Revista IL 98

Page 1

Ano XVII – Set/Out 2012 - nº 98 – R$ 18,00 – www.revistalaticinios.com.br – ISSN 1678-7250

Inovação

Soluções em ingredientes para novos apelos e conceitos

Cobertura

Fisa, Interleite e 40 anos de Expomaq

LEGISLAÇÃO

Como as novas normas poderão impactar os produtos lácteos



Editorial Ano XVII – nº 98– setembro/outubro 2012 www.revistalaticinios.com.br ISSN 1678-7250

Prezado Leitor, Uma questão sui generis ocorre com um dos produtos mais tradicionais de Minas Gerais, o queijo artesanal da Serra da Canastra. Apesar de declarada como o primeiro Patrimônio Imaterial Brasileiro, a iguaria não pode ser comercializada além das fronteiras mineiras. Um desses equívocos advindo de legislação restringe a venda do produto fora do estado, abrindo espaço para clandestinidade de comercialização e impedindo a expansão de produção de um alimento que tem tudo para conquistar o mercado e levar mais renda a pequenos produtores. O consumidor, por sua vez, não consegue comprar o queijo mineiro que deseja comer. Recentemente, até uma revista de circulação nacional, a Veja, levantou a questão, dizendo que se a Presidente Dilma comer esse queijo em Brasília estará fora da lei. O absurdo que ocorre com os queijos artesanais mineiros é apenas a ponta de um iceberg de uma legislação antiga, inadequada e que precisa ser atualizada por profissionais com profundo conhecimento da área, com urgência. O Riispoa (Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal), criado por decreto de Getúlio Vargas, em 1952, inadequado para a produção moderna do setor lácteo nacional, há anos, requer atualização. Empresas e profissionais do setor aguardam revisão e publicação de um novo documento, porém sua finalização, há anos, é adiada. Enquanto isso, sofrem produtores e laticínios, que passam por situações absurdas para se adequarem a leis antigas, a exemplo desta da Serra da Canastra. Até quando? Curiosamente, neste caso, produtos semelhantes importados, principalmente da Europa, ocupam as mesas de todo território brasileiro, tomando espaços que poderiam ser de produtores nacionais. Nesta edição, entrevistamos Carlos da Silveira Dumont, presidente da Cooperativa do Serro, que fala um pouco das dificuldades dos produtores da Serra da Canastra. Leia ainda nesta edição, as inovações em ingredientes e tecnologias para o setor de leite e produtos lácteos e a cobertura de dois eventos importantes para o setor lácteo – Expomaq e Food Ingredients South America. Falando ainda em legislação, trazemos também artigo técnico, elaborado por pesquisadoras do Ital/Campinas, sobre a nova regulamentação da Nata, tecnologia e mercado do produto. Outro artigo de pesquisadores universitários da UFV – Universidade Federal de Viçosa - fala sobre Leite e Queijo de Búfala na Ilha do Marajó.

Diretor e Editor Luiz José de Souza luiz.souza@revistalaticinios.com.br Redação Juçara Pivaro jucara.pivaro@revistalaticinios.com.br Publicidade Luiz Souza Carolina Senna carolina.senna@revistalaticinios.com.br Daiane Domingues daiane.domingues@revistalaticinios.com.br Atendimento Ana Carolina Senna de Souza carolina.senna@revistalaticinios.com.br Capa Imagem de arquivo Diagramação Rafael Murad Assinatura Assinatura anual - R$ 105,00 (6 edições) Número avulso - R$ 18,00 Comitê Editorial Airton Vialta – DG/Ital Ana Lidia C. Zanele Rodrigues – Allegis Consultoria Antônio Fernandes de Carvalho – UFV Ariene Gimenes Van Dender – Tecnolat/Ital Darlila Aparecida Gallina – Tecnolat/Ital Izildinha Moreno – Tecnolat/Ital José Alberto Bastos Portugal – Embrapa/CNPGL Mucio Furtado – DuPont/Danisco Neila Richards – UFSM Sebastião César Cardoso Brandão – UFV/Amazing Foods

Outra publicação:

Boa leitura!

Luiz Souza Diretor e Editor SETEMBRO EDITORA Ed. Green Office Morumbi Rua Domingues Lopes da Silva 890, Cj. 402 Portal do Morumbi CEP 05641-030, São Paulo, SP, Brasil Tels.: (11) 3739-4385 / 8141-3274 / 2307-5561 / 2307-5563 / 2307-5568 / 2307-5574 atendimento@revistalaticinios.com.br As opiniões e conceitos emitidos em artigos assinados não representam necessariamente a posição da revista Indústria de Laticínios. Mantenha seus dados atualizados preenchendo os formulários no site www.revistalaticinios.com.br


SUMÁRIO

u Entrevista: Queijo artesanal - Patrimônio Nacional só para Mineiros ---------------------------------------------- 6 u Empresas e Negócios: Veja quem movimentou os negócios lácteos no último bimestre --------------------- 10 Matéria de Capa u Inovação em lácteos – Ingredientes para novos apelos e conceitos Como as novas legislações poderão impactar os produtos lácteos ------------------------------------------------ 18 u Conjuntura ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 26 u Cobertura Expomaq 2012 ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 28 u Perfil de empresa – Hexus ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 46 u Perfil de empresa – Akso ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 47 u Case – Nestlé – Ninho Fases -------------------------------------------------------------------------------------------------- 48 u Painel ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 50 u Evento – Interleite 2012 ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 58 Fazer Melhor u Nata: mercado, tecnologia e a nova regulamentação ----------------------------------------------------------------- 62 u O Leite e Queijo de Búfala na Ilha do Marajó ---------------------------------------------------------------------------- 66

ANUNCIANTES

4

AGUIA INOX

31

ENTELBRA

57

LIVRO NOVA LEGISLAÇÃO

28

AKSO

47

FERMENTECH

07

MACALÉ

59

ANHEMBI BORRACHAS

27

FISPAL NORDESTE

60

M CASSAB

05

ASHLAND

41

FORTRESS

16

PADRONIZA

44

BRASTÓKIO

24

FORTITECH

72

QUINABRA

23

BKG ADICON

13

GAIL

09

RICEFER

25

CAP-LAB

33

GOLDPACK

19

SIG COMBIBLOC

15

CHR. HANSEN

14

GRANOLAB

51

SOMAROLE

49

DELGO

39

HIDROZON

55

TATE & LYLE

17

DOCE AROMA

21

HORIZONTE AMIDOS

10

X NOVA

53

DÖHLER

02

INTERMARKETING

11

TOVANI

54

DSM

71


5


entrevista

Patrimônio Nacional só para mineiros Nem sempre obter prestígio significa destaque para um produto. É o que ocorre com o queijo artesanal mineiro, considerado patrimônio nacional, aliás, mais especificamente, o primeiro Patrimônio Imaterial Brasileiro. A honraria, no entanto, não contribuiu para a expansão da produção e conquista de novos mercados em território brasileiro. O motivo: a legislação que normatiza o segmento proíbe a venda do produto fora de Minas Gerais. Fica estabelecido um paradoxo. Enquanto queijos importados, elaborados a partir de leite cru e semelhantes ao artesanal brasileiro, estão dispostos nas gôndolas de supermercados nacionais e comercializados livremente, o produto mineiro está restrito ao estado onde é produzido. O queijo artesanal de Minas Gerais é conhecido e apreciado em várias regiões do Brasil e, por conta de legislação vigente, sua venda ainda é realizada em outros estados, porém clandestinamente. A primeira regulamentação brasileira para esses produtos veio na década de 50, seguindo modelo dos Estados Unidos, que considerava queijos com pasteurização do leite para grandes indústrias. Em dezembro de 2011, o Mapa publicou a IN 57, que, ao contrário do que esperavam os produtores, trouxe mais exigências, tornando ainda mais complexa a logística da produção e comercialização dos artesanais. Entre outros pontos estabelecidos, a IN 57 exige que o produtor faça análise do leite em laboratóCarlos da Silveira Dumont rios da RBQL (Rede Brasileira de Qualidade do Leite). Em Minas Gerais existem somente dois desses laboratórios oficiais, localizados em Juiz de Fora e Belo Horizonte, distante dos locais de produção, implicando em custos com logísticas acima das condições econômicas dos fabricantes. Os produtores querem revisão de vários pontos da nova normativa para que tenham condições de fabricar seus produtos de acordo com exigências da legislação e comercializar para outros estados queijos tradicionais de Minas Gerais. Existe o modelo da legislação francesa para queijos de leite cru, que atenderia de maneira mais adequada esses produtores. Mesmo seguindo todas as regras para produção segura dos queijos artesanais, a Cooperativa Serro, localizada na região onde está grande parte dos produtores, só vende sua produção em Minas Gerais. Para falar sobre o assunto, a Revista Indústria de Laticínios entrevistou Carlos da Silveira Dumont, presidente da Cooperativa do Serro.

6


7


entrevista

Estima-se que, na região do Serro, existam 900 produtores de queijo artesanal, legalizados junto ao IMA. Revista Indústria de Laticínios Fale sobre a IN 57 e como a regulamentação impactou os produtores de queijos artesanais. ■ Carlos da Silveira Dumont A Cooperativa do Serro, no caso do queijo minas artesanal, segue a legislação mineira, ou seja, a lei 14185/2002. Neste caso, temos uma certificação junto ao IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária) e só podemos vender em Minas Gerais. Os produtos industrializados da cooperativa são “sifados” e podem ser vendidos em todo o Brasil Temos batido na tecla de que deveríamos utilizar a legislação francesa para os queijos de leite cru, pois hoje nós conseguimos atender esta legislação e não conseguimos atender a legislação brasileira, que tem como base uma indústria com leite pasteurizado. RIL Antes da IN57, os produtores abasteciam vários outros estados brasileiros? ■ Carlos da Silveira Dumont Mesmo antes da IN57, não era permitido vender o queijo Minas Artesanal fora de Minas Gerais. No próprio estado, o produto era considerado clandestino até conseguirmos a lei estadual 14185/2002. RIL Como os produtores fazem para vender seus queijos? O consumo de outras cidades de Minas Gerais cobre o mercado que eles tinham antes da normativa ou eles diminuíram a produção? ■ Carlos da Silveira Dumont Especificamente, a Cooperativa do Serro sempre teve seu mercado focado na cidade de Belo Horizonte. Estima-se que, na região do Serro, existam 900 produtores de queijo artesanal, legalizados junto ao IMA. Temos 110 produtores, portanto todos os

demais continuam vendendo através de queijeiros, clandestinamente, em Minas Gerais e também em outros estados. RIL Já é possível contabilizar prejuízo desde a nova normativa? ■ Carlos da Silveira Dumont Na realidade, nada mudou em nossa região com a IN57. RIL Como estão as ações para reverter a situação, já que é inviável a instalação de laboratórios nas cidades da Serra Canastra apenas para atender às novas exigências legais? ■ Carlos da Silveira Dumont O assunto tem sido discutido em vários níveis, inclusive no MAPA, para isto contribuiu muito o filme “O mineiro e o Queijo” e, agora, a reportagem do Globo Rural. RIL A comunidade local está se organizando para evitar que um produto considerado patrimônio nacional seja impedido de ser comercializado em outras regiões que vendem queijos europeus semelhantes e sem nenhuma restrição? ■ Carlos da Silveira Dumont Sem dúvida, a luta é constante, a região do Serro tem entidades representativas dos produtores bem organizadas e recebemos apoio de órgãos de pesquisa e do próprio Estado de Minas Gerais, através da Secretaria da Agricultura e das empresas coligadas. RIL Existem programas de melhoria de qualidade da produção dos queijos artesanais? Os produtores têm consciência de que há necessidade de certos procedimentos para garantir a segurança alimentar? Há apoio a esses pequenos produtores para implantar programas que

atendam às exigências de uma produção segura? ■ Carlos da Silveira Dumont A lei 14185/2002 estabalece vários parâmetros de qualidade, aceitos e implantados. Há ainda treinamento constante através da Empresa de Extensão Rural (EMATER). A cooperativa mantém também um médico veterinário e laticinista acompanhando diretamente os produtores. A Cooperativa do Serro já havia implantado um Programa de Melhoria da Qualidade deste produto desde 1995. A partir da lei 14185/2002, atuou junto aos seus produtores, conseguindo a certificação de todos eles junto ao IMA. Como já foi mencionado, temos um veterinário que controla a sanidade do rebanho: todo o rebanho é examinado anualmente contra brucelose e tuberculose. O laticinista acompanha as Boas Práticas de Fabricação, cobra anualmente o exame médico dos manipuladores, coleta produto para análise fiscal e orienta os produtores. Na recepção da cooperativa, existem procedimentos de avaliação de qualidade e os produtos fora do padrão não são recebidos. RIL O que a cooperativa e outros produtores da região esperam em relação à nova normatização para os queijos artesanais? ■ Carlos da Silveira Dumont Precisamos de uma nova legislação nacional que atenda especificamente o queijo de leite cru, que deveria ser baseada na legislação francesa, permitindo que todo brasileiro possa saborear o tradicional queijo do Serro, primeiro patrimônio de natureza imaterial de Minas Gerais e Patrimônio Imaterial Brasileiro.

Mesmo antes da IN57, não era permitido vender o queijo Minas Artesanal fora de Minas Gerais. No próprio estado, o produto era considerado clandestino até conseguirmos a lei estadual 14185/2002. 8


9


empresas & negócios

Verde Campo lança primeiro queijo cottage zero lactose Chegou ao mercado o primeiro queijo cottage sem lactose produzido no Brasil. Além de ser recomendado para dietas com restrição à lactose, o Queijo Cottage LacFree, fabricado pelo Laticínios Verde Campo, tem quantidade de sódio reduzida em 33% e é uma opção ideal para pessoas que priorizam uma alimentação leve e saudável. O Queijo Cottage LacFree (R$ 6,90 a embalagem de 200g) tem apenas 68 calorias por porção de 50g. O produto está sendo co-

mercializado nas principais redes de varejo e em lojas especializadas em todos os estados das regiões Sudeste e Sul. Ações intensivas de degustação e distribuição de folders estão sendo feitas em pontos de venda no Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Para eliminar totalmente a lactose da linha LacFree, a Verde Campo adotou uma tecnologia de hidrólise própria. Assim, os nutrientes do leite, em especial as proteínas e o cálcio, são absorvidos de maneira mais

rápida e eficiente pelo organismo, trazendo uma sensação de leveza e bem-estar. E, para reduzir o teor de sódio, no processo de produção o sal comum foi substituído por uma versão especial que contem sais minerais de origem láctea e reconstrói parte do sabor do produto original. Essa é a segunda linha de produtos sem lactose produzida pela empresa, que, em abril do ano passado, inovou ao lançar a linha de iogurtes LacFree, primeira do tipo no país.

Nestlé apresenta Moça Doce de Leite no palito Depois do sucesso do picolé Moça Leite Condensado, a Nestlé surpreende novamente ao juntar o sabor incomparável de uma das sobremesas mais apreciadas pelos brasileiros, o doce de leite, com a cremosidade do sorvete, no picolé Moça Doce de Leite,

10

feito com o verdadeiro Leite Condensado Moça. Com 95 kcal – o equivalente a 5% das necessidades diárias de energia – a novidade faz parte da família “Marcas Nestlé no Palito” e está à venda em todo o País. Além de Moça Doce de Leite, a linha de sorve-

tes Moça conta com os picolés Moça Brigadeiro e Moça Leite Condensado e com as sobremesas Pudim e Cocada (nas versões take home, em embalagens de 496g).


11


empresas & negócios

Tirol traz requeijão gourmet Especialmente elaborada para o uso culinário, a linha de Requeijão Gourmet da Tirol garante o sabor e a praticidade na elaboração das mais diversas receitas. Com opções nos sabores: Tradicional, Cheddar e Quatro Queijos, o requeijão é comercializado em embalagens plásticas no formato bisna-

ga, em versões de 400g e 1,8kg para atender às diferentes necessidades dos consumidores. O requeijão para uso culinário se difere do tradicional requeijão cremoso por apresentar uma textura mais firme e consistente, numa fórmula mais adequada ao manuseio para a preparação de diferentes re-

ceitas de doces e salgados. Produzido a partir da reconhecida qualidade do leite Tirol, o requeijão resulta da fundição da massa do queijo e gordura láctea e outros ingredientes num processo que envolve maturação, envase e resfriamento.

identifica o produto e, para cada sabor, há uma cor que o define, fazendo com que ganhe destaque no ato da exposição no ponto de venda. Esses produtos serão comercializados no varejo, atendendo os canais de autosserviço, atacado, padaria e casa de laticínio. Pronta para beber, refrescante, saborosa e nutritiva, o produto pode ser consumido no café da manhã, lanche, no preparo de cocktails e acompanhado com cereais, a qualquer hora do dia, ou, complementar a merenda.

O público-alvo é variado, constituído de crianças, adolescentes e adultos, voltado para a maioria das classes sociais. O novo produto amplia o mix de bebidas lácteas e a variedade de sabores, atende às expectativas e necessidades dos consumidores que desejam produtos práticos e convenientes. O lançamento das Bebidas Lácteas Aurora reforça a marca Aurora no segmento de lácteos, onde está presente através dos leites UHT, leites em pó, creme, queijos em peça ou porcionados e requeijões tradicional e light.

Aurora lança bebida láctea de lichia Lichia - uma fruta originária da China - é o sabor de uma refrescante bebida láctea, que a Aurora lança a partir deste mês de setembro com exclusividade nos mercados do sul e sudeste brasileiro. A bebida não só amplia o portfólio de fermentados da Coopercentral Aurora Alimentos, como deve tornar-se um ícone desse verão. A nova bebida é elaborada com leite, soro de leite e polpa de lichia, própria para consumo no verão. Possui validade de 45 dias e embalada em caixa de 5,7 kg com seis unidades de 950 gramas. A embalagem

Tangará Foods lança Leite Condensado Nutricional A Tangará Foods lançou mais um produto de sua linha voltada para o varejo. O Leite Condensado Nutricional é produzido em sua planta industrial de Estrela/RS, adquirida pela Tangará em junho de 2011. Em

12

embalagem Tetra Pak de 395 g, o produto faz parte da estratégia da empresa para entrada no varejo, que se iniciou com o lançamento do Creme de Leite Nutricional, do Leite em Pó Nutricional e do Purelac Fortificado.

O início das vendas do Leite Condensado Nutricional está previsto para agosto nas regiões Sudeste e Nordeste do país.


13


empresas & negócios

Batavo incorpora linha de queijos mussarela e prato ao portfólio O brasileiro está consumindo mais queijo e, atenta a esse movimento, a Batavo lança duas opções: mussarela e prato. “É um mercado que cresce quase dois dígitos ao ano e movimenta cerca de R$ 7 bilhões”, afirma Luciane Matiello, diretora de marketing da unidade de lácteos da BRF. Embora não exista estatística recente, calcula-se que o brasileiro consome cerca de 4 quilos de queijo por ano. Um volume irrisório se comparado a países europeus como França, Dinamarca, Itália e Holanda,

onde o consumo médio supera 20 quilos, ou seja, quase sete vezes mais que no Brasil. “Trata-se de um segmento promissor, visto o maior poder aquisitivo do brasileiro”, ressalta Matiello. Pesquisa encomendada pela Batavo aponta que além da evolução no hábito de consumo de frios na alimentação básica, a categoria está conectada aos valores atuais de escolha por alimentos práticos e saudáveis. Além das tradicionais peças de 2 e 3 quilos (mussarela) e 2,7 quilos e 3,7 quilos (prato), disponíveis em su-

permercados e padarias, os queijos Batavo serão comercializados nacionalmente em embalagens de 150 gramas. São opções ricas em proteínas, cálcio, lipídios, carboidratos, fósforo e vitaminas. O queijo Batavo utilizará a mesma base de produção do queijo Santa Rosa, marca regional que também pertence à BRF. “Por esse motivo, optamos por manter, num primeiro momento, o logo Santa Rosa e Batavo nas embalagens”. Com o passar do tempo, a empresa pretende seguir apenas com Batavo.


15


empresas & negócios

Vigor chega ao mercado com produto inédito para confeitaria A Vigor Alimentos renova o portfólio de produtos da marca Amélia com o lançamento do “Chantilly ao Leite”, que alia duas necessidades antigas dos confeiteiros: sabor de creme de leite com ótima estabilidade. Disponível em embalagens da Tetra Pak de um kilo, o produto não necessita de refrigeração antes de aberto e é indicado para bolos e sobremesas.

Além da novidade, a Vigor Food Service também reposiciona todos os produtos da marca Amélia, que passam a espelhar nas embalagens informações com mais clareza aos consumidores. De acordo com Renata Holzer, gerente de marketing da Vigor, como se trata de uma marca tradicional, a renovação acontece sem deixar de destacar os principais valores dos produtos. “O momento

especial que a Vigor atravessa vem acompanhado de um investimento maior em inovação e marketing”, afirma Renata. Amélia é marca pioneira em Chantilly vegetal no Brasil, com seu produto Chanty Mix, além de ser a marca mais lembrada pelos confeiteiros nesta categoria, segundo pesquisas da ECD (consultoria especializada em Food Service) em 2011.

Piracanjuba Zero Lactose ganha prêmio no FI Excellence Awards 2012 A Piracanjuba conquistou o Prêmio Fi Excellence Awards 2012, na Categoria Produto Funcional / Nutracêutico Mais Inovador”, com o Piracanjuba Zero Lactose. A empresa também foi finalista - 2º lugar – na Categoria “O Produto Funcional/ Nutracêutico Mais Inovador”, com o Piracajuba Quinoa e Linhaça. “Essa premiação reafirma nosso comprometimento em oferecer aos consu-

16

midores produtos inovadores, saudáveis e de qualidade”, afirma Helena Camargo, Coordenadora de Pesquisa & Desenvolvimento da Piracanjuba. Considerado o “Oscar” da Indústria Alimentícia, Fi Excellence Awards tem como objetivo identificar e reconhecer as empresas de alimentos que estão comprometidas com a conservação da biodiversidade, promoção de práticas sustentáveis

na cadeia de abastecimento e com a repartição justa dos benefícios provenientes da comercialização dos produtos. O prêmio consagra indústrias e profissionais que investem na área de Pesquisa e Desenvolvimento, estimulando a inovação de produtos e movimentando a indústria.


17


inovação

Inovação em lácteos

Crescem as possibilidades para a indústria investir em inovações de lácteos. A diversidade de soluções das empresas de ingredientes permite criar novas categorias ou incorporar novos conceitos.

Crescem as possibilidades para o setor de lácteos investir em inovações para o mercado de consumo. Dois eventos mostraram a diversidade de soluções das empresas de ingredientes que permitem criar novas categorias em bebidas e alimentos ou incorporar conceitos de saudabilidade aos produtos. Um deles foi a Expomaq 2012 (Veja caderno especial a partir da página 28), realizada em Minas Gerais e outro, a FISA (Food Ingredients South America), que aconteceu de 18 a 20 de setembro, no Expo Center Norte, em São Paulo. Em sua área de exposição, a FISA mostrou a próxima geração de ingredientes para a indústria alimentícia. Durante o evento foi realizada a FI Conference e as palestras desta edição tiveram como pauta questões como controle de peso, saúde óssea e cardiovascular, redução de sal e açúcar, nutrição esportiva, suplementos alimentares, nutracêuticos, conceito de beleza de dentro para fora, produtos antienvelhecimento, tendências gerais e o panorama do mercado de alimentos no Brasil e no mundo. Na feira, foi apresentado ao público diverso o desenvolvimento das empresas de ingredientes para a área de lácteos. A General Ingredients, que agora faz parte do grupo Hela do Brasil, apresentou sua linha de ingredientes que produz e que distribui. Entre outros produtos, a Hela apresentou sua linha de condimentos e especiarias diferenciadas e apropriadas para uso em queijos

18

e produtos lácteos, pois contribuem para evitar contaminação com a adição desses ingredientes. A Hela traz outras soluções, tais como fibras, da Fiberstar, para fabricação de iogurte e outros produtos lácteos e corantes naturais. A maior parte dos produtos da empresa permite o uso clean lable. Uma marca nova foi apresentada ao mercado durante a FISA, a Ingredion, multinacional norteamericana. Isabela Abussamra, analista de marketing da empresa explica: “Houve união da Corn Products e a National Starch, empresa que adquirimos globalmente há dois anos”. Carlos Bianco, presidente da Ingredion no Brasil, acrescenta: “Não deixamos para trás uma de nossas fortalezas: o profundo conhecimento das necessidades e peculiaridades do mercado local”. Baseada nos conceitos: inovação, nutrição, sabor e textura natural e saudável, a Ingredion levou lançamentos para a feira. Para aplicação em bebidas a base de leite, a empresa apresentou lácteo sabor morango sem adição de açúcar e gordura. Mostrou também o Enliten, adoçante produzido pela Ingredion a partir da Estevia, o qual permite ser utilizado em sorvetes e achocolatados. Foodservice A Alibra, que tem ênfase no desenvolvimento de sorvetes e sobremesas, investe fortemente em lácteos e vem apresentando produtos para foodservice, um mercado em franco crescimento no Brasil. Para aplicação em coberturas e chocolates, a em-


presa apresentou na FISA, Compostos Lácteos em pó para Chocolates. Tratam-se de substitutos de leite em pó integral e/ou desnatado, provenientes de variadas fontes de gordura vegetal e láctea. Os produtos proporcionam melhoria de cremosidade, textura e sensação organoléptica. Os compostos lácteos são produzidos em spray-dryer que, além de otimizar o processo, mantém as características sensoriais, garantem padronização, e possibilitam a redução de custo do produto final. Outras soluções apresentadas pela empresa foram as Coberturas e recheios tipo Mussarela, requeijão e queijo Minas Padrão, desenvolvidas com tecnologia sofisticada aplicada aos ingredientes, que já são referência nos Estados Unidos e Europa. São destinadas ao foodservice e às indústrias. A consistência, o nível de derretimento, cremosidade, sabor e brilho são adequados para aplicação em pizzas, pães, pasteis, salgados e recheios. O Mozzana para cobertura de pizzas de mussarela tem como característica derretimento perfeito e uniforme, com elasticidade de formação de fios, não apresenta liberação de gordura após o forneamento e proporciona maior aderência à massa, evitando descolamento de recheio, principalmente durante o processo de delivery. A Alibra ainda tem o Mozzana Recheio para pão de queijo, que substitui o queijo Meia Cura e o Mozzana Saudável, desenvolvido com Zero Lactose para aplicação em pizzas e recheios. Humberto Salvador Afonso, diretor da Alibra, afirma: “tivemos crescimento em torno de 25% nos últimos meses e para atender à demanda do

mercado, investimos na unidade do Paraná para aumentar a capacidade produtiva. A torre de secagem da unidade ampliada contribuirá para aumentar em 45% a produção a partir de outubro”. Especializada em produção de soro de leite, a Sooro marcou presença na FISA para mostrar as diversas soluções desse ingrediente, cada vez mais valorizado pelas indústrias de alimentos e bebidas. A empresa foi a primeira produtora do WPC (Whey Protein Concentrate) no Brasil e fornece para o mercado nacional , além de atender com este produto indústrias dos Estados Unidos”, afirma José Afonso Passoto, supervisor de pesquisa e desenvolvimento da empresa. O WPC é um concentrado proteico de soro de leite obtido através da separação parcial das proteínas do soro por processos de filtração por membranas, posterior concentração por evaporação, seguido de desidratação. As propriedades das proteínas do soro são mantidas, dando ao produto valor nutricional e funcional elevado, possibilitando sua aplicação em ampla gama de produtos. A empresa traz outra novidade para o Brasil, o Permeado em pó, um soro de leite com menos proteína e mais lactose. É obtido pela remoção da proteína do soro por membranas de ultrafiltração, seguido de concentração em evaporadores tubulares e posterior desidratação. A Sooro produz ainda, soro de leite em pó e gorduras lácteas. Além de produtos lácteos, os ingredientes podem ser aplicados em sorvetes, suplemento alimentar, cárneos, salgadinhos, ração animal, entre outros.

19


inovação

Futuro Uma das empresas a apresentar grande variedade de soluções na FISA foi a DSM, que fez de seu stand, um supermercado do futuro. Telas expostas no local apresentavam produtos para vários segmentos da alimentação, como se estivessem em prateleiras de supermercado e ao toque na tela, o visitante poderia ver as tecnologias em ingredientes aplicadas nos alimentos e bebidas expostos. “O público recebeu muito bem a ideia, que já utilizamos em feira na Europa para mostrar nossas soluções. Neste ano, viemos com duas divisões, a Nutritional e a Food Specialist. Além da apresentação de nossos produtos e degustação, estamos celebrando os 100 anos de vitaminas”, explica Renata Razuk, diretora de marketing da empresa. Na mostra, a companhia apresentou grande variedade de produtos, incluindo família completa de ingredientes para laticínios, mostrando as soluções integradas da DSM para o segmento, desde enzimas, culturas e produtos de proteção alimentar, até amplo conjunto de nutrientes nutricionais e funcionais. O stand contou com diversos protótipos de produtos oferecidos para degustação do público visitante. Durante a demonstração das soluções DSM para laticínios, os visitantes puderam provar o iogurte de baixa lactose fabricado com a linha Delvo®Yog de culturas versáteis para iogurtes, elaborada para oferecer soluções de sabor e textura para cada aplicação específica, além de queijos fabricados com várias enzimas e culturas da empresa. Na FISA, a DSM apresentou o MaxilactR LGX 1000, lactase única, que garante maior consistência na qualidade do leite UHT deslactosado. O produto foi desenvolvido para injeção asséptica em linha com sistema de dosificação Tetra Aldose. A solução enzimática é adicionada diretamente ao processo, eliminando a necessidade de preparação e adição manual da lactase durante a produção. A introdução da MaxilactR LGX 1000 ao mercado brasileiro permite que o produtor de leite aumente a segurança e o controle de qualidade do produto, pois a solução enzimática estará padronizada. Entre as vantagens de aplicação do ingrediente estão: o risco de erros durante o processo de diluição ou qualquer variação na atividade da solução enzimática é eliminado, requer menos substituição de filtros e as perdas são mais limitadas, por não haver desperdício devido a erros de manipulação.

20

Tecnologia A Tate & Lyle foi para a FISA com lançamento que incorpora alta tecnologia, o Tasteva TM, adoçante de Estévia, que tem alta densidade, excelente sabor e zero caloria. “Com Tasteva™ , os fabricantes de alimentos e bebidas que desejam adoçantes de fonte natural, agora têm uma opção de excelente sabor e conseguem reduzir os níveis de açúcar em 50% ou mais, sem o amargor e o sabor de alcaçuz, muitas vezes associado a outros adoçantes de alta pureza, tendo estévia como base”, explica Ijones Constantino, diretor comercial da empresa para América Latina. O novo adoçante não tem after taste amargo e possui sabor que se assemelha ao açúcar. Além da tecnologia empregada em seu desenvolvimento, a empresa realizou estudos com diversas frações da matéria prima, até chegar naquela que oferecia melhor sabor. A tecnologia de purificação, associada aos dois anos de estudos, possibilitaram à Tate & Lyle disponibilizar um adoçante natural e com sabor limpo para aplicação em diversos tipos de alimentos e bebidas, inclusive, lácteas. A empresa apresentou também na feira, seus ingredientes que atendem às necessidades do consumidor atual, com menos calorias, mais cremosidade e mais fibra. Foram oferecidos para degustação durante o evento, protótipos com soluções que também levam em consideração os custos, além serem abordados os avanços mais recentes em sobremesas, incluindo o Creamiz™, um inovador substituto para a gordura. E um reforço a cremosidade do produto final. Durante a FISA, aconteceu o tradicional FI Excellence Awards, que premia as melhores soluções em ingredientes e produtos para a indústria alimentícia e um dos vencedores foi da categoria lácteos. O Piracanjuba Zero Lactose, da Laticínios Bela Vista, ganhou prêmio como Produto Nutracêutico/Funcional Mais Inovador. Os demais vencedores foram: PuraQ Arome NA4 – da Purac Sínteses, como o Ingrediente Alimentício mais Inovador, o Bolo de Caneca – da Dr. Oetker como o Produto Alimentício Mais Inovador. A FISA foi marcada pela fartura de soluções para as indústrias e, principalmente, cumpriu seu papel de abrir espaço para empresas que desenvolvem soluções para produção de alimentos e bebidas com mais saudabilidade, um dos mais benéficos movimentos no setor, que ganhou força nas indústrias fornecedoras de soluções e alimentícias.


21


LEGISLAÇÃO

Como as novas legislações poderão impactar os produtos lácteos *

Informação Nutricional Complementar - No Brasil, desde 2001, a Rotulagem Nutricional é obrigatória e a Informação Nutricional Complementar opcional desde janeiro de 1998. Em 2008, o Mercosul decidiu reavaliar e modernizar a Portaria de Informação Nutricional Complementar (INC), baseando-se nas indicações e recomendações da estratégia Global. As discussões finalizaram na sua última reunião e a nova INC deve entrar em vigor no início de 2014. Esta portaria trará os seguintes benefícios para o consumidor: acesso a informações de alimentos mais saudáveis; valores já com conceitos para a proteção à saúde; possibilidade de comparar estes alimentos com outros da mesma categoria e fazer escolhas mais saudáveis; ter informações e chamadas que podem potencializar seu comportamento para aquisição de novos alimentos com o propósito de uma nutrição mais adequada; potencializar a diminuição de custos com a saúde devido à ingestão de produtos com redução de substâncias que podem contribuir com problemas de obesidade, diabetes, pressão arterial e doenças coronárias; ter escolhas e disponibilidade de produtos direcionados a um público alvo, contribuindo para a saúde e balanço nutricional. Os benefícios para o Governo são: suporte para cumprimento das diretrizes da Política Nacional de Alimen-

22

Maria Cristina Mosquim

tação e Nutrição contribuindo para a educação dos consumidores na escolha de alimentos que contribuam para a saúde e uma dieta balanceada; potencializar a possibilidade de diminuição de gastos com o tratamento de doenças crônicas potencializadas pela dieta/alimentação. Para as indústrias, também haverá benefícios, pois poderão: aumentar a confiança dos consumidores baseando-se em informação nutricional bem orientada e de fácil acesso; produzir alimentos diferenciados, dentro de uma mesma categoria, para facilitar e possibilitar escolhas saudáveis para várias populações de consumidores que, por motivos de saúde ou escolha, não quisessem consumir um alimento nutricionalmente não modificado. O que faltou? Infelizmente, devido aos países terem legislações específicas sobre alguns pontos fundamentais, eles não foram colocados nesta INC e, certamente, impactarão muito nossos produtos e chamadas, caso os órgãos legisladores do país não tomem medidas urgentes sobre sua normatização. São eles: 1- Retirada do carboidrato lactose das chamadas de açúcares O desconhecimento ou falta de informação na rotulagem, pela impossibilidade legal de colocar em alguns produtos lácteos de que são isentos de lactose, impossibilitará sua ingestão por uma parcela grande de brasileiros, principalmente crianças e idosos intolerantes à lactose. Como exemplo: pelo rótulo, lendo apenas a lista de ingredientes, alimentos como o queijo e alguns leites fermentados com baixo teor ou mesmo isentos de lactose, não são entendidos assim, pois o diagnóstico é feito de intolerância ao leite, e o primeiro ingrediente da lista é o leite. Portanto as pessoas intolerantes deixam de consumir produtos lácteos, mesmo sem nenhum traço de lactose, por falta de entendimento da rotulagem. O

maior problema é que deixam de consumir o cálcio lácteo que é o melhor absorvido pelo organismo humano. 2- Retirada da frase que permite fazer modificações sem alteração do RTIQ Tão logo a nova portaria de INC for publicada, cada país poderá fazer aprovação de produtos, já com as alterações previstas. No entanto, no Brasil a nova portaria sobre Informação Nutricional Complementar não terá a frase, hoje existente, na Portaria 27/98/ Anvisa, que possibilita as alterações previstas, sem a necessidade de se alterar o RTIQ do produto no qual se fez a modificação. No Brasil, durante as discussões desta Portaria discutiu-se com o Mapa, a esta frase e acordou-se (setor regulatório e produtivo) a frase que permitirá a existência no mercado de produtos com Informação Nutricional Complementar. A frase em questão é: “Quando para cumprir algum atributo previsto no presente regulamento técnico for necessária a substituição e ou redução e ou acréscimo de ingredientes que alterem parâmetros estabelecidos nos padrões de identidade e qualidade existentes, tais parâmetros alterados devem estar previstos em critérios estabelecidos e tecnicamente justificados por cada país. Estes alimentos serão designados com a denominação do produto seguida da modificação objeto da informação nutricional complementar.” No entanto, não houve acordo nas discussões Mercosul e a frase foi retirada. Como à exemplo da Argentina e Uruguai, no Brasil, não temos legislação específica sobre o assunto, portanto, nenhum alimento que no seu regulamento técnico estabeleça padrões físico–químicos poderá esta regulamentação tendo em vista, que as alterações da INC podem diminuir, alterar aumentar e/ou modificar o alimento. Consequentemente, esta regulamen-


tação em vez de facilitar o comércio de alimentos entre os países parte, vai criar um grande tumulto. Produtos fabricados nos outros países poderão fazer as chamadas, ao passo que os aqui comercializados, não poderão. No entanto, estes produtos estarão nas gôndolas dos nossos supermercados com as chamadas a eles permitidas. Acrescenta-se a isto o fato das frases ou chamadas permitidas para chamadas nos outros países serem muito mais chamativas para o consumidor e os nomes de produtos, mesmo com regula-

mentos técnicos aprovados no MERCOSUL podem e continuam a ter o mesmo nome (por exemplo, na Argentina o leite com fibras é denominado “Leite UHT com Fibras”. No Brasil o mesmo produto é registrado como “Composto alimentar com fibras”. O que o consumidor de leite vai querer? É obvio que é o produto chamado leite, adicionado de fibras. O consumidor não entende que o composto é leite e já ocorreram denúncias no Procon de firmas que colocam este produto como leite. Algumas frases usadas nos outros países tam-

bém são de mais fácil compreensão e educativas, a exemplo, “Naturalmente rico em cálcio”, para os produtos lácteos , sem precisar fazer a chamada, aqui obrigatória, “rico em cálcio como todo produto lácteo”. Soma-se a isto, o fato de que a ausência desta frase pode implicar na criação de uma nova categoria de alimentos, ou seja, os alimentos substituídos de outros componentes que não os originais. Pode-se requerer então, novas normas de regulamentação, entre outras situações. Se forem alimen-

23


LEGISLAÇÃO

tos cujo RTIQ foi previsto no Mercosul, não se pode alterar, a não ser que mude o nome e, se estiver no RIISPOA, só se este for alterado. Historicamente, sempre trabalhamos com a normatização desta forma e nunca ocorreram abusos ou problemas. A não permissão do uso da frase permitirá, além dos problemas mencionados, o crescimento de um mercado paralelo em franco crescimento, em detrimento dos produtos lácteos e da indústria láctea. A não permissão vai proibir ou limitar a indústria brasileira de colocar no mercado produtos com apelos e atributos que contribuam com uma alimentação mais saudável, além de aumentar a concorrência dos produtos importados dos países parceiros do Mercosul, que já está em franco crescimento . Soma-se a isto, o fato da Informação Nutricional Complementar ser, segundo a FAO/WHO, um mecanismo muito eficiente para ajudar os consumidores a fazerem escolhas de alimentos saudáveis. No país as informações

24

nos rótulos sobre estas alterações e seus benefícios à saúde são particularmente importantes e podem potencializar o alcance dos objetivos da saúde pública facilitando estas escolhas . Importante também é ressaltar que esta medida incentivará fabricantes de alimentos a aprimorar os atributos nutricionais de seus produtos. No entanto, caso não seja previsto por meio da inclusão da frase, hoje existente, na Portaria 27, tais produtos deixam de existir, pois tecnologicamente as modificações previstas só são possíveis com alterações nas formulações, o que torna os produtos diferentes do seu padrão original e não irão mais atender os seus regulamentos técnicos específicos. Esta ausência de regulamentação vai resultar em negativas de aprovação do registro dos produtos que tiveram algum ingrediente alterado ou retirado ou incluído para atender a algum atributo, pois este não mais atenderá seu regulamento técnico. O consumidor também ficará sem referência e sem opções para uma escolha adequada às suas necessidades. Precisamos que os órgãos legisladores decidam antes da internalização desta INC no Brasil, a forma de permissão das alterações antes prevista na frase retirada. Esta frase permitirá, como já ocorre hoje, que se possa substituir ingredientes ou alterar os parâmetros estabelecidos no RTIQ e o produto poderá ter o mesmo nome previsto, acrescido e identificado no rótulo da alteração/ INC que atende. IN 62-Republicação. Aguarda-se sua republicação com a inclusão ou retirada de alguns pontos que foram considerados polêmicos quando de sua aprovação. Um deles foi a exclusão do leite tipo B, o qual, com certeza, ainda deve permanecer por certo tempo. Outro item de extrema importância foi a avaliação sobre a

manutenção ou não, da análise individual pela RBQL de produtores, que entregam leite a tanques comunitários. Várias solicitações de associações representativas do setor foram encaminhadas ao DILEI/DIPOA, pedindo sua exclusão e o assunto, foi discutido na Câmara Setorial do Leite, que encaminhou um pedido á CGI/DILEI/MAPA solicitando esta exclusão.Acreditamos que a IN seja republicada com a exclusão deste item, tendo em vista as dificuldades operacionais que acarretaria para a realização das análises e as dificuldades de fiscalização e autuação de produtores individuais. OGM- Organismos Geneticamente Modificados (transgênicos) Em 13/08/2012, o TRF (Tribunal Regional Federal), com sede em Brasília , determinou que empresas do ramo alimentício devem informar aos consumidores a existência de organismos transgênicos na composição dos alimentos, independentemente do percentual, ou de qualquer outro condicionante. A ação civil foi proposta pelo Ministério Público Federal e o IDEC. A União e a ABIA recorreram, mas o procurador se manifestou contra os recursos e acatou o parecer do Ministério Público Federal. Com isto, os produtores de alimento serão obrigados a colocar expressamente em seus rótulos a informação sobre a existência de transgênicos até mesmo para valores inferiores a 1%, além de serem obrigados a tirar de circulação produtos que desobedeçam a determinação da justiça. As associações ligadas à produção e às Câmaras Setoriais vão trabalhar no intuito de conseguir tirar desta medida o leite e a carne pela dificuldade de rastreabilidade, além da impossibilidade de realizar o teste em toda matéria prima que adentrar no estabelecimento industrial. No entanto, acredita-se que produtos que levem amidos de milho como ingrediente/ aditivo, terão que fazer as chamadas. Também pretende-se trabalhar na redução do tamanho do símbolo que irá absorver uma parte considerável dos rótulos. Revisão da Portaria 157/02 Inmetro no Mercosul: está sendo discutido no Mercosul a revisão do Regulamento Técnico Metrológico. Ao contrário do que acontece com o


Mapa e Anvisa, o setor produtivo não foi convidado para as reuniões preliminares de consolidação do assunto. O anexo VI da ata da última reunião Mercosul, ocorrida em Porto Alegre traz o documento praticamente finalizado. Comparando-o com a Portaria atual, observamos as seguintes diferenças significantes: 1-Não foi contemplada a definição para peso drenado (atual item 2.4) 2- Exclui a possibilidade da indicação quantitativa ser apresentada em tamanho superior a 2mm ao estabelecido, quando o mesmo constar no corpo do produto e não puder ser expresso em cor contrastante ( atual item3.2) 3- Exclui a obrigatoriedade do uso das expressões “contém ou conteúdo ou CONT.” nos acondicionamentos múltiplos (atual item 3.4). 4-Exclui o item 3.8 ou seja, não se poderá mais fazer indicação quantitativa fora da vista ou painel principal. As associações estão trabalhando no intuito de tentar reverter algumas destas alterações. Redução de Sódio em Produtos Lácteos : Em 07/04/2011 a ABIA e o Ministério da saúde firmaram um compromisso com a finalidade de estabelecer metas nacionais para redução de sódio em alimentos processados. As categorias e alimentos prioritários para pactuação e monitoramento da redução do teor de sódio para laticínios foram as bebidas lácteas, os queijos Petit Suisse e Mussarela e requeijão.

As metas são voluntárias, significantes e graduadas (de 2012 á 2020), com redução anual de 10%. A ABIQ se posicionou contrária à redução nos queijos Mussarela e Petit Suisse, enquanto a FIL (Federação Internacional de Laticínios) não se posicione oficialmente a este respeito, pois o sal é parte integrante na fabricação e cura dos queijos. Além disto, é preciso lembrar de que o leite tem quantidades apreciáveis de sódio. Pesquisas recentes, entretanto, demonstram que o sódio sozinho, não causa alteração da pressão arterial e, sim, o sódio associado ao cloreto, formando o cloreto de sódio. Portanto, ficou acordado em pactuar apenas o requeijão e, acreditamos, que ainda neste ano, após acertarmos esta posição previamente com o Mapa, iremos assinar o acordo. Revisão da GMC 26/03 Mercosul: Legislação sobre Regulamento Técnico Mercosul Para Rotulagem de Alimentos Embalados: esta revisão continua em andamento no Mercosul porém alguns tópicos estão difíceis de serem acordados e continuam em discussão tais como: 1- Âmbito de Aplicação: ainda não se chegou a um consenso sobre quais alimentos não precisarão atender esta resolução. Os aditivos deveriam ter uma legislação específica, mas este assunto ainda deve fazer parte de muitas discussões; 2- Definição de Consumidor: o Brasil

tem esta definição em Lei, o Código de Defesa do Consumidor, e tem por obrigação legal atendê-la. No entanto, os outros países não aceitaram esta definição completa; 3- Princípios Gerais: o Brasil propôs alterar a definição tornando-a mais abrangente e houve entendimento de que alguns itens deveriam ser abordados no tema país de origem e outros juntos com a DQI, portanto o tema segue em discussão; 4- DQI ou QUID- Declaração Quantitativa de Ingredientes foi apresentada pelo Brasil como sugestão para implantação, mas ainda não houve discussão do assunto e 5-Alergênicos: foram apresentadas posições da Argentina e do Brasil sobre as legislações mundiais sobre o assunto, mas ainda não se iniciaram as discussões. RTIQ de NATA: foi publicado no DOU de 31/08/2012 a Instrução Normativa n°23 que estabeleceu o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Nata. As empresas, que têm registro do produto como Creme de Leite com a expressão Nata, deverão solicitar com a máxima urgência a alteração dos referidos croquis observando, as decisões constantes do Memorando 98/2012 do DILEI/CGI/DIPOA de 20/09/2012. *Cristina Mosquim é Consultora Técnica da ABIQ , SINDILEITE-SP e CONIL.

25


conjuntura

LEITE/CEPEA Oferta segue restrita e preços sobem em setembro

O preço do leite recebido pelos produtores teve nova alta em setembro, de 1,6% frente ao de agosto, conforme indicam dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. A média ponderada dos estados considerados pelo Cepea (RS, PR, SC, SP, MG, GO e BA) foi de R$ 0,7996/litro (valor líquido) – o preço bruto, que considera frete e impostos, foi de R$ 0,8692/litro. O aumento dos preços esteve atrelado à menor captação de leite nas regiões do Sudeste e do Centro-Oeste, tendo em vista o período de entressafra, e à desaceleração da produção também no Sul do País, por conta da finalização da temporada de inverno. Em algumas regiões, foi notada, inclusive, maior disputa pela matéria-prima entre os laticínios, cenário que impulsionou as cotações. Em agosto, o Índice de Captação de Leite calculado pelo Cepea (ICAP-Leite) registrou avanço de 1,1% frente a julho. No Sul do País, o aumento foi de quase 7% no volume médio diário captado. Já em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, houve queda em torno de 3%. Em setembro, a produção de leite continuou restrita no mercado brasileiro, devido ao clima seco em todo o País. Mesmo a chuva verificada em algumas regiões no final do mês não foi suficiente para favorecer o desenvolvimento das pastagens, segundo indicam agentes do setor. Normalmente, as pastagens se desenvolvem aproximadamente um mês após o início das chuvas e elevação das temperaturas. Assim, colaboradores do Cepea acreditam que, para outubro (normalmente início da safra no Sudeste e Centro-Oeste), ainda não haja aumento significativo da produção de leite. Além do clima, os elevados custos com alimentação concentrada também limitam o avanço da produção neste período do ano. Pesquisas realizadas pelo Cepea em parceria com a CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil) mostra que, em agosto, o Custo Operacional Efetivo (COE) – que considera as despesas correntes mensais, como alimentação, salário, medicamentos, sal mineral, entre outros – ficou quase 20% acima do registrado no mesmo mês de 2011. Já o preço médio do leite caiu 7% em termos reais entre setembro/11 e setembro/12. Esse cenário mostra a dificuldade em se investir na atividade leiteira. Para o pagamento de outubro (referente à produção entregue em setembro), 64% dos agentes compradores de leite consultados pelo Cepea (que representam 74% do volume amostrado) esperam estabilidade nos preços; já para 30% dos entrevistados (que representaram 17% do volume de leite), deve haver alta de preços, e apenas 6% dos agentes (responsáveis por 9% do volume da amostra) esperam queda. No setor atacadista, os preços do leite UHT continuaram registrando ligeira alta em setembro, devido à menor ofer-

26

ta do produto. Considerando-se as cotações diárias coletadas pelo Cepea, a média de preços do UHT em setembro foi de R$ 1,83/litro, 1,4% superior à de agosto. No caso do queijo mussarela, a valorização também foi de 1,4%, com a média a R$ 10,76/kg em setembro. A pesquisa tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL). AO PRODUTOR – Em setembro, a maior alta no preço do leite recebido pelo produtor, de 3,4%, foi observada em Goiás, com valor líquido médio de R$ 0,8264/litro. Em Minas Gerais, o aumento foi de 2,3%, com a média a R$ 0,8208/litro. No estado de São Paulo, houve acréscimo de 1,3% no preço do leite recebido pelo produtor, passando para R$ 0,8349/litro. No Rio de Janeiro, a alta foi de 1,1%, com a média a R$ 0,8451/litro. Em Mato Grosso do Sul, houve elevação de 2,1%, a R$ 0,7116/litro. Já no Espírito Santo, os preços permaneceram praticamente estáveis, a R$ 0,7789/litro. Em Santa Catarina, o preço líquido médio foi de R$ 0,7764/ litro, alta de 1,1% frente a agosto. Houve destaque para a região Norte Catarinense/Vale do Itajaí, onde a média subiu expressivos 13,7%, em decorrência da maior disputa pela matéria-prima entre os laticínios. No Paraná, houve alta de 0,7% no preço do leite, com a média a R$ 0,7709/litro. No Rio Grande do Sul, o aumento foi de 0,8%, a R$ 0,7391/litro. Já na Bahia, o preço médio foi de R$ 0,7396/litro, ligeiro recuo de 0,2% frente ao mês anterior. Quanto ao Ceará, houve alta de 1%, a R$ 0,8271/litro.

Gráfico 1: Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA (média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA)

Fonte: Cepea-Esalq/USP


Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em SETEMBRO referentes ao leite entregue em AGOSTO.

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Preços em estados que não estão incluídos na “média nacional” – RJ, MS, ES e CE

Fonte: Cepea-Esalq/USP

Outras informações sobre o mercado lácteo: www.cepea.esalq.usp.br/leite e através do Laboratório de Informação do Cepea, com a pesquisadora Aline Barrozo Ferro e prof. Sergio De Zen: 19-3429-8836 / 8837 e cepea@esalq.usp.br

27


28


EXPOMAQ

CADERNO DE COBERTURA

DA EXPOMAQ

2012

40 anos

LEVANDO TECNOLOGIAS PARA A INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS


EXPOMAQ

Consolidada como o mais importante evento para o setor lácteo, a organização já estuda criação de novo pavilhão para as próximas edições com objetivo de atender a crescente demanda de empresas que pretendem participar da feira. “A Expomaq vem aprimorando ano a ano, organização, grade de palestras, etc. Como ela é a principal vitrine para o setor de laticinios, observamos que muitos expositores estão aproveitando em não apenas divulgar suas linhas de ingredientes, mas também apresentando conceitos de novos produtos, tendências, com foco em produtos funcionais, uma tendência mundial em buscar uma alimentação mais completa e saudável”, considerou Nanci Ohata Santana, diretora da Fermentech, considerou a participação da empresa no evento muito positiva, com contatos importantes e boas perspectivas de trabalho no segundo semestre. Ao analisar a feira dentro do contexto econômico mundial, a diretora da Fermentech observa: “ao contrário do cenário exterior, que passa por forte crise financeira na Europa, pequena recuperação nos EUA e sinalização de queda de crescimento na China. Estes três fatores contribuíram para os fornecedores de equipamentos e insumos a olharem com mais atenção para o Brasil e o resultado foi o número expressivo de representantes de empresas estrangeiras apresentando produtos e novas tecnologias na Expomaq, fato que não observávamos nas edições anteriores”. Neste ano, a Fermentech apresentou inovação em dois segmentos: Fermento lácteo para produção de mussarela: nova linha Choozit Star e na linha de Estabilizantes para fermentados, apresentou soluções para bebidas lácteas e iogurtes, Grindsted SBB, que melhoram estabilidade e viscosidade nesses produtos. A Gemacom Tech mostrou ao público de seu stand que ampliou sua linha de ingredientes orgânicos, já muito valorizados na Europa e, no Brasil, o

30

interesse por essa categoria começa a crescer. A Gemacom Tech vem com linha de preparados de frutas orgânicas, certificados pelo Ecocert. Uma das linhas de iogurtes que já utiliza os produtos da empresa é a comercializada com a marca Taeq.

Henrique de Castro Neves, diretor da Gemacom Tech, explica: “atualmente, existem muitos interessados em orgânicos, porém é uma área complexa, pois exige auditorias, certificações e ter escala constitui um grande desafio para trabalhar com esse tipo de ingrediente. Há grandes grupos se estruturando para incluir essa categoria de produtos em suas linhas”. Para Castro Neves, o custo dos ingredientes ainda é alto e significativo, se comparado ao convencional no produto final, porém é facilmente absorvível porque tem alto valor agregado.

Ingredientes de fontes naturais estão em expansão e a FMC BioPolymer apresentou como novidade em seu portfólio corantes naturais do Chile e Inglaterra, fruto da aquisição de duas empresas, da chilena Biocolor e Phitone. Segundo Magali Carregã, diretora da empresa: “pela a inglesa Phitone,

além dos corantes virá também toda linha clorofila, especialidade da empresa”. A Doce Aroma também levou para a Expomaq seu lançamento de corantes naturais. De acordo com Helo Blanco, diretora da empresa, “já estávamos trabalhando com essa linha, mas divulgamos mais intensamente na feira. Determinados nichos de mercado são bem receptivos aos corantes naturais e apesar do custo mais alto, o resultado final em qualidade e saúde contribuem para a aplicação do ingrediente em produtos para uma parcela mais seletiva de consumidores”. A diretora da Doce Aroma afirma que: “a presença na Expomaq é importante porque é uma feira que traz resultados, que colhemos durante o ano todo”.

A Vivare apresentou algumas culturas naturais retiradas seletivamente de fabricações de queijos tradicionais da Itália, fazendo com que a participação microbiológica de uma fabricação não se dê apenas por uma cultura isolada, mas sim pela presença de todo bouquet presente no leite e soro dessas fabricações. A Vivare importa as soluções pela Mofin Alce.


ANUNCIO PAGINA INTEIRA

31


EXPOMAQ

sença de grande quantidade de clientes, público focado e muito proveitosa. Durante uma semana, temos contato intensivo com clientes de todo Brasil e temos aumentado nossos investimentos nesta feira”.

Para atender a crescente necessidade de produtos mais saudáveis, algumas empresas desenvolveram soluções e apresentaram na Expomaq. Saudabilidade e Sustentabilidade são os atuais principais focos da BKG Adicon. A empresa apresentou solução de três formulações de requeijão cremoso com baixo sódio e anunciou suas pesquisas para substituição de sal, que manterá funcionalidade e que, em breve, chegará ao Brasil. Katerina Wagner, gerente comercial da empresa, viu esta edição da Expomaq como melhor que a de 2011 e promoveu treinamento elaboração de queijos processados com um público interessado e numeroso”. Taste Solution, aromas que permitem redução de açúcar sem uso de edulcorantes em lácteos foi uma das novidades da Matrix para a feira. O produto reduz 30% na quantidade de açúcar nos iogurtes. São moléculas desenvolvidas para dar dulçor. Outras inovações foram: Leite maltado, adição de extrato de malte em leite e a linha liofruit, composta por frutas liofilizadas para adição em bebidas lácteas.

Apostando em linhas de ingredientes para alimentos em vários segmentos, a Kerry apresentou na Expomaq, soluções para categorias: Indulgência, Conveniência, Saudabilidade e Saudabilidade e Bem-estar. Na linha Indulgência, a empresa traz sua Sobremesa Fermentada com Cobertura Frutas do Bosque e Iogurte grego com sabor morango, em Saudabilidade e Bem-estar, dois iogurtes, um com extrato de gengibre e limão, outro com sabor chá mate com pêssego. Para a linha Conveniência, a empresa possui solução para bebida láctea UHT – Vira Shake – sabor vitamina e fez parceria com a Batavo para lançar com a marca Trakinas. Em soluções para produtos que atendem aos quesitos de Saudabilidade, a Kerry apesentou seu Requeijão Cremoso – Redução de Sódio (32,5%), além de Farinha de Cereais, Mingau de Milho e de Arroz, misturas para preparo enriquecidas com vitaminas e minerais.

A área de fortificação de alimentos e bebidas também mostrou a evolução para produtos lácteos na Expomaq. A Granolab chegou na feira com novidades na área de fortificação, trazendo solução para produtos lácteos, passando por leite fluido e em pó, além de margarina. As vitaminas da empresa são misturadas com minerais quelatos. “Nosso fornecedor de vitaminas é a Basf e, de minerais quelatos, a Albitech e divulgamos a procedência dos ingredientes, pois são garantia de qualidade”, informa Mogens Mark Christensen, gerente comercial da Divisão Lácteos da empresa. Os produtos fortificados já são Clever Luiz Salvador, diretor da Ma- distribuídos no Paraná, no “Programa trix, considerou a feria boa, com pre- Leite para as Crianças” e deve integrar o Programa Viva Leite, em São Paulo,

32

que fornece 120 milhões de litros de leite anuais. Um dos aspectos importantes da fortificação está no ferro quelato, que contribui para o problema de falta de ferro na infância. “Enquanto o consumo de leite convencional estacionou, o de leite vitaminado apresenta crescimento de dois dígitos ao ano, portanto é uma solução que interessa ao mercado. Por outro lado, a filosofia da Granolab tem muito a ver com o lançamento desta solução, que certamente contribuirá para que crianças carentes possam ter acesso a vitaminas e minerais”, acrescenta Mark Christensen.

Soluções inovadoras não faltaram no segmento de ingredientes. A Ashland/Germinal levou para a Expomaq o resultado de seu projeto iniciado em 2010 com o objetivo de encontrar uma solução para que as indústrias de queijos não continuassem a ter que descartar queijos aproveitáveis. A pesquisa envolveu desde a identificação de ingredientes adequados, desenvolvimento de tecnologia e até a criação de equipamento especial, o Flex-Melt. O resultado foi a apresentação ao mercado dos Queijos Processados Fatiáveis em Blocos nos sabores Cheddar, Mussarela e Prato, que atendem às exigências do consumo em funcionalidade (fatiabilidade, derretimento ou amolecimento, cor e sabor) e, principalmente, com custos bastante competitivos em relação aos produtos tradicionais. Os queijos podem ser comercializados em blocos ou fatiados para uso doméstico ou institucional. Antonio Fernandes, gerente de marketing da empresa, ressalta “é um produto 15% mais barato que o tradi-


cional. É um desenvolvimento que, inclusive, ajudamos a criar o equipamento para a fábrica”. a tecnologia Flex-Melt

Para Lucio Alberto Forti Antunes, gerente da divisão de laticínios da Chr Hansen, a Expomaq continua mantendo o padrão profissional dos últimos anos. “Recebemos um público seleto. Os clientes mais próximos comparecem e a grande maioria daqueles que esperávamos estiveram no nosso stand. Na vemos esta feira como local de realização de negócios, mas sim uma oportunidade de relacionamento e abertura de possibilidade de projetos novos”. Foi destacado também na Expomaq o lançamento do Creamy e Premium da empresa da linha de culturas Yo-Flex e cultura probiótica Nu-trish. Os novos conceitos foram especialmente desenvolvidos para aplicação em iogurtes com redução de gordura. Segundo Antunes, as novas culturas prometem revolucionar este mercado. “A categoria de produtos com redução de gordura vem ganhando simpatia dos consumidores brasileiros preocupados com a saúde e é importante atender esse anseio”. Quando o leite é desnatado, perde sabor e estrutura, o substituto desenvolvido pela empresa proporciona textura e também sabor, possibilitando, inclusive, uso de clean lable. Como as novas culturas geram percepção de menos acidez, possibilitam o uso de menos açúcar no produto final.

A Hexus levou para a Expomaq seus lançamentos nas linhas de sabores de chocolate, chocolate branco e sensação para sobremesas lácteas; bebida láctea tipo petit suisse, que não atinge o nível de proteína do queijo e tem custo mais baixo; suco a base de soro de leite, como o sabor abacaxi. Sidnei Fardo, diretor administrativo da Hexus, falou da ótima receptividade e aceitação de seus lançamentos na feira. “Todos que degustaram, solicitaram amostras”, enfatiza.

A Cargill apresentou três soluções: Milkiss, bebida láctea fermentada, ingrediente que destaca preparado de salada de frutas com foco em pequenos produtores, antes era disponibilizaoa apenas para grandes volumes de produção; yogofresa é outra novidade para elaboração de iogurte de morango e Chocôte, achocolatado em pó de cacau da Costa do Marfim, que tem sabor característico. A empresa trouxe também Amidomax 5500, uma nova solução em amido, que proporciona mais corpo e textura para bebidas lácteas fermentadas.

33


EXPOMAQ

vendas para laticínios/Brasil, “vemos a Maria Lucia Lima, da área de PesExpomaq como uma oportunidade de trabalhar a relação com nossos clien- quisa e Desenvolvimento da Proregi, tes. Fazemos uma confraternização e informou que a grande novidade da nosso stand é um ponto de encontro”. empresa é a parceria com a Prozyn, que permitirá à empresa atingir novos segmentos de mercado.

“Estiveram em nosso stand muitos clientes importantes e temos boas expectativas para realização de muitos negócios em decorrência de nossa presença na feira”, destaca Regis Inacio, coordenador de marketing da Vogler. Entre os ingredientes e soluções da empresa mais procuradas estão stevia, e fibras, além de estabilizantes para bebidas lácteas.

A Dupont Danisco apresentou na Expomaq dois lançamentos de culturas para isofuncionalidade e controle de fagos no processo de fabricação de mussarela para pizza, que torna o processo de produção rápido e seguro. Uma das soluções é congelada, Choozit e a outra liofilizada. A empresa apresentou também soluções para iogurtes e bebidas lácteas. José Roberto Fernandes, gerente de

34

A Tovani Benzaquem foi para a Expomaq com novidades na linha de estabibilizantes, que conta com soluções à base de celulose micro cristalina especial para achocolatados, creme de leite e bebidas de soja. A empresa mostrou também sua linha de ingredientes nutricionais da DSM, como vitaminas, pré-misturas vitamínicas, além das coenzimas Q10 para aplicação em iogurtes zero açúcar e linha de substituto de açúcar e gordura. Outro produto apresentado foi para aplicação em queijos com DHA vegetal, fonte de ômega 3.

Entre as empresas que expandiram sua distribuição e anunciaram na Expomaq está a Macalé. Luciana Bomtempo diretora da empresa informou que a distribuição de produtos da Chr Hansen está crescendo no Sul de Minas Gerais. “Estamos também trabalhando produtos de nossa parceira Kraki, que lançou linha de sais fundentes, corretores de Ph e natamicina, complementando a linha de produtos para laticínios”.

A novidade da Doremus para a feira foi o lançamento do sistema de ingredientes para fabricação do Iogurte Grego, um produto diferenciado na categoria de iogurtes, sucesso na Europa e Estados Unidos, lançado recentemente no Brasil. Por meio do exclusivo sistema de ingredientes, o Doremix IG, a empresa oferece excelente textura, cremosidade e palatabilidade, além de possibilitar fabricação ágil e econômica do produto. Patricia Salvi, do marketing da Doremus, afirma “A Expomaq é uma feira consolidada no setor laticinista, a maior do setor, todos os anos atrai as principais empresas e profissionais da cadeia produtiva de leite. O ano de 2012 não foi diferente para a Doremus, recebemos em nosso stand os principais clientes e parceiros, pudemos demonstrar novas tecnologias, produtos e discutir as tendências desse mercado tão promissor”, afirma Patricia Salvi, do marketing da empresa.

Instrumentos e Máquinas Na feira deste ano, a Cap Lab destacou duas novidades, o Ekomilk, analisador de células somáticas com capacidade para até 250 resultados, econômico e com baixo custo de energia. O aparelho necessita pouca quantidade de amostra e possui saída RS 232


novo kit para alergênicos. Soluções analíticas para laboratórios e linha de produção são os produtos que a Foss levou para feira no seu primeiro ano de participação na Expomaq. Helena Caminha Pereira dos Santos, gerente de vendas, destaca: “o público visitante foi excelente, mostrou muita curiosidade sobre o equipamento de metodologia rápida para tomada de decisão. No primeiro dia, já tivemos retorno de negócios”. A Verus Madasa destacou kit para análise de resíduo de antibiótico no leite, que possui tecnologia elisa de imunoenzimático betalamínicos, que detecta, inclusive, tetramicina. O equipamento é possível detectar se o leite está próximo do limite que pode causar problemas, com essa característica torna-se uma ferramenta que classifica o leite com melhor perfil para a produção UHT, iogurte, bebida láctea, diminuindo descarte da bebida. Segundo André Oliveira, da Madasa, “a recepção do instrumento durante a Expomaq foi excepcional, pois agora análises que eram feitas em laboratórios, podem ser realizadas ao pé da vaca, não há necessidade de aquecimento e as amostras A empresa aproveitou o even- colocadas em embalagens hemétito e, no dia 18 de julho, lançou da cas e com papel isolante”. segunda edição do Manual Básico A Injesul trouxe para a feira a de Controle de Qualidade de Leite e Derivados, escrito pela técnica de Prensa Pneumática para queijo e laticínios da empresa, Ana Carolina carrinho caçamba com tampa inox para transporte de massa e queijo Castanheira. Especializada em desenvolvi- pronto, além de Queijeiras para Mimento com meios de cultura de- nas Frescal e Ricota com novo prosidratados, kits de diagnósticos e cesso e material mais resistente. soluções na área de segurança aliPedro Gonçalves, diretor da Tetra mentar, a Neogen lançou no evento: Teste Betastar 3 minutos para detec- Pak, ressaltou que a Expomaq semção de antibióticos em leite Betalac- pre é um evento importante porque tâmicos e Tetraciclinas no mesmo estão a grande maioria de profissioteste; Teste do Reveal para Salmo- nais da cadeia leiteira. “Conhecenella e Listéria em 18 horas; novos mos novos projetos de expansão e, testes para Sistema Soleris, com por esse motivo, trouxemos nossas destaque para teste de esterilina em últimas novidades em embalagens leite, coliformes em 8 horas e bolo- e todo portfólio para leite e produres e leveduras em 48 horas, além de tos lácteos. Sempre fechamos conpara conexão ao computador, além de possibilitar conexão com uma impressora. Pode ser utilizado em fazendas, postos de coleta de leite, indústrias e laboratórios veterinário para controle de qualidade. A empresa mostrou também o Luminômetro System Sure Plus Hygiena, nova geração do melhor sistema de monitoramento de eficiência de higienização por ATP de equipamentos e superfícies em indústrias de alimentos. Com resultados obtidos em 15 segundos, o equipamento traz inúmeros benefícios para a indústria. Vinicius Capeleto, diretor comercial da Cap-Lab, explica que: “a Expomaq é um evento muito importante e de forte investimento. As expectativas para grandes negócios são sempre altas e acreditamos que conseguimos atingir nosso objetivo. Não notamos diferença muito grande em relação aos anos anteriores, o que impressionou foi o número de visitantes durante o primeiro dia, que normalmente é um dia mais calmo. Agora, esperamos colher bons frutos do trabalho que desempenhamos durante esses três dias”.

35


EXPOMAQ

tratos novos, porém mais importante que fechar negócio é que nesta feira iniciamos negociações que se concretizam até o final do ano””, acrescenta Gonçalves. Durante o evento, a Tetra Pak apresentou suas diversas áreas de negócios e os profissionais de meio ambiente, serviços técnicos, sistemas de processamento e desenvolvimento gráfico detalharam para os visitantes os trabalhos realizados e realizar ações especiais. Além disso, a empresa também fará demonstração ao vivo do processo de reciclagem das embalagens, expondo como é realizada a separação do papel dos outros elementos que compõem a embalagem, e os produtos que podem ser feitos com as embalagens recicladas. “Percebemos a carência do mercado para embalagens para manteiga e lançamos linha para tabletes de 200 g”, afirmou Luiz Fernando Redoschi, diretor da Grati. Ele explica que nessa categoria de mercado não são muitos os produtores e que a empresa procura outros tipos de laticínios, não apenas aqueles que produzem queijos finos e assim foram prospectados os clientes da categoria manteiga. Iniciando sua atuação no mercado de laticínios, a Isoforma mostrou aos produtores de iogurte a ideia de vender bobina de polietireno PS para fabricação de bandejas, que podem ser de qualquer cor e até bicolor. “A Expomaq foi muito boa para chegar ao mercado de lácteos e tivemos bastante contatos que devem levar ao fechamento de negócios”, comentou Claudia Tofeolli, gerente comercial da empresa.

Uma das empresas que levou novidades com diferenciais no segmento de embalagens foi a Multivac, que mostrou suas máquinas que fatiam em embalam queijos a vácuo e máquina que corta pedaços iguais de queijos para venda de porcionados. A empresa apresentou a Termoformatadora R095, que pode se instalada em espaços limitados. A máquina foi projetada para processar filmes flexíveis,incopora projeto inovador e design higiênico. A termoformadora tem a vantagem de produzir, preencher e selar a embalagem automaticamente. A máquina permite escolha de 12 formatos básicos; integração de fatiadoras, podendo vir equipada com interface para integração das fatiadoras Bizerba, série A 400, permitindo expandir linha completa de fatiamento automático e possibilita ainda, integração dos sistemas de etiquetagem e inspeção. “Para nós, o forte desta feira está na possibilidade que ela traz para relacionamento. Na Expomaq atendemos público que vem de várias partes do Brasil e recebemos visitantes da Bahia, Piaui, Alagoas e Goiás. Percebemos expansão na área de lácteos em grande parte do Nordeste”, aponta Hiran.Dias Gonçalvez, gestor administrativo da Fortuce. Para o evento, a empresa trouxe sua linha convencional de embalagens. A Goldpack desenvolveu em parceria com a Portalplast, alternativa à termoformadoras para bandejas de iogurte com foco em médios e pequenos laticínios e criou também o selo de fechamento, ou seja, disponibiliza solução completa para a produção da bebida láctea. Os copos podem ser destacados com facilidade e o corte tem qualidade para que seja exato. Tarquinio Regis acrescenta: “com investimento baixíssimo, a embalagem é menos que 10% do valor de uma termoformada. É uma solução que fomenta os laticínios regionais”.

Braga, da área comercial da empresa mencionou o grande movimento no stand da empresa e afirmou: “comparada com as feiras de anos anteriores esta foi bem melhor e, durante o evento, tivemos finalização de muitos pedidos de clientes novos. Recebemos muitos profissionais do setor do Mato Grosso do Sul, Paraná, do Nordeste, além de Minas Gerais”.

“Esta feira sempre supera nossos objetivos porque tem 40 anos e o público é muito focado. Aqui revemos nossos clientes e conhecemos novos. Neste ano, já fechamos negócios durante o evento”, comemora Willi M. Borst, diretor comercial da Selovac.

Na mostra, a empresa levou termoformadora para fatiados ou porcionados de queijo com vácuo e atmosfera modificada, que pode ser juntas ou separadas ou juntas no caso de fatiados. A máquina produz bandejas de 150 g e 40 pacotes/minuto.

A Ricefer foi com novidades para a Expomaq ao levar processos de plantas completas para fabricação de queijos. A Artvac lançou seu desenvolvi- A empresa está formando parceria em mento em embalagens stand up para diferentes setores para incorporar tecrequeijão e parmesão ralad0. Roseane nologia, uma delas é com a TAV Enge-

36


nharia e os novos parceiros já estão presentes em trabalhos realizados para o setor de leite”.

Alexandre de Freitas, gerente comercial da empresa, ressalta que: “a Expomaq apresentou movimento grande no primeiro dia e recebemos visitantes de várias regiões de Minas Gerais, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Ceará e Pernambuco. É uma feira importante para consolidar clientes e prospectar novos”. “Tivemos muitos negócios fechados na feira. Para nossa empresa está feira movimenta bem e constitui boa oportunidade para semear em novas regiões brasileiras, tais como Nordeste e Norte”, afirma Milton.Francisco dos Santos da Padroniza, empresa que já tem boa atuação nas demais regiões brasileiras. Especializada na fabricação de separadoras centrífugas de alta resistência e performance que, entre outros setores produtivos, atende a área de lácteos, a Separatori levou novidade para a feira, a padronizadora autolimpante 10 mil litros para limpeza de leite. O equipamento retira gordura e faz a clarificação. O diferencial do equipamento está no sistema de eixo aspirador, que realiza a lubrificação do rolamento. A padronizadora tem garantia de cinco anos e proporciona redução de consumo de energia. Rodolpho Francisco, diretor comercial da empresa, afirmou que: “durante a Expomaq, já vendemos via cartão BNDS. A primeira venda foi para São Luiz, Maranhão. Parti-

cipamos há muitos anos desta feira e, nesta edição, foi a primeira vez que já fechamos negócios durante o evento. Em 2011, tivemos muitas vendas no pós-feira e, em 2012, a expectativa é de muitas vendas após a Expomaq com destaque para compradores do Nordeste”.

Paulo Nascimento, diretor da Hipercentrifugation destacou que para esta edição da Expomaq, a novidade da empresa é a centrífuga fabricada na China pela empresa norteamericana Unit Separator, representada no Brasil pela Hipercentrifugation. “A máquina é robusta e com preço competitivo.

Com foco em tratamento de efluentes industriais, a Hidrozon divulgou o tratamento que executa em módulos de 2 a 12 m3 por hora e que pode aumenta, conforme a necessidade do local. A Andritz/Separation mostrou sua linha de desnatadeiras autolimpante com correia e acoplamento hidráulico e linha de bacterizadora para reciclação de bactérias para dar mais eficiência na descontaminação do leite. A empresa conta ainda com centrífugas decanter para tratamen-

37


EXPOMAQ

to de efluentes, área que a empresa cia de profissionais do Nordeste”. está entre os líderes mundiais. A Andritz comprou a Frau italiana em 2009 e, desde esse ano, está colocando os equipamentos com alta tecnologia nos laticínios brasileiros. “É o segundo ano que participamos da Expomaq, que tem gerado muitos contatos e grandes negócios. Neste ano, recebemos um público considerável vindo das regiões Nordeste e Sudoeste”, explica Rafael Evaristo, gerente de vendas da Andritz. “A Sealed Air adquiriu a Diversey e A Launer apresentou preparado de já era proprietária da marca Cryovac e, frutas elaborados especialmente para neste evento, viemos com as duas maro cliente e está investindo em nesse cas. O conceito é oferecer segurança segmento para diversificar sabor. A aos clientes em toda cadeia, ou seja, empresa tem em sua linha de ingre- proteção desde o processo de produdientes, estabilizantes para iogurtes e ção de alimentos, com a Diversey e, a bebidas lácteas, além de fermento Pdd tecnologia em sistemas de embalagens para aplicação em queijos duros, como a vácuo, bandejas, filmes etc, com a Parmesão. “A Expomaq foi muito boa Cryovac”, esclarece Erica Sicchirolt, do para expor nossos produtos e como marketing das empresas. temos forte atuação na região Sul do Brasil, divulgamos que estamos buscando parceiros para representar e distribuir nossas linhas em outros pontos do país”, fala Fabio Augusto Gregory, gerente técnico da empresa. A Launer atua em várias linhas: higienização de equipamentos; laboratórios e ingredientes. Ionizador Airgenic para esterilização de ar em ambientes internos e que possibilita a presença dos operadores trabalhando durante a higienização foi mostrado pela Sacco Brasil durante a feira. O equipamento pode ser utilizado em áreas de produção de alimentos e o oxigênio ativado destrói a parede celular das bactérias e mofos, exterminando e impedindo qualquer forma de desenvolvimento e crescimento adicional. Entre outros microrganismos exterminados pelo ionizador estão bactérias aeróbicas, leveduras, Listeria, E-coli e salmonela. Ainda são eliminados pós, odores e gases no ambiente. Hans Henrik Knudson, diretor da Sacco, enfatizou que: “neste ano, a Expomaq está melhor que a edição de 2011. Tivemos muita visitação em nosso stand e continua seguindo a tendên-

e assessoramos na produção, fornecendo ingredientes e tecnologia na fabricação. A indústria de laticínios ainda tem muito para evoluir no Brasil, ainda há muito espaço para inovações, por isso, trouxemos a tecnologia italiana para cá”.

Rocco Tanga, da Comat, explica que o diferencial das máquinas da empresa está na tecnologia, que junta rendimento, automação dispensando despesas com funcionários e padronização de produto. “Fazemos atendimento igual ao da Italia nas linhas completas, que podem ser automatizadas para produção de queijos, como mussarela, rico e desenvolvemos linha também para Minas Frescal, que a empresa Bela Vista conhece o nos ajudou a desenvolver”, detalha Tanga. Para o empresário italiano, a Expomaq foi excelente e o stand da empresa despertou interesse e curiosidade. Durante a feira, a empresa, inclusive, fechou um grande negóEquipamentos para produção de cio. queijos e formas para porções menores foram os lançamentos da Jandaplast na feira. A diretoria da empresa considerou que a Expomaq deste ano foi mais seletiva, com muitos clientes especializados na área e o evento ganha importância, pois novas ideias para desenvolvimento, geralmente, surgem no contato com profissionais que falam de suas necessidades. Mauro Augusto Paula, diretor da Bela Vista, falou de joint venture da empresa com a Comat, empresa italiana para área de automação para a indústria de laticínios. “Contatamos clientes que desejam aplicar novas tecnologias de ponta. Implantamos o equipamento


Confira os vencedores do 39ยบ Concurso Nacional de Produtos Lรกcteos

39


EXPOMAQ

Congresso A programação do Congresso Científico contou com diversas palestras, cursos e apresentação de trabalhos. Entre os palestrantes, Sebastião Brandão, professor e sócio-diretor da Amazing, falou aos participantes sobre novos ângulos sobre o processo de inovação. A apresentação contribuiu para que os profissionais pudessem vislumbrar ideias e oportunidades na área de lácteos e também avaliar os riscos de colocar novos produtos no mercado. Brandão mostrou os caminhos para a inovação, destacou que não se trata de um processo linear, que envolve pesquisas, tecnologia, desenvolvimento de produto e conhecimento do consumidor. Frisou que, de três mil ideias, uma é sucesso comercial e isso acontece por falta de conhecimento do mercado. Brandão ainda citou exemplos de inovação em lácteos, que podem vir pela tecnologia aplicada ao produto ou na embalagem, além da possibilidade de fortificação ou de inclusão de ingredientes que atribuem funcionalidade aos produtos. “Na indústria de lácteos ainda tem muito a ser explorado, principalmente no segmento de funcionais”, segundo Brandão, que citou subprodutos isolados do leite que contribuem para prevenção de câncer, proteção contra hipertensão, entre outras funcionalidades. O palestrante mencionou diversos tipos de inovações em funcionais existentes em vários países, tais como leite e iogurtes que reduzem colesterol, leite com autoaquecimento, queijo cottage com fibras e probióticos, iogurte para perda de peso, iogurte com probiótico dentro do canudinho, assim qualquer

40

bebida pode receber probiótico ao ser ingerida ou o iogurte cosmético, que nutre a pele de dentro para fora. Entre as possibilidades apontadas, uma das mais interessantes vai à origem, ou seja, no animal que produz a bebida, é o leite desenvolvido para ajudar a adormecer, neste caso, há um processo que aumenta a melatonina no momento que a vaca dorme e, consequentemente, a substância irá para o leite, contribuindo para o sono daqueles que ingerem a bebida. A palestra de Brandão foi estimulante e abriu um universo de possibilidades para os profissionais da área de lácteos. O palestrante ressaltou que as empresas grandes e ricas diminuíram sua capacidade de inovação e afirma que com poucos recursos financeiros é possível criar novos produtos. Entre outros temas, os inscritos no congresso científico tiveram acesso à palestra sobre as novas propostas da IN 62. Alexandre Fernandes, do setor de leite do Sipoa (MG), abordou pontos polêmicos, falou das mudanças já definidas e o que ainda está em discussão.

Concurso Como já é tradição no evento, foi realizado o 39º Concurso Nacional de Produtos Lácteos. Foram premiadas indústrias laticinistas dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Foram avaliados por 22 juízes, produtos enviados por 52 empresas de todo o país, divididos em 11 categorias: Doce de Leite, queijos Gouda, Reino, Gongonzola, Minas Padrão, Provolone, Prato Lanche, Requeijão, Parmesão, Manteiga e Destaque Especial, ou seja, produto lácteo que tenha pelo menos uma característica inovadora ou que se destaque.

Os produtos avaliados foram expostos durante a 39ª Exposição de Produtos Lácteos, área onde foram apresentadas as últimas inovações do setor. (Veja os vencedores no quadro da matéria)

Fino Paladar A edição da Expomaq 2012 veio com novidade na área de apresentar inovações ao público. Os organizadores criaram espaço especial, denominado Fino Paladar, onde o público pode degustar produtos desenvolvidos por algumas empresas expositoras e que incorporavam tecnologias em implementos, embalagens e insumos. “O projeto surgiu com o objetivo de dinamizar a feira, utilizando o acesso para o outro pavilhão e aproveitar a área existente. Surgiu a ideia de abrir espaço para as empresas mostrarem seus produtos. Alguns trouxeram lançamentos e outros inovações para mostrar para um público especializado. Foi uma ação simples, mas que se destaca na feira.”, afirma Antonio Augusto, coordenador de comercialização da Expomaq. No espaço Fino Paladar a Corn Products apresentou Sorvete Diet com Entilen, adoçante natural de alta intensidade com elevado percentual de pureza. Entilen, produzido pela empresa, é proveniente de Estevia e não possui sabor residual amargo característico de outros adoçantes provenientes de Estevia. A Globafood levou dois produtos para degustação. Um deles, o EnergyDrink, é um leite fermentado com culturas probióticas, taurina, extrato de chá verde e suco de frutas e fermentados funcionais. Bebida Láctea UHT Sabor Chocolate foi outro produto


41


EXPOMAQ

apresentado pela empresa, contendo 60% de soro com substituto de cacau, permitindo substituição parcial ou total do cacau na formulação.

Cream Cheese Tradicional, produzido a partir de exclusivo sistema de ingredientes foi apresentado pela Doremus. O Doremix CRC é um ingrediente

42

composto de proteínas e hidrocolóides, desenvolvido com matérias primas naturais, selecionadas e balanceadas, possibilitando fabricação ágil, rápida e prática. A Cargill colocou para degustação o Achocolatado Embarezinho, produto diferenciado por ser rico em cacau e utilizar leite integral em sua formulação. Mostrando sua linha de produtos que atendem o quesito saudabilidade, a BKG Adicon apresentou ao público Requeijão Cremoso Low Sodio, com reduzido teor de sódio, contribuindo para evitar problemas de hipertensão. No Fino Paladar, a Tetra Pak embalou produtos inovadores. A empresa apresentou produtos diferenciados do mercado brasileiro e do exterior. Entre eles, a nova linha de Greenday, lançada recentemente pela Arbor Brasil, que utiliza caixinhas de um litro e 250 ml. A Do Bem, que oferece bebidas 100% naturais e integrais, sem adição de água, açúcar ou aditivos químicos adotou embalagens divertidas e sustentáveis da Tetra Pak. Dessa forma mostra os diferenciais dos produtos por dentro e por fora, em caixinhas com cores alegres e tropicais.

A Piracanjuba lançou bebida inovadora com quinoa e linhaça em embalagens Tetra Brik Aseptic Edge de 200 ml. O público do Fino Paladar pode conhecer ainda o SupligenR, desenvolvido pela Nestlé lançado na Sérvia em embalagem Tetra Prisma Dream Cap 330 ml. Trata-se de bebida de baunilha, que contém Actigen-ETM , uma combinação “O novo espaço nos permite demonstrar inovações ao público de uma forma diferente da que fazemos em nosso stande. No espaço de degustação, apresentamos novidades em produtos alimentícios que contam com nossas tecnologias. Outro ponto interessante é plantão técnico, um profissional acompanha a degustação, tira dúvidas e aponta para o público as características do produto exposto, destaca Monica Hasserodt, gerente de marketing da Globalfood. A primeira experiência de abrir espaço para degustação de aplicações tecnológicas inovadoras de foi positiva e, a julgar pelo interesse dos visitantes, que demostraram bastante interesse em conhecer as novidades, a iniciativa tem boas perspectivas de se tornar área de sucesso na Expomaq.


43



45


perfil

HEXUS

Uma década inovando Com forte foco na área de P&D, a Hexus inova em soluções para lácteos, gelados e soluções para saudabilidade.

Ao completar 10 anos de presença no mercado, o ano de 2012 marca a duplicação da capacidade produtiva e de armazenamento da Hexus, uma adaptação estrutural da empresa para recebimento de conteiners e modernização de seu laboratório. Mudanças que reforçam e dão suporte à constante busca por treinamento e atualização dos profissionais da área de P&D da empresa. A Hexus é uma empresa nacional especializada nos segmentos de leite e derivados, gelados e soluções saudáveis integradas, como substitutos totais e parciais de açúcar e gordura. Com atendimento personalizado, a empresa busca suprir as necessidades das particularidades de cada cliente e, para isso, conta com equipe técnica multidisciplinar, composta por engenheiros de alimentos, técnicos em laticínios e química, nutricionistas, veterinários e biólogos. Entre os desenvolvimentos da empresa estão soluções em ingredientes

46

que promovem estabilização, emulsificação, viscosidade, cremosidade e aeração. Para a área de lácteos a empresa disponibiliza soluções para iogurte, bebida láctea fermentada e leite fermentado, bebida láctea aromatizada pasteurizada e UHT, bebida de soja pasteurizada e UHT, creme de leite pasteurizado e UHT, requeijão e queijo processado, sobremesa láctea, doce de leite, requeijão e queijo processado, sobremesa láctea, doce de leite, petit suisse e queijos. Os últimos lançamentos da Hexus para o setor de laticínios foram: iogurte grego, queijo análogo, substitutos parciais de ou totais de açúcar de última geração, cream cheese, micronutrientes de alta biodisponibilidade, cálcio extraído do leite, além de proteínas lácteas de alta performance. Para a indústria de gelados, a empresa tem soluções para sorvete base leite, base água, picolé base leite e água, sorvete pasteurizado e UHT, cobertura para sorvetes e picolés. Com foco em clientes que buscam oferecer saudabilidade em seus produtos, a Hexus desenvolveu também

linha de soluções saudáveis integradas, que inclui substitutos parciais ou totais de gordura, parciais ou totais de açúcar e fortificação com macro e micro nutrientes. Fabiano Bergoli Zamberlan, diretor comercial da empresa, destaca que: “além de atender empresas das várias regiões brasileiras, a Hexus atua também nos demais países do Mercosul. Com as mudanças e ampliações implementadas na sede da empresa, agora o principal objetivo será dar continuidade ao crescimento dos últimos anos, mantendo bom atendimento ao cliente, aliando qualidade, eficiência e competitividade”. Para atingir essas metas, a Hexus continuará investindo em suporte técnico aos clientes com produtos inovadores e de alto padrão de desempenho.


akso

Qualidade para novos mercados Atuando na área de instrumentos de medição para diversos segmentos, como laticínios, frigoríficos, saneamento e tratamento de água e efluentes, refeições coletivas, indústria alimentícia, cosmética, entre outros, e com a crescente demanda, a Akso foi se solidificando no mercado nacional ao longo dos anos. Fundada em 2003, em São Leopoldo (RS), atualmente, a empresa disponibiliza mais de 200 instrumentos para medição, alguns deles utilizados na indústria de laticínios, tais como: termômetros termohigrômetros, medidores de pH e condutividade. Os analisadores de leite por ultrassom, nos modelos Master Mini e Master Classic Complete, destacam-se como os mais utilizados no setor. A empresa possui instrumentos de medição para várias áreas de laticínios, desde a coleta do leite na fazenda, passando pelo recebimento do produto nos laticínios e, ao longo do processo de industrialização dos lácteos, garantindo que não haja proliferação de bactérias e microrganismos patogênicos. Os analisadores de leite da Akso são compactos e de fácil utilização. Possuem menus de configuração em português e são bastante intuitivos. O Master Classic Complete possui capacidade para realização de até 11 análises físico-químicas em uma amostra de 20 ml de leite, em apenas 60 segundos, incluindo densidade, gordura, sólidos não gordurosos, proteínas, lactose, sais minerais, água adicionada, ponto de congelamento, pH, temperatura e condutividade. Uma impressora acoplada registra os resultados das análises realizadas. O Master Mini realiza as mesmas análises, com exceção do pH e condutividade. É um modelo bastante compacto e para análises de campo oferece adaptador veicular 12V, além de comportar saída serial para impressora e computador. A empresa conta com equipe de suporte técnico que realiza visitas

periódicas aos clientes com objetivo de esclarecer eventuais dúvidas em relação ao uso dos instrumentos, além de apresentar novos lançamentos da Akso. “Nos últimos anos, temos observado crescente demanda por instrumentos para laticínios, principalmente analisadores de leite, nas regiões Norte, Nordeste e Sudoeste. Nesses locais, houve crescimento considerável de pequenas e micro indústrias incentivadas pelas cooperativas e associações locais, que se organizam cada vez mais para atender às legislações vigentes e aumentar a qualidade dos produtos fornecidos”, ressalta o engenheiro Marcelo Carraro, diretor técnico da empresa. Expansão A Akso possui vários projetos para médio prazo, entre eles abrir novos mercados ainda não explorados pela empresa, participação de novas feiras e, principalmente a construção da nova sede, que deve ser concluída até o final deste ano. “No novo prédio, a área disponível será quadriplicada em relação à sede atual, proporcionando maior organização e expansão da empresa. Em decorrência do aumento de área, o quadro de funcionários deverá ser aumentado em 30% para atender à demanda crescente”, afirma o diretor técnico. A empresa ainda deverá ampliar o escopo do laboratório de metrologia interno e passar a calibrar novas grandezas. A Akso vai também buscar certificações e tem como objetivo a implantação da ISO 9001, com foco em melhoria contínua nos seus processos internos, e acreditação do laboratório de metrologia interno junto ao Inmetro, em conformidade com a ISO 17025. Com a busca pelo aprimoramento de seus processos e investimento em qualidade, a empresa continua no caminho de crescimento sólido, marcando sua presença nos vários segmentos do mercado.

47


CASE

Nestlé

De acordo com a legislação Recente polêmica em relação ao conteúdo do Ninho Fases gerou dúvidas em alguns consumidores. Para esclarecer a questão, buscamos depoimento de especialista em legislação e publicamos nota da Nestlé. Um caso ocorrido na cidade de São Paulo envolvendo a Nestlé causou polêmica e foi parar no Procon. Um pai foi à entidade de defesa do consumidor, alegando que a embalagem do Ninho Fases induz ao erro, já que é um composto lácteo e está embalado e rotulado de forma semelhante ao Ninho convencional. Segundo o consumidor, a atitude aconteceu após ouvir do pediatra de sua filha que o produto utilizado na alimentação da criança não era leite. A Nestlé fez nota de esclarecimento, onde coloca que está claro na parte frontal da embalagem tratar-se de um Composto Lácteo e, na relação de ingredientes do rótulo, está escrito que o produto não é leite. A rotulagem do Ninho Fases atende aos requisitos da legislação, porém ocorrências como esta, principalmente em casos de público infantil, faz pensar em alternativas para expor de forma mais clara ainda ao consumidor a categoria do produto. Uma maneira seria a reformulação do rótulo, diferenciando, seja por cor ou outros grafismos, o composto lácteo da embalagem de leite. Maria Cristina Mosquim, Consultora Técnica da ABIQ , SINDILEITE-SP e CONIL, esclarece sobre a legislação referente aos produtos similares ao Ninho Fases.

48

Leite Modificado e Composto Lácteo Alimentar à Base de Leite. Durante mais de 30 anos foram comercializados no país para alimentação de crianças após o desmame ou mesmo como substitutos do leite materno de mães que não podiam alimentar seus filhos os chamados “Leites Modificados”, regulamentados pelo RIISPOA. Como o RIISPOA não foi atualizado e os produtos nele regulamentados não podem ser alterados, a não ser via Mercosul , esta definição ficou arcaica, pois exigia processos de fermentação para quebrar proteínas, facilitar a digestão, entre outras coisas. Na época desta publicação, nem mesmo o soro era reconhecido como alimento humano (e sim indicado para alimentação animal), imaginem então, as tecnologias atuais de fracionamento do soro e seus inúmeros benefícios nutricionais. Por volta do final de 2002, começaram chegar questionamentos ao Mapa sobre a composição dos leites modificados existentes no mercado, que já continham componentes de soro de leite. O Mapa decidiu rever este regulamento técnico e nada praticamente pode ser alterado, pois a definição prevista no RIISPOA não podia ser alterada sem que toda lei tivesse alteração.Foi discutido com as associações representativas o regulamento técnico do leite modificado cuja definição se manteve idêntica à prevista na lei

ou seja: “entende-se por leite em pó modificado o produto resultante da dessecação do leite fluido previamente preparado, considerando-se como tal, além do acerto do teor de gordura, a acidificação por adição de fermentos láticos ou de ácido lático e o enriquecimento com açúcares, com sucos de frutas ou com outras substâncias permitidas, que a dietética e a técnica indicarem”. Esta definição, por exigir fermentação praticamente eliminava a possibilidade da existência de qualquer produto existente no mercado, embora em outros países a terminologia ainda seja aceita, sem esta exigência. Foi necessário, portanto que o Mapa criasse outra categoria de produto para a migração dos produtos existentes no mercado e, em 4 de fevereiro de 2004, foi publicada a Portaria n°4, que estabeleceu o regulamento técnico de identidade e qualidade do “Composto Alimentar a base de Leite”, assim definido: “produto elaborado a partir de leite in natura na proporção mínima de 80% do produto pronto para consumo, por meio da combinação do leite com ingredientes lácteos e não lácteos”. O produto recebeu o nome de composto, mas, na verdade, é um leite porque é obrigado a ter no mínimo 80% de leite e 20% de ingredientes lácteos. Permite-se também para o produto com adição, ingredientes não


lácteos como gordura vegetal, maltodextrina, outros produtos alimentícios, açúcar, preparados de frutas, cereais, chocolates, mas mantendo a proporção mínima de leite. Neste caso, no rótulo tem uma chamada “contém gordura vegetal” ou “contém amido”, se tiverem estas substâncias adicionadas. Portanto, fico admirada com os questionamentos, pois existem várias empresas no mercado que produzem este produto de excelente valor nutricional, pois as proteínas do soro completam e melhoram a qualidade do leite e, apesar de não receber o nome leite, é a base de leite e, portanto, pode estar junto aos leites, além de ser autorizado e registrado no SIF com este nome. Os médicos e nutricionistas continuam receitando porque é um produto igual ou na maioria das vezes muito superior ao leite modificado, ao qual já se acostumaram a receitar. Maria Cristina Mosquim Nota de esclarecimento da Nestlé A Nestlé informa que respeita o direito de informação ao consumidor e cumpre rigorosamente a legislação referente à comercialização de compostos lácteos, em especial a Instrução Normativa nº 28/07, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que rege a classificação destes produtos. A linha Ninho Fases, lançada no

mercado brasileiro em 2003, é registrada no MAPA e segue as normas de rotulagem que devem ser adotadas por todos os fabricantes desta categoria, trazendo na parte frontal de sua embalagem, com letras em caixa alta, a informação: “COMPOSTO LÁCTEO COM ÓLEOS VEGETAIS”. Além disso, o rótulo também traz a seguinte frase, destacada em caixa alta e negrito: “ESTE PRODUTO NÃO É LEITE EM PÓ”, assegurando ao consumidor seu direito de informação clara e transparente. Desenvolvida para atender necessidades nutricionais específicas das crianças, a linha Ninho Fases conta com três produtos com perfil adequado de proteínas, sem adição de açúcar, além de adição de vitaminas e minerais: Ninho 1+ possui também adição de fibras prebióticas, óleos vegetais; Ninho 3+ traz uma combinação de fibras, ácidos graxos essenciais e cálcio; e Ninho 5+ traz um composto exclusivo com cálcio naturalmente obtido do leite e óleos vegetais. Baseando-se na definição descrita na Instrução Normativa nº 28/07, os produtos da linha Ninho Fases são classificados como compostos lácteos, por se tratarem de produtos resultantes da mistura do leite com ingredientes não lácteos (como as fibras prebióticas e óleos essenciais). Sendo assim, os produtos recebem essa denominação por conterem ingredientes adicionados, que visam contribuir para

a ingestão de nutrientes importantes para o crescimento e desenvolvimento na infância. A marca Ninho foi lançada no mercado brasileiro em 1944, na versão leite em pó, e possui atualmente um amplo portfólio de produtos, em diversas categorias, como iogurtes, leites fermentados, petit suisse, leites flavorizados, leite em pó e UHT (Integral, Levinho e Baixa Lactose), além de compostos lácteos. A Nestlé, companhia líder em Nutrição, Saúde e Bem estar, se compromete a oferecer produtos que tenham um perfil nutricional adequado, e tal premissa se torna ainda mais relevante quanto se trata de produtos direcionados ao público infantil. Do mesmo modo, a comunicação das marcas segue essa mesma prerrogativa, trazendo ao consumidor todas as informações exigidas pela legislação brasileira. Assessoria de imprensa da Nestlé Brasil São Paulo, setembro de 2012

49


painel

Leite formal cresce 4% na produção nacional

O volume de leite industrializado em 2012 cresceu 4%, passando de 10,5 bilhões de litros de janeiro a junho do ano passado para 10,9 bilhões de litros no mesmo período deste ano. Este é o resultado da Pesquisa Trimestral do Leite, divulgada em setembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com Jorge Rubez, presidente da Associação Leite Brasil, o resultado deixa os produtores otimistas com a possível queda do leite informal ao final de 2012, considerando que o aumento no leite industrializado divulgado pelo IBGE foi superior ao da produção de leite, estimado em 3% pela Conab (Companhia Nacional do Abastecimento). O aumento da industrialização do leite mostra, ainda, que o consumo de leite informal no Brasil tem sofrido queda nos últimos três anos, passando de

32% em 2010 para 31,3% em 2011. A estimativa, em 2012, é que este número chegue em 30,6%. “O que esperamos, agora, é uma possível recuperação de preço durante o segundo semestre para compensar o aumento dos insumos, em especial o da soja e do milho”, afirma Rubez. Histórico Realizado desde 1997, a Pesquisa Trimestral do Leite coleta informações de todos os estabelecimentos que se dedicam à atividade leiteira e estão sob inspeção federal, estadual ou municipal. Em 2011, Amazonas e Sergipe tiveram o maior crescimento percentual da aquisição, respectivamente 190,6% e 46,4%, embora suas produções sejam pouco representativas em termos nacionais. Roraima, por sua vez teve queda da aquisição de 32,8%.

Santa Catarina é líder nacional de crescimento na industrialização do leite A indústria de laticínios colocou o Estado de Santa Catarina como campeã de crescimento na industrialização de leite nos últimos cinco anos, segundo levantamento feito pela Associação Leite Brasil. A região ocupa, atualmente, a quinta posição no ranking nacional, com participação de 8,0% no total de leite produzido no país e a sexta na industrialização (8,2%). Fato importante é o desempenho do Estado nos últimos cinco anos. De 2007 a 2011, o ritmo de avanço da industrialização do leite no Brasil foi de 5,5% ao ano, como divulgado recentemente pela Leite Brasil. Santa Catarina registrou, no mesmo período, crescimento de 13% ao ano; aumento que superou o desempenho dos principais Estados na produção de leite, como Paraná (11,6%), Rio Grande do Sul (7,2%), São Paulo (3,8%), Minas Gerais (3,6%) e Goiás (1,4%). Segundo dados de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Santa Catarina detêm, ainda, a maior produtividade média de rebanho leiteiro, com 2.432 litros/vaca/ano, se comparada com a média do país, que foi de 1.340 litros/vaca/ ano.

50

De acordo com dados do CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - de julho de 2012, o produtor catarinense recebeu, em média, R$ 0,79 pelo litro do leite, enquanto que a média nacional foi de R$ 0,85 por litro. Este fator tem atraído cada vez mais empresas da indústria de laticínios para a região e impulsionado a produção. Os produtores catarinenses aplicam tecnologia na gestão de suas propriedades, além de investirem em pastagens, melhoria no manejo, inseminação artificial e uso de indicadores de desempenho; fatores que explicam o sucesso de Santa Catarina. Não se trata, portanto, de ser grande ou pequeno produtor, como no caso da maioria dos que atuam naquele Estado. O relevante, neste cenário, é a busca do aumento da produtividade e redução dos custos por meio de uma gestão profissional. Para Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil, Santa Catarina é essencial para o desenvolvimento da produção nacional de leite. “Esta região do País dá o exemplo de como um pequeno produtor de leite pode trabalhar com eficiência, aumentando sua produção e produtividade na cadeia nacional.”


Tetra Pak Nelson F. Falavina assume presidência para América Central & Caribe O executivo da Tetra Pak, Nelson F. Falavina acaba de assumir a posição de diretor-presidente para os países da América Central e Caribe, com a responsabilidade de acelerar o desenvolvimento da empresa nessa região. Falavina, que até então atuava como Vice-Presidente de Vendas no Brasil, traz ainda experiências nas operações da Tetra Pak em diversos países como: Suécia, Estados Unidos, Colômbia, Equador, Venezuela e Leste Europeu (região dos Balcãs). Nestas duas últimas, o executivo atuou como diretor-presidente, sendo responsável também pelas fábricas que a companhia possui em ambas as localidades. O escritório principal da companhia para a região está localizado no Panamá.

Chr. Hansen anuncia novos distribuidores para as regiões de São Paulo e sul de Minas Gerais A partir de setembro, Produtos Macalé, atual distribuidor dos produtos Chr. Hansen nos estados de Minas Gerais (exceto triângulo mineiro), Rio de Janeiro e Espírito Santo, expandirá a sua atuação para o sul de Minas Gerais, enquanto o novo distribuidor Latec Ingredientes, assumirá o território do Estado de São Paulo, ambos atendidos anteriormente pelo distribuidor Somarole. Todo o processo de migração está sendo cuidadosamente trabalhado entre a Chr. Hansen e seus parceiros para que a nova estrutura seja implementada de forma satisfatória. Segundo Lúcio Alberto Forti Antunes, Gerente da Divisão Laticínios da empresa, ambos os novos distribuidores, Macalé e Latec, encontram-se devidamente preparados para atender com excelência essas regiões. Assim, como todos os trabalhos desenvolvidos pela Chr. Hansen, a reestruturação visa uma aproximação ainda mais intensa com os clientes dessas regiões e um atendimento técnico-comercial focado, que contribua para o desenvolvimento da indústria laticinista.

51


painel

Elegê cresce 4% na produção nacional

A Elegê, marca de grande volume e abrangência nacional da BRF, lançou um novo conceito: Um gesto. Dois Sorrisos. “A proposta é estar presente em todos os momentos do dia, criando oportunidades de relacionamento para que as pessoas possam mostrar o quão importantes são umas para as outras”, explica Luciane Matiello, diretora de marketing da unidade de lácteos da companhia. Para reforçar esta atitude, todas as embalagens foram reformuladas. A linha de leites UHT, por exemplo, traz no verso das embalagens histórias de simples gestos de demonstração e, na lateral, um espaço para recados. “Será possível personalizar o café da manhã”, afirma Roberta Morelli, gerente de marca e inovação da área de lácteos da BRF.. E mais, a tipografia da logomarca foi alterada e será estampada no topo de todas as embalagens. A tradicional “vaquinha” e o “xadrez”, caracteristicas fortes de Elegê, estão mais modernas e atraentes. “O objetivo das novidades é aumentar a percepção de qualidade e destacar nossos produtos nas gôndolas”, afirma Morelli. Além do leite, o portfólio de Elegê conta com refrigerados e itens de mercearia. A estratégia bem sucedida nos Estados do Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, locais onde a marca mantém forte presença e liderança em várias categorias, será replicada em todo o Brasil. No Nordeste, por exemplo, serão lançados produtos específicos como a bebida láctea em sache. A embalagem, de preço mais acessível, vai reforçar a presença da empresa em um mercado promissor. E não para por aí. Outros lançamentos estão previstos para outubro, tais como, as polpas mo-

rango e morango/coco. Os produtos Elegê priorizam a praticidade. Além disso, oferecem uma ótima relação custo/benefício. junção desses fatores faz da Elegê uma grande aliada do consumidor no dia a dia, do café da manhã ao jantar. A unidade de produtos lácteos da BRF em Bom Conselho, Pernambuco, será crucial para o desenvolvimento da marca Elegê no Nordeste. E ampliar a presença na região depende de uma logística bem planejada. “O mercado nordestino se caracteriza pela pulverização de pontos de venda e, para conquistar os comerciantes, é preciso ter assiduidade e construir uma relação de confiança”, afirma Matiello. Dados recentes mostram que cerca de 40% das categorias existentes no mercado nacional não estão consolidadas no Nordeste. “A Elegê é uma marca estratégica para capturarmos volume de vendas nesta região”, revela Morelli. Com cerca de 54 milhões de habitantes, o Nordeste tem o porte de um país como o Chile. E o crescimento econômico está acima da média brasileira. Marca de volume e abrangência nacional da BRF, a Elegê oferece uma linha completa de leites, que inclui as versões UHT Integral, Semidesnatado, Desnatado e Leites Especiais (Ferro, Cálcio, Baixo Teor de Lactose), além de leite em pó lata e sachê. A marca também produz bebida láctea, doce de leite, leite condensado, creme de leite, manteiga, molho e requeijão. Mantém também a linha Bob Esponja, dedicada ao público infantil. Entre os produtos comercializados estão: petit suisse, aromatizados (chocolate e morango), flan, leite fermentado, entre outros.

SIG Combibloc expande sua atuação na Itambé

Cliente da SIG Combibloc desde 2009, com uma linha para leite condensado, a Itambé lançou em julho deste ano sua linha de leite UHT – versões integral, semi desnatado e desnatado – em embalagem combiblocMidi de 1 litro com tampa combiSwift. O principal apelo da nova embalagem para o consumidor é a conveniência da exclusiva tampa de rosca. A escolha da SIG para este lançamento confirma a preferência da Itambé pelas linhas de envase, que se destacam pela alta performance e grande flexibilidade. A empresa também aponta os serviços oferecidos pela SIG como um diferencial importante na escolha.

52

A nova embalagem combiblocMidi de 1 litro com tampa combiSwift está sendo envasada em uma máquina CFA 812 com capacidade para 12.000 unidades/hora. O envase é feito na planta em Uberlândia (MG). A Itambé é uma cooperativa de lácteos, instalada no estado de Minas Gerais e que conta com mais de 3.500 colaboradores. Hoje ela é uma das marcas de lácteos mais tradicionais do Brasil. A empresa exporta para 64 países, especialmente da América Latina, África e América do Norte.


Cap-Lab e Fermentech promovem encontro técnico Como fruto de longa parceria, a Cap-Lab e a Fermentech lançam o I Encontro Técnico “Inovando com Qualidade”. O evento será realizado no dia 29 de novembro, na cidade de Cascavel (PR). O objetivo do encontro é reunir os profissionais do setor e abordar temas importantes sobre o controle da qualidade e novas tecnologias na indústria de laticínios. “Acredito que esse projeto seja apenas o primeiro de muitos outros. A experiência de ambas as empresas poderá proporcionar ao público presente uma oportunidade única de analisar e sanar as dúvidas das questões mais discutidas atualmente pelo setor”, diz Vinicius Capeleto, diretor comercial da Cap-Lab. Dentre os palestrantes, destaca-se a presença de Sebastião Cesar Cardoso Brandão, Ph.D., professor titular aposentado do departamento de tecnologia de alimentos da UFV e da consultora técnica da ABIQ (Associação Brasileira das Indústrias de Queijo) Maria Cristina Mosquim, entre outros nomes importantes que compõem a programação. “As palestras foram escolhidas criteriosamente, com temas voltados para o cotidiano do profissional das indústrias lácteas e proporcionarão um excelente nível para o encontro. Estamos empolgados e bastante confiantes em oferecer um evento que todos aproveitarão ao máximo as informações para seu crescimento profissional e aprimoramento pessoal”, comemora Nanci H. Ohata Santana, diretora da Fermentech. A participação é gratuita e todos receberão certificado, além de concorrerem a prêmios. As inscrições vão até 23/11/12 ou até se esgotarem as vagas. Mais informações: www.cap-lab.com.br ou da Fermentech www.fermentech.com.br

53


painel

Nexira chega á India Nexira, líder mundial em goma acácia e conceituado fornecedor de ingredientes naturais e inovadores, está abrindo a sua 11ª filial em Mumbai, Índia, depois de ter aberto escritórios comerciais com sucesso na América do Norte e do Sul, Ásia, África, Europa e Europa Oriental. A estratégia de crescimento global do grupo é confirmada e a Índia irá desempenhar um papel importante. A Índia representa um dos mercados alimentícios que mais crescem (média de crescimento de 15% em todos os segmentos) com forte tendência por produtos saudáveis e inovadores. A filial é uma oportunidade perfeita para a Nexira atender os mercados indianos e do sudeste asiático a fim de estar mais próximo das necessidades de seus clientes para fornecer soluções técnicas e inovadoras. Nexira Índia, sob sua divisão Food, irá oferecer um vasto portfólio de produtos, incluindo emulsifi-

cantes e estabilizantes para bebidas, agentes de drageamento e textura para confeitos, veículos para encapsulação e proteção de ativos e aromas naturais. Com a linha Fibregum™ e Equacia™, novas soluções para o enriquecimento com fibras serão introduzidas no mercado de bebidas e panificação. Com a sua divisão Health, a Nexira irá fornecer ingredientes e ativos premium para o gerenciamento de peso, anti-stress, nutrição esportiva e antioxidantes, junto com um extenso número de extratos naturais. A empresa introduziu, recentemente, dois novos produtos: Fibregum Crystal™, goma acácia clara, sem sabor e odor para fortificação com fibras em alimentos e bebidas, atua como nenhuma outra fibra natural e Oli Ola™, extrato de azeitona com conteúdo garantido de hidroxitirosol, com benefícios e alegação aprovada na Europa para a saúde cardiovascular.

25 anos de atuação no mercado A importante iniciativa do grupo foi a criação da Petite Marie, casa estratégica e competitiva, em 11 de agosto de 1987, voltada para o mercado de químicos aromáticos e na fabricação de ésteres e com as oportunidades percebidas no mercado de essência, foi criada a casa de fragrâncias L’Essence Fragrances, com forte compromisso para com seus clientes em relação à qualidade, desempenho, e custo benefício. A excelência nos processos de produção começa com a escolha criteriosa da matéria prima de melhor qualidade. Os ingredientes utilizados na produção das paletas de fragrâncias são inovadores, garantindo qualidade, segurança e evolução de cada essência. Para a elaboração destes produtos, a L’Essence investe em equipamentos, laboratórios de ponta e profissionais qualificados garantem cada etapa do processo. Toda produção é regida rigorosamente dentro das boas práticas de fabricação e das normas ISO 9001:2008, regulamentação ANVISA e CETESB, ressaltando adequação da empresa para cumprir as exigências da RDC 16, referente aos alergênicos. Estes investimentos atestam cada processo, desde o desenvolvimento, fabricação e distribuição, com um ótimo controle da tecnologia da informação (TI). Os diferenciais da empresa levam à produção de portfólio completo em todo o setor de cosmético

54

e household, passando pela perfumaria fina tendo como foco principal as pessoas e o meio ambiente. A sólida parceria com clientes e a tradição de oferecer as melhores soluções em fragrâncias, transformaram a L’Esseence na principal operadora do Grupo. A partir deste ícone, há cerca de sete anos, foi percebida a ampla possibilidade de atuar em aromas. Assim surgiu, a Lapiendrius Flavors, uma signatura das famílias Lapique e Andrade, como complementação, atuando nos vários segmentos; Forneados (bakery), bebidas (beverage), lácteos (dairy), salgados (savory), higiene bocal (oral care). Além de ter um centro criativo de atuação nos mais variados tipos de produtos, a empresa é referência no mercado brasileiro por estar muito bem posicionada no ranking das casas de aromas de capital 100% nacional. Um exemplo; tecnologia patenteada de encapsulamento à frio, que permite uma excelente performance nos aromas e fragrâncias permitindo grandes possibilidades em aplicações e principalmente um extenso shelf life. Ao longo destes 25 anos o Grupo Petite Marie, L’Essence e Lapiendrius adquiriu respeito, desenvolveu tecnologias e know how nas criações tanto nas fragrâncias como em aromas, possuindo expertise em fazer plena ação em todos segmentos, nos doces e salgados, cosméticos, perfumarias e domissanitários, e na produção e importação e exportação de químicos aromáticos com a Petite Marie, que detém o domínio tecnológico em sínteses, que além de suprir o próprio Grupo com matérias primas de qualidade, oferece ao mercado brasileiro um diferencial notório em custo/benefício no produto final. A Lapiendrius investe fortemente em equipamentos e estrutura voltados para a melhor perfomance dos produtos, sua qualificação e desenvolvimento em tempo real dos aromas; na criação e na aplicação em Centros de Desenvolvimentos de alta tecnologia.



painel

Kerry anuncia aquisição da Griffith do Brasil Dando sequência à estratégia de ampliar sua posição de liderança no desenvolvimento, fabricação e entrega de soluções para a indústria de alimentos e bebidas na América Latina, a Kerry Ingredientes & Aromas efetuou, em 31 de Agosto de 2012, a aquisição da empresa Laboratórios Griffith do Brasil S/A., localizada em Mogi das Cruzes, SP. Fundada em 1951, a Griffith foi pioneira na fabricação de insumos para as empresas processadoras de produtos cárneos no Brasil. Atualmente é um dos líderes no fornecimento de ingredientes ao mercado de carnes processadas, tais como: condimentos, aditivos, hidrocolóides e proteínas. Em 2006, passou a atuar no segmento de Panificação e Confeitaria, com uma linha de ingredientes para bolos e pães regulares e especiais, salgadinhos e sobremesas. A Kerry é reconhecida como um dos maiores e mais avançados fabricantes de ingredientes e aromas para alimentos e bebidas do mundo. A empresa está presente na América Latina desde 1994, com amplo espectro de plataformas tecnológicas e estrutura completa de pesquisa, desenvolvimento, aplicação e análise sensorial, aportando soluções

inovadoras aos consumidores das principais categorias da indústria de alimentos, bebidas e foodservice da região. A sinergia proveniente da junção das duas empresas proporcionará ao mercado de carnes e panificação no Brasil um conjunto de soluções integradas que trará maior agilidade no desenvolvimento de produtos inovadores para a indústria e o consumidor. Entre os produtos disponibilizados estão: Soluções para Carnes Processadas: condimentos e aromas, sistemas funcionais, breacrumbs e sistemas de empanamento, fumaças naturais, bio-ingredientes, emulsificantes e texturizantes e proteínas; Solucões para Panificação e Confeitaria: sistemas e aromas, lácteos, culinários, cereais e doces, bioingredients, emulsificantes e texturizantes, misturas para panificação e confeitaria. A aquisição anunciada permitirá à Kerry alavancar esforços, ampliar fronteiras de negócios e atender aos desafios atuais e oportunidades do mercado brasileiro.

Horizonte Amidos inicia montagem da planta de amidos pré-gelatinizados Os amidos, em sua maioria, devem passar pelo processo de aquecimento/cozimento para gerarem as características que se espera deles. Absorção de água, aumento de viscosidade do produto final, absorção de gorduras, disponibilização de ingredientes e ativos, são algumas destas características. Este processo de aquecimento/cozimento necessita de tempo, mão-de-obra e energia elétrica e térmica, tudo isso em um equipamento adequado, que às vezes pode ser até mais caro do que a própria planta produtiva, que é o caso das pequenas fábricas de maionese, onde o cozinhador da pasta de amido se torna mais caro do que a emulsificadora. Visando oferecer amidos modificados que dispensem a necessidade de cozimento, a Horizonte Amidos lançará, até o final de 2012, sua mais nova linha de amidos. Trata-se dos amidos pré-gelatinizados que conseguem oferecer todos os benefícios dos amidos modificados, porém, sem necessitar de cozimento. Com o ingrediente há ganho em tempo, diminuição de mão-de-obra e, principalmente, custos. Estes produtos conseguem absorver água instantaneamente, mantendo uma estrutura firme, de

56

alto brilho e lisura. Para iniciar a produção dos amidos pré-gelatinizados, a Horizonte está montando uma planta com grande capacidade de produção: 350 toneladas/mês. O equipamento é importado, e trata-se do maior modelo disponível fornecido pela maior fabricante mundial de Drum Dryers. Com este investimento, a Horizonte busca atender vários mercados no Brasil e exterior, nos setores de: -misturas para pão de queijo; maioneses e cremes; cremes de confeitaria; farinhas para empanamento; aromas e emulsões; panificação; geleias; adesivos e alimentos infantis Outra área muito importante de aplicação destes amidos é na fabricação de papéis Tissue, que são papel higiênico, papel toalha, guardanapos e outros. Estes papéis necessitam de amidos catiônicos pré-gelatinizados que a Horizonte disponibilizará em uma ampla gama DS´s e viscosidades. Com esta nova linha, a Horizonte se aproxima cada vez mais do seu objetivo de atender seus clientes com uma linha variável, diversificada e versátil de amidos modificados.


Codificadoras Codificadoras, impressoras a jato de tinta de pequenos caracteres para a indústria de lácteos As Codificadoras 9042 e 9042 IP65 são impressoras que operam com a tecnologia jato de tinta, desenvolvidas pela Markem-Imaje para atender as necessidades da indústria de laticínios, principalmente quanto a maior velocidade e maior eficiência dos processos de fabricação, com manuseio mais fácil, limpo e seguro de consumíveis. Apresentadas ao mercado neste início de agosto de 2012, as Impressoras 9042 são capazes de imprimir até 8 linhas com informações sobre data de validade, logotipos, texto alfanumérico e códigos de barra 1D e 2D, com velocidades de impressão até 5,5 m/segundo, para atender as novas exigências dessa indústria que vê crescer continuamente a produção de iogurtes, leite, queijos, etc. Com cabeçotes simples ou duplos (que podem dobrar a taxa de produção, ou seja, marcar 2 fileiras de iogurtes ao mesmo tempo) e umbílicos reforçados que ligam a cabeça de impressão ao gabinete, exigindo numerosos ciclos de vaivém e, agora, com 3, 5 ou 8 metros para mais fácil integração às linhas de produção, as Codificadoras 9042 oferecem confiabilidade superior de operação e total robustez para impressão em movimento. Um dos mais expressivos diferenciais da 9042 é a gestão otimizada dos consumíveis, com o uso de novos cartuchos, selados e seguros que permitem a troca de consumíveis em menos de 30 segundos, sem respingos e sem interromper a produção. As Impressoras 9042 operam com novas tintas multiuso sem acetona e sem MEK (metil etil cetona) na composição, disponíveis para aplicações que exigem movimento da cabeça de impressão. As Codificadoras 9042 são fabricadas com gabinete de aço inoxidável para garantir maior eficiência de limpeza e a versão 9042 IP65 tem gabinete à prova de ambientes úmidos. Essas características garantem maior eficiência dos processos de fabricação de laticínios, com marcação permanente de produtos lácteos, quer sejam em frascos, potes, caixas longa vida; o efetivo acompanhamento da velocidade das linhas de produção e o manuseio ágil e limpo de suprimentos.

57


evento

Interleite Brasil 2012 Evento que reuniu segmentos de sistemas de produção, mercado, tecnologia, inovação e gestão, o Interleite Brasil – Simpósio Internacional sobre Produção Competitiva de Leite foi um marco sinalizador para o futuro do setor lácteo.

Da esquerda para a direita: Wilson Zanatta, presidente da LBR, Marcelo Pereira de Carvalho • diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint e Franz Borg • Presidente da Castrolanda

Competitividade foi a palavra de ordem que permeou quase todas as apresentações. Cerca de 90% do público foi composto de produtores de leite, técnicos e profissionais ligados ao setor de laticínios. Dezesseis estados da federação tinham representantes, sendo 80% de Minas Gerais, Goiás e São Paulo. Encontro Realizado em Uberlândia (MG), de 11 a 13 de setembro, antes da abertura oficial, foi realizado o 1o Encontro MilkPoint para a Indústria de Laticínios, com a participação de 77 representantes dos principais laticínios atuantes no Brasil. Os participantes assistiram palestras do estrategista global do Rabobank, Tim Hunt, que apresentou o cenário mundial e tendências, como uma possível recuperação dos preços no mercado internacional. O professor Andrew Novakovic, da Universidade de Cornell, trouxe também informações importantes como os novos conceitos para a gestão de riscos no que se refere à volatilidade dos custos de insumos e dos preços do leite nos Estados Unidos.

crescendo ao longo dos anos, e assim devem continuar. Em locais que dependem de forte suplementação de grãos, a alta destes insumos após 2007, ainda que seguida de períodos momentâneos de baixa, coloca pressão sobre os custos. Em locais com produção a pasto, a elevação dos custos de fertilizantes, a rápida elevação dos valores da terra e o risco climático colocam desafios adicionais a um tipo de exploração que, antes, era tido como de baixo custo e risco, capaz de suportar períodos de preços mais baixos por mais tempo do que regiões com alta suplementação. Isso não é necessariamente verdade, como mostrou Hunt.

res cerca de 2 vezes mais altos do que Nova Zelândia, Austrália, Brasil, Argentina e outros, não mais existe. Há uma convergência em torno dos US$ 0,40/ kg de custo médio e o que preocupa é a tendência: enquanto os antes “caros” agora seguem rumo descendente de custos (e mantinham suas exportações mediante fortes subsídios), os antes “baratos” seguem caminho inverso. “É importante que a indústria esteja alinhada com o que acontece no setor, pois qualquer transformação que venha a ocorrer tem que passar pela a indústria”, afirmou Marcelo Pereira de Carvalho, coordenador do MilkPoint e do Interleite Brasil 2012. “O encontro de laticínios foi importante por proporcionar uma visão sistêmica do setor. Se trabalharmos de forma isolada, não vamos chegar em lugar nenhum. Precisamos de ações pré-competitivas” ressaltou Jacques Gontijo, presidente da Itambé e patrocinador master do Interleite Brasil 2012.

Já no Interleite, Torsten Hemme, do IFCN, da Alemanha, mostrou que, nos últimos anos, percebe-se uma tendência de redução de custos dos países tradicionalmente pouco competitivos, como Estados Unidos e Europa e, ao mesmo tempo, ocorre tendência oposta nas regiões em que Hunt já havia apontado. O resultado disso é que, em um Na abertura, Carvalho pontuou as espaço de não mais do que sete anos, a Hunt mostrou que o custo de pro- defasagem de custos, em que Europa e mudanças que vêm acontecendo na dução em países exportadores vem América do Norte apresentaram valo- cadeia do leite como a redução de me-

58


didas de apoio ao produtor em países como Estados Unidos e Europa, o crescimento econômico dos países emergentes e o nivelamento entre vários países do mundo. “O cenário de baixos custos de produção não existe mais e está ocorrendo perda de competitividade, precisamos olhar para dentro da porteira da fazenda, bem como em medidas mais amplas que garantam a competitividade.” No caso do Brasil, apenas o potencial de produção não é mais suficiente para termos competitividade. “Precisamos fazer a lição de casa e esse é o objetivo do Interleite”, afirmou Carvalho. Os participantes do Interleite puderam acompanhar palestras técnicas de pesquisadores e técnicos renomados, que abordaram temas como práticas genômicas no melhoramento genético, manejo de pastagens tropicais, nutrição de precisão, sucessão familiar, gestão de sistemas de confinamento e

formulação de dietas. Nos painéis de produtores, casos de sucesso foram mostrados, como a utilização de tricross de raças europeias, integração de sistemas de lavoura e pecuária da Sekita Agropecuária, uso de pastejo irrigado nos Estados Unidos e também na realidade do Ceará e Goiás. Prêmio Impacto 2012 Na abertura do Interleite aconteceu também a entrega do Troféu Impacto a João Ricardo Alves Pereira, professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa. A premiação é uma iniciativa do MilkPoint e tem como objetivo valorizar profissionais que contribuem com a melhoria da atividade leiteira no Brasil. O premiado é zootecnista formado pela UNESP em 1991, mestre em Nutrição Animal e Pastagens pela ESALQ/ USP (1995) e doutor em Zootecnia pela UNESP/Jaboticabal (1999). Atualmente é professor adjunto da UEPG - PR e professor no curso de Pós Graduação na PUC-PR.

59



fazer melhor

CADERNO DE TECNOLOGIA DE LÁCTEOS

Nata: mercado, tecnologia e a nova regulamentação 62 n

n

O Leite e Queijo de Búfala na Ilha do Marajó 66


fazer melhor

Nata: mercado, tecnologia e a nova regulamentação Zacarchenco, P.B.*1.; Van Dender, A.G.F.*2 *Pesquisadoras Científicas TECNOLAT – ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos). pblumer@ital.sp.gov.br1; adender@ital.sp.gov.br2

Resumo A nata é um derivado lácteo obtido a partir do creme de leite tipicamente consumido na região Sul do Brasil. A origem da nata remonta o século XVIII, quando imigrantes alemães e italianos utilizavam o creme de leite que sobrava do pouco leite produzido na época para substituir a manteiga. Este texto apresenta aspetos de mercado, da tecnologia de fabricação da nata e discute as determinações da Instrução Normativa no 23/2012, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade da Nata. Palavras chaves: legislação, creme, leite Abstract Nata is a typical dairy product produced from cream commonly consumed in the South region of Brazil. The history of nata began in the 18th century when German and Italian immigrants started eating milk cream instead of butter, a very expensive dairy product due to the little amount of milk produced at that time. This article presented information about market, technology and news rules of the Instrução Normativa nr 23/2012, a legal document that defined the characteristics of nata. Key words: legislation, cream, milk Introdução A nata é um produto típico da região Sul do Brasil que finalmente foi regulamentado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento na Instrução Normativa no 23 de 30 de agosto de 2012, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade da Nata. Na verdade, a nata nada mais é do que um creme de leite cujo teor de gordura, nesta IN 23/2012, é fixado como igual ou maior que 45%. Além disto, este documento legal determina que o produto deve ser pasteurizado, normatiza os aditivos permitidos, os teores de acidez, características microbiológicas entre outros aspectos que serão tratados neste artigo. Segundo o diretor do Dipoa, Luiz Carlos de Oliveira, ao regulamentar o produto nata, o ministério dá um passo importante na valorização da tradição brasileira de consumir este produto, além de atender um antigo pleito da indústria láctea. O referido diretor destacou ainda que “A medida consagra uma tradição de um ingrediente alimentar de elevado valor nutritivo e que caracteriza um hábito salutar do brasileiro, além de possibilitar a diversificação de itens elaborados pela indústria de produtos de origem animal” (BIDESE, 2012). É importante destacar que a apesar da importância regional da nata, há carência de dados na literatura sobre a história, o mercado e a tecnologia de fabricação deste produto. Assim, neste artigo procurou-se apresentar aspectos de mercado e da tecnologia de fabricação da nata, além de analisar as determinações da Instrução Normativa no 23/2012, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade da Nata.

62

História e mercado do produto Segundo o SINDILAT (2012) (Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul) a origem do produto nata remonta o século XVIII, quando imigrantes europeus, oriundos principalmente da Alemanha e Itália, começaram a utilizar o creme de leite que sobrava do pouco leite ordenhado na época para substituir a manteiga, um produto muito escasso e muito caro para os padrões de vida dos recém chegados colonos europeus. De lá para cá, a nata tornou-se importante no hábito de consumo dos gaúchos que a utilizam principalmente no café da manhã com geléias de frutas e pão e também como ingrediente de preparações de origem européia como tortas, bolos, biscoitos, entre outros. Pessoas de outros estados também reconhecem a nata como um produto de excelente qualidade. Com o avanço da tecnologia e a criação de laticínios no estado do Rio Grande do Sul (RS), a nata começou a ser produzida em escala industrial. Atualmente este estado produz aproximadamente 17.000 toneladas de nata ao ano. Este produto atende as preferências de paladar da população quanto ao sabor leve e suave que apresenta e também possui características nutricionais adequadas à demanda da vida moderna. Como exemplo pode-se citar o fato da nata produzida no estado do Rio Grande do Sul conter em média de 45 a 50% de gordura contra 80-82 % da manteiga tradicional. Além disto, a nata na sua versão institucional (baldes, bags e sachets) atende a demanda do mercado institucional, onde é usada como ingrediente em confeitarias, padarias, sorveterias, bares, indústria de alimentos prontos, cozinhas industriais e restaurantes. Toda esta cadeia de consumidores diretos e indiretos depende deste produto, fazendo da nata um dos produtos mais típicos da culinária gaúcha (SINDILAT/RS, 2012). Em termos de volume de consumo os estados do Sul do país são bastante representativos para o mercado da nata. De acordo com Wilkinson, Mior, (1999) entre os produtos artesanais fabricados no estado de Santa Catarina além do queijo, a nata destaca-se como um produto comercializado na própria propriedade do agricultor e, apesar das pequenas quantidades produzidas, este mercado é muito importante para as famílias no meio rural. Além da região Sul do país, outras regiões usam a denominação nata como um sinônimo para creme de leite, como nos casos dos estados do nordeste que produzem a manteiga da terra a partir da nata ou creme. Em levantamento de produtos regionais derivados do leite realizado por Nassu et al, (2001) no Estado do Ceará, os autores observaram diversificação na produção de lácteos tendo a nata sido citada entre outros produtos como queijo de coalho de leite de cabra, queijo de minas frescal, ricota, doce de leite, requeijão e bebida láctea.


Fabricação da nata A nata é um derivado lácteo obtido a partir do creme de leite, resultante do excesso de gordura do leite, a qual é retirada por meio das desnatadeiras. Tecnicamente a “nata” é um creme de leite padronizado e pasteurizado, sendo considerado um produto fresco e de consistência mais firme e pastosa (RODRIGUES, 2012a) do que o creme de leite pasteurizado. É necessário que a nata apresente certa cremosidade, não deve “formar fio” e deve apresentar consistência curta e elástica lembrando o “cream cheese”, espalhável ao se passar em uma fatia de pão (RODRIGUES, 2012b). O creme é uma emulsão concentrada de glóbulos de gordura do leite em leite desnatado e é preparado, comercialmente, por separação centrífuga entre a parte lipídica, menos densa, e o leite desnatado (Smiddy et al, 2009). Estima-se que o leite contenha mais de 100.000 espécies moleculares diferentes. Contudo, a composição média desta matéria-prima pode ser simplificada para 4,1% de gordura, 3,6% de proteína, 4,9% de lactose e 0,7% de cinzas (HUI, 1993). Dentre as proteínas do leite destacam-se as caseínas e as proteínas do soro cuja relação é de 80:20, respectivamente (FOX et al, 2000; FOX, McSWEENEY, 1998) O leite bovino típico contém cerca de 3,5% de gordura mas os níveis variam bastante em função da raça, do estágio de lactação, dos indivíduos da mesma raça, da estação do ano, das condições nutricionais do animal, do tipo de alimentação, do estado de saúde e da idade do animal, dos intervalos entre as ordenhas e do período da ordenha em que se obtém a amostra para análise (FOX, McSWEENEY, 1998). A gordura do leite é formada por glóbulos de diversos tamanhos, que se encontram em suspensão no líquido. Esses glóbulos são perfeitamente visíveis ao microscópio. Por ser menos densa, a matéria gorda flutua quando o leite está em repouso, constituindo em grande parte o que se chama nata-creme. A matéria gorda é o elemento mais variável do leite e é o elemento de maior valor comercial (BEHMER, 1984). Os lipídios no creme, assim como no leite, estão na forma de glóbulos de gordura envoltos pela membrana do glóbulo de gordura (MGG) com diâmetro variando de 0,1 a 20 um e média entre 3 a 4 um (Fox et al, 2000). As propriedades físico-químicas do creme dependem de vários fatores como o estado dos glóbulos de gordura e da MGG, a concentração de glóbulos de gordura, a temperatura do creme, sua manipulação (tipo de tratamento térmico, mecânico), o tipo e a concentração de sólidos lácteos não gordurosos no creme (proteínas, sais e estabilizantes e emulsificantes adicionados) (Smiddy et al, 2009). Os glóbulos de gordura do leite são cobertos por uma rede difusa de compostos bipolares que são fosfolipídios, proteínas, diacilgliceróis, monoacilgliceróis e outros materiais tensoativos provenientes da célula da glândula mamária ou do leite (KEENAN et al, 1999). Segundo Rodrigues (2012a), na fabricação da nata, o creme de leite proveniente das desnatadeiras é misturado com leite pasteurizado para padronização e, a seguir, é pasteurizado. Após a refrigeração a nata já pode ser consumida.

De acordo com este autor há, basicamente, dois tipos de nata: a do leite não-industrializado (ou não-processado) e a do industrializado (ou processado). No leite não-processado, ou seja, que acabou de ser ordenhado e não sofreu nenhum processamento, os glóbulos de gordura são maiores do que os do leite processado. Se o leite não-processado é deixado em repouso por algumas horas, os glóbulos de gordura começam a se deslocar para a parte superior do leite, formando uma camada na superfície, a nata, que é formada principalmente por gordura. É a partir desta nata que se faz, por exemplo, a manteiga pelo método artesanal. Essa nata gordurosa não se forma no leite processado devido à homogeneização. O objetivo da homogeneização é prevenir ou, ao menos, minimizar o fenômeno da separação do creme. Esta separação é evitada pela redução do tamanho dos glóbulos de gordura, que levarão tempo muito longo para se reagruparem gerando a separação do creme. A seleção de parâmetros adequados de homogeneização permite realizar alterações nas características do creme e derivados e fabricar produtos com novas estruturas (Smiddy et al, 2009). Por ser um produto relativamente rico em gordura extraída do leite na forma de emulsão de gordura em água, a nata pode ou não sofrer processo de homogeneização sob altas pressões de trabalho (BIDESE, 2012). Deve-se lembrar que para as aplicações culinárias da nata como, por exemplo, para obtenção de chantilly a homogeneização do creme pode afetar o desempenho do produto pois as partículas pequenas de gordura dificultarão a formação da estrutura de espuma característica. Na Figura 1 a seguir são resumidas as etapas industriais básicas da fabricação da nata

63


fazer melhor

Segundo Rodrigues (2012a) a nata é produzida na indústria a partir de creme resultante do desnate com teor de matéria-gorda em torno de 55 a 60%. É feita a padronização com leite para atingir 45% de gordura, a adição de espessantes ou estabilizantes, a pasteurização a 78ºC e resfriamento imediato a 20ºC. O armazenamento refrigerado não deve ultrapassar 5ºC de acordo com a IN no 23/2012. A padronização é a operação de mistura do creme de leite com o leite desnatado e tem a finalidade de reduzir a gordura original do creme (faixa de 55 a 60% de gordura) para o teor desejado na nata, isto é, de no mínimo 45%. Inicialmente, a nata não levava adição de nenhum ingrediente a não ser a gordura láctea e o leite desnatado. Desta forma, a nata chegava refrigerada até o consumidor final, porém sempre apresentando sinais de falta de padronização e dessoramento. O SINDILAT/RS (2012) destacou que a nata diverge do creme de leite pasteurizado pela sua característica de textura espalhável. Este sindicato colocou ainda que foi necessário que indústrias encontrassem soluções tecnológicas para a manutenção do padrão de textura, evitando o dessoramento durante a curta vida de prateleira da nata. Atualmente a nata produzida e comercializada no Rio Grande do Sul mantém as características originais do produto inicialmente consumido pelos imigrantes europeus com a aplicação da pasteurização, adição de estabilizantes para evitar a dessora e distribuição refrigerada. Esta fonte de dados afirma que a nata possui em média uma vida útil de 30 dias. Devido às suas características reológicas, a nata deve apresentar ao longo de sua vida de prateleira, uma textura firme, homogênea, cremosa e sem dessoramento/separação de fases. Os estabilizantes como as carragenas e gelatinas evitam o defeito da dessoragem. Segundo o SINDILAT/RS (2012) 0,10 a 0,20 % m/m destes espessantes é suficiente para evitar o dessoramento sem impactar as características sensoriais da nata. A IN no 23/2012, contudo, permite a adição de até 0,5% m/m a este produto. Os espessantes e estabilizantes permitidos por esta norma são carragena, carragenina (incluindo sai de sódio, potássio e cálcio), goma guar e gelatina. A gelatina não tem limite máximo de adição (b.p.f. boas práticas de fabricação). Determinações da Instrução Normativa 23/2012 A Instrução Normativa no 23, de 30 de agosto de 2012 foi elaborada para normatizar o produto Nata. Neste documento a Nata é definida como o produto lácteo relativamente rico em gordura retirada do leite, que apresenta a forma de uma emulsão de gordura em água, homogeneizado ou não, e submetido a processo de pasteurização, mediante tratamento térmico e procedimentos tecnologicamente adequados, suficientes para destruir todos os microrganismos patogênicos (BRASIL, 2012). A partir do momento que a nata foi regulamentada, sua tecnologia de fabricação deve atender também às boas práticas de fabricação e demais às determinações estabelecidas na Portaria no 368/1997 (BRASIL, 1997).

64

Entre as exigências da IN no 23/2012 pode-se destacar que o teor de gordura láctea deve ser de, no mínimo, 45% e a acidez de, no máximo, 02% (g ácido lático/100g). Antes desta legislação havia a Portaria no 146/1996 que normatiza os cremes de leite com diferentes teores de gordura (leve, médio e duplo creme) e submetidos a diferentes tratamentos térmicos (pasteurização, UAT e esterilização). Os teores de gordura dos cremes de leites podem variar de, no mínimo, 10% a mais de 50% dependendo da classificação. Os cremes de baixo teor de gordura ou leve ou semi creme devem conter, no mínimo, 10% de gordura (g gordura/100g de creme) e, no máximo, 19,9%. Os produtos denominados creme devem conter, no mínimo, 20% de gordura e, no máximo, 49,9%. Finalmente, conforme esta Portaria no 146/1996 o creme de alto teor de gordura deve conter, no mínimo, 50% (BRASIL, 1996). Contudo esta legislação não abrangia as características do produto nata. Antes da IN no 23/2012 a nata se encaixava na categoria de creme de leite pasteurizado que, segundo a legislação em vigor (Portaria no 146/1996), não poderia ser adicionada de nenhum espessante. Como colocado anteriormente os espessantes carragena, goma guar e gelatina são os permitidos pela IN no 23/2012. A Portaria no 146/1996 que regulamenta creme de leite cita a possibilidade de uso de ácido algínico e carboximetilcelulose e seus sais, goma arábica, goma jataí ou algaroba, goma xantana, pectina e celulose microcristalina, além da carragena e goma guar. Os teores de espessantes máximos permitidos em ambas as normas são os mesmos de 0,5% m/m. Já o uso de sais estabilizantes como citrato de sódio; fosfato (mono, di ou tri) de sódio, potássio ou cálcio; cloreto de cálcio e bicarbonato de sódio em concentrações máximas de 0,2% m/m só são permitidos, pela Portaria no 146/1996, para creme de leite UHT e esterilizado Os requisitos microbiológicos para creme de leite pasteurizado e nata são os mesmos nessas duas normas citadas do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Nos documentos do MAPA há padrões para aeróbios mesófilos, coliformes totais, coliformes a 45ºC e estafilococos coagulase positivos. Contudo, o Ministério da Saúde (MS) através da RDC no 12/2001 normatiza padrões microbiológicos para coliformes a 45ºC, estafilococos coagulase positivos e Salmonella (BRASL, 2001). A tabela 1 traz uma comparação entre os valores máximos permitidos para as contagens microbianas das diferentes classes de micro-organismos nestes documentos legais. Tabela 1. Padrões microbiológicos para nata e creme de leite pasteurizado


Conclusão A nata é um derivado lácteo de importância regional especialmente para a região Sul do Brasil. A publicação da Instrução Normativa no 23/2012, pelo Mistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para normatização deste produto foi importante na valorização da tradição brasileira de consumo da nata e atendeu também aos pedidos da indústria láctea para o estabelecimento de padrões de identidade e qualidade. Com a definição legal dos parâmetros a que a nata deve atender a indústria poderá padronizar mais seus produtos, além de desenvolver novas versões para a nata, como sua aromatização por exemplo.

Bibliografia 1. BIDESE, M. MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Assessoria de Comunicação do MAPA. IN da Nata é publicada no Diário Oficial da União. Disponível em http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2012/08/mapa-regulamenta-identidade-e-qualidade-da-nata. 2012. Acesso em 28/09/2012

7. Fox, P.F.; Guinee, T.P.; Cogan, T.M.; McSweeney, P.L.H. Fundamentals of Cheese Science. Aspen Publishers Gaithersburg, Maryland. 2000. 639pgs. 8. FOX, P.F.; McSWEENEY, P.L.H. Dairy Chemistry and Biochemistry. Blackie Academic & Professional, London First edition 1998. 478 pgs. 9. Hui, Y.K. Dairy Science and Technology Handbook. 1 Principles and Properties. Wiley-VCH. 1993. 496 pgs. 10. Keenan, T.W.; Mather, I.H.; Dylewski, P. D. Physical Equilibria: Lipid Phase. In: Wong, N. P., Jenness, R., Keeney, M., Marth, E.H. FUNDAMENTALS OF DAIRY CHEMISTRY. 3a edição. Aspen Publishers: Maryland. 1999. 779 pgs. 11. Nassu, R.T.; Araújo,R.S.; Borges, M.F.; Lima, J.R.; Macedo, B.A.; Lima, M.H.P.; Bastos, M.S.R. Diagnóstico das condições de processamento de produtos regionais derivados do leite no Estado do Ceará. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 1. EMBRAPA, Fortaleza, Ceará. Dezembro, 2001. 28 p.

2. BRASIL. Instrução Normativa MAPA Nº 23 DE 30/08/2012. Regulamento técnico de identidade e qualidade de nata. D.O.U. de 31/08/2012. 2012.

12. Rodrigues, F. Nata - O Creme do Leite. Sem data. Disponível em http://www.queijosnobrasil.com.br/nata-o-creme-do-leite.html. Consultado em 28/09/2012. 2012a

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 12, de 2 de Janeiro de 2001. Regulamento Técnico sobre os padrões microbiológicos para alimentos. D.O.U. de 10/01/2001.

13. Rodrigues, F. Creme de leite – Nata. Sem data. Disponível em http://www.queijosnobrasil.com.br/cremenata. html. Consultado em 28/09/2012. 2012b

4. BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Portaria no368 de 04 de Setembro de 1997. Regulamento Técnico sobre as condições higiênico-sanitárias e de boas práticas de fabricação para estabelecimentos elaboradores/ industrializadores de alimentos. 5. BRASIL. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária. Portaria nº 146, de 7 de março de 1996. Aprova os Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade dos Produtos Lácteos. D.O.U. de 11/03/1996. 6. BEHMER,M.L. A. Como aproveitar bem o leite no sítio ou chácara. Ed. Nobel: São Paulo. 5ª edição. 1982. 106 pgs

14. SINDILAT (Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul). Nata pasteurizada. Disponível em http://www.agricultura.gov.br/ arq_editor/file/camaras_setoriais/Leite_e_derivados/28RO/ App_Nata.pdf. Acesso em 28/09/2012 15. Smiddy, M.A.; Kelly, A.L.; Huppertz, T. Chapter 4: Cream and related products. In: Dairy fats and related products. Tamime, A.Y. (Ed.). John Wiley and Sons, 2009. 326 pgs. 16. Wilkinson, J; Mior, L.C. Setor informal, produção familiar e pequena agroindústria: interfaces. Estudos Sociedade e Agricultura, n. 13, outubro 1999

65


fazer melhor

O Leite e Queijo de Búfala na Ilha do Marajó Marilda Garcia Simões1, Moisés Simeão2, Roseane Esmeralda Portal3, Joseane Gonçalves Rabelo3 Almir Vieira Silva4 e Célia Lúcia de Luces Fortes Ferreira, PhD5 1

Doutoranda em Ciências e Tecnologia de Alimentos – Universidade Federal de Viçosa – Viçosa, MG ; marildags@uol.com.br 2 Bacharelando em Ciências e Tecnologia de Laticínios – UFV- MG; moises_simeao@ufv.br 3 Graduandos de Tecnologia Agoindustrial em Alimentos - Universidade do Estado do Pará- Campus Salvaterra - PA: esmeraldaportal22@hotmail.com e jomicaca@hotmail.com 4 Prof. Associado, Universidade Federal Rural da Amazônia- Belém do Pará, PA almir.silva@ufra.edu.br 5 Prof. Titular - Departamento de Tecnologia de Alimentos - Universidade Federal de Viçosa – Viçosa, MG; clferreira@ufv.br

INTRODUÇÃO Comercialmente, as búfalas representam a segunda maior fonte de produção de leite no mundo, com 93 milhões de toneladas (10,7%), sendo o continente asiático responsável por quase 90% desta produção, com crescimento anual de 4% (IDF, 2011). Atualmente, no Brasil, não existe informação oficial sobre o volume de leite de búfala produzido, mas acredita-se que acompanha a tendência mundial (AMARAL & ESCRIVÃO, 2005, IBGE, 2010). Em 2008, esta produção foi estimada em 92,3 milhões de litros, com crescimento ao ritmo de 10% ao ano (POLO, 2008). Assim, espera-se para 2012 uma produção de 135,1 milhões de litros, o que constitui um potencial econômico e uma alternativa para regiões que apresentam uma oferta forrageira de baixa qualidade e solos que permanecem inundados a maior parte do ano (ANGULO et al, 2005), características da região do Marajó. O LEITE DE BÚFALA : COMPOSIÇÃO QUIMICA E CARACTERÍSTICAS NUTRICIONAIS Os búfalos (Bubalus bubalis) foram introduzidos no Brasil há pouco mais de 100 anos, na Ilha do Marajó (norte do Estado do Pará – Figura 1), de onde se expandiram por toda a região Amazônica, com predomínio das raças, Murrah e Mediterrâneo (Figura 2), as mais utilizadas para produção leiteira.

Norte. A Ilha do Marajó possui o maior rebanho de búfalos do país, com 263.088 animais, o que representa 58,1% dos animais presentes no Pará (IBGE, 2010). Nesta ilha, esses animais alimentam-se exclusivamente de pastagens nativas, fazendo com que a produção leiteira bubalina na região, seja considerada uma produção sustentável. Comparando-se os efetivos no ano de 2010 (Figura 3) observa-se que o norte destaca-se ao mesmo tempo em que derruba o estigma de que a criação de bubalinos só seria possível nesta região (ROCHA, 2007).

Embora relativamente recém introduzidos no país, estes animais estão hoje presentes em todas as outras regiões. Em 2010, o efetivo de bubalinos apurado pela Pesquisa da Pecuária Municipal – PPM foi de 1,185 milhões de cabeças, constituindo o maior rebanho da espécie das Américas, com uma concentração de 457.075 animais (38,5%) no Estado do Pará, e 214.271 animais (18,1%), no Amapá, o que corresponde a mais de 60% do efetivo nacional localizado na região

66


A evolução do efetivo nacional de bubalinos nas diferentes regiões do Brasil, no período 2005 a 2010, pode ser observada na Figura 4.

Embora existam discrepâncias entre as informações oficiais sobre os efetivos nacionais e regionais, constata-se que, no Brasil, a bubalinocultura cresceu nos últimos anos e em 2011 efetivo deste rebanho foi cerca de 2,5 milhões de cabeças, com projeção de aumento de 12% ao ano (EMBRAPA, 2011). A búfala produz leite de qualidade excepcional, que pode efetivamente contribuir para a nutrição e saúde humana. A superioridade da composição química do leite de búfala em relação ao de vaca é reconhecida pela FAO (FAO, 2004). A Tabela 1 indica valores médios da composição química dos leites de búfala, vaca e cabra. O leite bubalino possui teores de proteínas, gorduras e alguns minerais, que superam consideravelmente os do

leite da vaca e da cabra, além de apresentar menor teor de umidade e consequentemente maior de sólidos totais (ST), o que possibilita um alto rendimento industrial, sobrepujando o do leite bovino em mais de 40% (VIEIRA et al, 2005). O leite bubalino possui teores de proteínas, gorduras e alguns minerais, que superam consideravelmente os do leite da vaca e da cabra, além de apresentar menor teor de umidade e consequentemente maior de sólidos

totais (ST), o que possibilita um alto rendimento industrial, sobrepujando o do leite bovino em mais de 40% (VIEIRA et al, 2005). Quanto ao teor de minerais, o leite bubalino é mais rico em cálcio do que o leite de vaca (1,99 g por kg versus 1,17 g por kg) e magnésio (0,18 g por kg versus 0,11 g por kg) sendo mais pobre em sódio, potássio e cloro. A relação cálcio/potássio é 1,71, enquanto no leite de vaca é de 1,31 (PINHEIRO et al, 2011). Os elevados teores de gordura e de proteína contribuem para o aporte calórico, 1,5 a 1,9 vezes maior do que o do leite bovino (AMARAL, 2005). Apesar de alta, a porcentagem de matéria gorda varia em função de diversos fatores tais como: i) raça, ii) genética dos animais, iii) manejo, iv) alimentação e v) condições climáticas das regiões onde se encontram os animais, vi) fase da lactação, sendo que o percentual da gordura aumenta gradativamente ao longo da mesma (FONSECA et al, 2001). A gordura do leite de búfala apresenta cerca de 64% de ácidos graxos saturados (AGS), com predominância de ácidos graxos de cadeia longa, como o palmítico (C16:0) e o esteárico (C18:0). Dentre os ácidos graxos saturados de cadeia curta e média (C6-C14), o ácido graxo merístico (C14:0) é encontrado em maior concentração. Os ácidos graxos insaturados representam, aproximadamente, 36% da gordura do leite, predominando o ácido oléico, seguido do linoléico e do palmitoléico. As concentrações de ácidos graxos saturados e insaturados variam durante o período de lactação ( Melício, 2004). O leite de búfala apresenta grandes micelas de caseína, proporcionando rápida coagulação no processamento, com retenção menor de água e, consequentemente, produtos de textura firme. Além disso, a hidrólise de proteínas e de lipídios durante a maturação dos seus derivados é mais lenta. Os glóbulos de gordura do leite de búfala são maiores que os do leite bovino, com maior densidade e temperatura de fusão mais elevada 32º C - 43,5º C (GANGULI, 1979). A concentração de colesterol é menor do que a encontrada no leite de vaca (275 mg versus 330 mg por 100 g de gordura) (DE FRANCIS E DI PALO, 1994). A porção protéica do leite bubalino é constituída por 77% - 79% de caseína e 21% - 23 % de soroproteínas. Na análise de aminoácidos, o leite de búfalas apresenta 25,5% de aminoácidos essenciais a mais do que o leite de vaca, destacando-se a lisina (10,30 versus 8,22) e leucina (12,61 versus. 8,84) (VERRUMA e SALGADO, 1994). O valor nutricional e a digestibilidade protéica do leite e dos produtos derivados do leite de búfala e de vaca são semelhantes. O PER (razão de eficiência protéica) para a proteína do leite de búfala é de 2,74, e o do leite de vaca 2,49, enquanto os valores para a absorção de gordura para os leites de búfala e de vaca são respectivamente 78,4 e 74,6 (KANAWJIA e SINGH, 1993). Este leite apresenta grandes micelas de caseína, proporcionando rápida coagulação no processamento, com menor retenção de água e, consequentemente, produtos de textura mais firme. Os aspectos nutricionais e imunológicos do leite de búfala, em razão da presença de quantidades de compostos bio-

67


fazer melhor

ativos, tais como as imunoglobulinas, lisozimas, lactoferrina, lactoperoxidase, têm sido pesquisados e as quantidades são maiores do que aquelas presentes no leite de vaca. O teor de ácido linoléico conjugado (CLA), no leite de bubalinos, ainda é pouco conhecido e estudado. Fedele at al (2001), estudando rebanhos italianos em diferentes sistemas de produção encontraram valores médios de CLA entre 0,39% a 0,63%. Valores superiores foram encontrados por Matos (2007), com médias oscilando entre 0,7% a 1,68%. A lactoferrina está presente no leite de búfala em quantidades médias de 32 mg/100 ml, contra 15 mg/100 ml no leite de vaca conferindo-lhe maior atividade antibacteriana (MESQUITA, et al, 2001). As imunoglobulinas atuam principalmente neutralizando toxinas e vírus, além de prevenir o contato das células epiteliais com microrganismos patogênicos endógenos, impedindo as infecções (KANAWJIA e SINGH, 1993). Em razão desses efeitos bioativos presentes no leite de búfala tem - se sugerido que essa informação seja incluída nas embalagens dos produtos como forma de realçar os seus atributos nutricionais e funcionais (KORHONEN e PIHLANTO, 2004). Na região Norte, a atividade leiteira bubalina é de grande importância, pois estima-se que 50% da produção nacional provêm desta região, com destaque para o Estado do Pará. No entanto, é na Ilha do Marajó, onde estão localizados os maiores rebanhos de búfalos e a maior produção leiteira

bubalina do país. Na Ilha de Marajó, a atividade leiteira é uma alternativa relevante como fator de elevação da renda para parcela considerável de pequenos e médios produtores rurais, contribuindo para a sua fixação na região (BERNARDES, 2007). Estudo conduzido por Simões e Ferreira (2012 - dados não publicados), avaliou a composição do leite de búfalas

68


em três municípios da costa leste da Ilha do Marajó, onde se localizam os municípios de Cachoeira do Arari, Salvaterra e Soure (Tabela 2). Os valores médios dos constituintes do leite de búfala, encontrados em estudos realizados no Brasil e em outros países, estão indicados na Tabela 2. Fatores físicos e geográficos, dentre outros, dificultam a produção leiteira desta região, pois, em geral, as fazendas estão distantes dos centros consumidores e fora dos circuitos de coleta (BARBOSA, 2005). Diante destes entraves, a produção de derivados de leite de búfala constitui praticamente o único meio de escoamento da produção leiteira (PINHEIRO et al, 2011). Dessa forma, os queijos artesanais do Marajó representam uma forma de aproveitamento da produção leiteira das búfalas criadas nas pequenas propriedades rurais da região, sendo os principais, os queijos tipo Creme, com maior produção em Salvaterra e Soure, e o tipo Manteiga predominantemente produzido no município de Cachoeira do Arari. O fluxograma do processamento dos queijos do Marajó é indicado na Figura 5. CONCLUSÃO Os queijos artesanais produzidos com leite de búfala, além do apelo nutricional diferenciado, resultam de uma tradição centenária, transmitida por várias gerações. Essa

atividade gera renda permitindo a subsistência de milhares de habitantes dos campos alagados do Marajó. Apesar da grande importância e aceitação na Ilha e em todo o Estado do Pará, o queijo do Marajó ainda é comercializado na informalidade, uma vez que a maior parte das queijarias não se encontra cadastrada no órgão de fiscalização estadual - Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará – ADEPARÁ. Além disso, não existe um Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade (RTIQ) para esses queijos. O RTIQ é uma necessidade e define as características dos produtos, os requisitos mínimos de qualidade, para o consumo humano e para sua comercialização. Portanto, estudos que definam as principais etapas de processamento dos queijos Manteiga e Creme e estabeleçam os pontos críticos de fabricação aliados à implementação das boas práticas agrícolas e de fabricação podem constituir as bases para a adequação das unidades produtoras e uniformização da produção e sua comercialização. Seguindo-se essas etapas, a colocação no mercado de produtos de qualidade pode ser estimulado pelo estabelecimento de selos de qualidade que além de diferenciar agregam valor ao produto. O estímulo à manutenção dos produtos artesanais é uma tendência em todo o mundo, e o Brasil está aliado à essa tendência constatando-se atualmente uma preocupação com o tombamento e registro de vários produtos e processos de fabricação tradicionais. Estamos portanto, no caminho certo e com certeza o apoio e estímulo à produção artesanal dos queijos do Marajó, feitos com o leite de búfala, contribuirá para a manutenção do produtor no seu município, disponibilizando um produto de qualidade e a comercialização legal de um produto de grande aceitação não só no local onde é produzido , mas em todo o país o que poderá constituir um importante passo para a economia do estado e da região. AGRADECIMENTOS Os Autores agradecem a SAGRI, ADEPARA, UEPA- Campus Salvaterra e produtores dos queijos do Marajó, dos municípios de Cachoeira do Arari, Salvaterra e Soure, pela contribuição na realização deste estudo. A autora principal é bolsista de CAPES (Capacitação de Pessoal de Ensino Superior)

69


fazer melhor

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANGULO, R. A.; NOGUERA, R. R.; BERDUGO, J. A. El búfalo de água (Bubalus bubalis) un eficiente utilizador de nutrientes: aspectos sobre fermentación y digestión ruminal Livestock Research for Rural Development, Medellín, Colombia, v.17, n.6, 2005. AMARAL, F. R.; ESCRIVÃO, S. C. Aspectos relacionados ao leite de búfala. Revista Brasileira Reprodução Animal, v. 29, p.111-117, 2005. BARBOSA, N. G. S. Bubalinocultura no Estado do Pará. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 29, p. 34-38, 2005. BERNARDES, O. Bubalinocultura no Brasil: situação e importância econômica. Revista Brasileira de Reprodução Animal, Belo Horizonte, v. 31, n. 3, p. 292-298, 2007. DE FRANCISCIS, G.; DI PALO, R. Buffalo milk production. In: World Buffalo Congress, 4, 1994, São Paulo, SP.Proceedings ... São Paulo: Associação Brasileira de Criadores de Búfalos. p.137-145, 1994. DUARTE, J.M.C. Efeitos ambientais sobre a produção no dia do controle e características físico-químicas do leite em um rebanho bubalino no estado de São Paulo. EMBRAPA - EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. 1o Workshop de Leite de Búfala. Rio Grande do Sul, 2011. FEDELE, E.; IANNIBELLI, L.; MARZILLO, G. et al. Conjugated linoleic acid content in milk and mozzarella cheese from búfalo fed with organic and traditional diet. In: WORLD BUFFALO CONGRESS, 6. Maracaibo, p. 404-409, 2001. FONSECA, L. F. L.; SNATOS; M. V.; PEREIRA, C. C. Qualidade higiênica do Leite: efeito sobre a qualidade dos produtos lácteos e estratégias de controle. In: VILELA et al.(ED).Sustentabilidade da pecuária de leite no Brasil: qualidade e segurança alimentar. Goiânia: CNPq, Serrana Nutrição animal. Juiz de fora: Embrapa Gado de Leite, p.141-161, 2001. GANGULI, N. C. Tecnología de la leche de búfala. Revista Mundo da Zootecnia, v.30, p.2-10, 1979. INTERNATIONAL DAIRY FEDERATION - IDF. Statistics: the world dairy situation 2002. Bulletin of the Institute of Dairy Federation , n. 451, p. 46 - 47, 2011. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Pesquisa da Pecuária Municipal – Pesquisa da Pecuária Municipal, 2010. IMRAN, M.; KHAN, H.; HASSAN, S.S.; KHAN, R. Physicochemical

70

characteristics of various milk samples available in Pakistan. J Zhejiang Univ Sci B. July; 9(7): 546–551, 2008. KANAWJIA, S.K. AND SINGH, S. Effect of setting time of milk on biochemical and sensory characteristics of buffalo milk Cheddar cheese. Japanese J. Dairy & Food Sci. 42: A13-19, 1993. KORHONEN, H, PIHLANTO-LEPPÄLÄ. A. Milk-derived bioactive peptides: formation and prospects for health promotion. In: Shortt, C, O´Brien, J, editors. Handbook of functional dairy products. Boca Raton, CRC: 109-24, 2004. MATOS, B. C. Aspectos qualitativos do leite bubalino. PUBVET, v. 1, n. 9, Ed. 9, Art. 166, 2007. MELÍCIO, S.P.L. Avaliação das características físico-químicas e composição em ácidos graxos e colesterol do leite de búfalas na região´de São Carlos, SP. Dissertação (Mestrado) Universidade Estadual Paulista. Julho de 2004. MESQUITA, A. J.; TANEZINI C.A.; FONTES M. I.; PONTES, I. S.; ROCHA, J. M.; PINHEIRO, C. P.; BOMJARDIM, H. A.; ANDRADE, S. J. T.; FAIAL, K. C. F.; OLIVEIRA C. M. C.; BARBOSA, J. D. Níveis de fósforo, cobre, cobalto e zinco em bubalinos (Bubalus bubalis) na Ilha de Marajó, Estado do Pará. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 31(3), p.193-198, 2011. NEPA - UNICAMP.- Tabela brasileira de composição de alimentos / Versão II. 2. ed. Campinas, SP: NEPA-UNICAMP, 113p, 2006. POLO, E. Produção de leite de búfalas cresce para atender indústrias. Diário do Comércio e Indústria. São Paulo/SP, 2008. Disponível em: http://www.zoonews.com.br/noticiax.php?idnoticia=145602 SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Resolução SAA nº 24 de 01 de agosto. 1994: Dispõe sobre as normas técnicas de produção e classificação dos produtos de origem animal e as relativas às atividades de fiscalização e inspeção dos produtos de origem animal. Cap.7, Artigo 134. [1994] Disponível em <http:/ cda. sp.gov.br / legislacao/>. VERRUMA, M. R.; SALGADO, J. M. Análise química do leite de búfala em comparação ao leite de vaca. Scientia Agrícola, v.51, p.131-137, 1994. VIEIRA, L. C.; LOURENÇO JÚNIOR, J. B.; ALVES, O. S.; MONTEIRO, E. M. M.; SANTOS, N. F. A. Produção de requeijão marajoara de leite de búfala. Anais do ZOOTEC, p. 24 -27, 2005.


71


72


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.