Economia & Mercado Fevereiro 2021

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COMÉRCIO IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES EM QUEDA VERTIGINOSA TRADE IMPORTS AND EXPORTS PLUMMETING LUANDA O DESGOVERNO DO LIXO LUANDA WASTE MISMANAGEMENT

SECTOR EMPRESARIAL PÚBLICO CONTINUA A ENGORDAR

PRIVATIZAÇÕES VERSUS RECUPERAÇÃO DE ACTIVOS

THE PUBLIC BUSINESS SECTOR CONTINUES TO GAIN WEIGHT PRIVATIZATION VERSUS ASSET RECOVERY FEVEREIRO FEBRUARY 2021 • ANO YEAR 22 • NO 197

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SUMÁRIO

contents www.economiaemercado.co.ao

06 OBSERVAÇÃO SNAPSHOT Uganda Uganda À beira de uma crise política, social e económica On the brink of a political, social and economic crisis

08 RADAR RADAR Notícias Economia, Sociedade News Finance, Economy, Society

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MACRO MACRO

Covid-19 fez disparar pirataria e insegurança cibernética The Covid-19 pandemic triggered piracy and cyber insecurity

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NAÇÃO OUR NATION

Privatizações Privatization PROPRIV aos solavancos contrasta com ‘aceleração’ das nacionalizações As PROPRIV, bumping along, contrasts with the ‘acceleration’ of the nationalization process 22 O desafio de emagrecer o sector empresarial público The challenge to make public business sector slim 26 Optimismo e “pé no acelerador” em 2021 Optimism and “pressure on the accelerator pedal” in 2021

32 PROVÍNCIA IN-COUNTRY Luanda O desgoverno do lixo Waste Mismanagement

36 MERCADO E FINANÇAS FINANCE & MARKETS Comércio Trading Importações e exportações em queda vertiginosa Imports and exports plummeting

40 EMPRESAS ENTERPRISE Telecomunicações Telecommunications Multitel aposta em soluções integradas de tecnologias de informação Multitel focuses on information technology integrated solution

42 MEGAFONE MEGAPHONE Marketing O que está a acontecer no mundo das marcas em Angola e lá fora What’s happening in the world of brands in Angola and abroad February 2021 Fevereiro 2021 | www.economiaemercado.co.ao

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55 ÓCIO LIFE & LEISURE

55 Agenda Buzz,Cinema & Cultura Movies and culture 56 Evan Claver exibe “Folk Tales” no Camões Evan Claver exhibits “Folk Tales” at Camões 57 Prepare o seu cocktail comece com Tanqueray 10 Prepare your cocktail kick it with Tanqueray 10 58 Vinhos e Adegas Wines and Wineries Vinhos para celebrar o amor Wines to celebrate love

44 FIGURA DO MÊS FEATURING Daniela Martins Directora comercial da DHL Angola Commercial Director at DHL Angola “A DHL foi impactada positivamente pela pandemia” “DHL has been positively impacted by the pandemic”

46 SOCIEDADE SOCIETY Transporte Colectivo Public Transportation Serviços de táxi em contexto de pandemia Taxi services within the pandemic context

50 LÁ FORA SCOPE

África Africa Como a pandemia acelerou a inovação na educação e a transição digital How the pandemic accelerated innovation in education and digital transition

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EDITORIAL

editorial

EQUILÍBRIO ENTRE A NACIONALIZAÇÃO E A PRIVATIZAÇÃO BALANCE BETWEEN NATIONALIZATION AND PRIVATIZATION

FEVEREIRO FEBRUARY 2021 • Nº 197 propriedade publisher Edicenter Publicações, Lda director geral director-general Nuno Fernandes

directora editorial editorial director Ana Filipa Amaro direcção manager Sebastião Vemba conselho editorial editorial board Laurinda

Hoygaard; Justino Pinto de Andrade; José Matos; Fernando Pacheco; José Severino redacção editorial staff António Nogueira - antonio. nogueira@ edicenter-angola.com; Cláudio Gomes - claudio.gomes@edicenter-angola.com; José Zangui - jose.zangui@ edicenter-angola. com; Susana Gonçalves - susana.goncalves@ edicenter-angola.com colaboradores collaborators Deslandes Monteiro; José Gualberto de Matos; Justino Pinto de Andrade; Rui Trindade; Wilson Chimoco revisão de textos proofreading Manuel António tradução translation Ludmila Böse fotografia photography Vasco Célio (Editor); Carlos Aguiar - carlosdaguiar. edicenter@gmail.com; Isidoro Felismina isidorosuka@gmail.com design Inês Maia paginação pagination Danilson Cordeiro; Inês Maia capa cover Miguel Ramos publicidade advertising Sheila Godinho sheila.godinho@edicenter-angola. com secretariado serviços administrativos administrative services Aida Chimene redacção editorial staff Condomínio Boulevard, Via AL-16, Casa A02, Talatona, Luanda - Angola Tel.: (244) 925 117 849, geral@ edicenter-angola. com administração e

publicidade administration and advertising Condomínio Boulevard, Via

AL-16, Casa A02, Talatona, Luanda - Angola Tel. (244) 925 117 849, geral@ edicenter-angola.com registo license Nº 249/B/99

Nos últimos três anos, o trabalho feito pelos órgãos de Justiça em Angola, no âmbito das acções de combate à corrupção, permitiram a confirmação das suspeitas de uma cleptocracia que, ao mesmo tempo que abocanhou os recursos públicos, consumidos em projectos megalómanos e com foco na exportação de capitais para o exterior do país – contrariando o tal discurso da diversificação da economia, incentivo à produção nacional e criação de postos de trabalho –, enfraqueceu, de sobremaneira, os pilares da economia de mercado. Assistiu-se, assim, ao surgimento de pseudo-empresários, com forte influência política, cuja actividade se traduzia na retenção das oportunidades de negócio dentro de um grupo restrito de beneficiários. Em consequência, e embora tenham surgido várias iniciativas empresariais com forte impacto social, mormente ao nível da criação de postos de trabalho – um factor crucial para o combate à pobreza e para a manutenção da paz social por via da redistribuição dos rendimentos –, os dados que vêm a público revelam a existência de algumas “lavandarias”, alimentadas com base no nepotismo e desvio desmedido de recursos públicos. Actualmente, desconhece-se o valor exacto recuperado pelo Estado angolano no âmbito do seu programa de combate à corrupção, que em certos aspectos se confunde com uma tentativa forçada de afirmação do poder político, na medida em que as consequências económicas e financeiras da nacionalização de projectos/empresas têm sido catastróficas e colidem com o actual Programa de Privatizações (PROPRIV – 2019-2022), executado apenas em 25%, apesar de estar a dois anos do seu termo, e que visa a promoção da estabilidade macroeconómica, o aumento da produtividade nacional e o alcance de uma distribuição mais equitativa do rendimento nacional, que exige a urgente redução da participação do Estado na economia como produtor directo de bens e serviços. Entre a ambição de nacionalizar e o desafio de privatizar activos e empresas que lhe representem sobrecarga financeira, ao Governo exige-se equilíbrio. Primeiro, para não engordar ainda mais a sua estrutura empresarial com activos tóxicos e projectos insustentáveis; segundo, para não atrair para esse grupo empresas que demonstrem capacidade de auto-sustentabilidade. E isso porque, infelizmente, não faltam exemplos de má gestão do Estado. n Over the last three years, the work of the justice agencies in Angola, within the scope of the actions

to combat corruption, has made it possible to confirm the suspicions of a kleptocracy that, while grabbing public resources, consumed in giant projects and focused on exporting capital abroad (contrary to the discourse on economy diversification, encouraging national production and creating jobs), has greatly weakened the pillars of the market-oriented economy. Thus, we have witnessed the emergence of pseudo-entrepreneurs with a strong political influence, whose activity resulted in the retention of business opportunities within a restricted group of beneficiaries. As a result, and although several business initiatives with a strong social impact have emerged, especially on the job creation side - a crucial factor to fight poverty and maintain social peace through income redistribution - the data now becoming public reveal the existence of some “laundries”, fuelled by nepotism and the excessive embezzlement of public funds. The exact figure recovered by the Angolan State, under its anti-corruption program, is currently unknown; in some aspects it is confused with a forced attempt of political power affirmation, as the economic and financial consequences of nationalization of projects/companies have been catastrophic and clash with the current Privatization Program (PROPRIV - 2019-2022), with only 25% of execution, after two years, and aimed at promoting macroeconomic stability, increasing national productivity and achieving a more equitable distribution of the national income. It does require an urgent reduction of the State’s participation in the economy, as a direct producer of goods and services. Between the ambition to nationalize and the challenge to privatize assets and companies, which represent a financial burden for the Government, balance is required. Firstly, not to make its corporate structure fat with toxic assets and unsustainable projects; secondly, not to attract to that group companies that have demonstrated self-sustainability, because, unfortunately, there is no lack of examples of bad management practice by the State. n

sebastião vemba • director

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OBSERVAÇÃO

snapshot

JANEIRO 2021, ÁFRICA ORIENTAL, UGANDA JANUARY 2021, EASTERN AFRICA, UGANDA

À BEIRA DE UMA CRISE POLÍTICA, SOCIAL E ECONÓMICA ON THE BRINK OF A POLITICAL, SOCIAL AND ECONOMIC CRISIS TEXTO TEXT REDACÇÃO

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Em Kampala, capital do Uganda, e nas demais províncias do país que se situa na região Oriental de África, durante as eleições presidenciais e legislativas, realizadas em Janeiro último, assistiu-se ao alastrar da ravina que pode ameaçar a paz e tranquilidade públicas, para além de desestabilizar a economia. Dos 45 milhões de habitantes, mais de 17 milhões de eleitores foram às urnas. No final, e apesar de altos índices de contestação pública e de vários episódios de intolerância política e agressão física a familiares e apoiantes do seu opositor, o veterano Yoweri Museveni foi reeleito com quase 59% dos votos, contra 35% de Bobi Wine (nome artístico de Robert Kyagulanyi Ssentamu), segundo a Comissão Eleitoral local. No período anterior à votação, o país viveu momentos de elevada tensão e violência, sendo que as comunicações foram interrompidas, o que, para a oposição, serviu de artimanha para actos fraudulentos, que permitem perpetuar o domínio do Uganda por Museveni, de 76 anos, no poder desde 1986, assumindo, assim, o seu sexto mandato consecutivo, apesar de demonstrar, nos últimos anos, ser incapaz de levar o país para um porto seguro. n During the presidential and legislative elections, held last January in Kampala, the capital city of Uganda, as well as in the other provinces of the country, located in the Eastern African region, it has been witnessed the spread of a “ravine” type that can pose a threat to the public peace and tranquility, in addition to destabilizing the country’s economy. More than 17 million voters out of 45 million people cast their ballots. In the end, and despite high levels of public protest and several cases of political intolerance and physical aggression against relatives and supporters of his opponent, the veteran Yoweri Museveni was re-elected with almost 59% of the votes, as opposed to 35% for Bobi Wine (the stage name of Robert Kyagulanyi Ssentamu), according to the local Electoral Commission. Prior to the voting period, the country experienced moments of high tension and violence, during which communications were disrupted. The opposition stated it was a trick for fraudulent acts allowing the 76-year-old Museveni to remain in power and, therefore, begin his sixth consecutive term since 1986, although, in recent years, he has proved to be incapable of running the country successfully. n

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RADAR

radar

ECONOMIA ECONOMY

Investimento. Um total de 309 propostas de investimento, avaliadas em 2,9 mil milhões de dólares, foi registado pela Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX), no ano passado. O sector do Comércio destaca-se com 74 propostas, estimadas em 143 milhões de dólares. A AIPEX calcula que, no período em análise, os investimentos terão criado mais de 19 mil postos de trabalho. Investment. A total of 309 investment proposals, estimated at US$2.9 billion, were registered by the Private Investment and Export Promotion Agency (AIPEX) last year. The trade sector stands out with 74, estimated at US$143 million. The AIPEX estimates that, in the period under review, investments will have created over 19,000 jobs.

Transportes. O Porto de Luanda e a Dubai Ports World (DP World), empresa vocacionada para o fornecimento de soluções logísticas, assinaram um contrato de concessão de exploração do Terminal Multiusos do Porto de Luanda por um período de 20 anos. A cerimónia decorreu no seguimento de um concurso internacional que contou com

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cinco candidatos. Com base no acordo, a DP World vai investir 190 milhões dólares em várias áreas, ao longo do período de vigência do contrato. Angola deverá receber, no âmbito do acordo, um valor na ordem de 1.000 milhões de dólares, dos quais 150 milhões já foram pagos. Transport. The port of Luanda and Dubai Ports World (DP World), a company providing logistics solutions, entered into a 20-year concession contract to operate the Multipurpose Terminal at the port of Luanda. The ceremony followed an international bidding process with five candidates. Pursuant to the contract, DP World will invest US$190 million in several areas over the contract period. Angola is due to receive, under the contract scope, an amount of around US$1 billion, of which US$150 million has already been paid out.

Indústria. A empresa turca Raff Military Textile, que se dedica à produção de equipamentos para as forças de defesa e segurança, pretende instalar-se em Angola para dar resposta às necessidades locais e regionais em matérias de equipamento militar de alto padrão. A iniciativa resulta da parceira com a angolana Alaide Têxtil, feita através da Câmara de comercio Angola-Turquia. Industry. The Turkish company Raff Military Textile, which produces equipment for the defence and security forces, plans to set up itself in Angola to address local and regional needs of high standard military equipment. The initiative is the result of a partnership with Angolan company Allayed Têxtil, made through the Chamber of Commerce Angola-Turkey.

Obras públicas. O Presidente da República, João Lourenço, autorizou uma verba de mais de 1,3 mil milhões de kwanzas para a contenção e estabilização de uma ravina no Sul da Centralidade do Zango 5, município de Viana. No despacho, o também Chefe de Estado confirma um Contrato de Fiscalização de Obras Públicas para o mesmo fim, no valor de mais de 30 milhões de kwanzas. Public Works. The President of the Republic, João Lourenço, approved a sum of over 1.3 billion kwanzas for the containment and stabilization of a ravine in the South side of Zango 5, municipality of Viana. In the same Order, the Head of the validated State also authenticated a Contract for Public Works Supervision for the same purpose, worth more than 30 million kwanzas. Informalidade. O Programa de Reconversão da Economia Informal (PREI) registou, na primeira semana de Fevereiro, sessenta novos pedidos de créditos de micro e pequenos empreendedores, num valor total de 67 milhões de kwanzas. Segundo o Ministério da Economia e Planeamento (MEP), desde a operacionalização da linha de financiamento, no âmbito das Medidas de Alívio Económico, foram registados 1.648 pedidos, num valor aproximado de Akz 3,9 mil milhões. Informality. The Informal Economy Conversion Program (PREI) registered, in the first week of February, sixty new applications for loans from entrepreneurs of micro and small enterprises, totaling 67 million Kwanzas. According to the Ministry of Economy and Planning (MEP), since the funding line became operational, within the scope of the Economic Relief Measures, 1,648 application were received, worth approximately Akz 3.9 billion.

SOCIEDADE SOCIETY Ensino. Onze meses depois da suspensão das aulas, devido ao surgimento dos primeiros casos

de Covid-19 em Angola, os alunos do ensino primário retomaram as aulas, agora em Fevereiro. Assim, o ensino presencial no país retoma a 100%, depois de já terem sido autorizadas aulas noutros níveis de ensino. No ano lectivo 2020/2021, cujo término está marcado para Julho próximo, mais de seis milhões de alunos fazem parte do ensino primário, 3.120.000 dos quais pela primeira vez. Teaching. Eleven months after the suspension of the classes, due to the emergence of the first cases of Covid-19 in Angola, primary school students resumed classes in February. Thus, the face-to-face teaching in the country resumes 100%, after classes of other levels of education have already been authorized. In the academic year 2020/2021, scheduled to end next July, more than six million students are part of the primary education, 3,120,000 of which are part of this group for the first time. Crime. O Serviço de Investigação Criminal (SIC) em Benguela deteve, recentemente, o director dos serviços municipais do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), Rene Baptista dos Anjos, por suposto envolvimento em crimes de burla e falsificação de documentos. O acusado está arrolado no processo de uma associação criminosa que desfalcou os cofres do Estado em mais de 14 milhões de kwanzas desde 2019, valor que serviria para pagamentos de pensões de reformas a efectivos do Ministério da Educação. Crime. The Criminal Investigation Service (SIC) in Benguela, recently, detained Rene Baptista dos Anjos, Director for the municipal services of the National Institute of Social Security (INSS), for alleged role in crimes of fraud and forgery of documents. The defendant is involved in a process of criminal association that has embezzled more than 14 million kwanzas from the State’s Treasury since 2019. This amount would be used to pay retirement pensions to the Ministry of Education staff.

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CONTRAPONTO

counterpoint

ECONOMIA DO LIXO WASTE MANAGEMENT

SEBASTIÃO VEMBA • JORNALISTA JOURNALIST

A cidade de Luanda está, desde finais de Dezembro do ano pas-

sado, soterrada por amontoados de lixo, uma situação que se torna mais grave à medida que nos afastamos do casco urbano. Pode-se dizer, literalmente, que a cidade está “lixada”, ou sempre esteve, porque, afinal, o défice de saneamento básico na província é antigo, de tal modo que, em alguns grupos sociais, parece cultural a falta de preocupação e de tratamento adequado dos resíduos sólidos. A convivência das pessoas com o lixo parece tão harmoniosa que não precisamos de muito para perceber a razão da precariedade da saúde pública, à parte da debilidade de infra-estruturas e carência de técnicos no sector da Saúde. Por um lado, sente-se que falta da parte dos citadinos mais colaboração, por outro, há ausência de acções de sensibilização e educação dos utentes, integradas, obviamente, em programas de gestão de resíduos sólidos economicamente viáveis, porque, afinal, lixo também é dinheiro. E é tão rentável ao ponto de, para o caso de Luanda, as operadoras de saneamento básico, ao longo dos últimos anos, terem feito contratos indexados ao dólar norte-americano, num valor mensal avaliado em oito mil milhões de dólares. Mas, antes mesmo de pensarmos no negócio milionário das operadoras – que merecerá um artigo à parte neste espaço –, destaquemos as pequenas iniciativas de reciclagem que atraem famílias pobres e marginalizadas (incluindo menores de idade), que convivem com o lixo, mesmo em situação de crise sanitária, sem a mínima protecção contra doenças. Na actual situação de desgoverno do lixo que Luanda vive, este grupo de pessoas pode desempenhar um papel mais activo no saneamento da cidade, desde que se lhes dê o devido apoio, formação e protecção, organizando-as em, por exemplo, pequenas cooperativas distritais. Atendendo à dificuldade de acesso aos bairros em zonas suburbanas, se equipadas com meios mais modestos, como as famosas kupatatas, as cooperativas encarregar-se-iam de fazer a ligação entre o interior dos bairros e as avenidas principais, onde actuam as grandes operadoras, evitando, assim, o surgimento de lixeiras à beira de residências, cenário que resulta da falta de depósitos de lixo, longa distância entre os depósitos e as residências ou ainda a demora na recolha do lixo. n

The city of Luanda is buried by piles of waste since the end of December last year. This situation gets worse as one moves away from the center of the city. It can literally be said that the city is “intoxicated”, or it has always been, because the province’s deficit in terms of basic sanitation services is so old that the lack of concern and mishandling of solid waste seem to be cultural among some social groups. People’s coexistence with waste seems to be so harmonious that we do not need so much to understand why the public health is precarious, in addition to the poor infrastructures and lack of professionals in the health sector. On the one hand, more collaboration is needed from citizens. On the other hand, there are not public (users) awareness and educational campaigns, integrated into programs of solid waste management deemed economically feasible - waste is also money, at the end of the day. And it is so profitable that, in Luanda alone, companies operating basic sanitation services, over the last years, entered into US dollar indexed contracts, with a monthly value of 8 billion dollars. But before we think about these companies’ milliondollar business - which will be discussed in a separate article – it is worth highlighting here the small waste recycling initiatives that attract poor and marginalized families (including minors) who cohabit with waste, even in a situation of health crisis, without any protection against diseases. Due to the current poor management of waste in Luanda, this group of people can play a more active role in the city sanitation work, providing they are given adequate support, training and protection, while also organising them, for instance, into small scale cooperatives across the districts. Considering the difficult access to neighbourhoods in suburban zones, these cooperatives would be responsible for establishing a bridge between the inner part of the neighbourhoods and the main avenues where the major companies operate, providing they are equipped with basic means, such as the famous kupapatas; it would then prevent waste getting piled up and scattered nearby residences, a scenario that results from the lack of waste containers, long distance between containers and residences or delay in the waste collection. n

HÁ AUSÊNCIA DE ACÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO E EDUCAÇÃO DOS UTENTES, INTEGRADAS, OBVIAMENTE, EM PROGRAMAS DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ECONOMICAMENTE VIÁVEIS. There are not public (users) awareness and educational campaigns, integrated into solid waste management programs deemed economically feasible.

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MACRO

macro At the peak of the pandemic, April last year, the United Nations (UN) stated that only 66% of the countries protect their citizens’ data and privacy, despite an increase in the number of laws passed on this subject, between 2015 and 2020. In least developed countries, according to the UN Conference on Trade and Development (UNCTAD) data, only 43% of Member States protect their citizens. Although it has a lower rate of Internet penetration, compared to the other regions of the world, Africa is one of the most vulnerable continents to cyber-crime. According to an Interpol report presented last year, African nations lost 3.5 billion dollars in 2017 alone, with Nigeria at the top of the list (649 million dollars), followed by Kenya (210 million dollars) and South Africa (around 157 million dollars). Lack of data in Angola

COVID-19 FEZ DISPARAR PIRATARIA E INSEGURANÇA CIBERNÉTICA THE COVID-19 PANDEMIC TRIGGERED PIRACY AND CYBER INSECURITY

A Covid-19 impôs, em 2020, em todo o mundo, regras de confinamento para estancar as cadeias de contaminação e, em consequência disso, aumentou o consumo de produtos audiovisuais e o recurso a plataformas digitais, o que também fez disparar a pirataria e a insegurança cibernética. In 2020, around the world, the Covid-19 pandemic imposed confinement rules in order to stop contamination chains; consequently, it has increased the consumption of audiovisual products and the use of digital platforms, which triggered both piracy and cyber insecurity. TEXTO TEXT JOSÉ ZANGUI E SEBASTIÃO VEMBA FOTOGRAFIA PHOTO ISTOCKPHOTO E CARLOS AGUIAR

Ainda no pico da pandemia , em Abril do ano passado, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que apenas 66% dos países salvaguardam os dados e a privacidade dos seus cidadãos, apesar de um aumento do número de leis aprovadas nesta área entre 2015 e 2020. Nos países menos desenvolvi-

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dos, segundo dados da Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), somente 43% dos Estados-Membros protegem os seus cidadãos. Embora apresente um índice menor de penetração da internet, comparativamente a outras regiões do mundo, África é dos continentes mais vulneráveis

ao crime cibernético. De acordo com um relatório da Interpol, apresentado no ano passado, as nações africanas perderam, só em 2017, 3,5 mil milhões de dólares, com a Nigéria no topo da lista (649 milhões de USD), seguida pelo Quénia (210 milhões de USD) e pela África do Sul (cerca de 157 milhões de dólares).

In parallel with the increase in cyber insecurity, the world has also seen an increase in the piracy of audiovisual and digital content, due to the increase in domestic consumption and confinement imposed by the countries. In Angola, there is a lack of data in this area, although the Law for Protection of Computer Networks and Information Systems, which includes cyberterrorism, has been in place since 2017. In the subscription television sector, Hectiandro Mena, a specialist in cyberterrorism, indicates that there are more than 96,000 households using illegal decoders, which, financially speaking, represents a tax loss, for the State, of approximately 1.5 billion kwanzas per year. Additionally, according to the expert, piracy has a negative impact on the creative industry, depriving it from its livelihood and ability to become self-sustainable in order to contribute, like other sectors, to the national GDP.

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Carência de dados em Angola

Paralelamente ao aumento da insegurança cibernética, o mundo assistiu, também, ao crescimento de actos de pirataria de conteúdos audiovisuais e digitais, em função do incremento do consumo doméstico, devido ao confinamento decretado pelos países. Em Angola, há carência de dados nesta área, embora exista, desde 2017, a Lei de Protecção das Redes e Sistemas Informáticos que inclui o ciberterrorismo. Mas, no sector da televisão por assinatura, Hectiandro Mena, especialista em ciberterrorismo, avança uma estimativa de mais de 96 mil agregados familiares que usam descodificadores ilegais, o que, em termos financeiros, representa uma perda em impostos para o Estado de aproximadamente 1,5 mil milhões de kwanzas por ano. Ainda conforme o especialista, a pirataria tem impacto negativo na indústria criativa, roubando-lhe os meios de subsistência e a sua capacidade de se tornar auto-sustentável, contribuindo, como outros sectores, para o PIB nacional. Já o director de Desenvolvimento Tecnológico da CETIM, Hélder João, afirmou que a pirataria electrónica provoca perdas financeiras e diminui-

81%

81% DOS PAÍSES, EM TODO O MUNDO, TÊM UMA LEI SOBRE TRANSACÇÕES ELECTRÓNICAS. A EUROPA TEM A MAIOR PARTICIPAÇÃO, 98%, SEGUIDA PELAS AMÉRICAS, 91%. COM 61%, ÁFRICA É A REGIÃO COM A PROPORÇÃO MAIS BAIXA GLOBALLY, 81% OF THE COUNTRIES HAVE A LAW ON ELECTRONIC TRANSACTIONS. EUROPE HAS THE HIGHEST SHARE WITH 98%, FOLLOWED BY THE AMERICAS WITH 91%. AFRICA IS THE REGION WITH THE LOWEST PROPORTION, 61%

ção de vendas, para além de uma experiência insatisfatória, baixa segurança e fiabilidade para o consumidor final. “Ao falarmos de pirataria, não podemos apenas focar-nos nos roubos e nas invasões ou fraudes bancárias, temos de olhar também para o uso de softwares não licenciados, hackeados, cracreados e equipamentos tecnológicos, como telefones, computadores, televisores, de linhas brancas, ou seja, sem certificado de qualidade”, refere. Para este especialista, em Angola, uma boa parte das empresas usa softwares não licenciados, retirados da internet, de modo gratuito e sem segurança necessária. “Muitos destes softwares possuem vírus e ca-

The Director of the Technological Development of CETIM, Hélder João, said that electronic piracy causes financial losses and decreases sales volume, in addition to causing an unsatisfactory experience as well as low security and trust levels among end users. “When talking about piracy, we cannot just focus on thefts and bank intrusions or frauds; we also have to look at the use of unlicensed, hacked, ‘cracked’ software and technological equipment, such as phones, computers, televisions, and white lines, without a certificate of quality”, he said. According to this specialist, many companies in Angola use unlicensed software, taken from the Internet, free of

charge and without the necessary security safeguards. “Many of this software have hidden viruses and trojan horses, which, subsequently, end up creating vulnerabilities and instability in their digital infrastructure operation and putting at risk the companies’ information” he warned, while arguing that institutions must invest in security at all levels. In a time when financial institutions are promoting the use of Internet Banking, due to the restrictions imposed by the Covid-19 pandemic, sources contacted by E&M warn that data security must be strengthened and consumers must be educated, as some of them are not familiar with the digital tool notes and therefore are more likely to experience fraudulent acts. Cybersecurity specialists at CETIM reinforce the need for investment in data security, while also advising clients to follow other procedures, such as the regular change of their access codes to Internet Banking platforms and avoid the installation of programs from unreliable sources, since they may enable a hacker to take control of the computer without the customer realizing it. The commercial banks in Angola admit they have expe-

MÚSICA ENTRE OS SECTORES MAIS AFECTADOS Music among the most affected sectors O presidente da União Nacional dos Artistas e Compositores – Sociedade de Autores (UNAC-SA), José Manuel Moreno Fernandes, ‘Zeca Moreno’, afirmou que se registam, no país, muitos casos de pirataria na indústria cultural, sendo a classe musical a mais afectada. Zeca Moreno esclareceu que tal se deve ao facto de a música representar um segmento de consumo imediato e de fácil reprodução. O responsável defendeu a necessidade de protecção da propriedade intelectual, por constituir um valor imensurável. “O uso da obra alheia pressupõe autorização prévia, pois, sem essa autorização é violação e constitui roubo de um direito patrimonial”. O presidente da UNAC-SA entende que os artistas não são protegidos porque muitos deles não apresentam queixa.

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The President of the National Union of Artists and Composers – Society of Authors (UNAC-SA), José Manuel Moreno Fernandes, ‘Zeca Moreno’, said that there are, in the country, many cases of piracy in the cultural industry and that the music sector is the most affected one. He explained that this is due to the fact that music represents a segment of immediate consumption and easy reproduction. The officer defended the need for protection of the intellectual property, as it is of immeasurable value. “The use of someone else’s work requires prior authorization, as non-authorized use constitutes violation and theft of a property right”. The UNAC-SA President believes that artists are not protected because many of them do not file complaints.

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MACRO

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valos de tróia escondidos que posteriormente acabam por criar vulnerabilidades e instabilidade ao funcionamento da infra-estrutura digital e pôr em risco a informação das empresas”, alertou, tendo defendido que é preciso as instituições investirem na segurança em todos os níveis. Numa altura em que as instituições financeiras promovem o recurso ao Internet Banking, por força das restrições impostas pela Covid-19, fontes contactadas pela E&M alertam para o reforço da segurança de dados, bem como a educação dos consumidores, alguns deles pouco familiarizados com as novas ferramentas digitais e mais susceptíveis de sofrer actos fraudulentos. Especialistas em cibersegurança da CETIM reforçam a necessidade de investimento na segurança de dados, aconselhando ainda outros procedimentos por parte dos clientes, como a alteração periódica dos códigos de acesso às plataformas de Internet Banking, a não instalação de programas de origem duvidosa, já que podem permitir a um hacker ter o controlo do computador sem que o cliente se aperceba. De resto, os bancos comerciais em Angola admitem ter sofrido várias tentativas de ataques cibernéticos e manipulação da marca, daí que alertem os seus clientes para evitarem responder a mensagens de solicitação de dados pessoais e financeiros. No entender do engenheiro Hélder João, o Governo angolano e as instituições privadas, nos últimos cinco anos, começaram a prestar mais atenção às questões de segurança cibernética e de pirataria electrónica. “É verdade que temos muito trabalho pela frente e temos muito que aprender com os países que estão mais desenvolvidos nesta matéria”, afirmou, defendendo melhorias, principalmente, na parte educativa dos consumidores. Para Hélder João, um país que Angola poderia adoptar como

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referência, e sendo vizinho, é a África do Sul. “Tem sido uma referência em África na organização de conferências internacionais, como também tem criado leis mais rígidas para ajudar no combate a esse fenómeno que no final acaba por prejudicar o crescimento tecnológico de qualquer país”. Já David Oliveira, da Security Scorecard, declarou que, apesar de algumas empresas não investirem na protecção dos seus dados, por fugirem dos custos, já se começa a olhar para essa necessidade com maior responsabilidade. O especialista acrescentou ser preciso fazerem-se investimentos sérios que vão para além da instalação de antivírus. “É preciso criarem-se equipas que assegurem os dados das empresas e a sua monotorização contínua e assertiva”, referiu, salientando que os criminosos têm grande capacidade de reinvenção para contornar os sistemas de segurança. De acordo com a UNCTAD, em 2020, 10% dos países tinham projectos de lei sobre cibersegurança e protecção de dados a serem aprovados. Essa entidade defende ser necessário fazer mais do que aprovar novas leis, principalmente em países em desenvolvimento, onde os recursos são limitados. Na pesquisa realizada em 2020, a instituição destaca que a evolução constante dos crimes cibernéticos é, actualmente, um grande desafio para agências policiais e investigadores, sobretudo quando os crimes atravessam fronteiras. Para ultrapassar esse obstáculo, as novas leis devem ser neutras em termos de tecnologia, sempre que possível, evitando a necessidade de revisões constantes e garantindo a compatibilidade entre diferentes sistemas legais. Globalmente, 81% dos países têm uma lei sobre transacções electrónicas. A Europa tem a maior participação, 98%, seguida pelas Américas, 91%. Com 61%, África é a região com a proporção mais baixa. n

HÉLDER JOÃO director de Desenvolvimento Tecnológico da CETIM Director of the Technological Development of CETIM

Hélder João afirmou que a pirataria electrónica provoca perdas financeiras e diminuição de vendas, para além de uma experiência insatisfatória, baixa segurança e fiabilidade para o consumidor final. Hélder João said that electronic piracy causes financial losses and decreases sales volume, in addition to causing an unsatisfactory experience as well as low security and trust levels among end users.

rienced several attempts of cyber-attacks and brand manipulation, which is why they warn their customers to avoid replying to messages requesting personal and financial data. In the opinion of the engineer Hélder João, the Angolan government and private institutions, over the last five years, have started to pay more attention to cyber security and hacking issues. “It is true that we have a lot of work ahead of us and we have a lot to learn from the countries

that are more developed in this area,” he said, advocating improvements, mainly, on the consumer’s education. For Hélder João, South Africa is a neighbor country that Angola can use as a reference. “It has been a reference in Africa in the organization of international conferences and has developed stricter laws to help fight this phenomenon, which, ultimately, harms the technological growth of any country”. David Oliveira, from Security Scorecard, said that although some companies do not invest in the protection of their data, avoiding costs, they are now looking at this need with greater sense of responsibility. The specialist added that serious investment needs to be made, one that goes beyond the installation of an antivirus program. “Teams need to be formed in order to protect companies’ data and ensure ongoing and assertive monitoring,” he said, while also emphasizing that criminals have great reinvention capacity to bypass security systems. According to the UNCTAD, in 2020, 10% of the countries had draft laws on cybersecurity and data protection to be approved. This entity argues it is necessary to do more than just pass new laws, especially in developing countries, where resources are limited. In the research conducted in 2020, the institution highlights that the continuous evolution of cybercrime is currently a major challenge for law enforcement agencies and investigators, especially when crimes cross borders. To overcome this obstacle, new laws should be technology-neutral, wherever possible, hence avoiding the need for constant reviews and ensuring compatibility across different legal systems. Globally, 81% of the countries have a law on electronic transactions. Europe has the highest share with 98%, followed by the Americas with 91%. Africa is the region with the lowest proportion, 61%. n

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NÚMEROS EM CONTA

in numbers

O ano económico 2020 fica registado como encorajador para o Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI), de acordo com uma Newsletter do Governo angolano, que destaca a aprovação de 52,88% dos projectos submetidos à banca para financiamento. The 2020 economic year was encouraging for the Production Support, Export Diversification and Import Substitution Program (PRODESI), according to a newsletter of the Angolan government, which highlights the approval of 52.88% of the projects submitted to the banks for funding.

A ESCALADA DO CRÉDITO À PRODUÇÃO NACIONAL INCREASING CREDIT FOR THE NATIONAL PRODUCTION 661 projectos aprovados approved projects MAIS DE MIL PROJECTOS SUBMETIDOS À BANCA PARA FINANCIAMENTO FORAM APROVADOS, O QUE EQUIVALE A 52,88% DE EXECUÇÃO. MORE THAN ONE THOUSAND PROJECTS SUBMITTED TO THE BANKS FOR FUNDING WERE APPROVED, WHICH IS EQUIVALENT TO 52.88% OF IMPLEMENTATION.

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comércio e distribuição trade and distribution

projectos aprovados por área approved projects by sector

304

agricultura agriculture

15

aquicultura aquaculture

21

71

indústria transformadora manufacturing industry

479,4

36

indústria alimentar e bebidas food and beverage industry

29

pecuária livestock

pesca marítima sea fishing

5

pesca continental continental fishing

239 processos em negociação files under negotiation É O NÚMERO DE PROCESSOS DE PEDIDO DE FINANCIAMENTO EM NEGOCIAÇÃO, ATÉ DEZEMBRO DE 2020. IS THE NUMBER OF FILES FOR FUNDING APPLICATION UNDER NEGOTIATION AS OF DECEMBER 2020.

mil milhões de dólares US$ billion

É O VALOR DO CRÉDITO DISPONIBILIZADO ÀS EMPRESAS EM 2020, O QUE REPRESENTA UM ACRÉSCIMO DE 2.000%, SE COMPARADO AO HOMÓLOGO, 2019, EM QUE FORAM DISPONIBILIZADOS APENAS 20 MIL MILHÕES DE KWANZAS. IS THE AMOUNT OF CREDIT MADE AVAILABLE TO THE COMPANIES IN 2020, WHICH REPRESENTS AN INCREASE OF 2,000%, COMPARED TO 2019, WHEN ONLY 20 BILLION KWANZAS WERE MADE AVAILABLE. FONTES SOURCES NEWSLETTER N.º 7 DO PRODESI; MINISTÉRIO DA ECONOMIA E PLANEAMENTO PRODESI NEWSLETTER NO. 7; MINISTRY OF ECONOMY AND PLANNING

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OPINIÃO

opinion

O PRESENTE DILEMA DE ALGUNS MÉDICOS THE CURRENT DILEMMA OF SOME DOCTORS Justino Pinto de Andrade • ECONOMISTA ECONOMIST

1. Por hábito, na parte final do mês de Dezembro, desejamo-nos um “Fe-

1. It is our custom, towards the end of December, to wish each other a “Happy New Year!”, in a ritual that condenses the hope that the negative events of the year that ends will not be repeated in the year to start. For this year, this desire has become more legitimate than ever because of the darkness that 2020 sprung upon us...

2. O ano 2020 foi dos piores anos que vi correr – e não vi correr pou-

2. The year 2020 was one of the worst years I’ve witnessed - and I haven’t witnessed a few... So much so that I heard many people say in advance: “Let’s end 2020 now!”, a cursed year for the current generations of humans.

liz Ano Novo!”. Trata-se de um ritual que condensa a esperança de que não se repitam os factos negativos ocorridos no ano anterior. Desta vez, tornou-se ainda mais legítimo pelo passado sombrio que o ano 2020 nos reservou… cos... De tal modo ouvi muita gente dizer, antecipadamente: “Feche-se já o 2020!”, o ano maldito para a presente geração de humanos.

3. Quem viveu o período das duas Guerras Mundiais e quem passou por outras pandemias, acredito que terá sentido também situações similares de angústia e desespero. Mas, para eles, a vida já terminou. Porém, para nós, o Ano Novo inicia com sinais praticamente iguais aos do Ano Velho. E nada indica, por isso, que venha a ser um “Feliz Ano Novo”. 4. A notícia do surgimento de várias vacinas para a imunização encheu de alento a humanidade, alimentando a esperança de, finalmente, estar próximo do fim o drama da Covid-19.

5. Mas surge agora a notícia da emergência de mutações do vírus com

3. Those who lived through the two World Wars and those who

went through other pandemics, I believe, have also have felt similar anguish and despair. But, for them, life is already over. For us, the New Year begins with practically the same signs as the ‘Old Year’. And nothing indicates, therefore, that it will be a “Happy New Year”.

4. The news of the production of various vaccines for immunization

has filled humanity with encouragement, nourishing the hope that, finally, the Covid-19 drama is nearing its end.

o aparecimento de variantes com maior capacidade de contaminação do que a estirpe inicial. E o mundo volta a fechar-se, com apelos a um confinamento ainda mais apertado.

5. But now there are news of mutations of the virus, with variants

6. O anterior confinamento teve duras implicações económicas e so-

ciais. Vão surgindo agora sinais de que, repetido em doses mais fortes, poderão emergir comportamentos humanos mais desestabilizadores, tais como manifestações de rejeição às restrições.

6. The previous confinement had harsh economic and social implications. There are now signs that, if repeated in stronger doses, more destabilizing human behaviors may emerge, such as protests against the restrictions.

7. Em muitos países – inclusive nos mais avançados e mais bem apetrechados – os sistemas de saúde declaram-se já em vias de esgotamento ou mesmo esgotados. E as equipas médicas confrontam-se com a incrível decisão sobre a quem priorizar a assistência. Melhor dizendo, optar sobre quem deve morrer e quem se deve tentar salvar…

7. In many countries – even the most advanced and best-equipped – health systems are already declining or even exhausted. And medical teams are facing the incredible decision of prioritizing who to care for. Better said, choosing who should die and who should they try to save...

8. No início do ano 2021 não era imaginável que os médicos se vissem

8. At the beginning of 2021, it was unthinkable that doctors would be facing such a dilemma. This incredible decision is falling precisely on the shoulders of those who studied to save lives and not to decide when someone should die... n

confrontados com tal dilema. Esta incrível decisão está precisamente a recair sobre os ombros de alguém que estudou para salvar vidas e não para decidir sobre a ocasião em que alguém deve morrer… n

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with greater transmissibility than the initial strain. And the world closes again, with calls for even tighter confinement.

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NAÇÃO

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PRIVATIZAÇÕES Privatizations

PROPRIV AOS SOLAVANCOS CONTRASTA COM ‘ACELERAÇÃO’ DAS NACIONALIZAÇÕES AS PROPRIV, BUMPING ALONG, CONTRASTS WITH THE ‘ACCELERATION’ OF THE NATIONALIZATION PROCESS O Programa de Privatizações (PROPRIV) pode não estar concluído em 2022, conforme inicialmente previsto, face aos sucessivos atrasos que o processo tem registado. The Privatization Program (PROPRIV) may not be completed by 2022, as originally expected, due to the success delays of the process. TEXTO TEXT ANTÓNIO NOGUEIRA FOTOGRAFIA PHOTO ARQUIVO ARCHIVE

Totalmente desalinhado do

cronograma inicial, 2019-2022, o Programa de Privatizações (PROPRIV) conta, actualmente, com vários processos, entre empresas e activos. Dos projectos previstos para privatizar em 2019, muito poucos ficaram concluídos, à excepção de algumas unidades industriais da Zona Económica Especial (ZEE) Luanda-Bengo. Naquele mesmo ano, ao contrário do que estava previsto, ficaram para trás importantes processos que envolvem pelo menos quatro empresas de referência nacional, como são os casos da Empresa Nacional de Seguros de Angola (ENSA) e as cervejeiras Cuca, Eka e N´Gola, cujos processos de privatização deverão ser concretizados somente no decurso deste ano (2021), conforme as promessas do Executivo. Tal como no ano de início do PROPRIV, em 2020 a maior parte dos processos (um total de 91) ficou também inconcluso, com destaque para as empresas de referência nacional como o Banco Angolano de Investimento (BAI), o BCI e a Caixa Geral de Angola, no sector da banca; Unitel, TV Cabo, Multitel, MsTelcom e Net One (telecomunicações), entre ou-

tras, como a Biocom, a Sociedade de Gestão de Aeroportos (SGA, que substitui a Enana) e a Nova Cimangola. No BAI, por exemplo, o Estado angolano pretende alienar a participação de 8,5%, detida pela Sonangol, para além de 1,5% de acções, representadas pela Endiama, num processo que deverá ocorrer por meio de concurso público limitado por prévia qualificação. Ainda na banca, ficou por concretizar também, em 2020, a alienação das participações de 25% detidas pelo Estado no banco Caixa Geral de Angola (BCGA), via leilão em Bolsa. Na verdade, num primeiro momento que vai desde finais de 2019 a Abril de 2020, o processo de privatizações permitiu somente alienar 14 activos dentro e fora do país, o que permitiu ao Estado encaixar 31 mil milhões de kwanzas, segundo dados oficiais. Destes activos, grande parte está concentrada na ZEE Luanda-Bengo, enquanto outros, nomeadamente um edifício localizado em Lisboa (Av. da República) e outro, o Convento de Brancanes, em Setúbal, ambos em Portugal, são integrantes dos activos da Sonangol.

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Completely out of alignment

with the original schedule, 2019-2022, the PROPRIV has currently several pending privatization processes, including companies and assets. Of the projects expected to be privatized, very few of them have been completed, with the exception of some industrial units in the Luanda-Bengo Special Economic Zone (ZEE). That same year, contrary to what was expected, three important privatization processes involving at least 4 key national companies were left behind, namely ENSA, Cuca, Eka and N’gola. Their respective privatization processes will only be completed this year (2021), as promised by the Government. As in the year when PROPRIV started, in 2020 most of the privatization processes (a total of 91) were also unfinished, with particular emphasis on companies of national reference, such as BAI, BCI and Caixa Geral de Angola (banking sector); Unitel, TV Cabo, Multitel, MsTelcom and Net One (telecommunications sector); and Biocom, Sociedade de Gestão de Aeroportos (SGA), which has replaced Enana, and Nova Cimangola. In BAI, for example, the Angolan Sate intends to divest 8.5%

of the shares held by Sonangol, in addition to 1.5% of shares held by Endiama, in a process that should take place through a public tender limited by pre-qualification. In the banking sector, the divestment of the 25% of the shares held by the State in the Bank Caixa Geral de Angola (BCGA), via an auction on the stock exchange, also remained to be realized in 2020. Furthermore, in the first phase, covering the period between the end of 2019 and April 2020, the privatization process only allowed the divestment of 14 assets inside and outside the country; as a result, the State receive 31 billion kwanzas, according to the official data. Most of these assets are based in the Luanda-Bengo ZEE, while others, namely a building located in Lisbon (AV. Da República) and another one, the Brancanes Convent, located in Setúbal, both in Portugal, are part of Sonangol’s assets. In contrast, as of December 2020, the official data indicated that 36 assets have been divested, out of a total of 195 and holdings from various branches listed in PROPRIV; it has so far allowed the collection of 255 billion kwanzas.

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NAÇÃO

PRIVATIZAÇÕES Privatizations

state of the nation

Num primeiro momento, que vai desde finais de 2019 a Abril de 2020, o processo de privatizações permitiu somente alienar 14 activos dentro e fora do país. In the first phase, covering the period between the end of 2019 and April 2020, the privatization process only completed the divestment of 14 assets inside and outside the country

Em contrapartida, até Dezembro de 2020, os dados oficiais apontavam a alienação de 36 activos de um total de 195 e participações dos mais variados ramos elencados no PROPRIV, o que terá permitido, até ao momento, a arrecadação de 255 mil milhões de kwanzas. Recorde-se que, para 2021, o cronograma do PROPRIV prevê a execução de cerca de 20 processos de privatizações, envolvendo um total de sete empresas de referência nacional, com destaque para a TAAG e a Angola Telecom, para além de três participadas da Sonangol, como é o caso da Sonair. Alguns observadores acreditam que a execução do programa para o ano de 2021 poderá também não ser cumprida conforme o cronograma inicial, já que algumas das empresas listadas no processo, nomeadamente a TAAG e a Angola Telecom, apresentam, ainda hoje, contas com

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reservas, um factor que pode impedir que as mesmas passem no ‘teste’ de privatização via leilão em bolsa, conforme as regras do PROPRIV. Um problema que, caso não seja alinhavado em tempo útil, poderá também colocar em causa o êxito do processo em 2022, ano em que se prevê, inicialmente, o encerramento do PROPRIV, que deverá culminar com a privatização de gigantes como a Sonangol e a Endiama, constando ainda desta lista a empresa de Correios de Angola. Sobre o processo de alienação de activos a privados, em particular, o consultor Galvão Branco considera, por exemplo, que nesse quesito o Estado deverá redobrar a sua atenção, sobretudo nesta fase, em que o empresariado nacional “está descapitalizado”. Contudo, reforça, “havendo interessados, é necessário que o processo seja transparente e haja vantagens económicas

e financeiras para o Estado”. Já José Macedo, um gestor experimentado, que durante muito tempo foi presidente do conselho de administração da Lactiangol, recua no tempo e lembra que as privatizações tiveram as primeiras tentativas fracassadas na década de 80. O gestor entende que a iniciativa política do Estado, de desfazer-se do que não é estratégico, agora é positiva. Porém, chama a atenção para que a privatização “não signifique entregar activos de graça aos amigos”. Confisco de activos tem erros na forma Em contrapartida, tal como o PROPRIV, o programa de combate à corrupção, que continua em marcha no país, é outra das preocupações que tem chamado a atenção de vários analistas, sobretudo pelo facto de estar a contrastar com o objectivo de redução do papel do Estado na economia.

PROPRIV is expected to complete approximately 20 privatization processes in 2021, including 7 companies of national reference, especially TAAG and Angola Telecom, in addition to 3 companies where Sonangol holds shares, such as Sonair. Some observers believe that the execution of the program for the year 2021 may also not be carried out according to the original schedule, since some of the companies listed in the privatization process, such as TAAG and Angola Telecom, still have accounts with reservation, an indispensable factor for them to pass the ‘privatization test’ via an auction on the stock exchange, according to the PROPRIV rules. If this problem is not timely addressed, it will put at risk the successful execution of the privatization process in 2022, the year PROPRIV is expected to close, with the privatization of ‘giants’ such as Sonangol, Endiama, and Correios de Angola. On the asset divestment process to private entities, in particular, the consultant Galvão Branco believes that State should redouble its focus, especially at this stage, because the business community does not have capital. However, he also noted that “if there are interested entities, the process needs to be transparent and ensure there are economic advantages for the State.” José Macedo, an experienced manager, who for a long time was the Chairman of the Board of Director of Lactiangol, goes back in time and recalls that privatizations had their first failed attempts in the decade of 1980’s. The manager understands that the political initiative of the State to get rid of what is not strategic is now positive. However, he draws attention to the fact that privatization “does not mean giving assets away to friends”. Asset confiscation fails in format Like PROPRIV, the anti-corruption program, which is still

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Para o economista Victor Hugo de Morais, este processo, em si, constitui uma mais-valia que poderá vir a dar maior dinâmica ao sector produtivo e torná-lo mais eficiente. Mas critica, em parte, a forma como o processo de recuperação de activos constituídos com fundos públicos está a ser operacionalizado. “Confiscar activos que foram constituídos com dinheiro do Estado é um direito soberano. Agora, ter estes activos nas mãos por muito tempo é o grande problema”, considera o também docente universitário. Apesar de reconhecer que estes tipos de actos são ilegais e que, por isso, devem ser penalizados, Victor Hugo de Morais defende que o mais sensato seria o confisco negocial das empresas. “Quer dizer que essa pessoa passa a ser devedora do Estado. O Estado tinha a obrigação de colocar nesta empresa um administrador seu e manter o corpo directivo, até recuperar o seu capital”, frisou, salientando que, caso o Estado mantenha a sua actual estratégia em relação ao processo de recuperação de activos, poderá levá-las à falência. Até ao momento, o Estado já passou para a sua esfera activos acima dos 5,3 mil milhões de dólares, em dinheiro e bens. De acordo com dados da Procuradoria-Geral da República (PGR), entre os bens recuperados, estimados em 2,6 mil milhões de dólares, estão imóveis habitacionais, escritórios, fábricas, terminais portuários e participações sociais em empresas. Os dados atestam, igualmente, que o Serviço Nacional de Recuperação de Activos (SNRA) da PGR solicitou às suas congéneres, no exterior, a apreensão e/ou arresto de bens e dinheiro no valor de 5,4 mil milhões de dólares, nomeadamente na Suíça, Holanda, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido, Singapura, Bermudas, entre outros países. n

underway in the country, is another concern that has drawn the attention of several analysts, mainly because it is contrasting with the objective of reducing the role of State in the economy. For Victor Hugo de Morais, an economist, this process is an added value itself as it may stimulate the productive sector and thus make it more efficient. But he criticizes the way the recovery process of assets acquired with public funds is being implemented. “Confiscating assets that were acquired with the funds of the State is a sovereign right, but it is a big problem to hold them for a long time” reflects the university professor. Despite recognizing that these are illegal actions and, therefore, they should be penalized, Victor Hugo de Morais argues that the most sensible course of action would be a business approach confiscation. “It means that this person becomes a State debtor. The State would be required to appoint an administrator in this company and keep him/her on its governing body until the State recovers its capital” he stressed. He also noted that if the State maintains its current strategy, in relation to the asset recovery process, it may bankrupt the companies. So far, the State has transferred to its possession assets worth over US 5.3 billion dollars, in cash and properties. According to the data from the Attorney General’s Office (PGR), among the recovered assets, estimated at 2.6 billion dollars, there are real estate, offices, factories, port terminals and shareholdings in companies. Data also confirm that the National Asset Recovery Service (SNRA) of the PGR has asked its counterparts abroad to seize and / or confiscate assets and money, in the value of 5.4 billion dollars, from Switzerland, Holland, Luxembourg, Portugal, United Kingdom, Singapore, Bermuda, among other countries. n

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PRIVATIZAÇÕES Privatizations

state of the nation

O DESAFIO DE EMAGRECER O SECTOR EMPRESARIAL PÚBLICO

THE CHALLENGE TO MAKE PUBLIC BUSINESS SECTOR SLIM O ambicioso Programa de Privatizações lançado pelo Governo angolano, inscrito no Plano de Desenvolvimento Nacional (PND 2018-2022), está a ser beliscado pelo processo de recuperação de activos e nacionalização de empresas constituídas com fundos públicos. The ambitious Privatization Program launched by the Angolan Government, included in the 2018-2022 National Development Plan (PND), is being pinched by the process of asset recovery and nationalization of companies created with public funds. TEXTO TEXT WILSON CHIMUCO FOTOGRAFIA PHOTO ISTOCKPHOTO, ARQUIVO ARCHIVE E AND JA IAMGENS

Previsto inicialmente para ser executado em quatro anos, o PROPIV tem encontrado dificuldades para se materializar, que passam pelas limitações de liquidez na economia nacional, fraca atractividade do ambiente de negócios, constrangimentos macroeconómicos e erupção da Covid-19 em 2020. O objectivo do programa reside na necessidade de se impulsionar a competitividade do sector privado, de modo a ser a base

do crescimento da economia no médio-prazo, através da transformação estrutural da economia, libertação de espaço fiscal das finanças públicas e criação de mais empregos. Paralelamente, o programa de combate à corrupção e recuperação de activos constituídos com fundos públicos tem trazido, para o domínio do Instituto de Gestão de Activos do Estado (IGAPE), activos e empresas ligados anteriormente

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Initially expected to be executed within a 4-year period, PROPIV has come across challenges of execution, including limited liquidity in the national economy, weak attractiveness of the business environment, macroeconomic constraints and the outbreak of Covid-19 in 2020. The objective of the program lies on the need to stimulate competitiveness across the pri-

vate sector, in order to be the basis for a mid-term growth of the economy, through structural transformation, additional fiscal space for the public finance and creation of more jobs. At the same time, the program to fight corruption and recover assets secured with public funds has brought to the State’s Asset Management Institute (IGAPE) properties and

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PRIVATIZAÇÕES Privatizations ao sector privado, que, por apresentarem significativos desafios financeiros, poderão traduzir-se num ónus adicional às finanças públicas, ao mesmo tempo que aumentam as incertezas sobre o desempenho do sector privado na criação e na manutenção de relevantes postos de trabalho na economia, um aumento do peso do Estado como produtor, uma tendência contrária ao que é defendido pelo PROPRIV. Para além de reduzir a participação do Estado, como produtor, no sistema económico, através do redimensionamento do Sector Empresarial Público (SEP), o PROPRIV visa, igualmente, a melhoria na afectação dos recursos públicos, a dinamização do mercado de capitais, a melhoria do espaço fiscal das finanças públicas, o incremento da eficiência económica, a reorganização do posicionamento estratégico do sector empresarial privado, as condições necessárias para o incremento da competitividade da economia e um melhor posicionamento do país a nível da SADC. O processo de recuperação de activos tem tido conotações políticas muito fortes, e a sua materialização poderá desembocar na nacionalização de relevantes activos e empresas que apresentaram níveis de produtividade e eficiência económica invejáveis, o que sustenta a tese de que são motivações políticas, e não meramente económicas, por trás de muitas das decisões para os confiscos.

Duas faces da mesma moeda

RENTABILIDADE DO SEP SEP’s Profitability Valores em % Values in %

0,04

0,015

0,01

0,01

0,01

-0,017 2017

2018

2019

RETORNO SOBRE ACTIVOS ROA RETORNO SOBRE O CAPITAL ROE

fazer parecer, o cancelamento de relevantes projectos de investimentos, o confisco de activos na economia, a paralisação de actividades, o congelamento de contas e o cancelamento de relevantes contratos têm penalizado o normal funcionamento das actividades económicas, ao mesmo tempo que impulsionam as incertezas sobre a execução de futuros contratos, a manutenção de empregos, a regularização de atrasados na economia, sendo essas condições necessárias para ofuscar os objectivos

Neste contexto, as privatizações e as potenciais nacionalizações parecem ser duas faces de uma mesma moeda, e a probabilidade de uma suplantar a outra não está dependente apenas dos ganhos económicos que poderão advir da efectivação das mesmos, mas também, e acima de tudo, da restruturação do poder económico no país. A necessidade de exercício efectivo do poder político, primeiramente, e não a restruturação da economia, parecem ser a base que sustenta o programa de recuperação de activos. Pois, contrariamente ao que se quer February 2021 Fevereiro 2021 | www.economiaemercado.co.ao

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companies, which were previously connected to the private sector. As they present significant financial challenges, it may result in an additional burden for the public finance, while increasing uncertainties about the private sector’s performance on creating and maintaining relevant jobs in the economy. Therefore, it increases the weight of the State as a producer, a trend that is opposite to what is advocated by PROPRIV.

In addition to reducing the State’s participation as a producer in the economic system, by resizing SEP, PROPRIV also aims to improve the allocation of public resources, stimulate the capital market, improve the fiscal space of the public finance, drive economic efficiency, reorganize the strategic positioning of the private business sector, provide the necessary conditions to increase competitiveness in the economy and ensure the country is better positioned in SADC. The asset recovery process has had extraordinarily strong political implications, and its execution may lead to the nationalization of relevant assets and companies with attractive levels of productivity and economic efficiency, thus supporting the idea that political reasons (and not only economic ones) are behind many decisions for confiscation.

Two sides of the same coin

In this context, privatizations and potential nationalizations seem to be two sides of the same coin. The possibility of one overcoming the other does not only depend on the economic gains that may result from their realization, but also, and above all, on restructuring the country’s economic strength. The need for effective exercise of political power, first and foremost, rather than restructuring the economy, seems to be the basis underpinning the Asset Recovery Program. Contrary to what they want us to believe, the cancellation of relevant investment projects, confiscation of assets in the economy, interruption of activities, freezing of accounts and cancellation of relevant contracts have negatively impacted the normal functioning of the economic activities. At the same time, they drive uncertainties on the execution of future contracts, maintenance of jobs and settling arrears in the economy, which are the necessary conditions to overshadow the

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NAÇÃO

PRIVATIZAÇÕES Privatizations

state of the nation

A necessidade de exercício efectivo do poder político, primeiramente, e não a restruturação da economia, parecem ser a base que sustenta o Programa de Recuperação de Activos. The need for effective exercise of political power, first and foremost, rather than restructuring the economy, seems to be the basis underpinning the Asset Recovery Program.

PESO DO SEP SOBRE O PIB SEP’s weight on GDP Valores em % Values in %

98,54% 88,50%

68,89%

2017

2018

2019

que o PROPRIV está a promover. Contudo, longe do confisco de empresas/activos privados, o receio maior começa a surgir com as perspectivas de uma potencial nacionalização, mesmo que de curto-prazo, dos activos/empresas confiscados. São exemplos disso activos ligados ao sector financeiro, como é o caso do Banco Fomento Angola (BFA), do Banco Internacional de Crédito (BIC), do Standard Bank Angola (SBA), que têm apresentado resultados positivos ao longo dos anos e contribuem para que o sector financeiro seja um dos mais robustos e rentáveis da economia. E transferi-los para a gestão pública, mesmo que no curto-prazo, não só poderá traduzir-se num risco para a manutenção da rentabilidade dos mesmos – à luz do que é assistido noutros activos de semelhante natureza, como é o caso do Banco de Poupança e

Crédito (BPC) e do Banco de Comércio e Indústria (BCI) – como poderá penalizar a estratégia de redução da presença do Estado na estrutura accionista do sistema bancário nacional. Paralelamente, para activos confiscados que apresentam maiores dificuldades financeiras, como são os casos de empresas ligadas ao sector de informação (Grupo Média Nova e Palanca TV), os receios passam por se traduzir num ónus a mais para as finanças públicas e num retrocesso na liberdade de imprensa e pluralidade de informação no país. E era importante dar-se atenção à necessidade de se estruturar um rápido plano de privatização desses activos/ empresas, de modo a não ofuscar os objectivos do PROPRIV. Nacionalizar importantes projectos do sector do comércio e distribuição, como as cadeias de hipermerca-

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objectives PROPRIV is promoting. However, far from the confiscation of private companies / assets, the biggest fear begins when there is a potential nationalization, even a short term one for the confiscated assets / companies. Examples of these are assets from the financial sector, such as Banco Fomento Angola (BFA), Banco Internacional de Crédito (BIC), and Standard Bank Angola (SBA), which have shown positive results over the years and contributed to make the financial sector one of the most robust and profitable for the economy. And transferring them to public management, even in the short term, may result in a risk to their continued profitability given what we see in the other assets of the same nature, such as Banco de Poupança e Crédito

(BPC) and Banco de Comércio e Indústria (BCI). It may also adversely affect the strategy of reducing the State’s presence in the shareholder structure of the national banking system. For the confiscated assets with more financial problems, such as the companies in the information sector (Grupo Media Nova and Palanca TV), the fear includes extra burden on public finance and regression in the country’s freedom of press and plurality of information. And it is important to pay attention to the need of preparing a short-term privatization plan for these assets/companies so that PROPRIV objectives are not overshadowed. Nationalizing important projects in the trade and distribution sector, such as the Kero and Candado hypermarket chains,

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dos Kero e Candado, poderá penalizar os esforços que têm sido feitos no âmbito do Programa de Apoio à Produção, Promoção das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI), pois o Estado já deu provas mais do que suficientes da sua incapacidade de gerir projectos de natureza semelhante. O caso da cadeia Nosso Super é o exemplo mais paradigmático. Hoje, parte relevante das empresas do SEP apresenta níveis de rentabilidade, eficiência, liquidez e solvabilidade desafiantes que, em muitos casos, para além da necessidade de salvaguardar os postos de trabalhos, levantam sérios questionamentos sobre o racional da manutenção das mesmas. Ora, a possibilidade de nacionalização dos activos/empresas que hoje apresentam desempenho positivos, numa lógica que não obedece aos princípios dos mercados, mas, sim, da gestão pública, marcada pelo nepotismo, corrupção, absentismo e fraca produtividade, poderá atrofiar o desempenho dos mesmos e reduzir os aprofundamentos dos princípios da economia de mercado pelos quais muitos daqueles activos confiscados/arrestados têm vindo a ser geridos. Neste sentido, dar corpo à economia de mercado começa por tirar o papel de produtor do Estado no sistema económico e posicioná-lo mais como regulador. E qualquer tendência ao contrário, por melhor que seja a intenção, poderá traduzir-se em mais desafios para o desenvolvimento da economia de mercado. n

may negatively impact on the efforts that have been made under the Program for Support Production, Export Diversification and Import Substitution (PRODESI), as the State has already given more than enough evidence of its inability to manage projects of a similar nature. The case of the chain Nosso Super is a prime example of it. Today, a significant part of the SEP companies has challenging levels of profitability, efficiency, liquidity and solvency that, in many cases, in addition to the need for job protect, raise serious questions about the rationale for their maintenance. The potential nationalization of the assets/companies that are currently performing well, based on a logic that does not follow the market principles, but rather the public management ones, marked by nepotism, corruption, absenteeism and low productivity, may weaken their performance and reduce the growth of the principles of the market economy, under which many of those confiscated/seized assets have been managed. In this regard, giving substance to the market economy starts by removing the role of the State as a producer in the economic system and positioning it more as a regulator. And any trend to the contrary, however good the intention may be, may lead to additional challenges to the development of the market economy. n

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NAÇÃO

PRIVATIZAÇÕES Privatizations

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Numa concessão pública que envolveu a participação de 30 empresas, foram privatizadas 13 unidades industriais localizadas na Zona Económica Especial (ZEE) Luanda – Bengo (ZEE), em Viana. O país arrecadou, pela via da adjudicação de contratos, 24 mil milhões de kwanzas, mas os resultados esperados estão atrasados. Em contrapartida, o presidente do Sindicato das Empresas da ZEE, Carlos Samuel Neto, em declarações à E&M, revela que, das 13 unidades, apenas duas funcionam a meio-gás, sendo uma delas a Univitro, vocacionada para a transformação de vidro, e a outra a Juntex, que produz e comercializa cimento-cola. As demais, segundo o sindicalista, estão “engolidas pelo capim” e com trabalhadores a aguardarem em casa pela sua indemnização e outros pela recolocação. Entre os processos já concluídos, destacam-se também, por via da modalidade de cessação do direito de exploração e gestão, as unidades industriais têxteis, nomeadamente: Textang (Luanda), Comandante Bula, ex-Satec (Kwanza-Norte), e África Têxtil (Benguela). Relativamente à Comandante Bula, ex-Satec, a BAOBAB Coton Group, com sede no Zimbabwe, venceu o concurso para a concessão do direito de exploração. O valor anual fixo para essa unidade fabril é de cerca de 311 milhões de kwanzas, a ser pago num período de 15 anos, com pagamentos variáveis de 5% sobre o valor das receitas anuais. O investidor poderá exercer a opção de compra depois de 10 anos até ao fim do contrato, sendo o valor de compra avaliado em mais de 100 mil milhões de kwanzas descontados a partir dos montantes pagos até ao momento do exercício da opção de compra. A ex-Satec encontra-se num processo de restruturação, com alguns dos trabalhadores admitidos pela antiga gestão de Matos Cardoso, em casa, segundo um dos candidatos.

OPTIMISMO E “PÉ NO ACELERADOR” EM 2021 OPTIMISM AND “PRESSURE ON THE ACCELERATOR PEDAL” IN 2021

O Governo entende que o ritmo de privatizações de activos e empresas do Estado (PROPRIV- 2019-2022) está acelerado e aponta 2021 como o ano fulcral para dar mais vida ao programa. The Government believes that the pace of the Privatization of States’ Assets and Companies (PROPRIV- 2019-2022) is accelerating, and all indicates 2021 as the key year to bring more life to the program. TEXTO TEXT JOSÉ ZANGUI FOTOGRAFIA PHOTO JA IMAGENS

In a public concession involving 30 companies, 13 industrial units, located in the Luanda-Bengo Special Economic Zone (ZEE), in Viana, were privatized. The country collected 24 billion kwanzas from the award of contracts, but the expected results are delayed. On the other hand, the president of the ZEE Companies’ Union, Carlos Samuel Neto, in

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a statement to E&M, disclosed that from the 13 units, only two operate partially - Univitro, which is dedicated to glass processing, and Juntex, which produces and sells adhesive cement. The other companies, according to the union leader, are stagnant with workers waiting at home for compensation and others waiting for relocation.

Among the completed privatization processes, also three companies stand out due to the termination of their exploration and management rights, namely Textang (Luanda), Comandante Bula, formerly known as Satec (Kwanza-Norte) and África Têxtil (Benguela). BAOBAB Cotton Group, headquartered in Zimbabwe, won the tender for the concession

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PRIVATIZAÇÕES Privatizations Quanto à África Têxtil, cujo direito de exploração e gestão foi adjudicado à IEP, o valor anual fixo é de cerca de 268 milhões de kwanzas, por um período de 15 anos. A componente variável, calculada sobre as receitas anuais, é de 5%. A opção de compra poderá ser exercida depois de 10 anos, sendo o valor de pouco mais de 100 mil milhões de kwanzas descontados aos valores pagos até ao momento do exercício da opção de compra. Já a unidade industrial Textang II, localizada em Luanda, foi adjudicada igualmente à empresa IEP. A componente fixa anual do contrato desta é de 875 milhões de kwanzas a serem pagos num período de oito anos. De acordo com dados do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), os pagamentos variáveis serão de 6% sobre o valor anual das vendas. A opção de compra será exercida em oito anos, sendo o valor definido 59 mil milhões de kwanzas.

Governo promete acelerar

Apesar dos solavancos na execução do programa, o Governo assegura que o processo de privatização, em curso, deverá observar maior celeridade em 2021, numa altura em que continua também a decorrer, em paralelo, outro programa de combate à corrupção e à impunidade, que visa trazer para a esfera pública activos e participações do Estado ligados anteriormente ao sector privado. Em recentes declarações aos jornalistas, o coordenador da Comissão Nacional Interministerial do PROPRIV, Osvaldo João, justificou que esta dinâmica deverá ser impulsionada com o lançamento da modalidade de leilão dos activos em bolsa, mecanismo que, defende, vai dinamizar o Mercado de Acções. “A nível das privatizações, estamos a acelerar o programa. Pensamos que 2021 é o ano fulcral para se fazer a aceleração deste programa. Muito trabalho foi feito durante 2020 e o mesmo fará que este ano seja o dos grandes lançamentos”, frisou.

25% É QUANTO O ESTADO ANGOLANO DETÉM DE PARTICIPAÇÕES NA UNITEL, ATRAVÉS DA PETROLÍFERA SONANGOL IS THE SLICE OF SHARES HELD BY THE ANGOLAN STATE IN UNITEL, THROUGH THE OIL COMPANY SONANGOL No caso da ENSA, por exemplo, prevê-se que o processo de alienação dos activos do Estado esteja concluído até ao primeiro semestre de 2021, conforme as contas do Governo, devendo seguir o mesmo caminho o Banco de Comércio e Indústria (BCI), que, conforme o cronograma do PROPRIV, já tinha de ser privatizado em 2020. Pelo que consta, o processo de privatização da ENSA, que se iniciou em 2019, será desenvolvido em duas fases: através do “private placement”, ou seja, através da escolha directa de um investidor privado, e, mais ou menos após três a quatro anos, numa segunda fase, através da entrada em bolsa”, assegurou, recentemente, a nova administração da empresa, liderada por Carlos Duarte. O gestor admite que a alienação total poderá ser uma opção no futuro, dada a valorização, as ofertas, a decisão e a avaliação de todo o percurso, mas não descarta a possibilidade da entrada de parceiros estrangeiros no capital da seguradora. Outra das instituições financeiras, cujo processo de privatização deverá também estar concluído até Junho de 2021, é o BCI, com 100% de capitais públicos, tendo na sua estrutura accionistas como a Sonangol, a Endiama, a ENSA, a TCUL, o Porto de Luanda, a TAAG e a Angola Telecom.

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of the exploration rights of Comandante Bula, formerly known as Satec. The annual fixed value for the manufacturing unit is about 311 million kwanzas, to be paid over a period of 15 years, with variable payments of 5% over the value of the annual revenues. The investor may exercise the purchasing option after 10 years, until the end of the contract. The purchasing value is estimated at 100 billion kwanzas, discounted from the paid amounts until the purchasing option is exercised. According to one the candidates, the ex-Satec is under a restructuring process; some of the workers, hired by the previous management, led by Matos Cardoso, are at home. Regarding África Têxtil, the exploration and management right was awarded to IEP. The annual fixed value is of approximately 268 million kwanzas, for a period of 15 years. 5% is the variable component, calculated over the annual revenues. The call option may be exercised after 10 years, with the value of a little over 100 billion kwanzas, discounted from the amounts paid until the call option is exercised. Textang II industrial unit, located in Luanda, was also awarded to the IEP Company. The annual fixed value of the contract is 875 million kwanzas to be paid over an 8-year period. According to data from the Government’s Assets and Shareholdings Management Institute (IGAPE), the variable payments will be 6% over the annual sales value. The call option will be exercised within eight years, with the value stipulated at 59 billion kwanzas.

Government promises to accelerate

Despite the bumps in the execution of the program, the Government promises that the privatization process will accelerate in 2021. In fact, the privatization program is concurrent with another government’s pro-

gram to fight corruption and impunity. This program aims to bring back State’s assets and shares previously connected to the private sector. In recent statements to journalists, Osvaldo João, Coordinator of the National Interministerial Commission of PROPRIV, justified that this dynamic will be stimulated by the launch of a type of asset auction on the stock exchange, a means that will in turn stimulate the Stock Market itself, he argues. “In terms of privatizations, we are accelerating the program. We think 2021 is the key year to speed up this program. A lot of work was done during 2020, and that work will make 2021 as the year of major launches”, he highlighted. In the case of ENSA, for example, the divestment process of the States’ Assets is expected to be completed by the first half of 2021, according to the Government. Banco de Comércio e Indústria (BCI) will follow the same path, which, according to the PROPRIV schedule, should have already been privatized in 2020. It seems that ENSA privatization process, which started in 2019, will be developed in two phases. The first one will be via “private placement”, through direct choice of a private investor; and roughly after three to four years, the second phase will be via an “entry into the Stock Exchange/listing”, recently confirmed the new company’s management, led by Carlos Duarte. The manager admits that the total sale may be an option in the future, based on the valuation, offerings, decision and evaluation of the entire path, but he does not rule out the possibility of foreign partners investing capital in the insurance company. BCI is another financial institution whose privatization process should also be completed by June 2021. BCI has 100% of states funds (public owned bank), with shareholders such

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NAÇÃO

PRIVATIZAÇÕES Privatizations

state of the nation

A privatização do BCI será realizada através de leilão em Bolsa e antecedida de um processo de “due diligence” e avaliação do Standard Bank Angola (SBA), nos termos da Lei de Bases das Privatizações. Recorde-se de que o SBA foi o parceiro escolhido pelo Estado angolano para desempenhar a função de intermediário financeiro responsável pela mediação das acções do BCI, via bolsa. O Governo promete, também, acelerar o processo de privatizações a nível das cervejeiras. Em relação aos activos do Estado, nomeadamente na Cuca e N´gola, há a garantia por parte do Executivo de que os mesmos se encontram em fase adiantada de venda, devendo o processo de privatização destas participações (de 1% em cada uma das empresas) ocorrer a “breve trecho”, via concurso público. Com a concretização deste processo, em particular, o Executivo espera arrecadar perto de mil milhões de kwanzas, mas este montante poderá ainda aumentar caso a Comissão Nacional Interministerial, responsável pela implementação do PROPRIV, consiga materializar a venda da participação de 4% na cervejeira Eka, que, segundo fontes oficiais, está em negociação. Recentemente, o IGAPE intensificou também as suas acções, com vista a acelerar o processo de privatização das participações sociais do Estado detidas em empresas do sector das Telecomunicações. Na Unitel, por exemplo, o Estado, através da petrolífera Sonangol, detém uma participação de 25%, que vai ser vendidos a privados. Por via da Angola Telecom, a participação social do Estado na TV Cabo Angola, de 49,27%, também será colocada à iniciativa privada. Ainda por via da Angola Telecom, o Estado vai desinvestir a sua participação social de 51% na Angola Cables, onde a MS Telecom, também com participação do Estado a privatizar, detém os seus 9% de investimentos. n

A Univitro, unidade fabril localizada na ZEE, é uma das duas empresas, das 13 vendidas, que funcionam. A empresa foi vendida pela Zeepac por 555 milhões de kwanzas, abaixo dos 2.689 milhões do valor de avaliação. The Univitro, a manufacturing unit located at ZEE, is one of two companies, among the 13 sold, that is operational. The company was sold by Zeepac for 555 million kwanzas, which is below the originally assessed amount of 2,689 million.

as Sonangol, Endiama, ENSA, TCUL, Porto Luanda, TAAG and Angola Telecom. The BCI privatization will be carried out through auction on the stock exchange and preceded by a process of due diligence and assessment to be conducted by Standard Bank Angola (SBA), pursuant to the Basic Privatization Law. The SBA was the partner chosen by the Angolan State to be the financial broker for BCI shares, via the stock exchange. The Government also promises to accelerate the privatization process of the brewing company. Concerning the States

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assets, namely Cuca and N´gola, there are guarantees from the Government that they are in an advanced selling stage; their privatization process (1% in each of the companies) will soon take place via a public tender. With the conclusion of this specific process, the Government expects to raise close to 1 billion kwanzas. This amount may increase if the National Interministerial Commission, responsible for implementing PROPRIV, manages to sell 4% of the shares of the brewing company, Eka. According to official sources, this sale is already under negotiation.

Recently, IGAPE also increased its actions, in order to speed up the privatization process of States’ shareholdings held in companies from the Telecommunications Sector. In Unitel, for example, the State holds a 25% stake, through the oil company Sonangol, which will be sold to private entities. Through Angola Telecom, the Sate owns 49.27% stake in TV Cabo Angola, which will also be sold to the private sector. Still through Angola Telecom, the State will divest its 51% shareholdings in Angola Cables, where MS Telecom (also with state shares to be privatized) holds its 9% of investments. n

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OPINIÃO

opinion

O REGRESSO DO ESTADO THE RETURN OF THE STATE José Gualberto Matos • ENGENHEIRO ENGINEER

A pandemia da Covid-19, que de repente quase paralisou o mun-

do, veio revelar o papel fundamental do Estado nos momentos de crise. A questão que se coloca é saber em que medida esta crise poderá modificar o conceito de capitalismo. A história do capitalismo mostra uma evolução cíclica, com períodos em que predominou o laissez-faire e a presença do Estado. Não há dúvida de que estamos a assistir a mais um regresso do Estado. As políticas neoliberais centram-se numa visão de Estado mínimo como sinónimo de eficiência, baseada na auto-regulação dos mercados e em políticas sociais muito austeras. Mas aqueles que defenderam a racionalidade neoliberal clamam hoje pelo socorro do Estado para salvar as suas empresas. Assistimos, assim, à injecção massiva de fundos públicos nas principais economias capitalistas para manter vivo o tecido económico, ao mesmo tempo que os Estados se empenham afincadamente no financiamento da pesquisa e produção em tempo recorde de vacinas contra a pandemia. É o Estado providencial de regresso. Até o presidente francês Emmanuel Macron diz agora que é preciso confiar no Estado e que o mercado não pode regular tudo. Em tempos de guerra como de crise sanitária, só o Estado tem poderes para impor medidas de excepção. Não há alternativa. E, para isso, o Estado tem de estar previamente organizado. Não é na hora da necessidade que se estrutura. Essa capacidade de o Estado emergir em momentos de crise para salvar a economia, fica hoje patente nos países que melhor se preparam. A visão do Estado mínimo não mudou muito depois da crise de 2008, mas poderá mudar como consequência da presente crise. Colin Mayer, professor da Saïd Business School, da Universidade de Oxford, diz que o capitalismo não vai mudar só porque os Estados vão ficar com mais poder, vai mudar porque se reconhece um papel diferente, tanto para o Estado, como para o sector privado. Em conclusão, espero que no nosso país também se entenda que o mercado não é a panaceia de todos os males e que não se sai do subdesenvolvimento sem um Estado forte, capaz de priorizar a vida e os direitos básicos da população. Um Estado forte não é necessariamente um Estado gordo, mas, sim, um Estado eficaz. n

The pandemic COVID-19, which suddenly almost brought the world into a state of paralysis, has revealed the fundamental role of the State in times of crisis. The question arises now is to what extent this crisis may change the concept of capitalism. The history of the capitalism is one of a cyclical evolution, with periods when both laissez faire and the presence of the State were predominant. Undoubtedly, we are witnessing again the return of the State. The neoliberal policies revolve around a vision of minimal State as synonym of efficiency, predicated upon self-regulating markets and severe austerity measures in social policies. However, those who have defended the neoliberal rationale are now crying out for the State’s support in order to save their businesses. We are, therefore, watching a massive injection of public funds into the major capitalist economies to keep their economic fabric alive, while States are intensely engaged in financing the research and production of vaccines, in record time, to tackle the pandemic. It is an opportune return of the State. Even the French President, Emmanuel Macron, is now saying that we need to trust the State and that the market cannot regulate everything. In times of war and health crisis, the State is the only one holding powers to impose exceptional measures. There is no alternative. And, for that, the State must be organized in advance; structures should not be established when the need arises. This ability of the States to emerge in times of crisis, in order to save their economies, is today evident in countries that have better prepared themselves. The vision of minimal State has not changed much after the 2008 crisis, but it may change as a result of the current crisis. Colin Mayer, a professor at the Saïd Business School, University of Oxford, says that capitalism will not change just because States will hold more power, but it will change because a different role for the State and for the private sector is being recognized. In conclusion, I hope that our country also understands that the market is not the panacea for all evils, and it is not possible to escape from underdevelopment without a strong State - one that prioritizes the lives and basic rights of its population. A strong State is not, necessarily, one that is overweight, but rather an efficient one. n

EM TEMPOS DE GUERRA COMO DE CRISE SANITÁRIA, SÓ O ESTADO TEM PODERES PARA IMPOR MEDIDAS DE EXCEPÇÃO. NÃO HÁ ALTERNATIVA. E, PARA ISSO, O ESTADO TEM DE ESTAR PREVIAMENTE ORGANIZADO. In times of war and health crisis, the State is the only one holding powers to impose exceptional measures. There is no alternative. And, for that, the State must be organized in advance.

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PROVÍNCIA

LUANDA

in-country

O DESGOVERNO DO LIXO EM LUANDA WASTE MISMANAGEMENT IN LUANDA

Nos últimos meses, a província de Luanda tem vindo a ser “engolida” por amontoados de lixo, situação que, na verdade, é recorrente, sendo que o pior cenário acontece no período chuvoso. Over the last few months, the province of Luanda is being “swallowed” by mounting piles of waste, a recurrent situation with the worse scenario happening during the rainy season. TEXTO TEXT JOSÉ ZANGUI FOTOGRAFIA PHOTO CARLOS AGUIAR

PROVÍNCIA province

LUANDA

CAPITAL capital LUANDA ÁREA area 18,826 km2 POPULAÇÃO population

8.000.000 habitantes REGIÃO region LITORAL-NORTE northern coast O problema do lixo na capital

de Angola, Luanda, não é novo, mas, desta vez, agravou-se devido a um desentendimento que opõe operadoras de saneamento básico ao Governo Provincial de Luanda (GPL). As empresas anunciaram, em Novembro, não poder continuar a trabalhar por duas razões: as dívidas que o GPL acumulou com as mesmas e o incumprimento da cláusula de pagamento em dólar. Em resposta, a governadora de Luanda, Joana Lina, admitiu, recentemente, em conferência de imprensa, a existência da dívida, na ordem dos dois mil milhões de kwanzas e prometeu a

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regularização após certificação da mesma. Quanto às empresas, esclareceu que, depois de reuniões com o Ministério das Finanças, se chegou à conclusão de que não há condições para pagar em moeda estrangeira, daí que tomou a decisão de rescindir os contratos. A governante afirmou que uma equipa do GPL está a certificar o valor em questão, para a validação da dívida. Entretanto, até que se realizem novas contratações, os trabalhos de limpeza e recolha de resíduos sólidos serão garantidos pelas administrações municipais, distritais e pelas quatro

The waste management issue in the capital of Angola, Luanda, is not a new one, but it got worse due to a dispute involving the sanitation companies and the Provincial Government of Luanda (GPL). These companies announced last November that they would not be able to continue to perform their job for two reasons: Accumulated debts and non-compliance of the “dollar payment” clause by the GPL. In response, the Governor of Luanda, Joana Lina, recognized recently in a press conference the existence of a debt estimated at two billion kwanzas and

promised to settle the amount once it is certified. Regarding the companies, she explained that, after the meetings held with the Ministry of Finance, the conclusion was that there were no conditions to pay in a foreign currency, so it was decided to terminate the contracts. The government official also stated that a GPL team is now certifying the amount in question for validation purposes. In the meantime, until new companies are contracted, the cleaning work and waste collection services will be provided by both municipal and

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LUANDA

SUSPEITA DE DESVIO DE FUNDOS Suspected of embezzlement of funds O antigo presidente do Conselho de Administração (PCA) da Empresa de Limpeza e Saneamento de Luanda (ELISAL), Manuel Caterça, está a ser acusado de ter desviado mais de 10 mil milhões de kwanzas durante a sua gestão, entre 2017 e 2019. A informação consta de um relatório da Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE), segundo o Jornal de Angola. No documento, a IGAE analisou 444 transacções interbancárias da ELISAL, do ano de 2017, tendo verificado a movimentação de mais de 52 milhões de kwanzas, subtraídos por via de um cartão multicaixa emitido pela empresa e entregue à custódia do antigo presidente do Conselho de Administração, Manuel Caterça. No período de três anos, o ex-gestor da ELISAL fazia dois levantamentos diários de 25 mil kwanzas, além de efectuar vários pagamentos em stands de automóveis, lojas e supermercados. A IGAE analisou ainda 77 transacções no Banco Angolano de Investimentos (BAI), realizadas em 2018, cujo valor total é de 85 milhões de kwanzas, pagos a singulares sem qualquer justificativo e suporte documental. O relatório aponta a ausência de cópias de contratos de prestação de serviços previamente estabelecidos entre a ELISAL e as suas prestadoras, valores de facturas diferentes dos que aparecem espelhados no extracto bancário, pagamento de combustíveis não justificados, bem como um conjunto de transacções bancárias feitas nas mesmas condições. Contactado pelo Jornal de Angola para se pronunciar sobre as acusações que pesam sobre si, Manuel Caterça negou ter desviado 10 mil milhões de kwanzas da empresa. Afirmou ainda que, até ao final do seu mandato, o GPL tinha uma dívida com a ELISAL estimada em mais de 10 mil milhões de kwanzas e garante que a quantia em falta não resulta de má gestão. The former Chairman of the Board of Directors of the Cleaning and Sanitation Company of Luanda (ELISAL), Manuel Caterça, is being accused of embezzlement of more than 10 billion kwanzas during his term, between 2017 and 2019. This information is in a report issued by the General Inspectorate of the Public Administration (IGAE), according to Jornal de Angola. In the report, the IGAE reviewed 444 interbank transactions of ELISAL in 2017 and found out that more than 52 million kwanzas were withdrawn via an ATM card issued by the company and delivered to the former Chairman of the Board of Directors, Manuel Caterça. Over a period of three years, the former manager of ELISAL made two withdrawals of 25,000 kwanzas every day, in addition to several payments in car showrooms, shops and supermarkets. The IGAE, in 2018, also reviewed 77 transactions in the Angolan Investment Bank (BAI), totalling 85 million kwanzas, paid to individuals without any justification or supporting documentation whatsoever. The report indicated the absence of copies of contracts previously established between ELISAL and its service providers, invoice values different from those presented in the bank statement, unjustified payments of fuel as well as a wide range of banking transactions made under the same conditions. Jornal de Angola contacted Manuel Caterça to talk about the charges against him; he denied the misappropriation of 10 billion kwanzas from the company. He also said that, by the end of his term, the GPL owed ELISAL more than 10 billion kwanzas and assured that the amount missing is not the result of a mismanagement practice.

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6.800 TONELADAS É O VOLUME DE RESÍDUOS SÓLIDOS QUE LUANDA PRODUZ DIARIAMENTE. AS OPERADORAS TÊM CAPACIDADE DE COBERTURA DE APENAS 60% LUANDA PRODUCES 6,800 TONNES OF SOLID WASTE DAILY; THE OPERATORS HAVE A COVERAGE CAPACITY OF ONLY 60% empresas que se encontram disponíveis a colaborar. A governante considerou que deve ser ponderada e encorajada a criação de cooperativas de jovens, para fazer o trabalho de recolha de resíduos sólidos nas novas centralidades e no casco urbano, para que se reduzam custos operacionais e se melhore o ambiente na cidade capital. Do lado das administrações, no entanto, nem todas dispõem de meios para esse desafio, como é o caso de Viana e Luanda. A E&M tentou, mas sem sucesso, saber junto do GPL se as administrações vão ser potencializadas com meios. Com pelo menos oito milhões de habitantes, Luanda produz, diariamente, 6.800 toneladas de resíduos sólidos, sendo que as operadoras têm capacidade de cobertura de apenas 60%, o que custa ao GPL, mensalmente, cerca de oito mil milhões de kwanzas. Com a saída de seis empresas, a população receia que a situação se torne ainda mais complicada. Numa ronda efectuada pela E&M, por várias zonas da capital, constataram-se amontoados de lixo em muitos bairros, sobretudo no Rocha Pinto, Viana e Calemba 2. Neste último bairro, a opção encontrada pela população para a redução dos amontoados é a queima. Já a Centralidade do Kilamba viveu, em Novembro e Dezembro, um cenário crítico, mas, com o clamor dos moradores, a recolha do lixo já foi reposta. Depois de vários modelos fa-

district administrations and by the four companies that are available to cooperate. The governor stated that the creation of cooperatives run by young people should be considered and encouraged for the collection of solid waste in the new cities and towns, so that operational costs are reduced and the environment in the capital city is improved. However, not all district and municipal administrations have the means to face this challenge. This is the case of Viana and Luanda. E&M tried, without success, to find out from the GPL whether the administrations are going to receive any means of support. With a population estimated at 8 million, Luanda produces 6,800 tonnes of solid waste daily; the operators have a coverage capacity of only 60%, which costs about 8 billion kwanzas per month to the GPL. With the departure of 6 sanitation companies, the population fears that the situation becomes even more complicated. The E&M team made a tour in several locations of the capital city and noticed piles of waste across many neighbourhoods, especially in Rocha Pinto, Viana and Calemba 2. In the last neighbourhood, the local population opted to incinerate the waste to reduce piles. Kilamba went through a period of bad conditions in November and December, but thanks to the “cry out” of the residents, the waste collection

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PROVÍNCIA

LUANDA

in-country

Para o ambientalista Vladimir Russo, a gestão dos resíduos sólidos assenta numa visão de que apenas uma quantidade ínfima deve ir parar aos aterros sanitários, daí que insiste numa aposta forte na reciclagem. For the environmentalist, Vladimir Russo, the management of solid waste is based on a vision that only a tiny amount of waste should end up in the landfills, this is why he insists that a strong focus should be placed on recycling efforts.

lhados – como o da compra de lixo aos munícipes pelas operadoras –, em 2019, o GPL decidiu adoptar, a partir de 2020, novas formas de taxar e de cobrar a recolha de resíduos sólidos. A medida consistia em o sistema público atender ao lixo doméstico – que passaria a pagar duas taxas, sendo uma referente à higiene do meio e outra à recolha e tratamento do lixo – e as empresas teriam a responsabilidade de firmar contrato com operadoras licenciadas pelo GPL para a recolha do chamado lixo industrial. Ao Estado, caberia apenas a definição de regras e fiscalizar. Acresça-se que as taxas seriam indexadas à factura da energia eléctrica. Entretanto, este modelo vingou.

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Ambientalista defende aposta na reciclagem

Com apenas um aterro sanitário em funcionamento, na localidade dos Mulenvos, município de Viana, a questão da recolha e deposição dos resíduos sólidos é um dos pontos críticos da gestão do saneamento em Luanda. Especialistas em Gestão Ambiental são de opinião que o lixo, hoje um grande problema para Luanda, em particular, e para o país, em geral, devia ser uma solução. O ambientalista Vladimir Russo entende que uma das soluções para a gestão dos resíduos sólidos em Luanda passa pela criação de incentivos aos processos da economia circular, que incluem a reciclagem e a sua reutilização. A outra solu-

services have been restored. Upon the failure of several waste collection models – such as the sanitation companies purchasing waste from residents – in 2019, the GPL decided to adopt, as of 2020, new ways of charging for the solid waste collection services. The public system would collect the household waste, with a payment of two fees (one for the environmental hygiene and another one for waste collection and treatment). The private companies would be required to enter into an agreement with the GPL licensed operators for the collection of the so-called industrial waste. The state would define rules and oversight compliance. It is worth noting here

that the fees would be included in the electricity bill. This model has succeeded.

Environmentalist defends focus on recycling

With only one operating sanitary landfill, in Mulenvos, Viana, the issue of the solid waste collection and disposal is one of the critical aspects of the sanitation management in Luanda. Experts on environmental management consider that waste, which today is a major problem for Luanda and for all country, should be viewed as a solution. The environmentalist Vladimir Russo believes that one of the solutions for the solid waste management in Luanda lies in the creation of in-

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ção, na visão do ambientalista, é a aplicação de uma taxa justa que permita às operadoras proceder à recolha dos resíduos de forma mais eficiente. O especialista defende, igualmente, investimento na educação e sensibilização das pessoas para a correcta deposição dos resíduos. Em relação aos modelos fracassados, avança vários motivos, entre eles uma deficiente planificação do processo de recolha e deposição, a tentativa da aplicação de um modelo igual para todos os municípios, a visão das lixeiras apenas como locais de deposição de resíduos, o deficiente acesso às periferias da cidade, o não-conhecimento das quantidades das diversas tipologias de resíduos e, por fim, o não-reconhecimento do papel dos catadores de resíduos e outros negócios informais à volta do lixo. Um dos modelos ensaiados pelo antigo governador de Luanda, Bento Francisco Bento, era o da compra do lixo aos munícipes. Vlamir Russo entende que não é de todo mau. “É usado amplamente em vários países, o que permite a geração de empregos e receitas e uma maior eficiência, tanto na recolha de resíduos em áreas aonde as operadoras não chegam, como uma separação na fonte dos tipos de resíduos, com destaque para o metal, vidro, plástico e mais recentemente cartão”, argumentou. O especialista entende que se deve considerar que a venda poderá ser feita também para empresas que usam esses resíduos como matéria-prima. Quanto às grandes superfícies comerciais e industriais, afirmou que podem também fazer parte deste circuito de separação dos resíduos e entrega ou comercialização às instituições que necessitam deles para os seus processos de produção. Para o ambientalista Vladimir Russo, a gestão dos resíduos sólidos assenta numa visão de que apenas uma quantidade ínfima deve ir parar aos aterros sanitários, daí que insista numa aposta forte na reciclagem. n

centives for circular economy processes, including recycling and re-use. The other solution, according to the environmentalist, is the application of a fair rate allowing the operators to collect waste in a more efficient way. The expert also advocates investment in public education and awareness to ensure waste is disposed of appropriately. Regarding the failed models, he presented various reasons, including poor planning of the collection and disposal process, implementing one single model for all municipalities, viewing dumps as sites for waste disposal only, poor access to the outskirts of the city, lack of knowledge of the various types and quantities of waste and, finally, lack of recognition of the role played by waste collectors and other informal businesses in waste management. Purchasing waste from the residents was one of the models tested by the former Governor of Luanda, Bento Francisco Bento. For Vladimir Russo this is not a completely bad idea; ‟it is widely used by several countries, generating jobs, revenues, and more efficiency on the waste collection process, in public areas where operators cannot reach, and on the waste segregation process at the source, mainly for metal, glass, plastic and, more recently, cardboard items” he argued. The specialist believes the sale may also be made to companies using this waste as raw material. He also said that large supermarkets and industries may also be part of the waste segregation, delivery or sale to the institutions that need it for their production processes. For the environmentalist, Vladimir Russo, the management of solid waste is based on a vision that only a tiny amount of waste should end up in the landfills, this is why he insists that a strong focus should be placed on the recycling efforts. n

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MERCADO E FINANÇAS

finance & markets

IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES EM QUEDA VERTIGINOSA

IMPORTS AND EXPORTS PLUMMETING Angola importou, entre Janeiro e Setembro de 2020, bens alimentares no valor de 1.635 milhões de dólares, o que representa uma redução de 37,4%, se comparados com os 2.613 milhões gastos em 2019. Between January and September 2020, Angola imported food in the value of 1,635 million dollars, which represents a reduction of 37.4%, compared to the 2,613 million spent in 2019. TEXTO TEXT ANTÓNIO NOGUEIRA FOTOGRAFIA PHOTO ISTOCKPHOTO

Em 2020, o país registou uma

redução de cerca de 978 milhões de dólares na importação de bens alimentares, face ao período homólogo de 2019. O mesmo ocorreu em relação aos produtos da cesta básica, que consentiram uma queda na ordem dos 100 milhões de dólares, no ano em referência. Outra redução significativa ocorreu na categoria dos combustíveis, menos 1.295 milhões de dólares, já que em 2020 Angola importou combustíveis no valor de apenas 642 milhões de dólares. No passado, havia importado, também, menos máquinas e equipamentos eléctricos, tendo sido gastos, somente para esse efeito, 1.625 milhões de dólares, contra os mais de 2,7 mil milhões de dólares de 2019. No geral, o valor gasto com as importações caiu 60% no ano passado, tendo Angola desembolsado, apenas no período em referência, 6.924 milhões de dólares contra os 14.127 milhões de dólares de 2019, menos 7,2 milhões. Esta queda no valor das importações é a mais acentuada, verificada no país desde que a economia nacional entrou em recessão, em 2015. Até à data actual, a pior queda que se havia registado no valor das importações remete para o ano 2016, quando o mesmo se fixou em pouco mais de 13 mil milhões de dólares.

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Relativamente aos países de origem das importações angolanas, a China e Portugal permaneceram na liderança durante o ano 2020. Mas, os valores implicados neste processo sofreram, no geral, uma redução em mais de 50%. Se em 2019, por exemplo, o valor dos produtos importados por Angola a partir do ‘Gigante asiático’ se situava na ordem dos 1,9 mil milhões de dólares, em 2020 caiu 52%, para cerca de 953,4 milhões de dólares.

In 2020, the country experienced a reduction of 978 million dollars in food imports, compared to the corresponding period in 2019. The same happened with the imports of basic food basket, which have declined to an estimated amount of 100 million dollars in the year under consideration. Another significant reduction occurred in the fuel category – 1,295 million dollars less since Angola imported fuel only worth 642 million dollars in 2020. In the past, our country

had also imported less electrical machinery and equipment by spending only 1,625 million dollars, compared to the more than 2.7 billion dollars spent in 2019. Overall, the amount spent on imports fell 60% last year. In the period under consideration, Angola spent 6,924 million dollars against the 14,127 million dollars spent in 2019 (7.2 billion less). This reduction, in the value spent on imports, is the highest one in the country since its

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PRODUÇÃO NACIONAL ‘ACELERA’ QUEDA NAS IMPORTAÇÕES Domestic production ‘accelerates’ decline in imports A redução que se tem verificado, nos últimos anos, a nível da importação de produtos para Angola, é reflexo de que a produção interna tem estado a ocupar o seu devido lugar no mercado nacional, deixou a entender recentemente, em declarações aos jornalistas, o ministro da Indústria e Comércio, Victor Fernandes. Para o governante, os recentes números sobre esta matéria reflectem sobre “as muitas oportunidades que o mercado ainda oferece para investimentos, sobretudo na indústria transformadora”. Informou ainda que existe uma margem suficiente para se investir na produção local de óleo alimentar e óleo de palma.

O cenário também ocorreu em relação aos bens de origem portuguesa, que caíram perto de 45,2%, passando de 1.815 milhões de dólares em 2019 para 994,2 milhões em 2020. O terceiro país para o qual Angola desembolsou menos valores para as importações, em 2020, foi o Brasil, que, um ano antes (2019), se tinha posicionado como o sétimo de origem das importações angolanas. No ano passado, Angola importou produtos no valor de pouco mais de 425 milhões de dólares (valor abaixo dos 554 milhões aplicados em 2019), mas a nação sul-americana ficou à frente dos Estados Unidos da América (EUA), da Índia e da África do Sul, parceiros tradicionais, em termos de origem das importações angolanas. Declínio também nas exportações Em relação aos produtos exportados, houve também um declínio nos valores envolvidos. De acordo com dados do BNA, no geral, as exportações angolanas, em 2020, valeram ao país pouco mais de 15 mil milhões de dólares, dos quais cerca de 14,5 mil milhões provenientes do sector petrolífero e 622 milhões do sector não-petrolífero. Registou-se, assim, uma queda de 56,4% nas exportações, já que em 2019 estes valores corresponderam

PAÍSES DE ORIGEM DAS IMPORTAÇÕES Exporters countries Valores em milhares Values in thousands

1.983,9 953,4

1.949,1

1.815,4 994,2

425,2

CHINA

FRANÇA FRANCE

PORTUGAL

BRASIL BRASIL

2019

2020

llion dollars, in 2020 it dropped to 52 %, that is, to nearly 953.4 million dollars. The same also happened with the imports from Portugal, which have dropped to nearly 45.2 %, from 1,815 million dollars in 2019 to 994.2 million in 2020. Brazil was the third country towards which Angola spent less in imports, in 2020. A year earlier (2019), Brazil was the seventh source of the Angolan imports. Last year, Angola imported goods worth a little over 425 million dollars (below the 554 million dollars spent in 2019), but the South American nation surpassed the United States of America (USA), India and South Africa, traditional partners for the Angolan imports.

FONTE SOURCE ??????

a mais de 34,7 mil milhões de dólares, sendo o sector petrolífero responsável por cerca de 33,3 mil milhões de dólares e o não-petrolífero por pouco mais de 1,3 mil milhões. Tal como tem ocorrido nos últimos cinco anos, apesar da redução no valor das exportações, depois do petróleo bruto, que correspondeu a 90% do total, os produtos mais exportados por Angola em 2020 foram o gás (4,6%), os diamantes (3,5%) e os refinados de petróleo (1,2%).

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Victor Fernandes, Minister of Industry and Commerce, speaking to journalists, recently suggested that the reduction in the imports of products to Angola, over the last few years, is an indication that the domestic production is taking over its rightful place in the national market. For the Minister, the recent figures on the subject reflect the “many investment opportunities that the market still offers, especially in the manufacturing industry”. He added that there is enough room for investment in local production of cooking oil and palm oil. According to the recently disclosed data of the Ministry of Industry and

economy entered into recession, in 2015. The worst reduction in the value of the imports occurred back in 2016, with a little over 13 billion dollars. During 2020, China and Portugal remained as the leading countries of origin of the Angolan imports. However, the amount spent in this process have, in general, decreased by more than 50%. If, in 2019, for example, the value of the products imported by Angola from the “Asian Giant” was estimated at 1.9 bi-

Decline in exports, too! Regarding the exported products, there was also a similar decline in the amount involved. According to the National Bank of Angola (BNA) data, in general, the Angolan exports in 2020 brought to the country a little over 15 billion dollars, of which nearly 14.5 billion came from the oil sector and 622 million from the non-oil sector. Therefore, exports dropped 56.4 %, since the corresponding value in 2019 was more than 34.7 billion dollars, where the oil sector was the responsible for approximately 33.3 billion dollars and the non-oil sec-

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MERCADO E FINANÇAS

finance & markets

De acordo com dados do Ministério da Indústria e Comércio, recentemente divulgados, o Governo desembolsou, em Dezembro de 2019, 250 milhões de dólares para a importação de produtos da cesta básica, enquanto, no mesmo mês de 2020, gastou 152 milhões de dólares. No quadro comparativo, destaca-se a redução na importação do açúcar, que passou de 2,1 milhões de toneladas, em 2019, ao custo de 17,6 milhões de dólares, para 1.472 toneladas, ao custo de 831.121 dólares. A importação de arroz corrente, de 136.985 toneladas, no valor de 37,2 milhões de dólares, em 2019, passou, em 2020, para 59.505 toneladas, no valor de 10,5 milhões de dólares. Sobre o valor desembolsado para a importação do arroz corrente, a directora nacional do Comércio Externo, Augusta Fortes, citada numa nota informativa do Ministério da Indústria e Comércio, referiu que se justifica, à semelhança do valor gasto com a importação de óleo de palma, porque serve de matéria-prima para alguma indústria, nomeadamente a cervejeira e de produção de leite condensado. Em 2019, Angola importou 46.820 toneladas de óleo de palma por mais de 22 milhões de dólares, enquanto em 2020 foram importadas 264.863 toneladas, no valor de 21,7 milhões de dólares. Relativamente ao frango, registou-se uma redução em 2020, comparativamente ao período homólogo, com a importação, em 2019, de 46.385 toneladas, por 51,5 milhões de dólares, para 32.447 toneladas, por mais de 25 milhões de dólares.

No ano passado, só a exportação do petróleo bruto rendeu ao Estado angolano 13,6 mil milhões de dólares, resultantes da venda de um volume de 342,5 milhões barris ao preço médio de 119 dólares cada. Já os derivados do petróleo permitiram ao Estado amealhar 189 milhões de dólares, como resultado da comercialização de um volume de 704 mil toneladas métricas a um preço médio de 838 dólares por unidade. Enquanto isso, as exportações de diamantes valeram a Angola 532 milhões de dólares, no ano passado, e o gás natural, cerca de 690 milhões de dólares. Em 2020, a China continuou a comandar a lista dos principais destinos das exportações petrolíferas angolanas, mas houve também uma significativa redução no valor das exportações, que passaram de 21,2 mil milhões de dólares em 2019 para pouco mais de 9,5 mil milhões, no ano passado. Também a Índia – país para o qual Angola exportava petróleo bruto na casa dos mil mi-

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lhões de dólares nos últimos 13 anos – reduziu a aquisição do crude angolano para pouco mais de 895 milhões de dólares, em 2020, contra os 2,8 mil milhões de 2019. Apesar destas quebras, o petróleo angolano continuou a ser apetecível para outros países do continente asiático, em 2020, como são os casos da Tailândia e da Singapura. O primeiro comprou na ordem dos 705 milhões de dólares, valores que se sobrepõem aos das exportações efectuadas em 2019, estimadas em 580 milhões de dólares. Já o segundo, Singapura, superou o valor da aquisição feita em 2019 (242 milhões de dólares), com uma compra no valor de 359 milhões de dólares em 2020. Em suma, no ano passado, estes dois países asiáticos superaram, inclusive, destinos tradicionais das exportações petrolíferas nacionais, como os casos dos Estados Unidos da América e da França, que compraram petróleo angolano no valor de 259 milhões de dólares e 320 milhões, respectivamente. n

Commerce, the government disbursed 250 million dollars to import basic food products in December 2019, whereas in the same month of 2020, it spent 152 million dollars. In comparative terms, it is worth highlighting the reduction in sugar imports, from 2.1 million tons in 2019, in the value of 17.6 million dollars, to 1,472 million tons, in the value 831,121 dollars. The rice imports, from 136,985 tons, in the value of 37.2 million dollars, in 2019, reduced to 59,505 tons, in the value of 10.5 million dollars, in 2020. In an Information Notice from the Ministry of Industry and Commerce, the National Director for External Trade, Augusta Fortes, was quoted saying that the amount spent to import rice is justified; the same applies to the amount spent on the import of palm oil because it serves as raw material for some industries, namely those of brewing and production of condensed milk. In 2019, Angola imported 46,820 tons of palm oil for more than 22 million dollars, whereas, in 2020, it imported 264,863 tons in the value of 21.7 million dollars. Regarding poultry meat, there was a reduction in 2020, compared to the same period in 2019 – from imports of 46,385 tons (in the value of 51.5 million dollars) to imports of 32,447 tons (in the value of more than 25 million dollars).

tor for a little over 1.3 billion. Similar to the past five years, despite the reduction in the value of exports, right after the crude oil, which represented 90% of the total exports, the products mostly exported by Angola, in 2020, were gas (4.6%), diamonds (3.5%) and refined oil products (1.2 %). Last year, the Angolan Sate earned 13.6 billion dollars with crude oil exports alone, which was the result of a sales volume of 342.5 million barrels, at an average price of 119 dollars each. Refined oil products, on the other hand, allowed the Angolan State to secure 189 million dollars, which was the result of a sales volume of 704 thousand metric tons, at an average price of 838 dollars per unit. Diamond exports brought to Angola 532 million dollars last year, whereas natural gas brought about 690 million dollars. In 2020, China remained on top of the list as the main destination of the Angolan oil exports, but there was also a significant reduction in the value of

the exports, from 21.2 billion dollars in 2019 to a little over 9.5 billion dollars last year. Similarly, India – a country to which Angolan exported oil estimated at over a billion dollars in the last 13 years – reduced the acquisition of the Angolan crude to a little over 895 million dollars in 2020, against the 2.8 billion dollars in 2019. Despite the falls, the Angolan oil remained desirable for other Asian countries, in 2020, such as Thailand and Singapore. The former bought oil in the value of 705 million dollars, an amount that surpasses the 2019 exports, estimated at 580 million dollars. The latter also surpassed the acquisition value of 2019 (242 million), with an acquisition value of 359 million dollars in 2020. In conclusion, last year, these two Asian countries surpassed the traditional destinations of the Angolan oil exports, including the United States and France, which bought Angolan oil worth 259 million dollars and 320 million dollars, respectively. n

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OPINIÃO

opinion

foto recorte

2021: CRESCER OU PERECER 2021: GROW OR DIE

Deslandes Monteiro • ANALISTA DE MERCADO MARKET ANALYST

O ano em curso pode revelar-se um dos mais desafiantes para a

economia nacional, em todos os níveis, tendo em conta a carga pesada de 2020 e a necessidade, imposta a nível nacional e internacional, de se retomar um crescimento económico que não se verifica desde 2015, exigência acentuada pela situação eleitoral que o país irá enfrentar em 2022. A capacidade de superar os desafios só poderá ser avaliada no decorrer do ano, porém surgem, desde já, algumas perguntas pertinentes, concentradas nas seguintes áreas e protagonistas da nossa economia:

This year may prove to be one of the most challenging for the national economy, at all levels, considering the heavy burden of 2020 and the need imposed, nationally and internationally, to resume economic growth that has largely been stalled since 2015; this challenge is exacerbated by the electoral scenario the country will face in 2022. However, its ability to meet the challenges can only be assessed in the course of the year, although some relevant questions are already arising, pertaining to the following areas of our economy:

Empresariado: deixando de lado toda a problemática do Sector Empresarial Público, que continua a impactar negativamente a economia nacional, uma preocupação especial é gerada pela fraca capacidade de reacção que se tem verificado no empresariado privado. Com a necessidade sempre mais patente de competirmos a nível continental (em Janeiro entrou em vigor a Zona de Livre Comércio Continental Africana), como irão reagir as empresas angolanas em 2021?

Business Community: Putting aside all the issues affecting the public business sector, which continues to have a negative impact on the national economy, a particular concern arises out of the inadequate response capability of the private business sector. Considering the urgent need to always compete at the continental level (the African Continental Free Trade Area came into effect in January), how will Angolan companies respond in 2021?

Estado: A escolha da política económica a adoptar para o ano em curso é, provavelmente, uma das principais preocupações do Executivo, pois, se de um lado tem a necessidade de obter receitas, do outro tem a grande necessidade, talvez mais patente, de providenciar um alívio aos operadores económicos e de estimular a iniciativa privada e o consumo. Tendo em conta o peso da dívida pública, actualmente superior a 52% das despesas previstas no OGE, quais serão as medidas a adoptar pelo Governo para reavivar a economia?

State: The ecomomic policy choice to be adopted for this year is, probably, one of the major concerns of the Government - on the one hand, there is a need to generate revenue, but on the other hand there is a major need, and maybe more noticeable, to provide some relief to the economic operators and to encourage private initiative and consumption. Considering the weight of the public debt, currently covering over 52% of the expenses of the General State Budget, what measures will the Government take to revive the economy?

Banca: É sabido, à partida, que uma das funções principais dos bancos é a de concessão de créditos às iniciativas empresariais privadas, permitindo, assim, a existência de um número cada vez maior de empresas que consequentemente poderão gerar emprego, consumo e riqueza para a economia, com efeitos positivos inclusive na própria liquidez. Contudo, nos últimos anos, tem-se acompanhado uma tendência contrária, com as instituições financeiras sempre menos propensas a conceder financiamentos e a aplicarem taxas de juros elevadíssimas quando decidem positivamente, causando, inevitavelmente, o aumento do crédito malparado. Em 2021, como se vai desenvolver esta controvérsia entre os bancos e o Estado e quais as reais consequências para a economia nacional? Mas, acima de tudo, em 2021, a nossa economia irá crescer ou perecer? n

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Banking Sector: We already know that one of the main functions of the banks is to grant credits to private businesses, enabling the establishment of an ever-increasing number of companies that will create jobs, drive consumption and generate wealth for the economy, including a positive effect on the liquidity itself. However, in recent years, there has been an opposite trend where financial institutions are less likely to provide funding and, when they do, extremely high interest rates are charged, inevitably leading to the increase of the bad loan. In 2021, how will this controversy between banks and the State evolve and what are the actual consequences for the national economy? But, most importantly, will our economy grow or die in 2021? n

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EMPRESAS

enterprise

MULTITEL APOSTA EM SOLUÇÕES INTEGRADAS DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO

MULTITEL FOCUSES ON INFORMATION TECHNOLOGY INTEGRATED SOLUTIONS. Fundada em 1998, a Multitel criou, no último trimestre de 2020, uma nova unidade de negócios especializada em investigação e desenvolvimento de soluções digitais e de comunicações. MULTITEL was founded in 1998 and, in the last quarter of 2020, created a new business unit specialized in research and development of digital and communication solutions.

produtos lançados pela Multitel poderão responder por até 15% das receitas da empresa, que pretende atingir um ritmo de crescimento “acima dos dois dígitos”, de acordo com o seu CEO, António Geirinhas. O responsável esclareceu que se trata de um conjunto de soluções de tecnologias e sistemas de informação (TI/ SI) criadas com a expectativa de fazer face às necessidades locais e regionais e informou que, apesar do cenário de crise económica, financeira e sanitária que assola o país e o mundo, os investimentos feitos até ao momento contribuíram, em 2020, para um crescimento de 11%, relativamente ao exercício anterior. O reposicionamento, acrescentou o gestor, foi um desafio assumido pelos accionistas, que apostaram no incremento de valor para a empresa, face à sua preparação para o processo de privatização ou

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BIid MULTITEL SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES, LDA CEO ANTÓNIO GEIRINHAS FUNDAÇÃO FOUNDATION

1998

PARTICIPAÇÃO SHARES ESTADO ANGOLANO ANGOLAN STATE 50%, OI 40% E PARTICULARES AND PRIVATE 10% COLABORADORES DIRECTOS DIRECT EMPLOYEES

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INDIRECTOS INDIRECT

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TEXTO TEXT CLÁUDIO GOMES FOTOGRAFIA PHOTO ARQUIVO ARCHIVE

Em 2021, os novos serviços e

In 2021, the new services

alienação, através de operações em bolsa (BODIVA), cujo início está previsto para este ano. Segundo António Geirinhas, os investimentos representam “um sucesso acima das expectativas”, sendo que o volume de negócios propostos poderá “traduzir-se rapidamente em receitas para a empresa”. Esclareceu ainda que, nesta fase, “ganharam destaque os serviços de infra-estrutura de rede, gestão e manutenção de equipamentos, data center, cloud e soluções de VOIP”. A Multitel opera, actualmente, em 360º, oferecendo um conjunto serviços agrupados em oito classes, a que chama de “Multitel Digitotal Solutions”. “Hoje somos uma plataforma alargada de serviços, capaz de gerir para os nossos clientes projectos que integrem soluções de telecomunicações com tecnologias e sistemas de informação”, rematou António Geirinhas. n

OUTROS SERVIÇOS OTHER SERVICES CYBER SEGURANÇA, WEB, AUTOMAÇÃO E SEGURANÇA ELECTRÓNICA (GESTÃO DE FILAS, CCTV, BIOPONTO, TORNIQUETES) E SOFTWARES (ERP, CRM, SISTEMAS DE GESTÃO E SOFTWARES À MEDIDA). CYBER SECURITY, WEB, AUTOMATION AND ELECTRONIC SECURITY (QUEUE MANAGEMENT, CCTV, BIOPONTO, TURNSTILES) AND SOFTWARE (CUSTOMIZED ERP, CRM, MANAGEMENT SYSTEMS AND SOFTWARE

and products launched by Multitel will account for up to 15% of the company’s revenues; Multitel intends to achieve a growth rate “above double digits”, according to its CEO, António Geirinhas. Mr. Geirinhas clarified that these are solutions for information technology (IT) and information systems (IS) created to meet local and regional needs. He also added informed that, despite the economic, financial and health crisis that devastates the country and the world in general, the investments made so far have contributed to a growth of 11% in 2020, compared to the previous year. According to the manager, repositioning was a challenge taken on by the shareholders who seriously placed their focus on increasing the company’s value, as a preparation for the privatization or divestment process, through stock exchange transactions (BODIVA), which is scheduled to start this year. Mr. António Geirinhas also stated that the investments represent “a success above expectations”, since the proposed business volume may “quickly be translated into revenues for the company”. He clarified that, in this period, “the services of network infrastructure, equipment management and maintenance, data center, cloud and VoIP solutions stood out.” Currently, Multitel operates in 360º by offering a set of services grouped into 8 categories designated as Multitel Digital Solutions. “Today, we are an extended service platform that can manage projects integrating telecommunication solutions, with information technology and systems, on behalf of our customers“, concluded Mr. Geirinhas. n

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MEGAFONE

megaphone

HUAWEI DEBATE SEGURANÇA DE DADOS Huawei discussion on data security Foi através de um webinar que a multinacional chinesa juntou, recentemente, especialistas do sector das Tecnologias de Informação e Comunicação para abordar a problemática da protecção de dados. Os participantes olharam para as importantes lições aprendidas durante o ano 2020, bem como analisaram as perspectivas para 2021.

FORTALECIDA PARCERIA COM ACTORES SOCIAIS PARTNERSHIP STRENGTHENED WITH SOCIAL ACTORS

A TV Zimbo é o canal preferido pelos luandenses, de acordo com uma sondagem da Marktest sobre a actuação de empresas ao longo de 2020 em relação à Covid-19. Em segundo lugar vem a TPA 1, com 23% da preferência dos inquiridos, contra 52% do “mais querido”, no que às notícias e outras informações da actualidade diz respeito. Noutro patamar de preferência, surgem a Euronews, com 7%, o canal Zap Viva e a Record, ambos com 4%, como preferidos pela audiência.

It was through a webinar that the Chinese multinational, recently, brought together experts from the Information and Communications Technology sector to discuss issues pertaining to data protection. The participants have looked into the main lessons learned in 2020 and reviewed the perspectives for 2021.

MASTER PLAN DEBATE PROBLEMÁTICA DO URBANISMO Master plan discusses urbanization issues Sob o tema “Celebrando Luanda”, o debate juntou, recentemente, na capital angolana, profissionais que participam do processo de construção de residências, entre outros projectos arquitectónicos e de engenharia civil. O evento teve por objectivo informar a audiência sobre os critérios necessários para a construção ou remodelação de uma residência, bem como serviu de oportunidade para debater sobre a situação actual da imagem da cidade de Luanda.

Under the theme “Celebrating Luanda”, the debate, recently, has brought together, in the Angolan capital, Luanda, professionals involved in the process of building residences, among other architectural and civil engineering projects. The event aimed to inform the audience about the required criteria for the construction or remodeling of a residence; it was also an opportunity to discuss the current situation of the city image.

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TV ZIMBO ENTRE OS CANAIS PREFERIDOS PELOS LUANDENSES Tv zimbo one of the most favorite channels among luanda residents (luandenses)

Criado pelo Banco de Fomento Angola (BFA), o concurso

que apoia projectos estratégicos de organizações do sector social, com foco nos que trablham com crianças e jovens angolanos carenciados, distribuirá verbas por um número máximo de 12 organizações, subdividas em três categorias: educação, saúde e inclusão social e financeira. As subvenções serão disponibilizadas através de transferência para conta do fornecedor de bens ou serviços, contra a disponibilização dos respectivos comprovativos de pagamentos e a verificação da entrega dos respectivos bens. Entre 2005 e 2020, o Fundo Social do BFA já financiou cerca de 285 projectos, num investimento global equivalente a 20 milhões de dólares.

Created by Banco de Fomento Angola (BFA), the contest that supports strategic projects of organizations in the social sector, with focus on underprivileged Angolan children and young people, will donate the funds mentioned above to a maximum of 12 organizations subdivided into three categories: Education, Health and Social and Financial Inclusion. The grants will be made available via a bank transfer to the account of the supplier of goods or services, upon submission of the proof of payment and verification that the respective goods have been delivered. BFA Social Fund has funded around 285 projects between 2005 and 2020, which represents a global investment equivalent to 20 million dollars. TEXTO TEXT CLÁUDIO GOMES FOTOGRAFIA PHOTO CEDIDA COURTESY

TV Zimbo is the most favorite channel of the Luandenses, according to a Marketest poll on the performance of companies throughout 2020, in relation to Covid-19. TPA 1 was in the second place, with 23% of the preference of the respondents against 52% as “the most loved one” on the news and other current affairs information. On another preference level, Euronews arises with 7%; and both Zap Viva and Record channels hold 4% as favorite ones among Luandenses.

‘É-KWANZA’ RENDE MAIS DE QUATRO MIL MILHÕES DE KWANZAS É-kwanza yields over four billion kwanzas in transactions Em 2020, o serviço ‘É-Kwanza’ registou transacções avaliadas em 4,13 mil milhões de kwanzas, efectuadas por mais de 112 mil clientes, sendo que o maior aumento ocorreu no último semestre do ano, impulsionado pela adesão de comerciantes ao serviço.

In 2020, the ‘É-Kwanza’ service reported transactions estimated at 4.13 billion kwanzas, undertaken by more than 112 thousand customers; the biggest increase occurred in the last half of the year, driven by the fact that traders joined the É-KWANZA’ service. www.economiaemercado.co.ao | Fevereiro 2021 February 2021

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FIGURA DO MÊS

featuring

“A DHL FOI IMPACTADA POSITIVAMENTE PELA PANDEMIA”

“DHL HAS BEEN POSITIVELY IMPACTED BY THE PANDEMIC” DANIELA MARTINS Directora comercial da DHL Angola Commercial Director at DHL Angola TEXTO TEXT CLÁUDIO GOMES FOTOGRAFIA PHOTO CARLOS AGUIAR

2020 foi um ano de muitos desafios para a maioria das empresas angolanas. Como é que a DHL reagiu a este novo contexto? A DHL foi impactada positivamente pela pandemia, pois, com ela, veio uma avalanche de oportunidades que soubemos agarrar e, desta forma, dar soluções aos clientes que outrora não batiam à nossa porta. Tivemos um crescimento de 40%, por meio de tecnologias bem desenvolvidas, equipas estruturadas, com foco total no cliente e na resolução de problemas que adicionassem valor, apesar do cenário de dificuldades. Que desafios o novo contexto representou para a área em que a DHL actua, considerando o encerramento de empresas em 2020, muitas delas bem estabelecidas no mercado nacional? Os desafios foram muitos e tiveram resultados negativos e positivos no mercado nacional. Os negativos foram o desaparecimento de muitas empresas e os positivos, as novas iniciativas de muitas outras que surgiram, inovaram e criaram oportunidades de negócio, principalmente no mercado digital.

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Como foi lidar com o sentimento de insegurança, ao mesmo tempo que precisava de transmitir confiança, não apenas aos clientes, mas também à sua equipa de trabalho? Fomos apanhados de surpresa e obrigados a nos reinventarmos e adaptarmos. Lidar com a nova realidade foi difícil. Foi preciso criar medidas de segurança e apoio para as equipas de trabalho, bem como capacitar as pessoas e optimizar as ferramentas, o que deixava o cliente mais seguro em momentos de tanta incerteza. Que lições jamais deviam ser desaprendidas num contexto de tripla crise (económica, financeira e sanitária)? O “novo normal” veio para ficar. É preciso criar um leque de estratégias que competem entre si. Planos tácticos, flexibilidade e desburocratização facilitam o processo de reinvenção face a situações que estejam fora de controlo. O investimento e a implementação de ferramentas e produtos on-line serão um factor determinante para o sucesso em 2021. Iremos ajudar a desenvolver os projectos de pequenos e médios empresários no E-commerce. n

2020 was a year of many challenges for most Angolan companies. How did DHL react to this new environment? DHL was positively impacted by the pandemic since it brought numerous opportunities. We have grabbed them in order to offer solutions to customers that had never looked for our services in the past. We had a 40% growth, thanks to the well-developed technologies and structured teams, completely focused on the customer and solving problems that added value, despite the challenging scenario. What challenges did the new environment brought to the business segment where DHL operates, considering that several companies shut down in 2020 – many of them were very well established in the national market? Many challenges have had negative and positive impacts on the national market. The negative impact was the demise of several companies, whereas the positive impacts were the new initiatives of many other companies that have emerged, innovated and created business opportunities, mainly in the digital market space.

How did you deal with the feeling of insecurity when, at the same time, you needed to build the confidence of both your customers and working team? We were taken by surprise and forced to reinvent and adapt ourselves. Dealing with the new reality was difficult. We had to put in place safety measures and support our working teams. We also had to train our personnel and optimize our tools, which boosted customers’ confidence in moments of too many uncertainties. Which lessons should never be unlearned in a context of triple crisis (economic, financial and health)? The “new normal” is here stay. It is necessary to develop a range of competing strategies. Tactical plans, flexibility and absence of bureaucracy facilitate the reinvention process to deal with situations out of our control. The investment and implementation of online tools and products will be a critical factor for success in 2021. We will help develop projects of small and medium-sized businesses in the e-commerce sector. n

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Curriculum Vitae Licenciada em Gestão de Empresas pela Universidade Gregório Semedo, Daniela do Rosário Martins é natural de Luanda. Responde pela Área Comercial da DHL Angola, uma das empresas mais prósperas do sector logístico internacional, onde está a fazer um percurso profissional distinto. Para ela, a crise provocada pela Covid-19 trouxe também uma “avalanche de oportunidades” que nem todos souberam “agarrar”. Daniela do Rosário Martins is from Luanda and holds an undergraduate degree in Business Management from Gregório Semedo University. She is responsible for the Commercial Division of DHL Angola, one of the most successful companies in the international logistics sector, where Daniela is pursuing a distinguished career. According to her, the crisis caused by the COVID-19 also brought “numerous opportunities”, but not everyone took advantage of them.

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SOCIEDADE society

SERVIÇOS DE TÁXI EM CONTEXTO DE PANDEMIA TAXI SERVICES WITHIN THE PANDEMIC CONTEXT

Em Outubro do ano passado, a lotação máxima nos transportes públicos urbanos passou de 50 para 75%, em Luanda, tendo em conta a retoma das aulas no ensino superior e no II ciclo do ensino secundário. In October last year, the maximum capacity for urban public transportation increased from 50 to 75%, in Luanda, considering the resumption of classes in both higher education and II cycle of the secondary education. TEXTO TEXT ANDRADE LINO FOTOGRAFIA PHOTO SEBASTIÃO VEMBA E AND ANDRADE LINO

Correria, escassez de transportes, longas filas indianas nas principais artérias de Luanda, compostas maioritariamente por trabalhadores e estudantes. Este é um retrato rápido e parcial da situação dos transportes urbanos na capital do país, onde as medidas adoptadas pelo Governo, no âmbito do Decreto Presidencial que de-

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clara a Situação de Calamidade Pública, não são acompanhadas por acções complementares para atender à crescente procura por esses serviços. Na luta para apanhar um transporte, as paragens continuam lotadas e, com essas aglomerações, o risco de propagação do vírus nas comunidades é maior. O Ministério dos Trans-

It was seen rush, lack of transports, and long single queue in the main streets of Luanda, mostly composed of workers and students. This is a quick and partial portrait of the urban transportation situation in the capital of the country, where the measures adopted by the Government, under the Presidential Decree

that declares Situation of Public Disaster, are not followed by complementary actions to meet the growing demand for these services. In the fight to take a transport, the stops are still full and, with these crowds, the risk of spreading the virus in the communities is greater. In October last year, the Ministry of

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MEDIDAS PARA MITIGAR A SITUAÇÃO Measures to mitigate the situation O ministro dos Transportes, Ricardo D`Abreu, considerou importante o alargamento da frota dos transportes públicos, uma medida “muito fundamental para a melhoria das condições de funcionamento da rede”. O governante reconheceu que “Luanda tem registado, nos últimos meses, enchentes de passageiros nas paragens

portes assegurou, em Outubro do ano passado, o funcionamento de cerca de 90% dos serviços, com os 153 novos autocarros postos a circular em Luanda, mas o fenómeno da mobilidade na cidade capital atrai vários discursos. Para uns, “a coisa está feia”, mas, para outros, “dá para sobreviver”. Por um lado, os taxistas queixam-se de obter baixo lucro, porque têm de apresentar “grandes contas” aos patrões, por outro, a população fica com uma rotina cada vez cansativa, correndo atrás dos carros para conseguir chegar a tempo aos seus compromissos. João Sozinho é um taxista que faz as rotas Congolenses – Viana, Viana – Congolenses – Mutamba – Samba. Para ele, realmente, não há dificuldades com a lotação máxima de 75%, mas difícil é lidar com a fiscalização da Polícia. “Nos autocarros, não fiscalizam, como se essa doença só existisse nos táxis. O Governo tem de analisar bem esta questão”, desabafou, tendo reconhecido que, do lado dos taxistas, apesar de haver nas paragens grande fluxo de passageiros, o trabalho está a correr normalmente. Já para Josemar Carlos, também taxista, que actua no percurso Mutamba – Congolenses, a maior dificuldade com que a classe se debate são as contas, que são muito altas, o que obriga alguns taxistas a fazerem

de transportes públicos, facto que levou a criar um grupo de trabalho integrado por vários departamentos ministeriais e com o Governo Provincial, para superar o conjunto de dificuldades e deficiências nos transportes colectivos ”. Informou ainda que, em todo o país, existem grupos de trabalho que estão a estudar medidas para a melhoria do sector dos Transportes.

75% 75% É A LOTAÇÃO MÁXIMA AUTORIZADA NOS TRANSPORTES COLECTIVOS, DE ACORDO COM O DECRETO PRESIDENCIAL SOBRE A SITUAÇÃO DE CALAMIDADE PÚBLICA IS THE MAXIMUM CAPACITY FOR PUBLIC TRANSPORT, PURSUANT TO THE PRESIDENTIAL DECREE ON THE SITUATION OF PUBLIC DISASTER

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The Minister of Transport, Ricardo D`Abreu, considered the expansion of the public transportation fleet to be important, a measure that is “fundamental to improve the functioning conditions of the network”. The Minister acknowledged that “Luanda has experienced, in recent months, a flood of passengers at public transportation stops. This fact led to the creation of a working

group, composed of several Ministerial Departments and Provincial Government representatives, in order to overcome the challenges and deficiencies in the public transportation system”. He also informed there are working groups across the country currently studying measures to improve the Transportation sector.

Transport assured that about 90% of the services would be operational, with 153 new buses running around Luanda, but the issue of mobility in the capital city is one that attracts several speeches. For some, “the thing is ugly”, but for others, “you can survive”. On the one hand, taxi drivers complain about getting low profits, because they have to give “large sum of cash” to their bosses; on the other hand, the population has an increasingly exhausting routine, running after the cars in order to take them to their appointments on time. João Sozinho is a taxi driver who works on the route Congolenses – Viana and Viana - Congolenses - Mutamba - Samba. For him, there are no challenges with the maximum capacity of 75%, but it is difficult to deal with the inspection of the Police. “They do not inspect buses, as if the disease only exists within the taxis. The Government must review this issue carefully”, he said, having also recognized that, on the taxi drivers’ side, even though passenger flow is high at the taxi stops, the work is progressing normally. For Josemar Carlos, also a taxi driver who works on the Mutamba - Congolenses route, the major challenge facing the group are the extremely high bills, which force some taxi

drivers to take short routes or to raise prices to quickly close their bills. Alberto Fula António, another taxi driver, whose route includes São Paulo - Zamba 2 and, sometimes, São Paulo - Rocha Pinto, confirms it. “There are too many passengers for us to take only nine people, even though the situation had already been worse. We would like the Government to approve the increase of, at least, two additional passengers”, he proposed. However, some are managing the situation successfully. This is the case of Júlio Mina, a taxi driver for 10 years, of a sedan. He understands that the Police has reduced slightly the “inconvenience”. “In our case, we are taking three passengers, but we don’t feel affected negatively, as we are still making the money of the day” he said. As to resuming classes, his opinion is that the Government should reconsider it. “We are getting ready for the reopening of the classes in the primary education, but we still do not know what the Presidential Decree will stipulate on occupancy rate in taxis.”

Resuming classes in the primary education

Primary school classes, suspended since March 2020, due to the Covid-19 pandemic, may now resume in February, according to the Minister of State

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SOCIEDADE society

rotas curtas ou a subir preços para fechá-las mais rápido. Quem confirma essa dificuldade é Alberto Fula António, igualmente taxista, que faz a rota São Paulo – Zamba 2 e, às vezes, São Paulo – Rocha Pinto. “São muitos passageiros podemos levar apenas nove pessoas, embora a situação já tivesse estado pior. Gostaríamos que o Governo aumentasse para, pelo, menos mais dois”, propôs. Todavia, alguns conseguem gerir a situação. É o caso de Júlio Mina, taxista há 10 anos, de um sedan. Ele entende que a Polícia reduziu um pouco o “incómodo”. “No nosso caso, estamos a levar três passageiros, mas não nos sentimos prejudicados, pois estamos a conseguir fazer o dinheiro do dia”, disse. Quanto ao retorno às aulas, é de opinião que o Governo repense. “Estamos a preparar-nos para o reinício das aulas no ensino primário, mas ainda não sabemos o que estabelecerá o Decreto Presidencial quanto à lotação dos táxis”.

Retorno às aulas no ensino primário

As aulas no ensino primário, suspensas desde Março de 2020, devido à pandemia da Covid-19, poderão retornar agora em Fevereiro, segundo o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião. A informação preocupa os taxistas, alguns na condição de pais, ainda mais com a Polícia a controlar menos, ultimamente, o uso das máscaras. “Com o reinício das aulas, não sei como será. Acho que vai ser muito difícil. Mesmo com os autocarros, encontramos, de manhã, as paragens muito cheias”, partilhou o taxista Augusto Direito, que declarou não ter uma rota fixa. Vai aonde souber que há passageiros. “De manhã, para pegar São Paulo, é complicado. Agora, com o início das aulas, não sei como será”, desabafou.

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Já Alberto António é contra o regresso dos mais novos às aulas. “Os mais novos não deveriam voltar a estudar. Até nós, adultos, temos aquela tendência para abraçar, imagina as crianças!”, exemplificou. Já Hermenegildo Vicente, outro taxista, é de opinião que “a pandemia veio, praticamente, estragar tudo”, sendo que “a corda rebenta sempre para o lado mais fraco”, o da população e dos taxistas. “Nós, os pobres, é que acabamos sempre por sofrer. Quero mesmo é que eles determinem que levemos os 100%, por causa das contas, apesar da pandemia”, defendeu.

A voz dos passageiros

Emanuel Manuel, técnico médio, residente em Viana, tem o local de trabalho na Samba. Faz, diariamente, um dos percursos mais críticos da cidade. Ele mesmo o define como uma luta. “Muitos moradores de Viana pegam os transportes públicos. No Largo das Escolas, os autocarros partem com uma lotação controlada, mas, depois de chegarem à paragem do Jumbo ou Grafanil, ficam excessivamente lotados, sem respeito pelo distanciamento social”. Já a estudante Helena Kizonga, residente na Petrangol (Sambizanga), é de opinião que a limitação de lotação torna as coisas mais difíceis, uma vez que é ainda insuficiente a circulação de autocarros públicos. Essa carência, afirmou, dá aso à especulação por parte dos taxistas. “E os períodos da manhã e da tarde (final do dia) são os de maior luta”, especificou. O caso de Manassés Apolinário é diferente. Revelou que não tem tido experiências tão más, e, quanto às lotações, fica-se um pouco mais folgado no banco. “Ao sair de casa, desloco-mo apenas para a universidade, fica a um táxi de casa, e não pago mais do que 150,00 Kz. Mas tenho colegas que vivem mais longe, e a situação deles é mais desesperadora. Anteriormente, pegavam dois táxis, mas hoje apanham quatro”. n

and Head of the Security House of the President of the Republic, Pedro Sebastião. The information worries taxi drivers, some of them parents, especially now that the police is exercising less control over the use of masks. “With the resumption of classes, I don’t know how it will be. I think it will be very difficult. Even with the buses, in the morning, stops are full”, shared the taxi driver Augusto Direito, who declared he does not have a fixed route. He goes wherever there are passengers. “It is complicated to get to São Paulo in the morning. Now, with the reopening of the schools, I don’t know how it will be”, he said. Alberto António, on the other hand, is against the return of the youngest ones to classes. “The youngest ones should not go back to school. Even we, adults, have that inclination to hug, can you imagine the children!” He exemplified. Hermenegildo Vicente, another taxi driver, states that “the pandemic has, basically, ruined everything”, and the “the rope always breaks towards the weakest side”, that of the population and taxi drivers. “We, the poor people, always end up suffering. I really want them to determine that we can take 100%, because of the bills, despite the pandemic” he defended.

Passengers’ voice

Emanuel Manuel, a high school graduate, residing in Viana, works in Samba. He makes one of the most critical routes of the city, daily. He defines it as a battle. “Many residents of Viana take public transportation. At Largo das Escolas, buses leave with a controlled occupancy rate, but, once they arrive at Jumbo or Grafanil stop, the buses are excessively crowded, without respecting the social distancing requirement”. The student Helena Kizonga, resident of Petrangol (Sambizanga), is of the opinion that the limited capacity requirement makes things even more difficult, since the number of public buses in circulation is still insufficient. This shortage, she said, gives rise to speculation by taxi drivers. “And the morning and afternoon periods (the end of the day) are the most challenging ones” she specified. The case of Manassés Apolinário is different. He revealed that he has had not so bad experiences; as to occupancy, one gets a little bit more comfortable in the seat. “When I leave home, I travel only to the university, it is only a taxi from home, and I don’t pay more than 150.00 Kz. But I have colleagues who live farther away, and their situation is more desperate. They used to take two taxis, but now they take four”. n

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REMATE

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UM IMPEACHMENT NEGOCIADO A NEGOTIATED IMPEACHMENT NUNO FERNANDES • jornalista journalist

À hora do fecho deste espaço, os senadores republicanos

solicitaram a Biden o adiamento do impeachment contra Donald Trump, ex-Presidente norte-americano, acusado de incentivar o assalto ao Capitólio, casa das Leis dos Estados Unidos da América. Esse pronunciamento dos republicanos pode ser visto como uma ponte de diálogo lançada ao actual Presidente, Joe Biden. Não significa exactamente que queiram impedir o afastamento serôdio do antigo Presidente. Pretendem, sim, evitar a colagem, no tempo, do futuro republicano ao caos que foi o seu apoio à administração Trump. Estou convencido de que os republicanos querem ter tempo para decidir sobre uma alternativa interna a Donald Trump. Os acontecimentos do Capitólio tornaram-se num verdeiro incómodo. Foi o pisar de uma linha vermelha. Já se havia permitido tudo, mas a invasão à Casa das Leis pelos apoiantes de Trump foi vista e sentida pela maioria dos americanos como um ataque à democracia e às suas instituições. Tendo consciência de que uma próxima candidatura de Trump, ao cargo de Presidente dos Estados Unidos, dentro de quatro anos, possa provocar cisões internas graves no Partido Republicano, e sabendo que Biden precisa de espaço e alguma paz para governar, o pedido de adiamento do Impeachment pode fazer sentido para os dois lados. Haverá muita negociação sobre diversos dossiers, alguns deles dependentes de consensos entre os dois lados. Biden, político e negociador experiente, muito provavelmente poderá aproveitar, dando o tempo que está a ser solicitado, com a perspectiva de que terá dos republicanos o devido reconhecimento, consumado nos votos necessários, no Senado, para a inevitável destituição de Trump e o apoio a acções do seu projecto de governo. Poderá, também, retirar o ex-Presidente das primeiras páginas, relegando-o para segundo plano. É um tricot à moda americana. A democracia faz-se destas pontes. O diálogo, quando bem construído e devidamente assumido pelas partes envolvidas, tem uma força extraordinária. Será assim que irá acontecer? A ver vamos! E termino assim o ciclo de comentários sobre as eleições presidenciais americanas. n

At the time when this article was completed, the Republican

senators have requested Biden to postpone the impeachment against Donald Trump, former US President, who has been accused of inciting the attack on the Capitol Hill, the United States of America’s House of the Laws. This statement by the Republicans can be viewed as a bridge for dialogue laid out towards the current President, Joe Biden. It does not exactly mean they intend to prevent the belated removal of the former President. It is, though, intended to distance, over time, the Republican Party from the chaos that was its support to the Trump Administration. I am convinced that the Republicans want to buy time in order to decide on an internal alternative to Donald Trump. The events in the Capitol Hill became a real inconvenient; they crossed the red line. Everything had been allowed by then, but the invasion of the House of the Laws by the Trump supporters was seen and felt by most Americans as an assault on democracy and its institutions. Realizing that if Trump runs again for President of the United States, within four years, may cause serious internal divisions in the Republican Party and knowing that Biden needs space and some peace to govern, the request to delay the impeachment trial may make sense for both parties. There will be intensive negotiations on a number of issues, some of which depend on consensus building between the two parties. Biden, an experienced politician and negotiator, will most likely take advantage by granting the time that is being requested, while also looking forward to gaining due recognition from the Republicans, ultimately securing the necessary votes, in the Senate, for the unavoidable impeachment of Trump and support for the projects of his government. It will also remove the former President from the front pages, relegating him to the background. It is an American-style knitting. The democracy is made of these bridges. A well-constructed dialogue, duly undertaken by the parties involved, has an extraordinary strength. Is this how will it happen? We’ll see! With this, I close the cycle of comments on the US presidential elections. n

JÁ SE HAVIA PERMITIDO TUDO, MAS A INVASÃO À CASA DAS LEIS PELOS APOIANTES DE TRUMP FOI VISTA E SENTIDA PELA MAIORIA DOS AMERICANOS COMO UM ATAQUE À DEMOCRACIA E ÀS SUAS INSTITUIÇÕES. Everything had been allowed by then, but the invasion of the House of the Laws by the Trump supporters was seen and felt by most Americans as an assault on democracy and its institutions. February 2021 Fevereiro 2021 | www.economiaemercado.co.ao

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COMO A PANDEMIA ACELEROU A INOVAÇÃO NA EDUCAÇÃO E A TRANSIÇÃO DIGITAL

HOW THE PANDEMIC ACCELERATED INNOVATION IN EDUCATION AND DIGITAL TRANSITION A pandemia veio colocar enorme pressão, a nível global, sobre os sistemas de ensino, mas, com isso, abriu-se um mercado global de 200 mil milhões de dólares. The pandemic has put enormous pressure on the educational systems, globally, but it has also opened up a global market worth 200 billion dollars. TEXTO TEXT RUI TRINDADE

Ao impor diversas formas de confinamento e de distanciamento social, a Covid-19 veio colocar enorme pressão, a nível global, sobre os sistemas de ensino. Em Agosto passado, segundo dados da ONU, mais de 160 países tinham fechado as suas escolas, uma medida que afectou mais de mil milhões de estudantes em todo o mundo.

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Numa intervenção feita na altura, António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas ONU, consciente de que o regresso à “normalidade” poderá, mesmo nas previsões mais optimistas, levar alguns anos, sublinhava que “enfrentamos uma catástrofe geracional que pode desperdiçar um potencial humano incalculável,

minar décadas de progresso e acentuar desigualdades enraizadas”. Mas, como em todas as crises de grande magnitude, o responsável referia também que esta pode ser “uma oportunidade para redesenhar a educação”. E acrescentava: “As decisões que os governos e os parceiros tomarem agora terão um impacto duradouro em

By imposing several ways of containment and social distancing, Covid-19 has put the educational systems under enormous pressure, globally. According to UN, more than 160 countries closed schools last August, a measure that affected more than a billion students worldwide. The Secretary-General of the United Nations, António Guterres, aware that returning to “normality” could take some years, even under the best-case scenario, underlined on the occasion that “now we face a generational catastrophe that could waste untold human potential, undermine decades of progress and exacerbate entrenched inequalities”. But, as in major crises, the official also stated that this could be “an opportunity to redesign the educational system”. He added: “The decisions that governments and partners take now will have lasting impact on hundreds of millions of young people, and on the development prospects of countries for decades to come. (…) We need to invest on digital literacy and infrastructure, a move towards learning how to learn, a complete new way of learning throughout life and reinforce links between formal and nonformal education. Above all, we need to use flexible learning methods, digital technologies and modernised curricula, providing meanwhile continuous support for teachers and communities. To achieve this, we need investment in digital literacy and infrastructure, an evolution towards learning how to learn, a rejuvenation of life-long learning and strengthened links between formal and non-formal education. And we need to draw on flexible delivery methods, digital technologies and modernized curricula while ensuring sustained support for teachers and communities. As the world faces unsustainable levels of inequality, we need education – the great equalizer – more than ever. We must take bold steps now, to create inclusive, resilient,

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centenas de milhões de jovens e nas perspectivas de desenvolvimento dos países nas próximas décadas (...). Precisamos de investimento na alfabetização digital e em infra-estruturas, de uma evolução no sentido de aprender a aprender, um rejuvenescimento da aprendizagem ao longo da vida e vínculos reforçados entre a educação formal e a não formal. E precisamos de recorrer a métodos flexíveis de aprendizagem, tecnologias digitais e currículos modernizados, garantindo, ao mesmo tempo, apoio contínuo aos professores e às comunidades. À medida que o mundo enfrenta níveis insustentáveis de desigualdade, precisamos da educação – o grande equalizador – mais do que nunca. Devemos tomar medidas ousadas agora, para criar sistemas educativos inclusivos, resilientes e de qualidade, adequados para o futuro”.

Mercado global do E-Learning

Já antes de a pandemia eclodir, muitos países, conscientes do momento de transição que se está a viver em direcção à chamada 4.ª Revolução Industrial, vinham ensaiando novos modelos e abordagens para os sistemas educativos, tendo em mente o papel central das tecnologias digitais e, nomeadamente, da Inteligência Artificial. Algumas organizações, como o World Economic Forum, para citar apenas um exemplo, têm produzido estudos, nomeadamente o “New Vision for Education: Fostering Social and Emotional Learning Through Technology” e o “Schools of the Future: Defining New Models of Education for the Fourth Industrial Revolution” – que permitem antever as possíveis modalidades que esse redesenho dos sistemas educativos poderia assumir. De igual modo, os últimos anos já tinham sido marcados por um crescimento muito significativo no segmento das chamadas “edtechs”, start-ups que se propõem criar soluções inovadoras para a educação e que

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MIL MILHÕES DE DÓLARES É QUANTO ESTÁ AVALIADO O MERCADO GLOBAL DE E-LEARNING, CUJA PREVISÃO DE CRESCIMENTO É DE MAIS DE 8% ENTRE 2020 E 2026 THE GLOBAL ELEARNING MARKET VALUE IS ESTIMATED AT 200 BILLION DOLLARS AND IS EXPECTED TO GROW MORE THAN 8% BETWEEN 2020 AND 2026

têm vindo a surgir em todos os continentes. De acordo com a Software & Information Industry Association, o mercado das “edtechs” nos EUA está avaliado, neste momento, em torno dos 8,4 mil milhões de dólares. Na América Latina, um dos mercados com maior crescimento em anos recentes, o Brasil destaca-se com mais de 450 start-ups a actuarem neste segmento. Segundo dados relativos a 2019, o mercado global de e-learning já ultrapassou os 200 mil milhões de dólares, prevendo-se um crescimento de mais de 8% entre 2020 e 2026. Nesta perspectiva, a pandemia está, sobretudo, a funcionar como um acelerador de uma tendência que já estava em movimento. A necessidade, imperativa, de adopção de modelos de ensino à distância levou a que, subitamente, se tenha assistido a um boom no desenvolvimento de plataformas e aplicativos na perspectiva de responder a uma procura sem precedentes. Para muitos analistas, a Covid-19, ao impor este “novo normal”, abriu as portas para uma familiarização massificada com tecnologias que, apesar de tudo, estavam ainda na periferia dos sistemas educativos, mas que agora, na sua perspectiva, vão passar a ocupar um espaço incontornável nas dinâmicas de aprendizagem, ainda que, possivelmente, num modelo híbrido (presencial/virtual).

Start-ups tecnológicas de África na primeira linha da inovação

As profundas lacunas existentes no continente africano, no que toca ao acesso à educação, já

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quality education systems fit for the future.”

The Global eLearning Market

Even before the pandemic, knowing that the world is facing a transition period towards the so-called Fourth Industrial Revolution, many countries were trying out new models and approaches for the educational systems, considering the key role played by the digital technologies, particularly that of the Artificial Intelligence. Some organizations, including the World Economic Forum, have produced studies such as “New Vision: for Education, Fostering Social and Emotional Learning Through Technology” and “Schools of the Future: Defining New Models of Education for the Fourth Industrial Revolution”. They make it possible to predict possible formats of this redesign of the educational systems. Similarly, the last few years had already been marked by a significant growth in the segment of the “edtechs”, start-ups that aim to create innovative solutions for education; and they are emerging from across the globe. According to the Software & Information Industry Association, the market for “edtechs” in the US is currently estimated at USD 8.4 billion. In Latin America, one of the fastest growing markets in recent years, Brazil stands out with over 450 start-ups operating in this segment. According to the 2019 data, the global eLearning market has already exceeded USD 200 billion and is expected to grow more than 8% between 2020 and 2026. From this perspective, the pan-

demic is mainly acting as an accelerator of a trend that was already in progress. The imperative need to adopt distance education models has led to an abrupt boom in the development of platforms and applications to meet an unprecedented demand. For many analysts, the “new normal” imposed by Covid-19 opened doors to a massive familiarization with technologies, which were still on the periphery of the educational systems; according to them, now the technologies will have a guaranteed space in the learning process, even if it is just in a hybrid model (face-to-face/ virtual).

Technology-based start-ups in Africa at the forefront of innovation

The existing significant gaps in Africa, regarding the access to education, had already led to a large number of initiatives (way before the pandemic), mainly driven by technology-based start-ups seeking to address those gaps. A good example of it is the Afriboard Education project, founded by the Senegalese Massamba Thiam and Arona Gueye. The project reflects how eLearning and the development of digital applications have become, for a long time now, an attractive market for young entrepreneurs in Africa. The platform was created when Massamba Thiam and Arona Gueye returned to Senegal, upon staying in Canada where they familiarised themselves with various elearning technologies. The Afriboard Education Platform has been supporting various secondary schools and four universities since 2018. Virtual classrooms are used to provide educational contents, take tests and hold forums. The two young Senegalese have also developed an application that allows browsing offline: “Students log in and, if they switch off their mobile data, they can still browse and work. We have developed a technology adapted to the Afri-

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“À medida que o mundo enfrenta níveis insustentáveis de desigualdade, precisamos da educação – o grande equalizador – mais do que nunca”, afirmou António Guterres, secretário-geral da ONU. As the world faces unsustainable levels of inequality, we need education – the great equalizer – more than ever, declared António Guterres, The Secretary-General of the United Nations

tinham levado ao aparecimento, muito antes da pandemia, de um grande número de iniciativas, sobretudo impulsionadas por start-ups tecnológicas que procuravam suprir essas lacunas. O projecto Afriboard Education, fundado pelos senegaleses Massamba Thiam e Arona Gueye, é disso um bom exemplo. E reflecte como o e-learning e o desenvolvimento de aplicações digitais se tornaram há muito, no continente africano, um mercado atraente para jovens empreendedores. A plataforma foi criada quando Massamba Thiam e Arona Gueye regressaram ao Senegal, depois de uma estada no Canadá, onde se familiarizaram com as diversas tecnologias de e-learning. Desde 2018, a plataforma da Afriboard Education serve inúmeras escolas secundárias e quatro universidades. As salas de aula virtuais são utilizadas para transmitir conteúdos didácticos, fazer testes e realizar fóruns. Os dois jovens senegaleses desenvolveram também

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uma app que permite navegar offline: “Os alunos fazem login e, se desligarem os dados móveis, continuam a poder navegar e trabalhar. Desenvolvemos uma tecnologia adaptada às situações africanas”, explica Massamba Thiam. “Cada utilizador paga uma pequena taxa de uso pelo serviço”. Sublinhe-se que o Governo do Senegal apoiou o lançamento da plataforma dos dois jovens empresários com um financiamento inicial, no âmbito de um programa de incentivo para empresas emergentes promissoras. Mas, a Afriboard Education não é a única iniciativa do género no continente africano. Outros exemplos devem também ser mencionados: a Eneza, no Quénia, uma empresa que também está presente no Gana e na Costa do Marfim, fornece, por via digital, material didáctico e de aprendizagem para alunos do ensino básico e liceus. A Ubongo, na Tanzânia, desenvolveu já inúmeros jogos educativos para incentivar o gosto pela aprendizagem. Também no Quénia, a M-Shule oferece

cursos de alfabetização para crianças da escola primária. No Uganda, a Brainshare, uma plataforma de aprendizagem on-line, disponibiliza aulas particulares. Já na Nigéria, o Talking Bookz desenvolveu o primeiro mercado on-line de áudio-livros em África. Conforme Rebecca Stromeyer, fundadora da “e-Learning Africa”, uma conferência que, desde 2006, tem sido realizada uma vez por ano no continente africano (Quénia, Gana, Senegal, Costa do Marfim, África do Sul, Nigéria e Ruanda), estão entre os países onde se tem verificado o maior número de iniciativas. Esses são líderes de mercado no ensino digital em África. De acordo com Rebecca Stromeyer, existem, neste momento, mais de 200 start-ups inovadoras em África e as perspectivas de crescimento do mercado de e-learning pós-pandemia deverão vir a acompanhar o crescimento global a que se está a assistir. A organização de Rebecca publicou, recentemente, o relatório “e-Learning Africa Report 2019”, o qual, para além de incluir um directório detalhado sobre todos os países do todo o continente, contextualiza o panorama actual e identifica os principais desafios que se colocam em África. No que toca a Moçambique, o relatório refere que, apesar do apoio que tem tido, por exemplo, através do projecto “ICT: Transforming Education in Africa” promovido, desde 2015, pela parceria entre a UNESCO e a KFIT (Korea Funds-In-Trust), e que tem permitido o desenvolvimento de algumas iniciativas, a situação está ainda aquém do potencial existente no País. Importa recordar que os tempos de pandemia estão a ser marcados pela quase total ausência de

can context”, explains Massamba Thiam. “Each user pays a small fee to use the service”. It is worth noting that the Government of Senegal supported the launch of the platform by providing an initial funding, as part of an incentive program for emerging start-ups that are considered promising. Afriboard Education is not the only initiative of its kind in Africa. Other examples that should be mentioned here are as follows: Eneza, in Kenya, a company also based in Ghana and Ivory Coast, provides digital teaching and learning material for primary and secondary school students. Ubongo, in Tanzania, has already developed several educational games to encourage learning. M-Shule, in Kenya, offers literacy courses for primary school children. Brainshare, an online learning platform in Uganda, offers private lessons. Talking Bookz, in Nigeria, developed the first online market for audiobooks in Africa. According to Rebecca Stromeyer, founder of eLearning Africa, a conference is held annually, since 2006, in the African continent. Kenya, Ghana, Senegal, Ivory Coast, South Africa, Nigeria and Rwanda are among the countries with the largest number of initiatives. They are leaders of the digital teaching market in Africa. She also stated that currently there are over 200 innovation-driven startups in the continent. And the growth prospects for the eLearning market in Africa, in the post pandemic period, will follow the global growth we are witnessing now. Rebecca’s organization published, recently, the “eLearning Africa Report 2019”. In addition to including a directory with details about all the countries of the continent, the report provides context for the current scenario and identifies the major challenges for Africa. Regarding Mozambique, the report states that despite the support the country has received from projects such as “ICT: Transforming Education in Africa”, promoted through a

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consensos sobre a implementação do e-learning entre os principais intervenientes.

Os desafios do futuro em África

A pandemia obrigou a uma mudança repentina nos sistemas educativos mundiais. E se é verdade que a conjuntura pode permitir uma transição sem precedentes para novos modelos, também é verdade que se colocam, como já se está a assistir, alguns desafios de monta, em particular uma difícil adaptação, quer por parte dos professores, quer no que toca à passagem dos conteúdos educativos para o ambiente digital. Para além disso, a qualidade de acesso à Internet e, em muitos casos, do acesso a dispositivos tecnológicos adequados ao aprendizado são também desafios complexos que implicam, se não forem adequadamente enfrentados, a criação de barreiras a uma universalização do e-learning. Estes problemas estão presentes numa grande maioria de países, mas alguns estão mais bem preparados para avançar mais rapidamente. China, Singapura e Estónia são exemplos de países que podem ser considerados de referência relativamente a uma rápida adaptação ao e-learning, em virtude das suas experiências prévias no uso, em larga escala, da tecnologia digital na educação. No que toca ao continente africano, o relatório identifica alguns dos obstáculos principais ao desenvolvimento do e-learning: o maior continua a ser um adequado acesso à Internet e ao fornecimento de energia. Outro obstáculo são os investimentos ou os empréstimos bancários, que são difíceis de obter, sendo que, em muitos países, os governos não estão dispostos a ajudar com subsídios. Por fim, coloca-se um enorme desafio à mudança de mentalidade por parte dos professores. Como refere Massamba Thiam, da Afriboard Education: “O nosso maior desafio é mudar o comportamento dos professores”. n

partnership between UNESCO and KFIT (Korea Funds-In -Trust) since 2015, which has allowed the development of some local initiatives, the country’s situation remains below its actual potential. It is worth highlighting that this pandemic period is being characterized by an almost total lack of consensus among the stakeholders on the eLearning implementation.

Challenges of the Future in Africa

The pandemic forced a sudden change in the educational systems across the globe. On the one hand, it is true this environment may allow for an unprecedented transition to new educational models. On the other hand, it is also true there are some major challenges (and we are already witnessing them), particularly, the difficult adjustment for teachers and for the transfer of educational content to the digital environment. Additionally, the quality of the Internet access services and, in many cases, access to adequate technological devices for learning are complex challenges that can create barriers to making eLearning universal, if they are not appropriately dealt with. These challenges do exist in most countries, but some of them are better prepared to move faster. China, Singapore and Estonia are examples of countries that can be considered as references in terms of rapid adjustment to eLearning, due to their previous experience in large-scale use of digital technology in education. Regarding Africa, the report identifies some of the main barriers to eLearning development: The main one continues to be inadequate Internet access and power supply services. Another barrier is the difficulty to secure investments or bank loans; in some countries, governments are not willing to assist with subsidies. Finally, changing the mindset of the teachers is a huge challenge. As Massamba Thiam, from Afriboard Education, declared: “Our greatest challenge is to change teachers’ behavior”. n

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leisure

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ARTES EVAN CLAVER EXIBE “FOLK TALES” NO CAMÕES ARTS EVAN CLAVER EXHIBITS “FOLK TALES” AT CAMÕES

ócio

(neg)ócio s.m. do latim negação do ócio

agenda buzz “BRIDGERTON”, UMA SÉRIE QUE ESTÁ DAR QUE FALAR! “BRIDGERTON” A SERIES THAT EVERYBODY IS TALKING ABOUT!

COCKTAIL PREPARE O SEU KICK IT WITH TANQUERAY 10 SABOR PREPARE YOUR KICK IT WITH TANQUERAY 10 SABOR

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VINHOS VINHOS PARA CELEBRAR O AMOR WINES WINES TO CELEBRATE LOVE

DESTAQUE HIGHLIGHT FILMES ADIADOS POR CAUSA DA COVID-19 PREMIERES POSTPONED DUE TO COVID-19

É tida como uma série extremamente audaciosa e diferente, sendo o 5º maior lançamento da Netflix de todos os tempos. Com clara inspiração em “Orgulho e Preconceito”, de Jane Austen, e “Gossip Girl” o enredo foca-se numa família aristocrata com a pressão para casare as suas meninas mais velhas após serem apresentadas à sociedade. It is viewed as an extremely bold and different series; it is considered as the 5th major release of all time on Netflix. With clear inspiration in Jane Austen’s “Pride and Prejudice” and “Gossip Girl”, the plot focuses on an aristocratic family under the pressure to marry their older girls upon being introduced to the society.

CARNAVAL DE LUANDA EM FORMATO LIVE LUANDA CARNIVAL IN LIVE FORMAT Agendado para o dia 16 de Fevereiro, este ano o carnaval não terá a plateia a que sempre estivemos habituados e muitos grupos não participarão por segurança, devido à Covid-19, como é o caso do “União Mundo da Ilha”, primeiro classificado no ano passado. Outro grupo mediático que já cancelou a sua presença é o “Recreativo do Kilamba”. Scheduled for February 16 of this year, the carnival will not have the audience that we have always been used to. Due to Covid-19, many groups will not participate for safety reasons, such as ”União Mundo da Ilha”, which was ranked first last year. “Recreativo do Kilamba” is another renowned group that has already cancelled its presence.

“VÍRUS INESPERADO”, FILME ANGOLANO A NÃO PERDER “UNEXPECTED VIRUS”, AN ANGOLAN MOVIE NOT TO BE MISSED O filme “Vírus Inesperado”, do angolano Henrique Sungo, ganhou a categoria de “Documentário de Curta-Metragem”, da edição 2020 do London Arthouse Film Festival (LAHFF), competição internacional para cineastas em ascensão. Trata-se de uma co-produção de Henrique Sungo e do santomense Felipe Anjos (editor) que retrata o impacto do novo coronavírus na comunidade PALOP no Reino Unido. The movie “Unexpected Virus”, from the Angolan Henrique Sungo, won the prize under the category of “Documentary Short Film” in the 2020 edition of London Arthouse Film Festival (LAHFF), an international competition for filmmakers on the rise. It is a co-production of Henrique Sungo and the Santomean Felipe Anjos (editor) that portrays the impact of the new coronavirus on the PALOP community in the United Kingdom. February 2021 Fevereiro 2021 | www.economiaemercado.co.ao

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Sejam bem-vindos ao novo normal, em que estúdios de cinema estão, actualmente, a ter de adiar os lançamentos de filmes em resposta à pandemia do novo coronavírus, que obrigou ao encerramento das salas de cinemas. A China, por exemplo, tomou essa decisão já em Janeiro de 2020, e as empresas de produção audivisual também fecharam as portas, por tempo indeterminado. Enquanto muitos filmes menores que tiveram estreias em salas, e com forte demanda continuaram com as exibições em streaming, os filmes de sustentação da Marvel e da saga The Fast, para citar apenas alguns, estão a ser forçados a adiar o lançamento, mas ainda para 2021. No Time to Die, Avatar 2 e West Side Story também estão a ser empurrados para novas datas no próximo ano, ou seja 2022, e a Disney relegou dois dos seus filmes para estreias apenas em streaming. Welcome to the new normal, where movie studios are, currently, having to postpone the movie releases in response to the new coronavirus pandemic, which forced the closure of the movie theatres. China, for example, took this decision in January 2020, and audio-visual production companies also closed their doors indefinitely. While many smaller productions that had theatrical debuts, and under strong demand, continued streaming, larger productions from Marvel to The Fast saga, just to name a few, are being forced to postpone the release, but still scheduled for 2021. “No Time to Die”, “Avatar 2” and “West Side Story” are also being pushed to new dates in the next year, 2022. Disney decided to premiere two of its movies only in the streaming format.

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WORK “FOLK TALES” ARTISTA ARTIST EVAN CLAVER OBRA WORK “FOLK TALES” GALERIA GALLERY CAMÕES – -INSTITUTO CULTURAL PORTUGUÊS AV. DE PORTUGAL 50, LUANDA HORÁRIO SCHEDULE SEGUNDA À QUINTA-FEIRA THURSDAY 9H00/AM ÀS TO 12H00/PM E DAS AND FROM 13H00/PM ÀS TO 15H00/PM SEXTA-FEIRA FRIDAY 9H00/AM ÀS 13H00/PM +244 938 141 858 EMAIL ICAMOES. CCLUANDA@ GMAIL.COM

EVAN CLAVER EXIBE “FOLK TALES” NO CAMÕES

EVAN CLAVER EXHIBITS

“FOLK TALES” AT CAMÕES TEXTO TEXT REDACÇÃO WRITTEN FOTOGRAFIA PHOTO CEDIDA COURTESY

O artista plástico Evan Claver apresenta, no Camões – Centro Cultural Português, “Folk Tales”, a sua primeira exposição individual, em exibição até ao próximo dia 25 de Fevereiro. Explorando extremos da percepção, a amostra combina linguagens do cinema, fotografia, comunicação social e pintura, invocando quadros de comédia, costumes e tragédia retirados do quotidiano e imaginário popular angolanos. Ao todo, são 28 peças artís-

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ticas, correspondentes a 21 composições, nas quais as legendas surgem impregnadas de sentido e, por isso, constituem um elemento indispensável à apreensão das obras. De acordo com uma nota, Evan Claver apresenta ainda a sua vocação cinematográfica com a apresentação de uma curta-metragem intitulada “Enóquio”. Por razões de biossegurança, no âmbito do combate à pandemia da COVID-19, as visitas presenciais estarão limitadas até cinco pessoas por hora.

The Evan Claver, visual artist, presents, at Camões – Instituto Cultural Português, “Folk Tales”; this is his first solo exhibition, on display until next February 25th. Exploring perception extremes, the sample combines languages of cinema, photography, media and painting, invoking comedy paintings, customs and tragedy taken from the Angolan day-to-day and popular imagination. In total, there are 28 art pieces, corresponding to 21 compositions, in which the subtitles are impregnated with meaning and, therefore, constitute an indispensable element to appreciate the works. According to a Notice, Evan Claver also presents his cinematographic vocation by displaying a short film entitled Enóquio For biosecurity reasons, and in the context of the fight against COVID-19 pandemic, face-toface visits will be limited to five people per hour.

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cocktails By Tailor’s Bar

ARTIGO REVISTA ROTAS & SABORES EDIÇÃO Nº 05 ARTICLE, ROTAS & SABORES MAGAZINE ISSUE 5

“What happens in Tailor’s stays in Tailor’s”, é o lema deste bar em Luanda. “What happens at Tailor’s stays at Tailor’s”, is the motto of this bar in Luanda.

bar c

Prepare o seu Kick it With Tanqueray 10 Prepare your Kick it With Tanqueray 10

Sabor a fruta não lhe falta, com o leve picante do gengibre a cortar um pouco o doce. Criado por Edson Santos, este cocktail serve-se coberto de gelo, de modo a combater o calor do Verão que acaba de começar.

Tailor’s Ao estilo Las Vegas

Ingredientes: Copo: Taça de cocktail Método: Shaker, maceração Guarnição: 3 Framboesas 40 ml Tanqueray Nº 10 20 ml Grand Marnier 5 Framboesas

Tailor’s Las Vegas’ style

1 Fatia de Gengibre 25 ml Sumo de Maracujá 25 ml Sumo de Ananás

texto text: Patrícia Cruz fotografia photography: Carlos de Aguiar

O nome significa “alfaiate” em inglês e, apesar de não fazer roupa, as bebidas que lá encontramos são, realmente, feitas à medida. Considerado o ano passado, pelo Luanda Nightlife, o segundo melhor cocktail bar de Luanda, o Tailor’s orgulha-se do facto de se pedirmos um Cosmopolitan, vamos receber exactamente a bebida que receberíamos se tivéssemos feito o mesmo pedido num bar de Nova Iorque. Um espaço relativamente pequeno, visto de fora o Tailor’s é discreto e difícil de encontrar. Subimos as escadinhas escondidas entre dois edifícios (um deles é o Zanzibar, na Rua

Raínha Ginga) e quando chegamos ao topo somos recebidos por um sinal que diz: “What happens in Tailor’s stays in Tailor’s”. A partir daí já não estamos em Luanda. Talvez em Londres. Aliás, por todo o bar reconhecemos lembranças e ícones dessa capital. A decoração é excêntrica e original: sofás encarnados de cabedal, algumas cadeiras são grades de cerveja viradas ao contrário e com almofadas por cima. Descontraído e divertido, é o local certo para ir beber um cocktail ao fim do dia com amigos, dar um pezinho de dança, talvez comer um prego ou um hambúrguer.

Tailor’s is not into the traditional tailor business, but its drinks are definitely tailor-made. Last year Luanda Nightlife considered Tailor’s the second best cocktail bar in Luanda, which prouds itself in serving the original cocktails. If you order a Cosmopolitan you will be served exactly the same drink you would have if ordered in New York. Tailor’s is small, low profile and difficult do find. After climbing the hidden steps between two buildings (one of them is Zanzibar at Rua Rainha Ginga) we arrive to the top where we are greeted by a signpost saying: “What happens in Tailor’s stays in Tailor’s”.

Once inside you are no longer in Luanda. It feels like London. As a matter of fact, you will find souvenirs and icons of the British capital everywhere. The decoration is original and unconventional: red leather couches and beer crates turned upside down with pillows on top serve as chairs. With a relaxed and cheerful atmosphere Tailor’s is the right place for a late afternoon drink with friends, for shaking a leg and eat a steak or a burger.

Edson Santos created a cocktail rich in fruit and balanced its sweet with a slice of ginger. Plus, it is served covered with ice to help you stay cool now that summer has begun. Ingredients: Cocktail glass Process: maceration / shaker Presentation: 3 raspberries 40 ml Tanqueray Nº 10 20 ml Grand Marnier 5 raspberries 1 slice of ginger 25 ml passion fruit juice 25 ml pineapple juice

KEEP

PREPARE O SEU

PREPARE YOUR

KICK IT WITH

TANQUERAY 10 SABOR

A FRUTA NÃO LHE FALTA, COM O LEVE PICANTE DO GENGIBRE A CORTAR UM POUCO O DOCE. ESTE COCKTAIL SERVE-SE COBERTO DE GELO, DE MODO A COMBATER O CALOR DO VERÃO. THERE’S PLENTY OF FRUIT IN THIS RECIPE AND A SLIGHT TOUCH OF SPICY GINGER TO CUT THE SWEET. THIS COCKTAIL IS SERVED COVERED WITH ICE, JUST WHAT YOU NEED TO FIGHT THE SUMMER HEAT.

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DESCONTRAÍDO E DIVERTIDO, É O LOCAL CERTO PARA IR BEBER UM COCKTAIL AO FIM DO DIACOM AMIGOS. RELAXED AND FUN, IT IS THE RIGHT PLACE TO GO FOR A SUNDOWNER WITH YOUR FRIENDS.

INGREDIENTES INGREDIENTS COPO GLASS TAÇA DE COCKTAIL COCKTAIL GLASS MÉTODO METHOD SHAKER, MACERAÇÃO SHAKER, MACERATION GUARNIÇÃO: 3 FRAMBOESAS GARNISH: 3 RASPBERRIES 40 ML TANQUERAY Nº 10 TANQUERAY Nº TEN 20 ML GRAND MARNIER 5 FRAMBOESAS RASPBERRIES 1 FATIA DE GENGIBRE SLICE OF GINGER 25 ML SUMO DE MARACUJÁ PASSION FRUIT JUICE 25 ML SUMO DE ANANÁS PINEAPPLE JUICE

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QUINTA DOS CARVALHAIS ENCRUZADO

VINHOS PARA CELEBRAR O AMOR

WINES TO CELEBRATE LOVE TEXTO TEXT SEBASTIÃO VEMBA FOTOGRAFIA PHOTO CEDIDA COURTESY

O ‘Dia dos Namorados’ não passa despercebido. Para além da tradicional troca de presentes entre casais, há os jantares românticos, em que uma garrafa de vinho, para quem gosta, é indispensável. A dificuldade, para a maioria de nós, está em acertar na escolha do vinho. O que se recomenda é optar por vinhos fáceis de degustar, principalmente quando se está numa fase inicial de conhecimento sobre essa bebida, para que o jantar não se torne numa sessão de provas em que consumimos a maior parte do tempo a tentar decifrar os aromas e os sabores. Numa lista de 10 sugestões do clubedevinhos.com, escolhemos o ‘Lancers Rosé’, um vinho surpreendentemente leve e equilibrado, com um toque de borbulhar extra, como pri-

meira opção, sendo que pode substituir um champanhe ou espumante, para abrir apetite para o resto do jantar, no qual não deve faltar um tinto, para o caso do consumidor angolano que aprecia pouco vinhos brancos. Entretanto, se não faz parte desse grupo, a nossa sugestão é o ‘Encruzado 2019’, da Quinta dos Carvalhais, localizada no Dão, Portugal. Elaborado cuidadosamente pela enóloga Beatriz Cabral Almeida, apresenta uma cor amarela citrina brilhante e um aroma sofisticado e subtil. Na boca tem um ataque vivo e fresco, com bom volume. Tem um final longo e equilibrado. Por fim, e para mudar de geografia, experimente o argentino ‘Finca Flichman Roble Syrah’, distribuído pela Vinus Angola.

ENCRUZADO 2019 APRESENTA UMA COR AMARELA CITRINA BRILHANTE E UM AROMA SOFISTICADO E SUBTIL. ENCRUZADO 2019 PRESENTS A BRIGHTYELLOW CITRINE COLOR AS WELL AS A SOPHISTICATED AND SUBTLE AROMA.

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The Valentine’s Day does not pass unnoticed. In addition to the traditional exchange of gifts between couples, there are romantic dinners where a bottle of wine is indispensable for those who like it. The challenge, for most of us, is to get the right one. Therefore, it is recommended to opt for wines easy to taste, especially when we are at the initial stage of knowledge about this drink, so that the dinner does not become a tasting session during which you take up most of your time trying to figure out aromas and flavors. From a list of 10 suggestions on clubedevinhos.com we have chosen as the first option “Lancers Rosé”, a surprisingly light and balanced wine with an extra touch of sparkle. This wine can replace champagne or a sparkling drink as an appetizer for the rest of the dinner, where red wine should not be missing, since the Angolan consumer does not enjoy so much drinking white wines. If you are not part of this group, we recommend ‘Encruzado 2019’, from Quinta dos Carvalhais, located at Dão region, Portugal. It was carefully prepared by the oenologist, Beatriz Cabral Almeida, and presents a bright-yellow citrine color as well as a sophisticated and subtle aroma. In the mouth, it has a lively and fresh attack, with a good volume. It does have a long and balanced finish. Last of all, and changing geographical location, try the Argentinian ‘Finca Flichman Roble Syrah’, distributed by Vinus Angola.

SAFRA HARVEST 2019 REGIÃO REGION DÃO PAÍS COUNTRY PORTUGAL CASTAS GRAPE VARIETIES ENCRUZADO NOTAS DE PROVA: AROMA VEGETAL, NOTAS FLORAIS E FRUTOS BRANCOS COMO A MELOA, PÊRA E MADEIRA. ATAQUE VIVO E FRESCO, BOM VOLUME, HARMONIA DO PRINCÍPIO ATÉ AO FINAL, LONGO E EQUILIBRADO. ENÓLOGA: BEATRIZ CABRAL DE ALMEIDA TASTING NOTES: VEGETAL AROMA, FLORAL NOTES AND WHITE FRUITS SUCH AS MELON, PEAR AND WOOD. LIVELY AND FRESH ATTACK, GOOD VOLUME, AND CONSISTENCY FROM THE BEGINNING TO THE END, LONG AND BALANCED. OENOLOGIST: BEATRIZ CABRAL DE ALMEIDA

www.economiaemercado.co.ao | Fevereiro 2021 February 2021

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