A BARROSANA

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Edição n.º 5 - Março 2018 - Mensal

A BARROSÂNA Revista de informação (Versão digital)

COMUNIDADES:

VOTO AUTÁRQUICO DE NOVO EM DISCUSSÃO

BARROSÕES

ILUSTRES BARROSO É ISTO MESMO!… SÓ TINHA QUE SER…


… “não há democracia sem imprensa livre”!...

Ano I Mensal Contacto: dvazchaves@hotmail.com

A BARROSÂNA

Fundador: Domingos Chaves

EDIÇÃO 5 – MARÇO 2018

OS DESTAQUES Páginas:

Revista de informação on line

BARROSO É ISTO MESMO!… SÓ TINHA QUE SER…

Barroso, ou Terras de Barroso, é o nome tradicional da região formada pelos concelhos de Montalegre e Boticas. O termo "Barroso“, o nome de uma das antigas "terras", circunscrições administrativas e judiciais em que o território português estava 1 – Barroso é Isto mesmo… conserva dividido desde o século XI. Possivelmente, o castelo que servia de centro a esta terra era o de São Romão, hoje um sítio desabitado na margem sul da Barragem dos Pisões. A primeira menção incontroversa ao termo Barroso está num documento galego do ano de 1100, 2 – O Dialecto Barrosão que indica o Barroso, servir de termo à “villa de Tourém”. Antes, em 942, o testamento de São Rosendo, refere que ele possuía um rebanho de vacas "in Barosa". Esta terra foi incluída nas Inquirições Gerais de 1220, mas não sobrevivem os textos relativos a esta 3 - Editorial visita. Já o texto das Inquirições de 1258 relativo a esta circunscrição sobreviveu, e através dele, se percebem os limites da Terra do Barroso. Além dos territórios actuais dos concelhos de Boticas e Montalegre, a terra incluía as freguesias de Canedo, hoje concelho 6 - Sociedade de Ribeira de Pena e Vilar de Vacas, hoje Ruivães, do concelho de Vieira do Minho. Na Taxatio de 1320 - documento conhecido como Catálogo das Igrejas de 1319-20 – o arcediagado do Barroso incluía ainda Guilhofrei, no concelho de Vieira do Minho e Santiago de 8 – Pelo Municipio Serzedo, de localização desconhecida. A 9 Junho de 1273, D.Afonso III, em carta de foral, fundou a vila de Montalegre e ergueu o respectivo castelo. A vila, tornou-se assim a cabeça da Terra de Barroso em detrimento do castelo de São Romão. Este foral foi 9 – Pelas Freguesias depois modificado por D. Dinis em 1289 e meis tarde por D. Afonso IV em 1340 e por D. João II em1491. Em 1515, D. Manuel II converteuo em foral novo. No reinado de D. João I e na sequência da Guerra da Independência, a Terra de Barroso foi doada a D. Nuno Álvares 11 – Especial-Entrevista Pereira e depois dele passou para a Casa de Bragança. Já na época contemporânea, em 6 de Novembro de 1836, o concelho de Montalegre foi dividido. Criou-se o novo município de Boticas, perdeu neste processo para o município de Vieira do Minho, o município 12 – Comunidades de Vilar de Vacas, então sediado em Ruivães, e também o Couto Misto de Santiago de Rubiás, próximo de Tourém. Hoje, uma coisa se tem por garantida!... Ninguém fica indiferente a BARROSO. Eu que calcorreio as suas vilas, aldeias e lugares, desde a “longínqua” Fafião, passando por Salto e Tourém, até ao extremo oposto de Santo André há algumas boas décadas, ponho-me por vezes a pensar qual será a sensação de alguém que entre pela primeira vez as portas desta belíssima “república” e dê de caras e de forma inesperada, com o casario, as ruas, ou os seus poucos mas resistentes e acolhedores habitantes. A localização de Barroso moldou o seu destino, a sua forma e o carácter das suas gentes. O destino, porque terra fronteiriça em tempos de instabilidades raianas e disputas territoriais, se erigiu como primeiro obstáculo à impetuosidade guerreira de estranhos. A sua gente, que sofreu ataques, assédios, bombardeamentos e destruição, é o que tinha que ser – dura como pedra, resistente como o aço, mas também sabedora dos benefícios da paz, o que a leva a receber com genuína simpatia quem quer que venha por bem. Barroso não tem monumentos, nem precisa!... Barroso é só por si um verdadeiro monumento. O granito que deu forma às suas “muralhas”, aos velhos quartéis de outrora, às igrejas e ao casario, foi arrancado às encostas que descem até ao Cávado ou ao Rabagão, os rios que serpenteiam os termos de toda a região. Esse é o granito omnipresente que consubstancia, torna concreta e palpável a memória do meu povo. Foi com essas pedras que ele se defendeu, construiu as suas humildes habitações, paços senhoriais ou vivendas burguesas, pavimentou as ruas. albergou santos em igrejas e conventos e deu guarida aos militares que o defendiam das invasões. Nessas pedras deixaram os mestres canteiros as suas identitárias marcas e os pedreiros as suas fortes e certeiras cinzeladas. Hoje não se ouve o pedreiro a percutir a pedra, nem o bulício dos militares em serviço ou de licença, e são poucas as crianças que alegram e dão vida às ruas cada vez mais desertas. Mas os que por cá andam, os que cá moram e os que como eu não abandonam a “terra”, têm a firme convicção de que o futuro de Barroso terá que ser ainda mais risonho. Sejamos justos: aquilo que tem para oferecer é único. Tudo que ficou dito, é ímpar!... A arquitectura moldada pelo Larouco e pelo Gerês, tem aqui uma das suas pérolas mais brilhantes e marcantes em comparação com outras que existem por essa Europa fora. Viva Barroso…


O DIALECTO BARROSÂO… AS EXPRESSÕES QUE SÓ UM BARROSÃO CONHECE…

BREVES MONTALEGRE NA FEIRA DE NANTERRE 2018

Como já ficou descrito na edição anterior, a região de Barroso, encravada entre Trás-os-Montes, o Minho e a Galiza, é assim como que uma ilha cultural e geográfica, com "pobos" de granito espalhados pelas encostas das serras e lameiros regados por fios de água cristalina, tradições comunitárias que escaparam à erosão do tempo, mistérios do corpo e da mente e cultos sagrados da natureza das águas e das fontes. Uma terra . assim merecia por isso uma língua própria. Até hà pouco tempo julgava-se que não a tinha, mas nos últimos anos, um professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – Rui Guimarães, conduziu à descoberta de um falar próprio do Barroso, uma antiga linguagem que engloba o português antigo e médio dos séculos XIII, XIV e XV. Dessa linguagem se dá aqui a conhecer algumas palavras, ainda hoje usadas pela comunidade que conta para além do meio século: Auga - água Atafais - arreios Alustrp - relâmpago

Arredar - afastar Arrabunhar – arranhar; Afoutar – Incentivar; apoiar; Amanhê ou passado - Uma expressão contraditória, mas que para um barrosão faz todo o sentido. Quando se diz “amanhê ou passado”, quer dizer-se “Amanhã ou depois”; Albarda – selas para cavalos e burros Bulir – mexer Carrar -transportar Chiba - cabra Escaleiras - escadas Andar ao caínço - desespero por homem; Arganas-espinhas do peixe; Arrabanhar - raspar o resto de alguma coisa, como por exemplo, “limpar até ao limite o conteúdo de um tacho”; Arreguichado – pessoa que gosta de falar com o “nariz empinado”; Bacamarte - pessoa maldosa; Bardamerda - esta é das tais palavras que não necessita de apresentações, significa mandar alguém à merda; Bonda - basta Bilhó – castanha assada descascada; Bô- significa bom!...“Bô era… , que não nevasse”, ou então quando alguém pede para ficar mais uns minutos ao serão, como se fazia noutros tempos. “Fica mais um cibinho!,,, Bô… bou mas é dormir”… Esta palavra também pode ser utilizada para descrever algo de bom, como por exemplo: “ tens bô binho, ou como quem diz: o tou oresunto é bem bô”.. Bôta cá - pedir algo a alguém - "bota cá um copo de binho…" Canada – medida correspondente a dois litros; Cibo - significa uma pequena porção de qualquer coisa, por exemplo "dá-me um cibo de carne, dá-me um cibo de pão". Carranha - “macaco no nariz”; Chamiça – acendalha; C´mássim – assim sendo; Encher o odre - comer muito Engaranhada - pessoa que está encolhida tremendo com o frio. Emplouricado –estar em cima de qualquer coisa Espantalho - pessoa mal vestida. Gandulo – indivíduo vadio, meio delinquente; Espantalho - pessoa mal vestida. Guicho/a – pessoa esperta; Ladradeira – coscuvelheira; Pingadeira – menstruação Matabicho - pequeno-almoço Podeu – venceu, foi mais forte ( o boi da minha terra podeu); Reco – porco; Tendeiro - pessoa desarrumada. Zorro – filho não legitimo

O Município de Montalegre volta a França para participar nos 15 anos da Feira de Nanterre. O evento terá lugar de 23 a 25 de Março e o concelho propõe-se mostrar à vasta comunidade emigrante, a vitalidade da marca Montalegre e as potencialidades dos produtos locais.

IV "PISÕES” CARP CLASSIC - BARRAGEM

De 31 de maio a 3 de junho, na albufeira do Alto Rabagão, concelho de Montalegre, realiza-se a quarta edição do "Pisões Carp Classic", prova internacional de pesca desportiva, organizada pela Associação Portuguesa de Carp Fishing, com o apoio da Câmara Municipal de Montalegre.

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA DE PEDRO CANEDO

No próximo dia 10 de Março, pelas 17H00 na sede do Ecomuseu de Barroso, é inaugurada uma exposição fotográfica, intitulada "Rostos com História", da autoria de Pedro Canedo. Natural de Montalegre, este barrosão mostra ao público uma colecção de retratos a preto e branco, captados ao longo dos últimos 40 anos.


EDITORIAL

A JUSTIÇA ÀS BOLANDAS

BREVES MUNICIPIO PROMOVEU CONCELHO EM ESPANHA

A Câmara Municipal de Montalegre promoveu uma série de eventos em Espanha, mais concretamente no 19.º Salão Internacional de Turismo Gastronómico, certame realizado na cidade galega de Ourense. A ideia é reforçar a internacionalização da marca Montalegre.

OS PRINCIPAIS EVENTOS QUE OCORRERÃO EM 2018 - Urban Fit Race | 3 Março - "Sexta 13" | 13 abril - Prova do Mundial Rallycross | 27 a 29 Abril - Peneda Gerês Trail Adventure | 16 e 17 Maio - Carrilheiras de Barroso | 26 e 27 Maio As últimas notícias que nos chegaram da Justiça e que têm tomado conta do espaço mediático ao longo do último - Troféu BTT Acácio da Silva | 1 Julho mês, dizem-nos que os ricos e poderosos já não lhe escapam, pelo simples facto de o serem. Entre eles – não sei se - Campeonato Europeu de Parapente | 14 a 28 Julho ricos, mas sei que poderosos - os seus próprios agentes e os seus pares. A Polícia prende polícias, e o Ministério - Festival de Música Júnior | 28 julho Público investiga e acusa governantes e ex-governantes, líderes empresariais e da alta finança do país e do estrangeiro, altos dirigentes desportivos, magistrados e até procuradores… Quer isto dizer, que a justiça portuguesa depois de anos sem fim em que pareceu dormir uma longa sesta, gerindo investigações e pondo em causa os seus próprios objectivos, parece agora determinada em querer mostrar que pode ser o guardião dos oprimidos. Os processos mediáticos dos últimos tempos, desde aquele que parece apontar para o já muito visível casamento de interesses entre o mundo da política, dos negócios e do futebol, até ao anedótico caso Mário Centeno e os bilhetes para a bola entretanto arquivado, têm diferentes pesos e medidas. Mas começam porém com um erro: a justiça, em vez de se comportar com decoro, está a querer fazer a festa, atirar os foguetes e apanhar as canas ao mesmo tempo. E sendo assim, é um erro que pagará caro. É um facto que precisamos de estar informados sobre os resultados da actuação da Justiça, mas meus senhores, assistir em directo à execução de um mandato judicial, ou acedermos aos processos pelas televisões e pelas primeiras páginas dos jornais, isso não se chama justiça. Será porventura outra coisa qualquer, que nem é aceitável, nem nos deve dar maior tranquilidade. É verdade que há muito para investigar neste aparente país de "brandos costumes". E casos que cheiram há muito a esturro, desde a acção de "facilitadores" de negócios ao pouco transparente universo do futebol casado com a política. A desertificação moral do regime, tem por isso muito que ver com estes conluios que devem ser investigados ao pormenor e menos com o foguetório que as televisões e os jornais nos mostram. Talvez, depois de muitos anos a ser vista como carro-vassoura do regime, a justiça portuguesa esteja agora a soltar o seu grito de Ipiranga, porém tudo tem de ser levado a sério, para que os portugueses, no caso de falhanço de tantas investigações, não comecem a encarar tanto foguetório como uma qualquer versão de uma telenovela mexicana. É por isso preciso seriedade, bom senso, e já agora porque não dizê-lo, acusações bem formuladas, para que depois ninguém possa invocar cabalas e teorias da conspiração ou da constipação. Vários desafios se colocam à justiça portuguesa: ser competente é o maior. Portugal, se esse for o caso, agradecerá. De outra forma ninguém mais a levará sério. PS: Graças a uma dica, soube-se que uma televisão obteve grandes vantagens comerciais graças ao exclusivo nacional da transmissão em directo da chegada dos Procuradores e dos Juízes do Supremo às casas de um Juiz Desembargador e do Presidente de um clube de futebol. Os muitos milhares de euros ganhos com esta operação, um valor infinitamente superior a dois bilhetes de futebol para uma bancada de convidados, são um claro indício de corrupção que não poderá ter escapado aos Magistrados que têm por incumbência abrir processos a partir de jornais, revistas, televisões e conversas de café. Portanto, aguarda-se que antes da expiração de prazos e na sequência deste eventual crime transmitido em directo, seja desencadeada uma mega busca a todos os envolvidos no processo, desde responsáveis da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa, Magistrados do MP e do Supremo, envolvidos no planeamento e execução das buscas. Aguarda-se por isso as buscas domiciliárias devidamente publicitadas e as consequentes apreensões de material informático e consequente leitura de todas as mensagens de e-mail ou SMS feitas através de redes sociais por todos os indiciados no crime de corrupção de que há fortes indícios. Fica-se por isso a aguardar por notícias e não percamos a esperança de ver um directo emitido por uma TV à porta da Procuradora-Geral Distrital de Lisboa ou do Juiz Souto Moura.

EXPOSIÇÃO DE PINTURA|INICIO A 2 MARÇO

O Ecomuseu de Barroso - espaço padre Fontes vai ter patente, a partir do dia 02 de Março uma expoisção de pintura intitulada "Janela Indiscreta", do artista Rui Duarte. A exposição conta com pinturas feitas a aguarela, onde o artista explora a sensualidade do corpo da mulher. Esta exposição poderá ser visitada até ao dia 18 de Maio de 2018 em qualquer dia da semana, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.

FAÇA NASCER UMA FLORESTA-ACÇÃO EM FAFIÃO

Organizada pela Associação “A Vezeira”, terá lugar no próximo dia 24 de Março em Fafião - a aldeia mais distante do concelho de Montalegre que faz fronteira com o concelho vizinho de Terras de Bouro – uma iniciativa cujo lema é - “PLANTE UMA ÁRVORE E FAÇA NASCER UMA FLORESTA no Gerês. O ponto de encontro será no Ecomuseu de Fafião pelas 10H00 e obedece por questões logísticas a inscrições prévias.


SOCIEDADE

A SINISTRALIDADE RODOVIÁRIA MATA…

A questão dos acidentes rodoviários continua em cima da mesa em Portugal e Barroso é prova recente disso mesmo!.. Em boa verdade, a sinistralidade rodoviária mata. Segundo números provisórios da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, só em 2017 morreram 509 pessoas nas estradas portuguesas, mais 64 do que em 2016. O número de feridos graves aumentou de 2102 para 2181 e as estatísticas apresentam uma particularidade segundo a qual 54% das mortes ocorreram dentro de localidades, no ano passado. O diagnóstico está feito!... O problema é a elaboração dum plano de combate à sinistralidade rodoviária, que seja eficaz, que vença resistências e interesses particulares e não seja demagógico. Das medidas avançadas na nossa região, há uma que merece aplauso: a reabilitação e georeferenciação dos pontos negros da Estrada Municipal que liga Montalegre a Chaves, isto é, dos locais de acidentes recorrentes. Já quanto ao resto não passa de disparates acumulados. Em primeiro lugar e desde logo, a possibilidade que o Governo parece estar a estudar com as operadoras, no sentido de inibir o sinal de telemóvel nas estradas. E sendo assim pergunta-se: e se houver um acidente ou outra situação de emergência - por exemplo, doença súbita - retira-se ao cidadão a hipótese de pedir socorro em tempo útil?!... E como fica a rede nas margens das estradas onde há quase sempre habitações, restauração, armazéns, fábricas e serviços, onde vivem e trabalham milhares de pessoas?!... Ficam sem rede?!... E como conseguirão resolver o problema do ponto de vista técnico?!... E com que direito o Governo impede os cidadãos de acederem a um serviço que estão a pagar?!... Outro disparate: a intenção de reduzir o limite de velocidade nas localidades para 30 Km. Como é mais do que evidente será uma medida legislativa que ninguém vai cumprir!... E não vai cumprir, porque não se pode circular a essa velocidade em via nenhuma. Simplesmente não é possível. Imagine-se o inferno que seria Lisboa, Porto e qualquer cidade com todas as viaturas a circular como tartarugas…Esta medida – junto com a outra de alargamento da rede de radares – sugere claramente que a intenção é outra: a intenção é outra: encontrar uma fonte de financiamento para o Estado ainda maior do que os impostos abusivos sobre os combustíveis e a compra de viaturas novas, através dos quais os contribuintes são espoliados todos os dias. Querem investir em segurança?!... Então comecem por reabilitar as estradas nacionais de que a Nacional 103 é um excelente exemplo, pela educação cívica dos peões nas escolas públicas e privadas e integrar nos respectivos currículos, uma disciplina que trate de matérias relativas à condução rodoviária. E isto or uma simples razão: todos somos utentes da via pública, ou como condutores de viaturas e outros veículos, ou como peões. E já agora, em vez de se andar a divagar com projectos sem qualquer sentido, reforcem também as operações de fiscalização, em particular da alcoolemia, e muito em especial à saída dos bares nocturnos nos fins-de-semana. O problema é que há mais “curvas na estrada” para além das propriamente ditas.

ACIDENTES COM TRACTORES AGRICOLAS-REGISTO CONTINUA A SER NEGRO Os acidentes com tractores agrícolas que provocaram a morte ou a incapacidade para o trabalho, continua a ter registos acima da média, cos ocorridos na União Europeia.. A grande maioria ocorre em propriedades privadas e Portugal é ainda hoje o terceiro país da Europa, a seguir à Itália e à Polónia, com mais vítimas mortais em acidentes rodoviários com máquinas agrícolas. Segundo as autoridades, isto só acontece porque quase nenhum tractorista faz uso do denominado "Arco de Santo António", uma espécie de arco protector de ferro, colocado sob o condutor que o protege em caso de acidente. Outra questão que contribuirá para o aumento da sinistralidade é a falta de manutenção dos tractores em parte devido ao facto de não ser obrigatória a realização de inspecções periódicas a estes veículos. Por outro lado, o parque de tractores está a envelhecer e não tem sido renovado até porque hoje comprar um veículo novo custará sempre mais de 40 mil euros. No distrito de Vila Real, segundo dados fornecidos pela GNR, os acidentes com tractores provocaram cinco vítimas mortais em 2017, três em 2016 e quatro em 2015.

ESTRADA MUNICIPAL 508 | MONTALEGRE - CHAVES… CÂMARA FLAVIENSE APENAS SE PROPÕE REQUALIFICAR 1,3 KMS DA VIA… Como é do domínio público, o troço da Estrada Municipal 508 que liga Vilar de Perdizes a Meixide encerrou ao tráfego automóvel por um período previsível de três meses, no âmbito das obras de requalificação desta via. 2,5 milhões de euros é o montante que o Presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves, disse à agência Lusa, que o Município irá investir na beneficiação e requalificação da dita estrada, que é a principal via de acesso do concelho a Chaves e à Autoestrada A-24. Do lado do Municipio de Chaves, estão apenas previstas e orçamentadas obras no troço que vai desde Soutelinho da Raia até ao limite do concelho de Montalegre, num total de 1.300 metros. Significa isto, que entre a dita aldeia de Soutelinho da Raia e Chaves, ficam de fora cerca de 14 Kms de estrada que não vão sofrer qualquer beneficiação.

A EXTINÇÃO DAS FREGUESIAS VAI SER REAVALIADA…

O Ministro da Administração Interna anunciou que o Governo vai entregar ainda “neste semestre”, uma proposta de Lei à Assembleia da República, para a reorganização territorial das freguesias, que permita a criação ou modificação destas autarquias locais, para um “regresso à normalidade democrática”. Recentemente foi igualmente aprovada no Congresso da Associação Nacional de Freguesias, uma moção que foi aplaudida pelos congressistas, em que se irá recomendar ao Governo e à Assembleia da República que “legisle rapidamente” no sentido de “reverter a efectiva extinção das freguesias operada pela reorganização administrativa” levada a efeito por Miguel Relvas durante o Governo de Pedro Passos Coelho. “Aquilo que iremos fazer, é uma lei-quadro que colocará cada coisa no seu plano e que dará a voz aos autarcas. É essa proposta que neste semestre apresentaremos na Assembleia da República para que se volte nesta matéria à normalidade democrática, isto é regras estáveis que definam como é que organizamos o território”, afirmou Eduardo Cabrita.A extinção e união de freguesias foi aplicada em 2013, durante o período do programa de ajustamento, mas a medida continua a ser contestada pela maioria dos autarcas. Eduardo Cabrita explicou que “a questão decisiva não é mais freguesias ou menos freguesias, a questão decisiva é para que é que queremos as freguesias, para que poderes, para que competências, para que relação com as populações”. “É da resposta a esta questão, que decorrerá em cada concelho o modelo mais adequado de organização territorial”, frisou o ministro da Administração Interna.


SOCIEDADE

ESTRADA VILAR DE PERDIZES-MEIXIDE REABRE A 13 DE ABRIL

Fechada ao trânsito desde 9 de janeiro, o troço da estrada "Vilar de Perdizes-Meixide" irá reabrir à circulação automóvel no próximo 13 de abril, dia da primeira "Sexta 13" do ano. A cerca de mês e meio da "luz verde", o presidente do município, Orlando Alves, quis ver de perto o andamento dos trabalhos. O sentimento recolhido não podia ter sido melhor. O autarca confessou «surpresa» pelo impacto da obra e pela qualidade dos trabalhos. No mês dos emigrantes - agosto - a empreitada já deve estar praticamente concluída. A data não foi escolhida por acaso. Nesse dia, realiza-se a primeira Sexta 13 do ano - há ainda uma outra em julho - evento de forte romaria à sede do concelho. A reabertura é definitiva apesar dos trabalhos, nessa altura, ainda não estarem concluídos. A garantia é dada pelo presidente da Câmara de Montalegre depois de ter observado, in loco, o ritmo das operações. Orlando Alves saiu satisfeito com o que encontrou a ponto de ter ficado surpreendido: «estou a ficar deveras surpreendido. Já perspetiva o formato da estrada no seu todo. Impressiona pela qualidade do trabalho e pela grandeza da obra». Recorde-se que, para além deste troço, o projeto - orçado em três miLhões de euros, verba totalmente assumida pela autarquia - inicia em Montalegre e só termina na fronteira com o concelho de Chaves. Daí que, por exemplo, esta semana, «estiveram cá projetistas - professores da UTAD (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) - a estudar outras soluções para o encaixe que temos que fazer junto ao Calvário de Meixedo», explicou. O autarca fez-se acompanhar pelo técnico municipal - que fiscaliza o andamento da obra - e pela engenheira da empresa responsável da execução do projeto. Observador, o edil desfez todas as dúvidas. Apelou ao rigor e ao compromisso. Orlando Alves preconiza que a cidade flaviense «passará a ser o elo preferencial da capital do Barroso - Montalegre - ao Mundo». Nesta ótica, «será intensificada a atividade cultural e económica» através de uma obra «notável» que «irá marcar não só o mandato como, também, toda a passagem da governação socialista pela Câmara de Montalegre», assevera. AGRADECIMENTO PÚBLICO Tal como foi anunciado no comunicado, o encerramento do troço termina três meses depois. A reabertura da estrada será definitiva: «a 13 de abril tem que estar transitável. Naturalmente que não terá o "tapete". Será uma estrada em tout-venant que irá libertar os milhares de visitantes que virão nessa altura a Montalegre. Isto irá dispensar as pessoas de ir por caminhos alternativos. Depois não volta a fechar. Será, posteriormente, pavimentada uma faixa e depois outra. Nada impedirá a circulação automóvel. É um ponto assente». Entusiasmado, Orlando Alves aproveita a ocasião para agradecer a toda a comunidade, com especial foco nos cidadãos que habitam perto da obra: «agradeço a compreensão que tenho sentido por parte de toda a população. Gente de Montalegre, Santo André, Gralhas, Vilar de Perdizes, Solveira, Meixedo...sofreram na "pele" estas contrariedades, causando-lhes transtornos e até custo financeiro. Quero a todos agradecer a colaboração prestada e dizer-lhes que daqui a mês e meio todos se sentirão agradados e confortados por terem partiicipado neste projeto». No rabisco final, o presidente do município esclareceu que, termina a obra, isto irá significar que estaremos perante «a ligação de Montalegre ao Mundo».

BARROSO CAMINHA PARA TERRITÓRIO DA UNESCO Na sequência de uma candidatura realizada ao programa GIAHS, em 2016, uma delegação da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) esteve, por estes dias, de visita à região do Barroso. A comitiva observou vários pontos do concelho: a sede do Ecomuseu de Barroso, o polo da Casa do Capitão (Salto) e algumas explorações pecuárias. Os elementos da organização estiveram, ainda, em contacto com a paisagem e acompanharam a realização de atividades tradicionais comunitárias na aldeia de Pitões das Júnias. Trata-se da reta final de um processo que deverá estar concluído em março e que poderá atribuir à região o título de sistema agrícola de importância global da FAO de que fazem parte apenas 40 regiões em todo o Mundo. No final, o sentimento é de confiança para a decisão que terá luz verde já em março. TEM A PALAVRA : Orlando Alves | Presidente da Câmara de Montalegre «Foi uma visita importantíssima. Tivemos entre nós dois elementos da FAO que vieram fazer uma avaliação do território para emitirem um parecer sobre a candidatura que realizamos para que possamos ser considerados território da Unesco. Não tenho dúvida nenhuma que seremos bem sucedidos. E vamos ser o primeiro território do país a ter esta classificação. Trata-se de um território que já é dominado pela nossa monumentalidade, qualidade arquitetónica, preservação da natureza e espécies e que é reserva da biosfera. Esta classificação poderá ser uma âncora para o desenvolvimento da região, sobretudo para o turismo de natureza que tem que ser a vertente maior da nossa afirmação turística. Não vamos competir com a massificação de território nenhum, do país ou do Mundo. Queremos preservar a nossa identidade. Para isso, esta classificação é importante porque trará maior visibilidade ao nosso território, tão relevante para a nossa sobrevivência e sustentabilidade». (Textos e fotos: G.I. da CMM)

David Teixeira | Vice-presidente da Câmara de Montalegre «É a sequência da candidatura que foi feita pelo território de Barroso. A análise passa, também, por esta vistoria. Por um lado, para que quem vai decidir possa perceber a veracidade da nossa argumentação e, sobretudo, retirar dúvidas sobre a especificidade deste território único que soube preservar, até hoje, uma identidade muito específica. Queremos que a organização perceba o compromisso que esta região assume para os próximos 10 ou 20 anos. Se tudo correr da melhor forma, vamos elaborar um conjunto de objetivos mensuráveis a atingir para a preservação desta identidade e deste modo de vida. Queremos ser o primeiro território GIAHS de língua portuguesa.


SOCIEDADE

EMPREGO: PAÍS ASSISTE À MAIOR CRIAÇÃO DE POSTOS DE TRABALHO DOS ÚLTIMOS 19 ANOS SALÁRIO MÉDIO TAMBÉM CRESCE 2% AO ANO Quanto ao desemprego jovem, há hoje mais 36 mil empregos líquidos criados, e menos 28 mil jovens desempregados – “o número mais baixo desde o início da série que recua 19 anos”, ainda segundo dados do INE. Ainda assim um valor que nos inquieta, mas que está longe da realidade que se verificava no final da governação de direita, quando a taxa de desemprego se situava acima dos 30% e tínhamos mais de 100 mil jovens desempregados e muitos outros emigrados. No que diz respeito aos salários, o salário médio cresce 2% ao ano e o salário mínimo subiu 15% nos últimos três anos, indicadores que são uma prova de que a legislação laboral não representa um entrave ao crescimento do emprego.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatistica, “entre Dezembro de 2015 e 31 de Dezembro de 2017, foram criados mais de 280 mil empregos líquidos. Uma média de 400 empregos por dia e 17 a cada hora que passou”. Só em 2017, foram criados mais de 170 mil empregos, ou seja, mais do dobro do último ano de governação do PSD e do CDS que até Outubro de 2015 detinham a maioria parlamentar. O emprego em Portugal cresce assim acima da média europeia, com expressão na indústria onde foram gerados mais de 48 mil empregos.

“NOVO PETRÓLEO” - REGIÃO DE BARROSO NO TOP DO LITIO…

CARNAVAL FOI COMEMORADO UM POUCO POR TODO O CONCELHO

GOVERNO VAI LANÇAR CONCURSOS PARA EXPLORAÇÃO EM JUNHO

Várias empresas entraram já com mais de 30 pedidos de licenciamento para prospeção e exploração de lítio, mas vão ter agora que disputar a autorização, que deixa de ser automática. O Governo quer explorar o potencial deste minério, apelidado já de “novo petróleo” e os primeiros concursos públicos deverão ser lançados até ao final de junho, diz o Executivo de António Costa. Governo que apresentou já em Bruxelas a estratégia nacional para o lítio, um mineral presente nas baterias dos telemóveis e carros elétricos. Em setembro do ano passado o discreto Ministro da Economia, Caldeira Cabral, tinha revelado que o Governo estava a preparar um plano para a extracção de lítio que previa a criação de uma indústria associada à sua exploração. Em janeiro deste ano, o Governo aprovou em Conselho de Ministros as "linhas de orientação estratégica quanto à valorização do potencial de minerais de lítio em Portugal“ e em Junho espera-se que os concursos sejam lançados. Com uma posição no “top 10” dos principais produtores mundiais e cerca de uma dezena de áreas de elevado potencial de exploração, com relevo para o concelho de Montalegre, Portugal está nos radares de várias empresas internacionais por causa do lítio, o mineral que deverá estar no centro da revolução energética em curso. Até 2040, milhões de carros rodarão quase silenciosamente nas estradas europeias, com uma autonomia nunca vista e pegada carbónica próxima de zero. Para trás vai ficar a era dos motores de combustão e as baterias eléctricas tomarão o lugar do diesel e da gasolina. A popularidade crescente deste mineral acompanha a revolução em curso na área da energia, que faz antever a necessidade de matérias-primas para a construção de baterias de iões-lítio para usos que vão do sector automóvel aos dispositivos electrónicos portáteis, passando pelos sistemas de armazenamento de electricidade. Em Montalegre, a concessão de Cepeda está a ser disputada entre os australianos da Novo Lítio e a portuguesa Lusorecursos, detentora original da licença de prospecção. Porém em meados do ano passado, a Novo Lítio anunciou que a Lusorecursos - que assinou o contrato de prospecção com o Estado - não estava a cumprir com o acordado, recusando-se a notificar o Estado para a transmissão das licenças para a sua posse. No meio de uma batalha judicial que ainda continua, a Lusorecursos e a Novo Lítio avançaram para pedidos independentes de licenças de exploração (já que a licença de prospecção caducou a 7 de Dezembro). Cabe agora ao Estado decidir a quem atribuir a exploração deste minério. Os concursos deverão ser lançados em Junho próximo.

O Entrudo foi comemorado um pouco por todo o universo barrosão que fáz parte do concelho de Montalegre. Ponto alto dessas comemorações foi aquele que teve como cenário a mítica ponte da Misarela. O povo voltou a recuperar os caretos, a sátira popular e desfiou uma tradição que queima o entrudo. A manifestação cultural atraiu dezenas de curiosos que foram contemplados com a história associada àquele local emblemático. A Ponte da Mizarela ou Ponte do Diabo como também é conhecida, localiza-se sobre o rio Rabagão, a cerca de um quilómetro da sua foz no rio Cávado, liga as freguesias de Ruivães à de Ferral, respectivamente nos concelhos de Vieira do Minho e Montalegre. Está implantada no fundo de um desfiladeiro escarpado, assente sobre os penedos e com alguma altitude em relação ao leito do rio, sendo sustentada por um único arco com cerca de 13 metros de vão. Foi erguida na Idade Média e reconstruída no início do século XIX., e encontra-se classificada como Imóvel de Interesse Público desde de 30 de novembro de 1993.

A LENDA DA MISARELA "Diz-se que um padre, querendo fazer uma pirraça ao Diabo, se disfarçou em salteador perseguido pelas justiças de Montalegre, e foi certo dia à meia-noite, àquele lugar para passar o rio. Como o não pudesse passar, por meio de esconjuros, invocou o auxílio do inimigo. Ouve-se um rumor subterrâneo e eis que aparece, afável e chamejante, o anjo rebelde: "Que queres de mim?" - perguntou ele.: "Passa-me para o outro lado e dar-te-ei a minha alma”…. "Satanás, que antegozava já a perdição do sacerdote, estendeu-lhe um pedaço de pergaminho garatujado e uma pena molhada em saliva negra, dizendo: "Assina!". O padre assinou. O Demo fez um gesto cabalístico e uma ponte saiu do seio horrendo das trevas. O clérigo passa, e enquanto o diabo esfrega um olho, saca da caldeirinha da água benta que escondera debaixo da capa de burel e asparge com ela a infernal alvenaria, fazendo o sinal da cruz e pronunciando bem vincadas as palavras do exorcismo. Satanás logrado, deu um berro bestial e desapareceu num boqueirão aberto na rocha, por onde sairam línguas de fogo, estrondos vulcânicos e fumos pestilenciais. O vulgo das redondezas, na sua ignorância e ingenuidade, e não sabemos a origem, aproveita-se da ponte para ali exercer um rito singular. Quando uma mulher, decorridos que sejam dezoito meses após o seu enlace matrimonial, não houver concebido, ou, quando pejada, se prevê um parto difícil ou perigoso, não tem mais que ir à Mizarela, à noite, para obter um feliz sucesso. Ali, com o marido e outros familiares, espera que passe o primeiro viandante. Este é então convidado para proceder à cerimónia, a qual consiste no baptismo in ventris do novo ou futuro ser. Para isso, o caminhante colhe por meio de uma comprida corda com um vaso adaptado a uma das extremidades, um pouco de água do rio e com a mão em concha deita-a no ventre da paciente por um pequeno rasgão aberto no vestuário para esse efeito, acompanhando a oração com a seguinte ladaínha: Eu te baptizo criatura de Deus, Pelo poder de Deus e da Virgem Maria. Se for rapaz, será ‘Gervás’; se for rapariga, será Senhorinha. Pelo poder de Deus e da Virgem Maria, um Padre-Nosso e uma Avé-Maria. “O barulhar iracundo da cachoeira no abismo imprime a estas cenas um cunho de tétrica magia. Segue-se depois uma lauta ceia, assistindo, geralmente, o improvisado padrinho. E o êxito é completo: um neófito virá alegrar a família. Claro que se na primeira noite não passar o viandante desejado, a viagem à Mizarela repetir-se-á até o cerimonial se realizar nas condições devidas. De um dos lados ergue-se um enorme rochedo que o povo denominou "Púlpito do Diabo", por crer que o Demo vai ali pregar à meia-noite, quando as bruxas das redondezas se reunem em magno concilio.


SOCIEDADE

A “ESPUMA DO TEMPO” EM ÉPOCAS CARNAVALESCAS O TESTAMENTO DO GALO

Sabiam que no tempo dos nossos avós, bisavós e todos os nossos antepassados, a quinta-feira que ocorria ao décimo nono dia antes do Entrudo, se chamava a quinta-feira dos Compadres, ou quinta-feira Magra?!... E sabiam, que tal dia se festejava com uma merenda de chouriças, num encontro previamente programado por todos os compadres amigos?!.... Sabiam também, que no domingo imediato, se celebrava o domingo-magro, data em que muita rapaziada se começava a vestir de "Careto"?!... E como as mulheres também não podiam ficar de fora destas andanças, sabiam que a quinta-feira seguinte, era chamada de "quinta das comadres" ou "quinta gorda“, e que também aqui, as "comadres" amigas se juntavam para uma merenda de arromba?!... E por falar em saber, o que representava em tempos idos o dia de Domingo Gordo para os nossos conterrâneos?!... O próprio nome já diz tudo!. Tratava-se de um Domingo, no qual se preparava a mesa como se fosse o dia de Carnaval. A mesa, onde não podiam faltar bons pedaços de carne de porco - pé, orelheira, presunto cozido e, enchidos igualmente cozidos, como os chouriços de abóbora, de pão e de farinha. Neste dia havia ainda quem matasse um galo ou uma galinha gorda para encher as delícias da mesa. Também as sobremesas eram mais caprichadas neste dia, uma vez que se avizinhava o período de abstinência - a Quaresma - que obrigava os cumpridores da tradição cristã a não comerem deste tipo de alimentação. Em toda a região de Barroso, este era também o dia dos pastores. Tinham comida melhorada e festa. O dia de Domingo Gordo, era também o dia, em que no adro da igreja se fazia o leilão das carnes ao santo da terra. Os devotos levavam para ali partes do porco já curadas, nomeadamente orelheiras e chouriças, que eram arrematadas pelos presentes no leilão. O dinheiro revertia a favor do santo, a quem era pedido que houvesse fartura em casa e que livrasse os animais da doença. O leilão era normalmente feito pelo sacristão, no final da missa. No adro em cima do muro ou à porta da igreja, leiloava todas as ofertas, e ao fim de apregoar os maiores lanços e vendo-se que ninguém dava mais, terminava dizendo: dou-lhe uma, dou-lhe duas e por fim dou-lhe três, e está entregue o objecto arrematado, que pode ser pago na hora ou ficar apontado no livro das contas. ESTAS E OUTRAS CURIOSIDADES, SERÃO SEMPRE AQUI LEMBRADAS. POR AGORA, DEIXO-VOS COM O "TESTAMENTO DO GALO“ EM JEITO DE SÁTIRA ADAPTADA AOS NOVOS TEMPOS.

I Chegou finalmente a hora De para o mundo acabar Assim o ditou a minha dona Sem sequer pestanejar. II Não há por isso quem me console Nesta minha triste sorte Neste dia escreveu-se em vida A minha sentença de morte. III XII XXI Já ouvi o afiar da faca Por isso camaradas, companheiros E dou a minha magra chicha Com que me vão degolar Doutores e delegados doutros poleiros Que é de muito bom alimento A minha morte é pois certa De nada vale insinuar Talvez com a sua venda E dela não vou escapar. Há muito que dei conta que me querem arrumar Se reforce o orçamento IV XIII XXII Em nome desta santa e benta hora Por isso foi neste dia e lugar Também as penas do meu rabo Acudam todos e venham ver Que ditaram minha sentença de morte Podem dar um abanador O que faz um pobre galo Mas se nada posso contra tal sorte Porque no fim da brincadeira Quando está para morrer. Deixai-me pela última vez falar alguém vai ficar com calor V XIV XXIII A sentença já está dada Sou um galo independente E deixo os meus fígados ruins E o remédio é só morrer Tenho escrito o testamento Aos incendiários da serra Mas antes que a morte chegue Quero deixar as tripas ao Gil Aos que não confessam seus fins Vou meu testamento fazer. E o que vai lá dentro ao Bento E aos do falso amor à terra VI XV XXIV Quero deixar o que tenho Ambos cantam no mesmo coro Deixo também o môlho das tripas Da forma como entender Ainda que sem grande afinação E toda a demais demasia Oiçam pois com atenção Mas tenham ao menos decoro A todos que vivem de tricas Porque não há tempo a perder. E escolham outra canção Para combater a sua azia VII XVI XXV Tive fama de valente E quanto às oposições E lembro-lhe senhor Alcaide E também de cantador Deixo é claro os meus esporões Que no tempo das avózinhas Para as minhas companheiras Não para declarar qualquer guerra Lugar onde havia galo, Ficam a fama e o louvor. Mas para que desçam à terra Nunca cantavam galinhas VIII XVII XXVI Delas hoje me despeço E aos deputados desta gloriosa “nação” E sendo assim senhor castelão Porque a vida vou perder – e deputadas, pois então Mesmo que mal lhe pareça Adeus queridas amigas Deixo as minhas esgravatadeiras A melhor parte do meu coração Não vos voltarei a ver. Para se poderem coçar nas cadeiras… deixo-lha para sua pertença IX XVIII XXVII Isto apesar de que a minha morte E já agora entregai as minhas penas, A outra pois então Pouco tempo a chorareis E o meu casaco avermelhado Fica pró povo deste lugar Assim que houver novo galo Ao nosso padre abençoado E para o ajudar a pagar Logo me esquecereis. Para o aconchegar nas novenas Gabinetes prá Oposição X XIX XXVIII As galinhas são parecidas E deixo as penas do pescoço E a esta ofereço também a crista Ás viuvinhas que o são Variadas e pintadas Mas bem esticada pra cima Pois já estão namoriscando Às moças que procuram moço É que não os quero perder de vista Ainda com o marido no caixão. Para andarem mais asseadas Depois de tanto trovão e faísca XI XX XXIX Por isso logo que chegue Ofereço também o poleiro Agora adeus Barroso que abalo Outro galo à capoeira E o papo que foi meu celeiro Deixo-te o corpo e trata-me a alma Logo esquecereis de vez Para fazerem dinheiro Se pró ano não estiveres calmo Minha morte traiçoeira. E pagarem ao testamenteiro Culpa-te a ti e não acuses o galo.


SOCIEDADE

O QUE NOS DIRIA HOJE CRISTO SE VOLTASSE À TERRA?!...

Para os cristãos, a questão não tem nada de surpreendente e é uma preocupação de todos os dias. Para os que não são crentes, trata-se apenas de um exercício de imaginação como outro qualquer. Mas saber o que Jesus Cristo acharia sobre o nosso mundo, tem pouco de adivinhação, depende, sobretudo, da interpretação que se fizer dos textos bíblicos, e em particular dos Evangelhos. À esquerda, há quem ache que Ele sempre defendeu os mais desfavorecidos. À direita, há quem chame a atenção para o facto de Jesus também ter convivido com os ricos. E no limite, é impossível responder à pergunta "O que diria Jesus se regressasse à Terra“, porque "Ele nunca saiu de cá", como afirma o escritor António Lobo Antunes. Possível é contudo olhar para o País à luz da Sua mensagem e dos valores sociais vigentes e fazer um esforço de compreensão no sentido de definir qual seria a Sua ideologia. O que pensaria Ele da maneira como a riqueza está distribuída?!... Como veria o modo como as famílias se compõem?!... Gostaria deste mundo de famas e celebridades?!... E sobre o poder do "poder financeiro", o que diria?!... As respostas não são simples e podem desafiar as grelhas de leitura habituais. Prosseguindo com o autor de “Não É Meia Noite Quem Quer”: "Sempre achei estranho que as pessoas rezem para pedir ajuda, porque a ajuda já está dada”. E António Lobo Antunes diz ainda: "São muito curiosos os Seus caminhos”. Para este professor da Universidade Católica Portuguesa, "Jesus nunca deixou o mundo“, e por isso, a pergunta "O que diria Jesus se regressasse à Terra" não é estranha a um católico que se interroga diariamente sobre ela. "Provavelmente iria chocar-nos como nos chocou quando esteve cá", defende o escritor. Segundo o Evangelho de Lucas, um judeu perguntou um dia a Jesus o que deveria fazer para possuir a vida eterna. Jesus replicou, que para além de cumprir os mandamentos, deveria vender tudo o que possuía e dar o dinheiro aos pobres. "É mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus", terá declarado Jesus ao ver o homem desolado perante tais instruções. Enquanto isso, uma camarada minha lembra o conhecido episódio para explicar que "muitas vezes o rico inverte as suas prioridades e acaba por se preocupar com aquilo que tem uma dimensão de perenidade, com o que ele deixará cá". Estava a referir-se ao economista Amartya Sen, vencedor aqui há uns anos do Prémio Nobel, para defender que o problema é a riqueza estar mal distribuída. "Devemos possuir o suficiente para o nosso bem--estar. O rico nunca fica saciado e convive agradavelmente com as pessoas que não têm o essencial. Acha que para ele tudo é pouco e para os outros tudo é demais", argumenta a senhora. Enquanto isso, o Bispo D. Januário Torgal Ferreira, não hesita em aceitar que o sermão que hoje Cristo nos poderia dar, não seria muito apologético do modo de vida dos mortais. Ainda segundo o Bispo dir-nos-ia: "queridíssimos homens e mulheres, meus filhos e minhas filhas, adoráveis irmãos e irmãs, o tempo que têm perdido com bagatelas, com minudências e com coisas que não interessam, o tempo que têm perdido a contar as notas e as moedas, o tempo que têm perdido com fotografias, brasões de armas, títulos e postos não vale nada nem para nada. Os homens agarraram-se ao supérfluo, à vaidade, à pretensa categoria, à insolência de que conseguem tudo através do dinheiro e do poder“. A defesa dos mais pobres, no entender de D. Januário, continuaria a ser uma das preocupações de Jesus, que nos chamaria a atenção para o facto de não estarmos "a ganhar tempo com os últimos das hierarquias sociais“. "Se eu estiver com estes, lutando para que tenham melhores salários, batalhando contra as causas que originam a fome daqueles que têm fome, cobrindo aqueles que não têm com que se cobrir, Jesus vai dizerme: tudo omais pequeninos fizeste-me a mim também". E conclui o Bispo: "Repara que esta humanidade chegou à Lua, teve progressos cie que fizesteaos ntíficos ímpares, mas não tornou comum a defesa da justiça social e dos mais fracos. Como é que eu consigo levar os homens à inteligência?!... Há aqui um país que se chama Portugal onde até aos mais humildes e aos mais pobres lhes foram tirar parte daquilo que tinham. Pobre desse reformado que depois de uma vida a descontar, lhe tiram o pouco que ele tinha conseguido." Também na opinião do padre Jardim Moreira, que em Portugal preside à Rede Europeia Anti-Pobreza, uma organização não-governamental com representação em 30 países, "provavelmente Jesus tão iria gostar daquilo que veria". Existe nas suas palavras, "uma dicotomia entre o que se diz e o que se vive". Além disso, o padre Jardim Moreira salienta que Jesus recordar-nos-ia que "temos um só pai, somos todos irmãos". "Diria que este mundo continua a adorar o dinheiro e o poder. O grande poder europeu está a sujeitar-nos (e particularmente os mais fracos e injustiçados) ao dinheiro. O que importa é o êxito, a eficácia, o tecido económico europeu, ainda que sustentado à custa dos mais frágeis. De fraternidade não temos nenhuma, mesmo que em algumas leis a palavra possa lá estar, alega. Segundo o Presidente da Rede Europeia AntiPobreza, Jesus "condenaria os construtores desta sociedade e lembraria as suas vítimas". Proporia ainda - continua, "uma nova ordem social“. "O dinheiro deve estar ao serviço de todos e não só de alguns. Muitos possuem aquilo que não lhes pertence e que é propriedade daqueles a quem ele falta. Todos os impérios caíram, este império do capitalismo neoliberal também cairá." Enquanto

isso, também o deputado europeu Paulo Rangel, autor do livro “Quem Foi/Quem É Jesus Cristo”, refere no mesmo “não ter dúvidas que "Jesus condenaria o capitalismo selvagem e a exploração do homem pelo homem ". Salienta no entanto, que do seu ponto de vista, Jesus o faria com critérios diferentes, nomeadamente "uma justiça que está para além dos critérios humanos". Num dos capítulos do mesmo intitulado "Jesus e a Política, Paulo Rangel advoga que Jesus não tinha uma ideia maquiavélica da política. "Os seus critérios são desconcertantes e subversivos porque não cabem nas grelhas doutrinais da política em que nós nos fechamos. A única coisa que vejo de semelhante é o amor incondicional de um pai e de uma mãe. Por isso é extremamente difícil dizer o que Jesus acharia hoje porque os critérios deles não são os que nós temos" . Como exemplos, Rangel cita ainda no seu dito livro duas parábolas: a dos trabalhadores da vinha - segundo a qual Jesus paga tanto a uma pessoa que começou a trabalhar de manhã quanto a uma pessoa que começou a trabalhar à tarde, e a parábola dos talentos, na qual Jesus repreende com palavras duras um dos empregados. "És um mau trabalhador e preguiçoso. Sabias que ceifo onde não semeei e junto onde não espalhei. Então devias ter posto o meu dinheiro no banco, para eu, ao regressar, receber o que era meu com os respetivos juros", terá alegadamente dito Jesus ao empregado que tinha poucas moedas e que, em vez de as pôr a render, as guardou num buraco. Paulo Rangel remata: "Os critérios doutrinários do programa social de Jesus não têm nada a ver com os critérios da nossa justiça social". Posto isto, caberá agora aos estimados leitores dizerem de sua justiça: Apenas uma certeza: não comungaria das últimas posições de D. Manuel Clemente, Cardeal Patriarca de Lisboa.Já ao tempo, Jesus Cristo estava muito à frente quando disse "Crescei e multiplicai-vos".


AS POTENCIALIDADES DE UMA REGIÃO | O FUMEIRO DE BARROSO A TRADIÇÃO E O FUTURO Na última edição da Barrosana, falamos da criação de gado barrosão, da sua importância para a actividade agricola num passado ainda recente, da qualidade da sua carne e na importância em termos económicos para a região. Neste número, a abordagem irá ter como alvo a Fumeiro de Barroso, a sua tradição e o futuro desta actividade de qualidade ímpar. A produção de fumeiro, teve desde sempre em toda a região de Barroso uma enorme importância. O que começou por ser uma importante reserva alimentar, quando o acesso destas populações a alimentos diversificados era bastante difícil, é hoje uma actividade económica com algum peso para a região. A produção de fumeiro em pequenas unidades de transformação que respeitam os processos tradicionais de fabrico mas que se modernizaram, adquirindo todas as condições para funcionar de acordo com as actuais exigências, é hohe um dado adquirido e uma actividade viável em termos económicos, que muito tem contribuído e continuará a contribuir para a manutenção das populações rurais, e que mantém o equilíbrio com as condições agro-ecológicas da região. A notoriedade, consequência das características únicas e muito apreciadas do fumeiro barrosão, fez com que este produto atingisse a reputação de que já goza hoje em dia. A sua notoriedade, é evidenciada sempre que se referem os costumes, a gastronomia e as produções da região, levando a que nomes como o presunto de Barroso, a chouriça, a alheira, a sangueira e tantas outras iguarias, sejam suficientes para que mesmo os consumidores não habituais e não naturais da região se disponham a pagar mais por um produto que é, aos seus olhos, indestrinçável de produtos semelhantes existentes no mercado e vendidos a preços mais baixos. A protecção do nome deste produto como Indicação Geográfica, é por assim dizer, um instrumento importantíssimo para evitar a sua descaracterização, salvaguardando a sua genuidade, e consequentemente a sua reputação. Para além da importância que representa em si mesma, a protecção jurídica das várias designações de produtos do fumeiro de Barroso, os seus efeitos reflectir-se-ão beneficamente a nível da manutenção de postos de trabalho a nível local, com o inerente impedimento da desertificação de uma região desfavorecida, com o respeito pelo ambiente, face à continuidade do uso das práticas produtivas e de transformação tradicionais, e pelo escoamento de diversas matérias-primas regionais, desde sempre utilizadas na alimentação dos animais.

O PRESUNTO

O Presunto de Barroso, é um presunto -ou pá, obtido a partir da perna de porcos abatidos entre os 16 e 18 meses de idade, alimentados de forma natural, essencialmente através dos subprodutos da exploração e dos restos da alimentação das famílias. Tem uma cor entre o vermelhosangue a vermelho-acastanhado, apresentando a gordura uma tonalidade branco-suja. Comercialmente pode apresentar-se inteiro, com osso, ou em porções desossadas. Método de produção: o presunto e a pá permanecem na salga durante duas a quatro semanas. Após este período, a carne é fumada durante duas semanas a três meses, essencialmente com a utilização de lenha da região. Características particulares: A produção de Presunto de Barroso, depende em muito do clima frio e seco desta região, que obriga a que cada casa tenha sempre a sua lareira acesa, o que proporciona condições de fumagem únicas, caracterizadas por um fumo pouco intenso e gradual.

AS CHOURIÇAS

DESCRIÇÕES HISTÓRICAS A ALHEIRA TRADICIONAL A Alheira é um enchido feito a partir de carne de porco, com a adição de pequenas quantidades de carne de aves, caça, pão, azeite, cebola, alho e condimentos picantes. Método de produção: As peças mais frequentemente utilizadas são as carnes agarradas aos ossos ou carne da cabeça. As carnes são cortadas em pedaços de dimensão média, de forma a que a cozedura seja um processo uniforme. A carne é separada do osso e desfiada enquanto ainda está quente, adicionando-se de seguida o pão e os outros ingredientes. A massa formada pela mistura dos ingredientes é homogeneizada e é feito o enchimento da tripa. As alheiras são então fumadas durante quatro dias em câmara, sala de fumo ou no fumeiro tradicional. O fumo é obtido a partir da combustão directa de turfa, lenha de carvalho, salgueiro ou choupo existentes na zona de produção. Em seguida, são colocadas numa sala com temperatura controlada para curar até que adquiram o seu aroma e sabor característico. Características particulares: o clima frio e seco da região determina que a Alheira de Barroso seja fumada de forma indirecta, uma vez que as casas locais com as suas lareiras sempre acesas, proporcionam o ambiente perfeito para um processo de defumação lento e suave, com a madeira local a conferir o seu aroma exclusivo ao enchido. História: A origem da Alheira de Barroso remonta ao final do século XV e está associada com a chegada a Trás-os-Montes de um número considerável de judeus que foram expulsos de Castela em 1492. Como não comiam carne de porco, para esconder a sua identidade e fugir da perseguição, os judeus portugueses fizeram as primeiras alheiras sem carne de porco, utilizando apenas frango e pão, mas mantendo a mesma aparência de um produto de carne típico. Mais tarde, a população de Trásos-Montes adoptou este enchido e adicionou a carne de porco. A dieta tradicional local, influenciada pela geografia local, clima e economia baseia-se principalmente no pão, batatas e carne de porco o que também determinou os ingredientes deste enchido. O fabrico das alheiras está associada a festas populares e religiosas e ainda hoje é tradicional dar e receber presentes deste enchido.

Descrição: a Chouriça de Carne de Barroso, é um enchido fumado, em forma de ferradura, com cerca de 3 cm de diâmetro e 25 a 35 cm de comprimento, obtido à base de carne e gordura de porco condimentadas com sal, alho, vinho, colorau picante e/ou colorau doce. A sua cor varia do vermelho ao castanho, com manchas, apercebendo-se exteriormente os pedaços de gordura. Método de produção: As carnes da pá e do lombo, aparas magras da perna e a carne existente à volta dos ossos de assuã, são cortadas em pedaços pequenos e condimentados, permanecendo em repouso até 5 dias, a menos de 10.° C e em local com pouca humidade, após o que se adiciona o colorau. Procede-se em seguida ao enchimento, tomando o enchido forma de ferradura. A fumagem é feita com lume brando, fundamentalmente a partir de lenha de carvalho e dura de 10 a 15 dias. História: O isolamento geográfico da região do Barroso fez com que a dieta regional, constituída principalmente por pão, batata e carne de porco, estivesse essencialmente limitada à produção local. A antiguidade e importância da criação de porcos são testemunhadas pelas referências feitas em vários forais relativos aos tributos dos suínos e seus produtos, entre os quais o foral de Montalegre. Para poder ser consumida durante todo o ano descobriram-se formas de conservar a carne de porco, que rapidamente se tornaram numa arte ancestral transmitida de geração em geração.


PELO MUNICIPIO

AUTARQUIA ALERTA PRAZO PARA LIMPEZA DOS TERRENOS TERMINA A 15 MARÇO

CÂMARA INVESTE NA EDUCAÇÃO DEPOIS DA ESCOLA DO BAIXO BARROSO, CHEGOU A VEZ DE SALTO!... REQUALIFICAÇÃO CUSTOU 300 MIL EUROS Depois dos 150 mil euros aplicados na requalificação da escola do Baixo Barroso, na Venda Nova, a Câmara Municipal de Montalegre acaba igualmente por dar como concluído o processo de reabilitação da Escola básica de Salto. O espaço apresenta, agora, condições de conforto térmico, acústico e de segurança, com a remodelação das salas de aulas, a criação de novas instalações sanitárias e melhoria das acessibilidades. Um investimento, avaliado em cerca de 300 mil euros, que coloca este equipamento escolar na senda da modernidade. Entretanto, no resto do concelho, já foi adjudicado o processo de intervenção na escola básica e secundária Dr. Bento da Cruz, em Montalegre, orçado em um milhão e duzentos mil euros.

Orlando Alves | Presidente do Municipio

«Esta intervenção resulta de um empenho muito grande da Câmara Municipal que dedica sempre o melhor às questões da educação e não olhamos a meios para que haja sucesso educativo. Se o sucesso escolar se conseguisse com dinheiro, estávamos garantidos porque a autarquia não se furta a meios para que se desenvolva da melhor forma o processo ensino/aprendizagem. Fizemos uma intervenção de 150 mil euros na escola do Baixo Barroso. A intervenção na escola de Salto ronda os 300 mil euros e temos em andamento o processo de intervenção na Escola Bento da Cruz que ronda 1 milhão e duzentos mil euros. O município tem tido uma conduta irrepreensível na abordagem a questões que se relacionam com a educação. Sinto alguma emoção por ver este espaço, onde trabalhei durante 16 anos, completamente transformado. Não tinha completamente nada do que existe hoje para que se possa trabalhar e almejar o sucesso educativo. Trabalhei aqui em condições extraordinariamente difíceis. Não me consta que nenhum aluno tenha ficado traumatizado com a realização de exames. Naquela altura, o resultado do aproveitamento dos alunos refletia-se na avaliação dos professores. Hoje isso não acontece por questões variadíssimas. À escola o que lhe compete e ao município o que também lhe compete. No que respeita ao município estamos a fazê-lo mesmo muito bem».

Os proprietários privados têm até 15 de março para limpar as áreas envolventes às casas isoladas e aglomerados populacionais. As faixas de segurança previstas na lei têm de ser estabelecidas com vista a delinear um plano de intervenção. Estes e outros considerandos foram debatidos numa reunião realizada no salão nobre da Câmara de Montalegre que juntou, para além da autarquia, presidentes de junta, representantes dos baldios, Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e GNR. Neste particular, a força de segurança está a fazer comunicações informais aos proprietários que não têm os terrenos limpos. Dizer que o valor das coimas que serão aplicadas pela infração à legislação aumentou para o dobro. A autarquia defende que a lei, nestes moldes, «não é exequível». De acordo com as disposições do decreto-lei n.º 124/2006, de 28 de junho, na sua redação atual (lei n.º 76/2017, de 17 de Agosto) e do n.º 1 e 2 do artigo 153.º da Lei n.º 114/2017, de 29 de dezembro, todos os proprietários, arrendatários, usufrutuários e entidades que, a qualquer título, detenham terrenos confinantes a edifícios inseridos em espaços rurais, são obrigados a proceder à gestão de combustível, numa faixa com largura de 50 metros a contar da alvenaria exterior do edifício, até 15 de março. Apela-se à compreensão e empenho máximo de todos, alertando para o facto de que quem não cumprir a lei, estará sujeito a coimas que vão desde 280€ até 10.000€ para pessoas singulares e desde 1.600€ até 120.000€ para pessoas coletivas.

A OPINIÃO DE DAVID TEIXEIRA | VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA DE MONTALEGRE

Fátima Fernandes | Vereadora da Educação da Câmara de Montalegre

«Penso que chegou o momento de comunicar mais e envolver todos os agentes locais na problemática dos incêndios. Queremos delinear um plano de intervenção com diferentes escalas de responsabilidade e intervenção. É urgente informarmos os nossos concidadãos que a limpeza em volta das habitações é de cada proprietário. Temos que ser claros e dizer que até 15 de Março não haverá coimas mas a partir daí, se esse trabalho não tiver sido feito, a Guarda Nacional Republicana vai aplicar as coimas cujos valores aumentaram. O objetivo é sempre reduzir ao máximo o índice de incêndios de forma a evitarmos o que aconteceu em 2017. A dimensão do nosso concelho, o envelhecimento da população ou o facto de os terrenos pertencerem a vários herdeiros que estão espalhados pelo Mundo, dificulta que possamos delinear um plano muito mais eficiente do que em territórios onde há outra capacidade de intervenção. O nosso território vai saber gerir as prioridades. Esta legislação não tem em conta as especificidades de muitos dos territórios de montanha e do interior como é o caso de Montalegre. Penso que esta lei ainda terá alguma atualização porque no meu entender não é exequível».

«Vejo este novo espaço, também, como uma nova oportunidade para que os professores continuem a esforçar-se em prol das nossas crianças, como têm feito até agora. É um esforço pesado para a autarquia mas a educação é a nossa prioridade. Um exemplo disso é o investimento que vai ser feito na escola sede do agrupamento, a escola Dr. Bento da Cruz, e as requalificações que têm vindo a ser feitas nos vários espaços escolares. Vemos as nossas crianças felizes e motivadas. São precisas condições …E DE BRUNO ALMEIDA | COMANDANTE DO DESTACAMENTO DA físicas e materiais para que haja sucesso».

Alberto Fernandes | Presidente da Junta de Freguesia de Salto

«Estou muito satisfeito com este momento. Fizeram-se obras maravilhosas no espaço da escola de Salto.

Eram há muito ansiadas pela junta de freguesia e Câmara Municipal. Não tínhamos condições para acolher todas as crianças. Foi uma das primeiras obras que pedi. Para nós e para toda a comunidade escolar, é um dia muito importante. Vemos um edifício bonito, acolhedor e moderno com todas as condições para receber as crianças. É um dia especial e estamos muito satisfeitos».

GNR PRESENTE NA REUNIÃO «Lançamos a operação "Floresta Protegida". O objetivo é a defesa da floresta contra incêndios e a segurança de pessoas e bens. Até 15 de março vamos fazer ações de sensibilização e identificação dos terrenos que não estão em conformidade. A partir dessa data vamos estar no terreno e as situações que não estiverem a cumprir iremos proceder ao levantamento do auto de contraordenação. Acredito que dentro da data prevista a população vai proceder à gestão de combustível».


CONCURSO DE FOTOGRAFIA

PELO MUNICIPIO CONFRARIA DO POTE E DA AMIZADE Dom Ximenes Belo foi o convidado de honra do primeiro capitulo da "Confraria do Pote e da Amizade" que decorreu no auditório municipal de Montalegre. A organização, onde o "pote" é o elemento agregador da tradição, integra cerca de 90 confrades, entre eles, o vice-presidente da Câmara Municipal de Montalegre, David Teixeira, e o conhecido Padre Fontes. Foi, também, o dia em que o prémio Nobel da Paz assinalou 70 anos de vida. AS OPINIÕES Orlando Alves | Presidente da Câmara de Montalegre «Foi uma cerimónia de institucionalização de uma confraria cheia de animação e com muita dignidade. Estas organizações servem para defesa do património gastronómico. As populações rurais ainda conservam esta vertente. O pote ainda é um elemento preponderante nas comunidades rurais para a confeção dos alimentos. Com todo este simbolismo, a institucionalização ser em Montalegre e ter como confrade de honra o Prémio Nobel da Paz, Dom Ximenes Belo, é um momento feliz e uma grande jornada de promoção para Montalegre. Há o dever de fazer a promoção e a defesa da gastronomia relacionada com o pote. Os empresários da restauração também têm o dever de saber respeitar os valores tradicionais da gastronomia barrosã. É assim que se promove e desenvolve o turismo das regiões».

OLHAR BARROSO Tendo em conta que, por iniciativa da Comissão Europeia, em 2018 se celebra o Ano Europeu do Património Cultural, o Ecomuseu de Barroso tomou a iniciativa de participar com um concurso de fotografia, para assim contribuir para uma maior visibilidade da cultura e do património e para o reconhecimento da sua importância em todos os sectores da sociedade. O Ecomuseu de Barroso organiza assim, pela primeira vez, o concurso de fotografia OLHAR BARROSO. O tema desta primeira edição é, como o próprio nome indica, a região de Barroso. O concurso destina-se ao público em geral.. Os interessados podem fazer a sua inscrição entre o dia 12 de Fevereiro de 2018 e o dia 31 de Outubro do mesmo ano, enviando até 3 fotografias (ver link abaixo). As fotografias serão seleccionadas por um júri, constituído por António Sá*, outro profissional da área da fotografia (cujo nome será, posteriormente, divulgado) e um elemento da equipa do Ecomuseu de Barroso. Serão atribuidos prémios monetários às três fotografias seleccionadas pelo júri. No final do concurso, as fotografias premiadas e outras seleccionadas pelo júri resultarão numa exposição na sede do Ecomuseu de Barroso. https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf_G9O79f2Yeq-Q7vWQEvlX-PP495G_...

O regulamento encontra-se no formulário de inscrição.

MONTALEGRE ACOLHEU O CRInMA

David Teixeira | Vice-presidente da Câmara de Montalegre «É uma feliz coincidência a criação desta confraria ligada ao concelho, com o aniversário de Dom Ximenes Belo e até o dia de São Brás. É mais um grupo de pessoas que tem por obrigação valorizar o passado, a gastronomia confecionada de forma tradicional, no pote com a lenha. Fala-se da "slow food" na valorização dos nossos produtos e da nossa tradição. É à mesa que se celebram as amizades, que se fazem bons negócios, mas, sobretudo, que se alimentam as famílias e se partilham saberes. Valorizamos aquilo que hoje em dia já não é permitido nos restaurantes: cozinhar num pote de ferro, numa fogueira de lenha. A grande vantagem é não ser um conceito fechado. Temos gente de toda a zona norte do país a aderir à valorização desta identidade barrosã que mantém a genuinidade e naturalidade dos nossos produtos».

No âmbito do projeto CRInMa, o município de Montalegre recebeu os parceiros envolvidos com uma jornada de visita que iniciou na sede do Ecomuseu de Barroso, passando por visita aos polos das Minas da Borralha e Salto. A troca de experiências e a transferência de boas práticas entre as diferentes regiões e áreas de montanha levará à valorização e proteção do património cultural nas áreas envolvidas. Os participantes ficaram visivelmente agradados com o que observaram.

Dom Ximenes Belo | Prémio Nobel da Paz «A sessão correu muito bem e esteve muito bem organizada. Naturalmente que agora os entronizados irão fazer o possível para divulgar a tradição do pote e toda a sua envolvência nesta região. Foi especial celebrar o meu aniversário em Montalegre, no meio de tantos amigos. Desejo que tenhamos saúde, felicidade e amizade».

MONTALEGRE NOS 30 ANOS DA BTL

O município de Montalegre vai estar presente nos 30 anos da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), a qual terá lugar no Parque das Nações, entre os dias 28 de Fevereiro e 4 de Março. A divulgação do concelho está enquadrada no âmbito da CIM do Alto Fâmega que envolve mais cinco

Municípios (Boticas, Chaves, Valpaços, Vila Pouca de Aguiar e Ribeira de Pena). Eventos como a "Sexta 13" (abril e julho) e a prova do Campeonato do Mundo de Rallycross (27 a 29 de abril) irão merecer particular destaque.

Iniciado em abril do último ano, o projeto de cooperação submetido ao programa INTERREG EUROPA, designado CRinMA – “Recursos Culturais em Áreas de Montanha” encontra-se em fase de desenvolvimento. Depois das visitas à Polónia e Itália, Montalegre acolheu os parceiros desta iniciativa. O Ecomuseu de Barroso e o planalto da Mourela são exemplos de boas práticas de preservação cultural apresentadas pelo município de Montalegre. Durante este processo está prevista mais uma visita, em maio, em França. Numa fase seguinte, serão analisados todos os territórios. De seguida será feito um resumo que, por sua vez, será apresentado aos organismos comunitários responsáveis pelo financiamento no sentido de os sensibilizar.


PELAS FREGUESIAS Por: Jorge Martins|Lausanne

VIAGEM ATÉ PADORNELOS

ESTÓRIAS DO “ARCO DA VELHA”

A aldeia de hoje já nada tem a ver com o Padornelos dos anos 30, 40 ou 50 do século passado. Notam-se apenas alguns vestígios do que poderia ter sido nesses difíceis tempos. No cenário actual já não há Leonardos a lutar dia a dia pelo sustento da sua família. Ele que com a mulher, ainda sem filhos, procuravam em trabalhos esporádicos e principalmente no contrabando, ganhar algum dinheiro enquanto sonhavam estabelecer-se por conta própria com uma venda. Foi neste contexto que Ferreira de Castro nos descreveu a actividade do contrabando, que então era o pão nosso de cada dia de contrabandistas a calcorrear o Larouco e Guardas-fiscais atrás ou à espera deles. Mas Ferreira de Castro foi mais longe!... De volta a Padornelos contou-nos como um homem que havia estado emigrado nos Estados Unidos - o «americano» como ficam apelidados todos os que regressavam de terras americanas - depressa começou a mostrar a sua riqueza que o levava a ser considerado um dos homens mais importantes e influentes da aldeia, e que deu origem a um drama que assolou a aldeia, escrito em forma de romance. Chama-se “Terra Fria” e é um romance que nos faz sentir uma constante solidão. Nele somos assaltados por imagens de uma terra desoladora, fria, onde a pobreza é a única condição conhecida e onde o rico julga ter todo o poder sobre o pobre que faz sentir em nós um sentimento de revolta. Ferreira de Castro para além de evidenciar a pobreza do Portugal profundo, neste caso o do Barroso, lança aqui uma crítica feroz ao abuso de poder do regime caracterizado no «americano» e na sua forma de agir. O Romance “Terra Fria” que passou a fita de cinema com um filme realizado por António de Campos em 1995 e protagonizado por atrizes como Alexandra Lencastre, Ana Bustorff e Alexandra Leite, entre outra(o)s. Para quem gosta do Barroso, há dois livros que recomendo como de leitura obrigatória. Um é precisamente este, “Terra Fria” de Ferreira de Castro. O outro, é do há pouco falecido Bento da Cruz, “O Lobo Guerrilheiro” . Diferentes, mas ambos muito reais quanto à vida do Barroso do século passado. Aliás as estórias que dão origem ao “Lobo Guerrilheiro” são todas elas estória reais do Barroso, e sei-o, porque antes de chegarem a livro, já eu as conhecia por serem contadas nos serões à lareira de casa dos meus avós. Mas vamos a Padornelos de hoje, sem Leonardos (que eu saiba), sem contrabandistas, sem guarda-fiscal mas com o Larouco sempre presente e com uma vida muito mais fácil que nos tempos do romance, mas ainda com o rigor dos frios ingratos de inverno, que embora os barrosões estejam habituados a ele, não deixa de ser frio, mesmo o da neve que para muitos é uma atracção, para Padornelos é uma realidade que obriga os seus habitantes ao recolhimento forçado.

DITOS DE ANTANHO I Padornelos vale pouco Sendim pouca terra e essa má!... Respondem os de Padroso: Tomáramo-la nós cá... II O lugar de Padornelos Pequenino tem dois erros: Estar rodeado de bruxas E passeado de galegos. III Se o casar fosse no fim Como foi ao começar Não saía de Sendim Para tão longe casar. IV Sendim Terra de gente ruím.

A ALDEIA É a referência lógica à terra fria barrosã, desde os tempos de Camilo, muito antes de Ferreira de Castro! Mas Padornelos goza de outras referências bem mais importantes (ou devia gozá-las)! Importa recordar que lhe foi concedido um foral autêntico, por D. Sancho I e confirmado, a 5 de Outubro de 1266, por D. Afonso III. Foi ‘’conselho sobre si’’, isto é, gozava dos privilégios que aos grémios municipais se concediam: “Os homens de Padornelos devem juíz e serviçal e mordomo e clérigo” E assim, por este documento que substituía o de Sancho I, se conferia existência jurídica ao rudimentar concelho, com magistraturas próprias.Dessas glórias antigas (foi depois uma das honras fronteiriças de Barroso) sobeja ainda o facto de ter direito a capitão residente para poder arregimentar homens, dos 18 aos 60, para a defesa nacional, sempre que Portugal fosse acossado. Daqui até ao pico do Larouco é um saltinho. Pico que espreita a mais de 1500 metros de altura , emoldurado por um céu de um azul cândido que engana o frio que faz nestes extremos do território. O Inverno é bastante duro e não raro e as neves descem sobre as encostas. Aí se podem remorar leituras, como as privações do casebre de Leonardo e Ermelinda em Padornelos, personagens de “Terra Fria”, obra de 1933 de Ferreira de Castro. A localidade mudou em sete décadas, embora não viva completamente o século XXI. A aldeia ajeita-se a meia encosta da serra. Também aqui se recupera património. Por estas bandas fala-se do Projecto Ecomuseu do Barroso, uma espécie de museu do território a céu aberto, valorizando as populações e o património natural e cultural. Visita-se o forno da aldeia e lamenta-se que a casa onde viveu Ferreira de Castro não esteja em melhor estado. Ainda na aldeia a Casa de Padornelos, integrada na Rota das Tabernas merece uma paragem. Pretexto para uma incursão na genuína cozinha Barrosã. Estamos entre paredes de pedra escura, sob um tecto de madeira maciça, frente a uma lareira com um lume firme. A sala de refeições situa-se no andar de baixo nas antigas cortes de gado, sob a cozinha. Fumegam as carnes para o cozido à Barrosã e o cabrito assado no forno também espevita apetites.


ESPECIAL – A ENTREVISTA POR: MIGUEL CARVALHO *

(Continua na Página seguinte)

"Se não fossem Costa e Mário Centeno, o País estava destruído" No dia 26 do mês passado fez 80 anos. Está em paz com a sua consciência cívica e religiosa, mas sempre sobressaltado com as injustiças e os fariseus do regime. No último verão, Januário Torgal Ferreira regressou de vez a “casa”, ao Porto que o viu nascer, mas do qual nunca se afastou, até por razões familiares. De qualquer modo, pode agora contemplá-lo de novo, todos os dias, com o rio em fundo, da janela da sua humilde residência na Casa Diocesana do Seminário de Vilar, tão pasmado e deslumbrado como na juventude. Na verdade, o antigo chefe de gabinete de António Ferreira Gomes, histórico bispo do Porto, combatente do salazarismo que Januário por várias vezes visitou no exílio, nunca cortou o cordão umbilical. Assume-se, inclusive, encantado com o cosmopolitismo da sua cidade e nem quer ouvir falar mal do turismo – “pobres de nós se não o tivéssemos”. Confia, até ver, na “inteligência do [presidente da Câmara] Rui Moreira” para gerir o sucesso e a identidade da urbe, mas adverte: “Só espero não ver pessoas humildes a serem despejadas de suas casas e certas zonas a serem ocupadas por aqueles que escorraçam a pobreza e a modéstia para instalar novo-riquismos.” Durante 24 anos – a que juntou mais quatro de prolongadas e de já mais descontraídas reuniões, contactos e encontros –, foi bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança. “Guardo impressões magnificas de camaradagem, amizade, diálogo e espírito de entrega. Continuo a acreditar que os militares são, antes de tudo, promotores da paz, da diplomacia e da capacidade de diálogo.” Em livro recente – O Concreto da Paz só com Justiça (Caminho) –, reuniu reflexões sobre o País, o mundo e alguns protagonistas desde o início do século, desde os grandes conflitos internacionais ao comércio de armas, passando por causas mais caseiras. Nesta entrevista, mais do que revisitar os escritos, atualizamo-los. Vêm à tona palavras atentas, comprometidas, por vezes mordazes e irónicas. No fundo, frases de um desassombrado homem da Igreja, pouco dado à ideologia do silêncio, às cumplicidades de sacristia e às tendências tradicionalistas de certos setores religiosos. Esteve quase um quarto de século ao serviço das Forças Armadas e de Segurança. Quem foi o melhor ministro da Defesa? O melhor não consigo dizer, até porque o cargo é relativamente transitório. Do ponto de vista intelectual e de abertura, Augusto Santos Silva foi uma grande personalidade. Culturalmente, apreciei trabalhar com Nuno Severiano Teixeira, António Vitorino, Veiga Simão e Rui Pena. Outros não me tocaram tanto, e eles dirão o mesmo de mim. É justo. Sobre Paulo Portas, por exemplo, não tenho nada a dizer. No seu livro, faz um diagnóstico do estado do mundo, desde o início do século, sem deixar de fora guerras, conflitos, o comércio de armas, etc. Olhando para o fenómeno Trump nos EUA, para os tiques totalitários a Leste, para a crise dos refugiados e o terrorismo, o planeta está pior? Em alguns aspetos, de facto, não melhorou desde a guerra do Iraque. E o que mais temo é a ausência de convicções. Foi isso que nos levou para essa guerra e, ainda hoje, os chefes de Estado envolvidos não tiveram a humildade intelectual de reconhecer que erraram ou que apostaram no cavalo errado. Durão Barroso não o fez. Hoje assistimos ao dilatar do fanatismo religioso e a uma guerra fratricida entre gente que supostamente acredita em Deus. Quase diria que é uma boa ocasião para um tipo defender o ateísmo...

D. JANUÁRIO TORGAL FERREIRA BISPO EMÉRITO DAS FORÇAS ARMADAS O que espera de António Guterres enquanto secretário-geral na ONU, ainda que o poder dele seja limitado? Identifiquei-me sempre com o espírito humanista e corajoso de António Guterres, embora estivesse em discordância com algumas coisas da sua prática governativa. Ele, num diálogo escrito, chegou mesmo a puxar-me as orelhas. E muito bem! Aceitei esse puxão de orelhas como outros que tenho recebido, mas mantive as minhas posições. Nunca esteve em causa o seu humanismo, a sua ética, a sua defesa do mundo mais pobre, miserável e postergado. Isto é a imagem de Guterres. A ONU precisa de se modernizar, tem ainda o esplendor dos reposteiros de outra época. Enquanto secretário-geral da ONU, a sua capacidade de diálogo pode levar o papel das Nações Unidas mais além... O que Donald Trump acrescenta a este clima de tensão mundial? Acrescenta desordem, fragilidade e inconsistência, mas o pânico é não saber o que esperar dele. Apesar de estar rodeado de fanáticos, tenho esperança de que, no seio do Partido Republicano, ainda haja quem possa travá-lo e dizer-lhe “não”. Quanto à Europa e ao ressurgir da extrema-direita, o problema é a democracia não responder a problemas reais. E em Portugal, responde? Este Governo recebeu um País desventrado, aniquilado. Provou-se que havia alternativa e saiu tudo ao contrário das profecias. Se não fossem António Costa e Mário Centeno, Portugal estava destruído. Chamem-me ignorante, clubista, populista, o que quiserem, mas acreditei e acredito na chamada “geringonça”. E não me venham dizer que o êxito foi de todos. Vão aos jornais da época e leiam as previsões dos “Velhos do Restelo” sobre o que ia acontecer a esta solução governativa e parlamentar. Eu sei bem os nomes que . chamaram ao ministro Mário Centeno. Foi uma solução pedagógica, até para os eleitores? Sim, e eu creio que vai ter influência nas próximas eleições legislativas. As pessoas já perceberam que o xadrez pode ser outro. A esquerda nunca foi respeitada, para alguns foi sempre o “Diabo”. O mérito desta estrutura parlamentar foi promover o diálogo, o Estado Social, o aumento do salário mínimo e das pensões, dando às pessoas o que lhes foi retirado na altura da troika. Deu-se esperança. Esta solução à esquerda serve também para os portugueses refletirem sobre as suas opções políticas e governativas. Ao contrário do que se pensava, o clima de tensão e o diálogo entre forças diferentes têm sido produtivos e pedagógicos. Só tenho pena que, ao contrário da esquerda, a direita não tenha aprendido nada. A direita devia regressar à escola para aprender e estudar estes fenómenos políticos, ao invés de embarcar em pânicos, receios ou ilusões. A nova liderança do PSD vem acrescentar alguma coisa? No que diz respeito ao diálogo e ao confronto com a atual governação, considero positivo o desfecho da votação a favor de Rui Rio. No tocante ao interior do partido, vai ser mais um teste ao espírito de tolerância e de “adultez”! A “geringonça” pode dormir descansada? Sim, não tenho qualquer dúvida disso. O PCP e o Bloco de Esquerda também são forças patrióticas e, apesar das diferenças entre eles, têm-no provado. O poder é um serviço, e o patriotismo não é monopólio exclusivo do CDS e do PSD. O patriotismo é justiça e solidariedade, não é egoísmo. Posso dizer, por exemplo, que o partido mais devotado às Forças Armadas foi sempre o PCP. Já não estamos na fase das sublevações, de golpes e contragolpes, de pós-revolução. O que está a ser feito é ver se a justiça estica, se chega a todos, com propostas humanistas, exigentes e rigorosas. Identifica-se com esta “magistratura de afetos” do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa? Identifico-me com a proximidade, a urbanidade e a voz corajosa dele em determinadas circunstâncias, algumas bem trágicas, como aconteceu com os incêndios, mas não gosto de vê-lo cair na tentação de substituir o Governo, e isso, por vezes, tem acontecido. O professor e filósofo José Gil escreveu, no Público, sobre a necessidade de trazer espiritualidade para a política. Falta um desígnio para o País? Concordo com o professor José Gil. Aliás, o antigo Presidente checo, Vaclav Havel, já tinha falado da necessidade de espiritualidade à escala europeia, e ele não se referia a isso num sentido religioso. Mas quer maior desígnio do que tratar o povo com humanidade e dar-lhe dignidade? Não me venham cá com a beleza das “Descobertas”, das circumnavegações e os patriotismos de Aljubarrota. Não recuso isso, nem o discurso do empreendedorismo tão na moda. Mas querem melhor empreendedorismo do que salvar pessoas que nunca tiveram o estatuto de pessoas?


ESPECIAL – A ENTREVISTA POR: MIGUEL CARVALHO *

D. JANUÁRIO TORGAL FERREIRA (Continuação)

O que eu desejo é que, à luz de um Estado de Direito, gente que nunca teve nada, tenha! Até porque, como dizia a Sophia de Mello Breyner, os pobres têm sempre alguma coisa que ainda lhes pode ser roubada. O antigo bispo brasileiro Dom Hélder da Câmara dizia algo como isto: “Se eu defender um bocadinho de solidariedade para com os pobres sou um santo. Se pedir justiça para os pobres sou comunista.” Ora, eu quero um País que partilhe os bens, que proteja os mais fracos, que evite monopólios. Investir nas pessoas, na cultura, na educação, numa escola mais aberta e fomentadora de valores, não é um desígnio? O dinheiro, os lucros, a pornografia bancária e deletéria é que não servem o País. O dinheiro é sempre o “Diabo”... Falar em questões de dinheiro divide. Um padre, um bispo ou um Papa que defendam dimensões éticas na gestão do dinheiro ou dos bens temporais é visto logo como sendo do reviralho. Provoca receio. Cristo teve razão quando disse: “Entre mim e o dinheiro tereis de escolher.” Falou de solidariedade. Pergunto: os casos da Raríssimas e da Fundação “O Século” são a árvore ou a floresta nesse setor? Com boa vontade, digo que são a árvore, mas o Estado, que gere o dinheiro de todos nós, deveria ser mais exigente na fiscalização das instituições. O Estado não pode ter medo, nem deve permitir que o escrutínio deste setor seja uma “mancha”. Conheço bem as fraquezas da humanidade: sempre que cheira a dinheiro, as pessoas penduram-se no Estado. O Estado é o regente de uma orquestra e não pode haver desafinações. A música devia ser a mesma para todos, mas há sempre quem queira tocar isolado, de acordo com o seu próprio gosto e proveito.

E como analisa a entrada da Misericórdia de Lisboa no Montepio? Surpreende-me. Aconselharia a que esse dinheiro, que deve ter fins sociais, fosse carreado para outras veredas, até para evitar tentações. Pelos vistos, as suas declarações à TSF sobre o salário mínimo foram mal interpretadas. Afinal, o que queria mesmo dizer? Em fevereiro do ano passado, defendi o aumento do salário mínimo para 600 euros. Pelos vistos, fui ingénuo, mas é o próprio dono do Pingo Doce que diz que, em Portugal, ele não trabalharia com um salário de 500 euros! É preciso dar justiça às pessoas, motivá-las. E 600 euros seria o mínimo, nesta altura, para depois continuar a subir. Ora, o que disse à TSF é que, a par disso, não devemos esquecer as pessoas que nem sequer recebem o salário mínimo. Há gente de idade avançada, já reformada, que recebe pouco mais de 200 euros. Como é possível?! Não me importa que haja gente rica, desde que a riqueza seja distribuída, mas não vejo essa distribuição. O crescimento económico deve significar investimento em desenvolvimento integral, reformas de Estado, cultura, meios para o ensino, combate à pobreza, etc. É preciso promover a classe trabalhadora, motivar quem trabalha. As pessoas nunca tiveram direito a uma pequena ascensão económica. Vivem de favores e de ganchos.

BISPO EMÉRITO DAS FORÇAS ARMADAS

Li que manteve durante algum tempo uns almoços mensais a convite de Mário Soares, em casa dele, na companhia dos padres Feytor Pinto e de Vítor Melícias. Que recordação guarda desses momentos? Já admirava Mário Soares, mas nunca tínhamos privado. Juntou-se o Vítor Melícias e, mais tarde, o Feytor Pinto, de quem sou amigo, por sugestão da Maria Barroso. No fundo, Mário Soares queria conversar, trocar impressões sobre o País, a política, o mundo, as correntes artísticas, os livros. Foi numa altura em que ele também estava muito preocupado com a podridão do Estado Social. Ouvia falar de gente escorraçada, chegavam-lhe pedidos de ajuda, e ele queria saber a fundo o porquê de estarem a acontecer essas injustiças. De resto, ele era um bom anfitrião, recebeu-nos sempre com simplicidade e uma espécie de modéstia honrada, que eu gostaria que os portugueses tivessem conhecido de perto. E nunca me pediu favores, coisa rara quando nos convidam para uma mesa, no âmbito privado. Foram momentos de enorme riqueza, apreciei imenso a sua intuição e o facto de nunca ter tentado instrumentalizar-me. A santidade, por vezes, tem má fama, sabe? Mas santos são aqueles que têm o coração aberto para todos, não fazem discriminação. Quem promove um povo está a fazer uma obra de santidade. A santidade é natural, não é caricata, beata, exibicionista ou piegas. Esses é que são os santos entre nós. Soares não era crente, mas eu sei que, um dia, a gente se há de encontrar. Sente que é olhado como uma espécie de “ovelha negra” da Igreja? Quem me vir como tal é que fica mal na fotografia. O que nunca fiz foi ficar calado em momentos em que é preciso falar, isso não. Reconheço que, em muitas coisas, não estou em consonância com o tom musical. Desafino. Posso dizer que, mesmo no período da troika, em que fiz críticas, a maioria das pessoas sempre me tratou com grande civilidade, algumas foram mesmo calorosas. Mas também aconteceu que figuras da Igreja, ditas progressistas, vieram dizer-me que estava a sair dos trilhos... Na última VISÃO, fizemos o retrato dos movimentos utraconservadores na Igreja Católica portuguesa que desafiam o estilo do Papa Francisco e que recuperam, entre outras coisas, as missas em latim. Que comentários lhe merecem estes rituais e a postura contrária à atual doutrina papal? O que é mais de considerar são as tendências tradicionalistas, no que têm de mais medíocre: vestimentas, modas da estação, com o contraste de haver preferência por celebrações em latim, quando os executantes pouco latim sabem e poucas provas têm dado de gosto pela leitura, estudo e investigação de tal língua. Ficam-se pelas modas. Efémeras que são, passarão como o verniz que estala. Já há muito que eu pressentia esses hábitos de adolescentes. Quanto a desafiar o Papa Francisco, não posso reconhecer-lhes a natural capacidadede uma atitude critica fundamentada, porque essa exigiria seriedade, esforço e conceito. Cristo aconselha-nos que convidemos para a nossa mesa gente que não possa retribuir-nos, daí a fraternidade com os pobres e os abandonados. Quem prefere irmanarse com modas de salão já sabe que há sempre uma fatura a pagar, no caso a receber. No final do seu livro, escreve que Portugal estará perdido se for infiel ao 25 de Abril. Explique. Se for infiel à necessidade de uma democracia exigente, rigorosa e qualificada, se for incapaz de responder às urgências sociais e a quem, de outras geografias, como os refugiados, nos procura, o País estará perdido. Não me interessa uma democracia farisaica, nem o discurso daqueles que não querem que a democracia rompa com os vestígios autoritários que ainda restam. * Entrevistas Visão


COMUNIDADES

DIPLOMATAS PORTUGUESES NO ESTRANGEIRO QUEREM Por: Jorge Martins|Lausanne VOTAR NAS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS dos de cumprir os seus deveres cívicos”, afirmou João Ramos

A “guerra pelo direito ao voto” nas eleições autárquicas em Portugal, parece não ter fim. Agora são os diplomatas portugueses a reclamar esse mesmo direito, segundo referiu o Presidente da Associação Sindical dos Representantes Diplomáticos, após uma audiência que foi concedida a esta estrutura sindical, no Parlamento português. Como se sabe, os diplomatas e as suas famílias, têm pelo seu estatuto profissional, residência oficial e fiscal em Portugal, o que significa que apenas podem votar em eleições autárquicas, se resolverem deslocar-se a Portugal para o fazerem. Uma proposta de lei do Governo, que se encontra actualmente em discussão na Assembleia da República, já resolveu o problema nas eleições presidenciais e legislativas, permitindo o voto dos diplomatas e das suas famílias. O problema é com as autárquicas. “A nossa principal preocupação é assegurar que os

Pinto, da Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses, que foi ouvido na Comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. O Deputado do PS Fernando Rocha avançou com uma solução possível, que seria, a partir do recenseamento eleitoral, enviar por correspondência, os boletins dos votos das autarquias Câmaras, Assembleias Municipal e Freguesias para que possam votar. No final da audição, em que PS, PSD, CDS-PP e BE se mostraram disponíveis para tentar resolver esta lacuna, o Presidente da Comissão Parlamentar, o socialista Pedro Bacelar de Vasconcelos, disse esperar que a lei “possa ser melhorada no sentido das pretensões” dos diplomatas. No total, serão cerca de 480 os diplomatas afectados por esta lacuna na lei, segundo a Associaçãp Sindical dos Diplomatas.

diplomatas e os seus familiares não sejam discriminados e impedi-

FARÁ SENTIDO MANTER OS CÍRCULOS ELEITORAIS DA EMIGRAÇÃO?...

SECÇÕES DO PSD NO ESTRANGEIRO QUEREM MAIS PARTICIPAÇÃO CÍVICA DE EMIGRANTES

Por: Jorge Pinto * Como noticiado recentemente, o Governo português apresentou à Assembleia da República uma proposta legislativa de alteração do regime de recenseamento eleitoral no estrangeiro, tornando-o automático para todos os cidadãos nacionais titulares de Cartão de Cidadão com morada no exterior. Deste modo, de acordo com o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, o número de recenseados fora de Portugal quadruplicaria, passando dos actuais 300 mil para 1 milhão e 375 mil. Caso sejam aprovadas, estas alterações à lei do recenseamento terão um enorme impacto. De realçar que, contrariamente ao que acontece com a alteração da morada dentro do território nacional, caso um cidadão português mude a residência para fora do país, não só o recenseamento junto do Consulado mais próximo não é automático, como o recenseamento em território nacional é cancelado, fazendo com que esse cidadão ou cidadã perca efetivamente a sua capacidade eleitoral – ativa (direito de voto) e passiva (direito de se apresentar a eleições). Por esta razão, são muitos os milhares de Portugueses no estrangeiro que vêm a sua participação cívica e política dificultada pelas regras impostas pelo seu país de origem. As mudanças propostas pelo SECP, facilitando essa participação, são portanto de louvar. Olhando para os números, há no entanto, outras questões que se colocam. Com mais de 1 milhão de recenseados, a emigração - Europa e Fora da Europa - corresponderia ao terceiro maior círculo eleitoral, apenas ultrapassado pelos círculos do Porto com cerca de 1 milhão e 500 mil eleitores, e Lisboa com cerca de 1 milhão e 900 mil. No entanto, se estes círculos no território nacional estão atualmente representados por 39 deputados no Porto e 47 em Lisboa, os círculos da emigração estão representados por apenas 4 Deputados. E sendo assim, uma vez mais, o estatuto dos círculos da Diáspora é particular: de acordo com o Artigo 13º da Lei Eleitoral da Assembleia da República, o número de Deputados atribuído a cada círculo é calculado antes de cada eleição, dependendo do número de recenseados nestes círculos; no entanto, os dois círculos da emigração estão excluídos. Significa isto que, apesar do quadruplicar do número de recenseados no estrangeiro, a sua representação na Assembleia da República se manterá nos quatro Deputados. Se se confirmarem estas alterações, devemos questionar-nos se fará sentido manter os dois círculos da diáspora. Não será uma melhor medida permitir que os Portugueses residentes no estrangeiro votem diretamente nos círculos do território nacional, aumentando a sua representação e, desse modo, motivando-os para participar no processo eleitoral? Provavelmente, sim. Os próprios Partidos políticos prestariam mais atenção à diáspora caso este cenário se verificasse: mais de 1 milhão de eleitores para apenas 4 Deputados dificilmente alterará a atenção dada às temáticas da diáspora na AR; mas esse número de eleitores a votar para eleger um número bastante maior de Deputados fará, certamente, com que mais atenção seja prestada aos Portugueses emigrados. Esta pode aliás ser uma boa razão para se proceder a uma reorganização dos círculos eleitorais portugueses. Ultrapassando a figura anacrónica dos distritos, esta reorganização deverá garantir uma maior representatividade dos cidadãos, o que pode passar pela redução do número total de círculos eleitorais e, sobretudo, pela criação de um novo círculo nacional de compensação, onde sejam contados todos os votos que, nos outros círculos, não serviram para eleger Deputados. * In Jornal Público

As secções do estrangeiro do PSD apresentaram no último Congresso do Partido uma moção defendendo a adopção de medidas que promovam uma maior participação cívica e política em Portugal dos Portugueses emigrantes e o seu investimento no país. É fundamental – refere o texto - entender o valor estratégico das Comunidades Portuguesas através de dois eixos de atuação principais: A participação cívica e política em Portugal dos portugueses que residem no estrangeiro: O PSD, ao longo da sua história, tem sido o grande defensor da participação dos Portugueses residentes no estrangeiro na vida política do nosso país. Travámos grandes combates, como por exemplo, o voto para as eleições presidenciais e fomos mesmo percursores na pesquisa e na proposta de metodologias de voto que permitissem ampliar a participação dos eleitores dos círculos da emigração. Nós, militantes do PSD, nunca tivemos medo do voto dos emigrantes e, mesmo quando os resultados eleitorais nos foram claramente desfavoráveis, não alterámos em nada a nossa posição nesta matéria. No entanto, os tempos são outros. Temos agora uma emigração que tem algumas diferenças em relação à emigração mais tradicional e que reage ao mercado global de trabalho, sendo como tal previsível que cada vez mais a mobilidade esteja presente na realidade do país. Essa mobilidade justifica, tal como justificava já no passado, que se encontrem soluções diferentes e inovadoras para a participação em todos os actos eleitorais, trate-se de eleições Presidênciais, Legislativas ou Autárquicas.

HOMICIDA DE CRIANÇA LUSO-DESCENDENTE CONFESSOU O CRIME Nordahl Lelandais, o homem de 34 anos, suspeito de ter raptado e assassinado em Agosto do ano passado numa festa de casamento na vila de Pont-de-Beauvoisin-França, uma criança luso-descendente, confessou o crime. A polícia já encontrou os restos mortais da menina. Foi o antigo militar, que está em prisão preventiva, que conduziu os investigadores da Polícia ao local onde estava o corpo da criança ao tempo com nove anos. Nordahl Lelandais foi ouvido pelas autoridades judiciais a seu pedido e saiu do interrogatório para ser levado ao local onde abandonou o corpo. De acordo com o jornal francês "Le Dauphiné", o suspeito, que confessou os factos, levou os inspectores para um descampado, situado perto da sua residência, a poucos quilómetros do salão de festas onde a menor foi vista pela última vez, tendo os restos mortais sido ali encontrados. O suspeito afastou sempre categoricamente qualquer envolvimento no desaparecimento. Mas todos os indícios apontavam para a sua culpabilidade.


COMUNIDADES O QUE DIZEM DE NÓS POR CÁ… Por: Marie Oliveira|Paris Portugal. L’Église conseille l’abstinence aux divorcés remariés, la presse s’indigne… Le cardinal de Lisbonne, Dom Manuel Clemente, a conseillé l’abstinence sexuelle aux catholiques remariés s’ils veulent se rapprocher de l’Église. Une préconisation qui a déclenché les foudres de la presse portugaise. Tout est parti d’un article Du Publico publié le 8 février, au titre provocateur : “Les catholiques remariés sont invités à s’abstenir d’avoir des relations sexuelles.” Le journal s’appuie sur une note, diffusée deux jours plus tôt sur le site du Patriarcat de Lisbonne, du cardinal lisboète dom Manuel Clemente. Le plus haut représentant de l’Église portugaise, se fondant sur l’indissolubilité du mariage – l’un des piliers de la doctrine chrétienne –, évoque la possibilité, “dans des circonstances exceptionnelles”, de permettre aux divorcés remariés d’accéder aux sacrements dont ils sont privés. “ne vie dans

l’abstinence …

Au terme du procès, le mari a été acquitté de différents crimes de violence domestique, d’atteinte à la vie privée et d’injures. Il a seulement été condamné pour possession d’armes à feu. La plaignante, elle, a décidé de faire appel. Selon le Correio da Manhã, le même tribunal de Viseu a récemment innocenté un homme accusé de violence domestique et a reproché à la plaignante de ne pas avoir pris de photos des marques d’agression et d’être tombée enceinte de l’agresseur présumé.

Des juges vus comme sexistes ou sous pression Les réactions ne se sont pas fait attendre. “Ça fait froid dans le dos, ce jugement est chargé de stéréotypes, d’idées préconçues”, s’est émue dans Público Sofia Neves, chercheuse à l’université de Lisbonne et présidente de Plano i, une association qui promeut l’égalité. De son côté, Manuela Paupério, présidente de l’Association syndicale des juges, denonce «a mode du politiquement correct» qui nuit à “l’indépendance des juges”, lesquels sont “sous pression” et “ont peur”, affirme-t-elle.

Déjà une décision polémique… Si cette décision suscite l’indignation, c’est qu’elle fait écho à une autre décision de justice, rendue fin octobre. La cour d’appel de Porto a en effet accordé des circonstances atténuantes (et réduit la peine à du sursis) à un homme qui avait frappé sa femme infidèle à coups de bâton clouté.

“L’adultère commis par une femme est une conduite que la société condamne et condamne fortement”, ont décidé les juges, qui ont rappelé que “dans la Bible, nous pouvons lire que la femme adultère devait être punie par la peine de mort”, et ont expliqué “comprendre la violence de l’homme, victime de cette trahison après avoir été vexé et humilié par sa femme”.

Portugal Un tribunal estime qu’une femme “moderne” ne peut pas être victime de violences conjugales… Le tribunal de Viseu a récemment acquitté un homme accusé de maltraitance. Les juges ont estimé qu’une femme “autonome, non soumise et indépendante de son mari” ne peut pas être victime de violences domestiques. Ce jugement chargé de stéréotypes suscite de nombreuses critiques au Portugal. Le quotidien Publico a rendu compte d’un procès qui s’est récemment tenu au tribunal de Viseu, dans la région Centre. Une femme accusait son ex-mari de l’avoir violentée durant six années. Le collectif de juges n’a pas pris en compte les témoignages de la plaignante car elle leur est apparue, durant l’audience, “moderne, consciente de ses droits, autonome, non soumise, percevant son propre salaire, indépendante de son mari”. Ainsi, selon la justice, elle n’aurait pu, avec un aussi “fort caractère”, “accepter tant d’abus, et durant si longtemps, sans les dénoncer”. D’ailleurs, “elle n’avait pas d’enfants, donc la première chose qu’elle pouvait faire, c’était quitter le foyer”. Et le journal de décrire les faits : Ângelo et Susana, mariés le 24 août 2002, ont vécu dix ans chez les parents de Susana avant de s’installer en 2012 dans une maison qu’ils ont fait construire. Le 7 juillet 2014, Susana quitte le domicile conjugal et va déposer une plainte pour violence domestique. Au domicile, les gendarmes trouvent un fusil de chasse et un pistolet à air comprimé appartenant à Ângelo. Des mois durant, Ângelo contacte Susana avec des messages et des appels insistants, sur son portable, chez elle et à son travail […]. Il sera fiché au système national de surveillance électronique, qui veille à l’exécution de plus de 500 décisions de justice dans des affaires de violences conjugales avec interdiction pour l’agresseur d’entrer en relation avec sa victime”

“On ne peut pas confondre la loi et la morale” Ces deux cas sont marquants, relève le rédacteur en chef de Publico, dans son édito:

Après avoir reçu des centaines de plaintes “Des affaires qui en disent long sur la méconnaissance des dynamiques à l’œuvre dans les violences conjugales, sur le mépris pour les experts judiciaires et sur les profonds stéréotypes qui pèsent sur les femmes ‘modernes et indépendantes’. On ne peut pas confondre l’indépendance et l’impunité. On ne peut pas confondre la loi et la morale. Ce qu’on attend des juges, c’est qu’ils appliquent la première et ignorent la seconde.” oncernant cette décision de la cour d’appel de Porto, le Conseil supérieur de la magistrature a fait savoir mardi 5 décembre qu’il avait engagé une procédure disciplinaire à l’encontre de ces juges.


POLITICA NACIONAL I

Neste Dia da Mulher, Ser ativa, esposa e mãe Mais qualidades requer P´la crise que se mantém. II

Deus lhe deu grande coragem, É o ser que dá à luz, E quantas vezes a imagem Prá família que conduz. III

Não está fácil viver, Nesta época presente Cabe à mulher resolver Dia a dia, olhando em frente. IV

Luta p'la sua missão, Encara os seus problemas Com vigor e decisão E não cede a estratagemas. V

Não quer perder a esperança, Procura espalhar o bem, Transmitir a confiança Que o Senhor lhe deu também. VI

Agora tem mais direitos, Mas sujeita a mais perigos, Há que respeitar preceitos E afastá-la de inimigos. Maria da Fonseca

8 DE MARÇO - DIA INTERNACIONAL DA MULHER Por: Domingos Chaves

EM DEFESA DA SUA DIGNIDADE...

A subjugação das mulheres pelos homens é uma constante da história e está presente em praticamente todas as culturas. Basta pensar como a generalidades das práticas religiosas reduzem as mulheres a papéis secundários e lhes impõem comportamentos de submissão. Ou, como só recentemente, e parcialmente, as mulheres adquiriram o direito ao voto, ao ensino e ao emprego por esse mundo fora. Mesmo no ocidente civilizado, a discriminação continua a ser uma realidade!... As mulheres, para o mesmo trabalho, ganham menos do que os homens; persiste um grande desequilíbrio a nível de quadros nas empresas e nas instituições, incluindo a política. As mulheres representam cerca de 52% da nossa população, mas no Parlamento português, não vão além dos 34% dos deputados. Neste caso, o nosso país nem está muito mal colocado já que a média europeia é de 25%. Como curiosidade diga-se que o Ruanda é o país que tem a maior percentagem de mulheres no seu parlamento - 56,3% e o Brasil apenas 8,6%. O papel das mulheres em qualquer sector é genericamente positivo e não são necessários grandes estudos ou argumentos genéticos para o comprovar. Dentre os escolhidos registem-se apenas estes: em Portugal 40% dos condutores são do sexo feminino, mas só contribuem com cerca de 20% dos acidentes rodoviários e 90% dos presos na Europa são do sexo masculino. Outra curiosidade significativa: todos os ditadores conhecidos foram e são homens, sem excepção. Uma mulher nunca realizou um golpe para derrubar um governo democraticamente eleito. As mulheres tendem a ser menos agressivas, activamente apaziguadoras de conflitos e mais conscientes do valor da vida humana. A estas características junta-se uma outra fundamental: a taxa de sucesso escolar é consideravelmente superior nas raparigas, o que significa que a prazo vamos ter muito mais mulheres capacitadas do que homens. É certo que existe um problema sério na tão decisiva área das tecnologias da informação. Deve-se à conjugação de dois factores: menor motivação feminina para este tipo de conhecimento e habitual discriminação. Resultado: o sector apenas emprega 14% de mulheres. Uma questão puramente cultural, se não nos esquecermos que foi uma mulher, o primeiro programador de computadores da história - Ada Lovelace, 1815–1852. A crescente presença feminina em todos os sectores da actividade e sobretudo no mundo das novas tecnologias desencadeará o interesse das jovens. Espera-se que entre tantas outras coisas, possa contribuir para minimizar os imbecis jogos de guerra que hoje dominam o mercado. Como homem não me preocupa o avanço das mulheres na sociedade, antes pelo contrário. Numa perspectiva de futuro, devemos pensar-nos como espécie, como um todo que habita um planeta singular que nos foi legado. Nesse domínio, os homens têm sido claramente incompetentes e nefastos. Espero que as mulheres consigam fazer melhor.Oxalá todos os dias sejam o dia da mulher e que o homem a acompanhe num Mundo sem discrimanações,

ANTÓNIO COSTA QUER ENVOLVIMENTO DE TODOS NA LIMPEZA DOS TERRENOS O Primeiro-Ministro, António Costa, alertou que se não houver um envolvimento de toda a sociedade na limpeza dos terrenos, “vai ser impossível” fazer o trabalho necessário para evitar os incêndios florestais no próximo verão. “O trabalho que temos é enorme pelo país todo”, afirmou António Costa, durante a apresentação da empreitada de reconstrução de cerca de uma centena de habitações afectadas pelos incêndios de Outubro no concelho de Tondela. O Primeiro-Ministro lembrou que o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas já identificou as 19 áreas de maior risco de incêndio no próximo verão, que abrangem “mais de 180 concelhos em todo o país, mais de mil freguesias e milhares de aldeias”. “Ou este é um esforço que envolve toda a sociedade e cada um dos proprietários, ou então é um esforço que não pode ser assegurado só pelos Presidentes de Junta de Freguesia, pelos Presidentes de Câmara, pelos Ministros ou pelo Primeiro-Ministro. Tem de ser um esforço do conjunto da sociedade”, frisou. António Costa disse que “os incêndios do verão apagam-se no inverno” e por isso, “é essencial

que todos tenham consciência de que há um trabalho fundamental a fazer de limpeza dos matos e das árvores em redor das casas e de cada povoação, de forma a aumentar a resistência e diminuir o risco de incêndio”. “A lei impõe, há mais de dez anos, obrigações muito claras a todos. Nos 50 metros em redor de cada casa e nos 100 metros em redor de cada povoamento não pode haver mato, nem árvores”, explicou, acrescentando que o mesmo deve acontecer nas margens das vias de comunicação e por baixo das linhas de comunicação. O primeiro-ministro lembrou que, até 15 de Março, “é dever de todos os proprietários procederem a essa limpeza” e que o objetivo “não é que as autoridades andem a autuar ou a cobrar multas”, mas que todos se empenhem em aumentar a segurança. “A partir de 15 de Março os Municípios têm todo o poder para entrar nas propriedades privadas e fazerem o que os proprietários não fizeram”, frisou.

PS SALIENTA ACORDO HISTÓRICO COM A ESQUERDA

“Pela primeira vez, os três partidos de esquerda – Partido Socialista, Bloco de Esquerda e Partido Comunista Português – chegaram a acordo para fazer alterações ao Código do Trabalho com uma garantia de defesa e salvaguarda dos direitos dos trabalhadores. Estamos a falar especificamente da transmissão de estabelecimento”, que garante o direito à oposição do trabalhador na transferência de empresa, revelou em declarações aos jornalistas no Parlamento, a deputada do PS Idália Serrão. A parlamentar explicou que o texto conjunto foi elaborado para responder às “preocupações de muitos trabalhadores” que os deputados foram ouvindo ao longo dos últimos meses, “sem, ao mesmo tempo, colocarmos em causa a liberdade organizativa das empresas”. “Trata-se de um momento especial para nós, mas é também um momento especial para os trabalhadores em Portugal”, congratulou-se a socialista, sublinhando que “é a primeira vez na história do Parlamento que os três grandes partidos da esquerda se juntam para encontrar uma solução que vá de encontro ao respeito pelos direitos dos trabalhadores”. Os três partidos defendem que o mais importante é o direito consagrado ao trabalhador de opor-se à transferência. Segundo o diploma, em caso de transferência para uma empresa do grupo, mas com outro nome, sejam garantidos direitos, pessoais ou relacionados com convenções colectivas. Está prevista ainda uma participação do Governo na fiscalização de processos de transmissão de estabelecimento.


Em colaboração com o Ministério da Administração Interna e o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural transcreve-se esta nota e deixa-se este folheto informativo àcerca da importância da limpeza de terrenos e árvores na prevenção de incêndios. COMUNICAÇÃO DO MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA E DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, FLORESTAS E DESENVOLVIMENTO RURAL: Antes que seja tarde, antes que o atinja a si, limpe o mato 50 metros à volta da sua casa e 100 metros nos terrenos à volta da aldeia. Até 15 de Março é obrigatório e vital.


POLITICA NACIONAL O 37.º CONGRESSO DO PSD O QUE SE ESPERA DO PSD PÓS-PASSOS?!... AINDA A “PROCISSÃO VAI NO ADRO”, E LUIS MONTENEGRO JÁ EXIGE A VITÓRIA EM 2019 A RIO, MARCANDO O SEU PRÓPRIO TERRENO Nada que constituísse novidade: o ex-líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, subiu ao palco do Congresso de Lisboa para colocar as cartas em cima da mesa e deixar um recado a Rui Rio: "Neste Congresso arrancamos para vencer as terceiras eleições legislativas consecutivas em Portugal“ – o que significa, traduzindo as suas palavras, que se tal não ocorrer, desafiará Rio na liderança do Partido. Depois de anunciar que deixa o Parlamento em Abril, e avisa que quando quiser voltar não vai pedir licença, outra ilação não pode ser tomada. Montenegro fez aliás um discurso muitíssimo desafiador para Rui Rio: disse que agora não foi o tempo de avançar para a liderança, mas que não se inibirá de o fazer no futuro. "Desta vez decidi dizer 'não'. Se algum dia decidir dizer sim, não vou pedir licença a ninguém", um anúncio que mereceu aplausos do Congresso, designadamente daqueles que não se revêem na estratégia de Rio e se propõem igualmente abandonar o Grupo Parlamentar. E os recados continuaram: "Reprovo todas as provocações e insinuações que me fizeram nas últimas semanas. Essas provocações podem fazer ricochete a quem as fez. Não fui eu que esperei 10 anos para me candidatar. Não fui eu que estive à espera, entre desejos alternantes de ser Primeiro-Ministro e Presidente da República", numa clara alusão aos anos em que Rui Rio ameaçou várias vezes candidatar-se mas nunca concretizou nenhuma candidatura. E continuou:"Se quiserem dar-me o selo de calculismo, podem dar. Mas há aí alguém que tem a caderneta cheia e que deve ter mais selos do que eu", disse, garantindo que "tal como Rui Rio fez noutras ocasiões", a sua decisão foi de "liberdade e responsabilidade". Dirigindo-se depois directamente a Rui Rio, Montenegro fez-lhe um pedido: "ponha cobro a esses juízos de intenções e aplique a si próprio o que pede aos outros!... Não faça do PSD um grupo de amigos de Rui Rio ou uma agremiação de interesses". "Eu sei que se vai afastar da intrigalhada e da mesquize política", disse. Dito isto, com o descontentamento reinante nas Distritais, as demissões anunciadas e a integração nas listas de pessoas que afrontaram Passos Coelho e seus seguidores durante a sua governação, a conclusão é óbvia: a unidade do PSD, não passa neste momento de uma falácia.

UM PARTIDO, PARTIDO AO MEIO- FOI O CONGRESSO QUE O DISSE

O 37.º Congresso Nacional do Partido Social Democrata já era. Foram três dias de discursos, aplausos, apupos, e alguma tensão intercalada com momentos de alegada união que culminou na transição da liderança. Pedro Passos Coelho saiu de cena e entrou Rui Rio. Na lista para o Conselho Nacional, Rio ficou sem maioria e só conseguiu 34 em 70 eleitos e no Conselho de Jurisdição 4 em 9 lugares. Pior só mesmo Luis Filipe Menezes em toda a História do PSD, Apesar de tudo, Rio deu um sinal de mudança de ciclo, o que quer dizer que não muda apenas o líder, muda o estilo, muda o posicionamento do Partido e muda o discurso e a forma de fazer oposição”. Á direcção chegaram pessoas novas, que muitos nem sequer sabiam que eram militantes. Falamos por exemplo de Elina Fraga que juntamente com Luis Montenegro marcaram o Congresso. No caso da primeira, uma imprudência que os Passistas não perdoam, e no caso do segundo, a voz dos órfãos de Passos, que vêem em Rio um líder de transição e olham para ele como um pai em potência. E este será o maior problema de Rio, este, e a ausência para já de ideias, num contexto em que a esquerda continua a surpreender.

O Congresso do PSD já foi, agora seguem-se-lhe os do CDS e PS. No que diz respeito a estes, não será difícil prever que um será porventura mais apelativo do que o outro, mas ainda assim, nenhum será como foi o do PSD, do qual saíu entronizado como líder Rui Rio, que obviamente procurará descobrir o “caminho marítimo” para chegar ao poder. Tratase porém de um projecto político de extrema dificuldade. Regressar ao poder, é hoje para o PSD qualquer coisa como um amador chegar ao topo do Larouco de bicicleta. É uma das mais altas montanhas do país e lá em cima “está António Costa” com os seus sherpas económicos. Mas o PSD necessita de tentar!... Para isso, terá obviamente de se afastar do seu legado austeritário que lançou Passos Coelho e o Partido no abismo, e tentar igualmente criar um discurso de futuro, de esperança e de optimismo, algo que o PSD tinha renegado no seu frenesim de tentar perceber se ainda era social-democrata ou liberal ainda que em versão Singapura. O grande cimento ideológico do PSD ao longo dos últimos anos da “era de Coelho”, foi sempre não ter uma ideologia clara. Tinha um projecto de poder e isso chegava-lhe. Agora já não é suficiente!... “Escalar o Larouco” não se adivinha por isso fácil. É um percurso de alto risco, já que todos sabem que não é fácil nem está ao alcance de qualquer um chegar com “duas cantigas” ao topo, nem depois voltar a descer para consolidar os feitos. E depois lá em cima, todos intuem que não há espaço para todos. Ao contrário de outros tempos, esta escalada tem até o perigo de se converter numa excursão, tendo em conta que ainda não são visíveis as linhas de um projecto galvanizador para a sociedade portuguesa, e Rui Rio ou o tem escondido e não o divulgou, ou ainda ainda à procura dele. A única coisa saída deste Congresso., é que não haverá um Bloco Central, mas isso já Costa o havia dito. Por via disso e para sonhar voltar ao poder, o PSD tem de ter uma equipa forte e ideias envolventes. Não basta seguir a espuma dos dias das redes sociais e disparar sobre o Governo e a Geringonça. Não basta falar da conjuntura económica favorável e dizer que o país deveria ter crescido ainda mais, quando se sabe que a dita conjuntura é igual para todos e Portugal suplantou a média europeia. Afinal de contas, mais do que o futuro do PSD o que está de facto em jogo, é o futuro de todos Apesar de tudo, aquilo que se espera é que estejamos na presença de um novo PSD!... Um PSD mais disponível para assumir a sua condição histórica de Partido de regime em todas as áreas. A Democracia portuguesa agradece

TALVEZ O FILHO DO ZÉ CONSIGA “FAZER A PONTE”…

Durante o Congresso, foi patente a forma como as distritais que apoiaram Rio se mostraram “magoadas” por terem ficado excluídas, nas suas escolhas. Depois ficaram os avisos de quem ainda não foi a eleições, mas parece querer ir agora, e pelo meio, muitos não acreditam nas palavras de Rio rejeitar a possibilidade de um bloco Central. Um Rio a navegar em águas muito turvas… Numa “casa de gatos” onde a procissão ainda vai no adro mas já se “contam espingardas”, talvez lá para o período pós-2019 Carlos Moedas possa “fazer a ponte”. O regresso a Matriz ideológica do PSD está mesmo muito difícil.


A SOCIEDADE E A POLITICA VISTA AOS QUADRADINHOS … SOARES DOS SANTOS UM “COMUNISTA ENVERGONHADO” Segundo o jornal O Expresso, o patrão do Pingo Doce “considera que a actual solução governativa “não é má” para Portugal“. Analisadas à lupa da nova direita radical portuguesa, tais declarações indiciam a possibilidade de Soares dos Santos ser um “perigoso comunista”. E a julgar pela foto ao lado, deve andar a soldo do Costa. Quem diria que o camarada dos supermercados era adepto de Marx e Lenine?!..

A CARA DE PAU DA DONA JOANA

Se a vergonha tivesse rosto ela estaria estampada na cara da dona Joana. É que com os estragos de imagem que já provocou, particularmente em Mário Centeno, fazendo deste uma vítima da sua própria incompetência e avareza, poderá antes fazer carreira na APAV, já que a sua "capacidade" para dirigir o MP é nula e representa uma mancha no funcionamento dos órgãos de soberania em Portugal. A dona Joana não faz justiça, faz vitimas nos media. Por isso, deveria ser imediatamente demitida pelo Governo com a anuência do PR. Desconhecer que a concessão de isenções fiscais aos imóveis é uma competência autárquica, não lembra mesmo ao diabo.

CAÍU O CARMO E A TRINDADE

A SANTA CRUZADA MANDA Até percebo que esta gente viva segundo os seus dogmas. E percebo que queiram impôr aos outros as ideias serôdias que exibem como lucidez religiosa. Segue-os quem quer, e pratica o que dizem quem estiver por esses ajustes. Só não percebo é quem diz ter respeito intelectual por esta criatura de Deus sobre coisa tão intima. Deixemo-nos de devaneios!... A propósito do sexo ou não sexo entre recasados, tenho muita pena, mas não se pode ter respeito por quem faz a apologia do proibicionismo. Não podemos estar de acordo com quem sugere algo tão pouco saudável por submissão a uma fantasia religiosa e as entidades responsáveis pela saúde dos portugueses deviam pronunciar-se sobre este disparate. Deixem as pessoas ser livres de fazer o que acham melhor para si. Não lhes dêem cabo da cabeça com coisas que não fazem o mínimo sentido.

À parte do mau estar que a revelação causou entre a ala salazarista e ultraconservadora do CDS-PP, para não falar nos seus aliados naturais como a Igreja Católica ou a Opus Dei, a saída do armário de Adolfo Mesquita Nunes, um dos mais promissores e competentes quadros dos democratas-cristãos, deixou uma série de conhecidos hipócritas, homofóbicos e palermas muito atrapalhados. E isso é sempre bonito de se ver. Quem não se lembra da entrevista da Secretária de Estado Graça Fonseca, que em Agosto passado assumiu a sua homossexualidade numa entrevista ao Diário de Notícias e das reacções reaccionárias dos paladinos da moral, dos bons costumes e do conservadorismo labrego?!... A ver vamos agora, que ondas de choque e os efeitos que causará a declaração corajosa de Adolfo Mesquita Nunes.

OLHA O DIABO DA “VELHA”

OS REPRESENTANTES DO MEDIEVALISMO

Nada disso!... A cena não se passa na Mizarela. Tal como o padre malvado que É assim uma espécie de praxe no não hesitou em vender a sua alma ao namoro. "Quanto mais me bates, diabo, também lá para os lados da mais eu gosto de ti". Há práticas “mouraria”, esta gente não desiste da que vêm lá de trás. Do fundo dos ajuda do demónio. Como o mafarrico tempos, dos “armários”. É tudo tão não chegou em tempo útil para Passos naturalmente apresentado como Coelho, vem agora a “velha senhora” sonormal que mais parece que não licitar que o seu Partido – via Rui Rio, faça o mesmo que o padre barrosão. Vendam, vendam, lá saímos da idade média. essa coisa se é que ainda a têm para vender. É que o diabo não dá nada a ninguém e o PSD Vale tudo, menos a razoabilidade e o progresso das ideias. O futuro é dos idiotas. Eles até já passa bem sem ela. Não lembraria nem ao diabo, quanto mais a si dona Manuela…

chegam ao poder democraticamente…

A MEIA-SORTE DE RUI RIO

O BISPO “ESPANTA DEMÓNIOS”

Para a caderneta de cromos de Rui Rio, este é sem dúvida um dos " Este Governo recebeu um País desventrado, melhores exemplares. De ombros aniquilado. Provou-se que havia alternativa e largos e casaco ainda mais, cabelo saiu tudo ao contrário das profecias. Se não lambidinho, óculos a condizer e lábios fossem António Costa e Mário Centeno, finos que fazem soar as consoantes Portugal estava destruído. Chamem-me no final das frases: chama-se Carlos ignorante, clubista, populista, o que quiserem, Abreu Amorim, cansou-se e diz ir emmas acreditei e acredito na chamada bora depois de tanta inglória “luta”. De uma “luta” contra todos e contra nada. Que sorte para Rui "geringonça". Enão me venham dizer que o Rio!... A tolerância para aturar os “direitolas” conservadores ainda vá que não vá, agora ter que êxito foi de todos. Vão aos jornais da época e leiam as previsões dos Velhos do Restelo sobre o “gramar” com esta direita néscia e atávica, que já foi apoiante de todos e mais alguns, embriagada pela soberba e pelo ódio, simpatizante das “novas ordens e dos «novos paradigmas” que ia acontecer a esta solução governativa e parlamentar.Eu sei bem os nomes que chamaram ao ministro Mário Centeno“. In D. Januário Torgal Ferreira, Bispo Emérito das Forças Armadas. em ambientes bafientos e velhos, valha-nos Deus. Que emigre e leve os seus seguidores…

QUALIDADE DA DEMOCRACIA No prestigiado índice democrático do “The Economist”, cujo ranking é encabeçado pelos países escandinavos, Portugal ocupa um modesto 28º lugar da geral, abaixo mesmo de países como Cabo Verde e da Costa Rica, por causa da baixa classificação em três dos cinco indicadores utilizados na classificação funcionamento do Estado, participação política e cultura política. Quanto ao primeiro já todos sabemos como é!... Nas restantes vertentes, a “falta de escola” deixa qualquer um sem palavras.

O GOLPE NÃO VINGOU

O golpe não vingou!... As alegações: «Realizado o inquérito, recolhida a prova documental e pessoal necessária ao apuramento dos factos, o MP concluiu pela não verificação do crime de obtenção de vantagem indevida ou qualquer outro, uma vez que as circunstâncias concretas eram susceptiveis de configurar a adequação social e política própria da previsão legal.» Alega ainda o MP que «não podia ignorar as notícias dos jornais». Uma fundamentação institucional juridicamente incompreensível e uma vergonha para o MP. Portugal está a tornar-se um país perigoso – muito perigoso mesmo. Desta vez com uma entrada de leão e uma triste saída de sendeiro, o Golpe não vingou…


POLITICAMENTE FALANDO… OPINIÃO

IGREJA INSISTE EM “METER-SE NA NOSSA CAMA”

Por: Domingos Chaves

OS FACTOS ASSIM O DITAM!… NÃO HÁ VOLTA A DAR…

Passos Coelho durante a sua governação, nunca se cansou de afirmar que os portugueses “viviam acima das suas possibilidades e que teriam que empobrecer”. E concretizou nas suas políticas governativas esta sua convicção, de que o país só poderia desenvolver-se com o empobrecimento dos portugueses, congelando o salário mínimo, e preparando-se para tornar definitivos os cortes nas pensões, reformas e salários da função pública. Era esta a sua visão de “desenvolvimento” para o país sair da crise que se viveu. Uma visão de desenvolvimento assente em baixos salários e cortes nas pensões e reformas, isto é, numa política assente em baixos rendimentos da população. O novo Governo de António Costa inverteu esta situação!... Apostou precisamente no inverso. Salário mínimo mais elevado e actualizado todos os anos, reposição de reformas, de pensões, aumento dos subsídios sociais e aumento de salários e diminuição de impostos sobre o trabalho. Como todos estamos lembrados, Passos Coelho desdenhou desta nova política, e cego nas suas crenças, chegou mesmo a afirmar que “se pudéssemos devolver salários, pensões e impostos, e no fim as contas batessem todas certas passaria a defender o voto no PS, Bloco de Esquerda e PCP". Quando agora Marcelo Rebelo de Sousa anuncia que o Governo de António Costa herdou um “trilho aberto” de ”inquestionável mérito” parece estar a querer refazer a história e “inquestionavelmente” a formular uma incontestável mentira. Marcelo não deveria prestar-se a este tipo de mistificações e deixar-se arrastar pelo tortuoso caminho das inverdades políticas. E não devia, porque todo o mérito da actual situação económica, orçamental e social, pertencem unicamente ao governo do PS com o apoio parlamentar do PCP e BE e a mais ninguém. E pertencendo-lhe todo esse mérito, porque foi capaz, contra ventos e marés, de inverter as políticas da governação PSD/CDS, seria por isso muito bom que Marcelo escutasse bem as palavras de Dom Januário Torgal Ferreira, em entrevista recente à Visão e transcrita nesta edição da Barrosana. E quanto a Passos Coelho, agora que deixou a liderança do PSD, fazer mea culpa e cumprir o prometido.

ECONOMIA CRESCE AO MAIOR RITMO DESDE HÀ 17 ANOS A economia portuguesa cresceu 2,7% no conjunto de 2017, o ritmo anual mais elevado desde 2000 e mais 1,2 pontos percentuais do que no ano anterior, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística. De acordo com os números do INE, a aceleração do crescimento resultou do aumento do contributo da procura interna, reflectindo principalmente a aceleração do investimento, uma vez que a procura externa líquida apresentou um contributo idêntico ao registado em 2016. Este é também o ritmo de crescimento mais elevado desde 2000, ano em que a economia subiu 3,8%. Desde então, que quando cresceu, foi sempre a ritmos inferiores aos ditos 2,7% agora registados.

Economia europeia cresceu 2,5% em 2017

Tem sido tema quente de debate público, a surpreendente tomada de posição do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente ao aconselhar continência aos católicos recasados. O frade dominicano Frei Bento Domingues, ao comentar a nota pastoral na qual o senhor aconselhou abstinência sexual aos católicos recasados que se queiram reaproximar da igreja, chama-lhe mesmo “um delírio”. Outros porém vão mais longe e perguntam mesmo, porque razão o Igreja “insiste em meter-se na nossa cama”. Responsáveis diocesanos lembram entretanto, que as opiniões de D. Manuel Clemente não vinculam a Igreja. Os Bispos de Viseu e Braga, por exemplo, já se tinham pronunciado em sentido contrário. Também a investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Teresa Toldy, doutorada em teologia, não é menos incisiva, declarando que a afirmação em causa, “é reveladora da produção de discurso por pessoas que quando falam do casamento de maneira dura e rápida, não sabem do que estão a falar e corre mesmo o risco de fazer propostas ridículas” e que esta em particular, “revela um alheamento completo em relação à vida dos casais”. Acresce que tal orientação contraria claramente o magistério do papa Francisco, que na exortação apostólica Amoris Laetitia abriu a possibilidade de permitir o acesso aos sacramentos de pessoas em “situação irregular”, ou seja, aquelas em que ao matrimónio sucedeu a separação e um casamento civil. Como se sabe um casamento é uma dança a dois. Por muito que um deles queira manter a relação, não o conseguirá sem o acordo do outro. E o que vai para lá disto é pura hipocrisia. Antigamente o casamento era imposto por razões económicas ou políticas, hoje porém e em pleno século XXI, não pode continuar a sê-lo por razões de ordem religiosa. É sabido como o cristianismo sempre teve muita dificuldade em lidar com as questões da sexualidade, a começar pelo celibato que a certa altura da História foi imposto aos sacerdotes católico-romanos e que é basicamente contranatura. Para terminar e para além do facto da necessidade de sermos falados no exterior por melhores motivos, fica a seguinte nota: Um dos mais interessantes teólogos católicos da actualidade, o checo Tomás Halík, não receia a sobrevivência da Igreja mas sim a sua irrelevância. De facto, é este tipo de posturas que contribui para essa irrelevância numa sociedade que já não é dominada e controlada pela religião. E ainda bem.

Enquanto isso, a economia europeia ficou-se pelos 2,5% e com uma ligeira desaceleração no último trimestre do ano, de acordo com os dados divulgados pelo gabinete oficial de estatísticas da UE. Segundo a estimativa do Eurostat, a economia cresceu 2,7% na zona euro e 2,6% na União Europeia no último trimestre de 2017 em termos homólogos, tendo progredido 0,6% face ao trimestre anterior em ambas as zonas. Os números publicados, em linha com a estimativa preliminar divulgada em 30 de janeiro passado, confirmam uma ligeira desaceleração do crescimento do Produto Interno Bruto europeu entre outubro e dezembro de 2017, tanto em termos homólogos, como em cadeia - entre julho e setembro crescera 0,7% tanto no espaço da moeda única como no conjunto dos 28 Estados-membros face ao segundo trimestre.


BARROSÕES ILUSTRES

Doutor António José de Barros e Sá 1821-1903

António José de Barros e Sá nasceu em Montalegre a 4 de Julho de 1821, Fidalgo da Casa Real, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra em 2 de Junho de 1845. Voltaria 5 anos mais tarde a Montalegre, elegendo-se Presidente da Câmara e mais tarde Administrador do Concelho de Mirandela. Era filho de Sebastião José de Barros – fidalgo da Casa Real, Magistrado e Juiz da Alfandega de Montalegre por mercê de D. Maria I de 27 de Junho de 1791 - e de D.ª Maria Rosa Clementina Sanches de Mascarenhas. Casou com Clara Pinheiro da Cunha Pessoa, e foi pai de 6 filhos – 4 rapazes e duas raparigas. António José de Barros e Sá, licenciou-se em Direito em 2 de Março de 1845 e logo no ano seguinte alistou-se no Batalhão Académico que participou no movimento da Patuleia. Foi preso e libertado em virtude da Convenção de Gramido. Tal tal como muitos correligionários, veio a alinhar na Regeneração ao lado do Duque de Saldanha e de Fontes Pereira de Melo, de quem era amigo pessoal e político. Em 2 de Janeiro de 1850 presta juramento como Presidente da Câmara de Montalegre e quatro anos depois colocou-se ao serviço do Partido Regenerador, trocando a vida administrativa pela Magistratura e fez carreira na Magistratura Militar, vindo a ser Auditor da 1ª divisão e Juiz Relator do Supremo Tribunal de Justiça Militar a partir de 20 de Junho de 1866. Como parlamentar, foi eleito pela primeira vez deputado na eleição suplementar ocorrida pelo círculo de Faro em 3 de Dezembro de 1854, tendo o juramento sido prestado a 17 de Janeiro de 1855. Em 1856 e 1858 foi eleito pelo círculo de Chaves, com juramento a 24 de Janeiro de 1855 e 21 de Junho de 1858 respectivamente e nas eleições de 1860, 1864, 1865 e 1868 representou o círculo de Montalegre, apenas havendo registo de juramento para as duas ultimas legislaturas, a 9 de Março de 1867 e 30 de Abril de 1868 respectivamente. Em Setembro de 1870 foi derrotado em Chaves por António José Antunes Guerreiro mas em 1871 conseguiu voltar ao Parlamento como deputado pelo círculo de Moncorvo, com juramento a 27 de Julho de 1871. Teve uma vida parlamentar intensíssima: participou em dezenas de comissões; elaborou inúmeros relatórios e pareceres; produziu centenas de intervenções e discursos. Assegurou a Vice-Presidência e Presidência da Câmara dos Pares em duas ocasiões: períodos de 29.12.1887 — 31.12.1891 e 29.12.1892 — 8.6.1897. Muitas das suas intervenções destinaram-se á entrega de pareceres de comissões, de representações e de requerimentos, especialmente nos períodos em que os Regeneradores estiveram no Governo. Na primeira legislatura preferiu as questões de âmbito militar, nomeadamente em torno da Lei do Recrutamento - 20.1.1855. Nas legislaturas seguintes foi entrando nas discusões de política geral e apresentou até uma proposta de criação de uma comissão revisora da Lei Eleitoral em 28.1.1857. Progressivamente afirmou-se um sério combatente parlamentar regenerador, intervindo muitas vezes de MINISTRO DA JUSTIÇA E DA FAZENDA forma veemente como sucedeu na sessão de 16 de Junho 1868, na qual Santos e Silva lhe denunciou os métodos:”se ouviu pedir a palavra a favor, pede-a Entre 1 e 30 de Setembro, acumulou com a contra e se ouviu pedir a palavra contra, pede-a a favor; o seu inocente fim é pasta dos Negócios Eclesiásticos e da inscrever-se e ter ocasião de injuriar o governo (...) exaltado ou moderado, Justiça, substituindo interinamente Lopo pacifico ou irritado pode o ilustre deputado fazer quando quiser para menosprezar a dignidade desta casa, pode pôr em prática quantos meios a sua Vaz de Sampaio e Melo. A sua figura imaginação lhe sugerir para anarquizar os trabalhos do Parlamento”. Ao invés, enérgica e a sua intensa vida parlamentar nos consulados regeneradores era um dos deputados mais diligentes, não só e política celebrizaram-no, mas também pelos muitos pareceres que redigiu, mas até pelas iniciativas tomadas, como lhe criaram inimigos e críticos. A por exemplo a proposta de aquisição das colecções de legislação e actas de imprensa da época, em especial durante o sessões das câmaras de outros países para a biblioteca das Cortes -5.2.1872. seu ministério popularizou-o, mas também Na Câmara dos Pares proferiu discursos de maior fôlego, sendo alguns dados o satirizou e caricatorou sem piedade, à estampa. Nas comissões evidenciou grande capacidade de estudo e especialmente Rafael Bordalo Pinheiro na ponderação das questões, sendo escolhido para relator de importantes revista “O António Maria”. Morreu a 28 de projectos, como o da reforma do pariato, contabilidade pública, deserções Julho de 1903 militares, novas bases construtivas do Banco de Portugal, Código de Justiça Militar, Regulamento de Justiça Militar e Código Penal. Foi relator do parecer sobre o Código de Justiça Militar. Em 1884, quando já era evidente o alinhamento com teses mais conservadoras, entrou na discussão da Reforma Constitucional e foi dos poucos Pares que votou contra o novo "Acto Adicional". Na sequência da revolta republicana de 31 de Janeiro, pediu ao Ministro da Guerra um largo debate sobre a disciplina militar -17.6.1891, pois em seu entender, tolerar a propaganda republicana era um suicídio e no quadro da Monarquia Constitucional não poderia ter lugar o conceito de «militar cidadão». No seu último discurso relevante, alusivo ao Projecto-Lei sobre as Juntas de Paróquia, voltou a sublinhar o seu desempenho na causa católica ao reclamar “que à Igreja e aos ministros seja restituída inteira liberdade de acção” e que acabassem com as prerrogativas régias, ainda do tempo dos reis absolutos que subordinavam “o altar ao trono” - 27.11.1894. Até 1897 ainda se manteve na vida parlamentar, embora sem intervenções significativas. Depois desta data e até á sua morte, abandonou a participação activa nos trabalhos do hemiciclo. Filiado no Partido Regenerador, deteve lugar destacado na cúpula partidária, como comprova o papel desempenhado nas negociações com os progressistas com vista ás eleições de 1881.


ESTÓRIAS DA HISTÓRIA

ACONTECEU EM MONTALEGRE NO ANO DE 1846

AS TRÁGICAS CONSEQUÊNCIAS DE INDEVIDAMENTE SE ACLAMAR UM REI... “Aclamação nos Paços do Concelho de D. Miguel I, rei absoluto de Portugal” Faz brevemente 172 anos, que a Ponte Medieval (ou Romana como alguns lhe chamam) que se vê ao lado, “assistiu” ao espectáculo mais triste ocorrido em Barroso, durante a Guerra Civil da Maria da Fonte, que passou à história com o nome de ‘’Guerra da Patuleia’’. Desde hà alguns anos, que se sucediam pronunciamentos militares, insurreições e motins de agitadores e criminosos. Em Barroso, não fugindo à regra, também germinavam bigorrilhas e morgados lorpas, amanuenses corruptos e curas estúpidos. No inicio de Junho de 1846, apareceram em Montalegre 150 homens - 1/3 com armas de fogo e os restantes com gadanhas e fouces roçadouras - "comandados" pelo Padre António Teixeira das Quintas, o ex:alferes "picador de cavalaria’’, natural das Lavradas, Manuel Joaquim Teixeira e Bento Gonçalves dos Santos Moura, natural de Medeiros. Os "chefes" resolvem subir aos Paços do Concelho, proclamam Rei de Portugal D. Miguel I e lavram Auto de Aclamação, nomeando também uma Nova Câmara. Dessa Nova Câmara, faziam parte: João Manuel, de Medeiros – Presidente; José Martins, do Cortiço – Vogal; António Alves, de Firvidas – Vogal; José Martins, de Medeiros – Procurador do Concelho. Assinam o Auto de Aclamação, Bento dos Santos Moura, de Medeiros, o Padre João Baptista Rosa, de Codeçoso da Chã, Manuel Joaquim Teixeira, das Lavradas, o Padre António Alves, de Cepeda, João Alves Dias, de Torgueda e António Monteiro, de Pinho. Os "aventureiros" não ficaram sem resposta e logo no dia 18 do mesmo mês, uma força de cavalaria comandada pelo Major António Teixeira Sarmento marcha de Chaves sobre Montalegre. Aliciados pelos acima nomeados conspiradores, uns "trinta ou quarenta paisanos que ali se achavam dispararam alguns tiros contra a guarda avançada e dispersaram precipitadamente’’, quando o pelotão de cavalaria entrava na Portela.Dos perseguidos agressores que fugiam pelos juncais junto à ponte, 6 foram alcançados e logo ali pagaram com a vida o seu louco atrevimento. Pobres tolos, de quem nem os nomes se ficaram a saber!...

O ACTUAL PARQUE ONDE OCORREU A TRAGÉDIA A recuperação das margens do rio Cávado tem sido feita por zonas, resultando em espaços de lazer modernos e muito agradáveis. Numa plataforma superior encontra-se a praça central, o parque de recreio infantil, um espaço para desportos radicais (como escalada, skate e patins), um polidesportivo, uma praça polivalente, um palco para espectáculos e um bar. A Faixa Marginal apresenta um espelho de água, preparado com um açude amovível pelo muro da levada e por uma defesa da margem em granito. Está ainda prevista a construção de um circuito de bicicletas, um campo de mini golfe, um espaço para a prática de ginástica, um jardim, percursos pedonais e outras zonas verdes.

A PONTE DA “MATANÇA” Situada bem próxima do maravilhoso Castelo de Montalegre, esta antiga Ponte é muitas vezes apelidada de “Ponte Velha” ou “Ponte Romana”. Tal como Montalegre, uma vila plena de história, denotando ocupação humana desde tempos remotos e habitados por diversos povos e culturas, também a ponte poderá ter sido construída por alturas de ocupação Romana do território, ou mesmo posteriormente, mas seguindo o estilo arquitectónico Romano e provavelmente utilizando materiais de anteriores construções. A ponte é constituída por um só arco bem aparelhado e um tabuleiro já muito alterado ao longo dos séculos.


O DESPORTO EM BARROSO

FUTEBOL Campeonato de Portugal - Serie A Atlético dos Arcos 2-2 Montalegre

FUTEBOL-EQUIPAS EM ANÁLISE

Com excepção da equipa de Salto, os times de Barroso, naquele que é considerado o Divisão de Honra A.F.V.R. desporto-rei, parecem ter encontrado o seu Ribeira de Pena 2-4 Vilar de Perdizes ritmo “normal de vida”. No topo, o CDC Abambres 6-1 Salto Montalegre e no momento em que esta FUTSAL SÉNIORES Revista sai a público, após quatro vitórias Montalegre 1-2 Amigos de Cerva consecutivas, visitou o Atlético dos Arcos e Barqueiros 4-6 Salto mau grado todas as expectativas apenas conseguiu o empate a duas bolas. Ainda FUTSAL JUNIORES Casa do Benfica Vila Pouca 4-7 Montalegre assim, a equipa da capital barrosã, saíu já da Alves Roçadas 3-4 Salto zona de despromoção e encontra-se já no 9.º lugar da classificação geral entre as 16 FUTSAL JUVENIS equipas da sua série. Não esquecer porém, Hóquei Flaviense 4-3 Montalegre que as últimas 6 equipas serão relegadas para os campeonatos distritais. Ainda quanto FUTSAL INICIADOS à equipa de Montalegre, espera-se que após o Amigos Abeira Douro 5-5 Salto Escola Johnson Januário 3-0 Montalegre jogo com o Bragança, possa finalmente respirar com mais tranquilidade. FUTSAL INFANTIS Na Divisão de Honra, saliência para o Vilar de Montalegre 2-2 Vilar de Perdizes Perdizes!... Agora com o seu estádio renovado, só é batido pelo Chaves B, Vila Real e Règua na FUTSAL BENJAMINS classificação geral, o que não deixa de ser Alves Roçadas 10-0 Salto surpreendente Os comandados de Tony, têm surpreendido e estão a fazer um campeonato a todos os títulos louvável. Bem pior está a equipa de Salto!... O Grupo Desportivo local, encontra-se na 13.ª posição da classificação geral e em perigo de descida caso não inverta os resultado. Atrás de si apenas vê o GD Valpaços e o FC Fontelas. Com o segundo pior ataque do campeonato, e menos de um golo em média por jogo, espera-se que a equipa consiga reverter os maus resultados e regresse aos tempos a que nos habituou.

PLANTEL DO CDC MONTALEGRE – 2017/2018

CAMPEONATO DE PORTUGAL CLASSIFICAÇÃO GERAL À 21.ª JORNADÀ

DIVISÃO DE HONRA DA A.F. VILA REAL CLASSIFICAÇÃO GERAL Á 18.ª JORNADA


Dizem os escritores e os poetas transmontanos, que Barroso é uma dádiva especial da Natureza e a grande obra de pedra e água feita em Portugal. É neste Norte que arduamente se riscam e planeiam caminhos, se cruzam vontades e se resiste, com granítica força e persistência dos rios e serras à invasiva e danosa cultura que desvirtua e engana a História. Da mesma pedra e da mesma água, são feitas as gentes destes lugares.

REGRESSO Regresso às fragas de onde me roubaram Ah!... Minha serra, minha dura infância!... Como os rijos carvalhos me acenaram, Mal eu surgi, casado, na distância!... Cantava cada fonte à sua porta: O poeta voltou!... Atrás ia ficando a Terra morta Dos versos que o desterro esfarelou. Depois o céu abriu-se num sorriso E eu deitei-me no colo dos penedos A contar aventuras e segredos Aos deuses do meu velho paraíso.. Miguel Torga



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