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SEGURANÇA
A QUEM COMPETE GARANTIR A SEGURANÇA NO PAGAMENTO DIGITAL?
Acomodidade para realizar pagamentos é parte inegociável no incentivo à compra virtual. E aprimorar esse processo tem sido grande parte do foco das instituições financeiras. Contudo, ao falarmos sobre experiência, a segurança da transação ainda é um pilar fundamental.
O e-commerce, no entanto, não é o único responsável pela mitigação de riscos nesse contexto. A segurança do pagamento digital deve considerar ao menos duas esferas: os sistemas e o comportamento do usuário. Ambos precisam evoluir de maneira consistente para a construção e a manutenção da cibersegurança.
Considerando o crescente cenário da adesão ao Pix, vamos utilizá-lo como exemplo: ele foi desenvolvido pelo Banco Central em parceria com diversos agentes financeiros, dando origem a uma base de extrema confiabilidade. Apesar do destaque dado pela mídia para intercorrências, dados do Bacen apontam suspeita de fraude em apenas 0,001% de transações via Pix.
Além disso, há velocidade no mapeamento de riscos com rápida resposta do sistema, o que colabora para reforçar sua credibilidade mesmo diante da criatividade dos fraudadores. Somam-se ainda novas regras, como limitação de horários e valores da transação, e ferramentas, como o mecanismo especial de devolução, que se assemelha ao recurso de chargeback no cartão de crédito.
Fraudadores sempre buscam oportunidade e, enquanto o mercado aprende quais as vantagens de um novo meio de pagamento, eles também encontram formas de se aproveitar disso. O diferencial está na capacidade de detectar e corrigir os gaps. E, nesse aspecto, o Brasil mostra fazer a lição de casa.
O próximo ente dessa lista de responsáveis são as próprias instituições financeiras, que precisam acompanhar movimentações
MARIANA RONCARI
Analista de Marketing e Comunicação na Yapay
suspeitas de uma conta. Dessa forma, se o usuário realiza uma operação com origem no Maranhão, não poderia, dentro de uma hora, realizar uma transação em São Paulo. Cabe ao agente financeiro reagir ao comportamento suspeito e mitigar riscos.
Agora voltemos os olhares para alguns usuários do sistema. Primeiro o lojista, que deve monitorar cada pagamento minuciosamente. Comparar endereço de cadastro e entrega, validar hábito de compra com o padrão do usuário, ou mesmo com o de outros clientes (um pedido de valor fora da curva pode ser um indício de fraude) são algumas das ações que visam a ampliar essa proteção.
Para reduzir custos operacionais e descomplicar as análises, que demandam cruzamento de dados de diferentes bases de armazenamento, há a figura da ferramenta antifraude, que pode estar acoplada ao intermediador de pagamentos. Aqui, além de ser responsável pela transação de valores, soma-se um reforço de conferência automática dos dados, via inteligência artificial, e a análise manual, feita por equipe especializada em risco. É o intermediador também o responsável por criptografar todos os dados da transação, obedecendo a normas elencadas pela LGPD, levando mais proteção ao vendedor e ao comprador.
Por último, pensemos no usuário final, que realiza o pagamento e é o elo mais frágil dessa corrente, sendo a principal motivação para evoluirmos as ferramentas e os mecanismos citados. É aqui que o comportamento ganha mais peso e potencial para driblar os avançados sistemas de segurança, com esquemas de engenharia social que confundem e ludibriam o cliente.
Aqui, demanda-se extrema prevenção ao risco: hoje, aplicativos do banco instalados no dispositivo móvel, ainda que práticos, trazem os riscos de andar com um caixa eletrônico nos bolsos. Além disso, toda a operação financeira pode parar fisicamente nas mãos de terceiros no caso de perda ou roubo do aparelho, dificultando barrar os acessos do usuário.
Mas como garantir a cooperação desse usuário, ampliando a proteção para compras em ambientes virtuais? Todo o ecossistema responsável pelo pagamento deve atuar em sinergia. O trabalho de conscientização sobre cuidados com biometria e múltiplos fatores de autenticação é salutar e, além de estar em portais de notícias e informes das instituições financeiras, pode ser potencializado se estiver presente também em sua comunicação direta. Que tal alertar sobre as boas práticas em seus canais, como newsletter, blog, redes sociais e e-mail marketing? Quanto mais seu cliente souber sobre segurança, mais seguro se tornará o mercado de pagamentos digitais.
Mariana Roncari é comunicóloga há 15 anos, formada em Jornalismo e pós-graduada em Assessoria de Comunicação, colaborando com mais de 100 marcas ao longo de sua trajetória em segmentos privados e do terceiro setor. É especialista em Marketing e Comunicação Digital pela ECA-USP e atua como analista de Marketing e Comunicação na Yapay, plataforma de pagamentos do grupo Locaweb.