Revista Santos Jazz Festival - 2013

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egberto gismonti| a história do jazz | santos e a música | programação | o som do traço


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DE 18 A 23 DE JUNHO/2013

SUMÁRIO 12 O SOM QUE VEM DO MAR 20 CARAS E RITMOS DO SJF 30 MÚSICA ILUSTRADA 34 OFICINAS: um legado para a cidade

16 ENTREVISTA: Egberto Gismonti

FOTO: CAROLYN A. MCKEONE

36 VITRINE

38 ONDE E QUANDO 40 DICAS DOS ESPECIALISTAS

FOTO:DIVULGAÇÃO

42 REVISITANDO 2012

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08 UMA VIAGEM MUSICAL SANTOS_

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46 10 RAZÕES para amar o jazz

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EDITORIAL

EXPEDIENTE A revista SANTOS JAZZ FESTIVAL, dirigida ao público do Santos Jazz Festival, é editada pela Parágrafo Editora Ltda., sob licença da DC Realizações.

Quando decidimos levar a sério a ideia de trazer para a nossa cidade um festival de jazz, estávamos certos de que faríamos a alegria de um grupo de pessoas que, como nós, aprecia a música de qualidade. O formato era simples: reunir um elenco variado e musicalmente coerente em apresentações informais e, acima de tudo, oferecer shows gratuitos. Festivais anuais de música constam do calendário cultural de cidades tão distantes quanto diferentes entre si, como Nova York e Paraty, Londres e Garanhuns, Sydney e Rio das Ostras. Até o bairro carioca do Leblon promove seu próprio festival. Se é assim, nada mais natural que uma cidade cheia de musicalidade e história, como Santos, tivesse um festival de jazz para chamar de seu. Bastou a Vale Fertilizantes acenar com um sim e logo outros investidores, parceiros e apoiadores se juntaram ao projeto. Foi uma batalha e tanto, mas a emoção de ver a rua XV de Novembro tomada de energia, ao som de sopros e guitarras, não tem preço. Os músicos abraçaram com tanto carinho a nossa ideia, que prestigiaram também as oficinas. E, claro, isso aumentou a motivação para fazer o Santos Jazz Festival 2013. A honra de ter Egberto Gismonti como patrono da nossa festa musical dá a ideia do elenco peso pesado que colocaremos em espaços fechados e abertos. Desta vez chegamos até o Parque Anilinas, em Cubatão. A revista que o leitor tem em mãos é parte do amadurecimento desse sonho. É um prazer dividir esse conteúdo com o nosso público e uma imensa alegria proporcionar à população de Santos e de cidades vizinhas, aqui e agora, uma autêntica festa popular. Já está tudo pronto, agora só falta você. Bem-vindo ao Santos Jazz 2013! Jamir Lopes e Denise Covas Borges Organizadores do Santos Jazz Festival

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FOTO: ZÉCINTRA

AQUI E AGORA

Tiragem: 2.000 exemplares. Distribuição gratuita. Editora responsável: Raquel Alves MTb 16.103. Diretora de redação: Rosiane Moro. Textos: Chico Marques, Raquel Alves, Regina Ramoska, Rosiane Moro e Tom Cardoso. Fotos: Fred Cappellato e Zé Cintra. Projeto gráfico e direção de arte: Daniel das Neves. Revisão: Daniela Lima. Tratamento de imagem: Esfera.com Impressão: Ativaonline. Parágrafo Editora Ltda., rua Berta, 120, Vila Mariana, São Paulo/SP, CEP 04120-040. Telefone 11 5084-8081. E-mail: paragrafo@paragrafo.com.br www.paragrafo.com.br O Santos Jazz Festival tem patrocínio da Vale Fertilizantes, via Lei Rouanet, com correalização da Prefeitura de Santos. Conta também com o apoio do Sesc Santos, da Sabesp, do Governo do Estado de São Paulo e da ESAGS - Escola Superior de Administração e Gestão. É organizado pela DC Realizações em parceria com a GPA Cultural. Produção cultural: Jamir Lopes CAPA: SHUTTERSTOCK

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HISTÓRIA DO JAZZ

O SOM DA

LIBERDADE Numa viagem pela origem dos ritmos, tentamos enquadrar o jazz e deparamos um gênero mutante que abraça todos os estilos, sem concessões ou preconceito |TEXTO|TOM CARDOSO

ILUSTRAÇÃO: DANIEL DAS NEVES

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poeta tropicalista Torquato Neto, surpreso com a versatilidade do parceiro e amigo Gilberto Gil, o definiu da seguinte forma: “Há várias maneiras de se fazer música. Gil prefere todas”. A mesma definição vale para o jazz. Nascido originalmente do blues, dos trabalhadores negros de New Orleans e Chicago, o gênero passou por tantas transformações e fusões ao longo do século XX, diluiu-se em tantos formatos, influenciou e se misturou a tantos outros estilos musicais, que ficou praticamente impossível defini-lo no dias de hoje. O que seria o jazz? Um ritmo ou uma forma de improvisação? Um jeito de tocar ou um estilo? Foi justamente um dos gênios do jazz, Louis Armstrong (1901-1971), quem colocou ponto final na questão: “Quem precisa perguntar o que é o jazz nunca o saberá”.

Louis Armstrong fala com a autoridade de grande criador e de pioneiro do jazz. Ele já era um jazzista sem saber, quando em New Orleans, no início do século passado, levou o trompete além dos limites do instrumento, chegando a notas até então inexploradas e cantando de um jeito totalmente inovador, hermético, emitindo sílabas sem sentido, como se a sua voz fosse o próprio instrumento. Era a liberdade do improviso, uma das grandes características do jazz, em seu limite máximo. E Armstrong levou para as grandes orquestras, que já haviam virado febre nos Estados Unidos, esse espírito libertário – as big bands nunca mais foram as mesmas. Na esteira de Armstrong, vieram Duke Ellington (1889-1974), Count Basie (1904-1984), Cab Calloway (1907-1994) e Ear Hines (1903-1983).

PARA OUVIR E DANÇAR Na linha evolutiva houve também fases de retrocesso, quando o jazz deixou o caráter inventivo, experimental, inovador, características de sua origem, para se render às exigências do mercado da música e se tornar mais palatável ao público. Essa vertente do jazz, que durou de 1930 a 1945, foi classificada de swing, que não se notabilizava pelo experimentalismo e ousadia, mas arrastava multi-

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Bebop – estilo surgido nos anos 40. Seus ritmos são mais complexos que os do jazz tradicional, com melodias assimétricas, harmonias mais dissonantes e improvisos mais livres

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Swing – capacidade de “balançar” ao tocar o jazz. Musicalmente, é o efeito produzido pela simultaneidade do ritmo regular e da melodia fluida

Quem precisa perguntar o que é o jazz nunca o saberá Louis Armstrong

>>bebop_

dões com suas grandes orquestras que imprimiam um ritmo dançante irresistível. Apesar de ser considerada uma fase “menor” do jazz, o swing serviu para tornar popular músicos como Glenn Miller (1904-1944) e Benny Goodman (1909-1986), mitos do jazz, que durante a carreira contribuiriam para inaugurar novas correntes para o gênero. E foi na era do swing que ninguém menos do que Billie Holiday (1915-1959), a primeira grande cantora do jazz, começou a despontar como artista – ela foi a primeira intérprete negra a cantar numa orquestra

de brancos, isso no auge da segregação racial nos Estados Unidos. A resposta para os excessos do swing, e sua falta de ousadia estética, veio com o bebop, que fazia bem menos concessões ao gosto popular, primava pelo experimentalismo e pelo virtuosismo e diminuía radicalmente o número de músicos em cima de um palco. Nem todo músico de jazz estava credenciado para tocar bebop, que exigia uma técnica apurada e um fraseado original. Entre os grandes do estilo, ninguém podia com Charlie Parker (1920-1955) e Dizzy Gillespie (1917-1993), embora SANTOS_

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Blues – forma musical de origem afro-americana, surgida nos EUA no final do século 18. Originalmente tem letra com temática social ou amorosa

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Cool – estilo que propõe uma espécie de “esfriamento” do bebop. Sua sonoridade é mais suave, como a da música erudita

Miles Davis criou uma nova porta de entrada para o gênero: um jazz mais introspectivo e rico melodicamente

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ILUSTRAÇÃO: DANIEL DAS NEVES

HISTÓRIA DO JAZZ


alguns estudiosos apontem o pianista Thelonious Monk (1917-1982) como o músico que mais soube assimilar os ensinamentos do bebop – tanto que até hoje muitos profissionais têm dificuldade para reproduzir o fraseado de seu piano. O bebop chegou a tamanha radicalização que inaugurou uma nova vertente, o hard bop, uma espécie de continuação de suas experimentações, com estruturas melódicas ainda mais complexas. Os seus maiores expoentes são Art Blakey (1919-1990), Horace Silver (1928-), Sonny Rollins (1930-) e Clifford Brown (1930-1956). Se o bebop e o “hard bop” foram uma resposta à “preguiça” do swing, o cool jazz nasceu para acabar com os “exageros” levados pelo jazz no pós-guerra. Era a revolução dentro da revolução, um jazz contido, mais introspectivo, mas não menos “quente” e rico melodicamente. O que dizer de uma vertente que projetou Chet Baker (1929-1988) e Miles Davis (1926-1991), dois dos maiores monstros da música contemporânea? Ao longo do século passado, o gênero ainda se diluiria em uma série de outras vertentes, chegando, curiosamente, a um formato só, hoje chamado apenas de jazz, um estilo de música que abraça todos os estilos, sem concessões nem preconceitos. A música brasileira, também com tantas variantes, talvez seja uma das responsáveis pelo jazz ter se desgarrado de rótulos e chegar a uma abrangência difícil de ser medida. E vale lembrar que foram os músicos brasileiros os primeiros a

Jam session – sessões de improvisação ou “batalhas”. Uma versão explica o termo “jam” como abreviatura de “jazz after midnight” (jazz depois da meia-noite)

Big band – orquestra surgida nos anos 20, como veículo do swing. Cerca de 14 músicos produziam a sessão rítmica e os naipes de sopros

ILUSTRAÇÃO: DANIEL DAS NEVES

>>big bands_

se “apropriarem” do jazz americano – as nossas orquestras de gafieiras foram fortemente influenciadas pelas big bands do swing. Os brasileiros agradeceram à sua maneira, levando ao jazz algo que eles ainda não tinham: a bossa. A partir do histórico show no Carnegie Hall, em 1962, com a presença de Tom Jobim (19271994), João Gilberto (1931-) e companhia, quando a bossa nova foi oficialmente apresentada aos americanos, os papéis se inverteram: os jazzistas começaram a se apropriar da música brasileira. E deu no que deu. Obras-primas, como o disco The Girl From Ipanema, de João Gilberto e Stan Getz (1927-1991), gravado em 1963, que abriu caminho para que Ella Fitzgerald (1917-1996), Oscar Peterson (1927-2007), Sarah Vaughan (1924-1990) e outros ases do jazz gravassem clássicos da bossa nova. No auge do sucesso da bossa nova, da influência de um gênero tão brasileiro numa música reconhecidamente autossuficiente como a americana – a ponto de Frank Sinatra (1915-1998) gravar um disco só com canções de Tom Jobim –, o compositor Carlos Lyra (1939-), nascido em berço bossa-novista, enxergou justamente o contrário e compôs “Influência do Jazz”: “Pobre samba meu/ Foi se misturando/ Se modernizando/ E se perdeu”. Por sorte, os nossos músicos souberam assimilar os ensinamentos dos grandes mestres do jazz e perceberam que a riqueza da música está justamente na mistura de todos os gêneros, num caldeirão fervilhante que não se apaga nunca.

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MEMÓRIA

JAZZ, BLUES E

MARESIA Não é nenhum exagero dizer que Santos respirou jazz várias vezes em sua história |TEXTO|CHICO MARQUES

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última vez foi em junho do ano passado, quando aconteceu a primeira edição do Santos Jazz Festival, trazendo aos teatros e às ruas da cidade, ao longo de uma semana inteira, atrações de jazz, blues e música brasileira de alto gabarito. Quando terminou, muitos de nós ainda não conseguíamos acreditar que, finalmente, a cidade havia sido palco de um evento desse tipo, e com essas dimensões. Era como se a cidade estivesse promovendo um acerto de contas com seu próprio passado musical. O passado jazzístico de Santos remonta aos anos 40 e 50, quando grupos de primeira grandeza, nacionais e internacionais, tocavam nos cassinos da cidade em noites memoráveis. Os cassinos movimentavam um mercado de trabalho que atraía músicos tanto de São Paulo quanto do Rio de Janeiro para Santos. Quando fecharam, a música parou de repente. Recentemente, em um texto para o Caderno 2 do Estadão, o Maestro Gilberto Mendes lembrou com muito carinho de uma passagem por aqui da Stan Kenton Orchestra nos anos 40 e falou de vários artistas nacionais, como Sivuca e Hermeto Pascoal, então ilustres desconhecidos, que tocavam com bastante frequência por aqui. 12

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A música parou com o fechamento dos cassinos, mas, na verdade, nunca morreu. Pelo contrário, sobreviveu em alguns restaurantes e nos cocktail bars dos hotéis da cidade. A proximidade de São Paulo e as primeiras transmissões de TV na região, no início dos anos 50, mantiveram um fluxo constante de artistas de jazz e música instrumental pela cidade. Era comum ver músicos de altíssimo gabarito comendo no Almeida ou nos saudosos Ponderosa e Don Fabrizio depois de suas apresentações. Vários jovens músicos da cidade corriam atrás de seus ídolos nesses lugares para tentar absorver alguma coisa deles. Roberto Sion é um que conta passagens muito engraçadas nesse sentido – muitas delas envolvendo o seu nome.

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FOTO: ACERVO PESSOAL/ EDUARDO CALDEIRA

Nos anos 50, com a criação do Clube de Jazz de Santos, a música ganhou mais espaço na cidade

No Bar da Praia (foto ao lado), espaço para bandas de vanguarda, como a Savana e nomes consagrados como Johnny Alf, Leny Andrade e João Donato. Nos anos 70, Sarah Vaughan se apresentou no Iporanga Music Hall

Mas, já que estamos falando especificamente de jazz, vale lembrar que a partir do final dos anos 50, quando foi criado o Clube de Jazz de Santos, é que o gênero começou a ganhar mais espaço na cidade. Impulsionado por figuras locais de relevo – como o ex-prefeito Esmeraldo Tarquínio, um impecável crooner de orquestras nos moldes de Billy Eckstine –, o gênero aos poucos floresceu por aqui e passou a ganhar adeptos a cada atração que o clube trazia para a cidade. Eram quase sempre artistas brasileiros, mas, eventualmente, um estrangeiro ou outro de passagem por São Paulo acabava desviando para cá. A partir do início dos anos 60, com a “Boca” funcionando a todo vapor no centro de Santos,

um novo mercado se abriu para os músicos de jazz. Mais uma vez, artistas de alto gabarito então desconhecidos, como César Camargo Mariano e Eumir Deodato, passaram a frequentar a cidade para tocar tanto nos nightclubs das imediações da General Câmara (para um público festivo e diversificado) quanto nos clubes da orla (para um público fino e selecionado). E, com isso, o jazz seguiu sobrevivendo bravamente nos anos 60 – período em que perdeu espaço no resto do mundo para o rock pop emergente de bandas inglesas como os Beatles e os Rolling Stones.

ENTÃO, VIERAM AS TREVAS Nos anos 70, com a Boca entrando em franca decadência, os donos das casas noturnas do centro da cidade passaram a trabalhar com repertórios mais populares e descobriram que não precisavam mais de músicos tão gabaritados (e caros) em seus palcos. Os clubes da orla, por sua vez, contratavam SANTOS_

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MEMÓRIA

qualquer clone de Ray Conniff ou Paul Mauriat para seus eventos em vez de música instrumental de gabarito – além, claro, dos indefectíveis Agnaldo Rayol, Moacyr Franco e Antonio Carlos & Jocafi, figurinhas fáceis por aqui desde então. A única exceção, na época, foi o Iporanga Music Hall, que funcionava no saudoso Cine Iporanga e que chegou a promover shows de Sarah Vaughan e Ella Fitzgerald. Mas não durou. Infelizmente. Esse painel sombrio começou a mudar, finalmente, em meados dos anos 80, graças ao empreendorismo do boêmio profissional e dublê de advogado Eduardo Caldeira, que começou a trazer para seus bares – primeiro o Reciclagem, depois o Bar da Praia – o melhor da música instrumental brasileira, formando um público cativo que manteve seus bares ativos e bem frequentados por quase 15 anos. A lista de artistas de primeiro time que passaram pelos bares de Eduardo é deliciosamente interminável. Vai de Johnny Alf e João Donato a Nana Caymmi e Leny Andrade. Quem os frequentou jamais esqueceu. E foi no Bar da Praia que o Clube do Jazz de Santos renasceu das cinzas, promovendo eventos mensais para seus associados. E também foi a partir daí que emissoras de rádio passaram a se interessar por programas do gênero na grade de programação. Vem dessa época Digital Jazz, de Cássio Laranja – que ficou no ar mais de 20 anos e hoje é uma web rádio – e também Blues Power, produzido e apresentado por mim, Chico Marques, durante 18 anos nas saudosas Enseada FM e Litoral FM. Muitos sonharam nesses anos todos em trazer um festival de jazz, blues e música brasileira de gabarito para Santos. 14

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Esmeraldo Tarquínio (à frente, o segundo da esquerda para direita), nos tempos da banda “Nardy e seus Rapazes”, na década de 40. A foto, do acervo familiar, consta do livro Tarquínio - Começar de novo, do jornalista Rafael Motta

Sem desmerecer o esforço de todos os que tentaram, coube ao empreendedorismo de Denise Covas e Jamir Lopes – juntamente com a Vale Fertilizantes e a Prefeitura Municipal de Santos – viabilizar isso. E, depois de uma primeira edição memorável, começa agora mais uma maratona de shows do Santos Jazz Festival no Teatro Sesc Santos, nos palcos espalhados pelas ruas do centro, no Emissário Submarino e agora também no Parque Anilinas, em Cubatão. Preparem-se para mais uma semana inteira respirando jazz, blues e música brasileira de alto gabarito. À beira-mar, o que é ainda melhor.

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20 ANOS DE COMUNICAÇÃO CRIATIVA www.paragrafo.com.br

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ENTREVISTA

SAUDADE DO

BRASIL |TEXTO|RAQUEL ALVES

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gberto Gismonti confessa que anda acometido de uma saudade cada vez mais aguda do Brasil. Um dos maiores talentos da nossa música, nome obrigatório nos grandes festivais pelo mundo e reverenciado por músicos, compositores e maestros, já não suporta passar mais do que dez dias distante da tropicalidade. Logo ele que passou longas temporadas na Alemanha, na França e em tantos países, aprimorando a habilidade natural com teclas, cordas e sopros, sente agora uma necessidade asfixiante do contato com a gente, o ar e as coisas brasileiras. Para os ouvidos mais exigentes chega a ser um

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bom presságio. Afinal um cara com raízes tão profundas não corre o risco de musicar para sempre em outras freguesias. E então os bons ouvintes podem encontrá-lo mais facilmente nos palcos brasileiros. Patrono da edição 2013 do Santos Jazz Festival, Gismonti é um apaixonado pela diversidade brasileira. Faz da natureza, da profusão de ritmos e até dos rostos anônimos da miscigenação o extrato para suas canções. Nesta entrevista exclusiva, Gismonti diz que está feliz de voltar a Santos, conta passagens de suas andanças pelo mundo, presta uma homenagem ao Brasil e à liberdade musical e lança um ar de mistério a respeito do balaio musical que está trazendo para a cidade.

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FOTO: DIVULGAÇÃO/ FRANCISCO MARSHALL

Devemos lembrar que num país de imensas possibilidades o ‘artista’ deve acompanhar os tempos permitindo que suas ideias recebam influência da vida e dos tempos contemporâneos para que sua arte cresça, floresça e se modifique, como tudo na natureza

SJF: Hermeto Pascoal, patrono do Santos Jazz Festival 2012, contou que foi tocando nos bailes de Santos que fez o pé de meia para comprar a primeira casa. Você tem alguma ligação especial com a cidade? Gismonti: Meu amigo Hermeto é sempre bem-humorado… “pé de meia pra primeira casa…”. Tenho boas lembranças de Santos. Fiz e mantenho algumas boas amizades na cidade. A lembrança mais marcante que guardo sobre Santos vem do disco Circense quando tive a oportunidade de tocar numa lona de circo instalada perto da praia. Todas as fotos do encarte do disco, na época um LP, foram feitas durante esse lançamento, que foi gravado pela TV Cultura, gerando um belíssimo programa.

SJF: Você é um músico festejado na Alemanha. No ano passado o seu show foi eleito um dos melhores do ano pelo jornal New York Times e foi apontado pelo inglês The Guardian como um dos destaques do London Jazz Festival. A crítica brasileira costuma receber o seu trabalho com o mesmo entusiasmo? Gismonti: Felizmente o público e a imprensa sempre foram muito generosos com minha música, desde os primeiros anos da minha carreira profissional. Veja os exemplos que você citou. Após tantas décadas de concertos em mais de 40 países ainda sou surpreendido com notícias inesperadas. O NY Times elegendo o meu show do Carnegie Hall um dos melhores do ano em NY, e com o The Guardian dando destaque à minha apresentação no Festival de Londres. Quanto ao Brasil, a crítica e o público me permitiram uma carreira sólida, sempre fundamentada no pensamento e na cultura brasileira, que alimentaram minha força e determinação de procurar distribuir o que aprendi aqui e em outros 40 países. Como fazer uma carreira de mais de 40 anos sem a aprovação do público, que é o verdadeiro patrocinador, dentro de casa? Tenho certeza de que sem o Brasil, sem o apoio da crítica e do público, eu não teria conseguido desenvolver minha vida profissional na direção que ela tomou. Obrigado a todos. SANTOS_

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ENTREVISTA

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SJF: No tempo dos forrós e axés, a música instrumental ainda continua angariando ouvintes? Gismonti: Eu não costumo separar as coisas, acho que o Brasil é grande demais, tem muita terra, espaço pra todos, ar pra todos, pensamentos e atitudes contraditórias, cores, religiões, gestuais, sotaques, temperos, poesias, músicas, tudo em quantidades imensas e variadas. É a maior qualidade que nos representa como um país verdadeiramente miscigenado, misturado e em mudança permanente. Essa é a razão principal de eu não ter conseguido superar a saudade que sempre me trouxe de volta nas tentativas de morar fora daqui. Hoje em dia, a saudade é tão grande que já não consigo ficar mais do que dez dias longe da minha grande casa, o Brasil.

o encontro com público heterogêneo é também uma alegria. Nada melhor do que descobrir e conhecer gente daqui ou de qualquer outro lugar. Uma vez fiz uma viagem com João do Pife [banda de Pife de Caruaru] e conversamos muito. Uma beleza de pessoa. Lá pelas tantas, puxando conversa perguntei o que era a liberdade para ele. Me olhou calmo e com atenção e disse “liberdade a gente não conquista não, a gente ganha de presente dos outros”. Isso mudou conceitos que eu julgava estarem solidificados na minha alma. O Brasil foi feito pra ser contemporâneo, vivo. Esperto, alegre, livre de preconceito, viva o Brasil!

SJF: Festivais costumam atrair plateias bem diversificadas, com gostos e saberes musicais distintos. Para quem se apresenta, esse público tão heterogêneo é também um desafio? Gismonti: No meu entender o maior desafio de todos é viver feliz. Quando ligamos nossa “tomada” principal, a miscigenação,

SJF: Na música o que é mais importante: técnica, criatividade ou liberdade? Gismonti: Depende de quem a faça. Nos anos 80, começando uma amizade com Manfred Reicher [ECM Records, a mais respeitada gravadora

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Hoje em dia, a saudade é tão grande que já não consigo ficar mais do que dez dias longe da minha grande casa, o Brasil

de discos de jazz do mundo] perguntei qual era a diferença entre os equipamentos que eu tinha e os que ele usava no estúdio para gravar os discos da ECM. Ele respondeu em duas partes: a diferença dos equipamentos em dinheiro era muito grande, mas complementou “você tem um gravador cassete? É mono? Já gravou alguma coisa nele? Ficou feliz?... eu fiquei sem saber o que dizer e ele complementou “se ficou feliz essa é a melhor gravação”. Eu realmente não sei o que pode ser mais importante para a música do que a felicidade que ela pode gerar nos espectadores através do estímulo de viver ou da crença de que na vida tudo é possível. SJF: Compor sob encomenda traz a mesma satisfação do que a composição por livre e espontâneo desejo? Gismonti: Já compus sob encomenda para quase

30 filmes, 30 balés, dezenas de peças teatrais e muitos especiais de TV. Garanto que todos esses projetos, além dos 65 discos que fiz, ajudaram na minha evolução, além de me fazerem entender melhor o que eu desejava da vida e da minha música. SJF: De que forma a vivência com a musicalidade dos índios ainda influencia sua criação? Gismonti: A minha vida pode ser contada em algumas passagens únicas e determinantes. Uma delas foi ter passado algumas semanas no Alto Xingu, na aldeia dos Yawalapeti, e conviver com uma sociedade onde o respeito pela vida se mostrava presente em tudo. A relação entre jovens e velhos foi outra lição de respeito à vida e à liberdade. A maior influência dos Yawalapeti não foi na música, mas na vida, quando aprendi a coragem e a determinação à procura do universo pessoal. Acredito que a quantidade de projetos que fiz está diretamente ligada ao aprendizado da liberdade e da coragem dos índios. SJF: Já tem o programa do que pretende apresentar? Os santistas podem esperar por clássicos como “Palhaço” e “Sonho”? Gismonti: O programa completo ainda não tenho, mas, sua pergunta, ou sugestão, acaba de me dar uma ideia, fazer um resumo das últimas décadas da minha vida como compositor. Possivelmente visitarei uma das músicas citadas. SJF: Quem são suas referências na música? Gismonti: Minhas referências iniciais são alguns compositores cultos [chamados de clássicos, eruditos, etc] dos séculos XVII, XVIII, XIX e XX; alguns poucos estrangeiros e muitos brasileiros como Carlos Gomes, Claudio Santoro, Edino Krieger, Villa-Lobos, Pixinguinha, Nelson Cavaquinho, Tom Jobim, Baden Powell, Chico Buarque, Guinga, Paulo Belinati, Déa Trancoso, Marlui Miranda, Milton, Gil, Toninho Horta, Hermeto, Carlos Malta, João do Pife, Sapain, Raoni, tia Amélia, tio Edgar, Chiquinha Gonzaga, etc., etc., etc. SANTOS_

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ATRAÇÕES

QUAL É A Seis dias de música, 7 palcos, 24 shows. Escolha o seu ritmo e entre nessa festa

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Das cordas da inquieta guitarra de Nuno Mindelis já saltaram vários ritmos: samba, hip hop, psicodelia, eletrônico, jazz... Mas foi no blues que o músico luso-brasileiro, nascido em Angola, ganhou projeção internacional. Nuno começou a se interessar por instrumentos musicais por volta dos 5 anos e não parou mais. Em 1975, morando no Canadá, montou uma banda de blues com um primo e passou a tocar em clubes locais. Porém, foi no Brasil, onde veio morar um ano depois, que firmou de vez sua carreira. O primeiro disco, Blues & Derivados, lançado em 1990, recebeu rasgados elogios da crítica. Depois vieram mais seis e vários convites para participar de apresentações pelo mundo, como o Festival de Montreal. Em artigo da revista americana Guitar Player, Jas Obrecht, uma das maiores autoridades de blues do mundo, compara Nuno Mindelis a ninguém 20

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FOTO: DIVULGAÇÃO/VLADMIR FERNANDES

NUNO MINDELIS

menos do que Jimmy Page. Para fincar de vez suas raízes no Brasil, o guitarrista emprestou seu elegante ritmo a Zélia Duncan, Rappin’ Hood e muitas outras estrelas. Com tanta versatilidade no currículo, a apresentação no Santos Jazz Festival tem tudo para ser um momento de celebração.

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STAFFORD HUNTER & BABI MENDES

FOTO: DIVULGAÇÃO/ADRIANA MATEO

Com pinta de galã, Stafford Hunter já foi modelo e dividiu a sala de aula nos tempos de colégio com o ator Will Smith, mas foi na música que encontrou sua verdadeira vocação. O primeiro trombone caiu-lhe nas mãos quase por acaso. Depois de assistir a uma apresentação da banda de seu colégio, na Filadélfia, o artista resolveu participar das aulas de música. Sem saber qual instrumento escolher optou pelo saxofone ao ver uma foto de Charles Parker na parede. Com muitos inscritos naquela modalidade, o professor sugeriu o trombone. Assim começou a virtuosa carreira de um dos maiores trombonistas, que já tocou ao lado de nomes consagrados, como Tony Bennett, Joss Stone, Amy Winehouse, Roy Hargrove, Mc Coy Tyner’s, Duke Ellington, entre outros. Stafford fará o ambiente musical perfeito para receber a voz da santista Babi Mendes. Com uma carreira consistente dentro e fora do Brasil, Babi se inspira na música norte-americana de Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Betty Carter e Nina Simone. Além delas, composições de Tom Jobim, Chico Buarque e Milton Nascimento deram o tom do seu primeiro álbum, Short Stories, lançado em 2011.

DELTA BLUES REVIVAL

FOTO: DIVULGAÇÃO

Eduardo Elói entra com guitarra e voz, Digo Maransaldi com o som da batera e Rogério Duarte com o baixo. Juntos eles revisitam o repertório da banda Delta Blues, um power trio com influências do blues rock e soul music formado em 1993 no Guarujá e que ficou mais de uma década nas paradas de sucesso da noite da baixada. Reverenciando mestres como Stevie Ray Vaughan, Jimi Hendrix, Muddy Waters, Carlos Santana, B. B. King, James Brown, Elói, Digo e Rogério prometem um revival à altura do apuro musical e refinamento que marcou a trajetória da Delta Blues. SANTOS_

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

ATRAÇÕES

BANDA MANTIQUEIRA E VIRGÍNIA ROSA

Pixinguinha, Tom Jobim, Nelson Cavaquinho, Jacob do Bandolim, Cartola, Caymmi e Ernesto Nazareth são alguns dos artistas que a Banda Mantiqueira promete revisitar em sua apresentação no Santos Jazz Festival. Formada em 1991 por iniciativa do clarinetista, saxofonista, compositor e arranjador Nailor Azevedo, mais conhecido como Proveta, a banda tem hoje 11 integrantes e começou tocando em bares em São Paulo, como o Sanja, o Vou Vivendo e o Supremo Musical. Aos poucos conquistou palcos de outras cidades e caiu no mundo. Fez participações especiais em festivais internacionais acompanhando a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sob a regência de John Neschiling, e parcerias memoráveis com Gal Costa, Mônica Salmaso e João Bosco. Na apresentação no Santos Jazz, a Mantiqueira chega escoltando a voz de Virgínia Rosa. Com quatro CDs no currículo, a cantora paulistana acostumada a ouvir de Elisete Cardoso a música sertaneja na adolescência, começou sua vida artística 22

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como vocalista de Itamar Assumpção. Na década de 80 partiu para a carreira solo e no cardápio de suas melodias entra de tudo: samba, forró, maxixe, jazz, reggae, carimbó, funk, blues e até música erudita.

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FOTO: DIVULGAÇÃO/ FRED CAPPELLATO

HERALDO DO MONTE E LUIS DO MONTE

Pai e filho prometem esquentar o fim de tarde no Parque Anilinas, em Cubatão, com a mistura pra lá de brasileira de jazz com música nordestina. O recifense Heraldo do Monte começou sua carreira como músico da TV Tupi e foi integrante do Quarteto Novo, ao lado de Hermeto Pascoal, Airto Moreira e Théo Barros. Fez os arranjos dos maiores clássicos dos festivais da Record, como “Ponteio”, de Edu Lobo, e “Disparada”, de Geraldo Vandré. Seguindo os passos do pai, Luisinho do Monte tornou-se um célebre guitarrista, mas manteve a tradição familiar ao adotar também o violão e a viola caipira em suas apresentações. Em seu rol de parcerias entram artistas como Bebel Gilberto, Jards Macalé, Arismar do Espírito Santo e Amelinha.

JAZZILEIRA & CELSO LAGO

A banda santista Jazzileira faz tabelinha com Celso Lago para uma apresentação eletrizante. Criada em 2004 pelo saxofonista e arranjador Maurício Fernandes, a Jazzileira resgata a essência do jazz a partir de releituras de Duke Ellington, Tom Jobim, Edu Lobo, Gilson Peranzetta, Wayne Shorter, entre outros. Com dois CDs lançados, o grupo põe na caixa o som de piano, baixo acústico, guitarra, bateria, saxofone, trompetes e trombones, tendo como crooner o cultuado cantor Celso Lago, reconhecido como um dos melhores intérpretes do litoral paulista.

O violão e a voz aveludada de Cláudia Martins dão o tom perfeito para a bateria de Zé Cintra em standards de bossa nova e cool jazz, em inspiradas interpretações de Dick Farney, Tamba Trio, Bossa Três, Edson Machado e Sergio Mendes. O quarteto de virtuoses conta também com a participação do baixista Téo Cardoso e do guitarrista Alexandre Birkett, músicos já reconhecidos e consagrados, que garantem a harmonia e a sofisticação dos arranjos.

FOTO: DIVULGAÇÃO/ZÉCINTRA

BANDA +Q2

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FOTO: DIVULGAÇÃO/THAIS AZEVEDO

ATRAÇÕES

THIAGO ESPÍRITO SANTO

Indicado em 2012 ao Latin Grammy com o CD Forró Chorado, de Oswaldinho do Acordeon, o contrabaixista soma 20 anos de uma carreira bem-sucedida, tendo levado sua bossa e swing para diversos países da Europa, além de Estados Unidos e Japão. É reconhecido por músicos com os quais se apresentou – em uma citação rápida destacam-se Hermeto Pascoal, Dominguinhos, Toninho Horta, George Benson, Paulo Moura, Yamandu Costa, além dos pais Arismar do

Espírito Santo e Silvia Goes. Em seu primeiro CD solo, Thiago Espírito Santo recebeu elogios rasgados da crítica por sua desenvoltura como baixista, violonista e compositor de nove das 14 faixas do álbum, com releituras de Villa-Lobos, Bach e Tom Jobim. Em 2011 gravou seu primeiro CD internacional, The Jazz Tradition, ao lado de Jim Stinnett, Todd Johnson e Dom Moio, e ingressou como baixista no grupo O Teatro Mágico.

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FOTO: DIVULGAÇÃO/FRED CAPPELLATO

A AfroElectro apimenta sua influência africana com um molho para lá de brasileiro. Formada em 2009 pelos músicos Sérgio Machado, Michel Ruzitschka, João Taubkin, Mauricio Badé e Denis Duarte, a banda lançou seu primeiro disco em 2012, em que mescla ritmos e culturas que vão do carimbó ao hip hop, do rock ao maracatu e, é claro, o afrobeat. A balada se completa com a participação dos DJs Vitrolada (foto), três discotecários santistas que pesquisam a música afrodescendente mundial e que agitam os melhores dancings da cidade.

FOTO: DIVULGAÇÃO/ANNA SILVEIRA

AFROELECTRO & DJS VITROLADA


ROMERO LUBAMBO & LENY DE ANDRADE

FOTO: DIVULGAÇÃO/FRED CAPPELLATO

FOTO: DIVULGAÇÃO/MARCELO MAIA

Ele é um carioca com muito groove e um dos mais importantes nomes da guitarra jazzística do Brasil. Só para ter uma ideia do naipe desse rei das cordas, Romero Lubambo já tocou com Cesar Camargo Mariano e, ao vivo ou em estúdio, com Grover Washington Jr., Paquito D’Rivera, Al Jarreau, Ivan Lins e muitos outros. Ela é a grande diva do jazz brasileiro. Tem um pé na bossa nova e costuma soltar o vozeirão inconfundível nas melhores casas do ramo, incluindo o nova-iorquino Blue Note e o Ronie Scott’s Club, de Londres. Tem, entre seus parceiros e admiradores, nomes como Toot Tilemans, Paquito D’Rivera e Tony Benett. Se separado cada um já vale por uma banda inteira, quando sobem juntos ao palco, o público pode esperar por uma apresentação elegante e improvisações certeiras de ambos os lados. A sintonia é tanta que o sério relacionamento musical entre Lubambo e Leny já rendeu dois discos e um sem-número de apresentações ao vivo. Prepare-se para duelos de voz e guitarra da mais fina elegância e também para rememorar deliciosos clássicos da música brasileira com um quê de world music.

FOTO: DIVULGAÇÃO/FRED CAPPELLATO

DRUIDAS & PATRÍCIA NÓBREGA

A banda Druidas de Blues, ou simplesmente Druidas, é uma velha conhecida do público santista por suas apresentações no Torto Bar. Há mais de 25 anos na estrada, já passou por diversão formações. Hoje conta com Mauro Hector (guitarra), Marcos Paulo (voz e baixo) e Plínio Romero (bateria e vocais de apoio). Em seu show no Parque Anilinas, em Cubatão, o Druidas vai dividir o palco com Patrícia Nóbrega, backing vocal do ex-Mutante Sérgio Dias no CD Estação da Luz.

MARCOS CANDUTA & JAZZOFÔNICO

O violonista e guitarrista Marcos Canduta se junta ao sexteto Jazzofônico pela primeira vez nesta edição do Santos Jazz Festival. São dele algumas composições e os arranjos de canções de Edu Lobo, Duke Ellington, do belga Django Reinhardt, entre outros, que ganham uma sonoridade inusitada que transita entre o erudito e popular. O Jazzofônico é formado por Débora Gozzoli, Germano Blume, Edmur Vianna, Pablo Peres, Márcio Rampin e Alexandre Faccas. SANTOS_

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FOTO: DIVULGAÇÃO/STELA HANDA

ATRAÇÕES

MARQUINHO MENDONÇA & BANDA EM ÓRBITA

Marquinho Mendonça, compositor, multi-instrumentista e arranjador, trabalha sonoridades universais, que vão do choro ao blues, passando pela bossa nova e até baião e frevo. Versátil, já realizou trabalhos com nomes de peso no mundo musical, como Yamandu Costa, Dominguinhos, Zé Menezes, Orquestra Popular do Recife, Renato Anesi, Banda Mafuá, Vanessa da Mata, Tião Carvalho, etc. A Banda em Órbita é formada nesta ocasião por Daniel Grajew ao piano, Marcos Paiva no contrabaixo e Ricardo Mosca na bateria.

Se é fato que a música brasileira disputa com a cubana o rótulo de a mais rica e sofisticada em todo o mundo, essa dupla quer mostrar toda a intensidade dessa fusão em alto e bom som, no palco da praça Rui Barbosa. A consistente carreira de Max de Castro, como músico e arranjador, esbarrou na trajetória do arista cubano multi-instrumentista já há alguns anos e dessa alquimia nasceu uma série de shows que passou por várias cidades brasileiras. Yaniel faz das muitas viagens entre São Paulo e Havana a ponte para revigorar o repertório e criar possibilidades de mais parcerias musicais. Buscar talentos com o mesmo refinamento artístico é uma das vocações do cubano, que já passou uma longa temporada acompanhando Carlinhos Brown e tocou até com o elenco do Buena Vista Social Club. No repertório estão clássicos do cancioneiro latino e uma seleção bem brasileira. 26

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

YANIEL MATOS & MAX DE CASTRO

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FOTO: DIVULGAÇÃO/STELA HANDA

SIMONE PADRON & BANDA

ROBERTINHO SILVA & COLETIVO QUERÔ

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Além de explorar todas as fronteiras da percussão, batucando tudo quanto é instrumento, Robertinho Silva é um dos músicos mais cosmopolitas em atividade no Brasil. Acompanhou os nomes mais expressivos dos últimos 30 anos da MPB e carimbou passaporte nos maiores festivais de música do mundo. Contracenando ao vivo ou no estúdio com gênios como Wayner Shorter e George Benson, Silva desembarca no Santos Jazz Festival comandando uma formação jovem mantida pelo projeto Arte no Dique, a Banda Querô. Com forte influência do samba reggae, a banda vem ganhando notoriedade nos últimos anos, após o lançamento do CD de estreia A Arte no Dique, em 2007, que rendeu três participações na maior festa a céu aberto do mundo, o carnaval de Salvador.

A santista, vencedora do Troféu Brás Cubas, começou sua carreira estudando piano clássico, mas optou pelo canto, sua grande paixão. Seu repertório transita pela bossa nova, MBP, jazz e blues – estilos em que se aperfeiçoou em Savona, na Itália. Apresentou-se nos mais conceituados bares e casas noturnas da Baixada Santista e excursionou por diversos países da América Latina, Europa e África. Foi aclamada pelo público nos shows Revivendo Elis e Tributo a Milton Nascimento, que tem a participação especial de sua filha, a também cantora Nataly Alves.

VILLA-LOBOS IN JAZZ

Clássicos de compositores consagrados como Bach, Debussy, Radamés Gnatalli, Ary Barroso, Tom Jobim, Camargo Guarnieri, Egberto Gismonti e do próprio Villa-Lobos, que inspirou o nome do grupo, compõem o repertório do quarteto formado por Otávio Garcia, Ozias Gonçalves, Fernando Corona e Felipe Poli. Sucesso no Brasil e no exterior, o grupo interpreta canções que resgatam as raízes da cultura musical brasileira e despertam a memória afetiva ao trazerem lembranças da infância. SANTOS_

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FOTO: DIVULGAÇÃO/ALEXANDRE CHAGAS

FOTOS: DIVULGAÇÃO

ATRAÇÕES

MICHEL LEME & TRIO

Adepto de um estilo vigoroso e cheio de atitude, que flerta com o rock, Michel Leme é considerado um dos maiores expoentes da guitarra no Brasil. Por isso mesmo foi convocado para encerrar os trabalhos desta segunda edição do Santos Jazz Festival. A experiência foi acumulada em mais de 20 anos de estrada, acompanhando músicos da estatura de Gary Williams, Michael Brecker e Joe Lovano. Quem for à apresentação do grupo no Emissário Submarino na noite de domingo pode se preparar para um groove nada mauricinho. É jazz tocado com alma e sangue nos olhos. Pra lavar a alma!

SWISS COLLEGE DIXIE BAND

O ano era 1975. A paixão pelo jazz, mais especificamente pela versão dixieland, levou um grupo de professores suíços radicados em São Paulo a formar a Swiss College Dixie Band. O que começou como uma brincadeira ganhou ares profissionais em pouco tempo, com a chuva de convites para apresentação. Ao longo das décadas a formação original foi cedendo espaço a novos músicos e hoje apenas o pianista, Heinz Brunner, é remanescente do grupo fundador. O tempo passou, mas o autêntico estilo dixie se mantém no repertório da trupe formada por oito amigos que revivem o que eles consideram ser o “puro espírito do jazz”.

PROVETA & BANDA MARCIAL MUNICIPAL DE CUBATÃO

Depois de comandar o show com a Banda Mantiqueira, Proveta volta ao palco agora ao lado da Banda Marcial Municipal de Cubatão. Com 120 integrantes, sob a regência do maestro Alexandre Felipe Gomes, o grupo com repertório que vai do erudito ao popular já encantou plateias em várias cidades brasileiras e em 2005 representou o país no Festival Sul-americano de Bandas e Fanfarras de Millipilla, no Chile. Mantida pela prefeitura da cidade, a Banda tornou-se uma referência sóciocultural de Cubatão por seu trabalho de formação musical junto a jovens e adolescentes. 28

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FOTO: DIVULGAÇÃO/MOA SITIBALDI

Eles são parceiros musicais de longa data. Estudaram na mesma escola, a mítica Clam, comandada pelo Zimbro Trio, praticamente na mesma época, mas cada um perseguiu a própria trilha. André Christovam escolheu a vertente do blues mais próxima do rock’n’roll e despontou como um dos maiores guitarristas do Brasil. Seu estilo visceral, que prega a comunhão do blues com o samba, a world music e a MPB, foi aclamado numa das noites mais quentes do Santos Jazz Festival de 2012. Já Michel Freidenson tem um estilo mais bossa-nova e colocou seu teclado a

FOTO: DIVULGAÇÃO/MORGADE

ANDRÉ CHRISTOVAM & MICHEL FREIDENSON

serviço de uma geração de ouro da música brasileira. Quando tocam juntos, todas as possibilidades sonoras estão em jogo. “É exatamente o que trazem na bagagem para uma apresentação de gala na Praça Rui Barbosa: “As possibilidades de criação no momento em que estivermos no palco são de fato infinitas”, adianta Christovam. “ Será uma festa musical maravilhosa”, aposta Freidenson.

CHICO GOMES TRIO FOTO: DIVULGAÇÃO/FRED CAPPELLATO

Reconhecido como um dos maiores baixistas solo do mundo por craques como Raul D’ Souza, Stanley Jordan (que o tem como mestre), Billy Cobham e Moraes Moreira (que o considera o Pelé do contrabaixo), Chico Gomes desenvolveu técnicas como o Triplo Domínio – execução do baixo, da harmonia e da melodia, que dá a impressão de que são três músicos tocando. Ele desfila seu repertório de “boa MPB com improvisação” nos baixos de 7 e 8 cordas que criou e mandou construir, acoplados a uma guitarra e um contrabaixo.

VASCO FAÉ

A antológica versão de “Trem das 11”, misturada com Hoochie Coochie Man, certamente será um dos momentos mais aguardados na apresentação de Vasco Faé, multi-instrumentista que dedilhou os primeiros acordes no piano da tia, se aventurou na bateria e hoje é uma referência em voz e gaita no cenário do blues brasileiro. Foi integrante do Blues Etílicos, fundou a Irmandade do Blues e em 2007 lançou seu segundo CD solo, Manoblues, em que faz jus à alcunha de “homem banda” tocando sozinho gaita, bumbo, guitarra e voz. SANTOS_

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MAURÍCIO PIRILLO

SKETCHJAMS

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DESENHO ANIMADO Pela internet, ilustradores se organizam em grupos para praticar duas paixões a um só tempo: ouvir jazz e desenhar

MAURÍCIO PIRILLO

T

er bom papo e gostar de música e arte. São apenas esses os pré-requisitos para quem deseja participar dos encontros do SketchJAMS, um grupo de amigos que se reúne regularmente em bares de São Paulo para fazer desenhos, ilustrações e pinturas dos shows que rolam ao vivo no palco. Ao contrário do que se possa imaginar, não é preciso ser um ás dos pincéis e das canetas coloridas para entrar para a trupe. Nos encontros, rola gente de várias tribos: médicos, arquitetos, designers, jornalistas, professores e até ilustradores. Gente, enfim, que apenas deseja passar o tempo em boa companhia, ouvindo boa música e desenhando. Alguns nem chegam perto das folhas em branco e dos caderninhos. Frequentam o grupo apenas para fazer amizades e desfrutar do alto-astral da turma. Caso da médica Fernanda Giacomelli, que há um ano bate ponto nas reuniões do SketchJAMS. “Gosto do ambiente, amo jazz, blues, bossa nova, ouço quase de tudo. E aprecio muito a pintura, gostaria de saber fazer, principalmente aquarela, mas venho apenas para olhar”, conta. A médica conheceu o grupo ao ler uma matéria sobre eles no jornal. “Vim sem conhecer ninguém e fiquei”, recorda.

FOTO: DIVULGAÇÃO

|TEXTO|ROSIANE MORO

Uma sessão de SketchJAMS reúne cerca de 20 participantes. Na mesa do bar, cada um desenha no seu ritmo e estilo

As sessões são comandadas pelos ilustradores Joel Lobo e Fabio Corazza. A ideia é divulgar estilos de música e grupos não muito conhecidos do público em geral e ao mesmo tempo fazer arte. “Para quem vive dos desenhos é um aprendizado, uma oportunidade de trocar informações, ver como as outras pessoas trabalham, ou simplesmente um momento para relaxar, tentar um traço que não se pode aplicar profissionalmente. A gente deixa a música levar a nossa imaginação”, explica Lobo. Mas nem tudo é romantismo. Curiosos e garçons passam a todo instante diante dos olhos atentos dos artistas. No palco, os músicos se movimentam o tempo todo e alguns desenhos ficam inacabados porque a cena muda num piscar de olhos. Não tem estresse. Simplesmente vira-se a página e começa tudo novamente. SANTOS_

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

SKETCHJAMS

BAGUNÇA ORGANIZADA À primeira vista parece que nada vai funcionar. As pessoas chegam aos poucos, ocupam mesas e balcões ao lado do palco. Lápis, tintas e papéis disputam o pequeno espaço com copos, sanduíches e petiscos. Quando a banda arrisca os primeiros acordes, alguns já começam a desenhar enquanto os outros ainda comem, bebem e batem papo. Não há regras pra nada. Cada um faz o que quer e tudo a seu tempo. No fim da apresentação, uma pilha de sketches de variadas cores e traços decora a mesa. O ilustrador Fernando Mosca é um dos frequentadores que usam as sessões do SketchJAMS para fazer experiências. “Faço animação digital e sempre tenho o prazo de entrega muito apertado. 32

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Aqui é diferente, faço os desenhos no meu ritmo, posso brincar com aquarela e pastel, uso novas técnicas. Uma vez aprovei um trabalho com um cliente usando como referência uma ilustração daqui”, declara. Quem quiser conhecer um pouco mais sobre o trabalho ou até fazer parte do grupo, que hoje já conta com mais de 300 integrantes, é só acompanhar os anúncios dos próximos eventos pelo blog sketchjam.com ou pelo twiter @sketch_jams e depois aparecer no bar. E Joel Lobo avisa: “Não precisa saber desenhar, cada um escolhe os materiais mais confortáveis para si e traz principalmente a vontade de praticar desenho. Também não cobramos nada de ninguém. O participante paga apenas pelos custos da casa (couvert e consumo) como em qualquer outro show”.

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Para quem vive dos desenhos é um aprendizado, uma oportunidade de trocar informações, ver como as outras pessoas trabalham, ou simplesmente um momento para relaxar

IARA FURUSE

Uma página no Facebook concentra todos os sketches produzidos nos bares. Aqui uma pequena mostra da produção da trupe

JOEL LOBO

FABIO CORAZZA

Joel Lobo

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OFICINAS

EFEITOS

SONOROS Nas oficinas, músicos compartilham técnicas, experiências e macetes. Tem até aula para melhorar a comunicação com o público e com o mercado através da internet |TEXTO|RAQUEL ALVES

N

osso desejo é que o som do Santos Jazz Festival siga reverberando, mesmo depois de encerrado o último show.” Com essa frase o produtor cultural e diretor musical do festival, Jamir Lopes, resume a missão das oficinas, eventos paralelos às apresentações que colocam artistas consagrados para compartilhar técnicas e experiências com os interessados. A ideia nasceu na primeira edição do festival e contou com a pronta adesão de músicos profissionais, amadores e simpatizantes. No line-up de 2013, Romero Lubambo, Proveta, Heraldo Do Monte, Thiago Espírito Santo e Robertinho Silva, a bordo de seus respectivos instrumentos, vão falar sobre criatividade, inovação e improvisação. “Muito além de propor somente entretenimento, o nosso festival nasceu com esse compromisso, o de deixar um legado para a música da nossa região. As oficinas cumprem esse papel”, arremata Jamir. Thiago Espírito Santo é um que vai levar segredos de família para dividir com os inscritos da oficina de contrabaixo. “Vou usar uma metodologia desenvolvida pela minha mãe, Silvia Goes, que

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quebra alguns mitos do aprendizado formal. O importante é entender o som que está dentro de você e poder expressá-lo. Afinal a música é um idioma, o meu segundo idioma, aliás, e vamos usar essa linguagem para dialogar e contar as nossas histórias.” Acompanhando o pai, Heraldo, o guitarrista Luis do Monte já estruturou o conteúdo da oficina sobre improvisação na guitarra: “A arte de improvisar requer fundamentação. Vamos conversar sobre todas as leis que regem o encadeamento harmônico e melódico”, adianta o músico, que aplica o método na própria escola da família, o Núcleo de Aprendizagem Musical.

TUDO PELA MÍDIA SOCIAL Além de abordar temas ligados à criação musical, uma das salas, comandada pelos jovens Rodrigo Monteiro e Victor Birkett, vai tratar de comunicação digital para artistas independentes. Juntos, eles prometem dar dicas sobre como planejar, criar estratégias e principalmente como usar as redes sociais. “Entre 2005 e 2008 aconteceu o boom de bandas na internet. As caixas de recado do Orkut, Fotolog e tantas outras redes sociais da época eram bombardeadas com inúmeros spams. Essa era passou, e o spam não funciona mais. Os artistas estão tendo de se reinventar e serem mais criativos em suas campanhas. O velho e bom boca a boca voltou com força”, acredita Victor. Rodrigo se preocupa em passar o conteúdo da maneira mais prazerosa possível: “Não queremos falar até o pessoal cansar. Nossa proposta é passar o conteúdo e partir para exercícios práticos”.

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As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site www.santosjazzfestival.com.br

Músicos e estudantes prestigiaram as oficinas no ano passado. No teatro Guarany, conversas e exercícios práticos deram o tom dos trabalhos SANTOS_

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VITRINE

QUALQUER NOTA Para não ficar na saudade, alguns mimos garantem o tom até o próximo Santos Jazz Festival |TEXTO|ROSIANE MORO

ON BROADWAY

O musical All that Jazz, no fim dos anos 70, volta à cena nas versões moringa (R$ 110) e caixa de azulejo (R$ 106). Na Relicário Presentes.

clusivo

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

Onde: Shopping Praiamar, rua Alexandre Martins, 80, loja 256, Santos, SP. Tel. (13) 3238-2000.

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FEST

AFICIONADOS DO JAZZ

Triste porque o festival acabou? Então leve algumas lembrancinhas para recordar os melhores momentos: camiseta de algodão (R$ 30), capa de iPhone (R$ 40) e caneca (R$ 20). Onde: à venda nos nos palcos da praça Rui Barbosa, Bolsa do Café e shopping Balneário 36

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ANOS DOURADOS

Para resgatar o clima dos salões do Cotton Club e do Roseland Ballroom da Nova York na década de 20, Robert Nippoldt produziu e ilustrou o livro Jazz. New York in the Roaring Twienties (US$ 49.99), escrito por Hans-Jürgen Schaal e editado pela Taschen. Acompanha CD com as melhores canções da época. Onde: www.taschen.com

TRIO

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Miniesculturas de músicos de metal e parafusos (R$ 6, cada uma) para alegrar o ambiente em casa. Onde: Ita Decorações e Presentes, rua 25 de março, 811, Centro, São Paulo, SP. Tel.: 11 3229-1055.

DANCE, DANCE, DANCE

As pranchas de skate (R$ 236,80 e R$ 131,60, respectivamente) e a caixinha de som para iPod (R$ 85,05) garantem o ritmo certo durante as manobras. Onde: www.zazzle.com.br SANTOS_

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•Praça Ruy Barbosa - Ce •Parque Anilinas Cubat

PROGRAMAÇÃO - 2013

SE JOGA!

Veja local e o horário do seu show preferido e prepare-se para os momentos de muita diversão

1.

Teatro Sesc Santos

20H_ ABERTURA 21H_ EGBERTO GISMONTI

19/06 (quarta-feira) 2.

Praça Mauá 12H_ VASCO FAÉ – O HOMEM BANDA 1.

Auditório Sesc Santos 14H_ OFICINA “CRIATIVIDADE NA GUITARRA” com Heraldo do Monte 3.

Instituto Arte no Dique 16H_ BATE-PAPO com Robertinho Silva 4.

Shopping Parque Balneário 19H_ BANDA JAZZILEIRA & CELSO LAGO 20/06 (quinta-feira) 3.

Instituto Arte no Dique 10H_ OFICINA “PERCUSSÃO E RITMOS BRASILEIROS” com Robertinho Silva 5.

Bolsa do Café 13H_ CHICO GOMES TRIO 4.

Shopping Parque Balneário SIMONI PADRON & BANDA

19H_

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1.

Bar do Sesc Santos BAILE AFROJAZZLATINO DJS VITROLADA + SHOW BANDA AFROELECTRO

9.

20H_

1.

21/06 (sexta-feira) 3.

Instituto Arte no Dique 10H_ OFICINA “PERCUSSÃO E RITMOS BRASILEIROS” com Robertinho Silva 2.

Praça Mauá 12H30_ MARQUINHO MENDONÇA & BANDA EM ÓRBITA 1.

Auditório Sesc Santos 14H_ OFICINA “IMPROVISAÇÃO NO BAIXO” com Thiago Espírito Santo 5.

Bolsa do Café 15H30_ BANDA + Q2 17H30_ VILLA-LOBOS IN JAZZ (RJ) 6.

Palco Praça Rui Barbosa 19H_ BANDA MANTIQUEIRA Participação especial: Virgínia Rosa 20H30_ THIAGO ESPÍRITO SANTO & TRIO 22H_ MICHEL FREIDENSON & ANDRÉ CHRISTOVAM TRIO 23H30_ STAFFORD HUNTER (EUA) & BABI MENDES

ILUSTRAÇÃO: DANIEL DAS NEVES

18/06 (terça-feira)

7.

Sesc Santos

R. Conselheiro Ribas, 136 – Aparecida

2.

Praça Mauá

3.

Instituto Arte no Dique

Paço Municipal – Centro Rua Hugo Maia, 285 –

4.

Shopping Parque Balneário

5.

Bolsa do Café

Av. Dona Ana Costa, 549 – Gonzaga Rua XV de Novembro, 95

6.

Palco Praça Rui Barbosa

7.

Parque Anilinas – Cubatão

Centro

Rua Assembleia de Deus, 435 - Centro

8.

Emissário Submarino – Santos

9.

Banda Marcial – Cubatão

Praia José Menino

Rua Dr. Fernando Costa, 433

DIA 22/06 (sábado) 3.

Instituto Arte no Dique 10H_ OFICINA “PERCUSSÃO E RITMOS BRASILEIROS” com Robertinho Silva 9.

Sede da Banda Marcial – Cubatão 14H_ OFICINA “SOPROS NO JAZZ” com Proveta 1.

Auditório Sesc Santos

DAS 10H ÀS 17H_

OFICINA “COMUNICAÇÃO DIGITAL PARA ARTISTAS INDEPENDENTES” com Rodrigo Monteiro e Victor Birkett

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•Praça Ruy Barbosa - Centro •Parque Anilinas Cubatão - Rua Assembléia de Deus, 435 - Centro

5. 2. 6.

3.

4. 8. 1.

5.

Bolsa do Café 13H_ MARCOS CANDUTA & JAZZOFÔNICO 1.

Teatro Sesc Santos ROMERO LUBAMBO & LENY ANDRADE 19H_

6.

Palco Praça Rui Barbosa

20H30_ SWISS COLLEGE

DIXIE BAND 22H_ YANIEL MATOS (CUBA) & MAX DE CASTRO 23H30_ NUNO MINDELIS & BANDA – BLUES

23/06 (domingo) 9.

Sede da Banda Marcial – Cubatão 10H_ OFICINA “SOPROS NO JAZZ” com Proveta 3.

Instituto Arte no Dique 10H_ OFICINA “PERCUSSÃO E RITMOS BRASILEIROS” com Robertinho Silva 1.

Auditório do Sesc Santos OFICINA “JAZZ NO VIOLÃO” com Romero Lubambo

11H_

7.

Parque Anilinas – Cubatão PROVETA & BANDA MARCIAL DE CUBATÃO

14H_

15H30_ DRUIDAS

&

PATRÍCIA NÓBREGA 17H_ HERALDO DO MONTE & LUIS DO MONTE 8.

Emissário Submarino – Santos

17H30_ ROBERTINHO SILVA

& COLETIVO QUERÔ 19H_ DELTA BLUES 20H30_ MICHEL LEME TRIO

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DICAS

VEM

COMIGO Três figuras inspiradoras da cena musical da baixada mostram o mapa da mina do festival |TEXTO|RAQUEL ALVES

Hora de desfrutar

Logo na abertura, temos o imperdível Egberto Gismonti, um dos caras mais importantes, pelo bom gosto e por tudo que representou para a música instrumental brasileira. Romero Lubambo & Leny Andrade também merecem a visita do público. Com certeza será uma apresentação com muita influência da bossa nova. O festival também cria espaço para os músicos locais, o que é muito legal. Recomendo vivamente o som da banda Jazzileira, que é pulsante e muito interessante. O baixista Chico Gomes é outro que 40

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tem muita coisa boa para mostrar. Uma porque é um ícone do jazz na nossa região e outra pelos desafios que ele propõe ao baixo de sete cordas. Enfim, temos aí uma turma da pesada. Nomes que foram referência para toda uma geração e muitos não tiveram tanto espaço na mídia. Agora eles podem mostrar o seu trabalho e o público pode desfrutar de uma festa musical. Nem gosto de falar em música de qualidade, porque a qualidade depende da perspectiva de quem vê. O fato é que ter um festival nesses moldes é um sonho antigo. Tomara que a iniciativa dure muito tempo.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

JOSÉ CARLOS SIMONIAN

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DEBORAH TARQUINIO Momento de tietagem

Chico Gomes: o grande baixista, musicista e mais... de um poder de superação do qual já fui testemunha por mais de uma vez. Toda minha admiração é pouca, para um gênio nas sete e oito cordas... Celso Lago: o que dizer mais do que as melodias belissimamente interpretadas por essa voz cheia de veludo e técnica primorável? Agora a coisa é um pouco mais séria... Leny Andrade. Tento expressar o que ela contribui para o nosso bom gosto e capacidade musical. É uma única e rara referência do que melhor temos em nossa veia musical, o swing que nos é peculiar com a cadência da nossa gingada. Oh... Leny... Leny Só indo lá para ouvir.

WAGNER PARRA FOTOS: DIVULGAÇÃO

Atrás das melhores “mixturas”

Egberto Gismonti é um dos músicos mais importantes da minha geração. Cresci ouvindo seus discos. Um elo perfeito entre as música clássica, experimental e popular. A gente nunca sabe o que poderá acontecer no palco. Vale a surpresa.

Outra boa pedida: Banda Mantiqueira, liderada por um dos maiores músicos da história da música popular brasileira, Proveta. Acompanho a Banda Mantiqueira desde os tempos de Sanja e Vou Vivendo nos anos 90. A cereja do bolo fica por conta da participação da cantora Virgínia Rosa. Yaniel Matos (Cuba) & Max de Castro. Imperdível a “mixtura” da música cubana com o swing pilantragem do Max de Castro. Yaniel já tocou com grandes músicos cubanos como Chucho Valdes, Issac Delegado e Maraca. Duas das mais ricas culturas musicais do planeta juntas. Tem também o Stafford Hunter (EUA) & Babi Mendes. Babi é uma das grandes revelações do jazz, prata da casa que já caiu no mundo e volta desta vez com o trombonista americano Stafford Hunter. Imperdível. SANTOS_

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A música é como o vento. É como o céu, como as estrelas. É como as coisas que voam e as que a gente respira. A pátria dela é o amor Hermeto Pascoal 42

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FOTOS: DIVULGAÇÃO/FRED CAPPELLATO

MELHOR DE 2012

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TUDO DE BOM

Yamandu Costa, Izzy Gordon, Arismar do Espírito Santo e Filó Machado: um tributo ao jazz brasileiro

FOTOS: DIVULGAÇÃO/FRED CAPPELLATO

FOTO: DIVULGAÇÃO/ ZÉCINTRA

O Santos Jazz Festival já nasceu grande. Em seu ano de estreia o cardápio musical reuniu alguns dos melhores nomes da música instrumental, em shows de casa cheia

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Rua XV de Novembro, Teatro Coliseu e o talento de Roberto Sion (abaixo), cenas para o álbum

FOTOS: DIVULGAÇÃO/FRED CAPPELLATO

MELHOR DE 2012

FOTO: DIVULGAÇÃO/ ZÉCINTRA

Ingressos sempre esgotados e praças lotadas. Em 2012 não faltou swing, energia e gente a fim de ouvir boa música

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anĂşncio

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10 RAZÕES para amar o jazz FOTO: ARQUIVO PESSOAL

POR EDUARDO CALDEIRA

1. UMA CANÇÃO: “In a Sentimental Mood” de I. Mills, Duke Ellington e M. Kurtz,

interpretada com lirismo por Duke Ellington, piano, e John Coltrane, sax.

2. UM DISCO: Maurício Einhorn e Sebastião Tapajós convidam Arismar do E. Santo. Vale repetir

Tião Tapajós – “A harmonia entre os povos estaria solucionada se houvesse um tratamento à busca de acertos que os músicos almejam”.

3. UM BAR: Blue Note, NY, onde tive a oportunidade de assistir a ótima Nancy Wilson, vocal, e na noite seguinte o espetacular Paquito D’Rivera, sax alto. Inesquecível.

4. UM CLUB: 150 Night Club, do Maksoud Plaza. Infelizmente não mais existe. Lá, em

apresentações memoráveis recordamos alguns nomes – Benny Carter, Alberta Hunter, Michel Legrand, Bobby Short, Lionel Hampton, Tom Jobim, João Donato, o saudoso amigo Johnny Alf, a 150 Big Band, liderada por Hector Costita, e tantos outros artistas.

Empresário, produtor cultural e idealizador de bares e casas noturnas que marcaram época na noite santista, pela mistura bem dosada de música boa e ambiente descolado, como Reciclagem, Bar da Praia e Barnabé, Eduardo Caldeira é um apaixonado pelo jazz

5. UMA CIDADE: New Orleans, a capital mundial do jazz. Numa das edições do Heritage Jazz

Festival foi possível ver numa mesma noite, no Preservation Hall, Miles Davis e B. B. King.

6. UM INSTRUMENTO: Sax tenor lembra as memoráveis “batalhas” entre Dexter Gordon e Johnny Griffin no Festival de Ann Arbor (1978).

7. UM LIVRO: Johnny Alf – Duas ou três coisas que você não sabe, de João Carlos Rodrigues –

Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial. Biografia de Johnny Alf ou “Genialf”, segundo Tom Jobim.

8. OUTRO LIVRO: The Big Bands – As Grandes Orquestras de Jazz, de George T. Simon, tradução

de Edman Ayres de Abreu. Apresentação de Frank Sinatra, pela Ícone Editora.

9. UM FILME: Round Midnight. Ninguém acreditava que um dia este filme pudesse ser

feito. Herbie Hancock é o diretor musical e Dexter Gordon o astro deste retrato da vida do saxofonista Bud Powell após sua chegada em Paris. Uma poesia.

10. UMA SAUDAÇÃO: Com tanta gente talentosa que vem por aí, saúdo Leny Andrade, Romero Lubambo, Egberto Gismonti e Maestro Branco em nome dos envolvidos na organização do Santos Jazz Festival, que proporciona me alimentar da boa música. Obrigado!

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