ano 7 - nº 1 - maio/JunHo - 2013 - r$ 5,00
proFissão docEntE & ExcElÊncia
tEcnoloGias
Sem vergonha de dizer “não sei, vamos pesquisar juntos a resposta!”
sala dE aula
Um relato sobre o Projeto Leitura e Companhia
comportamEnto O papel social do professor na contemporaneidade
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PALAVRA DA DIREÇÃO
Profissão docente & excelência ExpEdiEntE
Os professores das escolas brasileiras têm sido considerados objeto dos anseios sociais, que esperam deles cada vez mais excelente desempenho. O que parece ser voz corrente no contexto nacional faz emergir novamente a educação escolar como solução de todos os problemas da sociedade. A história nos mostra que o profissional docente se caracteriza pela prática em que a experiência individual é o ponto-chave para se tornar uma experiência coletiva, norteada pela participação atuante e crítica, com vistas à excelência do desempenho profissional. Assim, os desafios para aprender a cooperar e atuar em rede, para viver e fazer da escola uma comunidade educativa e, ainda mais, para tornar-se o protagonista da própria prática, enfrentando e transformando eficazmente a complexidade do dia a dia na escola, compõem o cenário e o foco dos professores. Orientados por essa percepção, optamos por direcionar esta edição do PAD, pensando na possibilidade de um diálogo inteligente entre desafios e possibilidades, entre profissionais que constroem sua prática pedagógica de excelência. Que esta leitura provoque significativo debate sobre a construção da excelência docente! Cristiane Pizzatto Diretora-Geral — Sistema de Ensino Dom Bosco cristiane.pizzatto@pearson.com
A Revista do PAD — Programa de Aperfeiçoamento Docente — é uma publicação do Sistema de Ensino Dom Bosco www.nossodom.com.br Diretora-Geral Cristiane Pizzatto Diretora Editorial Lucia Sermann Conselho Editorial Elizete Matos e Patrícia Lupion Torres Colaboração Heloísa Lück, Berta Limani, Ricardo Ciappina, Flávio Jorge Chianca, Ane Beatriz Prohmann Vigiano, Tadeu Terra, Cesar Nunes, Maria Sílvia Bacila Winkeler, Maria Cristina Lindstron, Angela Gusso, Lucimar Torres, Clélia Menezes, Antonio Viveiros, Cristiane Braga, Fernando Vargas, Monica Palandi Gerente pedagógica Vânia Bittencourt Gerente de marketing Fábio Ostrowski Projeto editorial Deisi Cabrini Brancaleone e Bruno Baccan Diagramação Maria Carolina Pie Impressão Gráfica CORGRAF Tiragem 8 mil exemplares Publicidade e aquisição de exemplares editoradombosco@dombosco.com.br Escreva para redação editoradombosco@dombosco.com.br
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ÍNDICE
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Nesta edição
19 PAD Especial
Educar para a Humanização: aproximações éticas e políticas
4 Palavra da Direção 6 PAD Entrevista 9 Comportamento 12 Sala de Leitura Profissão docente & excelência
Angela Gusso
O papel social do professor na contemporaneidade
Projeto Leitura e Companhia
15 Sala de aula 17 Backstage da Consultoria Um relato sobre o Projeto Leitura e Companhia
22 Gestão & Negócios 27 Tecnologias 29 Aqui tem Dom Bosco
A sala de aula como ambiente de gestão e decisão pedagógica pelo professor
Sem vergonha de dizer “não sei, vamos pesquisar juntos a resposta!”
Inteligência Emocional Colégio e Curso (IE) Revista PAD
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PAD ENTREVISTA
Ângela Gusso A escola e o professor na construção do multiletramento PAD: A partir de sua afirmação de que “na sociedade em que vivemos, há uma multiplicidade cultural que se manifesta por meio de textos multissemióticos, e essa multimodalidade exige novas práticas e habilidades em relação ao domínio das linguagens, ou seja, exige multiletramentos.”, como é possível uma mudança mais rápida na formação do professor para atender a essa exigência do mundo contemporâneo? Nos cursos de licenciaturas há necessidade de atualização constante dos programas curriculares para contemplar disciplinas e conteúdos que deem conta das exigências impostas pelo permanente movimento de mutação da sociedade. Os profissionais que já atuam no mercado de trabalho, por sua vez, precisam de formação continuada para que possam acompanhar os contínuos avanços científicos. Trata-se de uma condição indispensável a fim de manterem-se atualizados, qualificados para o desempenho de suas atividades. Em relação à leitura de textos multimodais, isto é, aqueles que combinam a linguagem verbal com outras modalidades (imagem, som, cor, movimento), nos cursos de formação, o preparo do professor para lidar com eles é ainda algo bastante incipiente, tratando-se, nesse caso, de uma lacuna que precisa ser preenchida, pois os textos multissemióticos são instrumentos de interação social que circulam largamente, tanto em ambientes impressos como digitais, e a escola precisa lidar bem com eles. PAD: A função da escola vai além do trabalho com o código escrito; sua preocupação passou a ser ensinar a fazer uso do ler e escrever, além de propiciar as condições para o sujeito saber responder às exigências da leitura e da escrita. O educador tem o
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compromisso de desenvolver e estimular o domínio de recursos e processos disponíveis na sociedade para atender a esses desafios. Quais os caminhos favoráveis para uma prática pedagógica que aproxime cada vez mais os educandos desse foco? Acredito, levando em conta os estudiosos da área de letramentos, que o caminho mais produtivo e eficaz para a escola promover um ensino comprometido com a promoção da cidadania é o trabalho com a diversidade de textos que circulam na sociedade, em todas as áreas do conhecimento. Não faz mais sentido a sala de aula ser espaço apenas para os textos didáticos. É preciso que os alunos aprendam a fazer uso da leitura e da escrita nas diferentes práticas sociais, e para isso, as oportunidades de leitura devem variar no sentido de que as leituras sejam realizadas com diferentes objetivos, de que haja acesso a textos de gêneros diversos, divulgados em diferentes suportes (revistas, jornais, livros, internet, rádio, tevê, entre outros). Em relação à escrita, é essencial que os alunos produzam textos contemplando conteúdos das diferentes áreas do conhecimento, com funções variadas, dirigidos a públicos diferenciados, para perceberem que toda produção (isso vale também para as orais) exige um conjunto de requisitos específicos para cada situação socioverbal particular. Portanto, é importante compreender que não há um saber ler ou escrever: cada situação exige procedimentos e capacidades (perceptuais, cognitivas, sociais, linguísticas) dependentes do contexto em que a atividade linguística acontece. PAD: Ler envolve capacidades de diversas ordens e exige alguns princípios norteadores. Qual o segredo para o encantamento do aluno pela diversidade de
PAD ENTREVISTA gêneros textuais, considerando as respectivas capacidades de linguagem dominantes?
PAD: Como trabalhar a formação do cidadão multicultural e poliglota na própria língua?
Para que os alunos se interessem pelo texto, acredito que o fator essencial é que tenham um motivo real para a leitura ou para a escrita dele. Ou seja, ler e escrever não devem ser apenas uma tarefa para cumprir uma solicitação do(a) professor(a), mas, no caso da escrita, para dizer algo a alguém, por algum motivo. Trabalhar com projetos de escrita tem se mostrado uma alternativa produtiva, conforme atestam diversos estudos a respeito do tema. Os projetos de escrita, necessariamente, envolvem leituras e, aí sim, os alunos encontram razões para ler os textos propostos. Além disso, suscitam a reflexão sobre as normas linguísticas para entendimento das leituras e para a adequação da escrita do gênero textual que resultará como produto final do projeto.
Considerando-se que grande parte da diversidade cultural se manifesta por meio de textos multissemióticos, é indispensável trabalhar com a diversidade de gêneros textuais, tanto das culturas locais, populares, da cultura de massa, bem como das culturas valorizadas. Quando a escola traz, além da cultura dominante, a cultura popular e de massa, e promove um estudo crítico dessa produção, desvelando suas finalidades, intenções e ideologias, está potencializando o diálogo multicultural e dando oportunidade ao aluno para compreender a diversidade linguística. Esses parecem ser elementos que contribuem para a formação de cidadãos isentos de preconceitos éticos, críticos e democráticos.
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Revista PAD
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PAD ENTREVISTA
É importante facultar condições para o aluno experimentar diferentes gêneros para que ele possa conhecer mais a fundo o mundo da escrita e buscar textos que lhe despertem maior motivação para ler.
PAD: De que procedimento o professor pode lançar mão para que o aluno leitor busque as diferentes formas de leitura? Um fator que pesa bastante é a postura do docente em relação à leitura: o professor que tem paixão por ela, ‘passa’ esse gosto a seus alunos. E não me refiro apenas à leitura da literatura. O gosto pela leitura não, necessariamente, diz respeito a textos da esfera artística. É importante facultar condições para o aluno experimentar diferentes gêneros para que ele possa conhecer mais a fundo o mundo da escrita e buscar textos que lhe despertem maior motivação para ler. Vale destacar que a quantidade de leituras, gradativamente, vai gerando qualidade nas escolhas do repertório. Não existe leitor maduro de um livro só! PAD: Nas escolas brasileiras predomina a visão de que o desenvolvimento de competências leitoras e de produção textual pertencem ao universo de trabalho do professor de língua portuguesa ou, quando muito, das línguas estrangeiras modernas. O que pensa sobre essa visão? Como vê o papel dos professores das demais disciplinas neste processo?
Esse é um modo retrógrado de pensar sobre o assunto! Se todas as disciplinas trabalham com leitura, o professor de cada disciplina precisa auxiliar os alunos na compreensão do texto em questão. Conforme o que mencionei anteriormente, cada texto exige modos diferentes de ser abordado, dependendo do gênero e, também, do(s) objetivo(s) da leitura... Assim, será no momento da leitura que o aluno vai precisar do professor mediando o processo de compreensão. Todo professor tem papel essencial na formação do leitor, mesmo porque há determinados gêneros que são típicos da área de Matemática, Física ou outra, e não costumam aparecer nas aulas de Língua Portuguesa... PAD: Você afirma que “a promoção do letramento é possível à medida que os professores aceitam que as práticas de oralidade, leitura e escrita fazem parte das atividades de todas as matérias do currículo escolar.” Como você vê esta prática hoje nas escolas? Ainda me parece ser algo incipiente na maioria das escolas. Porém, noto que o interesse pela questão, por parte dos professores, vem crescendo, talvez, porque percebam que muito das deficiências dos alunos na apropriação do conhecimento das diferentes áreas deva-se à falta de compreensão daquilo que leem. Outro fator que tem contribuído para as diversas disciplinas virem incorporando práticas de escrita nas suas tarefas são os exames de avaliação. Tanto o ENEM como os vestibulares das instituições públicas têm solicitado questões discursivas sobre temas das diferentes áreas, o que exige do aluno boa proficiência na escrita para comprovar seu conhecimento sobre o conteúdo em foco. Acredito que se práticas de leitura, oralidade e escrita diversificadas forem ampliadas nas salas de aula, a aprendizagem se tornará mais contextualizada, significativa, mais dinâmica e motivadora. Nesse contexto, os alunos terão mais envolvimento com o processo de ensino e aprendizagem, e o professor, em contrapartida, encontrará maior nível de realização no desempenho de sua prática docente.
Sobre a autora Angela Gusso é Doutora em Estudos Linguísticos, Mestre em Letras e Graduada em Letras Português pela UFPR. Coautora de coleções didáticas para o ensino de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental, com a Profª Drª Rossana Finau. Atuou 25 anos como Professor da RME de Curitiba e, atualmente, como Professor Adjunto nos Cursos de Letras da PUCPR. Desenvolve o projeto de pesquisa Gêneros textuais multimodais e letramentos multissemióticos, cadastrado no CNPq.
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COMPORTAMENTO
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O papel social do professor na contemporaneidade Profa. Dra. Maria Sílvia Bacila Winkeler
Nenhuma das práticas pedagógicas é neutra. Elas estão apoiadas no modo de conceber o processo de aprendizagem e no seu objeto. Para Freire e Macedo (2011), a integração do homem com seu mundo faz dele um sujeito situado e datado. E para conceber o papel social do professor foram muitas as perspectivas que situaram e dataram este campo. Valho-me das palavras de Geraldi (2011, p.14) para anunciar as possibilidades de compreender o tema: [...] o tratamento de um tema é inesgotável. Os limites são impostos pelo projeto de dizer, e aquele que diz sabe que não dominará por completo os sentidos de seu dizer. Mas esta condenação dos sentidos múltiplos é também o lugar da riqueza da experiência humana: afasta a uniformidade, a conformidade e o conformismo.
Além de situar e datar, há o sentido de quem diz. Esse texto é escrito por uma pesquisadora que fala sobre a prática pedagógica e sobre os temas em questão, vistos do lugar da Pedagogia, pois é essa a minha formação. Faço um convite a todos os educadores para que principiem essa reflexão cantarolando, junto com Gonzaguinha, o refrão: VIVER E NÃO TER A VERGONHA DE SER FELIZ CANTAR E CANTAR E CANTAR A BELEZA DE SER UM EtErno aprEndiz EU SEI QUE A VIDA DEVIA SER BEM MELHOR E SERÁ MAS ISSO NÃO IMPEDE QUE EU REPITA É BONITA, É BONITA, É BONITA.
É nessa toada que vamos dar foco ao nosso pensamento sobre a ação de ensinar e aprender. O que significa ensinar e aprender para cada um de nós? Quais são as percepções que temos sobre esses temas que compõem a ação educativa em dois polos interdependentes? Procure elencar cinco termos relacionados ao seu cotidiano de trabalho, sendo o primeiro, o mais importante, e o quinto, o menos relevante. Procure perceber quais são as ideias que possui sobre cada uma dessas ações. Peço, também, que pense em mais uma percepção sobre sua profissão: se hoje alguém lhe dissesse que quer ser professor, o que diria sobre a atividade a essa pessoa? E agora lhe pergunto: a narrativa sobre seu trabalho combina com suas percepções sobre ensinar e aprender? Eis, então, que se desvela o que cada um de nós carrega em relação ao seu desenvolvimento profissional docente — as percepções sobre o que fazemos no cotidiano escolar e como isso se reflete em nossas ações, crenças, sensações. Também em nossos ideais ou no distanciamento deles, que podem ter se perdido porque são reiteradas práticas que se perpetuam na cultura escolar, porque os enfrentamentos são maiores do que aquilo que se poderia equacionar ou porque não enxergamos em nós o verdadeiro potencial para militar pela ação docente em todas as suas dimensões, suas inquietações, suas mudanças na contemporaneidade, em toda sua complexidade. E na dinâmica da ação docente, da práxis, somos eternos aprendizes e não nos distanciamos do movimento social e histórico que determina a nossa aprendizagem e a de nossos alunos. Para conceituar a prática pedagógica, na dimensão dessa práxis, é necessário Revista PAD
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COMPORTAMENTO
entendê-la como pertencente a um pensamento social e histórico, à dinâmica das relações daqueles que são atores desta sociedade, que produzem sua prática e por meio dela pensam e marcam sua história, ao mesmo tempo em que são determinados pelas condições de seu tempo. Castoriadis (2007) adverte que todo pensamento da sociedade e da história pertence, em si mesmo, à sociedade e à história. Qualquer que seja ele e qualquer que seja seu objeto é apenas um modo do fazer social-histórico. O fazer histórico é marcado pelas tensões de seu tempo, pelas possibilidades de leitura, interpretação e significação, pelas lutas, pelos movimentos sociais de cada época. E nós, atores nessa práxis, em quais determinantes buscamos referencial para a nossa ação? Tardif (2010) categorizou os saberes da docência e neles constitui a experiência de trabalho enquanto fundamento do saber. Admite que o saber do professor não possui única origem, mas múltiplas fontes, situado em diferentes momentos históricos, gerado por meio de tensões e conflitos cognitivos. Em suas pesquisas percebeu que os professores hierarquizam os saberes pela utilidade e nesta perspectiva, os saberes da experiência, produzidos na prática pedagógica, foram aqueles a que tributaram maior valor. A experiência sobre ensinar e aprender vem determinada por inúmeras situações que marcaram nossa percepção enquanto sujeitos da experiência e é nessa condição que hoje expressamos o que entendemos sobre mai/jun 2013
esses polos da ação educativa e constituímos nossa prática pedagógica. E o que determina nossa experiência? Será que são todas as circunstâncias do nosso cotidiano? Bondía (2002) nos ajuda a compreender o que significa essa experiência, explicando que é o que nos passa, o que nos acontece e nos toca. Diferencia-se da informação que não dá espaço para a experiência, tornando-a cada vez mais rara. O saber da experiência distingue-se daquele da informação, pois vem do que nos acontece. “A experiência é, em primeiro lugar, um encontro ou uma relação com algo que se experimenta, que se prova” (idem, p. 23). O sujeito da experiência tem sua própria força e essa se expressa produtivamente na forma de saber e de práxis. O saber da experiência se dá na relação entre o conhecimento e a vida humana e no sentido que vai sendo atribuído ao que nos acontece ao longo da vida. E expressa as relações sociais estabelecidas na classe da qual o sujeito faz parte. A complexidade dos saberes que organizam a escola, na contemporaneidade, nos faz agir também frente a dimensões significativas que incidem em nossa prática. Vamos refletir: qual é a percepção que você possui sobre infância e adolescência? Para cada um desses aspectos elenque cinco termos de um a cinco, novamente, na ordem do mais importante para o menos relevante e pense sobre suas percepções, pois é com essas categorias sociais que trabalhamos todos os dias. No discurso, compreender a infância e a adolescência como hierarquias sociais é mais sereno, porém, nas tensões do dia a dia das escolas, absorver esses indivíduos como sujeitos históricos demanda que cada professor, antes de qualquer prática, também se perceba como sujeito, como produtor de cultura. Posto isso em prática, as contribuições de Sarmento ganham sentido, pois nos fazem pensar a infância ou adolescência como categorias sociais, ultrapassando visões individualistas, problematizando a infância e adolescência como categorias geracionais em alteridade com outras gerações; e, repõem uma das funções da Pedagogia que é fazer parte da tarefa de formar o sujeito socioeducacional. E a diversidade nessas categorias sociais? Mais uma vez peço que enumere de um a cinco e
COMPORTAMENTO escreva cinco termos, na ordem do mais importante para o menos relevante, sobre o que percebe acerca da diversidade. Você, professor, se vê aceito nas suas dimensões que se distinguem das demais do grupo ou luta incessantemente para modificar situações e conseguir a aquiescência? Percebe-se sujeito da diversidade? De qual diversidade? De gênero, de etnia, de cultura, de conhecimento, de modelos? Aceitar o diferente é o convite que nos faz Saviani (1991) quando explica que o problema é pressupor uma igualdade que, como ponto de partida, não existe. “A educação é uma atividade que supõe uma heterogeneidade real e uma homogeneidade possível; uma desigualdade no ponto de partida e uma igualdade no ponto de chegada” (p. 82). Na linha do discurso da diversidade vinculamos a avaliação como um dos focos de nossa reflexão. Como avaliar se partimos da concepção de diversidade, abarcando o assinalamento de que a “crise de compreensão é nossa” (VALLA, 2013)? O que você traz como significado de avaliação? Peço que, mais uma vez, enumere os cinco termos, do mais importante ao menos relevante e analise suas percepções sobre avaliação. Hoffmann (2008) sugere que os “critérios de avaliação devem ser sempre, conscientemente, pontos de partida do olhar avaliativo, jamais pontos de chegada e, como tal, abrir-se à perspectiva multidimensional concernente ao aprender e aos jeitos diferentes de aprender dos alunos” (p. 29). Será que as percepções que você carrega sobre avaliação condizem com essa prerrogativa? Eis um desafio que incide, permanentemente, nas salas de aula, na contemporaneidade: avaliar e levar em consideração a diversidade. Quando, para muitos, a percepção sobre diversidade perpassa pela noção de respeito, justiça, equidade, espera-se que esses preceitos combinem com as práticas avaliativas.
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E diante de tantas expectativas com relação ao trabalho do professor, haveria um modelo a ser seguido? Pesquisas como a de Cunha (1996, p.155) mostram que “o conceito de bom professor é valorativo, com referência a um tempo e a um lugar. Como tal é também ideológico, isto é, representa a ideia que socialmente é construída sobre o professor. Moran (2008) nos auxilia a compreender essa ideia quando assinala que um professor bem-sucedido é aquele que se sai bem nas relações sociais e desde o seu curso se prepara positivamente para o sucesso, com o intuito de aceitar os desafios da sua profissão e para gostar dos alunos que terá, sejam eles quem forem. Nessa dimensão da ação educativa há que se lembrar de que o ato de ensinar inclui a ética, uma vez que quando se ensina, entrega-se algo a alguém e quando se entrega algo a alguém, quem entrega escolhe o que entrega. Para Vasconcellos (2008) a partir do momento em que o educador assume a tarefa de determinar seu papel vital (na sala de aula, escola e sociedade), sair da indiferença, assumir uma postura de indignação ética, pode cumprir uma exigência muito importante do trabalho formativo que é o de estar inteiro naquilo que está fazendo. É a entrega à tarefa. A entrega exige gosto pela vida, sede de conhecimento, gostar de gente. Viva intensamente a sala de aula, cada sala de aula. Viva a escola, a gestão, cada processo educativo. A entrega não aceita discurso vazio, requer ação e uma ação consonante com a realidade. Requer o dom da excelência, constantemente revisitado, questionado, elaborado e construído em cada ação que merece ser valorizada no cotidiano escolar. O dom se constrói a cada dia, a cada reflexão, a cada etapa da ação educativa quando bem vivida, quando a entrega é fidedigna. E para finalizar, faço uso das palavras de Malaguzzi (1999), como um convite ao dom da excelência: “A criatividade deverá usar, todos os dias, roupas de domingo”. Referências deste artigo: www.nossodom.com.br
Sobre a autora Profª Drª Maria Sílvia Bacila Winkeler Possui graduação em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1990), Mestrado em Educação (1998) e Doutorado em Educação (2012) pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Especialista em Psicopedagogia (1992) pela PUCPR e Psicomotricidade (2002) pelo CIAR — FAP. Atualmente é Professor Adjunto do Departamento Acadêmico de Ensino (DAENS) na UTFPR Campus Ponta Grossa. Tem experiência na área de Educação com ênfase na Formação de Professores atuando especialmente nos seguintes temas: Desenvolvimento Profissional Docente (DPD), Didática no Ensino Superior, Metodologia da Pesquisa em Educação, Alfabetização e Letramento e Aprendizagem.
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SALA DE LEITURA
Projeto Leitura e Companhia O projeto Leitura e Companhia apresenta um conjunto de obras para os segmentos do Ensino Fundamental ao Ensino Médio, selecionadas entre as mais expressivas e premiadas para que, com o suporte de uma plataforma digital que acompanha o desenvolvimento da leitura pela criança ou adolescente, auxilie o processo de desenvolvimento de competências leitoras. Todas as atividades presentes na plataforma permitem ao professor monitorar o desenvolvimento das habilidades de leitura, oportunizando a autonomia do aluno e sua interferência quando isso se mostrar necessário. Nesta coluna apresentaremos três obras voltadas para o Ensino Fundamental (1º a 5º ano) e uma proposta de atividade integrada com as disciplinas de Arte e Música.
O gato Malhado e a andorinha Sinhá Jorge Amado
Um livro que tem uma história encantadora. Jorge Amado inspirou-se em uma trova do poeta Estêvão da Escuna — que costumava recitar suas criações no Mercado das Sete Portas, em Salvador — e criou a fábula O gato Malhado e a andorinha Sinhá, um conto infantil, como um presente para seu filho João Jorge, em 1948. Esquecido em algum lugar, o texto só foi redescoberto em 1976 quando, já adulto, João Jorge pediu a Carybé que ilustrasse o presente dado por seu pai tantos anos antes. Jorge Amado não pretendia editar o livro, mas deu-se por vencido e a obra foi publicada para nosso deleite. Conta a história de uma inusitada amizade entre um gato, que não se importava com ninguém, uma andorinha e as transformações pelas quais o gato (antes temido por todos) passa ao longo da primavera e do verão. Um dia, o gato confessa à andorinha: “se eu não fosse um gato, te pediria para casares comigo.” Mas esse amor era impossível, até porque a andorinha já estava prometida ao Rouxinol.
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SALA DE LEITURA
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Zoo Zureta
Fabrício Corsaletti Os trinta poemas apresentados neste livro são um convite para que os pequenos leitores em fase de alfabetização se surpreendam com o que pode estar escondido nas palavras usadas no dia a dia. São poemas curtos, cada qual homenageando um animal, nos quais o poeta obtém efeitos de surpresa, com os quais a imaginação infantil tanto pode se divertir. As ilustrações de Ionit Zilberman são muito originais; com o uso de diferentes texturas e materiais, cria verdadeiros cenários, palco para cada um dos poemas. Pequenos e grandes leitores se deliciam com o diálogo entre poesia e imagem.
Virou Bicho! Ernani Ssó
As sete histórias deste livro, selecionadas do folclore mundial, são muito divertidas e tratam de valores profundos como fidelidade, honra, sabedoria. Na introdução da obra, escrita por Ernani Ssó, há uma interessante explicação sobre a abordagem antropológica do autor acerca das narrativas. As ilustrações de Renato Mariconi estimulam a criatividade do leitor que irá procurar no texto verbal, as referências às personagens representadas. Na leitura das histórias, devemos ter muito cuidado! A bela pode ser uma fera, e a fera, um bonitão preso a essa condição por um feitiço ou trágico desejo. É fácil um personagem virar bicho: lobo, sereia, sapo, lagarto... o difícil é virar gente!
Atividade integrada
As três obras sugeridas nesta coluna poderão ser trabalhadas por meio de uma atividade integrada entre as disciplinas de Português, Arte e Música. Convide os leitores principiantes a elaborar uma obra de arte plástica, de construção coletiva, sobre uma passagem, um conto ou poema contido nas obras. A riqueza das ilustrações estimula a criatividade dos alunos que poderão desenvolver uma variedade de produções: fantoches de palito, esculturas de papel machê, desenhos etc. Sugestão detalhada da atividade integrada disponível no portal: www.nossodom.com.br Revista PAD
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SALA DE LEITURA
Sala da leitura dos professores A criança
Robert V. Kail Escrito por Robert V. Kail, respeitado professor e pesquisador da área, este livro diferencia-se por apresentar o centro da pesquisa, a teoria e as aplicações da Psicologia do Desenvolvimento organizados de maneira cronológica, desde a primeira infância até a adolescência, e ilustrados pelo autor a partir de casos e relatos colhidos em sua trajetória profissional. Essa abordagem inovadora está presente em toda a obra, distribuída em seções especiais — entre elas, “Crianças de verdade”, “Melhorando a vida das crianças” e “Desenvolvimento infantil e política familiar” — que explicam os resultados das mais recentes pesquisas. Outro diferencial é o projeto gráfico arrojado, repleto de fotos, desenhos e tabelas esclarecedoras, que facilitam a assimilação dos conceitos apresentados.
Comunicação e linguagem Thelma de Carvalho Guimarães
Comunicação e linguagem não é apenas um título novo em um mercado bem sedimentado, mas é, sobretudo, uma proposta inovadora. Com conteúdo e abordagem modernos, o intuito desta obra é capacitar os alunos dos mais diversos cursos para a utilização consciente da Língua Portuguesa. A autora, Thelma Guimarães, especialista no assunto há mais de 15 anos, desenvolveu em seu texto uma didática excepcionalmente adequada para o perfil dos graduandos em formação nesta era da informação. Com maestria, ela estabelece um diálogo com o leitor e o estimula a praticar a leitura e a redação. Assim, o leitor desperta suas capacidades de interpretação e de expressão para utilizá-las tanto na linguagem oral como na escrita. Dinâmica, compacta e completa, a leitura de Comunicação e linguagem é ideal para todos os alunos e futuros profissionais que anseiam dominar a Língua Portuguesa e usá-la em prol de sua carreira.
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Um relato sobre o Projeto Leitura e Companhia Berta Limani Diretora do Centro Educacional Nilopolitano (Nilópolis — RJ)
Paço Imperial
Museu Tom Jobim no Jardim Botânico
O Centro Educacional Nilopolitano é um colégio moderno, dinâmico, atual, mas com muita tradição. Nascido em 1932, por iniciativa do casal de professores José e Bertha D´Alessandro, com o nome de Ginásio Profissional de Nilópolis, começou, com algumas dezenas de alunos, suas aulas em 11 de abril do mesmo ano. Abriga, hoje, 1.000 alunos, aproximadamente. Neste centro de ensino existe a preocupação constante em preparar os educandos para uma realidade que se transforma a cada dia e que exige pessoas versáteis, solidárias, responsáveis, éticas, capazes de conviver com a diversidade, de dominar as tecnologias da informação e que estejam dispostas à aprendizagem contínua. Por isso, sua proposta pedagógica está centrada no ensino de alto nível, no desenvolvimento de competências e habilidades, no estímulo à leitura, à escrita, ao raciocínio, à criatividade e à reflexão crítica.
Este compromisso que o Centro Educacional Nilopolitano tem com o futuro é que faz a diferença. No começo deste ano a escola aderiu ao Projeto Leitura e Companhia, com alguns livros do catálogo 2012, como parte integrante da disciplina de Língua Portuguesa. No início ocorreram algumas dificuldades com as obras escolhidas, mas o suporte da Editora foi importante para ajustar as ações que otimizaram o desenvolvimento do projeto. As turmas envolvidas foram as do Ensino Fundamental (1º a 9º ano) e do Ensino Médio (1º a 3º ano). Por escolha da escola, os alunos do F1 (1º e 2º ano) foram tutorados pelas professoras das turmas e pela professora de Informática no laboratório da escola. Já os alunos do 3º a 5º ano, assim como os do 6º ano do Ensino Fundamental aos do 3ª ano do Ensino Médio, trabalharam com autonomia e fizeram em casa, Revista PAD
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SALA DE AULA on-line, as atividades disponíveis no portal do projeto. O uso do relatório gerado com as atividades do portal facilitou, ao professor, avaliar a produção dos educandos. Garantiu agilidade no acompanhamento do progresso dos alunos, assim como o monitoramento do desempenho dos mesmos durante a leitura. A apresentação do projeto aos alunos se deu de diferentes formas, conforme o segmento de ensino. No primeiro momento, o Fundamental 1 assistiu ao vídeo, que compõe o pacote do livro selecionado para a turma, na sala de multimídia da escola, quando tiveram oportunidade de apreciar esse momento de preparação para a leitura. O trabalho com o vídeo atraiu a atenção das crianças que são muito receptivas a esse tipo de atividade. A sessão de vídeo permitiu um bate-papo entre professor e alunos, com grande interação. Os alunos do EF2 e EM assistiram ao vídeo em casa, com o uso de senhas de acesso ao portal. Os professores apresentaram a proposta de trabalho aos alunos, no primeiro momento, por meio de uma cópia da instrução geral dada pelo projeto; cada aluno recebeu sua senha e orientações de procedimento e prazos para realizar as atividades previstas na sequência indicada pelos ícones impressos no livro. O acompanhamento foi realizado semanalmente, o que permitiu a uma professora, que observou a situação de alunos que não acessaram o portal, fazer uma intervenção antes do final do cronograma estipulado. Em sala de aula ela orientou e estimulou a participação na produção. Quando os alunos tiveram dificuldades,
Jardim Botânico
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buscaram-na para orientações. Este projeto não se limita ao livro e ao portal. Pela sua praticidade, tem condições de promover um conjunto de atividades diversificadas, contextualizadas e integradas na comunidade escolar. O Centro Educacional Nilopolitano realiza, há algum tempo, excursões de caráter didático-pedagógico para cidades próximas, de modo a extrapolar os limites dos muros da escola. As professoras de Português, História e Geografia — Rita de Cássia, Elizabeth, Fátima e Margarete — se organizaram para a realização de uma dessas excursões pedagógicas com os alunos dos 8º e 9º anos que estavam lendo o livro D. João Carioca — a corte portuguesa no Brasil (1808-1821), de Lilia Moritz Schwarcz e Spacca. Visitaram o centro histórico do Rio de Janeiro — Paço Imperial e Praça Quinze —, o Jardim Botânico e o Museu da Quinta da Boa Vista. A visita monitorada e orientada pelas professoras das disciplinas envolvidas permitiu uma abordagem multidisciplinar e contextualizada da obra. Extrapolando os limites da narrativa, os educandos puderam observar as transformações do espaço urbano, a preservação do patrimônio histórico e cultural, assim como os aspectos peculiares da obra. No próximo bimestre as mesmas turmas visitarão a Academia Brasileira de Letras, pois o livro Joaquim e Maria e a estátua de Machado de Assis, de Luciana Sandroni, foi o escolhido para a nova etapa do projeto. A diretora, Berta Limani, expressa, assim, sua opinião sobre o projeto: "Acredito que está ocorrendo uma melhoria na qualidade da leitura dos alunos. E um dado muito importante é que, como cada aluno recebe seu livro junto com o material didático do bimestre, passa a valorizar e a usar mais este seu material. O incentivo ao trabalho on-line gerou maior valorização do ato de ler, pois a adesão foi significativa — poucos não responderam. Há, portanto, uma mudança de cultura na escola no sentido de serem valorizados os hábitos de leitura e as obras literárias. Muitos pais já nos procuraram, desde o lançamento do Projeto, para dizer que têm percebido que ele é muito estimulante para o desenvolvimento da leitura de seus filhos. O Projeto Leitura e Companhia é excelente e estamos curiosos para identificar como nossos alunos se encontram com relação às suas competências leitoras. Acredito que teremos um retorno excepcional". Redação: Maria Cristina Lindstron
BACKSTAGE DA CONSULTORIA
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Backstage da Consultoria A Consultoria Pedagógica representa um dos serviços essenciais do Sistema de Ensino Dom Bosco. Por meio da atuação de consultores, em todas as regiões do Brasil, atende as escolas parceiras em atividades diversificadas, dentre as quais se destacam: a capacitação de professores para uso de materiais didáticos e soluções educacionais, atendimento às coordenações e direções das escolas, reuniões com a comunidade escolar com vistas à apresentação da proposta pedagógica do Sistema e atendimento individualizado de professores. As notícias apresentadas nesta seção exemplificam estes atendimentos e mostram um pouco do dia a dia de nossos colegas consultores.
Foto: Cristiane Braga
O Colégio Rosalvo Ribeiro recebeu 15 escolas parceiras do Sistema de Ensino Dom Bosco para encontro pedagógico (Maceió — AL) Em Maceió, reuniram-se 15 escolas no Polo Rosalvo Ribeiro. Estiveram presentes professores de todos os níveis de ensino. A consultora pedagógica Cristiane Braga atendeu especialmente os professores de Ensino Fundamental (1º a 5º ano) numa capacitação sobre o Projeto Companhia das Letras, mostrando aos professores a importância do desenvolvimento das habilidades leitoras já no F1.
Visita da diretoria internacional da Pearson ao Colégio Shalom (Campinas — São Paulo) No dia 10 de abril o Colégio Shalom, localizado na cidade de Campinas, no estado de São Paulo, recebeu a visita do Presidente da Pearson Brasil, Guy Gerlach, da Diretora do Sistema de Ensino Dom Bosco, Cristiane Pizzatto e de membros da Pearson Education provenientes do Reino Unido, China e Índia, acompanhados do consultor educacional, professor Fernando Vargas. O objetivo da visita foi conhecer escolas conveniadas Dom Bosco no Brasil e o trabalho do Sistema de Ensino Dom Bosco em uma escola parceira. Os visitantes ficaram impressionados com a estrutura física e pedagógica, acompanharam sua rotina, entraram nas salas de aula, conversaram com alunos e professores. Ao final da visita, o Colégio ofereceu frutas do pomar da escola e uma feijoada deliciosa. Fotos: Fernando Vargas
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BACKSTAGE DA CONSULTORIA
Colégio Status (Ilhéus — BA) realiza encontro de pais, alunos e professores No dia 18 de abril aconteceu, no Centro de Convenções em Ilhéus-BA, o encontro de pais, alunos e professores que deu destaque à construção de maior qualidade de ensino e fortalecimento da relação família-escola. A organização partiu do Colégio Status, com a participação do consultor Antonio Viveiros e o comparecimento de 500 pessoas no local.
Foto: Antonio Viveiros
Professores do Colégio Mater Consolatrix (Ivaiporã-PR) aprendem a usar a lousa eletrônica No dia 27 de março, Ivaiporã recebeu a consultora Lucimar Torres para a capacitação do uso da lousa eletrônica no Colégio Mater Consolatrix. A equipe do colégio está muito contente, pois é a primeira a utilizar esta importante ferramenta na cidade, um grande diferencial para a conceituada escola.
Foto: Profª de Informática Sonia — Colégio Mater Consolatrix
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Clélia Menezes encanta o público com “A verdadeira história dos três porquinhos” (Salvador — BA) Em palestra realizada na Jornada Pedagógica de Salvador, em 23 de março, para professores das escolas parceiras no Estado da Bahia, a consultora Clélia Menezes buscou estimular o uso de diversas técnicas para o desenvolvimento de competências leitoras nas crianças de Educação Infantil e Ensino Fundamental de 1º a 5º ano. Explorando as leituras possíveis acerca de imagens e texto — leituras multimodais. Ler histórias para crianças é poder sorrir, rir, gargalhar com as situações vividas pelas personagens, é suscitar o imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é encontrar ideias para solucionar questões. No momento retratado, Clélia apresenta a obra de Jon Scieszka, publicada pela Companhia das Letras: “A verdadeira história dos três porquinhos!”.
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Educar para a humanização: aproximações éticas e políticas César Nunes
Ao ser convidado a escrever sobre os novos desafios da educação e da escola, tenho que iniciar definindo que considero as dimensões de ensinar e aprender como potencialidades humanas estruturais. A condição humana é de ser aprendente. O ser humano aprendeu comer, beber, andar, falar, pensar, trabalhar, de modo a poder construir coisas e objetos, tanto para garantir sua sobrevivência material quanto para modificar sua própria identidade, no transcorrer da história e da formação da cultura. E esse processo de aprender não para nunca — desde que nasce, até morrer, o homem é um ser que aprende! Há sempre que se partir dessa dimensão antropológica basilar: o homem é um ser em constante aprender de si. Adélia Prado tem uma poesia linda que diz, num trecho: “(...) quando eu achei que tinha encontrado todas as respostas da vida, veio a vida e mudou todas as perguntas!” Mas há também um outro nível, um outro grau ou ainda uma outra forma de aprender e de ensinar diferenciada, que é ofício e função de "ensinar na escola", numa instituição social, numa ação efetuada através de mediações didáticas, de conhecimentos acumulados, de práticas institucionalizadas formais, que agrega a construção de dispositivos curriculares, que acumula vivências e condutas etc. Tenho divulgado no Brasil a proposta de uma educação emancipatória ou emancipadora — as duas formas são expressões fortes e pode-se dizer que estão corretas. Trata-se de pensar uma educação e o projeto de uma escola básica, mais propriamente voltados para a EMANCIPAÇÃO como um conceito pleno, isto é, para a aquisição de todas as qualidades humanas (linguagem, movimento, pensamento, valores, direitos, habilidades, cultura, conhecimentos, saberes, informações etc), de todas as conquistas histórico-culturais (materiais, simbólicas, tecnológicas) e de todos os
condicionantes consensuais basilares (moral, ética, direito, política, trabalho, cidadania). Educar para a emancipação significa produzir uma escola, um currículo, uma organização didático-pedagógica que visem promover a emancipação plena de todas as crianças, adolescentes e jovens, sujeitos aprendentes, com a atuação marcante dos educadores, dos especialistas, dos gestores escolares e de toda a sociedade. Trata-se de pensar uma educação e uma escola voltadas para a produção de um novo homem, uma nova mulher, uma nova sociedade e uma nova cultura, a partir da superação das tendências históricas que nos constituíram como povo, como sociedade e como escola, nas etapas anteriores de nossa formação. Hoje, mais do que nunca, percebemos que nosso tempo é marcado por rápidas, vertiginosas e intensas mudanças. Novas formas de organizar a técnica e a tecnologia alteram radicalmente nossa vida cotidiana, interferindo em todas as dimensões de nossa sociedade. Torna-se imperiosa a tarefa de criar diretrizes éticas e coordenadas políticas para submeter as conquistas tecnológicas ao interesse e à promoção do bem-estar de todos. A escola atual se vê pressionada a assumir novas funções e a recuperar alguns de seus atributos clássicos, bem como adquirir novas identidades. Assim, torna-se necessário, hoje, planejar uma escola e uma nova proposta de educação voltadas para a formação plena da cidadania e para a incorporação da cultura como processo de humanização. O conhecimento, historicamente acumulado, deve ser repassado a cada geração, de maneira sistematizada e criativa, de modo a produzir condições de compreensão da vida, das marcas e identidades das diferentes sociedades e de subjetiva e coletiva apropriação das conquistas da civilização humana. Um conhecimento posto a serviço da vida, da felicidade, da justiça e da sustentabilidade Revista PAD
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PAD ESPECIAL de todas as formas de produção e reprodução da vida, material e simbólica. A escola de hoje tem que incorporar criativamente os recursos e paradigmas clássicos, postos pela tradição, e ser capaz de assimilar e ordenar as novas relações culturais, os novos contextos e as novas disposições numa síntese criadora. O reconhecimento dos novos sujeitos sociais é a atitude primeira a ser assumida pelos educadores que buscam a emancipação humana através da prática educacional. Trata-se de pensar uma escola e uma educação pautadas nos novos direitos sociais, emergentes dos anos e décadas recentes, ao final do século XX e nessas décadas iniciais desse terceiro milênio, tempo de gerar uma escola como vivência para a aquisição da plena condição humana, e não simplesmente projetar uma proposta de educação e de escola restritas à esfera disciplinar, como tempo e espaço de preparação de quadros técnicos ou de mão de obra barata e disponível para o mercado. Educar é produzir o homem para a vida, para a ação subjetivamente significativa na sociedade, para a felicidade e para a plena cidadania. A coragem de reconhecer e adotar novos marcos regulatórios, emancipatórios e proclamadores de novos direitos sociais, de reconhecer igualmente a centralidade da escola na formação dos professores e de propor a superação das tradições pedagógicas anacrônicas, tecnicistas e neoliberais, sincreticamente vivas, pode ser o novo começo de toda uma militância libertadora, solidária, promotora da autonomia e da justiça social. Afirmo, aqui, o sentido de "humanização" no sentido de "sensibilização", de construção de sentido, de apropriação significativa das informações, conhecimentos, disciplinas ou áreas temáticas e de projeção das características humanas na realidade da sociedade e natureza. O conhecimento não pode ser algo frio, externo, objetivo e distante. Tem que ser assimilado subjetivamente, com a condução segura e amorosa do educador, nas mentes e corações das crianças, adolescentes e jovens. Humanizar, aqui, significa ressignificar os saberes, revitalizar o conhecimento escolar, res-sensibilizar as práticas e vivências de aprendizagem na escola. Trata-se de retomar a mesma tese-guia anterior: por força de uma tradição cultural autoritária, excludente e impositiva, somos herdeiros de afetos, sentimentos socialmente valorados, marcados pela competição, pelo egoísmo, pelo narcisismo, pela ganância, pela exposição banal da sexualidade, pela exploração
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do trabalho, pela superficialidade das palavras, pela veleidade dos tratos intersubjetivos e pela falência dos acordos coletivos, para ficar em alguns desses marcos políticos e culturais. Trata-se de buscar educar os afetos para uma nova ética e uma nova estética, marcadas pelo respeito à diversidade, pelo cuidado de si, pelo igual respeito e cuidado com a natureza, para a adoção das práticas de sustentabilidade, para a preservação da biodiversidade, a tolerância, para a vivência e a defesa do profundo sentimento de solidariedade — são esses os elementos que devem inspirar nossos afetos emancipatórios. Temos que mudar muitas coisas, com esclarecimento, com perseverança e com investimentos de toda sorte — financeiros, institucionais, humanos, emocionais etc. As soluções propostas não podem ser simples e mágicas: têm que ser históricas, marcadas por decisões políticas e dispostas num longo tempo de implantação social. Já numa perspectiva de horizontalidade, de propostas mais próximas e contingentes eu diria que continuo a ter esperanças! Vejo o “empoderamento” de novos sujeitos sociais, a legitimação de bandeiras e palavras de inspiração, antes negadas e hoje presentes em projetos sociais, programas e políticas, sociais e públicas, cada dia com maior visibilidade e afirmação. No presente texto logramos apresentar algumas diretrizes éticas e estéticas da educação para a humanização, para a conquista da justiça social e a prática da solidariedade, ampliando a capacidade motivadora e a vontade propositiva de formar o homem para compreender suas potencialidades subjetivas e objetivas no mundo em que vive, de modo a assumir-se como sujeito histórico e político, tanto de sua formação educacional e escolar, quanto de sua identidade e cidadania em seu tempo e sociedade. O ensino e a aprendizagem como direitos, pautados pela compreensão do que se entende por uma ética da emancipação deveriam convocar à escola e à educação, seus agentes e interlocutores, abertos à formação da consciência crítica e da participação política solidária. Isto requer afirmar que, para a construção do projeto pedagógico resistente e transformador, requer-se o compromisso ético social dos educadores e administradores, de produção de uma concepção política democrática, buscando transformar as estruturas atuais da sociedade produtivista, excludente e competitiva atual. Nossa lucidez exige a coragem de propor uma educação
PAD ESPECIAL e uma escola que superem a concepção educacional de formar para o trabalho, numa dimensão estreita, pois se assume aí a integração da educação como fria produtora de mão de obra do mercado de trabalho da sociedade consumista atual. Defendemos que a escola e a educação sejam espaço e tempo de profunda humanização das crianças, adolescentes, jovens e educadores. O homem, antes de ser definido por uma abstração, é um ser vivo, com necessidades e potencialidades materiais, além das dimensões de identidade e significação que a civilização e a cultura lhe conferem. E, neste fazer de si, dá origem ao processo de hominização de si mesmo e humanização da natureza. O homem define-se, pois, por esta capacidade material de produzir seus meios de sobrevivência material e de construir, a partir destes, uma grade de representação simbólica e institucional, que dá formas à sociedade e à cultura, aos ordenamentos ideológicos da vida social e aos produtos espirituais da prática social. Os professores são os penhores do passado e os fiadores do futuro de uma sociedade ou grupo humano. Seu papel é a produção do homem para a vida em sociedade. Formar gerações para maturidade para fazer escolhas e acatar as consequências de suas escolhas é a chave da educação e da formação. Creio que estamos vivendo um tempo de vertiginosas mudanças, um tempo de muitas possibilidades. Eu desejo sinceramente que os jovens sejam criativos na direção de resgatar valores clássicos criados pela cultura humana e descartar todo o entulho autoritário, estigmatizante, preconceituoso e desumanizado que nossa cultura acumulou. E que saibamos nutrir esperanças e práticas de solidariedade e de respeitos coletivos, de horizontes solidários e emancipatórios. Os professores e educadores são os responsáveis por esticar, ampliar os horizontes éticos e políticos de uma sociedade. A escola precisa acreditar que o exemplo é a melhor prática. Não adianta fazer discursos e sermões para os estudantes: é preciso ser verdadeiro, estar
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convencido de alguns princípios e agir autenticamente, na busca da verdade das coisas e da vida. Nossos estudantes gostam de ver as pessoas sinceras e comprometidas com as causas da sustentabilidade ambiental, do compromisso social e da ética. Desse modo, estes princípios tem que estar no projeto pedagógico da escola, no dia a dia, nas práticas de acolhimento e de convivência entre os mestres, dos mestres com os estudantes e entre os próprios estudantes. A escola que ensina e prepara os seus estudantes para compreender o mundo do trabalho, da política e da cultura, e convoca a todos para darem sua palavra e contribuição, é a escola de que a sociedade atual está precisando. Só uma geração de professores e gestores humanizados, críticos, sensíveis e participativos produzirá uma geração de estudantes sensíveis, críticos e humanizados! A prática pedagógica cotidiana nos educa! Mas, a despeito de nossa crítica histórica, estamos com olhos, corações e mentes cheios de esperança. Estamos num mundo muito estranho. Planetas novos são descobertos e outros perdem sua milenar identidade. O poder da tecnologia é maravilhoso. Mas, se de um lado esta constatação produz admiração em todos os que sentem seu poderio, o contraste se faz presente - depara-se sempre o observador com a exigente dificuldade de criar critérios éticos e políticos para manejar estes potentes recursos. Sempre busco compreender a educação como uma resposta aos desafios de nosso tempo. Nesta direção, reiteramos sempre que nosso milênio ainda reserva amplas novidades, é um tempo que acaba de nascer. Um novo tempo ou uma nova civilização nos espera. E a educação, que é a produção do homem para viver em sociedade, deve projetar utopias que possam unir e juntar a todos, numa grande marcha para a época de plenitude da condição humana, a instigar um horizonte de esperanças e realizações. Comecemos por nós!
Sobre o autor César Nunes (profcesarnunes@gmail.com) Professor Cesar Nunes é licenciado em Filosofia, História e Pedagogia. É Mestre em Educação, Doutor em Filosofia, Livre Docente em Educação pela UNICAMP. É Professor Titular da Faculdade de Educação da UNICAMP. Coordenador do Grupo de Estudos PAIDEIA e vice-chefe do Departamento de Filosofia e História da Educação. Escreveu 31 livros e 09 capítulos de livros sobre Educação, Filosofia, Ética e Formação de Professores. Orientou 43 dissertações de Mestrado, 29 teses de Doutorado e 06 pós-doutorados. Finalizou 07 projetos de pesquisas CAPES/CNPQ.
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A sala de aula como ambiente de gestão e decisão pedagógica do professor Heloísa Lück
Cabe reconhecer que o processo ensinoaprendizagem, por ser uma ação de natureza humana e interpessoal, apresenta uma complexidade muito maior do que a que se pode facilmente visualizar e compreender. Trata-se de um processo intricado e dinâmico, por envolver, de forma interativa, inúmeros aspectos, elementos e fatores das mais diversas ordens, como os biológicos, sociológicos, psicológicos e filosóficos, além dos pedagógicos, que são examinados e orientados por teorias e concepções diversas. A manifestação mesclada de todas essas dimensões, em múltiplos desdobramentos, variando em natureza, abrangência e profundidade, de acordo
O relacionamento interpessoal é condição que atribui à aprendizagem o caráter educacional e formativo e que permite ao aluno tornar pessoal o processo de aprender e a desenvolver competências humanas, tal como é proposto nos objetivos educacionais das instituições de ensino.
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com as características do trabalho pedagógico, aponta para o fato de que o processo ensino-aprendizagem demanda, do educador, uma perspectiva ao mesmo tempo abrangente e específica sobre os elementos em ação, bem como esforço contínuo e constante no sentido de compreender esses aspectos de modo a promover as melhores orientações e ações voltadas para a formação e a aprendizagem dos alunos. Nessa perspectiva, a atenção para a dinâmica interpessoal, as ações e reações em curso são aspectos que apontam para a necessidade de o professor cultivar competências de gestão, igualmente abrangentes e caracterizadas pelo esforço de mobilizar as motivações pessoais, coletivamente organizadas, para concentrar esforços em resultados. Dentre os elementos mais evidentes do processo ensino-aprendizagem que demandam a atenção do professor e dos gestores que coordenam e orientam o trabalho pedagógico, destacam-se, por influenciar diretamente os resultados educacionais: a) os alunos, com seu contexto sócio-econômicocultural, suas necessidades e motivações pessoais, suas condições físicas e de saúde, suas experiências sociais e suas emoções, seu estágio de desenvolvimento pessoal e seu histórico de aprendizagem; b) os professores, com seus valores, sua formação, seus conhecimentos, habilidades e atitudes, suas expectativas quanto à aprendizagem e desenvolvimento dos alunos e ao próprio trabalho docente para essa promoção, a natureza de sua experiência profissional, o nível de comprometimento com seu trabalho e
GESTÃO & NEGÓCIOS sensibilidade em relação aos alunos como pessoas; c) condições físicas e materiais disponíveis na escola, qualidade de seu espaço físico e sua organização, variedade das estimulações pedagógicas ofertadas e uso dos equipamentos e materiais disponíveis; d) cultura e clima organizacionais da escola, que se espelham na orientação regular do trabalho cotidiano e o seu modo de ser e de fazer, que vai desde os ambientes mais burocratizados e autoritários, até os informais e livres, de orientações claras e seguras — aspectos influenciados por crenças e valores cultivados nas ações e práticas do cotidiano escolar; e) liderança pedagógica e gestão escolar, que influenciam a qualidade do ensino e o desenvolvimento da cultura e do clima
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organizacionais da escola; Nenhum desses elementos, em suas peculiaridades, pode ser desconsiderado na organização do processo de ensino e aprendizagem. Por esses e muitos outros aspectos, esse processo é um trabalho complexo que envolve e exige múltiplas competências orientadas pelo enfoque de gestão integradora e articuladora. Ele depende, portanto, de um grande conjunto de habilidades, conhecimentos e atitudes do professor, a fim de que possa, a cada momento do desenrolar de suas aulas, tomar decisões e aplicá-las em ações bem orientadas e informadas, com base na visão de todos os elementos que interagem no processo. Por outro lado, tendo em vista o caráter de dinâmica social e interpessoal, o processo ensino-aprendizagem está sujeito a uma dinâmica
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GESTÃO & NEGÓCIOS constante, caracterizada por ações e reações, tensões e omissões que necessitam de habilidades de gestão pelas quais o professor interfere, articulando os elementos no ambiente pedagógico, de modo a orientar efetivamente a aprendizagem de seus alunos. A seguir são analisadas algumas das situações peculiares do processo ensino-aprendizagem a serem apreciadas pelo professor, na gestão desse processo e de suas turmas que, muitas vezes, não são levadas em consideração como importantes elementos do processo. Sem a devida atenção sobre os mesmos, o que se obtém é o que se promove comumente: aulas formalmente dadas, planos cumpridos, controle de comportamento dos alunos, sem que se promova o interesse e o gosto por aprender.
O relacionamento interpessoal como importante objeto de gestão na sala de aula
A promoção da aprendizagem em sala de aula se constitui em um processo pedagógico de natureza psicossocial, que envolve a interação de alunos com seus colegas e destes com os professores na observação, apreensão, análise, comparação, sistematização de fatos, fenômenos, circunstâncias e características de objetos de estudo, discussão, reflexão e interpretação, para a construção de significados e desenvolvimento de competências dos alunos, voltadas à sua formação. Conforme proposto por Carl Rogers, educação é processo de relacionamento interpessoal que envolve professores e alunos, e se realiza a partir das características e da qualidade desse relacionamento (Zimring, 2010). Trata-se de uma visão autêntica do processo de educar, que supera a educação “tarefeira” (Rogers) ou a “bancária” (Freire), meramente formais (para não dizer realizadas pró-forma), de alcance limitado, desinteressante, com as quais pouco se aprende. O relacionamento interpessoal é condição que atribui à aprendizagem o caráter educacional e formativo e que permite ao aluno tornar pessoal o processo de aprender e a desenvolver competências humanas, tal como é proposto nos objetivos educacionais das instituições de ensino. Dessa forma, mobiliza a sua motivação, desperta o seu interesse e promove o seu envolvimento nas atividades de aprendizagem. Sem a consideração, pelo professor, dessa dimensão do trabalho docente, corre-se o risco de
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promover aulas marcadas apenas por um caráter instrucional informativo que, aliás, nos tempos atuais pode ser mais eficazmente desempenhado por meios eletrônicos, em cujo uso os alunos mostram-se muito mais familiarizados e hábeis do que seus professores. Por outro lado, essa aprendizagem factual e tópica, que deixa de envolver o aluno por inteiro e de forma participativa, resulta em aprendizagem funcional e passageira, da qual ele toma parte tão somente para “dar conta” das demandas apresentadas pelo professor como condição para alcançar, como contrapartida, uma nota que lhe permita progredir na escolaridade — mas que não contribui para a sua formação como pessoa. Vale dizer que, nesse caso, o progresso escolar estaria centrado em superficialidades e não em transformações pessoais necessárias ao seu desenvolvimento. Mediante esse entendimento, o professor desempenha na sala de aula o importantíssimo papel de mediar, articular, mobilizar, liderar, coordenar, apoiar e orientar processos sociais e interações tendo, como objeto de trabalho, conteúdos, métodos e atividades pedagógicas, de modo a canalizar e a desenvolver talentos pessoais em processos de aprendizagem pelos quais os alunos aprendem a conhecer o mundo, a conhecer-se e a situar-se nele. Observa-se, no entanto, que muito do que acontece na sala de aula é caracterizado por processos em que a interação não é promovida e orientada, como um elemento cotidiano e regular do processo ensino-aprendizagem, sendo até mesmo cerceado. Destaca-se que, como o aluno é um ser social, tanto tem necessidade de comunicar-se com seus pares, como de aprender a fazê-lo. Consequentemente, por impulso, realizando essa necessidade educacional, comunica-se com os colegas, mesmo sem a devida orientação, criando situações que os professores interpretam como indisciplina. Esse relacionamento interpessoal reprimido, gera condições que levam o aluno a se relacionar com os colegas de forma clandestina, vindo a agravar o que os professores denominam de rebeldia ou oposição. Verifica-se que as queixas de indisciplina dos alunos na sala de aula são crescentes e vistas pelo professor como problema e responsabilidade dos alunos ou dos diretores escolares, transferindo, assim, responsabilidades em relação à orientação educacional da situação que ocorre na sala de aula. Mediante a omissão dos professores de examinar por que esses comportamentos ocorrem e qual a sua relação com a
GESTÃO & NEGÓCIOS dinâmica das aulas, com sua metodologia de trabalho e com o relacionamento interpessoal que adotam com os alunos, os professores perdem a oportunidade de se aproximar destes e se transformam em burocratas do cumprimento de planos de ensino. A análise de questões relacionadas a esses aspectos, que fazem parte estruturante da qualidade do processo de ensino e aprendizagem e sustentam o nível de qualidade do ensino, constitui-se, portanto, em condição necessária para que o professor tenha uma percepção mais abrangente e dinâmica desse processo, como uma atividade de gestão articuladora de múltiplas dimensões que não as exclusivamente do trato de conteúdos da aprendizagem que reduz o processo de ensino à instrução e ao seu caráter tarefeiro e bancário. Ao se ater à mencionada expressão limitada da
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educação, o olhar aligeirado e desprovido de fundamentação pedagógica consistente sobre o que acontece na sala de aula, pode-se observar que nesse espaço ocorre uma prática comum a todos esses ambientes, em que professores se encontram dando aulas enquanto os alunos os ouvem, fazendo anotações. Em geral, e dessa forma, deixa-se de observar variações que ocorrem a partir de sinais importantes que afetam a qualidade do ensino, por exemplo, as formas de comunicação verbal e não verbal muitas vezes sutilmente manifestadas, a sua frequência e variação, a quem essa comunicação é dirigida e a quem não é, a dinâmica interpessoal organizada ou espontânea, subjacente ao convívio em grupos de pessoas, dentre outros aspectos significativos na determinação dos resultados do processo de ensino e aprendizagem.
Depoimento Ricardo Ciappina
Diretor Executivo Dom Bosco Balsas — Maranhão Sinto que nossa escola se enquadra muito bem na abordagem de gestão apresentada no texto da professora Heloísa Lück. Temos uma proposta pedagógica bem definida, o que orienta a formação do professor e o desenvolvimento das atividades docentes. Justamente por possuir uma linha pedagógica claramente estabelecida, a escola trabalha na capacitação do corpo docente para que eles tenham autonomia no desenvolvimento de suas aulas, que são alinhadas com essa proposta. Investimos bastante na infraestrutura tecnológica das salas de aula, com a orientação da equipe do Sistema de Ensino Dom Bosco, fornecendo ferramentas que potencializam o trabalho. Capacitamos os professores no uso de tais ferramentas, pois já selecionamos, para compor o grupo, profissionais com reconhecidas formação acadêmica e experiência. A formação continuada, uma condição de responsabilidade compartilhada entre professores e instituição, tem como foco a melhoria das condições de ensino e aprendizagem. Por exemplo, disponibilizamos, a eles, softwares capazes de auxiliar na busca de informações para atender às
necessidades emergenciais das aulas, com conteúdos confiáveis e seguros. Isso modifica a cultura escolar, permitindo ao professor uma interação com o aluno, num aprendizado colaborativo. Por outro lado, buscamos o reconhecimento do empenho do docente na superação das barreiras de formação continuada (nossa cidade e região carecem de bons cursos de pós-graduação). A maior parte do nosso corpo docente já é especialista ou mestre, mas ainda queremos apoiar de forma mais concreta o estudo continuado - trata-se de um sonho ainda por realizar. Para tanto, contamos com a consultoria pedagógica do Sistema de Ensino Dom Bosco que dá suporte e capacita continuamente nossa equipe. Apoiamos e fomentamos a criação de projetos de ensino-aprendizagem para que a escola consiga superar os limites da “zona de conforto” e enriqueça as aulas. Em eventos festivos da escola, destacamos as iniciativas dos professores em projetos inovadores, como uma forma de homenageá-los. Assim, nossa gestão não se pauta apenas pelo investimento material, mas pelo investimento humano. Revista PAD
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GESTÃO & NEGÓCIOS
A abrangência e a complexidade do processo ensino-aprendizagem: condições que demandam contínua observação e reflexão pelo professor
Pela interinfluência de todos os aspectos envolvidos em cada momento e atividade o processo ensinoaprendizagem é único e de extrema importância, demandando a contínua reflexão sobre como promove suas práticas e que resultado aufere delas. O que acontece na sala de aula? Como é promovida a aprendizagem dos alunos? Como o professor estimula e orienta a sua aprendizagem? Como é o processo de interação dos alunos entre si e com o professor? Como são os processos sociais da sala de aula? Como é organizado e utilizado o tempo da aula? Como o professor orienta as atividades de aprendizagem individuais e em grupo? Que métodos e processos o professor adota para orientar a ativação de processos mentais dos alunos na resolução de problemas? Que princípios e postura adota para orientar desvios de atenção dos alunos? Que estratégias utiliza para variar a estimulação da atenção e atividades dos alunos? Como resolve desvios aos parâmetros de atenção e atividade desejados? Como realiza o acompanhamento da aprendizagem? Como lhes dá feedback sobre sua aprendizagem? Em que medida e de que forma essas práticas influenciam o comportamento e a aprendizagem dos alunos? Essas são algumas questões que devem ser levadas em consideração e orientar o olhar do professor e sua reflexão sobre o processo ensino aprendizagem que
ocorre na sala de aula, de modo que possa compreender a sua qualidade e identificar aspectos que funcionam positivamente e aqueles que deixam de influenciar a aprendizagem e formação dos alunos ou que até mesmo criam condições adversas a esse resultado. Essa orientação é assumida por professores interessados em melhorar o desempenho docente, de modo a dar maior efetividade ao trabalho de promover a formação e aprendizagem dos alunos. Também é assumida por gestores escolares, responsáveis pela orientação, coordenação e acompanhamento do processo ensino aprendizagem e pela garantia da sua qualidade. A divulgação dos resultados dessa prática é fundamental para que seja construída, nas redes de ensino, uma cultura de gestão do processo ensino aprendizagem e disseminação dos conhecimentos gerados por essa prática.
Gestão do processo ensino-aprendizagem é trabalho de mobilização da energia, da motivação, do talento, de interesses e processos mentais dos alunos, organizados em trabalhos individuais e grupais, para se concentrarem na observação, análise, comparação, integração de significados sobre os objetos de estudo e reflexão e resolução de problemas, como condição para sua aprendizagem e formação.
Referências FREIRE. Paulo. Educação como prática da liberdade. 19 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1989. ROGERS, Carl R. Liberdade de aprender em nossa década. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985. ROGERS, Carl R. Tornar-se pessoa. 5 ed. São Paulo: Martins Fontes,1997. ZIMRING, Fred. Carl Rogers. Coleção Educadores MEC. Recife: Fundação Joaquim Nabuco / Editora Massanguana, 2010.
Sobre a autora Heloisa Lück (www.cedhap.com.br / cedhap@cedhap.com.br) Diretora educacional do Cedhap (Centro do Desenvolvimento Humano Aplicado), em Curitiba/PR. Doutora em Educação pela Columbia University em Nova York, com Pós Doutorado em Pesquisa e Ensino Superior pela George Washington University, em Washington D.C, atua como conferencista, palestrante e docente em congressos, seminários, cursos de capacitação de profissionais da educação para sistemas estaduais e municipais de ensino, autora de várias obras sobre educação. Também é consultora no planejamento e implementação de programas de desenvolvimento educacional como foco na gestão, avaliação e planejamento de ensino. Foi professora titular da Universidade Federal do Paraná, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR) e consultora do Consed — Conselho Nacional de Secretários Estaduais da Educação durante 14 anos.
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Sem vergonha de dizer “não sei, vamos pesquisar juntos a resposta!” Tadeu Terra Como vencer os grandes desafios impostos pelas mudanças na sociedade, decorrentes do avanço da tecnologia e da comunicação? Nas reuniões com grupos de professores, ouvimos com frequência: “hoje, os alunos são muito indisciplinados, são desmotivados, não querem ler... Está muito difícil trabalhar na sala de aula!”. Porém, nestes mesmos encontros, deveríamos refletir sobre algumas questões: o que mudou na sala de aula nos últimos 20 anos? Os objetivos pedagógicos foram atualizados? E a relação com os alunos? O que o mundo cobra deles? Que conteúdos e habilidades são necessários para se ter êxito na sociedade? Com essas perguntas, vemos que as reclamações dos professores devem ser analisadas, relacionando e identificando os problemas, as possibilidades e as respostas a cada uma das profundas mudanças que a sociedade sofreu nesse período. A simples constatação de nossas práticas pedagógicas, esse olhar voltado apenas para o nosso fazer pedagógico, nos leva a recusar tudo que mudou, a velocidade dessa transformação, o mundo on-line, o dilúvio de informações associado ao maior respeito aos direitos humanos e à expansão da democracia. Hoje, a função da escola não é somente a de ensinar. Seu maior foco deve ser o de colaborar com o aprendizado dos alunos, trabalhando as competências e habilidades necessárias para o pleno exercício do trabalho e da cidadania, proporcionando-lhes, assim, o desenvolvimento das capacidades de analisar, selecionar, questionar e construir novas soluções para os velhos problemas da sociedade como um todo. Como professores, devemos entender que o volume de informações disponível às pessoas é muito grande e cresce diariamente de forma acelerada, tornando praticamente impossível dominar totalmente a grande quantidade de transformações ocorridas quase que instantaneamente. Como as
informações são públicas, estão sujeitas a comentários, críticas, sugestões e construções colaborativas; uma notícia é vista e analisada de forma imediata por todos que têm acesso à tecnologia, fazendo com que nos tornemos formadores de opinião e agentes de transformação social. Consequentemente, quem está excluído do mundo digital tende a se tornar um cidadão de “segunda classe”. Pensando nos grandes desafios a enfrentar, em primeiro lugar, é preciso compreender os múltiplos códigos e as linguagens, verbal e não verbal, a que estamos expostos desde o advento do livro impresso, passando pelo rádio, cinema, TV, até os computadores e a internet, cada dia mais acessada devido ao barateamento dos dispositivos e à conexão mais rápida. Infelizmente, as instituições de ensino superior não incorporaram, ainda, a importância de dominar as linguagens multimodais na maioria dos cursos de licenciatura, deixando uma lacuna na formação de grande número de professores. Hoje, é mais do que necessário sanar essas dificuldades para que possa ser melhor entendida a linguagem dos meios de comunicação, das propagandas e dos novos materiais interativos. Ler, interpretar e compreender textos nas suas diversas formas — imagens, vídeos, animações — exige estudo, tempo e colaboração. Outro ponto importante é perceber que as mudanças sociais são muito impactantes na dinâmica educacional. No século XIX, a mão de obra para a indústria era voltada aos conhecimentos pontuais, para um processo normalmente repetitivo, que não exigia grande quantidade de informações. As mudanças eram lentas e graduais, ao contrário de Revista PAD
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TECNOLOGIAS hoje, quando vemos o quanto os alunos necessitam aprender de forma rápida e com acompanhamento individual, o que muda o foco do processo de ensino e aprendizagem. A facilidade e o “como aprender” se tornaram grandes diferenciais. Esse processo de ensino e aprendizagem pressupõe uma mudança na relação dentro da sala de aula e no papel do professor, retirando dele a função de maestro e transformando-o em diretor do espetáculo. A ele caberá desenvolver, com o grupo, competências e habilidades de forma coletiva e colaborativa para a elaboração de toda a performance, no caso da sala de aula, a construção do conhecimento dos alunos, reunindo as habilidades diferentes de cada um, facilitando as trocas e a busca, aproveitando as diferenças para construir um novo espetáculo, o do conhecimento, fruto das interações e do melhor de cada aluno. Neste ponto está a grande contribuição da tecnologia, que permite pensar na personalização da educação, tratando os diferentes de forma diferente. A educação personalizada não está relacionada ao tipo de dispositivos tecnológicos utilizados na escola (notebooks, desktops, tablets), pois estes são meros meios de distribuição e anotação. As plataformas de gestão do aprendizado são uma grande contribuição trazida pela tecnologia, pois nelas podem ser construídas propostas que permitem, a partir da definição clara do que se espera que os alunos aprendam, a construção de múltiplos caminhos para que eles atinjam suas metas, tendo respeitados, de forma individualizada, seus interesses e suas diferenças. Aqui, sem dúvida, aparecerá uma nova incerteza: como isso é possível? A tecnologia nos proporciona o trabalho em planos, com a apresentação de conteúdos e desafios de forma gradual, permitindo que o aluno interessado mergulhe profundamente no tema. Conforme ele enfrenta os obstáculos, a própria plataforma reorienta os estudos, possibilitando sanar dificuldades e propondo níveis maiores ou menores de complexidade. Assim, o caminho do aprendizado é diferente para cada um. A missão dos desafios não é criar um recorte de “sucesso ou insucesso”, mas sim garantir ao aluno um processo contínuo de construção do conhecimento esperado, sempre respeitando seu tempo de aprendizagem. É importante também destacar que no grande impacto que a tecnologia produz na sociedade, particularmente na escola, existe a possibilidade de
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todo cidadão se tornar um protagonista social. Todos temos acesso à informação e a nós, educadores, cabe mediar a relação tecnologia-aluno, orientando-o na utilização e produção consciente, para que saiba selecionar o que é ou não adequado. A escola deve disseminar condutas responsáveis, deixando claros os limites de direitos e deveres, em busca de eliminar preconceitos e tornar inaceitável o desrespeito às diferenças. Educadores, estamos prontos para atingir nossos objetivos! Para isso, basta que sejamos generosos com as nossas dificuldades e erros, compreendendo que vivemos em um mundo em transformação e que a tecnologia está a nosso serviço para que revolucionemos o processo educativo. Finalizando, lembremo-nos de que não é vergonhoso dizer aos nossos alunos: “— Não sei. Vamos pesquisar na internet para descobrir a resposta!”.
Tadeu Terra Divisão de Tecnologia Digital e de Desenvolvimento de Conteúdos Digitais para Educação Básica da Pearson Brasil
AQUI TEM DOM BOSCO
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Inteligência Emocional Colégio e Curso (IE) Expansão das instalações para atender 1200 alunos da educação infantil ao ensino médio e implantação do projeto de sustentabilidade com aproveitamento da água recolhida em cisternas
Instituto Educacional Nossa Senhora do Carmo, com 49 alunos Mudança de nome — Inteligência Emocional Colégio e Curso (IE)
1974
1996
Conquista da sede própria
1997
2000
Implantação do Ensino Médio e Pré-Vestibular
2007
2012
Parceria com o Sistema de Ensino Dom Bosco
Revista PAD
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AQUI TEM DOM BOSCO No depoimento a seguir, o diretor Flávio Jorge Chianca da Nobrega Coutinho narra a instalação de inovador projeto de sustentabilidade. Em suas palavras: "Difícil falar sobre algo que nasceu de uma ideia simples, de maneira informal." “No ano passado, inauguramos nosso novo prédio. Quando a escola funcionava apenas nas antigas instalações, tínhamos um problema sério no período chuvoso. Sempre que a chuva era forte, a rua ficava completamente alagada e era muito difícil entrar e sair da escola. Ao mesmo tempo, havia o volume de água que saía do nosso prédio. Enfim, água na rua + galeria entupida = rua inundada. Quando foram iniciadas as obras das novas instalações, pensamos em como aproveitar a água da chuva. O projeto hidráulico já estava sendo executado quando dissemos ao engenheiro que queríamos que fosse construída uma grande cisterna para que pudesse ser captada, para o novo prédio, toda a água da chuva possível. Assim foi feito. Hoje a água cai em pequenas caixas que servem de filtros e, em seguida, passa para a cisterna. A escola tem duas redes de água. A primeira, de água tratada, que atende aos bebedouros e às torneiras das pias dos banheiros. A segunda, de água da chuva, que atende as descargas dos banheiros e as torneiras dos jardins. Para que no período de seca não fiquemos sem água, foi implantada, como solução, uma boia submersa na cisterna, ligada à rede de água da CAGEPA (companhia fornecedora de água da região). No período sem chuva, a cisterna tem sempre 1/4 de
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sua capacidade preenchida. Resumindo, quando chove, sempre há espaço (3/4) na cisterna para captar água. Durante o período de chuvas, a escola praticamente não gasta com água. Recentemente, montamos a estrutura para captar a água da chuva para o ginásio e, em breve, vamos construir outra cisterna, nos mesmos moldes, no prédio antigo. Há semanas não chovia em João Pessoa, mas enquanto escrevia este texto, caía uma forte chuva que encheu a cisterna, o que significa quase duas semanas sem gastar com água. Criamos uma solução simples, barata, que ajuda a não alagar as ruas e a diminuir o consumo de água tratada. Já os professores utilizam o projeto como instrumento de trabalho e ainda geramos uma economia no caixa da escola.” Quando a consultora pedagógica Alessandra Granemann visitou a escola, percebeu o potencial de uso desses recursos e sugeriu a instalação de chuveirões no pátio para que as crianças da educação infantil pudessem se refrescar, sem os riscos inerentes ao uso de uma piscina. A sugestão foi acatada pela escola e tornou-se um sucesso. O Sistema de Ensino Dom Bosco, por meio de seus consultores pedagógicos, tem se dedicado a apoiar e divulgar iniciativas como a que foi criada pelo IE de João Pessoa. A qualidade de vida, a sustentabilidade e a preservação do meio-ambiente representam pilares para a marca Pearson/Dom Bosco e, com grande satisfação, publicamos a experiência desta escola parceira. Tem Dom Bosco em João Pessoa!