PAD 50 Anos

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ESPECIAL CONSELHO DE CLASSE É possível inovar e melhorar

GABRIEL CHALITA Em entrevista exclusiva

GESTÃO & NEGÓCIOS Está aberta a campanha de matrículas para 2012


PALAVRA DA DIREÇÃO

Dom Bosco: 50 anos de história RAÍZES E ASAS POR UMA EDUCAÇÃO TRANSFORMADORA

Em 2011, comemoramos 50 anos de história educacional. Nesse meio século, mais de 1 milhão de alunos estudaram com nossos materiais didáticos em todo o Brasil e no exterior. Os princípios que sempre nortearam nossa proposta de trabalho foram seriedade, consciência, competência e dedicação. A seriedade nos orientou sempre a tratar a educação com o respeito e a importância que lhe é devida. Para isso, todos os profissionais do grupo buscam, em suas atribuições, atentar para a correta produção e execução da linha pedagógica que adotamos no decorrer da nossa história. A consciência até hoje nos mostra o tamanho de nossa responsabilidade de compartilhar com nossos alunos e escolas parceiras as modernas práticas pedagógicas alinhadas com uma educação alicerçada em princípios sólidos que garantam um aprendizado consistente e prático para a formação plena do cidadão. A competência norteia todo o trabalho do nosso Centro de Pesquisas e Assessoria Pedagógica para auxiliar as escolas conveniadas a compartilharem de nossa visão educacional e garantir os bons resultados para seus alunos e professores. A dedicação nada mais é que a revelação da satisfação que temos em realizar nosso trabalho. Aqui, no Dom Bosco, buscamos criar um clima institucional harmonioso e que possa ser percebido pelos nossos clientes através da cortesia, agilidade e qualidade dos serviços. Enfim, para nós, educar é construir um caminho seguro para a vida, alinhando tradição e modernidade em nosso sistema de ensino. Esperamos que você, professor, coordenador, diretor, possa aproveitar a edição especial que preparamos. Os textos aqui apresentados tratam de questões que nos fazem refletir sobre a consistência de uma educação tradicional aliada aos avanços necessários para torná-la inovadora e podem auxiliá-lo no início desse ano letivo com questões práticas do seu cotidiano escolar. Como diretora geral do grupo do Dom Bosco, coloco-me à disposição para receber sugestões, críticas e comentários para que possamos continuar escrevendo nossa história.

A Revista PAD - Programa de Aperfeiçoamento do Docente é uma publicação do Sistema de Ensino Dom Bosco. www.nossodom.com.br Conselho editorial Diretora geral: Cristiane Pizzatto Colaboradores: Rosane Nicola, Ari Herculano de Souza, Heloisa Harue Takazaki e Vânia Bittencourt Coordenação editorial/ pedagógica: Robson Cruz Gerente nacional de comunicação corporativa: Maisa Dóris Supervisor de marketing: Fábio Ostrowski Coordenadora geral e jornalista responsável: Maisa Dóris (Mtb: 29.952) Projeto editorial e produção gráfica: Bruno Baccan (Marketing Dom Bosco) Fotolito e impressão: Gigapress Tiragem: 10 mil exemplares Publicidade e aquisição de exemplares: publicidadepad@dombosco. com.br Escreva para a Redação: redacaopad@dombosco.com.br

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Cristiane Pizzatto Diretora Geral – Editora Dom Bosco cristianepizzatto@dombosco.com.br

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Boa leitura!

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EXPEDIENTE


ÍNDICE DESTA EDIÇÃO

14 Conselho de Classe Um conselho de classe inovador.Veja como isso é possível.

ESPECIAL

MATÉRIAS

4 PAD Entrevista Chalita - Uma conversa informal.

6 Sala de Leitura Sugestões de leitura e propostas de trabalho inovadoras.

dos Professores 12 Sala Jornadas Pedagógicas 2011 - Raízes e asas por uma

Rápidas 17 Notas Bimestre ou trimestre?

educação transformadora.

aula 18 Sua Dicas e atividades pedagógicas sobre o carnaval

tem Dom Bosco 22 Aqui O empreendedorismo e o ensino com pesquisa.

para estimular a criatividade dos seus alunos.

24 Gestão & Negócios 50 anos de Dom Bosco. Inspire-se!

26 Ponto de Vista Sua escola está preparada para o letramento em duas línguas?

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PAD ENTREVISTA

Chalita UMA CONVERSA INFORMAL

Por Maísa Dóris

Chalita ficou conhecido na política como secretário de educação de São Paulo na Gestão Alkmin (PSDB). Além de escritor, professor, universitário palestrante e apresentador de programas televisivos, está entre os vereadores mais votados do país e tem como seguidores uma legião de profissionais ligados à área da educação, sobretudo professores. Eleito recentemente como deputado federal, ele é um dos fenômenos políticos nas redes sociais. Nesta entrevista à Revista do PAD ele aborda temas como disciplina, a figura da família e da escola na educação, entre outros assuntos da atualidade. PAD - Alguns fatos recentes na relação professor-aluno no país, que se tornaram públicos, parecem demonstrar um desequilíbrio nessa relação. O Sr. acredita que tais fatos são mais que pontuais e talvez demonstrem a ausência da família na questão da formação da disciplina do ser humano? Ainda, o Sr. acredita que algumas famílias brasileiras terceirizaram a educação (formação) da criança e do jovem? CHALITA - Acredito que a primeira grande influência na história de uma pessoa se dá na família. As primeiras impressões, os primeiros valores, os primeiros traumas etc. A relação familiar é uma relação essencialmente educativa. Os pais são para os filhos os referenciais que ficarão para sempre. Infelizmente, a família passa por uma difícil crise, e isso repercute na história dos filhos e assim, evidentemente, na história dos alunos. Os professores encontram dificuldades em contratar com os alunos relações baseadas em liberdade e em limites. Os limites são fundamentais para o crescimento equilibrado de uma pessoa. Como os filhos não experimentaram em casa os limites, têm mais dificuldade de aceitar isso na escola. Outro fator é o respeito. Os filhos têm de respeitar os pais, que também têm de respeitar os filhos. Essa base facilita a ação educativa na escola. Um dos pilares da educação é o aprender a conviver. Se o aluno não tem uma boa convivência em sala de aula, como ele haverá de conviver na vida?

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PAD - Aproveitando um pouco de sua experiência à frente da Fundação Casa, qual é a posição do professor em relação à disciplina da criança? A escola é coadjuvante ou pode ser mais que isso? CHALITA - O professor precisa conquistar sua autoridade. Autoridade imposta é autoridade sem legitimidade. O aluno precisa perceber que o professor é afetivo, amigo, mas que é uma autoridade e que está na sala de aula para acrescentar algo. E isso é desafiador. O professor é um instigador do processo de ensino-aprendizagem. Ao trazer novos horizontes, ele precisa conduzir de maneira equilibrada a conquista do conhecimento pelo aluno. A competência do professor, sua criatividade, sua didática envolvente acabam por ajudar a minimizar os problemas com a indisciplina. Acredito muito nisso. PAD - A violência presente em nossa atual sociedade pode ser considerada como produto de uma educação escolar deficitária? CHALITA - A violência é decorrente de vários fatores. A educação precária é um deles. Não se pode resumir a educação à sala de aula. Educar é um verbo muito mais complexo. Família, escola, mídias, relações sociais, relações profissionais, em todos esses espaços se educa e se é educado. Quando essas relações falham, a violência surge. A drogadição, uma das razões da violência, decorre, entre outros fatores, da baixa autoestima. O álcool, que expõe os componentes de preconceito de gênero, também. Vejam os índices de violência contra a mulher. É preciso e é desafiador construir uma educação que prepare de fato para a vida, para o exercício da cidadania e também para o mercado de trabalho, como reza o artigo 205 da Constituição Federal. PAD - Qual o papel da escola, mais especificamente do coordenador pedagógico ou mesmo do professor, na orientação dos pais quanto à educação de seus filhos em casa? Como tornar possível esse diálogo de forma construtiva, tendo como foco a criança e o adolescente?

Sobre Chalita Nascido em 30 de abril de 1969, em Cachoeira Paulista - SP, doutor em Direito e doutor em Comunicação e Semiótica.


PAD ENTREVISTA

CHALITA - É preciso criar uma estratégia de participação da família na escola. Antigamente, alguns diretores ou coordenadores pedagógicos temiam essa participação dos pais, com alguma razão. Há alguns pais que são inoportunos, que não conseguem compreender o mister educativo da escola. Há pais que deseducam os filhos na frente dos educadores. Que se mostram inadequados, autoritários ou, em outros casos, ausentes. Esses pais precisam ser educados sob o risco de se perder tudo o que é feito pelos seus filhos. E para isso a escola tem de ter ações que eduquem a família. Não apenas palestras, mas grupos de trabalho, oficinas de convivência, solução de problemas em família. PAD - O fator tempo parece ser ainda o grande vilão na vida do professor. Alguns, com acesso às inúmeras facilidades que são oferecidas pela tecnologia, afirmam não conseguir equilibrar o preparo das aulas com as ferramentas tecnológicas que podem agregar valor a ela. Como resolver essa equação? Como fazer o professor não se desanimar com o volume de informação e possibilidades? CHALITA - Com programas de formação continuada. O professor tem de ser, antes de tudo, um aprendiz. Ele precisa estudar o tempo todo. Sozinho, talvez não consiga, exatamente pelo excesso de trabalho e de cobranças. O ideal é que a formação se dê em serviço. Em escolas particulares ou públicas, o professor é a alma do processo educativo, é ele que precisa ser respeitado, valorizado e bem formado. Repito, a formação tem de ser continuada. Por melhor que seja a formação inicial do professor, a dinâmica da vida e da sala de aula não para e ele também não pode parar. PAD - O que ainda falta trazer para a sala de aula? Como o professor pode se reinventar e se motivar para fazer seu trabalho de forma produtiva? CHALITA - O professor tem de gostar do que faz e a partir disso conhecer os seus alunos. Cada turma requer uma atenção própria. Os alunos são diferentes, as turmas são diferentes. O professor precisa saber que não há homogeneidade no processo educativo e exatamente por isso seu preparo para a aula construída anteriormente ou improvisada é fundamental. O que é improvisar? É agir bem na adversidade. E os professores experimentarão muitos momentos de adversidade exatamente por aquilo que já falamos com relação à falta de uma educação inicial por parte das famílias. A sala de aula precisa ser um espaço agradável, porque é agradável aprender. É saboroso saber. Ainda, é instigante navegar em novos mares. Essa poética é indispensável mesmo nos conteúdos mais áridos.

PAD - O país atualmente respira outros ares com relação à educação. Grandes grupos educacionais se formaram no país e outros, internacionais, chegaram por aqui. Como o Sr. avalia essa realidade, quais os benefícios para a sociedade brasileira nesse sentido? Tempos melhores virão? CHALITA - Que venham outros grupos, que mais empresários sérios invistam na educação, que tenhamos mais concorrência e melhor aperfeiçoamento desses serviços tão necessários. Quando fui secretário de educação do estado de São Paulo e presidente do CONSED (Conselho Nacional dos Secretários de Educação) fiz de tudo para impulsionar essa parceria entre público e privado. Quanto mais, melhor. Não temos de ter preconceito. Há grupos empresariais que investem na educação e que não são sérios, mas isso não deve ser um fator de preconceito com relação a tantos outros que prestam um extraordinário serviço ao nosso país. Assim como há escolas públicas que são uma lástima, o que não pode servir para generalizar e reduzir a educação séria e competente que muitos professores, diretores, famílias, funcionários e, naturalmente, alunos fazem acontecer. É o momento da educação, e todos os esforços sérios devem ser recebidos com entusiasmo.

A violência é decorrente de vários fatores. A educação precária é um deles. Não se pode resumir a educação à sala de aula. Educar é um verbo muito mais complexo.

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SALA DE LEITURA LIVROS PARADIDÁTICOS: SUGESTÕES DE LEITURA E CADA UM MORA ONDE PODE Sinopse: Passeando por letras e frutas, o Bichinho da Maçã analisa a morada de alguns de seus amiguinhos e chega à conclusão de que a melhor de todas é a sua casinha. O livro aborda, de maneira bem-humorada, várias letras do alfabeto, além de diversas formas de moradia.

1° ano – 5/6 anos Autor: Ziraldo Editora: Melhoramentos

Sugestão de trabalho: Além das letras, é interessante abordar as diversas formas de moradia. O tamanho da casa não significa muito. Uma casa pode ser grande, mas não ser aconchegante. Outras são pequenas, mas muito acolhedoras. Além do mais, o importante não é a casa, mas a vida que se leva dentro dela. - Ressaltar a importância da vida em família. - Explicar também que todas as moradas devem ser respeitadas, pois, como diz o título do livro, cada um mora onde pode, e existem aqueles que não têm onde morar, o que não é justo. - Trabalhar com a questão da desigualdade social e sobre o direito que todos têm de habitação. Fazer uma roda de conversa onde se fale sobre a falta de moradia: “Você conhece alguém que não tem casa? Por que você acha que as pessoas moram nas ruas? O que você acha que as autoridades poderiam fazer para evitar que pessoas vivam nas ruas?” - Instigar os alunos a falar sobre o local onde moram, a reproduzir por meio de desenho o local onde moram ou gostariam de morar.

A MULHER QUE FALAVA PARA-CHOQUÊS Sinopse: O livro conta a história de Dirce, uma mulher que trabalha numa cabine de pedágio. Para fugir da rotina, ela começa a anotar frases que lê nos para-choques de caminhão que passam por ali. De uma hora para outra, ela começa a falar usando essas frases: na conversa com a vizinha, na fila do supermercado... e aí começa a confusão.

2º ano – 6/7 anos Autor: Marcelo Duarte Editora: Panda Books

Sugestão de trabalho: Sugira aos alunos que anotem, durante um final de semana e com a ajuda de seus pais, placas com escritos interessantes, sejam elas de para-choques ou de estabelecimentos comerciais. Na aula seguinte, compartilhem as descobertas em roda de conversa. - Traga para a sala de aula imagens de placas engraçadas ou curiosas. Use a internet como ferramenta de suporte para isto. - Questione os alunos se conhecem pessoas que têm mania de falar alguma frase ou expressão. - Em roda de conversa, procurem identificar personagens de desenhos animados ou novelas que digam palavras ou expressões com certa frequência (Piu-piu: “Eu acho que vi um gatinho”; Popeye: “Macacos me mordam!”). Ao final do trabalho, peça às crianças que criem dizeres de para-choques de caminhões, para exporem em sala de aula.

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SALA DE LEITURA PROPOSTAS DE TRABALHO INOVADORAS FELPO FILVA Sinopse: Felpo é um coelho solitário que escreve poemas tristes. Um dia ele se surpreende com um envelope grande, lilás, amarrado com um laço de fita. Apesar de nunca abrir uma só correspondência, ele não aguenta a curiosidade, abre o envelope e a partir daí sua vida muda. Sugestão de trabalho: O livro apresenta diversos gêneros textuais: poema, fábula, manual, carta, receita e autobiografia. Ele permite o contato do jovem leitor com as diversas funções da escrita. - É interessante sentar com os alunos em roda de conversa e, com eles, identificar os gêneros que vão aparecendo ao longo da narrativa: autobiografia, manual de instruções, carta, poema, provérbio (“Quem planta ovo colhe passarinho”), bilhete, telegrama, bula, fábula, conto de fadas, receita, lista, cartão-postal, partitura, além de capa de livro e nota de rodapé.

3º ano – 7/8 anos Autor: Eva Furnari Editora: Moderna

- Pedir aos alunos que escrevam seus próprios textos usando alguns desses gêneros é uma boa atividade. Também há possibilidade de trabalhar outros, como charges e textos dramatúrgicos. O livro trabalha também a questão das diferenças e do preconceito, vivido pelo protagonista Felpo Filva por causa de suas orelhas curtas. É interessante trabalhar essa questão com as crianças, pois possivelmente há na sala de aula ou na escola alunos com algum tipo de diferença: que usem óculos, aparelhos corretivos (para dentes, pernas etc.), aparelhos de apoio (cadeira de rodas e muletas). Mostre a elas que as diferenças são mais comuns do que se imagina. - Saliente que ninguém é perfeito e que a deficiência mais grave que uma pessoa pode ter é a de caráter. - Outra questão abordada pelo livro é a dificuldade de lidar com críticas. É muito importante trabalhar isso com as crianças, porque nem sempre temos razão nas coisas que fazemos ou falamos, e devemos estar abertos a críticas. - Apesar de nossos talentos, devemos reconhecer nossos defeitos e aprender com eles. Ao aceitar as palavras de Charlô, Felpo mudou sua maneira de escrever e se tornou uma criatura mais feliz.

A ÁRVORE DA FAMÍLIA Sinopse: Conhecer a história de nossa família pode ser algo bastante complicado. Mas nesse livro a autora Maísa Zakzuk explica como pesquisar sobre a família de modo simples e divertido. O leitor vai se transformar no repórter da família e descobrir sua árvore genealógica. O livro também traz a história da imigração no Brasil, explica a origem dos sobrenomes, conta curiosidades sobre o significado de vários nomes, dos brasões de família e ainda explica como fazer uma árvore genealógica. Sugestão de trabalho: Propor aos alunos que realizem pesquisa em casa com os membros da família, a fim de investigar suas origens. Trabalhando na pesquisa para a montagem da árvore genealógica de sua família, as crianças aprendem também geografia, história e cultura popular, dando margem à interdisciplinaridade.

4º ano – 8/9 anos Autor: Maísa Zakzuk Editora: Panda Books

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SALA DE LEITURA

- Para a pesquisa, os alunos podem tomar como base algumas perguntas encontradas no livro, como “Em que lugar do mundo minha família começou a existir?; Quantas gerações já existiram?; Como viviam meus antepassados?; Como eles chegaram até aqui?; O que eles faziam, onde moravam, o que comiam?”. Possivelmente os familiares não terão as respostas para todas as perguntas, e isso permitirá o envolvimento de toda a família no trabalho com a árvore genealógica. - Incentive os alunos a elaborar outras questões, mais simples ou complexas, dependendo do engajamento dos pais nesse projeto. - Outra atividade interessante é levar as crianças ao laboratório de informática para montar a árvore genealógica de sua família. Um bom site para isso é o http://www. familiaridade.com.br/arvoregenealogica.asp .

E SE FOSSE COM VOCÊ? UMA HISTÓRIA DE BULLYING Sinopse: Tudo seria perfeito na 4ª série B se não fosse a agressividade do aluno Animal e sua turma que, por meio de ofensas, xingamentos e gozações, agridem aqueles colegas que são um pouco diferentes: os que usam óculos, os mais gordinhos ou mais magrinhos. Mas a professora Nancy descobre uma forma divertida e eficiente de acabar com essas atitudes.

5º ano – 9/10 anos Autor: Sandra Saruê e Marcelo Boffa Editora: Melhoramentos

Sugestão de trabalho: O livro aborda a questão do bullying, expressão moderna que trata de um problema nada novo: a humilhação que muitos alunos sofrem na escola, por conta de alguma diferença física ou comportamental. A autora dá a dica: “Não podemos fazer com que as pessoas sejam do jeito que queremos. Se não tem remédio, não precisamos adorar, temos de aceitar”. - Em roda de conversa, questione se os alunos conhecem algum caso ou se já foram vítimas de bullying. Respeite a vontade de falar ou não de cada um. - A exemplo do livro, promova o “Dia dos Diferentes” em sala de aula. Para isso, peça colaboração dos alunos, pedindo que escrevam, num pedaço de papel, uma forma de deixá-los “diferentes”. - Um aluno pode sugerir o uso de óculos escuros, outro de muletas etc. Todos os papeizinhos são colocados numa caixa, bem dobrados, para que cada aluno selecione ao acaso uma “diferença”. - Os materiais necessários para vivenciar as diferenças devem ser providenciados pelo autor da ideia para o dia seguinte. Nesta ocasião, todos os alunos devem se adequar à diferença que selecionaram durante todo o período letivo. Ao final da experiência, eles fazem um relatório apontando as principais dificuldades e o que aprenderam com ela.

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MENINA NINA, DUAS RAZÕES PARA NÃO CHORAR Sinopse: Tratando da morte de forma profundamente sensível e utilizando uma linguagem simples, mas poética, o livro de Ziraldo conta a história de Nina, desde o seu nascimento, sua forte relação de carinho e admiração pela avó, até que acontece a morte dessa personagem. A narrativa, então, passa a ter um ritmo tenso: Nina questiona a morte de sua querida avó. A história termina com uma mensagem de esperança para aqueles que ficam. A morte acontece, mas o sentimento que predomina ao final da narrativa não é a tristeza. Sugestão de trabalho: O livro trata de um assunto delicado: a morte de uma pessoa querida. Converse com os alunos a respeito do assunto, perguntando se algum deles já perdeu alguém que amava ou conhece alguém que tenha passado por essa situação.

6º ano – 10/11 anos Autor: Ziraldo Editora: Melhoramentos

- Deixe-os se expressar livremente (tomando cuidado para não constranger ninguém). - Explique a eles que a morte é inevitável e que, embora dolorosa, devemos encará-la da melhor maneira possível. Se julgar oportuno, proponha pesquisa sobre como diferentes religiões veem a questão da morte e peça que apresentem os resultados em sala de aula. - Mudando um pouco o foco de atenção e tomando como base o enredo do livro, proponha aos alunos que pensem em alguém de quem gostem bastante e imaginem essa pessoa como sendo uma casa: “Que tipo de casa seria? Qual é sua aparência (porta, janelas, telhado etc.)? Que cores predominam nela?”. - Proponha aos alunos que desenhem a casa que imaginaram como sendo aquela que representa a pessoa escolhida. - Com os desenhos, realize a montagem de um painel e procure trabalhar também a questão das cores. - Oriente os alunos a perceber que, dependendo da emoção que se vive na narrativa, existe também a predominância de determinadas cores: o preto para o luto, o colorido para a esperança, o azul para a liberdade, e assim por diante.

O MALVADO

Sinopse: Um grande amigo ou um inimigo? O espelho às vezes nos mostra belos, outras revelam nossos defeitos: orelhas de abano, tanajura, nariz de tomada, cabelo ruim... A verdade é que devemos nos preocupar mais com nossa autoestima do que com nossa imagem. Sugestão de trabalho: À medida que as crianças crescem e aprendem a fazer comparações entre o belo e o feio, começam a comparar também a aparência dos colegas e a sua aparência com a deles, principalmente as meninas. E isso se acentua na fase da pré-adolescência.

7º ano – 11/12 anos Autor: Tatiana Belinky Editora: Mercuryo Jovem

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- O livro permite a discussão do tema “aparências”. É interessante abordar as seguintes questões: as pessoas não são perfeitas: todos têm defeitos e qualidades, e são essas características que fazem de cada pessoa um indivíduo único; há pessoas muito bonitas que são maldosas, invejosas, fofoqueiras, por outro lado, há pessoas não tão bonitas que têm um grande coração: o que é melhor?; muitas vezes nos achamos feios porque não nos aceitamos como somos: queremos ter outro tipo de cabelo, ser mais magros ou mais altos, e não percebemos a beleza que temos. - É interessante abordar também a influência que a mídia exerce sobre as pessoas, promovendo um estereótipo de beleza (a pessoa bela é magra, atlética, sorridente e tem cabelos bonitos). Sob esse aspecto, é importante falar sobre os extremos a que algumas pessoas chegam em busca desse padrão de perfeição: deixam de se alimentar, tomam remédios para emagrecer. - Falar sobre bulimia (transtorno alimentar que se caracteriza pela ingestão de grande quantidade de comida, seguida da indução de vômito ou ingestão de remédios laxantes, como forma de evitar o ganho de peso) e anorexia (disfunção alimentar caracterizada por uma dieta alimentar rígida e insuficiente para manter o corpo saudável).

DIÁRIO DE UM BANANA - FAÇA VOCÊ MESMO Sinopse: Primeiro livro da coleção, este livro tem forma de diário e conta com várias ilustrações. É escrito com linguagem bastante divertida pelo personagem Greg Heffley, um garoto de treze anos que está no sétimo ano do ensino fundamental e relata seu dia a dia escolar e familiar.

8º ano – 12/13 anos Autor: Jeff Kinney Editora: Vergara e Riba

Sugestão de trabalho: Embora a princípio o livro pareça ser destinado a meninos, meninas também podem lê-lo. O formato do livro resgata um gênero textual que já foi muito comum, mas que parecia um tanto esquecido até a publicação da série Diário de um Banana. O gênero discursivo “diário”, tendo em vista suas características, é um instrumento que pode servir tanto para a expressão de ideias, sentimentos e anseios do adolescente quanto para a prática da escrita. Ainda que escrito sem preocupação com a linguagem formal, permite ao aluno exercitar coesão e coerência textuais. Pode, ainda, ser um meio de o aluno descobrir suas habilidades, pois falar sobre si mesmo é revelar-se a si mesmo. Conhecendo-se melhor, o adolescente passa a se sentir mais seguro e a buscar atividades de seu interesse, que influenciarão em sua escolha profissional. O diário, além disso, pode auxiliar no trabalho do professor, que ao escrevê-lo pode refletir sobre sua prática pedagógica, o que contribui para a sua formação. - A proposta para o trabalho com esse livro é que cada um, professor e alunos, produza seu próprio diário após a leitura de O Diário de um Banana. Para isso, deve-se solicitar aos alunos que tragam um caderno novo e pautado para a sala de aula e materiais para personalização da capa, como papéis coloridos, plástico para encapar, recortes de revistas, adesivos etc. A produção do diário deve começar em sala de aula, com

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a personalização do diário, sendo que a primeira página do diário deve dar conta do início dessa experiência, e o caderno deve acompanhar o aluno ao longo do ano letivo. O interessante é que os alunos não leiam o que escreverem durante o ano, mas deixem para fazer isso ao final dele. Assim, perceberão o quanto amadureceram e aprenderam sobre si mesmos e sobre a vida por meio de seus relatos.

O PEQUENO PRÍNCIPE Sinopse: O livro devolve a cada um o mistério da infância. Apresenta personagens plenos de simbolismos: o rei, o contador, o geômetra, a raposa, a rosa, o adulto solitário e a serpente, entre outros, que fazem o leitor pensar na vida e no mundo. Pela mão do Pequeno Príncipe, um homem recupera seus tempos de menino e volta a sentir o perfume de uma estrela, a ouvir a voz de uma flor, a ver o brilho de uma fonte, a escutar os guizos das folhas batidas pelo vento. De repente, aqueles antigos sonhos e recordações, quase imperceptíveis na pressa do dia a dia, estão de volta. É uma obra que nos mostra uma profunda mudança de valores, que ensina como nos equivocamos na avaliação das coisas e das pessoas que nos rodeiam e como esses julgamentos nos levam à solidão. Entregando-nos a nossas preocupações diárias, tornamo-nos adultos de forma definitiva e esquecemos a criança que fomos. Sugestão de trabalho: Não há idade certa para ler O Pequeno Príncipe. Mas é certo que os que mais carecem dele são os adultos. O trabalho com esse livro na faixa etária de 13 a 14 anos permite reforçar nos adolescentes a crença de que podem fazer do mundo um lugar melhor, sentimento tão presente nessa época da vida.

9º ano – 13/14 anos Autor: Antoine de SaintExupéry Editora: Agir

- Trabalhando temas como amizade, fidelidade, simplicidade, o livro reforça ainda os valores transmitidos pelo sistema de ensino Dom Bosco desde a educação infantil: seriedade, consciência, competência e dedicação. O professor pode propor a leitura individual do livro e posterior discussão em classe, apontando os valores que ele traz. - Em seguida, é interessante que os alunos, em grupo, levantem possibilidades de aplicar os valores resgatados pelo livro em seu dia a dia, como ser mais atencioso com as pessoas, valorizar as amizades, ajudar o próximo. - Mais do que falar sobre valores, é interessante permitir aos jovens praticá-los de forma engajada, por meio de trabalho voluntário, de acordo com a possibilidade e a aptidão de cada aluno. Um aluno bom em Matemática pode dar aulas particulares numa escola pública; um aluno que goste de literatura pode contar histórias para crianças num abrigo; um aluno que goste de pintura pode pintar os muros de alguma instituição etc. - Organizar mutirão para despoluir margens de rios e plantar mudas de árvores também são boas ideias, mas que devem ser verificadas com a prefeitura da cidade. Verifique, com a direção da escola, a possibilidade de criar uma espécie de grupo de voluntários para atuar na cidade.

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SALA DOS PROFESSORES

Jornadas Pedagógicas 2011 TEMPO DE FORMAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO “O que eu sei do que eu sei?”. Talvez seja respondendo a essa pergunta, parafraseada do pensador francês Edgar Morin, que se encontre a resposta da necessidade de buscar cada vez mais o aperfeiçoamento docente nas escolas. Em um ritmo frenético para alcançar bons resultados, que hoje são traduzidos por aprovações em exames avaliadores da qualidade de ensino dentro das instituições, o corpo pedagógico das escolas enfrenta o desafio de não se esquecer de que esses exames também requerem deles reflexão sobre processos metodológicos que compõem o dia a dia da escola. Com isso em mente, quais os rumos das escolas para 2011? Segundo o próprio Edgar Morin, “a educação contemporânea não provoca somente conhecimento e elucidação, mas também ignorância e cegueira”. A maior parte do ensino nas escolas troca o todo pela parte e separa, na maioria das vezes, o objeto de conhecimento de seu contexto, fragmentando a visão do aluno, fracionando os problemas e impedindo as pessoas que tenham uma compreensão melhor da realidade que as cerca. Dentro dessa realidade, cabe ao professor o desafio de conseguir vislumbrar além de sua disciplina, entender

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um pouco mais das outras áreas para que as pontes de conhecimento possam ser estabelecidas entre os diversos saberes. Dentro de tal cenário, até mesmo os alunos já manifestam algum desconforto em relação a isso: “um aluno inquieto me disse um dia desses que os alunos, hoje, têm conhecimento sobre todas as matérias, mas os professores, não. Como se explica isso? Esse questionamento nos leva a pensar que ainda faltam mais professores interdisciplinares”, alerta o coordenador pedagógico Robson Cruz. Mas por que ainda faltam esses professores, se tanto se ouve que é preciso aplicar o saber sistematizado da sala de aula no dia a dia e fazer as pontes entre as disciplinas? Por que os que se formaram há mais de cinco anos não trazem tal preparo das universidades? “É preciso buscar atualização e pôr em prática um discurso tão bem aceito e que ninguém tem coragem de negar”, acrescenta Robson. A Revista do PAD ouviu educadores de todo o Brasil que equacionam da seguinte forma: o primeiro passo é vontade, o segundo é humildade para querer aprender, saber que a cada encontro com outros colegas, em seminários, semanas pedagógicas, reuniões


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de planejamento, palestras e jornadas, pode se aprender algo. Terceiro, o professor precisa, acima de tudo, ser leitor, saber o que acontece nas mais diversas áreas. O alerta que fica é o perigo de o professor se interessar basicamente por questões relacionadas à sua disciplina. Talvez um caminho seja criar uma geração de professores inquietos, que aprendam a investir em si mesmos e valorizem sua profissão sem se limitar ao conteúdo de sua matéria, sendo assim gestores do conhecimento e de seus alunos. Pensando nesse universo de necessidades e possibilidades, há muito que fazer ainda. O ano de 2011 de cada professor e coordenador pedagógico já precisa estar planejado e orientado para a busca de resultados efetivos com os alunos quando o assunto é interdisciplinaridade. “Para fornecer algum apoio para essas questões, nós, do Sistema de Ensino Dom Bosco, continuaremos firmes em nossos propósitos de proporcionar jornadas pedagógicas consistentes e inovadoras, sempre buscando despertar nos professores a vontade e o prazer de sair do lugar comum”, adianta Cristiane Pizzatto, diretora geral da Editora Dom Bosco.

Com o tema “Raízes e Asas por Uma Educação Transformadora”, o objetivo das Jornadas Pedagógicas do Dom Bosco em 2011 será mostrar a importância da seriedade de uma educação consistente, que se permite ousar em métodos, inovar em soluções de aprendizagem e ir além da sala de aula. “Os professores serão surpreendidos com formas, métodos e abordagens que permitirão à escola ser capaz de vislumbrar seu compromisso maior para a transformação individual de seus alunos e, ainda, contribuir para uma sociedade cada vez mais justa, sustentável, desenvolvida e pacífica”, incentiva Robson Cruz.

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Consultora Pedagógica

Por Maryanne de Freitas

PAD ESPECIAL

Conselho de classe

É POSSÍVEL INOVAR E OTIMIZAR A AJUDA OFERECIDA AOS ALUNOS

Hoje, se faz necessário uma mudança realmente ousada desse momento de avaliação.

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os caminhos antigos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia – e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” (Fernando Pessoa) Um dos momentos mais tensos numa escola, tanto por parte dos alunos quanto dos professores, coordenação e direção é, sem dúvida, o Conselho de classe. Trata-se de um instante decisivo para todos os envolvidos. O resultado pode gerar frustração e, muitas vezes, uma sensação de fracasso. O momento do conselho não deve ser visto como algo que definirá toda uma jornada letiva em apenas poucas horas, mas como consequência de um trabalho consciente e planejado. O momento do conselho de classe, na maioria das vezes, é usado como espaço de julgamento das ações dos envolvidos no processo de educar, em que ao professor se dá o “poder” de ensinar e ao aluno se dá o “dever” de aprender. A escola, como espaço de aprendizagem, relacionamentos e trabalho, tem recebido alunos mais críticos e

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famílias muito mais exigentes e participativas. Então, todos os momentos devem ser aproveitados para a troca de experiências e o alcance da excelência da aprendizagem de seus alunos. Hoje, se faz necessária uma mudança realmente ousada desse momento de avaliação.

UMA EXPERIÊNCIA “Ao desenvolver o conselho de classe como uma proposta interativa, a unidade escolar favorece a integração entre professor, aluno e família; torna a avaliação mais dinâmica, coesa e reflexiva; conscientiza o aluno sobre a importância do ensino e qual é o seu papel nesse processo, ressaltando os direitos e deveres do educando; intensifica o feedback e elaboração coletiva do plano de intervenção tão necessários ao processo educativo”, ressalta a consultora pedagógica do Sistema de Ensino Dom Bosco, Maryanne de Freitas. Muitas são as escolas que já realizam o conselho de classe com esse perfil, oportunizando a comunidade escolar e local momentos de discussão e reflexão sobre a problemática do cotidiano escolar – prática pedagógica, frequência, disciplina, relacionamento, acompanhamento


PAD ESPECIAL

familiar, participação e aproveitamento nas aulas. Esse é o momento em que todos ficam cientes do andamento dos trabalhos da unidade de ensino e da importância da participação de todos os envolvidos na discussão, análise e sugestões para o sucesso educacional dos seus alunos. Na oportunidade de reunir-se em conselho, dá-se aos alunos, famílias, funcionários, professores e equipe diretiva o direito responsável de avaliar o processo de ensino no decorrer do bimestre e/ou trimestre. Após um período de adequações, posicionamentos e adaptações, todos os envolvidos costumam sentir-se muito à vontade para exporem suas ideias e reivindicarem melhorias e, à equipe de suporte pedagógico, dá-se a oportunidade de esclarecer para a comunidade escolar sua preocupação e comprometimento com o sucesso educacional. Dessa forma, a equipe diretiva, os docentes, os discentes e a comunidade local acreditam que, por esse formato de conselho de classe, é possível elaborar estratégias de melhorias no processo avaliativo e de aprendizagem com o objetivo de obter, tão logo quanto possível, resultados mais significativos. É notório o envolvimento das famílias no acompanhamento de todo o processo educativo, bem como o melhor rendimento escolar dos alunos, gerando satisfação no corpo docente e criando uma corresponsabilidade entre todos os pares desse privilegiado processo.

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Registro de observação de sala de aula: ao final de cada bimestre e/ou trimestre, os representantes de classe, junto com a coordenação e orientação, realizam o registro de observação da turma. Nesse momento, os alunos listam as dificuldades encontradas e propõem sugestões de melhoria para o próximo período. As observações devem ser anotadas e levadas ao conselho de classe.

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Participação dos pais – 1º momento: é fundamental que a reunião de pais seja um momento para o registro das queixas e sugestões das famílias quanto ao rendimento escolar, disciplina, relacionamento e tantos assuntos quanto forem trazidos. Inicialmente, cabe ao professor anotar as questões levantadas em reunião de pais e levá-las ao conselho. 2º momento: quando a unidade escolar decidir que já é hora de alguns pais participarem do conselho de classe, deve comunicá-los por meio de convite, e não convocação. Uma sugestão interessante é determinar o número de pais que se possa atender com tranquilidade. Com certeza, a escola conhece suas famílias e não terá dificuldades em trazer esses parceiros para compartilhar desse momento privilegiado de avaliação.

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Participação dos funcionários: esses colaboradores têm, geralmente, um relacionamento muito próximo com os alunos. Sua participação no conselho muito pode contribuir, pois sua visão quanto aos aspectos que envolvem a vida escolar dos alunos é bem diferente da visão dos especialistas, o que pode tornar as discussões mais abrangentes.

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Sugere-se que a reunião de conselho de classe, propriamente dita, seja dividida em: 1º momento: participação de equipe diretiva, professores, alunos representantes, pais e funcionários. Nesse período, todas as observações anotadas pelos alunos representantes, pelos professores em reunião de pais, bem como, todas as sugestões dos professores e equipe diretiva são colocadas em pauta para discussão e busca de soluções e/ou encaminhamentos para o próximo bimestre ou trimestre. A sugestão é que se utilize como recurso uma dinâmica de grupo, quando todos os participantes sintam-se à vontade para avaliarem o bimestre quanto ao rendimento, à conduta, à disciplina, aos relacionamentos e atendimentos e, ao mesmo tempo, tenham o prazer em fazê-lo. Geralmente, a leitura de um pequeno texto, uma história que nos remeta à importância das

PROPOSTA DE ELABORAÇÃO E EXECUÇÃO DO CONSELHO DE CLASSE

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É necessário que a unidade escolar proponha essa mudança de forma gradativa, proporcionando aos envolvidos maturidade e aprofundamento necessário para as discussões.

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Sugere-se inicialmente que os alunos sejam incluídos no momento do conselho e, após um período que a escola achar conveniente, serem incluídos pais e funcionários.

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Eleição dos alunos representantes de classe: após um mês de aulas, as turmas de Ensino Fundamental e Médio elegem quatro alunos representantes de classe. Os eleitos pela turma têm a função de representá-la junto à coordenação e direção, acompanhar o registro de observação de sala de aula, participar da reunião de conselho e dar devolutiva aos colegas sobre conclusões e/ou sugestões que forem levantadas nessa reunião.

Na oportunidade de reunir-se em conselho, dá-se aos alunos, famílias, funcionários, professores e equipe diretiva o direito responsável de avaliar o processo de ensino no decorrer do bimestre e/ou trimestre.

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PAD ESPECIAL

transformações e mudanças auxiliam o mediador e participantes nesse tempo. Cabe ao mediador sugerir a forma como as turmas (alunos, professores, pais e funcionários) deverão apresentar ao grupo suas colocações. Ao fim desse momento, sugere-se que os alunos representantes anotem as questões e sugestões levantadas no conselho de classe e levem para a turma como forma de devolutiva e motivação para o próximo bimestre ou trimestre. 2º momento: participação de professores e equipe diretiva. Nesse momento, para os professores dá-se a oportunidade de apresentarem ao grupo participante as questões relacionadas aos aspectos quantitativos e qualitativos de todo seu trabalho no bimestre. Geralmente, é nesse momento em que se apresentam os resultados quantitativos dos alunos e também se definem as estratégias que serão utilizadas com os alunos que não atingiram a média, bem como as estratégias para atender as solicitações feitas pelos alunos, famílias e funcionários.

8 Todo investimento humano e material empregado durante a implantação desse modelo de conselho de classe traz uma enorme satisfação profissional e pessoal, pois o envolvimento no acompanhamento das estratégias sugeridas é de extremo cuidado e zelo, sempre buscando a melhoria das ações dos professores no ensinar-aprender e também das ações dos alunos no aprenderensinar.

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NOTAS RÁPIDAS

Bimestre ou trimestre?

AH, ISSO É NORMA DA ESCOLA... Não há nada mais complicado para uma escola que o professor, ao ser indagado por um pai sobre metodologia, horários, tipos de avaliação, entre outros

O QUE SE APLICA MELHOR A UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO? Muitas escolas têm pensado na trimestralidade para a divisão do ano letivo, objetivando o desenvolvimento de grandes projetos e a redução dos trabalhos administrativos. Alguns especialistas não concordam com essa prática, pois, segundo eles, reduzir o lançamento de quatro notas finais no boletim para três pode causar um impacto negativo no caso de alunos que ficam com nota baixa no primeiro e no segundo trimestre, já que há redução do tempo para recuperar notas, podendo, inclusive, ocasionar a evasão para colégios que adotem a bimestralidade. Algumas escolas que trabalham com a trimestralidade aplicam a média ponderada, que dá a cada trimestre um peso diferente para evitar esses transtornos. Enfim, não há certo e errado nessa questão. O importante é analisar os benefícios e prejuízos que cada uma das opções oferece, além de se refletir nas razões da mudança.

O SÉTIMO PECADO OU A SÉTIMA MARAVILHA? Historicamente, foi tradição das escolas de Ensino Fundamental 2 e Ensino Médio adotarem cinco aulas diárias. No início dos anos 2000, surgiram escolas que começaram a adotar seis aulas em razão da inserção de novas disciplinas ao currículo escolar. Agora, vem a sétima aula. Nesses colégios, os alunos entram um pouco depois das 7h da manhã e saem depois das 13h. Mas algumas perguntas ficam no ar: qual é o rendimento de um adolescente após as 12h30 com fome e cansado? É possível aplicar prova no último horário? É viável ensinar um conteúdo novo? É produtivo fazer uma aula de educação física? Como fica o relógio biológico do aluno no que diz respeito às refeições? Uma alternativa é manter cinco ou seis aulas diárias e implantar um ou dois dias por semana com aulas no contraturno. Isso pode parecer mais equilibrado se o assunto for rendimento escolar, no entanto, esbarra-se na logística da escola e do aluno que tem de ir e voltar para o colégio mais de uma vez ao dia. Trata-se, sem dúvida, de uma questão polêmica.

fatores, responder: “Ah, isso é norma da escola”. Ao ouvir isso, o pai tem a certeza de que o professor também não concorda com o procedimento adotado pelo colégio. O professor precisa saber responder com propriedade aos questionamentos das famílias. É necessário mostrar que os alunos estão em ótimas mãos e que o docente está preparado e seguro do que faz, bem como alinhado com todas as políticas determinadas pela instituição. É bom lembrar que os pais sempre estão em busca de assertividade. Converse sobre isso com sua equipe docente.

TEMPO DE RECOMEÇAR Volta às aulas sempre é um tempo de apreensão, dúvidas e ansiedade para os alunos. É papel da escola e do professor transformar esse período no mais prazeroso possível para os estudantes e também optar por atividades que gerem integração. Por isso, a escola precisa pensar em atividades que descontraiam o novo ambiente. O resgate das brincadeiras clássicas de roda e de campo, que fogem da tecnologia que muitas vezes prendem demais os alunos em momentos de pouca atividade física, pode ser uma boa sugestão. Nesses momentos descontraídos, o professor tem a oportunidade para observar características individuais como liderança, timidez e agressividade.

LEITOR Caso queira comentar algum artigo desta edição ou ainda solicitar desdobramentos sobre algumas das questões que foram levantadas nesta edição, entre em contato conosco através do e-mail robsoncruz@dombosco.com.br

Revista do

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SUA AULA

Projeto

CARNAVAL TRANSFORMANDO O CARNAVAL EM UM ESTUDO HISTÓRICO E SOCIOLÓGICO PARA

OS ALUNOS, ATRAVÉS DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS QUE ESTIMULEM A CRIATIVIDADE O carnaval é um estado de espírito, de expressão artística e de condição social em que as tradições milenares são projetadas pela criatividade, poder e imaginação, aliadas ao poder econômico, à sedução e ao desejo do homem moderno.

ORIGEM O carnaval não é uma festa tipicamente brasileira. Mas foi o Brasil que transformou essa milenar comemoração num evento de identidade nacional. O carnaval tem origem nos cultos agrários do Egito antigo e incorporado pela sociedade grega no século VII a.C. Para a origem e o significado da palavra carnaval, encontram-se duas versões. A primeira atribui à palavra carnaval uma origem profundamente religiosa, com um significado quase oposto ao da diversão, brincadeiras e malícia a que a associamos hoje em dia. “Carnaval” teria tido origem no latim carnevale (carne + vale = carne + adeus) e seria a designação da “Terça-Feira Gorda”, o último dia do calendário cristão em que é permitido comer carne, uma vez que, no dia seguinte, inicia-se a Quaresma, como forma de preparação à maior festa espiritual da cristandade: a Páscoa. Já a segunda versão afirma que a palavra carnaval vem de carrus navalis, por influência das festas em honra do deus grego Dionísio, quando um carro, com um enorme tonel de vinho, distribuía a bebida ao povo.

ATIVIDADES PEDAGÓGICAS A Revista do PAD preparou uma seleção especial de atividades para que você construa com seus alunos o entendimento de uma das mais complexas manifestações culturais do mundo ocidental.

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SUA AULA

ATIVIDADE PARA AS TURMAS DO ENSINO FUNDAMENTAL 1 MÁSCARAS DE PAPEL MACHÊ (EXPLICANDO A TÉCNICA) O papel machê (papier maché) é uma massa de papel picado. É uma técnica simples, inventada há milhares de anos, provavelmente na China. Consiste em produzir uma massa com pedaços de papel, água e algum tipo de cola que, depois de seca, fica muito resistente. Na Antiguidade, sobretudo no Oriente, essa técnica era usada na fabricação de vários utensílios, como caixas, máscaras, pratos, bijuterias, objetos decorativos, ornamentos para teto e até recipientes para líquidos (quando impermeabilizados). Utilizar conhecimentos das ciências para explicar o papel de cada um dos ingredientes no processo de produção da massa.

MASSA DE PAPEL (INGREDIENTES) - 1 rolo de papel higiênico branco ou 4 folhas grandes de jornal; - 3 colheres de sopa de farinha de trigo (ou mais); - 3 colheres de sopa de cola branca; - 1 colher de sopa de água sanitária ou de vinagre; - 1 recipiente (balde, bacia etc.); - 1 peneira ou escorredor de massa; - liquidificador (para o caso da receita com folhas de jornal); - objetos esféricos ou semiesféricos da dimensão de criança (bola de futebol, bola de isopor etc.); - pedaços de saco plástico; - pincéis; e - tinta guache e glitter de várias cores.

PREPARO DAS MÁSCARAS 1- Picar o papel em pedacinhos e coloque no recipiente com água. 2- Juntar a água sanitária. 3- Deixar amolecer por aproximadamente 24 horas. 4- Se a massa for de papel jornal: bater num liquidificador 3 partes de água e uma parte do papel amolecido, por uns 10 segundos e desligue. 5- Escorrer a água num escorredor ou peneira (melhor não espremer o papel). 6- Juntar a farinha de trigo, mexendo até ficar uma massa firme, porém sem ficar quebradiça. 7- Juntar a cola, sempre mexendo com as mãos para formar dar uma textura capaz de ser modelada. 8- Conservar a massa na geladeira em recipiente fechado, se for ser utilizada depois de 2 dias. 9- Modelar as máscaras como quiser, sobre um objeto esférico recoberto por plástico. Buscar inspiração em modelos encontrados na internet, livros e revistas. 10- Deixar secar bem à sombra. 11- Pintar e decorar com glitter, de acordo com a criatividade dos alunos ou a imitação das máscaras copiadas.

Observação: A água sanitária ou vinagre tem a finalidade de conservar o produto, evitando que a massa apodreça ou crie fungos. Se não tiver intenção de conservar as máscaras por muito tempo, não há necessidade de usar tais produtos. Se for utilizada, a água sanitária exige cuidado especial ao ser manipulada com os alunos.

OBJETIVOS 1- Desenvolver as habilidades psicomotoras e artísticas. 2- Manifestar e ampliar o senso artístico. 3- Resgatar o sentido original do carnaval. 4- Recriar coletivamente as origens do carnaval. 5- Demonstrar a capacidade de juntar o artístico, o lúdico e o cultural expresso na festa do carnaval.

PROPOSTA “A festa dos mascarados” procura demonstrar para os alunos das séries iniciais quais as origens do carnaval e, ao mesmo tempo, recriar de forma criativa e lúdica as festas originais que deram origem ao carnaval.

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SUA AULA

A atividade tem caráter interdisciplinar, envolvendo principalmente a arte (modelagem, pintura, música), a história e as ciências (explicação do papel dos ingredientes na produção da massa).

ATIVIDADES 1- Contar para os alunos a história das origens do carnaval, utilizando o texto anterior. 2- Propor aos alunos a criação de uma “Festa dos mascarados”. 3- Planejar a festa envolvendo outros professores das atividades afins. 4- Construir máscaras de massa de papel (ver receita). 5- Escolher uma ou mais marchinhas de carnaval a ser (ou serem) ensinada(s) para o dia da festa. Cuidar com as letras das músicas, evitando as que têm significados dúbios, de difícil compreensão para os alunos ou que denotem racismo, segregacionismo etc. Sugerem-se marchinhas como “Jardineira”, “Pastorinhas”, “Ó abre alas”, “Máscara negra”. O significado da letra deve ser trabalhado com os alunos, pois algumas apresentam expressões típicas de época ou de região. Uma grande quantidade de marchinhas de carnaval é apresentada no site http://letras.terra.com.br/marchinhas-de-carnaval/. 6- Dividir os alunos em grupos, solicitar a cada grupo que traga: • suco em pó (em quantidade suficiente para ser distribuído a todos no dia da festa); • copos plásticos (de acordo com o número de alunos da turma); • algumas fitas, flores e frutas (podem ser de plástico), para decoração do carro. 7- Construir uma carroça, com uma grande caixa de papelão ou de outra forma possível, decorando-a com fitas coloridas, ramos, flores e frutas. 8- Colocar um recipiente grande com o suco, dentro da carroça. 9- Fazer um desfile pelo pátio com a carroça, os alunos fantasiados e mascarados, dançando ao som de músicas carnavalescas.

ATIVIDADES PARA AS TURMAS DE FUNDAMENTAL 2 e ENSINO MÉDIO PROPOSTA “DAS DIONISÍACAS AO CARNAVAL” Conduzir os alunos a uma análise histórica e filosófica das festas mais populares da história. Pesquisar quais as origens do carnaval e, ao mesmo tempo, representar de forma criativa e lúdica as festas originais que deram origem ao carnaval. A atividade tem caráter interdisciplinar, envolvendo as disciplinas educação artística (modelagem, teatro, música), história e filosofia (explicação do sentido dessas festas), sociologia (análise sociológica dessas manifestações coletivas), língua portuguesa e língua estrangeira moderna (inglês e/ou espanhol).

OBJETIVOS 1- Desenvolver a habilidade de análise sociológica e filosófica do carnaval. 2- Manifestar e ampliar o senso artístico. 3- Resgatar o sentido original do carnaval. 4- Recriar coletivamente as origens do carnaval. 5- Demonstrar a capacidade de juntar o artístico, o lúdico e o cultural expressos na festa do carnaval.

ATIVIDADE DE HISTÓRIA 1- Dividir os alunos em grupos de pesquisa sobre: • as festas dionisíacas e as bacanais na Antiguidade. • o deus Dionísio (Baco em Roma), principalmente no seu significado humano. • a origem das fantasias carnavalescas. 2- Cada grupo apresenta para a turma o resultado de suas pesquisas para debate.

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SUA AULA

ATIVIDADE DE FILOSOFIA 1- Analisar o texto de Nietzsche “A visão dionisíaca do mundo”, principalmente as páginas de 9 a 12 e de 40 a 45 do livro (ver no site http://www.scribd.com/doc/7037792/Nietzsche-A-Visao-Dionisiaca-DoMundo). 2- Dividir a turma em pequenos grupos. Cada grupo deve reconstruir o texto, sintetizando-o em uma lauda.

ATIVIDADE DE SOCIOLOGIA 1- Escolher um samba enredo de carnaval que tenha de preferência caráter sociológico. Sugestões: • Beija-Flor: Ratos e Urubus, Larguem minha Fantasia (1989) • Imperatriz Leopoldinense: Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós (1989), Brasil, mostra a sua cara em Theatrum rerum naturalium brasiliae (1999) • Portela: Lendas e Mistérios da Amazônia (1970) • Império Serrano: Aquarela Brasileira (1964) e Bum Bum paticumbum prucurundum (1982) • Salgueiro: Festa para um rei negro (1971) e Peguei um Ita no norte (1993) • União da ilha: O Amanhã (1978) • Mangueira: O mundo encantado de Monteiro Lobato (1967) 2- Interpretar com os alunos demonstrando o caráter de crítica ou análise social dos sambas enredo no Brasil.

ATIVIDADE DE LÍNGUA PORTUGUESA 1- Construir um texto coletivo de uma lauda que represente o estudo da turma sobre o tema. 2- Cada grupo apresenta seu texto para toda a turma. 3- Se possível, publicá-lo em algum jornal da cidade ou do bairro.

ATIVIDADE DE INGLÊS E ESPANHOL 1- Traduzir o texto para o inglês e/ou espanhol, conforme o currículo da escola. 2- Publicá-lo no jornal e/ou no site da escola.

ATIVIDADE DE ARTES 1- Criar um pequeno enredo para um desfile de escola de samba. 2- Criar uma música de samba enredo ou adaptar um samba enredo conhecido com uma nova letra. 3- Escolher um grupo de alunos para fazer uma representação, a partir do enredo criado.

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AQUI TEM DOM BOSCO

O empreendedorismo e o ensino com pesquisa

AS ESCOLAS DOM BOSCO DESTACAM-SE PELO DIFERENCIAL E QUALIDADE DOM BOSCO PELO BRASIL No Colégio Dom Bosco São Paulo, localizado na zona norte da cidade de São Paulo, o empreendedorismo faz parte da própria missão da escola e está presente no trabalho com os alunos desde 2006. Por meio de um projeto anual, um tema é conduzido por um professor em cada turma e, com enfoque interdisciplinar, os alunos trabalham em sala, em grupo ou dupla, com um determinado projeto ao longo do ano letivo. O tema Copa do Mundo foi destaque e os estudantes apresentaram os resultados dos projetos na Feira do Empreendedorismo do colégio em maio.Todas as séries foram envolvidas, desde a Educação Infantil, que teve contato com a cultura africana e a linguagem visual das máscaras, ao Ensino Médio, que trabalhou plano de negócios e geopolítica do continente. O evento foi associado à Copa 2014, no Brasil, fazendo com que os alunos observassem de que forma o país está se preparando, especialmente no setor público nas áreas de transportes e saúde. Outro contexto foi analisado: os líderes da Copa, os estilos de liderança presentes, as formas de negociação e trabalho em equipe, o comércio, as vantagens e novas oportunidades criadas pelo evento. Alunos do Ensino Fundamental II montaram lojas de produtos relacionados à Copa, passando anteriormente pelo planejamento, com nome, fachada, propaganda e marketing. Em 2009 os alunos criaram um café, atendendo a uma demanda apresentada pelos pais, que buscavam um espaço para confraternização no ambiente da feira. Desenvolveram ainda uma homepage para a venda de trufas, observando a logística e o funcionamento necessário ao comércio virtual. Entretanto, a finalidade do projeto não se limita à criação de um produto ou negócio, e sim no desenvolvimento de habilidades e competências. O tema Empreendedorismo é trabalhado desde muito

Sede do Dom Bosco SP e os mantenedores da instituição na capital paulista, Rose e Marcelo.

cedo, pela abordagem de trabalho em equipe, solidariedade, compartilhamento, negociação e liderança. No Fundamental II entram em pauta a sustentabilidade e o meio ambiente e a responsabilidade social. “A escola sempre colhe bons resultados – a satisfação das famílias ao perceberem a seriedade com que seus filhos, nas mais variadas séries escolares, enfrentam simulação de desafios reais. O empreendedorismo na escola vai muito além do ensino de conteúdos das disciplinas, ele se transforma em desafios que são superados e apresentados em forma de projetos maravilhosos. Trata-se de uma lição para a vida toda”, afirma a mantenedora da escola, professora Rosilene Rodrigues. Outro exemplo de sucesso é a escola Dom Bosco Imperatriz. Ela se tornou referência de ensino com pesquisa em todo o país. Localizada em uma cidade ao sul do Maranhão, está

Dom Bosco Imperatriz - Alguns resultados da proposta de ensino com pesquisa nos últimos anos: No ano de 2007, a MOSTRARCE foi beneficiada com 8 Bolsas de Iniciação Científica pela Fundação de Amparo à Pesquisa (FAPEMA) por meio do compromisso, seriedade e trabalho desenvolvido nesse evento científico na região tocantina. O aluno Gabriel Braga Castro foi o 1º representante do nordeste a participar do evento CIENTISTAS DE AMANHÃ; ele ganhou Menção Honrosa com o projeto “Obtenção de água destilada a partir da dessalinização da água salobra”. Foram apenas 10 projetos selecionados de todo o Brasil. AMAZONTECH – Rodada de projetos que acontece anualmente no Brasil teve a representatividade da 1ª aluna do Ensino Médio do Dom Bosco com o projeto sobre o “Uso do óleo do fruto do pequizeiro para fabricação de creme contra rugas”. O incentivo dado à esta pesquisa foi tão grande que esse processo está sendo patenteado.

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AQUI TEM DOM BOSCO

Dom Bosco de Imperatriz/MA, Maria Carmen (mantenedora) e Profª Rineide (coordenadora científica)

sediado o Complexo Educacional Dom Bosco, conveniado ao nosso sistema de ensino há mais de 20 anos. Lá o desafio e a busca constante é tratar a educação com ousadia com o olhar sempre projetado para o futuro. Quem visita a feira de ciências da escola pode observar que há algo muito além de projetos repetitivos em que os alunos estão cansados de reproduzir ano após ano. É impressionante observar a invenção de uma caneta ecológica, feita a partir da tinta do repolho roxo; cosméticos criados a partir de produtos da região – nesse caso há grandes indústrias interessadas nesses produtos. A escola transforma o conhecimento sistematizado em sala de aula em aplicações como resoluções de problema

no cotidiano. Para que a feira aconteça, há um trabalho árduo, e toda a escola fica envolvida desde o início do ano letivo. Os alunos, muitas vezes, precisam ir até os laboratórios mais sofisticados das faculdades e universidade da capital para comprovar em pesquisas e experiências as teorias vistas em sala de aula. Observam-se empenho, perseverança e satisfação nos olhares dos alunos ao relatarem o desenvolvimento de seus trabalhos. Tudo isso se transforma na Mostra Regional de Ciências e Engenharia, MOSTRARCE, que é um evento de incentivo contínuo na formação de iniciação científica de estudantes e professores da educação básica. Segundo a coordenadora pedagógica da escola, professora Rineide Carvalho, “ao se planejar uma trajetória, muitas vezes acaba-se descobrindo necessidades de se percorrer outros caminhos. O saber humano faz voltas e curvas que retrocedem para poder avançar. Diante dos desafios de se otimizar a qualidade das aprendizagens dos alunos e das mediações dos professores em sala de aula é que há vinte anos implantamos uma proposta de ensino por meio da pesquisa dando vida ao currículo, ao mesmo tempo em que colocamos o aluno com o papel principal de protagonista de suas aprendizagens”, ressalta. Para a mantenedora da escola, professora Maria Carmen Colombi, sua instituição lança mão de recursos e esforços de toda a equipe para obter os excelentes resultados: “A escola, na perspectiva de fomentar nas crianças e jovens o desejo pela descoberta, pela busca diferente, pela busca de um autêntico ser crítico, contextualizado em um tempo de extrema modificação, lança mão desse método de ensino a fim de que o estudante desenvolva sua criatividade, autonomia e sinta-se responsável pelo futuro da sociedade – eis o farol que norteia nossa prática. Nesse sentido, o DOM BOSCO promove uma educação científica com aulas inseridas em seu currículo escolar que resulta em projetos nas diversas áreas do conhecimento” afirma. Os resultados são a satisfação do aluno, comunidade de pais e os prêmios que a escola recebe em diversos eventos nacionais e internacionais.

FEBRACE – Feira Brasileira de Ciências e Engenharia em São Paulo/SP, em 2005 foi selecionado o 1º projeto de Imperatriz para representar o Dom Bosco e seu Município. De 2005 a 2010, o Dom Bosco tem apresentado a maior quantidade de projetos nesta feira nacional. EXCETEC – Exposição Christus de Ciências e Tecnologia, alunos Mostrarce conquistam premiações na categoria apresentada. As participações continuam também em feiras internacionais como: MOSTRATEC – Mostra Internacional de Ciências e Tecnologia, em Novo Hamburgo – RS, com premiações nas categorias apresentadas. Os projetos dos alunos Dom Bosco são selecionados para participar da maior feira internacional – INTEL ISEF em – Indianápolis, Estados Unidos, seguindo para a MILSET em Tunis, na Tunísia, Pszczyna, na Polônia, e Lima, no Peru. Revista do

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GESTÃO & NEGÓCIOS

A história pode contribuir para um presente de sucesso ESTÁ ABERTA A CAMPANHA DE MATRÍCULAS 2012 PARA A SUA ESCOLA

Diretor Editorial Grupo Dom Bosco

Por: Prof. Ari Herculano

Dom Bosco em dois tempos: à esquerda, a primeira sede em 1961; à direita, a atual Sede Castelo, prédio da editora.

Mas já? Sim, a fidelização dos seus alunos começa agora. Para tratarmos sobre isso, queremos resgatar um pouco de história do grupo Dom Bosco e mesclar com os desafios que sua escola pode vir a enfrentar. Considerando que sua escola é uma empresa, lembramos o economista Peter Druker, considerado pai da administração moderna: “Primeiro você tem de perguntar o que é certo, depois o que é possível – sempre nesta ordem”. Numa outra citação afirmava que “onde há uma empresa de sucesso, alguém tomou alguma vez uma decisão valente”. Juarez Clineu de Castro Antunes, em 1961, na cidade de Curitiba, fez-se a seguinte pergunta: “Que coisa pode dar certo na educação, que seja possível e, ao mesmo tempo, inovadora?” Logo encontrou resposta. Uma das coisas que poderia dar certo, que fosse possível e com caráter inovador, era preparar alunos para fazer vestibular, pois a época era o início da corrida ao Ensino Superior. Foi, então, buscar a resposta na filosofia de um dos grandes educadores do século XIX: Dom Bosco. Nela encontrou inspiração para o lema que se tornou filosofia da empresa: Seriedade, Competência, Consciência e Dedicação, numa época em que não se falava ainda em ética empresarial. Nasceu então a marca que hoje está fazendo 50 anos! De uma simples sala de aula tornou-se uma das mais respeitáveis instituições de educação no Brasil. O empreendedorismo, a dedicação, a competência e a organização de alguns professores construíram a marca Dom Bosco, detentora hoje de escolas de Educação Infantil, colégios de Ensino Fundamental e Médio, Faculdade e Editora. Porém, a maior obra foi a criação do Sistema de Ensino Dom Bosco. Sob esse sistema de ensino se formaram mais de 1 milhão de alunos em todo o Brasil. Mas nós do Dom Bosco também pensamos no cliente do nosso cliente, os pais de alunos. Num mundo tão competitivo

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como o que vivemos, é vital que todos na escola (direção, professores e funcionários) foquem constantemente em seu cliente: a família. É importante que a escola que quer crescer se vigie para evitar alguns “pecados” que comprometem a sua missão de prestadora de serviços. Dentre esses “pecados”, vale a pena lembrar alguns: apatia – ocorre quando não se demonstra importância pelo cliente; má vontade – manifestada por várias formas de querer se livrar do cliente; frieza – quando o cliente é tratado de forma distante ou desagradável; superioridade – a atitude de se dirigir ao cliente de cima para baixo; “robotismo” – expresso nas atitudes repetitivas, agindo sempre da mesma maneira; burocratização – escravização de atitudes inflexíveis do tipo “sinto muito, mas não tem outro jeito, não posso fazer nada!”. Não precisamos falar em qualidade, porque hoje ela não é mais vista como um diferencial. Ela é uma condição “sine qua non” da existência de qualquer empresa. Atualmente o diferencial competitivo não está no produto, mas no atendimento e no relacionamento, que gera bons resultados e confiança. Faça com que seus alunos (e a família) tenham motivos para escolher sua escola e a ela ser fiel.


QUESTÕES & SOLUÇÕES

Ensino da Gramática DO DISCURSO À PRÁTICA

Tão importante em pensar no quê ensinar, é preciso refletir no porquê de se ensinar algo. Pensando nisso, o ensino da gramática tem sido amplamente discutida nas salas dos professores. Ninguém nega que a gramática pura e simples é coisa do passado, mas na prática esse discurso está longe de sair do papel. O que falta, talvez, seja o professor saber o que ensinar e como ensinar algo que não seja a gramática simples e sem funcionalidade. Para a professora Heloisa Takazaki, mestre em Língua Portuguesa e autora de livros aprovados pelo PNLD – MEC, “O ensino de língua deve ser revisto urgentemente nas escolas tradicionais. Basta avaliar os alunos que passam mais de dez anos estudando uma matéria com cinco aulas semanais e mesmo assim ainda continuam com problemas sérios de domínio do nosso idioma”, garante. Para elucidar a questão, Heloisa faz a seguinte comparação: “Um instrutor de autoescola, numa aula expositiva, descreve minuciosamente a seus alunos como dirigir um carro. E, além disso, considera igualmente importante que eles memorizem os nomes das peças do motor de um carro, suas funções e os procedimentos de limpeza, substituição e manutenção. Cena estranha? Pois se parece com muitas das aulas de gramática que já presenciamos”, alerta. De posse de sua comparação, Heloisa propõe a seguinte reflexão: “muitos profissionais passaram por aulas de pontos gramaticais no seu histórico escolar. E certamente estudaram verbos intransitivos, zeugmas, orações subordinadas substantivas, complementos nominais, agentes da passiva e partículas apassivadoras... Tal como aquele candidato a motorista memorizou o conceito e as funções de bielas, válvulas, pistões, bronzinas, virabrequins, catalisadores, alternadores, homocinética... Da mesma forma que para um motorista comum não interessa o nome das peças do motor de um carro, suas funções e particularidades técnicas, mas como usá-las e preservá-las, pouco interessa ao aluno saber o nome dos termos que ele emprega em seu texto ou no texto que lê”, conclui. De fato o que interessa é saber usar adequadamente a língua em situações de interlocução, reconhecer seus recursos e possibilidades estratégicas.

é uma ênfase exagerada na memorização da nomenclatura. Essa prática está embasada no aspecto prescritivo da língua e tem, na análise sintática e morfológica, sua estratégia mais tradicional, o que pouco contribui para o letramento discente. Segundo a professora Rosane Nicola, mestre em Língua Portuguesa e professora do curso de Letras da PUC-PR, “enquanto um lado da língua é regra, o outro é uso, porém ambos são duas faces de um mesmo fenômeno. Se um lado é convencional, o outro é espontâneo, mas tanto um como o outro constroem a identidade da cultura da comunidade onde vivemos, por meio da fala, da leitura e da escrita”, acredita. A gramática é o lado teórico e tradicional, enquanto a reflexão sobre o uso é o lado do conhecimento prático da língua. Dominar tão somente aspectos morfológicos como classes gramaticais ou sintaxe não garante a capacidade de construção de bons textos. Quem faz isso peca por mostrar apenas um lado da moeda – o lado da “coroa”, por exemplo, mais valorizado porque é tradicional e mais permanente que o lado do uso; então, aparentemente, mais fácil de ensinar. Os estudiosos recomendam fugir desse ensino reducionista e enfatizam a importância das atividades de revisão de textos, pois essa prática pode ensinar o aluno a aplicar os conhecimentos gramaticais que aprendeu. Ao mesmo tempo, esses textos produzidos pelos alunos são fonte de conteúdos a serem trabalhados pelos professores. Isso porque os aspectos gramaticais – e outros discursivos, como a pontuação – devem ser selecionados a partir das produções escritas dos alunos. A proposta que se faz para o ensino de língua portuguesa é a do letramento. E isso significa que o texto é a unidade de sentido. O texto como “produto de uma história social e cultural, único em cada contexto, marca o diálogo entre os interlocutores que o produzem e entre os outros textos que o compõem”. (PCN. Ensino Médio, p. 28).

O PAPEL DO DISCENTE O ensino tradicional de língua, por muito tempo, restringiu-se ao ensino da gramática. Ou melhor, focalizou mais a terminologia gramatical do que o uso efetivo da linguagem. O resultado final Revista do

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PONTO DE VISTA

O ensino da língua estrangeira ELT Academic Consultancy Coordinator

Por: Piri Szabó

UMA NECESSIDADE E UM DIFERENCIAL DE QUALIDADE Para um bom observador, é fácil perceber as inúmeras palavras e/ou expressões em língua estrangeira no nosso cotidiano. Precisamos pensar num futuro bem próximo para preparar nossos alunos para as reais necessidades do mercado de trabalho. Segundo a neurociência, a criança que aprende uma segunda língua tem mais conexões cerebrais para contribuir com a criatividade e o raciocínio. Considerase ainda que aprender uma língua estrangeira propicia oportunidades enriquecedoras para o trabalho com valores, a interculturalidade, a cidadania e a interdisciplinaridade, ajudando na formação integral de jovens e crianças. Uma realidade que parecia distante de nós, brasileiros, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, hoje é nossa referência no cenário macroeconômico. Já sentimos os reflexos da globalização e investimentos externos em nosso dia a dia. Em outras palavras, falamos de um ciclo de expansão que exige o exercício pleno da cidadania, em que não cabe mais falar em tolerar a diversidade, mas respeitar e conviver. Nesse sentido, aprender outro idioma significa contribuir para a educação e paz entre os povos. Além disso, é necessário estar atento à qualificação da mão de obra para responder à demanda do mercado de trabalho. Nesse contexto, um dos grandes problemas é a falta de um segundo idioma em grande parcela da população. inglês e espanhol fluentes. Quem ainda não ouviu ou leu esse prérequisito em anúncio para a contratação de um colaborador? Dizer “eu me comunico” já não é suficiente. O mercado de trabalho exige do candidato cada vez mais comprovação do

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nível de proficiência em inglês e espanhol, preferencialmente com certificação internacional.

MAS COMO TRABALHAR ISSO COM NOSSO ALUNO? Sabemos que a realidade, na grande maioria das escolas brasileiras, é de turmas numerosas e com poucas aulas de língua estrangeira. Essa realidade não permite que a dinâmica de sala proporcione ao aluno alcançar o nível de proficiência desejado. Assim, cabe à escola, respeitando a sua realidade, desenvolver um trabalho no ensino da língua estrangeira que sirva para o aluno como iniciação, a construção de uma base sólida para um futuro aprimoramento.

QUE TAL UM CENTRO DE LÍNGUAS EM SUA ESCOLA? Uma segunda situação pode ser a presença de um centro de línguas na própria escola. Nesse cenário, o colégio oferece no contraturno aulas de língua estrangeira respeitando o formato adotado pelos institutos de idiomas: turmas pequenas e niveladas. Esse pode ser um diferencial oferecido pela escola que atualmente tem sido muito bem recebido pelos pais. Hoje, o Dom Bosco trabalha com um leque de materiais e suporte consistente para o ensino de língua estrangeira. Existem sugestões de livros didáticos para diferentes realidades: desde escolas que com uma aula semanal têm a preocupação de construir a base sólida até escolas que pelo seu próprio centro de línguas quer levar os alunos a uma certificação internacional. Vale a pena consultar.




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