Revista Direcional Condomínios - Ed. 304 - set/24

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Caro(a) Síndico(a)!

A morte faz parte do ciclo da vida e não tem como ficar de fora do microcosmo chamado condomínio. Cedo ou tarde, de uma maneira mais impactante, ou mais natural, acontece no edifício e a pergunta está lançada: e agora? A matéria de capa desta edição traz dicas e relatos que podem ajudar os síndicos numa hora tão delicada, e aponta ainda para a importância de ações a favor da saúde mental dos moradores, caso da campanha Setembro Amarelo, de conscientização à prevenção ao suicídio. Porque cuidar também é valorizar a vida.

E quer ver outra forma de ajudar a cuidar do bem-estar das pessoas que habitam os condomínios? Investir em um paisagismo que promova conexões reais com a natureza. Criar áreas aproveitáveis nos térreos dos condomínios, com jardins e mobília que convidam à permanência, é uma tendência que traz mais do que ganho estético e valorização patrimonial. Leia nossa matéria sobre paisagismo.

Em Síndico, Conte sua História! conheça a trajetória de José Elias de Godoy, respeitado consultor na área de segurança, e síndico orgânico. Na seção Tira-Teima, confira quais são as mudanças na cobrança de inadimplência. Veja ainda nossas matéria de DICAS sobre segurança condominial, playground e elevadores.

Na página 4, você encontra a pesquisa Direcional Condomínios. Participe e concorra a belos prêmios.

Forte abraço, Isabel Ribeiro

Responda nossa Pesquisa: Pesquisa Direcional Condomínios

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Síndico, Conte sua História! José Elias de Godoy

Administração Paisagismo e bem-estar

Dica Playground

24 06 2025 14 1017

Seção Tira-Teima Alteração em cobrança de inadimplência

Capa Morte em condomínio

Dica Prevenindo invasões

Dica Segurança em elevador

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DIRIGIDA A Condomínios residenciais, comerciais e administradoras

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CAPA Jonas Coronado (IA)

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SEÇÃO TIRA-TEIMA

MUDANÇAS EM COBRANÇAS CONDOMINIAIS

UMA SIGNIFICATIVA alteração nas cobranças condominiais deve ocorrer este mês com a entrada em vigor da Lei 14905/2024, que altera o Código Civil tanto no parágrafo 1º do art. 1336, como nos artigos referentes a atualização monetária e aplicação de juros.

Passa a vigorar então, a seguinte redação do parágrafo 1º do art. 1336: “O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito à correção monetária e aos juros moratórios convencionados ou, não sendo previstos, aos juros estabelecidos no art. 406 deste Código, bem como à multa de até 2% (dois por cento) sobre o débito”.

O artigo citado fala de juros e remete ao art. 389 quando trata de atualização monetária, e basicamente determina que nos casos não previstos em convenção deva ser usado juros pela SELIC e atualização monetária pelo IPCA, sendo certo que o índice da atualização monetária do IPCA deve ser deduzido da SELIC.

A própria lei determina que o Banco Central divulgará o que o Conselho Monetário Nacional determinar como metodologia, cabendo, no entanto, aos condomínios atenção e análise caso a caso, a saber:

Hipótese 1: Condomínio que define em convenção índice de juros e atualização monetária – segue a convenção;

Hipótese 2: Condomínio que define em convenção o índice de juros, mas não de atualização monetária – segue a convenção nos juros e aplica IPCA como atualização;

Hipótese 3: Condomínio que não define o índice de juros, mas define o índice de atualização monetária – aplica-se a SELIC (deduzindo-se o índice de atualização monetária);

Hipótese 4: Convenção omissa quanto aos índices de juros e atualização monetária – aplica-se a lei, ou seja, SELIC como juros e IPCA como atualização monetária, deduzindo-se o índice do IPCA do índice da SELIC.

Compete assim a cada condomínio observar o que diz a convenção, podendo, se assim entender conveniente, adequar sua convenção.

Advogado há 27 anos e sócio da Advocacia Cristiano de Souza Foto Divulgação

CRISTIANO DE SOUZA OLIVEIRA

SÍNDICO, CONTE SUA HISTÓRIA!

“NASCI EM 1967, em um lar evangélico, e fui criado na Vila Pompéia, zona oeste da capital. Aos cinco anos, perdi minha mãe para o câncer, o que foi um episódio de tristeza e dor. O vazio da orfandade, porém, foi preenchido com amor, ternura e sabedoria pela segunda esposa do meu pai, que criou a mim e meu irmão mais novo como filhos. Com o tempo, ela deu à luz uma menina, completando nossa família. Não éramos ricos, mas em casa havia união, fé em Deus e valores como respeito e honestidade. Meu pai havia sido Guarda Civil e se aposentou como oficial da Polícia Militar quando eu era pequeno. Não sei ao certo o quanto o trabalho dele influenciou minha

“O SÍNDICO É UM FACILITADOR DA VIDA EM CONDOMÍNIO”

José Elias de Godoy, 57 anos, é policial militar veterano, síndico orgânico e especialista em segurança condominial

escolha pela carreira militar, mas ambos ficamos muito felizes quando entrei, aos 16 anos, na Academia de Polícia Militar do Barro Branco. Em regime de internato, cursei o ensino médio e superior. Formei-me na Academia em 15 de dezembro de 1988 e, quatro dias depois, me casei. Estou casado há quase 36 anos e, pela graça de Deus, tenho cinco filhos e sete netos. Sempre gostei de crianças; uma casa cheia traz mais alegria à vida.

Ingressei na Polícia Militar como Aluno-Oficial e me aposentei como Tenente-Coronel, em 2014. Atuei em companhias e batalhões da zona leste, intercalando com uma passagem de dez anos como chefe de operações no COPOM (Centro de Operações da Polícia Militar), o ‘centro nervoso da PM’, que concentra todos os chamados de emergência da cidade. Ali, vivenciei casos marcantes durante o serviço, como o resgate do publicitário Washington Olivetto, após recebermos uma denúncia anônima no 190 sobre o possível local do cativeiro. Contudo, apesar de lidar com situações difíceis e críticas cotidianamente, eu nunca tive receio de que coisas ruins acontecessem comigo ou com minha família. A fé na proteção divina me deu estrutura para separar as emoções.

Sempre procurei ser determinado e atento às oportunidades. Além do curso na Barro Branco, fiz mais quatro cursos universitários. Nas folgas do trabalho, ora estudava, ora me dedicava a atividades extras. Em 1993, ajudei a abrir uma das primeiras empresas a profissionalizar e fornecer mão de obra para carga e descarga de caminhões. Na ocasião, tirei licença sem remuneração do trabalho policial por dois anos para estruturar a empresa. Após esse período, continuei participando do negócio no meu tempo livre. Foi uma época difícil, afinal quase não des -

Foto Almir Almeida

cansava. Ainda assim, consegui publicar meu primeiro livro, o “Manual de Segurança em Condomínios”, escrito em parceria com o editor de uma revista especializada em armas, na qual eu contribuía com uma coluna sobre prevenção de invasões em edifícios.

Em 2002, deixei a empresa de mão de obra e comecei a atuar em outra, de consultoria em segurança, atendendo principalmente condomínios. Nesse mesmo ano, publiquei o livro “Técnicas de Segurança em Condomínios”, pela Editora Senac, o que abriu portas para que eu escrevesse outras edições mais detalhadas. Em seguida, escrevi o “Guia Prático de Segurança Condominial” (UNIP – 2005), fui coautor da “Cartilha de Segurança Condominial da PMESP” (2010) e colaborador do “Manual de Segurança Condominial” do Secovi (2011). A partir disso, até o comando da própria PM me designou como porta-voz do assunto junto à imprensa.

Há muitos anos, quando me casei, fui morar em condomínio; depois, em uma casa. Mais tarde, mudei-me para um apartamento em um dos primeiros condomínios-clubes da região da Mooca. No começo, eu pouco frequentava assembleias, mas percebi que minha experiência em segurança e liderança de equipe poderia ser útil em um condomínio grande, com muitos funcionários e duas portarias, e comecei a participar ativamente. Quando surgiu uma necessidade, assumi a gestão em mandato tampão por um ano e meio, depois saí para cuidar do meu pai, que adoecera.

Passado um período, consegui me dedicar outra vez ao condomínio. Fui síndico orgânico, eleito em assembleia, por dois mandatos alternados e, desde 2016, tenho sido reeleito repetidamente para a função. Quem vê de fora, devido ao meu histórico militar, pode pensar que sou um síndico autoritário. Nada disso. Eu não trabalho dessa forma; minha gestão é participativa. Tudo o que faço envolve o conselho, com o qual me reúno uma vez por mês, e decidimos juntos a maioria das questões do prédio. Aceito bem as críticas dos condôminos sobre algo que possa ser melhorado e acho isso saudável, desde que não haja afrontas pessoais, afinal, todos estamos munidos do mesmo objetivo: viver bem, morar bem, ter paz e segurança. Às vezes, sou ‘voto vencido’ naquilo que os condôminos querem, e está tudo bem. Um síndico precisa saber respeitar o que foi decidido em assembleia. Como consultor de segurança, participo de assembleias em outros condomínios e presencio pessoas tratando os síndicos como empregados. Em geral, o síndico orgânico recebe isenção da cota condominial, mas, em troca, dedica boa parte do seu tempo ao condomínio. Pena que muitos condôminos tendem a confundir isso com uma relação de subserviência. O trabalho do síndico é algo tão importante! Ser síndico, para mim, vai além de ser gestor. O síndico é um facilitador da vida em condomínio. É alguém que está no posto para servir. Eu, particularmente, gosto de estar junto das pessoas para propor soluções às dificuldades.

“Às vezes, sou ‘voto vencido’ naquilo que os condôminos querem, e está tudo bem. Um síndico precisa saber respeitar o que foi decidido em assembleia”

Enquanto síndico, eu me empenho para que todos desfrutem de um lugar agradável. Tanto assim que, no condomínio, temos, entre outros atrativos, uma bela quadra poliesportiva com assoalho de madeira, sempre bem conservada, e uma academia moderna. A área da piscina, por exemplo, era pequena, mas a ampliamos e trocamos o deck por um piso com conforto térmico. Os salões de festas foram modernizados e receberam móveis, utensílios e aparelhos de alta qualidade.

Na segurança, também houve vários ajustes, como a modernização dos equipamentos eletrônicos e automação, além de passar a remunerar acima da média os funcionários de portaria, para atrair mão de obra mais qualificada para o condomínio. No entanto, só isso não basta; é preciso treiná-los constantemente e contar com uma equipe de supervisão e zeladoria eficientes. Vale lembrar que o controle de acesso é o ‘calcanhar de Aquiles’ de quase todo condomínio.

José Elias de Godoy, em depoimento a Isabel Ribeiro

Por

COMO AGIR EM CASO DE MORTE NO CONDOMÍNIO?

Mortes em áreas comuns não são responsabilidade do síndico, que presta auxílio administrativamente; gestor deve se resguardar para não desenvolver transtorno de ansiedade ou depressão

A MORTE faz parte do ciclo da vida, mesmo assim, quando ocorre provoca dor, incredulidade, consternação, entre outros sentimentos, que, muitas vezes, se estendem além do círculo de relacionamentos de quem se vai. Em condomínio, o acontecimento implica curiosidade, pouca ou muita comoção, e participação do síndico – às vezes, mínima, outras nem tanto. “Mas à priori, o síndico, ou quem ele designar, faz um chamado de emergência para a Polícia Militar, pelo número 190, e outro para o Samu, 192, em caso de haver chance de reanimação. Quem se encarregará de trâmites posteriores, como acionar a Polícia Científica, em caso de suicídio ou homicídio, será a Polícia Militar”, resume a síndica profissional Alessandra Santos Pereira Aguero, pós-graduada em Gestão e Direito Condominial, que dá palestras sobre morte em condomínio em cursos de sindicatura e em empresas que prestam serviços em edifícios.

Alessandra destaca que em situações que exijam a presença de peritos, o síndico não precisa esperar por eles junto da Polícia Militar; também não precisa entrar em apartamentos com vestígios de violência, bastando acompanhar autoridades até o hall.

“O síndico tem que se resguardar. Deixe a polícia fazer o papel Até mesmo para dar a notícia a um familiar, delegue para o policial ou socorrista. Conheço síndicos que se envolveram demais e desenvolveram transtorno de ansiedade e depressão”, comenta.

A síndica Alessandra Aguero: Setembro Amarelo nos condomínios

Egressa da administração hospitalar, Alessandra aprendeu a ver a morte com naturalidade, ainda assim, admite que é difícil ficar indiferente quando acontece em seus condomínios. “Se é morte natural, a gente pensa: ‘Deus levou’. Mas quando é induzida, causa impacto emocional, como um caso que aconteceu em um condomínio que administro no ABC. O rapaz morava sozinho e se matou dentro da unidade usando arma com silenciador. Só ficamos sabendo com a chegada da polícia, que estava atrás dele porque, naquele mesmo dia, ele havia tirado a vida da ex-mulher”, conta a gestora. Existem, ainda, questões práticas mediante morte violenta (acidente, suicídio ou homicídio), como isolar o local e demover curiosos da ideia de registrarem a cena. “Sempre oriento em cursos e nos assuntos gerais de assembleia que essa informação não deve chegar à mídia, pois se a notícia se espalhar, o condomínio pode ficar rotulado, havendo desvalorização dos imóveis”, fala Alessandra. “Pela LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), é crime divulgar essas imagens; pela ótica da cidadania, é desrespeitoso”, sentencia. Outra dica é quanto a limpeza depois da remoção do corpo. “Delegue essa tarefa para empresas especializadas na limpeza e desinfecção pós-morte, pois há métodos e produtos adequados para que resíduos orgânicos não fiquem impregnados no ambiente”, indica.

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Divulgação

SETEMBRO AMARELO

Uma a cada 100 mortes no mundo ocorre por suicídio. Ciente, Alessandra trabalha a campanha Setembro Amarelo, de conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio, nos edifícios em que atua. “É importante promover palestras, falar sobre depressão, ansiedade e síndrome do pânico, transtornos cada vez mais presentes no modelo de sociedade que adotamos”, fala Alessandra. “Sugiro aos síndicos que mantenham os barriletes trancados, pois há muitos casos em que as pessoas procuram esses locais com ideação suicida”, acrescenta.

O síndico profissional Carlos Theodoro Martins já lidou com alguns óbitos em condomínios de sua carteira, dois por causa de queda de andares altos, sendo que um destes foi muito marcante porque a condômina sofria de depressão pós-parto. Carlos estava distante do edifício quando soube da queda da sacada. Orientou o zelador para que chamasse a polícia, mas também fez um pedido arriscado: “Eu só conseguia pensar no bebê, que tinha poucos meses de vida. Será que ele precisava de socorro médico urgente? Pedi que o zelador arrombasse a porta do apartamento. O bebê estava bem, o que me deu um alívio imenso”, lembra.

O síndico Carlos Theodoro Martins atendeu ao último pedido de condômina

Para o síndico, é vital interagir com habitantes dos condomínios sob sua gestão, conhecer seus hábitos e necessidades. “Claro que é impossível falar com todos, mas me esforço. Para mim, ser síndico é cuidar de gente. Diante de uma morte, pergunto se a família deseja que os vizinhos sejam avisados, e vou ao velório, tento levar algum conforto. Também envio uma coroa de flores em nome do condomínio; há quem ache um gasto desnecessário, mas vejo como mesquinharia recusar essa última homenagem”, defende.

PÃOZINHO FRANCÊS

A primeira experiência de morte em condomínio não foi traumática para Carlos. “Foi triste, sim, mas carregada de simbolismo”, descreve. Ele conta que um dia, ao chegar a um edifício da Bela Vista, foi informado de que Hanna (nome fictício), uma condômina sexagenária, alegre e muito atuante no condomínio, estava gravemente doente. Subiu para tomar um cafezinho com ela, que falou sobre seu incontrolável desejo de comer um pão francês fresquinho. “Eu prometi que à tarde voltaria com o pão e to-

maríamos outro café, e assim o fiz. Ela parecia uma criança comendo! Falou que mesmo não mais sentindo o sabor dos alimentos, estava feliz só de ouvir o som crocante da casca do pão”. Carlos despediu-se e deixou um cartão de visitas com a enfermeira de Hanna, que lhe telefonou mais tarde, por volta das 23 horas. “Ela disse que a Hanna não parava de chamar por mim. Quando cheguei ao apartamento, ela segurou minha mão com força e faleceu. Sou ex-professor de Educação Física, sei fazer massagem cardíaca e tentei reanimá-la, sem sucesso. Senti muita tristeza, mas sabia que havia lhe transmitido alguma tranquilidade na passagem. Fechei seus olhos e chamei a polícia, pois mesmo quando se trata de morte natural, a polícia vem ao local para constatar se não houve algum tipo de violência”, comenta.

Como Hanna não tinha família em São Paulo, Carlos recorreu a dois amigos dela, cujos contatos estavam em uma caderneta. A dupla fez o boletim de ocorrência na delegacia, e também ajudou a localizar os parentes. Quanto a isso, Carlos conclui que é imprescindível que os condomínios mantenham cadastros atualizados de todos os membros de uma unidade. “Quem mora só, precisa fornecer o contato de um familiar, pois ajuda muito em caso de acontecer alguma eventualidade”.

Se você está passando por sofrimento psíquico ou conhece alguém nessa condição, lembre-se que o CVV – Centro de Valorização da Vida oferece apoio emocional e gratuito 24 horas por dia. O contato pode ser feito por e-mail, pelo chat no site ou pelo telefone 188.

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CAPA

AGINDO COM RACIONALIDADE

Veja as considerações de Rodrigo Karpat, especialista em direito condominial, sobre morte em condomínio:

AUXÍLIO: “Via de regra morte não é responsabilidade do síndico, é dos familiares. O síndico tem de prestar administrativamente o auxílio necessário, caso seja requisitado algo do condomínio, mas não é ele que tem de buscar atestado de óbito, por exemplo. Em situação de risco, o síndico pode pedir uma ambulância ou levar alguém ao hospital, mas como qualquer outro cidadão faria e não em função do cargo.”

IMAGENS: “Quando ocorrem homicídios, a polícia pode solicitar imagens de câmeras, o que não deve ser dificultado. Porém, as solicitações devem ocorrer por meio de um documento formal, ou algo que possa depois preservar a integridade das imagens, porque muitas vezes, elas acabam na imprensa, então deve haver uma comprovação de que foram entregues apenas à autoridade policial.”

DESCONFORTO: “O síndico deve perguntar ao funcionário se ele se sente confortável para isolar a área onde está o corpo, ou ele mesmo pode fazer. Não precisa nem ter acesso ao corpo, mas isolar minimamente a área com fita é necessário para preservar o local.”

INFORME PUBLICITÁRIO

D I S C U S S Ã O :

“Existem casos onde os fa miliares esperam nas áreas comuns e acabam discu tindo. Por mais delicado que seja o momento, o síndico precisa prestar so corro necessário e cabível no limite da atuação dele, e não transformar aquele ato numa problemática condominial.”

MAU CHEIRO: “O síndico só pode invadir uma unidade em situação extrema, como um salvamento, e mesmo assim, acompanhado de um chaveiro ou zelador. Se ele detectar mau cheiro e houver suspeita de que alguém tenha morrido, deve chamar a autoridade policial para que juntos possam ingressar na residência.”

É PRIMAVERA, SINTA O DESABROCHAR DA NATUREZA!

Será que o paisagismo do seu condomínio está recebendo a atenção que merece? Pense nisso, pois áreas ajardinadas valorizam o empreendimento e trazem sensação de bem-estar

Bancos confortáveis e áreas sombreadas garantem o uso dos jardins em condomínios com projetos do arquiteto paisagista Gil Fialho

EM UM condomínio com 52 apartamentos e duas torres na Vila Olimpia, zona sul da cidade, a síndica profissional Isabelle Lavin atendeu a um pedido dos moradores e reformou um espaço até então pouquíssimo aproveitado. “Estávamos trocando o piso do térreo e aproveitamos para reformar a fonte que já existia. Também construímos um grande banco de madeira com almofadas, complementando com uma nova jardineira, numa área onde não havia nada”, conta Isabelle. Agora, especialmente crianças, pais e babás aproveitam o local, que fica próximo ao playground, para conversar numa área coberta e confortável, aponta a síndica.Criar áreas aproveitáveis no térreo é uma tendência. Para o arquiteto paisagista Gil Fialho, os térreos se tornaram, principalmente após a pandemia, além de áreas de passagem, também áreas de estar. Conforto e sombra são aspectos necessários para que os moradores queiram desfrutar dos jardins. “Muitos condomínios não oferecem bancos no térreo, e os condôminos não usufruem do local. Esse é um dos pontos que mais privilegio nos meus projetos. Para prédios novos, faço muitas praças de estar. Costumo dividir as áreas de convivência: uma para crianças, incluindo playground, outra para jovens, mais uma para os adultos, que pode ter um espaço para leitura, e uma área para os pets. Na área infantil uso muitas árvores frutíferas para os pequenos terem contato com pitangas e outras frutas", pontua o paisagista.

Síndica Isabelle Lavin promoveu reforma no térreo de condomínio, que ganhou banco e nova jardineira com espaço para descanso de moradores

Fotos
Divulgação
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Divulgação

ADMINISTRAÇÃO

Gil também lembra de outra perspectiva dos jardins dos condomínios: a vista de cima. “As áreas verdes devem ser bonitas quando o condômino as admira pelas janelas do seu apartamento. Devem ser áreas com desenhos interessantes, que convidam o morador a descer. O desenho é criado por pisos e plantas. Por exemplo, pisos com desenhos mais orgânicos tendem a abraçar o visitante, mais do que caminhos retos.”

Para Gil, ilhas de vegetação aumentam o uso do térreo. Mas o desenvolvimento das plantas depende muito da incidência de luz, explica. Bairros mais adensados têm menos luz e tornam os jardins mais vulneráveis. “A

construção de prédios vizinhos muda totalmente a configuração da luz nos jardins. Esse é um dos maiores problemas que vemos em prédios antigos. O jardim foi projetado para uma incidência solar, que se transforma com o passar do tempo”, conclui. Plantas tropicais, como helicônias e alpínias, têm belas flores, se desenvolvem muito bem em situação de pouca luz e ainda atraem beija-flores. Gil também costuma optar por espécies que atraem borboletas, caso da primavera e da lantana. “Conforme as borboletas que aparecem no jardim, conhecemos o grau de degradação ou de qualidade daquela área ou quadra. Se o condomínio quiser acompanhar a existência de borboletas, há a possibilidade de fazermos um inventário, de como era e como ficou o jardim depois da reforma, analisando o quanto a transformação colaborou com a biodiversidade presente naquele espaço”, ensina. Para atrair passarinhos, por exemplo, Gil Fialho opta por espécies com folhas que as aves pegam para fazer ninhos, ou frutíferas que os alimentam, e ainda árvores que eles usam como abrigo. E para “chamar” as borboletas, nada melhor do que plantas que produzem bastante néctar que as alimentam.

BELEZA E TRANQUILIDADE

Na opinião do paisagista Luciano Zanardo, a escolha das espécies deve considerar o estilo do jardim e a resistência das plantas. “Em um jardim tropical, espécies robustas como guaimbês, alpínias zerumbet, pleomeles, agapantos, palmeiras fênix e russélias são altamente recomendadas pela sua durabilidade e adaptação”, diz. Também é essencial que o paisagismo seja projetado em harmonia com a arquitetura existente: “Isso garante uma integração visual e funcional, valorizando tanto o edifício quanto as áreas externas.” Nos condomínios, Zanardo recomenda manutenção quinzenal: “A vida útil de um jardim está diretamente ligada à sua manutenção. Ela deve incluir limpe-

Segundo o paisagista Luciano Zanardo, espécies tropicais oferecem durabilidade e boa adaptação aos jardins. Mobiliário adequado integra moradores à natureza

za, adubação e substituição de espécies conforme necessário. Manutenções regulares garantem a longevidade e a saúde do jardim.”

O uso de mobiliário adequado e elementos como fontes, jardins verticais, pergolados e lareiras específicas para jardins incentivam a convivência nas áreas externas, integrando os moradores à natureza, acredita o paisagista Zanardo. “Esses itens agregam valor estético e funcional ao jardim, criando ambientes diferenciados e proporcionando uma experiência sensorial enriquecedora”, completa Luciano Zanardo, que na última Casacor São Paulo criou a Praça Tekohá, inspirado pela filosofia guarani que enxerga a terra como um lugar de vida. Na Praça, ele utilizou iluminação que ressaltava o paisagismo, deck em madeira cumaru, móveis de madeiras reaproveitadas e bancos criados pelo artista indígena Stive Mehinaku, que trouxeram autenticidade e significado ao projeto.

Também Gil Fialho apresentou na Casacor deste ano um jardim especial, que resgatou o conceito de quintal. O projeto procurou trazer a biodiversidade para o meio urbano, e sobre uma árida laje criou um microecossistema onde borboletas e pássaros foram atraídos a visitar esse espaço verde no meio de uma área rodeada de prédios.

Fotos
Julia Herman

ADMINISTRAÇÃO

Fialho utilizou em seu espaço na última Casacor São Paulo móveis que convidam à permanência no jardim e espécies que atraem passarinhos

Inspirações como as de Zanardo e Fialho podem ser levadas para os condomínios. Além de embelezar os empreendimentos, um belo e convidativo jardim agrega valor à vida cotidiana. “Há inúmeras pesquisas que mostram o impacto que os ambientes naturais causam na nossa saúde física e mental. Com os conhecimentos da Neuroarquitetura podemos projetar uma área externa para que os moradores se tranquilizem, por exemplo. Podemos usar elementos de contemplação, como flores e fontes, e outros aspectos sensoriais, como aromas. Ou seja, contribuir para que as pessoas naquele ambiente tenham determinados comportamentos e sensações”, constata a arquiteta Gabi Sartori. Por exemplo, formas pontiagudas impactam o nosso instinto de sobrevivência. “Nos sentimos ameaçados. Assim, plantas com muitos

espinhos ou as pontiagudas fazem a pessoa se afastar. Mas tudo depende de como ela é implantada no jardim. Deve haver um espaço de estar não tão próximo daquela planta.”

Foi a partir da certificação que obteve nos Estados Unidos em Neurociência e Arquitetura que Gabi entendeu o seu real papel como arquiteta e o impacto que sua atuação tem na vida dos outros. “Especialmente depois da pandemia sentimos falta de estar perto da natureza. Assim, a biofilia, a necessidade de reconexão com a natureza, ganhou espaço e importância. É benéfico usarmos plantas nas áreas comuns, em espaços coletivos de trabalho e até mesmo em locais de passagem. E não só plantas, mas outros elementos que nos remetem à natureza, como a água, a iluminação natural. Tudo isso contribui positivamente para nossa saúde física e mental”, arremata.

Fotos Camila Othon
Gil

MEDIDAS DE SEGURANÇA DEVEM

ESTAR ALINHADAS

QUANDO o assunto é proteção condominial, o síndico deve recorrer ao triângulo da segurança para verificar se todas as pontas estão alinhadas, pois é preciso que assim estejam para dificultar a ação dos bandidos em edifícios residenciais, como explica o consultor em segurança condominial José Elias de Godoy, policial militar veterano e síndico orgânico – inclusive, ele conta sua história na sindicatura nas páginas 10 e 11 desta edição. Uma ponta do triângulo concentra a parte física e tecnológica da segurança do edifício. Na primeira, figuram, entre outros, elementos como portões, grades, muro e alambrado. Na segunda, reúne arsenais tecnológicos, como câmeras e aparelhos de reconhecimento facial, por exemplo. Aqui, o consultor faz uma recomendação: “Quanto mais o condomínio investir em tecnologia, melhor, porque dependerá menos do homem”.

Em outra ponta do triângulo está uma peça-chave: a mão de obra qualificada, seja própria ou terceirizada. “O porteiro tem que

"Para haver segurança condominial, precaução é fundamental. Orientar a equipe de funcionários a se manter atenta a comportamentos suspeitos é essencial para reforçar a segurança. E investir em tecnologias colaborativas pode tornar a vizinhança mais segura."

(Chen Gilad, CEO e especialista em segurança, Grupo Haganá)

Por Isabel Ribeiro
Jonas Coronado via IA

saber como agir na liberação de acesso, senão pode tornar o local vulnerável. Sabemos que 90% das invasões em prédios ocorrem pela porta da frente, e por falha humana. O que está diferente nos últimos meses é o modo de operação. Antes, os bandidos acessavam o condomínio durante o dia; agora, é a noite, em geral, a partir das 20 horas, ou até de madrugada. Eles usam vários disfarces, mas um que está em voga é o indivíduo se apresentar bem vestido, portando relógios ou celulares bons, e dizendo-se parente e hóspede do morador de determinada unidade”, alerta José Elias. Ele enfatiza a necessidade de se investir bastante no funcionário de portaria, a partir da contratação, tendo em mente que é preciso remunerar melhor em prol de qualificação. “Mas é necessário saber quem é essa pessoa, com quem ela vive, obtendo informações precisas. Também é indispensável que se promova treinamento periódico, e haja supervisão para que ninguém durma em serviço ou fique no celular”, orienta o consultor.

Já na última ponta do triângulo da segurança estão os habitantes da edificação, sem dúvida, um ponto bastante crítico. “Todo mundo quer ter comodidade e conforto, que não correm junto com a segurança. Se chove, o condômino não quer descer da sua torre para pegar a pizza, e reclama, pois quer que deixemos o entregador entrar. Depois, quando alguma coisa acontece, vão querer achar o culpado, e sempre há dois na história: o síndico e o porteiro”, constata José Elias. Isso só reforça a importância de o síndico esquadrinhar as três pontas do triângulo e reiterar regras internas, corrigir falhas de procedimentos e sistemas ou buscar novas soluções de segurança.

ACESSO DIFICULTADO

Há 20 anos Beatriz Grad é síndica orgânica de um condomínio no Itaim Bibi, erguido na década de 1970. Com uma torre e apenas 25 unidades, o condomínio conta com equipe própria, bem treinada. “Sempre temos palestras sobre segurança para todos os funcionários, e a nossa frase interna é: ‘No caso de dúvida nunca deixe entrar’. Antes de receber visitas ou encomendas, os moradores avisam a portaria, o que também ajuda muito em termos de segurança”, diz Beatriz.

“Por exigências legais, um condomínio tem que ter seguro contra incêndio ou destruição, porém, ao contratar o serviço é interessante o síndico procurar saber se existem outras coberturas que garantam uma segurança ainda mais completa ao patrimônio sob seus cuidados."

(Chen Gilad, CEO e especialista em segurança, Grupo Haganá)

A síndica Beatriz Grad aposta em palestras aos funcionários, barreiras físicas e uso de tecnologia para proteger condomínio do Itaim Bibi da ação de criminosos

A gestora aponta que é fundamental que condôminos sigam regras de convivência, dentre as quais colaborar para resguardar o condomínio. A comunicação desempenha um papel crucial nesse quesito. Uma das normas no edifício é que datas de início de reforma ou de mudanças sejam avisadas com cinco dias de antecedência, bem como nome e documentação da mão de obra envolvida na tarefa. Inclusive, esses funcionários só adentrarão o condomínio se estiverem uniformizados.

Sobre as barreiras físicas e tecnológicas da edificação, a síndica entrega algumas, como a existência de mais de 27 câmeras de alta resolução, com visão noturna e sensíveis a movimentos, além de cerca elétrica em todo o perímetro. “Mas algo simples e que funciona muito bem é a gaiola de pedestres, além de um espaço de passagem de encomendas”, acrescenta Beatriz. Na opinião da síndica, é preciso atentar para mudanças que ocorrem no entorno do edifício, a exemplo da construção ou abandono de um prédio, e se isso traz algum risco, o que implicaria na adoção de medidas adicionais e estratégicas de proteção. “Houve uma ocasião em que um prédio atrás do nosso ficou desocupado e foi invadido algumas vezes. Para prevenir uma passagem para nosso condomínio, aumentamos o número de câmeras de monitoramento e projetamos uma cerca elétrica inclinada que pudesse impedir a entrada de qualquer pessoa”, relata.

“Com o advento da portaria remota, a segurança condominial evoluiu significativamente, integrando tecnologia avançada, monitoramento 24/7 e sistemas inteligentes. Hoje, proteção vai além de câmeras, oferecendo soluções proativas e personalizadas.”

(Bruno Appolonio, diretor de inovações e tecnologia, Grupo ForceOne)

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Divulgação

DICA / SEGURANÇA

Beatriz reconhece que ter uma empresa parceira é de extrema valia na detecção de vulnerabilidades. “Nossa empresa de segurança nos ajuda nessa questão, fazemos sempre análise e revisão conforme as mudanças no bairro, índices de assaltos nas redondezas etc. Recomendo aos colegas síndicos que contratem uma boa empresa, que os ajudem a analisar as falhas e os orientem sobre o que implementar, mesmo que o processo seja feito por etapas, como acontece em nosso condomínio, com mais de 50 anos, o que traz algumas limitações, então apesar das reformas, temos de trabalhar com mais paciência para adequá-lo às novas tecnologias”, fala a gestora.

Ainda assim, a modernidade tecnológica marca presença e a mais recente aquisição do condomínio é um totem externo de vigilância, com três câmeras. “Esse equipamento nos passa segurança, tem uma luz de cor forte, o que intimida tentativas de assalto. Ele funciona com muita rapidez; o sistema de rastreamento também é excelente, pois muitos prédios na região aderiram a essa tecnologia. Basta você acessar um QR code e consegue as imagens do momento da ocorrência”, avalia a síndica Beatriz.

"A integração de equipamentos tecnológicos em condomínios é uma tendência que promove segurança, eficiência e qualidade de vida, sendo um diferencial importante no mercado imobiliário atual."

(Rodrigo Barreto Castagna, gerente, Premium Service)

PRÓXIMA EDIÇÃO: SEGURANÇA: AUTOMAÇÃO, CFTV, PORTARIA VIRTUAL/AUTOMATIZADA, CONTROLE DE ACESSO, INTERFONE, PORTÕES

Jonas
Coronado via IA

NOVIDADES NO PARQUINHO

Por Isabel Ribeiro

INAUGURADO em julho, o novo playground do Condomínio Ed. Life Center II e III, na Vila Mariana, zona sul, resulta da ação da síndica orgânica Lourdes Fujita, da subsíndica Marcia Auricchio e da conselheira Cristiane Micheloto, respectivamente no centro, em pé, e no escorregador na imagem ao lado. A reforma precisou esperar sua vez na lista de prioridades da edificação de 1988, com 168 unidades, mas o trio avalia que o resultado valeu a pena e agradou aos moradores.

Já Marcia acrescenta que antes havia um brinquedo de plástico sobre grama artificial, mas as crianças relatavam levar choque após descerem pelo escorregador.

O engenheiro eletricista Edson Martinho explica o acontecimento. “Esse fenômeno é conhecido como eletricidade estática e os choques não são perigosos. Isso acontece principalmente com o tempo seco”. Ele fala que esse tipo de situação em parquinhos ao ar livre decorre do atrito de algum material sintético (como calças e bermudas) com o plástico (ou metal) do brinquedo, o que gera cargas elétricas que se acumulam em um dos corpos. Ao descer pelo brinquedo e tocar o solo, a criança pode sentir um choquinho que resulta da descarga dessa energia acumulada. Havendo grama sintética, esse efeito é potencializado.

O brinquedo anterior foi transferido para a brinquedoteca e o espaço de 84 m² ficou vazio por um tempo. “Como pretendíamos manter o gramado sintético, optamos por encomendar brinquedos de madeira, que são mais duráveis.

Mas não faria sentido continuar com aquele piso desgastado se colocaríamos brinquedos tão bonitos, e então decidimos por um piso emborrachado, feito de pneus reciclados”, fala a conselheira Cristiane, arquiteta por formação. “Para piso e brinquedos, escolhemos fabricantes que seguem as normas técnicas da ABNT e, na instalação, mantivemos a recomendação de distanciamento mínimo entre os brinquedos para uma diversão mais segura”, completa Cristiane. Entre os atrativos infantis, foram escolhidos um jogo de amarelinha aplicado no piso com serigrafia (para não desbotar), um brinquedo multifuncional com balanço duplo e uma gangorra dupla.

PRÓXIMA EDIÇÃO: PLAYGROUND: BRINQUEDOS, PISOS E BRINQUEDOTECA

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Isabel Ribeiro

ELEVADORES: PREVENÇÃO DE ACIDENTES REQUER

PLANO DE MANUTENÇÃO E USO CONSCIENTE

NOS ÚLTIMOS meses, acidentes com elevadores em grandes capitais têm ganhado os noticiários: em junho, ocorreu a queda de um elevador em prédio público de Belo Horizonte, com 22 passageiros; em julho, houve três acidentes em menos de 24 horas no Rio de Janeiro, um deles, em condomínio residencial de Copacabana, vitimando um técnico de manutenção; e, por último, no começo de agosto, um elevador despencou em condomínio residencial de Higienópolis, bairro nobre paulistano, provocando fraturas nas três pessoas que estavam a bordo. São notícias que impactam, contudo, o elevador ainda é considerado o meio de transporte mais seguro e utilizado do mundo – haja vista que na cidade de São Paulo existem mais de 99 mil equipamentos registrados em atividade, e felizmente intercorrências como a do mês passado são raras. O que, vale destacar, não diminui o sinal de alerta emitido com as notícias recentes sobre os acidentes. Ao contrário, o intensifica. “O elevador é um meio de transporte seguro, desde que os critérios de manutenção do PMA (Plano de Manutenção Anual) sejam seguidos e atualizados,

“É essencial investir num acolchoado de elevador para que o interior da cabina não sofra danos no transporte de mudanças ou material de obras. A capa sintética é mais simples, enquanto a de nylon, com gramatura 600, é mais durável, difícil de rasgar.”

(Sergio Rodrigues, gestor de marketing, Prédio New)

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garantindo a conformidade com as normas de segurança mais modernas”, ressalva Marcelo Braga, presidente da ABEEL (Associação Brasileira das Empresas de Elevadores), em comunicado no site da entidade, a despeito do caso de Higienópolis.

Fato é que elevadores requerem cuidados irrestritos, e uso e manuseio consciente do equipamento para não pôr em risco a vida dos passageiros. Especialista em elevadores, o engenheiro mecânico Edson Parmejano de Carvalho, consultor independente (e docente em cursos de formação de síndicos), e a engenheira mecânica Jaqueline Alves Gomes, especialista em freio de segurança, limitador de velocidade e circuito para elevadores, trazem a seguir informações para tornar seguros esses equipamentos que são indispensáveis à imensa maioria dos condomínios verticais.

Direcional Condomínios – Como os síndicos podem contribuir para evitar acidentes com elevadores?

Edson Parmejano de Carvalho – Os síndicos têm um papel fundamental na segurança dos elevadores. Para prevenir acidentes, é crucial garantir a realização de manutenções preventivas regulares, seguindo as normas técnicas estabelecidas. Além disso, é essencial contratar empresas de manutenção certificadas, que estejam em conformidade com as regulamentações da ABNT e possuam o CNAE adequado para a atividade. É igualmente importante que a empresa tenha um engenheiro responsável, que assuma juridicamente a responsabilidade técnica pelos serviços. Os síndicos também devem assegurar que as empresas contratadas atendam às leis pertinentes à sua região. Em São Paulo, a lei 10348 exige procedimentos claros de limpeza e segurança nos elevadores. Cumprir essa lei é essencial para garantir a segurança e o bom funcionamento dos equipamentos.

DC – O que observar na contratação de uma consultoria independente?

Parmejano – Os síndicos podem contar com o apoio de consul -

" O RIA é um importante documento, que atesta as condições de operação dos elevadores e deve ser emitido pela empresa de conservação contratada do condomínio." (Leandro Ferreira, diretor comercial, Grupo OrionLift Elevadores)

tores especializados para avaliação técnica do estado dos elevadores, que prestam assessoria, não trabalham com venda de peças. No entanto, assim como as empresas de manutenção, as de consultoria devem seguir critérios e normas vigentes, sendo obrigatório ter um engenheiro mecânico responsável para garantir a conformidade com as exigências técnicas e legais.

DC – Qual a importância do Relatório de Inspeção Anual (RIA) na segurança dos elevadores?

Jaqueline Alves Gomes – O RIA é um documento fundamental que atesta que o elevador passou por uma inspeção técnica completa, estando em conformidade com todas as normas de segurança. Em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, por exem plo, é obrigatório por lei, mas por si só, esse documento não garante que o elevador esteja 100% seguro. Isso porque existe um conflito de interesses: a mesma empresa responsável pela manutenção é quem emite o RIA. No mercado, há conservadoras que trabalham seriamente, mas se o síndico suspeitar que possa não ser esse o caso, que existam dados inve rídicos no relatório ou, até mesmo, se sentir pressionado a investir em peças e serviços, é válido contratar um auditor ou inspetor para garantir que as decisões tomadas sejam as melhores para a segurança e o orçamento do condomínio.

DC – O comportamento dos habitantes de um condomínio pode causar falhas no elevador a ponto de colocá-los em perigo?

Parmejano – Sim, pode impactar diretamente a segurança e o funcionamento dos elevadores. Ações como entrar no elevador com roupas molhadas, crianças pulando dentro da cabine, ou exceder o limite de peso recomendado podem causar falhas graves no equipamento. Essas práticas podem sobrecarregar o sistema, danificar componentes importantes e até mesmo resultar em paradas súbitas do elevador, colocando todos os ocupantes em risco. Além disso,

"Síndicos e gerentes prediais devem sempre direcionar atenções para o sistema de segurança dos elevadores para garantir a integridade dos seus usuários."

(Leandro Ferreira, diretor comercial, Grupo OrionLift Elevadores)

comportamentos inadequados, como forçar as portas do elevador ou prender objetos para mantê-las abertas podem contribuir para avarias e até acidentes graves.

DC – Quais são as dicas para que o equipamento seja utilizado de forma consciente?

Jaqueline – Algumas dicas são: 1) respeitar o limite de peso indicado na placa do elevador, considerando-se também que, se a pessoa estiver carregando objetos pesados, será preciso fazer várias viagens; 2) esperar que o elevador pare completamente antes de entrar ou sair, pois agir assim com ele em movimento pode ser perigoso; 3) evitar movimentos bruscos, isto porque, pular ou se movimentar bruscamente dentro da cabine, pode desestabilizar o elevador e danificar seus componentes; 4) não forçar as portas do elevador, que foram projetadas para abrir e fechar automaticamente; 5) procurar não entrar no elevador com roupas ou objetos molhados, especialmente após a piscina ou em dias de chuva, pois a água pode escorrer para os componentes elétricos, aumentando o risco de curto-circuito; 6) ensinar as crianças a usarem o equipamento de forma adequada, lembrando que as menores de dez anos devem estar acompanhadas por um responsável durante todo o trajeto.

DC – Como o morador deve agir em caso de emergência?

Parmejano – Antes de mais nada, é preciso manter a calma. Se o elevador parar entre andares, o passageiro deve utilizar o interfone ou o botão de alarme para pedir ajuda, e jamais tentar sair por conta própria devido ao alto risco de acidente. Por isso, é fundamental que os moradores sejam orientados a utilizar o elevador de forma responsável e segura. O síndico pode desempenhar um papel importante nesse processo, promovendo campanhas de conscientização e deixando claras as regras de uso seguro do elevador. A educação e o respeito às normas de uso são essenciais para garantir a segurança de todos no condomínio e evitar problemas que poderiam ser facilmente prevenidos.

“Manutenções periódicas e preventivas no elevador são fundamentais. A verificação e substituição de peças desgastadas, aferições no sistema de freios, identificação de falhas no sistema eletrônico por exemplo, devem ser realizadas por empresas especializadas e certificadas.”

(Rogerio Meneguello, diretor, Primac Elevadores)

“MANUTENÇÃO NÃO PODE SER

NEGLIGENCIADA”

O síndico profissional Luiz Leitão da Cunha, há mais de dez anos na sindicatura, conta que sempre deu plena atenção à manutenção dos elevadores em condomínios de sua carteira. “Se um dia, algum condomínio não dispuser de verba para substituição de peças, por exemplo, eu prefiro interditar o elevador a deixar que opere sem estar 100%. Manutenção não pode ser negligenciada. Se acontecer um acidente, a responsabilidade é do síndico, sem falar que estamos lidando com vidas”, diz Luiz, que administra principalmente condomínios 50+ nos Jardins, em Pinheiros e Vila Mariana.

Outra frente de atuação a favor da segurança dos moradores de edifícios é não permitir que o zelador abra a porta do elevador para resgatar passageiros presos. “O resgate só pode ser feito pela empresa de manutenção ou pelo Corpo de Bombeiros. Deixo isso muito claro às equipes dos prédios”. Ele também é enfático quanto ao uso do elevador por crianças com menos de dez anos, sem supervisão de adultos. “Além de ser proibido por lei, criança não tem como se virar sozinha em uma situação de parada”, argumenta. Até para adultos não é nada agradável ficar preso em elevador, constata o síndico, ele próprio, claustrofóbico. Vistoria semanal em câmeras e interfones de cabines é, para ele, prática sagrada. “Se você fica preso no elevador, precisa falar com alguém, e ser visto pela câmera. Essa comunicação não pode falhar, serve tanto para que seja providenciado o resgate quanto para acalmar o passageiro”.

“Manter a segurança do elevador em dia envolve uma combinação de manutenção preventiva, inspeções regulares e boas práticas de uso. Além das atualizações tecnológicas e modernização de sistemas.”

(Rogerio Meneguello, diretor, Primac Elevadores)

PRÓXIMA EDIÇÃO: CONTROLE DE PRAGAS & DESENTUPIMENTO

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