estiveram presentes durante o desenvolvimento do TFG e nesta trajetória de 7 anos de formação.

Primeiramente ao professor Artur Rozestraten, orientador desse trabalho e de muitos outros, com quem tenho o prazer de colaborar desde 2009, no início do projeto Arquigrafia. As aulas, pesquisas, orientações e conversas que tive com o Artur foram fundamentais para a minha formação e acredito que se refletem neste projeto aqui apresentado.

Agradeço especialmente a Camila, companheira desde o primeiro ano na faculdade, cuja ajuda e apoio foram fundamentais durante todo o curso e especialmente na realização deste trabalho.

Agradeço aos meus colegas da FAU, com quem compartilhei minha formação durante esses anos. E também aos meus colegas no escritório H+F, em especial ao Pablo e Dudu por terem me ensinado nesse período valiosas lições sobre arquitetura.

Agradeço, também, ao Joel por ter me reapresentado aos escritos de Solà-Morales, seu conterrâneo, e cujas conversas sobre urbanidade, creio, tenham influenciado em boa parte desse projeto.

Por fim, mas não menos importante, agradeço aos meus pais, a quem dedico este trabalho, pelo apoio incondicional durante toda minha vida, inclusos esses anos de FAU. Um agradecimento especial a minha irmã pela força nessa reta final de TFG.



ÍNDICE

Apresentação

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Cidade e Porto Fluvial

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Aproximações ao lugar de projeto

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Plano para a universidade

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A Biblioteca Municipal

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Bibliografia

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Como não existe caminho que pode ser utilizado em qualquer tempo e com uma ligação por terra durante chuvas constantes é absolutamente impossível devido à falta de pontes, e pelas enchentes, pantanais etc. assim se usa a ligação natural, ou seja, o transporte por água para Blumenau. Com as muitas voltas grandes e pequenas que o rio faz precisa-se, a fim de chegar da vila à colônia, 16 a 30 horas de acordo com o vento, a correnteza e hora de remagem1


Apresentação

Este trabalho final de graduação começou há quase um ano, um início com muitas dúvidas sobre os caminhos que essa produção tomaria. O início do trabalha foi de pesquisa entre projetos, teorias e possibilidades de pesquisa. A Cidade Análoga (Figura 02) de Aldo Rossi foi um primeiro impulso para chegar

< Página anterior - Figura 01: Fotografia do porto fluvial de Blumenau na década de 1930. À esquerda é possível ver a torre da primeira Igreja Católica (demolida na década de 50 para dar lugar ao projeto de Domenikus Boehm).

TSCHUDI, 1988

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até aqui, me interessei naquele momento na ideia da cidade que é ao mesmo tempo algo real e imaginário. Aldo Rossi usa o exemplo da pintura de Canaletto da Ponte do Rialto em V ­ eneza (Figura 03), em que o artista apresenta uma Veneza Palladiana, trazendo para o cenário urbano edifícios projetados por Andrea Palladio, alguns presentes apenas em seu tratado Os Quatro Livros da Arquitetura, como a ponte sobre o Canal Grande. “A fim de ilustrar o conceito, citei o exemplo da vista de Veneza, de ­Canaletto, no Museu de Parma, em que os projetos de Palladio para a Ponte do Rialto, a Basílica e o Pallazo Chiericati aparecem organizados e pintados

Figura 02: Ilustração de Aldo Rossi, a cidade análoga, mostra a cidade como uma colagem entre passado e futuro, entre o real e o imaginário.

como se Canaletto tivesse reproduzido a paisagem real. Os três monumentos, dos quais um apenas era projeto, constituem um análogo da Veneza real composto de elementos definidos que se relacionam simultaneamente com a história da arquitetura e com a história da própria cidade. ...”2

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ROSSI, Aldo, 1976

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Conceito esse que poderia ser traduzido nas cidades descritas no livro As Cidades Invisíveis de Italo Calvino. Na narrativa fictícia do encontro real entre Marco Polo e Kublai Khan, o explorador italiano entretem o imperador mongol contando sobre as inúmeras cidades que visitou em suas andaças e as suas características peculiares. Pela metade do livro, o imperador indaga Marco Polo, talvez Figura 03: Canaletto, Capriccio con progetto di ponte palladiano a Rialto, 1742 - 1744

sabendo que as cidades descritas fossem imaginárias, por que ele não contava sobre Veneza, a sua cidade de origem. Então Marco Polo revela que todas as cidades eram Veneza. Afinal, a cidade não é um elemento estático, que se possa apreender de maneira absoluta. A cidade é uma obra aberta. A São Paulo de um turista passageiro é diversa da de um morador da Zona Leste, que é diferente da cidade vivida por um morador do centro; é uma cidade para quem anda de metrô e vê os lugares aflorarem em cada estação, de quem anda de ônibus e percebe o percurso e a mudança de tecido, e essa é a riqueza de se viver nesse habitat tipicamente humano.

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Trafegando ainda no mundo das possibilidades encontrei a biblioteca como tradução arquitetural evidente dessa dualidade entre espaços sensíveis e imaginários, dentro da biblioteca o espaços físico é ampliado pelo espaço da imaginação presente nos livros. Durante essas divagações crescia em mim a vontade de transformar isso num projeto, mas não um projeto sem lugar, um projeto em um espaço determinado. Em abril passei uma semana na minha cidade natal, Blumenau, levando comigo as dúvidas do TFG e também as possibilidades: a cidade não possuía um edifício exclusivo para a Biblioteca Municipal, que atualmente divide espaço num pequeno edifício de dois andares com o Arquivo Histórico no centro histórico da cidade. A situação alçou Blumenau ao posto de alvo investigativo para o meu trabalho de graduação. O trecho do centro o qual escolhi para elaboração o projeto é emblemático para a cidade: trata-se da região onde tudo começou, em 1850. Uma estreita várzea no encontro do Rio Itajaí-Açu e o Ribeirão Garcia, uma faixa de terra entre os morros e a água. Na desembocadura do ribeirão ficava o antigo porto fluvial, por décadas desde os primeiros assentamentos era pelo rio que se chegava na colônia de Blumenau.

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A região conhecida como Centro Histórico apresenta atualmente uma profusão de lotes vazios, alguns casarões dos tempos em que o núcleo ainda era o centro cívico da cidade já em estado de degradação (­ Figura­ ­­04­) e também a impressionante área vazia do antigo campo de futebol, agora demolido, do falido Blumenau Esporte Clube (B.E.C.).

Figura 04: Casarão abandonado próximo ao antigo porto

Diante do desolador estado dessa parte central e histórica da cidade, e o contraste com o restante do centro com suas ruas comerciais movimentadas, percebi que o projeto da Biblioteca sozinho no meio desse vazio urbano seria um gesto insuficiente e comecei a pensar em maneiras de ocupar esses espaços ociosos e trazer nova vida ao centro histórico. Um ano antes havia sido noticiada a intenção do governo federal em criar uma

“O governo vai criar uma universidade de artes, que vai

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oferecer cursos de graduação e pós-graduação voltados para as artes e a cultura. De acordo com o ministro da Educação Aloizio Mercadante, a pasta, em conjunto com o Ministério da Cultura, terá cem dias para apresentar um projeto. A universidade estará entre as quatro que o MEC (Ministério da

universidade voltada ao ensino de artes3. Chamando propostas pedagógicas e de implantação. Com a grande quantidade de vazios, seria possível pensar um campus urbano no centro de Blumenau, algo bastante diferente do tradicional modelo de cidade universitária isolada.

Educação) vai criar em 2014. ‘Queremos reunir na universidade todas as expressões da cultura: a música clássica, a dança clássica, a música popular, a dança popular, as artes plásticas, a pintura, a poesia, tudo

Na metade do primeiro semestre estava definido, então, o programa do TFG: o campus urbano para a Universidade Federal de Artes, localizado no simbóli-

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co marco zero da cidade de Blumenau e a Biblioteca Municipal como parte do conjunto.

em cursos de graduação, mestrado, doutorado, em uma única instituição’, disse Mercadante. A universidade não tem lugar definido. O ministro explica que os governadores e prefeitos devem enviar propostas. ‘Quem

Desenvolver esse projeto na cidade de Blumenau foi interessante, sobretudo porque, durante a faculdade, Blumenau se tornou uma cidade da qual nutri muito pouco entusiasmo. Frustrava-me ver o rumo de desenvolvimento urbano que a cidade tomava, algumas construções históricas definhavam e eram demolidas. Prédios centrais e que poderiam gerar interessantes propostas de re-

ralmente mais rico, a melhor arquitetura, seguramente levará o projeto. Vamos fazer uma seleção pública para a localização da universidade’, diz. A ministra da Cultura, Marta Suplicy, acrescenta que a universidade poderá ganhar outros campi. ‘A universidade de artes pode começar como uma primeira e depois ser ampliada. Poderemos ter um celeiro de talentos e especializações em áreas

qualificação e ocupação eram demolidos, algumas vezes para dar lugar a novos

que ainda não temos. O brasileiro é criativo, vai muito longe,

vazios urbanos. Ao mesmo tempo, a cidade não poupava esforços e dinheiro

grau de excelência. Pode ser um marco bastante importante

em criar cenários de uma caricata Alemanha medieval, completamente isolada da cidade, para eventos turísticos (Figura 05). Desde que passei a viver fora de Blumenau, também vi, de longe, a dramática transformação dos bairros residenciais em corredores de espigões (Figura 06). Vi espaços que fizeram parte do meu imaginário de cidade, de muito verde, por conta do quintal das casas, se transformavam em áridos paredões de garagens elevadas ou guaritas inóspitas, que degradam a qualidade da rua.

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apresentar o melhor espaço, o espaço mais interessante, cultu-

mas se tiver instrumentos na jornada, poderá alcançar um

para a cultura no Brasil’.” UOL Notícias, 22 de maio de 2013


Neste projeto tive uma chance de me reaproximar da cidade e repensar o que poderia ser uma futura ocupação interessante numa área central e de grande importância histórica. Um exercício que também é uma ação crítica ao atual desenvolvimento da cidade: que prefere criar falsas vilas turísticas a preservar e revitalizar sua verdadeira história, que constrói coisas novas seguindo uma lógica especulativa e individualista, negando o espaço da calçada e do convívio público. Figura 05: A Vila Germânica, parque temático construído nos anos 2000 é um pequeno conjunto de lojas e restaurantes, focados no turismo, e isolado do contexto urbano.

Com a Universidade de Artes, a Biblioteca e os demais programas atrelados, imaginei que a cidade poderia se tornar um pólo não só do ensino, mas receber, mostras, exposições, artistas convidados. Algo nos moldes do que aconteceu com Joinville, no norte do estado, que estabeleceu-se no cenário da dança nacional. Joinville abriga a escola do Balé Bolshoi no Brasil além de sediar o Festival Internacional de Dança.

Figura 06: Nas últimas décadas o crescimento imobiliário tem transformado o tecido urbano, torres isoladas e sem uso misto transformam as ruas estreitas de bairros residenciais em territórios inóspitos.

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De ambos os lados do caminho mal conservado, bonitas casinhas, subindo até a uma elevação onde se edifica uma casa pastoral muito boa e está projetada a construção de uma igreja (nota minha: atual morro onde está a sede da Igreja Luterana de Blumenau, pela descrição); ainda não se nota vestígio dela. O conjunto todavia causa impressão muito agradável, sobretudo quando o recém-chegado se acostuma com o eufemismo ‘cidade’ de Blumenau4


A Cidade e o Porto Fluvial

A cidade de Blumenau tem atualmente cerca de 300 mil habitantes, o que a torna o terceiro município mais populoso do estado de Santa Catarina e é a

< Página anterior - Figura 07: Desenho de Johan Jakob von Tschudi (1818 - 1889) de 1868 mostra a ocupação inicial da colônia desde o morro da Igreja Luterana. É possível perce-

principal e mais populosa cidade do Vale do Itajaí, segundo dados do IBGE.

ber o eixo da Palmenalee e o rio Itajaí-Açu a frente

Localizada no nordeste do estado fica a 50 km da costa. A capital, Florianópolis

> Página seguinte - Figura 08: Na imagem de satélite mos-

está a cerca de 150 km ao sudeste e Joinville, a cidade mais populosa do estado e cuja formação é bastante similar a Blumenau, fica cerca de 100 km ao norte.

trando a localização de Blumenau no nordeste de Santa Catarina é possível perceber a ocupação de Blumenau e demais cidades do Vale do Itajaí ao longo do rio e dos seus afluentes.

Também ao norte está a capital do Paraná, Curitiba a pouco mais de 200 km de Blumenau (Figura 08), assim como São Paulo, 600 km mais setentrional. A geografia do Vale do Itajaí é marcada pelos mares de morros e a estreita planície entre a várzea do Rio Itajaí e seus afluentes, que balizou A ocupação inicial do vale, realizada principalmente por imigrantes europeus vindos majoritariamente da Alemanha e Itália a partir da segunda metade do século XIX, se deu ao longo das várzeas. Em Blumenau, por exemplo, os mais populosos bairros se encontram ao longo dos Ribeirões Garcia e Ribeirão da Velha, que dão nome a essas localidades. Entre a desembocadura desses córregos, na margem do Rio Itajaí-Açu, se encontra o centro da cidade. A região do projeto é a foz do Ribeirão Garcia com o Rio I­tajaí-Açu. Nesse entroncamento instalava-se o porto fluvial da cidade, lugar que foi, durante mui-

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AVÉ-LALLEMANT, Robert, 1980

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Curitiba

Joinville

Itaja铆 Blumenau

Florian贸polis


tos anos, a única forma de acesso à colônia de Blumenau e por onde chegaram os imigrantes alemães, os primeiros colonizadores da cidade. Trata-se de um

> Página seguinte - Figura 09: Mapa alemão das colônias do Vale do Itajaí em 1859. No canto superior esquerdo está indicada a Stadtplatz região de estudo e centro da colônia

dos últimos pontos navegáveis do Rio Itajaí-Açu, a montante o rio possui inúme-

de Blumenau. O mapa também mostra claramente a situ-

ras ilhas e rochas em seu leito, que dificultam a travessia regular.

do rio Itajaí-Açu entre os Ribeirões Garcia (região do porto

ação que delimitaria o espaço do futuro centro: à margem

fluvial) e Ribeirão da Velha (região da ferrovia, ainda inexistente à época do mapa). As várzeas dos ribeirões foram

Essa estreita faixa de terra entre rio, ribeirão e morros foi também o núcleo inicial de ocupação da cidade. De frente ao porto ficava a Stadtplatz, em alemão

importantes vetores de expansão da colônia e até hoje correspondem à região mais populosa da cidade.

a Praça da Cidade, hoje nomeada Praça Hercílio Luz. Era lá o centro cívico da cidade. A rua principal onde se concentrou o núcleo inicial é a Rua das Palmeiras (nome popular da Av. Duque de Caxias, que guarda uma relação com o nome original do logradouro: Palmenalee, em alemão Alameda das Palmeiras). A rua adentrava cerca de 500 metros lindeira ao Ribeirão Garcia terminando no morro onde se instalou a Igreja Luterana (Figura 07). Figura 10: No final do século XIX e início do século XX são

O viajante alemão Robert Christian Avé-Lallemant (1812 - 1884) foi um dos primeiros viajantes a descrever a colônia de Blumenau, em 1858, ou seja, 8 anos apenas após a sua fundação. Para Avé-Lallemant a nomeação da Praça da Cidade (Stadtplatz) provinha mais do desejo de transformar o incipiente assentamento em cidade, do que no fato de haver propriamente uma cidade àquela época. Nesse tempo, o equipamento público era pouco mais que um barracão

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feitas obras da Estrada de Ferro Santa Catarina (EFSC) para conectar o interior das colônias do Vale do Itajaí, inacessíveis por via fluvial. Na imagem a construção da Ponte de Ferro (hoje Ponte Aldo Pereira), na década de 20.



de recepção aos novos imigrantes e também administração e igreja provisórias da cidade.

> Página seguinte - Figura 11: Desenho do viajante suíço Johan Jakon von Tschudi mostra o porto e a Stadtplatz em 1868

No começo do século XX a infraestrutura da cidade se diversificou com a abertura de estradas e o início da exploração ferroviária através da Estrada de Ferro Santa Catarina (EFSC), que permitiu a conexão de Blumenau com os demais núcleos habitados do Vale do Itajaí. A estação ferroviária de Blumenau (Figura 12) foi construída na foz do Ribeirão da Velha com o Rio Itajaí-Açu, 1,5 km a montante do rio. A rua Wurststraße (em alemão Rua da Linguiça), atual Rua XV de Novembro tornou-se uma via de conexão entre estação ferroviária e porto e importante eixo comercial (Figura 13), que mantém no comércio e serviços sua

Figura 12: A estação ferroviária de Blumenau, inaugurada em 1909. A chegada da infraestrutura ferroviária marca o processo de industrialização da região

característica peculiar até a atualidade. Como ainda não existia a interligação ferroviária com Itajaí e o porto marítimo, que só surgiria nos anos 50, o translado de pessoas e mercadoria por via fluvial era bastante intenso. O transporte ferroviário se expandiu até o início dos anos 60, desenvolvendo consigo a indústria da construção civil, com pontes, túneis e viadutos de estrutura metálica e concreto armado. A partir dos anos 50, com o estabelecimento

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da ligação ferroviária com o Porto de Itajaí, além da possibilidade de transporte

Figura 13: Fotografia aérea da década de 40, na parte

rodoviário e o início da popularização de carros e ônibus como meio de trans-

parte superior, o porto fluvial.

inferior a estação ferroviária na foz do Ribeirão da Velha, na



porte mais veloz, diminuiu a importância do transporte fluvial para pessoas e mercadorias. A viagem de barco entre Itajaí e Blumenau tornava-se um roteiro turístico.

> Página seguinte - Figura 14: Fotografia aérea da década de 40 mostra a Rua das Palmeiras em destaque na parte inferior. Nos anos 40 transporte ferroviário e fluvial eram complementares o que permitiu a consolidação da Rua XV de Novembro como centro de comércio e de serviços. A Stadtplatz e Rua das Palmeiras já não são o único espaço

Em meados dos anos 60 importantes obras rodoviárias alterariam mais uma

central da cidade, como no século anterior.

vez a dinâmica da região central: nesse período destaca-se a abertura da avenida à beira do rio, com um trabalho de aterro de parte do Rio e o alargamento da Rua 7 de Setembro, entre o Rio Itajaí e os morros que circundam o centro. A construção da via à margem do rio (Figura 15) e o alargamento da Rua 7 de Setembro criaram uma espécie de anel rodoviário ao redor do centro, porém livrando a região do antigo porto (Figura 16). É possível que essa deficiência de infraestrutura rodoviária tenha feito essa parte da região central se tornar menos atrativa e consequentemente propiciando o abandono da região do porto fluvial.

Figura 15: Em meados da década de 60 o centro passa por importantes transformações viárias e espaciais. Chega o automóvel e com a maior acessibilidade das novas vias expressas, aliado a permissividade das leis de ocupação de

Em 1971, apesar dos grandes esforços de décadas em consolidar a infraestrutura ferroviária e conectar a EFSC ao porto de Itajaí, a ferrovia é desativada por pressão federal e o transporte rodoviário se tornava a única forma de transporte no Vale do Itajaí. Também no período da ditadura militar o tecido

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solo, estimulou a valorização e verticalização dos terrenos na Rua XV de Novembro.



e a ­morfologia urbana do centro da cidade mudaram dramaticamente, com o liberalismo das regras de ocupação de solo, a especulação imobiliária e a consequente verticalizaram do centro (Figura 17).

> Página seguinte - Figura 16: Fotografia aérea mostra as alterações viárias com a abertura da Avenida Beira Rio e alargamento da Rua 7 de Setembro. É possível ver que a região do porto, logo no encontro do Ribeirão Garcia com o Rio Itajaí-Açu na parte superior da imagem fica fora da expansão viária promovida no restante do centro

Nos anos 80, já com o transporte fluvial bastante decadente, a prefeitura da cidade se muda do edifício histórico na Stadtplatz, onde estava instalada desde a fundação da colônia de Blumenau, para o terreno onde era a desativada estação ferroviária. É possível, que essa evasão dos serviços públicos tenha acentuado ainda mais o abandono da região do antigo porto. A dualidade rodoviarismo e especulação imobiliária como vetores de transformação urbana, resquício do período militar, persistem até os dias de hoje. Figura 17: Em 1978 o centro de Blumenau mudara comple-

A partir dos anos 2000 houve uma incipiente tentativa de retomar o uso através de programas culturais e públicos. A antiga prefeitura abriga hoje a fundação cultural, alguns museus ocupam casarões da região como o Museu do Imigrante e o Museu de Hábitos e Costumes, além do Museu da Cerveja construído na Praça Hercílio Luz. Esses museus, porém, tem uma mostra estática, incapaz de atrair a população local. Atraem, na melhor das hipóteses, um turista sazonal que frequente a cidade durante eventos como a Oktoberfest.

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tamente com a verticalização das construções. É possível ver, também, a alteração da paisagem na margem do Rio Itajaí-Açu com a abertura da nova avenida.


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O quadro atual é bastante contrastante com o restante da área central, que fica do outro lado do Ribeirão Garcia, ao longo da margem do rio Itajaí-Açu até a foz do Ribeirão da Velha. Como restaurar a urbanidade do centro histórico? Como atrair o público que lota diariamente as demais ruas do centro para essa região vizinha? Diante do cenário histórico de abandono, certas diretrizes para a ocupação puderam ser elaboradas. A principal é ter uma continuidade de usos no térreo, mantendo a unidade da paisagem da rua5.

Como indica Solà-Morales, a urbanidade resulta de um

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cuidado além da função. Ele reconhece que os elementos arquitetônicos são a matéria constitutiva do espaço, num

A questão do casario histórico é de importante consideração, ainda que a presença dos prédios não constituísse uma limitação para a construção de novos edifícios, dada a profusão de terrenos disponíveis. Mesmo assim procurei respeitar o gabarito existente como maneira de estabelecer um diálogo harmonioso com o tecido existente, preservando, assim, o aspecto paisagístico da ocupação histórica. Como um contraponto ao restante do desenvolvimento imobiliário de Blumenau, a ideia foi estabelecer com a universidade e a biblioteca um espaço integrado com a rua e com o contexto histórico. O uso misto no térreo dos edifícios da universidade e a promoção de habitação estudantil poderiam trazer vida e atividades de interesse para a região.

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diálogo material entre as edificações, muros e esquinas.. (SOLÀ-MORALES, 2008)





< Página anterior - Figura 18: Imagem por satélite do Vale do Itajaí, com destaque para o Centro Histórico em azul

> Página seguinte - Figura 19: Imagem aérea com destaque para a região do projeto



Aproximações ao Lugar do Projeto

Nos semestres de trabalho estive em trânsito constante entre São Paulo e Blumenau, principalmente para entender melhor o espaço da cidade onde estava desenvolvendo meu projeto. Além das visitas à Rua das Palmeiras e à área do antigo porto fluvial, realizei uma expedição até o distrito do Warnow, no município de Indaial, vizinho a Blumenau. Também visitei a sede da Cia. Hering, projeto do arquiteto austríaco radicado no Brasil Hans Broos. De volta ao centro, procurei fotografar os elementos marcantes da paisagem e, posteriormente, fiz algumas plantas e cortes localizando os edifícios de interesse que comporiam parte da paisagem junto com a Biblioteca e a Universidade. A seguir apresento algumas constatações sobre o local e os reflexos que trouxeram para o exercício de projeto.

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Expedição ao Warnow

Warnow é o nome de um ribeirão que deságua no Rio Itajaí-Açu, cerca de 25 quilômetros a montante do porto fluvial. O ribeirão dá nome também ao assentamento de imigrantes alemães, um bairro de Indaial - município desmembrado de Blumenau em 1934. A ocupação da região, que teve início poucos anos depois da chegada dos imigrantes em Blumenau, é uma das inúmeras ocupações coloniais nas várzeas de ribeirões entre os morros e a Mata Atlântica adentrando o Vale do Itajaí. Figura 20: A estrada de terra até o Warnow em Indaial

Warnow era a primeira parada da linha inaugural da EFSC que conectava Blumenau as demais localidades do interior do Vale do Itajaí. Hoje é uma região rural que guarda ainda os resquícios da primeira ocupação alemã, iniciada há um século e meio. Seus habitantes, pequenos produtores rurais, ainda hoje chamados de colonos, ainda falam alemão cotidianamente e o português tem um sotaque bastante carregado.

Figura 21: Casa comercial no centro do Warnow feita com técnica de construção enxaimel, estrutura aparente mista de alvenaria e madeira

Dirigi de Blumenau, passando pelo centro de Indaial até chegar no Alto do Warnow, onde encontrei a capela de São João, construída em 1904, em alvenaria de tijolos aparente (Figura 22). São quase 40 quilômetros desde o centro de Blumenau, boa parte em estrada de chão batido e entre floresta densa (Figura 20).

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No caminho para o Warnow, se repete a condição da Palmenalee (atual Avenida Duque de Caxias) no centro de Blumenau: assim como em outras ruas e estra-

> Página seguinte - Figura 22: A capela de São João, construída em 1904 fica à margem do Ribeirão Warnow e se destaca pela estrutura de alvenaria aparente

das do vale: estar ao lado do ribeirão, com sua densa mata ciliar e dos morros também cobertos por densa vegetação, sendo a ocupação humana a estreita faixa de terra entre esses dois elementos naturais. Pelo caminho se vê componentes originais da ocupação dos imigrantes, hoje escassos nas áreas urbanas centrais de Blumenau: as casas coloniais, algumas usando a técnica enxaimel (Figura 21), pontes cobertas de madeira (Figura 23), antigas estações, hoje abandonadas ou reapropriadas da EFSC. Figura 23: Ponte de madeira sobre o Ribeirão Encano

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Visita à sede da Cia. Hering

Blumenau e as demais cidades do Vale do Itajaí começaram a se industrializar já no final do século XIX, conforme ia se consolidando a infraestrutura urbana dos municípios. Fenômeno que se repetiu em outras colônias, como Joinville, por exemplo. O desenvolvimento da indústria era exatamente a intenção do governo brasileiro, desde a época do Império, ao patrocinar e fomentar a vinda de imigrantes para os núcleos consolidados ou para estabelecer novos núcleos urbanos (SANTOS, 1977), promovendo ao mesmo tempo a interiorização do Brasil. Quando o Brasil deixou de ser colônia portuguesa, o cenário das cidades brasileiras, desenvolvidas em torno da lógica colonial e escravocrata era muito diferente das cidades europeias: cidades mais modernas e inseridas na lógica da produção industrial. Os cidadãos que deixavam a europa em busca de novas oportunidades no Brasil, traziam consigo o know-how da sociedade industrial e ajudaram a estabelecer no século XIX as primeiras indústrias brasileiras. Em Blumenau se destaca a industria têxtil, que foi um pilar econômico regional ao longo do século XX até os anos 90, quando a abertura da economia brasileira pós-regime militar levou à falência algumas das indústrias, diante da competi-

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ção com importados mais baratos. A indústria nacional prosperou sobretudo no período das grandes guerras do século passado, quando a produção local substituiu os produtos importados, escassos devido ao conflito mundial. A Cia. Hering é uma das mais importantes industrias têxteis da região, e sua sede se encontra, desde o século XIX, no bairro do Bom Retiro encravada entre os morros do vale a apenas 3 quilômetros da área do TFG. No final dos anos 60 o arquiteto austríaco Hans Broos, emigrado para o Brasil e que já havia feito projetos nos estados de São Paulo e Santa Catarina, projeta a expansão da fábrica e edifícios administrativos, com projeto paisagístico de Roberto Burle Marx. Me interessou como estudo de caso por lidar com a questão da pré-existência histórica e com o relevo do vale. Os edifícios projetados por Broos são de concreto aparente e estabelecem um diálogo com os prédios existentes, por usarem o material in bruto, assim como o enxaimel da fábrica inicial ou a alvenaria aparente do casarão vertical da fábrica já consolidada. O gabarito também é um fator importante no projeto de Hans Broos. As alturas dos prédios conseguem estabelecer uma relação visual interessante do conjunto, deixando construções novas e antigas evidentes.

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A área administrativa começa por um longo bloco horizontal (Figuras 25 e 26) e térreo de atendimento, permitindo ver ao fundo o bloco de escritórios, mais

> Página seguinte - Figura 24: A praça coberta entre as construções modernas e antigas marca a transição para o bloco de escritórios

vertical. Sobre o edifício horizontal há um jardim aéreo de Burle Marx (Figura 26). À esquerda ficam as construções históricas da fábrica, ao percorrer o bloco de atendimento, antes de chegar no edifício de escritórios, há uma praça coberta entre a construção histórica e seu novo bloco com um espelho da água no centro (Figura 24). O bloco de escritórios integra uma construção antiga de três pavimentos e alvenaria aparente (Figura 30). O acesso ao bloco de escritórios se dá por uma torre de circulação ligada por uma passarela. Fora dos escritórios o acesso se dá por

Figura 25: Acesso aos prédios administrativos da Cia. Hering

uma varanda de circulação coberta por um brise de concreto que também é uma bandeja de luz (Figura 29 - Detalhe no corte transversal). Do alto do bloco de escritórios a visual da mata atlântica dos morros ao redor da Cia. Hering se funde com o paisagismo do jardim elevado de Burle Marx (Figura 28).

Figura 26: Bloco de atendimento e portaria, sobre o qual há o jardim de Burle Marx e bloco de escritórios ao fundo

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< Página anterior - Figura 26: O jardim elevado de Burle Marx.

Abaixo - Figura 27: a escada de acesso ao jardim sobre o bloco térreo de atendimento

Corte transversal mostra a relação entre a edificação moderna e o prédio existente da Cia. Hering, além da torre de circulação vertical e as passarelas e corredores de acesso aos escritórios


> Página seguinte: - Figura 28: o jardim visto desde o bloco de escritórios e corte da empena do bloco de escritórios e corte da empena do edifício de escritórios.

Ao lado - Figura 29: Varandas de circulação que dá acesso aos escritórios

Abaixo - Figura 30: A relação entre edifício moderno e histórico no bloco de escritório

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O Lugar do Projeto

A região do projeto é um eixo que vai em direção do antigo porto ao lado do Ribeirão Garcia com cerca de 500 metros de comprimento e largura máxima de 300 metros. A rua principal, popularmente conhecida como Rua das Palmeiras (Av. Duque de Caxias) é pontuada por centenárias palmeiras imperiais com mais de 20 metros de altura distribuídas em pares no canteiro central, que estão presentes desde o início da colonização. Nos primeiros mapas e fotos, a avenida é referida como Palmenalee, em alemão, Alameda das Palmeiras. O morro da Igreja Luterana, primeiro estabelecimento religioso da cidade marca o início da avenida que vai em direção ao antigo porto fluvial, no Rio Itajaí-Açu. Uma profusão de vazios urbanos pontuam o trajeto, a começar, logo na entrada, o terreno baldio que há poucos anos era o estádio Aderbal Ramos da Silva, do Blumenau Esporte Clube. Do outro lado da avenida, vizinho ao Ribeirão Garcia também são encontrados galpões abandonados, de pouco interesse arquitetônico. Ao longo da avenida se observam muitos lotes vazios, alguns servindo de estacionamento. Surge, pouco à frente, uma casa do século XIX, que é o Museu do Imigrante, abrigando uma imutável exposição sobre a casa dos primeiros imigrantes e alguns objetos do Dr. Hermann Blumenau, fundador da colônia. A seguir há o Arquivo Histórico e Biblioteca Municipal dividindo o mesmo prédio e, pouco adiante, um edifício de escritórios, um dos poucos edi-

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fícios de uso privado na Rua das Palmeiras. A Rua das Palmeiras termina na Rua XV de Novembro, mesma rua que após o Ribeirão Garcia se torna um movimentado eixo comercial. Nessa rua há maior densidade de ocupação e mais usos, o Museu de Hábitos e Costumes, que não traz nada muito diferente do Museu do Imigrante, o Museu da Cerveja, que expõe os ingredientes e utensílios necessários para fabricar cerveja, a Fundação Cultural, no edifício da antiga prefeitura da cidade e a Câmara de Vereadores, instalada na região há dois anos, além de alguns casarões vazios, abandonados ou desocupados. Outro elemento destacado na paisagem é a estrutura incompleta de um edifício de escritórios com 9 pavimentos, que está na região, explicitando sua decadência desde o final dos anos 70. A configuração típica do gabarito para os casarões antigos da região é porão, térreo, primeiro andar e sótão, chegando a uma altura de aproximadamente 10 metros. Os edifícios mais novos não passam de térreo mais quatro pavimentos. A região ficou claramente fora do movimento de verticalização que mudou a configuração do restante da Rua XV de novembro, onde vários edifícios ultrapassam 15 andares, à exceção, é claro, da estrutura abandonada.

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MUSEU HAB. E COSTUMES

Rua Port o Ri

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CÂMARA MUNICIPAL 11

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MUSEU DA CERVEJA

ANTIGO PORTO FLUVIAL

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ARQUIVO HISTÓRICO

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Rua Pastor Osvaldo Hesse

MUSEU DO IMIGRANTE

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IGREJA LUTERANA


Visual 01 - Igreja Luterana, marca o início da Av, Duque de Caxias

Visual 02 - O início da avenida, com o corredor de palmeiras imperiais, visto do morro da Igreja Lutenara

Visual 04 - Vista de trecho do corredor de palmeiras. Normalmente o passeio público que fica entre elas, assim como as calçadas da região estão vazios. Na imagem nenhum uso dos dois lados da rua, à esquerda o campo demolido, à direita galpões vazios

Visual 03 - Terreno baldio que era o estádio do B.E.C.


Visual 05 - Casa enxaimel da época da ocupação original da avenida é hoje o Museu do Imi-

Visual 06 - Revenda de automóveis vizinha a antigo casarão comercial. Este da imagem é o

grante. Logo à frente a edificação do Arquivo Histórico e Biblioteca Municipal

único casarão comercial antigo ocupado na quadra por comércio e serviços, no caso um estúdio de tatuagens

Visual 07 - Museu do Imigrante

Visual 08 - Arquivo Municipal / Biblioteca


Visual 10 - Rua Alwin Schrader

Visual 09 - Rua Alwin Schrader

Visual 11 - Câmara Municipal

Visual 12 - Estrutura abandonada desde a década de 70 e museu da cerveja


Visual 13 - Praça Hercílio Luz, antiga Stadtplatz

Visual 14 - Fundação cultural, antiga prefeitura municipal

Visual 15 - Rua XV de Novembro na região do projeto

Visual 16 - Mausoléu Dr. Blumenau e mata à margem do Ribeirão Garcia


Visual 17 - Rua XV de Novembro, destaque para a Fundação Cultural

Visual 18 - Da ponte sobre o Ribeirão Garcia vendo a Ponta Aguda na outra margem do Rio Itajaí-Açu

Visual 19 - Ribeirão Garcia

Visual 20 - Restaurante desativado na Praça Hercílio Luz. Um pedaço dele na Rua XV de Novembro ainda funciona como bar.


Visual 21 - Região do antigo porto, vista para o Rio Itajaí-Açu

Visual 22 - Antigo casarão comercial anbandonado

Visual 23 - Interior do lote vazio utilizado como estacionamento

Visual 24 - Totem indica o Centro Histórico.



< Página anterior - Vista 25 do percurso: a região vista desde o parque da Prainha na margem oposta do Rio Itajaí-Açu

A partir das visitas ao local foi possível fazer um mapa dos usos da região. O mapeamento evidencia a quantidade de prédos vazios, alguns abandonados em estado de degradação. A continuação da rua Alwin Schrader, paralela à Rua das Palmeiras, é predominantemente residencial de casas térreas, a Ponta Aguda, na outra margem do Rio Itajaí-Açu apresenta casas térreas e edifícios residenciais verticalizados. Atravessando o Ribeirão Garcia, a Rua XV de Novembro é praticamente ocupada por comércios e serviços na sua totalidade. Após os levantamentos de campo, fiz alguns cortes e elevações importantes. Procurei verificar as relações entre topografia, vegetação e edificações existentes. Apesar de muito próximo, o Ribeirão Garcia é, ao mesmo tempo, bastante isolado pela mata ciliar, como é possível perceber do levantamento fotográfico. A Rua Alwin Schrader é o limite ocupado entre a várzea e os morros, à exceção de pequenas ruas sem saída, devido a declividade e a difícil ocupação, nessa rua estão predominantemente residências.


Ru

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Rua Pa

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Rua Port

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instituição pública

ANTIGO PORTO FLUVIAL

comércio e serviços

habitacional

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lazer e esporte

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museu / ed. cultural

vazio ou abandonado

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Rua Augusta Abri

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IGREJA ADVENTISTA

Rua Alwin Schrader

Rua Ceará

MUSEU HAB. E COSTUMES

ANTIGO ESTÁDIO B.E.C.

CÂMARA MUNICIPAL

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Av. Duque de Caxias (Rua das Palmeiras)

MUSEU DA CERVEJA

Rua Pastor Osval MUSEU DO IMIGRANTE

FUNDAÇÃO CULTURAL

IGREJA LUTERANA

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MAUSOLÉU DR. BLUMENAU

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Rua X

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ARQUIVO HISTÓRICO












< Pågina anterior - Estudo para a implantação da Universidade de Artes

Ao lado - Estudo de tipologias e programa da universidade



Plano para a Universidade de Artes

Pensar a Universidade Federal de Artes e a sua inserção no tecido urbano foi um exercício interessante, no qual a arquitetura extrapolou os limites do programa do edifício para adentrar um possível programa pedagógico e também no campo do desenho urbano. Logo após as primeiras visitas a campo em Blumenau, já com a intenção de projetar uma universidade integrada em seus próprios espaços e nos espaços urbanos, considerei uma instituição composta por diversos prédios que pudessem dar coesão ao tecido urbano rasgado da região histórica. No plano pedagógico, a ideia foi compor uma universidade integrada, na qual o ensino de artes não seria separados por cursos e os alunos teriam um aprendizado ampliado pondendo construir seu próprio currículo conforme iriam entrando em contato com as diversas áreas das artes. Um pouco à maneira do ensino da escola de artes liberais americana Black Mountain College, que funcionou de 1933 a 1957. No primeiro semestre comecei a estudar uma possível relação entre os edifícios da universidade, a biblioteca municipal e a cidade. Esses prédios de laboratórios, salas de aula, teatro e museu, além de biblioteca e complexo esportivo se

70

> Página seguinte - Figura 31: Maquete do conjunto em escala 1:2000 desenvolvida no primeiro semestre


71


uniriam por uma marquise de forma orgânica, que penetraria as edificações e criaria espaços urbanos sombreados e clareiras (Figura 31). Em relação aos estudos feitos no primeiro semestre, a proposta de ocupação pouco se alterou. A maior modificação para o projeto final foi a forma com que os edifícios do conjunto se relacionam. No segundo semestre, entendendo melhor a topografia e os elementos urbanos, após novas visitas e aproximações na escala de trabalho, abri mão da ideia de marquise como elemento de união dos edifícios, para construir quadras permeáveis em edifícios que pudessem criar no térreo espaços urbanos mais atraentes e assim estimular a vida urbana. Ao invés dos caminhos cobertos, a rua se tornaria protagonista na conexão entre os edifícios, que criariam praças internas, atraindo a vida pedestre para seu interior. Ao mesmo tempo, um parque proposto ligando a Prainha - através da ponte proposta -, a Praça Hercílio Luz às margens dos ribeirões Garcia e Fresco, também conectaria, de forma periférica, os edifícios da universidade, os quais atuariam no elo entre parque e cidade.

72


O Projeto A arte cada vez menos se separa em pintura, escultura, música, teatro ou dança. Ao contrário, a arte contemporânea envolve todos os campos artísticos, incluindo também o projeto do espaço ocupado, ou seja, a arquitetura; e envolve a intervenção nos espaços da cidade, isto é, o urbanismo. Nesse sentido, seria pouco interessante criar uma universidade dividida em cursos específicos. O projeto da Universidade de Artes visa traduzir essa liberdade curricular, através da permeabilidade de seus edifícios. As essas praças de convívio são pontos de encontro, debates e eventos atrelados à vida universitária e urbana. A ideia é que a universidade seja usufruida com liberdade e cada prédio ofereça uma vivência de certos campos de conhecimento das artes. A divisão dos espaços da universidade não se daria por cursos específicos, portanto. A universidade ocupa o eixo da Rua das Palmeiras (Av. Duque de Caxias). A rua apresenta uma leve declividade indo de 14 m acima do nível do mar próximo ao Rio Itajaí-Açu, até 9 m próximo do Ribeirão Fresco (pequeno córrego paralelo ao Rio que deságua no Ribeirão Garcia. Para os edifícios de salas de aula e laboratórios, cria-se duas praças elevadas no interior da quadra, a rua está na cota 10 m, porém no seu interior duas praças se elevam e criam um ambiente de convívio interno, sob os quais se aproveita o espaço para abrigar o estacionamento, uma das a Praça dos Laboratórios está no nível 13 m e a Praça das Salas


de Aula em 16 m. Escadarias interligam as praças internas à rua no eixo transversal à rua das Palmeiras e planos inclinados no eixo da Rua das Palmeiras, tornando-as ambientes permeáveis ao público. Mais altas, essas praças estabelecem um diálogo com a cota térrea do projeto da Biblioteca (14 m), junto ao Rio Itajaí-Açu. Três edifícios criam a Praça dos Laboratórios, ao invés de serem edifícios de cursos específicos eles estão separados por afinidadades, um edifício de planta quadrada é o laboratório da imagem, onde se trabalha com fotografia, vídeo, animação, pintura etc., um edifício cuja cobertura se torna uma grande arquibancada para a praça é o laboratório do corpo, que envolve teatro, música e dança, possui dentro dele um auditório e salas para ensaios. O outro edifício é o laboratório tridimensional, onde se produzem esculturas, fabricação digital, design e modelos, com salas de aula, laboratório e maquinário. A praça é um espaços que comporta eventos que podem trazer a produção dos laboratórios para um espaço comum. Como num teatro grego, uma peça poderia ser exibida e a cobertura do laboratório do corpo seria a arquibancada (Figura 32). As salas de aula se distribuem por duas lâminas conectadas por uma passarela. Nela há espaço para aulas teóricas, salas maiores para conferências ou ativida-

74

> Página seguinte: - Figura 32: Vista da Praça dos Laboratórios, ambiente onde de encontro e troca de experiências entre as produções dos laboratórios




< Página anterior - Figura 33: Estudos para o Laboratório do Corpo com detalhe da cobertura arquibancada e estudo para lâmina de habitação estudantil.

Abaixo - Figura 34: Estudo em planta tipo e corte transversal para o Laboratório do Corpo


des práticas e salas de professores. No nível da rua há o acesso aos laboratórios, além de restaurante universitário, secretarias e comércio envolvido com as atividades da universidade, como livraria. Continuando na Rua das Palmeiras, junto à quadra mais ocupada existem programas que visam aproximar o conteúdo produzido na universidade do público, portanto um teatro com dois auditórios anexos (Figura 35), além de espaços para ensaios e um museu para exibição do conteúdo. Propõe-se uma praça no interior da quadra, onde um pódio transforma todo aquele espaço em continuidade do interior dos edifícios, fazendo da vida urbana uma cena teatral. Na periferia do grande eixo da universidade estão os edifícios anexos, junto ao Ribeirão e o parque proposto estão o edifício administrativo, por estar recuado da testada do lote foi possível subir mais o gabarito, sem interferir no aspecto da rua. Uma grande lâmina de três andares é a residência estudantil. No térreo acessos ao parque, comércio e serviços que animam a vida da rua. Na rua Alwin Schrader há a lâmina dos edifícios de habitação para professores convidados e intercambistas e mais um bloco de residência para alunos, ambos os edifícios com comércio e serviços no térreo.

78

> Página seguinte: - Figura 35: Acesso ao teatro visto na esquina entre as ruas Ceará e Alwin Schrader




< Página anterior - Figura 36: Estudos para o edifício do teatro

Por fim no mesmo eixo se conectam a universidade e a biblioteca municipal, projeto sobre o qual se discutira melhor adiante. Uma ponte para pedestres e ciclistas liga o complexo ao outro lado do Rio Itajaí e ao Parque da Prainha, transformado num complexo de esporte e lazer, com quadras abertas que se inserem de maneira a aproveitar o desnível natural entre o bairro da Ponta Aguda e o parque da Prainha. O complexo esportivo é mais um equipamento que serve tanto à universidade quanto à população da cidade.


1 Biblioteca 2 Museu de arte 3 Teatro 4 Habitação estudantil 5 Habitação professores e visitantes 6 Livraria 7 Lojas 8 Estacionamento 9 Restaurante universitário 10 Laboratórios de imagem 11 Escola de artes 12 Laboratório 3D 13 Habitação estudantil 14 Parque linear proposto 15 Reitoria 16 Memorial 17 Passarela 18 Praça esportiva

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1 Biblioteca 2 Teatro 3 Museu de arte 4 Habitação estudantil 5 Habitação professores e visitantes 6 Livraria 7 Lojas 8 Estacionamento 9 Acesso aos edifícios 10 Salas de aula 11 Laboratórios de imagem 12 Laboratório do corpo 13 Salas de aula 14 Habitação estudantil 16 Reitoria

PLANTA TÉRREO SUPERIOR

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15


1 Biblioteca 2 Teatro 3 Museu de arte 4 Habitação estudantil 5 Habitação professores e visitantes 6 Salas de aula / auditório 7 Praça central 8 Salas de aula / professores / conferências 9 Laboratório de imagens 10 Laboratório 3D 11 Laboratório do corpo 12 Habitação estudantil 13 Reitoria

PLANTA TIPO

0

50

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4 5

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CORTE BB

CORTE CC

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< Página anterior - Figura 37: Vista superior da maquete do conjunto da universidade

> Página anterior - Figura 38: Maquete do conjunto da universidade, destacada a região do parque, ao fundo a praça do teatro e edifícios universitários

Abaixo - Figura 39: Maquete do conjunto da universidade, destacada a região do porto fluvial



A Biblioteca Municipal

A Biblioteca Municipal ocupa a região do antigo porto fluvial da cidade, à margem do Rio Itajaí-Açu, na região onde há interiores de lotes vazios e a estrutura de um prédio abandonada há decadas. Trata-se de um lugar marcante, pois pode ser vista também desde as margens dos rios, seja no parque da Prainha, que propõe-se conectar através de uma ponte, seja no passeio calçado na Beira Rio. O projeto se desenvolve em dois blocos interligados por uma passarela elevada, o bloco mais comprido é um prisma transparente de 50 por 20 metros, com e o acesso à biblioteca no nível térreo. Quem anda na Rua das Palmeiras avista esse bloco, onde antes havia a estrutura abandonada. Da rua se avista a escadaria central que rasga o interior do edifício como as ruas da cidade, ampla e iluminada pelas janelas e pela abertura zenital é um convite para transitar entre os níveis do edifício. Esse edifício é um espaço de convivência, a exemplo do que é o Centro Cultural São Paulo, ou o interior do SESC Pompéia: trata-se de um local para leitura de livros e discussão em conjunto. Onde se encontram jornais, periódicos e novos livros disponíveis. Onde há literatura infanto-juvenil, café, banheiros, espaços para pesquisa, escritórios dos bibliotecários e um pequeno auditório.

94

> Página seguinte - Figura 40: Vista superior do modelo da Biblioteca Municipal

Abaixo - Figuras 41 e 42 - Detalhe dos átrios de circulação que compõe os edifícios da biblioteca



O bloco se coloca no eixo da Rua das Palmeiras, de forma que do seu interior, ao sul, se vê a rua e o conjunto urbano com os demais prédios da universida-

> Página seguinte - Figura 43: Modelo da Biblioteca Municipal, composta por dois blocos, o bloco de planta quadrada que se ergue sobre a praça é onde está o acervo dos livros,

de e, ao norte, se avista o Rio Itajaí-Açu, a nova ponte de pedestres e o parque

seu interior é um universo introspectivo, é o espaço da

esportivo na outra margem.

elevadas com o bloco prismático, é um espaço para reu-

imaginação e da leitura. Esse bloco se une por passarelas

nião, debate e convívio

Uma ampla escadaria logo na entrada rasga o edifício em largos lances de escada. A estrutura que se atiranta à cobertura (Figura 41) é uma continuidade dos caminhos da rua, convidando o visitante a passear pelos níveis da biblioteca: o térreo, que se conecta com a praça da biblioteca sobre a qual paira o segundo bloco. O subsolo dá acesso ao parque e à ponte que leva para o outro lado do rio, além de estacionamento. No primeiro, segundo e terceiro andares do bloco de convívio se acessa o outro bloco que compõe a biblioteca: uma caixa fechada de 35 metros de lado. Esse edifício que guarda o acervo tem a iluminação controlada pelos anteparos da

tram. O caminho em vermelho indica as áreas relativas às

fachada, que além de preservar a integridade dos livros, cria em seu interior

literatura. No primeiro pavimento, é possível tomar uma se-

ciências humanas, começando no primeiro pavimento, da

um espaço introspectivo: o universo dos livros e da leitura. O usuário tem pleno

gunda vereda, em azul, que dá acesso às áreas das ciências

acesso ao acervo. Porém, ao contrário do bloco de convívio, é onde se realiza

se cruzam, uma escadaria e elevador na face sul permite

uma leitura individual e em silêncio, o que não impede o usuário de levar um livro ao outro bloco e fazer uma leitura em grupo.

96

Figura 44: Evidencia o esquema de níveis que se desencon-

exatas e naturais. Enquanto pelas rampas os caminhos não

que o usuário transite de uma área de conhecimento para a outra com facilidade



Um jogo de rampas que se desencontram transforma um edifício que teria quatro pavimentos em um mundo de 14 pavimentos, separados de meio em meio

Municipal. As rampas desencontradas percorrem as prateleiras subindo de meio em meio nível entre diferentes

nível. O primeiro piso, de maior área, é o piso da literatura, da prosa e poesia.

áreas do conhecimento. O espelho da água, cujas bordas

Nesse piso pode-se tomar, pelas rampas, dois caminhos: o das ciências exatas

ca do espaço interno no nível do chão.

e naturais ou o caminho das ciências humanas, dividid os em cada meio nível (Figura 44). Uma escadaria no lado oposto do edifício permite outra vez cruzar o mundo das humanas ou exatas. Uma grande estante divide a circulação pelas rampas, dos níveis de leitura. Cada um torna-se um microcosmo dentro do bloco do acervo. De dentro das rampas as estantes permitem ver não a lombada dos livros, mas suas páginas, o que permite imaginar um caminho branco, amarelado, pontilhado por algumas cores (Figura 45). Sendo assim, como um livro novo, em alguns anos a biblioteca se transformará em tons amarelados, dos livros antigos. Das rampas se vê o céu através da clarabóia do espaço central e o chão da praça. Logo abaixo da clarabóia, na praça se avista um espelho da água, cujo reflexo torna esse passeio infinito, numa mistura do caminho do Museu Guggenheim, de Frank Lloyd Wright com a interminável Biblioteca de Babelde Jorge Luis Borges.

98

> Página seguinte - Figura 45: Pátio interno da Biblioteca

também são um banco para o visitante, refletem a dinâmi-



As naturezas são propositalmente contraditórias entre os blocos, mas um depende do outro, o caminhar entre eles cria uma travessia do universo real da cidade e do convívio urbano para o universo fantasioso, imaginário e igualmente imenso da leitura e dos livros. Com o bloco de convívio é possível atender o bloco de acervo com banheiros, café e outros serviços, sem interferir no caminhar pelos livros.



1 2 3 4 5 6 7

Acesso ao edifício do acervo Praça da biblioteca Espelho d’água Acesso ao edifício de convivência Recepção Sanitários Exposições

IMPLANTAÇÃO TÉRREO - 14.00 m

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Estacionamento Auditório Eventos Cozinha de apoio Sanitáirios Funcionários / Depósito Administração

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Hall elevadores Guarda volumes Sanitรกrios Pesquisa ร reas de leitura Acervo

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1 2 3 4 5 6 7

Hall elevadores Guarda volumes Sanitรกrios Pesquisa ร reas de leitura Infanto-juvenil Acervo

B

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PLANTA SEGUNDO PISO - 21.50 m B 0

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1 2 3 4 5 6

Hall elevadores Guarda volumes Sanitários Áreas de leitura Café Acervo

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PLANTA TERCEIRO PISO - 24.50 m B

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PLANTA QUARTO PISO - 18.50 m B 0

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ELEVAÇÃO PRAÇA HERCÍLIO LUZ

ELEVAÇÃO RUA XV DE NOVEMBRO

0

5

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20

40


ELEVAÇÃO RIO ITAJAÍ AÇU





Bibliografia

AVÉ-LALLEMANT, Robert. Viagem pelas províncias de Santa Catarina, Paraná e São Paulo (1858). Belo Horizonte, 1980 coord. CUITO, Aurora. Alvar Aalto. Madrid, 2002 DAUFENBACH, Karine. A modernidade em Hans Broos. São Paulo, 2011 DEEKE, José. O município de Blumenau e a historia de seu desenvolvimento. Blumenau, 1995. org. HANNENSEN, H. G.. Aldo Rossi Architect. London, 1994 KAHN, Louis I.. Conversa com estudantes. Barcelona, 2002 ______________. In the realm of architecture. New York, 1997 KRINSKY, Carol H.. Gordon Bunshaft of Skidmore, Owings & Merrill. Cambridge Mass., 1988 ROSSI, Aldo. A arquitetura da cidade. São Paulo, 2001 ____________. Uma arquitetura analógica, (1976) in org. Nesbitt, Kate. Uma nova agenda para a arquitetura. São Paulo, 2006 SANTOS, Silvio Coelho dos. Nova história de Santa Catarina. Florianópolis, 1977 SOLÀ-MORALES, Manuel. De cosas urbanas. Barcelona, 2008 TSCHUDI, Johan Jakob von. As colônias de Santa Catarina. Blumenau, 1988 __________________________. Reisen durch Südamerika. Leipzig, 1866 WREDE, Stuart, The Architecture of Gunnar Asplund. Cambridge Mass., 1980


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