Revista Direcional Condomínios - Ed. 293 - set/23

Page 1

Síndico(a), responda a pesquisa da pág. 4 e concorra a prêmios

CAPA PROMOCIONAL

Síndico(a), responda a pesquisa da pág. 4 e concorra a prêmios

Caro(a) Síndico(a)!

Nesta edição, temos um curioso duo verde e amarelo, com simbologias díspares, porém ambas urgindo cada vez mais de espaço nos condomínios. Comecemos pelo verde, pela sensação de renascimento e bem-estar, tão necessária, que a chegada da Primavera propicia. Revigore o edifício e, se a área comum for pequena, componha um ambiente com vasos – inspire-se na matéria de paisagismo.

Já o amarelo se refere a cor da campanha de setembro, de prevenção ao suicídio. Condomínios podem ajudar a combater o estigma e, por meio de ações, levar informação de qualidade à massa sobre saúde emocional e mental, aliás, tão avariada após a pandemia. Esse é o assunto de nossa matéria de capa, não deixe de ler.

Eventos para condôminos são opções de integração; mesmo quando focados em crianças, mobilizam os pais, e no mês que vem temos dois deles. Você confere no Tira-Teima como organizá-los sem abalar o sossego do condomínio. Em DICAS, trazemos um projeto de brinquedoteca apropriado também para crianças atípicas; falamos sobre revitalização de elevadores e segurança no condomínio. Para arrematar, contamos a história da síndica profissional Jailma Brito, um exemplo de força.

Na página 4, você encontra a Pesquisa Direcional Condomínios. Participe e concorra a belos prêmios. Agora, para concorrer a sorteios em PIX, basta participar de nossa Mega Rodada de Negócios com Empresários Brasil, dia 26/09/23, no Espaço Hakka, das 8h às 16h. Bons negócios te esperam. Inscreva-se pelo site www.sindicosecondominios.com.br

Forte abraço, Isabel Ribeiro

Responda

nossa Pesquisa: Pesquisa Direcional Condomínios

04

Administração Paisagismo, trunfo de valorização e bem-estar

Dica Brinquedoteca montessoriana

Dica: Upgrade no elevador

Dica Segurança

16 19 06 13 18 10

Seção Tira-Teima

O que fazer e não fazer em eventos infantis?

08 12

Síndico, Conte sua História!

Jailma Brito: detalhes fazem diferença

DIRETORES

Sônia Inakake e Almir C. Almeida

JORNALISTA RESPONSÁVEL

Isabel Ribeiro

MTB 24.479/SP isabel@grupodirecional.com.br

DIRIGIDA A

Condomínios residenciais, comerciais e administradoras

PERIODICIDADE MENSAL

Exceto novembro/dezembro, cuja periodicidade é bimestral

Capa Saúde mental em condomínios

TIRAGEM 20.000 exemplares (60.000 leitores em média)

PÚBLICO LEITOR DIRIGIDO

Síndicos, zeladores e administradores

CIRCULAÇÃO

São Paulo e Grande São Paulo

CAPA Foto Freepik

Coluna

Cristiano De Souza Oliveira

ASSINATURAS

Emilly Tabuço faleconosco@direcionalcondominios.com.br

DEPARTAMENTO COMERCIAL

Alexandre Mendes

Evelyn Neves

Fabian Mesquita

Nil Ricarte

Tiragem de 20.000 exemplares auditada pela Fundação Vanzolini, cujo atestado de tiragem está à disposição dos interessados.

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias, sujeitando os infratores às penalidades legais. As matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião da revista Direcional Condomínios.

A revista Direcional Condomínios não se responsabiliza pelos serviços e produtos oferecidos pelos anunciantes.

ATENDIMENTO AO CLIENTE

Emilly Tabuço

João Marconi

Juliana Jordão Grillo

Levy Sadao I. de Almeida

DIAGRAMAÇÃO

Jonas Coronado

Thalita Feuerstein

Cristiane Lima

IMPRESSÃO

Grass Indústria Gráfica

EQUIPE DISTRIBUIÇÃO

Douglas Barbosa da Silva

Evaldo Mendonça

José Ricardo da Silva

Pedro Henrique Rodrigues Paiva

Roberio Santos

ASSINATURA ANUAL R$ 180,00

Direcional Condomínios | Setembro 2023 3
- www.direcionalcondominios.com.br
Rua Vergueiro, 2087, 9º andar – conj. 902 CEP. 04101-000 – São Paulo – SP - Tel.: (11) 5573-8110 - E-mail: faleconosco@direcionalcondominios.com.br
Tiragem auditada por
Para anunciar, ligue: (11) 5573-8110 ou (11) 98714-3110
EDITORIAL
Faça parte da nossa lista de transmissão e receba informações e a versão digital da revista.

EVENTOS INFANTIS SEM ESTRESSE, É POSSÍVEL?

COM O Dia das Crianças e Halloween despontando mês que vem, Mari Sobral, síndica profissional engajada em promover eventos para unir condôminos, dá dicas de como entreter os pequenos sem desagradar a coletividade – em especial, no Dia das Bruxas, não muito aceito por alguns religiosos. Confira suas respostas a seguir.

COMO TER UM DIA DAS CRIANÇAS LIVRE DE SOBRESSALTOS?

Envolver os pais e as crianças na organização da festa e escolha das brincadeiras, sendo que pega-pega e esconde-esconde são atividades clássicas. Eu envio um comunicado convidando a todos a participarem das decisões, que vão da decoração até horários, o que é bem importante, porque isso minimiza qualquer reclamação de outros moradores. Em comemorações infantis, síndicos precisam reforçar que colaboradores do condomínio não podem ser acionados para cuidar das crianças menores, função que é dos pais ou de monitores contratados para a ocasião.

DE QUE MODO PRESERVAR QUEM NÃO CURTE

O HALLOWEEN?

Além do comunicado que envio com antecedência, deixando claro o horário que as crianças irão passar nos apartamentos para pedir doces, eu também distribuo

um enfeite de porta, que pode ser bem elaborado ou mais simples, baixado da internet e impresso. Quem não aceita participar, não o coloca na porta, mas quem topa, sinaliza sua unidade. Tivemos uma moradora que, ao abrir a porta, encenou um teatro, contando a história do Halloween. Todos ficaram encantados. Muitos adultos entram na brincadeira e, como psicanalista, sinto que as pessoas querem participar, basta a gente envolvê-las.

MARI SOBRAL

Síndica profissional nas zonas norte e sul de São Paulo, e psicanalista. Formada em Administração de Empresas, é pós-graduada em Gestão de Pessoas.

Mais informações: maryacarmo@hotmail.com

Direcional Condomínios | Setembro 2023 6
SEÇÃO TIRA-TEIMA
Foto Fernando Peixoto

É PRIMAVERA: RENASÇA COM O VERDE

Vale a pena investir e cuidar da manutenção dos jardins do condomínio, valorizando as áreas comuns e o bem-estar dos moradores

Por Luiza Oliva

Jardim das paisagistas Gabi Pileggi e Luciana Bacheschi: plantas funcionam como um refúgio de paz dentro da cidade

VOCÊ JÁ ouviu falar de biofilia ou arquitetura biofílica? Trata-se de valorizar a presença das plantas nos ambientes (além de outros elementos, como o uso de materiais naturais seja na construção ou na decoração, e na potencialização da iluminação natural e da ventilação cruzada). “Nós pertencemos à natureza, precisamos estar em contato com tudo que é natural e belo. Então o conceito da biofilia tornará todo projeto de arquitetura, interiores ou paisagismo ainda melhor”, acredita a paisagista Gabi Pileggi, que participou da última

CASACOR São Paulo, a mais completa mostra de arquitetura, paisagismo e design de interiores das Américas, junto com Luciana Bacheschi, também paisagista. No evento, que aconteceu este ano no Conjunto Nacional, icônico edifício paulistano, a dupla apresentou o Jardim Sereno, um refúgio de paz e contemplação em plena Avenida Paulista, com mais de 25 espécies nativas e exóticas.

As paisagistas enfrentaram o desafio de compor um espaço somente com vasos, já que o Conjunto Nacional, tombado pelo Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo, tem limitação de algumas alterações, o que estimulou a dupla

Vasos do espaço de João Jadão e Catê Poli na CASACOR São Paulo: escolha as espécies em função da insolação onde estará o vaso

Direcional Condomínios | Setembro 2023 8 ADMINISTRAÇÃO
Fotos Cacá Bratke Foto Evelyn Muller

a apostar na genuinidade da madeira, das pedras e do barro para dar forma ao Jardim Sereno.

Mas o que você, caro síndico que nos lê, pode levar como inspiração para seu condomínio a partir das ideias apresentadas em uma mostra de paisagismo e decoração? Primeiro, que é possível ter um belo jardim qualquer que seja a área disponível e a realidade do condomínio. E que, como em outras áreas comuns, é preciso se cercar de profissionais capacitados. “Indico aos síndicos preferencialmente optar por uma empresa que conte com funcionários registrados. Uma das coisas mais importantes ao falarmos em paisagismo é ter constância das pessoas que olham pelo seu jardim. Todo jardim tem um histórico. Por isso é muito importante ter um jardineiro responsável que faça esse acompanhamento”, aponta Gabi.

O paisagista João Jadão, vice-presidente da Associação Nacional de Paisagismo (ANP), reforça também aos síndicos que verifiquem a área de atuação da empresa contratada, checando se está apta a fazer apenas manutenção básica ou também um controle mais técnico da área, incluindo adubação, irrigação e controle de pragas. “É preciso compreender que o jardim é um patrimônio de todos os condôminos. Portanto, é necessário que ele seja bem cuidado. Ao procurar uma empresa de paisagismo, verifique quem é o responsável pela mesma e pelo projeto. Se puder, confira quais outros projetos já foram feitos por eles e peça referências”, orienta Jadão, que também esteve presente na última CASACOR São Paulo, com o Mirante Paulista, um jardim lúdico, que enaltece e acompanha os contornos da arquitetura modernista do Conjunto Nacional, desenvolvido com a arquiteta e paisagista Catê Poli.

A síndica profissional Betina Soldatelli concorda com os paisagistas quanto ao cuidado na contratação dos responsáveis pelo jardim e pondera: é preciso estar atento para a periodicidade das manutenções. “Assumi há pouco um condomínio com oito anos de vida e logo me chamou a atenção o estado das plantas: mantas de drenagem aparecendo, pedriscos espalhados, espécies sem poda correta, o jardim todo bagunçado. Havia um jardineiro contratado que ficava no prédio duas vezes por semana e não resolvia. Por isso troquei o fornecedor e passei para uma empresa que trabalha no esquema de mutirão. Os funcionários ficam no condomínio os dias necessários para finalizar todo o jardim”, conta a síndica.

Serão dois meses com foco na manutenção geral, para depois começarem as melhorias e reorganização de canteiros. “Procuro sempre reaproveitar o que for possível, por exemplo, trocando plantas de lugar”, diz Betina, que também costuma implantar sistemas automáticos de irrigação, com timer para gestão de horário de rega, nos prédios em que assume a sindicatura. “É ótimo para economia de água e para otimizar a mão-de-obra. Conforme o tamanho do condomínio é preciso um funcionário o dia todo para regar os jardins a um custo alto. Para instalar o sistema é necessário um ponto de água e eventualmente uma bomba, mas os próprios manutencistas têm condições de fazer”, explica.

Betina percebe que em muitos condomínios onde chega como síndica profissional não há um olhar dedicado aos espaços verdes. “Não há identidade visual no paisagismo. É comum existirem canteiros que são nitidamente coletivos. Os moradores costumam doar plantas que estão sobrando no apartamento. Ou seja, vira um carnaval de plantas.” Há quase oito anos atuando como síndica profissional, a gestora acredita que é preciso muito tato para lidar com os gostos pessoais dos moradores. “Até plantas podem gerar conflitos”, pontua. Gabi Pileggi complementa que é importante escolher as espécies observando se o jardim terá zonas de contemplação e outras de uso comum. A segurança também deve ser levada em conta. Em prédios com fachadas de vidro, ao mesmo tempo em que alguns preferem plantar espécies grandes, para aumentar a privacidade, tem que se considerar a visibilidade da portaria. “Há pontos estratégicos em que não se pode atrapalhar a visão do porteiro. Outra questão é que, em áreas ensolaradas, as plantas podem queimar ao lado dos vidros, que refletem o sol. Por isso, próximo aos vidros prefira plantas mais resistentes, como espécies de climas desérticos, rustificadas”, recomenda a paisagista.

Direcional Condomínios | Setembro 2023 9 ADMINISTRAÇÃO
Foto Divulgação Nos prédios que administra, Betina Soldatelli costuma instalar sistemas de irrigação automática. Na foto, sistema misto de mangueira de gotejamento e microaspersor

“VOCÊ TEM DE SE TORNAR IMPRESCINDÍVEL E CUIDAR DOS DETALHES É PARTE DISSO”

Jailma Brito, 48 anos, é síndica profissional e psicóloga

“SOU BAIANA, nordestina, sertaneja. Como bem disse Euclides da Cunha, o sertanejo é, antes de tudo, um forte. E eu fui educada para ser forte. Sou de Cansanção, a 300 km de Salvador. Vim para São Paulo com um ano de idade, com meus pais e minhas duas irmãs. Viemos assim como tantos nordestinos que migraram ao centro-sul do Brasil para ganhar as grandes cidades. A maior parte migrou para conseguir dar uma melhor condição de vida aos filhos, o que é muito nobre da parte desses pais, pois não é fácil deixar para trás amigos, familiares e costumes.

Passei a infância no Grajaú, periferia da zona sul. Minha mãe era diarista, e meu pai, vigilante em um colégio, o que foi sensacional porque ele pegava emprestado livros e gibis da Turma da Mônica na biblioteca e levava para lermos. Adorava Monteiro Lobato e Agatha Christie. E o meu sonho não era ter uma Barbie, mas o coelho Sansão. Eu queria ser empoderada como a Mônica.

Ao contrário de uma irmã, que ganhou prêmio como melhor aluna da escola, eu não era estudiosa, mas amava ler. Dentro de nossa realidade social, conclui o ensino fundamental e julguei ser o suficiente.

Com a ilusão de que seria possível se restabelecer no sertão, a minha família voltou para a Bahia, mas não deu certo. Porém, vivi uma experiência que aflorou minha sensibilidade e habilidade de escuta ativa, características importantes a um gestor condominial. As pessoas analfabetas da

cidade me procuraram pois queriam se comunicar por meio de cartas com familiares que haviam migrado. Eu lia e escrevia cartas, sem cobrar nada, mas me davam um dinheirinho achando que os segredos ficariam melhor guardados. As notícias eram sobre gravidez, morte, traição, abandono e despedida; me emocionei muito junto dessas pessoas. Regressamos, mas sem minha irmã mais velha, que havia se casado e ficou no sertão. Minha outra irmã, hoje advogada, começou a trabalhar como recepcionista. A minha mãe retomou as faxinas e eu tomava conta do meu irmão caçula. O meu pai conseguiu emprego como porteiro de um condomínio residencial em Moema, permanecendo por 30 anos. Eu tinha dó porque ele madrugava para conseguir chegar no horário. Naquele tempo o transporte público era mais complicado e morávamos longe, estávamos de volta ao extremo da zona sul. Eram os anos 1990, um período de muita violência nos bairros da região.

Nas periferias, não era comum haver prédios e a palavra síndico não me dizia muita coisa. Meu primeiro contato com um síndico foi péssimo. Aos 17 anos, havia começado a trabalhar como empregada doméstica no Jardim da Saúde, e levava a filha do casal ao playground. Um dia a síndica foi reclamar com minha patroa que eu ria e falava alto demais, que incomodava os outros. Eu escutei tudo e doeu. Então síndico era aquilo? Um ‘coronel’ que estava ali só para ver os erros dos outros? A patroa, uma socióloga, saiu em minha defesa.

Fiquei oito meses com essa família, que me acolheu bem porque eu provei que era confiável e detalhista. Limpava com esmero até lugares ocultos, como o forno, porque queria manter meu emprego. Isso é algo que aprendi ali, por conta própria, e pratico sempre: você tem de se tornar imprescindível ao máximo e cuidar dos detalhes é parte disso. Estimulada por essa socióloga, eu voltei a estudar. Ela me fez enxergar que eu tinha direito a estudar e ter planos. Trabalhei depois no consultório de uma dentista, que também me incentivou a continuar estudando. Paguei um curso técnico de administração de empresa com dificuldade. Os colegas compravam coxinha e refrigerante no intervalo, e eu, sem dinheiro, dizia que estava fazendo dieta.

A perseverança me levou a outro pódio, que são metas estabelecidas. Eu queria estagiar e consegui entrar em uma grande empresa para trabalhar com vendas, o que exige raciocínio rápido e extroversão, e isso eu tinha. Fui efetivada ao concluir o estágio e trabalhei lá durante quatro anos. Nessa época me casei, comprei apartamento na região do Campo Limpo com meu marido e também ingressei na faculdade de administração. Mas cai do pódio, perdi o emprego. Sem dinheiro, tranquei a faculdade.

Eu estava em casa, desempregada, com um filho de seis meses, quando a sin-

SÍNDICO, CONTE SUA HISTÓRIA!

dicatura bateu à porta. Meu esposo é da área contábil em uma multinacional e a síndica do nosso condomínio, que não se acertava com nenhuma administradora, o procurou querendo contratá-lo para cuidar da parte burocrática, como folha de pagamento dos funcionários. Com receio de não ter tempo para a tarefa, ele hesitou, então me ofereci para ajudá-lo. Ele ficou com a parte contábil e eu com o restante. Poucos anos depois, um prestador de serviço elogiou nossa administração e sugeriu estendermos essa atuação para condomínios pequenos dos arredores.

Com muita labuta, crescemos, conquistamos 23 clientes. Eu me graduei em psicologia, mas os condomínios prevaleceram na vida profissional. Estabeleci novo pódio: administrar prédios em bairros nobres. Compramos uma sala comercial no Complexo Bonnaire, no Morumbi, formado por torre com 494 salas, centro de lojas e condomínio-clube com três torres e 400 apartamentos. Ao participar de uma assembleia, conheci o síndico profissional e fiquei duplamente surpresa: além de nunca ter ouvido falar nisso, o que eu vinha desempenhando nos últimos 20 anos se assemelhava muito a esse papel.

Quando o síndico renunciou ao cargo, assumi provisoriamente por 60 dias até termos outro síndico profissional. Agi assim por indicação de condôminos, que

estavam acostumados a me ver dando sugestões nas assembleias. Mas o meu pódio era mais modesto, não queira ser síndica de um complexo condominial. Porém, aprovaram minha atuação, me convenceram a me candidatar oficialmente e estou como síndica há nove anos. Nos últimos dois, assumi mais alguns poucos condomínios.

Algumas marcas que imprimo na sindicatura são gestão humanizada (com condôminos e colaboradores), eventos de integração nos condomínios, estar em dia com normas e legislações, e cuidar dos detalhes. Tem condômino, por exemplo, que não dá importância ao paisagismo, mas eu aviso que no dia em que ele for vender o apartamento ou a sala comercial, pode estar certo que a avaliação do imóvel vai começar pelo jardim. Detalhes fazem a diferença.”

Jailma

SÍNDICO, CONTE SUA HISTÓRIA!
Brito: força sertaneja Jailma Brito, em depoimento a Isabel Ribeiro

AMBIENTE CONCEITUAL

Projeto para brinquedoteca segue linha montessoriana, que estimula a criança a ser autossuficiente e organizada

AO PROJETAR uma

brinquedoteca para um condomínio na zona oeste, a designer de interiores Mari Ester Golin recorreu ao método montessoriano e explica o porquê: “Os moradores eram pais exigentes, queriam um ambiente conceitual. A linha pedagógica montessoriana tem como principal objetivo promover a autossuficiência da criança, por isso recorri a ela”.

Criado pela médica e pedagoga italiana Maria Montessori no século passado, o método educacional ganhou o mundo, sendo adotado em escolas até hoje. Nos espaços de brincar das edificações, a inspiração no conceito não chega a ser uma tendência, mas atende alguns perfis de moradores. “O que eu percebo, porém, é uma mudança de comportamento, pois antes os síndicos me comunicavam o desejo dos condôminos por uma brinquedoteca com videogame. Agora, querem que os filhos explorem um lugar livre de eletrônicos”, diz Mari.

O método montessoriano prima pela organização. “A criança brinca, mas depois guarda os brinquedos, tanto que projetei uma estante com gavetões. E coloquei perto da entrada uma colmeia

para que ela guarde seu calçado ao chegar, e logo note que existe um ‘ritualzinho’ para usar o ambiente”, comenta a designer.

Na área construída de 28 m², Mari se deparou com um grande pilar. A solução foi pintá-lo de verde no projeto, sugerindo a tinta do tipo lousa para permitir aos pequenos explorarem a criatividade na própria parede. Em torno de uma das faces da pilastra, a profissional idealizou mesa com cadeiras na mesma altura das versões escolares, apropriadas para as crianças desenharem ou fazerem o dever de casa.

Em uma das laterais da brinquedoteca, há um cabideiro, cuja proposta é acomodar várias fantasias. Embora não esteja representado no projeto, Mari indica acrescentar um pequenino palco redondo. “A ideia é estimular a criança a vestir uma roupa diferente e subir no palco para fazer alguma apresentação”, fala a designer. Outra atração é a cama estilizada, na verdade, um colchonete dentro de uma estrutura que remete a uma casinha. “Quando a criança entra nesse espaço, ela identifica que ali não é para pular, mas que se trata do cantinho da leitura, que há suportes com livros no fundo vazado da casinha, e a cascata de bolinhas produz uma luz adequada para esse fim”, detalha Mari.

Já a cabaninha, segundo a especialista, é uma das cerejas do bolo porque os pequenos adoram se esconder. Para arrematar, poltronas confortáveis, em cinza neutro, são indicadas para acomodar a mamãe ou a babá enquanto o guri se diverte. “Mesmo pequeno, esse espaço educacional permite a criança fazer várias coisas”, fala Mari.

Ponto positivo do projeto, observa a autora, é poder ser desfrutado “por crianças atípicas, como autistas”, diz. Para quem for reformar a brinquedoteca, Mari sugere investir em painéis sensoriais porque crianças atípicas gostam muito de tocar em diferentes materiais. Elas também necessitam às vezes se recolher momentaneamente para organizar os pensamentos, como observa a designer, por isso ela sugere algo que não figura neste projeto, mas é muito apropriado: um balanço de elastano, pendente do teto. Lembra até uma rede lúdica, mas se transforma em um casulo acolhedor

PRÓXIMA EDIÇÃO: PLAYGROUND: BRINQUEDOS, PISOS E BRINQUEDOTECA

Direcional Condomínios | Setembro 2023 12
/ PLAYGROUND & BRINQUEDOTECA
DICA
Projeto de Mari Ester Golin: método montessoriano norteia a concepção da brinquedoteca, apropriada também para crianças atípicas, como autistas

SAÚDE MENTAL PEDE SOCORRO

Setembro Amarelo é o nome da campanha de prevenção ao suicídio, e os síndicos podem ajudar no processo de conscientização promovendo palestras, por exemplo. É interessante, ainda, que gestores invistam em psicoeducação para lidar melhor com síndromes, surtos e transtornos no condomínio

UM JOVEM médico abre os olhos, se vê num leito hospitalar, fita a estranha a sua frente e diz: ‘Não era para eu estar aqui”. Ela responde: “Eu entendo que agora você esteja frustrado e me odiando, mas um dia vai me agradecer”. O diálogo ocorreu há três anos entre o morador de um condomínio na zona sul e a síndica profissional Juliana Moreira. Tendo abandonado o tratamento contra depressão, ele tentou se matar. Antes, despediu-se dos entes queridos, no interior da Bahia, por rede social. Juliana ficou sabendo da ideação suicida, arrombou a porta da unidade, o colocou no carro, levou ao hospital e permaneceu do seu lado por dois dias até que a família conseguisse chegar em São Paulo.

Não existe mais como suicídio ser visto como tabu. Segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), 700.000 pessoas morrem desta forma a cada ano, sendo a quarta maior causa de mortes de jovens de 15 a 29 anos de idade – o que, vale salientar,

Direcional Condomínios | Setembro 2023 13 CAPA

segmenta uma faixa etária, mas não exclui as demais. Estamos no nono mês do ano, na campanha Setembro Amarelo, criada para conscientizar sobre a prevenção ao suicídio no mundo todo. Informação é o caminho para entrar nessa luta e os condomínios podem ajudar a romper estigmas. O site www.setembroamarelo. com disponibiliza vasto material e cartazes para quem se dispuser em comprometer-se com a causa.

Juliana organiza palestras sobre saúde mental nos meses de setembro em seus vários condomínios, e ela própria procura ter uma escuta atenta e sem julgamento seja com moradores ou colaboradores das edificações. Conta que o jovem condômino de seu relato havia premeditado o ato e escolhido o 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, para isso. Sua intenção não se concretizou pela agilidade no socorro. “No hospital, me disseram que se levássemos mais meia hora para socorrê-lo, ele teria morrido. Sei que nós, síndicos, não devemos arrombar portas, porém tive anuência do conselho e agi assim para salvar uma vida”, esclarece. Só para concluir, sua previsão estava certa: o médico residente e família até hoje não poupam agradecimentos à gestora.

Em dezembro passado, outra experiência marcou Juliana: foi avisada na manhã do dia 31 que uma moradora tentava se atirar do jardim suspenso de um edifício. A situação foi controlada e na sequência a síndica ajudou com que a moça obtivesse suporte psiquiátrico. Filha de psicóloga, Juliana relata que foi preparada para lidar emocionalmente com essas situações pois, ainda menina, atendia telefonemas em casa

de pacientes dizendo que iriam se matar. Mesmo assim, foi penoso administrar a morte de um rapaz de 26 anos, que se atirou da sacada de outro de seus condomínios. “Que episódio triste! Ele era tão jovem, lembrava muito meu filho”, recorda.

CONDÔMINOS EM CRISE

No ramo há 27 anos, Juliana corrobora o que muitos colegas já observaram no segmento: a qualidade da saúde mental está pior nos condomínios desde a crise sanitária. “Muita gente adoeceu na pandemia e não procurou terapia. Nós, síndicos, aguentamos a consequência e temos de estar com o nosso emocional em dia para dar conta da situação”, avalia. Ela vê como prerrogativa de seu trabalho não só cuidar de construções, mas, principalmente, de pessoas. Para entrosamento e bem-estar, gosta de promover eventos. “Adoro organizar karaokê porque os moradores se soltam, dão risada, relaxam. Eles criam laços e, se um dia bate um sentimento ruim, podem conversar com o vizinho ao lado e, quem sabe, dispersar a angústia”.

O psicólogo Nelson Raspes acha interessante que o síndico invista em palestras sobre transtornos mentais, mas já adianta que a adesão possa ser pequena, por isso recomenda não se restringir a somente um mês do calendário para abordar o assunto, mas sim programar o evento a cada trimestre, por exemplo. Cria-se, assim, mais oportunidades de dirimir o preconceito. “Tem quem acha que psicólogo é para louco, que depressão e ansiedade são frescuras, que doença mental não existe, então, talvez sejam poucas pessoas que irão participar desse evento, mesmo assim já é de grande importância”, comenta.

O especialista indica aos síndicos fazerem psicoeducação (com psicólogo) para adquirem mais conhecimento de problemas que afetam a mente e o comportamento humano e, consequentemente, enfrentarem com mais desenvoltura situações que assolam os condomínios. Quanto às abordagens com condôminos ‘destemperados’, adverte: “Se a pessoa vem com agressão, você não pode entrar na sintonia agressiva dela. Isso é trabalhar a comunicação não violenta”.

Síndico não é babá de morador, sentencia o advogado condominialista Rodrigo Matias, mas afirma que é interessante o gestor possuir certo grau de conhecimento sobre surtos, manias e transtornos para o “gerenciamento de crises, pois o inusitado acontece em condomínios”. Conta que em um condomínio de sua carteira de clientes, na Vila Olímpia, zona sul, um casal havia deixado a porta do apartamento destrancada e foi surpreendido no meio da madrugada por um oriental nu, parado diante da cama. “Esse rapaz estava há pouco no Brasil, vivendo no apartamento de conterrâneos, que comprovaram que, à noite, ele tomava uma forte medicação psiquiátrica. Não sabemos ao certo o que estava por trás daquela conduta, mas ele não fez nada, ficou estático. No dia seguinte, se desculpou por meio de intérprete e, muito envergonhado, mudou-se semanas depois”, diz Rodrigo.

Direcional Condomínios | Setembro 2023 14 CAPA

Já em outro condomínio, na região central, o zelador muito querido por todos, foi traído pela esposa. Ela voltou para o nordeste, indo viver com outro homem. Ele foi atrás, arrumou confusão e acabou detido por dois anos. Os condôminos, condoídos, ajudaram contratando advogado e, após a soltura, o receberam de braços abertos. Só que o zelador estava diferente, muito rebelde. Quando a síndica o chamou para conversar, tentou agredi-la e aos demais funcionários, e perdeu o cargo. Aí, vieram as surpresas: “Mesmo com a casa do zelador, ele havia montado uma ‘alcova’ num minúsculo depósito e ficava lá. Havia colchão, revista pornográfica e cerca de 20 galões plásticos de cinco litros cheios de urina”, relata Rodrigo, destacando que esse caso ilustra que é preciso estar atento também à saúde mental dos funcionários. O advogado afirma que nem sempre questões envolvendo desordem emocional e psíquica são de ordem jurídica, sendo que o diálogo com o morador ou familiar vem em primeiro lugar, e que a multa, em determinados casos, é uma ferramenta ao dispor do síndico. Mas às vezes, é preciso mesmo acionar o Judiciário. “Anos atrás, me deparei com uma condômina, na região da Vila Prudente, que mantinha 35 gatos dentro do apartamento. Foi preciso intervenção judicial e da Vigilância Sanitária porque os vizinhos não conseguiam mais conviver com o forte odor”, diz Rodrigo, lembrando que na capital o limite de animais por apartamento é de até 10 pets de acordo com o artigo 18 da Lei Municipal 13.131/2001.

Casos de Transtorno de Acumulação (animais ou objetos) são comuns e podem colocar outras pessoas em risco por conta de contaminação ou infestação de pragas e roedores, menciona o psiquiatra Eduardo Perin. O tratamento é medicamentoso e psicoterápico, “mas o principal é a terapia porque envolve mudança de comportamento”, diz o especialista. Esquizofrenia e bipolaridade também podem causar transtornos no condomínio. O psiquiatra orienta que, caso note algo diferente no comportamento da pessoa, o gestor tente falar com algum familiar. Entretanto, se o morador estiver fazendo algo que coloque sua vida em risco ou a de outra pessoa, é necessário chamar uma ambulância e/ou a polícia “por terem mais preparo para lidar com algumas situações”.

Direcional Condomínios | Setembro 2023 15 CAPA

VANTAGENS DA MODERNIZAÇÃO

Promover upgrade completo nos elevadores não é tarefa das mais simples e rápidas, em compensação, há ganhos como menos gasto com energia elétrica

A síndica Quitéria Marques promoveu modernização estética e do quadro de comando nos elevadores do Maison Aubagne, em São Bernardo do Campo

SÍNDICA profissional e moradora do condomínio Maison Aubagne, na Vila Dusi, em São Bernardo do Campo, Quitéria Marques tem vivido em meio a reformas desde que assumiu a gestão em 2018, passando por individualização da água a retrofit elétrico. A construção com mais de 40 anos consiste em duas torres de 42 unidades cada, e quatro elevadores ao todo. Antigos, eles incomodavam os condôminos, mas frente aos investimentos que teriam de fazer para remoçá-los preferiam adiar a ideia o quanto fosse possível. “Mas com isso a situação só se complicou porque fica difícil repor peças obsoletas, aumenta a frequência dos problemas e se torna caro manter o equipamento funcionando, sem falar na despesa com a conta de luz”, constata Quitéria.

Segundo a síndica, quando se trata de obras, o condômino tem dificuldade em perceber o benefício que uma reforma traz até que ela esteja materializada a sua frente. Foi assim com os elevadores do Maison Aubagne. “Não adiantava argumentar que a modernização traria agilidade e mais segurança. Só depois de entregarmos os dois primeiros elevadores reformados é que os condôminos constataram que não se tratava de um

Direcional Condomínios | Setembro 2023 16 DICA / ELEVADOR
Foto Divulgação

gasto, mas de um investimento, e solicitaram a modernização dos outros dois elevadores”, relata a síndica.

Quitéria conta que só foi possível iniciar a primeira etapa da modernização porque o condomínio havia guardado alguns anos atrás uma reserva financeira para esse fim, proveniente da venda de um imóvel em leilão.

O valor cobria apenas a reforma de dois equipamentos, ao custo de 90 mil cada um. Os serviços de renovação começaram pelo elevador social das duas torres e levaram quase um ano até serem finalizados. A etapa posterior, custeada com rateio entre condôminos, levou quase o mesmo tempo para ser concluída. “Foram quase dois anos com essa obra, um desafio enorme. Era só um elevador por vez funcionando em cada torre para transportar criança, idoso, mudança, carrinho de compras. O pior era no fim de semana, quando os moradores reclamavam bastante, mas tivemos de ter paciência porque já sabíamos que seria dessa forma, e todo o transtorno que tivemos foi recompensado”.

Até chegar a fase da reforma, Quitéria comenta que escutou algumas recomendações desnecessárias. “Tinha empresa que cogitava trocar o assoalho gasto por um piso de cerâmica, outra que só falava no embelezamento da cabine, sem ouvir o que nós queríamos. E desejávamos justamente uma obra completa, com tudo o que era necessário e correto, como a modernização do quadro de comando”, destaca a síndica, relatando que as cabines foram removidas do condomínio para reforma completa, e que tudo ficou perfeito. “Essa obra trouxe modernidade, valorização do patrimônio e economia no consumo de energia, que é um ponto muito importante”, reforça a gestora.

SEGURANÇA PARA OS USUÁRIOS

Como proceder no regaste de pessoas presas em elevadores? No livro “E Agora Condomínio? Gestão de riscos operacionais, uma cultura, uma necessidade!”, de Carlos Alberto dos Santos, o autor esclarece que o regaste não deve ser feito por pessoas não autorizadas. A seguir, mais recomendações citadas na obra.

• Somente o técnico da empresa de manutenção e, em último caso, o corpo de bombeiros estão autorizados a fazer o resgate.

• A função do condomínio no caso é, além de acionar o pronto atendimento do prestador de serviços, acalmar as pessoas que se encontram presas, através do uso do intercomunicador ou interfone da cabine. Portanto, esses equipamentos merecem uma atenção constante da parte da manutenção preventiva do condomínio.

• Em alguns prédios, quando acontece uma parada de elevador, o zelador costuma ir até o Centro de Medição para desligar a chave do equipamento e ligá-la em seguida, fazendo com que o sistema volte a operar. O procedimento é absolutamente desaconselhável.

PRÓXIMA EDIÇÃO: CONTROLE DE PRAGAS & DESENTUPIMENTO

Direcional Condomínios | Setembro 2023 17 DICA / ELEVADOR

HARMONIZAÇÃO CONDOMINIAL: CULTURA DE PAZ

OS CONDOMÍNIOS edilícios e equiparados possuem relações interpessoais (pessoa com pessoa) e extra condominiais (condomínio com terceiros), podendo suscitar vários conflitos a serem gerenciados pelo síndico. A convivência em grupo gera uma trama interpessoal dinâmica, que molda seus integrantes ao mesmo tempo em que é moldada por eles.

O conceito de Paz em condomínio refere-se à Paz Positiva, onde busca-se a pacificação da estrutura social por meio de ações coletivas, de trabalhos com a participação colaborativa de todos os que compõem o condomínio, administrando-se as diferenças de posicionamentos e driblando-se, deste modo, possíveis confrontos que venham a surgir pela imposição de ideias.

É impossível escolher se teremos ou não conflitos; mas podemos escolher como resolvê-los. O conflito é parte integrante da convivência humana. Vivemos em meio a conflitos com outros indivíduos e também vivenciamos conflitos internos; entretanto, para o alcance da almejada Harmonização Condominial, onde o senso de pertencimento coletivo conduz à Pacificação Positiva, a grande diferença se dará na compreensão da natureza do conflito e na forma de lidarmos com ele, seja como indivíduo, gestor ou massa condominial pensante: condômino, síndico e assembleia, respectivamente; dialogando, negociando e facilitando a tomada de decisões.

Desta maneira, constata-se que ao gerenciar o conflito no ambiente condominial, negociação e tomada de decisão fazem parte da constituição da Harmonização.

Portanto, harmonizar é buscar a concordância do coletivo pelos interesses coletivos,

é intensificar que as diferenças se acordem em favor da paz social, cuja finalidade será a valorização patrimonial pela boa gestão, tranquilidade no agir, facilidade em deliberar pelo bem comum que, por sua vez, somente existe pelo interesse individual de cada um no patrimônio imobiliário.

CRISTIANO DE SOUZA OLIVEIRA

Advogado há 27 anos e sócio da Advocacia Cristiano De Souza

MARIA ISABEL DA SILVA

Fundadora e Diretora Pedagógica do Instituto Educacional Encontros da Cidade

Direcional Condomínios | Setembro 2023 18 COLUNA CRISTIANO DE SOUZA OLIVEIRA
Foto Divulgação

AMPLA VIGILÂNCIA

Sistema de portaria remota entrega alta performance com totens de vigilância; portões de garagem são blindados contra arrombamento

NO COMEÇO de 2020, na fase de isolamento social imposto pela pandemia, a síndica profissional Gláucia La Regina conseguiu aprovar o sistema de portaria remota em um dos condomínios que administra, um residencial de uma torre na zona oeste. “Na época, já vínhamos conversando sobre essa possibilidade, porque reduziria gastos e aumentaria a segurança, mas alguns condôminos ainda estavam resistentes em migrar para portaria remota. Então veio a pandemia, um dos porteiros se afastou por ser do grupo de risco, e os moradores começaram a perceber que os outros dois porteiros poderiam precisar se afastar por motivo de saúde em algum momento. Caso acontecesse, quem ficaria na guarita, o morador? O modelo remoto, com atendimento 24 horas, se tornou uma opção e, com isso, todos concordaram na implantação”, esclarece.

A transição foi bem-sucedida segundo a síndica, até mesmo porque muitos condôminos já haviam tido contato com esse sistema ao visitar amigos e familiares em outros condomínios. “´Participei de todas as etapas da mudança, como cadastrar todos os moradores, e a transição realmente dá um certo trabalho, mas depois facilita muito a nossa vida, especialmente na questão da segurança”, destaca. “Na portaria convencional, é notório que a maioria das invasões acontece pela porta da frente, com bandidos ludibriando os porteiros. Por mais que treinemos os funcionários, sempre haverá um disfarce novo. Já na remota, os protocolos de acesso são rigorosos”, compara.

Direcional Condomínios | Setembro 2023 19 DICA / SEGURANÇA
Foto Freepik

Gláucia relata que nos últimos dois anos houve duas tentativas de invasão. Na primeira delas, uma inquilina havia desocupado o imóvel e, no dia seguinte, surgiu um homem se passando por funcionário da Comgás, alegando estar no local para desligar o gás. “O homem estava bem informado, disse que a inquilina havia solicitado o serviço, sabia o nome dela, o do proprietário e o número da unidade, mas ainda assim o operador de portaria remota não autorizou a entrada porque não havia comunicado algum de que a concessionária iria executar esse serviço”, fala a síndica. Outra tentativa de acesso envolveu uma senhora, supostamente estrangeira, falando com sotaque, se passando por visitante, e acompanhada por dois homens. “O operador estranhou a cena, contatou a moradora da unidade mencionada por ela, me contatou, e, mais uma vez, constatamos tratar-se de artimanha”.

Por ocasião de ampla reforma de um apartamento desocupado, a síndica novamente comprovou o rigor dos operadores da portaria na liberação dos acessos. Segundo Gláucia, arquiteto, gesseiro, pintor ou pedreiro que não estivessem na listagem do sistema da portaria, não passavam da calçada. “Havia um protocolo, que foi seguido à risca”.

A gestora comenta que o condomínio da zona oeste já possuía boa estrutura de segurança antes da portaria eletrônica (como guarita blindada, eclusas e sistema de CFTV atualizado), mas que a proteção se tornou ainda mais robusta para receber o sistema remoto. “Fizemos adequações nos portões de pedestre e garagem, sendo que nestes últimos, revisamos fiação e motor”, diz Gláucia, e acrescenta: “Inclusive, há pouco tempo, reforçamos os portões com eletroímã mais potente para impedir a entrada de gangue de garagem, que furta bicicletas; agora, não cedem de forma alguma”.

De acordo com a gestora, após a migração da portaria física, os mora-

Direcional Condomínios | Setembro 2023 20 DICA / SEGURANÇA
Gláucia La Regina: rigor nos acessos Foto Bee Scott

dores se sentem mais protegidos também fora do condomínio, ao voltarem para casa de carro tarde da noite. “Se tiverem receio ou notarem algum movimento estranho, eles contatam a portaria por telefone, que os acompanham remotamente até estacionarem na garagem”. Gláucia, aliás, cita que um dos artefatos de segurança interessantes instalados pela portaria remota é um totem ao lado do portão da garagem. “Possui duas câmeras, botão de emergência e pisca ostensivamente à noite”, enumera.

Na zona leste, nos arredores do Jardim Anália Franco, o síndico morador Roberto Rodrigues relata que o condomínio onde vive há quatro anos, e do qual é gestor há somente seis meses, aderiu ao sistema de portaria remota tempos atrás, praticamente quando o segmento despontou no mercado. “O condomínio teve uma experiência frustrada no início, pois faltava preparo à empresa contratada”. Já a segunda prestadora que serviu ao condomínio era uma empresa de maior porte, porém o gestor comenta que deixava a desejar em alguns quesitos de proteção perimetral e foi substituída.

Militar da reserva, Roberto conta que foi treinado para estudar o terreno onde pisa e, portanto, avaliou a atual empresa detalhadamente antes do fechamento do contrato. Compartilha dicas para colegas que estejam pensando ao sistema de portaria eletrônica: “Visitar a base da empresa é fundamental, conhecer a tecnologia por detrás, saber quantos condomínios cada operador tem na tela, verificar como atua a supervisão desses operadores, tudo isso é muito importante. Assim como é importante que a empresa visite o condomínio e apresente um estudo de vulnerabilidade personalizado e minucioso. Não significa que um meliante não vá invadir um condomínio com segurança reforçada, porém sabemos que o mal intencionado não quer ter trabalho, então vai preferir locais de acesso mais fácil”.

O síndico comenta que a tecnologia está bastante favorável a segurança dos condomínios. “Existem empresas de portarias que dispõem de totens para serem

Direcional Condomínios | Setembro 2023 21 DICA / SEGURANÇA
Roberto Rodrigues: ‘estudo do terreno’ Foto Divulgação

colocados na calçada, com câmeras de monitoramento, e algumas dessas câmeras, as mais sofisticadas, captam imagens a distância, e se capturar a imagem de um foragido, o sistema faz a interface com a polícia”, aponta.

PREVENÇÃO CONTRA “GANGUE DA GARAGEM”

Meliantes, alguns bastante jovens, que se agrupam para arrombar portões em condomínios residenciais, são conhecidos como ‘‘Gangue da Garagem’’. Os criminosos adentram garagens e promovem um arrastão, furtando bicicletas, motocicletas e objetos como capacete – em agosto último, levaram até mesmo um veículo de um condomínio no Campo Belo, na zona sul. Para coibir essas ações criminosas, o Oficial da Polícia Militar - ESP José Elias de Godoy, especialista em segurança em condomínios e autor dos livros “Manual de Segurança em Condomínios’’ e “Técnicas de Segurança em Condomínios”, dá as seguintes orientações:

1 - Nos acessos de veículos deve-se tomar um cuidado especial uma vez que são locais de alta vulnerabilidade. É aconselhável que os prédios possuam sistema de enclausuramento (duplos portões) e que estes sejam intertravados, de forma que somente se abra o posterior após o fechamento do anterior, isso para se ter uma segunda barreira a fim de dificultar a invasão forçada.

2 - É imprescindível que se tenha travas especiais e reforçadas instaladas junto aos portões, que podem ser do modelo de pinos com solenoides. As travas são enterradas na parte de alvenaria, do chão e/ou nas laterais.

3 – Também pode-se instalar no portão fechaduras ou travas de eletroímã, de alto poder de empuxo, no mínimo com 300 kgf, de maneira que bloqueiem e impeçam o seu arrombamento.

4 - É necessário adaptar o reforço das travas para haver compatibilidade com o sistema de abertura dos portões, quer seja basculante, deslizante ou mesmo o pivotante.

5 – As entradas de veículos devem ser monitoradas por câmeras de CFTV, além de haver sensores de alarmes nos portões, os quais deverão estar ligados a sirenes, tudo ativado nas centrais de monitoramento.

6 – Os locais de fixação das bicicletas também devem ter sensores de alarmes.

7 – Os gestores dos condomínios precisam estar atentos para que a manutenção preventiva ou corretiva dos equipamentos não falhe, a fim de que funcionem corretamente e não causem surpresas no momento de necessidade e urgência.

8 – Acrescido a isto, deve-se treinar os funcionários para terem consciência para identificar situações suspeitas e terem conhecimento de como acionarem a polícia em situações emergenciais.

PRÓXIMA EDIÇÃO: SEGURANÇA: AUTOMATIZAÇÃO, CFTV, PORTARIA VIRTUAL/AUTOMATIZADA, CONTROLE DE ACESSO, INTERFONE, PORTÕES

Direcional Condomínios | Setembro 2023 22 DICA / SEGURANÇA
24 Direcional Condomínios | Setembro 2023 ACESSÓRIOS
25 Direcional Condomínios | Setembro 2023 ACESSÓRIOS, CADEIRA...
26 Direcional Condomínios | Setembro 2023 ADMINISTRADORA, CADEIRA
27 Direcional Condomínios | Setembro 2023 AUTOSERVIÇO, AVCB
28 Direcional Condomínios | Setembro 2023 BOMBAS, COBERTURAS, ELEVADOR
29 Direcional Condomínios | Setembro 2023 DESENTUPIDORA, ELÉTRICA...
30 Direcional Condomínios | Setembro 2023 ELÉTRICA
31 Direcional Condomínios | Setembro 2023 ENERGIA SOLAR, ESTAÇÃO DE RECARGA VEICULAR, FITNESS, GÁS
32 Direcional Condomínios | Setembro 2023 GESTÃO DE OBRA, HIDRÁULICA
33 Direcional Condomínios | Setembro 2023 GERADOR, IMPERMEABILIZAÇÃO...
34 Direcional Condomínios | Setembro 2023 IMPERMEABILIZAÇÃO
35 Direcional Condomínios | Setembro 2023 IMPERMEABILIZAÇÃO, INTERFONE
38 Direcional Condomínios | Setembro 2023
INSPEÇÃO PREDIAL, MANUTENÇÃO PREDIAL, PAISAGISMO, PROTETOR DE PARACHOQUE
40 Direcional Condomínios | Setembro 2023 PINTURA PREDIAL
42 Direcional Condomínios | Setembro 2023 PINTURA PREDIAL
44 Direcional Condomínios | Setembro 2023 PINTURA PREDIAL
48 Direcional Condomínios | Setembro 2023 PINTURA PREDIAL
49 Direcional Condomínios | Setembro 2023 PINTURA PREDIAL, PISCINA (DECK), PLAYGROUND
50 Direcional Condomínios | Setembro 2023 PLAYGROUND
51 Direcional Condomínios | Setembro 2023 PERSIANAS, PISOS
52 Direcional Condomínios | Setembro 2023 PORTARIA VIRTUAL, QUADRAS
53 Direcional Condomínios | Setembro 2023
SERRALHERIA, SISTEMAS DE SEGURANÇA, SORTEIO DE VAGAS, TERCEIRIZAÇÃO...
54 Direcional Condomínios | Setembro 2023
PISO, UNIFORMES
TERCEIRIZAÇÃO, TRATAMENTO DE

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.