Merry Christmas: Contos Natalinos (Antologia)

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MERRY CHRISTMAS: Contos Natalinos – Antologia. Copyright © 2018 by Divino B’Atista Todos os direitos reservados

Produção: Editora Percurso Capa: Divino B’atista Ilustração: Léo Otaciano Diagramação: Clayton De La Vie Revisão: Lucas Augustus Magan Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem a permissão escrita do autor. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

B869.3 Divino B’atista – Organizador Merry Christmas, Contos Natalinos / Antologia – Santos, Goiânia 2018 218 p.; 14 x 21 cm; Il. PB. Bibliografia

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1. Romance brasileiro – ficção Literatura Brasileira I. B’atista, Divino II. Título

2ª Edição / 2018 – ISBN: 978-85-5637-006-8

Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.


SUMÁRIO 7. Agradecimentos 11. Um All Star Natalino Divino B’Atista 19. Todo dia é Natal Érica Christieh 27. O

Natal que me salvou Fernando Nery

39. O reluzir de Christine Leonardo Otaciano 47. Sobre um Natal que não aconteceu Malu P. Magalhães 53. Boneca de Natal Márcio Winchester 63. Bônus: Caderno de Questões + Quiz

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Agradecimentos Antes de mais nada, gostaria de agradecer aos autores que aceitaram participar deste projeto desde o início, lá em 2015, quando fiz o convite para dividirem algumas páginas ao meu lado

em

uma

antologia

natalina.

Então,

obrigado, Érica Christieh, Fernando Nery, Malu P. Magalhães, e Márcio Winchester. Queria agradecer especialmente ao Leonardo Otaciano e dizer que a capa ficou perfeita graças à sua maravilhosa ilustração, pois, sem ela, o designer da capa não faria nenhum sentido. E a ilustração também realçou bastante cada um dos contos presentes neste livro. Obrigado! 7 7


Ao Clayton De La Vie, por ter feito a diagramação mais perfeita do mundo (gostei tanto que até deixei a mesma nesta segunda edição), mas, fico triste que sua participação neste livro não se faz presente como na edição anterior. Gostaria de agradecer também à Editora Percurso por ter agarrado o nosso projeto lá no começo (na primeira edição), e por não ter continuado até o fim também. Poderia ter dado certo, mas foi exatamente isso que me ajudou a ver as coisas de uma outra pespectiva. Por isso, agradeço também à Vanessa Araujo por abrir os meus olhos sobre o mercado editorial. É difícil confiar nas editoras depois que você apareceu. À nossa queridíssima parceira Kalita Cássia (do blog: Fofocando Sobre Livros), pela divulgação deste livro antes mesmo de ele ser lançado (o conto do Clayton não está mais aqui). E a vocês, leitores, por serem tão fiéis aos seus autores e pela paciência ao esperar este livro durante todos esses anos (risos tensos).

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Está enganado quem pensa que Merry Christmas é apenas mais um livro sobre o Natal. Saiba que ele não é. Esta obra é muito mais que um livro natalino. Merry Christmas foi (e ainda é) a nossa porta de acesso a uma nova dimensão na literatura brasileira. E, através desta porta, eu pude conhecer mais a fundo os gostos literários e a escrita de cada um. E é exatamente esse o motivo pelo qual lhes convido a mergulhar nessa inédita aventura também. Acredito que, assim como nós, escritores – que amamos e nos divertimos muito ao criar cada conto aqui presente –, você, leitor, também se divertirá bastante e talvez, quem sabe, apreciá-los tanto quanto eu.

Divino B’Atista.

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Um All Star Natalino DIVINO B’ATISTA

os restos que haviam sobrado do All Star pelo pequeno espaço de sua vidraça, Kaio já conseguia imaginar o desespero que enfrentaria ao encontrar com o seu tio, Tom. Não era a primeira e nem a última. O cachorro do vizinho, dos mais valentes da raça pitbull, já havia repetido aquela cena muitas e muitas vezes. Era a sétima vez que Tom comprara outro All Star para seu sobrinho órfão assim que prometiam ir a algum evento importantíssimo da região, mas, provavelmente, Kaio sempre encontrava um jeito de danificá-lo. E

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isso, obviamente, não era proposital. ''Que explicação darei ao meu tio?’’ – pensou Kaio, aflito com essa situação. – ''Como irei convencê-lo de que não foi de propósito?’’. Entretanto, Kaio tinha consciência de que essa era a sua trigésima tentativa de fuga. E sempre fracassando em suas tentativas após os latidos de Draco assim que seus dentes afiados prendiam-se em seu All Star novinho. Tom não fazia o tipo de vilão de histórias em quadrinhos, tanto é que ele até teve que fazer uma escolha difícil dias antes. Talvez a escolha mais difícil de toda a sua vida. Ao invés de ter comprado um lindo e deslumbrante smoking bem posicionado em um manequim que estava sobre a vitrine, Tom escolheu esse novo par de tênis para o sobrinho. E era por isso que Kaio deveria cuidar tão bem desse objeto, pois Tom desejava aquele smoking há meses. Dessa vez, o evento importantíssimo seria no dia vinte e cinco de dezembro, em comemoração ao Natal, claro.

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Natal Todo Dia ERICA CHRISTIEH

de dezembro. Era véspera de Natal, e eu estava sentado na calçada em frente à minha casa, brincando sozinho, como fazia todos os dias. Não que eu gostasse de brincar sozinho, mas às vezes me faltava bons amigos para compartilhar os meus momentos de alegria que só eu sabia inventar. Aliás, o meu nome é Yeshua, diferente de tudo que alguém já ouviu na vida. Mamãe me disse que havia escolhido esse nome para mim porque eu havia salvado a sua felicidade.

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Enquanto eu permanecia concentrado na minha

corrida

maluca

de

carrinhos

pela

calçada, veio aquele senhor barbudo, gordo, mal-encarado, passando por mim, chutando revolto os meus carrinhos, fazendo-os parar lá do outro lado da rua.

— Qual é moleque? – ele esbravejou com os olhos arregalados de ódio para cima de mim, enquanto cuspia a sua insatisfação por aquele dia ruim. – Vê se vai brincar em outro lugar antes que eu quebre os seus dentes também. Eu me levantei assustado, sem entender o porquê do seu comportamento, enquanto o observava caminhar ao encontro de uma mulher já idosa, de cabelos brancos, pele enrugada, e a despejar nela o resto da sua fúria.

— Velha inútil – ele disse. – O que, afinal, você faz na rua? Se lhe acontecer algo, não serei eu a cuidar de você depois. Logo em seguida, ele se virou para mim com aquele olhar ameaçador e entrou.

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O Natal Que Me Salvou FERNANDO NERY

aproximando o Natal. Na casa da família Pereira, tudo ocorria da melhor forma possível. Os preparativos para a festa, a comida e os cartões de Natal eram as coisas mais lindas desse mundo. Maria adorava essa época. Era uma alegria receber todos os parentes em sua casa. Sua família e a do seu marido nunca falhavam. Em todos os seus anos de casada, não houve nenhum parente que faltasse na festa. Seu marido, Fernando, era

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um

comerciante


próspero. Suas vendas sempre aumentavam. Na época de Natal, o seu lucro triplicava. Devido a todos esses fatores, seus parentes nunca precisaram levar nada para a festa. Fernando se responsabilizava por todos os gastos. Um mês antes do Natal, já podíamos ver a casa com a decoração perfeita. Havia uma enorme árvore de Natal com uma luminosa estrela e bolas coloridas. Luzes piscantes estavam espalhadas tanto no interior como no exterior da casa. Diversos enfeites coloridos compunham o cenário. Em meio a tanto brilho, havia o mais importante de tudo para eles: uma linda criança cujo nome de batismo era o mesmo de seu pai. Fernandinho, ou Juninho, foi uma criança bastante desejada. Maria demorou muito para engravidar. Quando conseguiu, teve que ter cuidados redobrados com sua saúde, pois era uma gravidez de risco. Um ano após o nascimento,

o

menino

teve

uma

doença

estranha, da qual eu não recordo o nome por ser tão complicado.

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O Reluzir de Christine LEONARDO OTACIANO

Os flocos de neve não interrompiam a sua queda. Os bonecos surgiam da terra alva, feitos por um bando de crianças extasiadas aos gritos nos quintais de suas casas. O frio excessivo congelava tudo o que atinava pela frente. A visão era branca. De uma banda à outra. De lar em lar. A casa de Margareth recebia muitas visitas àqueles dias. Era prática de os parentes marcarem presença para a grandiosa ceia em família. Christine era a única que não ia. Até o

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seu primo mancebo e gótico se encantava com o clima canoro do lar. Mas Christine não aceitava o Natal. Reputava o dia natalino como uma estupidez. Margareth, sua mãe, sentia-se entristecida naquelas épocas e imaginava o que a filha pudesse fazer durante aquelas horas solitárias. Aos oito anos, Christine descobrira que o Papai Noel não existia. Rômulo foi quem lhe contou, e não bastou que um simples falar como “PAPAI NOEL NÃO EXISTE, CHRISTINE” a convencesse de tal afirmação. Foi preciso provar.

— ISSO É BESTEIRA, OS NOSSOS PAIS CONTAM ISSO SÓ PARA NOS ENGANAR E NOS DEIXAR FELIZES. Ele conduziu a amiga à janela de sua casa e, lá, ela lacrimejou, aquilatando a cena que via. Escondido, seu pai organizava alguns presentes ao pé da árvore de Natal, enquanto a mãe dizia: QUANDO ELA ACORDAR, VAI ACREDITAR QUE PAPAI NOEL ESTEVE AQUI. Era tudo uma farsa, então!

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Sobre Um Natal Que Não Aconteceu MALU P. MAGALHÃES

Belo Horizonte, 18 de dezembro de 1969

que é desconfortável me dirigir a você desse jeito frio e formal. Tivemos tanta intimidade em um passado recente, e hoje... Bem, há três meses a gente não se fala, mas o Natal está chegando e, apesar de não estarmos exatamente como planejamos, eu resolvi lhe escrever. Admito, porém, que não sei ao certo que reação minha carta lhe causará. Fico imaginando qual

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será sua atitude ao tê-la em mãos. Será que abrirá ansioso o envelope e perceberá nele o aroma do meu perfume que você dizia amar? Ou o receberá com descaso e o jogará sobre a escrivaninha do seu hall de entrada, pelo qual tantas vezes passei sorrindo e correndo ao seu encontro? Surpreso ou aborrecido, não me importo muito, só espero que leia estas, que são minhas últimas linhas para você. Vivemos uma história complicada, os dois sabemos. Eu queria um romance; você, uma relação casual. E, aliado a essa divergência de quereres, havia entre nós o desejo, esse fogo que queima sem ferir quando não existe sentimento, mas que aquece e faz doer se o coração pede mais que paixão. Entre tantas idas e vindas motivadas tanto pela sua insistência quanto pela minha esperança, nós ficamos juntos por quase dois anos.

Vivemos

uma

incrivelmente irracional.

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relação

intensa

e


Boneca de Natal MÁRCIO WINCHESTER

estava quase perdendo as esperanças e convencendo a si mesma de que seria qualquer uma. Mas, na mesma hora, sua mente o culpava, pois era um Natal especial, assim como ela. Sem contar que acabara de passar seu aniversário de cinco anos, e ele não poderia lhe dar nada. “Não é sempre que se faz cinco anos”, ela lhe dissera no dia e, por mais que não tenha demonstrado, ele sabia que ela estava frustrada por não receber um presente. A culpa não era de Luan – e ele bem que

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gostaria de ter deixado claro –, mas da mãe dela e de todo o grupo de pessoas que faziam questão de mantê-los afastados por um motivo bobo. Luan não queria criar mais confusão, preferindo ficar com a culpa para si, engolindoa como um sabor indigesto de uma comida que saiu errada oferecida por um amigo em sua casa. Contudo, nesse Natal, ele estava decidido a fazer diferente. Não pouparia esforços. Estava disposto a dar o melhor presente de todos para ela. Esse natal teria que ser especial, já que, pela primeira vez, passariam juntos. Ele já havia feito sua escolha. Luan sabia do maior gosto e do maior desejo da sua pequena. Bonecas. Luan sempre lhe dava bonecas de presente e, por mais simples e malfeitas que fossem, ela sempre as amava e ficava com uma alegria sem medida e contagiante.

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Os Autores Divino B’atista, nasceu em 1995

em

Ceres/GO,

mas

cresceu em Porangatu (onde passou grande parte da sua infância). Apaixonado filmes,

e

por por

músicas, literatura

nacional, vê nas obras de Paula Pimenta e Carina Rissi uma fonte de inspiração. A trilogia "Apaixonada Por Um Idiota" é seu livro de estreia no mundo literário.


Érica

Christieh,

romancista,

contista, candanga que escreveu sua primeira história aos 10 anos de idade e que, em 2012, publicou seu primeiro livro, "Além do que os meus olhos podem ver". Em 2015, publicou o seu primeiro romance pela Editora Buriti, "Um amor para vida toda", sendo, no mesmo ano, publicado pela Editora Multifoco o livro "Minha Obsessão". E-mail: ericachristieh@gmail.com

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Fernando Nery, conhecido nas redes sociais como Filósofo dos Livros, nasceu em San- tos/SP. O

seu

gosto

pela

leitura

começou quando ainda era bem pequenino. Acredita que os livros nos ajudam a pensar sobre as questões da vida. Não se trata apenas de uma atividade de entretenimento, mas da possibilidade de refletir sobre as atitudes humanas e de procurar o aperfeiçoamento delas. Escreveu um livro intitulado de “A Boneca Fantasma” e pretende escrever outros, pois se denomina como um escritor que tem muitas ideias na mente, porém, que ainda não as colocou no papel. Atualmente, revela seu amor pelos livros através de seu blog e do seu canal do Youtube, ambos carregam o mesmo nome: Filósofo dos Livros. E-mail: fernandojeans75@gmail.com 88


Leonardo Otaciano, natural do Rio de Janeiro, adora escrever e contar histórias desde os tempos de infância. É apaixonado

pela

literatura

infanto-juvenil, mas também ama os gêneros de terror e suspense. Dentre muitas histórias, publicou cinco títulos até o momento, um de- les junto com o filho, Matheuz. Léo trabalha como Técnico em informática e administração, também atua na área de Design. Torce para o Flamengo, adora futebol e música, é fã do Aerosmith e pratica esporte diariamente. E-mail: leootaciano@gmail.com Blog: www.leootaciano.blogspot.com.br

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Malu

P.

Magalhães,

Maria

Luíza no papel, Luizinha em família, Lu e Malu para os amigos. Trinta anos, aparência de quinze e voz de dez. Formada em Serviço Social. Leitora, às vezes relaxada, às vezes compulsiva, apaixonada por romances. Jane Austen é sua leitura favorita, mas passeia entre Agatha Christie, Machado de Assis, Pedro Bandeira, Paulo Coelho, Nicholas Sparks, livros espíritas, entre outros. Seus pensamentos são antigos, e seus sentimentos, frequentemente impulsivos e nostálgicos. Seus desejos encontram quase sempre um obstáculo, e seus sonhos... Ah, só através desses que ela se liberta realmente. Sua família é a sua vida, e os seus amigos são uma parte fundamental dela. Es- pírita, graças à infinita bondade de Deus, sempre confessa que é viciada em internet, chocólatra adoradora da Lua.

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assumida

e


Autora do blog Oxigeneando-Me e colaboradora dos blogs Nós, Poéticos e Literários e do Trechos & Resenhas. E-mail: maluizace@gmail.com

Márcio Winchester já trabalhou como embalador, operador de caixa em mercantil e até vendeu chip de operadora de celular nas ruas. Porém, desde criança, sua paixão sempre foi livros, filmes e seriados. E, na adolescência,

decidiu

que

queria

escrever.

Escreveu para o jornal da escola e até teve uma de suas publicações divulgadas em um importante jornal do estado. Autor de inúmeras histórias, pretende lançar seu primeiro romance muito em breve. E-mail: marcio-m.r.c@hotmail.com 91



Ei, Leitor, Que tal contar o que você achou do livro nas redes sociais? É muito simples. É só usar as hastags #AntologiaMerryChristmas #MCContosNatalinos #DivinoBatista #MerryChristmasContosNatalinos para dar sua opinião, encontrar a de outros leitores ou simplesmente compartilhar o livro. Ah, e se você tiver um blog ou tumblr, pode fazer resenha especial mais detalhada. Faço questão de ler todas. Acreditem, a opinião de vocês é sempre muito importante para nós  É isso. Até o próximo livro. Com carinho, Divino B’Atista.

Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do Código Penal.

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