Revista Direcional Escolas

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Editorial DIRETORES Sônia Inakake Almir C. Almeida

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Pesquisa divulgada no mês de julho revela que a baixa qualidade da educação brasileira está produzindo uma herança nefasta contra o desenvolvimento do País e o futuro das novas gerações: 38% dos estudantes matriculados em instituições de ensino superior não dominam as habilidades básicas de leitura e escrita, conforme apurou levantamento do Instituto Paulo Montenegro (IPM) e da ONG Ação Educativa. Os dados foram divulgados pelo jornal O Estado de S. Paulo e indicam que um contingente significativo de futuros profissionais brasileiros de nível superior é incapaz hoje de compreender um texto de nível de 9º ano. Segundo a pesquisa, somente 62% das pessoas do ensino superior apresentam nível de alfabetização considerado pleno. Na reportagem Especial nesta edição, que trata da formação dos educadores, o professor Ubirajara Faville, há quatro décadas ministrando aulas de Matemática para o Fundamental II, Ensino Médio e cursinhos pré-vestibulares, identifica uma grande lacuna na formação básica dos estudantes brasileiros. Segundo Ubirajara, eles vêm cumprindo a progressão das séries sem que tenham sedimentados os conteúdos mínimos dos ciclos escolares anteriores. Não surpreende, portanto, que cheguem com esse nível às universidades. “Temos crianças e jovens com pouco contato com a cultura, a ciência e o conhecimento. Ao mesmo tempo em que vivem num mundo de extrema tecnologia, que só foi possível pelo desenvolvimento da Ciência, eles estão dando pouca importância ao conhecimento”, atesta Faville. “Eles usam iPod, mas não têm noção de como chegamos a isso”, completa o professor, intrigado com a absoluta falta de comprometimento demonstrada pelas novas gerações com o saber, o que tem obrigado os educadores e as escolas a se reinventarem. A reportagem mostra que as escolas estão precisando investir na formação e mobilização docente, de maneira a superar os muitos dos desafios deixados pelas grandes mudanças sociais e culturais que a sociedade vem vivendo. Especialmente, no caso brasileiro, a perda de espaço da escola como prioridade entre os jovens e mesmo seus familiares. Enquanto, de uma maneira macro, o Brasil busca avançar nos indicadores de desempenho da educação básica (como o IBEB), no micro ambiente escolar é preciso recorrer a uma série de programas que consigam subsidiar o professor a trabalhar com uma nova realidade de sala de aula. Também o próprio gestor escolar tem sido desafiado a mudar posturas e papéis. Para preparar os educadores mediante essa ordem, ele agora se vê diante da necessidade de formar líderes capazes de compreender os objetivos da instituição e de mobilizar seus pares. Este é o tema da reportagem de Gestão, assunto que também estará em pauta durante o I Workshop com Gestores Escolares, que a revista Direcional Escolas estará promovendo no próximo dia 23 de agosto, em São Paulo (Mais informações pelo telefone 11 – 5573-8110). O curso será ministrado por uma de nossas colaboradoras e também mantenedora e gestora de escola, Marcia Regina do Carmo Claro Oliveira. Esta edição da Direcional Escolas abre o segundo semestre de 2012 com outras reportagens pertinentes aos interesses de nossos leitores, como o Perfil da Escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental Capítulo 1, Dicas de primeiros socorros, robótica e paisagismo e decoração, além de um Fique de Olho sobre gráficas, copiadoras e duplicadores digitais. Uma boa leitura a todos, Rosali Figueiredo Editora CONTATE-NOS VIA TWITTER E FACEBOOK OU DEIXE SEUS COMENTÁRIOS NO ENDEREÇO DE EMAIL ESPACODOLEITOR@GRUPODIRECIONAL.COM.BR

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EDITORA Rosali Figueiredo

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SUMário

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FORMAÇÃO E NOVO PERFIL DOS EDUCADORES

COMO LIDERAR E FORMAR LÍDERES?

ESCOLA CAPÍTULO 1

Cobrar resultado e cumprimento de metas pelos professores, bem como acompanhar suas aulas, tornou-se prática comum entre algumas escolas, que visam melhorar o desempenho em sala, entre muitos outros. Mas cabe ao gestor agregar em si as competências necessárias para conduzir um processo seguro de avaliação e engajamento profissional.

A vocação para ensinar e administrar uma escola salta aos olhos quando se observa a trajetória da jovem Fernanda Teixeira, de 32 anos, que resolveu adquirir uma instituição, na época quase falida, e apostar em um projeto pedagógico no qual acreditava. O negócio deu certo e projeta um futuro promissor à Escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental I Capítulo 1.

As escolas recorrem cada vez mais a ações de aperfeiçoamento e valorização docente, como forma de subsidiar o professor a trabalhar com uma nova realidade de sociedade e com a mudança curricular e tecnológica. Para fazer frente a isso, no entanto, é preciso repensar o perfil dos educadores e sua metodologia de ensino, sem abrir mão da liderança em sala de aula.

24 PERFIL DA ESCOLA

CONFIRA AINDA

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DICAS: 16 Parcerias: Robótica

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20 Primeiros Socorros

22 Paisagismo e Decoração

FIQUE DE OLHO: 26 Gráficas, Copiadoras e Duplicadores Digitais



WWW.DIRECIONALESCOLAS.COM.BR No site da Direcional Escolas, você encontra grande acervo de informações e serviços que o auxiliam na gestão administrativa, pedagógica e da sua equipe de colaboradores. Acesse e confira. ENTREVISTAS O NOVO PERFIL DOS EDUCADORES E A SALA DE AULA: Com a coordenadora científica e pedagógica do XVI Congresso Saber, Regina Stefano. O Congresso acontecerá em São Paulo, no Centro de Exposições Imigrantes, entre os dias 20 e 22 de setembro. PRIMEIROS SOCORROS: Com o especialista Marcos José dos Campos Verde, que aborda os procedimentos que devem nortear um programa de treinamento em primeiros socorros nas escolas de educação básica. ARQUITETURA E DECORAÇÃO: Com as arquitetas Cristina Corione e Yara Santucci Barreto, que apresentam dicas sobre a ampliação ou decoração dos espaços físicos das escolas (em http:// migre.me/a2kSe). Faça ainda um tour visual pelas instalações do Colégio Sidarta (em http://migre.me/a2kHM). PROGRAMAS FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO PROFISSIONAL: Proposta de

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Coaching Pedagógico e Educacional desenvolvida pelo consultor Christian da Rocha Coelho, da Rabbit Partnership. Confira através dos links http://migre.me/a2uBF e http://migre.me/a2uDn.

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REPORTAGEM ROBÓTICA: Relato de duas escolas em São Paulo, uma particular e outra municipal, que vêm aplicando propostas bastante diferenciadas em robótica. São elas, respectivamente, o Colégio Guilherme Dumont Villares, que optou por desenvolver soluções próprias, e a EMEF Olavo Pezzotti, que mantém uma parceria com a Lego Zoom. COLUNAS ESCOLHA PROFISSIONAL : A pedagoga Jane Patrícia Haddad costuma abordar a importância dos laços afetivos sobre os processos de desenvolvimento humano, social, cultural e profissional dos jovens. Esse olhar não poderia ser diferente mediante um momento de bastante desassossego a eles, o da escolha profissional. Confira o que diz a especialista sobre a questão em http://migre.me/a7BO6.

TECNOLOGIAS EM EDUCAÇÃO: COMO E POR ONDE COMEÇAR? O professor Rodrigo Abrantes aborda o profícuo mundo das tecnologias educativas e sugere às escolas a adoção da nova rede social dos educadores, o Edmodo (veja em http:// migre.me/a7C67 e http://migre.me/a7C7h).


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ESPECIAL: FORMAÇÃO E NOVO PERFIL DOS EDUCADORES

A agenda de eventos em educação em São Paulo neste ano vem trazendo como foco comum a relação entre as escolas e a família. Foi o caso do 2º Direcional Educação, realizado em abril, e será também o mote do XVI Saber, agendado para setembro. Sociedade, aluno, família e escola mudaram, o que se reflete sobre a sala de aula e exige colocar também em discussão a necessidade de valorização do professor neste novo contexto.

Por Rosali Figueiredo

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ue a sociedade, as famílias e as relações entre pais e filhos mudaram, não há o que questionar. Nos eventos em que se debate a educação, tornou-se ponto chave buscar respostas ao impacto gerado por essas transformações sobre a sala de aula, o trabalho do professor e o comportamento dos alunos. “O jovem hoje quer ser um vencedor, por isso é preciso que o professor saiba trabalhar a sala de aula como espaço de troca de vivências, mas tendo a disciplina em suas mãos. Acredito na pedagogia do diálogo, da integração, no entanto, a autoridade em sala de aula é conquista do professor e alguns estão se deixando levar, têm sido permissivos e isso gera perda de credibilidade”, aponta Marcia Regina do Carmo Claro Oliveira, mantenedora e diretora geral do Colégio Ômega, com duas unidades de educação básica nas cidades de Santos e Guarujá, na Baixada Santista. Segundo Marcia Oliveira, “quando o professor adquire liderança em sala de aula, diminuem muito os problemas da escola”. Mas a gestora observa, cada vez mais, “dificuldade em encontrar pessoas que estejam preparadas e com vontade de ingressar na carreira. Então cabe ao gestor adotar especialistas em suas escolas e dar-lhes suporte didático e psicológico”, analisa. Marcia Oliveira coloca esse como um dos “grandes desconfortos ou complicadores” à administração das escolas na atualidade. Ao mesmo tempo, porém, reconhece que o próprio professor

vem enfrentando dificuldade para “encontrar uma gestão participativa, onde tenha liberdade de se expressar e expor ideias que sejam ouvidas”. A escola deve dar o suporte para o desenvolvimento didático, defende a mantenedora. “A instituição precisa fazer mobilização coletiva com o professor, não pode querer que ele venha pronto. E a mobilização se dá via coordenador, para chegar na finalidade que a escola quer.” Marcia Oliveira credita ao gestor o papel de “estabelecer e dar condições para que as coisas aconteçam. A visão proativa vem da liderança de ele estar junto, de ter uma palavra firme, mas deixar que o educador fale.” No Colégio Ômega, uma equipe de oito gestores, além dos auxiliares de coordenação, participa de um trabalho semanal de coaching (orientação e formação) junto aos professores do Ensino Fundamental I. Com os especialistas do Fundamental II, o trabalho é mensal. É uma estratégia que Márcia define como “empoderamento”: “O professor recebe poder para atuar em sala de aula com competência, o que consegue por meio da autoafirmação, do desenvolvimento na carreira e de mudanças no modo de ser e fazer.” Para Marcia Oliveira, essa, no entanto, não é responsabilidade exclusiva do professor, senão do gestor, “da instituição como um todo”. Segundo ela, o que cabe ao professor é ter “iniciativa, comprometimento e competência”. A gestora destaca que a configuração atual da sala de aula e o comportamento dos alunos requerem um professor que “valorize seu trabalho”, adotando práticas que extrapo-

lem “aquilo que está nos livros didáticos ou sistemas de ensino” e promova experiências concretas por meio das quais os conceitos possam ser absorvidos, em vez de virem prontos. “Esses profissionais devem criar algo através de processos e metodologia de trabalho para estimular o aluno, que por sua vez vai valorizar o professor pelo esforço, pela dedicação, por estar próximo da sua linguagem. Entre professor e aluno, deve haver uma relação recíproca de valorização”, acredita.

DISPONIBILIDADE PARA BUSCAR NOVOS CAMINHOS Entre os vários requisitos que o Colégio Rio Branco, tradicional instituição de ensino de São Paulo, exige de seus educadores, é “que tenham disponibilidade de aprender”, aponta a diretora geral Esther Carvalho. Mas Esther ressalta um papel fundamental às instituições: “O gestor deve aprender a dar e a receber feedback. Ele tem a responsabilidade de contribuir com os profissionais para atuar, não pode se privar dessa responsabilidade” (Leia mais sobre o assunto na reportagem das páginas 14 e 15). O Colégio Rio Branco desenvolveu um modelo próprio de gestão do ensino, que envolve, entre outros, a avaliação do docente, o que inclui atividades de acompanhamento do seu trabalho em sala de aula. São feitas duas avaliações anuais dos professores, “com metas e trabalho a desenvolver”, observa Esther Carvalho. Além disso, a instituição promove uma “leitura mais


ESPECIAL: FORMAÇÃO E NOVO PERFIL DOS EDUCADORES ampla do contexto, como, por exemplo, do clima organizacional”, com vistas a levantar subsídios e aprimorar o processo de ensino. Paralelamente, a escola organiza encontros semanais de formação, às terças-feiras no período noturno, com todos os educadores. A participação é obrigatória. “Eles precisam ter esse comprometimento. Temos ainda oficinas aos sábados, é uma troca; a instituição entra com os profissionais que estão dando os cursos e o educador do Rio Branco entra com sua dedicação e disponibilidade”, afirma Esther Carvalho. O Rio Branco contrata ainda consultorias externas, “que trazem o olhar mais arejado e agregam”. A ideia é que todo esse programa possibilite “uma visão mais clara do caminho que o pro-

fessor está percorrendo, um olhar sobre si mesmo”, cabendo, entretanto, ao gestor, conforme pondera Esther, estabelecer as metas de desenvolvimento ao profissional. Segundo a diretora, é “preciso trabalhar questões didáticas nos professores especialistas e isso não vem pronto. Um dos grandes desafios das escolas hoje está na questão da metodologia, ou seja, de como o professor conduz o aprendizado do aluno à luz do conteúdo de sua área, das tecnologias etc.” A diretora justifica que os cursos superiores não dão “formação didática a contento, principalmente no contexto atual, de como se estabelecer o espaço e o tempo didático de qualidade, de como constituir novos ambientes de aprendizagem e trazer o aluno, entre outros”.

Já entre os profissionais que atuam no Ensino Fundamental I e na Educação Infantil, o Colégio Rio Branco trabalha “a integração real dos conteúdos e conhecimentos e a documentação pedagógica de forma mais profunda e realmente polivalente. Nesse sentido, temos trabalhado e investido bastante nesse profissional”, comenta a diretora. Para isso, Esther Carvalho afirma que o Colégio Rio Branco tem procurado “refinar ao máximo” o processo seletivo dos seus profissionais, buscando um perfil de educador com “boa formação acadêmica, experiências profissionais anteriores interessantes, disponibilidade de participar e buscar novos caminhos, clareza sobre o papel dele, e também vocação para atuar nesse espaço”.

Faz 42 anos que o professor de Matemática Ubirajara Faville dá aulas em cursos pré-vestibulares e para turmas do Ensino Médio e Fundamental II em escolas privadas de São Paulo. Graduado pela Universidade de São Paulo e autor de livros didáticos na área, Ubirajara vivenciou nessas quatro décadas as muitas mudanças pelas quais passaram a sociedade, escolas, famílias, alunos e professores. E também a sala de aula, marcada hoje pela diversidade no perfil e comportamento dos alunos. Além da inclusão, outra grande alteração veio, sobretudo, do fato de que “o aluno não tem mais a escola como foco principal”. Ele possui muitas atividades paralelas, explica Ubirajara, como natação, futebol, inglês, música, RPG etc. “Sobra quanto tempo para estudar?”, questiona o professor. Nesse sentido, os educadores precisam adequar “seu curso para toda essa variedade de comportamento em sala de aula, pois cada uma tem sua personalidade. O que funciona em uma não funciona em outra. Não existe uma única maneira de ensinar, porque não há um único modo de aprender e, na medida do possível, é preciso conhecer como o aluno aprende. Pode ser lendo, ouvindo outras pessoas, querendo a explicação do professor”, acredita Ubirajara. Segundo ele, a aula expositiva não vai acabar, mas é preciso que haja trabalho com leitura prévia e exercícios complementares, além de um pouco de “autoinstrução”, procedimentos que adota há muitos anos. Para Ubirajara Faville, o professor atualmente precisa também vencer o

desinteresse do estudante, “que se queixa muito da dificuldade, quer uma vida escolar tranquila, ir bem, mas sem tanta pressão”. Além de saber trabalhar com duas outras características que surgem como marcas da contemporaneidade: lacunas na formação cultural e científica do estudante, ou seja, ausência de conhecimento básico que deveria ter sido adquirido em ciclos escolares anteriores; e a imaturidade com que ele chega ao Ensino Médio, com pouca iniciativa e baixa autossuficiência. Diante desse quadro, o professor hoje precisa desenvolver algumas predisposições, competências ou procedimentos fundamentais para uma aula bem dada, sugere Ubirajara: gostar do aluno, de ensinar e da disciplina; ter excelente formação; resolver exercícios coletivamente e tirar as dúvidas detalhadamente; saber avaliar, criando várias atividades em que os estudantes possam demonstrar se aprenderam ou não; chamar individualmente cada aluno para conhecer suas dificuldades; e saber correlacionar sua

disciplina às demais área do conhecimento. Mas Ubirajara anota que “a interdisciplinaridade é uma coisa muito difícil”, assim como colocar a aprendizagem como um momento prazeroso. O professor discorda da associação entre o prazer e o estudo, pois considera que este exige muita disciplina e investimento de tempo, assim como aprender, por exemplo, tocar violão. Ubirajara relata que perde “bom tempo de aula pedindo silêncio, isso não significa que o aluno não me respeite, ele até pede desculpas, mas volta a conversar. Isso se torna cansativo para o professor e para o aluno que está prestando atenção. Mas me divirto muito na aula quando não preciso ficar chamando atenção. São alunos carinhosos, gente boa, atribuo isso à adolescência e à efervescência trazida pelas mudanças sociais”, avalia. Finalizando, Ubirajara enumera que o exercício docente exige hoje que o profissional seja, simultaneamente, “professor, pai ou mãe, conselheiro, amigo e psicólogo”. E que construa sua liderança naturalmente, como reflexo do fato de ser “bom professor, ter boa formação, ser claro e saber explicar bem, usando todos os recursos disponíveis”, inclusive o apoio da tecnologia. “O aluno tem que sentir que o professor gosta do que está fazendo. Ensinar com prazer tem que ser uma constante”, ensina Ubirajara Faville.

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“ENSINAR COM PRAZER TEM QUE SER UMA CONSTANTE”

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ESPECIAL: FORMAÇÃO E NOVO PERFIL DOS EDUCADORES

LEIA MAIS, EM WWW.DIRECIONALESCOLAS.COM.BR: NO XVI SABER, DEBATES PARA ORIENTAR TRABALHO EM SALA DE AULA

Responsável pela Coordenação Científica Pedagógica do Congresso Saber, Regina Stefano diz que o evento abrigará 118 atividades, entre palestras, oficinas, workshops, painéis e rodas de conversa, no período de 20 a 22 de setembro, no Centro de Exposições Imigrantes, zona Sul de São Paulo. Dentre a programação, vários encontros abordarão a disciplina em sala de aula, o autoconhecimento do educador, a competência e autoridade do professor, além da ação parceira entre escola e família (a programação completa pode ser acessada no endereço www.congressosaber.com. br). Em entrevista exclusiva à Revista Direcional Escolas, Regina fala da necessidade de mudança no perfil dos educadores e dos gestores escolares.

“A grande inquietação que a escola tem é contratar um professor que detenha conhecimento necessário ao desenvolvimento dessa nova geração e que saiba criar cidadãos éticos”, diz. Por outro lado, Regina afirma que “a escola deve ajudar a formar pessoas capazes de desenvolver conflitos e esse caminho só se consegue pela formação ética”. Quanto aos gestores, é também preciso “buscar aperfeiçoamento para si mesmo e para membros de sua equipe. Quanto mais ele desenvolver seu estilo de liderança e aprender acerca do funcionamento humano, mais resultado conseguirá obter em sua organização. Treinamento, desenvolvimento e motivação de times são assuntos que fazem parte da ordem do dia”, defende a pedagoga. Leia a entrevista completa no endereço eletrônico acima.

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SAIBA MAIS

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Esther Carvalho assessoriaimprensa@frsp.org

Regina Stefano saber@sieeesp.com.br

Marcia Regina do Carmo Claro Oliveira marciarccoliveira@hotmail.com

Ubirajara Faville ubirajara_favill@uol.com.br


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GESTÃO: COMO LIDERAR E FORMAR LÍDERES?

UMA LIÇÃO DE CASA PARA OS GESTORES

Até há pouco tempo falar em “qualidade” e em “melhorias na prestação de serviços” soava estranho às escolas, como se a moderna visão administrativa fosse incompatível com a educação. Entretanto, cada vez mais elas estão sendo avaliadas pelos indicadores de desempenho dos alunos, o que desafia os gestores a buscar uma equipe comprometida com os valores e os objetivos das instituições.

Por Rosali Figueiredo

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Colégio Batista da Penha, na zona Leste de São Paulo, está retomando as aulas neste semestre com uma novidade entre os docentes: um programa piloto de “professor líder”, o qual atuará diretamente com as coordenadoras pedagógicas. “É um novo método de gerenciamento escolar. As coordenadoras, por exemplo, tomam decisões, avaliam professores, fazem isso em conjunto com uma psicóloga. A partir de agosto cada ciclo escolar terá um líder entre os professores, que vai ajudar a coordenação na melhoria da qualidade da sala de aula”, afirma Mario Jorge Castelani, diretor geral da instituição. Graduado em Administração de Empresas, especialista e durante 20 anos diretor de Recursos Humanos em uma organização privada, Castelani assumiu em abril passado a direção do Colégio Batista da Penha, depois de presidir, por nove anos, o conselho da escola. Ele avalia que as instituições de ensino precisam viver uma espécie de “choque de gestão”, de forma a chegar a um “modelo mais

sustentável”. Isso representa, por exemplo, contar com líderes capazes de mobilizar o comprometimento da equipe com o projeto da escola. Para tanto, segundo ele, “o gestor educacional tem que se preocupar com a formação, investir em treinamento e estabilidade da equipe. Fazer com que esta se sinta responsável pelo projeto e perceba que faz parte do crescimento da instituição”. Mas se torna fundamental, ressalva, que haja mudanças na cultura das escolas, delegando poder e responsabilidades, descobrindo-se e incentivando o talento individual dos colaboradores. “O gestor precisa viver e estar junto com a equipe e ter a capacidade de perceber nos funcionários aqueles que são líderes”, ensina Castelani, que se define como descentralizador e atua com o apoio de especialistas em áreas específicas, como marketing, recursos humanos e administração, além de duas coordenadoras pedagógicas e uma psicóloga. Desde que assumiu, o Colégio Batista da Penha criou “um grupo de trabalho que decide sobre a vida da escola”, composto pelo diretor, a gerente administrativa e

financeira e as duas coordenadoras pedagógicas. A escola possui 470 alunos, da Educação Infantil ao Ensino Médio, e uma equipe total de 57 colaboradores. Juntamente com a parceria de seu sistema de ensino, está implantando três programas junto aos educadores: de Qualidade e Resultados, de Cultura de Resultados e de Busca de Excelência. “Também temos consultorias que ministram palestras e cursos de capacitação para nosso corpo docente”, afirma Castelani, lembrando que “as escolas privadas precisam mostrar aos pais direção mais sustentável”, portanto, é preciso oferecer condições para que tenham um professor “atualizado e plenamente conectado com as mudanças dos seus alunos dentro e fora da sala de aula”. NO RIO BRANCO, GESTÃO MODERNA E BEM ARTICULADA Para a diretora geral do Colégio Rio Branco, Esther Carvalho, compete aos gestores oferecer “desenvolvimento profissional e infraestrutura, manter a demanda na pauta (cobrar que as metas sejam cumpri-


GESTÃO: COMO LIDERAR E FORMAR LÍDERES?

entenda isso, ele se torna um déspota. O professor precisa se sentir seguro, deve haver cuidado com a forma de se implantar isso. Esse projeto precisa estar baseado na liderança e não na supervisão, com pessoas motivadas e seguras, caso contrário há o risco de se gerar sequelas”, alerta o consultor. “O líder tem que gerar sentimento de proteção, disponibilidade e confiança para o aprendizado e as correções necessárias. Monitorar é ter alguém ao lado vendo seu trabalho, identificando vícios criados, falhas de comunicação, postura e didática.” De outro modo, “para formar líderes, o gestor precisa buscar pessoas com características de proatividade, capacidade para relações interpessoais, profissionalismo, equilíbrio emocional, e alta comunicabilidade”, recomenda Christian Rocha Coelho.

LEIA MAIS EM WWW.DIRECIONALESCOLAS.COM.BR, o Programa de Coaching Pedagógico e Educacionaldesenvolvido por Christian da Rocha Coelho, tendo em vista a necessidade de evolução dos colaboradores, através de orientação, organização, liderança e motivação da equipe (acesse http://migre.me/ a2uBF e http://migre.me/a2uDn).

SAIBA MAIS Christian Rocha Coelho christian@rabbitmkt.com.br Esther Carvalho assessoriaimprensa@frsp.org Mario Jorge Castelani castelani@batistapenha.com.br

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das para que as ideias não fiquem como inacabadas), e focar o aprimoramento do trabalho do professor, da aula e da proposta institucional”. Com mais de 60 anos de vida e vinculado à Fundação de Rotarianos de São Paulo, o Rio Branco exibe um perfil de gestão moderna e bem articulada, com “planejamento estratégico ano a ano, projeto pedagógico revisado, cultura organizacional já decidida e declarada e, agora, novos processos institucionais em curso”, descreve Esther. Nessa trajetória, o gestor deve portar, simultaneamente, “competência técnico-pedagógica, o que lhe confere autoridade; competência relacional; de gestão de conflitos; e de feedback. Faz parte de sua responsabilidade dar esse feedback, também oferecer visão e missão institucional, infraestrutura e cobrar”, defende a diretora. Segundo ela, o “líder tem que saber ouvir, decidir e, essencialmente, trabalhar com suas equipes, para que estas saiam do espaço das dificuldades e olhem para as possibilidades”, configurando-se, assim, um dos grandes papéis dos gestores escolares. Já o consultor Christian Rocha Coelho, que atende a mais de 800 escolas privadas em todo País, acredita que grande parte das escolas ainda está longe do processo de formação de líderes. “Elas confundem reunião de planejamento do início do ano com a formação e preparação dos educadores. Isso é só instruir e não propicia o desenvolvimento nem a evolução do professor, tanto no lado pessoal quanto profissional”, diz. Segundo Christian, é preciso acompanhar o trabalho do professor no sentido de monitorar, de oferecer subsídios constantes para sua evolução, e não no de fiscalizar. “Caso algum coordenador não

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dica: parcerias - robóticas

A

s atividades de robótica já estão consolidadas como um novo campo para o desenvolvimento das competências e habilidades dos estudantes, especialmente dos Ensinos Fundamental e Médio. Atentas ao fenômeno, as escolas buscam viabilizar a aplicação da robótica em salas de aula ou como projeto extracurricular, recorrendo a soluções diferenciadas, como o desenvolvimento de recursos próprios ou o investimento em parcerias com um fornecedor. O Colégio Objetivo de Indaiatuba introduziu a robótica como apoio ao seu projeto pedagógico, vinculando-a ao ensino de disciplinas como a Matemática, no Fundamental I, e a Física, no Fundamental II. “A atividade é oferecida aos alunos para que conheçam a importância da robótica no mundo atual, para que a tecnologia faça parte de seu dia a dia e para que vejam a Matemática e a Física aplicadas”, explica a mantenedora Loide Rosa. “Procuramos por um fornecedor que melhor atenderia nossas expectativas e que, julgamos, traria o melhor custo e benefício para a empresa”, explica. Já no Colégio Guilherme Dumont Villares, localizado no Morumbi, zona Sul de São Paulo, o curso de robótica é eletivo e foi desenvolvido internamente, sem que se estabelecessem parcerias com um fornecedor específico. “A disciplina é ministrada por professores da própria instituição. A seleção desses profissionais é realizada por com-

petência e aptidão, e quinzenalmente temos reuniões para replanejamento e avaliação das atividades”, esclarece Rafael Gonzalez, coordenador de Informática e Robótica Educacional da escola. Outra instituição que também ministra a disciplina como extracurricular é a Escola Municipal de Ensino Fundamental Olavo Pezzotti, localizada em São Paulo, no bairro de Pinheiros. Mas a relação com o fornecedor é diferenciada. “Fizemos uma parceria com o projeto Bloco a Bloco, que surgiu em 2008 e foi a primeira iniciativa social da Zoom. Desde 2011, é operado pelo Instituto Aprender Fazendo (IAF), organização sem fins lucrativos e criada pela empresa”, conta Viviane Ferreira Cardoso, professora responsável pela área e instrutora de robótica. Os educadores envolvidos recebem capacitação periódica. “Em nossa escola, que pertence à rede municipal, a parceria no projeto de robótica é essencial, pois é um plano de alto custo e sem o auxílio do IAF não seria possível adquirirmos os materiais utilizados”, diz Viviane. Apesar da parceria firmada entre as duas instituições, a escola precisa arcar com os custos para participação de torneios, como inscrições, transporte e alimentação, “o que ainda é um fator de dificuldade”, diz. Mas que vale a pena: no ano passado, a Emef Olavo Pezzotti conquistou o 3º lugar no Prêmio Microsoft Educadores Inovadores no Brasil, na categoria “Inovação em Colaboração Projeto de Robótica Educativa”. (Por Nicolle Azevedo)

leia MAIS EM WWW.DIRECIONALESCOLAS.COM.BR, reportagem complementar detalhando as atividades desenvolvidas no Colégio Guilherme Dumont Villares e na Emef Olavo Pezzotti.

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SAIBA MAIS

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Loide Rosa loide@objetivoindaiatuba.com.br

Viviane Ferreira Cardoso vferreir@uol.com.br

Rafael Gonzalez gdv@gdv.com.br

Na Próxima Edição: Parcerias – Tecnologias da Informação


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DICA: PRIMEIROS SOCORROS

TREINAMENTO, BASE PARA UM ATENDIMENTO EFICAZ

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esde o início do ano, o Brasil já registrou ao menos 120 mortes em decorrência da gripe H1N1, também chamada de influenza A ou gripe suína. O número é pelo menos quatro vezes superior ao de 2011, que registrou 27 mortes em razão da doença. O quadro ainda não é classificado como surto ou pandemia, de acordo com o Ministério da Saúde, mas a situação preocupa as escolas. “Podemos considerar que o contágio é mais fácil entre as crianças, uma vez que elas possuem um contato corporal maior e também porque não entendem o quão importante são os cuidados para a prevenção da doença”, explica o médico Marun David Cury, diretor de Saúde Escolar do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp). As recomendações aos mantenedores são as mesmas da época em que houve a pandemia, em 2009. “Deve-se evitar espirrar em público e lavar as mãos com frequência. Também é importante espalhar álcool gel entre os alunos para que as eles possam fazer uso dessa forma de prevenção, que é tão eficaz”, orienta Marun Cury. “Os principais sintomas da influenza A são: febre, tosse, dor de garganta, de cabeça e nas juntas”, completa. De maneira geral, o médico defende que as escolas contem com um “posto médico equipado com medicamentos sintomáticos e materiais de todas as espécies necessárias”, para que pos-

sam dar um primeiro atendimento a vários tipos de ocorrência. Em tese, a unidade escolar que investe em treinamento de primeiros socorros tem condições de prestar atendimento para crianças com sintomas gripais ou outros quaisquer, aponta, por sua vez, Marcos José de Campos Verde, instrutor de Resgate e Pronto Socorrismo da Escola Superior de Soldados da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Pensando nisso, a diretora pedagógica da Escola Capítulo 1, Fernanda Teixeira, promove treinamento periódico de seus funcionários, através de uma empresa especializada, que promove aulas práticas e teóricas. A ideia de Fernanda é proporcionar esse tipo de curso também para os pais, o que é considerado válido pelo instrutor Campos Verde. “Para os pais e alunos a implantação de uma política que busque a prevenção e o atendimento de primeiros socorros adequado servirá como estímulo a essa prática no ambiente doméstico, onde acontece o maior número de acidentes com vítimas pediátricas”, avalia. Campos Verde ressalva, no entanto, que ainda falta às escolas uma “cultura de treinamento contínuo”. Segundo o especialista, a formação mínima para um profissional de primeiros socorros tem de ser com 120 horas/aula, “o que significa um custo elevado para a nossa realidade, e isso acaba se refletindo em cursos com pouca prática”, finaliza. (Por Nicolle Azevedo)

leia MAIS EM WWW.DIRECIONALESCOLAS.COM.BR,entrevista complementar com Marcos José de Campos Verde detalhando como deve ser feito o treinamento em primeiro socorros nas escolas e quais são as principais dificuldades que enfrentam diante das ocorrências.

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SAIBA MAIS

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Fernanda Teixeira escolacapitulo1@bol.com.br

Marun David Cury staisa@terra.com.br

Marcos José de Campos Verde marcos_verde@ig.com.br

Na Próxima Edição: Uniformes


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DICA: PAISAGISMO E DECORAÇÃO

AMBIENTE QUE EDUCA E INFLUENCIA O APRENDIZADO

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azer do espaço físico escolar uma extensão do projeto pedagógico reflete uma mudança no modelo de ensino, que atualmente vem conferindo importância ao senso estético. De acordo com a arquiteta Cristina Corione, o projeto arquitetônico deve ressaltar os valores a serem transmitidos pela escola e a imagem que ela deseja passar. “Nesse ponto entram itens como a organização e interligação dos ambientes, a escolha adequada de materiais de acabamento, iluminação, entre outros. O resultado final é um espaço que traduz a alma da escola”, diz. O que inclui a maneira como seus ambientes são ocupados, além dos projetos paisagísticos. Um bom exemplo pode ser observado no Colégio Sidarta. “Investimos em um espaço físico que também eduque e não distancie o aluno do que é real”, afirma Claudia Siqueira, diretora da escola e do Instituto Sidarta. “Em algumas escolas não se penduram cartazes de alunos porque a fita crepe descasca a tinta da parede e isso gera um gasto maior com pintura. Nós, por outro lado, revestimos as paredes com tela de proteção usada em janelas e penduramos os trabalhos com pregadores”, exemplifica Claudia. Com isso, a escola estimula a criatividade de sua equipe de funcionários e, por consequência, de seus alunos também, avalia a diretora.

De acordo com Diamantino dos Santos Jr., mantenedor da Escola Morumbi de Alphaville, o colégio também mantém preocupação com o espaço, visto como uma extensão da residência dos alunos. “Procuramos deixar nossa escola muito próxima do ambiente familiar, de maneira que a área final seja uma decorrência da harmonização dos projetos pedagógico, arquitetônico, decorativo e paisagístico”, explica o diretor. “O espaço escolar é dos alunos. Então, temos de transformá-lo no terceiro educador”, concorda Claudia. Quando o espaço físico escolar é bem projetado, considerando o bem-estar dos estudantes e seu rendimento, isso pode influenciar ainda, positivamente, o próprio negócio. “O rendimento do aluno tem ligação direta com itens como um bom aproveitamento de iluminação natural, garantindo o conforto visual nas salas de aula”, comenta a arquiteta Cristina. Novamente aqui a diretora Claudia Siqueira explica que enquanto o espaço artificial leva ao cansaço, um espaço mutável gera interesse. “Até porque os desejos vão se alterando e com ele tem de se alterar o espaço para atender a essas necessidades”, explica. Dessa forma, constitui-se um ambiente educacional completo: que promove o diálogo entre espaços, desenvolvendo o intelecto juntamente com o senso estético. (Por Nicolle Azevedo)

leia MAIS EM WWW.DIRECIONALESCOLAS.COM.BR, entrevista com as arquitetas Cristina Corione e Yara Santucci Barreto contendo dicas sobre a ampliação ou decoração dos espaços físicos das escolas (em http://migre.me/a2kSe). Faça ainda um tour visual pelas instalações do Colégio Sidarta (em http://migre.me/a2kHM).

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SAIBA MAIS

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Cláudia Siqueira csiqueira@sidarta.org.br

Diamantino dos Santos Junior diamantino@escolamorumbi.com.br

Cristina Corione corione@corione.com.br

Na Próxima Edição: Toldos e Coberturas


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PERFIL DA ESCOLA: CAPÍTULO 1

VOCAÇÃO ÍMPAR PARA O ENSINO E A GESTÃO ESCOLAR

Em seis anos, a pedagoga e psicóloga Fernanda Teixeira conseguiu dar concretude a um sonho e a uma aptidão: ter a própria escola, onde pudesse implantar a filosofia socioconstrutivista e proporcionar significação à aprendizagem das crianças. Nesse período Fernanda adquiriu a Escola de Educação Infantil Capítulo 1 em situação pré-falimentar, recuperou a instituição, iniciou o Fundamental I e a viu crescer de oito para 152 alunos.

Por Rosali Figueiredo Fotos Nicolle Azevedo

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iferente da metade das pequenas e médias empresas no Brasil, que segundo o Sebrae não sobrevivem, em média, a mais de dois anos, a jovem Fernanda Teixeira protagoniza uma história de sucesso como mantenedora de uma pequena escola privada de Educação Infantil e Ensino Fundamental I, a Capítulo 1, localizada no coração da Vila Mariana, bairro da zona Sul de São Paulo. E isso não apenas enquanto sustentabilidade do negócio, mas pelo modelo de gestão do processo de ensino-aprendizagem que implantou, destacando-se seu perfil de liderança, de comunicação com os pais e a equipe e, especialmente, de condução de uma metodologia pedagógica desenhada ali mesmo. Hoje com 32 anos, Fernanda iniciou sua trajetória no ambiente escolar ainda na adolescência, quando acompanhava os trabalhos da mãe Vera Lúcia Bello, então mantenedora de uma escola de Educação Infantil no bairro do Campo Belo. A instituição durou oito anos e foi fechada em 1996 por motivos de doença, mas hoje Vera Lúcia é sócia de Fernanda e atua como diretora administrativa da Capítulo 1. Ambas compraram a instituição em 2006, quando tinha apenas Educação Infantil, oito alunos e estava em estágio pré-falimentar. Entretanto, é a filha quem dá alma, cara e corpo à escola. Formada no antigo Magistério,

Fernanda graduou-se em Psicologia e Pedagogia. Fez trabalho voluntário de alfabetização de crianças de rua através da Pastoral do Menor, em sala multisseriada, com idades de 4 a 13 anos. E foi nesta vivência com as salas da Pastoral que Fernanda se convenceu dos resultados práticos do socioconstrutivismo e da vontade de ter uma escola onde pudesse implantar a filosofia. Na Capítulo 1, o socioconstrutivismo vem atuando como um eixo que baliza todas as ações, buscando sempre conferir “um significado para a aprendizagem”. A escola chegou aos 152 alunos, do Berçário ao 2º ano do Fundamental I, e organiza-se para acolher o 5º ano em 2015. A meta é atingir, dentro de sua estrutura atual, entre 250 e 300 alunos. ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO “O crescimento não teve nenhum marketing forte, foi o boca a boca, entramos com reforma, trocamos cor, mantivemos os três funcionários então contratados e contratamos mais. Em um ano, obtivemos o retorno do investimento feito”, revela Fernanda, atribuindo essa trajetória a “alguns diferenciais”: espaço físico e área livre ampla; a presença constante da gestora na escola e na própria sala de aula; turmas pequenas; câmeras instaladas nas áreas comuns e no Berçário que permitem aos pais visualizarem o ambiente escolar pela internet; além do trabalho socioconstrutivista. Segundo Fernanda, “os pais já

procuram a escola por causa disso, embora metade deles ainda se preocupe mais com o cuidar do que com o pedagógico nessa fase da infância”. A gestora não teme perder os diferenciais com o crescimento, “porque o espaço atual já foi programado para mais alunos e as metas não são definidas em termos de valores, do que se pode ganhar, mas em função daquilo que queremos para o projeto pedagógico”. No momento, a Capítulo 1 tem fila de espera para o Berçário e poucas vagas para o Maternal 1 e 2. Fernanda diz que não abrirá mão do pequeno número de alunos por sala, “senão perco a qualidade. Com 30 crianças fica difícil realizar um trabalho individualizado, mesmo tendo professor e auxiliar”, observa. Mas o grande diferencial da Capítulo 1 reside mesmo em seu estilo de gestão. Além da forte liderança da gestora, a escola introduziu procedimentos de comunicação, escuta, orientação e feedback com sua equipe e também com os pais, o que lhe permite avaliar os resultados, identificar dificuldades, corrigir falhas e reorientar as estratégias.


PERFIL DA ESCOLA: CAPÍTULO 1

Com os professores, foi implantado há dois anos o programa “Tematização da prática”, em que as aulas são filmadas pela própria Fernanda, a cada 15 dias, para que ela possa avaliar e orientar, juntamente com o educador, “a postura, a didática e a própria criança. Não é uma forma de julgar nem uma crítica, e os professores não enxergam dessa maneira. Funciona como uma troca”, explica. A escola promove reuniões semanais com cada um de seus professores e auxiliares, além de encontros quinzenais com toda a equipe, e a aula filmada entra apenas com uma das ferramentas deste trabalho. Os professores passam ainda por uma pesquisa de clima organizacional a cada semestre, em que a instituição procura observar “se eles se sentem valorizados, os pontos positivos e negativos da escola, os cursos que querem fazer, como está sua relação com o grupo e se eles nos indicariam para alguém”. Há também reunião semanal com a equipe da manutenção, portaria e faxina. “Os funcionários dão sugestões, pois, às vezes, de fora, a gente não percebe algumas dificuldades, quem está vivenciando é que sabe”, justifica Fernanda. Com os pais, a própria gestora elabora e aplica pesquisa de avaliação semestral dos serviços prestados. “Eles dão nota sobre o espaço, os eventos, as circulares etc. Com base nesse feedback, fazemos melhorias e repensamos muitas coisas. Entra aqui, mais uma vez, aquela proposta de ouvir coisas que a gente às vezes não per-

A ESCUTA NO CERNE DO MÉTODO PEDAGÓGICO Na verdade, a aplicação das pesquisas e a sedimentação dos processos de “escuta” na instituição revela uma postura que está no cerne do próprio método pedagógico da Capítulo 1: a constante investigação das necessidades de seu público. “Cada sala de aula desenvolve seu projeto, considerando-se o contexto e as características do grupo. Temos como base o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCN) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), mas envolvemos esse conteúdo dentro de um tema escolhido pelas crianças. Por exemplo, as crianças de 3 anos, do Maternal 2, trabalharam neste ano com o tema ‘animais da fazenda’. Este foi alinhavado com pesquisas sobre cada animal, seu habitat e alimentação, com leitura de livros de estória, com o trabalho com as letras e a sequência numérica. Fizemos ainda plantação de milho e hortaliças e, na culinária, preparamos pamonha de milho. Então, nessa abordagem, entraram Matemática, Ciências e Língua Portuguesa, tudo baseado em uma escuta, que as professoras realizam através das entrelinhas, observando os interesses manifestados pelos tipos de brinquedos que as crianças buscam, pelas brincadeiras e pelas conversas”, relata Fernanda. De forma geral, as pesquisas, avaliações e escutas promovidas pela Capítulo 1, seja em torno da satisfação dos pais com o serviço, do trabalho do professor ou do desenvolvimento do aluno, carrega

o propósito de orientar as estratégias e ações da instituição, no sentido de ajudar a desenhar esse projeto em que as crianças “aprendam algo que tenha um vínculo com o significado”. A ESCOLA Localização: Vila Mariana, zona Sul de São Paulo Ciclos: Berçário, Educação Infantil e Ensino Fundamental I (até 2º ano) Regime de aula: Meio período, integral e semi-integral No de alunos: 152 Equipe total: 25 colaboradores Equipe gestora: Diretora Pedagógica e diretora administrativa Mensalidades: entre R$ 700,00 e R$ 1.100,00 Instalações: com área total de 1.700 metros quadrados, a escola ocupa dois imóveis locados, um deles é um casarão tombado pelo Patrimônio Histórico. Entre as instalações, destacam-se a quadra, viveiro de animais, biblioteca, cozinha para aulas de culinária, refeitório, sala de artes, sala de informática, sala de estimulação para o berçário e o pátio externo.

SAIBA MAIS Fernanda Teixeira diretoria@escolacapitulo1.com.br

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cebe.” Fernanda responde a cada pesquisa. “Nem tudo é possível atender e há coisas que os pais solicitam que já temos na escola e não percebem. Agora há coisas que não dá para mudar, ou por falta imediata de verba ou pela filosofia da escola. Mas nada nem ninguém fica sem resposta. Porque nós temos que ter esse carinho com os pais”, defende a gestora.

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FIQUE DE OLHO: GRÁFICAS, COPIADORAS E DUPLICADORES DIGITAIS

NEGÓGIO QUE CAUSA

BOA IMPRESSÃO Por Nicolle Azevedo

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A comunicação entre a escola e seus diferentes públicos se fortalece quando uma logomarca de credibilidade agrega força ao nome da instituição. Por isso, produtos como cadernos, agendas e brindes comemorativos representam uma oportunidade criativa de reforçar a imagem da escola no imaginário de pais, professores e alunos. Impressos internos e circulares também são de grande importância e não devem ser negligenciados. Pelo contrário, devem tentar ser o mais exclusivo possível. Por isso, este Fique de Olho mostra serviços de ótima qualidade em gráficas, de locação de equipamentos, além da alternativa de compra e assistência técnica.

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A Biroutec iniciou suas atividades em 1996 com venda e manutenção de máquinas copiadoras. Atualmente, a empresa também oferece os serviços de locação e outsourcing, com o objetivo de diminuir o custo final para seus clientes. Atendendo desde a pequena até a grande empresa, a Biroutec tem como principal objetivo oferecer produtos e serviços de qualidade por preços mais baixos. Escolas que frequentemente realizam eventos e palestras podem locar máquinas copiadoras, impressoras, projetores, aparelhos de fumaça, caixas de som, microfones sem fio, entre outros. E o melhor: eles atendem todo o Brasil. Além disso, a Biroutec está implantando também uma área de suporte técnico para as funcionalidades da rede de computadores das escolas como novidade para este ano. Para obter um desconto especial neste serviço, basta entrar em contato com a empresa e dizer que viu o anúncio da empresa nesta edição da Direcional Escolas. Fale com a Biroutec: (11) 4051-5179 / 4043-4442 www.biroutec.com.br biroutec@biroutec.com.br

Localizada em São Paulo, a Fabricolor iniciou suas atividades em 1993 oferecendo os mais diversos tipos de serviços gráficos. Em seu portfólio estão presentes envelopes, agendas, certificados, diplomas, apostilas, cartões de visitas, calendários de mesa e parede, cadernos, blocos, entre outros. “Tudo personalizado e conforme a necessidade do cliente”, ressalta a empresária Miriam Tereza Paschoal. “Independente da quantidade”, completa. Em 2013, a empresa irá comemorar vinte anos de existência, e “para isso estamos reformulando nosso logo e criando novos canais de comunicação”, conta Miriam. A proprietária da Fabricolor acredita que é importante para as escolas criar impressos exclusivos, “para deixar sua marca registrada”, ressalta. A gráfica atende em todo o Brasil com frota própria e terceirizada, monitoradas por telefonia celular. Fale com a Fabricolor: (11) 5011-2000 www.graficafabricolor.com.br atendimento@graficafabricolor.com.br

Agendas, álbuns, blocos de anotação, brindes, calendários, recordação escolar e produtos especiais para as datas comemorativas, todos com foto-acabamento, compõem o portfólio da Facioli Gráfica, empresa já tradicional no segmento. De acordo com Elaine Clemente, diretora de criação e marketing da empresa, datas especiais são as melhores oportunidades para se conhecer os produtos e serviços de uma escola, representando um bom momento ainda para se consolidar sua imagem junto aos pais, alunos e educadores. Por exemplo, para o Dia das Mães ou dos Pais podem ser confeccionados presentes diferenciados, como, respectivamente, bolsas personalizadas com foto ou caixa de ferramentas para a criança destacar e montar. Além disso, a Facioli também elabora produtos com logomarcas escolares, fotos de alunos e textos comemorativos. A gráfica comercializa para todo o Brasil por meio de sua loja virtual ou pelo telefone. Fale com a Facioli Gráfica: (11) 2957-5111 www.facioli.com.br escolas@facioli.com.br


FIQUE DE OLHO: GRÁFICAS, COPIADORAS E DUPLICADORES DIGITAIS

Fale com a Laser Sul: (11) 2608-7950 www.lasersul.com.br lasersul@lasersul.com.br

A SPimenta Gráfica & Brindes atua no mercado há doze anos junto às escolas, oferecendo produtos como agendas, folders e cadernos, canetas e pastas personalizadas. “Temos também a parte de brindes para datas comemorativas como Dia dos Pais e das Mães”, explica Sérgio de Castro Pimenta, dono da empresa. Mas os preços competitivos e a boa qualidade das agendas faz com que estas sejam o carro-chefe da empresa, uma vez que elas são um dos meios mais eficientes de comunicação entre os pais e a escola. “Desde o início de nossas atividades até os dias de hoje, elas representam o nosso principal produto”, garante Pimenta. “Acima de duzentas agendas, personalizamos o logo da escola colorido e parcelamos em até três vezes”, acrescenta. A gráfica atende em todo o Brasil, entrega em até dez dias e não cobra taxa para a Grande São Paulo e Capital. Fale com a SPimenta Gráfica & Brindes: 11 3384-8064 spimentagrafica@ig.com.br Direcional Escolas, Agosto 12

Em 1999, a Laser Sul se iniciou como uma empresa de assistência técnica para impressoras e re-manufatura de toner. Na época, tais serviços eram caros e “com a redução de custos que proporcionávamos chegamos a atender bancos, montadoras de veículos e grandes indústrias”, conta o proprietário da empresa, Fábio Gonçalves. Atualmente, o principal serviço da companhia é a locação de impressoras, copiadoras e multifuncionais. Este serviço reduz o investimento da escola em novos equipamentos, gerando mais dinheiro no caixa da instituição. Além disso, padroniza os equipamentos, suprimentos e suporte técnico, o que reduz a mão de obra em tecnologia da informação e compras. “A escola passa a ter controle efetivo dos seus gastos com impressão e cópia através de relatórios mensais detalhados, e consequentemente enxerga mais facilmente as possibilidades de redução de custos”, exemplifica Gonçalves. Para o próximo ano, as novidades são as multifuncionais com rede sem fio e cópia de documentos frente e verso em uma só passagem do original. A Laser Sul atende na Grande São Paulo com equipe própria e em outras regiões com uma rede de empresas parceiras.

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ACESSÓRIOS, BEBEDOURO, BRINDES, COBERTURAS, COPIADORA

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EDUCAÇÃO NUTRICIONAL, ELÉTRICA, GRÁFICA, INFORMÁTICA, LABORÁTORIO, MANUTENÇÃO PREDIAL

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LOUSAS, MÁQUINAS MULTIFUNCIONAIS, MÓVEIS

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Mテ天EIS, PINTURA, PINTURAS ESPECIAIS, PLAYGROUNDS

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PLAYGROUNDS

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PLAYGROUNDS, RADIOCOMUNICAÇÃO, SINALIZAÇÃO, TERCEIRIZAÇÃO

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TOLDOS

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