hatIU CAIXAO
Conheça a Trilogia: Três Dias Com Ele (livro 1: Manoela) Três Dias Com Ela (livro 2: Rafael) Três Dias Para Sempre (livro 3: Manoela e Rafael)
DIVINO B'ATISTA
&
M A L U P. MAGALHÃES
TRÊS DIAS COM ELA © 2018 by Divino B’Atista Diagramação: Divino B’Atista
Projeto da capa: Divino B’Atista
Revisão final: Divino B’Atista
Ilustrações: Imagens obtidas na internet
Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem a permissão escrita do autor.
Dados Internacionais de Catalogação (CIP) B’atista, Divino P. Magalhães, Malu Três dias com ela/Divino Batista e Malu P. Magalhães – 1ª ed. – Brasil: 2018. 100p. ; 21 cm ISBN; 9781723883842 1. Literatura Brasileira. 2. Romance Juvenil. I. Título.
CDD B869
1ª edição – Agosto – 2018 Reprodução proibida Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Aos meus sempre fiéis leitores: Já disse e nunca me cansarei de enfatizar a grande importância que cada um de vocês tem em minha jornada literária. Recebam meus verdadeiros e sempre sinceros agradecimentos.
Eu estava com muita, mais muita dor de cabeça quando o porteiro veio me avisar que o Olly (o meu cachorro) tinha fugido outra vez. A verdade é que se arrependimento matasse, eu estaria morto literalmente. Por que cargas d'água não aproveitei o feriado do carnaval para me dedicar aos meus romances, ao invés de sair por aí com os meus dois piores/melhores amigos de infância e tomar o maior porre da minha vida? Eu poderia ter recusado o convite deles, inventado uma desculpa qualquer que, certamente, não faria diferença nenhuma, pois eles torrariam minha paciência da mesma forma, mas, enfim, poderia ter dito um simples e objetivo não.
Mas eu estava tão apreensivo quando eles me ligaram, tinha acabado de conversar com a Manu e achava que tinha feito a maior burrada da minha vida. Eu precisava relaxar e por isso falei para eles virem me buscar, apesar de no relógio já apontar quase uma hora da manhã. Agora estava eu ali, com uma dor de cabeça dos infernos, e sem me lembrar muita coisa do que fizemos na balada, a não ser do fato de ter sido carregado por Rodrigo e Marcelo. Imagino que eles me trouxeram para o meu apartamento e me jogaram na cama, o que me faz constatar que eles não são amigos tão ruins assim. Sobretudo, a pior parte de toda essa história foi ter sido acordado pelo irritante barulho do despertador no meu celular. Minha vontade ao ouvir o bendito alarme foi a de jogar o aparelho na parede e voltar a dormir, mas aí a campainha começou a tocar repetidamente e, mesmo me arrastando pelas paredes, eu tive de levantar.
Era seu Rogério, o porteiro do prédio, que ansioso me falava sobre mais uma fuga do Olly. — Desculpe, Sr. Dutra, mas quando dei por mim, o danado do cachorro, que aliás é super esperto, já havia pulado a catraca e atravessado para o outro lado da rua. — seu Rogério desabafava, enquanto eu rezava para que ele colocasse um ponto final naquela história. — Não se preocupe com isso, seu Rogério! Daqui a meia hora ele está de volta, como sempre. — grunhi, enquanto andava de um lado para o outro como um bêbado ainda perdido entre os sonhos.
Tudo o que eu queria era deitar na minha enorme cama de casal e voltar a dormir. O Olly não tinha tanta importância naquele momento. Eu tinha certeza de que ele voltaria. Ele sempre voltou. E dessa vez não seria diferente, seria? Depois de tranquilizar seu Rogério, dei meia volta e entrei novamente no elevador. Por um segundo eu acreditei que acabaria dormindo ali mesmo, o que provavelmente teria acontecido se meu celular não tivesse vibrado no bolso da minha calça jeans, causando-me um pequeno e angustiante susto. Custei a pegá-lo e quando o fiz, vi o rosto do corresponsável pela minha ressaca no visor do aparelho. — O que você quer comigo a essa hora, Rodrigo? — eu disse entre os bocejos, assim que coloquei o celular sobre a orelha. — Reclamando de quê, Rafael? Pela a primeira vez na vida você desgrudou sua bunda dessa cadeira para fazer algo de verdade. — ele me desafiou do outro lado da linha — Não sei como você suporta passar horas e horas em frente esse computador. Aliás, aposto que você já está sentado naquela cadeira outra vez. — Não tenho tempo para ouvir ciúmes de amigo, Rodrigo. — eu o encarei, mesmo estando apenas pelo telefone — Parece a minha mãe me dando sermão, cara. Tem que aprender a respeitar a
minha privacidade, afinal, não perco o meu tempo perguntando o que você faz com a sua. E quer saber por que eu passo muito tempo com a bunda colada naquela cadeira? É muito simples, cara. Eu tenho uma série de livros que ainda não terminei, e caso você já tenha se esquecido deste detalhe, devia ao menos ter uma ideia da importância que isso tem para mim. Ou eu entrego essa série em duas semanas, ou digo adeus a minha carreira de escritor. Eu não fazia ideia de que me tornaria um escritor aos vinte e dois anos de idade, e muito menos que as coisas se desenrolariam tão rapidamente. Tudo aconteceu quase que num piscar de olhos. Num pequeno intervalo de tempo em que me inscrevi em um grupo literário no facebook e criado um pequeno romance de trinta linhas, que a pedido dos leitores e participantes do grupo, acabou virando uma história de quatrocentos e setenta e seis páginas. Foi assim meio por acaso, e também por causa dos leitores, que eu decidi mergulhar nesse universo dos livros. Ainda me lembro de alguns comentários, e de várias garotas do grupo dizendo o quanto haviam se identificado com os personagens do meu pequeno romance. De todos os feedbacks que recebi por conta desse primeiro livro, um deles me chamou a atenção e, na época, eu nem sabia que em pouco tempo a tal
garota apaixonada por romances viria se tornar uma das pessoas mais especiais na minha vida. — De novo a mesma história, Rafael? Você não se cansa nunca? — Rodrigo ainda berrava do outro lado da linha — Se esse for realmente o problema, comece a me agradecer a partir de agora, meu camarada. Pois eu sei como fazer você dá um ponto final nessa série. Quantos volumes você já escreveu mesmo? — Três, Rodrigo, mas são sete ao total. E eu só consegui finalizar o terceiro dessa série até o momento, acredita? Ainda tenho mais quatro volumes para escrever. — desabafei, por fim. Não fazia ideia do quanto a vida de um escritor poderia vir a ser tão complicada. Na verdade, eu não sabia por onde começar e principalmente quando aquilo tudo acabaria, mas agradecia a Deus pela minha inspiração ter dado o ar da sua graça a funcionar novamente. — Acho que você deveria se inspirar um pouco em você mesmo, amigo. Quem sabe assim você não percebe o quanto é chato ter que passar horas e horas com a bunda pregada nessa cadeira? — sugeriu Rodrigo, ainda no outro lado da linha — E falando nisso, você já conversou com a tal da Manoela depois de ontem à noite? É claro, a Manu. Conheci a Manu através de um dos meus post's no grupo literário. De início a gente conversou só
através dos comentários, mas quando dei por mim, já tínhamos aberto uma conversa privada no chat do Facebook e passado mais de duas horas teclando. Sabe aquela afinidade imediata que você descobre existir entre você e outra pessoa? Foi assim que com a gente. Foi assim que descobri que como eu, ela também é apaixonada por livros – principalmente os romances. À medida que conversávamos descobríamos outras tantas coisas em comum: músicas, filmes, séries de TV, e foi assim, de uma forma natural, que passamos a nos falar constante e diariamente. Inicialmente eu não me dei conta do que estava acontecendo, somente sentia uma vontade de lagar tudo quando a via online. Por vezes deixei os meus livros de lado só para conversar com ela. E nesses momentos a gente falava bobeiras, ria, compartilhávamos desejos e sonhos. Manu é tão sonhadora quanto eu e acho que isso foi o que nos aproximou de uma forma tão especial – pelo menos pra mim. Ela é uma garota incrível apesar de ter algumas minhocas na cabeça. Aliás, é essa a única coisa que não entendo nela. Como uma mulher linda pode ser tão insegura? Às vezes eu tenho vontade de abraçá-la, principalmente quando ela me fala do medo que tem de se tornar uma velha ranzinza e solteirona.
Abraçá-la. Esse desejo começou a se fazer cada vez mais forte e foi aí que tudo começou a ficar difícil pra mim. A gente se conhece há uns oito meses mais ou menos, mas eu percebi que meus sentimentos mudaram em relação a ela. A amizade inicial deu espaço a um sentimento mais forte, ao desejo de querer estar por perto, de querer tocá-la, abraçá-la... E foi por causa desse desejo que ontem eu acabei me precipitando e dizendo coisas que não deveria, pelo menos não naquela hora. Eu tenho certeza de que a assustei, droga! Mas, cara, está ficando cada vez mais difícil segurar esse sentimento. Eu adoro o fato de que, só de ouvir sua voz meiga, diferente de todas as outras, o meu mundo se reveste de infinitas e lindas cores. É, eu não posso negar que estou apaixonado pela Manu e me detestaria se, por causa da minha atitude impulsiva de ontem ao falar-lhe todas aquelas coisas, ela se afastasse. Eu preciso fazer alguma coisa a respeito, pensei, enquanto ouvi os gritos do Rodrigo no outro lado da linha: — Cara, cadê você? Não pode mais ouvir falar o nome da tal garota que sai fora de órbita, é? — Ah, Rodrigo, me dá um tempo! Acabei de acordar depois do porre da noite passada, minha cabeça ta pra explodir, então me deixa voltar para a
minha cama, ta? Mais tarde a gente se fala. – falei ao mesmo tempo em que desliguei o telefone, enquanto saia do elevador e entrava no meu apartamento. Olhei para o relógio no meu pulso e ainda não era nem sete horas da manhã. Voltaria a dormir por pelo menos uma hora e quando acordasse tentaria encontrar uma forma de falar com a Manu. — Droga! — grunhi ao ouvir os conhecidos arranhões na porta. Olly estava de volta. Levantei da cama e ao passar pela sala vi que no relógio da parede já apontava oito horas e quarenta e cinco minutos. Manu já deve estar a caminho da biblioteca, pensei, enquanto abri a porta do apartamento e dei passagem ao cachorro mais folgado de todos os tempos. Olly tinha três anos e era realmente uma figura. Ele tem sido minha única companhia desde que resolvi morar sozinho e sai da casa dos meus pais, e por isso amo demais esse pestinha. Me dirigi ao banheiro para escovar os dentes e percebi, quando me olhei no espelho, que a cara de ressaca ainda estava visível em mim, apesar da dor de cabeça já haver passado. Graças a Deus. Voltando ao quarto, peguei o celular sobre a cama e decidi acabar de uma vez com aquela aflição. Disquei o número da Manu e não consegui evitar o
sorriso a ver a foto dela na tela do aparelho enquanto completava a chamada. Droga! O celular dela chamou, chamou e acabou caindo na caixa postal. Será que ela está me evitando? Eu preciso saber! Decidi preparar meu café, já que meu estomago tinha acordado também. Peguei uma caixa de Nescau na geladeira e passei dois pães com queijo na chapa. Foi o máximo que eu pude fazer por mim mesmo naquele momento. A verdade é que eu não parava de pensar na Manoela e esperei por mais de meia hora que ela retornasse minha ligação, mas nada, nem sinal da garota que passara a ocupar um lugar especial no meu coração. Nove e trinta e sete e eu não aguentei mais esperar. Sabia que ela estava no trabalho, por isso resolvi não mais ligar, somente mandar um SMS.
D
igitei rapidamente na tela e larguei o celular sobre a mesa da cozinha. Seja o que Deus quiser – pensei, enquanto me preparava para começar a lavar as coisas do café que acabara de tomar. Eis, então, que o celular começa a tocar. Eu estava ansioso demais para qualquer coisa e atendi antes do terceiro toque.
LIGAÇÃO ENTRE AS 00:05 À 00:59
"Oi, Manu. Que bom que você retornou minha ligação.” Falei, tentando esconder o nervosismo. "Oi, Rafa. Então, eu me atrasei toda hoje cedo e acabei não conseguindo te atender quando você ligou. Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa?"
"Ah, ta sim. Tudo bem. Liguei porque queria conversar sobre ontem, sobre você ter saído daquele jeito no meio da nossa conversa, quase." Comecei a dizer quando ela me interrompeu. "Huumm... relaxa Rafa. Eu já estava com sono..." "Não, Manu. É... huum... Você estava com sono? Jura? Procurei a melhor forma de falar, antes de concluir: “Eu pensei que talvez tivesse indo longe demais." Expliquei, finalmente. "Como assim, indo longe demais?" Ela perguntou parecendo confusa e assustada. "Manu, quando a gente vai se encontrar pessoalmente? Já tem o quê, oitos meses que nos conhecemos?" Decidi seguir por outro caminho dessa vez. "Sim, oito meses e 13 dias"
Ela respondeu rapidamente, e foi impossível evitar o sorriso de satisfação que essa informação tão detalhada me trouxe. "Nossa, você contar até os dias me deixa contente, talvez seja sinal de que você está tão ansiosa quanto eu." "Ah, você sabe que sou boa de memória, né?" Ela disse simplesmente, com uma risadinha abafada. "Sim, eu sei." Acabei rindo da forma menos óbvia dessa vez. "Mas me diz, quando a gente vai poder se encontrar? Nossas cidades nem são tão distantes uma da outra. Eu posso ir aí ou, se você preferir, pode vir aqui me visitar. O que você acha?" "Rafa, então, lembra que te falei sobre o baile de mascaras?" Ela perguntou sem esconder certa indecisão na voz. "Claro. Lembro sim, o que isso tem a ver com o nosso encontro?"
Questionei e, por um momento pensei que esse seria mais um dos motivos que impediriam de nos encontrarmos. E, para completar minha aflição, só conseguia ouvir o som do silêncio no outro lado da linha. "Manu? Manu? Cadê você? Ainda tá aí?" Chamei. Nervoso. "An... ah.. tô, tô sim. É que... então... Se você pudesse vir, acho que seria uma ocasião bacana para a gente se encontrar." "Claro que eu posso ir, Manu!” Ri mais da ingenuidade dela do que da própria pergunta. E continuei: "Na verdade, Manu, eu vou adorar ir. Te encontrar é tudo o que quero..." Antes que eu percebesse o que estava falando, essas palavras me fugiram da boca. "Legal então, Rafa. Combinado. Preciso desligar agora, a dona Carmem tá vindo e... eu já levei uma bronca dela hoje, não quero levar outra e ser acusada de assassinato depois.",
Ela falou, fazendo graรงa timidamente de um jeito que sรณ ela consegue. "Tudo bem. Beijo, Manu. Mais tarde a gente se fala. Tchau." Digo, por fim. "Tchau, Rafa. Beijo." E ela desligou.