Atividades e projetos integrados

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IMAGEDJ

1. Tempo de reflexão “Projetar é sonhar, garante o educador Nilbo Nogueira. Afinal, tem coisa melhor que planejar e por em prática, na sala de aula, atividades de acordo com seus gostos e interesses? Mas não basta sonhar sozinho. Para ele, trabalhar com projetos deve ser uma criação coletiva da coordenação, dos professores e, principalmente, dos alunos.” www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista 0084.asp)

Por que usar a pedagogia de atividades integradas e projetos como estratégia diferenciada no processo de ensino-aprendizagem? A sociedade tem evidenciado a importância das ciências e das tecnologias. Nesse contexto, a escola, cumprindo seu papel social, torna-se responsável por praticar e ensinar a “pensar cientificamente”, com o propósito de formar indivíduos com capacidades essenciais de elaboração de ideias, criação, análise e síntese, entre outras, para que possam compreender, integrar e melhor viver numa sociedade singularmente complexa. E quiçá, os alunos, ao se sentirem estimulados a aprender por esse processo, possam contribuir num futuro próximo para o contínuo progresso científico e tecnológico. Duas razões igualmente fortes motivam a escola a preparar o aluno para viver tanto o “pensar globalmente” como o “agir localmente”: a vivência da ciência e da tecnologia e a formação essencialmente ética e humana que integram o pensamento global. Para isso, no âmbito do processo de ensinoaprendizagem, a educação sociocientífica1 com visão interdisciplinar e ética trabalha saberes que trazem esAs questões que envolvem interações entre ciência, sociedade e seus aspectos éticos e morais são chamadas de questões sociocientíficas (SADLER, 2004) e alguns educadores (ZEIDLER et al, 2002) têm apontado que a inclusão dessas questões poderia tornar o ensino de ciências mais relevante para os estudantes bem como desenvolver aspectos morais e éticos (SADLER, 2003). 1

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clarecimentos à sociedade do conhecimento. As questões que surgem naturalmente de uma curiosidade do aluno, por exemplo: “as águas de uma bacia hidrográfica podem ser desviadas para abastecer outra bacia?” ou “a terapia genética pode ser utilizada para eliminar doenças que causam sofrimento às pessoas?”, necessitam de conhecimento com base na educação sociocientifica. Evidencia-se assim, que a educação sociocientífica possui base consolidada no processo investigativo que, por sua vez, representa o fio condutor de toda pesquisa, caracterizada por possuir como ponto de partida o senso comum para, então, consolidar-se em conhecimento científico ao concluir as etapas do método científico. Esse processo só acontece quando saberes de ciências, geografia, história e outros deixam de ser compartimentados, dando lugar, quando agregados, a uma rede de significações capaz de promover o letramento científico2. Com base no avanço da proposta da educação sociocientífica e na ampliação dos encaminhamentos do letramento científico, verifica-se a necessidade de preparar o indivíduo para a vida numa sociedade científica e tecnológica, na qual o conhecimento assume papel essencial para uma perspectiva crítica do cidadão. Neste cenário, o letramento científico3 possibilita que as vivências constituam o processo de conhecimento e componham a rede de significações – a funcionalidade desse conhecimento (o que fazer com o conhecimento?).

O conceito de letramento surgiu no início dos anos de 1980, a partir de preocupações distintas, em diversos contextos, mas se referia a uma mesma questão: o uso social da linguagem escrita. Após sua gênese, esse conceito foi sendo expandido para outras esferas, como o ensino de ciências e de matemática (Pisa, 2001; Brandi & Gurgel, 2002). 2

Como exemplo, rotineiramente, precisamos pensar em termos socialmente aceitáveis, seja na saúde, na ética, seja na economia. Muitas dessas decisões requerem conhecimento de ciência e tecnologia. A isso chamamos de letramento científico (Krugly-Smolska, 1990). Com isso, ao trabalhar com o letramento cientifico, o aluno se apropria do conhecimento comprometido com sua aplicação, com base em reflexão e da pesquisa – aprendizagem significativa. A educação científica proporciona ao aluno conhecimentos efetivos para toda a vida. 3

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É condição essencial que o professor atente para a questão de letramento em sua disciplina ou área, prevendo planos de letramento em sua prática docente. Exemplo dessa necessidade é o processo de avaliação do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa)4, em que o letramento em ciências é avaliado em três dimensões: conceitos científicos, necessários para compreender certos fenômenos do mundo natural e as mudanças decorrentes de atividades humanas; processos científicos, centrados na capacidade de adquirir, interpretar e agir com base em evidências; e situações científicas selecionadas, principalmente, da vida cotidiana das pessoas. Por sua vez, a educação científica prevê a participação ativa do aluno em atividades integradas e projetos, permitindo-lhe viver um processo motivacional na construção de uma rede de significações, além de propiciar o desenvolvimento da autonomia, uma vez que o aluno participa da tomada de decisão, estabelecendo uma dinâmica diferente daquela que normalmente se estabelece na sala de aula. O professor, ao adotar atividades integradas em sua prática de ensino, abraça um conjunto de contextos pedagógicos com características multi e interdisciplinares. Nesse contexto, torna-se possível abandonar a visão fragmentada por disciplina e abrir espaço para o trabalho com competências, habilidades e conteúdos de maneira articulada. Para estabelecer a colaboração entre áreas do conhecimento, parte-se de objetos comuns – conceitos, que são partilhados, revisitados por meio das especificidades dos diversos campos, sendo desenvolvidos em diferentes âmbitos: projetos de investigação, oficinas e atividades integradas, advindas das diversas áreas do conhecimento. Já a aprendizagem baseada em projetos representa estratégia singular e inovadora que aproxima professor e aluno de práticas de avaliação mais autênticas, distanciando-os das formas de avaliação tradicionais utilizadas: provas, testes, trabalhos convencionais de reprodução. Inep (http://www.inep.gov.br/internacional/pisa/).

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O quadro a seguir apresenta um exemplo que diferencia o trabalho por atividade integrada e por projetos. Temas de exemplo Arquitetura antiga (Disciplinas envolvidas: história, artes e matemática)

Energia e sociedade

Atividade integrada

Projeto

Crie um portfólio que mostre a arquitetura do Egito Antigo.

Elabore uma tabela do (Disciplinas consumo de envolvidas: energia em matemática, sua casa no geografia e período de três meses. ciências)

Diferenças

Partindo da questão “Como as pirâmides foram construídas?”, elabore um estudo de caso, abordando os prováveis cálculos básicos matemáticos utilizados nesta construção, a natureza e o transporte do material utilizado.

É improvável que apenas uma atividade consiga responder ao questionamento. Já o projeto envolve investigação sobre os mistérios históricos com base numa questão abrangente.

A atividade é pontual e não desperta muito interesse no Identifique cinco conaluno, mesmo que trabalhe sequências relevantes com um tema de seu contexcausadas pelo inadequa- to. Em contrapartida, a abordo e excessivo consumo dagem baseada em projeto de energia. Forme uma convida o aluno ao exercício força-tarefa para investi- do processo reflexivo e crígar e proponha soluções tico, envolvendo algumas tecnicamente viáveis para tarefas (investigar, selecionar, cada uma. ouvir, propor), típicas de um projeto comunitário significativo.

Como se comprometer e envolver a comunidade escolar nos projetos em meio a tantas situações de rotina escolar a vencer? Uma questão inicial a partir da qual é possível construir base de reflexão para atuar no convencimento do trabalho com atividades integradas e projetos, bem como no comprometimento da equipe de profissionais envolvidos e dos alunos, é o que é importante neste processo dinâmico de aprender pesquisando?. Verifica-se que a utilização de todos os recursos

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e de toda a técnica possível desenvolvida ao longo do processo de realização de uma atividade integrada ou de um projeto permite a aquisição de autoconfiança e autonomia do aluno. Com base sólida, bem como com o domínio de conceitos e procedimentos essenciais, o aluno torna-se capaz de organizar e gerir seu aprendizado. O processo permite consciência da própria capacidade de raciocinar e elaborar estratégias e métodos de aprendizado, além de compreender o uso de conceitos científicos necessários para entender e ajudar a tomar decisões ante fatos e fenômenos. Também envolve a capacidade de reconhecer questões científicas, fazer uso de evidências, tirar conclusões sustentadas em bases científicas e saber comunicar essas conclusões. Com isso, o aluno consegue perceber o espaço que ocupa, prospectando o uso de suas competências na sociedade contemporânea. Para que isso aconteça, o professor, como gestor e mediador, entra em cena para auxiliar o aluno no avanço de suas aprendizagens, mesmo deparando-se com os limites do conteúdo programático, do tempo de aula e das normas legais que delimitam a atividade científica na escola. Com isso, cabe ao professor, para o cumprimento de seu papel de gestor do conhecimento, integrar a roldana mestra do pensar, atuar e avaliar, impulsionando o processo de ensino-aprendizagem, o que requer competências que não foram desenvolvidas em sua formação docente. Assim, é condição sine qua non que, para desenvolver esse perfil, o professor tenha conhecimento amplo e irrestrito da proposta pedagógica de sua escola, além de ser preciso que atualize e inove suas metodologias, flexibilizando e articulando o currículo à funcionalidade do conhecimento; além disso, será necessário capacitar-se para utilizar novas tecnologias educacionais com estratégias que envolvam, entre outras, atividades integradas e projetos. Considerando-se o ato de educar como um processo que, de algum modo, interfere na construção do projeto de vida do aluno, por meio das práticas pedagógicas, o professor contribui para a construção

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da identidade do educando e a realização de suas conquistas pessoais e profissionais; daí a importância do desenvolvimento das habilidades cognitivas (compreensão, comunicação e autorregulação) desse estudante. Para isso, todo processo de pensar, gestar e comunicar uma atividade integrada ou um projeto não pode ser desencadeado de forma isolada. Depende de ação coletiva e colaborativa que se concretiza num trabalho estratégico que pode contribuir para a maior satisfação nos resultados obtidos.

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2. Tempo de ação Como planejar os passos para a elaboração de um projeto escolar? Analisando posturas adotadas no cenário educativo, é possível rever e pensar novas teorias a fim de buscar alicerce para uma práxis que leve em consideração a aprendizagem significativa, a aprendizagem individual, e não só coletiva, as múltiplas interações do aluno com o meio, com outros indivíduos e com o objeto do qual pretende apropriar-se; a interação do aluno no seu processo de construção do conhecimento; o conteúdo sendo trabalhado além da forma conceitual; a pluralidade das inteligências, considerando que o aluno possui múltiplas inteligências, por isso é preciso investir no desenvolvimento de suas habilidades; e a necessidade de atuar além das áreas lógico-matemática e linguística, que se configuram como alicerces cognitivos fundantes das demais áreas. É imprescindível provocar estratégias de compreensão referente à tríade: Pesquisa, Aprendizagem e Socialização – base de sustentação das atividades integradas e projetos escolares.

Representação da tríade dos pilares das atividades integradas e projetos

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Para conferir O Portal do Professor (MEC) apresenta algumas ideias de projetos bem motivadores. Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/link. html?categoria=15 Acesso em: mai. 2011.


Você sabia? Existe um banco internacional de dados de acesso público, contendo objetos educacionais, em vários formatos e níveis de ensino Um eficiente sistema de busca por palavras-chave (tags) leva a objetos variados, como áudios, vídeos, animações, textos... A escolha de um objeto de aprendizagem diferenciado permite criar sequências didáticas ou atividades integradas pertinentes à sua escola. Disponível em: http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/

Com foco na aprendizagem significativa e nas habilidades para resolução de problemas e trabalho em equipe, além do trabalho com o conteúdo didático, a aprendizagem baseada em projetos exige avaliação de desempenho, caracterizada como forma mais diversificada do que as tradicionais avaliações. Para isso, o professor necessita não só planejar, desenvolver e gerenciar o processo, mas criar um plano equilibrado de avaliação para ele, constituído de diversas avaliações, intrinsecamente relacionadas aos resultados (padrões de conteúdo, habilidades e o processo cognitivo do aluno), relevando múltiplos indicadores de desempenho para que cada aluno tenha oportunidades de êxito. Além disso, devem ser incluídos os métodos para reunir as evidências do desempenho do aluno, as avaliações formativas, que fornecem dados sobre o andamento do projeto, e as avaliações somativas, que permitem uma avaliação final aos alunos.

Quais os passos que conduzem à satisfação nos resultados de um projeto?

Acesso em: 7.mai. 2011.

Primeiro passo: para se obter sucesso numa proposta em que os objetivos estabelecidos são alcançados com base num tema selecionado, é preciso antes vencer as barreiras do comodismo de que “fazendo do jeito que faço sempre deu certo” e superar os limites, muitas vezes, gerados por práticas repetitivas e sem muitos atrativos voltados para a forma como o aluno aprende ou, até mesmo, à forma como o professor ensina. Faça um exercício simples.

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Reflexão sobre minhas práticas docentes Seleção de

Atual

atividade

X

Futura

“O que tenho proposto que tem dado certo?”

“Quais estratégias posso utilizar para avançar ainda mais nos resultados?”

1.

1.

2.

2.

....

.....

“O que tenho proposto todo “Quais estratégias posso pensar para ano que não surte melhor re- mudar esse panorama?” sultado?” 1. 1. 2. 2.

.....

.....

Com o resultado dessa simples reflexão, o professor já pode abrir uma primeira porta — a da motivação para o trabalho com projetos, atingindo o momento da tomada de consciência. Com isso, já é possível delinear um projeto com base nos seguintes critérios. • Autenticidade: na sociedade, onde é possível lidar com o problema ou com a questão abordada pelo projeto? • Rigor científico: que área de conhecimento e conceitos essenciais o projeto abordará? • Funcionalidade da aprendizagem: os alunos vão projetar um produto? • Exploração ativa: os alunos farão entrevistas ou vão explorar um determinado local? • Conexão externa: a empresa ou o comércio, com conhecimento e experiência relevante para o projeto, estará disponível para responder às dúvidas dos alunos? Assim, por meio das seguintes condições de produção, delineia-se o projeto: — O que faremos neste projeto? (tema) — Por que trataremos deste tema? (objetivo)

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— Como realizaremos esse projeto? (desenvolvimento/procedimentos) — Quando realizaremos as etapas previstas? (cronograma) — Quem realizará cada etapa? (linha de ação) — O que será necessário para realizar esse projeto? (recursos)

Segundo passo: as parcerias são essenciais para confirmar as intenções do projeto. As propostas que resultam das parcerias conduzem a ações que permitem desenvolver, no aluno, a visão sistêmica envolvida em todas as etapas previstas. Portanto, recomenda-se que o professor, autor inicial da proposta, busque esses parceiros, sejam professores da mesma disciplina ou, melhor ainda, de outras, para compor as etapas de trabalho, compartilhando ideias e construindo uma rede (troca intelectual ) capaz de contribuir para potencializar o resultado final – o aprendizado do aluno. A partir disso, é necessário construir um cronograma de encontros possíveis a fim de alinhar etapas, discutir estratégias, estabelecer datas, definir produtos, criar critérios de avaliação, entre outros. Após esse momento, o projeto não pertence mais ao professor que o idealizou, mas sim a todos os envolvidos. O projeto não é mais meu ou seu, é “nosso”, assim como não é mais de história ou de ciências, e sim de todas as disciplinas envolvidas, se esse for o caso. E isso é bom? É ótimo, uma vez que a partir daí, haverá comprometimento e, certamente, o trabalho terá maiores chances de sucesso.

Terceiro passo: atenção para a escolha do tema. Pode acontecer de o professor buscar seus parceiros já com ele proposto, mas as evidências mostram que, quando a escolha se dá com a participação do grupo de profissionais, ocorre maior comprometimento das partes envolvidas, além de assegurar o entendimento das ações que caberão a cada um ou a cada disciplina.

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Seria interessante se o tema fosse proposto pelos alunos, mas entre a perspectiva de uma “escola ideal” e a “escola real”, é possível os professores estabelecerem o tema, integrando os estudantes a partir da etapa de problematização. Essa prática tem dado certo. Entretanto, para isso é necessário que o professor abandone as tradicionais listas de conteúdos de sua disciplina a fim de promover processo de encantamento, atraindo o público-alvo sem abandonar a consistência e a propriedade no tratamento científico, previsto para o trabalho. Escolher o “melhor tema” ou um “bom tema” (autonomia intelectual) que atenda essa perspectiva prevê transpor as paredes da escola ou as meras páginas de um livro para dar lugar a uma construção social (educação sociocientífica), mesmo que pareça pequena, mas que seja capaz de interferir positivamente na sociedade, promovendo, no mínimo, reflexão de fatos ou dados. Naturalmente, a escolha do tema depende e deve estar vinculada à base de conhecimento das disciplinas envolvidas (parcerias) e, para isso, é necessário que os professores tenham bom grau de conhecimento de mundo, ou seja, estejam sempre bem informados e acompanhem os documentos resultantes de discussões e definições de órgãos estaduais, nacionais ou internacionais. No último caso, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a cada ano, elege um tema, o qual pode orientar a escolha. Outra maneira para favorecer a identificação de temas adequados é olhar ao redor da escola e perceber a realidade em que está inserida.

Quarto passo: esta etapa envolve a escrita do projeto, mais difícil para uns e menos para outros — questão de habilidade. É preciso escrever o projeto orientando-se pelos seguintes itens: tema, públicoalvo, disciplinas envolvidas, justificativa, objetivo geral, objetivos específicos, habilidades (é recomendado selecionar seis habilidades e, com base nelas, elaborar o projeto), problematização, desenvolvimento, proceatividades integradas e projetos

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dimentos metodológicos e avaliação. Neste caso, recomenda-se discutir e validar os critérios, contemplando as habilidades selecionadas no projeto (interação). Feito isso, é momento de um novo encontro com a equipe para a apresentação e readequações da produção, quando necessárias, e estudo de estratégias para a divulgação junto aos alunos. É nesse momento que os professores se asseguram de suas ações e dos recursos necessários que terão de disponibilizar. Como professores, somos peritos em reunir recursos, entretanto, os projetos naturalmente consomem muito tempo, exigindo conversações constantes com alunos. Uma lista de sites previamente selecionada vai auxiliar a pesquisa, além de formulários necessários ao desenvolvimento das etapas, reserva de laboratórios de informática, entre outras ações que devem ser previstas e que vão constituir o rol das necessidades de recursos. Atente para não fazer uso desarticulado e excessivo da tecnologia. Ela está disponível e é atraente, mas raramente deve ser o foco do projeto, precisando ser entendida como mais uma ferramenta de aprendizagem.

Quinto passo: o passo inicial para a divulgação do projeto aos alunos pode ocorrer prevendo desde simples ações (um debate em sala de aula, acompanhado pelo repasse de uma cópia reduzida do projeto; um passeio de campo, um artigo) até as mais complexas (mídia, palestra de sensibilização sobre o tema tratado e vídeo). Tudo isso pode ser usado para provocar reflexão e envolver os alunos. Eles podem ser considerados eventos de lançamento para um projeto. Independentemente da estratégia que o professor escolher, é necessário manter o foco em garantir a confiança do aluno no projeto e no seu comprometimento durante todo o processo. Para isso, um evento ou documento pensado para lançar o projeto deve auxiliar o aluno a entender rapidamente seu escopo, produtos e avaliações que ocorrerão.

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Sexto passo: etapa simples, mas muito importante – a divisão dos grupos de trabalho. É recomendado prever equipes com três ou quatro alunos no máximo, respeitando a opção das produções individuais. É importante estimular a presença das lideranças entre as equipe formadas, a fim de qualificar as ações, acompanhar a divisão de tarefas entre os integrantes da equipe, uma vez que existem ideias centrais que todos precisam compreender ou habilidades essenciais a serem desenvolvidas. Dependendo da divisão de trabalho, isso fica comprometido. Por essa razão, é importante estruturar o trabalho do grupo de modo que todos detenham conhecimento sobre os conceitos essenciais.

Sétimo passo: para a gestão do projeto, é necessário garantir a comunicação entre professores e desses com seus alunos. Isso pode ser facilitado por e-mail coletivo, fórum de debates, entre outros. Durante a gestão, é fundamental voltar-se para a orientação dos alunos quanto ao agrupamento em equipes, a cooperação do trabalho, a verificação do estado de organização contínua do projeto, as intervenções necessárias, o monitoramento e o controle das etapas a serem cumpridas e o gerenciamento do fluxo previsto de trabalho.

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Para conferir Pela paixão de educar e pelo desafio de inovar, o site de Projetos Pedagógicos Dinâmicos oferece um menu de projetos desenvolvidos. Disponível em: http://www.projetospedagogicosdinamicos.com/artigo1.htm Acesso em: mai/2011


Para consultar A Mostratec tem por objetivo incentivar o jovem a desenvolver projetos, usando o método científico como um dos instrumentos para desenvolver habilidades específicas. Busca fomentar a integração dos alunos de diferentes instituições de ensino, de modo a ampliar suas relações e possibilitar o contato com outras culturas. No setor “projeto” há relevantes indicações para elaboração de caderno de campo, resumo, título e relatório. O leitor pode adaptá-las às necessidades do projeto em desenvolvimento, para orientar seus alunos na construção de gêneros textuais típicos do universo da pesquisa. Disponível em: http://www.mostratec.com.br/site/ Acesso: em 23 mar. 2011.

3. Momento de produção Por se constituírem em exemplos eficazes de projetos, serão apresentados a seguir dois projetos: Mostra de conhecimento e Do povoado à metrópole.

Mostra de conhecimento Neste tipo de projeto, o universo de alunos engloba faixas etárias diversificadas da educação básica, desde a educação infantil até o ensino médio. A Mostra de conhecimento, resultado da ressignificação das tradicionais Feiras de Ciências5, justifica-se pelo pressuposto de saber que educar significa fazer com que vivências constituam o processo de conhecimento, envolvendo conjunto de experiências de aprendizagem, e não simplesmente aquisição de conhecimentos supostamente já prontos, e, ainda, por meio da mera transmissão repetitiva de informações. Nesse contexto, o processo de educação proporciona condições de o professor e aluno, numa postura colaborativa, transformarem suas atividades em processos permanentes de aprendizagem, que permitam a ambos encontrar seus espaços pessoais, sociais e de trabalho, tornando-se cidadãos realizados e produtivos6. Portanto, os momentos e os espaços voltados para essas construções priorizam atender a esse pressuposto e à necessidade de atualização exigida ao tratamento do conhecimento e da ciência. A Mostra de conhecimento, como um evento extracurricular, retrata a escola nos potenciais do que sabe fazer. Constitui-se numa atividade escolar que A concepção unilateral da tradicional Feira de Ciências, que se ancorava exclusivamente nas Ciências Naturais, abre espaço para o modelo de Mostra de conhecimento, ao adotar uma concepção mais ampla que possibilita uma visão sistêmica na produção das diversas áreas dos saberes e necessária à formação do aluno. 5

Lucia Izabel Czerwonka Sermann — Semana Pedagógica do Colégio Dom Bosco/2004. 6

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gera produtos, movida pela cultura impregnada de processo de investigação, em que se lançam os olhares aguçados e cheios de curiosidade dos alunos, direcionados pelas etapas a serem cumpridas do método científico. Com isso, é construída por meio de princípios que possibilitem aos alunos experiência diferenciada que permita vivenciar conhecimento e ciência de forma interessante, pedagógica e prazerosa. O projeto pode partir de uma temática proposta, resultando de discussões democráticas que possibilitem ao aluno ou à sua equipe a liberdade de proposta da problematização (O que quero/nós queremos pesquisar?). Uma Mostra de conhecimento permite divulgar os trabalhos realizados pelos alunos nas várias disciplinas e incentiva a capacidade criativa de alunos e professores, contando com a participação essencial de gestores em todas as ações desenvolvidas na comunidade escolar. Com ações interdisciplinares, o produto resulta de muito estudo no decorrer do ano, podendo ser apresentado sob forma de palestras, produção de textos, cartazes, pôsteres, fotos, teatro, filmagens, oficinas de trabalho, uma vez que procura diversificar a atuação pedagógica nesses espaços educativos. Ao envolver a participação dos alunos na pesquisa e divulgação dos projetos desenvolvidos em um ou dois bimestres sob a orientação de professores-orientadores, o produto não deve existir como fim, mas como parte de processo que acontece durante o ano escolar e que é apresentado nesse evento. Além de ser uma forma de tornar o conhecimento democrático e estimular, muitas vezes, a percepção da vocação nos alunos, proporciona a quem a visita experiências que reforçam o quanto o processo de aprendizagem pode ser contínuo e enriquecedor. Vive-se um espaço onde a autonomia individual e as capacidades de compreensão se consolidam. Sugere-se que, simultaneamente à mostra dos trabalhos dos alunos, aconteça a participação de outros órgãos da comunidade: alunos e/ou professores de instituições de ensino superior, expositores de empresas com tecnologias significativas, membros de atividades integradas e projetos

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Para conferir A Feira Brasileira de Ciências e Engenharia é um estímulo ao jovem cientista, que se realiza anualmente na Universidade de São Paulo. Desde 2003, essa grande mostra de projetos implementa ações de incentivo à cultura investigativa, de inovação e empreendedorismo em nosso país. No segmento “histórias de sucesso”, o leitor encontra depoimentos de participantes nos quais se pode inspirar para criar projetos interessantes para sua escola. Disponível em: http://febrace.org.br/ Acesso: em 18 mar. 2011.


Você sabia? O Parque CienTec é uma instituição que oferece entretenimento educativo e de qualidade para crianças, jovens e adultos. Por meio de diferentes passeios, demonstrações e experiências, a ciência e a tecnologia ficam muito mais próximas do visitante, que aprende enquanto se diverte e se diverte enquanto aprende. Programas educacionais orientados e um ambiente privilegiado e circundado por Mata Atlântica oferecem aos visitantes uma alternativa moderna para o aprendizado de ciência, tecnologia e cultura humanística em geral. O CienTec-USP é um órgão vinculado à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da Universidade de São Paulo. Disponível em: http://www.parquecientec.usp.br/eventos/itinerancia.htm Acesso em: 18 mai. 2011.

ONGs com questões de interesse atual, e representantes de órgãos estaduais ou municipais com abordagem de interesse comunitário, construindo, dessa forma, rede de significados a fim de atuar na formação integral de todos os participantes e visitantes. Assim, a Mostra de conhecimento é construída com base nos princípios que contribuem para a prática dessas intenções, viabilizando as efetivas conexões entre as interfaces dos diversos saberes que atuam nas redes sistêmicas. Dada a sua considerável dimensão, o processo de gestão da Mostra de conhecimento adota o modelo de trabalho colaborativo e conta com a formação de quatro comissões: 1. Comissão técnica — discute o tema geral, o formato, o plano de execução e a data do evento. 2. Comissão científica — ordena e orienta sobre critérios de preparação, formas de organização dos projetos, critérios de avaliação e outras ações que sejam julgadas necessárias para a validação da comissão técnica. 3. Comissão de divulgação e promoção — ordena, cria e orienta modo de uso de todo o material de divulgação, layout de stands, correspondências, contatos com imprensa, parceiros e outras ações que sejam julgadas necessárias com a validação da comissão técnica. 4. Comissão organizadora — ordena e orienta sobre a estrutura do evento em si — setorizações, instalações, locais, normas sobre o uso de equipamentos e materiais. Alguns objetivos devem ser considerados no desenvolvimento desse evento: • promover, por meio de ações interdisciplinares, o contato do estudante com a pesquisa e produção de trabalho escolar sobre o tema; • desenvolver o conhecimento e a conscientização sobre o tema, abordando questões sociais, ambientais, políticas e econômicas;

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• explorar a metodologia da problematização como princípio e estratégia de incentivo à pesquisa, à curiosidade pelo inusitado e ao desenvolvimento do espírito inventivo; • fomentar o comportamento ético como ponto de partida para o reconhecimento dos deveres e direitos da cidadania; articular teoria e prática, vinculando trabalho intelectual a atividades práticas experimentais. Uma sequência didática permite a observação prévia do objeto de estudo. A fim de favorecer a compreensão de todos os envolvidos no evento, apresenta-se o escopo das atividades planejadas para cada bimestre. 1º. bimestre

2º. bimestre

3º. bimestre

4º. bimestre

GUILHERME CAPRIGLIONI

1º. bimestre 2º. bimestre 3º. bimestre 4º. bimestre

— Fase de coleta e seleção de informações — Fase da fundamentação do trabalho — Fase de obtenção do produto (vídeo, experi mento, blog, site, webfólio, portfólio, revista) — Fase de socialização. 1º.

No primeiro bimestre, o professor apresenta o projeto, detalhando objetivos, cronograma com prazos a serem cumpridos na execução do projeto, permitin-

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do que os alunos proponham a problematização; organiza as equipes estabelecendo número de integrantes por equipe (sugere-se que o trabalho individual seja respeitado para o aluno que opta por essa condição). Essa etapa prevê a apresentação de alguns protocolos capazes de direcionar as próximas etapas do projeto. Dentre eles, é possível utilizar dois considerados eficazes na construção da justificativa, dos objetivos do trabalho pelo aluno:

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Na primeira etapa, o trabalho consiste na coleta de dados e seleção de fontes de pesquisa fidedignas sobre o conteúdo da pesquisa. Uma vez cumprida essa pesquisa inicial, o registro ocorre como relatório de pesquisa no suporte didático escolhido (revista, blog, site, portfólio, webfólio, scrapbook). O professor, como orientador de todo o processo, procede em leituras quinzenais, orientando acréscimos ou adequações nessa produção. Os critérios de avaliação, quanto mais definidos, discutidos e transparentes, maior autonomia tenderá a ser desenvolvida no aluno. São sugestões de critérios que podem ser estabelecidos para esta etapa:

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• Coerência

Pesquisa

• Número de acessos a sites fidedignos e indexados de pesquisa (mínimo três) • Seleção de recursos: textos escritos, imagens, simulações, animações, vídeos etc. • Atendimento aos aspectos interdisciplinares do projeto

Blog, site, webfólio, scrapbook, portfólio ou revista

• Criatividade, funcionalidade, adequação de linguagem • Utilização do gênero (relatório de pesquisa) • Roteiro (material utilizado, procedimento etc.) A segunda etapa do projeto, a ser desenvolvida no segundo bimestre, prevê a fundamentação teórica — suporte teórico para o estudo, análise e reflexões, sobre os dados e/ou informações relevantes a fim de possibilitar o entendimento dos conceitos das disciplinas envolvidas. Para isso, a pesquisa bibliográfica deve conter no mínimo três fontes. Para os alunos que optam pelo suporte didático tecnológico, essa construção acontece virtualmente e em tempo real, o que possibilita o acompanhamento pelo professor orientador do trabalho. Já para os trabalhos com suportes didáticos mais tradicionais, como revista, jornal e portfólio, o professor deve prever data para uma leitura inicial a fim de proceder nas orientações de adequação, antes do repasse definitivo. São sugestões de critérios que podem ser estabelecidos para esta etapa:

Fundamentação teórica

• Profundidade e coerência com o experimento escolhido

Fontes

• Fidedignidade das fontes e adequação de abordagem temática

Blog, site, webfólio, scrapbook, portfólio ou revista

• Apresentação, criatividade, funcionalidade, adequação de linguagem

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No terceiro bimestre, o produto final, o blog, site, webfólio, portfólio, scrapbook ou revista, entre outros, será enriquecido com pesquisa de campo, visitas a museus, parques, empresas, entre outros, com registros de fotos, depoimentos, vídeos. Pode ser aplicada pesquisa de opinião sobre o tema abordado por meio de um instrumento pré-discutido e elaborado. A tabulação e o tratamento dos dados podem compor um valioso material de análise que dará consistência para a elaboração da conclusão e a efetiva validação de todo o projeto. São sugestões de critérios que podem ser estabelecidos para esta etapa: Elaboração do instrumento de pesquisa (protocolos)

• Coerência com os objetivos do projeto

Identificação e análise de resultados

• Rigor científico na análise dos dados

Blog, site, webfólio, scrapbook, portfólio ou revista

• Apresentação, criatividade, funcionalidade, adequação de linguagem

• Atendimento à problematização do projeto • Relação dos resultados com problematização

A última etapa, no quarto bimestre, culmina com um dos momentos mais importantes do projeto, a socialização. Ou seja, uma vez desenvolvidas todas as etapas, o aluno assegura e se apropria do conhecimento, comunicando seu projeto para a comunidade na Mostra de conhecimento, retratado por um produto científico: o pôster. São sugestões de critérios que podem ser estabelecidos para esta etapa: • Demonstra cientificidade, clareza e objetividade na construção dos itens. Conteúdo

• Vincula a construção dos tópicos elaborados com o objetivo do tema da pesquisa. • Analisa e discute os dados com abordagem interdisciplinar e científica.

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Criatividade

• Recursos utilizados • Oralidade em situações formais • Rigor científico da abordagem e do vocabulário • Domínio do conteúdo

Socialização do produto final

• Síntese do trabalho abordando tópicos essenciais • Domínio total e individual do projeto desenvolvido • Gerenciamento do tempo previsto Naturalmente, após um ano de desenvolvimento de projeto, alunos e professores experimentam avanço do pensamento científico e ações da pesquisa, responsáveis por gerar um movimento de construção percebido por toda a comunidade escolar. Apresenta-se a seguir o escopo de um dos projetos da Mostra de conhecimento. Projeto 5a. série Tema: Biodiversidade: animais ameaçados Público–alvo: 5as . séries das sedes Ahú, Batel e Mercês Disciplinas envolvidas: Ciências, Geografia, Matemática e Língua Portuguesa Justificativa O ano 2010 foi escolhido pela UNESCO como o Ano da Biodiversidade. A conservação da diversidade biológica é reconhecida como essencial para a sustentabilidade da vida na Terra. Embora pouco se conheça sobre o papel de cada espécie e de cada ecossistema na manutenção do equilíbrio ambiental, sabe-se que todas as espécies são componentes de sustentação da vida e que a conservação da biodiversidade é estratégia para qualidade de vida. A cada ano descobrem-se novas substâncias de grande valor para a saúde e alimentação. Por meio desse projeto, pretende-se contribuir para a construção de consciência global das questões relativas ao meio ambiente e para a modificação das atitudes e práticas pessoais. Para isso, a estratégia utilizada será o estudo sobre animais ameaçados de extinção e de que forma eles estão sendo afetados pela perda da biodiversidade do plane-

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ta, bem como de que forma sua extinção afeta o equilíbrio ambiental. Além do estudo do tema em questão, será desenvolvidas com os alunos uma série de atividades interessantes, que contribuam para aprendizagem significativa e mudanças de atitudes em relação à proteção e preservação da vida. Problematização As atividades humanas se intensificaram após a Revolução Industrial, resultando em consideráveis alterações do ambiente. Com novas técnicas e equipamentos houve maior exploração dos recursos naturais, a ponto de nos questionarmos sobre os limites para a exploração dos ecossistemas e a forma como essas atividades vêm comprometendo a biodiversidade e, consequentemente, a manutenção da vida. Como a ética do cuidado com a Terra pode ser realizada no nível local e global? De que forma ela está alterando a vida em nosso planeta? Por que a lista de animais ameaçados de extinção tem aumentado de forma significativa? De que forma podemos evitar que esse problema se torne maior e insustentável? Que mudanças de atitudes individuais e coletivas podem auxiliar para proteger a vida em nosso planeta? Objetivos • Valorizar a busca seletiva de informações, organizando e interpretando-as, dando-lhes sentido e transformando-as em conhecimento. • Utilizar o projeto como instrumento de organização, investigação e aprendizagem. • Conhecer as espécies animais ameaçadas de extinção. • Aprender sobre as características desses animais e em especial de um que se tornará mascote da equipe. • Reconhecer as características dos biomas que os animais em estudo pertencem. • Levantar dados sobre as causas da ameaça de desaparecimento de certos animais e formas de protegê-los. • Valorizar a diversidade natural, adotando posturas de respeito à biodiversidade. • Propor sugestões para manutenção das condições ambientais dos diferentes ecossistemas terrestres e conservação da biodiversidade.

atividades integradas e projetos

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Para conferir Algumas dicas de atividades e projetos escolares para feiras de ciências são encontradas no portal www.feiradeciencias. com.br. Acesso em: mai. 2011.


Habilidades: • Apresenta de forma organizada o conhecimento científico aprendido, por meio de texto, desenhos, esquemas, tabelas, resumos etc. • Reconhece o ser humano como agente de transformações intencionais produzidas na biosfera. • Relaciona conteúdos pertinentes e possíveis a um tema, tratando-o de forma criativa e contextualizada. • Prevê a importância das relações de conhecimento científico e o desenvolvimento tecnológico, considerando a preservação dos ecossistemas, a qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável. • Valoriza ações voltadas para a construção de uma cidadania plena e da responsabilidade ambiental, na qual todos os cidadãos possam usufruir melhores condições de vida. Procedimentos metodológicos: 1º. bimestre 1. Sensibilização: conversa inicial com os alunos a respeito do tema animais ameaçados e observação do interesse deles em participar do projeto. O filme Bernardo e Bianca 2 da Walt Disney de 77 minutos de duração mostra a história de um menino que luta pelo resgate de uma ave à beira da extinção. O filme Thornberrys da Nickelodeon de 85 minutos de duração mostra a luta contra caçadores no continente africano. 2. Organização das equipes de trabalho e explicação mais detalhada de como será o projeto. 3. Pesquisa usando laptops como ferramentas para que os alunos conheçam mais sobre os animais ameaçados de extinção. Como produto dessa aula, eles deverão fazer no Word uma lista de animais que acharem mais interessantes, colocando seus nomes comuns, nomes científicos, hábitat e distribuição geográfica. 4. Seleção de um animal dentre os pesquisados, que será o tema e a mascote da equipe. 5. Pesquisa sobre o animal escolhido pela equipe, que poderá ser feita em casa, e produção de uma história em quadrinhos gigante com os resultados dessa pesquisa.

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6. Produção de mapa digital com a distribuição geográfica da mascote da equipe. Para essa etapa usa-se os recursos da informática e, portanto os laptops. 2º. bimestre 7. Visita pedagógica a local a ser definido, como Zoológico do Parque Iguaçu ou Museu do Capão da Imbuia, onde os alunos possam observar animais ameaçados de extinção para posterior produção de scrapbooking e destaque para a mascote da equipe. 8. Produção de gráficos, usando como recurso o Excell, a respeito da mascote de cada equipe e os números de representantes dela existentes hoje e no passado, comparando-a com outros animais ameaçados. 3º. bimestre

Para conferir

Palestras com ONGs sobre posse consciente de animais.

Um belíssimo site sobre tudo o que tem a ver com ciências da terra. Diversos programas, visitas virtuais ao museu e links para muitas outras páginas.

9. Produção de maquete, feita com sucata e em caixa de sapato ou camisa que reproduza o hábitat da mascote. 10. Produção de jogo com informações referentes aos animais ameaçados. 11. Produção de “manual” com dicas ou orientações ecológicas para a manutenção da biodiversidade. 4º. bimestre 12. Prévias das equipes para a preparação para a Mostra de conhecimento.

Disponível em: www. apena.rcts.pt/aproximar/ciencia/links/ ciencia1.htm. Acesso em: mai. 2011.

Observação • Torna-se fundamental que os professores responsáveis pelo projeto registrem todas as etapas por escrito e fotos para a produção de webfólio final. Será montado um webfólio por sede, a partir de cada atividade realizada. • A cada bimestre as atividades realizadas serão usadas como nota de Verificação Escolar nas disciplinas envolvidas no projeto, segundo quadro apresentado a seguir:

atividades integradas e projetos

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Atividades

História em quadrinhos gigante

Produção de mapa digital com distribuição geográfica da mascote da equipe

Produção de um scrapbooking

Critérios de avaliação

Data prevista para etapa referente ao bimestre

• Produção de história em quadrinho utilizando animais em extinção como personagens da história. Estabelecer um gancho com a história da Era do Gelo. 29 a 31 de março • Produção do mapa múndi com presença de título, escala, legenda e convenção cartográfica. • Qualidade do material produzido. • Com as fotos tiradas durante a visita ao zoológico ou museu, os alunos confeccionam folhas de scrap, nas quais devem constar curiosidades a respeito 7 a 11 de junho do animal em questão. • Uso de materiais recicláveis para decorar a folha. • Levantamento dos dados.

Produção de gráficos

• Distribuição dos dados na tabela e no gráfico. • Produção do gráfico (utilização dos ne- 14 a 22 de junho tbooks). • Qualidade estética do gráfico produzido.

Produção de uma maquete

• Representação dos elementos considerando as características do bioma e utilizando sucatas. • Respeito à proporcionalidade dos elementos e sua espacialização.

23 a 27 de agosto

• Qualidade do produto.

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Atividades

Critérios de avaliação

Data prevista para etapa referente ao bimestre

• Criatividade na elaboração do projeto do jogo. • Adequação do tema com a proposta. Produção de jogo

• Regras do jogo (funcionamento do 26 de julho a jogo). 20 de agosto • Material utilizado (uso de materiais recicláveis). • Apresentação estética do jogo. • Pesquisa sobre ações e atitudes ambientalmente corretas.

Produção de manual ecológico

• Produção das dicas ambientais respei- o 1. a 14 de setembro tando normas ortográficas e com clareza textual. • Imagens condizentes com o texto.

Recursos: • Materiais diversos pertencentes e escolhidos pelos alunos. • Condução para a visita pedagógica. • Laptops. Avaliação A avaliação será contínua durante o desenvolvimento do projeto. Algumas atividades entrarão na avaliação das respectivas disciplinas no decorrer dos bimestres, conforme especificado anteriormente. Segundo Jussara Hoffmann (1993), “Ultrapassar posturas convencionais na avaliação do desempenho dos alunos exige o aprofundamento em questões de aprendizagem e o domínio da área de conhecimento das diferentes disciplinas. Mas, antes disso, pressupõe acreditar que existem muitas respostas possíveis às charadas que enfrentamos. Todas as respostas devem ser respeitadas desde que estejam coerentes ao princípio de máxima confiança nas possibilidades dos educandos”.

atividades integradas e projetos

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Apresentam-se, a seguir, dois p么steres cient铆ficos desse trabalho.

P么ster 1: ensino fundamental 2

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Pôster 2: ensino fundamental 2

Como a Mostra de conhecimento previu a participação de alunos desde a educação infantil até o ensino médio, apresenta-se outro pôster: A extinção de animais no Brasil — ensino fundamental I.

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Os pôsteres dos trabalhos da educação infantil e do ensino fundamental 1 foram produzidos pelas professoras, e o do ensino médio, à semelhança do ensino fundamental 2, foram produzidos pelos próprios alunos, sob a orientação dos professores.

Pôster 3: ensino fundamental 1

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Do povoado à metrópole Os projetos envolvendo as disciplinas de Ciências Humanas permitem construir aproximação do processo educacional que se desenvolve na escola ao contexto social mais amplo no qual ela se insere. Assim, a escola pode “transpor os muros” que a cercam e transformar a sociedade em objeto de estudos. A cidade configura-se num campo de pesquisa rico e atraente para todos os segmentos etários do ensino fundamental, porém há limitações impostas pela idade dos alunos que os impede de, por exemplo, caminhar pela cidade sem supervisão. Entretanto, as estratégias desenvolvidas pelos professores, em parceria com as famílias, poderão dar conta de atender, de forma segura e confortável , juntar às necessidades de desenvolvimento de pesquisa de campo. A importância do desenvolvimento de projetos de pesquisa de campo nas Ciências Humanas é debatida nos últimos anos nos ambientes acadêmicos que refletem sobre qualidade na educação. Diferentemente de outras áreas de conhecimento transpostas para o universo escolar quase como disciplinas acadêmicas, a História, a Geografia e a Filosofia têm oportunidades limitadas no campo da experimentação. E, transformar a cidade em objeto de pesquisa aproxima o aluno do ensino fundamental da observação de contextos sociais mais amplos e complexos. Delimitado o objeto de pesquisa, cabe ao professor orientar na aplicação de uma metodologia científica que permita observar, problematizar, levantar e verificar hipóteses de explicação, construir argumentação e conclusão. O professor tem papel fundamental nesse processo, apesar de não ser o protagonista da produção desse conhecimento. Cabe ao professor o importante papel de estimular o protagonismo do aluno, criando sequências didáticas que permitam um ambiente favorável ao desenvolvimento de todas as “etapas” citadas, sempre respeitando o desenvolvimento e o conjunto de habilidades pertinentes ao ano em que o aluno se encontra.

atividades integradas e projetos

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Para conferir O interessante site criado pelo professor Almir Ribeiro serve como canal para troca de experiências, materiais, ideias. Destaca-se a videoteca com sinopses e fichas técnicas de filmes com temática de interesse histórico para uso dos professores em sala de aula. Disponível em: http://www. cliohistoria.110mb. com/index_nc.html Acesso em: 18 mar. 2011.


Calibrar esse processo não é tão simples, mas para aquele professor que observa e conhece o perfil do aluno com o qual trabalha, o desenvolvimento dessas sequências didáticas torna-se mais natural. Nesse momento, deve-se reforçar que a produção de atividades integradas e projetos interdisciplinares está ancorada no Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição. Um PPP elaborado de forma sistêmica dá suporte ao professor para a delimitação das habilidades ligadas a sua disciplina e à área de conhecimento, portanto na construção do currículo vertical. Ao mesmo tempo, a gestão do processo das disciplinas no recorte do ano escolar permite a construção do currículo horizontal. O currículo de habilidades, dialogando com o currículo de conteúdos estabelecidos pelas características específicas das disciplinas, permitirá a construção da matriz de referência de avaliação. O projeto Do povoado à metrópole foi desenvolvido em parceria com disciplinas de Ciências Humanas que fazem parte da grade curricular da escola. Foram usadas estratégias e técnicas de pesquisa de sociologia, comumente trabalhadas no ensino médio, adaptadas às condições de produção dos alunos do 6.o ao 9.o ano do ensino fundamental. O projeto apresenta a mesma estrutura descrita na primeira parte deste caderno. A seguir, descrevemse alguns passos, indicando ações e estratégias para a organização das sequências didáticas usadas pela equipe das disciplinas de Ciências Humanas. Para acesso às informações sobre a Conferência Internacional de Cidades Inovadoras, acesse http://www.cidadesinovadoras.org.br.

O tema foi escolhido por conta da realização da Conferência Internacional de Cidades Inovadoras, em 2010, na cidade de Curitiba. O colegiado de professores do Colégio Dom Bosco apropriou-se desse evento de repercussão internacional e grande impacto na mídia, para estimular um novo olhar sobre a cidade considerada modelo de urbanização. A apresentação do projeto para os alunos partiu dos elementos de divulgação da CICI 2010 que estavam na mídia, naquele momento, para despertar o interesse dos alunos pelo tema. A problematização desenvolvida para este pro-

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jeto é resultado do processo colaborativo entre alunos e professores das disciplinas envolvidas. Tal processo passa por vários estágios: • as perguntas preliminares estão no campo do senso comum; • as perguntas mais maduras são aquelas que identificam traços marcantes do objeto de pesquisa e buscam compreender ou desvendar tais traços; • já as questões de problematização são aquelas que conseguem identificar os elementos essenciais a serem observados, analisados e refletidos, isto é, a parte que demonstra o todo. Se o Projeto Pedagógico da escola se vincula à pedagogia de perfil sócio-interacionista, terá na problematização prática comum, portanto, parte da cultura escolar. Porém, se não houver alinhamento pedagógico voltado para o desenvolvimento de espírito de criticidade ou de questionamento reflexivo do conhecimento, caberá ao professor criar estratégias para que a problematização se desenvolva. Seguindo essa linha de pensamento, o professor deverá criar contextos em que apareçam as perguntas referentes ao objeto de estudo. Essas perguntas não brotam espontaneamente o tempo todo, portanto cabe uma sequência didática que permita observação prévia do objeto de estudo e brainstorm7 no qual as primeiras perguntas começam a surgir e o professor conduz o refinamento das ideias iniciais para que se convertam em problematização. Algumas colocações provocadoras, feitas pelos professores em contextos de exposição ou questionamento, estimulam a criança a sair do senso comum e chegar a um pensamento mais maduro. O conceito de brainstorm deve ser pensado de modo bastante amplo. Nos anos iniciais, a técnica de roda de conversação pode ser adaptada para que as crianças desenvolvam suas habilidades de comunicação. Aprender a fazer perguntas aos colegas, ao professor e a objetos em estudo inicia-se na mais tenra idade: a fase do por quê?. Estimular a “perguntação” é essencial para o desenvolvimento do espírito crítico. As famílias devem ser orientadas pelos professores para atuar de forma colaborativa, pois muitas “perguntas” serão motivadas em casa. 7

atividades integradas e projetos

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Observe a estratégia usada para estimular a observação da malha urbana da cidade, no caso, Curitiba, no anexo 1. Quando o professor perceber que a problematização está colocada de forma clara, deverá divulgá-la para os alunos da turma. Essa divulgação é essencial, pois permite ao aluno voltar constantemente a esse produto para alinhar suas pesquisas. Observe alguns exemplos elaborados no quadro a seguir, .

Problematização levantada pelas turmas Quais são as características fundamentais da cidade de Curitiba? Quais os problemas urbanos enfrentados pela Curitiba contemporânea? Como é constituída a ação dos agentes sociais presentes na Curitiba atual? Como a ocupação do espaço, ao longo do tempo, transformou o povoado na metrópole? Curitiba é uma cidade modelo/inovadora. Mito ou verdade? A construção da justificativa de um projeto exige texto mais refinado. Por vezes, caberá ao professor articular os argumentos que justificam a existência de um projeto. O olhar deve estar voltado para a comunidade escolar e a sociedade de modo mais amplo. Cabe fazer observação sobre o contexto no qual a escola está colocada, assim como destacar as situações que tornam relevante para aquela comunidade o estudo de tal objeto (no caso, a cidade). Observe o texto contendo a justificativa elaborada pelo colegiado de professores envolvidos no projeto.

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Justificativa As metrópoles brasileiras vivem um paradoxo: o crescimento exponencial da ocupação urbana x necessidade de garantia da qualidade de vida para a população. O processo de formação e desenvolvimento das cidades ao longo do tempo, as formas de modificação do espaço pelas populações humanas que habitaram essas cidades, a maneira como essas populações interagem e se constituem política e culturalmente são aspectos a serem observados acerca desse objeto complexo e fascinante. Compreender esse objeto complexo representou-a, no período entre o final do século XX e início do XXI, o grande objetivo das Ciências Humanas. As pesquisas decorrentes de tal momento permitiram compreender o espaço urbano e informar a população (assim como os grupos dirigentes) das necessidades prementes para garantir a qualidade de vida nas metrópoles. Planejamento urbano parecia ser a “pedra filosofal” da administração pública. Mas o paradoxo permanece: como garantir a qualidade de vida para a população num contexto em que o planejamento urbano falhou (por décadas) e o estado se omitiu ou foi negligente? Como estabelecer limites entre o mito e a realidade em torno da Curitiba contemporânea? Muito se aprendeu sobre a cidade, muito se percebeu sobre suas dinâmicas, mas pouco desse saber chegou ao universo escolar. Esse saber não foi apropriado pela escola e transposto para a realidade da criança e do adolescente, a não ser sob a condição do pitoresco e da curiosidade. A sociedade brasileira há algum tempo se notabiliza por ser urbana. Nossos alunos, raras exceções, são “bichos urbanos” há pelo menos duas gerações. Portanto, seus papéis sociais são modelados a partir dessa experiência urbana. Os adolescentes de classe média e alta, que formam a maioria dos estudantes do Colégio Dom Bosco, vivem um novo conceito de sociedade baseado na informação. Nunca foi tão fácil acessar informações em tempo real. A vivência deste jovem curitibano rompeu as barreiras formais definidas pelo espaço e pela cultura. Usando sistemas de comunicação on-line ou redes sociais, utilizando aplicativos de tradução e compartilhamento de dados, o estudante pode, literalmente, estar em muitos “lugares sociais” simultaneamente. Mas, se o jovem está conectado no multiculturalismo da web, será que conhece o espaço a seu redor? Domina os meandros das relações sociais que

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se estabelecem nas esquinas da cidade em que reside? Percebe a pluralidade cultural presente nessa cidade? Compreende seus processos de transformação (ruptura) e manutenção (permanência)? Consegue entender que vive em uma cidade que apresenta espaços organizados e desorganizados? Apresenta instrumentos e base intelectual para propor soluções para os atuais problemas urbanos? Como cidadão, apresenta disposição de reivindicar um espaço melhor para morar na cidade? Essas perguntas inspiraram pesquisas e projetos de produção em várias instâncias e agora influenciam a elaboração deste projeto multidisciplinar (que se pretende, quando maduro, interdisciplinar). O mundo urbano e cosmopolita permite, no entanto, acesso a ferramentas fundamentais para se inserir nessa nova modelagem social. Trata-se das tecnologias digitais. A utilização de diversificadas tecnologias em sala de aula permite ampliar as possibilidades de aprendizagem. Porém, o uso das ferramentas tecnológicas não pode ser realizado descolado de uma metodologia claramente definida. O maior desafio do educador, assim como da instituição que investe no uso de tecnologias diversificadas, é criar condições para que seu uso resulte em ganho real de aprendizagem. A esse ganho real damos o nome de aprendizagem significativa. Não basta dinamizar a aula, estimular a percepção, facilitar o armazenamento de dados, estimular o compartilhamento de opiniões, aumentar a velocidade de acesso a notícias. É necessário fazer tudo isso voltado para um propósito maior: o domínio de macrocompetências que permeiam todas as disciplinas e áreas de conhecimento. Tendo tais conceitos em mente, o Colégio Dom Bosco tem investido na construção de metodologia própria que dê conta da inserção das novas tecnologias, sem descartar ou abandonar os saberes já constituídos. Ou seja, busca-se a constituição de tecnologia educacional, criar identidade própria para atender às demandas de crianças e jovens que estão inseridos nas rápidas mudanças e serão os maiores beneficiários de todas as transformações. O projeto Do povoado à metrópole apresenta-se para a comunidade escolar do Colégio Dom Bosco (sedes Ahú, Mercês e Batel) como conjunto articulado de estratégias a serem desenvolvidas ao longo do ano, para oportunizar aos alunos do ensino fundamental o desenvolvimento de macrocompetências ligadas à área das Ciências Humanas. A elaboração dos objetivos de um projeto representa momento delicado ao tornar explícitas as intenções e metas a serem atingidas com o conjunto de ações e atividades. Devemos ter em mente que os objetivos são e estão postos para os alunos, com o foco na melhoria da aprendizagem e não apenas do ensino.

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As estratégias articuladas que o colegiado de professores definirá, como sequências didáticas, trazem os objetivos de ensino em seu interior. Isto é, torna-se claro para o leitor das sequências didáticas quais as intencionalidades presentes nas ações dos professores, mas no projeto há de se dedicar tempo em explicitar quais são as expectativas de aprendizagem pois essas determinam a composição da matriz de avaliação do projeto e, consequentemente, os parâmetros de avaliação usados pelos professores. Observe como o colegiado de professores determinou os objetivos de aprendizagem: Objetivos de aprendizagem Desenvolver habilidades afetas à pesquisa (elaboração de instrumentos de pesquisa, coleta, organização, sistematização e tratamento de dados/informações). Aperfeiçoar habilidades de leitura e produção em diversos gêneros textuais. Realizar trabalho colaborativo. Formar pensamento em rede ou complexo. Utilizar conceitos básicos da História e da Geografia. Desenvolver consciência cidadã para a preservação dos bens materiais e imateriais da cultura e do patrimônio histórico, cultural e ambiental. Na sequência, apresentam-se algumas ações adotadas (como sequências didáticas) para o desenvolvimento deste projeto. Importante observar que as ações são realizadas ora por todos os professores, ora por apenas um professor de disciplina específica, porém articulam-se de tal modo a construir uma metodologia de pesquisa científica. Busca-se indicar elementos operacionais (como a utilização de ferramentas de comunicação ou de revisão de texto), assim como elementos estruturais (como as formas de construção de instrumentos de pesquisa e coleta de dados).

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Procedimentos: organização das sequências didáticas por bimestres do projeto Do povoado à metrópole. Elementos operacionais: orientações gerais de pesquisa a serem feitas pelos professores para os alunos. Formação de equipes de trabalho O professor tutor do projeto de cada turma orientará a organização de equipes com até cinco alunos, cabendo aos integrantes da equipe determinar estratégias para a organização das atividades a serem realizadas, combinando a divisão de tarefas entre os alunos, assim como o cronograma específico de realização das etapas. As equipes selecionarão um aluno para ser o líder, o qual terá a responsabilidade de acompanhar o trabalho de cada colega, comunicar aos professores as dificuldades existentes e soluções encaminhadas pela equipe. Orientação sobre protocolos de pesquisa O professor tutor do projeto fará as orientações sobre as normas gerais de desenvolvimento de pesquisas científicas, com as peculiaridades das Ciências Humanas, orientando sobre: a) elaboração de instrumento de pesquisa (modelada conforme a necessidade), por exemplo, pesquisa em fontes documentais primárias (documentos, mapas, fotografias, objetos, gravuras, desenhos); b) uso de referências bibliográficas e de fontes, assim como o formato das citações no corpo do texto; c) coleta, organização e tratamento de fontes/dados, tratamento de fontes/dados (destacando o uso de fichas de pesquisa, tabelas, gráficos e outras formas de sistematização adequadas ao processo de pesquisa); d)

organização de portfólio digital (desenvol-

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vido exclusivamente no aplicativo Word) para organização do registro das etapas e produtos da pesquisa; e) exposição de dados ou resultados parciais de produção por meio de portfólio digital (quando publicado na web se tornará um webfólio); f) indicação de abordagem de tema central e subtemas; g) estratégias de leitura e elaboração de anotação de leitura. Orientação sobre uso de meio de comunicação digital entre alunos e professores Toda a produção do aluno será enviada aos professores via e-mail. Cadastra-se, num provedor público ou no portal da escola, um e-mail coletivo para cada turma, de tal modo a não criar sobrecarga de arquivos. Os professores deverão receber as mensagens dos alunos, fazer a leitura dos trabalhos e fazer a devolutiva dos trabalhos aos alunos, usando exclusivamente este e-mail8. As anotações e observações do professor serão feitas sobre o arquivo digital, usando a ferramenta de revisão presente no aplicativo Word. Usa-se a ferramenta de revisão, novo comentário, aplicando-se texto explicativo do professor para o aluno.

As escolas habituadas ao universo digital poderão optar por outras ferramentas presentes na web, como os fóruns de discussão em sites de relacionamento (Google groups, Facebook, LinkedIn ou outro adequado à cultura da comunidade). 8

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A grande virtude do uso dessas ferramentas está na preservação do texto original do aluno, com a inserção de comentários (dos professores e dos colegas de turma) e correções de língua ou de informações. Segue exemplo dessa forma de revisão de texto:

Observe a sequência de ações desenvolvidas nos três primeiros bimestres do ano. O projeto todo foi dividido em quatro grandes etapas; nas três primeiras, os alunos desenvolveram uma pesquisa em fontes primárias e fizeram a coleta de depoimentos. Todos os dados levantados foram analisados e trabalhados de tal forma a construir um conjunto ordenado de informações, previamente analisadas. Somente na última etapa, os alunos selecionam um aspecto da grande pesquisa e um suporte, definindo o gênero textual mais adequado a ele para publicar sua produção. A socialização da pesquisa é uma das fases mais importantes do trabalho e nela é possível atingir de forma mais clara a comunidade escolar. Feiras ou mostras de pesquisas científicas tendem a ser organizadas nesses momentos. A criação de séries históricas de pesquisas sobre a cidade gera um banco de dados consistente, permi-

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tindo aos alunos trabalharem diversos recortes da realidade estudada. Assim, uma escola poderá ter em sua biblioteca, seleção de pesquisas elaboradas ao longo de vários anos, que se tornarão fonte de pesquisa para as gerações futuras de alunos, pois um projeto não se limita ao ano letivo, mas se integra ao cotidiano da comunidade escolar. Observe como as três fases iniciais foram organizadas. Ações do 1º. bimestre • Seleção de fotografias e gravuras que representem a cidade em outros tempos, preferencialmente no passado mais remoto. • Produção de registros fotográficos atuais, sobre o mesmo ponto de vista da fotografia ou gravura antiga e sobre a organização do espaço urbano (identificar espaços organizados e espaços não organizados). • Produção de anotações de leitura sobre as fotografias, identificando elementos essenciais observados (aplicar conceitos históricos e geográficos: permanência, ruptura, lugar, espaço). • Produção de resumo informativo da pesquisa inicial usando as palavras-chave: patrimônio histórico, espaço organizado, espaço não organizado, memória, preservação, políticas públicas. • Produção de resposta para a questãochave (produto parcial da pesquisa) sob forma de artigo de opinião ou outro gênero de base argumentativa: Curitiba: cidade organizada e que preserva seu patrimônio histórico: mito ou verdade? Ações do 2º. bimestre • Elaboração do roteiro de entrevistas (pesquisa qualitativa) com moradores locais

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sobre a cidade (costumes, características, impressões). • Realização de entrevistas com pessoas de (pelo menos) uma geração anterior à do aluno (equivalendo à idade de seu pai ou avô). O foco dessa entrevista é compreender a cultura dos adolescentes residentes na cidade em outros tempos. A questão para a investigação é: Como era sua vida, quando adolescente, em Curitiba? A equipe deverá fotografar o entrevistado, assim como objetos pessoais que representam o período da adolescência do entrevistado. Catalogar as fotografias, indicando autor, local, personagens e objetos retratados. Dados levantados na pesquisa: nome do entrevistado, data de seu nascimento, local de nascimento, período em que viveu em Curitiba, local de residência (quando adolescente, em Curitiba), aspectos da cultura daquele contexto (símbolos, crenças, costumes, hábitos) que marcaram a identidade do adolescente curitibano de outras épocas. Produção da anotação de leitura sobre a entrevista realizada, destacando: - tema; - principais fatos/informações apresentadas; - compreensão dos alunos sobre o que foi narrado pelo entrevistado. Produção de resposta à questão chave: Curitiba: cidade onde há tolerância cultural. Mito ou verdade? Produzir resumo informativo da pesquisa, usando as palavras-chave: costumes, comportamento, cultura, crenças, símbolo(s), história e memória. Ações do 3º. bimestre • Seleção de um dos marcos de Curitiba e região metropolitana: Calçadão da XV de Novembro, Terminal do Gua-

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dalupe, Praça Rui Barbosa, Terminal Rodoviário de Curitiba, Aeroporto Internacional Afonso Pena, Feira do Largo da Ordem, Rua da Cidadania da Matriz, Rua Riachuelo, Centro Politécnico, Parque Barigui, Cidade Industrial de Curitiba (CIC), Paço da Liberdade (Praça Generoso Marques). • Realizar registro fotográfico do espaço e anotação de leitura sobre as fotografias: - plano geral: apenas para caracterizar e identificar o local; - anotação de leitura do plano geral: enfocar as características gerais desse espaço, destacando suas especificidades (características particulares); - plano específico: uma foto que registre um problema específico do espaço em estudo (pode ser de ordem ambiental ou humana). - anotação de leitura do plano específico: caracterizar o problema observado e apontar uma solução para ele. • Produção da resposta para a questãochave: (nome do espaço selecionado): espaço humanizado. Mito ou verdade? • Produção do resumo informativo sobre etapa de pesquisa, usando as palavraschave: natureza, espaço, paisagem, trabalho, sociedade, tecnologia e urbanização. Ações do 4º. bimestre Nesta fase, os alunos já apresentam um grande volume de informações. Cabe ao professor orientar a seleção de recortes da pesquisa para socialização (apresentação pública), assim como a escolha do suporte no qual tal divulgação acontecerá. O suporte condicionará o gênero textual a ser produzido. Portanto, o suporte pré-definido foi o portfólio. Sua função é essencialmente registrar os passos da pesquisa e organizar os resultados parciais e documentos levantados. Ele será juntado aos demais produzidos pelas turmas e irá compor parte do acervo atividades integradas e projetos

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da biblioteca da escola. Nos próximos anos, os alunos usarão tais portfólios para desenvolver ou aprofundar essas pesquisas. Critérios de avaliação Os critérios de avaliação são comuns a todos os professores envolvidos, sendo que, para isso, a correção das produções deve ser colegiada. É inserida uma tabela no final de cada produção parcial do projeto no bimestre, compondo parte da avaliação. Conforme a realidade da escola, um projeto desta monta pode tornar-se o principal projeto de avaliação. A produção não está focada apenas na coleta de dados e fotografias, mas na produção de textos em gêneros diversos e na utilização de conceitos das disciplinas de Ciências Humanas. A grade de correção deve contemplar todos os aspectos a serem avaliados, distribuindo a nota a ser dada ao projeto em porções pré-definidas. Assim, há a construção de parâmetros claros para a avaliação da produção. É fundamental que tal grade de correção seja analisada por todos os professores envolvidos e divulgada para a comunidade envolvida na produção. Observe a tabela utilizada em uma das etapas de produção: Itens avaliados

Valor

Organização e cuidado na apresentação (identifica os elementos relativos à organização da produção — pesquisa e tratamento das fontes pesquisadas, notações de leitura, sínteses, conclusões, proposições)

5

Seleção e diversidade de fontes (identifica a capacidade da equipe em selecionar fontes de pesquisa e realização de entrevistas pertinentes ao subtema em foco)

5

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Nota atribuída

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Itens avaliados

Valor

Correção e adequação de linguagem (analisa a utilização de elementos de macrotexto: relacionados à produção de anotação de leitura, resumo informativo, resposta às questões-chave etc.; e de microtexto: relacionados à ortografia, pontuação etc.).

15

Reflexão (analisa a qualidade da produção de síntese, argumentação do aluno e da reflexão presente na anotação de leitura)

15

Total

40

Nota atribuída

Observações: o professor deverá identificar as melhores qualidades do trabalho do aluno sob forma de bilhete, evidenciado assim o estímulo à produção de texto próprio em pesquisa.

As habilidades e conceitos estruturantes desenvolvidos neste projeto foram selecionados do Projeto Político Pedagógico do Colégio Dom Bosco. Foram escolhidos elementos essenciais a serem desenvolvidos ao longo do ano, porém habilidades ligadas a Códigos e Linguagem também estiveram presentes, como prérequisitos e não como foco de desenvolvimento. Segue a tabela de habilidades do projeto.

Disciplinas

Conceitos estruturantes e habilidades em desenvolvimento Meio natural Reconhece a identidade da Geografia como área do conhecimento e as possibilidades que essa ciência oferece para a compreensão crítica do mundo.

Geografia

Meio representado Fortalece o significado da cartografia como forma de linguagem que dá identidade à Geografia, mostrando que ela se apresenta como forma de leitura e de registro da espacialidade dos fatos do seu cotidiano e do mundo.

atividades integradas e projetos

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Disciplinas

Conceitos estruturantes e habilidades em desenvolvimento Temporalidade Conhecer o modo de vida de vários grupos sociais, em diferentes épocas, reconhecendo semelhanças e diferenças entre eles. Identidade Valorizar a História como conhecimento cientificamente constituído.

História

Comparar as relações entre as ações da sociedade do passado e a atual, reconhecendo a transformação e simultaneidade das gerações. Memória Pesquisar, coletar e analisar material, registrando os acontecimentos significativos. Sintetizar as diferentes versões sobre um acontecimento histórico, por meio da formulação de hipóteses. Avaliar, com base em critérios científicos da história, as diferentes versões de um mesmo fato.

Subtemas abordados em cada disciplina: Disciplinas participantes

Subtemas em destaque ao longo do ano Regionalização de Curitiba

Geografia

Região Metropolitana Questões socioambientais Projeções de infraestrutura urbana Origens e formação de Curitiba Planos diretores e legislação de urbanismo em Curitiba

História

Cotidiano (hábitos e costumes) das populações curitibanas ao longo do tempo Representações de Curitiba

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cadernos de letramento docente


Considerações finais Os projetos e atividades integradas apresentados neste caderno apontam para as possibilidades existentes na comunidade escolar. As estruturas diferentes, no entanto, preservam elementos essenciais comuns: identificação do tema, levantamento de problematização, apresentação de justificativa e objetivos de aprendizagem, organização de sequências didáticas e atividades integradas, produção com foco no letramento sociocientífico e socialização de produtos ou resultados de pesquisa. A adoção de projetos e atividades integradas como proposição metodológica no espaço escolar é resultado de uma decisão coletiva do colegiado de professores. O engajamento dos professores acontece por convencimento e motivação e não por imposição “de cima para baixo”. Por esse motivo, cabe à gestão da escola promover condições para que os professores optem por tal abordagem, investindo em capacitação, tempo de trabalho coletivo, infraestrutura de atuação e, principalmente, estimulando o empreendedorismo. O professor criativo deve ter em mente que não basta a ideia. É necessária a organização de um projeto detalhado, que dê conta de todos os aspectos teóricos e operacionais. As boas ideias são apenas o primeiro passo para a construção de um bom projeto. Há um esforço considerável, por parte de professores e alunos, na realização de um projeto, portanto estabelecer metas progressivas funcionará como estímulo para a mudança da cultura escolar. Este é o primeiro dos cadernos de letramento docente para os professores do ensino fundamental das escolas conveniadas ao Sistema de Ensino Dom Bosco. Nas próximas edições, outras propostas de projetos e atividades integradas serão apresentadas, em diferentes disciplinas do ensino fundamental.

atividades integradas e projetos

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Referências BUCK INSTITUTE FOR EDUCATION. Aprendizagem Baseada em Projetos: guia para professores de ensino fundamental e médio. 2. ed. Tradução de BUENO, D. Porto Alegre: Artmed, 2008. FAPESP. Indicadores de ciência, tecnologia e inovação no Estado de São Paulo. São Paulo, 2001. JAFF, A. B. American Economic Review, v. 79 (5), p. 957-70, dez. 1989. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. 270p. NOGUEIRA, N. R. Pedagogia dos Projetos: uma jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências. 7. ed. São Paulo: Érica, 2007. TRINDADE, R.; COSME, A. Todas as Aprendizagens são Pessoais, mas Ninguém Aprende Sozinho: gerir as salas de aula como comunidades de aprendizagem. Curitiba: Melo, 2010. <http://www.nilbonogueira.com.br/>. mar. 2011.

Acesso

em:

<http://www.educacional.com.br/entrevista0084. asp>. Acesso em: fev. 2011.

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cadernos de letramento docente


Anexos ANEXO 1 SEQUÊNCIA DIDÁTICA Objetivos: estimular a observação sistemática; fomentar a elaboração de anotações de leitura de imagens e o esboço de questões problema para o objeto de pesquisa. Preparando a primeira atividade: Instrua os alunos a fazerem pequenas entrevistas, para prospecção de informações sobre a cidade num passado bastante remoto. Registre essas informações num caderno específico de apontamentos de pesquisa. Pesquisas mais complexas exigem tarefas feitas em casa e feitas na sala de aula. Momentos de trabalho individual (entrevistas ou coleta de informações preliminares) e produções coletivas (textos de síntese, roteiros de entrevistas). Use linha do tempo ilustrada, elaborada com o uso de mapas e imagens de satélite, mostrando a ocupação do espaço na região metropolitana de Curitiba. Projete as imagens para que os alunos possam fazer a observação e estimule-os, perguntando: Quais são as linhas marcantes do perímetro ocupado por Curitiba? Há algum marco da cidade que você reconhece neste primeiro documento histórico? Que informações você tem sobre as origens da cidade? As pessoas mais velhas que você conhece vivem em sua cidade há muito tempo?

atividades integradas e projetos

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DisponĂ­vel em: <http://www.casadamemoria.org.br/acervo/POPUPS/mapas_

plantas/acervo_mapas_plantas_006.htm>.

DisponĂ­vel em: <http://www.casadamemoria.org.br/acervo/POPUPS/mapas_

plantas/acervo_mapas_plantas_007.htm>.

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cadernos de letramento docente


Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_RH1Ct50AAAU/SwLAmvOzmlI/AAA

AAAAAA7s/w0unek7x2g8/s1600/Curitiba+Landsat+Image.jpg>.

Esse padrão de observação será repetido, documento após documento. Reforce a observação dos traços comuns, percebendo as permanências na ocupação do espaço urbano. Estimule os alunos quanto à oralidade, de tal modo que todos possam se posicionar, localizar elementos, citar exemplos, descrever suas observações e colocar perguntas. Importante neste momento não é trazer respostas prontas aos alunos, mas indicar que essas perguntas “sem respostas” devem ser guardadas para o desenvolvimento da pesquisa. Se houver a possibilidade de uso de imagens de satélite, como no aplicativo do Google Earth, podese inserir imagens dos locais (marcos urbanos) mais destacados para que o aluno melhore sua noção de espaço. Liste as perguntas feitas pelos alunos no quadro, abra a conversação novamente e oriente os alunos na escolha do aspecto (recorte) a ser trabalhado. Peça a colaboração de todos para que a pergunta feita ao objeto seja formulada de modo amadurecido, para que todos possam compreender qual a problematização. atividades integradas e projetos

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Sobre as autoras Maria Cristina Lindstron Professora titular das disciplinas de História e Filosofia; licenciada e bacharelada em História pela UFPR, com formação em áreas afins, como História Social do Trabalho, Interdisciplinaridade e Gestão de Pessoas; autora de material didático do ensino fundamental para o Sistema de Ensino Dom Bosco; assessora pedagógica do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Educação, atua no desenvolvimento de projetos educacionais referentes a produtos e capacitação de profissionais. Nair Lobo Pacheco Professora titular das disciplinas de Ciências e Biologia do Colégio Dom Bosco em Curitiba; licenciada e bacharelada em História Natural pela PUC-PR; especialista em Metodologia Científica e mestre em Engenharia da Produção com ênfase em Mídia e Conhecimento; auditora ambiental; supervisora científica no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Educação, atua no desenvolvimento de projetos educacionais referentes a produtos e capacitação de profissionais.

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