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II. PRÓLOGO

GAIO – ROSÁRIO: LEITURA DO LUGAR

Câmara Municipal da Moita | Frederico Vicente e Ana Filipa Paisano 21

“A re lexão da paisagem no homem é activa e constante. A paisagem não é uma coisa inanimada; tem uma alma que actua com amor ou dor sobre as nossasideias ou sentimentos, transmitindolhes o quer que é da sua essência, da sua vaga e remota qualidade que, neles, conquista acção moral e consciente. Por isso, a paisagem representa um grande existência.”1 papel na nossa

Apresente investigação tem por objetivo realizar uma re lexão sobre a importância do lugar como conceito inerente à Arquitetura. Os lugares não são apenas sítios ísicos, contêm uma dimensão menos evidente, que se traduz pela experiência comum; de cada sujeito. Esse comportamento impresso em quem o habita, é vinculado e estruturado pelo desenho da forma, o seu sentido e as características que atribuem unicidade ao lugar – é o gesto ou a dança do espaço. A mesma singularidade que transforma alguns lugares em únicos e insubstituíveis. Assim, compreender as singularidades de um lugar, pressupõe o estudo da sua correspondência com a comunidade que o habita, por outras palavras, entender a sua dimensão humana. “Gaio – Rosário: leitura do lugar” surge na continuidade de um estudo dos lugares, do território e da paisagem. O que se pretende é evidenciar o seu Genius Loci2, o caráter pessoal e especí ico do lugar. Apenas pela sua leitura é possível determinar o seu carácter, mas sobretudo revelar a personi icação que habita a paisagem. A expressão Genius Loci refere-se, portanto, ao conjunto de características arquitetónicas, formais e de linguagem, culturais e sociais que modelam no seu todo o sentido do lugar.

1 Teixeira de Pascoaes. Livro de Memórias. Assírio e Alvim. Lisboa, 2001. 2 Termo de origem latina que se refere ao "espírito do lugar". A expressão voltou a ser usada por Christian Norberg-Schulzz, no livro “Geniusloci. Towards a phenomenology of architecture”, onde o autor propõe uma abordagem fenomenológica na leitura do lugar e na correspondência da sua identidade.

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1. LOCALIZAÇÃO DO GAIO-ROSÁRIO NO ESTUÁRIO DO TEJO

O título da publicação delimita as duas dimensões do estudo: o lugar: Gaio-Rosário, a sua localização, feição, matéria e existência, e a noção de leitura. A metodologia usada passou pela visita e constante revisita, pela observação e escala do percurso sensorial e na intersubjetividade. Deste modo, foi necessário dividir a publicação em dois capítulos, que correspondem a duas fases sequenciais. A primeira baseou-se no levantamento e recolha combinada com a observação, desenho, fotogra ia e no registo dos discursos dos habitantes. Cruzando a história da vila com as estórias, memórias, experiências e sentimentos, foi construída a intersubjetividade – a segunda fase. Esta catalogação de manifestações permite con irmar a experiência sensorial in situ proveniente da leitura fenomenológica. Corrobora as características e qualidades apresentadas para o lugar, uma vez que existe a repetição de arquivos e fontes que validam as conclusões obtidas. A subjetividade, inerente ao ato de observação, é diluída pela objetividade da repetição das experiências, levando a uma universalidade da perceção – comum a vários. Por consequência, construímos a alma e isionomia do lugar. O que se pretende com este documento é que seja o re lexo e a expressão do Gaio-Rosário. Um primeiro momento descritivo, proveniente da leitura do espírito do lugar, e um segundo capitulo ou álbum, que ilustra essa personalidade. Sendo um palimpsesto de conotações e memórias, esta publicação posiciona-se como manual de boas práticas na preservação da identidade do Gaio-Rosário.

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2. IMAGEM SATÉLITE DO GAIO-ROSÁRIO

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