ABRIL 2016 ANO 19 Nº 139 PREÇO 800Kz
REESTRUTURAÇÃO DO ESTADO
É HORA DE QUEIMAR GORDURAS PRODUÇÃO DE CAFÉ A despertar de um sono profundo
CASINOS
GRANDES LAGOS
ENTREVISTA
OPINIÃO
Negócio baralhado em incertezas
As oportunidades de investimento e o
José Octávio Serra Van-Dúnem, Sociólogo e Consultor Sénior da Logos Holi Consulting
Justino Pinto de Andrade José G. Matos
NOVO PACOTE
PREÇO (UTT)
PREÇO (Kz)
PREÇO POR MB FORA DO PLANO (KZ)
500 MB PELO PREÇO DE 250 MB
125
900
7.2
2 GB PELO PREÇO DE 1 GB
375
2.700
5.8
4 GB PELO PREÇO DE 2 GB
625
4.500
4.3
10 GB PELO PREÇO DE 5 GB
1.250
9.000
2.9
20 GB PELO PREÇO DE 10 GB
2.000
14.400
2.0
50 GB PELO PREÇO DE 25 GB
4.500
32.400
*VELOCIDADE
REDUZIDA
ABRIL 2016 WWW.ECONOMIAEMERCADO.SAPO.AO
RADAR 6 CÂMARA LIVRE 10 CONTRAPONTO 12 CARTOON 13 IPSIS VERBIS
16 UMA PROMESSA NÃO ESQUECIDA
OPINIÃO
A companhia de Bioenergia de Angola (Biocom) é tida como o maior investimento
15 JUSTINO PINTO DE ANDRADE
MACRO 16 BIOCOM 20 CASINO 24 CAFÉ
OPINIÃO 28 J. G. MATOS 29 NÚMEROS EM CONTA
60 PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS FOI O “BALÃO DE SORO” PARA A EMPRESA
CAPA 30 REESTRUTURAÇÃO DO ESTADO 42 ENTREVISTA
PAÍS 46 WAKU KUNGO 49 NOTÍCIAS sem abertura nenhuma para quaisquer esclarecimentos extras.
2014 e exacerbada em 2015.
LÁ FORA 50 REGIÃO DOS GRANDES LAGOS 54 NOTÍCIAS
EMPRESAS
64 A LUTA CONTINUA, A VITÓRIA É INCERTA Estima-se que o país conte com mais de 600 mil antigos combatentes. Numa altura
56 SAPORIS
MERCADO E FINANÇAS 60 SONANGOL
guerrilheiros consideram que a luta continua porque a realidade do país ainda não
SOCIEDADE 64 ANTIGOS COMBATENTES 68 FIGURA DO MÊS
30 UMA BOA ALTURA PARA EMAGRECER
LAZER 71 VINHOS 72 NOTÍCIAS 73 AO VOLANTE
REMATE 74 NUNO FERNANDES o titular do poder Executivo extinguiu mais de 15 comissões multissectoriais
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EDITORIAL | 5
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UM FARDO QUE COMEÇA A PESAR Quingila Hebo
O ESTADO ANGOLANO CONTINUA A ACOMODAR E A AMAMENTAR PESSOAS E
Trabalhar na Função Pública é um desejo que já fez, e continua a fazer, parte de qualquer estudante angolano. O Estado é o único que recruta em massa e, executando bem ou mal as suas tarefas, o funcionário público tem o salário de que trabalhando para o Estado a pensão por velhice ou invalidez é uma certeza. Entretanto, hoje, as obrigações com a estrutura administrativa, e com o pessoal, acumuladas pelo Estado ao longo destes anos, começam a pesar.
LESÕES GRAVES NAS TETAS DO ESTADO. mecanismos para emagrecer, extinguir e/ou privatizar alguns que apenas representam custos elevadíssimos ao Estado. Não basta continuar com a dança das cadeiras dos gestores destas instituições.
compõem o aparelho do Estado e como devem estar ajustadas aos desígnios futuros do país. O número de instituições, de órgãos e o pessoal empregue não estão alinhados com o nível
produção do café já começou a despertar do sono profundo empresas cujo accionista maioritário ou exclusivo é o Estado. O Estado angolano continua a acomodar e a amamentar também sobre a Biocom, que, depois de muitos desvios de deixam lesões graves nas tetas do Estado. Esta edição espelha como o momento actual pode ser oportuno para avaliar os
estimativas inicialmente feitas. Outro grande destaque vai para o negócio dos jogos de sorte e azar, na página 20, que passa a contar, a partir deste ano, com directrizes legais para balizar a actividade, bem como com um novo órgão de supervisão. &
que suportam a estrutura do Estado e começar a estudar
Propriedade
Directora Editorial Ana Filipa Amaro Director Sebastião Vemba - sebastiao.vemba@economiaemercado.com Sub-Editor Copy Desk
Conselho Editorial Laurinda
Hoygaard; Justino Pinto de Andrade; José Matos; Fernando Pacheco; José Severino Redacção Colaboradores Filipe Alves; José Matos; Justino Pinto de Andrade; Nuno Fernandes; Sérgio Piçarra edicenter@gmail.com; Carlos Aguiar - carlosdaguiar.edicenter@gmail.com; Isidoro Felismina - isidorosuka@gmail.com Design Ana Nascimento – Executive Paginação Capa Executive Publicidade geral@edicenter-angola.com Secretariado Aida Chimene Redacção Smart Administração e Publicidade com Delegação em Lisboa iona.pt Impressão e Acabamento Tiragem 5.000 exemplares Angola - Registo Nº
Distribuição
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| RADAR
CÂMARA LIVRE VASCO CÉLIO
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O CAIXA TOTTA AGORA É CAIXA ANGOLA. E vai continuar a deixar a sua marca no seu dia-a-dia. O Banco Caixa Totta mudou. Agora é Caixa Angola. Com um novo nome e uma nova imagem, mas com a mesma equipa de especialistas Depósitos está presente em 23 países e 4 continentes. Seja bem-vindo ao Caixa Angola. O seu Banco de sempre.
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| RADAR
ROBERT HUDSON APRESENTA NOVOS MODELOS FORD
Apesar de os dados do início do ano corrente revelarem uma queda de 56% na comercialização oficial de automóveis, os responsáveis da Robert Hudson apresentaram os novos modelos Ford Figo, Everest e Explore, sendo que ainda este ano estarão disponíveis os novos Edge e Range, sendo este último o que mais se vende em Angola. O anúncio foi feito durante a celebração dos 90 anos de presença no
mercado angolano da concessionária. Na ocasião, o director-geral da Robert Hudson, Carlos Cerqueira, afirmou que os novos modelos da Ford apresentam “um design mais arrojado” e oferecem novas tecnologias, tanto no de terreno (adaptação automática para condução em areia, lama e neve). Carlos Cerqueira vê ainda como vantagens dos mais recentes modelos,
o sistema auxiliar de estacionamento e o programa electrónico de estabilidade. O responsável adiantou ainda que, apesar da actual conjuntura macroeconómica, “a Ford tem registado uma performance positiva, evoluindo de uma quota de 5,6%, em 2014, para 6,34%, em 2015. Esta quota de mercado mensal superior a 9% no último trimestre de 2015”, segundo o responsável. &
NOVO GOVERNADOR DO BNA PRETENDE “UMA VERDADEIRA AUTORIDADE CAMBIAL” O novo governador do Banco Nacional de Angola (BNA) mostrou-se disposto a transformar a instituição numa “verdadeira da Silva falava após ter sido empossado no novo cargo, numa altura em que os bancos comerciais se vêem privados das divisas O novo governador defendeu a conversão do BNA em “uma verdadeira autoridade cambial, uma verdadeira autoridade regulamentar, uma verdadeira autoridade monetária e uma verdadeira autoridade de supervisão”, com o objectivo de estabelecer no &
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DESPEDIMENTO COLECTIVO NA SOARES DA COSTA O presidente do Sindicato da Construção de Portugal anunciou em Março a irreversibilidade do anunciado despedimento colectivo de 500 trabalhadores da construtora Soares da Costa em Angola. “Infelizmente, a pior notícia aconteceu. […] O presidente executivo da Soares da Costa, Joaquim Fitas, ligou-me a dizer GS EM ABR 16.pdf 1 3/21/2016 10:50:41 AM
que vai avançar com o despedimento colectivo de Lusa. construtora portuguesa não avançou datas concretas, despedimento colectivo já foi anunciado e vai avançar”, tal como estava previsto. O despedimento
a única forma de viabilizar a empresa”, que acumulou prejuízos superiores a 60 milhões de euros, esclareceu a mesma fonte. Relativamente ao pagamento dos três salários em atraso, fonte da construtora disse terem começado a ser pagos os vencimentos de Fevereiro, com prioridade para
os trabalhadores com rendimentos mais baixos. controlada em 66,7% pela GAM Holdings, detida pelo empresário angolano António Mosquito, que entrou no de 2013, sendo os restantes (ex-Grupo Soares da Costa), estando neste momento a ser negociados com a GAM. &
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| CONTRAPONTO
COM A “BATATA QUENTE” NAS MÃOS CONTRARIAMENTE À DANÇA DAS CADEIRAS A QUE SE TEM ASSISTIDO, COM RESPONSÁVEIS QUE TENHAM APRESENTADO MAU DESEMPENHO A SEREM CONDUZIDOS PARA OUTROS ORGANISMOS, NOS QUAIS REPETEM A PROEZA DE FAZER NADA OU “DESFAZER” MUITO DO QUE ENCONTRAM, DESTA VEZ OS EXONERADOS NÃO MERECERAM NENHUM VOTO DE CONFIANÇA PARA OUTRO CARGO, COM EXCEPÇÃO DE LUÍS GOMES SAMBO, CUJA INDICAÇÃO PARA A SAÚDE FOI BEM APLAUDIDA.
Sebastião Vemba
no Governo feita pelo Presidente da República,
excepção de Luís Gomes Sambo, cuja indicação
Pedro de Morais do cargo de governador do
surpreendente, entram no Governo, pela
cinco ministros, três secretários de Estado, um governador provincial e três vice-governadores. Pela conjuntura económica actual que o país enfrenta, por um lado, e pela importância do cargo em si, por outro, entende-se que como presidente da Comissão Executiva, e mais atenção – na imprensa e noutros ciclos de carácter político e económico – do que as outras mexidas, nomeadamente a exoneração de Rosa Cruz e Silva, ministra da Cultura;
Imobiliário de Angola, para agora ser ministra Relembro a importância que terá o trabalho modo, acabaram de receber uma batata quente, ao herdarem instituições que combatem uma
governador do Kwanza Norte. então minimamente “despercebidas” as exonerações de Paulino Baptista, secretário de Estado da Hotelaria; Luís Gomes Sambo, secretário de Estado da Saúde; Zacarias Sambeny, secretário de Estado das Pescas para a Aquicultura; Ngiila Carvalho, vice-governadora
Saúde – que combate actualmente a epidemia da febre-amarela que assola algumas cidades do país, com forte incidência em Luanda –
Agricultura, que hoje não dispõe de adubos -governador do Kuando Kubango para os
que se tem assistido, com responsáveis que tenham apresentado mau desempenho a serem conduzidos para outros organismos, nos quais repetem a proeza de fazer nada ou “desfazer” muito do que encontram, desta vez os exonerados não mereceram nenhum
gerir os recursos disponíveis com parcimónia. Entretanto, este feito não será possível se não houver um esforço conjunto entre os vários organismos do Estado, e se não lhes for dada margem para que os mesmos dêem continuidade aos programas em curso e corrijam os que forem necessários, tornando assim exequível a gestão da batata quente que lhes caiu nas mãos. &
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E NESTLÉ PROMOVEM “CRIANÇAS SAUDÁVEIS” no âmbito de um programa conjunto denominado “Crianças Saudáveis”, promoveram um Seminário de Formação de Formadores sobre Educação Nutricional, dirigido aos coordenadores e professores do ensino primário. Após a formação, os formadores envolveram-se na missão de dotar as crianças de conhecimentos sobre nutrição e estilo de vida saudável,
incentivando actividades físicas infantis e outras medidas no âmbito da preservação da saúde pública, tais como hábitos básicos de higiene. Os participantes do seminário contaram com materiais de apoio
da Educação, Agricultura, Saúde e parceiros. &
ANGOLA EM SEGUNDO LUGAR NO COMÉRCIO COM A CHINA As trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa caíram 25,73% em 2015, atingindo 98,47 mil milhões de dólares, com Angola a posicionar-se como segundo parceiro comercial chinês, a seguir ao Brasil. Foi a primeira vez que o valor China vendeu a Angola produtos avaliados em 3,72 mil milhões de dólares (menos 37,71% face a 2014) e comprou mercadorias avaliadas em 15,98 mil milhões de dólares (menos 48,60%). O Brasil manteve-se como principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 71,80 mil milhões de dólares em 2015 (menos 17,37% em relação a 2014). dólares (menos 8,99%), numa balança comercial favorável a Pequim. &
GOVERNADOR CONSIDERA “UMA VERGONHA” A IMPORTAÇÃO DE ALIMENTOS O governador de Benguela, Isaac dos Anjos, considerou que a importação da maior parte dos bens consumidos em Angola constitui “uma vergonha nacional”. “Os angolanos
cenoura já enlatada”.
que comemos tem de vir da Argentina se pode ser produzido em quantidade suficiente no país?”. O governador lamentou o facto de ter sido a actual crise económico-financeira, provocada pela queda do preço do petróleo, a despertar as consciências para a importância da agricultura como parte da diversificação da economia, “nada
-governamental “Omunga”, Isaac dos Anjos, que já foi
governador. &
nacional”, disse o governador, “tendo em conta que
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| RADAR
CARTOON SÉRGIO PIÇARRA
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IPSIS VERBIS ALVES ROCHA, ECONOMISTA, IN EXPANSÃO
Cupão de assinatura E&M.pdf
“EM ANGOLA, CONTINUA A FAZER PROFISSÃO DE FÉ A IDEIA DE QUE O AUMENTO DA PRODUÇÃO NACIONAL SÓ SE PODE FAZER COM O ANIQUILAMENTO DAS IMPORTAÇÕES, OU, NÃO SENDO TÃO RADICAL, COM A SUA FORTE LIMITAÇÃO, PARA SE CRIAREM ESPAÇOS INTERNOS E OPORTUNIDADES NACIONAIS PARA QUE OS EMPRESÁRIOS E EMPRESAS MENOS EFICIENTES SE AFIRMEM, À CUSTA DOS CONSUMIDORES – QUE AFINAL SOMOS TODOS NÓS – E DO BEM-ESTAR NACIONAL.”
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| OPINIÃO
DÍVIDA SOBERANA DE ANGOLA SOB ANÁLISE rating ou
NOS ÚLTIMOS DIAS, SURGIU A NOTÍCIA DE QUE A MOODY´S DECIDIU COLOCAR SOB ANÁLISE UMA POSSÍVEL REVISÃO EM BAIXA DA COTAÇÃO DA DÍVIDA SOBERANA DE ANGOLA, ELA QUE JÁ ESTAVA NA INCÓMODA POSIÇÃO DE “ESPECULATIVA”.
Mais recentemente, as “Big Three” agiram em sentido contrário ao do período 2007/2010, podem inibir os potenciais investidores, apontando para a probabilidade de haver incumprimento por parte da entidade devedora. Quando então funcionam como factores de estímulo e de Mas são os próprios países, empresas ou regiões que se vinculam, por acordo, com as agências de XIX. Nessa altura, certas empresas forneciam aos comerciantes informações sobre a capacidade dos seus clientes para honrarem os compromissos Na sequência desses desenvolvimentos, surgiram as três grandes agências internacionais de notação Ratings, a Moody´s e a Standard & Poor´s (S&P), conhecidas hoje por “The Big Three”. As duas dupla matriz, em Nova Iorque e em Londres. São, indiscutivelmente, as principais agências de
-lhes atribuído o desagradável estatuto de “Lixo”. Seguiu-se o rebaixamento, pela S&P, das dívidas soberanas de outras economias europeias, como a França e a Áustria, vendo assim perdida a cotação AAA. Nos últimos dias, surgiu a notícia de que a Moody´s decidiu colocar sob análise uma possível revisão em baixa da cotação da dívida soberana de Angola, ela que já estava na incómoda posição de “Especulativa”. Esta decisão da Moody’s teve por fundamento os impactos negativos sobre a nossa economia das recentes descidas do preço do petróleo nos mercados internacionais, trajectória que se julga irá manter-se nos próximos anos. Pelas mesmas razões, foram igualmente colocadas sob elas com forte grau de dependência desse produto. O crescimento da nossa economia e o provenientes da venda do petróleo, dependência Produto Interno Bruto. O recente aviso da Moody´s poderá vir a agravar ainda mais a situação, já por si difícil, que Angola atravessa, uma vez que, quanto
mesmo os títulos de elevado risco, os subprime, que desencadearam o colapso do mercado imobiliário Justino Pinto de Andrade Economista
mundo.
&
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O SUV mais bem preparado, com inovações como o Sistema de Gestão de Terreno (Terrain Management System). Sistema de Gestão de Terreno disponível na versão Limited.
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| MACRO
BIOCOM
UMA PROMESSA NÃO ESQUECIDA Texto: Jacinto Malungo Afonso Francisco
A companhia de Bioenergia de Angola (Biocom) é tida como o maior investimento privado nacional no sector não petrolífero. Criada em 2008, a empresa localizada no Pólo Agro-industrial de Capanda (PAC), em Malanje, representa um investimento de mil milhões de dólares. Desde que começou a sua actividade em 2014, a Biocom já produziu 28 mil toneladas de açúcar, 14 mil metros cúbicos de etanol e 68 mil megawatts de energia, números que prometeu aumentar neste mês de Abril. Entretanto, o projecto ainda não é rentável e o açúcar, que é o maior produto da empresa, não cobre acima de 20% da demanda do mercado nacional que, antes da produção da Biocom, era completamente refém das importações de países como Brasil, África do Sul e Portugal, um cenário que a companhia promete mudar nos próximos tempos.
As primeiras conversas para a criação deste projecto milionário aconteceram em 2006. Dois anos depois, a Damer (mais tarde substituída pela Cochan), a Odebrecht e a Sonangol investiram 750 milhões de dólares naquela que foi a primeira fase de investimentos, sendo que na segunda fase o capital investido foi de 520 milhões de dólares. A Cochan, empresa angolana detida pelo General Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, controla 40% do investimento, igual número é administrado pela Odebrecht, empresa de direito angolano, e os últimos 20% pertencem à petrolífera Sonangol. Para a safra 2016/2017, a Biocom prometeu produzir 47 mil toneladas de açúcar,
A BIOCOM EMPREGA ACTUALMENTE 1 732 TRABALHADORES NACIONAIS E 150 TÉCNICOS ESTRANGEIROS QUE REPRESENTAM
8%
DA FORÇA PRODUTIVA. EM 2009, ALGUNS JOVENS ANGOLANOS EMPREGADOS PELA EMPRESA SUCROENERGÉTICA FORAM FORMADOS NO BRASIL, NUMA DAS COMPANHIAS LOCAIS DE PRODUÇÃO DE AÇÚCAR LIGADA À ODEBRECHT BRASIL.
16 mil metros cúbicos de etanol e 155 mil megawatts de energia. No que toca a dar resposta à demanda do mercado, o director-geral da empresa, Carlos Mathias, diz que será gradual, como acontece em empresas de grande porte. O responsável explica que em 2021 produzirão 256 mil toneladas de açúcar, correspondendo a, aproximadamente, 70% da demanda do mercado. Carlos está pensada a duplicação da usina para acompanhar o crescimento do mercado e cobrir as necessidades nacionais de açúcar. O açúcar da Biocom é vendido para as mais diversas superfícies comerciais sob a marca Kapanda. Já a energia, além de dar
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para a empresa, de acordo com o excedente é vendido com exclusividade (por preceitos legais) à Rede Nacional de Transporte de Electricidade (RNT). Esta energia vem da queima do bagaço (resíduo da da extracção do sumo). No entanto, o aproveitamento dos subprodutos da cana-de-açúcar estende-se ao etanol, do qual o país importa cerca de 100 mil metros cúbicos, mas a companhia de biocombustíveis de Angola em mais de 30% quando atingir a maturidade, em 2020. O etanol gera algumas receitas
da venda deste produto às empresas produtoras de bebidas e limpezas. Contudo, o grande produto da Biocom é mesmo o açúcar, que actualmente é importado por Angola em 80%. Nos anos 2013/2014, por exemplo, o Brasil, um dos maiores produtores do mundo, exportou para o país 340 mil toneladas de açúcar. E é este o cenário que, explicou o responsável, motivou os sócios a investirem mais na produção deste produto, de forma a diminuir as importações e, a posteriori, exportar para a
Europa, que não tem taxas alfandegárias para o açúcar africano. Outra razão para o investimento no açúcar, acrescenta o diretor-geral da empresa sucroenergética, vem da importância desta commodity para a cesta básica nacional e do facto de a Odebrecht já ter o know-how e a tecnologia neste negócio através da sua matriz no Brasil. ENGENHEIRO AGRÓNOMO MOSTRA-SE CÉPTICO Neste âmbito, e de maneira a proteger a produção nacional, o Executivo agravou
as taxas aduaneiras para o açúcar de beterraba, que era desalfandegado a uma taxa de 2% na antiga Pauta Aduaneira, para 20%. Entretanto, o engenheiro agrónomo Fernando Pacheco é céptico quanto à capacidade da Biocom de produzir até 2020 as quantidades de açúcar que promete. Fernando Pacheco recorda que “as primeira produção de açúcar, prevista para 2015, era de 36 mil toneladas, e apenas foram atingidas 25 mil. Uma derrapagem de mais de 30% é inadmissível num investimento tão elevado.
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JUSTIÇA BRASILEIRA PRESSIONA A EMPRESA Em 2013, a BBC Brasil publicou uma reportagem onde os trabalhadores brasileiros se queixavam de terem sofrido maus-tratos na Biocom entre 2011 e 2012. Esta matéria levou o Ministério Público do Trabalho brasileiro a abrir um inquérito que culminou com a condenação, em 2015, da construtora Odebrecht e análogas à escravidão no período de construção da Biocom. a usina Biocom, na província de Malanje, foram submetidos a um regime de trabalho “prestado sem as garantias mínimas de saúde e higiene, respeito e alimentação, evidenciando-se o trabalho degradante, inserido no conceito de trabalho na condição análoga à de escravo”. trabalhador nas obras da Biocom”, que as condições de trabalho foram “adequadas às normas trabalhistas e de saúde e segurança vigentes em Angola e no Brasil” e que não tinha responsabilidade sobre a obra por ser dona de uma participação minoritária na usina.
PARA A SAFRA 2016/2017, A BIOCOM PROMETEU PRODUZIR 47 MIL TONELADAS DE AÇÚCAR, 16 MIL METROS CÚBICOS DE ETANOL E 155 MIL MEGAWATTS DE ENERGIA. NO QUE TOCA A DAR RESPOSTA À DEMANDA DO MERCADO, O DIRECTOR- -GERAL DA EMPRESA, CARLOS MATHIAS, DIZ QUE SERÁ GRADUAL, COMO ACONTECE EM EMPRESAS DE GRANDE PORTE.
a de condições climatéricas anormais, o que não é verdade”, critica. Segundo o também presidente do Observatório Político e Social de Angola, que considera a Biocom apenas mais um elefante branco em Angola, o projecto é megalómano na medida em que concebia eliminar a importação de açúcar em 2020, com uma produção superior a 300 mil toneladas. Para Fernando Pacheco “isto é um erro. Mandam as regras do bom senso que não se coloquem todos os ovos no mesmo cesto, pois os riscos são enormes”. “Nas nossas
condições ainda é pior porque não havia investigação, nem experimentação que pudessem sustentar um investimento tão elevado”, refere, acrescentando: “As nossas fragilidades não recomendam tais projectos grandiosos, mais propícios a desvios e à corrupção”. No que diz respeito ao investimento feito, Fernando Pacheco ataca a falta de reais valores aplicados. “Inicialmente estava previsto um investimento de 200 milhões de dólares norte-americanos, este montante foi subindo e o último anunciado já era de mais de 700 milhões
Carlos Henrique Mathias, Director-Geral da Biocom
que já está próximo dos mil milhões. Como acontece frequentemente, não há percebermos a verdade”, mencionar que a “Biocom era um consórcio entre a Odebrecht, a Sonangol e a Damer Industrial (empresa
angolana). Esta foi substituída pelo grupo Cochan sem que tivesse sido dada uma OS MALES DA CRISE A actual conjuntura macroeconómica levou algumas empresas a apertarem os cintos e outras foram mesmo forçadas a fechar.
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Apesar de ser uma unidade produtiva de parceria público-privada, 2015 foi, desvenda Carlos Mathias, um ano em que a Biocom se deparou
não são produzidos em Angola”. “A desvalorização do kwanza tem criado enormes
director-geral da empresa acrescenta que “a queda do preço do petróleo impactou em todos os sectores, ninguém saiu
de gastar mais kwanzas na importação dos produtos”. Entretanto, Carlos Henrique Mathias congratula o apoio do Governo às empresas que fomentam a produção local e a
foi, certamente, a liberação de divisas porque a usina foi fabricada no estrangeiro”, lamentou o responsável, acrescentando que a empresa ainda teve que “importar peças, pagar a consultores e comprar os insumos que
De acordo com o responsável, alguns projectos de investimentos que não comprometem a produção foram postergados e, em contrapartida, galvanizaram-se outros como, por exemplo, a produção de calcário, que
necessário, sendo que já se vende o excedente. A empresa tem, segundo Carlos Mathias, o melhor laboratório de solos de Angola, o que lhe permite prestar serviços a outras empresas. A Biocom emprega actualmente 1 732 trabalhadores nacionais e 150 técnicos estrangeiros que representam 8% da força produtiva. Em 2009, alguns jovens angolanos empregados pela empresa sucroenergética foram formados no Brasil, numa das companhias locais de produção de açúcar
ligada à Odebrecht Brasil, no âmbito de uma parceria com a empresa angolana. A companhia está implantada numa área de 81 201 hectares, 70 mil dos quais são cultiváveis e 11 mil foram reservados à preservação ambiental. Neste terreno arável apenas há produção efectiva em 27 606 hectares, onde se produz, principalmente, açúcar, etanol e energia. Na safra ter produzido acima de 24 mil toneladas de açúcar, mais de 10 mil metros cúbicos de etanol e 70 mil megawatts de energia. &
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CASINOS
NEGÓCIO BARALHADO EM INCERTEZAS
Texto: Edjaíl dos Santos Afonso Francisco
As concessionárias de jogos têm registado quebras nas visitas de jogadores estrangeiros, os maiores clientes dos casinos nacionais. Porém, uma nova esperança renasce no sector com a aprovação da legislação que regula a actividade de jogos. No entanto, nem tudo na lei é
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Preto ou vermelho? É com a mesma angústia, incerteza e expectativa de um jogador de roleta que os casinos angolanos se encontram. As concessionárias não param de perder clientes desde o início da crise 2014/2015 e aguardam que a nova Lei de Actividade de Jogos possa trazer uma lufada de ar fresco ao sector. A directora de Marketing e Comunicação da Plurijogos, Teresa Viegas, adianta que o negócio vive um período difícil e de incertezas devido à saída do país de muitos cidadãos estrangeiros e da diminuição da crise económica, registando os casinos um decréscimo de 30 a 35% na facturação. Quem tem essa cultura é a comunidade asiática e outros grupos estrangeiros que cá
Teresa Viegas. Sem avançar números sobre a facturação, a entrevistada disse que, nos seus mais de detém mais de 80% da quota do mercado
Mas nem tudo é boa nova na recém-aprovada legislação que aumenta a dupla tributação, que vai colidir com a Constituição angolana. Existe uma tributação de pagamento de imposto e um pagamento adicional, o que achamos um exagero. Em 2015 cumprimos a nossa carga
“A partir de agora as nossas tomadas de decisões e avanços para novos projectos responsável. Ainda assim, Teresa Viegas augura que a nova Lei de Actividade de Jogos, que esperam há oito anos, possa retirar do mercado as casas que operam ilegalmente, sendo que o diploma cria uma autoridade legal para regular a actividade de jogos em Angola.
Teresa Viegas. A E&M teve acesso ao novo diploma que um modelo de tributação “diferenciado” e “agravado”, abrangendo, quer a actividade de exploração, quer os “prémios pagos aos jogadores”. “A taxa do imposto especial dos jogos é de até 45% sobre a receita bruta das entidades
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MAIOR CASINO DO PAÍS EM 2017 Os inúmeros constrangimentos resultantes dos atrasos das obras do que se pretende que seja a maior casa de jogo do país parecem agora ultrapassados e os promotores da marca Casinos de Angola, detida pela Plurijogos, SA, adiantam que em 2017 o Casino Gika abrirá as portas ao público. A data prevista para a entrega da obra era 31 de Dezembro de 2008, em condições mínimas para receber o grande Casino de Luanda, sendo que os sucessivos atrasos causaram um prolongamento de sete anos, uma vez que a abertura ao público estava prevista para Setembro de 2009. A obra já consumiu mais de 17 milhões de dólares norte-americanos, mas este valor poderá ascender a
O empreendimento é composto por seis pisos de 1 500 metros quadrados cada, dos quais cinco são no subsolo, comtempla espaços dedicados a jogos de mesas e máquinas, sala de espectáculos, zona de exposições culturais e três restaurantes. Este novo casino irá empregar cerca de 600 funcionários directos, além dos prestadores de serviços pontuais. Em comunicado, a empresa proprietária do empreendimento adianta que a “aprovação da nova lei de jogo vem dar garantias à Plurijogos/Casinos de Angola a salvaguarda do seu investimento estabelecimento de regras claras, o que motivou as obras do sócio-fundador e accionista de referência, o General Kundi Pahiama”.
exploradoras do jogo, 25% sobre o valor global dos prémios, 20% sobre o valor bruto das apostas mútuas desportivas e 15% sobre a receita bruta de outras apostas mútuas,
As instituições de jogos (lotarias e casinos) que se encontram a funcionar foram autorizadas pela Empresa Nacional de Lotarias de Angola (ENLA), mas correm o risco de se tornarem ilegais, uma vez que
lei. licenciar jogos por estar em via de extinção. Para não travar a iniciativa dos investidores, enquanto se aguardava pela lei, estas casas
ISJ ARBITRA AS JOGADAS O novo Instituto de Supervisão de Jogos (ISJ) substitui a Empresa Nacional de Lotarias na função de regulador, supervisor no país, conforme a decisão do Executivo. O ISJ foi criado por decreto presidencial há mais de um ano e tem tutela directa, segundo o seu estatuto orgânico, do Ministério das Finanças. Com sede em Luanda, terá como atribuições a regulamentação e supervisão das actividades de jogos de fortuna ou azar em Angola, “em conformidade nacional”, além de impulsionar “o “bom funcionamento do sector de jogos e A instituição ainda não está autorizada a licenciar a exploração de jogos de fortuna o seu director, Carlos Costa, em entrevista
Teresa Viegas, Directora de Marketing e Comunicação da Plurijogos
ao Jornal Nova Gazeta. Porém, depois da publicação e entrada em vigor da lei, já poderá emitir licenças. “O ISJ está a funcionar apenas com base no seu estatuto orgânico. É evidente que com a aprovação da lei estaremos mais munidos no sentido de actuar e levar este barco a bom porto”, referiu.
administrativa emitida pelo Ministério das Finanças. Paralelamente às autorizadas administrativamente, existem casas de jogos clandestinas, o que preocupa o ISJ. “Qualquer coisa que existe sem autorização é claramente preocupante. Se noutras actividades a clandestinidade é preocupante, muito mais nesta que está ligada ao branqueamento de capitais e à lavagem de dinheiro”, sublinhou Carlos Costa, falando ao Nova Gazeta. “São dinheiros que não entram para os cofres do Estado e ninguém sabe o que eles estão a fazer. Houve uma empresa brasileira que veio cá, prometeu prémios e depois foi-se embora com o dinheiro sem dar os prémios às pessoas que apostaram. Isto é Luanda, Benguela, Lubango e Cabinda são as províncias onde existe a actividade de jogos. &
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PRODUÇÃO DE CAFÉ
A DESPERTAR DE UM SONO PROFUNDO Texto: Jacinto Malungo Arquivo
Campo de secagem do café
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Segundo os especialistas, Angola tem condições para relançar a produção do café, pelo menos no que toca à existência de solos férteis e histórico de cultivo do bem que já colocou o país como terceira potência mundial neste sector, antes da Independência nacional. No entanto, apesar do aumento do cultivo nos últimos tempos, ainda faltam meios de apoio à produção, que é assegurada em 98% pela agricultura familiar, assim como aos acessos aos cafezais, o que condiciona o seu respectivo escoamento. Apesar do actual impasse, o Governo, nas linhas mestras para a saída da crise, coloca este sector como potencial exportador no curto prazo.
O Executivo aprovou, no passado ao fomento da produção do café, no âmbito das suas “Linhas Mestras para Crise Derivada da Queda do Preço do Petróleo no Mercado Internacional”. Este programa, aprovado em Conselho de Ministros, ambiciona, em dois anos, triplicar a produção média anual de 10 mil toneladas para 30 mil. Para o cumprimento desta meta, o Executivo, por via do Instituto Nacional do Café (INCA), começou por distribuir na província do Kwanza Sul mudas de apoio às cooperativas na comercialização do café. De acordo com o director-geral do INCA, João Neto, citado pela Angop, o programa vem para apoiar os que já produzem. O responsável salientou prazo, “implantar nas regiões produtoras unidades de descasque e fábricas de lavagem de café, bem como fomentar a industrialização e exportação de café com a instalação de indústrias de torrefacção e de moagem”. Entretanto, enquanto a nova medida governativa não chega a mais cafeicultores, há muitos que já ameaçam abandonar o cultivo. Na província do Kwanza Norte, na localidade de Ambaca, que conta com 243 produtores familiares, por exemplo, os cafeicultores pedem mais inputs para melhorar a fraca capacidade de armazenamento e escoamento do café.
investimento na província que, segundo
A NÍVEL NACIONAL EXISTEM 10 PROVÍNCIAS PRODUTORAS DE CAFÉ, ESTANDO NA LINHA DA FRENTE O KWANZA SUL E O UÍGE, QUE JUNTAS, DE ACORDO COM DADOS DE 2015, CONCENTRAM CERCA DE
77% DA PRODUÇÃO NO PAÍS.
locais de café avaliam substituir a produção do “bago vermelho” por outras culturas mais rentáveis, como o milho, a mandioca, a batata-doce e o feijão. Segundo a brigada técnica do café de Ambaca, estão armazenados 50 sacos de café por falta de compradores. Ainda no Kwanza Norte, a fazenda Café Cazengo também diz ser crítica a questão dos acessos. De acordo com José Gonçalves, responsável da fazenda, “a logística tem sido extremamente difícil. Implantámos a nossa fábrica no município de Kikulungo onde não existem estradas nem energia”. Em declarações à E&M, José Gonçalves, proprietário da fazenda Café Cazengo, defendeu um maior
fazenda estar já a contribuir para o aumento da produção local, produzindo anualmente 50 toneladas de café torrado com o apoio de uma cooperativa de mil cafeicultores. Para José Gonçalves, é preciso abandonar a mentalidade de produzir investiram fortemente. “Vejamos, o Vietname teve uma guerra que terminou em 1975, investiu no café e é hoje um importante produtor mundial, assim como o Brasil”, compara José Gonçalves, acrescentando que a cultura do café é uma actividade que pode empregar muita gente por ser de mão-de-obra intensiva. a produção no Kwanza Norte, a fazenda desenvolve uma relação com os cafeicultores que se baseia na facilitação instrumentos de trabalho. O responsável avança que este processo “tem contribuído bastante para o fomento da cultura do café e, consequentemente, no aumento da produção de café na província”. Ainda no que toca ao investimento, o director-geral do INCA, João Neto, em declarações à imprensa em 2014, salientou que, com um investimento de 200 milhões de dólares, poderia atingir-se, em 10 anos, uma produção anual de 100 mil toneladas. Segundo os especialistas, se Angola produzisse e exportasse 120 mil toneladas de café, como acontecia nos anos 70, renderia anualmente 500 milhões de dólares.
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No ano passado foram produzidas 15 mil toneladas de café numa área de
18 mil
HECTARES muito abaixo dos 120 mil dos anos 70, período em que o país esteve na pole
position. José Gonçalves, proprietário da fazenda Café Cazengo
José Carlos Beato, Director-Geral da Angonabeiro
APENAS 15 MIL TONELADAS PRODUZIDAS EM 2015 A nível nacional existem 10 províncias produtoras de café, estando na linha da frente o Kwanza Sul e o Uíge, que juntas, de acordo com dados de 2015, concentram cerca de 77% da produção nacional. Contudo, existem outras como são os casos das províncias do Kwanza Norte, Bengo e Bié. Entretanto, em conjunto, segundo o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Afonso Pedro Canga, estas províncias produziram no ano passado 15 mil toneladas de café numa área de 18 mil hectares, muito abaixo dos 120 mil dos anos 70, período em que o país esteve na pole position. Afonso Pedro Canga, que falava no discurso da 55ª Cimeira da Organização Interafricana de Café (OIC), que teve lugar em Novembro de 2015 em Luanda, avançou ainda que, desta safra, 98% estão dependentes da agricultura familiar, sendo que os outros 2% estão atrelados à produção empresarial nas províncias do Bengo, Kwanza Sul e Uíge. Ao todo, existem 55 mil produtores de café em
Afonso Pedro Canga, Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural
Angola. Na mesma ocasião, o secretário-geral da OIC, Frederick Kawuama, atestou que Angola tem condições para liderar a produção continental de café, superando países como a Etiópia, o maiores produtores africanos deste bem.
UM LONGO CAMINHO PELA FRENTE Em Janeiro deste ano iniciou-se a exportação para Cabo-Verde do café Ginga pela Angonabeiro, empresa
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Conta Jovem BAI Para quem leva o futuro em conta.
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Secagem do café
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como “expansão internacional do café de Angola”, a Angonabeiro levou ao arquipélago quatro toneladas de café. Depois da sua estreia no princípio do ano, em Março último a empresa anunciou ter exportado para o Senegal cerca de 12 toneladas de a “dar provas da qualidade do café angolano” e a “mostrar que o mesmo pode ser vendido em vários mercados mundiais”. O director-geral da empresa, José a Angonabeiro criou a marca Ginga, pensou-se inicialmente no consumidor angolano. “Sentimos que a qualidade do produto ganhou fama noutros mercados e por isso demos início ao processo de internacionalização da marca”, reforçou. Por sua vez, a marca Café Cazengo, presente no mercado há
sensivelmente um ano, fruto de um trabalho desenvolvido em cinco anos, está também a empregar esforços para começar a exportar. Estava prometido para este ano o início das exportações, no entanto, segundo José Gonçalves, responsável da Fazenda, estão apenas a concluir alguns processos burocráticos para que isso se torne realidade. “Temos recebido e-mails e telefonemas de quase toda a parte do mundo, de entidades que querem adquirir quantidades consideráveis de café”, revela o responsável da fazenda. Importa realçar que em 2030, de acordo com o Fórum Global do Café, o mundo terá uma demanda de 200 milhões de sacas de café, uma oportunidade que, segundo o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Afonso Pedro Canga, pode ser aproveitada pelo continente africano, em especial por Angola. &
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| OPINIÃO
A TUTELA DOS REGULADORES O mercado não é a panaceia de todos os males. A evolução da economia angolana para uma economia de mercado tem de ser acompanhada com a institucionalização de mecanismos correctores das chamadas falhas de mercado, mecanismos genericamente enquadrados no que se designa por regulação económica. com algumas opiniões a esse respeito. Os primeiros órgãos reguladores sectoriais constituídos em Angola, nomeadamente nos sectores da energia e águas, nas comunicações, na aviação civil e nos
evitando-se que a mesma entidade seja simultaneamente
chamados sectores infra-estruturais da economia, como a electricidade, as águas e os resíduos sólidos, o gás, as telecomunicações, a aviação civil, os portos e aeroportos
A disciplina da regulação económica encontra-se prática longamente consolidada em economias mais avançadas. Apesar disso, não se pode dizer que haja um modelo universal de regulação. Cada país tem as suas particularidades e o modelo regulatório tem de se ajustar ao estádio de desenvolvimento e à realidade concreta. Não sou, por isso, adepto de que se copiem modelos, mas sim de que se faça um estudo comparado para servir
de natureza técnica, uma outra de natureza comportamental e outra ainda que tem a ver com
mais atrás, seria concentrar num regulador transversal realidade angolana. Na minha opinião, Angola tem necessidade de uma modelo regulatório e o paradigma de estatuto dos órgãos reguladores. Hoje, alguns reguladores são equiparados
comportamental, concentrando-se nos reguladores verticais a regulação técnica da respectiva indústria, optimizando recursos. Continuando a existir um Ministério da Economia, faria todo o sentido que este
ser harmonizado nessa lei. Realmente, não faz sentido que um órgão regulador seja equiparado a um instituto próprias e quase sempre podem viver por si – ou seja, podem gerar receitas para a sua própria sustentação.
cooperação entre o regulador horizontal e os verticais. Em conclusão, Angola não tem dimensão para dispor de tantos reguladores e órgãos de tutela. Por isso, na minha opinião e em ordem a optimizar recursos e a advogo a criação de uma autoridade para a regulação
Ou seja, um sistema que crie as condições para tirar José Gualberto Matos Engenheiro
prejuízo dos superiores interesses da colectividade.
económica. &
NÚMEROS EM CONTA | 29
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OS ÓSCARES E OS GASTOS MILIONÁRIOS PREPARAÇÃO DA NOITE 3 MILHÕES DE DÓLARES FOI QUANTO CUSTARAM OS SALTOS ALTOS, DA STUART WEITZMAN, QUE A CANTORA KATHLEEN YORK USOU NA EDIÇÃO DE 2006.
20 MILHÕES DE DÓLARES FOI O VALOR DO COLAR COM O DIAMANTE AZUL DE 15 QUILATES, HARRY WINSTON, USADO POR GLORIA STUART NA GALA DE 1998.
2,5 MILHÕES DE DÓLARES
4 MILHÕES DE DÓLARES FOI O CUSTO DO VESTIDO DE JENNIFER LAWRENCE, DA MARCA DIOR COUTURE, USADO NA CERIMÓNIA DE 2013.
CUSTARAM OS BRINCOS DE ESMERALDA DE 115 QUILATES, DA MARCA LORRAINE SCHWARTZ, USADOS POR ANGELINA JOLIE EM 2009.
INVESTIMENTOS EM PUBLICIDADE 1,9 MILHÕES DE DÓLARES
+100 MILHÕES DE DÓLARES
FORAM INVESTIDOS EM ANÚNCIOS TELEVISIVOS DE 30 SEGUNDOS DURANTE A TRANSMISSÃO DOS ÓSCARES DE 2016.
FOI QUANTO FOI GASTO COLECTIVAMENTE PELOS PRODUTORES DE HOLLYWOOD PARA ANUNCIAR OS SEUS FILMES DURANTE A TEMPORADA DE NOMEAÇÕES PARA OS ÓSCARES.
72 MIL DÓLARES É A TAXA CORRENTE PARA O ANÚNCIO DE FILMES NO HOLLYWOOD REPORTER DURANTE A TEMPORADA DE NOMEAÇÕES.
10 A 15 MIL DÓLARES
10 MILHÕES DE DÓLARES
É QUANTO GASTAM OS CONSULTORES DE RELAÇÕES PÚBLICAS DA ACADEMIA DE ÓSCARES PARA PROMOVER OS SEUS NOMEADOS.
É O CUSTO MÉDIO DA CAMPANHA PARA O VENCEDOR DE MELHOR FILME.
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REESTRUTURAÇÃO DO ESTADO
UMA BOA ALTURA PARA EMAGRECER Quingila Hebo
O Estado angolano comporta mais de 280 instituições públicas, sem contar com as comissões multissectoriais, sobre os quais não foi possível determinar o número exacto, assim como os serviços auxiliares ao Palácio da Cidade Alta e as instituições afectas aos órgãos judiciais. Quanto às comissões multissectoriais, são criadas e propostas ao Chefe do Governo à velocidade da luz, titular do poder Executivo extinguiu mais de 15 comissões multissectoriais em vários domínios, sendo que, actualmente, em tempo de crise, não se sabe quantas mais foram propostas e estão à espera de aprovação. Actualmente, o Estado angolano é constituído por 35 ministérios, 54 secretarias de Estado, 60 embaixadas, nove chancelarias militares, 12 direcções nacionais, 24 institutos públicos, 50 empresas públicas, 18 governos provinciais, que por sua vez se disseminam também em pequenas instituições e órgãos a elas afectas, alguns para outros só para acomodar os quadros tidos como “reserva” do Estado, o que torna o aparelho governativo “obeso” e com gastos com o pessoal muito acima das suas O Estado angolano tem subsídios de representação, habitação e abono de
EM 2016, DIANTE DE UMA CONJUNTURA ECONÓMICA ADVERSA, O ESTADO VIU-SE OBRIGADO A UM JOGO DE CINTURA PARA APERTAR E LIMITAR O CRESCIMENTO DA DESPESA COM O PESSOAL. NAS DESPESAS CORRENTES, OS ENCARGOS COM O PESSOAL SOBEM APENAS
6%
EM TERMOS NOMINAIS, METADE DA INFLAÇÃO PREVISTA.
família com os quadros que representam o país nas organizações multilaterais, como junto da União Africana, do Banco Mundial, da Organização das Nações Unidas, da UNESCO, da União Europeia e junto da Organização para a Segurança na Europa (OSCE na sigla em Sendo o maior empregador no país, apesar de enfrentar uma situação de aperto
tem no seu quadro de pessoal e estima-se que garante emprego a mais de 400 mil pessoas, sendo que os dados preliminares apontam que quatro mil são
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Edifício do Ministério da Finanças
Depois da defesa e segurança, onde as benesses aos generais fazem pesar mais a balança para o lado das despesas, o segundo maior gasto do Estado é com os
altura, para a tendência que a massa salarial estava a tomar, pois o seu peso na despesa estavam a aproximar-se de
O AVISO DO OPSA SOBRE O PESO DAS DESPESAS COM O PESSOAL Em 2012, 31% das despesas do Governo foi para a remuneração do cresceu 32,6% naquele ano comparativamente a 2011 porque foi em 2012 que houve aumentos salariais, de entre 20% e 40%, decretados pelo Executivo e foi também nesse ano que o Estado
Em 2013, nas despesas correntes, a maior fatia continuou para as despesas com pessoal, que aumentaram em 38,2%, para 1 295,2 mil milhões de kwanzas, o equivalente a 26% da despesa
a barreira de um bilhão de kwanzas, impulsionada pela admissão de novos
Em 2014, o peso das despesas correntes começou a tomar uma tendência decrescente, foi reduzido em 6,4 pontos percentuais, para a aquisição de bens e serviços, como os “Serviços de estudo, que aumentaram duas vezes e meia, para 234,9 mil milhões de kwanzas, o equivalente a 3,2% das despesas totais
vezes criticado pelo facto de não permitir o fortalecimento das instituições e das empresas, não pôde ser corrigido com Mas, como nos orçamentos anteriores, nas despesas correntes, a maior fatia foi para encargos com pessoal, que aumentaram 21,9% para 1 565,5 mil milhões kwanzas, o equivalente a 30% da despesa
De igual modo, em 2015, o peso das despesas correntes fez o caminho inverso, reduzindo-
execução das despesas com pessoal em 2015, o Executivo propôs optimizar a política
aquisição de equipamentos de processamento de dados,
e apontou mesmo para
milhões de kwanzas, ou seja,
altura, uma medida que foi
entre hardware e software, tantas
aumentos em 2013 e em 2014
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Em 2016, diante de uma conjuntura económica adversa, o Estado viu-se obrigado a limitar o crescimento da despesa com o pessoal
terem sido acima do ritmo de queda do preço do petróleo no mercado internacional, que o Executivo começou a perceber o estado de obesidade em que
despesas correntes, os encargos com o pessoal sobem apenas 6% em termos nominais, A contenção das despesas explicada pelo congelamento das admissões de novos
Limitou a contratação de novos efectivos, com excepção unidades orgânicas e infra-estruturas construídas dos sectores da educação e saúde, bem como para o reforço da capacidade institucional das administrações municipais e Em 2016, diante de uma conjuntura económica adversa, o Estado viu-se obrigado a um jogo de cintura para apertar e limitar o crescimento da
das instituições e uma podem ser despedidos, o que quer dizer que esta rubrica não pode ser gerida de acordo com
O peso dos encargos com o pessoal nas despesas totais caiu 2,5 pontos percentuais, de
AQUISIÇÃO DE UM VX DEVE SER ATRAVÉS DO SALÁRIO Os analistas e críticos de políticas económicas são unânimes na opinião de que a conjuntura económica actual é uma excelente oportunidade para a
Contudo, de acordo com o de Angola, a despesa com o pessoal é uma das rubricas a ter muito em conta nos próximos orçamentos, porque o seu aumento introduz
das cadeiras dos gestores instituições sustentadas com o orçamento do Estado, mas as
de parcos recursos, cuja aplicabilidade das verbas sirva, de facto, os desígnios gerais do país, seria bem-vinda”, em economia internacional, Sobre a recente nomeação de “sangue novo” para a gestão de instituições públicas, da República, José Eduardo dos Santos, os analistas entendem que é um passo para do Estado que, mais que garantir emprego aos seus quadros, deve começar a exigir resultados dos cargos pelos que, nesta fase, o Estado devia
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começa por esclarecer que, que é accionista único e/ economista, os presidentes dos conselhos de administração das empresas, institutos públicos, bem como os ministros, governadores provinciais e deputados, por exemplo, devem ser educados para conseguirem os meios através de uma empresa pública comprar um automóvel VX logo no primeiro dia em que
complexidade da acção de governar nos nossos dias, as políticas públicas podem ser entendidas como uma série de decisões ou actividades institucionais intencionalmente coerentes, prosseguidas por actores públicos cujos recursos, ligações institucionais e interesses variam, com vista a resolver de um modo focado e objectivo um problema “A resolução dos problemas da colectividade é uma razão crítica que se vive no país tem
como em todos os momentos difíceis, temos também de ser capazes de repensar o nosso modelo de produção de políticas públicas, ou seja, repensar o quadro cognitivo da produção de respostas aos problemas da colectividade”, defende o especialista em De acordo com Gildo Matias José, passados estes anos, deve admitir-se que o “modelo legista” com o enfoque quase exclusivo na produção de políticas públicas não tem sido capaz de dar conta dos “O modelo legalista peca por ignorar todo um conjunto
devem ser revistos”, defende o No mesmo diapasão, o politólogo Gildo Matias José
na procura de soluções para
próprias dos processos de formulação e implementação de políticas públicas, ditando,
por via da força legal, uma realidade a priori, limitando o quadro cognitivo da acção dos repensar os modelos de gestão das instituições públicas, incrementar a coerência intra departamentos ministeriais no âmbito das respectivas funções em matéria de capacidade de desenvolvimento de soluções”, propõe o especialista em políticas públicas, concluindo circuito de informação e estatística é crucial para o processo de tomada de decisão na gestão das políticas públicas e para a responsabilização dos promover a sustentabilidade das &
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REESTRUTURAÇÃO DO ESTADO
MENOS PESO PARA MAIS EFICIÊNCIA Edjaíl dos Santos
O regresso às secretarias de Estado, em 2012, resultou numa alteração da estrutura do Executivo, medida tornaria a máquina governamental mais funcional. Porém, hoje, passados quase quatro anos, outras defendem acções que permitam a racionalização e o corte de despesas públicas com
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Com foco no emagrecimento das secretarias de Estado, que contam com 48 governamentais criadas por Despachos
“O ideal seria termos resolvido isso no tempo das vacas gordas, logo após as eleições de 2012, comprimindo ministérios que nunca, porque na crise também
adiar e agora temos de avançar”, defende o
O entrevistado adianta que existem dois aspectos a ter em conta: “A diminuição dos custos com a redução do peso” e, não
COM FOCO NO EMAGRECIMENTO DAS SECRETARIAS DE ESTADO, QUE CONTAM COM 48 SECRETÁRIOS, E DAS MAIS VARIADAS COMISSÕES GOVERNAMENTAIS CRIADAS POR DESPACHOS PRESIDENCIAIS, O DOCENTE UNIVERSITÁRIO FERNANDO RIBEIRO DEFENDE QUE A REDUÇÃO DO PESO DE PESSOAL TORNARÁ O ESTADO MAIS EFICIENTE.
que existam sectores, como, por exemplo, o da saúde, com o quadro de pessoal enfermeiros, técnicos ou médicos e, por outro lado, a verba que recebe do Orçamento Geral do Estado é muito pouca “Se a lógica for fundir ministérios ou secretarias de Estado ou ainda fundi-los para que se possa transferir os recursos para -me inteligente, não perdendo de vista a O especialista é ainda da opinião de de Estado que deviam deixar de existir,
menos importante, “tornar o Estado mais
importância de um conjunto de programas estratégicos para o Estado que estejam a ser
ter uma estrutura mais produtiva com
“Não conhecemos todos os programas em
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sabemos dos programas estruturantes do Estado existem especialistas capazes de fazer esses estudos de viabilidade do que deve continuar e do que deve acabar e, certamente, terão boas conclusões”, o Estado tem de deixar de “fazer tudo” e que não tem que ser o Ministério da “Quem construiu as centralidades? O parceria com os privados e não andar a gastar tantos milhões como se fez”, EXCESSO DE COMISSÕES comissões criadas, a maior parte delas pelo Chefe do Executivo, mas que depois acabam por não ser divulgados os relatórios
inúmeras comissões servem apenas para acomodar pessoas e criar choques laborais opinião, é mau e arrasta os problemas
como os que aconteceram entre o Governo Administrativa da Cidade de Luanda porque ninguém esclareceu onde começava a competência de um e terminava a do teve de endireitar a situação, o que representou mais custos, quando o caminho a seguir era dar poder aos administradores da República extinguiu cerca de 15 comissões ministeriais criadas nos últimos &
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REESTRUTURAÇÃO DO ESTADO
E-GOVERNMENT FOI UM FIASCO Jacinto Malungo
O portal do Governo de Angola aponta para a existência de 24 Institutos Públicos tutelados, que funcionam como órgãos independentes. O mesmo endereço virtual mostra que existem 12 direcções nacionais acopladas directamente aos respectivos órgãos ministeriais. Entretanto, o resultado do trabalho destes organismos está em linha com os objectivos que estiveram na base da sua criação, o que tem motivado a extinção de alguns.
O Estado angolano disponibilizou para Desenvolvimento, onde se encontram os institutos públicos, para o presente exercício macroeconómico, kwanzas, cifra inferior aos kwanzas do orçamento redução, resultante da crise, não se conhece o trabalho efectivo de alguns institutos
serviço de banda larga ao Jornal de Angola, o serviço
ALGUNS INSTITUTOS PÚBLICOS E DIRECÇÕES NACIONAIS PECAM QUANDO O ASSUNTO É INFORMAÇÃO ACTUALIZADA NAS SUAS PÁGINAS NA INTERNET. EXISTEM CASOS, COMO O DA DIRECÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO, CUJA HIPERLIGAÇÃO DISPONÍVEL NO PORTAL DO GOVERNO NOS REMETE PARA SERVIÇOS VÁRIOS QUE NÃO ESTÃO RELACIONADOS COM A ACTIVIDADE DESTA DIRECÇÃO.
tutelado pelo Ministério da Saúde, criado em 2014, com o intuito de fomentar a investigação, formação e prestação de serviços da saúde, mas desde a sua criação ainda não foram apresentados resultados
trabalhado com o Ministério
E-GOVERNMENT FOI O PRIMEIRO ENSAIO Os académicos defendem que a reforma administrativa, entre outras questões, visa a melhoria dos métodos de trabalho, das condições de trabalho, assim como do atendimento e da imagem do serviço, sendo que ajuda a reduzir custos e prazos que, por sua vez, conferem
inclusão digital, para que as populações tenham um maior e melhor acesso aos
Uma das formas que o Estado encontrou de conseguir isso, salientam, foi por via da introdução
exemplo, poder oferecer o
O objectivo era a eliminação
concretos dos trabalhos que Um exemplo de reestruturação funcional é o Centro Nacional de da sua criação, uma estrutura executiva com recursos
de Angola e o sistema de videoconferência para a
do Governo, foi transformado em instituto público, embora
da Governação Electrónica, e de Acção da Sociedade
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O CASO DO INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA a tomar as decisões certas através do desenvolvimento de pesquisas, estudos e análise de dados, mas que não tem cumprido o seu real papel. De acordo com fontes, as instituições que actuam em áreas fundamentais, como a produção de estatística do país, deveriam ser o mais independentes possível, para que se evite qualquer margem de suspeita à volta dos dados que disponibilizam. Por exemplo, uma das formas de se medir a taxa de pobreza é por via das estatísticas de emprego e desemprego. Até antes da
Angola, que apontavam para uma taxa de desemprego de 21%, contra os actuais 24% apurados pelo Censo de 2014. Habitação, vivem no país 25 789 042, estando perto de 6,5 milhões de habitantes em Luanda. Acresça-se ainda que a taxa de emprego no país é de 40%. indicadores múltiplos de saúde, que tiveram início em Outubro de 2015, cujos dados, espera-se, serão divulgados em Maio do ano em curso.
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da Direcção Nacional do Comércio, cuja hiperligação disponível no portal do Governo nos remete para administração pública visava, igualmente, uma gestão transparente dos meios gastos pelos institutos e direcções nos serviços prestados ao Mas, infelizmente, é no campo das tecnologias que
relacionados com a actividade
Governo endereça-nos para um blogue pessoal sem O problema repete-se com
o sítio obsoleto que aparece
o relatório do exercício trimestrais dos institutos
Entretanto, o Decreto
governação electrónica fosse
número 2/13 estabelece
Contudo, para dirimir esta situação, o Conselho de Ministros vai passar a efectuar, a cada três anos, uma avaliação da oportunidade, conveniência
dispositivo legal estabelece ainda as regras de criação, estruturação e funcionamento
angolana apresenta mais públicos e direcções nacionais pecam quando o assunto é informação actualizada nas Existem casos, como o
da Escola Nacional de
entanto, pouco se sabe sobre
Nacional de Meteorologia
Contas, assim como sobre o papel do Ministério das
seu endereço virtual sem, entretanto, ter sido mudado
último dia de cada ano,
República a extinção de alguns cujo resultado da actividade não corresponda aos indicadores de &
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ENTREVISTA JOSÉ OCTÁVIO SERRA VAN-DÚNEM, SOCIÓLOGO E CONSULTOR SÉNIOR DA LOGOS HOLI CONSULTING
“TEMOS UM ESTADO MUITO GORDO” Texto: Sebastião Vemba Carlos Aguiar
O aparelho do Estado angolano deve ser enxugado, de acordo com o docente universitário e director
modo a que em momento algum se comprometa a funcionalidade e produtividade das instituições.
Economia & Mercado (E&M) - Existe algum limite, quer por excesso, quer por defeito, do número de instituições públicas para que o aparelho do Estado níveis de produtividade laboral em Angola? José Octávio Serra Van-Dúnem (JOSV) conheço nenhum limite, mas o que de facto faz sentido pensar é que a dimensão do aparelho do Estado e o número de instituições públicas devem ter uma correspondência directa com a sua produtividade e funcionalidade. Colocando a questão de outra forma, entendo que a produtividade e funcionalidade do Estado não se devem medir pela quantidade de instituições ou ministérios, mas sim pela sua funcionalidade e operacionalidade. Ora, encontramo-nos, actualmente, num momento de crise e contenção e, por isso mesmo, faz sentido que se procure enxugar, onde der, o número de instituições e se consiga o máximo de produtividade, fazendo com que, havendo fusão de algumas instituições, seja possível termos um aparelho do Estado mais leve e funcional. E&M - Concorda que temos hoje um Estado gordo? JOSV - Temos um Estado muito gordo, no sentido em que existem, por exemplo, muitas Secretarias de Estado e algumas delas poderiam ser extintas. E porquê? Mesmo sem analisarmos em detalhe as suas acções, é visível a olho nu que os ministérios a que elas estão agregadas podem incluí-las sem que se criem necessariamente mais centros de custos,
cuja relação directa com os resultados obtidos é que aborda esta questão vai no sentido de defender que não devemos olhar para as instituições do ponto de vista apenas numérico, mas sim numa correlação directa quantitativa/qualitativa e é nesta base que das instituições visando o enxugamento do Estado. E&M da estrutura do Estado? JOSV - Vamos com calma. O emagrecimento da estrutura do Estado é um processo que se recomenda que seja paulatino e bem-pensado, exactamente porque somos um país com vasta dimensão territorial. E porque temos que pôr as instituições a funcionar não só em Luanda como no resto do país, é que devemos ir implementando alterações de forma gradual, pensada e organicamente bem feitas. Aliás, existe um Ministério, o ministério do Planeamento e Administração do Território, que trata destas questões. Entretanto, entendo que uma das formas de se contornar esta situação é fazer com que, nas províncias, as instituições sejam dotadas de uma certa autonomia administrativa que lhes permita serem mais funcionais. Estamos a falar de um processo que leva tempo, mas que deve sempre ter em conta o reforço de capacidades dos recursos humanos. Felizmente, hoje o país dispõe de instituições especializadas
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que se responsabilizam pela formação dos recursos humanos e dos futuros quadros de Administração Pública, o que vai permitir que tenhamos quadros bem preparados nas instituições públicas. Em suma, onde o Estado actualmente não chega deve procurar chegar, promovendo a qualidade, a excelência e maximizando acções, sobretudo centradas no recurso humano disponível, pois será este que fará a ponte com os cidadãos.
com quem temos relações históricas e comerciais, como é o caso de Portugal e do Brasil, ou outros Estados africanos, e não só, estudássemos as suas experiências para percebermos o que realmente está em causa em termos de valor acrescentado
“O ESTADO NÃO TINHA COMO NÃO SER UM ESTADO PROVIDÊNCIA” E&M - Que exemplos pode o país observar de Estados vizinhos neste sentido e em que medida são eles aplicáveis à nossa realidade? Existe alguma relação entre a dimensão territorial do Estado e a dimensão em termos de estrutura administrativa e política? JOSV - Se observarmos o exemplo de Portugal,
E&M - O Estado angolano continua a actuar como um Estado de Providência, sendo o maior empregador. Dada a conjuntura económica actual, até que ponto esta situação pode ser sustentável ou é urgente alterá-la? JOSV - O Estado não tinha como não ser um Estado de Providência. Angola saiu de uma situação de guerra muito complexa, não se deve ignorar este ponto. Temos tendência, porque temos pressa, a não analisar as coisas a partir deste dado, mas este é um dado incontornável. Havia uma grande desagregação social, fenómeno ainda não ultrapassado e resolvido. Temos que reconhecer que o Estado assumiu este papel, mas é verdade que deve existir um ponto de
bastante, mas já foi muito pesada. Temos outros exemplos em África, como o Senegal ou a África do Sul. Entretanto, ao contrário de importar cegamente exemplos, gostaria que, tanto dos países
contexto angolano. Cada caso é um caso e o impacto do trabalho de uma instituição pública vale o que vale dentro de um determinado contexto.
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”
O EMAGRECIMENTO DA ESTRUTURA DO ESTADO É UM PROCESSO QUE SE RECOMENDA QUE SEJA PAULATINO E BEM-PENSADO,
não deixam de experimentar novos processos. Sendo assim, é necessário que tenhamos consciência de que alguma vez teremos que partir do ponto zero para o ponto um. A olho nu, vê-se que o Estado deve ser mais funcional e pode, sim, melhorar a sua performance de prestação em prol de uma vida mais cidadã. E&M - Acompanha o actual processo de modernização da Administração Pública? JOSV – Conheço-o e considero que é uma boa iniciativa, mas acho que deve ser mais divulgado para que os cidadãos sintam os processos e se sintam agentes da mudança institucional. Por exemplo, devem ser envolvidas as instituições de ensino, para que o cidadão entre em contacto com o pensamento de modernidade e dinamização da Administração Pública o mais cedo possível. Acho encarar de mãos dadas, para que o trabalho que está a ser feito, que é positivo, tenha um impacto maior.
viragem, de corte. O importante é termos todos, governantes e governados, consciência de que não se pode adiar mais esta decisão. Entretanto, e reforçando o que disse anteriormente, esta não é uma decisão que seja tomada do dia para a noite. Trata-se de um processo onde estão envolvidos vários actores, nomeadamente o Estado, mas também o próprio cidadão, que deve fazer parte desta mudança. Este processo vai prolongar-se dependendo da celeridade que o Estado lhe quiser dar, mas tenho acompanhado a execução de alguns programas pensados no sentido de alterar o quadro
E&M - Além das instituições do Estado que garantem os serviços essenciais à população, o Governo também actua como empresário, sendo que o ISEP, que avalia as contas das empresas públicas, revela anualmente que estas não são sustentáveis, constituindo enormes prejuízos ao Estado. Que medidas devem ser tomadas para que estas empresas sejam rentáveis e gerem lucros, em vez de continuarem a dar prejuízo? JOSV - Estas acções devem ser feitas à medida que o processo de reestruturação for acontecendo, soluções. E o mais importante em tudo isso é não
me deixam um sinal forte de esperança. Eu sou afro-realista, mas sempre com esperança. “ESTAMOS TODOS NUM PROCESSO DE APRENDIZAGEM” E&M - Que ministérios e/ou instituições, na sua óptica, deveriam ser fundidos por terem actividades que se assemelham ou porque a situação económica JOSV - Como disse no início da nossa conversa, não tenho conhecimento de resultados práticos de estudos que tenham sido feitos nesse sentido, mas posso adiantar, como pesquisador, que o primeiro passo deveria ser precisamente o de analisar que instituições podem ser fundidas, de acordo com a
estamos todos num processo de aprendizagem e este processo não é rápido. Aliás, até os Estados mais antigos e, em certos casos, mais desenvolvidos
e gestão destas empresas. Acho que estamos num momento em que é preciso fazer-se diagnósticos de forma determinada e equacionar os problemas que forem encontrados. E&M - A privatização ou a extinção parecem-lhe medidas adequadas? E o que tem a dizer sobre as parcerias público-privadas? JOSV - Deve-se fazer um estudo apurado para cada caso. Mesmo as parcerias público-privadas também devem ser bem estudadas para que se perceba em que condições elas podem ou não ser uma saída para o baixo rendimento em que as a saídas fáceis e imediatas com a crença de que elas sejam a solução para tudo, porque a resolução dos problemas depende de um processo e da forma encontrarem as soluções adequadas. &
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KWANZA SUL
ALDEIA NOVA APOSTA NA PRODUÇÃO DE REFEIÇÕES Texto: Sebastião Vemba Carlos Aguiar
Em Julho de 2015, a Aldeia Nova investiu 250 mil dólares numa linha de produção de refeições completas à base de carne de galinha e está a envidar esforços para colocar os produtos nos principais pontos de venda. Simultaneamente, a empresa quer também ver reabilitada a estrada que liga Waku Kungo, onde estão sedeados, à capital, Luanda, o principal centro de consumo do país. Actualmente, a Aldeia Nova detém 20% da produção nacional de ovos, sendo que se estima que o mercado produza mais ou menos 1,5 milhões de ovos por dia, de acordo com Kobi Trivizki, director-geral da empresa.
“Apesar de só produzirmos 250 mil, temos capacidade para produzir 400 mil ovos por dia sem fazer mais nenhum investimento nos aviários, desde que galinhas”, garante o responsável.
A Aldeia Nova inaugurou, em Julho do ano passado, a sua linha de produção de refeições completas, com um investimento de 250 mil dólares. A ideia surgiu da necessidade de aproveitar
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de postura e eram vendidas ao mercado a um preço pouco atractivo. “Para não ciclo de postura, e porque o mercado apresentava uma grande oferta que fez reduziu o custo do produto, decidimos investir na produção de refeições”, esclareceu o responsável. Situada na cidade do Waku Kungo, município de Cela, província do Kwanza Sul, a Aldeia Nova produz refeições completas à base de frangos e ovos, pacotes de 500 gramas que contêm outros ingredientes, como arroz, molho e legumes. Kobi Trivizki, director-geral da empresa, explica que se trata de uma nova linha de produção nacional, “com excepção das embalagens que são compradas em Israel e são esterilizadas a 100% para que o produto tenha a validade de um ano, podendo ser
A ALDEIA NOVA TEM UMA NOVA LINHA DE PRODUÇÃO NACIONAL, “COM EXCEPÇÃO DAS EMBALAGENS QUE SÃO COMPRADAS EM ISRAEL, E SÃO ESTERILIZADAS A
100%
PARA QUE O PRODUTO TENHA A VALIDADE DE UM ANO, PODENDO SER GUARDADO EM TEMPERATURA AMBIENTE”.
guardado em temperatura ambiente. Esta técnica representa uma grande vantagem, uma vez que em Angola várias famílias ainda não dispõem de irregular”, argumentou. RETORNO PODE TARDAR EM CHEGAR retorno do investimento está dependente do aumento das vendas. “O mercado ainda não está receptivo, mas aos poucos vamos entrando e convencendo os clientes. Não temos nenhum grande comprador, como as Forças Armadas Angolanas ou outra instituição com a mesma dimensão, mas estamos a Trivizki. O responsável acrescenta ainda que a Aldeia Nova tem um contrato com uma empresa de distribuição que traz os
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Estrada que liga Luanda ao Waku Kungo
produtos diariamente para Luanda. A par desta parceria, a empresa dispõe de meios próprios, nomeadamente nove veículos para o transporte de mercadorias, dos quais três carros são
gelados, iogurtes e produtos de pastelaria. No próximo mês de Maio, tenha mais informação sobre a empresa no dossier especial da Economia & Mercado sobre o sector da Agricultura.
adequado para o transporte de ovos. “Felizmente, as refeições completas podem ser transportadas à temperatura ambiente”, referiu. Os produtos são actualmente distribuídos nas dez lojas da Aldeia Nova, localizadas no Huambo (3), Waku Kungo (2), Caála (1), Gabela (1), Sumbe (2) e Lobito (1), assim como nas grandes superfícies comerciais da Shoprite, Alimenta Angola e Kero. “Aos poucos, o produto vai entrando no mercado”, augurou o responsável. A Aldeia Nova é uma empresa agropecuária vocacionada para a produção de aves, gados e bens transformados, com destaque para queijos, manteiga,
REMANDO CONTRA A MARÉ Cerca de 405 quilómetros separam a província de Luanda da cidade do Waku Kungo, atravessando a província do Kwanza Norte. Porém, devido ao mau estado das estradas, os automobilistas são obrigados a fazer a viagem pela estrada Luanda-Sumbe, desviando para a Gabela logo após o Instituto de Petróleos, o que torna a viagem mais longa e cansativa. Foi este o percurso feito pela equipa da Economia & Mercado, que atravessou 483 quilómetros em cerca de dez horas. enfrentámos ao longo da viagem, três operadoras de transportes públicos, recentemente, retiraram de circulação
os seus autocarros que ligam Luanda ao interior do país. Tratam-se das operadoras Ango-Real, Macon e SGO, cada uma responsável pelo transporte de uma média diária de 500 passageiros apenas entre a rota Luanda/Waku Kungo, na província do Kwanza Sul. A decisão, segundo os responsáveis das referidas operadoras, citados pela Angop, foi tomada porque as empresas estão a registar muitos danos nos autocarros, causando enormes custos de reparação e quebras na facturação daquelas transportadoras. Ainda assim, produtores da região do Waku Kungo remam contra a “maré” de buracos, expondo os veículos às péssimas condições das estradas para que possam escoar os produtos, sendo que nem sempre têm tido a sorte de ultrapassar os obstáculos das estradas, como se pode ver na imagem que publicamos em cima. &
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HUAMBO
CUNENE
TÍTULOS ACADÉMICOS DEVEM REFLECTIR-SE POSITIVAMENTE NA SOCIEDADE
ESCOLA TÉCNICA DE SAÚDE COLOCA NO MERCADO PRIMEIROS FINALISTAS
A progressão na carreira formativa e a consequente obtenção de
A Escola Técnica de Saúde de Ondjiva, província do Cunene, vai
diariamente. Este pronunciamento foi feito pelo chefe do Departamento de Psicologia do Instituto Superior Politécnico Sol Nascente do Huambo, Adelino Sanjomde, tendo o responsável acrescentado que os detentores de títulos académicos têm por obrigação colocar os seus conhecimentos ao serviço da sociedade. Lamentou a incompatibilidade, no país, entre os graus académicos e as suas correspondências, um facto que, na sua opinião, concorre para a degradação da sociedade. dos seus quadros, que vão dando a sua participação no processo de desenvolvimento”, ressaltou. Apelou aos estudantes universitários no sentido de procurarem ao máximo a conciliação entre a graduação e o desenvolvimento de habilidades que se traduzam em competências reais. Quando desenvolver habilidades que se traduzam na prática, para reforçar as forças produtivas. &
MOXICO
REGISTA QUASE 200 CASOS DE MORDEDURAS DE ANIMAIS Mais de 190 casos de mordeduras de animais, entre cães, gatos e macacos, foram registados de Janeiro a Março pelo Programa Alargado de Vacinação (PAV) na província da Lunda Sul, informou o supervisor da referida unidade, David Profeta. David Profeta disse que o número expresso resultou numa morte, o que preocupa as autoridades sanitárias da província, acrescentando que os casos registados são maioritariamente em crianças menores de dez anos de idade. Assegurou que os cidadãos mordidos receberam tratamento adequado, consubstanciado essencialmente em lavagem das feridas com água e sabão e vacina anti-rábica. &
curso médio de Enfermagem Geral e Análises Clínicas. A informação foi avançada à Angop pela directora da instituição, Ana Dionísio, tendo a mesma referido que os Dezembro do ano corrente. A responsável realçou a importância da formação de técnicos de Enfermagem Geral e Análises Clínicas, por contribuir na melhoria da qualidade dos serviços de saúde pública na região. A funcionar desde 2012, a instituição conta com 17 salas de para 288 pessoas, biblioteca, dois laboratórios e seis gabinetes. Com um universo de 1 197 estudantes dos cursos de Enfermagem Geral, Análises Clínicas, Farmácia, Fisioterapia e Estomatologia, a instituição conta com 22 docentes efectivos e 44 colaboradores. &
CABINDA
ADMINISTRADOR PEDE COMBATE AOS GARIMPEIROS DE OURO E MADEIRA O administrador municipal do município de Belize, Alfredo da Silva Gomes, pediu aos órgãos fiscalizadores de defesa e segurança a combaterem, de forma cerrada, todos os garimpeiros de ouro e madeira nas redondezas da floresta do Maiombe. O apelo foi feito durante um encontro com a população local na sede de Belize, tendo o responsável sublinhado que é necessário disciplinar o trabalho de exploração, fazendo-se cumprir a lei. Alfredo da Silva Gomes salientou que o Estado angolano não impede a exploração destes recursos a particulares, mas afirmou que é necessária a criação de cooperativas ou associações para o exercício legal da actividade. &
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REGIÃO DOS GRANDES LAGOS
AS OPORTUNIDADES DE INVESTIMENTO E O DESAFIO DE PROSPERAR Filipe Alves
A Região dos Grandes Lagos oferece oportunidades de investimento às empresas angolanas, mas falta uma maior articulação entre os diferentes Estados para atrair mais investimento. Actualmente, Angola desempenha um papel fundamental para a estabilidade política e social desta região, em particular nos países vizinhos, porém, em termos de negócio, de acordo com uma fonte contactada pela Economia & Mercado, alguns projectos nacionais no sector da energia podem potenciar parcerias dentro da região.
Os doze países que integram o espaço alargado da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) têm um potencial invejável, graças aos seus solos agrícolas férteis, às suas gigantescas reservas de recursos naturais e, mais importante, às suas populações jovens e cada vez mais instruídas. As principais oportunidades estão em sectores como a agricultura, a mineração, o turismo e a energia. A CIRGL, cuja presidência rotativa é actualmente ocupada pelo Presidente José Eduardo dos Santos, tem como membros Angola, Burundi, República Centro-Africana, República do Congo, República Democrática do Congo, Quénia, Ruanda, Sudão do Sul, Sudão, Tanzânia, Uganda e Zâmbia. A estes países junta-se a África do Sul como signatária do Quadro de Paz, Segurança e Cooperação (PSCF). Em conjunto, os doze países da CIRGL e a África do Sul contam com mais de 370 milhões de habitantes e são responsáveis por um Produto Interno Bruto (PIB) agregado superior a 1,1 biliões de dólares. “Constituem um mercado atraente, dinâmico e crescente para os investidores interessados em
investimento directo estrangeiro africano subsaariano, investimento de capital privado e parcerias público-privadas”, defende um relatório da ONU sobre a Região dos Grandes Lagos, divulgado no ano passado (ONU, 2015). O mesmo que apresentam oportunidades de investimento na região dos Grandes Lagos: agricultura, energia, banca e
Miranda, sócio fundador da Miranda & Associados, um escritório de advogados com várias décadas de presença em Angola e em outros países da Região dos Grandes Lagos, actuando sobretudo na área de oil & gas. “A Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos tem tido resultados modestos no plano da cooperação económica. A maior
de informação e comunicação, indústria mineira e turismo.
articulação bilateral entre os países da Conferência, posto que os projectos só
É NECESSÁRIA MELHOR ARTICULAÇÃO ENTRE PAÍSES Este quadro promissor – com perspectivas de retorno superiores às de investimentos
instituições parceiras da organização quando têm, pelo menos, dois países
oportunidades para os investidores da Europa, da Ásia e das Américas, mas também para os grupos privados angolanos. A economia angolana depender menos do petróleo, e parte desse caminho pode ser construído na Região dos Grandes Lagos. Mas para isso é necessário reforçar a cooperação entre os países da Conferência, defende o advogado português Agostinho Pereira de
de Miranda. E acrescenta: “Os chamados Mecanismos Nacionais de Coordenação, em geral, apoios por parte de outros organismos governamentais, que frequentemente não conhecem sequer esta organização internacional”. ANGOLA APOSTA NA ESTABILIZAÇÃO DA REGIÃO A esta necessidade de uma melhor articulação entre os países da região
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PAÍSES SIGNATÁRIOS DO QUADRO DE PAZ, SEGURANÇA E COOPERAÇÃO Sudão
Burundi
Angola
Sudão do Sul
Quénia
Zâmbia
Tanzânia
África do Sul
República Centro Africana
Uganda
República Democrática do Congo
Ruanda
República do Congo
Fonte: Organização das Nações Unidas (ONU), Março de 2015
PANORAMA ECONÓMICO DOS PAÍS DA CIRGL/PSCF NÚMERO
PAÍS
POPULAÇÃO
ÁREA (Km2)
PIB (EM USD)
24 000 000
1 246 700
131 800 000 000
127 000 000 000
PIB
PIB PER CAPITA 5,291 600
1
Angola
2
Burundi
10 395 931
27 830
5 750 000 000
2 676 000 000
3
República Africana Central
5 277 959
622 984
3 336 000 000
2 050 000 000
700
4
República do Congo
4 662 446
342 000
20 260 000 000
14 250 000 000
4 800
5
República Democratica do Congo
77 433 744
2 344 858
29 390 000 000
18 560 000 000
400
6
Quénia
45 010 056
580 367
79 900 000 000
45 310 000 000
1 800
7
Ruanda
8
África do Sul
9
Sudão do Sul
12 337 138
26 338
16 370 000 000
7 700 000 000
1 500
48 375 645
1 219 090
595 700 000 000
353 900 000 000
11 500
11 562 695
644 329
14 710 000 000
11 770 000 000
1 400
Sudão
35 482 233
1 861 484
89 970 000 000
52 500 000 000
2 600
Tanzânia
49 639 138
947 300
79 290 000 000
31 940 000 000
1 700
12
Uganda
35 918 915
241 038
54 370 000 000
22 600 000 000
1 500
13
Zâmbia
10 11
Total
14 638 505
752 618
25 470 000 000
22 240 000 000
1 800
369 822 511
10 829 106
1 146 316 000 000
709 496 000 000
2 815 38
Fonte: Organização das Nações Unidas (ONU), Março de 2015. Dados relativos a 2014
junta-se a necessidade de reforçar a estabilidade política e social em vários estados da Região dos Grandes Lagos. E as autoridades angolanas têm desempenhado um papel central nos esforços para a estabilidade em alguns países vizinhos de Angola que continuam a ser afectados por perturbações de diversas ordens.
Fazendo uso da experiência colhida na resolução da Guerra Civil angolana, o Presidente José Eduardo dos Santos diferendos políticos e o respeito pela ordem constitucional em países como a República Democrática do Congo e o Burundi. “O melhor caminho para o desenvolvimento e bem-estar das nossas
populações é a via da concórdia, do entendimento e da reconciliação e a adopção de planos de desenvolvimento adequados à nossa realidade histórica”, defendeu o Chefe do Estado angolano no seu discurso de abertura da Cimeira Extraordinária da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos, em Maio de 2015.
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CORREDOR DO LOBITO
UM ESPAÇO DE COOPERAÇÃO
República Democrática do Congo Angola
Haut-Katanga
Lobito Benguela Kapiri Mposhi
A Região dos Grandes Lagos deve o seu nome aos lagos Vitória, Tanganyka, Malawi, Turkana, Alberto, Rukwa, Mweru, Kivu e Eduardo. A Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos é uma conferência intergovernamental formada em 2000 para potenciar a cooperação entre os países da região. Angola,
Zâmbia cada vez mais como uma potência regional, assumiu, em 2014, a presidência rotativa da Conferência. Fonte: Organização das Nações Unidas (ONU)
Na mesma intervenção, o Presidente da República de Angola defendeu que os países membros da Conferência têm de cumprir a sua parte na manutenção da organização, pagando as suas contribuições a tempo e horas. ANGOLA ESTÁ BEM POSICIONADA PARA APROVEITAR OPORTUNIDADES Agostinho Pereira de Miranda defende à Conferência, Angola está numa posição privilegiada para aproveitar as oportunidades na região. “Angola apresenta vantagens ímpares para um maior protagonismo económico no seio da Conferência: há vários projectos nacionais no campo da energia – especialmente hídrica e de gás natural – que podiam potenciar parcerias com países vizinhos”, frisa o advogado especialista no sector energético. agricultura, da logística, dos transportes e de outras infra-estruturas. O que falta, acima de tudo, são os incentivos certos, designadamente legais, para a atracção de capital estrangeiro a parcerias público-privadas promovidas por Angola em
”
Angola apresenta vantagens ímpares para um maior protagonismo económico no seio da Conferência: há vários projectos nacionais no campo da energia – especialmente hídrica e de gás natural – que podiam potenciar parcerias com países vizinhos”, defende Agostinho Pereira de Miranda, advogado com décadas de experiência nos países da Região dos Grandes Lagos.
Agostinho Pereira de Miranda, Advogado
articulação com os seus vizinhos e as instituições internacionais”, salienta Agostinho Pereira de Miranda. CORREDOR DO LOBITO - UMA ROTA HISTÓRICA COM ENORME POTENCIAL Angola conta já com um grande projecto que será apoiado no âmbito da Conferência Internacional sobre a Região
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SETE RAZÕES PARA INVESTIR NA REGIÃO DOS GRANDES LAGOS, DE ACORDO COM A ONU: 1. RECURSOS MINERAIS E NATURAIS: Vários países da região (República Democrática do Congo, Angola, Zâmbia, África do Sul, entre outros) têm importantes reservas de ouro, cobre, diamantes, estanho, fosfato, ferro e pedras preciosas.
onde podem vir a haver melhorias, mas nos últimos anos os países da Região dos Grandes Lagos deram passos importantes. “Em termos de competitividade económica relativa dos países da Região dos Grandes Lagos, África do Sul, Ruanda, Zâmbia e Quénia
2. RIQUEZA DOS SOLOS AGRÍCOLAS: A Região dos Grandes Lagos concentra cerca de um terço da terra arável do mundo, num total de 244 milhões de hectares. Os solos são férteis e a procura de alimentos a nível mundial continua a aumentar devido ao crescimento populacional e à melhoria dos padrões de vida nos países emergentes. Mas, apesar do potencial dos solos do continente, África continua a importar alimentos.
de Competitividade Global 2013-2014’ do Fórum Económico Mundial, enquanto a Zâmbia e o Quénia testemunharam o maior aumento de competitividade nos seus rankings entre 2012 e 2013”, refere o mesmo estudo da ONU.
3. POPULAÇÃO JOVEM, URBANA, EM CRESCIMENTO: Cerca de mil milhões de pessoas em África vivem em cidades, mas em 2030 esse número terá crescido em 50%. Cidades como Kinshasa ou Luanda vão continuar a crescer, com uma população jovem e cada vez mais instruída. Segundo o Banco de Desenvolvimento Africano, o poder de compra na região deverá aumentar em 300% até 2030. 4. NOVOS MERCADOS DE EXPORTAÇÃO E NOVAS FONTES DE INVESTIMENTO EXTERNO: Nos últimos anos, os países da Região dos Grandes Lagos têm incrementado as relações comerciais com países do hemisfério sul (como o Brasil) e com as grandes potências asiáticas emergentes, a China e a Índia. Este facto tem contribuído para o crescimento económico da região. 5. MELHORIA DA GOVERNANÇA REGIONAL E DO AMBIENTE DE NEGÓCIOS: Existem ainda áreas
dos Grandes Lagos, que é a recuperação do Corredor do Lobito, que liga a Zâmbia ao porto de Benguela, através da República Democrática do Congo. O Corredor do Lobito é um dos projectos de infra-estruturas que estão a ser desenvolvidos no âmbito da cooperação entre países da CIRGL, neste caso Angola, República Democrática do Congo e Zâmbia. O Corredor do
6. NECESSIDADE DE PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE INFRAESTRUTURAS: Na última década, têm sido construídas ou recuperadas diversas infra-estruturas de transportes, como estradas, portos e caminhos-de-ferro, mas existe ainda muito por fazer. Há também oportunidades em áreas como o sector energético e as telecomunicações óptica). Os investidores privados têm um importante papel a desempenhar. 7. RETORNOS SOBRE INVESTIMENTO SUPERIORES AOS DO RESTO DO MUNDO: Nos últimos anos, os mercados da Região dos Grandes Lagos têm permitido retornos superiores aos de outras áreas do globo. Nos últimos seis anos, refere a ONU, o retorno dos nas chamadas potências emergentes da Ásia.
Fonte: ONU. (Março de 2015). Investir na Região dos Grandes Lagos: Um resumo das oportunidades de investimento. Nova Iorque: Escritório das Nações Unidas do Enviado Especial do Secretário-Geral para os Grandes Lagos
Lobito sempre foi uma das principais rotas comerciais na região. Durante décadas, o mítico Caminho-de-Ferro de Benguela permitiu transportar para a costa atlântica produtos como o cobre, o cobalto, o carvão, o milho, o café e outros. O transporte foi interrompido pela Guerra Civil angolana nos anos 90, mas este projecto tem como objectivo recuperar o sistema ferroviário desde
Benguela às regiões produtoras de cobre na Zâmbia, dada a importância do Corredor do Lobito como eixo estratégico da África Austral. Em Angola, o Corredor conta com as seguintes infra-estruturas de transporte: Porto do Lobito, Caminho-de-Ferro de Benguela, Aeroporto Internacional da Catumbela e aeroportos provinciais de Benguela, Huambo, Cuito e Luena. &
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ECONOMIA DA ÁFRICA DO SUL A VACILAR A economia mais industrializada de África corre o risco de perder o seu grau de confiança e nível de investimento numa altura em que se aponta a desaceleração do seu crescimento para menos de 1% durante o ano corrente. Recentemente, a agência de notação Moody’s alertou que poderia baixar a avaliação da África do Sul, caso não visse sinais positivos nos compromissos fiscais, o que tem preocupado os investidores. A África do Sul é um dos poucos países do continente africano de economia diversificada, alicerçada nos sectores da Indústria, Agropecuária, Extracção Mineral e Turismo, ocupando actualmente a condição de país mais rico e industrializado de África. No entanto, o ministro das Finanças sul-africano, Pravin Gordhan, afirmou que o seu país corre o risco de cair em espiral de ampliação da pobreza e da desigualdade se a economia persistir nos maus sinais. Em reacção aos comentários, o rand sul-africano ampliou a queda em relação ao dólar. “Precisamos de tomar medidas correctivas urgentemente ou vamos piorar”, disse Gordhan durante a apresentação do orçamento anual do Governo ao parlamento. “A nossa economia não está a crescer o suficiente para aumentar o emprego ou melhorar a renda média”, disse Gordhan. &
BRASIL VAI DE MAL A PIOR de 2016 com o segundo pior desempenho do mundo (apenas atrás da Venezuela), segundo as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI). De acordo com o FMI, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vai encolher 3,5% este ano – um resultado apenas melhor que o da Venezuela, cuja 2016. O economista Paulo Figueiredo, director de Operações da FN Capital, concorda com
económica que resultou num desastre”. Segundo o economista, a situação “vem se arrastando há alguns anos e culminou nessas taxas, que são até vergonhosas para um país
do tamanho do Brasil, com a capacidade que teria para crescer, de ser muito mais produtivo e de estar muito melhor nos rankings internacionais”. Além do Brasil e da Venezuela, outros seis países deverão ter as suas economias “encolhidas” – Bielorrússia (-2,2%), Grécia (-1,3%), Rússia (-1%), Guiné Equatorial (-0,8%), Argentina (-0,7%) e Serra Leoa (-0,7%). Em relação aos maiores crescimentos esperados pelo FMI para este ano, o Iémen deverá liderar, com a alta estimada de 11,6% no PIB, seguido pelo Turquemenistão (8,9%), Butão (8,4%) e Mianmar (8,4%). O gigante asiático, a China, deverá crescer “apenas” 6,3%. A economia mundial, como um todo, terá um crescimento de 3,6% previsto. &
PAÍSES EMERGENTES DOMINARÃO O MUNDO EM 2050 As chamadas economias emergentes deverão ultrapassar, em 2050, as actuais posições dos sete países mais ricos (G7) do mundo, revela um estudo recente da agência Price Water House Coopers. Países em vias de desenvolvimento como a Índia, a Indonésia, o Brasil e o México irão passar para as primeiras posições no ranking das economias mais poderosas em 2050, mas os Estados Unidos manterão a liderança, seguidos pela China. De acordo com o estudo, a Índia terá a mais elevada média anual de crescimento durante os próximos 45 anos (cerca de 7,6%), seguindo-se a Indonésia (7,3%) e a China (6,3%). A previsão aponta também para a probabilidade de, em 2050, países como a Índia, o Brasil, a Indonésia e o México terem conseguido superar as maiores economias europeias: Alemanha, Reino Unido e França. O estudo indica que Espanha cairá da actual oitava para a 15ª posição, a par da Coreia do Sul, no ranking das maiores potências económicas do mundo. Em 2050, o ranking deverá ser liderado pelos Estados Unidos (a que o estudo dá 100 pontos), seguindo-se a China (94), Índia (58), Japão (23), Brasil (20), Indonésia (19), México (17), Alemanha (15), Reino Unido (15), França (13), Rússia (13), Itália (10), Turquia (10), Canadá (9), Espanha (8), Coreia do Sul (8) e Austrália (6). &
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CORRENTE DE AR SUPER-SUAVE NA AVIAÇÃO Cientistas dos Estados Unidos da América estão a desenvolver repelentes que pelas asas e pela fuselagem dos aviões. Um revestimento anti-insecto poderá resolver um dos problemas mais antigos da aviação: como tirar vantagem de uma corrente de ar super-suave, chamada combustível. Até agora, esse desejo tem sido praticamente impossível de alcançar, tendo em conta que até mesmo os menores detritos provocam uma turbulência de ar em
segundo o qual, das dezenas de materiais testados, primeiro em túneis de vento e depois nas asas de um Boeing 757, dois foram considerados bem-sucedidos e prontos a serem produzidos. “Se a solução anti-insetos funcionar e puder ajudar a
Siochi, engenheira sénior do Centro de Pesquisa Langley, em Hampton, Virginia. &
CHINA E BRASIL BEM POSICIONADOS PARA IMPULSIONAR AGRICULTURA EM ÁFRICA A China e o Brasil são dois países que estão bem posicionados para impulsionar a agricultura em África, sector cujo crescimento é encarado como vital para o desenvolvimento do continente, de acordo com os analistas. Um artigo publicado recentemente pelo Institute for Development Studies África” a recente abertura do escritório de Joanesburgo do Novo Banco de Desenvolvimento, anteriormente conhecido por Banco de Desenvolvimento dos BRICS, que deverá começar a conceder crédito já em Abril. A agricultura, refere o mesmo artigo, é uma “grande área de envolvimento para a China e o Brasil no continente”, e ambos os países estão “particularmente bem posicionados para ajudar os países africanos a desenvolver os seus sectores agrícolas”. &
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| EMPRESAS
PASTELARIA
SAPORIS, A RAINHA DOS ULTRACONGELADOS Texto: Pedro Correia Afonso Francisco e Carlos Aguiar
Reduzir as importações, valorizar os produtos nacionais e formar quadros angolanos nesta área são três das prioridades da SAPORIS, um projecto que funciona na nova unidade fabril da CORIAL, SA,
Com um investimento inicial de 30 milhões de dólares, já a pensar na implementação de padrões elevados de qualidade, a SAPORIS dedica-se à produção de ultracongelados de padaria e pastelaria, que actualmente distribui por unidades hoteleiras e de restauração de Luanda.
A fábrica tem um nível de automatização considerado alto, com equipamentos de gama alta que garantem, em produção plena, a transformação de 4,5 toneladas de farinha por hora em pão, bolos e noutros produtos ultracongelados de padaria e pastelaria, embora também produza alguns
elementos frescos de consumo imediato. Pão de forma, pão para hambúrguer e cachorro quente, baguetes, croissants e bolos diversos, frescos ou ultracongelados, além de sobremesas várias, são produtos que todos os dias saem de três das cinco linhas de produção actualmente a funcionar
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na SAPORIS que, desde Novembro de 2014, criou mais de três dezenas de postos de trabalho, a maior parte angolanos agora especializados nesta área através de formação interna garantida pela empresa. O ARRANQUE A fábrica foi construída de raiz e a sua localização foi cuidadosamente escolhida. A zona industrial de Viana tem condições que a empresa considera ideais para a criação de uma unidade fabril deste género, essencialmente por ter abastecimento garantido de água e de energia eléctrica Em entrevista à E&M, Maria do Rosário Cruz, directora-geral da empresa, refere que os projectos de investimento em Angola tornam-se bastante complexos logo à partida devido a este tipo de preocupações, ou seja, garantir que à indústria não falhe
interrupções graves na produção. Por isso, diz Maria do Rosário Cruz, a SAPORIS teve de incluir nos valores investidos a criação de enormes reservatórios e uma estação própria de tratamento de água, o que levou ao encarecimento do projecto. A directora-geral da SAPORIS sublinha que desde o início, em 2012, e para que nada falhe, o projecto foi pensado até ao mais pequeno detalhe e até o edifício foi projectado para poder cumprir todas as normas de segurança, higiene e qualidade. Depois da preparação do plano produtos foi o primeiro passo para lançar a produção, que arrancou em Janeiro de 2015. Os testes e as provas para acertar no equilíbrio, qualidade e tamanho dos primeiros produtos foram feitos pelos próprios funcionários. Seis meses depois, em Junho de 2015, a empresa abriu as portas comerciais e
começou a ganhar clientes entre a rede hoteleira e de restauração de Luanda, actual nicho de mercado que, por enquanto, não prevê alargar, apesar de, no seu ponto de comercialização ao público, junto à a população daquela zona através dos produtos do dia da marca Fofo, que inclui, entre outros, pão de forma, pão de cachorro quente e de hambúguer, e congelados prontos a consumir. Actualmente, e oito meses depois de arrancar com a comercialização dos seus produtos, a SAPORIS tem 22 referências de padaria e pastelaria entre os produtos do dia (congelados e prontos a consumir) e os ultracongelados. Produz em regime de turno único – entre as 6 da manhã e as 19 horas –, mas a intenção é aumentar a produção através das duas linhas industriais ainda paradas e com a entrada em funcionamento de novos turnos que garantam uma
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| EMPRESAS
Depois porque a descongelação destes produtos, alguns prontos a consumir e outros pré-cozidos, permite que o produto
Maria do Rosário Cruz, Directora-Geral da SAPORIS
A SAPORIS PREVÊ AVANÇAR EM BREVE COM UM NOVO NICHO DE MERCADO: AS EMPRESAS PETROLÍFERAS.
fresco, seguindo assim a máxima de que “quanto mais quente, mais fresco”. A terceira razão está ligada à possibilidade de se criarem reservas capazes de suprir eventuais necessidades urgentes e inesperadas de quem recebe encomendas para casamentos, baptizados ou outras grandes festas. Mas há uma última razão avançada por Maria do Rosário Cruz para que a escolha recaia sobre os produtos ultracongelados, que tem a ver com a redução de custos dos hotéis, restaurantes e pastelarias que, ao optarem pelos ultracongelados, deixam de ter necessidade de importar matérias-primas, adquirindo o produto já pronto. Para a distribuição ao cliente a SAPORIS dispõe de uma frota própria de viaturas de frio que garantem as temperaturas de segurança (entre os -15 e os - 21 graus centígrados) e a qualidade do produto, cumprindo, ao mesmo tempo, os prazos de entrega. Aliás, Maria do Rosário Cruz assegura à E&M que a empresa está a trabalhar já em Março de 2016, de uma entidade sul-africana e, depois, de uma entidade à implementação do sistema internacional de controlo HACCP que determina um padrão muito elevado de qualidade do produto e dos serviços prestados. OS PRÓXIMOS PASSOS A directora-geral da SAPORIS entende que 2016 vai ser um ano difícil devido “à fase complexa que a economia angolana
actividade permanente, ou seja, 24 sob 24 horas. Uma intenção que foi adiada por várias razões, a primeira das quais tem a ver com a necessidade de uma implantação mais sólida da empresa no mercado da especialidade. A outra razão prende-se com o momento actual que Angola atravessa e de matérias-primas.
A ESCOLHA DOS ULTRACONGELADOS A directora-geral da SAPORIS explica à E&M que há todas as vantagens na compra deste tipo de produtos ultracongelados. Primeiro porque dá a possibilidade ao cliente de armazenamento de maiores quantidades e por mais tempo, apenas com recurso a simples arcas congeladoras.
vai ser garantir as matérias-primas vindas do exterior devido à actual crise cambial. Por isso, devem ser adiados alguns dos projectos, nomeadamente, o da expansão da rede de distribuição para as províncas mais próximas, como Malange, Benguela, Kwanza Norte e Kwanza Sul. Para já, a SAPORIS prevê avançar em breve com um novo nicho de mercado: as empresas petrolíferas. &
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SONANGOL
PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS FOI O “BALÃO DE SORO” PARA A EMPRESA Texto: Quingila Hebo Arquivo
Todos os anos, a Sonangol apresenta as suas contas consolidadas numa conferência de imprensa em Fevereiro, em alusão ao seu aniversário, que se comemora a 25 daquele mês. Este ano foi diferente. Depois de terem escapado, no seio da empresa, informações sobre eventuais modelos de gestão falhados e uma anunciada reestruturação, a petrolífera estatal optou por não se submeter ao purgatório dos jornalistas sobre o desempenho da petrolífera em 2015. A empresa preferiu compilar as informações que achou conveniente partilhar com a imprensa, sem abertura nenhuma para quaisquer esclarecimentos extras. Contudo, as informações compiladas e enviadas aos jornalistas sobre o desempenho da empresa queda do preço do crude desde meados de 2014 e exacerbada em 2015.
Segundo a nota à imprensa divulgada pela Sonangol, durante o ano de 2015, a produção nacional de petróleo bruto foi de 649,526 milhões de barris, o equivalente a uma média diária de 1,779 milhões de barris, montante superior em 6% relativamente à produção de 2014. A Sonangol avança que esse aumento é explicado principalmente pela entrada em produção de novos campos no bloco 14 (Lianzi), bloco 15 (Satélites – Kizomba II) e bloco 17 (MPP Rosa e Dália 1A), assim como pelo consistente desempenho operacional nos blocos 17, 18 e 31. A produção de gás natural decresceu métricas, num ano em que a unidade industrial de LNG na cidade do Soyo se manteve paralisada, quando estava previsto retomar a produção no segundo semestre de 2015, depois de uma avaria técnica em meados de 2014. milhões de toneladas métricas de diversos
derivados de petróleo, o que representou um aumento de 15% em relação ao ano de
OS LUCROS DA EMPRESA FORAM FORTEMENTE AFECTADOS. O LUCRO ANTES DOS ENCARGOS FINANCEIROS, IMPOSTOS, DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÕES REDUZIU
45%
E FIXOU-SE EM 1,246 MIL MILHÕES DE KWANZAS, ENQUANTO O LUCRO LÍQUIDO, DEPOIS DOS ENCARGOS, REDUZIU DE 139,162 MILHÕES DE KWANZAS EM 2014 PARA 44,148 MILHÕES EM 2015, UMA QUEBRA NOS LUCROS NA ORDEM DOS 95 MILHÕES DE KWANZAS.
para satisfazer o consumo interno de combustíveis, que atingiu um volume total de 4,864 milhões de toneladas métricas, cerca de 11% inferior a 2014. Para satisfazer a procura interna, o volume de importação foi de 5,040 milhões de toneladas métricas, que também registou uma diminuição de 5% em relação ao ano anterior. A redução nos volumes, quer de importação quer do consumo, está primariamente associada ao aumento do preço do combustível e à eliminação da subvenção à gasolina e outros produtos seleccionados, conforme explica a empresa. CORTES NA SUBVENÇÃO ATENUAM QUEDA DE RECEITAS Em 2015, a Sonangol exportou 223 572 252 barris de petróleo bruto, o que, ao preço médio de 50 dólares por barril, permitiu uma arrecadação bruta de 11,176 mil milhões de
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dólares, representando uma diminuição de 54% em relação a 2014, como consequência da redução simultânea do volume de exportação em 12% e do preço médio de Assim, de acordo com a petrolífera, a receita total em 2015 foi de 2,297 mil milhões de kwanzas, cerca de 34% abaixo da receita total de 2014. Mas a empresa admite que a redução da receita petrolífera foi parcialmente atenuada pelo aumento de rendimentos resultante da actividade combustíveis. “O aumento do preço dos combustíveis em Janeiro e em Abril de 2015 foi determinante para esse equilíbrio parcial na receita da empresa”, sublinha o documento. Porém, os lucros da empresa foram fortemente afectados. O lucro antes dos 1,246 mil milhões de kwanzas, enquanto o lucro líquido, depois dos encargos, reduziu de 139,162 milhões de kwanzas em 2014 para 44,148 milhões em 2015, uma quebra nos lucros na ordem dos 95 milhões de kwanzas. Segundo o documento que temos vindo a citar, no ano de 2015, as subsidiárias Sonangol Pesquisa & Produção e a Sonangol Gás Natural foram as mais afectadas, como petróleo bruto e do gás natural, por um lado, sobre a receita de venda e, por outro lado, sobre o montante justo dos activos petrolíferos e de gás natural. Como resultado, as imparidades reconhecidas ascendem a um montante superior a 3 mil milhões de dólares. Já em 2014, as contas que a empresa partilhou com a imprensa permitiram constatar que, das 16 subsidiárias da Sonangol, sete representaram prejuízos avultados durante o ano de 2014. O desempenho por empresa demonstrou que a Sonangol Hidrocarbonetos, com registou um resultado líquido negativo, num prejuízo avaliado em 373 milhões de dólares. De igual modo, a Sonangol Shipping Holding Lda registou um resultado negativo estimado em 30 milhões de dólares, assim como a subsidiária que cuida da comercialização internacional dos produtos da empresa, que também teve um prejuízo
activação da sua campanha inspirada no design e exibida na media culmina num evento divulgado no digital e promovido pelas RP de quantas agências Se a
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estimado em 15 milhões de dólares, bem prejuízos estimados em 110 milhões de dólares. Ainda na sequência dos prejuízos, a Sonangol Distribuidora contribuiu com um resultado negativo em 2014 estimado em 32 milhões de dólares, a subsidiária de Investimentos Industriais também registou prejuízos na ordem dos 13 milhões de dólares, bem como a SONIP, que também contribuiu com um resultado negativo estimado em 31 milhões de dólares. A Academia Sonangol contribuiu com um Girassol com 159 milhões de dólares. Este ano, a Sonangol não deu a oportunidade aos jornalistas de fazerem a análise por subsidiária. O director de comunicação e imagem da Sonangol, em virtude de estar a decorrer um processo de reestruturação, cujo desfecho ainda é desconhecido, quer os administradores, quer o presidente do conselho de administração, têm evitado pronunciamentos públicos para que não haja leituras subliminares ou interpretações imprecisas ao que possam enunciar. “É sobretudo uma questão de ética. Não será possível atender à solicitação apresentada, o que desde já lamentamos”, respondeu o responsável à solicitação de entrevista. Quanto aos aspectos inerentes à divulgação dos resultados da comissão de reestruturação, Mateus Cristóvão avança que “a acção da referida comissão transcende a direcção da Sonangol, pelo que a empresa
não dispõe nem de elementos nem de legitimidade para se pronunciar em relação ao que questiona”, esclarece. Entretanto, de acordo com o documento divulgado pela petrolífera, a redução nas receitas e, consequentemente, nos lucros motivou a comparativamente a 2014. De acordo com a Sonangol, durante o ano de 2015, a empresa manteve uma estrutura de capital sólida, tendo os seus capitais próprios atingido o valor de 2,376 mil milhões de kwanzas, 11% acima do valor de 2014, os capitais permanentes atingiram os 3,777 mil milhões de kwanzas, 10% acima, o capital empregue foi de 3,614 mil milhões de kwanzas, 19% 1,238 mil milhões de kwanzas, 41% acima do valor de 2014. Segundo a empresa, o realizado pela companhia. Assim sendo, apesar das condições adversas no mercado petrolífero, a empresa prosseguiu com o seu programa de investimento, com os ajustamentos necessários. Para tal, despendeu um total de 565,243 mil milhões de dólares, sendo 82,1% da despesa realizada no segmento de exploração e produção, 7,6% no segmento de logística e distribuição, 5,1% no de não nucleares. A Sonangol reconhece, no documento, que o ano de 2016 continuará a ser um ano bastante difícil, mas espera um crescimento
da produção petrolífera acompanhado por uma substancial redução do preço do petróleo bruto. Reconhece também que os empresa continuarão sob forte pressão. As iniciativas despoletadas em 2015 para a redução do custo, e que serão reforçadas em 2016, a revisão de alguns projectos de investimentos e o recurso à opção de descontinuidade de activos e negócios não nucleares constituem mitigantes a que a Sonangol recorrerá para a manutenção para explorar a necessária margem para continuar a investir, revela a empresa. Ou seja, é provável que a reestruturação em curso na empresa, a ser liderada por Isabel dos Santos, incida, sobretudo, sobre a licitação e privatização de algumas subsidiárias que representam custos avultados à empresa e continuam pouco rentáveis desde a sua criação. Também é provável que a Sonangol pare de actuar como árbitro e jogador simultaneamente, como concessionária e exploradora de petróleo. É também expectável que abandone alguns mercados onde a empresa expandiu o negócio apenas por razões estratégicas, sem avaliar a viabilidade e rentabilidade dos negócios. De facto, tendo em conta a actual conjuntura internacional do mercado do “ouro negro”, é imprescindível que a Sonangol avalie profundamente e reposicione as peças do seu complexo tabuleiro de xadrez. &
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| SOCIEDADE
ANTIGOS COMBATENTES
A LUTA CONTINUA, A VITÓRIA É INCERTA Texto: Quingila Hebo Arquivo
Estima-se que o país conte com mais de 600 mil antigos combatentes. Numa altura em que se
lutar, antes e após a independência.
Marcos Eduardo, 67 anos, é antigo combatente e veterano da pátria. Aos 13 anos fugia do colono para não ser obrigado ao trabalho forçado, como muitos rapazes da sua idade. Aos 15 anos (há quem tivesse sido mais cedo) foi capturado e forçado a participar na construção dos últimos edifícios daquela que depois veio a ser chamada Nova Lisboa, a província do Huambo. Marcos Eduardo, nome imposto pelo opressor, conta que o espírito de revolta começou a ganhar força no meio daquele trabalho forçado, que só podia parar pé com o chicote, a controlar, se sentia cansado. Aos 17 anos, com mais oito jovens e dois menores que deviam ter entre 11 ou 12 anos, fugiu para as matas, com o grupo a ser perseguido a tiro. Foram muitos anos a viver sem morada alvos a abater. Nas matas encontraram-se com outros jovens nas mesmas condições, desertores do trabalho escravo na região mineira de Catanga. O grupo cresceu e, com ele, cresceu também a vontade de ver o país livre. Outros jovens de outras regiões com forte presença colonial também se revoltaram
PARA MARCOS EDUARDO A LUTA AINDA NÃO TERMINOU. “HOJE, A BATALHA QUE TRAVAMOS É COM O ESTÔMAGO. ANGOLA AINDA NÃO É AQUELE PAÍS COM QUE SONHÁMOS. PENSÁVAMOS QUE SEM O COLONO PODÍAMOS ANDAR ONDE QUISÉSSEMOS, CONSTRUIR E VIVER ONDE QUISÉSSEMOS. MAS HOJE VEMOS QUE NÃO. ATÉ OS ALIMENTOS TEMOS DE MENDIGAR A QUEM DIRIGE”, DESABAFA.
Marcos Eduardo, começaram, primeiro, os insultos e apupos aos colonos e, depois, a troca de palavras. Na década de 60, começaram a desencadear-se, em simultâneo, revoltas em quase todas as regiões do país. Diz que só está vivo até agora porque Deus assim quis, porque depois da libertação e de estar a ocupar um apartamento de seis quartos na cidade do Huambo, teve que abandonar tudo para voltar às matas e lutar na segunda guerra. “Aquilo por que nós passámos não desejamos a ninguém. Ainda bem que hoje só nos lembramos de tudo o que aconteceu para contar histórias”, diz nostálgico. “Mas vencemos, hoje temos este país graças aos milhares de angolanos que morreram naquela altura”, atira, de cabeça erguida. Mas para Marcos Eduardo a luta ainda não terminou. “Hoje,vaaa a a batalha que travamos é com o estômago. Angola ainda não é aquele país com que sonhámos. Pensávamos que sem o colono podíamos andar onde quiséssemos, construir e viver onde quiséssemos. Mas hoje vemos que não. Até os alimentos temos de mendigar a quem dirige”, desabafa. O antigo combatente conta que foram
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precisas muitas idas à direcção de pessoal e quadros das Forças Armadas Angolanas social para receber a sua pensão como veterano da pátria. Foram três anos de batalha. “Pediam-me documentos que eles próprios sabiam que naquela altura era muito difícil de se obter. Para o nome que começasse a receber voltaria para lhe dar mais alguma coisa”, denuncia. Quem também lamenta o tratamento que se dá a quem um dia lutou para que tivéssemos um país melhor, quer na luta pela independência, quer na guerra pós-independência, é Albino Itale: “Não
foi vontade de ninguém pegar na arma sem nenhum motivo para fazer guerra. Foram certos ideais que nos obrigaram a fazer a guerra. Sonhávamos com um país melhor, que não pertencesse apenas a uma meia dúzia de pessoas”, advoga o Segundo Albino Itale, por vezes, combatente, é acusado de ter contribuído para a desgraça do país. “Há pessoas que dizem que nós que lutámos na guerra pós-independência é que estragámos o país. O que muita gente não sabe é que
antigo combatente já foi processado na conta. Albino Itale lamenta o tratamento que se dá aos antigos guerrilheiros e a recompensa que recebem por um dia terem lutado por um país digno para todos. “O Estado reconhece os antigos combatentes, respeita e até criou um Ministério para resolver os nossos problemas, mas as pessoas que estão à frente destas instituições primeiro velam pelos seus interesses e das pessoas mais O antigo soldado lamenta ainda o combatentes e, principalmente, a
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| SOCIEDADE
“O ESTADO RECONHECE OS ANTIGOS COMBATENTES, RESPEITA E ATÉ CRIOU UM MINISTÉRIO PARA RESOLVER OS NOSSOS PROBLEMAS, MAS AS PESSOAS QUE ESTÃO À FRENTE DESTAS INSTITUIÇÕES PRIMEIRO VELAM PELOS SEUS INTERESSES E DAS PESSOAS MAIS PRÓXIMAS”, DENUNCIA ALBINO ITALE.
intermitência no seu processamento. “O subsídio de antigo combatente não chega praticamente para nada. Mas o pior de três meses sem cair e quando cai já não é processado o valor dos meses passados, só depositam do mês em causa”, conta, concluindo, mais uma vez, que se trata de -combatentes a pegar na arma para evitar esse tipo de “roubalheira no futuro”, que é o presente que se vive. FALTA DAR DIGNIDADE AOS EX-COMBATENTES O presidente da Associação dos Antigos Combatentes, Constantino dos Santos, reconhece que o Estado tem envidado esforços para atender às preocupações de facto, ainda falta o país recuperar e conferir alguma dignidade a quem um dia esteve na frente de combate. “Há indivíduos que perderam familiares. Uns perderam membros superiores e inferiores, quer na primeira, quer na segunda guerra. Devemos lutar para recuperar a sua dignidade como pessoas, não importa de que lado estiveram a lutar. Conferir a dignidade aos antigos combatentes não passa apenas pela entrega de um kit da cesta básica
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Constantino dos Santos, Presidente da Associação dos Antigos Combatentes
mensalmente, é muito mais do que isso. ainda não está a ser feito”, observa Constantino dos Santos. O presidente da Associação entende, por outro lado, que a nova geração tem um papel preponderante para que aqueles que carregam no corpo as consequências da guerra não se sintam inferiores diante dos outros. Defende também um estudo profundo junto o melhor caminho para que no futuro se comece a trabalhar em prol desta dignidade que muitos precisam. “Não há dinheiro que pague os feitos dos antigos combatentes. O resgate que pedimos é que haja, pelo menos, a hombridade de todos reconhecerem que algum dia alguém lutou para que tivéssemos um combatentes morrem de nostalgia porque este reconhecimento não chega até eles”, desabafa o também veterano da pátria. Constantino dos Santos sugere que quem um dia combateu hoje pode ser conselheiro e não ser relegado ao passado. “Não é apenas ser conselheiro para charme nos órgãos de comunicação,
”
HÁ INDIVÍDUOS QUE PERDERAM FAMILIARES. UNS PERDERAM MEMBROS SUPERIORES E INFERIORES, QUER NA PRIMEIRA, QUER NA SEGUNDA GUERRA. DEVEMOS LUTAR PARA RECUPERAR A SUA DIGNIDADE COMO PESSOAS, NÃO IMPORTA DE QUE LADO ESTIVERAM A LUTAR. CONFERIR A DIGNIDADE AOS ANTIGOS COMBATENTES NÃO PASSA APENAS PELA ENTREGA DE UM KIT DA CESTA BÁSICA MENSALMENTE, É MUITO MAIS DO QUE ISSO. O RESGATE DA DIGNIDADE DO EX-COMBATENTE AINDA NÃO ESTÁ A SER FEITO”, OBSERVA CONSTANTINO DOS SANTOS.
os antigos combatentes têm ideias e conhecimento que podem emprestar a várias áreas do saber”, propõe, acrescentando que esta seria uma forma de reintegrar e mostrar que os antigos combatentes ainda são úteis à sociedade. Constantino dos Santos aconselha do conhecimento, do ponto de vista pelos veteranos da pátria enquanto estão vivos. “Muitos de nós ainda dominamos estratégias do passado que podem resultar perfeitamente na actualidade”, observa,
acrescentando que o Ministério da tutela apenas antigo combatente e quem é ao mesmo tempo veterano da pátria. “Uns tentam apregoar que é mais graduado quem é veterano da pátria, mas é necessário que as pessoas não se sintam nem mais nem menos perante os outros. É preciso acabarmos com o pensamento beligerante”, apela. A Associação dos Antigos Combatentes dos cerca de 600 mil que se estima &
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FERNANDO RIBEIRO, DIRECTOR DO CENTRO DE ESTUDOS E PÓS-GRADUAÇÕES DA UNIVERSIDADE LUSÍADA DE ANGOLA
“TEMOS DE ALTERAR A ESTRUTURA PRODUTIVA DO PAÍS” RESPONSABILIDADES Coordenar toda a actividade inerente aos cursos de Mestrado leccionados na Universidade, supervisionar o seu normal funcionamento, quer do ponto de vista académico, como em conta as parcerias com outras universidades, internas e externas. MÁXIMA DE GESTÃO “A maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades extraordinárias em pessoas comuns”, Abraham Lincoln.
CARREIRA /CURRICULUM VITAE Fernando Osmar Pombal Ribeiro, 34
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ECONOMIA & MERCADO (E&M) - Qual é a receita para se ser um bom gestor de uma instituição académica, principalmente na conjuntura em que nos encontramos? FERNANDO RIBEIRO (FR) - Falar em receita é, provavelmente, um pouco redutor. É evidente que
superior. Não há dúvida de que o foco das instituições de ensino deve ser a qualidade dos serviços prestados, desde os conteúdos curriculares, o corpo docente, as bibliotecas, as infra-estruturas, até aos serviços administrativos, para que se possam tornar cada vez mais competitivas e possam também ajudar o esforço que tem sido desenvolvido pelo Executivo no âmbito do Plano Nacional de Formação de Quadros, que é ambicioso e foca a qualidade de recursos humanos que Angola quer ter no futuro. E&M FR Universidade que represento, pois é nossa pretensão desde 2013. Queremos, igualmente, lançar, neste primeiro semestre de 2016, um conjunto de mestres no mercado que, estou convicto, serão quadros que agregarão valor às suas instituições e que hoje estão melhor preparados investigação do nosso centro, precisamos de pesquisar e investigar mais e, sobretudo, produzir relatórios que ajudem a apontar caminhos para a nossa governação. Por outro lado, relativamente às licenciaturas, é nosso objectivo fazer da Universidade Lusíada de Angola uma referência no ensino. E&M - Que obstáculos encontra para alcançar essas metas? FR - É preciso levar em consideração que o país tem vindo a empobrecer nos últimos dois anos e isso tem, que têm vindo a perder alunos, pois, manifestamente, os seus pais ou eles próprios (no caso dos trabalhadores-estudantes) têm de reduzir os seus gastos, priorizando as necessidades básicas. Em consequência disso, também as instituições terão menor capacidade para investir, quer em infra-estruturas, quer na qualidade do seu quadro docente, concedendo, por exemplo, bolsas de estudo a nível de mestrados e doutoramentos aos seus melhores professores. Face a este quadro, precisamos de ser mais criativos, oferecendo cursos e serviços que vão ao encontro das expectativas do mercado e das pessoas, aumentando a sua qualidade e sendo sempre mais competitivos em termos de preços. Por outro lado, temos o obstáculo da escassez de recursos humanos
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nos nossos melhores professores para que possamos, a curto níveis de mestrados e doutoramentos, principalmente. E&M - Como avalia o ensino em Angola, particularmente o superior? FR - Posso dizer que o ensino em Angola quantitativamente melhorou imenso, mas qualitativamente ainda está aquém do que é desejável. Hoje dá-se mais importância ao ensino superior. Até o valor das propinas querem regulamentar. Mas não se olha para o ensino obrigatório ou o ensino médio com a mesma relevância. Há colégios em Angola que cobram três vezes mais que universidades e não me parece que tenham assim tanta qualidade. São estas distorções que temos de combater. Julgo que há vontade política para tal, precisamos é de ter coragem e pôr mãos à obra. E&M - Que aspectos distinguem Angola da realidade dos países com quem tem parcerias económicas? FR - É sempre muito difícil fazer comparações, pois são realidades e percursos históricos diferentes. Apesar de achar que algumas coisas vão mal, também tenho a plena convicção de que a nossa realidade é distinta de muitos colonização que tivemos determinaram o que somos hoje, exemplo, estar melhor em alguns indicadores, mas é um processo que leva o seu tempo. Recordo que algumas potências colonizadoras apostaram na educação dos nativos ou colonizados, não foi o nosso caso. Se quisermos olhar para o Brasil, Portugal ou, aqui mais perto, a África do Sul compreenderemos que tiveram outras experiências e percursos e que agora, mais do que comparar, mais vale trabalhar em conjunto. E&M - Qual é a sua opinião face à actual situação económica do país? FR - Vivemos um período muito difícil do ponto de vista económico. Os principais indicadores macroeconómicos, hoje, estão muito vulneráveis, nomeadamente, o balança de pagamentos e as reservas líquidas internacionais, que têm vindo a baixar, bem como o nível de endividamento do Estado, que tem vindo a aumentar. Como se percebe, o quadro não é animador. De todo o modo, importa realçar que a paz trouxe ganhos desde logo, porque deu-se início ao processo de reconstrução das infra-estruturas sociais básicas do país. Portanto, a conclusão é simples: temos de alterar receita do Estado, mas é igualmente importante a reforma desempenho dos servidores públicos. Dito de outra forma, a prestação de contas tem de ser uma prática reiterada e não, como às vezes parece, um mero formalismo.
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VINHOS
BOM VINHO A BOM PREÇO
Luís Lopes
Não é preciso estar-se inserido numa conjuntura económica complicada para valorizar a boa relação entre o preço e a qualidade. No que ao vinho diz respeito, desde há muito que consumidores de todo o mundo procuram a melhor qualidade ao preço mais acessível. Basicamente, um vinho “boa compra” é aquele que oferece mais a quem o bebe do que aquilo que paga por ele. Hoje em dia, quase todas as grandes empresas vinícolas produzem vinhos para serem vendidos em segmentos de
preço muito diferenciados. Um dos melhores exemplos em Portugal é a Fundação Eugénio de Almeida, mais conhecida por Adega da Cartuxa, cujos vinhos são distribuídos em A Fundação Eugénio de Almeida, sedeada em Évora, no Alentejo, produz uma vasta gama de vinhos, com a particularidade de ter marcas de referência em quase todos os níveis de preço. No segmento mais alto destaca-se o prestigiado Pêra-Manca, um dos mais famosos vinhos de Portugal. O seu vinho de preço mais acessível é o Vinea. Pelo meio, marcas como Scala Coeli, Cartuxa, Foral de Évora e EA. O EA (abreviatura de
Eugénio de Almeida) é um verdadeiro caso de sucesso em Angola e, para isso, muito contribui o facto de associar uma qualidade bastante boa a um preço moderado. O EA tinto é elaborado a partir de quatro variedades de uva (Aragonês, Trincadeira, Alicante Bouschet e Castelão) plantadas nos cerca de 500 hectares de vinha pertencentes à Fundação. É um vinho aromático, com sabores de fruta bem madura, equilibrado, macio, muito fácil de gostar. Um perfeito tinto para o dia-a-dia, que deve ser servido a 16ºC ou 17ºC acompanhando carnes de porco ou vitela, fritas ou grelhadas. &
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A ASCENSÃO DO HUAWEI P8 Desde que foi apresentado ao mercado, em 2015, o smartphone P8 da Huawei tem recebido várias críticas favoráveis. Por todo o mundo, os comentários das publicações especializadas em tecnologia destacam as suas vantagens técnicas (performance e usabilidade) e estéticas (design). O P8 é um smartphone topo de gama e, mais uma vez, alia a qualidade de fabrico e o design a uma proposta de uma das principais características deste equipamento que apresenta um chassi todo de metal, sem curvas e com um design minimalista mas com muita atenção aos detalhes. O P8 torna-se mais fácil de usar apenas com uma mão, não só por não ter lentes salientes, como também pela espessura de 6,4 milímetros. No que diz respeito ao desempenho nas aplicações, e tendo em conta a experiência que a Huawei detém na área das telecomunicações, o P8 integra um processador Kirin 930 de 64 bits, octa core, com 3GB de RAM, o que
traseira confere uma qualidade O modelo com versão DUAL SIM suporta opcionalmente cartão NANOSIM ou MIC-SIM. Se não utilizar dois cartões, pode usar a ranhura para expandir a memória do telemóvel, até 128 GB, com um cartão micro SD para quem precisar de alojar muitas Nas ligações, a opção WiFi+ é uma novidade que permite ao usuário marca investiu muito numa tecnologia denominada Signal+, que aumenta, e muito, a capacidade de sintonizar a melhor rede. Outra característica muito positiva neste telemóvel é o desempenho da bateria, de 2.600 mAh, que aguenta grandes cargas de utilização. Aqui existe também uma novidade que consiste no modo de fast charging, que assegura uma carga completa em três horas. foi muito grande neste modelo P8. O sensor de 13 megapixels na câmara
como no modo vídeo. Para tal, contribuiu a inserção do primeiro sensor RGBW de quatro cores do mundo, que melhora a luminosidade em 32% em situações de iluminação de alto contraste e reduz em 78% em ambientes de pouca luz. Existem ainda vários modos de captura e edição de fotos: modo beleza, pintura de luzes e o time lapse. Salienta-se ainda a rapidez com que a câmara responde a uma foto: em pouco mais de 1,5 segundos momentos animados. O modelo P8 da Huawei marca uma aposta forte na inovação dos smartphones. Constitui um grande upgrade face ao modelo anterior, nomeadamente em termos de usabilidade, que ajuda os seus clientes no dia-a-dia. É, aliás, para isso que a Huawei trabalha todos os dias e apresentará, em breve, novidades neste segmento. Para já, pode encontrá-lo à venda nos vários revendedores Huawei, em Angola. &
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AO VOLANTE
Foto: Mazda Angola
MAZDA CX-5, A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
Os modelos mais recentes da Mazda impressionam pelo seu design atractivo que nos prende o olhar, mas a revolução da marca vai mais além, sendo essencialmente tecnológica e afecta componentes fulcrais como o motor e os chassis, cujas inovações aumentam a segurança dos ocupantes. Em linha com a época célebre da marca está o Mazda CX-5, premiado como o melhor dos SUVs mistos pequenos. A par do exterior desportivo e elegante, concebido com base no design KODO – Alma do Movimento (inspirado na natureza, na vida animal e na relação entre este e o homem), o CX-5 traz a tecnologia SKYACTIV, que garante uma performance e manobrabilidade impressionantes sem comprometer a veículo proporciona tranquilidade ao condutor graças às suas características de segurança i-ACTIVSENSE e inclui ainda o mais recente e inovador MZD Connect – o sistema de conectividade móvel da fabricante da marca. Outro elemento de segurança que
se destaca no CX-5 são os faróis de LED adaptativos que se ajustam automaticamente para que se possa de forma segura e tranquila, o que faz toda a diferença num país como Angola, Acresça-se que, se o sistema detectar um veículo a aproximar-se, desliga um dos LEDs dos máximos para evitar encandear o outro motorista, enquanto os restantes LEDs continuam a iluminar a estrada. Entre vários outros sistemas de segurança, como o Smart Brake Support (SBS), o CX-5 dispõe também dos sistemas RCTA, que lhe permite controlar o tráfego, e o BSM, para monitorizar os ângulos mortos, uma vez que nem espelhos bem ajustados dão constantemente ao condutor uma visibilidade total sobre os veículos adjacentes. Já no interior, o Mazda CX-5 proporciona-lhe uma conectividade ímpar, fazendo-o sentir-se parte do mesmo. A fabricante acrescentou equipamentos
como o MZD Connect – que lhe permite ouvir as mensagens de texto lidas em voz alta, caso use um smartphone compatível, que, quando ligado ao veículo, permite consultar as mais recentes actualizações do Facebook e do Twitter, o que não deixa de ser uma distracção – e o Travão de Estacionamento Electrónico (EPB) para assegurar maior funcionalidade na zona do cockpit. Junta-se a estas inovações o sistema de som envolvente Bose®. Assim, o habitáculo combina conforto e sentido prático, com opções de arrumação inteligentes e mais espaço. Com o MZD Connect o condutor pode ainda reproduzir ouvir estações de rádio preferidas online ou usar o rádio DAB integrado do veículo, tudo sem afastar os seus olhos da estrada. Existem duas versões de motorização do CX-5, nomeadamente a 2.0, a gasolina e com caixa automática e a 2.5, também a de Março, a concessionário da Mazda em Angola não dispunha de unidades mas previa recebê-los agora em Abril. &
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| REMATE
PLANO PRECISA-SE! A actual situação resultante de sermos monoprodutores, em termos de produtos de exportação,
Temos números a partir dos quais sabemos qual suas bases, meios de distribuição, indústria de o ponto de partida. O crescimento não petrolífero transformação e salga. O mesmo em relação ao passou de 8,2% em 2014 para 1,3% em 2015. sal. Na agricultura, o que queremos produzir Registou-se uma diminuição na produção para reduzir importações e exportar o excedente? agrícola (de 0,8%), nas pescas (5,8%), na O quê, concretamente, onde e com que meios? construção (3%) e em serviços mercantis (2,2%). Temos de nos abrir à expertise e aos investimentos A indústria transformadora levou um rombo de 4% negativos. Se analisármos o crédito, nossa forma de vermos e recebermos quem percebemos que 19,67% foi possa investir. Mantenho para particulares, 18,52% a perspectiva de que mais para o comércio a grosso vale 30 a 40% de alguma A SOLUÇÃO PARA A SAÍDA e a retalho e 14,91% para coisa do que 100% de coisa DA NOSSA CRISE, DE as actividades imobiliárias. nenhuma. Temos de criar FORMA VERDADEIRAMENTE Não percebemos em ALTERNATIVA AO concreto o que foi para quem venha acrescentar o sector produtivo e que valor. Andámos muitos anos QUE TEMOS FEITO, É resultados se obtiveram. a importar gente que nos IDENTIFICAR O QUE A Aliás, este é um dos grandes CURTO E MÉDIO PRAZO problemas. Dinheiro da imensamente cara. Temos TEMOS DE FAZER PARA de apostar, a meu ver, na CRIAR PRODUTOS DE tem havido e saído, mas residência daqueles que EXPORTAÇÃO. depois não se percebem queiram construir connosco. os resultados desses Conferir-lhes deveres, mas também direitos. Devemos olhar para países vizinhos como a Namíbia, Zâmbia, Botswana, alinhá-los para a rentabilidade. África do Sul e perceber as vantagens de uma A solução para a saída da nossa crise, de integração de facto na SADC. O que eles nos forma verdadeiramente alternativa ao que poderão trazer e construir connosco. Acho que o país está todo na expectativa de ver prazo temos de fazer para criar produtos de um plano concreto de recuperação económica de exportação. Quais, em que regiões, sob que curto e médio prazo. Sabermos o que se propõe, modelos? O que queremos em concreto do sector o que se envolve e o que mobiliza. Falar em Nuno Fernandes Jornalista Presidente do Conselho Executivo Grupo Executive
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