Você já ouviu pessoas dizendo que o clima está ficando louco, certo? Acontece que, por sua vez, está ‘enlouquecendo’ quem faz a gestão dos condomínios e não faltam motivos. Quedas de árvores, de energia elétrica, de talude; alagamentos, equipamentos danificados e por aí afora. Eventos climáticos extremos fazem um estrago daqueles! Confira dicas em nossa matéria de capa para enfrentar essa nova realidade.
Abordamos nessa edição uma questão que sucinta dúvidas: quem tem restrição no CPF pode se candidatar a síndico? E o inadimplente, pode? Confira em Tira-Teima. Trazemos ainda matéria com orientações para que o ambiente assemblear não vire um ringue de disputa de condôminos e para que o síndico se prepare bem para dominar as assembleias.
Porque é março, mês do Dia Internacional da Mulher, homenageamos a todas que desbravam os condomínios com garra e coragem trazendo a história de Larissa Lacerda, síndica zelosa e mãe dedicada à criação de duas meninas. Ex-gerente em administradora, ela fez a transição para a sindicatura, foi à luta e venceu. Leia mais em Síndico, Conte sua História! Confira também as nossas DICAS de Impermeabilização, Garagem e Elétrica.
DIRIGIDA A Condomínios residenciais, comerciais e administradoras
PERIODICIDADE MENSAL
Exceto novembro/dezembro, cuja periodicidade é bimestral
20.000 exemplares
(60.000 leitores em média)
PÚBLICO LEITOR DIRIGIDO
Síndicos, zeladores e administradores
CIRCULAÇÃO
São Paulo e Grande São Paulo
CAPA Freepik
ASSINATURAS
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DEPARTAMENTO COMERCIAL
Evelyn Neves
Kaori Chida
Marianna Maia
ATENDIMENTO AO CLIENTE
João Marconi
Juliana Jordão Grillo
Thiago Virgilio
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Caique Souza Fernandes
Evaldo Mendonça
José Ricardo da Silva
Pedro Henrique Rodrigues Paiva
Roberio Santos
ASSINATURA ANUAL R$ 192,00
Tiragem auditada por
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ELEIÇÕES: QUEM PODE SER SÍNDICO?
AS DUAS PRINCIPAIS DÚVIDAS
SÃO: quem tem restrição no CPF, pode ser síndico? E o inadimplente, pode concorrer?
Quanto à primeira, não existe nenhuma objeção legal. Contudo, se esse síndico possui algum tipo de restrição, o condomínio não consegue operar porque o nome/ CPF dele fica vinculado ao CNPJ do condomínio na Receita Federal, sendo assim, esse não consegue tirar determinados documentos, por exemplo, o que o impede de conseguir gerir o empreendimento.
Quanto à segunda, sim, o inadimplente pode se candidatar, isso porque, também, não existe uma vedação legal. Ainda assim, algumas convenções dizem que, caso esse tenha ficado inadimplente nos últimos “tantos” meses, esse não poderia ser síndico, mesmo que a dívida tenha sido quitada. Legalmente falando, há discussão quanto se essa cláusula extrapola ou não o objeto da convenção e, dessa forma, interfere no direito de propriedade. Esse tema acaba trazendo um debate mais amplo e que merece uma atenção especial.
Para além dessa questão, o inadimplente de fato, aquele que está no momento com dívida, seja na taxa condominial ou cota extra, não poderá estar presente em assembleia ou votar, contudo, isso não o impede legalmente de se candidatar e ser votado. Mas existem premissas no Direito Civil que entendem que se ele não pode votar, não poderia ser votado. Dito isso, essa também é uma questão complexa e a jurisprudência esparsa pelo país entende de forma diversa.
Importante salientar que quando falamos em inadimplente, estamos falando daquele com cotas vencidas e sem acordo. A partir do momento que há um acordo pago em dia, ele deixa de ser devedor. Portanto, nada o impede de se candidatar e ser votado já que a lei garante o direito de ele estar em assembleia.
RODRIGO KARPAT
Especialista em Direito Imobiliário e questões condominiais. Presidente da Comissão Especial de Direito Condominial no Conselho Federal da OAB e Presidente da Comissão de Direito Condominial da OAB/SP.
“SOU MOVIDA A DESAFIOS, NUNCA TIVE VOCAÇÃO PARA VÍTIMA”
Larissa Lacerda, 37 anos: rotina árdua nos condomínios e criação das filhas, de 2 e 10 anos
NASCI EM ITUIUTABA, Minas Gerais, mas mudei muito de cidade devido ao trabalho do então esposo da minha mãe. Além de Ituiutaba, morei em São Simão e Paranaiguara, que ficam em Goiás, e em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. O meu pai biológico, um namorado de juventude da minha mãe, havia questionado a paternidade quando ela o procurou para contar que estava grávida, por conta disso, ela e minha avó me criaram sozinhas. Eu o conheci adulta, com mais de 30 anos. Sabia quem ele era, mas por orgulho não o procurava. Mudei de ideia após participar de uma constelação familiar, onde ficou claro que eu tinha de resolver essa pendência.
Pelas redes sociais, localizei meus irmãos paternos, que já sabiam terem uma suposta irmã. Eles me incentivaram a acabar com as suspeitas com um teste de DNA.
O meu pai aceitou fazer o exame, que foi agendado em Uberlândia. Quando ele soube do resultado positivo, fez questão de me registrar e dar o sobrenome dele. Aos poucos, convivendo mais com meu pai, passei a entendê-lo. Hoje nos damos bem, sem falar que ganhei uma nova família: avó paterna, irmãos, tias.
Mesmo com essa lacuna na infância, fui uma criança verdadeiramente feliz. Como a minha mãe se mudava com frequência, em determinado momento ela achou
“Procurei atenuar o sotaque (...), em São Paulo noto preconceito com o ‘sotaque caipira’, e sentia que isso poderia interferir na imagem de força que eu desejava transmitir nos condomínios.”
SÍNDICO, CONTE SUA HISTÓRIA!
melhor que eu ficasse sob os cuidados da minha avó para ter uma rotina, até por estar em idade escolar. A minha avó tinha uma pensão em Ituiutaba. Cresci brincando na rua e comendo ‘comida de vó’. Por muitas vezes, só comíamos carne quando havia hóspedes, pois era nessas ocasiões que entrava algum dinheiro, porém, nunca me faltou nada.
Vivi a minha adolescência em São Simão, cidade natal da minha avó, para onde ela se mudou e prosseguiu como dona de pensão. Quem conhece Goiás sabe como esse estado é quente. Eu comecei a trabalhar no ensino médio, numa floricultura. Mas o meu sonho era trabalhar em um lugar com ar-condicionado, e consegui! Fui aceita na loja O Boticário, no entanto, uma das funções era fazer a cobrança de notas promissórias em domicílios, e eu rodava a cidade inteira de bicicleta sob o sol escaldante. Mas eram bons tempos.
Com 18 anos, passei a morar com minha tia-avó em Osasco. Fazia um bom tempo que ela e os filhos haviam mudado de Goiás para a região metropolitana de São Paulo, onde prosperaram no ramo de açougues. Enquanto eu cursava administração de empresas, trabalhei como caixa em açougue da família, vendedora de loja, atendente de telemarketing e recepcionista em emissora de TV a cabo. Ganhava uma renda extra como modelo e hostess em eventos. Também fazia figuração, ocupando assentos na plateia em programas de auditório, como o do Gugu.
Em 2010, um novo mundo abriu-se para mim ao ser contratada como assistente administrativa na administradora de condomínios Itaoca, que ficava nos Jardins, em São Paulo. Ainda não existia WhatsApp e o meu telefone tocava o dia inteiro. No comecinho, eu, que fora criada em cidades pequenas, regiões com raríssimos prédios, me questionava como era possível tantas demandas em condomínios. Fiz cursos no Secovi, pagos pela empresa, e comecei a descobrir o quão vasto e promissor é o mercado condominial.
Fui promovida à gerente em seis meses. Em uma das minhas primeiras assembleias de condomínio, usei bolinhas de bingo para o sorteio de vagas de garagem. Um condômino chegou atrasado, exigindo que fosse reiniciado o processo. Quando eu falei que não podia, ele derrubou o suporte do bingo, e as bolinhas todas vieram sobre mim. Fui adquirindo experiência na raça e coragem.
Adotei Osasco como minha cidade, e o longo trajeto diário para a capital paulista, de transporte público, era desgastante. Depois que me casei com o Fabio, e tive minha primeira filha, a Lívia, a distância pesou ainda mais. Saí da Itaoca após quatro anos de trabalho e fui contratada pela administradora Sigma, em Barueri, onde fiquei por quatro anos, cuidando de 30 condomínios. Com reuniões e assembleias quase que diariamente, eu chegava muito tarde em casa, mal via a minha filha, então migrei para a sindicatura com expectativa de ter mais tempo e melhor qualidade de vida. Que ilusão (rs!).
Ao decidir empreender na sindicatura, procurei uma fonoaudióloga para atenuar o meu sotaque mineiro porque em São Paulo noto certo preconceito com o ‘sotaque caipira’, e sentia que isso poderia interferir na imagem de força que eu desejava transmitir nos condomínios. Cheguei ao meu primeiro condomínio por intermédio de uma gerente administrativa, que também era síndica profissional de um edifício antigo no Itaim Bibi, mas não conseguia visitá-lo. Dividi a gestão com ela, dei um gás e em três meses revolucionamos o local. Ela decidiu sair
da área condominial, e eu estou nesse condomínio há seis anos. Um condômino dali me indicou para o meu segundo condomínio. E outros foram chegando através de relacionamento e indicações.
Logo que iniciei na sindicatura, fiz vários cursos e passei a ir aos eventos, mesmo sem conhecer ninguém. Eu me apresentava e entregava o meu cartão. Entrei para grupos de WhatsApp de síndicos, e num deles soube que a síndica profissional Tania Goldkorn precisava de um preposto. Eu me apresentei a ela, trabalhamos juntas por quatro anos, e eu a amo: ela tem uma inteligência emocional única! Só nos separamos porque a minha empresa, que eu mantinha em paralelo, cresceu muito – graças a Deus!
No ano de 2024, abri mão de alguns condomínios da carteira para não perder a qualidade da gestão, e para não me distanciar da família, que ficou maior desde a chegada da minha caçulinha Bianca, em 2023. Aliás, ainda no puerpério, houve um incêndio em um dos meus condomínios. Eu fui avisada de que não havia vítimas, e os bombeiros haviam chegado, mas fui lá mesmo assim. Os moradores estavam fragilizados, de pijama na calçada. Chorei junto com eles. No outro dia, eu já estava lá outra vez, e acabou-se a licença-maternidade. Contudo, a sindicatura ainda é ótima opção para quem tem filhos pequenos, há flexibilidade de horário. Mas não é uma profissão fácil, é cada coisa que a gente ouve e passa! Tem dias em que estou no limite e penso em desistir, mas amo, vivo e respiro condomínios. E minhas filhas são meu combustível para lutar. Sou ariana, movida a desafios, não tenho vocação para vítima. Se hoje o dia foi pesado, amanhã é outro dia.”
Larissa Lacerda, em depoimento a Isabel Ribeiro Por
UM OLHO NO PEIXE E OUTRO NO GATO, OPS, NO RATO!
Na estreia da coluna CondoCausos, dois síndicos experientes, Antoniassi e Luis Lopes, relatam situações inusitadas à frente dos condomínios. Confira a seguir
“DIA A DIA DE SÍNDICO PROFISSIONAL É UMA CAIXINHA DE SURPRESAS.
Antoniassi, síndico profissional
Administro um condomínio de classe média alta, com 17 andares e 68 unidades, na zona norte da cidade, que tem um perfil sossegado, mesmo assim, me deu um baile! Era uma sexta-feira, em meados do ano passado, e logo cedo eu fui avisado pelo zelador que um condômino havia colidido contra o portão da garagem ao tentar sair do prédio com seu veículo. Fiquei até surpreso porque o condutor não era estressado, talvez tenha se confundido com o câmbio automático. Fato é que o portão foi completamente arrancado na batida. Já no final do dia, o zelador me ligou outra vez, pois estava entrando muita água no poço de um dos elevadores privativos. A ideia inicial era enviar esse elevador para o último andar, mas o equipamento empacou ainda nos primeiros andares, exalando cheiro de queimado.
Enquanto eu me dirigia para o edifício pela segunda vez naquele dia, orientei que a equipe verificasse de onde vinha tanta água. Quando eu cheguei, já haviam identificado a unidade, mas a condômina não estava. Telefonamos para ela, que informou estar em viagem e nos autorizou a usar uma chave reserva que havia deixado com umvizinho,oquefacilitounossoacessoaoimóvel paratentarconterainundação.Emgeral,quando ocorretransbordamento,éporcausadeumcano rompido, uma caixa acoplada com defeito, uma torneira que esqueceram de fechar. Agora, por causa de um aquário marinho, com rachadura, é improvável. Pois aconteceu. Na sala inundada, encontramos um aquário com capacidade para 500 litros, com baixíssimo nível de água, e peixes necessitando de socorro urgente. Ligamos para a condômina expondo a situação e ela nos garantiu que providenciaria o resgate.
E ainda tínhamos a preocupação com o elevador privativo ‘estacionado’ em nível bem mais abaixo desse andar, então fizemos um mutirão e começamos a direcionar a água para os ralos do apartamento, evitando que ela escorresse para o elevador. Aplicamos também uma fita adesiva em partes do aquário, temendo maior ruptura do vidro. E os peixes ali dentro, correndo risco de morte! Acessar o interior do aquário não era fácil, pois a caixa de vidro estava acoplada a um móvel. Mas também tirar os peixes dali não era uma possibilidade, não tínhamos onde colocá-los. O alívio foi geral quando o aquarista enviado pela proprietária chegou. Salvaram-se todos os peixes! Ah, e salvou-se também a placa-mãe do elevador, outro alívio! Quanto ao condômino do incidente da manhã, felizmente saiu do veículo sem um arranhão.”
“HÁ SEIS ANOS EU ASSUMI A GESTÃO DE UM CONDOMÍNIO CINQUENTENÁRIO, ENORME, COM OITO TORRES E 2.300 HABITANTES EM MÉDIA, ONDE VIVENCIEI UMA SITUAÇÃO ANORMAL E CRUEL.
Logo que cheguei, uma condômina se mostrou descontente. Ela reclamava de tudo, da água da piscina, do playground e, mais ainda, da limpeza. Eu sempre contra-argumentava seus apontamentos com fatos. Na limpeza, cheguei a pontuar que os funcionários orgânicos e terceirizados faziam um bom trabalho, e que o próprio condomínio era contrário a aumentar o efetivo para não ter uma despesa maior.
Na ocasião, essa senhora fazia bolos e pães caseiros para vender. Certo dia, entregou uma forma grande e pesada, coberta, para uma auxiliar de limpeza, dizendo que era para assar para a equipe. A moça levou o alimento à copa e reunida, com colegas, descobriu a forma. O contentamento deu lugar a lágrimas, indignação e repulsa quando viram a massa de pão modelada em forma de rato, com orelhas, focinho e rabo.
Vale aqui um parênteses: esse condomínio abriga muitas árvores, algumas quase da alturadastorres.Dasprópriasjanelas,épossível alcançar galhos e depositar alimentos parapássarosesaguis.Éumatradiçãolocal, mas como consequência, eventualmente aparece algum roedor atraído por alimentos que caem dos galhos, e mesmo assim, ele não circula no pavimento térreo, preferindo adentrar as garagens subterrâneas por alguns vãos criados pela construtora com a finalidade de preservar raízes de árvores centenárias. Além disso, três bueiros estão localizados dentro da propriedade, o que contribuiparaapresençadealgum‘invasor’. Diantedessascondições,ocondomínio adotamedidascomodesratizaçãotrimestral, telas em bueiros e porta-iscas para controle de roedores. Contudo, pode acontecer um caso isolado, mas não por falta de zelo com a limpeza. O pior é que antes de fazer a provocação com o pão, a condômina já sabia disso tudo. Mediante à afronta, os funcionários se mobilizaram. Eu conversei com todos, individual e coletivamente, multei a condômina e marquei uma reunião de reparação entre ela e toda a equipe. E, uma dica importante: registrei e documentei todas as ações para defender o condomínio contra eventual acusação de assédio moral no futuro. Nunca se sabe. Se algo assim acontecer, ao menos haverá registros de que medidas foram tomadas, o que poderá atenuar a penalidade a ser aplicada ao condomínio.”
Depoimentos concedidos a Isabel Ribeiro
Luis Lopes, síndico profissional
PLANO DE CONTINGÊNCIA PARA EVENTOS CLIMÁTICOS EXTREMOS
Em meses marcados por calor exacerbado, vendavais e chuvas fortes trazem prejuízos aos condomínios. É necessário reforçar medidas preventivas e agir com celeridade em tempestades
Por Isabel Ribeiro
CHUVA com volume extremo, alagamento, apagão na rede elétrica, queda de muros e árvores são retratos da imprevisibilidade climática que impacta os condomínios, especialmente nos últimos dois anos. É preciso mitigar os efeitos no patrimônio dos condôminos, ainda que algumas medidas pareçam pregar, inicialmente, o oposto, como aconteceu em um condomínio na Barra Funda, zona oeste da cidade. Com as fortes chuvas de 2024, a garagem ficou alagada três vezes, com o nível de água alcançando 1,5 m de altura. Durante o primeiro e repentino temporal, os sete elevadores sofreram avarias, um prejuízo de 270 mil reais! O síndico profissional Marcos Sanseverino recomendou uma comporta e os condôminos se mostraram temerosos com possível desvalorização patrimonial. Marcos optou por uma comporta discreta, no mesmo tom cinza de parte da fachada. A contenção fica oculta pela vegetação dos canteiros externos e só sai dali quando se anuncia a tempestade, para proteger a frente do edifício.
O síndico conta que a comporta deu certo, mas que é provisória. O condomínio de 25 andares e 280 unidades, ainda dentro da garantia
O síndico Marcos Sanseverino e a comporta que protege entrada de condomínio na Barra Funda: sem alagamentos na garagem
da construtora, apresenta um erro construtivo na entrada da garagem, favorecendo a passagem da água de chuva. E mais: alterações no sistema de água e esgoto da vizinhança prejudicam a vazão adequada da água pluvial na rua, potencializando alagamentos. “Estamos em contato com a construtora e com a Sabesp, mas até que tudo seja resolvido não podemos ficar de braços cruzados. A comporta foi uma solução temporária, rápida e eficaz. Foi executada por uma serralheria de bairro, e custou em torno de 2 mil reais”, comenta o gestor.
SISTEMA DE DRENAGEM
A síndica profissional Ligia Ramos observa que muitas construções da cidade não estão preparadas para suportar condições advindas das mudanças climáticas, com chuvas torrenciais e tempestades inesperadas. “O volume de chuvas muitas vezes ultrapassa os limites
previstos em projeto, tornando insuficientes os sistemas de drenagem originalmente dimensionados dentro das normas vigentes”, constata a síndica, e complementa: “Ralos, calhas e telhados que foram projetados para um regime pluviométrico considerado ‘normal’ acabam falhando quando submetidos a volumes excessivos de água em curtos períodos. Diante desse cenário, é essencial que normas e regulamentações sejam revisadas para atender às atuais necessidades. Enquanto isso não ocorre, precisamos adotar medidas preventivas”.
Uma das ações emergenciais é a remoção das grelhas dos ralos em áreas estratégicas durante períodos de chuvas intensas. “Isso evita que pequenos detritos obstruam o fluxo de água e causem alagamentos no condomínio. No entanto, essa medida deve ser acompanhada de um plano de manutenção rigoroso, com inspeções antes e depois das chuvas para a remoção de folhas, pedras e outros resíduos que possam comprometer a drenagem”, avisa Ligia.
A gestora enfatiza que os síndicos devem adotar práticas sustentáveis para mitigar os impactos das mudanças climáticas e proteger os moradores. “A preservação de áreas verdes e permeáveis dentro do condomínio contribui para a absorção da água da chuva e reduz o risco de alagamentos. O manejo adequado das árvores, com podas preventivas e tratamento contra pragas, evita quedas inesperadas durante tempestades”, pontua a síndica.
SISTEMA DE ILUMINAÇÃO
O sistema elétrico é outro ponto crítico dos condomínios. “Fiações expostas e quadros elétricos sem vedação adequada podem ser severamente afetados por chuvas intensas, resultando em curtos-circuitos e riscos de incêndio. Além disso, equipamentos sensíveis devem ser protegidos contra descargas elétricas e desligados preventivamente em situações de risco”, orienta Ligia Ramos.
Em condomínios com geradores, ela lembra que nos casos de queda de energia, é fundamental avaliar a autonomia desses equipamentos. “Aos finais de semana e durante a madrugada, pode ser difícil encontrar fornecedores que realizem a entrega emergencial de óleo diesel, tornando essencial um planejamento prévio. O transporte desse combustível não pode ser feito de maneira improvisada por funcionários, devido ao risco. Por isso, é recomendável contar com fornecedores menores que possam atender a demandas emergenciais e investir em sistemas de monitoramento remoto para acompanhar o nível de diesel e o funcionamento do gerador”, indica. “Temos que resguardar os interesses dos nossos condomínios mantendo os geradores com a manutenção em dia e abastecidos nesta época do ano até o máximo permitido”, reforça o síndico profissional Sylvio Levy.
Sylvio compartilha uma experiência de novembro de 2023, quando um condomínio que ele administra na
Ligia Ramos: “O manejo adequado das árvores evita quedas inesperadas durante tempestades”
CAPA
Sylvio Levy aconselha posicionar blocos autônomos no modo econômico para a iluminação durar mais tempo
Vila Nova Conceição ficou seis dias sem energia elétrica. “Aprendi que deveria ter recorrido imediatamente à assessoria jurídica do condomínio para notificar a concessionária, a Enel, bem como a Aneel, que é o órgão regulador do setor nacional de energia. Esperei até o quinto dia para fazer isso, e no dia seguinte, às seis horas da manhã, veio o funcionário da concessionária. Ele não levou dez
minutos para reparar o problema que havia deixado o condomínio seis dias sem energia. Não temos que ficar esperando passar dois, três dias. Passou do normal, vale envolver o jurídico para que você seja atendido com maior brevidade possível”. Quanto aos blocos autônomos, ou luminárias de emergência, devem estar capacitados para entrar em cena assim que necessário. “São diversos condomínios que eu visito na cidade para apresentar proposta de sindicatura profissional e ao descer a escadaria com o zelador, vou testando os blocos autônomos e muitos não funcionam”, relata. Sylvio esclarece que blocos autônomos têm duas posições de uso, e que uma delas é a mais acertada em face dos desdobramentos climáticos. “A posição econômica mantém uma lâmpada acessa por seis a oito horas, enquanto a menos econômica mantém duas lâmpadas acessas, com maior iluminação, por quatro ou cinco horas. A minha sugestão é deixar o bloco autônomo posicionado no modo econômico, pois o mais importante é termos iluminação por um período maior, e uma lâmpada acesa é suficiente para áreas comuns”, aconselha. Mais uma recomendação de Sylvio refere-se à segurança contra invasões. “Independentemente de haver ou não gerador, é importante que o condomínio possua blocos autônomos, nobreak e lanternas carregados nas guaritas”, fala Sylvio Levy. Em edifícios sem gerador e com fechadura eletromagnética no acesso de pedestres, há riscos de em algum momento a bateria do dispositivo acabar e o portão ficar aberto. O gestor orienta mantê-lo trancado com corrente e cadeado. “Obviamente teremos que ter alguém para abrir e fechar esse cadeado no período sem energia, mas pelo menos o acesso fica resguardado.”
SEGREDOS DAS ASSEMBLEIAS BEM-SUCEDIDAS
Por Luiza Oliva
Preparo prévio, com uma boa parceria síndico/administradora, além de apoio jurídico são pontos importantes para o êxito de uma assembleia condominial
OFENSAS VERBAIS,
ameaças e até a presença de seguranças para inibir atos violentos. Quem vive o dia a dia dos condomínios, como administradores, síndicos e advogados, sabe que ações como essas não são raras nas assembleias condominiais. E mesmo que a violência não chegue às vias de fato, costuma haver uma certa tensão no ar.
A administradora Sheila Cristina Militão tem 20 anos de experiência em assembleias e percebe que há reuniões onde o condômino vai “armado”, ou seja, pronto para “bater de frente” com a gestão: “Parece que o síndico e a administradora são contra os condôminos.”
Em certos casos há motivos para os moradores serem reativos nas reuniões. Um condomínio na zona leste da capital sofreu um golpe de 900 mil reais do ex-síndico. “Fomos contratados como administradores e um novo síndico orgânico assumiu. Nessa época as assembleias
eram terríveis, os moradores estavam traumatizados com o que tinha acontecido e pediam transparência. Criamos barreiras para proteger o patrimônio, ou seja, levamos mais clareza para os processos.” Pagamentos e saldos foram disponibilizados via aplicativo, entre outras iniciativas. A tensão diminuiu e as assembleias ficaram mais calmas. “A transparência tranquilizou a comunidade”, conclui.
Sheila enxerga as assembleias como uma oportunidade de encontro entre síndicos e moradores. “O morador quer saber se o síndico está trabalhando, e é na assembleia que isso acontece”, diz. Também é o momento de colocar em prática a parceria síndico e administradora. “A gestão não é só do síndico, mas também da administradora. Precisamos estar alinhados. Se o síndico falhar na assembleia, eu também estou falhando enquanto administradora”, aponta Sheila, que costuma chegar às assembleias com a “ata pronta”: “Eu sei o que vão perguntar e o que irei responder. Não basta só levar uma ‘cola’, mas muitas vezes responder antes mesmo de perguntarem. Tem administradora que apenas faz a abertura da assembleia e o síndico se vê sozinho no transcorrer da reunião. Na verdade, a assembleia é o momento do show do síndico e da administradora. O síndico precisa estar seguro para vencer a timidez e não travar no momento de um questionamento.”
Por isso, o síndico deve se preparar para a assembleia. Sheila conta que é comum os síndicos terem sintomas de ansiedade na semana que antecede a reunião. Um bom preparo é a melhor receita para vencer o nervosismo, além de agir naturalmente e com cortesia. “Falo para os síndicos: cumprimentem quem está chegando, isso desarma o opositor. Levantem a cabeça, ajeitem a postura, se apresentem. O
corpo fala! Brinco que a ‘turma do mal’ chega sempre com um monte de papel embaixo do braço para aterrorizar o gestor. E há síndicos que mal preparam o corpo quanto mais a documentação”, repara a administradora.
ATO JURÍDICO
A advogada Tanila Savoy participa de assembleias condominiais em vários contextos. É síndica orgânica, assessora gestões de síndicos e acompanha suas assembleias, mas também costuma representar algum condômino ou é contratada pontualmente para o que chama de “casos de emergência”: “São assembleias com riscos iminentes de conflitos, quando é previsto que algum item da pauta gere problemas”. Os conflitos, pontua Tanila, são inerentes à vida em condomínio. “Lidamos com uma comunidade onde as pessoas moram ou trabalham e onde as decisões são compartilhadas. Cada um se sente pertencente àquele lugar e quer ser ouvido. Cabe ao gestor tentar mitigar os conflitos, consertar o que conseguir e explicar o que não dá para ser melhorado naquele momento. Em resumo, entregar uma palavra: eu vou tentar resolver isso. Essa gestão prévia constante do síndico, aliada a um bom zelador, a um prédio que está limpo e com a manutenção em ordem, faz muita diferença no momento da assembleia”, acredita. “Assembleia não é um ato isolado. É um conjunto de atos que reverbera na assembleia”, completa.
Para Tanila, a presença de um advogado na assembleia é fundamental. “O corpo jurídico deve ser um pacificador de conflitos, já que ele tem o conhecimento de como essa assembleia pode e deve ser conduzida. Advogados e advogadas devem chegar em assembleia com o fim de ajustar, de agregar. A assembleia não pode ser um ringue, uma batalha, onde as pessoas vão para brigar. É sua casa, o local que todos querem que esteja limpo, com boa manutenção e seguro”, resume.
Outra figura importante para o bom andamento das assembleias é o presidente da mesa. Tanila explica que quando uma assembleia desanda, ele é quem irá ditar a regra e até mesmo encerrar o encontro se ele considerar que o ambiente não é mais seguro. “Precisamos fazer com que as pessoas agressivas não evoluam nesse ódio, não destilem veneno na assembleia. Aí vem a calma, o jogo de cintura e o conhecimento. A assembleia é um ato jurídico, legal, um ato formal de cumprimento de lei”, explica.
A administradora
Sheila Cristina Militão (à esq.) e a advogada e síndica Tanila Savoy recorrem a táticas que diminuem conflitos
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
É preciso dar mais importância para o edital de convocação das assembleias. “Ele é o documento que fará com que a assembleia transcorra bem”, sustenta Tanila Savoy. Alterar a ordem dos itens do edital ou votar temas levantados nos “assuntos gerais” são decisões equivocadas. “Minha orientação é que nem seja colocado o item Assuntos gerais. A assembleia é aberta. Acabados os itens, quem desejar pode falar.”
Outro ponto importante: o quórum necessário para a aprovação de obras. Se há o desejo de, por exemplo, construir uma piscina onde antes era um parquinho ou uma área pouco aproveitada é preciso aprovação de 2/3 dos condôminos. “Oriento os síndicos a irem aos poucos. Não podemos tratar tudo como urgente. Em uma primeira assembleia, coloque na convocação: Informações sobre eventual obra a ser efetuada no condomínio – Piscina. É apenas uma informação de que o síndico está recebendo pedidos para construir uma piscina. Conforme a resposta da assembleia, ele pode levantar orçamentos para a próxima assembleia”, diz a advogada. Fazer enquetes prévias, conversar com os moradores, conhecer sua comunidade e as etapas de uma assembleia, preservar a votação e os quóruns: essas são algumas das lições de casa para o síndico. “Acredito nas assembleias como instrumentos para o gestor trabalhar com segurança”, arremata Tanila.
BOAS DICAS
Realizar assembleias no ambiente digital costuma diminuir conflitos. “Por isso muitos condôminos preferem o palco das reuniões presenciais, ou o palco da discórdia”, pontua a advogada Tanila Savoy. Ela frisa ainda que as assembleias virtuais têm amparo legal (a menos que a convenção as proíbam), mas é preciso conhecer a comunidade de cada condomínio para checar sua viabilidade.
Há quem não deixe faltar cafezinho, chá e biscoitos nas assembleias. Porém, de nada adiantam os quitutes se os participantes chegarem na “força do ódio”. Muito preparo, tanto do síndico como da administradora, aliado a bom humor e jogo de cintura ajudam a “quebrar o gelo” e barram a evolução da ira e da impaciência.
Na hora de preparar a convocação, é comum o síndico ter receio de colocar itens demais. “Acho que é preferível que a assembleia comece às 20 horas e termine a meia-noite, do que a reunião ser rápida e a discussão continuar no grupo de WhatsApp, com os moradores reclamando que o síndico não colocou aquele esperado assunto em pauta”, resume a administradora Sheila Militão.
REVITALIZAÇÃO DE GARAGENS
Por Isabel Ribeiro
O CONDOMÍNIO Edifício Costa Valenciana, implantado na região da Saúde, zona sul paulistana, quinze anos atrás, sempre teve vocação para melhorias e modernidade. “Foi um dos pioneiros em adotar portaria remota e armário inteligente”, diz o síndico profissional Vitor Groba.
Mas a garagem não condizia com esse perfil: no piso, havia fissuras novas e antigas com aspecto de ‘remendo’, e na parede, alguns sinais de infiltração nas cortinas de concreto.
O síndico conta que essas novas fissuras deram o start para a renovação do ambiente.
“Chamamos empresas para orçar apenas esse serviço, porém elas sugeriram acrescentar uma pintura epóxi ao piso. Os condôminos gostaram da ideia e aí nasceu o projeto de revitalização da garagem”.
Registro do antes e depois da revitalização da garagem do Edifício Costa Valenciana; no detalhe, o síndico profissional Vitor Groba
“Protetores de coluna, entre outros, dão mais segurança aos condôminos no momento de manobrarem e estacionarem seus veículos nas garagens dos condomínios. Além disso, ajudam a conservar a pintura do estacionamento.”
(Rosário Botella, CEO, Protechoque)
DICA / GARAGEM
A obra durou quase 30 dias e contemplou tratamento das infiltrações e fissuras, pintura das paredes e pintura epóxi no piso. “Foi um desafio deixar a garagem interditada por cerca de 20 dias. Negociamos com os moradores, e a maioria tinha como deixar o veículo em outro local, mas para os que não tinham essa opção, o condomínio precisou pagar um estacionamento próximo”, fala Vitor. A entrega da obra aconteceu há um ano e deixou todos satisfeitos. “O objetivo maior era a valorização do condomínio, mas fatores como modernização, facilidade de limpeza e manutenção foram considerados para a aprovação da obra. Todas essas expectativas foram cumpridas”, comemora o síndico.
METAMORFOSE
No Edifício Patrícia, no Campo Belo, também na zona sul, a garagem de um pavimento e 104 vagas fixas nunca havia sido reformada, mesmo com a construção já passando dos 40 anos. “Sabíamos que a má condição da garagem estava interferindo na locação das unidades, mas estávamos tratando de outras demandas da edificação. Porém, nos últimos quatro anos já vínhamos conversando com empresas sobre a obra de revitalização, a qual foi aprovada em 2024 e executada no segundo semestre”, relata o síndico orgânico Agnaldo Freires.
Conforme o gestor, um dos entraves ao aventar a possibilidade de reformar a garagem era a desocupação total ou parcial do espaço. “Não há estacionamento próximo”, diz Agnaldo. Uma das empresas candidatas à obra, que acabou contratada, trouxe a solução: o condomínio contrataria uma terceirizada com reconhecida expertise no serviço de manobristas, ao passo que a empresa de pisos atuaria na garagem por etapas, isolando uma parte para trabalhar e destinando as demais aos carros, e assim sucessivamente. “Foi uma sugestão muito apropriada. Manobristas têm habilidade para otimizar espaços. Nenhum veículo sofreu avarias, mas por precaução, contratamos o serviço com seguro”.
Quanto ao processo de revitalização, o condomínio cuidou primeiro das infiltrações no teto e paredes por meio de profissionais especializados nesse tipo de intervenção. O restante, como pintura geral, ficou a cargo da mesma empresa contratada para tratar o piso de concreto e aplicar o revestimento epóxi sem solventes. “Essa garagem subterrânea tem um teto muito baixo, e era muito escura. Com a revitalização, buscamos trazer sensação de amplitude e claridade. Um pouco antes de a obra começar, promovemos
"O piso epóxi é a escolha ideal para garagens de prédios, oferecendo durabilidade excepcional, beleza estética e fácil manutenção. Com garantia de qualidade e aplicação por mão de obra especializada, garante resistência e um acabamento impecável que valoriza o espaço."
(Silvio do Carmo, diretor comercial, Pollux Polimentos)
Visual clean da garagem do Edifício Patrícia em contraponto ao estado anterior à obra; no detalhe, o síndico orgânico Agnaldo Freires
melhorias no sistema de iluminação, uniformizando-o com lâmpadas de LED e dobrando o número de lâmpadas e sensores de presença. A pintura, em tons claros, veio ao encontro desse propósito”, esclarece Agnaldo.
Uma característica do estacionamento do Edifício Patrícia, segundo o síndico, é o grande número de colunas, e todas elas receberam protetores de choque em EVA. “Esse acessório nunca tinha feito parte da nossa garagem, mas é interessante porque protege os veículos nas manobras e deixa o ambiente mais completo”, reconhece o síndico.
“Se a intenção é deixar a garagem do condomínio bonita e moderna como a de um shopping, os revestimentos e pinturas resinados são a solução, mas desde que aplicados corretamente, seguindo as especificações e normas técnicas e, o mais importante, por empresa com reconhecido know-how.”
PRÓXIMA EDIÇÃO: QUADRAS: PISOS, ILUMINAÇÃO E ACESSÓRIOS
JORNADA DE UMA OBRA
Por Isabel Ribeiro
A síndica orgânica Anna Maria Cáfaro: organização e planejamento
A SÍNDICA
orgânica Anna Maria Cáfaro define obra de condomínio como uma jornada, pois abrange várias etapas até a hora do aceite. Para ela, o caminho percorrido da contratação à entrega se torna mais leve mediante opção por uma empresa qualificada, e quando existe planejamento. “Eu sou detalhista e organizada, combino previamente todo o escopo com a empresa, assim o trabalho flui, e sem prejudicar a dinâmica do condomínio”, diz Anna, à frente do Edifício Michelle, na Vila Nova Conceição, zona sul da cidade.
Somado o tempo de gestão desse residencial, e de um outro em que morou no mesmo bairro, são 20 anos de sindicatura e muitas obras, como as de impermeabilização. “Aprendemos com erros. No outro condomínio, fizemos uma obra de impermeabilização do topo e criamos um lindo solarium, mas para fixar a base de um toldo no piso, foi preciso fazer um furo, e a manta asfáltica acabou perfurada, levando à perda da garantia”, relata.
Já no Edifício Michelle, que passou por duas obras de impermeabilização na gestão de Anna, não houve contratempos posteriores. Ao contrário, trouxeram excelentes resultados, tanto que no mês que vem será realizada mais uma obra de impermeabilização, e com a mesma prestadora. “Essa empresa executa um bom trabalho, dá opção de parcelamento e apresenta uma planilha do cronograma de obras digna de pendurar em um quadro,
"Na impermeabilização, a escolha de uma empresa qualificada é fundamental para evitar erros que podem custar caro ao condomínio. Em reformas de laje térrea, essa etapa pode representar cerca de 40% do orçamento. Priorizar qualidade evita retrabalho e prejuízos futuros."
Beiral da laje do térreo do Edifício Michelle comprometido por infiltração (à esq.); recuperação envolveu nova impermeabilização
com marcações em cores diferentes para níveis de ruído em cada etapa da obra. Sou a favor de informar os moradores sobre o nível de ruído pelas mídias do condomínio e, se for o caso, disponibilizar o salão de festas para o home-office.”
As obras no residencial foram necessárias devido à perda da função de proteção das antigas mantas. Anna conta que a laje de cobertura possui dois lados, cada qual com duas unidades imediatamente abaixo. “Um dos lados estava mais comprometido, e foi impermeabilizado em 2021; agora, em abril, faremos o outro”, diz. Em 2024, foi a vez de trocar a manta da laje do entorno da edificação. “As infiltrações estavam comprometendo as estruturas do beiral, com quedas de pedaços de concreto”, detalha Anna.
Para as duas obras de impermeabilização o processo foi o mesmo: demolição dos revestimentos e camadas existentes, remoção da manta antiga, limpeza fina e preparação das superfícies, aplicação da manta asfáltica aderida com maçarico, instalação da camada separadora, proteção mecânica primária e, por fim, execução do contrapiso cimentado. Para recompor o beiral, o condomínio contratou uma empresa de engenharia. Durante os meses de obras, o condomínio forneceu café e pão com manteiga aos trabalhadores. “Essa questão também faz parte da jornada de uma obra. Você acaba estabelecendo uma relação de harmonia e isso ajuda no resultado final”, conclui.
“Síndicos devem garantir que a impermeabilização seja feita com segurança, exigindo EPIs adequados, profissionais treinados e respeito às NRs. O uso de maçarico requer cuidado para evitar riscos de incêndio e acidentes durante a aplicação da manta asfáltica.”
(Murilo Froes, diretor técnico, Imperfatto)
IMPERMEABILIZAÇÃO: ACERTE NA CONTRATAÇÃO
Por Vanessa Munis
Vanessa Munis é síndica profissional e advogada especialista em Direito Condominial
UMA DAS OBRAS e despesas mais recorrentes nos condomínios se refere à obra de impermeabilização nas áreas comuns. Para tanto, alguns cuidados são imprescindíveis para se evitar dissabores no futuro e ter uma gestão mais tranquila, além de trazer salubridade, segurança e valorização patrimonial ao empreendimento.
1 – ESCOPO E ORÇAMENTOS:
Tudo começa no momento da realização do escopo da obra de acordo com as peculiaridades do condomínio, de preferência realizado por um profissional habilitado – arquiteto ou engenheiro – para fazer a inspeção predial e elaborar um laudo técnico, o qual não tenha ligação com a empresa a ser contratada, para que não haja conflito de interesses. Os orçamentos devem conter escopos iguais para que as empresas que participem do certame licitatório possam concorrer em grau de igualdade.
2 – PROCESSO LICITATÓRIO:
Com as propostas orçamentárias em mãos, o síndico deve realizar com cuidado uma planilha orçamentária a ser apresentada em assembleia. Cuidado com o leilão de preços, pois o barato pode sair muito caro. A idoneidade da empresa conta muito, portanto, somente contrate empresas especializadas.
“Os reparos com injeção de resinas são aplicáveis em lajes do subsolo, fundo de piscina e em reservatórios estruturais. Esse sistema não apenas prolonga a vida útil das construções, mas também garante a segurança dos usuários e minimiza riscos associados ao colapso estrutural.”
(Samir Nogueira, diretor, Injectsystem)
3 – APROVAÇÃO EM ASSEMBLEIA:
É indispensável que o síndico divida responsabilidades, convocando uma assembleia específica para a contratação da empresa, apresentando a todos o processo de escolha das empresas finalistas, além da verba orçamentária para o custeio da obra e a forma de pagamento. O síndico deve deixar claro na assembleia de condôminos todos os dissabores ocasionados pelas infiltrações, as questões de salubridade envolvidas, apresentar fotografias e vídeos dos transtornos e os prejuízos causados e que possam vir a ser causados. Quanto mais transparente o síndico for, melhor. Mesmo que a assembleia não aprove a obra, o que é muito comum, o síndico terá uma ata registrada demonstrando que não ficou inerte diante da situação.
4 – CONTRATO E RESPONSABILIDADES:
O síndico deve estar ciente de todas as suas obrigações legais, devendo lembrar que cabe ao síndico o dever de promover a conservação das áreas comuns em geral. Ainda no que se refere à responsabilidade, é muito importante que o contrato seja muito bem elaborado, constando de forma direta tudo aquilo que foi objeto da proposta comercial aprovada em assembleia, bem como cronograma financeiro atrelado ao cronograma da obra.
5 – EXECUÇÃO/FINALIZAÇÃO/GARANTIAS:
Recomendo a contratação de um profissional ou empresa para o gerenciamento da obra. Além de trazer mais tranquilidade ao gestor, trará mais segurança e validação de que tudo que foi contratado, será entregue. Muito importante que o síndico se atente às recomendações da empresa contratada para a realização da impermeabilização, visando manter a garantia da obra.
"A prevenção e o tratamento eficaz das infiltrações na laje são essenciais para garantir a durabilidade da estrutura e proteger o imóvel. Hoje o mercado dispõe de novas tecnologias, que trazem economia e praticidade aos condomínios."
(João Almeida, diretor, Vedafacil)
PRÓXIMA EDIÇÃO: IMPERMEABILIZAÇÃO: MANTA, INJEÇÃO ETC.
SOBRE PARA-RAIOS E LUZES-PILOTO
Por Edson Martinho
Edson Martinho é engenheiro eletricista, fundador e atual diretor-executivo da Abracopel
EM ÉPOCA DE TEMPESTADES
com descargas atmosféricas (raios) é que lembramos que o Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas (SPDA) precisa estar em perfeitas condições para que não haja problemas. Mas antes de falarmos sobre a manutenção do SPDA, vamos deixar claro alguns conceitos que são importantes. A proteção contra descargas atmosféricas é composta pelo SPDA e pelas Medidas de Proteção Contra Surto (MPS), e ambos possuem funções diferentes.
O SPDA é uma estrutura formada por três subsistemas: captação, descidas e sistema de aterramento. O primeiro tem a finalidade de receber o raio quando o prédio é atingido; o segundo vai conduzir esse raio de forma segura até a terra; e o terceiro, irá dispersar a descarga na terra de forma segura. Os raios podem chegar a milhares de volts, e cada parte deve ser calculada de forma a garantir que nenhuma pessoa ou animal dentro da edificação (prédio, casa, comércio) sofra algum dano.
O SPDA, porém, não protege os equipamentos eletroeletrônicos, que devem ser protegidos pelas MPS, que são também projetadas caso a caso, e instalando dispositivos de proteção contra surtos de tensão – DPS. É esse dispositivo que irá desviar o surto de tensão causado pela descarga atmosférica nos fios para a terra de forma segura, fazendo com que os
“Investir em manutenção preventiva é investir na tranquilidade, na segurança e na valorização do patrimônio de todos.”
equipamentos eletroeletrônicos sejam protegidos. Em resumo, não basta ter o SPDA no seu prédio, tem que ter o sistema completo – SPDA e MPS – para garantir a segurança de pessoas, animais e equipamentos. Esse projeto deve ser executado por profissional qualificado e com base na norma da ABNT NBR 5419.
Voltando, então, aos riscos de raios: O SPDA, como citei, é composto por captação, descidas e aterramento. O número de descidas é definido pelo cálculo de gerenciamento de risco, que levará em consideração parâmetros como altura da edificação, localização, tipo de ocupação, entre outros, e definirá todo o sistema. Há que se tomar cuidado com os sistemas simples que estão sendo oferecidos no mercado, com o argumento de que a instalação de um único captor “mágico” atrai o raio para si e uma única descida o leva para a terra. Tem outros que prometem “expulsar o raio” para longe. Cuidado! Saiba que esses sistemas não têm comprovação científica e não são permitidos pela norma brasileira.
“Estamos enfrentando muitas tempestades. O sistema de para-raios deve estar sempre em dia para evitar danos aos condomínios. O síndico não deve descuidar da manutenção, que deve ser delegada à empresa especializada.”
Pois bem, considerando que sua edificação possui o SPDA instalado e corretamente dimensionado, é importante verificar se a instalação está em ordem. Isso é feito com inspeção periódica, por empresas especializadas e que vão identificar se não houve alteração do sistema durante o ano, e, se for o caso, refazer o cálculo do gerenciamento de risco para garantir que fique tudo correto.
Uma preocupação comum é com a instalação de acessórios no topo das edificações, tais como antenas, sistema de aquecimento ou geração de energia solar, mastros e o sistema de sinalização aérea. Todos esses elementos devem estar protegidos pelo SPDA ou fazer parte da captação, a exemplo do dispositivo de segurança aérea com lâmpada vermelha, que
Na imagem acima, projeto de um SPDA, com captação, descida e aterramento; na foto, para-raios de captor único, sem comprovação científica e fora da norma brasileira
normalmente tem uma estrutura metálica mais alta, destacando-se dos demais componentes. A estrutura do sinalizador deve ser equipotencializada com o sistema de captação de raios, ou seja, ligada fisicamente por um cabo de cobre ao SPDA, para que se o raio cair nela, possa distribuir a descarga elétrica pelo sistema, a qual então será conduzida em segurança para a terra.
"A medição ôhmica e adequação dos aterramentos do para-raios, feitas por empresa especializada, garante a resistência ideal e o pleno funcionamento do SPDA. Aliada a uma instalação correta da captação e descidas, protege a estrutura do condomínio contra descargas atmosféricas com segurança e eficiência."
No caso da lâmpada de sinalização, que é regulada pela Portaria Nº 957/GC3, de 9 de julho de 2015, há que se verificar se a lâmpada e seus componentes, como relé fotoelétrico, estrutura metálica, fios e cabos de alimentação estão em ordem. Avaliação e manutenção devem ficar a cargo de profissional habilitado e executadas dentro das devidas regulações, como a aplicação dos preceitos da NR-35 por exemplo, ou seja, não podem ser feitas por qualquer um. Essa regra se aplica a qualquer produto ou equipamento que esteja instalado no topo do prédio. Cabe aqui um adendo: quaisquer equipamentos que forem instalados, o cálculo do SPDA deve ser refeito para verificar se não há necessidade de adequação.
A ideia desse artigo é alertar a todos que sejam gestores ou moradores sobre os riscos de um sistema de proteção contra descarga atmosférica desatualizado e, ainda, para que não acreditem em sistemas mágicos, que não cumprem o quem prometem, se baseando apenas em valores econômicos. O artigo também pretende deixar claro que o SPDA não protege equipamentos, e que deve ser projetado com as MPS adequadas.
"Carregar veículos elétricos no condomínio já é uma realidade que precisa ser encarada com muita atenção pelos síndicos. Respeito às normas técnicas e conhecimento da disponibilidade elétrica minimizam os riscos. Nessa hora um atendimento profissional e exclusivo é essencial."
Contar com um serviço de facilities em portaria, portaria virtual e limpeza é essencial para a segurança, organização e bem-estar de qualquer ambiente. A portaria e a portaria virtual garantem controle de acesso e proteção, enquanto a limpeza preserva a higiene e a conservação dos espaços. Essa estrutura otimiza a rotina, valoriza o patrimônio e proporciona mais conforto e produtividade.
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