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2.1. O LARGO

34 GAIO – ROSÁRIO: LEITURA DO LUGAR Câmara Municipal da Moita | Frederico Vicente e Ana Filipa Paisano

8. O ROSÁRIO COMO LARGO CONCÊNTRICO

2.1. O LARGO

Diferente do largo do estaleiro naval, cuja forma resulta de uma bolsa na estrada, o largo do Rosário é circular e estruturado. O coreto, uma construção do século XX, é um adereço para um palco de acontecimentos. É espaço para o convívio, para as festividades: local de encontro. O cenário não é a bucólica cena do campo ou a esquadria das salinas, mas sim as casas. As fachadas do casario fecham o núcleo a norte (com a exceção da rua que segue para o Posto de Depuração das Ostras, a rua da Cidla), como um muro à paisagem – não a deixando entrar. As únicas aberturas ao horizonte são perpendiculares ao rio, com a Rua Pereira Silva e a Rua 25 de Abril. Estas ruas são en iamentos de um sistema de vistas controlado, como iremos perceber. O crescimento do casario respeitou a cércea existente. A casa comum tem um piso de altura, duas janelas e uma porta ao centro. São em adobe e taipa, algumas com argilas negras, despojadas de adornos, mas quase sempre com uma platibanda, ou seja, sem beirado livre. É possível que muitas delas tenham sido intervencionadas no decurso do séc. XIX e séc. XX, repetindo-se o modelo nas restantes – introdução da platibanda, frisos e desenhos em alto-relevo. Presume-se que o n.º10 da rua D. Nuno Alvares Pereira, lote em ruínas, se aproxime do modelo inicial: uma construção de fachada baixa, com uma porta e duas janelas, telhado de duas águas e beiradolivre. As cantarias seriam pobres, sendo a pedra reservada para casas mais nobres. A exceção deste modelo acontece precisamente nas ruas perpendiculares ao rio, onde as casas ganharam um segundo piso.

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