O Reino Escondido (As Crônias de Darren Cook - Livro 1) - DESGUSTAÇÃO

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O REINO ESCONDIDO – Divino B’atista © 2018 Divino Batista preparação de texto: Divino Batista projeto da capa: Divino Batista Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem a permissão escrita do autor.

Dados Internacionais de Catalogação (CIP) B’atista, Divino O Reino Escondido: As crônicas de Darren Cook – Livro 1 /Divino Batista – 1ª ed. – Goiânia, Brasil: 2018. 160p. ; 21 cm ISBN; 9781719815482 1. Literatura Brasileira. 2. Romance Juvenil. I. Título.

CDD B869

1ª edição – Outubro – 2018 Reprodução proibida 
Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.


Dedico este livro para todos aqueles que não acreditam em contos de fadas, mundos místicos, criaturas estranhas, Dragões, ou qualquer ser indestrutível completamente incapaz de existir em nosso mundo real.





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lhando para cima, admirado com a altura de algumas das árvores, Douglas tentava imaginar como seria sua pequena casa lá do alto. Adorava explorar as árvores mais altas, era sua brincadeira favorita desde que tinha apenas oito anos de idade. Mas aquele pé de Eucalipto era muito alto, talvez o mais alto que já avistou desde que sua mãe veio morar com a avó. O brilho das folhas aumentava a cada novo movimento e algumas até chegaram a cair sobre a janela do seu quarto. Que estava coberta por uma infinidade de trepadeiras. Uma ventania trouxe consigo pequenas nuvens cinza, Douglas sabia que uma tempestade estava a caminho.

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— Oh, querido! O café está na mesa. — exclamou a avó abrindo a porta do quarto — Preparei aquele bolo delicioso que você adora. Por mais fascinante que fosse aquela enorme árvore, Douglas nunca recusava o bolo de fubá que sua avó preparava. Nunca. — Oba! Oba! — gritou o menino, contente em ouvir aquilo. Mas antes mesmo que a avó pudesse se aproximar de seu neto, Douglas já tinha saído do quarto em uma velocidade, que para Dona Trurds, era semelhante a da luz. De longe o garoto conseguia respirar o delicioso aroma que vinha da cozinha. Sentou-se em uma das cadeiras da mesa e esperou ansioso pela avó que se aproximava aos poucos. Dona Trurds havia caído na noite anterior quando escorregou no Satelyt - o cão vigia. Isso só aconteceu por causa da escuridão no quintal, e Dona Trurds estava sem lanterna. O motivo de ter saído no escuro surgiu após os latidos de Satelyt, e já fazia três dias que as galinhas estavam sumindo misteriosamente. Em poucos minutos, Dona Trurds entrou na cozinha, agarrou uma faca e seguiu em direção à mesa onde fatiou o bolo em vários pedaços. — Aposto que a senhora nunca tinha observado aquela árvore antes. — desafiou o menino. 12


Dona Trurds colocou um pedaço do bolo no prato, entregando para seu neto, em seguida deulhe um copo com leite bem quente. Douglas nem ligou para a temperatura do copo, estava faminto. — Cuidado! — avisou Dona Trurds — Acabei de retirar do fogo. — Ops! — disse o garoto ao perceber que ainda estava quente. Passou alguns segundos tentando esfriar o leite enquanto comia, e por alguns minutos havia se esquecido da enorme árvore. Mas ao olhar para o garoto, Douglas observou o reflexo de algumas folhas do Eucalipto no olhar de Dona Trurds. — A Senhora notou alguma diferença naquela árvore? — desafiou novamente o garoto. — Do que você está falando, querido? — perguntou Dona Trurds sem entender. — Daquela árvore... — continuou Douglas — ...aposto que a senhora jamais a observara. — De que árvore você está falando? — Daquela, perto da janela do meu quarto. — Oh, querido! — mencionou Dona Trurds — Prometa que nunca tentará subir naquela árvore. — Mas por que, vó? Eu adoro subir em árvores, principalmente as maiores. — Por isso mesmo você deve prometer que nunca tentará subir. Você promete? 13


Douglas pensou em todas as possibilidades para chegar ao topo da árvore, mas quando percebeu aquele olhar que dizia: ''você vai ficar de castigo'', respondeu: — Eu prometo, mas... Só se a Senhora me deixar subir até... a metade! — sugeriu Douglas, mesmo prevendo um não da avó — Pode? — Nem pensar! — negou Dona Trurds. — Por favor, deixa? — insistiu Douglas — Eu prometo que quando estiver na metade eu volto! — Você promete? Aproveitando o voto de confiança da avó, Douglas cruzou os dedos e, com um sorriso no rosto, continuou: — Dou minha palavra. — Está bem! Mas, vai ter que deixar para amanhã. - sugeriu Dona Trurds. — Por que amanhã? — perguntou o menino, sem entender — Eu quero subir agora! — E cair lá de cima? Nem pensar! — continuou Dona Trurds — Olhe, uma tempestade se aproxima. Uma forte rajada de vento forçou a janela da cozinha a se abrir em um brutal solavanco. O frio se hospedou no ambiente.

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Ciente dos riscos, Douglas abaixou a cabeça, teria que esperar bastante tempo para poder viver sua aventura. — Enquanto isso, quer ouvir mais uma das Aventuras de Lollyta? — sugeriu a avó, tentando alegrar o neto novamente enquanto caminhava até a janela para trancá-la. Dona Trurds sempre narrava às aventuras de uma menina que adorava explorar coisas novas, Douglas chegou a desconfiar que sua personagem fosse um pouco parecida com ele, mas sempre admirou e nunca recusou ouvi-las. — Claro! O que Lollyta descobre dessa vez? — Nessa nova exploração, Lollyta descobre um novo reino. — Um Reino? — perguntou Douglas, entrando na história — Mas... um Reino de Reis e Rainhas? Douglas sempre sonhou que, um dia, se tornaria Rei e viveria eternamente em um enorme castelo cheio de árvores, as mais altas do reino estariam presentes. Dona Trurds sempre notou seus olhos arregalava quando pronunciava a palavra ''Reino'' para o neto, entretanto, sempre achava uma maneira de encaixar todos os seus desejos nas aventuras de sua personagem inspirada no próprio Douglas, achando que o seu neto nunca desconfiaria.

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— Sim, mas esse Reino era escondido! — confirmou Dona Trurds — Ninguém nunca tinha ouvido falar dele. — E como se chama esse Reino? — O Reino Escondido! — continuou Dona Trurds. — Que nome mais sem graça! — reclamou o neto, cruzando os braços. — Ninguém havia notado nada. — continuou Dona Trurds, narrando à história — Nem perceberam a presença daquela montanha, e principalmente, que perto da montanha, viviam outros seres estranhos. O garoto descruzou os braços e voltou a se aprofundar na história da avó. Douglas imaginava tudo, como se estivesse realmente ao lado da personagem narrada pela Dona Trurds. — Seres estranhos? — perguntou o neto, curioso — O que eles significam? — São Criaturas desconhecidas pela nossa espécie. — Entendi! Mas e o reino? — O Reino Escondido era comandado pelo Rei Miguel e sua esposa, a Rainha Dan Dara. Eles tinham uma filha muito linda, a mais bela do reino...

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Mas antes mesmo que Dona Trurds terminasse de concluir com detalhes sobre a filha do rei e a rainha, Douglas a interrompeu: — A Princesa? — seus olhos brilhando. — Isso! A princesa do reino. — Aposto que todos do reino a desejavam. — sugeriu o garoto, com um brilho no olhar. — Na verdade, todos do reino estavam proibidos de vê-la. Por ser muito bela, o rei e a rainha não queriam que sua única herdeira unisse votos com qualquer um do reino e por isso ordenou que a Feiticeira Delly a enfeitiçasse com um feitiço do escolhido, enquanto esperavam o retorno do Prínc... Outra vez, Dona Trurds foi interrompida pelo neto. — Feitiço do Escolhido? — perguntou Douglas, incrédulo — Mas quem inventou esse feitiço? — O próprio Rei e a Rainha. Ambos não queriam que a Princesa se casasse com um Plebeu e decidiram condená-la com o feitiço justamente por sua beleza. O Escolhido poderia se casar com a Princesa e se tornaria o próximo Rei de Reino Escondido... Pela terceira vez, Dona Trurds foi interrompida pelo neto.

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— Mas, como alguém poderia se casar com a Princesa sabendo que a pobre coitada está completamente enfeitiçada? Dona Trurds olhou de relance para Douglas que parecia não gostar nem um pouco da ideia. — Como eu estava dizendo... Lollyta era a única que poderia quebrar o encanto. E... Douglas tentou interromper novamente a avó, mas Dona Turds foi mais ligeira e continuou: — ...E quando a pobre coitada, como você disse, achava estar perdida, Lollyta aparece e... Mas antes que pudesse dizer ''... Lollyta aparece e promete ajudá-la'', o neto consegue interrompê-la pela quarta vez. — E como Lollyta irá quebrar o encanto, vó? — Acalme-se, querido. Deixe-me ao menos continuar, se não, como é que você poderá entender o final da história? — Está bem, vó. Continue. — se desculpou, olhando fixamente para Dona Trurds. — Então, onde eu estava... Bem. Nesse reino havia diversas espécies, não me refiro de animais, claro que não, mas de criaturas terrivelmente estranhas. Havia mais de duzentas espécies de Minotáuros, centenas de Unicórnios, as lindas, encantadoras, e majestosas Sereias... Douglas não gostou da ideia da avó narrar um reino mágico, pois em nenhuma de suas 18


aventuras havia acontecido algo do gênero. Talvez, porque nunca havia ouvido falar em magia, sereias, minontáuros, unicórnios, ou qualquer coisa a respeito. Dona Trurds até tentou convencêlo de que coisas extraordinárias poderiam acontecer do nada, mas o neto se levantou e saiu correndo para o quarto. Embora, mesmo sabendo que só poderia subir naquela árvore no próximo dia, Douglas esperava ansioso pela a tempestade. Passava a maior parte do tempo observando aquela enorme árvore, procurando algumas nuvens cinza por detrás dela. Seus pés estavam pedindo repouso, havia ficado muito tempo diante a janela. Sem aguentar mais, 19


deitou-se na cama e passou a olhar o teto. Pensou ter ouvido algo, a voz parecia vir de outra árvore que aumentava a cada segundo. Havia prometido a avó que não iria subir naquela árvore enorme, mas não tinha incluído aquela outra árvore ao lado. A curiosidade falava mais alto naquele momento, então, decidiu sair pela janela sorrateiramente sem que Dona Trurds percebesse. Satelyt começou a latir correndo em sua direção, Douglas ficou desesperado, se Dona Trurds o encontrá-lo ali estaria de castigo na certa por causa da tempestade. Quando Satelyt se aproximou bem de perto, o garoto o agarrou. Tinha que fazer carinho para que Satelyt parasse de latir. O frio começou a se fazer mais presente, mas ele não desistiria tão fácil assim. 20


— Venha... Chegue mais perto. — disse uma voz anasalada que Douglas desconhecia. — Quem está ai? — respondeu o garoto, assustado. Satelyt voltou a latir novamente e Douglas repetiu o cafuné. — Venha... de pressa, venha logo! — continuou a voz. Douglas soltou o cachorro bem devagar, e em seguida se aproximou da árvore. Não havia ninguém, o garoto passou a pensar que estava ficando biruta. — Venha... de pressa! — continuou a voz. Douglas subiu na árvore. Com muito cuidado, chegou até a metade onde se lembrou da promessa que havia feito para Dona Trurds, mas, como aquela não era exatamente a árvore mencionada na promessa, ele continuou a subir. Sem se lembrar da tempestade que se aproximava rapidamente, Douglas nem percebeu quando as primeiras gotas d'água começaram a cair. Por está em cima de uma árvore, demorou um pouco para perceber que seus pés estavam escorregando nos troncos por causa da chuva e, por um pequeno descuido, Douglas escorregou. O tombo tinha sido muito rápido, quando o garoto menos percebeu, já estava no chão novamente. Pensou que Satelyt logo iria chegar e começar a lambê-lo como de costume. 21


Fechou os olhos e segurou o choro. A dor consumia todo o seu corpo aos poucos, era incapaz de mover as pernas e muito menos os seus braços. Foi então que o garoto acabou desmaiando.

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