RUIM PRA MIM – Divino B’atista © 2018 Divino Batista preparação de texto: Divino Batista projeto da capa: Divino Batista Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem a permissão escrita do autor.
Dados Internacionais de Catalogação (CIP) Batista, Divino Ruim Pra Mim /Divino Batista – 1ª ed. – Goiânia, Brasil: 2018. 152p. ; 21 cm ISBN 9781717770943 1. Literatura Brasileira. 2. Romance Juvenil. I. Título.
CDD B869
1ª edição – Abril – 2018 Reprodução proibida Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Para Samuel Rodrigues e Carine Pinho. Sem vocês eu não teria conseguido chegar até aqui. Obrigado, obrigado, obrigado!
Aos meus sempre fiéis leitores: já disse e nunca me cansarei de enfatizar a grande importância que cada um de vocês tem em minha jornada literária. Recebam meus verdadeiros e sempre sinceros agradecimentos.
''Tarde demais o conheci, por fim; cedo demais, sem conhecĂŞ-lo, amei-o.'' (William Shakespeare)
PRoLOGO Ainda com os olhos fixos sobre a pizzaria central e com um pouco de esperança também, já que a mesma estava de portas fechadas -, tentei, de todas as maneiras possíveis, encontrar um mísero sinal capaz de atualizar todas as notificações do aparelho que agora permanecia cravado em minhas mãos. O sol brilhava fortemente, escaldante, e me fazia suar um pouco pelo abdômen mal definido. Frequentei academia por três semanas, mas acabei parando por falta de tempo e, tudo bem vai, muita falta de motivação. Não é como se eu detestasse pegar peso e tudo mais, apenas não quero continuar alimentando a falsa ideia de que terei aqueles tão desejados músculos que sonhei desde os meus 14-quase-15 anos de idade com toda essa magreza. E, convenhamos, estou bem. Literalmente bem. E em forma fisicamente, também, então... Estou ali por dois únicos motivos: 1. Por necessitar urgentemente do WI-FI gratuito:
2 . Pelo simples fato do meu único e verdadeiro amor, Andrew, trabalhar ali.
Otávio, o dono da pizzaria, odeia clientes que não consumem nada além do sinal de internet grátis, justamente por não está no cardápio, mas... o que mais eu poderia fazer? Estava sem grana, certo? — MATHEUS? — ouvi alguém chamar o meu nome e, provavelmente, eu conhecia aquela voz o bastante para não desviar o olhar que permanecia fixo na tela do meu celular — DE NOVO, CARA? — meu melhor amigo de infância me encarou, e, mesmo que eu não tenha olhado em seu rosto, eu sabia exatamente quais eram as suas feições nesse momento: sarcástico e brincalhão. Como se esperasse por uma boa resposta. E foi exatamente o que fiz: — “Oi” pra você também, Carlos! — respondi a contragosto — E... Como assim de novo? — e o encarei, trocando à tela do meu smartphone pelo seu sorriso debochado de sempre. — Ué, roubando Wi-Fi. — ele sorriu ao dizer isso, como se sua resposta fosse óbvia. — Não estou roubando Wi-Fi, estou apenas usando-o como qualquer outro cidadão normal faz. — e voltei o olhar para a tela do meu aparelho novamente. Tudo bem que, nos meses anteriores, eu visitava este lugar uma vez por semana. Mas, com a falta de dinheiro e sem emprego, não tenho como colocar créditos para atualizar as minhas redes sociais. — Tudo bem, cara, não queria te interromper. — continuou Carlos — Só vim até aqui lhe avisar que o Otávio está precisando de um funcionário, e... — para minha total surpresa, ele não continuou.
— “E” O QUÊ? — voltei a encará-lo nesse instante, já que o seu Otávio é, nada mais nada menos, do que o patrão do Andrew também. — E... Bom! Como você está desempregado, achei ser a melhor oportunidade para te apresentar a vaga. — ele finalizou, um pouco constrangido, porém, otimista — Você tem experiência, pensei que... talvez, sei lá... você sabe. — SÉRIO? — eu meio que quase gritei ao falar isso — Isso é perfeito! — e não consegui esconder um sorriso. Não que eu necessitasse urgentemente de um emprego. É claro que eu tenho que pagar as contas pra sobreviver, mas, só de me imaginar trabalhando no mesmo estabelecimento com o qual Andrew se encontra, já é motivo suficiente para um sobre surto de alegria. Afinal, tenho esperanças de que o Andrew tenha finalmente respondido à minha pergunta: E aí, quando é que eu vou poder ir à sua casa?
Tudo bem, eu sei, tenho sérios problemas, mas, e daí? Todo ser humano, filho de Deus, quando finalmente se apaixona e crer que aquela é a pessoa certa para uma vida inteira, perde a sua sanidade mental, certo? E... Sim! Estou perdidamente apaixonado por outro cara. Assustador? Talvez. O fato é que, finalmente, irei desfrutar dos seus momentos íntimos e também conhecê-lo melhor. Já que o único contato que temos, até o momento, é por Facebook. — Mas... — me ouvi dizer, antes do imaginado. Eu realmente estava curioso-esperançoso pela vaga, agora mais do que nunca — ...Desembucha, o que o Sr. Otávio te
disse? Você chegou a falar de mim pra ele? — eu precisava saber. Palavra por palavra. — Ah, cara, é claro que eu falei. Você é como um irmão pra mim e sabe disso. — e sorriu, socando-me no ombro esquerdo sem muita força. Fechei a cara e fulminei Carlos com o olhar, ele percebeu e foi logo tentando consertar o que havia feito — No fim das contas, ele só me pediu o seu número de contato e eu passei. Nada de mais. — Então é só esperar, não é mesmo? Até porque, acho que eu consigo! — digo, sem muito entusiasmo. Nunca imaginei, ou sonhei, com a ideia do Sr. Otávio me escolhendo para trabalhar ali. Principalmente depois das inúmeras tentativas fracassadas para conseguir a senha do sinal de internet. Se não fosse o Carlos, eu não estaria aqui agora tentando atualizar meus aplicativos. — Estou de folga hoje, mas, caso você consiga a vaga, te desejo toda a sorte do mundo, irmão. Você vai precisar. — e se virou, dando-me as costas. Sorri pro nada, enquanto Carlos desaparecia do meu campo de visão.
capitulo 1 Se você tivesse uma única chance de escolher o seu futuro cargo profissional, em qual área você escolheria? E por quê? Quantas opções disponíveis estão aparecendo na sua mente, agora? Já parou para imaginar? Pois é! Trabalhar como garçom nunca foi, e nunca será, a decisão mais brilhante que já tomei em toda minha insignificante vida pré-adulta. Tampouco, será a responsável pelas minhas inúmeras investidas fracassadas de uma vida melhor e, porque não dizer, bem sucedida? Não é à toa que tento ao máximo fazer das minhas piores escolhas a incrível chance de corrigir algumas dessas e outras inúteis decisões. Não foi diferente quando descobri que possuía certa facilidade para essa área, e, por essa razão, logo achei que esse poderia ser um bom emprego no momento. E o resultado? Bom, vamos aos fatos.
Não é como se eu simplesmente não conseguisse equilibrar uma ou duas bandejas com copos de bebidas que, na maioria das vezes, estão apenas pela metade. Sem mencionar os mais diversos pratos de pizzas, e, os demais derivados sabores culinários, por assim dizer. Isso era fácil. Muuuito fácil. A questão é que eu já não suportava mais sobreviver a essa vida fracassada de sempre. No entanto, quando cheguei na pizzaria às dezenove horas em ponto, o senhor Otávio conseguiu me passar todas as instruções do cargo que eu deveria exercer dali em diante. Isso graças ao meu talento em aprender certas coisas com muita facilidade. Era feriado, dia do trabalho, e a movimentação e o numero de clientes que aumentavam descontroladamente, assustavam os outros funcionários do estabelecimento. Eu simplesmente mantive a calma e prossegui com o meu dever, atendendo de um por um, e me certificando de que tudo estava em seu devido lugar. Nada melhor do que comemorar o dia do trabalho trabalhando, certo? Lembrei-me de como a vida pode nos surpreender. À meia hora atrás eu era simplesmente um desses clientes (ou talvez nem isso), mas agora, todo uniformizado, eu era bem mais. Eu era um funcionário. E isso certamente me deixou surpreso ao constatar que eu estava fazendo tempestade em copo d'água quando à lembrança dos quinze minutos atrás veio à tona... Eram exatamente dezoito e quarenta e cinco quando o Sr. Otávio finalmente me telefonou. Passei minhas últimas doze horas aguardando esse maldito telefonema. Por isso, no primeiro toque, nem esperei que
o som de Anitta soasse pelo ambiente do meu minúsculo apartamento, e atendi logo de uma vez. — Alô? — eu sabia que era o Sr. Otávio do outro lado da linha. Além de ser o patrão do Andrew, ele também era o patrão do Carlos, o que me possibilitou conhecê-lo pessoalmente alguns dias atrás. — A-Alô? — ele parecia nervoso — Matheus? — Sim, é ele. — “Pensei que o Sr. não fosse me ligar”, eu quis acrescentar, mas, tentei não contrariá-lo — O que o senhor deseja? — Bom, é q-que nós estamos precisando de um funcionário urgente e como hoje é feriado, a-aqui na pizzaria meio que encheu, então, se você puder vir até aqui dar uma força... Enquanto ele falava, a lembrança de todas as minhas tentativas de conseguir uma vaga ali, quando na verdade eu só queria mesmo era a senha da internet, veio à tona. Mas, em todas elas, ele sempre respondia que não precisava de ninguém no momento. Mas agora as coisas eram diferentes, ele realmente precisava de mim. Da minha ajuda. E então, não pensei duas vezes antes de responder: — Claro que sim! — Ok! Tem como você aparecer às sete? — aquilo me deixou confuso. O relógio já marcava dezoito e cinquenta e um, e a pizzaria só funcionava à noite. Então, isso só poderia significar que às sete horas do qual ele se referia eram da noite, e não às sete da manhã. O que me resultou em uma sensação entranha. Algo como ansiedade, medo e felicidade, tudo ao mesmo tempo. — Alô, Matheus? Você ainda tá ai? — a voz rouca do Sr. Otávio soou do outra da linha,
— Sim! — sibilei, criando coragem para tirar minhas dúvidas — Mas, é que... eu só tenho exatos quinze minutos para chegar ai. As chances de acontecer um atraso são grand... — mas ele me interrompeu. — Seja rápido. E não se atrase! — e desligou na minha cara. Ainda nem comecei a trabalhar na pizzaria e já estava odiando esse homem. Carlos, seu traidor, você tinha que folgar justo hoje? Como eu só teria dez minutos para me arrumar, acabei ficando com um pouco de medo de comparecer já quebrando uma das regras mais importantes em um estabelecimento: à pontualidade. No entanto, ao lembrar que em menos de vinte minutos, também, eu iria trabalhar ao lado do Andrew, senti uma felicidade inexplicável. Já à ansiedade, veio não só por essa mesma razão, como também, por ter a certeza que de agora em diante o Sr. Otávio não seria apenas o patrão do meu melhor amigo, mas o meu também.
capitulo 2 Vinte e três minutos se passaram e, desde então, o número de clientes do estabelecimento se multiplicava em um nível surpreendente. O que era assustador. Principalmente para um primeiro dia de trabalho. Em vista a todo esse amontoado de afazeres, a chegada do Andrew varreu qualquer possibilidade de transtorno. Quero dizer, antes da sua chegada, eu quase que me atropelei todo com tantas mesas para atender, comidas, bebidas, pedidos para anotar... enfim, uma porção de outras coisas. Principalmente porque hoje era folga do Carlos e eu não teria nenhuma ajuda do meu melhor amigo. Contudo, fui salvo por Juliana – ou apenas “Ju”, como prefere ser chamada –, e com toda a sua paciência, ela me auxiliou da melhor maneira possível. — Tem como você levar o pedido daquele senhor ali na mesa sete, e pegar o pedido da mesa três e quatro? — eu pedi, quase confuso com tantos números, tentando ao máximo não me perder ou errar algum pedido.
— Tranquilo! — Ju me olhou sorridente — Só não se apavore tanto, ou se não... — era fácil para ela dizer aquilo — ...Bem, ou então, você perderá a vaga antes mesmo de tê-la conseguido. Era exatamente isso que iria acontecer se Ju não trabalhasse ali. Ainda bem que ela trabalha, não é mesmo? — Você é o meu anjo da guarda, Ju! — agradeci, colocando a última latinha de coca-cola na bandeja que estava bem equilibrada em suas mãos — Se não fosse por você, acho que o Otavio já teria me demitido. — Vira essa boca pra lá, garoto! — e pareceu não ter gostado muito da ideia — Já quer me abandonar assim, é? Justo quando eu encontrei um colega de trabalho a minha altura? — e sorriu, tentando ser engraçada. Acabei sorrindo também. Era gratificante ser comparado a ela. Além de linda, Juliana é o tipo de pessoa pela qual à gente se sente íntimo, mesmo sem tê-la visto uma única vez na vida. Desde o primeiro momento em que fixei os meus olhos nela, pude sentir toda essa magnitude. É inexplicável. Ela era alta, e, mesmo com o cabelo crespo, as pontas das tranças de kanekalon estavam lindamente amarradas, o que realçava o castanho escuro em seu cabelo ainda mais, deixando todo o destaque para o rosto. E era exatamente bem ali, que estava o seu maior tesouro. Seu sorriso. Podia jurar que esse era o sorriso mais lindo que já vi em toda minha vida. Além de muito contagiante e sensual. Se eu sou bi? Não! Não!
Me descobri aos dezesseis anos de idade e, depois disso, nunca mais tive dúvidas em relação ao meu sexo ou com quem eu queria me deitar. Na verdade, eu só tive certeza mesmo aos dezessete, quando acabei transando acidentalmente com o meu melhor amigo de infância: o Carlos. Tudo aconteceu tão naturalmente que quando paramos para reparar no que estávamos fazendo, é que a fixa caiu. Tínhamos acabado de sair de uma festa onde sorrateiramente entramos de penetra. Ou talvez nem tanto, já que um dos amigos do Carlos é quem fazia aniversário na época. Era uma festa proibida, na verdade. Ao invés de refrigerante, haviam diversificados tipos de bebidas. E foi exatamente por esse motivo que Carlos acabou bêbado pela primeira vez. Como era de se esperar. Nisso, tive que levá-lo até a sua casa, e foi exatamente esse o motivo que nos levou a fazer o que não deveríamos. Depois desse episódio, eu fiquei sem conversar com o Carlos por uma semana ou duas, não me lembro exatamente. Isso deixou Carlos irritado, pois, segundo ele, não se lembrava de nada e se odiava por isso. Acho que até hoje ele não se lembra, já que também não tive coragem de contar.
capitulo 3 — Matheus? — Ju me encarou, desesperada. — Eu? — fiz sinal com as mãos, para que ela pudesse me enxergar entre a multidão de pessoas. Pois, agora, a pizzaria estava lotada, definitivamente. — Será que você poderia, por favor, atender aquele pessoal que acabou de chegar? — ela apontou o local onde eles estavam — Na mesa... — ela parecia perdida entre pensamentos. Resolvi ajudá-la. — Quarenta e cinco? — tentei minha sorte. — Isso! Na mesa quarenta e cinco. — e rapidamente me encarou como se me admirasse — Puts! Parabéns, Math! Já decorou até os números das mesas, hein? — Lá vem você colocando apelido em mim, né, senhorita Ju? — fingi está bravo com ela, mas acabei sorrindo em seguida. Afinal, ela já tinha me ajudado o bastante, e agora, era minha vez de retribuir. — Ei, garota? — um cara fortão, barbudo, gritou entre a multidão de pessoas — Cadê a minha cerveja que eu te pedi?
Eu apenas encarava tudo aquilo, enquanto Juliana o encontrou rapidamente antes mesmo de tê-lo avistado, pois, diferente de mim, ela já sabia de qual direção vinha àquela voz. Em certo ponto, isso me fez abrir a boca em total surpresa, pois, ela era incrível. Tudo bem! Eu consigo. Fui atender a mesa. — Boa noite! — cumprimentei, tentando parecer gentil. No entanto, a moça, a qual estava bem vestida por sinal, me encarou seriamente e continuou calada. Ei, moça? A sua mãe não lhe ensinou que isso é falta de educação não? Bem que eu gostaria de ter dito isso a essa maleducada, mas achei melhor continuar de bico fechado mesmo, pois, ainda era o meu primeiro dia nessa pizzaria, então... — Mas que demora, meu filho! — ela finalmente abriu a boca, e eu preferi mil vezes que ela não tivesse aberto-a — Eu vou querer uma pizza grande. A maior que vocês tiverem. Quantos pedaços vem na maior? — e me encarou outra vez. Ela parecia estar com muita pressa. — A maior vem com doze pedaços, senhora. — respondi por fim. — O QUÊ? — ela realmente estava gritando comigo, e isso me deixou um tanto desconcertado — VOCÊS CHAMAM ISSO DE PIZZA? — É a única que temos no cardápio, senhora! — tentei parecer gentil, mas a raiva já estava começando a subir. — E quanto custa essa porcaria? — ela nem se quer quis olhar o cardápio, me encarando como se eu fosse obrigado a memorizar tudo aquilo.
— Vai depender do sabor. — e indiquei com o dedo onde o cardápio estava — Está tudo aí no cardápio, senhora. Ela finalmente abriu o cardápio e começou a lê-lo. Vi duas pessoas acenando pra mim, obviamente esperando para serem atendidas. Decidi aproveitar à oportunidade. — Pode ficar à vontade. Enquanto a senhora escolhe, irei anotar o pedido daquele casal ali e já volto! — e saí o mais depressa possível. No caminho, tentei achar Juliana, pois, ela certamente saberia como atender aquele tipo de cliente. No entanto, eu não a encontrei. — Olá, tudo bem? Será que você poderia trazer duas latas de coca-cola, por gentileza? — a moça, a outra que estava acompanhada do seu marido, sorriu pra mim assim que me aproximei. Diferente da anterior, essa sim sabia ser educada. Acabei sorrindo para ela, aliviado. — Claro! Volto já. — foi só o que eu respondi, enquanto voltava para o cômodo de dentro da pizzaria, já atrás do balcão. Indo em direção ao freezer para pegar as duas latas de refrigerante. Foi quando, finalmente, o avistei de perto. Ele era ainda mais lindo de perto, diferente de muitas pessoas que, modéstia parte, só são lindas de longe. Ele me encarou por alguns segundos e, no mesmo instante, senti meu coração errar uma batida. Duas. Três. E pela à primeira vez eu tive certeza, principalmente depois de ter conseguido superar tantos pedidos e mesas, eu estava definitivamente perdido. Per-di-do.
capitulo 4 — Oi! — foi só o que saiu da minha boca enquanto eu admirava, pela primeira vez, meu futuro marido bem na minha frente. — E ae, cara! — foi a vez dele dizer, porém, sem olhar em minha direção. Senti duas pontadas no peito. Será que eu deveria ouvir o meu coração? NÃO! Claro que não. O que estou dizendo? Eu deveria estar ajudando a Juliana a atender o restante das mesas que ainda não foram atendidas, mas... o que eu posso fazer se o Andrew decide exibir seu esculpido abdômen bem na minha frente? Oh, Deus! Como eu gostaria de apalpar as minhas mãos ali naqueles gominhos bem definidos. — Morrendo de calor aqui, e você? — ele prosseguiu, abaixando a camiseta e destruindo toda minha chance de admirar tal perfeição. — Nem me fale... — respondi, ainda embasbacado com o que vi.
— Então anota aí, jovem, já que vai trabalhar aqui é melhor ir se acostumando com o calor infernal deste lugar. — Claro! — respondi. "Principalmente com você exibindo essa perfeição na minha frente", eu quis acrescentar. Andrew me deu as costas, voltando para o seu lugar na cozinha, pois, seu Otávio vinha em nossa direção. E eu só notei que nosso chefe caminhava em passos largos quando ele se posicionou ao meu lado em menos de segundos. — Matheus? — e me encarou — Nada de conversinha no expediente que não seja sobre "trabalho", estamos entendidos? — e me encarou por alguns segundos, antes de adentrar a cozinha. "Claro. Sem conversinha no expediente. Apenas sobre o Trabalho.", quis resmungar. E que TRABALHO, viu. Se no primeiro dia eu já pude desfrutar do paraíso que o Andrew possui entre o abdômen, imagina o que se pode encontrar com alguns centímetros abaixo dele. Oh Deus! "Entendido, seu Otávio. Super entendido."
capitulo 5 — Math? — ouvi a voz da Juliana entre o amontoado de mesas que permaneciam lotadas de clientes desesperados. Já havia se passado duas horas desde que seu Otávio nos alertara sobre tais conversinhas durante o expediente, e nada dos pedidos serem entregues as mesas. — Sim! — respondi. Porém, sem ter a certeza de que ela realmente havia me escutado — Do que você precisa? — e questionei, um pouco apavorado com toda à situação também. — Da sua ajuda, please! — e veio em minha direção, meio ofegante. Claro que era de brincadeira, mas, se continuássemos com esse ritmo, logo, se tornaria real. Eu era capaz de sentir o medo em sua voz — O moço ali da mesa sete pediu já tem umas... duas horas. E nada foi lhe entregue. — E o que eu posso fazer pra te ajudar? — eu quis saber, pois, já não fazia ideia de qual seria sua resposta.
— Avise o Andrew imediatamente para andar rápido com os pedidos das pizzas, antes que os clientes decidam reclamar para o seu Otávio e não pra mim. — e me entregou duas taças sujas de vinhos que estavam em sua bandeja, para que eu as colocasse na pia enquanto ela falava. E foi o que eu fiz. Assim que deixei as duas taças na pia, segui em direção à cozinha, onde o Andrew se encontrava. Oh Deus! Porque as batidas do meu coração aumentaram assim tão de repente e... tão rápido? Ah, claro! Eis uma explicação notória para tal mudança drástica. Acabo de descobrir o real motivo: imaginem que, ao olhar para frente, você se depara com o seu crush sem camiseta. Totalmente despido da cintura pra cima. Com aquele corpo todo definido. Suado. De costas pra você. E ele nem precisava estar usando aquelas botinas de caubói. Essa caracterização toda só aumentava o meu desejo em relação ao Andrew. E esse não era mais um dos meus diversos sonhos eróticos, na qual tenho quase todas a noites. Era real. Super-real, na verdade. Como magia, a temperatura ambiente subiu de quarenta e cinco graus para noventa e nove em menos de segundos. Eis que ele se vira.
Vê-lo assim na minha frente, suado, sem camiseta, fez com que qualquer raciocínio lógico do momento evaporasse. E o calor insuportável havia sido deixado para trás. — Cara, eu to assando aqui dentro feito um frango de supermercado. Isso aqui tá pior que sauna, velho. — Andrew confessou, olhando na minha direção enquanto girava a camiseta na tentativa de se refrescar um pouco. Ai, droga! Eu não tinha culpa se o Andrew me excitava. Mesmo assim era uma péssima hora para meu membro despertar. Não seria uma má ideia estar usando a capa da invisibilidade nessa hora, seria?
capitulo 6 Neste momento, eu estava frito. E não me refiro apenas sobre a temperatura ambiente não, muito menos do olhar do Andrew que se fixou entre as minhas partes intimas, e sim, sobre a visitinha inesperada do nosso patrão. — MAS O QUE É QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? — essa era a voz zangada do seu Otávio bem atrás de mim — POR QUE TANTA DEMORA COM OS PEDIDOS? Não consegui me mover. Eu correria o risco de ser pego com o meu membro enrijecido. E isso definitivamente não estava nos meus planos para um primeiro dia de trabalho, no qual, eu deveria obviamente lhe causar uma boa impressão. O que não me adiantou em nada, já que meu suposto patrão decidiu se aproximar, entrando justamente na minha frente. Juro que nessa hora eu tentei me mover, mas, o susto de vê-lo avançar com tal rapidez fez com que meus
pés permanecessem plantados como raízes no imenso piso de cerâmica. — E O QUE VOCÊ FAZ AQUI DENTRO, MATEUS? — ele ainda me olhava ao fazer tal pergunta, até (é claro) notar minhas mãos se movendo em direção ao meu membro supostamente beeem visível com o volume, antes de completar — SEU LUGAR NÃO É AQUI! FUI CLARO? Merda! Senti uma pontada de medo ao ouvir tais palavras pronunciadas em sua voz, agora, super grave. Parecia que o seu lado monstruoso resolvera dar as caras com o número de reclamações dos clientes, o que de fato só colaborou para que esse lado se revelasse por completo. Porém, sendo o bom funcionário que eu era, apenas dei-lhe as costas antes de pronunciar quase que em um sussurro: — Sim, senhor! *** — Nossa, ele foi tão grosso com você. Geralmente ele é mais doce com os funcionários, principalmente em seus primeiros dias de trabalho por aqui. — Ju tentava me alegrar minutos depois do ocorrido — Mas isso não é motivo pra você ficar com essa cara, Math. Eu estava perdido em devaneios quando o número de clientela diminuíra com certa dificuldade, devido à demora com as entregas dos pedidos (que graças a Deus não se sucedeu após o episódio da cozinha). — Se isso lhe serve de consolo — Ju prosseguia — eu também acabei ouvindo algumas reclamações do nosso adorado patrãozinho. — e sorriu, um pouco aérea, de seu próprio comentário.
Mas ao contrário da Juliana, eu não estava com tanta empolgação assim para tais ironias. Mesmo que dessa vez fosse necessário. Eu juro que tentava entender o motivo pela qual o senhor Otávio ainda não veio comentar e pedir explicações pelo volume que seus olhos haviam visto por debaixo da minha calça, mas esse pensamento me pareceu meio bobo ao constatar que eu tinha coisas mais urgentes com o que me preocupar no momento. Andrew Sulywann. Que, ao contrário de seu Otávio, simplesmente sorriu ao perceber minha ereção segundos antes do nosso patrão adentrar a cozinha e fazer todo aquele seu discurso cerimonial de masterchef. E esse pequeno detalhe era o responsável por minha constante desconcentração perante as palavras que a Ju despejava, sem parar, sobre minha presença. — Ei? Eu estou falando com você! — ela me encarava como se eu não estivesse ouvindo-a por um longo tempo. O que era realmente verdade, então... — Oi? Desculpa! Eu só... eu... — não consegui inventar uma boa desculpa, e ela pareceu notar meu embaraço — ...Você sabe, é que foi tudo meio turbulento para um primeiro dia, não acha? — Seeei... — e me estudou por mais alguns segundos antes de acrescentar — Enfim. Ainda bem que já estamos fechando. Essa é a melhor parte do trabalho. Ou a pior, já que para sermos liberados definitivamente deveremos antes de tudo lavar todo o local primeiro. E isso sim é mais triste que ouvir o seu Otávio reclamar sobre a má competência de seus funcionários, ou a demora dos pedidos. — Então, o que nós estamos esperando? — eu quis saber, fingindo certo entusiasmo até — Mãos à obra.
Foi o que fizemos e, depois de limparmos toda a pizzaria, Juliana se despediu e foi embora, pois, seu namorado veio buscá-la em uma moto. Ela era a única funcionária a morar do outro lado da cidade, sendo sempre a primeira a ir embora do local de trabalho. Fiquei triste por ter que me despedir assim tão cedo, mas, por outro lado, estava mega feliz de finalmente ficar a sós, pois assim, eu tinha mais tempo de admirar Andrew sem ter que ficar dando explicações ou desculpas esfarrapadas para ela. No entanto, Andrew não estava mais na cozinha como o esperado, o que me fez ter a certeza de uma coisa apenas: ele só poderia está no banheiro. Sem perder um segundo sequer, corri pra lá disposto a me certificar do óbvio e, ao entrar lá, sorri ao constatar que uma das partes privadas do banheiro, onde sempre mantinha uma porta, estava fechada. Com toda certeza o Andrew estaria ali dentro, e era óbvio que eu estava disposto a me aproveitar dessa situação para descobrir se tecnicamente existiria um "nós" de agora em diante. — ANDREW? — comecei, um pouco inseguro com o que estava prestes a dizer, e sem tanta certeza também se eu realmente deveria dizer, e então... — Acho que seria uma boa ideia você me levar até a sua casa hoje, concorda? — senti um certo alívio ao pronunciar tal frase. Porém, quando a porta se abriu, não era o Andrew que me encarava com tal expressão de incruelidade, e sim, meu suposto patrão.
GOSTOU?
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