ANOS
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
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SUMÁRIO PAG.
08 - O QUE A DIRECIONAL MUDOU NA VIDA DO MEU CONDOMÍNIO
PAG.
14 - TENDÊNCIAS – 25 ANOS, O QUE MUDOU?
PAG.
20 - SÍNDICO PROFISSIONAL & ORGÂNICO
PAG.
22 - MUDANÇAS NA GESTÃO DA INADIMPLÊNCIA IMPACTAM NA SUA QUEDA
PAG.
26 - MUDANÇAS NA GESTÃO DA EQUIPE / TERCEIRIZAÇÃO
PAG.
30 - MUDANÇAS NA GESTÃO DA EQUIPE / TERCEIRIZAÇÃO (LGPD)
PAG.
34 - MUDANÇAS NA GESTÃO DAS ÁREAS COMUNS (ACESSIBILIDADE)
PAG.
36 - MUDANÇAS NA GESTÃO DAS ÁREAS COMUNS (INSPEÇÃO PREDIAL, LAUDOS)
PAG.
40 - MUDANÇAS NA GESTÃO DAS ÁREAS PRIVATIVAS
PAG.
42 - ASSEMBLEIA VIRTUAL: PRÓS E CONTRAS
PAG.
44 - NOVOS RECURSOS DE GESTÃO E CONTROLE: AUDITORIA E COMPLIANCE
PAG.
50 - SEGURANÇA, PORTARIA VIRTUAL & MODELOS HIBRIDOS
PAG.
58 - SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA & AMBIENTAL (ÁGUA E ENERGIA)
PAG.
62 - SOFTWARES, APPS DE MSN & REDES SOCIAIS
PAG.
70 - FACHADA & RETROFIT
PAG.
78 - FACHADA & DIAGNÓSTICO - PROBLEMAS E SOLUÇÕES
PAG.
86 - RETROFIT NA ENTRADA DO CONDOMÍNIO
PAG.
94 - ÁREAS COMUNS, RENOVAÇÃO E NOVOS USOS
PAG.
98 - SERVIÇOS DELIVERY, FEIRAS LIVRES E MINIMERCADOS
ANOS
PAG. 100 - QUADRAS, PLAYGROUNDS PAG. 106 - ACADEMIAS & ATIVIDADE FÍSICA EM ÁREAS ABERTAS PAG. 108 - IMPERMEABILIZAÇÃO (DIAGNÓSTICO, SOLUÇÕES & RESULTADOS) PAG. 116 - TECNOLOGIA DE PISOS & REVESTIMENTOS PAG. 122 - MODERNIZAÇÃO ELÉTRICA PAG. 128 - AVCB & PARA-RAIOS PAG. 134 - MODERNIZAÇÃO DE ELEVADORES PAG. 142 - MODERNIZAÇÃO HIDRÁULICA (INDIVIDUALIZAÇÃO DE ÁGUA) PAG. 146 - O CONDOMÍNIO EM ORDEM / MANUTENÇÃO PERMANENTE (GERADOR, BOMBAS E CONTROLE DE PRAGAS) PAG. 150 - INSTALAÇÕES DE GÁS Rua Vergueiro, 2087, 9º andar – conj. 902 CEP. 04101-000 – São Paulo – SP - Tel.: (11) 5573-8110 - E-mail: faleconosco@grupodirecional.com.br - www.direcionalcondominios.com.br IMPRESSÃO
DIRETORES
PERIODICIDADE MENSAL
CAPA
DEPARTAMENTO COMERCIAL
Sônia Inakake e Almir C. Almeida
Exceto novembro/dezembro, cuja
shutterstock photo:
Fabian Mesquita
Grass Indústria Gráfica
periodicidade é bimestral
Photobank.kiev.ua ATENDIMENTO AO CLIENTE
EQUIPE DISTRIBUIÇÃO
TIRAGEM
ILUSTRAÇÕES
Emilly Tabuço
20.000 exemplares
Freepik
João Marconi
EDITOR Eduardo Silva MTB 72.742/SP
Evaldo Mendonça José Ricardo da Silva Roberio Santos
eduardo@epscondominial.com.br REDATOR Guilherme Verli
PÚBLICO LEITOR DIRIGIDO
Emilly Tabuço
DIAGRAMAÇÃO
Síndicos, zeladores e administradores
faleconosco@grupodirecional.com.br
Jonas Coronado
ASSINATURAS
MTB 92.099/SP CIRCULAÇÃO
GERENTE COMERCIAL
Thalita Feuerstein
São Paulo e Grande São Paulo
Adriana S. dos Santos
Cristiane Lima
Condomínios residenciais, comerciais e administradoras
Tiragem de 20.000 exemplares auditada pela Fundação Vanzolini, cujo atestado de tiragem está à disposição dos interessados. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias, sujeitando os infratores às penalidades legais. As matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião da revista Direcional Condomínios. A revista Direcional Condomínios não se responsabiliza pelos serviços e produtos oferecidos pelos anunciantes.
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Pedro Henrique Rodrigues Paiva
ASSINATURA ANUAL
Luís Guilherme
DIRIGIDA A
Douglas Barbosa da Silva
Juliana Jordão Grillo
(60.000 leitores em média)
R$ 180,00
Para anunciar, ligue:
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5573-8110 ou
(11)
Tiragem auditada por
98714-3110
EDITORIAL ANOS
Queridos(as) Síndicos(as), A Edição Especial, em Comemoração aos 25 anos do Grupo Direcional, foi elaborada com muito cuidado e carinho. Trouxemos muitos assuntos do seu interesse, por isso esta edição é praticamente um livro. Boa leitura e Gratidão pelo apoio e confiança ao nosso trabalho! Feliz 2022!
O INTERVALO de 25 anos parece relativamente longo na vida de uma pessoa, mas em termos históricos, representa um ‘pulo’. Por isso temos a sensação, neste ano de 2022, que o tempo literalmente voou desde que a Direcional Condomínios lançou ao mercado seu primeiro exemplar impresso, em 1997. Aconteceu muita coisa nesse ¼ de século - o mundo praticamente se transformou em termos de tecnologia, valores, relações econômicas e sociais - que parece termos viajado décadas! Vale a pena registrar aqui dois saltos disruptivos nesta relação entre o tempo e o tamanho das mudanças ocorridas: Em 1997 tivemos a primeira clonagem de um mamífero, a Ovelha Dolly, enquanto hoje estamos superando uma pandemia depois do desenvolvimento de vacinas em tempo recorde através da engenharia genética. Também em 1997 Steve Jobs reassumiu o comando da Apple, incrementando a portabilidade digital (computadores, tablets, celulares), com suas infindáveis funcionalidades, as quais se encontram absolutamente integradas ao nosso cotidiano, sem que consigamos nos imaginar sem esses aparatos. No Brasil, vivíamos uma fase de estabilidade econômica sob o Real e a normalização do processo político-institucional. E, do ponto de vista do segmento condominial, o cenário urbano brasileiro iniciava na época grande transformação, com a explosão de prédios comerciais e residenciais complexos e inovadores, o que semeou uma nova realidade. A Direcional Condomínios nasceu neste contexto histórico com dois propósitos, perseguidos até hoje; • Ajudar os síndicos a serem síndicos, pois não é tarefa fácil; • Ajudar as empresas, prestadoras de serviços, a se conectarem com estes síndicos, uma vez que eles são figuras blindadas. Não existe solução simples para problemas tão complexos, mas tínhamos clareza do nosso papel e apostamos em estratégias diferenciadas para consolidar a revista e a empresa: • Tiragem auditada e distribuição cuidadosa; • Rigor jornalístico no desenvolvimento das matérias,
ANOS com o qual conquistamos credibilidade. Esse é um objetivo trabalhado e preservado dia a dia; • Portal e Redes Sociais atualizados; • Comprometimento com os resultados. Nestes 25 anos, a Direcional Condomínios deixa lembranças marcantes: • Encontros de Síndicas, em Homenagem ao Dia Internacional da Mulher; • Feiras e Palestras voltadas aos síndicos, síndicas e expositores. O maior deles aconteceu em 2013 no Espaço de Convenções Frei Caneca, com 600 participantes, 48 expositores. • Não podemos esquecer também da celebração dos 15 anos da Direcional Condomínios, no Memorial da América Latina. E muito mais! Chegamos aos 25 anos com uma sensação de Responsabilidade Maior para seguir em frente. Por isso, queremos dizer uma palavra a: • Você, nosso anunciante, por ter confiado em nosso trabalho; • Você, nosso leitor, que nos inspira a buscar informações; • Você, nosso colunista, que através de seus artigos abrilhanta nossas páginas com seu conhecimento e experiência; • Você, nosso colaborador, que faz seu melhor. A Direcional Condomínios é equipe! • Você, nosso fornecedor, que se compromete com a entrega e qualidade dos serviços prestados. • A Deus, que nos concedeu saúde para chegarmos até aqui.
GRATIDÃO!
Sonia Inakake e Almir Candido de Almeida Direcional Condomínios | Janeiro 2022
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DEPOIMENTOS DE LEITORES ANOS
O QUE A DIRECIONAL MUDOU EM MINHA VIDA E NA DO MEU CONDOMÍNIO ELES TAMBÉM ESCOLHERAM A DIRECIONAL CONDOMÍNIOS! Por Guilherme Verli
UM DOS propósitos da Revista Direcional Condomínios é ajudar os síndicos serem síndicos. Mesmo quando es-
tão síndicos. Não há outra forma melhor para começar o ano ouvindo e lendo depoimentos inspiradores de quem escolheu a Direcional Condomínios para aprender e exercer este cargo que envolve tantas responsabilidades.
Com alegria, percebemos que estamos no caminho certo. Nesta edição especial, em que comemoramos 25 anos da publi-
cação, compartilhamos algumas mensagens. Confira a seguir!
“Graças ao trabalho profissional e incansável de vocês, este setor ganhou visibilidade, importância e reconhecimento.”
Há 9 anos a revista e o site me acompanham na vida profissional de síndico com muita informação atualizada, cases, depoimentos, anúncios, entrevistas, artigos e muito mais, além dos eventos, sempre bem organizados e didáticos. Eu aprendi muito com esse trabalho maravilhoso e pioneiro. Vocês foram um divisor de águas para o nosso mundo de gestores de condomínios, um setor que emprega muita gente, administra volume considerável de recursos e que até a chegada da Direcional não tinha nenhum interlocutor de expressão.
Cabe a mim, síndico, leitor, admirador e colunista da revista e do site prestar os meus mais
sinceros votos de gratidão pelos 25 anos e desejar muito sucesso para os próximos. Parabéns ao time da Direcional Condomínios pelo aniversário tão especial. Vocês merecem todos nossos aplausos!
WOLFRAM WERTHER Síndico Profissional e Consultor Condominial
“Percebo que, com o amparo da revista, consegui reduzir custos e gerar maior satisfação dos condôminos.”
Neste aniversário da Direcional, não poderia deixar de parabenizá-la pela altíssima
qualidade dos conteúdos, que me deixaram mais preparado para compreender quais as responsabilidades de um síndico, principalmente no que se refere às manutenções, planejamento de atividades e administração financeira. A troca de experiências proporcionada pelos relatos de outros síndicos ampliou meus conhecimentos e me tornou mais capacitado para lidar com as diversas situações dos condomínios. Além disso, a revista proporcionou o contato de profissionais qualificados para executar determinados serviços dentro dos condomínios, reduziu o tempo que eu gastava me preocupando com a excelência dos trabalhos realizados. Agradeço muito à Direcional por sua contribuição na área de sindicatura e por tornar
meu trabalho muito mais simples e prazeroso! SÉRGIO FERNANDES Síndico
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
DEPOIMENTOS DE LEITORES ANOS
“A Direcional me acolheu em 2001, quando estava assumindo o meu primeiro condomínio!”
Nesse período só me ofereceram coisas boas, como palestras, encontros, conteúdos e muitos contatos profissionais. Também me ajudou a lidar melhor com temas que eram desconhecidos por mim, a explorar as nuances da gestão. Graças a essa verdadeira parceria eu me desenvolvi profissionalmente na área de condomínios. Acabei me especializando e trocando informações, além de poder compartilhar conhecimento com as comunidades e outros profissionais da área. No dia a dia, no meu condomínio, foram muitas as melhorias que implementei graças a essa ótima publicação. Tenho muito carinho pela Direcional, principalmente por abrir muitas portas para mim. KELLY REMONTI Síndica
“A Direcional mudou minha vida!”
Sempre leio a revista, pois a vida de síndico é uma caixinha de surpresas e com a publicação encontramos matérias bem interessantes, que nos ajudam e quando precisamos de alguma indicação de fornecedor, é por aqui que encontramos os melhores. ANA JOSEFA Síndica
“Para minha equipe e para os zeladores sempre digo: Direcional Condomínios é o livro de cabeceira dos síndicos!”
Há 10 anos, a Direcional Condomínios promoveu um curso de Segurança, na
qual estive presente, e naquela ocasião conheci as dependências da Editora. A par-
tir daí fui em todos os eventos da revista, pois além dos temas relevantes, a revista contribuiu na minha formação como síndico profissional. Sou leitor assíduo da revista, o que me ajuda a ver o que meus colegas síndicos estão realizando, assim como poder compartilhar minha experiência, já que também fui entrevistado algumas vezes. É uma troca de experiência muito rica. Além do conteúdo, sempre encontro o que procuro, tornando o relacionamento com os fornecedores mais pessoal e confiável. Com o leque de anunciantes já realizei inúmeras obras nos condomínios que sou síndico profissional. Então, o que a Direcional mudou na minha vida? A Direcional me direcionou assim como me direciona até hoje! CRISTÓVÃO LUIS LOPES Síndico Profissional e Consultor Condominial
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
DEPOIMENTOS DE LEITORES ANOS
“Em virtude da confiabilidade que a revista possui entre os gestores, nos dá a tranquilidade necessária para contratar os serviços prestados pelos anunciantes”
A Revista Direcional tem matérias relevantes, sempre com a preocupação de orientar e elucidar as dúvidas
dos leitores, com o propósito de auxiliar os síndicos no árduo trabalho do dia a dia na administração condominial.
Deve-se ressaltar também que, em virtude da confiabilidade que a revista possui entre os gestores, nos dá a tranquilidade necessária para contratar os serviços prestados pelos anunciantes. Minhas congratulações pelos 25 anos de existência da publicação, que há mais de dez anos considero uma companheira ideal para a minha gestão, e desejo que continue por muitos anos com a seriedade, objetividade e eficácia que lhe são inerentes. Parabéns a toda a equipe Direcional! LURDES AFFONSO Síndica
“A Direcional muito me auxilia em minha atividade profissional”
Desde de 2011, quando passei a me interessar pelos assuntos do condomínio onde eu residia e ingressei no seu Conselho Fiscal, tornei-me leitor assíduo da Direcional Condomínios, cujas matérias constituem excelentes fontes de informação e orientação para síndicos, conselheiros, zeladores e gestores condominiais em geral. Transmitindo em suas matérias as orientações de diversos profissionais e, principalmente, as experiências e os ensinamentos de outros síndicos, a Direcional muito me auxilia em minha atividade profissional. LUIZ LEITÃO DA CUNHA Síndico
“Tive a oportunidade de participar de todos os eventos coordenados pela Revista Direcional”
Sou síndica do condomínio Helbor Spazio Club, localizado na Vila Mariana em São Paulo. Estou no meu quinto mandato e desde 2012 tenho contado com a ajuda da Revista
“Aprendi e quero continuar aprendendo com a Direcional Condomínios”
Tenho um carinho muito especial pela Direcional. Desde
sempre participo dos
Direcional Condomínios, pelas matérias
eventos promovidos
contatos com as empresas anunciantes. Tive a oportunidade de participar de todos
muito e em diversas
sempre interessantes e atualizadas, além dos
pela revista. Aprendi
os eventos coordenados pela Direcional, onde, além de assistir palestras e debates,
oportunidades fui en-
com o objetivo de solucionar as várias situações, algumas até bem complexas, que
tar minhas experiências do dia a dia como
pude conhecer outros síndicos. Nestes eventos nós, síndicos, trocamos ideias enfrentamos no dia a dia do condomínio.
Agradeço à Sônia por todas estas oportunidades e parabenizo a Revista Direcional Condomínios pelos 25 anos de sucesso! Muito obrigada por tudo! Muito sucesso sempre! REGINA NAGAMINE Síndica 12
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
trevistado e pude relasíndico. Isso me fez crescer, aprender e melhorar. Quero parabenizá-los pelos 25 anos e espero poder continuar contribuindo e participar de novos eventos. NILTON SAVIETO Síndico Profissional
TENDÊNCIAS - 25 ANOS, O QUE MUDOU? ANOS
TECNOLOGIA, AUTOMATIZAÇÃO, INOVAÇÃO, NOVAS SOLUÇÕES NOS CONDOMÍNIOS Por Eduardo Silva
AO LONGO DE
25
anos, tempo da revista Direcional Condomínios, muita coisa mudou.
Em termos de tecnologia, valores, relações econômicas e sociais, o mundo se transformou de tal forma que parece termos avançado muitas décadas! A sociedade vem se adaptando, as pessoas evoluíram, tudo se atualiza na velocidade da luz, e não é diferente no mercado de condomínios. Um dos objetivos de todo síndico é obter uma eficácia maior na sua gestão e redução de custos, tanto das taxas condominiais como em recursos naturais. A tendência de modernizar a infraestrutura é um caminho sem volta. Nesta reportagem selecionamos alguns itens em alta que os condomínios, se ainda não adotaram, é muito provável que implantarão nos próximos anos: 1)
Sistema de segurança:
Reconhecimento facial, o chamado
pode liberar a entrada de um visitante ou convidados para uma festa; 2) Vídeo porteiro eletrônico:
Aparelho que garante a comunicação e visualização entre visitante, entregadores de delivery, fornecedores, diretamente com o apartamento, sem a necessidade da intervenção do porteiro físico; 3) Portaria remota ou automatizada:
O mercado apresenta novas soluções de controle de acesso, substituindo cada vez mais a mão de obra física. O condomínio poderá ter uma empresa intermediando o controle de acesso ou o condômino mesmo poderá liberar a entrada. Cada condomínio tem suas peculiaridades e se tiver perfil para implantar a Portaria Virtual ou Automatizada o fará, pois representa uma economia substancial; 4) Automatização ou mecanização de portões:
Muitos condomínios já utilizam o sistema inteligente de abertura dos portões das garagens, por meio da instalação de uma tag – selo de identificação no veículo e uma antena instalada no portão. Com este sistema, os porteiros não serão enganados pelos carros clonados e nem pelo velho acenar de mãos; 5) Câmeras inteligentes:
Há muitos anos, os sistemas de segurança utilizam a câmera IP, pela
“face ID”.
sua alta resolução nas imagens e nos áudios, com acesso sem fio à inter-
soa mude com o passar do tempo,
de portaria virtual e funcionários para fazer as rondas;
Mesmo que o rosto de uma pes-
algumas características são mantidas. O Face ID, reconhece em segundos o usuário, liberando seu acesso nos condomínios. Além da segurança, o morador, visitante, funcionário, não terá o contato manual e se estiver com
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as mãos ocupadas, terá seu acesso liberado. Por QR Code, o morador
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
net. Há também a opção de câmeras remotas utilizadas pelas empresas
6) Energia solar e fotovoltaica:
Se o seu condomínio tem espaço para instalar as placas para captar os raios solares, gerando aquecimento de água ou eletricidade, o investimento retornará em pouco tempo. Há dois aspectos a destacar: economia na conta e a sustentabilidade. O planeta agradece;
TENDÊNCIAS - 25 ANOS, O QUE MUDOU? ANOS
caminhará neste sentido. No Brasil, a previsão é que em 10 anos, 5% dos 7) Sistema de captação de água
da chuva – água de reuso:
carros pequenos serão elétricos. Por isso, é importante os síndicos se anteciparem às demandas crescentes por carregamento veicular;
A consciência do uso racional da
água será permanente. Nos condomínios novos, as construtoras já entre-
11) Elevadores inteligentes:
Imagine um pavimento onde há dois elevadores. Mesmo que o usuário
gam o empreendimento com o sistema
chame ambos, somente um será acionado: o que estiver mais próximo
de captação da água da chuva, mas
ou o que estiver em melhores condições técnicas. Claro que isto evita o
todos os condomínios podem ter um
desperdício de energia e aumenta a vida útil dos equipamentos. Outra
olhar atento neste quesito. Que tal
solução moderna é o modo stand-by, onde após alguns minutos sem uso,
chamar um engenheiro e pensar num
o sistema desliga alguns itens como luz da cabina, indicadores de posição
projeto? Vamos captar água da chuva
dos pavimentos, etc. Outra novidade é o sistema de resgate. Se o elevador
e utilizá-la na rega dos jardins, limpeza
pára por motivo de falta de energia, automaticamente a cabina irá para
dos pisos de garagens, calçadas etc;
o andar mais próximo, liberando rapidamente os usuários, evitando um possível resgate por pessoas não habilitadas e uma estressante espera
8) Tratamento de água da pis-
até a chegada do técnico da empresa responsável pela manutenção. O
Há soluções novas no mercado
possibilitou a verticalização das cidades. De olho no elevador!
cina:
elevador é o meio de transporte mais seguro do mundo e foi ele quem
que reduzem o uso de cloro para manutenção da água da piscina. Com a aplicação de ozônio, a água fica
12) Medição individualizada do consumo de água, gás e energia: Condomínio que ainda possui a conta coletiva das concessionárias
cristalina, sem acréscimo de produtos
poderá investir no sistema de autogestão para a medição do consumo de
químicos, deixando-a mais saudável
cada apartamento, um projeto com retorno rápido e menos burocrático
aos banhistas;
do que o método da individualização tradicional ofertada pelas concessionárias. A autogestão, por meio de empresas credenciadas, trará um
9) Aquecimento de piscina:
Muitas piscinas são subutilizadas
retorno mais rápido para os moradores. Em tese, o condomínio vai investir somente nos medidores de consumo e na mão de obra para a instalação;
porque não há conforto térmico. Mas, há opção de sistema de climatização com bombas inteligentes denomina-
13) Recuperação de crédito:
Ainda polêmico, há empresas que resolvem o problema da inadim-
das trocadores de calor. Este sistema
plência nos condomínios, com retorno rápido. A solução da chamada
capta a temperatura ambiente e faz
“garantidora de crédito” é comprar a dívida do condomínio, pagar à vista
a compensação da temperatura da
e negociar diretamente com os proprietários das unidades devedoras;
água, deixando mais sustentável do que o consumo de gás encanado;
14) Política de reciclagem:
A coleta seletiva, apesar de não ser obrigatória nos condomínios resi10) Carregamento de carro
denciais é uma boa prática a ser aplicada e incentivada entre os morado-
Até meados de 2030 o Japão quer
plástico são alguns dos materiais mais reutilizados no mercado. Há várias
elétrico:
res, trazendo economia nos insumos e recursos. Óleo de cozinha, vidro e
eliminar a produção de carros movidos
ONGs que podem recolher o material no seu condomínio.
a combustível fóssil. O mundo inteiro
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
TENDÊNCIAS - 25 ANOS, O QUE MUDOU? ANOS
15) Aplicativos de apoio à gestão: A comunicação com os moradores
é primordial, por isso, existem vários aplicativos de apoio ao gerenciamento dos condomínios, oferecendo soluções às demandas de manutenção, chamados, serviços administrativos e financeiro. Tudo na palma da mão. Um serviço moderno e muito útil, indispen-
Freepik sitthiphong
sável nos dias atuais. 16) TV corporativa:
Há quase 10 anos, convivemos com as TVs corporativas dentro dos elevadores. No início somente em condomínios comerciais, mas atualmente estão também nos residenciais. A
carros, serviços de beleza, relaxamento e lazer. Sem contar com espaços
comunicação é rápida e fica mais pró-
coworking e muito mais. Talvez, este seja um dos legados da Pandemia:
xima dos moradores. A TV corporativa
modernização e facilidade na vida dos condôminos.
é uma ferramenta elegante e moderna. Gostou dessas novidades? Mas, atenção! Antes de fazer qualquer 17) Sensores de presença ou
adequação, investimento ou benfeitoria no condomínio é muito importante
Os sensores de presença são po-
ser respaldado por profissionais qualificados e consultores técnicos isentos.
movimento:
elaborar um estudo preliminar do projeto, fazer a pesquisa de mercado e
pulares nas garagens, halls e escadas.
Assim, o síndico terá muito mais êxito na assembleia.
As lâmpadas são acesas somente
É de suma importância também observar não somente as obrigações
quando se detecta o movimento de
legais do síndico, conforme estabelecidas no Código Civil, mas a legis-
pessoas e/ou animais. Eles se tor-
lação local e as normas técnicas, especialmente para a manutenção do
naram um item necessário, pois gera
AVCB, obedecer a rota de fuga, toda a sinalização interna e a realização
economia de energia. Outra tendência
de adequações importantes quanto à acessibilidade, que é obrigatória.
são as portas que abrem e fecham au-
Neste sentido vale observar o Guia do COE - Código de Obras e
tomaticamente, sem contato manual.
Edificações, elaborado pela Prefeitura de São Paulo, com base na Lei nº 16.642, de 9 de maio de 2017 e Decreto nº 57.776, de 7 de julho de
18) Serviços e comodidades
18
2017 que estabelece as diretrizes quanto aos padrões de apresentação
aos moradores:
dos projetos para a instrução dos pedidos relacionados à atividade edilícia.
Lockers inteligentes para fast food,
“Art. 1º Este decreto regulamenta os procedimentos administrativos
lavanderias e entregas de produtos de
e executivos e fixa as regras gerais e específicas a serem obedecidas no
pequeno e médio volume. Pet shop
projeto, licenciamento, execução, manutenção, utilização e fiscalização
móvel, feiras, mini mercado de autoa-
de obras, edificações, equipamentos, obras complementares, terraços e
tendimento, lavagem ecológica de
mobiliários, dentro dos limites dos imóveis em que se situam”.
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
SÍNDICO PROFISSIONAL & ORGÂNICO ANOS
O QUE ESPERAR DA SINDICATURA? Por Profa. Rosely Schwartz
MINHA HISTÓRIA
muito preconceito para serem respeitadas e valorizadas. Delas é exigido mais
no segmento condominial começou há
trabalho e qualidade que em relação aos homens.
27 anos, quando realizei uma pesquisa
Por ter exercido o cargo de síndica orgânica, em 1997, em um condo-
sobre os custos que compõem a quota
mínio com 120 unidades, pude constatar que para fazer uma gestão com
condominial, atendendo às demandas
qualidade e eficiência, é necessário dedicar tempo, buscar conhecimento,
de meus clientes, gestores de pequenas
ter uma administradora comprometida com a legislação e em contribuir
e médias empresas, que devido à infla-
para a execução do planejamento geral, além de uma equipe interna de
ção que chegava em média a 80% ao
colaboradores, motivados e integrados, para atender aos objetivos pré-de-
mês, não conseguiam ter uma previsão
terminados pelo síndico.
sobre o valor que seria cobrado da taxa
Devido à falta de tempo dos síndicos orgânicos para exercer a gestão
de rateio em seus escritórios, o que lhes
nesses moldes, ao crescimento das exigências legais, à complexidade dos
causava grande preocupação.
empreendimentos, como os condomínios-clubes, e ao aumento na demanda
Os resultados da pesquisa foram
dos moradores por maior eficiência, a procura pelos síndicos profissionais
publicados no caderno de imóveis
cresceu muito. E as expectativas dos moradores quando elegem um síndico
do jornal Folha de São Paulo, e pela
profissional são grandes. Acreditam que todos os problemas do condomí-
repercussão do assunto, observei
nio serão resolvidos e que haverá valorização patrimonial. Para que essas
como fazia falta ter um livro prático no
esperanças não sejam frustradas, é muito importante que o profissional
mercado sobre gestão condominial. Até
entregue serviço, mostre resultado. Que seja ético, íntegro, comprometido
então as obras traziam apenas aspectos
em cumprir com toda a legislação.
jurídicos. Para suprir essa lacuna, lancei
Atualmente, muitos síndicos orgânicos têm buscado capacitação para
em 1996 a primeira edição do meu
melhorar a gestão, dado que percebem que a atividade exige conhecimento.
livro “Revolucionando o Condomínio”
Querem ter independência da administradora na tomada de decisões, e
(hoje na 15ª edição). E, em 1999,
ainda, ter essa alternativa de carreira, principalmente quando estão próximos
lancei o Curso de Administração de
da aposentadoria.
Condomínios, para atender à demanda
No futuro, a atividade de síndico profissional será cada vez mais valori-
de capacitação.
zada, se os profissionais que praticam a sindicatura realmente entregarem
Os alunos eram, em sua maioria,
trabalho, buscarem constantemente a capacitação, forem dedicados, com-
síndicos moradores, senhores aposen-
prometidos, éticos e íntegros. Saber crescer, sem prejudicar os serviços pres-
tados, que buscavam conhecimento
tados. O retorno financeiro deve vir do reconhecimento do trabalho entregue.
para melhorar a gestão do condomínio, à frente da qual já estavam havia anos.
PROFª ROSELY SCHWARTZ
Tínhamos poucas mulheres e poucos mente diferente. Percebo muitas mulheres e jovens abraçando essa área, desenvolvendo a atividade com muita propriedade e buscando cada vez mais capacitação e aperfeiçoamento. As mulheres, em especial, enfrentam ainda
20
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Foto Richard A. Charles
jovens. Hoje o panorama é completa-
Administradora e contabilista, concebeu, coordena e ministra os cursos de Administração de Condomínios e Síndico Profissional da FECAP/SP (transmissão ao vivo) e do portal OCONDOMÍNIO.COM.BR (100% online). É autora do livro “Revolucionando o Condomínio” (Ed. Benvirá, 15ª edição). Mais informações: rosely@ocondominio.com.br.
GESTÃO DA INADIMPLÊNCIA ANOS
NOVO PERFIL DE COBRANÇA É UM DOS MARCOS DA EVOLUÇÃO DA GESTÃO CONDOMINIAL Por Cristiano De Souza Oliveira
OS 25 ANOS de história da
revista Direcional Condomínios foram acompanhados por inúmeras evoluções neste segmento, entre elas, na gestão da inadimplência. Da mera cobrança que era feita de forma amadora há ¼ de século, os débitos condominiais começaram a ser negociados de várias formas. O setor recebeu nestes 25 anos, além das alterações do Código Civil, a entrada em vigor do Código de Processo Civil (CPC) e várias leis esparsas que possibilitaram uma significativa redução nos índices de inadimplência condominial. Esta conquista decorre da vigência deste novo e dinâmico ordenamento legal, que em muito sedimentou procedimentos e garantiu a segurança jurídica das cobranças, bem como, ainda, da agilidade da informação, auxiliada pelas mídias sociais, o que levou cada condômino a entender sua importância na valorização patrimonial através do rateio das despesas. Negociações diretas com o síndico, possibilidades do uso de meios não
ao devedor o valor do rateio condominial, também facilitam hoje a recuperação e gestão da inadimplência, porém, sempre com certos cuidados para não se ultrapassarem os limites da legalidade e legitimidade. Infelizmente, em 25 anos, subterfúgios também chegaram ao setor como respostas para se garantir um combate à inadimplência, como o desconto por pontualidade, aceito em alguns estados, e o corte de consumíveis (água, por exemplo). Nesta gestão de inadimplência, não podemos esquecer ainda da evolução do Poder Judiciário em reconhecer, com seriedade, o instituto do condomínio edilício, alargando os processos de execução de rateios condominiais vencidos e não pagos para inclusão das vincendas, redução da prescrição para 5 anos, possibilidade de ingressar contra promitentes compradores, preferência de crédito frente às hipotecas. Tudo isso fez com que diminuisse a informalidade na gestão condominial e cada condomínio mantivesse seu cadastro atualizado e correto, evitando vícios e falhas. Atualmente a citação e intimação por e-mails foi reconhecida por lei, garantindo mais uma agilidade na gestão da inadimplência, mantendo a responsabilidade de cada condomínio, que, além de preservar um bom cadastro, deve treinar seus funcionários e colaboradores em face do recebimento de uma correspondência judicial ou mesmo perante um perito judicial ou oficial de Justiça. Esse período de 25 anos mostra que o setor condominial evoluiu e ainda tem muito a crescer, mas é certo que podemos adaptar para a gestão da inadimplência a máxima do pensador iluminista penal Cesare Beccaria: “Quanto mais rápida for a cobrança, tanto mais justa e útil será a mesma à coletividade”.
judicializados, tais como mediação e
CRISTIANO DE SOUZA OLIVEIRA
arbitragem, passando pela elevação da condição do crédito condominial a favoreceram uma rápida resposta na recomposição de valores não arrecadados pelo condomínio. Protestos, negativações e a chegada ao setor de garantidoras e instituições financeiras, com linhas próprias para cobrir débitos condominiais ou emprestar
22
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Foto Paulo Mujano
título executivo (dado pelo novo CPC),
Advogado e consultor jurídico condominial há mais de 25 anos, vice-presidente da Associação dos Advogados do Grande ABC e presidente da Comissão de Direito Condominial da 38ª Subseção da OAB-SP (Santo André/SP). É autor do livro "Sou Síndico, E agora? Reflexões sobre o Código Civil e a Vida Condominial em 11 lições" (Exclusiva Publicações, 2012). Mais informações: cdesouza@aasp.org.br; cdesouza@adv.oabsp.org.br.
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
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MUDANÇAS NA GESTÃO DA EQUIPE / TERCEIRIZAÇÃO ANOS
FUNCIONÁRIOS MOTIVADOS UM PATRIMÔNIO INESTIMÁVEL PARA O CONDOMÍNIO Por Oliveira Pereira da Costa Filho
A EQUIPE
de trabalho
engloba funcionários próprios, colaboradores terceirizados, prestadores de serviços e fornecedores em geral. Quando motivada, equivale a um verdadeiro “patrimônio imaterial” de valor muitas vezes inestimável, devido às dificuldades e investimentos de tempo e recursos necessários para a sua formação. Porém, é sabido que a gestão de pessoas é um dos maiores desafios para toda liderança. Busca-se a melhor relação entre um bom ambiente corporativo e os resultados. No segmento condominial a situação não é diferente, por envolver síndicos, gerentes, coordenadores e moradores, que simpatizam com determinados colaboradores, e, às vezes, colocam-se como protetores, dificultando propostas de substitui-
26
ções, tanto de funcionários, quanto
de de adequações e substituições na equipe que acabou de assumir.
de terceirizados, criando discórdia
Porém, apesar de evidentes deficiências na prestação de serviços por
entre os membros da equipe.
determinados colaboradores, a existência de uma espécie de blinda-
Deste modo, cabe ao síndico
gem causada por condôminos faz com que substituições importantes,
(normalmente recém-eleito/contra-
que deveriam ser rápidas e discretas, tornem-se verdadeiras disputas
tado) avaliar este “patrimônio imate-
internas, que chegam a colocar em risco tanto o projeto de gestão,
rial”, a fim de identificar a necessida-
quanto o cargo do síndico, não sendo raro, síndicos e gerentes prediais,
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
MUDANÇAS NA GESTÃO DA EQUIPE / TERCEIRIZAÇÃO ANOS
serem destituídos ou demitidos, em razão de dispensas efetuadas sem os cuidados e consultas necessárias. Por outro lado, também pode acontecer que síndicos recém-contratados/eleitos, sem qualquer critério ou análise da situação do condomínio, sem aprovação dos condôminos, mas visando contratar profissionais e empresas de sua confiança e alegando querer formar o seu “time”, simplesmente “desmontam” equipes inteiras, que muitas vezes contam com membros competentes e de confiança, que levaram anos para serem treinados. Para que o novo síndico seja respeitado e possa implantar o seu plano e ritmo de trabalho, é aconselhável formar uma comissão de condôminos e que todas as mudanças sejam feitas de acordo com procedimentos prévios definidos em assembleia. Após as entrevistas, avaliações, análise da equipe e aprovação em assembleia, é necessário a transparência na implantação do novo plano de gestão. O procedimento acima, visa, além da preservação da rotina, evitar resistências e ameaças às substituições de determinados funcionários e/ou colaboradores, possibilitar o acompanhamento pelos condôminos e reduzir eventuais abusos e excessos do novo gestor/sindico, que possam causar problemas no caixa ou prejuízos de outras ordens ao condomínio. Cumpre ressaltar a importância de avaliação de todos os que, de alguma forma, fazem parte do mecanismo que movimenta o condomínio, porém, mais em razão dos riscos econômicos, jurídicos e de andamento do trabalho, a substituição de empresas fornecedoras de mão de obra terceirizada, requer muita atenção, pois, além de envolver vários colaboradores “novos”, também envolve a transmissão de informações sensíveis e confidenciais dos condôminos/moradores que se encontra em poder do condomínio e também a própria rotina. Em razão disso, recomenda-se a criação de outros procedimentos e cuidados, tanto na avaliação da atual prestadora quanto de sua eventual substituta, notadamente na observância da prestação de serviços e cumprimento das obrigações ante a atual legislação trabalhista e fiscal, tanto na forma presencial, quanto virtual, tema este, que devido à sua importância, poderá ser abordado em outra oportunidade
Foto Arquivo Pessoal
OLIVEIRA PEREIRA DA COSTA FILHO
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Advogado especialista em Direito Empresarial, com atuação há mais de 15 anos no ramo do Direito Condominial, é sócio da Oliveira Costa & Silva Sociedade de Advogados. Mais informações: oliveira@oliveiracostaesilva.adv.br
MUDANÇAS NA GESTÃO DA EQUIPE / TERCEIRIZAÇÃO (LGPD) ANOS
TERCEIRIZAÇÃO & TENDÊNCIAS:
COMO IMPLANTAMOS A LGPD EM NOSSO CONDOMÍNIO Por Karina Pravatti
ADMINISTRADORA
por for-
Registrar as atividades identificadas no Mapeamento
e o fluxo dos dados coletados (Report of Processing Activities/
atuo hoje como gerente administrativa de um
ROPA). O registro pode ser feito através de planilha, de ma-
condomínio-clube com 400 apartamentos, loca-
neira a facilitar a visualização dos processos;
lizado em São Paulo. Desde a promulgação da
3.
Identificar o DPO (Data Protection Officer/DPO), que
Lei 13.709, de 14 de agosto de 2018, conhecida
representa a encarregada pela proteção dos dados, respon-
como Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD),
sável por um canal de mediação entre o Titular dos dados e
tivemos a preocupação de estudar e entender
a ANPD (Agência Nacional de Proteção de Dados). Para este
o alcance de nossas responsabilidades quanto
cargo não é recomendável que se nomeie um colaborador. No
aos dados que armazenamos e tratamos diaria-
caso do condomínio, a empresa que armazena e trata todos
mente. Isso, apesar de, na época, muitos pen-
os dados coletados dispõe de um DPO terceirizado;
sarem que a lei não atingiria os condomínios. No
4.
Desenvolver um Canal de Comunicação com os
entanto, diante do que apuramos, percebemos
Titulares dos dados, no qual devem ser informados os pro-
a necessidade de irmos nos preparando para o
cedimentos para atendimento ou negativas das demandas;
que seria exigido a partir da entrada em vigor da Lei, em agosto de 2021.
ETAPAS DE ADEQUAÇÃO
O procedimento de adequação à LGPD envolve diversas etapas e tarefas. Há medidas
5.
Solicitar às empresas terceiras que atualizem seus
contratos e a Política de Privacidade; 6.
Registrar os riscos e as medidas de segurança ado-
tadas para proteção, por meio da elaboração de um Plano de Resposta a Incidentes; 7.
Treinar os colaboradores sobre as suas responsabi-
prioritárias e complementares a serem tomadas.
lidades. Obter ainda um termo de sigilo e confidencialidade
As etapas podem ser divididas da seguinte
assinado por todos os funcionários; manter a guarda ade-
forma: Prioritárias, sendo estas os primeiros
quada de documentos; e, por fim, disponibilizar login e senha
passos; e complementares, as quais podem ser
individual para acesso desses colaboradores aos sistemas de
efetuadas num segundo momento.
cadastros do condomínio.
As medidas prioritárias são: 1. E l a b o r a r u m D i a g n ó s t i c o o u Mapeamento dos dados. Isso pode ser feito
30
2.
mação e no mercado condominial desde 2009,
ESCOPO DOS DADOS
Este é um processo que demanda tempo, acuidade e deve
através de questionário para identificar como
ser bem estruturado, conforme vem sendo orientado pela
eles são coletados, tratados e acessados, para
síndica Daniela Cristina de Almeida Godoy e discutido com
quais finalidades, o tempo de guarda e os res-
os integrantes do Corpo Diretivo. Devido ao grande fluxo de
ponsáveis por cada tratamento;
dados coletados e registrados no condomínio, a administra-
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
MUDANÇAS NA GESTÃO DA EQUIPE / TERCEIRIZAÇÃO (LGPD) ANOS
ção me subsidiou com um curso junto a uma insti-
devidamente cadastrado. A inserção em nosso sistema
tuição de ensino de ponta, para que eu obtivesse
da informação pode ser feita pelo próprio morador, que
conhecimento e ferramentas para acompanhar as
registra nome, dia e horário do acesso de prestadores
adequações necessárias e oferecer treinamento
de serviços, visitantes, personal trainer, dos convidados
operacional à nossa equipe. Possuímos um sistema
para as festas etc. O trabalho da portaria é o de confirmar
unificado que nos proporciona um maior controle,
essas informações e liberar a entrada.
sendo assim, nossa responsabilidade com relação aos dados é muito grande. Com base em nosso banco de dados, as porta-
MEDIDAS COMPLEMENTARES
Dentre as medidas complementares, iniciamos com
rias do condomínio registram uma circulação média
a política de boas práticas. Elaboramos um manual de
diária de mil pessoas, entre moradores, prestadores
adequação à LGPD, orientando boas práticas para prote-
de serviços eventuais e fixos, visitantes, além de
ção de dados dos proprietários/inquilinos, colaboradores,
600 veículos e 400 pets. Temos ainda o fluxo dos
prestadores de serviços e visitantes do condomínio. As
32 colaboradores, entre próprios e terceirizados,
regras serão em breve apresentadas para discussão e
os quais assinaram o Termo de Confidencialidade
deliberação de Assembleia Geral de condôminos, visando
e foram treinados.
à sua inclusão no Regulamento Interno do condomínio.
Os dados dos moradores são atualizados sem-
No momento, a Autoridade Nacional de Proteção
pre que necessário, em formulário próprio, com a
de Dados (ANPD/ https://www.gov.br/anpd) discute a
informação do sigilo e a autorização de inserção
aplicação da LGPD a pequenas e microempresas, em
dessas informações no sistema informatizado.
organizações sem fins lucrativos, como os condomínios,
Dispomos de um servidor interno para o armazena-
bem como a regulamentação das sanções. A expectativa
mento das informações, assim como também para
é que haja mais flexibilidade a esse grupo, como a dispen-
os dados sensíveis, no caso, as imagens das 200
sa da obrigatoriedade do DPO. Porém, neste caso, deverá
câmeras instaladas, fotos, biometrias e gravação de
haver um canal de comunicação de fácil acesso ao Titular
voz dos interfones. Os dados sensíveis não recebem
dos dados. As mudanças também deverão dispensar a
monitoramento frequente e são acessados apenas
obrigação de manutenção de registros minuciosos das
por pessoal autorizado e tão somente se houver
operações de tratamento de dados pessoais, constante
alguma ocorrência, o que já minimiza os riscos de
no Art. 37 da LGPD, que deverão ser substituídos por
haver vazamento de imagens e /ou dados.
um relatório simplificado quando exigido. Entretanto, as
Ninguém entra no condomínio se não estiver
mudanças não os eximirão das sanções legais.
Foto Rosali Figueiredo
KARINA PRAVATTI
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Gerente administrativa em um condomínio-clube na zona Norte de São Paulo. Graduada em Administração de Empresas, foi subsíndica e conselheira no conjunto residencial onde mora. Faz consultoria administrativa aos condomínios. Mais informações: karina.pravatti@hotmail.com.
MUDANÇAS NA GESTÃO DAS ÁREAS COMUNS (ACESSIBILIDADE) ANOS
ACESSIBILIDADE: ADAPTAÇÕES NECESSÁRIAS NAS ÁREAS COMUNS EM ATENDIMENTO ÀS NORMAS TÉCNICAS Por Leonardo Feltran Durigon
SUBSTITUINDO
a
menor chances de equívocos nas projeções.
versão publicada em 2015, a ABNT
A NBR 9050 referencia outras normas e decretos necessários para
NBR 9050 – Acessibilidade em
um edifício acessível, são estes:
edificações, mobiliário, espaços e
•
equipamentos urbanos - publicada
NBR 14718 e NBR 9077 – Corrimãos, guarda-corpos e saídas
de emergência
em agosto de 2020 trouxe benfeitorias nos empreendimentos para atender às necessidades especiais para idosos, pessoas com limitação
•
NBR 16537 – Piso Tátil para Acessibilidade
•
NBR 1343 – Sinalização de segurança
•
Decreto 9451/2018 – Acessibilidade relativas ao projeto e à
construção de edificação de uso privado multifamiliar
de mobilidade ou percepção.
•
Com a nova revisão, a norma
Decreto 9.296: 2018 – Regulamenta a Lei Brasileira de Inclusão
da Pessoa com Deficiência – Estatuto da Pessoa com Deficiência.
estabelece um detalhamento maior
Edifícios deverão ficar atentos às adequações necessárias.
dos parâmetros técnicos para proje-
Torna-se imprescindível a contratação de assessoria técnica espe-
ção, execução e adaptação voltada
cializada, de um Engenheiro ou Arquiteto, profissionais habilitados, para
diretamente à acessibilidade.
assessorarem os condomínios na regularização dessas normas técnicas.
A Lei Federal 10.741/2003,
Os edifícios novos já são entregues de acordo com a legislação,
Estatuto do Idoso, é citada na NBR
porém, os prédios já existentes deverão fazer essas adequações o
9050 e garante designação de 5%
quanto antes, sob pena de ações judiciais, pois os moradores com
das vagas de estacionamentos pú-
necessidades especiais e idosos com certeza vão requerer essas pro-
blicos e privados para idosos com
vidências dos síndicos.
melhor posicionamento para conforto
Fazer um check list dos laudos, certificações e a realização da vis-
e bem estar.
toria ou inspeção predial regularmente são ferramentas primordiais para
Na cidade de São Paulo, por
o controle e acompanhamento. Estar em situação regular, de acordo
exemplo, o desafio é maior, pois de
com as normas técnicas e a legislação, demonstra profissionalismo da
acordo com o COE (Código de Obras
gestão do síndico, bem como valoriza o empreendimento.
e Edificações), deve ser reservada no mínimo uma vaga para idosos, independentemente da quantidade de vagas da edificação.
nas questões de acessibilidade. Em relação a elaboração de projetos, a norma ficou mais ilustrada, trazendo mais exemplos. Consequentemente, os profissionais terão melhor apoio e
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Foto Arquivo Pessoal
Do ponto de vista dos usuários, a NBR 9050 auxilia de forma direta
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
LEONARDO FELTRAN DURIGON
Técnico em Segurança do Trabalho e Engenheiro Civil, com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho. Mais informações: leonardo@lfdengenharia.com.br
MUDANÇAS NA GESTÃO DAS ÁREAS COMUNS (INSPEÇÃO PREDIAL, LAUDOS) ANOS
INSPEÇÃO PREDIAL E LAUDOS: ITENS OBRIGATÓRIOS E NECESSÁRIOS PARA AVALIAÇÃO NOS EMPREENDIMENTOS Por Priscila Frizo Mendes
A INSPEÇÃO
Predial
é um procedimento técnico, eficaz e imprescindível para minimizar a ocorrência de acidentes nas edificações. Seus processos essenciais estão pautados na análise das condições técnicas, de uso, operação, manutenção e funcionalidade da edificação e de seus sistemas e subsistemas construtivos. De acordo com a norma NBR 16747, a inspeção predial “tem por objetivo constatar o estado de conservação e funcionamento da edificação, seus sistemas e subsistemas, de forma a permitir um acompanhamento sistêmico do comportamento em uso ao longo da vida útil, para que sejam mantidas as condições necessárias à segurança, habitabilidade e durabilidade da edificação”. Desde 21 de maio de 2020, está em vigor a Norma Técnica ABNT NBR 16747, intitulada “Inspeção P re d i a l – D i re t r i z e s , c o n c e i t o s , terminologia e procedimento”, que detalha como devem ser feitos os relatórios de inspeção predial, tendo em vista que estes devem ser obrigatoriamente realizados por profissionais habilitados e devidamente registrados no CREA - Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo ou CAU - Conselho de Arquitetura e Urbanismo.
36
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Entre as muitas responsabilidades dos síndicos, está a inspeção predial. Ela precisa ser feita com frequência, pois previne surpresas desagradáveis e auxilia na prevenção de problemas mais sérios para os condomínios. Vários aspectos devem ser analisados durante essa inspeção e o síndico deve estar bem preparado para as solicitações que podem ser feitas pelos órgãos responsáveis após essa vistoria. É importante ficar de olho no que diz a Lei da Inspeção Predial e quais as exigências do local onde está o seu condomínio, afinal, a legislação varia de acordo com cada estado ou município brasileiro. Ela diminui o risco de acidentes prediais e contribui para um melhor direcionamento dos investimentos nos condomínios e para as adequações do plano de manutenção. A inspeção predial se propõe a avaliar o desempenho da edifica-
MUDANÇAS NA GESTÃO DAS ÁREAS COMUNS (INSPEÇÃO PREDIAL, LAUDOS) ANOS
ção levando em conta a segurança (englobando tanto a segurança estrutural, contra incêndio e também os quesitos de segurança no uso e na operação), a habitabilidade (considerando os fatores de estanqueidade, saúde, qualidade do ar, higiene, funcionalidade e acessibilidade) e a sustentabilidade (relacionada principalmente à durabilidade e à manutenibilidade). A nova norma ABNT deixa claro que a inspeção predial é como um “exame clínico geral”, que avalia as condições globais da edificação, feito de forma sensorial pelo profissional capacitado, ou seja, usando seus sentidos de visão, tato, audição e assim por diante. Pode ser necessário, no entanto, realizar inspeções específicas e mais aprofundadas caso, nessa inspeção “geral”, sejam detectadas falhas ou anomalias que necessitem de investigação. O crescente avanço da tecnologia também é presente para a p a re l h o s e e q u i p a m e n t o s q u e se utilizam para uma boa vistoria técnica. Hoje contamos com os drones, que permitem a realização de inspeções técnicas no campo da engenharia civil. Na maioria das vezes a atuação do drone exerce atividade complementar para a elaboração de um
laudo de fachadas, que é um “braço” técnico para investigações que em situações normais não seriam inspecionadas. Como, por exemplo, identificar fissuras em beiral de janelas, falta de vedações nos caixilhos, telhas quebradas. Porém, existem casos em que os drones exercem atividade principal, como é o caso de um mapeamento de fachada realizado sem o teste de percussão. Atualmente também contamos com o auxílio de câmeras térmicas na identificação de umidades e infiltrações ocultas, que não podem ser perceptíveis através de revestimentos. Se os revestimentos não forem aplicados corretamente, poderá ocorrer falhas na aderência, sendo necessário ensaios específicos para produção de um laudo definitivo. É importante ressaltarmos que a inspeção predial é um diagnóstico das patologias visíveis e não visíveis do condomínio e não visa apenas a entrega de um laudo técnico, mas sim um laudo onde o síndico pode entender a saúde do seu condomínio, elaborando um plano de ações, medidas corretivas e manutenções preventivas.
Foto Arquivo Pessoal
PRISCILA FRIZO MENDES
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Engenheira Civil, pós graduada em Engenharia de Avaliações de Imóveis; membro ativo do Conselho de Engenharia do Estado de São Paulo (CREA-SP); membro ativo como Perito Judicial no Ministério Público no Estado de São Paulo; membro ativo como Assistente de Perito no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Possui experiência há mais de 20 anos na Engenharia, sendo 10 anos atuando com Laudos e Perícias. Mais informações: priscila.frizo@lionsengenharia.com.br
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
MUDANÇAS NA GESTÃO DAS ÁREAS PRIVATIVAS ANOS
REFORMAS NAS UNIDADES E PADRONIZAÇÃO DA FACHADA: SÍNDICOS PRECISAM FISCALIZAR PARA NÃO COMPROMETER A SEGURANÇA DA ESTRUTURA DO PRÉDIO
Por Reginaldo da Silva
NA ÁREA
condominial
esse tipo de problema, o síndico deve utilizar o serviço de um profissional
toda mudança de norma e sua im-
especializado para a sua fiscalização.
plementação leva tempo e se enfren-
O correto, para evitar possíveis danos na estrutura, é que a ART
ta resistência. Referente às NBR´s
ou RRT sejam apresentadas antes do início da obra. A mesma deve
16.280 e 16.259 não está sendo
ser detalhada, pois isso ajuda a identificar se existem alterações que
diferente, sendo que o primeiro
possam afetar a estrutura da edificação.
passo é divulgá-las através de canal
O envidraçamento da sacada e troca de esquadrias das janelas,
oficial, informando sobre as novas
normalmente provocam alteração da fachada, o que implica em mudan-
regras para reformas, deixando
ça no regulamento interno e necessita de aprovação em assembleia,
claro a obrigatoriedade do morador
envolvendo, neste caso, a NBR 16.259.
enviar comunicado ao síndico sobre
Se forem verificadas irregularidades, o síndico pode e deve enviar
a intenção de executar uma reforma
uma notificação ao morador, solicitando a paralisação da obra. Caso
ou manutenção em sua unidade, no
não seja possível fazer isso amigavelmente, pode-se determinar o
caso da NBR 16.280.
embargo no âmbito administrativo, conforme respaldo da convenção e
Nos casos em que a obra envolva
do regulamento interno, bem como comunicar a Prefeitura, ou ingres-
alteração estrutural ou intervenção
sar com uma ação na justiça. Outra alternativa é orientar a equipe de
com instrumentos de impacto, o sín-
serviços (portaria/gerência) a bloquear o acesso no condomínio dos
dico avalia o que a norma determina,
materiais ou funcionários da unidade com a obra irregular. Precisa ter
o plano de reforma, ART e demais
pulso para cumprir as normas, pois a segurança do coletivo está em
documentos. Esse seria o melhor dos
jogo e a responsabilidade civil e criminal é do síndico.
mundos se houvesse a colaboração e o entendimento dos moradores, que resistem em apresentar tais do-
REGINALDO DA SILVA
cumentos, alegando que a reforma é “básica” e que não se faz necessário dendo da reforma, existe risco de desabamento. Pode acontecer de o morador tentar “burlar o sistema”, realizando uma obra diferente do que foi aprovado no projeto. Para evitar
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Foto Arquivo Pessoal
toda essa burocracia. Mas, depen-
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Técnico em Administração de Empresas. Possui 19 anos de vivência como Síndico Profissional e experiência em avaliações de contratos. Atualmente é Presidente do Instituto ABRASCOND – Associação Brasileira de Síndicos de Condomínio. Mais informações: presidencia@abrascond.org
ASSEMBLEIA VIRTUAL: PRÓS E CONTRAS ANOS
ASSEMBLEIA VIRTUAL:
PRÓS & CONTRAS DELIBERAÇÕES EM AMBIENTE VIRTUAL: O FUTURO É HOJE Por Luiza Oliva
O TEMA
não é propria-
mente novo. Há pelo menos dez anos já se falava de assembleias virtuais, especialmente como solução para condomínios gigantes. Não existiam plataformas como Zoom, Google Meet ou Microsoft Teams, que permitem reuniões ao vivo e com interações dos não eram tão complexos em termos de proteção e segurança da informação. Mas já eram um embrião de uma tecnologia para o contato entre as pessoas”, acredita José Roberto Graiche Júnior, presidente da Associação das
Foto Rosali Figueiredo
participantes. “Os sistemas anteriores
Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC). De lá para cá, muita coisa mudou.
Síndica profissional Roseane Fernandes: “O síndico precisa ter certeza de que 100% da sua coletividade terá como participar”
A partir de março de 2020 a pandemia
42
do novo Coronavírus transformou para
como o Judiciário iria reagir a esse formato de reunião. O sistema precisava
sempre o mundo todo. O grande im-
ser capaz de provar a convocação de todos, a participação igualitária dos
pacto para síndicos e administradoras
condôminos e de registrar os votos. Mas acredito que o maior entrave era
de condomínios veio logo no início da
a mudança de cultura e de comportamento das pessoas, passando do
maior crise sanitária do Brasil. Afinal,
presencial para o ambiente totalmente tecnológico. Foi um aprendizado
março e abril são meses com grande
para todos”, sustenta Graiche. O dirigente reforça: “Não basta só dispor
número de assembleias ordinárias,
da ferramenta. Precisávamos aprender desde como habilitar o morador a
com aprovação de contas e eleições. E
participar de uma assembleia até como votar, o tempo de fala e de ouvir
como reunir os moradores no salão de
as pessoas.”
festas se os encontros estavam proi-
A Lei nº 14.010, de 10 de junho de 2020, trouxe certa tranquilidade aos
bidos por questões de saúde pública?
síndicos, ao instituir que as assembleias poderiam ocorrer virtualmente até
O presidente da AABIC lembra
30 de outubro daquele ano e prorrogando os mandatos de síndicos até
que empresas de software, que já
a mesma data. A síndica profissional Roseane Fernandes sentiu na pele
dispunham de alguns sistemas para
a impossibilidade de realizar assembleias presenciais especialmente em
assembleias virtuais, correram para
condomínios grandes. “Se tenho 180 unidades, eu devo prever espaço
criar versões mais avançadas dos
para 180 cadeiras com distanciamento social, o que é praticamente im-
produtos. “No início da pandemia
possível”, aponta, lembrando que optou em alguns casos por instalar nos
achávamos ainda temerário incentivar
condomínios estações com telão e computadores operados por técnicos,
a realização das assembleias virtuais,
para que os moradores sem acesso à internet pudessem acompanhar a
porque os sistemas disponíveis não
assembleia, interagir pelo chat e votar. “O síndico precisa ter certeza de
eram tão completos e não sabíamos
que 100% da sua coletividade terá como participar”, constata.
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
ASSEMBLEIA VIRTUAL: PRÓS E CONTRAS ANOS
ASSEMBLEIA VIRTUAL: A I M P O RT Â N C I A DA CONVOCAÇÃO E DA ATA Enquanto não houver uma lei para re-
ger as assembleias por meio eletrônico, o advogado e consultor jurídico condominial Cristiano De Souza Oliveira acredita que o condomínio edilício deverá utilizar o que já há no ordenamento jurídico em relação ao tema, caso alguma reunião virtual seja contestada. É o caso da regulamentação das assembleias por meio eletrônico para empresas e da lei que trata do condomínio em multipropriedade. É claro que é preciso observar se a Convenção do Foto Rosali Figueiredo
condomínio não proíbe expressamente as reuniões virtuais. Se proibir, é melhor esquecer os encontros on line. Além disso, as assembleias virtuais devem preservar sempre a solenidade, pontua Cristiano. Pode-se definir, por A síndica profissional Vanilda Carvalho considera as assembleias on line “mais produtivas e objetivas”
exemplo, na convocação, o tempo para falas e réplicas. Já a AABIC esclarece que a convocação deve conter todo o
A síndica profissional Vanilda Carvalho decidiu “segurar” em 2020
procedimento que o condômino deverá
a realização de assembleias nos condomínios onde é gestora. Em
seguir para participar do ato. “A ferramen-
novembro e dezembro daquele ano realizou poucas assembleias
ta ou aplicativo que será utilizado para a
presenciais. Mas, em 2021, com a piora novamente da pandemia,
realização das assembleias deve garantir
Vanilda não teve dúvidas: só até agosto, realizou onze assembleias
a todos os condôminos o direito e a opor-
ordinárias e mais três extraordinárias, a maioria pelo Zoom. Vanilda
tunidade de participar, de se manifestar e
atua em alguns condomínios com predomínio de moradores da ter-
de votar, sob pena de invalidação do ato”,
ceira idade, mas observa que mesmo a faixa etária entre 70 a mais de
esclarece a entidade.
80 anos tem se saído muito bem com as novas tecnologias. “Alguns
Quanto à Lei Geral de Proteção de
contam com ajuda dos filhos. Outros eu instruo pelo whatsapp. Em
Dados (LGPD), devem ser tomados alguns
algumas reuniões a administradora dispôs de um funcionário para
cuidados, como em relação à gravação
dar assistência aos moradores nos apartamentos. Houve paciência e
(que deverá ser comunicada e justifica-
compreensão de todos com os que apresentavam alguma dificulda-
da para fins de ata ou de contestação
de”, diz a síndica, que se tornou fã incondicional das assembleias on
judicial) e não exposição do endereço
line. “São mais produtivas e objetivas. Os moradores não fazem os
IP (de Internet Protocol) dos moradores.
tradicionais grupinhos com conversas paralelas que tiram a atenção
Por fim, o advogado Cristiano De Souza
nas reuniões presenciais. Acredito que é questão de tempo para que
destaca que a convocação e a ata bem
a lei regulamente as assembleias virtuais. Ela apenas irá atender o
redigidas são muito importantes também
que a sociedade está pedindo”, conclui a síndica.
na assembleia virtual.
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
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NOVOS RECURSOS DE GESTÃO E CONTROLE ANOS
TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO: AUDITORIA É FERRAMENTA QUE COMPLEMENTA A PRESTAÇÃO DE CONTAS Por Eduardo Silva
SAIBA A DIFERENÇA ENTRE OS MODELOS DE AUDITORIA E COMPLIANCE
JÁ
é de conhecimento o ar-
tigo 1.348 do Código Civil Brasileiro que dentre as atribuições do síndico, compete: “VI - elaborar o orçamento da receita e da despesa relativa a cada ano; VIII - prestar contas à assembleia, anualmente e quando exigidas;” e é justamente cumprindo a legislação, neste quesito de prestação de contas que entram os controles internos (compliance) e externo (auditoria), ferramentas de gestão que trazem segurança aos condomínios. Mas, é importante entender o conceito de cada uma. O que é compliance em condomínios? Quais os modelos de auditoria? Quais as diferenças? Em que momento contratar? O perito em auditoria condominial, João Vieira Filho, 67, Contador, Administrador de Empresas, graduado em Direito e pós graduado em Inteligência Estratégica, trabalha há 6 anos com processo de auditoria condominial e esclarece as diferenças de cada modelo disponível no mercado. “Já auditei mais de 100 condomínios, o processo se atualiza e aperfeiçoa a cada ano, mas há diferenças entre os modelos existentes. O com-
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
pliance é um controle interno dos processos, já a auditoria é criteriosa, é uma avaliação externa que certifica que as contas e as obrigações legais do condomínio estão regulares, em consonância com a legislação federal, estadual e municipal, bem como o cumprimento das decisões assembleares”, explica João. A auditoria tem uma natureza multidisciplinar, é uma ferramenta que passa por todos os setores: financeiro (conferência da receita x despesa), todos os procedimentos envolvidos, verifica se está respeitando a previsão orçamentária, a conciliação bancária, se de fato a emissão dos boletos entrou na conta corrente, avalia a natureza das despesas, se está amparada, os contratos do condomínio, as notas fiscais recebidas e os recolhimentos legais, a folha de pagamento dos funcionários (orgânicos e terceirizados), análise previdenciária e trabalhista, dentre outros. E para entender com detalhes essas diferenças, conheça os modelos de auditoria disponíveis, que são: investigativa, de gestão e preventiva (mensal), além do conceito do compliance. Compliance: É um controle interno de gestão, um conjunto de políticas que validam se o condomínio está em conformidade com as normas internas, que no caso, são deliberações das assembleias. Normalmente é estabelecido um manual com as diretrizes dos fluxos e processos de trabalho, por exemplo, alçadas financeiras, como fazer aquisições, cotações de compras. Auditoria de gestão: Audita o período anterior que será apresentado na AGO – Assembleia Geral Ordinária, normalmente contratada pelo síndico que quer certificar as contas, passar segurança que o seu trabalho foi cumprido corretamente. Auditoria mensal: Também conhecida como preventiva, é um zelo muito positivo da gestão que busca identificar o problema agora, analisar com critérios e vai corrigindo os processos, mitigando os erros. Essa auditoria é realizada assim que a pasta de prestação de contas do mês é fechada. Auditoria investigativa: Vai auditar as contas do passado, avaliar a
NOVOS RECURSOS DE GESTÃO E CONTROLE ANOS
"Auditoria mostra se o condomínio está cumprindo com as suas obrigações. A gestão com transparência, traz segurança para o síndico e moradores, avalia as normas, as obrigações legais, o caixa, e todas as conciliações, cruzando com a assembleia. Dá mais garantia para a gestão"
gestão anterior para identificar se
vínculo ou interesse com as partes envolvidas. O ideal é que o condomínio
houveram erros, fraudes, despesas
faça uma comissão de moradores para a escolha do auditor, que precisa
sem aprovação da assembleia, etc.
ter autonomia e isenção.
Sempre apontará para prejuízos finan-
A auditoria não zera riscos, mas os diminuem, deixando uma gestão
ceiros, sendo que em alguns casos,
tranquila. O profissional precisa ter experiência com as contas de condo-
se constatado o desvio de dinheiro e
mínios, conhecer muito bem os processos de gestão, estar antenado às
apropriação indébita, resultará em pro-
mudanças de mercado, de legislação, se atualizar constantemente para
cesso judicial, que implicará o síndico.
avaliar a pasta de prestação de contas e os subsistemas de forma eficiente.
Se, por um lado, auditorias de ges-
“Independentemente de tudo, nunca será 100%. O processo de auditoria
tão preventiva regularizam processos
vai criar filtros para os próximos períodos. No final, todas essas ferramentas
de trabalho, corrigindo e evitando erros
se integram, uma auxilia a outra”, aponta Vieira.
e trazendo transparência ao síndico,
A auditoria condominial não pode ser confundida com auditoria contá-
por outro lado, a auditoria investigativa
bil. João defende que para ser auditor de condomínio, precisa entender
gera incômodo, pois ela expõe os pro-
dos processos internos exclusivos do segmento condominial. “Segundo o
blemas da má gestão. “Na investigativa
Conselho Federal de Contabilidade, condomínio não possui contabilidade.
normalmente identificamos aquisições
Dessa forma não existem normas contábeis específicas para condomínios.
sem nota fiscal, caracterizando so-
Logo, se não tem norma contábil, também não existe auditoria contábil
negação de impostos, que é crime.
neste segmento”, alerta.
Verificamos riscos e danos ao condo-
Agora que você já conhece a diferença de cada modelo de auditoria
mínio e até a contratação da mão de
e o conceito de compliance, adote boas práticas em sua gestão. Síndico
obra de prestação de serviços sem
auditado transmite segurança e valoriza o seu trabalho.
a documentação formal necessária. Se o funcionário sofrer um acidente do trabalho, o condomínio terá um
É T I C A AC I M A D E TUDO A auditoria tem sua essência pro-
fissional, e para cumprir com eficiência o seu papel, precisa ser contratada de forma independente, sem qualquer
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Foto Arquivo Pessoal
problema grave,” avalia Vieira.
João Vieira Filho se dedica há seis anos na auditoria condominial.
ANOS
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
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SEGURANÇA, PORTARIA VIRTUAL & MODELOS HIBRIDOS (EQUIPAMENTOS, SOLUÇÕES ETC.) ANOS
SEGURANÇA, PORTARIA VIRTUAL & MODELOS HÍBRIDOS MAIS PROTEÇÃO PARA OS CONDOMÍNIOS
TECNOLOGIA de iden-
tificação facial, portaria com videomonitoramento ininterrupto, portão de garagem ultra veloz, sensor infravermelho ‘invisível’ a olho nu, liberação de visitas por QR Code, clausura para dupla checagem digital no acesso: Esses
Síndico Pedro Nagahama: Portaria virtual requer integração
recursos são parte do rol de soluções
sistêmica entre equipamentos e dispositivos eletrônicos e os
que integram informatização, automa-
softwares de gestão e controle de segurança
tização e mudanças estruturais para deixar as edificações mais protegidas. Nesse cenário, destaca-se a portaria virtual, opção adotada especialmente para reduzir custos em condomínios, mas que contempla também o fator proteção. “Acredito até que a segurança seja o ganho maior”, avalia o profissional de T.I. (Tecnologia da Informação) Pedro Nagahama, síndico orgânico no Tatuapé, zona Leste de São Paulo, e membro do comitê de síndicos da Abese (Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança). A portaria virtual consiste em uma base de monitoramento e atendimento remoto, que funciona 24 horas. A modalidade requer portas e portões automatizados e o acesso de moradores ao condomínio é liberado por controle remoto, tag, “face ID” e
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Foto Rosali Figueiredo
Por Isabel Ribeiro
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
leitores biométricos. Para autorizar a entrada de visitantes e prestadores de serviço, o mais usual é recorrer ao interfone, que é atendido na central; o operador contata o condômino via interfone, telefone fixo ou celular, a depender de como a comunicação foi acordada. Todos os áudios e imagens são gravados, o que é superpositivo para Pedro. “Hoje, eu tenho informações de quem entrou e saiu, e de quem liberou. Se acontecer algo fora do normal, está tudo registrado”, diz. Desde que ajudou a implantar a portaria virtual no prédio de 22 unidades onde reside, o síndico recebe relatórios mensais dos acessos à edificação, e acompanha as câmeras pelo celular. Planeja até criar um aplicativo comunitário integrado à portaria para que os moradores também acompanhem a movimentação local e tenham acesso a uma função de pânico no smartphone. Pedro colaborou no desenvolvimento de uma cartilha com orientações sobre tecnologias e portaria remota. É o “Guia do Consumidor para Aquisição de Sistemas Eletrônicos de Segurança”, que pode ser baixado gratuitamente no site da Abese. Mas, ele já adianta que para aderir à nova portaria, o condomínio precisará se estruturar para fazer uma integração sistêmica entre equipamentos e dispositivos eletrônicos e os softwares de gestão e controle de segurança. Tudo terá de estar alinhado e receber atualizações constantes para não haver falhas e riscos.
SEGURANÇA, PORTARIA VIRTUAL & MODELOS HIBRIDOS (EQUIPAMENTOS, SOLUÇÕES ETC.) ANOS
MELHORA DA SEGURANÇA Quem também avaliza a portaria virtual no aspecto proteção é o síndico profissional Carlos Azevedo Fernandes. Junto com Alexandre Evangelista Silva, implantou o moRedondo, zona Sul de São Paulo, em um conjunto de cinco prédios, com 86 unidades. “Tivemos êxito sobre os três pilares, o financeiro, o operacional e o da segurança. Inclusive, segurança é o meu approach ao propor a portaria virtual aos condomínios”, observa Carlos Fernandes.
Foto Rosali Figueiredo
delo há mais de dois anos no Capão
Síndicos profissionais Carlos A. Fernandes e Alexandre E. Silva: Ganho de segurança na instalação de portaria virtual em prédio com 86 unidades
Em uma portaria física, o síndico observa que a atenção do colaborador tende a ser comprometida pelo acúmulo de funções ou por interrupções de moradores. E tem o sono, que pode chegar no silêncio da madrugada. “Na portaria remota, são vários operadores trabalhando, fica mais difícil dormir, e quando um deles não está num dia bom, o supervisor o substitui.” Ele destaca ainda que na versão virtual existem protocolos para o caso de invasão. “Na física, se o assaltante estiver armado, o porteiro fica sem ação”, compara.
No condomínio popular sob a sindicatura de Carlos Azevedo, ainda falta um ajuste que ele considera essencial no âmbito da segurança: o fechamento das entradas dos blocos. “Os moradores se acostumaram a deixá-las abertas, mas são pontos de vulnerabilidade”, observa. O síndico quer também instalar armários inteligentes, uma necessidade identificada na troca de portarias, e exponenciada pelo disparo de e-commerce na pandemia. “Servirá para as entregas feitas fora do expediente do zelador, ou quando o morador estiver ausente”, diz. “São armários semelhantes aos dos vestiários. A transportadora coloca a encomenda, um código é gerado e repassado ao morador, que a retira quando puder.” Outra meta de Carlos Fernandes, mais a longo prazo, é instalar biometria facial na eclusa de pedestre. “Essa tecnologia tem um nível elevado de assertividade e barateou muito.”
PORTARIA FÍSICA RESSIGNIFICADA A síndica profissional Rosana Nicchio, moradora e gestora de um condomínio com 24 apartamentos no Alto de Santana, zona Norte da Capital Paulista, aprova o reconhecimento facial, instalado no residencial desde o início de 2021. Em consonância com a leitura da impressão digital, o novo dispositivo promove dupla Foto Rosali Figueiredo
checagem da identidade. O morador identifica-se pela
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Síndica Rosana Nicchio: Upgrade no sistema de portaria remota com reconhecimento facial
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SEGURANÇA, PORTARIA VIRTUAL & MODELOS HIBRIDOS (EQUIPAMENTOS, SOLUÇÕES ETC.) ANOS
PORTARIA FÍSICA ALINHADA COM AVANÇO TECNOLÓGICO
imagem do rosto quando chega e pela digital no portão interno. “Ele quer sair
Morador e gestor de um condomínio-clube de três torres e 268 unida-
logo da rua, e o leitor facial é ótimo pela
des, em Santo Amaro, zona Sul de São Paulo, o síndico profissional Roger
agilidade que dá ao acesso”, avalia.
Prospero trabalhou para deixar mais robusto o sistema de segurança que
Desde 2016, o condomínio tem
foi entregue de forma precária pela construtora. Promoveu modificações
portaria virtual, mas antes Rosana pro-
estruturais e upgrade em equipamentos.
moveu grande reforma local, incluindo
Após concluída a primeira etapa da obra, no final de 2020, o condomínio
a criação da eclusa de pedestre. A
passou a contar, entre outros, com entrada separada para moradores e
guarita foi mantida, porém ressigni-
visitantes/prestadores de serviços. A guarita recebeu blindagem completa,
ficada como posto administrativo e
banheiro, bebedouro e ar-condicionado. Para a sala de monitoramento, foi
guarda-volumes. Nesse quesito, é
feita substituição, aquisição e manutenção de câmeras.
possível que a síndica se renda ao
Em seguida, passou a vigorar a autenticação por biometria facial para
apelo do armário inteligente, “que tem
acesso ao portão interno da garagem. “É um sistema bem aperfeiçoado.
até versão com refrigeração para a
Não é necessário ficar numa posição estática para fazer a leitura. E mesmo
mercadoria”. Mas por hora, avalia se
de máscara ou boné, a identificação é realizada”, comenta. Após implantar
existe mesmo necessidade do armário
o método, ele descobriu que existe uma opção que até identifica o morador
– e do gasto.
pelo vidro fechado de um carro blindado.
Ao migrar de portaria, a antiga
A tendência é se aproveitar da tecnologia, avalia Roger Prospero. Seu
central de interfones foi substituída por
próximo passo é tornar operacional o controle de acesso por QR Code no
uma moderna; a cerca elétrica do perí-
portão de visitantes. A medida traz conforto aos moradores, mas, princi-
metro, por uma barreira discreta, com
palmente, serve para desafogar a portaria. No entanto, esse sistema gera
sensor de luz infravermelha. Também
a necessidade de outro equipamento, como uma catraca.
foram adicionadas câmeras de se-
Para maior segurança, Roger salienta que o código de acesso deve
gurança de alta resolução em áreas
ser individualizado (mesmo que para um grupo familiar ou de amigos) e
externas. Na garagem, sem espaço
invalidado após a leitura. Já a catraca força a liberação de uma pessoa por
para eclusa, optou-se por readequar
vez. “É para não gerar o efeito carona, para impedir que alguém se coloque
a velocidade do portão, mas esse re-
entre os convidados de uma festa, por exemplo, e acesse o condomínio”,
cebeu há pouco tempo um upgrade na
arremata. (Com reportagem de Isabel Ribeiro)
segurança, por sugestão da empresa de portaria. “Os meliantes forçam a abertura das garagens com as mãos, então por precaução instalamos um sistema de trava de eletroímã”, conta. Outro reforço para acesso de veículos que tem despertado a atenção
Síndico
de Rosana, até por ser ideal para é um sistema similar a uma cortina de cordoalha de aço, com abertura de apenas meio segundo. “É o meu desejo ter um, o custo é alto, mas em termos de segurança é muito válido.”
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profissional Foto Rosali Figueiredo
garagens sem espaço para clausura,
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Roger Prospero: Investimento tecnológico progressivo no controle de acesso
SEGURANÇA, PORTARIA VIRTUAL & MODELOS HIBRIDOS (EQUIPAMENTOS, SOLUÇÕES ETC.) ANOS
COMO ESCOLHER UMA PORTARIA REMOTA
Migrar de portaria física para virtual pede parcimônia na
escolha da empresa mais bem qualificada para essa função. O processo pode ser por meio de indicações, visitas a eventos do setor de segurança eletrônica e, também, pela internet – em sites de associações ou de publicações dirigidas à proteção patrimonial e à gerência condominial. Pedro Nagahama optou por buscar empresas chanceladas com um selo de qualidade. Dessa maneira conheceu a Abese. Prospectou onze portarias remotas e na segunda etapa reduziu para quatro. No entanto, aconselha prospectar no mínimo três concorrentes e no máximo cinco, isso já na fase inicial. “Um número muito grande de empresas pode ocasionar demora no processo de elaboração de propostas”, afirma o síndico. Uma dica extra para agilizar essa fase é definir junto aos conselheiros quais são as necessidades do condomínio e, assim, transmitir uma informação apurada e concisa às empresas para que estas possam desenvolver propostas objetivas. “Evita confusão e perda de tempo”, explica. Rosana Nicchio também pré-selecionou cinco empresas do segmento antes da implantação da portaria virtual onde reside. Depois foi com dois conselheiros visitar a primeira ranqueada e condomínios atendidos por ela. “É necessário conhecer clientes e o histórico da empresa”, orienta. Na passagem pelo QG da candidata, Rosana quis verificar, inclusive, como era a própria segurança do local, afinal, dali seria feita a vigilância de seu condomínio. Na ida aos clientes, a síndica teve sua experiência de usuária da portaria, acessando-a para ser recebida pelas síndicas, e observou o cuidado com as instalações de equipamentos. Segundo ela, uma empresa do setor não pode ser embrionária, precisa ter alguma vivência em segurança. E tem de apresentar retaguarda sólida para questões essenciais como redundância em internet e eletricidade, observando a existência de gerador, o que diminui a chance de oscilações e de interrupções no serviço. Um aspecto interessante levantado por Rosana é que a base de operações tenha um segundo endereço físico com back-up de todo sistema operacional. “Pode acontecer alguma emergência”, justifica.
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
A síndica colega Rosana pondera que mesmo com uma boa seleção, nenhuma portaria está livre de contratempos. É válido, portanto, questionar como as empresas prospectadas agiriam em certas situações, saber quais são os seus parceiros de serviço ou se dentro do grupo existem profissionais treinados para executar reparos e instalações que requeiram conhecimentos, como o de serralheria, por exemplo. “Se ocorrer um problema na parte técnica ou no motor do portão, o pessoal da portaria vem e resolve, seja qual for o dia. Mas e se quebrar um cabo de aço numa sexta-feira à noite?”, indaga Rosana. E completa: “Esse caso pede um serralheiro para resolver, então a contratada precisa ter um à sua disposição, 24 horas por dia. Do contrário, corre-se o risco de o prestador só vir na primeira hora da segunda-feira”. (Por Luiza Oliva/Com reportagem de Isabel Ribeiro)
SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA & AMBIENTAL ANOS
SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA & AMBIENTAL COMO FAZER O UPGRADE SUSTENTÁVEL DO CONDOMÍNIO Por Inês Pereira
NO SEGUNDO
semestre de 2021, o
fotovoltaica no Condomínio Bela Cintra, localizado na região
Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas
Central de São Paulo. “Começamos aos poucos, até tomar
(IPCC) apontou o dedo para o ser humano e, pela
todo o topo de ambas as torres do condomínio”, conta. Antes,
primeira vez, não apenas revelou, mas também
o consumo nas áreas comuns chegava a 22 mil kW. Com o
quantificou o tamanho da sua responsabilidade nos
funcionamento das placas, caiu para 7 mil kW.
impactos sobre a natureza. Desde a era pré-indus-
“Nesse momento, estamos viabilizando a primeira usina
trial, o planeta está esquentando e isso se reflete em
solar de São Paulo. Assinamos os contratos e, em breve,
catástrofes e desastres naturais no mundo.
teremos energia para atender nossos condomínios naquilo
No Brasil, mesmo com as crises energética e
que eles não conseguem gerar. Para dar um exemplo, se
hídrica batendo à porta, a vida segue com desper-
o prédio gerar 70% da energia fotovoltaica, os outros 30%
dício. No caso do condomínio, todo síndico sabe o
serão fornecidos pela nossa usina”, explica.
quanto o ônus dos gastos com água e energia recai
OUTRAS FORMAS DE ECONOMIZAR ENERGIA
sobre a taxa de rateio das despesas. Mas existem muitas formas de seguir a cartilha do consumo consciente: das atitudes mais simples, como evitar
O engenheiro eletricista Edson Martinho, diretor-executivo
desperdícios por meio de campanhas de conscien-
da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos
tização, buscar vazamentos de água e substituir
da Eletricidade (Abracopel) destaca dois caminhos principais
lâmpadas comuns por LED; às mais complexas, que
para economizar energia. O primeiro se refere à redução de
envolvem obras e recursos maiores. Entender o que
potência, usando equipamentos mais eficientes, eliminando
é viável para cada condomínio é o primeiro passo.
fugas de corrente por más isolações ou condutores mal
ENERGIA FOTOVOLTAICA
dimensionados que aquecem e desperdiçam energia. “Com as ações de revisão da instalação, adequação da instalação às normas, aquisição e/ou troca por equipamentos mais eficientes, o condomínio pode economizar até 10% na conta”, afirma. A redução do consumo é o outro caminho apontado por Martinho, através de banhos mais curtos e instalação de
Foto Rosali Figueiredo
temporizadores para a iluminação.
Placas do sistema fotovoltaico instalado pelo síndico Paulo Henrique de Moraes
O síndico profissional Paulo Henrique de Moraes tem colhido resultados significativos desde que, em 2014, começou a implantar o sistema de energia
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Foto Rosali Figueiredo
CONSUMO RESPONSÁVEL DE ÁGUA
Síndico Sergio Fernandes
SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA & AMBIENTAL ANOS
O síndico profissional Sergio Fernandes precisou inter-
“Os condomínios antigos precisam absor-
romper temporariamente o rateio extra da individualização da
ver a ideia de que a individualização exige um
água no condomínio onde mora e que administra. O objetivo
projeto de engenharia, em primeiro lugar. É
é instalar a medição individual do consumo nas unidades
preciso saber qual a melhor solução, de acor-
privativas, uma obra inicialmente orçada em R$ 2 mil por con-
do com a viabilidade técnica e o que o con-
dômino. Mas a pandemia do novo Coronavírus trouxe alguns
domínio está disposto a fazer”, recomenda.
desafios para seguir com a proposta e deu força àqueles que
O engenheiro destaca alguns pontos
são contrários à medida: “Os moradores que nunca ligaram
de atenção para a instalação de medidores
para manutenção da caixa acoplada do vaso sanitário, não
individualizados nas unidades:
colocaram redutor de consumo d’água, não instalaram re-
Escolher uma empresa que tenha
dutor nas torneiras e não têm uma rotina adequada de uso
um responsável técnico experiente, e que
da máquina de lavar, irão, após a individualização da leitura,
emita ART (Anotação de Responsabilidade
pagar uma conta maior, que certamente será maior do que
Técnica);
a taxa do condomínio”, estima.
•
Buscar informações sobre a quali-
Mas ele pretende retomar o projeto de individualização,
dade do sistema de medição, a idoneidade
que prevê a leitura por telemetria de cada uma das três
da empresa, a qualidade dos materiais em-
prumadas internas aos apartamentos. “Então, a empresa
pregados e da mão de obra;
contratada consolidará as informações para montar o relatório e mandar para a administradora. E, então, a cobrança será embutida nas contas individualizadas”, explica.
MEDIÇÃO INDIVIDUALIZADA EM IMÓVEIS ANTIGOS Os condomínios novos já estão preparados para a insta-
lação dos equipamentos de leitura de cada unidade. Porém,
60
•
•
Observar se o hidrômetro está sendo
bem instalado; •
Observar se a instalação respeita as
normas e as boas práticas da engenharia, que incluem boa fixação, limpeza na execução e tempo de secagem de materiais como o PVC; •
Quando instalados em shafts, que
os mais antigos precisam de obras de adaptação, a exemplo
os hidrômetros não se sobreponham a ou-
da que serão contratadas pelo síndico Sérgio Fernandes para
tros sistemas, por exemplo, a uma válvula
o condomínio onde mora, que tem 17 anos.
redutora de pressão.
Para o engenheiro civil Renato Luiz Moreira, especialista
Em prédios antigos com múltiplas pru-
na área hidráulica, qualquer edificação pode hoje se conside-
madas, é importante respeitar a decisão
rar elegível a ter a medição individualizada, seja em sistema
dos condôminos por onde passar os ramais
autogestão (realizada por parceiros do condomínio) ou no mo-
de água, observa Luiz Renato Moreira. Não
delo da concessionária (que emite a conta diretamente para
se quebram paredes à revelia, nem mesmo
cada apartamento). Recentemente, inclusive, ele deu o aval
paredes inteiras. A nova tubulação precisa
à individualização em um edifício tombado pelo Condephaat
chegar somente até a derivação da prumada
(órgão estadual de defesa do patrimônio histórico), com 70
para o apartamento; em alguns casos, até
anos de idade.
o registro e nada mais do que isso, finaliza.
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
SOFTWARES, APPS DE MSN & REDES SOCIAIS ANOS
GESTÃO & COMUNICAÇÃO DIGITAL (SOFTWARES, APPS E REDES SOCIAIS) RECURSOS DIGITAIS AJUDAM, MAS PEDEM REGRAS, OBJETIVOS E MONITORAMENTO Por Fátima Lourenço
OS RECURSOS
de tecnologia
digital otimizam operações de toda ordem nos condomínios, com a vantagem de dar mais tempo ao gestor para planejar e encaminhar soluções. E não é diferente na comunicação, hoje agilizada principalmente pelas redes sociais e aplicativos de troca de mensagens instantâneas depende de regras, objetivos e monitoramento para evitar conflitos. Além disso, há questões legais a serem observadas, aponta o advogado Alfredo Pasanisi, especializado em direito condominial. Entre elas, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD / Lei 13.709/2018) e a chamada “Lei do Stalking” (Lei 14.132/2021).
CRIME DE PERSEGUIÇÃO A “Lei do Stalking” transformou em crime a perseguição, antes tratada como contravenção penal, sujeito à reclusão de seis meses a dois anos, além de multa e penas mais rígidas se ele for cometido contra crianças, adolescentes, idosos ou mulher, explica Pasanisi. O dispositivo inclui a perseguição feita por qualquer meio, “não está limitada ao ambiente digital”, acrescenta. O “stalking” se caracteriza por ser reiterado, a tal ponto que a vítima se sinta constrangida, ameaçada física ou psicologicamente; e/ou com restrição da capacidade de locomoção, da liberdade ou privacidade. É diferente, compara, do direito de expressão, de manifestar uma opinião contrária, ou insistir com perguntas quando a dúvida permanece. Também é diferente de um xingamento pontual ou feito diante do grupo de WhatsApp, mas
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Foto Rosali Figueiredo
via celular. O êxito das iniciativas, no entanto,
Síndico Roberto Cardinalli
ainda assim, alerta, esses casos podem ser considerados crimes de injúria e difamação, respectivamente. Segundo Pasanisi, o bom senso deve predominar no uso desses canais. O especialista sugere a adoção de regras para grupos de trocas de mensagens criados pelos condomínios, com previsão de punições quando o combinado for descumprido. Aos síndicos ele alerta já existir precedente de condenação de administrador de grupo do WhatsApp, por danos morais, caso em que a vítima processou a pessoa que a ofendeu e, também, o administrador. Se a situação envolve o síndico como vítima, normalmente a decisão de buscar a Justiça é dele, como pessoa física.
FOCO NAS PAUTAS
No Condomínio Central da Barra Arte, na Barra Funda, zona Oeste de São Paulo, assuntos como política, religião e futebol são proibidos no grupo de mensagens dos moradores. Se a postagem indevida não for apagada, em última instância pode ocorrer a expulsão, com retorno depois de três dias. “Não há conflito, a gente sempre consegue amenizar, as pessoas se ajudam, emprestam
SOFTWARES, APPS DE MSN & REDES SOCIAIS ANOS
carro, trocam dicas de profissionais”,
instantânea, observa a síndica profissional Kelly Remonti. No Condomínio
comenta o síndico Roberto Cardinalli.
Top Village, em Alphaville, na Região Metropolitana de São Paulo, onde
Segundo ele, a interação tem con-
ela mora e atua há dez anos na sindicatura, a comunicação é uma das
tribuído bastante para o sucesso das
prioridades da gestão, visando a reduzir conflitos, mais comuns, segundo
iniciativas de caráter socioambiental e
ela, quando as pessoas não se conhecem. Atualmente, um dos canais mais
de sustentabilidade adotadas no con-
ativos é o grupo do WhatsApp. Mas o espaço exigiu ajustes. No começo,
domínio de duas torres e 300 aparta-
“as pessoas chegavam a postar 30 mensagens de bom dia”, exemplifica.
mentos. E melhorou com a criação de
O consenso foi adotar regras semelhantes às que já orientavam a página
um canal exclusivo, com o mesmo apli-
do grupo do condomínio em uma rede social, com foco nos eventos e
cativo, apenas para divulgar assuntos
campanhas, além da troca de informações úteis, como fornecedores e
administrativos. As informações são
divulgação dos talentos do condomínio. São proibidos temas como política,
expostas ainda nos painéis multimídia
religião, manifestações discriminatórias ou pejorativas, propagandas, notí-
dos elevadores. Já as reclamações ou
cias sensacionalistas, correntes e mensagens de autoajuda. “Eu monitoro
dúvidas são encaminhadas através de
diariamente e hoje já não dá tanto trabalho”, afirma Kelly.
diferentes canais: via e-mail (recebido
A comunicação ganha contornos ainda mais complexos em um
por ele e os conselheiros); pelo livro da
condomínio-clube com onze torres, 920 apartamentos e cerca de 3.500
portaria; pelo inbox das redes sociais
moradores, como o administrado pela síndica profissional e moradora
e “pelo zap”.
Nilvea Alcalai, na zona Sul de São Paulo. Em 2021, a gestora trabalhou o
A parte do software de gestão é
aperfeiçoamento dos canais internos de comunicação com os moradores,
usada para questões administrati-
incluindo a atualização cadastral de todos. “Quando assumi tínhamos basi-
vas na relação do condômino com
camente o e-mail e o site da administradora. De digital, praticamente nada.”
o prédio e na parte de reservas de
Instalar painéis informativos eletrônicos nos elevadores foi uma das
espaços, como o salão de festas, fei-
primeiras medidas, sem custo para o condomínio, seguida de um apli-
tas diretamente no site. Feliz com os
cativo associado ao site da administradora. O morador baixa o app no
resultados, Cardinalli só ressalva que
celular ou computador para fazer reservas, como o horário na academia;
a intensa demanda afeta a privacidade
mandar e-mail para administradora ou síndica; acessar boletos; além de
do gestor. Por isso adotará um limite
informações sobre prestação de contas, atas e comunicados. Tudo tem
de horário para ser acionado e celular
sido adequado à LGPD, destaca Nilvea Alcalai, que formou um Comitê
exclusivo para atender às demandas
de Comunicação entre os moradores com vistas a aprimorar o portal do
do condomínio.
condomínio. “Tem que ser uma plataforma robusta, que comporte dez mil registros”, observa. A síndica destaca ainda o legado das assembleias
MONITORAMENTO
virtuais, que emergiu na pandemia do novo Coronavírus e ajudou a ampliar a participação das pessoas. Elas agora acontecem em formato híbrido
Síndica Kelly Remonti
Organizar uma estrutura de comunicação é trabalho árduo, até que todos os envolvidos absorvam as regras, especialmente na comunicação
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Foto Rosali Figueiredo
Foto Rosali Figueiredo
(presencial e remotamente).
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Síndica Nilvea Alcalai
FACHADA & RETROFIT ANOS
RETROFIT COMO ESTÁ A FACHADA DO SEU PRÉDIO? Por Guilherme Verli
A FACHADA
é o car-
básicas, mas que precisavam de intervenções para a sua preservação.
tão de visitas de um prédio e pode
Na Construção Civil, o termo Retrofit é frequentemente utilizado para
valorizar o patrimônio, dependendo
definir o processo de revitalização e modernização das fachadas de
das suas condições. O retrofit é um
edificações antigas ou em mau estado de conservação, que envolvem
recurso que ajuda a mantê-la em
uma série de ações com o objetivo de modernizar e adaptar as insta-
bom estado ou modernizá-la deve
lações, preservando, porém, em muitos casos, as suas características
estar sempre entre as prioridades
originais. Representa uma opção viável para a realização de mudanças
do síndico.
em imóveis, deixando-os atualizados e com ar de contemporaneidade,
Para falar sobre isso, entrevista-
sem perder a sua história.
mos Liliana Vieira Polido, Advogada e Diretora Operacional, com mais de 15 anos de experiência. Ela destacou sobre os deveres do síndico quanto
Direcional Condomínios: Quais os tipos de restauração de
fachadas são mais usados no mercado?
Liliana Vieira: Existem diversos tipos de retrofits em edifícios, tais
a manutenção da fachada, os vários
como atualização ou implementação de sistemas de segurança e de
processos e deu dicas de como ba-
telefonia, reformas de portarias e de hall de elevadores, implantação de
ratear os custos. Confira a entrevista:
sistemas de ar-condicionado, modernização do sistema de iluminação, mudança de layout nos andares, entre vários outros.
Direcional Condomínios: O
70
Especificamente em relação à fachada do edifício, a questão é ainda
que é Retrofit?
mais ampla pois retrofit de fachada é toda e qualquer modificação ou
Liliana Vieira: Retrofit é um
adição de sistema que vise a implantação de mudanças estéticas e/
termo com origem na língua inglesa
ou estruturais, substituição de materiais antigos por materiais tecnica-
que não possui tradução literal em
mente mais avançados, bem como identificar e inserir novas condições
português, mas que pode ser en-
ambientais visando o bem-estar aos moradores.
tendido com o significado amplo de
Dentre os tipos mais comuns destacamos: repintura da fachada,
“modernizar o antigo”. É uma prática
colocação de placas de ACM (do inglês Aluminium Composite Material),
que surgiu na Europa em função da
substituição de revestimentos antigos como pastilhas e cerâmicas já
existência de muitas construções
desgastadas, troca de vidros e de janelas velhas, adição de estruturas
históricas e antigas, que não podiam
metálicas, introdução de sistema de iluminação na fachada, substituição
ser derrubadas e nem passar por re-
de tinta por pastilhas ou cerâmicas modernas, substituição de tinta por
formas profundas em suas estruturas
aplicação de monocapa e até mesmo a introdução de jardins verticais
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
FACHADA & RETROFIT ANOS
em partes específicas da fachada.
reaplicação localizada do produto nas áreas comprometidas por conta de fissuras, trincas ou desplacamento.
Direcional Condomínios: A
manutenção de monocapa é a mais barata? Tem um bom custo-benefício?
Liliana Vieira: A monocapa, ou
Direcional Condomínios: Qual a durabilidade da manutenção
da Monocapa?
Liliana Vieira: Não há uma definição específica em relação à dura-
bilidade do próprio revestimento de monocapa.
capa única, é um tipo de argamassa
Os prazos de manutenção podem variar de acordo com a localização
de revestimento mineral para facha-
e a exposição das fachadas, além de vários outros fatores. Exemplos:
das e tem por finalidade a proteção e
1) proximidade com estradas e vias de muito movimento acumulam
a sua decoração, dando acabamento
mais poluição. 2) a periodicidade pode variar em áreas mais úmidas e
diferenciado com diversos tipos de
quentes, como em cidades litorâneas.
textura ou até mesmo lisa como uma pintura convencional. A monocapa, como produto final, é aplicada diretamente sobre a alve-
Por conta disso, as manutenções devem ser feitas de forma periódica, levando em consideração o prazo máximo de cinco anos, ou tempo menor dependendo do real estado de desgaste da fachada e acúmulo de sujidades.
naria, e, portanto, dispensa o método de multicamadas como o chapisco, emboço, reboco e revestimento final, reduzindo, assim, o tempo de
Direcional Condomínios: Quais formas de economizar na hora
de fazer a manutenção da fachada?
Liliana Vieira: A melhor forma de economizar na manutenção da
execução da obra e a quantidade de
fachada é executá-la assim que as patologias se tornem visíveis ou de
material utilizado. Também permite
forma periódica e preventiva, respeitando-se os manuais de manutenção
regularizar, dar estanqueidade e
entregues pelas construtoras.
acabamento à edificação.
O síndico deve definir o escopo de trabalho realmente necessário
Bem aplicada, defende-se que
para a edificação naquele momento, e após essa etapa, buscar a
a manutenção da monocapa é mais
empresa que tenha o melhor custo x benefício e que reúna o binômio:
simples em relação a outros sistemas
Qualidade e Credibilidade.
construtivos, pois requer apenas a
Um aspecto prático que pode gerar economia para o condomínio
lavagem da superfície com aplicação
é a compra de materiais direto da fábrica, bem como fazer a compra
de solução clorada a cada dois anos
dos insumos necessários em escala, pois assim pode-se negociar
e a aplicação de produto com as
melhores descontos.
características de repelir a água após a lavagem (hidrofugante) conforme periodicidade a ser avaliada pela localização do empreendimento, evi-
síndicos na hora de reformar a fachada?
Liliana Vieira: Pode-se considerar que um dos erros mais comuns
tando, assim, o acúmulo de sujeiras
dos síndicos é exatamente não realizar as manutenções periódicas, ou
em sua superfície.
de executar os reparos no menor tempo possível a partir da constatação
Por ser uma camada única, a
72
Direcional Condomínios: Quais os erros mais comuns dos
de patologias.
restauração da monocapa também é
Como eu mencionei anteriormente, mesmo havendo um prazo
mais simples, requerendo apenas a
legal de cinco anos para efetuar a manutenção, o síndico deve estar
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
FACHADA & RETROFIT ANOS
atento ao real estado da fachada e
intervenções que geram o resultado esperado.
efetuar as intervenções necessárias de imediato. Síndicos, se me permitem um conselho: Não deixem a fachada
Direcional Condomínios: Quais as etapas que devem ser se-
guidas para reformar a fachada?
Liliana Vieira: Em palavras simples, após identificar a real necessi-
chegar a um estado que seja difícil
dade de reformar a fachada de seu condomínio, o síndico deve seguir
ou quase impossível de retorná-la ao
as principais recomendações abaixo relacionadas:
seu estado original.
Constituir a Comissão de Reforma da Fachada ou Comitê de Pintura
Outro ponto importante é sempre
da Edificação, para definir em conjunto com os integrantes do grupo,
contratar empresas especializadas,
todo o passo a passo, que vai desde a definição do escopo do trabalho,
com credibilidade no mercado e com
elaboração do Memorial Descritivo dos Serviços a serem contratados,
excelência comprovada na execução
definição e preparação do Mapa de Cores, etc.
de seus serviços.
Realização de Assembleia Geral ou Ordinária para a aprovação dos serviços de manutenção predial, de acordo com as próprias regras do
Direcional Condomínios: Às
condomínio, e aprovação da verba a ser destinada para esse serviço,
vezes só uma limpeza com o
bem como a origem dos recursos necessários;
o ambiente ou é sempre bom dar
contratação de empresa especializada para executar o serviço.
cloro já é suficiente para mudar uma reforçada em outros pontos?
Liliana Vieira: Em se tratando
Após a aprovação em Assembleia, iniciar o processo de seleção e Muitos síndicos optam por contratar uma consultoria de engenharia, para capitanear todo o processo de identificação da melhor empresa
de fachada com revestimento em
e dos melhores processos para executar o projeto de restauração da
monocapa, a limpeza com cloro ou
fachada.
solução clorada, dependendo do es-
O trabalho consiste em solicitar toda a documentação de cons-
tado em que se encontrar, e posterior
tituição da empresa, regularidade de sua situação fisco-tributária e
hidrojateamento, já é uma ação que
trabalhista, referências comerciais e de outros serviços similares já
certamente vai gerar resultados bem
executados, constatação de inexistência de processos judiciais, visitas
satisfatórios.
a obras em execução ou já executadas, visitas às dependências da
Mas, além da limpeza com o cloro, é necessário também efetuar
empresa, acompanhamento técnico durante a execução de todas as etapas da obra etc.
a hidrofugação da fachada, ou seja,
Após vencidas essas etapas,
aplicar o produto específico para
define-se a melhor data de início
repelir a água e possibilitar a prote-
da manutenção da fachada e mãos
ção contra o acúmulo de sujeiras,
à obra.
manchas, fungos e bactérias. Nos demais tipos de substratos, como alvenaria, pastilhas, cerâmicas, texturas, tintas e outros, o importante é seguir todos os procedimentos recomendados para a manutenção de cada um deles, sem subtrair nenhum, pois é o conjunto de todos as
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Liliana Vieira se especializou em técnicas para a manutenção e pintura da fachada de prédios.
FACHADA & DIAGNÓSTICO - PROBLEMAS E SOLUÇÕES ANOS
FACHADA - DIAGNÓSTICO PROBLEMAS E SOLUÇÕES Por Eduardo Silva
A MANUTENÇÃO
Iara Bertolo, a engenheira perita
da fachada, normalmente realizada a
em inspeção predial
cada cinco anos, é pauta comum nos
lida com avarias
condomínios. Como fazê-la correta-
nas fachadas de
mente? Quais as obrigações legais e
condomínios em
normas técnicas deverão ser cumpri-
sua rotina.
das? Quais os prazos? Como evitar danos e prejuízos? Como equalizar os orçamentos? Por onde começar? Os síndicos necessitam de embasamento técnico para pautar o tema em assembleia geral, afinal, em matéria de custos e rateios, quanto mais esclarecimentos forem prestados, melhor será para convencer os moradores. Pensando em orientar os síndicos neste processo, Direcional Condomínios conversou com a
especialista em manutenção predial, Iara Bertolo, Engenheira Civil, pós
graduada em Gestão de Projetos e Engenharia de Avaliações e Perícias. Confira a reportagem na íntegra:
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Direcional Condomínios: Quando o condomínio deve investir
num plano de manutenção da fachada predial?
Bertolo: Ao ser implantado, o condomínio já deve pensar em ter
um plano de manutenção completo, e isso inclui a fachada. Esse tra-
balho deve ser desenvolvido por especialistas, observando e aplicando sempre a Norma Brasileira NBR 14.037 (Manual de Operação, Uso e Manutenção de Edificações). “Um laudo da fachada torna-se primordial para que o condomínio elabore um plano de manutenção correto, no qual deverá constar as ações imediatas a serem realizadas para garantir a impermeabilização e a segurança estrutural da edificação.” Direcional Condomínios: Quais são os cuidados necessários
e pontos a serem observados de acordo com as normas técnicas para a manutenção da fachada?
Bertolo: As vistorias periódicas e preventivas da fachada devem
contemplar e prever uma análise estrutural. Dentre elas estão a avaliação
FACHADA & DIAGNÓSTICO - PROBLEMAS E SOLUÇÕES ANOS
de rachaduras, fissuras, recalques, descolamentos cerâmicos, análise de infiltrações diversas e seus reflexos estruturais e visuais. Além disso, deve-se observar se há formação de colônias de fungos e bactérias, manchas na pintura, craquelação,
"Investimento obrigatório: Manutenção da fachada predial exige cautela
descascamentos, bolhas etc. As
Síndicos devem observar os critérios técnicos e a
principais normas a serem atendidas
periodicidade de realização de uma das obras que mais
são essas: •
ABNT
valorizam o condomínio"
NBR-13755:
Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas, com uso de argamassa colante; •
ABNT
NBR
10821:
Esquadrias externas para edificações; •
ABNT NBR 7199: Projeto,
execução e aplicações de vidros na construção civil; •
ABNT NBR 13245: Tintas
para construção civil – execução de pinturas em edificações não industriais – Preparação de superfície; •
ABNT NBR 15846: Rochas
para revestimento – projeto, execução e inspeção de revestimento de fachadas de edificações com placas fixadas por insertos metálicos. •
NR-18 e a NR-35: essas
normas do Ministério do Trabalho são obrigatórias para a execução de trabalhos em altura e segurança. Direcional Condomínios: De
quanto em quanto tempo é recomendável realizar essa manutenção?
Bertolo: A recomendação da
periodicidade da manutenção vai depender diretamente do tipo do revestimento adotado e da orientação da construtora, mas geralmente varia de três a cinco anos.
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Direcional Condomínios: Quais são os critérios utilizados para
se fazer o escopo da cotação, contratação e o acompanhamento da obra?
Bertolo: Para realizar o orçamento e escopo dos serviços da fa-
chada, devem ser sempre consultados os documentos técnicos do
condomínio (manual de uso e operação), laudo da fachada, caso já tenha sido realizado, e as manutenções/correções anotadas no plano de manutenção, se atentando sempre para que os materiais a serem utilizados estejam de acordo com os especificados. Ferramentas de apoio para a vistoria da fachada
A tecnologia é uma grande aliada para a otimização de processos
de perícia e avaliação da fachada predial. Hoje, a detecção de falhas fica mais prática com a utilização de drones e câmeras térmicas. A avaliação se torna mais ágil e acessível do que a contratação de uma empresa para montar um balancim (andaime suspenso) ou descer a estrutura do prédio com cadeirinha, que exige uma série de obrigações legais e custos. Os drones exercem atividades complementares, permitindo vistoriar locais inacessíveis ou de grande risco, ajudando a identificar, por exemplo, fissuras em beiral de janelas, falta de vedações nos caixilhos, telhas quebradas, dentre outras. A termografia é uma técnica de inspeção não destrutiva e não invasiva de sensoriamento remoto que possibilita a medição de temperatura e a formação de imagens térmicas de um componente, equipamento ou processo, que permite identificar uma infiltração ou bolhas nos revestimentos, que são comuns conforme o tempo da edificação ou da última manutenção realizada.
FACHADA & DIAGNÓSTICO - PROBLEMAS E SOLUÇÕES ANOS
Atenção aos prazos de garan-
Atenção ao respaldo legal para deliberação em assembleia
tia da construtora
geral
garantia da construtora, que geral-
1341 do Código Civil Brasileiro, necessitando da aprovação da forma
mente é em torno de cinco anos, o
de custeio em assembleia geral destinada para este fim, com quórum
síndico deve ficar atento nos proces-
simples, ou seja, maioria dos condôminos presentes e/ou com procu-
sos e prazos de manutenção indica-
ração. Normalmente essa votação é conduzida na Assembleia Geral
dos no manual. Para auxiliá-lo nesta
Ordinária, onde se discute o orçamento anual nos condomínios.
Para o condomínio não perder a
A reforma da fachada é uma obra necessária prevista no artigo
tarefa, é recomendável a contratação
E para trocar a cor da fachada, como proceder?
de uma empresa especializada em
Não é uma tarefa simples. O tema pode gerar um embate judicial
laudo de vistoria de fachada. Neste aspecto, o primeiro síndico
com os condôminos, já que está alterando o aspecto visual original do condomínio.
(o que recebe e implanta o condomí-
O mesmo artigo 1341 do Código Civil prevê como “obra voluptuária”
nio), tem um papel fundamental, já
a troca de cor da fachada, necessitando, portanto, da presença de 2/3
que ele assina o termo de entrega,
(dois terços) dos proprietários reunidos em assembleia pautada para
validando as áreas comuns de acor-
essa finalidade. A dificuldade de conseguir este quórum de pratica-
do com o memorial descritivo.
mente 67% dos proprietários presentes (e adimplentes) é um desafio e
Maria Claudia Buarraj El Khouri, Arquiteta e Gerente do Departamento
tanto, e o síndico precisa estar respaldado para não correr o risco de anulação da assembleia.
Técnico e Sustentabilidade de uma
Artigo 1.341 do Código Civil Brasileiro: “A realização de obras no
administradora de São Paulo, orienta
condomínio depende: I - se voluptuárias, de voto de dois terços dos
seus clientes a fazerem uma vistoria
condôminos; II - se úteis, de voto da maioria dos condôminos.”
predial anual e conta como este
Ainda é necessário observar também o que determina a convenção
documento auxilia no trabalho de
do condomínio, documento que esclarece os direitos, deveres e obriga-
manutenção preventiva dos prédios.
ções do condomínio e dos condôminos, em complemento da legislação.
“Por meio de um aplicativo, nosso vistoriador realiza um relatório fotográfico e faz a constatação da situação do prédio, com base num check list que avalia diversos pontos, bem como verifica a documentação legal e se as normas regulamentadoras estão em conformidade e atualizadas, atendendo os prazos legais,” explica.
82
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Maria Claudia Buarraj El Khouri elaborou um guia de vistoria predial para auxiliar na manutenção dos condomínios clientes.
RETROFIT NA ENTRADA DO CONDOMÍNIO ANOS
MODERNIZAÇÃO NA ENTRADA DO CONDOMÍNIO INVESTIMENTO QUE VALORIZA O PATRIMÔNIO Por Fátima Lourenço
O arquiteto Marcus Fotos Rosali Figueiredo
Vinícius Abrantes em frente ao prédio onde mora, na zona Sul de São Paulo, modernizado quando era síndico. Ao lado, os acessos anteriores
AS INTERVENÇÕES nas áreas de acesso, em
Vinicius Abrantes, que foi síndico no prédio onde mora, na zona Sul de
em alta, associadas a questões como
fachada é o mínimo que um condomínio pode fazer, porque é a cara
frente aos condomínios, se mantêm segurança, acessibilidade, novas tecnologias, valorização do patrimônio e mudanças de comportamento, como o crescimento exponencial das compras online durante a pandemia, que expôs a necessidade de espaços para acomodar encomendas. São intervenções que normalmente redundam em obras de fôlego, com portarias blindadas, novos gradis ou muros de vidro e até clausuras ampliadas, para separar o fluxo de pessoas das entregas do delivery ou esperar o veículo de aplicativo. São projetos que demandam especialistas, alerta o arquiteto Marcus
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
São Paulo. Muro de vidro transparente é tendência, mas requer cálculos que garantam a vida útil da estrutura por anos. A conservação da do prédio e a obra mais fácil de se aprovar, argumenta. “Mas quando se fala em segurança, aí já vai aparecer a guarita. Ela é a central de segurança de um condomínio com porteiro presencial. É o cérebro que comanda câmeras, clausura, portões, alarmes e acessos.” Marcus promoveu uma obra desse vulto no condomínio onde foi síndico, seguida da recuperação da fachada. “A intervenção na parte externa, no térreo, tem que contar com um olhar estético do conjunto”, destaca, por sua vez, a arquiteta Geórgia Ellen Zorzella Gadea, há 16 anos envolvida com projetos de reforma e retrofit. “Se vai mudar a guarita, a acessibilidade tem que estar inclusa, para atender à lei”, diz. “A obra deve preparar o condomínio para o uso atual, assim como projetar as mudanças para 10 ou 15 anos. É um grande esforço financeiro e físico, gera barulho, poeira, interfere no acesso, tem que ter vida útil longa.” Em contrapartida, pondera, se bem executadas, as obras valorizam os apartamentos de 15% a 20%, dependendo do perfil do imóvel.
RETROFIT NA ENTRADA DO CONDOMÍNIO ANOS
Fotos Rosali Figueiredo
PLANEJAMENTO & SEQUÊNCIA DE OBRAS
O síndico Rubino Muszkat na nova entrada do prédio e a rampa de acessibilidade
O Condomínio Edifício Dr. Rubens V. Brito e D. Elza S. Brito, com duas torres e 128 unidades, localizado em Perdizes, zona Oeste de São Paulo, promoveu o retrofit da entrada térrea em 2015 e, em 2021, completou os investimentos em sistemas de segurança, com troca dos portões das garagens, implantação de dispositivo de tag com sensor automático para acesso dos veículos, novas câmeras e displays de reconhecimento facial na portaria de pedestres. A portaria física da garagem foi eliminada, o que trouxe uma economia mensal de R$ 30 mil nas despesas ordinárias, afirma o síndico morador Rubino Muszkat. Administrador
88
facilitou a automação posterior da garagem, observa. Agora o condomínio realiza a modernização elétrica, considerada prioritária por um laudo de engenharia contratado pelo síndico para avaliar a parte estrutural das torres. Na sequência desta obra será retomado o cronograma de modernização estética, garante Rubino. Um dos projetos visa adequar um amplo salão nobre que liga ambas as torres para as atividades de home office dos moradores. O salão de festas já está modernizado. “Também fizemos a manutenção da fachada, com lavagem e rejunte de pastilhas, e a remodelação dos quatro elevadores, obra de R$ 750 mil”, acrescenta o síndico. Ele acredita que o conjunto das intervenções resultou na valorização dos apartamentos, que hoje alcançam, em média, 60% do valor de um imóvel novo na região, nos mesmos padrões. “O condomínio completa 50 anos em 2022, mas quem olha o prédio lhe dá 20”, arremata.
V I Z I N H O S N OVO S E BU S C A P O R QUALIDADE DE VIDA IMPULSIONAM OBRAS
de empresas aposentado, Rubino
Preservar o patrimônio frente à chegada de novos empreendimentos
está agora em sua sétima gestão,
no entorno é uma das motivações para os investimentos em obras de
iniciada em novembro de 2020. Ele
modernização ou retrofit nas edificações mais antigas. Além disso, a
era membro do conselho durante a
pandemia também aumentou a busca por intervenções associadas à
execução do retrofit, que envolveu a
qualidade de vida. “As pessoas ficam em casa, prestam mais atenção
construção de nova guarita (blinda-
no ambiente”, analisa a síndica profissional Larissa Macedo. Na mão
da); clausura, posicionada para per-
inversa, os custos das obras aumentaram e a questão econômica é o
mitir visão mais ampla de pedestres
maior empecilho.
e veículos; troca das grades de ferro
Recentemente, Larissa enfrentou outro desafio: Com as obras de
por muro de vidro; e, no espaço da
modernização do gradil, acessos e nova guarita já bem avançadas no
antiga portaria, construção de uma
Condomínio Sun Time, localizado na Vila Olímpia, na zona Sul de São
rampa de acessibilidade. O retrofit
Paulo, parte do trabalho foi comprometido depois da queda de uma
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
RETROFIT NA ENTRADA DO CONDOMÍNIO ANOS
A síndica Larissa Lacerda Macedo durante as obras
árvore de grande porte da calçada
de modernização
externa sobre o prédio. O incidente
da frente do prédio
ocorreu no final da tarde de 3 de
da zona Sul de São
outubro passado com danos consiestá praticamente concluída no edifício de 42 apartamentos, construído nos anos 90. Em outro condomínio, o Real Grandeza, localizado no bairro de Itaim Bibi, os proprietários decidiram, na mesma assembleia que elegeu Larissa como síndica, em fevereiro de 2021, aprovar um rateio para a execução de benfeitorias nos gradis, guarita, muros laterais e do fundo, fachada da torre, hall social, além da ampliação da academia e implantação de um espaço kids. Isso tudo porque o prédio, com 47 anos e 14 apartamentos, ganhou um vizinho novo. Mas o objetivo das obras, além da valorização, é aproveitar melhor o espaço comum, melhorar a qualidade de vida. “É um condomínio de alto padrão, um apartamento por andar”, pontua Larissa. As obras em condomínios se tornaram mais profissionalizadas a partir de 2014, com a exigência de um responsável técnico. “Criou-se um mercado, até então restrito aos prédios de alto padrão. Aliado a isso, o fortalecimento do mercado imobiliário determinou aumento do valor do metro quadrado dos apartamentos. Os antigos, para serem vendáveis, começaram a fazer algum tipo de investimento”, justifica o arquiteto Marcus Vinicius Abrantes. Segundo ele, o efeito das obras
90
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Paulo; ao lado, um
Foto Rosali Figueiredo
deráveis. Mas a obra foi retomada e
novo visual emerge com as obras na fase de conclusão
sobre a valorização dos imóveis dependerá da localização. Nas áreas mais procuradas, com ‘massa construída gigantesca’, sem terreno para novos empreendimentos, a procura por intervenções que mantenham a liquidez do imóvel é maior, analisa. “A primeira demanda, normalmente, é a academia, porque atrai gente mais nova, promove a troca de público, o metro quadrado valoriza e começam as demandas por outras obras.” Não é uma fórmula, ressalva o arquiteto. No entanto, a demanda por essas obras, nesse contexto, é mais intensa em bairros como Jardins, Itaim Bibi, Moema e Vila Nova Conceição. Também cresceu em Pinheiros, com a chegada da linha amarela do Metrô, Higienópolis e já começa a acontecer na Vila Mariana. No prédio onde mora, na Vila Nova Conceição, Marcus Vinicius estima que o valor do apartamento quase dobrou após as obras da nova portaria (blindada) e troca dos gradis, entre outros. Mas, não exclusivamente pelas intervenções. “Se fosse em Moema, compara, não daria o mesmo resultado.”
TENDÊNCIAS
As intervenções na fachada das torres e da frente das edificações sempre compuseram o maior percentual das obras em condomínios nos municípios da Grande São Paulo. Atualmente representam 80% delas, observa a arquiteta Geórgia Gadea. Inicialmente veio a renovação dos prédios dos anos 50, 60 e 70; depois os construídos nas décadas de 80 e 90; e atualmente, os dos anos 2000, que começam a ficar obsoletos. Evolução que também acompanha mudanças de costumes e crescente demanda por segurança, diz. Prédios antigos de Higienópolis, exemplifica, não tinham nem guarita, havia uma mesa bonita no hall, com interfone. “Na década de 80, o hall abriu espaço para guaritas minúsculas e veio o primeiro gradil; nos anos 90 e 2000 já colocavam a clausura, a segunda porta; agora, em
RETROFIT NA ENTRADA DO CONDOMÍNIO ANOS
2020, estamos falando de guaritas
e modus operandi. Os projetos têm que se adequar a isso”, arremata
blindadas. Há condomínios cujas
a arquiteta.
guaritas precisam de bancada para quatro monitores, para observar as câmeras de segurança”, compara Geórgia.
92
ESPAÇO ADAPTADO E LUMINOTÉCNICA
A design de interiores Mari Ester Golin também observa essas tendências nos projetos que concebe, bem como pela experiência de dez
As mudanças de costumes tam-
anos como síndica do condomínio onde mora na Vila Mariana, zona Sul
bém influenciam os investimentos.
de São Paulo. As intervenções na entrada, segundo ela, se tornaram
Ao longo da pandemia, algumas
mais intensas há cerca de dois anos.
tendências se consolidaram, como
Entre as principais demandas, Mari Ester elenca a reforma da fachada
a necessidade de soluções seguras
atrelada aos novos moldes de segurança para incrementar clausuras
para receber e armazenar as en-
de pedestres e, também, de veículos, com recursos de tecnologia,
tregas; ou de se adequar espaços
como reconhecimento facial por exemplo. “Clausura é uma demanda
da área comum para se tomar sol,
generalizada. A maior parte dos condomínios suporta. Já para a aces-
caminhar ou trabalhar ao ar livre. A
sibilidade, nem todos comportam uma rampa; às vezes tem que ser
pandemia também acentuou neces-
uma plataforma”, ressalva.
sidades de soluções que já eram
Na esteira dos novos empreendimentos, repletos de áreas sociais,
tendência, como a instalação de
condomínios consolidados e com vasto paisagismo aproveitam esses
clausuras separadas para pessoas
espaços, afirma a designer, para criar locais de convivência. Se o salão
e recebimento de delivery; instalação
de festas é a única área disponível, também é comum utilizá-lo para
de bancos para espera do veículo
instalar uma academia, outra tendência que ela corrobora, lembrando
de aplicativo ou condução escolar,
que a mudança de uso do espaço tem que ser aprovada pela maioria
entre outros.
absoluta dos condôminos em assembleia.
Ao mesmo tempo, prédios novos
Especialista em luminotécnica, Mari comenta que os recursos da
sinalizam para outros comportamen-
tecnologia LED podem ser grandes aliados. “É possível criar projetos
tos, como a portaria remota, que eli-
praticamente cenográficos”, com circuitos de iluminação adequados a
mina a guarita, mas exige tecnologia
momentos distintos. No prédio em que reside, onde mais de 50% dos
mais robusta no controle de acesso.
imóveis pertencem a proprietários investidores, a ‘cenografia’ criada no
Há os que adotam ainda uma terceira
hall de entrada é um chamariz para potenciais inquilinos, exemplifica.
barreira (na entrada do hall da torre
A adaptação de áreas para acomodar encomendas amplia a pauta
e/ou no acesso às piscinas e aca-
de demandas associadas à portaria, incluindo a ampliação das gua-
demias). “É preciso cuidado, porque
ritas e/ou instalação dos chamados armários inteligentes, em que o
a tecnologia muda rapidamente e a
entregador deixa a encomenda em um box exclusivo da unidade, sem
infraestrutura tem que ser duradoura,
interferência do porteiro. “Depende da estrutura do prédio. O que não
mesmo com essas mudanças. Cada
se pode fazer é chegar e derrubar tudo. O condomínio é um conjunto
condomínio é uma mini sociedade,
que foi idealizado e pode ser revitalizado sem perder a identidade”,
com seus proprietários, costumes
completa Mari Ester. (Por Fátima Lourenço)
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
ÁREAS COMUNS, RENOVAÇÃO E NOVOS USOS ANOS
SALÃO DE FESTAS, ESPAÇOS GOURMET, COWORKING ETC.
Por Eduardo Silva
É INEVITÁVEL
não
falar dos efeitos da pandemia na economia, que atingiu o plano de investimentos dos condomínios. Antes da pandemia, haviam projetos aprovados em assembleia e algumas obras estavam em andamento. Mas com a chegada do vírus no Brasil e o lockdown decretado em março de 2020, o mercado se fechou e os projetos e as obras foram congelados. O temor do mercado era a perda de renda, que poderia ter impacto também nas contas do condomínio, aumentando a inadimplência. Mas, com a renda familiar prejudicada, as pessoas ficaram mais controladas, e, para surpresa de todos, um ano pós início da pandemia, verificou-se uma queda significativa nos índices da inadimplência, um fator muito positivo. O Síndico Profissional Wolfram Werther, Administrador de Empresas, pós graduado em marketing, que atua há nove anos no mercado, atendendo hoje sete condomínios em diferentes formatos, relata como foi sua experiência neste contexto desafiador:
94
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Direcional Condomínios: Quais as mudanças e adaptações
foram necessárias nas áreas comuns para atender os condomínios desde o início da pandemia?
Werther: A principal mudança foi criar espaços de coworking nos
salões de festas, em horário comercial. Sendo inviável para o condo-
mínio proibir a execução de obras e reformas realizadas nas unidades vizinhas, que provocam barulho, disponibilizamos wifi gratuito para os moradores que desejavam um ambiente silencioso para o exercício da atividade profissional. “Na pandemia, com a reclusão social, a atividade de home office permanente fez com que os moradores começassem a ouvir coisas que antes não ouviam, ver coisas que antes não viam, se incomodar com coisas que antes não se incomodavam. Tudo virou motivo de re-
ÁREAS COMUNS, RENOVAÇÃO E NOVOS USOS ANOS
"Áreas comuns: Nova realidade pós pandemia altera o modo de convivência"
clamação, contudo, não podemos esquecer que condomínio residencial foi feito para morar, para lazer e para o descanso. Não foi projetado para trabalhar, nem para estudo virtual. O que a pandemia impôs só piorou as relações humanas. É preciso retomar o que era antes, o convívio social presencial e deixar que a administração se encarregue de cuidar do condomínio.” Direcional Condomínios:
96
Os síndicos deverão estabelecer as prioridades, avaliar o caixa
Quais as expectativas de inves-
do condomínio, os projetos parados, rever custos, despesas, or-
Werther: Estamos no “pós pan-
uma pesquisa de satisfação antes de ingressar numa empreitada
timentos daqui para frente?
çamentos e, claro, ouvir os moradores. Nada melhor do que fazer
demia ou novo normal”, onde os
em assembleia.
condomínios estão em um novo
Os ambientes precisam ser renovados para a normalização das
patamar. Se antes os projetos de
atividades. Primeiro precisa avaliar o estado de conservação das
melhorias foram congelados, agora
áreas comuns, tais como: quadras poliesportivas, academia, salão
o cenário mudou. Com a queda na
de festas e seu mobiliário, pisos, restauração e pintura da fachada,
inadimplência, o condomínio tem
piscina, churrasqueira, playgrounds e áreas de lazer em geral. Tudo
recursos, mas o custo das matérias
isso é muito bem-vindo, pois o efeito da novidade é agradável aos
primas subiu e o prazo de entrega
moradores.
aumentou. Então vejo que o mo-
E nada melhor do que buscar os serviços de um profissional
mento exige negociação. Pesquisa
habilitado para auxiliar neste processo de modernização, como um
de preços, produtos, equipamentos,
designer de interiores ou um arquiteto, para dar embasamento à
serviços e esperar a hora certa para
renovação que o síndico quer propor. Apresentar um projeto bem
fechar o negócio.
elaborado e completo, saltam aos olhos dos moradores.
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
SERVIÇOS DELIVERY, FEIRAS LIVRES E MINIMERCADOS ANOS
CONVENIÊNCIA & SERVIÇOS AOS MORADORES OS CONDOMÍNIOS NÃO PRECISAM MAIS SAIR DE CASA PARA "FAZER A FEIRA" Por Guilherme Verli
PARA MUITA
gente, ir
tração do condomínio. Ele pensa em toda a organização, para que os
à feira é sinônimo de aglomeração e
feirantes se preocuparem apenas em selecionar os melhores produtos
barulho, por isso preferem comprar
e acelerar as vendas aos moradores.
em ambientes mais organizados e limpos, como em hortifrutis e supermercados. Mas já tem muito condomínio por aí de olho nesse
Os feirantes compram no CEASA e vendem diretamente aos
cenário e correndo para garantir
condôminos, garantindo uma qualidade dos produtos similar àquela
essa comodidade.
encontrada em qualquer feira de rua.
Na prática funciona assim: uma
Aos interessados nesse serviço, foque na principal dica do Rafael: “No
vez por semana a feira, que geral-
mercado tem muito aventureiro, é bom ficar atento à idoneidade da em-
mente ocorre ao ar livre, na rua, é
presa que você vai contratar e buscar referências em outros condomínios”.
organizada dentro do condomínio com tudo que tem direito, como barracas de frutas, legumes e até pastel com caldo de cana! E ao invés
O U T RO S M O D E LO S PA R A F I C A R D E OLHO
Para completar o conforto e as comodidades dos usuários, algumas
de sair, os moradores só descem
redes estão implementando minimercados nas áreas comuns. “Toda
até o térreo.
a loja é baseada no conceito Honest Market, em que o morador é
Além de ser mais prático e segu-
quem toma conta da unidade para nós”, explica Hélio Freddi Filho,
ro, o serviço também oferece valor
diretor de expansão responsável pelo projeto de uma grande rede de
agregado à administração. “Tem
supermercados.
imobiliária que faz questão de falar
Segundo Hélio, a loja tem câmeras espalhadas que permitem o
sobre a feira ao apresentar o imóvel
acompanhamento remoto pela empresa, mas garante que até agora
porque é um diferencial que agrega
não houve grandes problemas. “Temos um atendente a cada três lojas
muito valor ao condomínio”, conta o
para fazer a reposição dos produtos e limpeza do ambiente”, completa.
empresário Rafael da Silva.
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“É direto do Ceasa para as feiras nos condomínios”
Esse tipo de serviço valoriza o imóvel, mas, para ser viável aos
Ao organizar a feira em condo-
minimercados, é necessário uma quantidade mínima de moradores.
mínio, Rafael cuida da estética, da
Explorar esse modelo de negócio é uma oportunidade para aumentar
iluminação, da limpeza geral e dos
a receita do condomínio com os aluguéis e outras taxas, além de
detalhes contratuais com a adminis-
acompanhar o acelerado ritmo de mudanças do mercado.
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
QUADRAS E PLAYGROUNDS ANOS
QUADRAS, PLAYGROUNDS E BRINQUEDOTECAS: DIVERSÃO PARA TODAS AS IDADES Por Guilherme Verli
AS ÁREAS de lazer sem-
pre foram um fator importante para as pessoas na hora de escolherem um condomínio. Mas, nos últimos anos, elas passaram a ser um fator determinante. Os moradores ainda s e p re oc u p a m c o m s e g u r a n ç a , infraestrutura e tamanho do apartamento, mas outras facilidades também vêm ganhando o coração dos condôminos. C a m i l a S i n g h o n , a rq u i t e t a e paisagista, acredita que isso vem impactando na disposição dos condomínios, de forma que as construtoras estão reduzindo a metragem dos apartamentos para aumentar as áreas de lazer. “Antigamente os
100
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
apartamentos eram grandes e as áreas de lazer quase não existiam. Agora é ao contrário”, destacou a arquiteta. Essa nova prática é importante não só para quem mora e usufrui das comodidades, mas também para quem vende: hoje, um condomínio com amplas opções de lazer se torna mais valioso no mercado. Muitos síndicos se preocupam em manter e ampliar esses espaços para aumentar o valor agregado. “Os projetos novos já vem com uma oferta maior de lazer porque são itens de venda. Os antigos não tinham essa preocupação e são os que mais nos procuram”, relata Robson Camargo, técnico em desenho de construção civil e arquiteto.
MAS PARA A DIVERSÃO SER GARANTIDA, ALGUNS CUIDADOS PRECISAM SER TOMADOS
Mais do que um elemento de venda, playgrounds, brinquedotecas e
quadras precisam ter um objetivo muito mais importante: lazer. Parece óbvio, mas a diversão das crianças só pode ser 100% garantida se não houver nenhum tipo de perigo para elas. Afinal, os pais se preo-
QUADRAS E PLAYGROUNDS ANOS
"As áreas de lazer estão recebendo mais atenção do que nunca Entenda como quadras, playgrounds e brinquedotecas se tornaram prioridade na vida dos síndicos" Arquiteta Camila Singhon
cupam mais com a segurança dos
deve olhar todos os dias. Porque o equipamento comprado pode
seus filhos do que com a própria.
precisar de um ajuste depois de poucos meses. Mas tudo depende do
Um brinquedo mal conservado pode
material e da especificação do produto. Porque é criança brincando
ocultar armadilhas. Vamos ficar
né, tem que ter cuidado com isso” lembra Camila.
atentos.
A arquiteta ainda ressalta a importância de ter um zelador quali-
E os cuidados não são poucos:
ficado. Segundo ela, “Hoje em dia estão contratando zeladores com
d re n a g e m m a l f e i t a , f e r r u g e m ,
mais especialidades, às vezes até pessoas que já estão acostumadas
farpas, parafusos soltos…tudo
a trabalhar em obras. Está crescendo a necessidade de ter um encar-
isso pode atrapalhar e machucar
regado com conhecimento técnico”.
a garotada na hora da brincadeira. “Dependendo do piso, ele pode ir
"Os clássicos nunca saem de moda, mas precisam ser atualizados"
descolando. Criança vê uma pontinha para cima, começa a cutucar.
Balanço, gira-gira, trepa-trepa, escorregador… É bem provável que
Então é preciso colar. A drenagem
vários desses brinquedos fizeram parte da sua infância. E hoje em
também é importante, principalmen-
dia, mesmo com a tecnologia bem mais desenvolvida, eles ainda são
te em grama sintética. Nos equipa-
muito bem-vindos nos parquinhos, mas de um jeito diferente. “Criança
mentos é importante observar partes
gosta de ser desafiada. Depois que ela ‘vence’ o brinquedo, ele perde
enferrujadas, farpas de madeira
a graça. Então o que está predominando são aqueles que têm mais
e verificar se os parafusos estão
de uma função, o que aumenta o desafio para a criança. Quase como
apertados”, alerta Robson.
um circuito”, diz o arquiteto sobre os playgrounds.
E para evitar esses problemas, é importante que o condomínio tenha
102
Atenção síndicos: acessibilidade e insolação estão entre os problemas mais graves dessas áreas
alguém para identificar e ajustar
Além da manutenção, os playgrounds, quadras e brinquedotecas
esses equipamentos. Função que,
precisam de outros pontos de atenção: a acessibilidade para todos
geralmente, é desenvolvida pelo
os públicos e áreas de sombra para os períodos mais quentes do dia.
zelador. “O encarregado do prédio
Robson lembra que a falta de acessibilidade é um problema muito
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
QUADRAS E PLAYGROUNDS ANOS
grave, mas geralmente acontece mais nos prédios antigos. “Tudo que a gente projeta, precisa ter acessibilidade. Recebemos muitos pedidos para ajustes, pois nos prédios antigos isso não era uma preocupação.”
“Não usam mais areia por causa da higiene. Na areia podem existir bactérias, às vezes, oriundas de fezes animais. Então para ter um piso assim precisa ser um ambiente muito controlado, com manutenção diária”, pontua Robson. “Também precisa ter alguém para cuidar da areia, porque ela não pode estar fofa na hora do jogo, o que é um custo a mais. Tem que ter um certo cuidado também com as crianças. Elas gostam de areia e costumam invadir a quadra para brincar”, frisou Camila.
"Beach Tennis - está surgindo um novo xodó entre os moradores" Você sabe o que é beach tennis? Esse esporte é praticado em uma quadra de areia nivelada, assim como a do vôlei de praia, com raquetes e bolinhas próprias. O objetivo é jogar a bola por cima da rede para cair no campo adversário, sem deixá-la cair no seu lado da quadra. A modalidade vem ganhando espaço nos condomínios e muitos síndicos já começaram a se mexer para tentar implementá-la. Mas fazer esse tipo de quadra não é algo tão simples assim. “As quadras de beach tennis são as novas paletas mexicanas. Todo mundo agora quer fazer. É algo que vem para ficar, mas não sei como vão ser as quadras. Porque para fazer a quadra de beach tennis, é necessário entender que elas só vão servir para beach tennis, então precisa de um espaço a mais na área. Precisa discutir com o prédio inteiro por causa disso” alertou a arquiteta. Os dois arquitetos também fizeram ressalvas sobre higiene da areia e a preparação antes dos jogos.
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Arquiteto Robson Camargo
ACADEMIAS & ATIVIDADE FÍSICA ANOS
ACADEMIAS E EXERCÍCIOS EM ÁREAS ABERTAS (MODERNIZAÇÃO E MANUTENÇÃO) Por Eduardo Silva
A PANDEMIA
do novo
para atender aos alunos. “Logo no início da pandemia migramos para
coronavírus Covid-19 trouxe novos
as aulas online, mas sempre de olho nas práticas adotadas pelos países
desafios, impondo protocolos de se-
que já haviam sido afetados. Diante de toda a insegurança do momento,
gurança, por orientação dos órgãos
tínhamos duas certezas: a importância da atividade física tanto para o
de saúde, para evitar o contágio da
aspecto físico quanto para o psicológico e a necessidade da prática de
doença. Nos condomínios os síndicos
exercícios em ambientes abertos e com distanciamento”, explica. “Nossa
tiveram que fechar as áreas de lazer e
proposta foi de realizar as atividades nos espaços abertos como nas
convivência, um verdadeiro “lockdo-
quadras, áreas de convivência ao ar livre e, quando necessário, salões
wn interno”, para garantir e preservar
de festas com todas as janelas abertas, também limitando o número de
a saúde da massa condominial.
participantes”, ressaltou.
Com o passar do tempo houve a
Segundo Sidney, as atividades mais procuradas nesse período fo-
flexibilização das normas de circula-
ram: treinamento funcional, yoga, zumba, fitdance, aero figh, slackline,
ção, regidas por decretos, quando os
capoeira, modalidades de esportes de quadra e o fitness ao ar livre com
condomínios começaram a reabertura
equipamentos profissionais.
das áreas comuns, adotando também protocolos específicos, como a
106
Valorização: Modernização e manutenção de equipamentos e das
áreas de atividades físicas
ventilação natural dos ambientes, o
Com a imposição do distanciamento social, a cidade verticalizada
desligamento do ar condicionado da
passou a ter os condôminos por muito mais tempo confinados em seus
academia e a limitação do público nas
apartamentos, em home office. Consequentemente, com os decretos
áreas comuns, dentre outros.
estaduais e municipais que restringiram e fecharam o comércio e as aca-
Mesmo assim, muitos morado-
demias de rua, os moradores passaram a utilizar mais as áreas de fitness
res não quiseram assumir o risco
nos condomínios. E com o aumento da demanda, aumentou também o
da exposição ao vírus em espaços
ciclo de manutenção dos aparelhos e acessórios de ginástica, bem como
fechados, e adotaram novos hábitos
a procura pela aquisição e locação de equipamentos mais modernos.
de atividades físicas. Desde então, as
Antes de fazer o investimento, é importante realizar uma pesquisa
opções de exercícios ao ar livre tor-
de mercado e mirar nas novas tendências. É necessário avaliar qual o
naram-se cada vez mais praticadas.
melhor equipamento, o seu tempo de vida útil, capacidade, potência, de
Sidney Neres, empresário, pro-
acordo com o perfil de uso de cada condomínio. Ouvir as sugestões dos
fessor de educação física, consultor
moradores, por meio de uma pesquisa, colabora na tomada de decisão.
em programas de qualidade de vida
O plano de manutenção deverá prever também a modernização e
e treinador nas áreas de condiciona-
adequação desses ambientes voltados para a prática de atividades
mento e esportes coletivos e indivi-
físicas. Buscar profissionais especializados na área dará respaldo para
duais, conta como os desafios da
a troca do piso, espelho, pintura, decoração, dentre outros, contri-
pandemia obrigaram os profissionais
buindo assim para a valorização do condomínio e maior conforto
a reinventar as atividades oferecidas
aos moradores.
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
IMPERMEABILIZAÇÃO (DIAGNÓSTICO, SOLUÇÕES & RESULTADOS) ANOS
IMPERMEABILIZAÇÃO (DIAGNÓSTICO, SOLUÇÕES & RESULTADOS) Impermeabilização: saiba diagnosticar os problemas, conheça as soluções e tenha resultados sem dor de cabeça
Por Guilherme Verli
A DIRECIONAL CONDOMÍNIOS conver-
manter revisões e inspeções periódicas além de, claro, investir em um bom projeto de impermeabilização, respeitando a norma NBR-9575.
sou com o engenheiro Leonardo
Feltran Durigon, Engenheiro Civil e Técnico do Trabalho que atua há mais de uma década na área, para entender os principais pontos sobre esse processo. Seja você um síndico de carreira ou um recém-eleito para a administração de um condomínio, essas, com certeza, são dores de
RELEMBRE OS CONCEITOS BÁSICOS! Impermeabilização: é o sistema que impede que a água e outros líquidos penetrem na construção, causando problemas nos acabamentos e estrutura armada. E além disso, gera infiltrações e fungos. Impermeabilizantes: São os produtos usados para criar os sistemas de impermeabilização. Existem dois tipos:
cabeça que você quer evitar: umi-
● Rígidos ou semi - flexíveis, como a argamassa e a polimérica que são
dade, bolor, mofo e aquelas gotas
indicados para piscinas e subsolos;
que “nunca param” de cair mesmo
● Flexíveis, como as mantas pré-produzidas, que formam uma espécie
após a época das chuvas. A curto
de membrana protetora na estrutura logo após sua colagem. Indicada para
prazo, esses sintomas da baixa im-
locais com exposição a raios solares.
permeabilização do edifício, podem não parecer questões sérias, mas vão aos poucos causando grandes consequências como infiltração de
Mas há outros tipos de produtos que podem ser bons par-
ceiros na hora da obra: tintas impermeabilizantes, fitas e espumas para vedação e resinas acrílicas.
água em cantos e paredes, trincas, fissuras e o comprometimento de
áreas descobertas, calhas, caixas d’água, piscinas, tubulações, pisos
das estruturas.
molhados, banheiros, cozinhas e áreas de serviço; e paredes internas
Para evitar que essas “surpresas” apareçam, é imprescindível
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Onde utilizar esses produtos: em telhados, terraços, coberturas,
equipamentos elétricos e corrosão
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
e externas onde a água da chuva escorre.
IMPERMEABILIZAÇÃO (DIAGNÓSTICO, SOLUÇÕES & RESULTADOS) ANOS
bilizante flexível veda as avarias e o rígido vem por cima para assegurar a obra”, completa o consultor. Segundo Leonardo, uma obra mal feita não é perceptível apenas nos detalhes visuais, como bolor ou rachaduras em fachadas, muros e paredes, mas também impacta o funcionamento da estrutura hidráulica, elétrica e até de elevadores. “Não é simples conseguir controlar a água, pois ela entra em qualquer fissura e pode causar grandes problemas”, observa. “Mas não é só a impermeabilização, existe um conjunto também de calhas, pingadeiras e constante manutenção, cada um com Apesar de existirem dois tipos diferentes de impermeabilizantes, em que cada um é indicado para corrigir problemas específicos, isso não impede que eles possam ser utilizados juntos, o que duplica a camada de proteção e prolonga os efeitos da obra. Quem explica esse processo é o Engenheiro Leonardo Feltran. “Já
fiz uma obra numa caixa d'água em que a empresa anterior usou apenas o produto rígido, o que, somado aos problemas estruturais do condomínio, não resolveu o problema”, comenta. “Nós, então, fizemos um acabamento na base da caixa, aplicamos demãos de impermeabilizante flexível e posteriormente o rígido. Por quê? Porque quando houver o trabalho da estrutura, o impermea-
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
seu papel para deixar o processo eficaz e evitar prejuízos ao condomínio”, complementa.
CONFIRA A ENTREVISTA: Direcional Condomínios: Qual é a importância de uma im-
permeabilização correta?
Leonardo Feltran: Existem várias ações que proporcionam uma
impermeabilização eficaz: seguir as orientações do fabricante do
produto em relação à cura e à secagem, o cruzamento de demãos e utilização de telas nos cantos. Além disso, se a obra não for feita do jeito certo, pode causar a oxidação e o desplacamento do concreto, que é quando a umidade entra em contato com as ferragens e estufa a estrutura, colocando o edifício em risco. Direcional Condomínios: Como identificar uma impermea-
bilização mal feita?
Leonardo Feltran: Isso varia muito da situação porque você pode
fazer uma análise qualitativa pela visualização. Por exemplo, se uma cerâmica estiver com alguma infiltração ela vai mudar de cor, ela fica mais escura. Agora, se tiver um vazamento em algum lugar pouco visível ou de difícil acesso, é possível detectar o nível de umidade das estruturas com um sensor, que é uma espécie de scanner.
IMPERMEABILIZAÇÃO (DIAGNÓSTICO, SOLUÇÕES & RESULTADOS) ANOS
“Se a obra não for feita do jeito certo, pode causar a oxidação e o desplacamento do concreto, que é quando a umidade entra em contato com as ferragens e estufa a estrutura, colocando o edifício em risco.” manutenção preventiva a cada três ou quatro anos. Mas, isso depende de cada situação. Direcional Condomínios: Qual o tempo necessário para rea-
lizar uma obra ou reforma de impermeabilização numa caixa d´água?
Leonardo Feltran: Em caixas dágua feitas de alvenaria, a norma
ABNT orienta que devemos retirar toda a manta antiga, remover o entulho e fazer a lavagem, o que estende a preparação a dois ou três dias, com uma equipe de cinco pessoas, dependendo do tamanho da obra. Engenheiro Leonardo Feltran
Depois desse preparo, vem a aplicação do impermeabilizante fle-
Durigon realiza laudo de
xível num processo quase que artesanal, sempre na vertical. Aí tem
vistoria das condições físicas
o tempo de cura e de secagem entre as demãos, com intervalos de
dos prédios que visita
quatro horas, totalizando três demãos. Para a torre não ficar sem água durante os trabalhos, esvaziamos uma de cada vez, levando entre uma semana e 15 dias mais ou menos, o que sempre depende das proporções da unidade.
Direcional Condomínios: Qual
é a periodicidade ideal para revi-
Direcional Condomínios: Quando aparece o resultado de
sões de impermeabilização?
todo esse trabalho?
quando algum morador, o zelador
impermeabilizante, após a secagem e higienização, o reservatório
Leonardo Feltran: Geralmente
ou o próprio síndico identifica algum problema a partir dos sintomas qualitativos, aqueles que são visíveis. As construtoras indicam fazer uma
Leonardo Feltran: Imediatamente! Assim que aplicado o produto
já volta a funcionar… já nas casas de máquinas que não tem tanto contato com o sol, essas sim, podem demorar um pouco mais. Se o processo for feito corretamente, não há porque ter medo: encheu a caixa d’água, não é para vazar mais!
GARANTA A SELAGEM COMPLETA DE INFILTRAÇÕES NOS EDIFÍCIOS COM A IMPERMEABILIZAÇÃO POR INJEÇÃO! Condomínios já utilizam esse sistema de impermeabilização para eliminar infiltrações nas estruturas de
concreto, desde garagens em subsolos a vãos, fissuras, entre outros pontos. Prático, rápido e de boa durabilidade, o produto utilizado na impermeabilização por injeção é líquido, o que permite que ele penetre facilmente nas fissuras e elimine o vazamento num ponto específico. Essa aparência líquida só dura enquanto a injeção é realizada, pois quando é interrompida o produto ganha forma de gel flexível e garante a vedação completa e permanente do perímetro tratado. Com a técnica de injeção é garantido um ótimo custo-benefício, agilidade, obra sem canteiro ou grandes interdições de espaço, sem a dependência climática, com a possibilidade de ser realizada até com chuva ou fluxo de água - se realizada com materiais de boa qualidade, claro! Mas atenção! Cada caso é um caso e somente um especialista em impermeabilização poderá indicar qual a melhor técnica, se injeção ou manta.
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
IMPERMEABILIZAÇÃO (DIAGNÓSTICO, SOLUÇÕES & RESULTADOS) ANOS
Quer economizar com obras
de impermeabilização? Invista nas inspeções!
A melhor maneira de economizar é
aproveitar a inspeção predial e investir nesse momento com atenção. Porque esse é um método eficaz para identificar possíveis problemas no condomínio. “A melhor forma de reduzir custos é trabalhar com a parte preventiva, fa-
O verão já chegou, a piscina do prédio está liberada?
Com o avanço da vacinação e o fim das restrições contra a COVID-19, a economia está pronta para voltar a acelerar, assim como os ambientes de lazer no condomínio, que agora estão liberados para uso. Se não foi possível realizar obras de impermeabilização na piscina no final do último ano, aguarde o melhor momento. Veja algumas dicas: - É importante seguir as regras de aplicação e respeitar o tempo de secagem para evitar prejuízos financeiros com obras recorrentes, mas sem esquecer que nenhuma impermeabilização dura para sempre e deve receber reparos ao longo do tempo.
zendo uma inspeção predial minuciosa,
- Também aproveite a obra para impermeabilizar a parte externa da
detectando o problema no início. E para
piscina, assim como as áreas de ralos e drenos. Neste momento, fiscalize
isso é importante um zelador atento e
o trabalho da equipe com atenção, pois estes são espaços suscetíveis a
preparado.
trabalhos redobrados.
Não é obrigatório, mas é neces-
sário ter um Responsável Técnico por perto!
Entrou em vigor, em 2014, a NBR
- Quando concluir a impermeabilização, feche todos os drenos e ralos, encha a piscina com água e aguarde 72 horas para verificar se há alguma falha. Com esse teste de estanqueidade você pode encontrar possíveis vazamentos em tempo hábil.
16260, norma que regulamenta obras
Por fim, mas não menos importante: contrate profissionais da área para
e reformas feitas nas áreas privadas
realizar o serviço. Isso garante que você possa acompanhar a obra, cobrar
ou comuns de condomínios verticais
por possíveis falhas e, claro, ter a certeza de que sua piscina estará de acordo
e determina que para executar uma
com as normativas públicas e liberada para os moradores aproveitarem os
obra o proprietário ou morador deve
dias de sol.
apresentar para o síndico um planejamento da reforma e um RRT (Registro de
Condomínios novos não estão totalmente livres de problemas!
Ao assumir um condomínio em Taboão da Serra, o contador e síndico
Responsabilidade Técnica) ou uma ART
profissional Rodrigo Sobral foi surpreendido com uma infiltração no salão de
(Anotação de Responsabilidade Técnica).
festas. “Eu tinha acabado de chegar no condomínio quando reparei que havia
Esses documentos devem ser assi-
um vazamento na parede do salão”, comenta. “Eu não esperava esse tipo
nados por um engenheiro ou arquiteto
de problema porque o prédio era novo e isso não foi pontuado na inspeção,
profissional, que também será respon-
mas ainda bem que foi tranquilo pra resolver.”
sável por acompanhar a obra do início
Ele entrou em contato com a construtora, abriu um chamado e em menos
ao fim, podendo sofrer penalidades em
de uma semana conseguiu agendar a visita e a reforma da parede. “Estava
caso de acidentes e irregularidades.
visível que a água era o problema, já tinha até mofo”, completa. Segundo o
Segundo Leonardo Feltran, “O
síndico, uma equipe de pedreiros resolveu o contratempo em menos de um dia.
síndico responde civil e criminalmente
Infiltrações, umidade e problemas com impermeabilização não são
por tudo que acontece no condomínio.
dores de cabeça exclusivas de
Ter o Responsável Técnico ao lado é
condomínios maiores e mais ve-
uma ótima maneira de evitar dor de
lhos, como prova a experiência do
cabeça, custo desnecessário e, claro,
Rodrigo. A principal solução para
alinhamento à NBR.”
isso, independentemente do tipo
Dessa forma, é importante que você, síndico, exija as documentações neces-
de construção, é investir numa revisão completa e detalhada.
sárias, assim como o planejamento de obras devidamente assinado por um responsável técnico antes de autorizar uma reforma proposta por algum morador.
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Síndico Rodrigo Sobral encontrou infiltrações em condomínio de "construção nova" que assumiu.
TECNOLOGIA DE PISOS & REVESTIMENTOS ANOS
AS MELHORES OPÇÕES PARA GARAGENS E DEMAIS ÁREAS COMUNS
Fotos Rosali Figueiredo
Por Fátima Lourenço
Síndico Wolfram Werther. Ao lado, revestimento epóxi na garagem
A ESCOLHA
de pisos
que facilitam a demarcação (de vagas) e sinalização do espaço (com
para condomínios residenciais vai
orientação de tráfego de veículos e trânsito de pedestres)”, afirma
além da harmonia estética e deve
Wolfram Werther. Foram consideradas ainda a resistência do material
se pautar por orientação de espe-
e a economia com a conservação e limpeza. “Basta um pano úmido,
cialista, levando em conta a vida
sem produtos químicos; são apenas duas lavagens por ano”, afirma
útil dos materiais, além de custos
o síndico. A intervenção gerou “um resultado fantástico e, associada
para conservação, manutenção e
à troca do circuito de iluminação por LED, valorizou os imóveis em
possíveis reparos.
pelo menos 5%. Garagem é um espaço muito negligenciado, mas é
Eles podem ser revitalizados, mas às vezes a opção é a troca do revestimento, caso dos 6 mil m² que envolvem as duas garagens
TENDÊNCIA E OPÇÕES
A aplicação de epóxi nas garagens dos condomínios é uma ten-
d o C o n d o m í n i o C r i s t a l l P a rq u e
dência, afirma Werther, hoje síndico profissional. No entanto, é preciso
da Aclimação, residencial de alto
saber preparar antes o contrapiso, com mão de obra especializada.
padrão, com duas torres e 82 uni-
“O epóxi, apesar de ter uma certa elasticidade, apresenta pequenas
dades, localizado em São Paulo.
fissuras. Elas podem ser reparadas, mas nem sempre se consegue a
Wolfram Werther, morador e síndico
mesma tonalidade de cor. Por isso não é recomendável aplicá-lo nos
do residencial, conta que o piso
primeiros anos do imóvel, quando há uma movimentação normal dos
original, em cimento, apresentava
pisos. O ideal é aguardar pelo menos uns cinco anos”, alerta o síndico.
problemas, desde a entrega do
Ele diz que o epóxi, conforme o uso, dura de cinco a sete anos. Outra
imóvel e o condomínio, ao decidir
opção é o piso cerâmico específico para esse tipo de ambiente, com
por uma reforma, escolheu o epóxi.
vida útil longa, de 20 a 30 anos, pois também proporciona um bom
“A opção considerou os benefí-
efeito estético e pode ser limpo com lavadoras de alta pressão. E, em
cios estéticos, pelo visual clean que proporciona, com gama de cores
116
relevante”, completa.
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
caso de quebra, permite trocar só a placa danificada. “É preciso estudar cada caso, seja epóxi, cerâmica ou a opção do
TECNOLOGIA DE PISOS & REVESTIMENTOS ANOS
concreto polido. Se o piso é antigo, podem
piso foi lixado e coberto por uma resina, proporcionando o
ocorrer trincas. E tem que pensar na logís-
efeito de um verniz transparente. Além do embelezamento,
tica para a troca. Onde serão colocados os
diminuiu o tempo gasto com a limpeza. “E o piso continua
carros durante a obra?”, alerta o arquiteto
resistente. Não adianta soluções caríssimas, se elas não forem
Marcus Vinícius Abrantes. No residencial da
práticas”, alerta o gestor.
Aclimação, a execução foi feita em etapas,
O granilite, outro revestimento de vida longa encontrado
um terço da área por vez, ao longo de três
em ambientes internos, pode, igualmente, ser tratado e re-
meses, com acomodação dos carros em
vitalizado, segundo especialistas já ouvidos pela Direcional
outras vagas, previamente definidas entre
Condomínios. O tratamento inclui a aplicação de resina im-
moradores, com ajuda do gerente predial.
permeabilizante, se não estiver craquelado; ou um processo
Independentemente do revestimento escolhi-
com lixamento, retirada de resíduos e polimento. Feito isso,
do, eventuais reparos ou reformas no espaço
basta a limpeza com pano úmido e uso de detergente neutro
devem anteceder à troca de piso, pela sujeira
nos pontos de maior fluxo. O material apresenta variações
que causam e possibilidade de danificar o
que precisam ser observadas para que o revestimento seja
revestimento.
adequado ao ambiente.
HALLS & ESCADARIAS
A escolha de piso para áreas internas
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LOGÍSTICA DE REPAROS
Nas áreas externas, especialmente em condomínios no-
deve considerar que elas são ambientes de
vos, é muito comum o uso do piso intertravado, segundo Mari
muito trânsito, mesmo o hall de entrada no
Ester Golin, porque o assentamento é mais fácil, não exige
prédio. Tem que ser um material resistente,
argamassa e é de fácil reparo, pela possibilidade de trocar
para não correr o risco de ganhar manchas
apenas as peças comprometidas.
durante a limpeza, recomenda a arquiteta
O piso elevado também é comum e permite reparos
Geórgia Ellen Zorzella Gadea. “Eu gosto mui-
pontuais. Como sugere a designação, esse tipo de piso está
to de usar granito e porcelanato, mas, como
apoiado em estrutura que sustenta o acabamento, deixando
em toda obra, tem que prezar pela qualidade
um vão entre o contrapiso e o revestimento. O residencial
e durabilidade”, diz.
Family Santana, condomínio-clube na Zona Norte de São
A versão adequada de porcelanato para
Paulo, possui uma área de 5 mil m² de piso elevado, toda
condomínio tem 75% de quartzo e 25% de
refeita pela construtora logo após a entrega do residencial,
cerâmica, detalha a designer de interiores
em 2011, devido às irregularidades na base de alvenaria que
Mari Ester Golin, que também indica o produ-
sustenta a estrutura, detectadas por engenheiro, na inspeção
to como opção de piso para áreas internas,
de entrega do imóvel.
lembrando que o mármore, comum em con-
O piso está no nível térreo e eventual infiltração de água
domínios consolidados, pode ser revitalizado
pode afetar a garagem abaixo, explica a gerente administrativa
sem perder a originalidade.
Karina Pravatti. Mais recentemente, apesar da ação preven-
O Condomínio Cristall Parque Aclimação
tiva rotineira de um manutencista, foram observados pontos
fez essa opção há quatro anos, com serviço
com pedras soltas, indicando a necessidade de conferir a
de empresa especializada, para revitalizar o
estrutura. Laudo técnico de empresa especializada apontou
hall social. “O mármore do hall, tipo traverti-
a necessidade de reparos, especialmente nas áreas em que
no, é lindo, mas não era prático para limpar,
o piso elevado se integra aos jardins e piscina, com custos
tem ‘furinhos’, fica com aspecto de encar-
de reparos da ordem de R$ 180 mil a R$ 200 mil, valores que
dido”, afirma o síndico Wolfram Werther. O
dependem de aprovação de assembleia.
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
MODERNIZAÇÃO ELÉTRICA ANOS
MODERNIZAÇÃO ELÉTRICA: CUIDADOS ESSENCIAIS PARA EVITAR DANOS COMO A QUEIMA DE COMPONENTES Por Eduardo Silva
COM O ADVENTO
da pandemia, o home office e home
Engenheiro Eletricista, José Carlos Shamilian, alerta quanto
schooling aumentaram as necessi-
aos cuidados básicos na
dades de conforto térmico e acesso
manutenção da infraestrutura
à internet. Nesta situação, o sistema
de elétrica dos condomínios
elétrico do condomínio foi colocado à prova. Na maioria dos casos, as instalações existentes atenderam às demandas, porém despertou nos síndicos uma atenção especial na manutenção e melhorias. Caso seja observada alguma anomalia, o síndico deve procurar
D i re c i o n a l C o n d o m í n i o s :
Quais os cuidados essenciais que o condomínio deve tomar
num projeto de reforma/retrofit de elétrica?
Shamilian: Contratar uma em-
a ajuda de um engenheiro especia-
presa idônia de engenharia elétrica
lizado, que irá verificar o dimensio-
com conhecimentos em projetos, instalações e manutenções, com
namento da rede elétrica.
profissionais treinados, capacitados, de preferência engenheiros e/
Para quem pensa que uma as-
ou técnicos eletricistas, habilitados no CREA (Conselho Regional
sessoria especializada custa caro,
de Engenheira, Arquitetura e Agronomia) do estado onde será exe-
imagina quanto custa a perda de
cutada a obra, para que possa emitir e assinar a ART (Anotação de
todos os equipamentos de uma sala
Responsabilidade Técnica), além de obedecer às normas técnicas
de ginástica, devido à uma sobre-
oficiais vigentes.
carga? E em caso de incêndio, a perda de vidas humanas? Pensando nisso, a reportagem da Direcional Condomínios en-
122
Direcional Condomínios: Quais são as principais normas que
devem ser observadas?
Shamilian: São elas: Norma Regulamentadora Nº 10 (NR 10 –
trevistou José Carlos Shamilian,
Segurança em instalações e serviços em eletricidade); ABNT NBR 5410
Engenheiro Eletricista com mais de
(Instalações elétricas); ABNT NBR 5419/2015 (Proteção de estruturas
30 anos de experiência em projetos,
contra descargas atmosféricas); ABNT NBR 15749/2009 (Medição de
instalações e manutenções elétri-
resistência de aterramento e de potenciais na superfície do solo em
cas. Confira a entrevista:
sistemas de aterramento); além das normas técnicas oficiais vigen-
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
MODERNIZAÇÃO ELÉTRICA ANOS
tes das concessionárias de distribuição de
atenderá essa demanda caso o condomínio esteja obedecendo
energia elétrica do local da obra.
as exigências legais, tais como: sistema de para-raios com laudo em dia, sistema de aterramento e instalação de filtros
Direcional Condomínios: Em projetos
harmônicos de energia nos quadros de comando, instalação
condicionado e pontos de recarga de
O custo do seguro varia dependendo do tipo de cobertura,
de aumento de carga, instalação de ar
do DPS (dispositivo de proteção de surtos) etc.
carros elétricos, quais são os cuidados
que pode ser básica ou ampla. O síndico deve observar as
acontecer se não seguir estes cuidados?
cobertura. Por exemplo, há condomínios que aumentaram a
fazer um diagnóstico das instalações, com
para suportar a nova carga. Nesse caso, dificilmente a segu-
um analisador de energia elétrica, para avaliar
radora irá ressarcir custos em caso de sinistro.
necessários e obrigatórios, e o que pode
vulnerabilidades do seu condomínio para compor o valor da
Shamilian: Primeiramente é necessário
instalação de ar condicionado, sem atualizar o sistema elétrico
os fenômenos elétricos e físicos, tais como: potência aparente, potência reativa, potência consumida, fator de potência, tensões,
ECONOMIA DE ENERGIA
Em época de crise hídrica e altos custos com a tarifa, se faz
correntes e suas respectivas harmônicas.
necessária a implantação de ações sustentáveis nos condo-
Será necessário realizar um levantamento
mínios. Há diversas dicas importantes, além de investimentos
de cargas e verificar as potências, tensões
para auxiliar na economia, confira:
e correntes nominais dos equipamentos a
1)
Chamada simultânea nos elevadores e modo stand
serem instalados. Caso essa análise básica
by (veja os detalhes na matéria sobre modernização dos ele-
não seja efetuada, os componentes do sis-
vadores, também nesta edição);
tema de proteção do circuito elétrico, como
2)
Investimento em energia solar e fotovoltaica;
disjuntores, chaves seccionadoras, fusíveis,
3)
Instalação de lâmpadas de led na garagem e halls;
condutores elétricos, entre outros, poderão
4)
Instalação de sensores de presença, deixando os
sofrer sérios danos, superaquecimento e curto circuitos.
SEGURO DO CONDOMÍNIO Os picos de energia poderão danificar
as instalações elétricas, principalmente em épocas de chuvas, quando ocorre maior incidência de raios. Nestas ocasiões os síndicos
ambientes desligados, quando não estiverem em uso; 5)
Reduzir a iluminação no horário noturno;
6)
Desligar elevadores fora do horário de pico;
7)
Incentivar o uso de escada, quando possível;
8)
Manter ambientes desligados quando não estiverem
em uso; 9)
Orientação constante com os funcionários para pro-
mover a fiscalização do condomínio;
tendem a recorrer à seguradora. O seguro
124
pode cobrir despesas oriundas de danos
Instalações elétricas em dia significa economia e segurança.
elétricos, mas atenção! A seguradora só
Todo incêndio começa com uma faísca, não se esqueça disso!
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
ANOS
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
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AVCB (EQUIPAMENTOS, PREVENÇÃO & PARA-RAIOS) ANOS
PROJETOS DE AVCB & MANUTENÇÃO DO SISTEMA
Fotos Rosali Figueiredo
Por Luiza Oliva
Síndica profissional Mila Fernandes Rocha: Processo de regularização do AVCB em alguns prédios que administra demandou investimentos estruturais, como a instalação de redes de hidrantes (foto ao lado)
SE HÁ UM
assunto que
costuma assustar os síndicos é o AVCB. Porém, para obter o tão sonhado documento - sigla para Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros – não há grandes segredos: os gestores devem ter extremo cuidado e atenção com a manutenção e atualização dos sistemas de segurança contra incêndios ao longo de toda a vida da edificação. O que ocorre muitas vezes é uma corrida desenfreada para conseguir o AVCB sem nenhum planejamento. Em prédios antigos o tema causa ainda mais temor, já que muitos condomínios jamais obtiveram o documento e precisam fazer adaptações, às vezes, estruturais. Para qualquer que seja o histórico do edifício, o administrador de condomínios e síndico profissional Paulo Melo tem a melhor saída: “É essencial ter uma metodologia de
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
trabalho e uma estratégia traçada. Com planejamento, o AVCB não é um bicho de sete cabeças”. Paulo recomenda iniciar todo o processo com a contratação de uma empresa séria especializada em regularização do mesmo. “Muitos síndicos têm receio de tirar o AVCB porque acreditam que precisarão aplicar todas as normas de prédios novos para o seu condomínio, o que não acontece”, afirma. O engenheiro civil e de segurança do trabalho Renato Nunes Seara reforça a necessidade de haver cuidados na hora de se escolher o fornecedor responsável pela obtenção do documento. “A empresa deve ter um histórico com esse tipo de serviço, fazer uma vistoria prévia no prédio e checar os problemas detalhadamente, e não apenas preparar atestados. Senão o síndico corre o risco de só conhecer as necessárias adequações após a visita dos bombeiros”, pontua. A empresa contratada começa o processo verificando junto aos Bombeiros se o condomínio possui Projeto Técnico aprovado na instituição. Prédios antigos nem sempre contam com projeto e mesmo os relativamente novos podem não dispor mais do documento arquivado nos arquivos da corporação. Nesses casos, a primeira etapa é desenvolver o Projeto Técnico, onde serão especificados todos os equipamentos de segurança contra incêndio necessários ao prédio. Com o projeto aprovado nos Bombeiros, o síndico pode começar a planejar as adequações necessárias, para então solicitar a vistoria do Corpo de Bombeiros, visando a emissão do AVCB. Quando atuou como síndico profissional do Condomínio Rubayat,
AVCB (EQUIPAMENTOS, PREVENÇÃO & PARA-RAIOS) ANOS
localizado em Higienópolis, na área
do condomínio) para cuidar das instalações de segurança contra in-
central de São Paulo, Paulo Melo
cêndio. Ele cita o alarme de incêndio, tão esquecido pelos gestores.
enfrentou vários desafios para obter
“Recomendo um teste mensal no alarme”, diz. O engenheiro indica
o AVCB, pois o prédio foi construído
que os moradores sejam avisados do teste para não criar pânico.
em 1954, com 68 apartamentos e
Outro alerta de Renato: equipamentos de segurança patrimonial,
quatro lojas comerciais. Um deles
como catracas e portões com eletroímãs, dificultam o acesso de
era a falta de acesso à escada de
ladrões, mas também podem ser uma barreira intransponível para os
emergência para uma das unida-
moradores que precisam evacuar o edifício em caso de incêndio. “Por
des do final 1. Um projeto anterior
isso esses equipamentos devem estar ligados ao sistema de incêndio
de AVCB do Rubayat, que nunca
para a rota de fuga ser liberada quando soar o alarme”, orienta. Da
chegou a ser concretizado, previa a
mesma forma, a pressurização das escadas, um sistema eletromecâ-
construção de uma escada externa
nico, deve estar ligada ao gerador.
que serviria apenas a esse aparta-
Sobre os itens que podem necessitar de adaptações para que o
mento. Paulo explica que a obra era
condomínio receba o AVCB estão os corrimões e as portas corta-fogo
caríssima e inviável para a realidade
– na impossibilidade de instalá-los, uma opção são os detectores de
dos condôminos. “Aprovamos com
fumaça. Renato elenca também os sistemas de hidrantes, a bomba de
os Bombeiros outra solução: os
incêndio e a iluminação de emergência como itens possíveis de serem
moradores do final 1 teriam acesso
realizados mesmo em prédios que não disponham dessas instalações.
à passagem pelo apartamento final
Há casos ainda em que elas devem ser atualizadas. “Por exemplo, o
2 com uma chave utilizada apenas
último hidrante deve ter um jato de 10 metros, mas há prédios onde
em emergências, diminuindo a ne-
a pressão da água é baixa. É um problema que pode ser solucionado
cessidade de uma obra vultuosa.”
facilmente com a instalação de uma bomba.”
O Rubayat regularizou ainda o
A síndica profissional Mila Fernandes enfrentou um grande de-
para-raios e construiu todo o siste-
safio para regularizar as instalações do Condomínio Ignácio Tavares
ma de hidrantes nos três acessos
Leite, construído em 1965, com 96 apartamentos e quatro lojas, no
às unidades. No térreo, a madeira
bairro de Santa Cecília, região central de São Paulo. Ele faz parte do
que forra as paredes recebeu verniz
Conjunto Angélica, que possui outro residencial, o Edifício Lupércio
antichamas. A porta de entrada,
Teixeira Camargo, com 26 unidades, além de salas comerciais e lo-
pesada, de ferro, ganhou um no
jas amplas. O processo de obtenção do AVCB está em curso, pois
break, para que abra automatica-
demanda adaptações em todas as instalações, para que o Corpo de
mente caso o alarme de incêndio
Bombeiros possa fazer uma vistoria final.
seja acionado.
CONHECENDO AS INSTALAÇÕES
130
No Ignácio Tavares Leite foi necessário instalar hidrantes em todos os andares, em um cuidadoso projeto para não interferir na instalação elétrica. Com experiência em AVCB também em outros condomínios, Mila é taxativa: “O AVCB é essencial para atestar
Para o engenheiro Renato Seara,
que o condomínio cumpre com as normas. Muitas vezes o síndico
é fundamental que o síndico não
desconhece as instalações, por exemplo, o dispositivo de recalque
aguarde a renovação do AVCB (que
que fica na calçada para que o bombeiro engate a mangueira em
acontece a cada três ou cinco anos,
casa de incêndio.” Em geral, essas instalações são encontradas sem
conforme a classificação de risco
manutenção e obstruídas.
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
MODERNIZAÇÃO DE ELEVADORES ANOS
ELEVADOR: MEIO DE TRANSPORTE MAIS SEGURO DO MUNDO NECESSITA DE MODERNIZAÇÃO E MANUTENÇÃO CONSTANTES Por Eduardo Silva
Os elevadores são equipamentos essenciais na vida de quem mora em condomínio. Marcelo Braga, engenheiro mecânico, compartilha a sua experiência sobre a modernização de elevadores.
INDEPENDENTEMENTE
condomínio? Por onde começar para desenhar um plano
sendo realizada corretamente, não só garante
P e n s a n d o n i s s o , a re p o r t a g e m d a D i re c i o n a l
da idade do prédio, a manutenção preventiva, a segurança dos passageiros, como também a vida útil dos equipamentos. Mas, com o passar dos anos, é inevitável a discussão sobre o estado de conservação dos “carros”, denominação muito usual neste setor. Então os gestores de condomínios buscam no mercado soluções para
o retrofit, a modernização e/ou o embelezamento dos elevadores, para não ficarem obsoletos. Dados da Secretaria de Urbanismo e Licenciamento da Prefeitura de São Paulo revelam a existência de mais de 99 mil equipamentos registrados em atividade só nos edifícios da capital. É a metrópole verticalizada! Existem inúmeras empresas prestadoras de serviços de manutenção e conservação de elevadores. Dessa forma, a manutenção dos elevadores não é mais monopólio dos fabricantes, já que a legislação garante a disponibilidade de peças originais de reposição e/ou manutenção. Então, resta o desafio: como os síndicos escolherão a melhor empresa para atender o
134
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
de retrofit? Condomínios conversou com o Engenheiro Mecânico
Marcelo Braga, Presidente do Sindicato das Empresas
de Conservação, Manutenção e Instalação de Elevadores do Estado de São Paulo (SECIESP) e Presidente da Associação Brasileira das Empresas de Elevadores (ABEEL). Direcional Condomínios: Em projetos de retrofit
de elevadores, quais os principais cuidados deverão ser tomados? Como fazer um relatório técnico e orçamentário adequado?
Braga: Antes de mais nada é preciso fazer uma ava-
liação pensando nos seguintes questionamentos: qual a dor (problema) atual? O que estamos buscando com o retrofit? Temos uma empresa certificada e capacitada para isso? Existe histórico no mercado do tipo de trabalho a ser realizado? Existe histórico no mercado que a empresa escolhida tem expertise para isso? Existem duas opções e elas devem ser escolhidas sempre com profissionais certificados e homologados pelo SECIESP e/ou ABEEL. Dito isso as opções seriam:
MODERNIZAÇÃO DE ELEVADORES ANOS
Opção 1 (sem custo): O síndico escolhe pelo menos três empresas
é plenamente aplicável “o barato sai caro”. No caso da estética, além do cuidado na manutenção, há também o zelo aplicado.
para que estas façam o melhor escopo orçamentário. Tabular as propostas em um único documento/ planilha para se ter um bom parâme-
Direcional Condomínios: Como saber o momento certo de
fazer o retrofit do elevador?
Braga: O momento certo de fazer o refrofit depende de muitos
tro de comparação. Não deixar que
sinais, tais como: elevador funcionando com barulho, com constantes
o preço seja o “rei” da negociação.
degraus, botões, displays, alarmes e interfones inoperantes e gastos
Opção 2 (com custo): O síndico
corretivos elevados. Investir no retrofit vai melhorar a durabilidade dos
contrata um consultor independen-
equipamentos e aumentar a segurança dos usuários.
te, de preferência um engenheiro especializado no assunto, para lhe dar assessoria na análise de todas as etapas envolvidas. Apesar do
Braga: Hoje a principal característica que sinaliza que o elevador
custo inicial com o consultor, a re-
está obsoleto é o número de suas paradas com trancos, e a falta de
lação custo/benefício será favorável
sinalização interna e externa. Hoje o céu é o limite na área de elevado-
ao condomínio.
res, mas destaco alguns itens de investimentos em alta no mercado:
Direcional Condomínios: Em
1)
Instalação de inversores de frequência, que proporcionam
média, de quanto em quanto
paradas e saídas suaves;
forma nos elevadores (mecânica
mais próximo e/ou disponível;
tempo é recomendável uma ree estética)?
Braga: Depende de diversos
fatores, mas o principal, por incrível que pareça, não é o tempo e nem o uso do equipamento e sim a manutenção empregada neste
136
Direcional Condomínios: O que seria hoje obsoleto para os
elevadores? E o que há de mais moderno no mercado?
2) 3)
Sistema duplex (inteligente), que aciona o elevador que está Sistema stand by, que após alguns minutos sem utilização o
elevador desliga os displays e outros componentes automaticamente para economizar energia; 4)
Sistema de resgate automático de passageiro, que após uma
falta de energia, abre a porta do elevador no andar mais próximo; 5)
Processo computadorizado interligado na rede monitora o
equipamento ao longo do tempo;
funcionamento do equipamento e possibilita o resgate remoto de
por isso o dito popular neste caso
pessoas presas no elevador;
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
MODERNIZAÇÃO ELEVADORES ANOS
Direcional Condomínios: Com
Na parte legal há também obrigações a serem cumpridas. A
a Pandemia, houve alguma no-
PORTARIA 03 / 11 – CONTRU / SEHAB – (Publicada em 22/10/2011)
Braga: Tivemos o incremento
Habitação da Prefeitura de São Paulo prevê exigências técnicas para
vidade?
do departamento de controle do uso de imóveis da Secretaria de
de sistemas automáticos de acio-
a reforma dos elevadores:
namento, por meio de sensores
“Há a necessidade de solicitação de novos Alvarás para a insta-
de aproximação, substituindo as
lação e para o funcionamento do elevador substituto junto a PMSP.
botoeiras, evitando o contato físico.
O aparelho novo somente poderá ser instalado e funcionar após a obtenção, respectivamente, do Alvará de Instalação e Funcionamento.
Direcional Condomínios: Qual
A desmontagem do AT antigo e a montagem do novo aparelho deverão
sembleia para a aprovação do
de elevadores, não sendo obrigatório para os fabricantes e para as
é o quórum necessário em as-
ser realizadas por empresa fabricante, instaladora ou conservadora
retrofit dos elevadores, além das
instaladoras ter o registro concedido por CONTRU.”
obrigações legais?
Primeiramente é preciso com-
A portaria completa encontra-se disponível para consulta no site
preender o contexto. Se o elevador
da Prefeitura de São Paulo. Vale a pena conferir antes de idealizar
estiver danificado ou comprometen-
o projeto de retrofit. E não se esqueça de contratar um profissional
do a segurança dos usuários, ca-
qualificado e isento para auxiliar neste processo.
racteriza-se como uma manutenção prioritária que precisa ser realizada, enquadrando-se como obra necessária e, neste caso, a deliberação é com quórum simples dos moradores presentes em assembleia. Por outro lado, se for simplesmente uma troca de equipamento por embelezamento, melhorando asenquadra-se como obra voluptuária, necessitando do quórum qualificado com dois terços dos condôminos presentes na assembleia.
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Direcional Condomínios | Janeiro 2022
Freepik golfcphoto
sim o aspecto visual e o uso do bem,
MODERNIZAÇÃO HIDRÁULICA (INDIVIDUALIZAÇÃO DE ÁGUA) ANOS
ECONOMIA, JUSTIÇA, SUSTENTABILIDADE E VALOR AGREGADO O QUE A INDIVIDUALIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES DE ÁGUA TEM A OFERECER PARA O CONDOMÍNIO? Por Guilherme Verli
EM 12
de julho de 2021,
entrou em vigor a Lei Federal nº 13.312/2016, que obriga todos os condomínios do Brasil a serem entregues com a medição de água individualizada. Mas, na maioria das edificações, a cobrança é feita de forma coletiva, ou seja, a concessionária faz a leitura apenas na entrada de água principal e a conta é paga pelo condomínio. Segundo Jonas Aparecido dos Santos, consultor técnico com quase 50 anos de experiência em instalações gerais de hidráulica “os edifícios construídos até 2005 não contemplavam a medição individualizada nos projetos. Parte dos projetos previam infraestrutura para individualização, mas ficava a
142
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
cargo do condomínio a execução, que nem sempre ocorria, devido ao elevado custo envolvido”. Podemos dizer que a individualização de água em condomínio acontece quando cada unidade consumidora paga apenas pelo volume que consumiu, permitindo que cada condômino acompanhe, mês a mês, o seu gasto. Individualização é sinônimo de economia. Para aqueles que se preocupam com a economia de água, a individualização é uma ótima saída. Afinal, condôminos conscientes reduzem seu consumo com pequenas atitutes no dia a dia. Estima-se que até 30% dos consumidores mudaram sua postura após a individualização. Com a pandemia, muitas famílias se refugiaram nas suas propriedades de veraneio, mas continuaram pagando a conta de água coletiva, embora não estivessem consumindo. Isso despertou a necessidade de implantar a individualização, que é um sistema justo e sustentável.
SUSTENTABILIDADE E INDIVIDUALIZAÇÃO VALORIZAM O CONDOMÍNIO
Jonas afirma que a maioria dos moradores preferem sistemas indi-
viduais. Os condomínios que possuem esse tipo de instalação ficam
MODERNIZAÇÃO HIDRÁULICA (INDIVIDUALIZAÇÃO DE ÁGUA) ANOS
mais valorizados no mercado, pois transmite modernidade. Culturalmente, o brasileiro costuma respeitar mais as regras quando mexem no seu bolso. Um exemplo clássico são as multas de trânsito. Com a individualização isso também acontece, pois as pessoas que normalmente não se preocupam com o desperdício, passam a tomar mais cuidado, pois arcarão com o custo. E conclui dizendo que o principal legado da individualização “é a mudança no comportamento dos condôminos de forma geral. Gastou mais, pagou mais”. O planeta agradece!
MODERNIZAÇÃO E MANUTENÇÃO
Independentemente se o sis-
tema hidráulico do condomínio é individual ou coletivo, ele precisa sempre de um acompanhamento.
local e especifiquem o material para individualização ou, nos condomínios que não possuem essa infraestrutura, estudar possibilidades”. Qualquer sistema está sujeito a defeitos e com os hidráulicos não é diferente. Jonas acredita que o ideal é sempre fazer a manutenção preventiva para identificar problemas minúsculos e não deixar que isso vire uma bola de neve, resultando em uma dor de cabeça muito maior para o síndico e para os moradores.
ATENÇÃO SÍNDICO, FIQUE ATENTO AOS SINAIS
Algumas características podem ser um indício de que a instalação
de água está com defeito. O síndico, sabendo quais são elas, pode agir rapidamente e evitar muitos problemas. Por exemplo: Se a bomba hidráulica do seu condomínio está fazendo ruídos estranhos, provavelmente ocorreu a “cavitação”. Essa é uma falha que faz com que o óleo evapore sob baixa pressão e diminua a lubrificação, danificando os componentes e comprometendo seu funcionamento. Outro sintoma comum de problemas hidráulicos é a mudança na cor da água potável. A falta de limpeza pode ocasionar corpos estranhos que deixam a água turva ou com colorações diferentes. Já no caso dos odores, o problema é facilmente identificado e os moradores reclamam rapidamente com o síndico. Isso indica que o sistema hidráulico do prédio está com problemas.
A falta de manutenção pode trazer alguns problemas bem sérios, como válvulas desreguladas ou deterioradas, rompimentos de tubulações e vazamentos. Esse tipo de situação pode comprometer a estrutura do prédio ou provocar falta de água. Para os síndicos que vão dar mais atenção a essa questão, o
Santos, consultor
consultor aconselha que é essencial
de hidráulica, avalia
“procurar empresas credenciadas
modelos de tubulação
para que façam uma avaliação no
144
Jonas Aparecido dos
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
para diferentes projetos
O CONDOMÍNIO EM ORDEM / MANUTENÇÃO PERMANENTE ANOS
MANUTENÇÃO PREDIAL:
MANTER O CONDOMÍNIO EM ORDEM É FUNDAMENTAL PARA O SUCESSO DA GESTÃO Por Eduardo Silva
TO
O GERENCIAMEN-
de um condomínio e todos os
seus subsistemas não é tarefa fácil, já que exige uma série de responsabilidades e atividades de rotina, como a checagem do plano de manutenção predial para o perfeito estado de conservação dos recursos que englobam todo o sistema de manutenção. Patrícia de Cássia Palma, Gerente Predial, é formada em Administração de Empresas e atua há sete anos no gerenciamento de condomínios, tendo experiência em diferentes formatos: alto padrão comercial, residencial e logísticos, e demonstra como a sua rotina é direcionada para garantir o funcionamento do condomínio. “Muitas vezes o morador do condomínio residencial ou o funcionário do condomínio comercial não tem a visão dos bastidores do empreendimento. O funcionamento dos serviços essenciais: água, energia, gás, telefonia, elevador, dependem de um plano de manutenção. Se comprometer o funcionamento de um desses itens básicos, todos terão a rotina prejudicada de alguma forma”. Segue a entrevista feita com Patrícia Palma, que conta deta-
146
Direcional Condomínios | Janeiro 2022
lhadamente como que a atuação de um gerente predial garante a conservação e o funcionamento do condomínio como um todo. Direcional Condomínios: Como é a sua rotina no condomínio?
Patrícia Palma: Confiro o estado de conservação e manutenção
do condomínio checando diariamente vários componentes essenciais
como as bombas de recalque, que fazem o processo de abastecimento das caixas d’água, se há anormalidade no gás, nos elevadores, o estado de limpeza diária, se há pragas e insetos nos pontos de circulação. Verifico, a conservação das plantas do jardim e a limpeza da piscina. Acompanho as OS (Ordens de Serviços) geradas pelas empresas de manutenção preventiva e dos prestadores de serviços. E, claro, faço a gestão dos funcionários do condomínio, dentre outros. Direcional Condomínios: Quais são os cuidados necessários
com o plano de manutenção voltados para o gerador, as bombas
de recalque e conservação geral do condomínio para impedir a infestação de pragas?
Patrícia Palma: Seguir o plano de manutenção é o melhor caminho
para evitar prejuízos. Dessa forma, cumprir as instruções técnicas de conservação de cada componente e ter um registro do controle das OS (Ordens de Serviços) das manutenções regulares, são formas que aumentam a vida útil do equipamento. Para tanto, o plano de manutenção precisa ser detalhado com um cronograma de checagem de requisitos mínimos, conforme exemplos a seguir: Gerador: A manutenção do grupo gerador deverá seguir as nor-
mas técnicas NBR 5410 (instalações elétricas de baixa tensão) e NBR 10151 (avaliação de ruídos em áreas habitadas). Precisa ser realizada por empresa especializa em engenharia elétrica com registro ativo no CREA. Anualmente deverá emitir ART – anotação de responsabilidade técnica sobre os serviços de manutenção, além da realização do laudo de funcionamento e abrangência. Mensalmente vários componentes deverão ser vistoriados como: motor a diesel, acoplamento, carregador de baterias, baterias, quadro de comando, chave reversora,
O CONDOMÍNIO EM ORDEM / MANUTENÇÃO PERMANENTE ANOS
além da realização de testes de
do Engenheiro Químico responsável deverá ser fixado nas áreas de
funcionamento geral. Também é
circulação do condomínio.
aconselhável ligar o gerador uma vez por semana para movimentar o combustível. Bombas: Para garantir o abaste-
Direcional Condomínios: Quais são os cuidados necessários
com o plano de manutenção predial?
Patrícia Palma: Devemos sempre seguir o plano de manutenção
cimento de água nos apartamentos é
para não ocorrerem imprevistos nos equipamentos e na vida operacio-
necessário que as bombas de recal-
nal do empreendimento. É de suma importância o controle de todos
que estejam em perfeito estado de
os sistemas, de acordo com as instruções técnicas de cada item, para
conservação. Mas para garantir isso,
que em caso de problemas técnicos, o condomínio tenha respaldo para
é primordial estabelecer um contrato
acionar a garantia da construtora ou do fabricante do equipamento.
de manutenção preventiva com uma
Para tanto é necessário registrar a comprovação de que tudo foi feito
empresa especializada e com corpo
como recomendado. A manutenção deve ser constante. Temos itens de
técnico qualificado para atender o
checagem diária, semanal, quinzenal, mensal e anual. Um cronograma é
condomínio 24 horas, incluindo fi-
fundamental para a organização destas checagens.
nais de semana e feriados, em caso de emergências. O contrato deverá prever visitas regulares para a inspeção das bombas, os componentes
Patrícia Palma: Gosto de utilizar sistema de manutenção onde
eletrônicos, identificação de vaza-
temos o cronograma diário das atividades da equipe, rondas para verifi-
mento nas conexões hidráulicas,
cação se o cronograma está sendo respeitado, controle das visitas das
análise geral da vida útil das peças,
empresas terceirizadas para acompanhamento das atividades realizadas,
teste da pressão da água e do nível
calendário de documentação legal para acompanhar a renovação dos
dos reservatórios, dentre outros. É
certificados e laudos.
válido o condomínio ter uma bomba de reserva para casos de emergência ou checar se a empresa contratada tem essa reserva. Controle de pragas: A de-
148
Direcional Condomínios: Quais ferramentas você utiliza para
o gerenciamento predial?
SEM O DEVIDO CONTROLE DA MANUTENÇÃO PREDIAL, SÍNDICOS SOFRERÃO CONSEQUÊNCIAS
O artigo 1348 do Código Civil Brasileiro prevê entre as compe-
detização nas áreas comuns visa
tências e obrigações do síndico: “V - diligenciar a conservação e a
exterminar os insetos rasteiros e
guarda das partes comuns e zelar pela prestação dos serviços que
voadores, evitando que acessem
interessem aos possuidores; IX - realizar o seguro da edificação.”
as unidades privativas, trazendo um
Portanto é dever do síndico observar e ficar atento ao cumpri-
transtorno à administração predial. A
mento correto e adequado do plano de manutenção predial preven-
dedetização deverá ser feita a cada
tiva, que se tratado com descaso vai gerar excesso de manutenção
seis meses, com reaplicação a cada
corretiva (despesas imprevistas), onerando o caixa do condomínio.
90 dias, se necessário. O certificado
Consequentemente terá impacto na prestação de contas mensal
de realização dos serviços com a
que serão expostas na Assembleia Geral Ordinária. Se o síndico
descrição dos produtos químicos
tratou com descaso, poderá ter as contas reprovadas, trazendo
utilizados, bem como a assinatura
consequências judiciais.
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INSTALAÇÕES DE GÁS ANOS
COMO EVITAR PROBLEMAS COM GÁS NO SEU CONDOMÍNIO? Por Guilherme Verli
O GÁS
é um produto
extremamente útil na vida dos bra-
principalmente se estiver com cheiro de gás.
sileiros. Seja para usar no fogão ou
O combate aos perigos das instalações de gás é um dever de todos:
para aquecimento de água, ele é
fornecedora, administradores do condomínio e moradores. A conces-
indispensável no nosso cotidiano.
sionária é responsável pelas manutenções periódicas, mas, segundo
Mas os perigos que ele trás são
o artigo 1.331 do Código Civil, o encarregado pelas tubulações nas
proporcionais à sua importância.
áreas comuns é o próprio condomínio. Já dentro de cada residência,
Para evitar que tragédias aconteçam, os síndicos precisam cuidar muito bem dessas instalações. O
quem fica com a responsabilidade é o proprietário.
ATENÇÃO, SÍNDICOS:
técnico Elinor Ribeiro de Souza,
Segundo a cartilha “Inspeção Predial - Mecanização”, do Ibape-SP,
alerta que vazamentos “podem
é proibida a existência de redes de distribuição de gás em: dutos em
causar sérios problemas, tanto para
atividade (ventilação de ar-condicionado, produtos residuais, exaustão
o condomínio, quanto para os mo-
e chaminés); cisterna ou reservatório de água; compartimento elétrico
radores. Por exemplo, se houver um
(painéis, quadros e caixas); depósito de inflamáveis explosivos e outros
vazamento na instalação, há o risco
elementos de periculosidade; Interior de elementos estruturais (lajes,
de causar explosão e incêndio”.
pilares e vigas); espaços fechados; poço ou caixa de elevador; não é
E como evitar consequências negativas nas instalações? Duas coisas fazem uma diferença significativa nos sistemas de gás: modernização e manutenção. Segundo Elinor, “a modernização
permitido o uso de tubulação de gás como aterramento.
INDIVIDUALIZAÇÃO
Assim como nos sistemas hidráulicos, muitos condomínios têm
instalações de gás coletivas. Mas isso deve mudar em pouco tempo. “Os síndicos estão preferindo adotar a individualização”, ressalta Elinor.
nessa área é muito importante pois,
O técnico explica que “a instalação coletiva é a média do uso de
os materiais utilizados ficam cada
gás de todos os apartamentos. No final, todos irão pagar o mesmo
vez mais eficientes e seguros para
valor. A instalação individual é o valor apenas do uso de gás de um
as pessoas, causando até um me-
apartamento, ou seja, o morador irá pagar somente o que usou”.
nor prejuízo para os clientes, pois a
Elinor aproveitou para destacar que os síndicos estão atrás da
probabilidade de haver um problema
individualização, porque os moradores preferem esse tipo de sistema.
na instalação é menor”.
“Geralmente, preferem o gás individual, pois é o mais justo em questão
Com um sistema moderno e uma manutenção preventiva, os sistemas
150
dem acontecer, portanto é sempre importante ficar atento aos sinais,
de custo. Moradores que consomem pouco não querem pagar a média, porque geralmente acaba saindo mais caro para eles”.
de gás sempre estarão preparados
Mas para implementar esse processo mais justo, é preciso de-
para desempenhar adequadamente
sembolsar uma quantia a mais. Elinor foi bem claro ao dizer que essa
sua função. Mesmo estando tudo
forma “é mais cara que a coletiva. Pois, é necessário uma tubulação
em ordem, alguns imprevistos po-
para cada unidade.”
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ACESSÓRIOS
152 Direcional Condomínios | Janeiro 2022
ADMINISTRADORA, AUDITORIA, AVCB
Direcional Condomínios | Janeiro 2022 153
BOMBAS, COBERTURA
154 Direcional Condomínios | Janeiro 2022
CADEIRA, CONTROLE DE PRAGAS...
Direcional Condomínios | Janeiro 2022 155
CONTROLE DE PRAGAS, DESENTUPIDORA, ELÉTRICA, ELEVADOR
156 Direcional Condomínios | Janeiro 2022
ELÉTRICA...
Direcional Condomínios | Janeiro 2022 157
ELÉTRICA, FITNESS, GESTÃO DE RESÍDUOS
158 Direcional Condomínios | Janeiro 2022
GERADOR, HIDRÁULICA, IMPERMEABILIZAÇÃO...
Direcional Condomínios | Janeiro 2022 159
IMPERMEABILIZAÇÃO
160 Direcional Condomínios | Janeiro 2022
IMPERMEABILIZAÇÃO...
Direcional Condomínios | Janeiro 2022 161
IMPERMEABILIZAÇÃO, INSPEÇÃO PREDIAL, INTERFONE
162 Direcional Condomínios | Janeiro 2022
INTERFONE, MANUTENÇÃO PREDIAL...
Direcional Condomínios | Janeiro 2022 163
ELEVADOR, FITNESS
164 Direcional Condomínios | Janeiro 2022
FITNESS, GERADOR, GESTÃO DE RESÍDUOS, LGPD
Direcional Condomínios | Janeiro 2022 165
MANUTENÇÃO PREDIAL, NORMAS REGULAMENTADORAS, PINTURA PREDIAL
166 Direcional Condomínios | Janeiro 2022
PAISAGISMO, PINTURA PREDIAL
168 Direcional Condomínios | Janeiro 2022
PINTURA PREDIAL
170 Direcional Condomínios | Janeiro 2022
PINTURA PREDIAL...
Direcional Condomínios | Janeiro 2022 171
PINTURA PREDIAL
172 Direcional Condomínios | Janeiro 2022
PINTURA PREDIAL...
Direcional Condomínios | Janeiro 2022 173
PISCINA, PLAYGROUND
174 Direcional Condomínios | Janeiro 2022
PORTARIA VIRTUAL, PORTÕES, RETROFIT
Direcional Condomínios | Janeiro 2022 175
PISO, SERRALHERIA, SISTEMA DE SEGURANÇA
176 Direcional Condomínios | Janeiro 2022
SISTEMA DE SEGURANÇA, TERCEIRIZAÇÃO...
Direcional Condomínios | Janeiro 2022 177
TERCEIRIZAÇÃO, TRATAMENTO DE PISO
178 Direcional Condomínios | Janeiro 2022