Economia & Mercado 148

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REFORMA EDUCATIVA

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QUALIDADE DO ENSINO NÃO FAZ SORRIR GOVERNANÇA CORPORATIVA Uma solução para P TJTUFNB mOBODFJSP

MOTO-TÁXIS

ENTREVISTA

PETRÓLEO

Acelerar sobre duas rodas para não passar fome

António Pacavira, presidente da ANEP

Tudo em nome do acordo da OPEP


RECEITAS REVERTIDAS A LARES DE ACOLHIMENTO

18 DEZEMBRO ESTÁDIO DOS COQUEIROS


JANEIRO 2017 WWW.ECONOMIAEMERCADO.SAPO.AO

14 UMA SOLUÇÃO PARA OS PROBLEMAS DO SISTEMA FINANCEIRO A governança corporativa pretende assegurar que as empresas apresentem melhor performance, melhor controlo e protecção dos investidores. Em Angola, esta prática requer novas estruturas e atitudes. Faltam normas e vontade política, mas algumas empresas já têm dado passos na matéria. Entretanto, especialistas defendem que BT mSNBT EP TFDUPS mOBODFJSP UÆN RVF DPNFÃBS B RVBOUJmDBS PT DVTUPT EF VNB GSBDB HPWFSOBÃÀP F B SFnFDUJS TPCSF DPNP BT PSHBOJ[BÃÑFT TÀP EJSJHJEBT F DPOUSPMBEBT sob pena de continuarem a viver turbulências.

40 INFRA-ESTRUTURAS BÁSICAS CONDICIONAM DESENVOLVIMENTO DO PAC A Sociedade de Desenvolvimento do Pólo Agro-industrial de Capanda (SODEPAC) foi criada em 2006 para gerir o pólo situado na região de Cacuso. Este ocupa uma área de 411 mil hectares, 270 mil dos quais destinados à produção em regime de sequeiro, 18 mil para o perímetro irrigado, 70 mil para a reserva ambiental e dez mil hectares para o reassentamento de populações. Com 24 empresas, 15 delas instaladas e nove em processo de instalação, o Pólo de Capanda compreende as fazendas Pedras Negras, Pungo Andongo, Biocom e outros empreendimentos públicos e privados destinados à produção e transformação de culturas alimentares, abarcando os municípios de Malanje, Cangandala e Cacuso.

52 TUDO EM NOME DO ACORDO DA OPEP A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) ressuscitou, no início de Dezembro, os limites de produção do cartel. A medida tem como objectivo restringir a oferta da commodity e estimular um aumento nos preços, algo necessário tanto para o reequilíbrio orçamental dos países do grupo, quanto para a recuperação da indústria de energia, que reduziu investimentos após a queda no preço dos barris.

RADAR 7 CONTRAPONTO 10 CARTOON

OPINIÃO 08 JUSTINO PINTO DE ANDRADE 11 IPSIS VERBIS 12 LUÍS TODO BOM

MACRO 14 GOVERNANÇA CORPORATIVA 18 EMPRESAS ANGOLANAS NO WEB SUMMIT

OPINIÃO 22 J. G. MATOS 23 NÚMEROS EM CONTA

CAPA 24 REFORMA EDUCATIVA 36 ENTREVISTA

PAÍS 40 MALANJE

EMPRESAS 44 TOUCH & TALK

24 QUALIDADE DE ENSINO É MAIS DO QUE NÚMEROS A Segunda Reforma Educativa do sistema de ensino em Angola, iniciada em 2004, teve quatro objectivos gerais, nomeadamente, a expansão da rede escolar; a melhoria da qualidade de ensino; o SFGPSÃP EB FmD¾DJB EP TJTUFNB de educação e a equidade do sistema de educação, que foram alcançados “satisfatoriamente”, segundo o ministro da Educação, que é contrariado por técnicos e gestores ligados ao sector, segundo os quais o maior avanço ocorreu apenas ao nível do aumento da oferta de salas de aula. Mas Pinda Simão também reconhece que, em relação à qualidade de ensino, ainda há muito por se trabalhar, pois esta vai além dos números.

LÁ FORA 48 MARROCOS

MERCADO E FINANÇAS 52 PETRÓLEO

SOCIEDADE 56 MOTO-TÁXIS 60 FIGURA DO MÊS

LAZER 62 VINHOS 64 AO VOLANTE

REMATE 66 NUNO FERNANDES



EDITORIAL | 5

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A REFORMA DA REFORMA SebastiĂŁo Vemba

Os ganhos da Reforma Educativa sĂŁo visĂ­veis e atĂŠ mesmo incontestĂĄveis, na medida em que, ao nĂ­vel do aumento da oferta de salas de aula, foi possĂ­vel inserir no sistema de ensino 23% das crianças em idade escolar que nĂŁo estudavam, segundo revelou o ministro da Educação. De acordo com Pinda SimĂŁo, a reforma tambĂŠm permitiu apurar que apenas 51% dos pais e encarregados de educação se preocupam em acompanhar os educandos e que cerca de 70% das escolas do paĂ­s precisam de obras de manutenção. E permitiu tambĂŠm, como se lĂŞ no relatĂłrio de Balanço da Implementação da Segunda Reforma Educativa, reduzir o desequilĂ­brio da população estudantil por gĂŠnero. No entanto, a qualidade do ensino nĂŁo ĂŠ mensurada Ăşnica e simplesmente com base nos nĂşmeros, que por si sĂł nĂŁo LMQ`IU Lƒ^QLI[ LW M[NWZtW P]UIVW M Ă…VIVKMQZW MUXZMMVLQLW mas chamam-nos a atenção para que repensemos a reforma e a projectemos com base em critĂŠrios de qualidade e desenvolvimento. Para tal, o ponto de partida ĂŠ reformular a polĂ­tica orçamental para o sector da Educação, na medida em que, como defendem a ADRA e o OPSA na sua posição sobre o OGE 2017, a aposta neste sector ĂŠ “um investimento directo em termos de redução de pobreza e crescimento sustentĂĄvelâ€?. Infelizmente, refere o documento divulgado em Dezembro Ăşltimo, “Angola tem investido no sector da Educação, em mĂŠdia, pouco mais de um terço do previsto nos compromissos internacionais, que estabelecem que cada paĂ­s deve dedicar 20% do seu OGE ao sectorâ€?. Sendo assim, estĂĄ claro que o esforço deve ser maior, nĂŁo sĂł em investimento, mas tambĂŠm na abertura para acolher o

É POSSĂ?VEL VISUALIZAR O DRAMA DOS PROFISSIONAIS DO SECTOR QUANDO OLHAMOS PARA OS DADOS DO MINISTÉRIO DA EDUCAĂ‡ĂƒO, QUE REVELAM A EXISTĂŠNCIA DE APENAS 278 MIL PROFESSORES PRIMĂ RIOS, INCLUINDO TRABALHADORES DE APOIO, PARA UM UNIVERSO DE MAIS DE 5 MILHĂ•ES DE ALUNOS.

parecer de todos os actores interessados, para que se evitem erros, como a introdução da monodocĂŞncia sem uma consulta prĂŠvia aos professores, que, mesmo depois de vĂĄrias reclamaçþes, VrW NWZIU I\MVLQLW[ KWU NWZUIt‚M[ o IT\]ZI LW[ LM[IĂ…W[ Y]M I reforma impunha. AliĂĄs, como ainda contesta a classe docente, ĂŠ humanamente impossĂ­vel um Ăşnico docente atender 50 crianças do ensino primĂĄrio, como ainda acontece nos municĂ­pios mais populosos do paĂ­s. De resto, ĂŠ possĂ­vel visualizar o drama LW[ XZWĂ…[[QWVIQ[ LW [MK\WZ Y]IVLW WTPIUW[ XIZI W[ LILW[ LW MinistĂŠrio da Educação, que revelam a existĂŞncia de apenas 278 mil professores primĂĄrios, incluindo trabalhadores de apoio, para um universo de mais de 5 milhĂľes de alunos. “Os professores sĂŁo submetidos a um ritmo intensivo e nĂŁo asseguram o ensino como desejamosâ€?, desabafou recentemente Pinda SimĂŁo, a quem [M IXZM[MV\I W LM[IĂ…W LM XMV[IZ VI šZMNWZUI LI ZMNWZUIÂş XWQ[ infelizmente, a qualidade do ensino ainda nĂŁo faz sorrir. &

Propriedade Edicenter Publicaçþes, Lda Directora Editorial Ana Filipa Amaro Director SebastiĂŁo Vemba - sebastiao.vemba@economiaemercado.com Copy Desk Octaviano Correia - octavianocorreia@gmail.com Conselho Editorial Laurinda Hoygaard; Justino Pinto de Andrade; JosĂŠ Matos; Fernando Pacheco; JosĂŠ Severino Redacção AntĂłnio Piçarra - antonio.picarra@edicenter-angola.com; EdjaĂ­l dos Santos - edjail.santos@economiaemercado.com; JosĂŠ Pedro Correia - josecorreia.edicenter@gmail.com; PatrĂ­cia Pinto da Cruz - patricia.cruz@edicenter-angola.com Colaboradores Gaspar JoĂŁo; JosĂŠ Matos; Justino Pinto de Andrade; LuĂ­s Todo Bom; Nuno Fernandes; SĂŠrgio Piçarra 'PUPHSBmB Vasco CĂŠlio (Editor); Afonso Francisco - afonsofrancisco. edicenter@gmail.com; Carlos Aguiar - carlosdaguiar.edicenter@gmail.com; Isidoro Felismina - isidorosuka@gmail.com Design Ana Nascimento – Executive Paginação Pedro Soares Capa Executive Publicidade geral@edicenter-angola.com Secretariado Aida Chimene Redacção Smart Village Talatona - Zona CS1 - Via AL 19A Talatona, Luanda - Angola Tel.: (244) 222 006 029 Fax: (244) 222 006 032, geral@economiaemercado.com Administração e Publicidade Smart Village Talatona - Zona CS1- Via AL 19A Talatona, Luanda - Angola Tel. (244) 222 011 866 / 867 Fax: (244) 222 006 032 edicenterlda@gmail.com Delegação em Lisboa Iona - Comunicação e Marketing, Lda R. Filipe Folque, 10 J - 2Âş Dir. - 1050-113 Lisboa Tel. (351) 213 813 566/7/8 Fax: (351) 213 813 569 iona@iona. pt ImpressĂŁo e Acabamento %BNFS (SžmDB -VBOEB "OHPMB Distribuição Edicenter - Tel: (244) 222 011 866 / 867, Media Nova Distribuição, Greeline, Africana Tiragem 5.000 exemplares Angola - Registo NÂş 249/B/99


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| RADAR

JOÃO LOURENÇO É A NOVA APOSTA DO MPLA O actual ministro da Defesa, João Lourenço, é o candidato a Presidente de Angola nas eleições de 2017 pelo partido no poder. A decisão foi tomada pelos membros do Comité Central do MPLA, no início de Dezembro. Para o número dois da lista e candidato a vice-presidente, foi indicado e aprovado o nome do ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa.

Já para presidente da Assembleia Nacional na lista do MPLA volta a ser proposto Fernando da Piedade Dias dos Santos, que já está em funções, acrescenta a informação divulgada pela Rádio Nacional de Angola. João Lourenço, 62 anos, é vice-presidente do MPLA desde o congresso do partido em Agosto último. Questionado na altura pela agência de notícias portuguesa “Lusa” sobre se

NOVAS LOCOMOTIVAS REFORÇAM REDE FERROVIÁRIA O primeiro lote de 15 locomotivas que vão reforçar a capacidade LW[ +IUQVPW[ LM .MZZW LM )VOWTI KPMOW] IW XIy[ MU ÅVIQ[ de Novembro passado, anunciou, em Luanda, o ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás. O ministro adiantou que as locomotivas foram desembarcadas nos XWZ\W[ LM 4]IVLI 4WJQ\W M 6IUQJM I ÅU LM MV\ZIZMU IW [MZ^QtW LI[ empresas Caminhos-de-Ferro de Luanda (CFL), Caminhos-de-Ferro de Benguela (CFB) e Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes (CFM). O Governo encomendou ao grupo norte-americano General Electric uma centena de locomotivas do modelo GE C30-ACi, negócio no valor de 453,6 milhões de dólares. &

estaria preparado para ocupar a liderança partidária em caso de retirada do líder do MPLA da vida política em 2018, como anunciado anteriormente por José Eduardo dos Santos, o general João Lourenço preferiu não fazer comentários. “Penso que é muito cedo para falarmos [WJZM M[[I UI\uZQI XZMÅZW XZM[KQVLQZ de fazer comentários a esse respeito”, respondeu. &

CABINDA INICIA EXPORTAÇÃO DE FOSFATOS EM 2019 A exploração de fosfatos em Cácata, na região central da província de Cabinda, terá início em 2019, anunciou o ministro de Geologia e Minas, Francisco Queiroz, L]ZIV\M ]UI LM[TWKItrW o XZW^yVKQI I ÅU LM I^ITQIZ W estado de execução do projecto de exploração de fosfatos, bem como de outros recursos mineiros, como o ouro. Francisco Queiroz visitou as obras do porto de águas profundas do Caio-Litoral, tendo sublinhado tratar-se de uma estrutura importante para o êxito do projecto de exploração de fosfatos, uma vez que essa infra-estrutura vai dar resposta às necessidades da empresa que vai exportar o minério. &

PAÍS PODE GANHAR COM A INTERNACIONALIZAÇÃO DO RENMINBI A moeda da China tem atraído países africanos, principalmente depois da sua inclusão entre as divisas de referência do Fundo Monetário Internacional, com Angola a ser considerado um dos que mais \MU I JMVMÅKQIZ KWU I []I ]\QTQbItrW O analista Yi Ren Thng, do Centro de Estudos Chineses da Universidade sul INZQKIVI LM ;\MTTMVJW[KP IÅZUI Y]M I[ empresas africanas podem tirar partido de uma maior utilização do renminbi (RMB)

nas trocas comerciais com congéneres chinesas, numa altura em que o comércio entre a China e África atinge os 180 mil milhões de dólares. Os exportadores chineses, adianta o analista, citando um estudo de 2013 do Hong Kong and Shanghai Banking Corporation (HSBC), podem oferecer até 5% de desconto se os compradores africanos emitirem recibo em RMB, além de que a utilização da moeda chinesa

diminui os riscos cambiais associados à conversão de moedas locais em RMB através do dólar. As transacções triangulares, salienta o analista, têm sido “prejudiciais” para países como Angola, em que as exportações petrolíferas são a base da economia e que “constantemente enfrentam falta de liquidez em dólares, dada a saída de dólares à luz de preços petrolíferos mais baixos”, como actualmente. &


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CONTRAPONTO

O PAÍS PRECISA DE UM RESET? TALVEZ O reset é um recurso usado em informática com o intuito de reiniciar o sistema operativo de um hardware, geralmente depois de várias tentativas mal sucedidas de solucionar uma determinada anomalia. Angola, a enfrentar uma fase de urgentes reformas, pode estar a precisar de um reset em alguns sectores, na medida em que as mudanças devem ser estruturais e profundas, não só económicas, mas também político-partidárias e sociais, criando, se necessário, um novo paradigma de governação da coisa pública.

APESAR DE ESTAREM IDENTIFICADOS OS PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS, NÃO TEMOS SIDO CAPAZES DE AVANÇAR PORQUE INSISTIMOS EM NÃO REINICIAR O SISTEMA OPERATIVO DOS ÓRGÃOS DEBILITADOS OU COM ALGUMA ANOMALIA NO FUNCIONAMENTO, CAUSADA OU POR ERROS ESTRUTURAIS OU POR INCAPACIDADE /FRAGILIDADE DE UM DOS SEUS COMPONENTES, MUITAS VEZES AS PEÇAS-CHAVE DO APARELHO.

Sebastião Vemba

Ao ser confrontado com a actual crise económica e cambial, que já dura há dois anos, o Governo angolano tem vindo a implementar estratégias de combate à ZMKM[[rW M o I][wVKQI LM LQ^MZ[QÅKItrW da economia. Entretanto, os resultados poderão atrasar-se, na medida em que o país VrW LQ[X M LM QVNZI M[\Z]\]ZI[ []ÅKQMV\M[ que lhe permitiriam a implementação de determinados programas a curto prazo. Pelos vistos, a reforma deve ser estrutural, como alertou o FMI no comunicado de imprensa divulgado após a sua mais recente visita a )VOWTI MU Y]M IÅZUI Y]M M[\M XZM[[]XW[\W u ¹KZ]KQIT XIZI LQ^MZ[QÅKIZ I MKWVWUQI impulsionar o crescimento e reduzir a pobreza”. De acordo com o chefe da delegação do FMI que visitou Angola, Ricardo Velloso, citado no documento, é imperioso que haja uma maior intervenção do sector empresarial privado, o que só é possível com a redução dos constrangimentos enfrentados pelos homens de negócio em Angola. E, como \IUJuU ITMZ\I I WZOIVQbItrW ÅVIVKMQZI internacional, esta medida é urgente porque permite “a continuação da redução do peso colocado ao sector público pela massa salarial, optimizando e recentrando a ILUQVQ[\ZItrW VI XZW^Q[rW MÅKQMV\M LM JMV[ públicos”.

-V\ZM\IV\W IXM[IZ LM M[\IZMU QLMV\QÅKILW[ os principais constrangimentos, não temos sido capazes de avançar porque insistimos em não reiniciar o sistema operativo dos órgãos debilitados ou com alguma anomalia no funcionamento, causada ou por erros estruturais ou por incapacidade/fragilidade de um dos seus componentes, muitas vezes as peças-chave do aparelho. Ou seja, insistimos em não mudar de paradigma. Por exemplo, em relação ao mercado cambial, diz o FMI que “o BNA apertou as condições de liquidez LM[LM 2]VPW T\QUW M I QVÆItrW UMV[IT M[\n a começar a ceder”. Além disso, descreve o documento, “o maior volume de venda de divisas por parte do BNA aliviou alguma pressão no mercado cambial, porém o grande e volátil diferencial entre as taxas de câmbio do mercado paralelo e do mercado WÅKQIT JMU KWUW I OZIVLM TQ[\I LM M[XMZI de ordens de compra de divisas nos bancos comerciais, são indicações da persistência de um grande desequilíbrio”. Essa constatação não é nenhuma novidade, sendo que já ^nZQW[ IVITQ[\I[ TQOILW[ IW [MK\WZ ÅVIVKMQZW W denunciaram, mas não são tomadas medidas que permitam desenraizar o problema. Pelo contrário, o problema é fomentado por quem está dentro do sistema, adiando, até onde pode, um reset que permitiria a mudança de paradigma. &


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| OPINIĂƒO

O DILEMA DO NOVO ACORDO DA OPEP É PRECISO ASSINALAR QUE CORTES NA PRODUĂ‡ĂƒO NĂƒO SIGNIFICA CORTES NAS VENDAS, DADO QUE HĂ PAĂ?SES COM IMENSOS STOCKS E QUE PODEM DECIDIR VENDER PARTE DELES, INUNDANDO, ASSIM, NOVAMENTE, O MERCADO.

Justino Pinto de Andrade Economista

1. A OPEP (Organização dos PaĂ­ses -`XWZ\ILWZM[ LM 8M\Z~TMW Ă…ZUW] VW LQI LM Novembro, em Viena (Ă ustria), um compromisso para a redução da produção, pelos membros do cartel, prevendo um corte de 1,2 milhĂľes de barris de petrĂłleo/dia (bpd). Este compromisso valerĂĄ por seis meses, contados a partir de Janeiro, porĂŠm, admitindo a hipĂłtese de ser estendido por mais seis meses, em função da I^ITQItrW I [MZ NMQ\I MU Ă…VIQ[ LM 5IQW LM A produção actual da OPEP ĂŠ de 33,6 milhĂľes de bpd, e o corte anunciado colocĂĄ-la-ĂĄ, entĂŁo, em 32,5 milhĂľes de bpd. 2. O Acordo de Viena impĂľe os seguintes cortes aos paĂ­ses membros: ArĂĄbia Saudita: 486 mil barris/dia; Iraque: 210 mil bpd; Emirados Ă rabes Unidos: 139 mil bpd; Kuwait: 131 mil bpd; Catar: 30 mil bpd; Venezuela: 95 mil bpd; ArgĂŠlia: 50 mil bpd; Equador: 26 mil bpd; Angola: 87 mil bpd; GabĂŁo: 9 mil bpd; IrĂŁo, 4yJQI M 6QOuZQI Ă…KIZIU Q[MV\I[ LM KWZ\M[ 3. O cartel propĂľe que os paĂ­ses nĂŁo-membros da OPEP procedam tambĂŠm a reduçþes na sua produção atĂŠ 600 mil bpd. Esta orientação encontrou, de imediato, respaldo da RĂşssia – um dos maiores produtores mundiais – que anunciou reduzir a sua produção em cerca de 300 mil barris/dia. 4. É preciso assinalar que cortes na produção VrW [QOVQĂ…KI KWZ\M[ VI[ ^MVLI[ LILW Y]M hĂĄ paĂ­ses com imensos stocks e que podem decidir vender parte deles, inundando, assim, novamente, o mercado. 5. Embora tenha sido um dos impulsionadores do acordo – mesmo que tenha sido um dos responsĂĄveis pela inundação do mercado, para desestabilizar a produção de gĂĄs de xisto pelos norte-americanos –, a ArĂĄbia Saudita pode vir tambĂŠm a ser um dos seus principais violadores, dado que, presentemente, padece de um grande LuĂ…KM WZtIUMV\IT XWLMVLW XWZ Q[[W UM[UW [MZ

tentada a injectar parte dos seus enormes stocks, para assim o cobrir ou aligeirar. 6. O combustível extraído do xisto norte-americano Ê, em grande medida, responsåvel pela alteração da actual conjuntura do mercado internacional de combustíveis. Se outros países optarem igualmente por explorar o xisto, então, poderå mesmo haver uma nova inundação do mercado com a consequente redução dråstica do preço. 7. Tudo isso pode ocorrer se o preço a vigorar nos próximos tempos for capaz de cobrir os custos de produção do combustível de xisto que, como sabemos, são mais elevados do que o das fontes tradicionais. Os especialistas dizem que o preço de equilíbrio do combustível de xisto rondarå os 60 dólares norte-americanos o barril. Corre-se, pois, o risco de entrarmos num novo ciclo de instabilidade nos preços. 8. Durante a campanha eleitoral para as presidenciais norte-americanas, o Presidente eleito prometeu abrir todas as terras e åguas federais para a exploração de combustíveis fósseis. Como consequência, teremos, não apenas um excesso de oferta de petróleo, como, tambÊm, novos e graves factores de degradação do ambiente. Prometeu, igualmente, endurecer a política de relacionamento com o Irão, numa altura em que se assistia jå a um regresso das petrolíferas estrangeiras a esse país. Presentemente, o Irão voltou a ser o segundo maior produtor de petróleo da OPEP e tem potencial para expandir largamente a sua produção. 9. A expansão da exploração do petróleo em åguas profundas dependerå sempre do nível do preço, uma vez que os custos de produção são mais elevados. E as opçþes estratÊgicas das companhias serão sempre uma consequência dos preços vigentes, pois são eles que as farão ou não realizar os investimentos de maior risco. &



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| RADAR

CARTOON SÉRGIO PIÇARRA


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RADAR | 11

IPSIS VERBIS ALVES DA ROCHA, ECONOMISTA IN LABORATÓRIO ECONÓMICO, JORNAL “EXPANSÃO".

“QUANDO O CEIC APRESENTOU E DIVULGOU O SEU RELATÓRIO ECONÓMICO 2015, A 21 DE JULHO PASSADO, TEVE-SE O CUIDADO DE DIZER QUE O SISTEMA BANCÁRIO NÃO ESTAVA BEM E QUE A FALÊNCIA DE UM QUALQUER BANCO (ESTANDO O BPC À FRENTE – UMA INSTITUIÇÃO SEM REGRAS DE CONCESSÃO DE CRÉDITO, OU SEJA, COM FAVORITISMOS POLÍTICOS INACEITÁVEIS QUE GERARAM UM ELEVADÍSSIMO COEFICIENTE DE INADIMPLÊNCIA – E O BCI) TERIA CONSEQUÊNCIAS CATASTRÓFICAS. NESSA ALTURA, QUANDO O CEIC TEVE A CORAGEM DE DIZER QUE O REI IA NU, CHOVERAM CRÍTICAS NO SENTIDO DE QUE ESTA INSTITUIÇÃO DE INVESTIGAÇÃO ERA MUITO PESSIMISTA.”


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| OPINIÃO

FORMAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE QUADROS EMPRESARIAIS A carência de quadros empresariais em Angola é sistematicamente referida como constituindo uma limitação ao crescimento e à angolanização da economia angolana.

AS EMPRESAS ANGOLANAS DE REFERÊNCIA QUE SENTEM, DE MODO MAIS AGUDO, ESTA CARÊNCIA DE QUADROS EMPRESARIAIS DE GESTÃO, PODIAM CONTRIBUIR PARA O FINANCIAMENTO DO PROGRAMA, ATRAVÉS DE CONCESSÃO DE BOLSAS DE ESTUDO AOS MELHORES ALUNOS, QUE RECRUTARIAM, POSTERIORMENTE, PARA AS SUAS EMPRESAS.

Luís Todo Bom Professor Associado Convidado do ISCTE (Lisboa); Presidente do C.A. da Multitel (Luanda)

Existe, também, um grande consenso nacional MU ZMTItrW o LMÅKQMV\M XZMXIZItrW \M~ZQKI M aplicacional, de um grande número de licenciados que saem das universidades angolanas, já que o enorme aumento da quantidade de estudantes universitários não foi, porque não podia ser, acompanhado de uma evolução qualitativa semelhante. A resposta, a médio, longo prazo, passa pelo aumento da qualidade das universidades angolanas, processo lento, já que é necessário tempo para que os docentes obtenham conhecimentos e graus académicos superiores que lhes permitam ensinar de acordo com as melhores práticas internacionais. Esta resposta das universidades, pelo tempo que exige, não menos de dez anos, não é compatível com as necessidades urgentes das empresas angolanas em quadros empresariais, sobretudo nas áreas de gestão e engenharia. A resposta a estas necessidades de curto prazo terá, assim, que ser encontrada na formação executiva e intensiva de quadros superiores empresariais. Apresentei, há cerca de dois anos, a pedido de um líder político angolano, um programa de formação executiva, dirigido a recém-licenciados em Gestão pelas universidades angolanas, através do qual, adquiririam, no prazo de 16 semanas, conhecimentos, teóricos e aplicacionais, que lhes permitissem ingressar nas empresas KWUXTM\IUMV\M XZMXIZILW[ XIZI W[ LM[IÅW[ LM gestão que lhes seriam propostos. O programa estava desenhado de um modo simples, integrando oito disciplinas de gestão que eram leccionadas do seguinte modo: cada disciplina era leccionada intensivamente durante uma semana, correspondendo a 40 horas de formação; na semana seguinte, ocorriam os exames teóricos e resolução de estudos de caso aplicacionais, com

o apoio dos professores das matérias leccionadas. Deste modo, cada disciplina exigia duas semanas de estudo aprofundado, sempre com o acompanhamento dos respectivos professores. Estas oito disciplinas de gestão incluiriam um corpo homogéneo de 5 disciplinas obrigatórias para todos os alunos – Contabilidade, Finanças, Marketing, Operações e Recursos Humanos e três disciplinas de especialização nas áreas escolhidas por cada aluno e que correspondiam ao aprofundamento de conhecimentos em cada uma das cinco áreas estruturais de gestão atrás referidas. O programa seria desenvolvido na sequência de um protocolo de cooperação com uma universidade portuguesa de gestão de referência internacional, com uma aproximação predominantemente aplicacional e leccionado por professores convidados, com grande experiência, não só académica, mas sobretudo de ligação à actividade empresarial. As empresas angolanas de referência que sentem, de modo mais agudo, esta carência de quadros empresariais de gestão, podiam contribuir para o ÅVIVKQIUMV\W LW XZWOZIUI I\ZI^u[ LI KWVKM[[rW de bolsas de estudo aos melhores alunos, que recrutariam, posteriormente, para as suas empresas. Todos os alunos que terminassem com aproveitamento este programa intensivo de formação teriam empregabilidade praticamente garantida nas empresas angolanas. O programa proposto não foi implementado, IXIZMV\MUMV\M XMTI[ LQÅK]TLILM[ MV\ZM\IV\W surgidas, no âmbito das restrições cambiais para suportarem o custo dos professores portugueses, situação que, obviamente, compreendo. Continuo, no entanto, a pensar que este programa seria muito útil e necessário para Angola M Y]M R][\QÅKIZQI ]U XZW\WKWTW LM KWWXMZItrW MV\ZM o Estado angolano e o Estado português, para a sua implementação. &


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Seguindo em Frente


| MACRO

Afonso Francisco

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GOVERNANÇA CORPORATIVA

UMA SOLUÇÃO PARA OS PROBLEMAS DO SISTEMA FINANCEIRO A governança corporativa pretende assegurar que as empresas apresentem melhor performance, melhor controlo e protecção dos investidores. Em Angola, esta prática requer novas estruturas e atitudes. Faltam normas e vontade política, mas algumas empresas já têm dado passos na matéria. &OUSFUBOUP FTQFDJBMJTUBT EFGFOEFN RVF BT mSNBT EP TFDUPS mOBODFJSP UÆN RVF DPNFÃBS B RVBOUJmDBS PT DVTUPT EF VNB GSBDB HPWFSOBÃÀP F B SFnFDUJS TPCSF DPNP BT PSHBOJ[BÃÑFT TÀP EJSJHJEBT F DPOUSPMBEBT TPC QFOB EF DPOUJOVBSFN B WJWFS UVSCVMÆODJBT

Texto: Edjaíl dos Santos


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Afonso Francisco

www.economiaemercado.sapo.ao | Janeiro 2017

QUANDO SE ESPERAVA QUE 2016 TERMINASSE TRANQUILO, MAIS UMA BOMBAโ ฆ EM NOVEMBRO, O GOVERNADOR DO BANCO NACIONAL DE ANGOLA, VALTER FILIPE, REVELOU QUE O SISTEMA FINANCEIRO ANGOLANO ESTร PRATICAMENTE EM โ FALร NCIA Tร CNICAโ POR FALTA DE LIQUIDEZ E QUE A SITUAร ร O CRร TICA DE ALGUNS BANCOS QUE OPERAM NO PAร S ESTร A MINAR TODO O SISTEMA.

Pedro Ntiama, chefe de sector do Banco Nacional de Angola

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| MACRO

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Carlos Aguiar

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NO INÍCIO DE 2015, ÁLVARO NASCIMENTO, ECONOMISTA PORTUGUÊS, DISSE À ECONOMIA & MERCADO QUE A FALÊNCIA DE UM BANCO TEM EFEITO DOMINÓ SOBRE O RESTO DO SISTEMA FINANCEIRO. “ISSO É RESULTADO DA GESTÃO ABUSIVA DO DINHEIRO DOS CLIENTES POR PARTE DOS BANCOS E O REGULADOR TEM QUE ARRANJAR FORMAS DE IMPEDIR QUE ISSO ACONTEÇA. O BNA DEVE ADOPTAR SISTEMAS DE CONTROLO DE RISCOS, QUE PREVÊEM MITIGAR ESSAS CRISES”, REFORÇOU. 6]VW 5I\W[ LI 8ZQKM_I\MZPW][M+WWXMZ[ )VOWTI I^IVtI Y]M I OW^MZVIVtI KWZXWZI\Q^I VW [MK\WZ LM [MO]ZW[ IVLI I L]I[ ^MTWKQLILM[" M`Q[\MU MUXZM[I[ Y]M M[\rW V]U M[\nLQW U]Q\W I^IVtILW M W]\ZI[ Y]M [rW I UIQWZQI IQVLI M[\rW I KWUMtIZ I \w TI MU KWV\I ¹6rW \MVPW L ^QLI[ LM Y]M M[[M u ]U XZWKM[[W Y]M [MZn I\QVOQLW o UMLQLI Y]M I[ MUXZM[I[ [M ^rW IÅZUIVLW VW UMZKILW XWQ[ [M VrW W ÅbMZMU VrW \MZrW []KM[[W M VrW [MZrW [][\MV\n^MQ[º IKZM[KMV\I 7 M[XMKQITQ[\I KWV[QLMZI N]VLIUMV\IT W KWZXWZI\Q^Q[UW XIZI I OM[\rW LW[

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www.economiaemercado.sapo.ao | Janeiro 2017

LEGISLAÇÃO POR ACTUALIZAR António Raposo Subtil, jurista, disse, à margem do lançamento de uma KWUXQTItrW [WJZM I TMOQ[TItrW LW [Q[\MUI ÅVIVKMQZW MU )VOWTI Y]M compliance, coorporate governance e outras questões dos sistemas internacionais sofrem alterações todos os anos e Angola tem Y]M \MZ QVQKQI\Q^I[ XIZI LMÅVQZ TQVPI[ M[\ZI\uOQKI[ M UMLQLI[ LM KWZZMKtrW M VWZUITQbItrW LW Y]ILZW TMOQ[TI\Q^W tendo em conta as solicitações dos organismos internacionais e o que a OTWJITQbItrW QUX M Depois do escândalo BESA, o jurista Carlos Feijó frisou que a Lei das

Afonso Francisco

seguro e bons bancos, sendo que a boa governança dá às empresas robustez, solidez e ajuda a economia e a sua LQ^MZ[QÅKItrWº ^QVKI

Nuno Oliveira Matos, especialista da PricewaterhouseCoopers Angola

Sociedades Financeiras mostrou-se QV[]ÅKQMV\M XIZI ZM[WT^MZ ]U XZWJTMUI KWVKZM\W VW [Q[\MUI ÅVIVKMQZW ,MXWQ[ LM \IQ[ LMKTIZIt M[ I TMQ NWQ IK\]ITQbILI Lê-se no novo documento que “os ajustamentos à referida Lei visam criar um sistema normativo que seja moderno e que constitua um dos elementos N]VLIUMV\IQ[ LI M`MK]trW LI M[\ZI\uOQI LM QV[MZtrW LQVpUQKI LI :MX JTQKI de Angola no sistema económico internacional, garantindo deste modo a [][\MV\IJQTQLILM LW [Q[\MUI ÅVIVKMQZW nacional, os legítimos interesses do Estado e das demais entidades MKWV~UQKI[º 7 M[XMKQITQ[\I LI 8ZQKM_I\MZPW][M+WWXMZ[ Angola, Nuno Matos, pensa que o país \MU TMOQ[TItrW []ÅKQMV\M M MUJWZI XW[[I [MUXZM [MZ UMTPWZILI VI []I óptica dá uma resposta razoável ao UMZKILW &


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WEB SUMMIT LISBOA

EMPRESAS ANGOLANAS PROMETEM VOLTAR 0 8FC 4VNNJU Ã… B NBJPS conferência e feira de tecnologia do mundo, reunindo milhares de empreendedores e especialistas de todos os países num só ponto, todos DPN P PCKFDUJWP EF EFTDPCSJS BT ÔMUJNBT OPWJEBEFT PCUFS contactos e criar parcerias. Este ano, o evento foi USBOTGFSJEP EF %VCMJO OB *SMBOEB QBSB -JTCPB F W¾SJBT empresas angolanas estiveram presentes. A E&M contactou quatro dessas empresas, que partilharam connosco a sua FYQFSJÆODJB OP 8FC 4VNNJU -JTCPB

Texto: 1BUSÉDJB 1JOUP EB $SV[ 'PUPHSBmB Cedidas e Carlos Aguiar

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Bruno Magalhães, Administrador Executivo do Grupo Executive

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20

| MACRO

-51; ¹8WZuU I IXZM[MV\ItrW Y]M UIQ[ UM UIZKW] NWQ I LM 5IZS ;IOIZ »/Q^QVO )Z\QÃ…KQIT 1V\MTTQOMVKM I NIKM¼ Y]M UW[\ZW] Y]rW I^IVtILI Rn [M MVKWV\ZI I nZMI LM 1V\MTQOwVKQI )Z\QÃ…KQIT PWRM MU LQI 6M[\I IXZM[MV\ItrW NWQ XW[[y^MT ^MZ MU \MUXW ZMIT ]UI KZQIVtI ^QZ\]IT I KWUXWZ\IZ [M KWUW ]U [MZ P]UIVW I LMUWV[\ZIZ ZMIKt‚M[ XMZIV\M IXZMVLQbIOMU VW^I <]LW Q[\W ZM^MTI Y]M V]U LQI VrW U]Q\W TWVOM QZMUW[ \MZ UnY]QVI[ Y]M XWLMUW[ MV[QVIZ MU ^Mb LM XZWOZIUIZ M Y]M XWLMZrW [MZ ][ILI[ MU \]LW LM[LM I UMLQKQVI o [MO]ZIVtI QVNWZUn\QKI XI[[IVLW XWZ Ã…VIVtI[ M W]\ZI[ \IV\I[ nZMI[º M[XMKQÃ…KW] 8MLZW 5W]\QVPW )TOW Y]M \IUJuU W QUXZM[[QWVW] XW[Q\Q^IUMV\M NWQ I XIZ\QKQXItrW LM MTMUMV\W[ IVOWTIVW[ VW M^MV\W ¹.WQ JWVQ\W ^MZ ]UI MUXZM[I IVOWTIVI I M`XWZ VW ?MJ ;]UUQ\ \]X]KI KWU M I\ZI^u[ LI App LW ?MJ ;]UUQ\ KWV[MO]Q LM[KWJZQZ UIQ[ XIZ\QKQXIV\M[ LW VW[[W XIy[ IXM[IZ LI[ LQÃ…K]TLILM[ LM LQ^Q[I[ Y]M KWVPMKMUW[º >QK\~ZQI ;IVKPM[ LI :MNZQIVOW \IUJuU NITW] LI XZM[MVtI LI[ MUXZM[I[ IVOWTIVI[ M \IUJuU LI Y]IV\QLILM LM star-ups Y]M [M XWLQIU MVKWV\ZIZ VW M^MV\W 6M[\I MLQtrW M[\Q^MZIU XZM[MV\M[ ! VW^W[ XZWRMK\W[ ¹1[[W u ZMÆM`W LI QUXWZ\pVKQI LM[\M[ M^MV\W[ Y]M [MZ^MU KWUW show room LI[ OZIVLM[ VW^QLILM[º KWV[QLMZI >QK\~ZQI ;IVKPM[ Y]M IKPI Y]M U]Q\I[ LI[ start-ups IXZM[MV\IZIU [WT]t‚M[ JZQTPIV\M[ Y]M LM W]\ZI NWZUI VrW \MZQIU WXWZ\]VQLILM LM IUXTQÃ…KItrW 8IZI I ZM[XWV[n^MT I NWZ\M ZMXZM[MV\ItrW LM VW^W[ XZWRMK\W[ KWV[\Q\]Q] ]U LW[ XWV\W[ UIQ[ XW[Q\Q^W[ LW M^MV\W ) XZWL]\WZI M LQ[\ZQJ]QLWZI IVOWTIVI LM JMJQLI[ M[\M^M VW ?MJ ;]UUQ\ KWU WQ\W XZWÃ…[[QWVIQ[ LI[ nZMI[ LM Top Management Marketing M ;Q[\MUI[ LM 1VNWZUItrW KWU W WJRMK\Q^W LM ITQIZ I[ VMKM[[QLILM[ LW KWV[]UQLWZ o QVW^ItrW Rn Y]M W ?MJ ;]UUQ\ u ]UI XTI\INWZUI Y]M XMZUQ\M IW[ [M][ ^Q[Q\IV\M[ \MZ IKM[[W I drivers U]Q\W ZMTM^IV\M[ XIZI I []I IK\]ItrW VW UMZKILW ¹)[ \MVLwVKQI[ I[ XZWRMKt‚M[ W[ KI[W[ LM []KM[[W W[ MZZW[ I M^Q\IZ I[ XZ~`QUI[ OZIVLM[ QVW^It‚M[ W[ VW^W[ KWVKMQ\W[ [rW insights N]VLIUMV\IQ[ XIZI I M[\ZI\uOQI LM VMO~KQWº LQb >QK\~ZQI ;IVKPM[ Y]M ZMNWZtI W Y]rW QUXWZ\IV\M M[\I ^Q[Q\I [M ZM^MTW] IW TWVOW LW[ \Zw[ LQI[ MU KWV\IK\W

Pedro Moutinho, técnico de suporte aplicacional da EMIS

A TUPUCA, A EXECUTIVE ANGOLA, A EMIS E A REFRIANGO FORAM QUATRO DAS EMPRESAS ANGOLANAS QUE SE DESLOCARAM ATÉ À CAPITAL PORTUGUESA PARA ESTAREM PRESENTES NO MAIOR EVENTO DE TECNOLOGIA DO MUNDO. KWV[\IV\M KWU QLMQI[ M WXWZ\]VQLILM[ LQNMZMVKQILWZI[ Y]M IR]LIZIU I ZMIR][\IZ I ^Q[rW XIZI W[ XZWRMK\W[ Y]M I MUXZM[I M[\n I LM[MV^WT^MZ M XIZI W N]\]ZW LI[ UIZKI[ LW /Z]XW :MNZQIVOW VW LQOQ\IT 1V\MZVIUMV\M NWQ KZQILW ]U N~Z]U XIZI XIZ\QTPI LW[ insights UIQ[ ZMTM^IV\M[ LW ?MJ ;]UUQ\ M LM W]\ZI[ XTI\INWZUI[ KWU W WJRMK\Q^W LM IVITQ[IZ M M[\]LIZ I[ UMTPWZM[ XZn\QKI[ M KWUW ILIX\IZ I[ UM[UI[ IW UMZKILW KWU W WJRMK\Q^W LM XZWXWZKQWVIZ I UMTPWZ M`XMZQwVKQI XW[[y^MT IW ]\QTQbILWZ ¹-U \Zw[ LQI[ \Q^MUW[ KWVNMZwVKQI[ KWU WZILWZM[ MU XITKW XIZI NITIZ LM MUXZMMVLMLWZQ[UW QV^M[\QUMV\W new media UMQW[ \ZILQKQWVIQ[ Uƒ[QKI UMLQKQVI IUWZ QV\MTQOwVKQI IZ\QÃ…KQIT M W]\ZW[ \MUI[ \rW LQ^MZ[W[ M ZMTM^IV\M[ Y]M

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22

| OPINIĂƒO

MACROCEFALIA Macrocefalia ĂŠ a patologia que no mundo anatĂłmico designa um corpo com uma cabeça anormalmente grande e, por analogia, macrocefalia urbana ĂŠ a expressĂŁo que caracteriza um paĂ­s com uma cidade capital anormalmente grande, como ĂŠ o caso de Angola. É este tema que trago QBSB SFnFYĂ€P OFTUF FTQBĂƒP PARECE-ME QUE SEM UMA ABORDAGEM MAIS HOLĂ?STICA DO DESENVOLVIMENTO NĂƒO SERĂ FĂ CIL COMBATER A MACROCEFALIA DA CAPITAL. PARA O FAZER SERIA ACONSELHĂ VEL QUE QUALQUER PLANO DIRECTOR METROPOLITANO ESTIVESSE, Ă€ PARTIDA, SUBORDINADO A UM PLANO DIRECTOR GERAL DO ORDENAMENTO DO TERRITĂ“RIO. E ASSIM O INTERIOR NĂƒO SERIA ESQUECIDO, PELO MENOS NOS PLANOS.

JosĂŠ Gualberto Matos Engenheiro

Extrapolando os dados do censo de 2014, a zona metropolitana de Luanda ultrapassa jĂĄ os sete milhĂľes de habitantes, ou seja, cerca de 30% da população total do paĂ­s. Algumas estimativas apontam para uma população na Grande Luanda de 10 a 12 milhĂľes de habitantes no ano 2030. Segundo dados publicados no AnuĂĄrio EstatĂ­stico de 1973, nessa altura Angola tinha uma população de 6,3 milhĂľes de habitantes e Luanda pouco menos de 500 mil habitantes, o que correspondia a 8% da população total do paĂ­s. A guerra prolongada que se viveu desde os IT^WZM[ LI QVLMXMVLwVKQI I\u R][\QĂ…KW] o ĂŞxodo rural e a fuga das populaçþes para as OZIVLM[ KQLILM[ UI[ LMXWQ[ LI XIb W Æ]`W migratĂłrio nĂŁo abrandou assim tanto. Na realidade, a população da zona metropolitana de Luanda continuou a crescer a um ritmo superior Ă mĂŠdia nacional e isso fez acentuar a macrocefalia. E o que fazemos para contrariar essa tendĂŞncia? Temos de reconhecer que nĂŁo se faz W []Ă…KQMV\M XIZI KWV\ZIZQIZ I \MVLwVKQI macrocĂŠfala, sendo que por vezes sĂŁo passados sinais de sentido contrĂĄrio. Quando se assume no Plano Director Geral Metropolitano de Luanda (PDGML) que ĂŠ preciso preparar Luanda para o dobro da população actual, o sinal que se passa ĂŠ o de incentivo Ă migração para a capital. Sem deixar de se fazer um plano director para Luanda, que certamente ninguĂŠm contesta, nĂŁo seria igualmente importante pensar em desincentivar a migração interna? É injusto dizer que nĂŁo se tem feito nada pelo interior. O que digo ĂŠ que ĂŠ preciso ter cuidado com os sinais que [rW XI[[ILW[ ) QLMQI Y]M Ă…KI u Y]M \]LW W Y]M se faz tem de começar por Luanda. É como os programas de reabilitação das cidades: começam sempre pelas mesmas ruas, estejam estragadas

ou nĂŁo. É a tendĂŞncia centrĂ­peta, resultado da excessiva concentração administrativa: faz-se quase tudo do centro para a periferia. É preciso de vez em quando alterar essa lĂłgica e estabelecer programas que dĂŞem prioridade Ă s periferias. O PDGML assume-se, e muito bem, como uma referĂŞncia para o desenvolvimento da capital angolana, contendo os princĂ­pios e as directrizes que devem sustentar um crescimento ordenado. Mas, na minha opiniĂŁo, nĂŁo se devia misturar plano director com planos de transformação. O plano director ĂŠ o referencial mestre, independente do ritmo de transformação, portanto, um documento ordenador e, por isso, intemporal e nĂŁo orçamentado. Cada plano de transformação ĂŠ que ĂŠ temporizado e orçamentado, cobrindo a execução de cada perĂ­odo, etapa ou espaço, no respeito pelo plano mestre. Esta segregação hierĂĄrquica permitiria separar as ĂĄguas entre aquilo que ĂŠ a missĂŁo central do Estado, a missĂŁo de ordenar, e aquilo que se espera dos empreendedores, que ĂŠ implementar. Sem prejuĂ­zo de o Estado tambĂŠm intervir, ex-post e num outro papel, sobretudo na implementação de infra-estruturas, esta segregação permitiria ainda ter um plano director com vĂĄrios cenĂĄrios de crescimento populacional, evitando assim assumir um crescimento populacional quase taxativo que um mega plano de trans-formação em concreto requer, o que, directa ou indirectamente, acaba por acentuar a macrocefalia. Em conclusĂŁo, parece-me que sem uma abordagem mais holĂ­stica do desenvolvimento nĂŁo serĂĄ fĂĄcil combater a macrocefalia da capital. Para o fazer seria aconselhĂĄvel que qualquer plano director metropolitano estivesse, Ă partida, subordinado a um plano director geral do ordenamento do territĂłrio. E assim o interior nĂŁo seria esquecido, pelo menos nos planos. &


NÚMEROS EM CONTA | 23

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A FORTUNA DE DONALD TRUMP 4,5 MIL MILHÕES DE DÓLARES

10 MIL MILHÕES

ESTIMADOS PELA REVISTA “FORBES”

FORTUNA ESTIMADA DE DONALD TRUMP

E 2,9

DE DÓLARES

MIL MILHÕES APONTADOS PELA “BLOOMBERG”.

1 MILHÃO DE DÓLARES FOI O INVESTIMENTO INICIAL DE QUE DONALD TRUMP PRECISOU PARA CONSTRUIR O SEU IMPÉRIO. O empresário recebeu esse “pequeno empréstimo” do pai, Fred Trump, que fez fortuna no ramo da construção civil, com projectos imobiliários nos bairros de Brooklyn e Queens, em Nova Iorque.

160 MILHÕES DE DÓLARES

É O VALOR POUPADO POR DONALD TRUMP AO PERSUADIR A ADMINISTRAÇÃO DA CIDADE DE NOVA IORQUE A CONCEDER-LHE UMA REDUÇÃO DE IMPOSTOS DE 40 ANOS, ISTO NA DÉCADA DE 1970. NESSA ÉPOCA, A CIDADE NOVA-IORQUINA AINDA NÃO ERA CONSIDERADA UM DESTINO DE LUXO, O QUE REPRESENTOU UM GRANDE RISCO PARA O JOVEM EMPRESÁRIO. NO ENTANTO, ESPECIALISTA EM FAZER NEGÓCIOS, DONALD TRUMP CONSEGUIU VENDER A SUA METADE DO HOTEL HYATT POR 142 MILHÕES DE DÓLARES, EM 1996.

57 MILHÕES DE DÓLARES FOI O CUSTO DA CAMPANHA DE DONALD TRUMP À PRESIDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. DESTE VALOR, 43,8 MILHÕES VIERAM DA SUA FORTUNA PESSOAL.

10 MILHÕES DE DÓLARES Foi quanto custou a luxuosa mansão de Donald Trump em Palm Beach, no estado da Flórida. Chamada Mar-a-Lago, o design de interior da residência é assinado por Joseph Urban, que já decorou palácios reais. Tem 2 200 blocos de mármore branco e preto para o chão, 20 000 telhas de um castelo cubano e 36 000 azulejos espanhóis, alguns deles do século XV. Entretanto, as remodelações feitas ao imóvel valorizam-no para cerca de 300 milhões de dólares norte-americanos, informa a “Fortune”.

“A ARTE DE FAZER NEGÓCIOS” Lançado em 1987, vendeu 177 000 cópias em todas as edições, ao contrário de um milhão de livros, como defende o Presidente eleito dos Estados Unidos. Os dados são apresentados pelo site PolitiFact, com base nas estatísticas da Nielsen.

DAS 515

EMPRESAS EM QUE DONALD TRUMP ESTEVE COMO EXECUTIVO,

268 LEVAM O SEU APELIDO.

ENTRE OS NEGÓCIOS QUE MAIS DINHEIRO DÃO A TRUMP DESTACAM-SE TRÊS:

30 MILHÕES DE DÓLARES

CLUB MAR-A-LAGO

132 MILHÕES

13 MILHÕES

RESORT DORAL

PISTA DE PATINS CENTRAL PARK

DE DÓLARES

DE DÓLARES


24

| CAPA

REFORMA EDUCATIVA

QUALIDADE DE ENSINO É MAIS DO QUE NĂšMEROS A Segunda Reforma Educativa do sistema de ensino em Angola, iniciada em 2004, teve quatro objectivos gerais, nomeadamente, a expansĂŁo da rede escolar; a melhoria da RVBMJEBEF EF FOTJOP P SFGPSĂƒP EB FmDžDJB do sistema de educação e a equidade do sistema de educação, que foram alcançados “satisfatoriamenteâ€?, segundo o ministro da Educação, que ĂŠ contrariado por tĂŠcnicos e gestores ligados ao sector, segundo os quais o maior avanço ocorreu apenas ao nĂ­vel do aumento da oferta de salas de aula. Mas Pinda SimĂŁo tambĂŠm reconhece que, em relação ½ RVBMJEBEF EF FOTJOP BJOEB Iž NVJUP QPS TF trabalhar, pois esta vai alĂŠm dos nĂşmeros.

Texto: SebastiĂŁo Vemba 'PUPHSBmB Carlos Aguiar

As verbas para o Programa de Reforma Educativa sofreram um corte de 62% de 2014 a 2016, de acordo com uma anålise da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), que avaliou, em conjunto com a Unicef, as prioridades do sector da Educação no Orçamento Geral do Estado em Angola. No geral, a atribuição de verbas aos programas

prioritĂĄrios do sector da Educação sofreu um corte de 35% nos Ăşltimos dois anos, sendo que o Programa de Implementação do Sistema Nacional de CiĂŞncia, Tecnologia e Inovação foi o mais afectado. Entretanto, ao longo da Ăşltima dĂŠcada, aponta o documento, “Angola deu enormes passos para melhorar o acesso Ă educação,

mas permanecem fortes desigualdades no acesso ao ensino e a qualidade do ensino XMZUIVMKM KWUW LM[IĂ…W principal do sistemaâ€?. Os avanços em termos quantitativos sĂŁo evidentes. O nĂşmero de alunos matriculados em todos os nĂ­veis de ensino mais do que triplicou, tendo passado de 2,2 milhĂľes em 2001 para 8 milhĂľes em 2014, refere o relatĂłrio da ADRA e

da Unicef, que critica, porĂŠm, as assimetrias no acesso de 22% das crianças de idade escolar fora do sistema de ensino e KWU LQ[XIZQLILM[ OMWOZnĂ…KI[ marcadas, alĂŠm de diferenças entre crianças nas ĂĄreas urbanas e rurais, sendo que “as crianças que vivem em famĂ­lias pobres tĂŞm nĂ­veis de participação escolar muito inferiores aos das outras crianças, particularmente nas zonas ruraisâ€?.


CAPA | 25

www.economiaemercado.sapo.ao | Janeiro 2017

PERCENTAGEM DO OGE ATRIBUÍDO AO SECTOR DA EDUCAÇÃO ENTRE 2010-2016 Valores em percentagem (%)

20

Compromisso de Dakar

18 16 14 12 10

8,5

8,2

8,8

8,4

8

8,6

7,7

6,2

6,8

6 4 2 0 2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

Fonte: OGE 2010-2016

O MINISTRO DA EDUCAÇÃO, PINDA SIMÃO, ADMITIU, RECENTEMENTE, QUE, APESAR DOS RESULTADOS SATISFATÓRIOS DA REFORMA EDUCATIVA, AINDA EXISTE MUITO TRABALHO A SER FEITO AO NÍVEL DA QUALIDADE DE ENSINO. TAMBÉM PARA O VICE-PRESIDENTE DO SINDICATO NACIONAL DE PROFESSORES (SINPROF), “A QUALIDADE DE ENSINO AINDA DEIXA MUITO A DESEJAR”.

EVOLUÇÃO DE SALAS DE AULA NOS NÍVEIS DE ENSINO ENTRE 2001-2010 ANTIGO SISTEMA DE EDUCAÇÃO

NOVO SISTEMA DE EDUCAÇÃO

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

17.236

25.436

33.950

35.665

37.380

41.343

45.608

46.976

48.386

1º Ciclo do Ensino Secundário

1.225

1.269

1.421

1.809

2.197

2.796

3.467

3.571

3.678

2º Ciclo do Ensino Secundário

551

571

640

814

995

1.194

1.441

1.484

1.529

Ensino Primário

Total geral

19.012 27.276

36.011 38.288 40.572 45.333 50.516 52.031 53.592

Fonte: Relatório de Balanço da Implementação da 2ª Reforma Educativa em Angola


26

| CAPA

SOBRE A REFORMA EDUCATIVA

O Governo considera, no relatĂłrio de Balanço da 2ÂŞ Reforma Educativa, que se trata de um “processo complexo que implica uma mudança de vulto, desejĂĄvel e vĂĄlida, do Sistema de Ensino vigente desde 1978 para o Novo Sistema Educativo, aprovado atravĂŠs da Lei de Base do Sistema de Educação, Lei n.Âş 13/01, de 31 de Dezembroâ€?. A Reforma Educativa, que, entretanto, começou a ser implementada em 2004, tem como suporte o plano de implementação progressivo do Novo Sistema de Educação, aprovado pelo Decreto n.Âş 2/05 de 14 de Janeiro, que ocorreu em cinco fases, nomeadamente “Preparaçãoâ€?, “Experimentaçãoâ€?, “Avaliaçãoâ€?, “Correcçãoâ€?, “Generalizaçãoâ€? e “Avaliação Globalâ€?. A primeira fase teve inĂ­cio em 2003, altura em que se realizou o Conselho Consultivo do MinistĂŠrio da Educação, edição de manuais, programas, planos de estudos, guias metodolĂłgicos, formação de professores experimentadores e selecção das escolas de experimentação. De acordo com o RelatĂłrio de Balanço da 2ÂŞ Reforma &EVDBUJWB OP i&OTJOP 1SJNžSJP WFSJmDPV TF VNB diferença mais acentuada das taxas entre a Fase de Experimentação e a Fase de Generalização do Novo Sistema de Educação porque o universo de escolas na 'BTF EF (FOFSBMJ[BĂƒĂ€P FOGSFOUPV JOĂ”NFSBT EJmDVMEBEFTw nomeadamente, “infra-estruturas degradadas, turmas sobrelotadas, professores com baixo nĂ­vel acadĂŠmico e sem formação especializada sobre os novos materiais QFEBHĂ?HJDPT EJmDVMEBEFT EF EJTUSJCVJĂƒĂ€P EPT NBOVBJT QBSB PT BMVOPT F B GBMUB EF SFDVSTPT mOBODFJSPT QBSB o funcionamento das escolas primĂĄriasâ€?, lĂŞ-se no documento.

Ou seja, se antes se aplaudia os ganhos no pilar “ExpansĂŁo -[KWTIZÂş MU Y]M [M ^MZQĂ…KW] o aumento da capacidade de admissĂŁo de novos alunos e estudantes, que de 2004 a 2010 passaram de 2,2 milhĂľes para 6,1 milhĂľes, a realização do Censo Geral da População e Habitação em 2014 permitiu perceber que ainda existe muito trabalho a ser feito neste domĂ­nio. Segundo a anĂĄlise da ADRA, “a taxa de analfabetismo no paĂ­s permanece elevada e estĂĄvel em 34%, sendo perto de 60% nas zonas ruraisâ€?. Deste modo, alertam os pesquisadores, Angola deve esforçar-se para cumprir o Compromisso de Dakar, que recomenda que os governos atribuam 20% do total dos seus orçamentos para o sector da Educação. Mas vai levar tempo para que este objectivo seja atingido, atendendo a que a alocação de verbas Ă Educação apresenta uma tendĂŞncia decrescente no OGE. Comparativamente ao que mereceu em 2016, no presente ano, o peso do sector diminuiu de 7,7% para 6,9%. Segundo o parecer da ADRA e do OPSA sobre o OGE 2017, “esta diminuição torna-se mais

gravosa se, alĂŠm dos cortes nominais, considerarmos os cortes reais com base na \I`I LM QVÆItrW =U LW[ exemplos mais eloquentes desta diminuição ĂŠ a redução em 67% da alocação de recursos para o ensino prĂŠ-escolar, que jĂĄ se encontra num nĂ­vel muito baixo. Esta diminuição contraria as prioridades estabelecidas pelo PND para o sectorâ€?, lĂŞ-se na anĂĄlise da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente e do ObservatĂłrio PolĂ­tico e Social de Angola. QUALIDADE DE ENSINO AINDA DEIXA A DESEJAR O ministro da Educação, Pinda SimĂŁo, admitiu, recentemente, que, apesar dos resultados satisfatĂłrios da Reforma Educativa, ainda existe muito trabalho a ser feito ao nĂ­vel da qualidade de ensino. TambĂŠm para o vice-presidente do Sindicato Nacional de Professores (SINPROF), que despensa eufemismos, “a qualidade de ensino ainda deixa muito a desejarâ€?. “Acredito que o MinistĂŠrio da Educação nĂŁo seja tĂŁo cego para nĂŁo fazer uma nova reformulação do sistema.

RENDIMENTO INTERNO ATÉ 2010 (TAXAS DE APROVAĂ‡ĂƒO, REPROVAĂ‡ĂƒO E ABANDONO) SISTEMA DE EDUCAĂ‡ĂƒO

ANTIGO

FASES DA REFORMA TAXAS

APROV. REPROV. ABAND.

NOVO EXPERIMENTAĂ‡ĂƒO

GENERALIZAĂ‡ĂƒO

APROV. REPROV. ABAND.

APROV. REPROV. ABAND.

Ensino PrimĂĄrio

42%

32%

26%

91,10%

6,08%

2,82%

-

-

-

1Âş Ciclo do Ensino SecundĂĄrio

45%

25%

30%

83,90%

12,80%

3,30%

67,10%

17,80%

15,10%

2Âş Ciclo do Ensino SecundĂĄrio

44%

30%

26%

77,30%

14,20%

8,50%

70,80%

13,30%

15,90%

Fonte: Relatório de Balanço da Implementação da 2ª Reforma Educativa em Angola


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Contudo, da parte dos professores, sentimos que as condições de trabalho ainda são desfavoráveis. Reconhecemos que haja menos dedicação por parte de alguns professores e outro tipo de culpa da nossa classe, mas as condições de trabalho continuam bastante arcaicas, relativamente a um ensino que se quer projectado para o futuro”, criticou Manuel de Victória Pereira. Para o responsável, é também fundamental que se melhore o orçamento para o sector. “Reivindicamos que se faça uma maior redução nos gastos militares, porque já vivemos num período de paz e não faz sentido que o OGE continue a reservar uma verba sempre irrisória para a Educação”,

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IÅZUW] IZO]UMV\IVLW Y]M “em 2016, por exemplo, se se tirar a parte relativa ao ensino ]VQ^MZ[Q\nZQW ÅKIUW[ KWU ]UI XMZKMV\IOMU Y]M ÅKI pelos 6%, embora a educação tenha múltiplas necessidades, sendo que são precisos muitos investimentos, não apenas no ambiente de trabalho, mas também em material de ensino em quantidade e qualidade necessárias para serem distribuídos. E é preciso investir muito no homem”. Segundo a ADRA e a Unicef, I QV[]ÅKQwVKQI LM XZWNM[[WZM[ em número e em termos de Vy^MT LM Y]ITQÅKItrW ILMY]ILI nas áreas rurais é um dos UIQWZM[ LM[IÅW[ LW [MK\WZ da Educação em Angola, [MVLW Y]M W[ ¹KTI[[QÅKILWZM[

orçamentais não permitem determinar com clareza o nível de despesa nos salários e na capacitação de professores”. Na mesma linha de pensamento, Manuel de >QK\~ZQI 8MZMQZI IÅZUI Y]M W[ XZWNM[[WZM[ \wU XW]KI[ capacidades de se superarem nas regiões onde estão alocados, principalmente no interior do país, “por isso deviam ser melhor assistidos com formações contínuas”. No entanto, lamenta que “com as verbas que a Educação tem tido VW 7/- Q[[W ÅKI U]Q\W XMTW sonho e pelas aspirações”. )QVLI VI [MVLI LW[ LM[IÅW[ do sector, Manuel de Victória Pereira defende a criação de ¹]UI KTI[[M LM XZWÅ[[QWVIQ[ angolanos que possa substituir,

de forma gradual, postos de trabalho de direcção, ainda muito ocupados por quadro estrangeiros”. Para tal, refere, “será preciso investir-se na formação de quadros que reproduzam técnicos capacitados com instrumentos []ÅKQMV\MUMV\M NWZ\M[ XIZI fazer face ao mercado de \ZIJITPW 7]\ZW LM[IÅW u W país trilhar o caminho do XZWOZM[[W WVLM I KQwVKQI M W saber não sirvam apenas para efeitos técnicos e de emprego, mas também para a satisfação intelectual e espiritual das pessoas”. “Precisamos que o país se modernize e se desenvolva em todos os sectores, e não isoladamente no mobiliário ou nas infra-estruturas”. &

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REFORMA EDUCATIVA

O ESTADO DO ENSINO EM ANGOLA


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O Dia Nacional do Educador, 22 de Novembro, constituiu uma PQPSUVOJEBEF QBSB RVF IPVWFTTF VNB SFnFYĂ€P ½ WPMUB EB RVBMJEBEF dos professores e do ensino em geral em Angola, assim como da sua expansĂŁo por todo o paĂ­s numa altura em que o aperto mOBODFJSP RVF "OHPMB BUSBWFTTB BHSBWB P BTTVOUP

Afonso Francisco

Texto: António Piçarra

) ZMÆM`rW MV^WT^M] W ministro da Educação, Pinda SimĂŁo, segundo o qual o melhoramento da qualidade do ensino e a sua expansĂŁo por todo o espaço nacional ĂŠ um processo em curso, mas que nĂŁo tem contado com os meios necessĂĄrios, nem com a sabedoria de todos os actores. A seu ver, alĂŠm de actores desmotivados, o sector tambĂŠm enfrenta mĂĄ qualidade de gestĂŁo, falhas na inspecção e supervisĂŁo, carĂŞncias de infra-estruturas e de material didĂĄctico. De acordo com o ministro, salĂĄrios incompatĂ­veis com as categorias, atrasos nos pagamentos, a nĂŁo promoção de docentes habilitados e a falta de transportes, que obriga os professores a percorrerem longas distâncias, “tĂŞm contribuĂ­do para a falta de assiduidade nas instituiçþes de ensino e de cumprimento efectivo do calendĂĄrio lectivoâ€?. “A culpa nĂŁo ĂŠ dos professoresâ€?, reconheceu o ministro em recente entrevista Ă comunicação social,

acrescentando: “Cabe-nos a nĂłs (MinistĂŠrio da Educação), criar as condiçþes para que tenham boa formação, acompanhamento, apoio e que o sistema de avaliação do desempenho dos professores seja feito da melhor forma, para os ajudar a mudar e a intervirâ€?. A deduzir das palavras do ministro, o MinistĂŠrio da Educação nĂŁo tem criado condiçþes para que os professores tenham a adequada formação e acompanhamento para um melhor desempenho XZWĂ…[[QWVIT 7 5QVQ[\uZQW tambĂŠm nĂŁo tem sabido levar

o ensino a todo o espaço nacional, o que nĂŁo estĂĄ alheio a reconhecida mĂĄ gestĂŁo. DINHEIRO Ă€ MĂ?NGUA Esta situação deve-se tambĂŠm aos orçamentos anuais para o sector da Educação, que ainda [rW QV[]Ă…KQMV\M[ =U M[\]LW levado a cabo pela Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) e pelo Fundo das Naçþes Unidas para a Infância (UNICEF) mostra que “nos Ăşltimos trĂŞs anos as verbas para o sector da Educação foram alvo de cortes importantes, sendo que em 2016 registaram uma considerĂĄvel diminuição

DE ACORDO COM O MINISTRO DA EDUCAĂ‡ĂƒO, PINDA SIMĂƒO, A REFORMA EDUCATIVA PERMITIU DESCOBRIR QUE CERCA DE 23% DAS CRIANÇAS EM IDADE ESCOLAR ESTĂƒO FORA DO SISTEMA DE ENSINO, QUE APENAS 51% DOS PAIS E ENCARREGADOS DE EDUCAĂ‡ĂƒO SE PREOCUPAM EM ACOMPANHAR OS EDUCANDOS E QUE CERCA DE 70% DAS ESCOLAS DO PAĂ?S PRECISAM DE OBRAS DE MANUTENĂ‡ĂƒO.


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DR

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Pinda Simão, Ministro da Educação

DE ACORDO COM PINDA SIMĂƒO, SALĂ RIOS INCOMPATĂ?VEIS COM AS CATEGORIAS, ATRASOS NOS PAGAMENTOS, A NĂƒO PROMOĂ‡ĂƒO DE DOCENTES HABILITADOS E A FALTA DE TRANSPORTES, QUE OBRIGA OS PROFESSORES A PERCORREREM LONGAS DISTĂ‚NCIAS, “TĂŠM CONTRIBUĂ?DO PARA A FALTA DE ASSIDUIDADE NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO E DE CUMPRIMENTO EFECTIVO DO CALENDĂ RIO LECTIVOâ€?.

A REFORMA EDUCATIVA E A MONODOCĂŠNCIA A Ăşltima reforma do sector da Educação, que aconteceu em MFWPV P FOTJOP QSJNžSJP B QBTTBS EF RVBUSP QBSB TFJT DMBTTFT DPN PT QSPGFTTPSFT B FYFSDFSFN B NPOPEPDÆODJB (apenas um professor acompanha uma turma durante os seis anos). A maioria dos professores acha que esse sistema “em WF[ EF GPSNBS FTUž B EFGPSNBS PT BMVOPTw 0 QSPGFTTPSBEP SFDPOIFDF RVF B DMBTTF BJOEB OĂ€P FTUž devidamente preparada para esse sistema, pois o processo EF GPSNBĂƒĂ€P F PT TFNJOžSJPT EF DBQBDJUBĂƒĂ€P iOĂ€P UÆN TJEP TVmDJFOUFT GBDF ½T OPWBT FYJHÆODJBTw /B PQJOJĂ€P FTQFDÉmDB EF VNB QSPGFTTPSB iB NPOPEPDÆODJB Kž TF SFWFMPV JOGSVUÉGFSB quer para os alunos quer para os professores. Espero que se JOTJSBN NBJT QSPGFTTPSFT F RVF DBEB VN FTUFKB OB TVB žSFB EF GPSNBĂƒĂ€P QBSB RVF TF QPTTB QĂ?S mN ½ NPOPEPDÆODJBw TambĂŠm o ministro da Educação, na sua mais recente FOUSFWJTUB BmSNPV i/Ă€P FTUPV TBUJTGFJUP DPN PT SFTVMUBEPT de alguns professores, por haver alunos que nĂŁo estĂŁo a aprender. O trabalho do professor nĂŁo tem sido uniforme em todo o territĂłrio nacional nem corresponde aos objectivos traçados. (‌) O nĂşmero de alunos nas escolas aumentou e isto permitiu recrutar os professores disponĂ­veis, mas nem

UPEPT UÆN BT NFTNBT DPNQFUÆODJBT GB[FOEP DPN RVF PT resultados nĂŁo sejam os melhoresâ€?. Segundo Pinda SimĂŁo, o MinistĂŠrio da Educação tem o registo EF NJM QSPGFTTPSFT QSJNžSJPT JODMVJOEP USBCBMIBEPSFT de apoio, para um universo de mais de 5 milhĂľes de alunos. “Os professores sĂŁo submetidos a um ritmo intensivo e nĂŁo asseguram o ensino como desejamosâ€?, com a maioria a dar aulas sem os respectivos planos e pondo em risco a qualidade dos nĂ­veis subsequentes. De acordo com o ministro, a reforma educativa permitiu JEFOUJmDBS B FYJTUÆODJB EF DFSDB EF EBT DSJBOĂƒBT FN JEBEF escolar fora do sistema de ensino. A reforma apurou tambĂŠm que apenas 51% dos pais e encarregados de educação se preocupam em acompanhar os educandos e que cerca de 70% das escolas do paĂ­s precisam de obras de manutenção. 0 NJOJTUSP SFGFSJV RVF iBT DPNQFUÆODJBT EPT BMVOPT continuam a ser a grande preocupação, principalmente no FOTJOP QSJNžSJP RVF Ă… B CBTF EB QJSÂżNJEF FEVDBDJPOBMw POEF P QSPGFTTPS iPDVQB P QBQFM DFOUSBM F Ă… P SFTQPOTžWFM FN motivar e criar as condiçþes materiais e tĂŠcnicas para que o conhecimento aconteçaâ€?.


CONTA SALÁRIO BAI

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comparativamente ao período anterior à crise”. Por seu lado, o ministro da Educação reconheceu que a situação afecta até áreas de “maior impacto, como o ensino primário, que é o alicerce que sustenta o edifício que é o sistema educativo”, cujo orçamento diminuiu 35% em relação a 2014, por exemplo. “A distribuição do orçamento indica que em 2016 o ensino primário recebeu 59% dos recursos para o sector da Educação”, quando no ano anterior representou 67%. Isto acontece numa altura em que o número controlado de crianças a estudar em todo o território nacional subiu em 2016 para cerca de 5 milhões e 400 mil, distribuídas por 56 mil salas de aula, quando comparado com o ano de 2002, em que estavam matriculados no ensino primário cerca de 1 milhão e 700 mil crianças, em 19 mil salas. Acontece também num momento em que a Assembleia Nacional aprovou, MU LMÅVQ\Q^W W ITIZOIUMV\W gradual da obrigatoriedade e da gratuitidade à classe de iniciação e ao 1º ciclo do ensino secundário. A gratuitidade ascende a nove anos, em vez dos actuais seis anos, no sentido de “assegurar os pressupostos de base para uma escolarização mais abrangente dos cidadãos em idade escolar”. No debate realizado pela ADRA e pela Rede Angolana da Sociedade Civil de Educação para Todos (Rede EPT-Angola) com o apoio da UNICEF, concluiu-se que “é importante que o

Estado possa ir mais longe, para preservar de cortes sectores tão estratégicos como o da Educação”, uma vez que Angola assumiu o compromisso internacional de implementação do programa Educação de Qualidade para Todos 2013-2020, que ¹VMKM[[Q\I LM ÅVIVKQIUMV\W[ mais consistentes”. COMPROMISSOS INTERNACIONAIS O compromisso de Angola para com este programa remonta a 1990, por ocasião da Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada em Jomtien (Tailândia), que adoptou a Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem, subscrita pela maioria da comunidade internacional M ZMIÅZUILI MU VW Fórum Mundial de Educação, realizado em Dakar (Senegal). Entre os objectivos do programa destaca-se o de “expandir e melhorar, em todos os aspectos, a educação na primeira infância, especialmente para as crianças mais vulneráveis e desfavorecidas”. Outro importante objectivo é o de assegurar que “todas as crianças e, sobretudo, as crianças em situação difícil e pertencentes a minorias étnicas, tenham acesso a um ensino primário gratuito e obrigatório de boa qualidade, e o concluam”. Mas os objectivos do Programa de Educação de Qualidade para Todos não abarcam apenas as crianças, já que um deles é “responder às necessidades de aprendizagem

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de todos os jovens e adultosâ€?, como forma de os preparar para a vida activa. Nesse aspecto, o ministro angolano da Educação assegura que cerca de 2 milhĂľes e 500 mil jovens estĂŁo actualmente a estudar no ensino secundĂĄrio, contemplado com 20% do orçamento do sector. “O nĂşmero de alunos que conclui o ensino secundĂĄrio e ingressa no mercado de trabalho estĂĄ cifrado em 56 milâ€?, segundo o governante. Na opiniĂŁo de Pinda SimĂŁo, “estamos a criar mais oportunidades de formação no ensino secundĂĄrio. É o nĂ­vel de ensino em que se criam as competĂŞncias necessĂĄrias para o apoio ao desenvolvimento, por ser aĂ­ que se formam trabalhadores Y]ITQĂ…KILW[ \uKVQKW[ UuLQW[ e professores. O sistema estĂĄ a evoluir, apesar de termos IQVLI ITO]U LuĂ…KM MU \MZUW[ de qualidadeâ€?. MELHORAR A QUALIDADE DO ENSINO O Sindicato Nacional de Professores de Angola (SINPROF) tem-se queixado do facto de o Governo “nĂŁo valorizar a opiniĂŁo dos agentes da educação, o que tem implicaçþes na obtenção de resultados satisfatĂłrios na luta pela qualidade do ensinoâ€?. “Prometeu-se merenda escolar, mas as crianças continuam a nĂŁo a ter. As condiçþes em que as escolas funcionam sĂŁo mĂĄsâ€?, diz Manuel de VitĂłria Pereira, vice-presidente do SINPROF, segundo o qual, para se alcançar a desejada qualidade no ensino, tem de deixar

de haver “aulas debaixo de ĂĄrvores e escolas em ruĂ­nasâ€?. Com efeito, o foco seguinte deverĂĄ ser a qualidade, o que foi reconhecido num discurso recente do Presidente da RepĂşblica, JosĂŠ Eduardo dos Santos. “O ensino cresceu em quantidade e o nosso LM[IĂ…W IOWZI u UMTPWZIZ I []I qualidade. Temos de melhorar com urgĂŞncia a formação dos professores, sobretudo no ensino primĂĄrio e no ensino mĂŠdioâ€?, disse o Presidente. Na perspectiva de JosĂŠ Eduardo dos Santos, â€œĂŠ necessĂĄrio ajustar tambĂŠm o conteĂşdo dos programas para fazer dos estabelecimentos de ensino instituiçþes capazes de ligar a aquisição de conhecimentos teĂłricos o XZn\QKI XZWĂ…[[QWVIT LM forma a estimular o desejo de empreender e contribuir para vencer a batalha do desenvolvimentoâ€?. &

O ENSINO SUPERIOR EM NĂšMEROS 0 (PWFSOP QSFWÆ HBTUBS DPN P FOTJOP TVQFSJPS FN cerca de 1% de todas as despesas do Orçamento Geral do Estado, equivalente a 80 570 milhĂľes de kwanzas (488 milhĂľes de dĂłlares), o que, apesar de tudo, representa um aumento em relação a 2016. 0 EJOIFJSP TFSž VUJMJ[BEP FN EFTQFTBT SFMBDJPOBEBT DPN PT 28 institutos e universidades pĂşblicas existentes nas sete regiĂľes acadĂŠmicas do paĂ­s. Por exemplo, sabe-se que oito universidades pĂşblicas tinham contratado 253 novos USBCBMIBEPSFT BUĂ… BP mOBM EF TPCSFUVEP QSPGFTTPSFT AlĂŠm dessas instituiçþes pĂşblicas, Angola dispĂľe de 45 estabelecimentos privados de ensino superior, albergando mais de 269 mil estudantes de nĂ­vel superior em 2016, quando em 2002 nĂŁo passavam de 14 mil estudantes, de acordo com os dados disponĂ­veis. Em termos de qualidade, o acadĂŠmico Jaka Jamba defende que o ensino superior necessita de um EJBHOĂ?TUJDP OP TFOUJEP EF iJEFOUJmDBS RVBJT BT JOTUJUVJĂƒĂ‘FT RVF OĂ€P UÆN DPOEJĂƒĂ‘FT QFEBHĂ?HJDBT DJFOUÉmDBT F WFSJmDBS a idoneidade e a credibilidade docenteâ€?.

Arquivo

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REFORMA EDUCATIVA

ESQUECIDOS, PROFESSORES QUEREM MAIS FORMAÇÃO E MELHORIA SALARIAL A melhoria salarial e o reforço da formação contínua constam das QSJODJQBJT FYJHÆODJBT dos professores angolanos, cuja opinião não foi devidamente relevada no processo de implementação da segunda Reforma Educativa, iniciada em 2002, acusa o vice-presidente do Sindicato Nacional de Professores, Manuel de Victória Pereira. O também professor defende, de forma geral, um reforço da formação de formadores, o que QFSNJUJS¾ B NÅEJP prazo, o aumento do OÔNFSP EF QSPmTTJPOBJT RVBMJmDBEPT RVF possam suprir as necessidades do sector. Entretanto, P SFTQPOT¾WFM BMFSUB também que é fundamental que se valorize cada vez mais a força de trabalho, nomeadamente através da melhoria salarial e da oferta de condições de trabalho mais adequadas.


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OS PROFESSORES NĂƒO FORAM TIDOS EM CONTA AO LONGO DA IMPLEMENTAĂ‡ĂƒO DA REFORMA EDUCATIVA, O QUE ERA UMA NECESSIDADE PARA QUE O PAĂ?S PUDESSE INVERTER O ANTIGO QUADRO DE “ENSINO PAUPÉRRIMOâ€?, MAS “MUITAS FALHAS FORAM COMETIDAS AO LONGO DESSE PROCESSO, DAĂ? QUE HĂ QUEM FALE NUMA POSSĂ?VEL TERCEIRA REFORMA EDUCATIVA OU REFORMA DA REFORMAâ€?, AFIRMA MANUEL DE VICTĂ“RIA PEREIRA.

Texto: SebastiĂŁo Vemba 'PUPHSBmB Arquivo

A monodocĂŞncia e a passagem automĂĄtica de alunos foram as principais contestaçþes dos professores Ă Reforma Educativa, sendo que a classe sempre defendeu, alĂŠm da melhoria salarial, a contratação de novos XZWĂ…[[QWVIQ[ XIZI XMZUQ\QZ ]U equilĂ­brio no rĂĄcio professor-alunos. No entanto, esta sĂşplica nĂŁo foi ouvida, sendo que, em algumas regiĂľes do paĂ­s com menor oferta de salas de aula, os professores ainda lidam com a sobrelotação escolar e padecem de falta de formação ou domĂ­nio de disciplinas matemĂĄticas. De acordo com Manuel de VictĂłria Pereira, vice-presidente do Sindicato Nacional de Professores, na ausĂŞncia de formação e refrescamento, alĂŠm da falta de domĂ­nio de disciplinas matemĂĄticas, alguns professores passaram a executar o seu trabalho de forma “aldrabadaâ€?. Segundo acusa, os professores nĂŁo foram tidos em conta ao longo da implementação da Reforma Educativa, o que era uma necessidade para que o paĂ­s pudesse inverter o antigo quadro de “ensino paupĂŠrrimoâ€?, mas “muitas falhas foram cometidas ao longo desse processo, daĂ­ que hĂĄ quem fale numa possĂ­vel terceira Reforma Educativa ou reforma da reformaâ€?. Para a classe docente, que sempre defendeu que nĂŁo havia nem condiçþes humanas nem materiais para a implementação da Reforma

Educativa, os processos de formação contĂ­nua devem ir alĂŠm dos “simples seminĂĄrios informativosâ€? e deve-se apostar nas formaçþes tĂŠcnicas dos professores. CONTRATAĂ‡ĂƒO DE NOVOS PROFESSORES? TALVEZ EM 2017 O Estado angolano previa recrutar novos funcionĂĄrios pĂşblicos em Junho de 2016, porĂŠm, devido Ă limitação LM ZMK]Z[W[ Ă…VIVKMQZW[ M[[M processo nĂŁo avançou. Em Maio do ano passado, o Governo tencionava contratar mais de 18 mil funcionĂĄrios do sector da educação, sobretudo professores, e 2 146 para a saĂşde, principalmente mĂŠdicos e enfermeiros. Na altura, foi aprovada, por decreto presidencial, a abertura de uma linha de crĂŠdito adicional ao Orçamento Geral do Estado de 2016 no montante de 31 mil milhĂľes de kwanzas para pagamento de despesas relacionadas com novas admissĂľes.

No entanto, o paĂ­s enfrentava um corte de 50% das receitas de exportação de petrĂłleo, a principal fonte LM Ă…VIVKQIUMV\W LW 7/- o que motivou o Executivo a recuar na sua intenção de contratar novos funcionĂĄrios, pondo assim em prĂĄtica medidas de austeridade que implicavam, entre vĂĄrias acçþes, o congelamento de admissĂľes. No entanto, em Novembro passado, atravĂŠs de um despacho conjunto dos ministros das Finanças, Archer Mangueira, e da Administração do TerritĂłrio, Bornito de Sousa, o Executivo aprovou a abertura de 9 196 quotas para o ingresso de quadros no regime especial e geral do sector da Educação nas 18 provĂ­ncias do paĂ­s. Segundo a informação divulgada pela portuguesa “Lusaâ€?, sĂł para professores, em vĂĄrios nĂ­veis de ensino entre o primeiro e o segundo ciclo, foram aprovadas 6 700 quotas, sendo as restantes para tĂŠcnicos, motoristas e

auxiliares. Deste total, Luanda concentra o maior nĂşmero de quotas para ingresso, 1 635, seguida da provĂ­ncia do UĂ­ge, com 998, mas a admissĂŁo de quadros serĂĄ feita de forma faseada, estando dependente da realização de concursos pĂşblicos. Entretanto, ainda sobre este assunto, lembre-se que hĂĄ dois anos que os deputados de vĂĄrias comissĂľes de trabalhos da Assembleia Nacional recomendaram que seja privilegiado o recrutamento local de quadros nos concursos de contratação de novos professores e tĂŠcnicos de [IƒLM 6I IT\]ZI Ă…KW] KWUW recomendação a adaptação de polĂ­ticas de emprego que priorizassem os cidadĂŁos angolanos, o incentivo ao primeiro emprego e a criação de mais postos de trabalho no interior do paĂ­s, dando-se prioridade ao enquadramento de jovens recĂŠm-formados e Ă aplicação rigorosa de reformas sociais, de carreira XZWĂ…[[QWVIT \ZIV[NMZwVKQI[ M de promoçþes. &


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ENTREVISTA ANTÓNIO PACAVIRA, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DO ENSINO PARTICULAR

“ESTAMOS MUITO LONGE DE FALAR EM QUALIDADE E DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO”


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O orçamento dedicado Ă Educação nĂŁo permite que sejam feitos os investimentos necessĂĄrios QBSB EFTFOWPMWFS P TFDUPS BmSNB "OUĂ?OJP 1BDBWJSB QSFTJEFOUF EB "TTPDJBĂƒĂ€P /BDJPOBM EP &OTJOP Particular (ANEP), para quem a reforma jĂĄ ĂŠ uma abordagem do passado, na medida em que as estratĂŠgias pĂşblicas devem estar voltadas para o desenvolvimento, do qual ainda estamos longe de falar. Ademais, argumenta, “jĂĄ nĂŁo podemos ter uma educação focada apenas em ensinar a ler e a escreverâ€?. No entanto, o presidente da ANEP reconhece que houve melhorias BP OÉWFM EB FYQBOTĂ€P FTDPMBS DVKB UBYB EF TVDFTTP mDPV OB PSEFN EPT 2VBOUP BPT PVUSPT FJYPT EB 3FGPSNB &EVDBUJWB BmSNB iBJOEB FYJTUFN NVJUBT JOTVmDJÆODJBTw

Economia & Mercado (E&M) - Tem-se falado da necessidade de uma terceira reforma, ou de uma “reforma da reformaâ€?, devido a uma sĂŠrie de JOTVmDJÆODJBT RVF BJOEB QFSTJTUFN OP sistema de ensino angolano. Qual ĂŠ a sua opiniĂŁo? AntĂłnio Pacavira (AP) – A verdade ĂŠ que faz sentido que se chame de Segunda Reforma Educativa QPSRVF B QSJNFJSB TVSHJV MPHP BQĂ?T B *OEFQFOEÆODJB F FN P .JOJTUĂ…SJP EB &EVDBĂƒĂ€P QSPDFEFV B VN EJBHOĂ?TUJDP a nĂ­vel nacional para aferir a estrutura, a qualidade e o funcionamento do sistema educativo em Angola. Volvidos WžSJPT BOPT TĂ? FN Ă… RVF FTTB Reforma Educativa entrou em vigor. Foi antecedida da Lei 13/01, que ĂŠ a Lei de Base do Sistema de Ensino, e vigorou de BUĂ… TFOEP RVF GPJ SFWPHBEB a 3 de Outubro do ano passado, pela -FJ B OPWB -FJ EF #BTF EP 4JTUFNB de Ensino. A Reforma Educativa alterou substancialmente o sistema de ensino em Angola, o ensino primĂĄrio passou de quatro classes para seis, embora esta jĂĄ nĂŁo seja uma novidade nos paĂ­ses de expressĂŁo portuguesa. No entanto, a Reforma Educativa ĂŠ questionada QPSRVF BQĂ?T P EJBHOĂ?TUJDP EFWÉBNPT ter criado um processo de superação dos professores, reestruturado o sistema de formação de professores ao nĂ­vel do magistĂŠrio primĂĄrio, dos Institutos Normais de Educação (INE) e mesmo ao nĂ­vel do ISCED (Instituto Superior EF $JÆODJBT EB &EVDBĂƒĂ€P NBT OĂ€P funcionou desta forma. PĂ´s-se a carroça Texto: SebastiĂŁo Vemba 'PUPHSBmB Carlos Aguiar

â€? No que diz respeito Ă expansĂŁo, atingimos bons resultados, mas hĂĄ que considerar que quem fez a avaliação Ă…VIT NWQ W XZ~XZQW MinistĂŠrio da Educação, que fez o papel de ĂĄrbitro e de jogador, e ao nĂ­vel do ensino particular nunca concordĂĄmos que assim fosse, porque devia ser uma entidade independente a fazer a avaliação.

½ GSFOUF EPT CPJT QPSRVF TĂ? EFQPJT EF a reforma estar em curso ĂŠ que se fez a reestruturação do plano de formação de QSPGFTTPSFT $SJUJDB TF B NPOPEPDÆODJB e a transição automĂĄtica porque os professores nĂŁo foram preparados, previamente, para este sistema de ensino. Tecnicamente, considera-se que todo o professor ĂŠ capaz de ensinar o ensino primĂĄrio, mas na prĂĄtica constata-se que nĂŁo, porque os resultados nĂŁo TĂ€P TBUJTGBUĂ?SJPT E&M - Ao longo do processo de implementação da Reforma Educativa surgiram vĂĄrios problemas F JOTVmDJÆODJBT DPOGPSNF BDBCPV EF DPOmSNBS &OUSFUBOUP EF RVF GPSNB foram resolvidos? AP - Os professores passaram por seminĂĄrios, mas estes eram de carĂĄcter informativo e nĂŁo formativo. A Reforma Educativa foi muito bem estruturada, DPN USÆT GBTFT OPNFBEBNFOUF B EB Experimentação, Avaliação e a da Generalização. O ensino privado nĂŁo participou das duas primeiras fases, mas muitos gestores de escolas pĂşblicas apresentaram reclamaçþes na fase de "WBMJBĂƒĂ€P F OĂ?T UBNCĂ…N QBSUJDJQžNPT em vĂĄrias reuniĂľes de avaliação onde ouvimos as mesmas preocupaçþes. Fez-se a avaliação global da reforma em 2012, cujo resultado, que nĂŁo foi muito TBUJTGBUĂ?SJP GPJ BQSFTFOUBEP FN $POTFMIP de Ministros.

“AINDA EXISTEM MUITAS INSUFICIĂŠNCIASâ€? E&M – Recentemente, o ministro da &EVDBĂƒĂ€P BmSNPV RVF PT SFTVMUBEPT EB 3FGPSNB &EVDBUJWB TĂ€P TBUJTGBUĂ?SJPT NBT


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admitiu que ainda existe muito trabalho a ser feito para a melhoria da qualidade. Concorda? AP - A polĂ­tica educativa em Angola rege-se por quatro pilares, que sĂŁo B RVBMJEBEF EF FOTJOP B FmDžDJB EP sistema de ensino, a expansĂŁo do ensino e a equidade. No que diz respeito Ă expansĂŁo, atingimos bons resultados, mas hĂĄ que considerar que quem fez a BWBMJBĂƒĂ€P mOBM GPJ P QSĂ?QSJP .JOJTUĂ…SJP da Educação, que fez o papel de ĂĄrbitro e de jogador, e ao nĂ­vel do ensino particular nunca concordĂĄmos que assim fosse, porque devia ser uma entidade independente a fazer a avaliação. "JOEB BTTJN DPOmBNPT OB MJTVSB EPT tĂŠcnicos do MinistĂŠrio. Portanto, ao nĂ­vel do eixo da expansĂŁo escolar, os SFTVMUBEPT BQPOUBN QBSB DFSDB EF de sucesso, e concordamos que tenha sido bom, mas ao nĂ­vel dos outros USÆT FJYPT OĂ€P QBTTžNPT EPT Sendo assim, se houver algum rigor, veremos que ainda existem muitas JOTVmDJÆODJBT 4F UJWĂ…TTFNPT BUJOHJEP OPT PVUSPT FJYPT BUFOEFOEP BP DPOUFYUP TPDJBM F FDPOĂ?NJDP FN RVF a reforma foi aplicada, estarĂ­amos satisfeitos. AliĂĄs, quem quer fazer uma educação virada para a qualidade e para a competitividade ao nĂ­vel da regiĂŁo Austral, naturalmente que nĂŁo concordaria que estes resultados sĂŁo TBUJTGBUĂ?SJPT E&M - Concorda com quem defende uma terceira reforma educativa ou “reforma da reformaâ€?? AP - NĂŁo hĂĄ reformas conclusivas. Por exemplo, Portugal, um paĂ­s que nos Ă… NVJUP QSĂ?YJNP OPT EF[ QSJNFJSPT anos deste sĂŠculo fez duas reformas da educação. Portanto, as reformas sĂŁo um processo contĂ­nuo que merecem SFDUJmDBĂƒĂ‘FT 0 RVF BDPOUFDFV FN "OHPMB Ă… RVF BQĂ?T B BQSFTFOUBĂƒĂ€P dos resultados da Segunda Reforma Educativa ao Governo, em Conselho de Ministros, recomendou-se que fossem feitas auscultaçþes a todos os actores do processo de ensino, aprendizagem F BWBMJBĂƒĂ€P o FV QSFmSP FTUF USJOĂ?NJP

porque tudo na vida deve ser avaliado, e com rigor –, nomeadamente, aos sindicatos, Ă ANEP, Ă comissĂŁo de pais e ao ensino superior. Dessa auscultação saĂ­ram mais de 120 recomendaçþes, que, a serem tidas em conta, naturalmente que do ponto de vista tĂŠcnico estaremos a falar de uma reforma da reforma, que ocorrerĂĄ silenciosamente. E&M - JĂĄ passaram quatro anos, entretanto. O que ĂŠ que aconteceu no JOUFSWBMP EF B AP - Pouco ou nada foi alterado. O ministro da Educação, no Conselho $POTVMUJWP SFBMJ[BEP FN FN Malanje, recomendou ao INIDE (Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento da Educação) que realizasse um estudo de caso para aferir alguns dos pontos mais crĂ­ticos da reforma, na opiniĂŁo dos pais e dos professores. Os inquĂŠritos foram sobre a QBTTBHFN BVUPNžUJDB F B NPOPEPDÆODJB mas jĂĄ passou mais de um ano e atĂŠ ao momento nĂŁo foram apresentados os resultados. O INIDE, porĂŠm, no ano passado, apresentou em Luanda e em Benguela uma preocupação muito sĂŠria, que ĂŠ a questĂŁo da qualidade do ensino primĂĄrio, e demostrou que devemos alterar vĂĄrios pontos da Reforma Educativa. Acho que esta ĂŠ uma reacção Ă s vĂĄrias recomendaçþes apresentadas no decorrer da avaliação da reforma. *TUP TJHOJmDB RVF OPT QSĂ?YJNPT BOPT deveremos ter um ensino primĂĄrio com um novo paradigma, virado para a promoção do desenvolvimento e de uma qualidade efectiva. O ensino primĂĄrio ĂŠ a base, logo, um aluno bem preparado a este nĂ­vel hĂĄ-de ser sempre bom aluno, independentemente da qualidade dos professores que encontre nas classes subsequentes.

“EDUCAĂ‡ĂƒO COM QUALIDADE É CARAâ€? E&M - O desenvolvimento do ensino tambĂŠm dependente de polĂ­ticas orçamentais que priorizem o investimento no sector da Educação, certo?

AP - HĂĄ um estudo de viabilidade FDPOĂ?NJDB GFJUP QFMP (BCJOFUF EF Estudos, Planeamento e EstatĂ­stica (GEPE) para o MinistĂŠrio da Educação que demonstra que as verbas que o Orçamento Geral do Estado reserva para a Educação estĂŁo muito aquĂŠm de suprir as necessidades do sector. Educação ĂŠ investimento, e educação com qualidade ĂŠ cara. Hoje temos crianças que jĂĄ nascem preparadas para lidar com a tecnologia, o que obriga a que sejam criadas condiçþes a este nĂ­vel nas nossas escolas. Infelizmente, o OGE nĂŁo permite este tipo de investimento porque a maior parte das verbas sĂŁo destinadas ao pagamento do pessoal, por isso estamos muito longe de falar em qualidade e desenvolvimento da educação. Por exemplo, o Governo OVODB DPODFCFV VNB [POB FDPOĂ?NJDB virada para o sector da Educação que garanta a produção de consumĂ­veis e EF NFJPT UĂ…DOJDPT F UFDOPMĂ?HJDPT RVF constituem as necessidades bĂĄsicas de qualquer aluno. JĂĄ nĂŁo podemos ter uma educação focada apenas em ensinar a ler e a escrever. Portanto, a produção local dos materiais de ensino garantiria que os mesmos fossem adquiridos a baixos preços, por um lado, e, por outro, que todos os alunos tivessem acesso a eles, evitando as situaçþes de estudantes sem material de ensino. Aos empresĂĄrios e aos polĂ­ticos vai, uma vez mais, o nosso apelo para que invistam numa zona FDPOĂ?NJDB FTQFDJBM WJSBEB QBSB P TFDUPS da Educação, que vai gerar emprego, EJWFSTJmDBĂƒĂ€P FDPOĂ?NJDB F TPMVĂƒĂ‘FT para alguns dos problemas que o sector enfrenta. É disto que precisamos para falar de desenvolvimento da educação, porque a reforma ĂŠ uma abordagem do passado. A palavra de ordem agora ĂŠ desenvolvimento. E&M - E que factores de desenvolvimento devem ser criados? AP - Recursos humanos. Ainda temos NVJUPT QSPGFTTPSFT OĂ€P RVBMJmDBEPT Achamos que podemos evoluir para BT QĂ?T HSBEVBĂƒĂ‘FT RVF BJOEB OĂ€P TĂ€P consideradas grau acadĂŠmico pelo


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â€? PĂ´s-se a carroça Ă frente dos bois, porque [~ LMXWQ[ LM I ZMNWZUI M[\IZ MU K]Z[W ĂŠ que se fez a reestruturação do plano de formação de professores.

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MinistĂŠrio do Ensino Superior, o que desmotiva os professores. Entretanto, do QPOUP EF WJTUB QSPmTTJPOBM Ă… WBOUBKPTP F temos que evoluir neste sentido. Se temos professores formados hĂĄ mais de 20 anos e reconhecemos que os seminĂĄrios jĂĄ OĂ€P TĂ€P TVmDJFOUFT QBSB B TVQFSBĂƒĂ€P EPT UĂ…DOJDPT WBNPT FWPMVJS QBSB VNB QĂ?T -graduação. É necessĂĄrio que tenhamos tambĂŠm uma educação humanista, que WBMPSJ[B P QSĂ?QSJP QSPGFTTPS F P BMVOP Outro aspecto que pode melhorar a qualidade de ensino tem a ver com o OĂ”NFSP EF IPSBT RVF P FTUVEBOUF mDB OB FTDPMB 5FOIP DPOTDJÆODJB EF RVF ainda nĂŁo ĂŠ possĂ­vel implementar este sistema no sector pĂşblico, mas em alguns municĂ­pios do interior ĂŠ possĂ­vel termos um ensino primĂĄrio de sete a oito horas diĂĄrias. No ensino privado jĂĄ temos implementado este sistema e o futuro do ensino privado estĂĄ em ter escolas no sistema de externato ou de ATL, porque P OPTTP EFTBmP Ă… PGFSFDFS VN TFSWJĂƒP diferenciado e de qualidade, que alĂŠm de rendimentos nos garanta credibilidade e DPOmBOĂƒB E&M - Qual ĂŠ a sua opiniĂŁo sobre o rĂĄcio professor/aluno nas escolas pĂşblicas e privadas? AP - Uma das razĂľes que levam os pais a procurar o ensino privado tem a ver precisamente com o rĂĄcio professor/ alunos e alunos/escolas. Sou da opiniĂŁo de que uma escola deva ter apenas atĂŠ BMVOPT QBSB RVF TF DPOTJHB UFS VN ensino o mais personalizado possĂ­vel. O nosso rĂĄcio de professor/alunos estĂĄ na ordem dos 20 estudantes em escolas privadas mas, em muitas situaçþes, nomeadamente no prĂŠ-escolar e na iniciação, jĂĄ temos dois professores. Ao nĂ­vel do sector pĂşblico, apesar da orientação de que as escolas devem UFS OP NžYJNP BMVOPT FN DBEB TBMB de aula, os directores das instituiçþes nem sempre a cumprem, daĂ­ que ainda encontremos turmas do ensino QSJNžSJP DPN BUĂ… BMVOPT F PVUSBT com um nĂşmero superior, o que torna humanamente impossĂ­vel a missĂŁo dos docentes. &


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MALANJE

INFRA-ESTRUTURAS Bà SICAS CONDICIONAM DESENVOLVIMENTO DO PAC A Sociedade de Desenvolvimento do Pólo Agro-industrial de Capanda (SODEPAC) foi criada em 2006 para gerir o Pólo situado na região de Cacuso. Este ocupa uma årea de 411 mil hectares, 270 mil dos quais destinados à produção em regime de sequeiro, 18 mil para o perímetro irrigado, 70 mil para a reserva ambiental e dez mil hectares para o reassentamento de populaçþes. Com 24 empresas, 15 delas instaladas e nove em processo de instalação, o Pólo de Capanda compreende as fazendas Pedras Negras, Pungo Andongo, Biocom e outros empreendimentos públicos e privados destinados à produção e transformação de culturas alimentares, abarcando os municípios de Malanje, Cangandala e Cacuso.

Texto: Gaspar JoĂŁo 'PUPHSBmB Carlos Aguiar

A gestora do PĂłlo Agro-industrial de Capanda (PAC) realizou, em Agosto Ăşltimo, o seu primeiro conselho tĂŠcnico consultivo, que visou analisar e fazer o balanço das actividades desenvolvidas desde a sua implementação em 2006, bem como apresentar propostas para ultrapassar os constrangimentos que inibiram o alcance de algumas metas previamente estabelecidas. Nos primeiros quatro anos da sua implementação, previa-se um investimento de mais de mil milhĂľes de dĂłlares que poderiam gerar 62 289 empregos directos e indirectos. Segundo o estudo de ^QIJQTQLILM LW XZWRMK\W W ZM\WZVW LW QV^M[\QUMV\W XZQ^ILW Ă…KIZQI na ordem dos 605 milhĂľes de dĂłlares, as receitas anuais seriam de 564 milhĂľes de dĂłlares e a sua produção anual estava calculada em 2 962 200 toneladas de produtos agrĂ­colas. O PĂłlo Agro-industrial de Capanda previa produzir 59,5 mil toneladas de Ăłleo alimentar, 30,3 mil toneladas de carne e miudezas de frango, 215 mil toneladas de açúcar, 8,7 mil toneladas de carne bovina e 3 mil toneladas de arroz. Resultados atĂŠ agora nĂŁo alcançados. Entretanto, avaliando a execução dos projectos em curso nos municĂ­pios de Malanje, Cacuso e Cangandala no perĂ­odo 2013/2017, o presidente do conselho de administração da ;7,-8)+ +IZTW[ .MZVIVLM[ IĂ…ZUW] Y]M I QUXTMUMV\ItrW LW[ projectos agro-industriais na regiĂŁo estĂĄ a permitir dar resposta Ă grande procura de alimentos no mercado nacional e a garantir a segurança alimentar das populaçþes, mas os resultados alcançados pelo PĂłlo de Capanda atingem apenas 70% do que estava previsto.

“A baixa taxa de execução dos projectos denota sĂŠrias LMJQTQLILM[ VI XZWOZIUItrW Ă…VIVKMQZI LW -[\ILW MU XIZ\QK]TIZ no campo da anĂĄlise previsional, na capacidade de orçamentação dos sectores, na medida em que nĂŁo tĂŞm em linha de conta os limites em termos de real capacidade de execução, bem como a ausĂŞncia de mecanismos de monitoramento do processo de implementação dos projectos. É, assim, necessĂĄrio um sĂŠrio investimento nestas capacidades sob pena de continuarmos a adiar o paĂ­s e a desperdiçar recursosâ€?, refere o Centro de Estudos M 1V^M[\QOItrW +QMV\yĂ…KI +-1+ LI =VQ^MZ[QLILM +I\~TQKI LM )VOWTI =+)6 VW [M] ƒT\QUW ZMTI\~ZQW MKWV~UQKW VW KIXy\]TW sobre os grandes projectos do sector agrĂ­cola, embora jĂĄ tivesse chamado a atenção sobre o assunto nas ediçþes de 2008, 2009 e 2010, em que alertava para o menosprezo para com os factores de sustentabilidade nos projectos geridos pela SODEPAC, a muitos dos quais o OGE tem afectado considerĂĄveis recursos. ‌ E FALTAM CONDIÇÕES DE FINANCIAMENTOS +IZTW[ .MZVIVLM[ R][\QĂ…KI Y]M W LM[MV^WT^QUMV\W M[\ZI\uOQKW LI SODEPAC depende da implementação e da expansĂŁo de infra-estruturas da rede de energia e de ĂĄgua no PĂłlo de Capanda, que dispĂľe, actualmente, de 411 hectares de terras jĂĄ preparadas. “A ausĂŞncia de infra-estruturas bĂĄsicas, como rede de estradas, de distribuição de ĂĄgua e energia elĂŠctrica, constitui um grande entrave XIZI I XZWUWtrW LM QV^M[\QUMV\W[ M Ă…VIVKQIUMV\W[ LM XZWRMK\W[ voltados para o agronegĂłcioâ€?, disse o gestor durante o primeiro [MUQVnZQW [WJZM UMKIVQ[UW[ LM IKM[[W IW Ă…VIVKQIUMV\W QVKMV\Q^W[ M JMVMNyKQW[ Ă…[KIQ[ XZWUW^QLW XMTI ;7,-8)+ Pn LWQ[ UM[M[


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Mas não são só as infra-estruturas que atrasam o desenvolvimento de um dos maiores projectos agro-industriais do país. Carlos Fernandes tem defendido mesmo a criação de políticas que NIKQTQ\MU ÅVIVKQIUMV\W[ M[XMKyÅKW[ XIZI W 8~TW )OZW QVL][\ZQIT LM Capanda, com vista a dar resposta célere e assertiva à produção e à exportação dos produtos nacionais. 8IZI W OM[\WZ W ÅVIVKQIUMV\W LM^M [MZ OMZQLW XMTW *IVKW LM ,M[MV^WT^QUMV\W LM )VOWTI *,) 1[\W XMZUQ\QZn W IKM[[W I ZMK]Z[W[ ÅVIVKMQZW[ XWZ XIZ\M LW[ QV^M[\QLWZM[ KWU XZIbW[ LM ZMMUJWT[W[ LQTI\ILW[ M \I`I[ LM R]ZW[ JWVQÅKILI[ -[\I UMLQLI aliviaria igualmente os esforços iniciais pelos quais os investidores estão sujeitos a passar na elaboração de estudos de viabilidade

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\uKVQKW ÅVIVKMQZW[ JMU KWUW VI[ IKt M[ LM LM[UI\IUMV\W LM novas áreas de cultivo. O responsável defendeu, também, a introdução de tarifas especiais para o combustível e energia rural, bem como a redução das taxas aduaneiras referentes à importação de máquinas e equipamentos, e a isenção do pagamento do imposto industrial, que “ajudaria a mitigar os efeitos da vulnerabilidade a que estão expostos os produtores agrícolas e agro-industriais”, sublinhou. Em resposta, o presidente do conselho de administração do Instituto Nacional de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (INAPEM), António Francisco Assis, esclareceu que o programa Angola Investe prevê vários níveis de intervenção, entre os quais


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W ÅVIVKQIUMV\W W N]VLW LM IXWQW IW KIXQ\IT LM ZQ[KW W XZWRMK\W .MQ\W MU )VOWTI JMVMNyKQW[ Å[KIQ[ KWWXMZI\Q^Q[UW R]ZW[ ]VQÅKILW[ e o fundo de garantia de crédito e suporte ao empreendedor. ¹=UI LI[ Y]M[\ M[ Y]M XZMWK]XIU W 16)8-5 u I OZIVLMbI LW[ XZWRMK\W[ IXZM[MV\ILW[ XIZI ÅVIVKQIUMV\W[ [MU IZO]UMV\W[ []ÅKQMV\M[ XIZI W w`Q\W LW[ UM[UW[º [ITQMV\W] KWV[QLMZIVLW que, para o sucesso de um projecto, é fundamental a existência de ZMK]Z[W[ ÅVIVKMQZW[ KIXIbM[ LM []XWZ\IZ I []I UIOVQ\]LM M[\Z]\]ZI de gestão, capacidade técnica e meios humanos. Em Novembro passado, Carlos Fernandes lembrou ainda que as condições dos créditos às empresas-âncora da SODEPAC não podem agravar a estrutura de custo das mesmas, mas antes favorecer a competitividade, sob pena de beliscar a sustentabilidade do Pólo e da própria sociedade agro-industrial, pois, se assim for, as infra-estruturas não poderão ser mantidas. “O modelo de desenvolvimento da SODEPAC assenta, fundamentalmente, em completar a cadeia produtiva, com vista a conferir maior competitividade dos produtos e contribuir para W XZWKM[[W LM LQ^MZ[QÅKItrW LI MKWVWUQI XIZI I LQUQV]QtrW LI[ importações”, reforçou o gestor.

Carlos Fernandes, PCA da SODEPAC

A VEZ DA BIOCOM Entretanto, o município de Cacuso conta com outros grandes projectos agro-industriais, como Pedras Negras e a Fazenda 8]VOW )VLWVOW UI[ u I *QWKWU Y]M M[\n I ¹LIZ KIZ\I[º M I NIbMZ renascer a esperança de ser possível transformar esta região rica em recursos hídricos, bom clima e solos férteis numa das maiores XZWL]\WZI[ VIKQWVIQ[ LM PWZ\yKWTI[ OZrW M ÅJZI[ ) +WUXIVPQI LM *QWMVMZOQI LM )VOWTI *QWKWU I\QVOQ] I UIZKI de 51 514 toneladas de açúcar na safra 2016/2017, superando a meta estabelecida para este ano de 47 mil toneladas deste produto da cesta básica. Apesar de esta quantidade representar apenas um quinto da capacidade máxima da sua produção nesta primeira fase de implantação da unidade industrial localizada no município de

Cacuso – numa área de concessão de 80 mil hectares, dos quais 15 500 já se encontram em exploração, para a administração do projecto –, este foi um ano muito produtivo por superar esta meta V]U IUJQMV\M LM LQÅK]TLILM[ ZM[]T\IV\M LI KZQ[M Y]M W XIy[ ^Q^M 6W MV\IV\W IXM[IZ LW[ V UMZW[ []ZXZMMVLMV\M[ LI *QWKWU o engenheiro agrónomo angolano Fernando Pacheco avançou, citado pelo “Rede Angola”, algumas observações. “Porque é que optaram por uma enorme plantação de cana-de-açúcar numa região onde não há chuva durante cinco meses do ano? Parece-me Y]M IY]MTI bWVI VrW \MU KP]^I []ÅKQMV\M XIZI ZMV\IJQTQbIZ ]UI enorme plantação de cana-de-açúcar”, acredita. “Parece haver um desequilíbrio, um sobredimensionamento da capacidade de produção e transformação da fábrica”, acrescentou. -VY]IV\W Q[\W W LQZMK\WZ OMZIT ILR]V\W LI *QWKWU 4]Q[ *IOWZZW 2]VQWZ ZM^MTW] ]UI WXQVQrW KWUXTM\IUMV\M LQNMZMV\M ao mesmo jornal online. “Os tais cinco meses sem chuva até nos facilitam o trabalho – é a melhor época para colher a cana-de-açúcar. Na época de chuvas, as máquinas (já que o processo é todo mecanizado) correm o risco de atolar. Portanto, discordamos dessas críticas. A zona de Cacuso está muito próxima do Rio Kwanza, o maior rio de Angola, a terra é boa (e o nosso trabalho é reforçado pelo facto de termos um laboratório, em Cacuso, que faz todas as análises de que precisamos) e tem quatro estações JMU LMÅVQLI[º M`XTQKI O investimento absorvido no processo de implantação foi de 750 milhões de dólares (125 mil milhões de kwanzas) na primeira fase, esperando-se que na segunda fase sejam empregues 550 milhões (cerca de 92 mil milhões de kwanzas) adicionais. A companhia refere que o açúcar produzido ainda não cobre a procura do mercado nacional, que importa mais de 300 mil toneladas por IVW 5IQ[ LM UQT KTQMV\M[ KWUXZIU It KIZ o *QWKWU UI[ Pn especulação em torno dos preços competitivos da companhia e W[ NWZVMKMLWZM[ \MVLMU I L]XTQKIZ W XZMtW LM ^MVLI Y]M ÅKI MU cerca de 700 kwanzas o quilo. “Os apoios do Estado são um indício de que o projecto, no N]VLW VrW u [][\MV\n^MTº LMNMVLM *MTIZUQVW 2MTMUJQ LQZMK\WZ -geral da Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA), uma organização da sociedade civil com larga experiência ao nível do desenvolvimento comunitário. “E a Y]M[\rW N]VLQnZQI \IUJuU UM XZMWK]XIº I^IVtI 2MTMUJQ ¹;M I *QWKWU IQVLI VrW KWV[MO]Q] XTIV\IZ \WLI I nZMI XZM^Q[\I u possível que, no futuro, venha a incorporar zonas onde há aldeias e vivem pessoas. São processos complexos e que precisam de ser devidamente acautelados”. 5M[UW I[[QU W WTPIZ LM NWZI XIZI LMV\ZW LI *QWKWU UIV\uU algumas zonas cinzentas. “Não tenho dados detalhados sobre o projecto. Mas os relatos que vou ouvindo, até de pessoas que vivem na região onde está a fábrica, é de que as coisas não estão I IKWV\MKMZ KWUW MZI M[XMZILW 2]TOW Y]M M[\IUW[ I NITIZ LM ]U projecto bastante caro, onde é difícil, para quem está de fora, ter uma ideia precisa do custo/benefício de todo o investimento”, diz *MTIZUQVW 2MTMUJQ Y]M Pn U]Q\W[ IVW[ UIV\uU ]UI LMTMOItrW VI província de Malanje. &



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ATENDIMENTO

A CONSTRUIR RELAÇÕES DE CONFIANÇA COM OS CLIENTES A Touch & Talk (T&T) apresenta-se no mercado como uma empresa angolana especializada na implementação e operação de Call Centers e Contact Centers. No entanto, o seu director executivo, José Carlos dos Santos, garante que é muito mais do que isso, já que a acção da empresa se projecta OB DPOTUSVÃÀP EF TPMVÃÑFT JOPWBEPSBT F OP FTUBCFMFDJNFOUP EF SFMBÃÑFT TÏMJEBT F EF DPOmBOÃB DPN os seus clientes, entre os quais estão instituições públicas e várias empresas de seguros e de saúde.


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ENTRE OS UTILIZADORES DOS SERVIÇOS DA EMPRESA ESTĂ O GOVERNO PROVINCIAL DE LUANDA ATRAVÉS DE UMA LINHA DE ATENDIMENTO AO PĂšBLICO, ESSENCIALMENTE DISPONIBILIZADA NO WHATSAPP, APLICAĂ‡ĂƒO QUE, ALÉM DE MENSAGENS DE TEXTO E VOZ, PERMITE O ENVIO DE FOTOS E VĂ?DEOS.

JosÊ Carlos dos Santos explica que a Touch & Talk Ê líder no sector dos seguros com atendimento a três seguradoras, duas das quais líderes do mercado segurador angolano, sendo que na saúde atendem dois grandes clientes. Entre os utilizadores dos serviços da empresa estå o Governo Provincial de Luanda (GPL) atravÊs de uma linha de atendimento ao público, essencialmente disponibilizada no WhatsApp, aplicação que, alÊm de mensagens de texto e voz, permite o envio de fotos e vídeos. Texto: Pedro Correia 'PUPHSBmB Carlos Aguiar

Pela linha de atendimento do Governo Provincial de Luanda chegam informaçþes, relatos de ocorrĂŞncias, queixas, sugestĂľes e reclamaçþes dos cidadĂŁos, muitas delas ilustradas com ^yLMW[ W] NW\WOZIĂ…I[ 7[ ZMOQ[\W[ [rW feitos no Contact Center e enviados para as LQ^MZ[I[ KIQ`I[ \QXQĂ…KILI[ VI IXTQKItrW (reclamaçþes, sugestĂľes, informaçþes e queixas) distribuĂ­das por municĂ­pios. Estas comunicaçþes chegam imediatamente aos diversos serviços do GPL e depois sĂŁo condensadas num relatĂłrio diĂĄrio enviado para o Governador provincial, para o comandante da polĂ­cia e para os responsĂĄveis de empresas pĂşblicas que

intervĂŞm na vida quotidiana de Luanda, como sĂŁo os casos da ENDE e da EPAL. No top 10 dos assuntos tratados pelo Contact Center da Touch & Talk relacionados com Luanda estĂŁo problemas ligados ao abastecimento de ĂĄgua e energia elĂŠctrica, saneamento bĂĄsico, poluição sonora, venda ambulante nas vias pĂşblicas, criminalidade, cobranças indevidas nos hospitais e mau atendimento mĂŠdico, venda ilegal de terrenos e aumento de preços. É um sistema de informaçþes que tem impacto directo e imediato na resolução de muitos dos problemas comunicados pelos cidadĂŁos ao Governo Provincial de Luanda. Um sistema que, diz JosĂŠ Carlos dos Santos, poderia evoluir para uma plataforma prĂłpria (que nĂŁo fosse o WhatsApp) e para soluçþes do gĂŠnero destinadas a outros sectores, caso o Estado pudesse pagar pelos serviços. Aproveitando o facto de ser uma start-up, a Touch & Talk projecta a sua actividade para outras ĂĄreas e abre espaço a jovens arrojados ligados ao projecto, num procedimento que JosĂŠ Carlos dos Santos diz ser um verdadeiro incentivo ao empreendedorismo. Com o suporte da empresa sĂŁo potencializadas as capacidades reconhecidas para o desenvolvimento de ideias e criaçþes, incorporando eventuais negĂłcios novos na T&T sem retirar mĂŠritos e dividendos


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aos autores. No caso de ser preciso, a empresa pode mesmo criar novas ĂĄreas e sectores para absorver os negĂłcios emergentes. Uma das criaçþes colocadas na sua carteira de inovaçþes pertence a um jovem de 19 anos que desenvolveu um sensor a colocar nos contentores de lixo para, quando estiverem cheios, emitir um alerta por SMS dirigido Ă empresa de recolha atravĂŠs do Call Center da Touch & Talk a dizer que o contentor mapeado na ĂĄrea “xâ€? estĂĄ cheio e que ĂŠ preciso proceder Ă recolha. “Soluçþes tecnolĂłgicas simples e baratas que podem ter inĂşmeras aplicaçþes e grande impacto na acção governativaâ€?, diz o director executivo da T&T. É nesta altura da conversa com a E&M que o responsĂĄvel refere a importância que a empresa dĂĄ Ă formação e Ă carreira dos seus funcionĂĄrios. JosĂŠ Carlos dos Santos garante que a T&T ĂŠ a Ăşnica empresa do gĂŠnero que assegura uma KIZZMQZI XZWĂ…[[QWVIT KWU OIZIV\QI LM promoção por escalĂľes atravĂŠs do tempo de trabalho, aperfeiçoamento e da NWZUItrW XZWĂ…[[QWVIT Y]M u XZM[\ILI quer por formadores internos, quer por formadores dos clientes. E explica: “Quando uma seguradora que utiliza os nossos serviços cria novos produtos, uma nova plataforma digital ou tem de aplicar nova legislação, por força dos contratos previamente estabelecidos, o pessoal ligado Ă seguradora terĂĄ de prestar formação aos funcionĂĄrios da nossa empresa para que possam atender as chamadas com a respectiva competĂŞncia M MĂ…KnKQIÂş Isto porque, lembra JosĂŠ Carlos dos Santos, a empresa nĂŁo ĂŠ um Call Center tradicional, indo alĂŠm do atendimento comum. Utilizando pela primeira vez em Angola um sistema multicanal (telefone, e-mail, chat, SMS, WhatsApp e outras redes sociais), a T&T dispĂľe de serviços de Contact Center dirigidos a diversos sectores de actividade, todos eles suportados em tecnologia de Ăşltima geração que permite gerir o relacionamento com os clientes de forma interactiva e integrada.

APROVEITANDO O FACTO DE SER UMA START-UP, A TOUCH & TALK PROJECTA A SUA ACTIVIDADE PARA OUTRAS Ă REAS E ABRE ESPAÇO A JOVENS ARROJADOS LIGADOS AO PROJECTO, NUM PROCEDIMENTO QUE JOSÉ CARLOS DOS SANTOS DIZ SER UM VERDADEIRO INCENTIVO AO EMPREENDEDORISMO. Esta combinação de serviços permite que a Touch & Talk ofereça uma proposta outbound, ou seja, um processo de prospecção activa de novos clientes para as empresas que utilizam a T&T atravĂŠs de sistemas de vendas, estudos de mercado e oferta de serviços considerados de valor acrescentado Ă actividade dos seus clientes. Em muitos casos relacionados com operaçþes de micro e pequenas empresas, a Touch & Talk liga-se ao cliente para fornecer a tecnologia necessĂĄria a determinado negĂłcio que pode assim ser desenvolvido pelo cliente sem que seja preciso qualquer deslocação para o exterior dos seus escritĂłrios, uma ĂĄrea que a T&T pretende expandir para outras ĂĄreas de mercado. Para breve, revela ainda o entrevistado, estĂĄ a criação de outro negĂłcio assente no Business Process Outsourcing, ou seja, a terceirização de processos, considerada

pela Touch & Talk como “uma estratĂŠgia valiosa para a adopção de serviços em processos de negĂłcio para companhias, em busca de novas formas de aumentar o desempenho empresarial, por um maior controlo de custos e redução de riscosâ€?. Para atingir estes objectivos, JosĂŠ Carlos dos Santos explica que “a T&T olha para um cliente privado, avalia os seus processos internos (atendimento, reclamaçþes, formação e vendas) e trabalha no sentido de os melhorar ou adequarâ€?. 7 LQZMK\WZ M`MK]\Q^W LI <W]KP Talk dĂĄ o exemplo das seguradoras que, alĂŠm de optimizarem o processo de vendas, agregam-lhe outros elementos, por exemplo, na ĂĄrea de sinistros, dando respostas relacionadas com soluçþes, rapidez e bloqueio de processos ou mesmo dando sugestĂľes para alteração dos formulĂĄrios no sentido de melhorar o relacionamento entre a seguradora e os seus clientes. &



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MARROCOS

UM EXEMPLO DE DIVERSIFICAĂ‡ĂƒO ECONĂ“MICA ASSENTE NA AGRICULTURA Nos Ăşltimos anos, a economia marroquina tem-se caracterizado pela estabilidade macroeconĂłmica F CBJYB JOnBĂƒĂ€P UFOEP TJEP DMBTTJmDBEB DPNP B TFHVOEB economia mais estĂĄvel do continente africano, atrĂĄs da sul-africana. A Economia & Mercado visitou o paĂ­s que pode ser um exemplo de EJWFSTJmDBĂƒĂ€P EB FDPOPNJB QBSB "OHPMB

Em 2015, em resultado de um bom rendimento agrícola, a economia de Marrocos desfrutou de um forte crescimento, de 4,9%, uma taxa mais elevada do que a de 2014. Contudo, as perspectivas para 2016 são muito menos optimistas: prevê-se que o sector agrícola sofra uma quebra, devido à falta de precipitação. No entanto, o mercado deverå continuar a ser impulsionado pela actividade manufactureira e pelos serviços. A economia marroquina permanece sólida e baseia-se principalmente nas exportaçþes, no boom do investimento Texto: Edjaíl dos Santos, em Marrocos 'PUPHSBmB iStockphoto e cedidas


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EM 2015, EM RESULTADO DE UM BOM RENDIMENTO AGRĂ?COLA, A ECONOMIA DE MARROCOS DESFRUTOU DE UM FORTE CRESCIMENTO, DE 4,9%, UMA TAXA MAIS ELEVADA DO QUE A DE 2014. CONTUDO, AS PERSPECTIVAS PARA 2016 SĂƒO MUITO MENOS OPTIMISTAS: PREVĂŠ-SE QUE O SECTOR AGRĂ?COLA SOFRA UMA QUEBRA, DEVIDO Ă€ FALTA DE PRECIPITAĂ‡ĂƒO. privado e no turismo, que representa 10% do PIB do paĂ­s. As eleiçþes parlamentares que foram realizadas no inĂ­cio de Outubro de 2016 permitiram o surgimento de um novo mapa polĂ­tico, dominado por uma estrutura bipolar. Estas eleiçþes foram as segundas desde a adopção da nova Constituição de 2011 e as dĂŠcimas desde a independĂŞncia do reino, em 1956. O Partido da Justiça e Desenvolvimento (PJD) ganhou o primeiro lugar, alcançando 125 assentos, seguido de perto pelo Partido Autenticidade e Modernidade (PAM), que ganhou 102. O 8IZ\QLW 1[\QYTIT 81 Ă…KW] MU \MZKMQZW T]OIZ com 46 assentos. O PJD governa o paĂ­s hĂĄ cinco anos, depois de ter vencido, pela primeira vez, as eleiçþes de 2011, na esteira dos protestos que marcaram a Primavera Ă rabe e trouxeram reformas polĂ­ticas e poderes menos centralizados para as mĂŁos da famĂ­lia real. As reformas estruturais começaram a dar frutos: em 2016, o FMI elogiou a gestĂŁo macroeconĂłmica do Governo e recomendou-lhe que continuasse nesse KIUQVPW XZMKWVQbIVLW M[XMKQĂ…KIUMV\M a reforma do sistema de pensĂľes, IK\]ITUMV\M LMĂ…KQ\nZQW 7[ []J[yLQW[ IW[ bens de consumo corrente tĂŞm diminuĂ­do de forma constante. A polĂ­tica de I][\MZQLILM MU K]Z[W ^Q[I ZML]bQZ W LuĂ…KM pĂşblico. Marrocos ĂŠ o Ăşnico paĂ­s da chamada â€œĂ frica brancaâ€? que nĂŁo viveu a Primavera Ă rabe. “Tudo porque o Rei Mohamed VI fez as reformas

quando deveria fazerâ€?, adiantou o guia marroquino que auxiliava a E&M num passeio pela cidade de Casablanca. ConstatĂĄmos, durante a visita a quatro cidades (Casablanca, Rabat, Marraquexe e Ouarzazate), que Marrocos ĂŠ um verdadeiro paĂ­s em obras. “Dentro de dez anos estaremos mais desenvolvidos, Casablanca serĂĄ como Washingtonâ€?, brinca o nosso guia, orgulhoso do desenvolvimento do seu paĂ­s. O Rei Mohamed raramente ĂŠ criticado em pĂşblico, uns dos poucos murmĂşrios que ouvimos ĂŠ que “o rei jĂĄ foi mais bonito, estĂĄ muito gordoâ€?, porĂŠm, mesmo com a economia mundial em baixa, “Mohamed VI aposta em variadas obras, uma visĂŁo de um rei jovem de 54 anos, que subiu ao poder em 1999. Um estudante de economia nas melhores escolas da Europaâ€?, conta o guia marroquino. O REGRESSO Ă€ UNIĂƒO AFRICANA Em 2015, a França, que ĂŠ o maior investidor no paĂ­s e o seu segundo maior parceiro comercial depois de Espanha, relançou a sua parceria com Marrocos, apĂłs os dois paĂ­ses terem suspendido a sua cooperação judicial em 2014. Marrocos implementa, agora, uma estratĂŠgia de desenvolvimento econĂłmico com os paĂ­ses africanos de quem andou distanciado depois de abandonar a UniĂŁo Africana. “Vamos voltar Ă UniĂŁo Africana, estamos a negociar. PorĂŠm, ĂŠ bom Y]M Ă…Y]M KTIZW Y]M 5IZZWKW[ V]VKI abandonou Ă frica, apenas nĂŁo

"[J[ "LIBOOPVDI .JOJTUSP EB "HSJDVMUVSB EF .BSSPDPT

concordamos com algumas decisĂľes que foram tomadasâ€?, explica o ministro dos NegĂłcios Estrangeiros de Marrocos, Salaheddine Mezouar. Marrocos abandonou a UniĂŁo Africana em 1984 na sequĂŞncia do reconhecimento da RepĂşblica Ă rabe Saaraui DemocrĂĄtica (RASD) pela organização. “O Saara Ocidental nĂŁo existe, ĂŠ um problema criado por certos interesses, sĂŁo pouco mais de 50 mil pessoas dentro do territĂłrio de Marrocos, aquilo chama-se Saara Marroquinoâ€?, defendeu o homem forte da diplomacia marroquina. Mais de 50% da energia marroquina ĂŠ de fontes renovĂĄveis, sendo um dos melhores exemplos ambientais do globo. Em Fevereiro de 2016, Marrocos inaugurou a primeira fase das quatro previstas para a Estação Noor, a maior central de energia solar do mundo, que serĂĄ concluĂ­da em 2018 e vai servir para satisfazer Marrocos e vender energia aos paĂ­ses vizinhos. Com a previsĂŁo da


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fraca colheita de 2016, o Governo alocou 417 milhões de euros para apoiar a agricultura. A exploração de petróleo e gás também foi relançada. Para atrair empresas estrangeiras e lutar contra o desemprego, o país lançou também uma nova estratégia industrial para 2014-2020, procurando realçar, neste contexto, os baixos salários locais e a criação de um fundo de 1,8 bilhões de euros para as empresas que se estabeleçam no país. Porém, nem tudo é um mar de rosas. O desemprego é de 10% e afecta principalmente os jovens entre os 15 e os 24 anos e os recém-graduados. A taxa de pobreza permanece uma das maiores da região mediterrânica, com 15% da população a viver abaixo da linha de pobreza. Também há grandes diferenças nos níveis de desenvolvimento das diferentes regiões. Neste contexto, a política de austeridade suscita receios de vir a provocar instabilidade social. Sobre questões sociais, a sociedade marroquina está fortemente dividida entre conservadores e progressistas. ECONOMIA DIVERSIFICADA Segundo a presidente da Confederação das Empresas Privadas de Marrocos, Miriem Bensaleh-Chaqroun, o sector privado representa 55% do PIB marroquino, representando nove milhões de empregados, com predominância para W [MK\WZ ÅVIVKMQZW JIVKI M [MO]ZW[ telecomunicações e indústria mineira. “Em Angola, estamos presentes na banca, nos seguros e na mineração, além de representar quase 5% nas exportações de Marrocos”, revelou à E&M a responsável, que adiantou ainda que as empresas do seu país estão representadas em mais de 27 países africanos com investimentos de mais de dois mil milhões de dólares norte-americanos. Graças à riqueza do solo marroquino, o sector agrícola é a principal fonte, empregando 39% da população activa e representando 14% do PIB. Cereais,

“EM ANGOLA, ESTAMOS PRESENTES NA BANCA, NOS SEGUROS E NA MINERAÇÃO, ALÉM DE REPRESENTAR QUASE 5% NAS EXPORTAÇÕES DE MARROCOS”, REVELOU À E&M A PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO DAS EMPRESAS PRIVADAS DE MARROCOS, MIRIEM BENSALEH CHAQROUN, QUE ADIANTOU AINDA QUE AS EMPRESAS DO SEU PAÍS ESTÃO REPRESENTADAS EM MAIS DE 27 PAÍSES AFRICANOS COM INVESTIMENTOS DE MAIS DE DOIS MIL MILHÕES DE DÓLARES NORTE-AMERICANOS. frutas e legumes são os cultivos principais do país. O crescimento económico baseia-se excessivamente neste sector. Marrocos tem poucos recursos minerais, o fosfato é a sua principal riqueza. A indústria representa 29% do PIB e emprega 20% da população activa. Os principais sectores são o têxtil, os artigos de couro, o processamento LM ITQUMV\W[ W ZMÅVW LM XM\Z~TMW a montagem de electrónicos, as peças automóveis, a mineração e o processamento de fosfato, a aeronáutica, a construção e a energia. O reino está a tentar, desta maneira, diminuir a

sua dependência em relação ao sector agrícola. O sector terciário representa mais de 57% do PIB, emprega 41% da população e depende exclusivamente do turismo, que continua a ser muito dinâmico, apesar de um abrandamento trazido por uma série de atentados nos anos 2000. Além de atribuir concessões para numerosos serviços públicos nas principais cidades, o país liberalizou recentemente a regulamentação para a exploração de petróleo e gás. Os procedimentos das licitações têm-se tornando cada vez mais transparentes. &


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PETRĂ“LEO

TUDO EM NOME DO ACORDO DA OPEP A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) ressuscitou, no início de Dezembro, os limites de produção do cartel. A medida tem como objectivo restringir a oferta da commodity e estimular um aumento nos preços, algo necessårio tanto para o reequilíbrio orçamental dos países do grupo, quanto para a recuperação da indústria de energia, que reduziu investimentos após a queda no preço dos barris.

Os membros da OPEP nĂŁo poderĂŁo produzir mais do que 32,5 milhĂľes de barris de petrĂłleo por dia a partir deste mĂŞs de Janeiro. Segundo os dados mais recentes da AgĂŞncia Internacional de Energia (AIE), o cartel produziu 33,83 milhĂľes de barris por dia em Outubro. A redução seria um pouco maior que 1,2 milhĂľes, volume estimado para o crescimento da demanda mundial por petrĂłleo em 2017. Para o secretĂĄrio-geral da OPEP, Mohammed Sanusi Barkindo, a organização espera que a demanda por petrĂłleo em 2017 seja tĂŁo robusta quanto a do ano passado, embora o recente acordo para limitar a produção dentro do grupo possa elevar o preço para os compradores. E tal jĂĄ se começou a ^MZQĂ…KIZ XWQ[ W XZQUMQZW IKWZLW LM KWZ\M de produção fez com que o barril da commodity tipo Brent chegasse a ultrapassar Texto: Gaspar JoĂŁo 'PUPHSBmB DR

o patamar de 55 dĂłlares no inĂ­cio de ,MbMUJZW ITOW Y]M VrW [M ^MZQĂ…KI^I desde 2008. Com efeito, se o Acordo da OPEP, de corte de 1,2 milhĂľes de barris por dia de produção, apoiado pela RĂşssia com um corte de 300 000, for cumprido, o analista de petrĂłleos JosĂŠ Oliveira acredita mesmo que, pelo menos durante os primeiros seis meses de 2017, venhamos a “ter mĂŠdias de preços entre os 50 e 60 dĂłlares/barril, em princĂ­pio, desde que nĂŁo surjam outros problemas polĂ­ticos, nomeadamente no MĂŠdio Orienteâ€?. De acordo com cĂĄlculos do economista Lago de Carvalho, efectuados a pedido da - 5 )VOWTI [IKZQĂ…KI JIZZQ[ XWZ dia, que a 50 dĂłlares valem 3,9 milhĂľes de dĂłlares/dia. Se, com isso, conseguir ganhar 10 dĂłlares na restante produção nacional (1,7 milhĂľes de barris) terĂĄ 17 milhĂľes de dĂłlares/dia. “Parece um bom negĂłcio. Visto de outro modo, basta que o


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preço do barril aumente 2,3 dólares para começarmos a ganhar”, conclui Lago de Carvalho. (AINDA) NADA ESTÁ GARANTIDO Alguns analistas admitem que, se o acordo N]VKQWVIZ MU XTMVW VW ÅVIT LM poderemos até ter cotações acima dos 60 dólares. Mas o colaborador do Centro de -[\]LW[ M 1V^M[\QOItrW +QMV\yÅKI +-1+ da Universidade Católica de Angola (UCAN), José Oliveira, não partilha desta opinião “porque os americanos vão aumentar a sua produção e os stocks em excesso nos países ocidentais são muito grandes, pelo que, enquanto não voltarem ao normal, constituem uma barreira à subidas de preços”. Assim, a condição para que o grupo respeite esta quota é que haja uma queda de 600 mil barris por dia na produção de países com grande volume de exportação de petróleo que não são membros da OPEP. A Rússia seria responsável por metade dessa redução. Segundo a Organização dos Países Produtores de Petróleo, há outros países interessados em cooperar com o esforço para impulsionar W[ XZMtW[ UI[ VMVP]U LMTM[ WÅKQITQbW] W apoio ao acordo. “Todas as previsões são possíveis, mas são sobretudo fruto da especulação que existe no mercado. Não nos podemos esquecer que cada barril produzido, antes LM KPMOIZ IW KWV[]UQLWZ ÅVIT U]LI LM mãos, em média, 30 vezes e aí ganha-se, perde-se e especula-se. É interessante notar que a saída do mercado de alguns grandes produtores ou a entrada de outros, como o Irão, não resultaram em reduções de preços, ainda que possa PI^MZ ITO]UI[ Æ]\]It M[ VW^IUMV\M especulativas”, explica o economista Lago de Carvalho, um dos directores fundadores da equipa que fez nascer a Sonangol. O corte na produção dos países

O CORTE NA PRODUÇÃO DOS PAÍSES FORA DA OPEP É IMPORTANTE PORQUE, EMBORA A ORGANIZAÇÃO RESPONDA POR, APROXIMADAMENTE, DOIS TERÇOS DAS EXPORTAÇÕES MUNDIAIS DE PETRÓLEO, A MAIOR PARTE DA PRODUÇÃO DA COMMODITY ACONTECE FORA DOS PAÍSES DO CARTEL. fora da OPEP é importante porque, embora a organização responda por, aproximadamente, dois terços das exportações mundiais de petróleo, a maior parte da produção da commodity acontece fora dos países do cartel. Além disso, grandes consumidores, como os Estados Unidos, também passaram a produzir e a exportar mais a commodity nos últimos anos, contribuindo para aumentar a oferta e reduzir o valor do barril. “Os factores que poderão favorecer a descida do preço serão fundamentalmente derivados de um não cumprimento do acordo da OPEP em grande escala. Até agora ninguém tem dados concretos para que tal aconteça, pois os países do Golfo (Arábia Saudita, Iraque, EAU e Koweit), que têm a responsabilidade de retirar do mercado 966 000 barris diários, normalmente cumprem os acordos de redução. Aliás, não é por acaso que, mesmo sem o acordo de 30 de Novembro estar a ser aplicado, as cotações já subiram e Dezembro já teve as melhores médias de 2016”, explica José Oliveira, acrescentando que, se o Acordo da OPEP não for cumprido, pelo menos em 2/3, os preços baixam para níveis inferiores a 40 dólares, o que afectaria o país, cujo barril de petróleo bruto exportado já atingiu, em Outubro, o segundo melhor preço do ano, cerca de 45,6 dólares. E tal complicaria as KWV\I[ LI ZMKMQ\I Å[KIT LM )VOWTI MU que espera uma subida de 4% se o preço LW XM\Z~TMW ÅKIZ VW[ L~TIZM[ W Y]M [QOVQÅKI ]U IKZu[KQUW LM Y]I\ZW L~TIZM[ face ao previsto no Orçamento do Estado.

) KWVÅZUItrW ZM[]T\I LI IVnTQ[M LI consultora Eaglestone, com escritórios em Londres, Lisboa, Luanda e Joanesburgo, que revela que, “se o preço atingir os 50 dólares, em vez dos 46 previstos, e assumindo que tudo o resto se mantém KWV[\IV\M I[ ZMKMQ\I[ ÅKIZQIU IKQUI das previsões actuais”. Num relatório que analisou o Orçamento do Governo angolano, a consultora prevê, por outro lado, um impacto negativo de 6% caso o preço do petróleo caia para os 40 dólares durante 2017. “Um acordo que leve a um corte efectivo da oferta de crude deverá ter um impacto positivo e sustentado no preço, o que será positivo para os países exportadores de petróleo como Angola”, acrescenta, mas “se o acordo falhar, isso pode voltar a colocar o preço do crude abaixo dos 40 dólares no próximo ano”, prejudicando as previsões do Executivo, que chegou a ter no orçamento um barril a valer mais de 100 dólares no Verão de 2014. AS CONTAS SEM PETRÓLEO O Governo angolano está ciente de que a elevada dependência do sector petrolífero representa uma ^]TVMZIJQTQLILM XIZI I[ ÅVIVtI[ X JTQKI[ e para a economia de forma mais ampla, de acordo com um comunicado do Ministério das Finanças tornado público recentemente. Apesar da ^]TVMZIJQTQLILM W -`MK]\Q^W ZMIÅZUI que o Orçamento Geral do Estado para M[\M IVW XZWUW^M I LQ^MZ[QÅKItrW LI


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actividade económica para o aumento das exportações, pois o sector petrolífero deve crescer 1,8% e o não-petrolífero 2,3%, sendo que este último terá um desempenho positivamente determinado pelos sectores da Energia, com 40,2%, Agricultura, 7,3%, Construção, 2,3%, e da Indústria Transformadora, com 4%. Os esforços sustentados ao longo de muitos anos para promover a LQ^MZ[QÅKItrW MKWV~UQKI Rn ZM[]T\IZIU V]U I]UMV\W [QOVQÅKI\Q^W LM ! LI contribuição do sector não-petrolífero para o PIB, em comparação com os 40% em meados dos anos 80. No entanto, o sector petrolífero ainda representou mais LM ! LI[ ZMKMQ\I[ LM M`XWZ\ItrW M LI[ ZMKMQ\I[ Å[KIQ[ MU O também empresário Lago de

Carvalho vê aqui a questão de fundo. ¹)TO]uU Rn KITK]TW] Y]IT u W 81* VrW XM\ZWTyNMZW XIZI [IJMZ Y]IT I KIZOI Å[KIT a aplicar sobre esse PIB para cobrir as despesas do OGE? Por favor, façam a conta para não obrigarem a que os trabalhadores e as empresas trabalhem só para pagar o aparelho de Estado, ÅKIVLW IXMVI[ KWU ]UI[ UQOITPI[ Estamos todos a olhar para o preço do petróleo como o caminho para a salvação. Não é. O petróleo não vai voltar a chegar aos 100 dólares e vai ser substituído por outras fontes de energia. Os países produtores vão perder a vantagem que tinham no mercado. Quantos anos temos? Alguns, mas não chegarão se não nos esforçarmos para IR][\IZ I VW[[I MKWVWUQIº I[[MO]ZI &


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MOTO-TĂ XIS

ACELERAR SOBRE DUAS RODAS PARA NĂƒO PASSAR FOME A escassez de transportes pĂşblicos levou a que algumas zonas urbanas da cidade capital tambĂŠm fossem “invadidasâ€? pelos moto-tĂĄxis, vulgo kupapatas, termo oriundo da lĂ­ngua Umbundu que FN QPSUVHVÆT TJHOJmDB iBQBMQBSw " BDUJWJEBEF EF NPUP UžYJ UFSž TVSHJEP OP QBÉT Iž NBJT EF EVBT dĂŠcadas (em 1991) na provĂ­ncia de Benguela, logo apĂłs a desmobilização das tropas angolanas, em DVNQSJNFOUP EPT "DPSEPT EF 1B[ EF #JDFTTF

As motorizadas ganharam o seu espaço na zona urbana de Luanda, tornando-se um dos principais meios de transporte da população. Milhares de moto-taxistas olham para actividade como uma alternativa ao desemprego e uma forma honesta de garantir o sustento da sua vida e das suas famĂ­lias. Dia chuvoso. Ainda nĂŁo sĂŁo 6h00 da manhĂŁ e jĂĄ Paulo Pedro Ndumbo, de 35 anos de idade, estaciona a sua mota Ă beira da estrada, nas proximidades das bombas de combustĂ­vel dos Mirantes, em Talatona. Quanto mais tĂĄxis estacionarem na paragem em que Paulo se encontra, mais oportunidades hĂĄ de se conseguir um “pĂĄssiâ€?, gĂ­ria utilizada pelos moto-taxistas para se referirem aos passageiros. Paulo trabalha sem o capacete, algo que, mais tarde ou mais cedo, poderĂĄ trazer-lhe problemas, pois os “Pin e Pukâ€?, polĂ­cias que usam motorizadas, tĂŞm-nos como alvo fĂĄcil para garantir algum dinheiro em troca das pesadas multas ou mesmo da apreensĂŁo da motorizada. “Hoje choveu bastante, os capacetes Texto: EdjaĂ­l dos Santos 'PUPHSBmB Carlos Aguiar

molharam e nĂŁo podia usĂĄ-los assimâ€?. Paulo exerce a actividade de moto-taxista hĂĄ quatro meses. Nunca teve um trabalho formal, ou seja, desde sempre ganhou a vida em biscates. Antes de entrar na “viaâ€? com a motorizada, era cobrador de tĂĄxis, entretanto desistiu do negĂłcio e agora acelera nas estradas de Luanda. Como grande parte dos motociclistas, ele tambĂŠm nĂŁo ĂŠ de Luanda, veio para conseguir sustento para a famĂ­lia, VWUMILIUMV\M I U]TPMZ M \Zw[ Ă…TPW[ O caso de Paulo nĂŁo ĂŠ isolado. Na mesma situação estĂŁo outras centenas de jovens que ganham a vida sobre duas rodas nas artĂŠrias de Luanda. LutonĂĄdio Daniel Bernardo ĂŠ outro exemplo. Natural de Luanda, a viver no Rocha Pinto, Bernardo ĂŠ moto-taxista hĂĄ mais de seis meses, mas nĂŁo a tempo inteiro, pois, como faz questĂŁo de vincar, tambĂŠm ĂŠ mecânico: “Quando nĂŁo hĂĄ carros para arranjar, entro na viaâ€?. Apesar de ainda estar a trabalhar, o mecânico diz que falta um mĂŞs para terminar o contrato e a UW\W XI[[IZ I [MZ LMĂ…VQ\Q^IUMV\M []I JĂĄ Argentino JosĂŠ veio hĂĄ trĂŞs anos do Lubango transferido por uma rede de supermercados para Luanda, onde

continua a trabalhar em part-time. Das 7h Ă s 14h exerce a actividade de tĂĄxi e Ă s 16h transforma-se em lojista, regressando apenas Ă s 23h. Por dia, em mĂŠdia, amealha, como moto-taxista, cerca de 4 000 kwanzas, valor com que paga a renda da casa mensal e o sustento da famĂ­lia. Abel, de 25 anos de idade, tem a 6ÂŞ classe concluĂ­da e tambĂŠm veio do Lubango para Luanda Ă procura de melhores condiçþes. Muito contido nas XITI^ZI[ KWVĂ…LMVKQW] VW[ Y]M ^MQW ^Q^MZ com o tio, que hĂĄ um mĂŞs lhe deu uma mota para ajudar no sustento da casa. HĂĄ seis meses na capital, o jovem frisa que se estĂĄ a adaptar bem ao trabalho de moto-tĂĄxi. SĂŁo muitos os jovens que, para terem emprego, utilizam as suas motorizadas como tĂĄxis. É o Ăşnico caminho que encontram para ganhar dinheiro. Em mĂŠdia, obtĂŞm por dia cerca de 4 a 5 mil kwanzas, sendo que as corridas variam entre 150 a 500 kwanzas, dependendo da LQ[\pVKQI 5I[ VMU \]LW Ă…KI XIZI MTM[ pois, muitas vezes, vĂŞem-se obrigados a pagar aos polĂ­cias para que as suas motorizadas nĂŁo sejam apreendidas,


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SOCIEDADE | 57

SÃO MUITOS OS JOVENS QUE, PARA TEREM EMPREGO, UTILIZAM AS SUAS MOTORIZADAS $0.0 5¢9*4 103 4&3 0 ¸/*$0 $".*/)0 26& &/$0/53". 1"3" ("/)"3 %*/)&*30 &. .©%*" 0#5ª. $&3$" %& .*- ,8"/;"4 103 %*" ."4 /&. 56%0 '*$" 1"3" &-&4 POIS, MUITAS VEZES, VÊEM-SE OBRIGADOS A PAGAR AOS POLÍCIAS PARA QUE AS SUAS MOTORIZADAS NÃO SEJAM APREENDIDAS, POR FALTA DE CUMPRIMENTO DAS NORMAS %& 53£/4*50


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por não cumprimento das normas de trânsito ou falta de algum documento. Os outros ganhos destinam-se à compra de combustível. ,M IKWZLW KWU LILW[ WÅKQIQ[ LI Associação dos Moto-taxistas de Angola, cerca de 300 000 pessoas viviam desta actividade em 2015, mais de metade na província de Luanda. O número cresce sem parar e todos os dias centenas de moto-taxistas circulam com as suas motorizadas pela capital, tanto durante o dia como à noite, sendo que, quando escurece, têm sido vítimas de muitos assaltos. Recentemente, a Associação dos Motoqueiros e Transportadores de Angola (AMOTRANG) contou ao jornal “O País” que está preocupada com a onda de assaltos que tem vitimado os seus associados. Só no período de 10 de Janeiro a 8 de Maio

CERCA DE

200

moto-taxistas MORRERAM NAS ESTRADAS ANGOLANAS SÓ NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2015. O DESCONHECIMENTO DO CÓDIGO DA ESTRADA É A PRINCIPAL RAZÃO DESTE MAL QUE, NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2016, REGISTOU UM TOTAL DE 364 ACIDENTES QUE RESULTARAM NA MORTE DE 237 PESSOAS E NO FERIMENTO GRAVE DE 402.

de 2016, esta instituição registou, na província de Luanda, cerca de 127 roubos de motorizadas, 88 dos quais com recurso a armas de fogo. Destes roubos, 27 moto-taxistas foram mortalmente baleados e 57 sofreram ferimentos graves. Para obtermos dados actualizados, contactámos o presidente da AMOTRANG, Bento Rafael, mas este, apesar de prometer enviar-nos a informação, já não nos respondeu às mensagens e chamadas. Outro aspecto que continua a preocupar a direcção da AMOTRANG prende-se com os acidentes rodoviários que envolvem moto-taxistas. A Economia & Mercado contactou a Direcção Nacional de Viação e Trânsito que, por sua vez, remeteu o assunto à Direcção de Comunicação e Imagem da Polícia, porém até ao fecho da presente edição não obtivemos uma resposta. &


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SOUTH AFRICAN AIRWAYS

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|FIGURA DO MĂŠS

BRUNO MIGUEL PEGADO CEO e ProprietĂĄrio do Grupo BMP

NĂƒO HĂ UM AMBIENTE ESTĂ VEL PARA NEGĂ“CIOSâ€?

“

Economia & Mercado (E&M) – Qual ĂŠ a receita para se ser um bom gestor, por um lado, e lĂ­der, por outro, principalmente na conjuntura em que nos encontramos? Bruno Pegado (BP) - Um bom gestor nĂŁo ĂŠ aquele que simplesmente manda fazer. Tem que saber e ter a capacidade de mostrar como se faz. A liderança surge com o facto de se ser um bom gestor de pessoas, estar sempre presente e Ă frente da equipa, de modo a entender todos os acontecimentos, quer internos quer externos, procurar interagir com os funcionĂĄrios e atĂŠ saber o que eles pensam sobre a funcionalidade de todo o sistema organizacional e operacional, principalmente na conjuntura em que nos encontramos, onde se nota claramente uma falta de comprometimento com o sistema global empregador. E&M - Qual ĂŠ a sua opiniĂŁo sobre a actual situação econĂłmica do paĂ­s? BP - Como empreendedor, acho que estĂĄ pĂŠssima, porque nĂŁo hĂĄ um ambiente estĂĄvel para negĂłcios, o que nĂŁo contribui para o crescimento do paĂ­s. Por outro lado, defendo a redução da importação em benefĂ­cio do surgimento de grandes centros logĂ­sticos internos, que seriam responsĂĄveis pela importação e distribuição por todo paĂ­s. É tambĂŠm importante que se melhore B mTDBMJ[BĂƒĂ€P SFHVMBNFOUBĂƒĂ€P F controlo dos preços, limitando, deste NPEP P DSFTDJNFOUP EB JOnBĂƒĂ€P +ž como cidadĂŁo, penso que deve haver

um maior cumprimento das regras de probidade pĂşblica e mais limitação de gestores pĂşblicos a exercerem actividade empresarial, criando situaçþes de concorrĂŞncia desleal e benefĂ­cios pessoais, que afectam toda uma nação. Precisamos de maior transparĂŞncia na gestĂŁo do bem pĂşblico, nas transacçþes e na gestĂŁo bancĂĄria. & . 2VF EFTBmPT QSPmTTJPOBJT tem pela frente? BP - Gostaria de construir uma fĂĄbrica de montagem de carros no paĂ­s. Temos o continente africano todo para explorar e distribuir os nossos carros. TambĂŠm tenho jĂĄ previsto o lançamento da minha linha de Ăłculos, que estĂĄ atrasada devido B EJmDVMEBEFT OBT USBOTGFSÆODJBT bancĂĄrias aos fornecedores. Outro EFTBmP Ă… P MBOĂƒBNFOUP EF VNB MJOIB de carros familiares para Angola, com motores 1.1 e 1.2, destinados a estudantes e a pessoas com menos QPTTJCJMJEBEFT mOBODFJSBT &TUF Ă”MUJNP projecto prevĂŞ empregar mais de 50 jovens. E&M - Que obstĂĄculos encontra para alcançar as metas a que se propĂľe? BP - $PN B BDUVBM DSJTF mOBODFJSB vejo ainda mais obstĂĄculos pela GSFOUF "OUFT BT EJmDVMEBEFT FSBN B falta de credibilidade nos projectos, jĂĄ que para alguns sectores ĂŠ sempre difĂ­cil apoiar um projecto a partir EB CBTF " GBMUB EF mOBODJBNFOUP tambĂŠm ĂŠ uma condicionante, mas depois de muito esforço mostrei que

os projectos sĂŁo viĂĄveis e que quero trabalhar. Acredito que com este passo que dei o quadro pode mudar. E&M - De que modo a fomentação dos desportos motorizados em Angola pode contribuir para a atracção de turistas ao paĂ­s? BP - O turismo ĂŠ a chave para a sobrevivĂŞncia de qualquer paĂ­s organizado. NĂłs temos a sorte de ter tudo, ou quase tudo, em Angola, mas ĂŠ necessĂĄrio despertar este gigante adormecido (turismo). Com os desportos radicais podemos tirar jovens das ruas, alĂŠm de que hĂĄ estrangeiros que vĂŞm a Angola QBSB FOGSFOUBS OPWPT EFTBmPT /P prĂłximo ano, teremos o campeonato do mundo de Golf, uma oportunidade inĂŠdita que podemos aproveitar QBSB NBTTJmDBS PVUSPT EFTQPSUPT & porque nĂŁo apostar nos desportos motorizados? Temos no paĂ­s destinos maravilhosos, mas devemos aproveitĂĄ-los da melhor forma e associar o turismo ao desporto, pois acredito que isto pode alavancar o turismo desportivo, gerando receitas para o paĂ­s e para quem investir no TFDUPS &YFNQMP EJTTP Ă… P DBNQFPOBUP angolano de rally raid que estĂĄ a passar por vĂĄrias regiĂľes lindas de Angola e que tornou possĂ­vel o turismo de campismo. Tudo isso ĂŠ turismo desportivo, algo que o paĂ­s precisa de aproveitar e desenvolver, e a partir daqui outras ĂĄreas da actividade econĂłmica virĂŁo por arrasto.


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FIGURA DO MĂŠS | 61

CARGO ACTUAL $&0 F 1SPQSJFUžSJP EP Grupo Bruno Miguel Pegado, Lda, que detĂŠm a marca de carros Pegado e as lojas com o mesmo nome. É tambĂŠm piloto de rally e proprietĂĄrio da Pegado Racing Team, a primeira equipa angolana a desenvolver os seus prĂłprios carros. RESPONSABILIDADES GestĂŁo e administração do Grupo BMP nas ĂĄreas de gestĂŁo e distribuição de correspondĂŞncias, estudos de viabilidade e negĂłcios, anĂĄlise de parcerias empresariais e investimento interno e externo, gestĂŁo contabilĂ­stica e mOBODFJSB CFN DPNP EF recursos humanos. MĂ XIMA DE GESTĂƒO “O segredo do sucesso consiste em nĂŁo acreditar nas coisas Ăłbvias, sendo que o saber nĂŁo basta, ĂŠ preciso usar o conhecimento. NĂŁo basta desejar algo, ĂŠ preciso ter atitude.â€?

CARREIRA / CURRICULUM VITAE #SVOP .JHVFM EPT 4BOUPT 1FHBEP OBTDFV B EF 4FUFNCSP EF FN -VBOEB Š mMIP EF .BOVFM EB 1B[ 'SBODJTDP 1FHBEP F EF $FMFTUJOB +PTĂ… EPT 4BOUPT 1FHBEP Ă… DBTBEP F QBJ EF TFJT mMIPT -JDFODJBEP QFMB 6OJWFSTJEBEF EP ;JNCBCXF FN FN "ENJOJTUSBĂƒĂ€P EF &NQSFTBT F .BSLFUJOH Ă… BENJOJTUSBEPS EP (SVQP #SVOP .JHVFM 1FHBEP -EB EFTEF "HPTUP EF BOP EB sua fundação. Com experiĂŞncia de 10 anos como gestor de negĂłcios, NBSLFUJOH, vendas e logĂ­stica tem investido na aquisição de experiĂŞncia e conhecimento em concessionĂĄrias de automĂłveis, actuando nas ĂĄreas de venda e pĂłs-venda.


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| LAZER

VINHOS

QUINTA DA LEDA DOURO 2014

O INĂ?CIO DE UMA RELAĂ‡ĂƒO APAIXONANTE “No aroma e no sabor, sente-se que estamos perante um vinho de enorme precisĂŁo, tudo excelentemente XZWXWZKQWVIT LMĂ…VQLW VI NZ]\I ^MZUMTPI e negra, polido nos taninos, aveludado no corpo. Sem arestas, um grande, grande vinhoâ€?. É assim que a “Revista de Vinhosâ€? descreve o Quinta da Leda Douro 2014 no seu painel de prova. Quanto a nĂłs, a descrição ĂŠ merecida. ConhecĂ­amos apenas o Quinta da Leda Douro 2013, mas esta Ăşltima colheita, agora disponĂ­vel no mercado, soube-nos tĂŁo bem, harmonizada com um XZI\W LM XWT^W VW NWZVW ,MO][\nUW TI recentemente, na companhia do enĂłlogo LuĂ­s Sottomayor, que tem quase 30 anos LM ;WOZIXM >QVPW[ M W LM[IĂ…W KWV[\IV\M LM [M []XMZIZ I KILI [INZI O Quinta da Leda Douro 2014 tem um aroma complexo, atĂŠ certo ponto LQNyKQT LM LMKQNZIZ XIZI Y]MU [M M[\n I iniciar no mundo dos vinhos e ainda tem um enorme trabalho para treinar W WTNIK\W KWUW u W VW[[W KI[W 5I[ I[ VW\I[ LM NZ]\W[ ^MZUMTPW[ M XZM\W[ [rW NIKQTUMV\M XMZKMX\y^MQ[ KWV\ZIZQIUMV\M ao sabor “balsâmico a resina e a cedroâ€? que nos custou a perceber. Trata-se de “um vinho de qualidade superiorâ€?, LM[KZM^M W XZWL]\WZ VI Ă…KPI \uKVQKI M KWUXZW^nUW TW 5IQ[ LW Y]M Q[[W IXMZKMJMUW VW[ LM Y]M M[\n^IUW[ I iniciar uma relação apaixonante com Texto: SebastiĂŁo Vemba 'PUPHSBmB Cedida pela marca

M[\M ^QVPW )TQn[ VI XMY]MVI >QTI 6W^I LM .Wb +€I WVLM NWUW[ ITUWtIZ LMXWQ[ LI ^Q[Q\I ZnXQLI o 9]QV\I LI Leda – onde a Casa Ferreirinha cultiva as uvas que compĂľem este vinho, nomeadamente a Touriga Franca (60%), Touriga Nacional (15%), Tinto CĂŁo M <QV\I :WZQb ¡ Ă…bMUW[ W prazeroso exercĂ­cio de percepcionar as notas de “um ligeiro cacau e chocolate, NZ]\W LM ]UI JWI UI\]ZItrW M ]UI madeira discreta muito bem integradaâ€?. A Quinta da Leda Douro 2014 deixa VW[ KWU I JWKI I^WT]UILI V]U Ă…VIT longo e harmonioso. 5I\]ZILW L]ZIV\M KMZKI LM UM[M[ em barricas de madeira de carvalho NZIVKw[ LM TQ\ZW[ LMTI[ VW^I[ W TW\M Ă…VIT LW 9]QV\I LI 4MLI u elaborado com base numa selecção “muito apurada, apĂłs inĂşmeras provas que permitem escolher os vinhos das UMTPWZM[ ^I[QTPI[Âş [MVLW Y]M W TW\M Ă…VIT \MU IXMVI[ ]UI TQOMQZI Ă…T\ZItrW IV\M[ LW MVOIZZINIUMV\W Em Portugal, o Quinta da Leda Douro 2014 custa 33 euros. Embora jovem, XWLM KWV[]UQ TW Rn IXM[IZ LM W UM[UW JMVMĂ…KQIZ LM ]UI UI\]ZItrW LM \Zw[ I Y]I\ZW[ IVW[ LM^MVLW I OIZZINI [MZ UIV\QLI LMQ\ILI MU TWKIT [MKW M NZM[KW Os produtores garantem que este vinho, que combina “com boas carnes, caça e Y]MQRW[ LM KIZnK\MZ M QV\MV[W[Âş I\QVOM W seu apogeu aos 10 anos e que manter [M n MU XTMVI[ KWVLQt‚M[ LM KWV[]UW durante cerca de 20 anos. &



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| LAZER

AO VOLANTE

LUANDA ACOLHEU SÉTIMA PROVA DE RALI TT Luanda acolheu, no princípio de Dezembro, nos arredores dos Mangais, a sétima e última edição da prova de Rali/ Raid de Angola 2016 (CARR), que juntou pilotos de várias categorias, como informou a organização.

Texto: Sebastião Vemba 'PUPHSBmB Lela Gonçalves

,M IKWZLW KWU ]UI VW\I MV^QILI o -KWVWUQI 5MZKILW VI +TI[[M 5 LI[ UW\W[ LM L]I[ ZWLI[ 2W[P]I <MQ`MQZI Y]M XQTW\W] ]UI 0][Y^IZVI XMZLM] VW[ ¹8Z~TWOW[º XIZI /WVtITW 4W\I 0][IJMZO ;- UI[ LMXWQ[ OIVPW] VI[ ¹-[XMKQIQ[º 6W MV\IV\W MU ¹I LQ[X]\I MV\ZM M[\M[ LWQ[ RW^MV[ ^IQ [MZ U]Q\W QV\MZM[[IV\M LM IKWUXIVPIZº XZWUM\MU W[ WZOIVQbILWZM[ Y]M TIUMV\IU I LM[Q[\wVKQI LM .nJQW +Z]b AIUIPI ?: Y]M KWU I UM\I o ^Q[\I Ã…KW] [MU OI[WTQVI :QKIZLW )TUMQLI 3<5 -@+ \IUJuU ^WT\W] I LM[Q[\QZ M VrW KWV[MO]Q] \MZUQVIZ VMVP]UI XZW^I M[\M IVW 6I +TI[[M 9 LI[ UW\W[ LM Y]I\ZW ZWLI[ 0IUQT\WV /WVtIT^M[ ;]b]SQ 4<:

450) saiu em 1º lugar, seguido de Ali Chamseddine (Suzuki LTR 450), que Ã…KW] MU £ T]OIZ 5QO]MT +IZLW[W 3<5 @+ MU £ T]OIZ M 8I]TW <ZQVLILM 0WVLI <:@ Y]M Ã…KW] MU £ 2n VI KI\MOWZQI LW[ 2MMX I KTI[[M << I L]XTI :QKIZLW ;MY]MQZI >QK\WZ ;MY]MQZI IW ^WTIV\M LW 5Q\[]JQ[PQ 8IRMZW ->7 8ZW\W , Ã…KW] MU £ T]OIZ IW XI[[W Y]M I L]XTI 5IT~ )TUMQLI 2WrW 8I]TW 6Q[[IV 8QKS =X / IXM[IZ LM \MZ \QLW ]UI I^IZQI VI ƒT\QUI ¹-[XMKQITº KWV[MO]Q] Ã…KIZ MU £ T]OIZ 8MLZW 2M[][ 2MMX ?ZIVOTMZ VW [M] XZQUMQZW KIUXMWVI\W [IQ] VI ¢ XW[QtrW 1VNMTQbUMV\M I MY]QXI LM *MVO]MTI KWUXW[\I XWZ 2WrW )TUMQLI M 8MLZW ,QI[ IW ^WTIV\M LW 6Q[[IV 8I\ZWT / M 8MLZW


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8QVPW M )Z\]Z )NWV[W 6Q[[IV 6I^IZI , \Q^MZIU XZWJTMUI[ KWU I[ UnY]QVI[ M VrW \MZUQVIZIU I XZW^I 8WZ ร U 2WrW 4W\I XQTW\W LW 8WTIZQ[ VI +TI[[M - LW[ buggies, NWQ [MUXZM W UIQ[ ZnXQLW Y]MZ VW ยน8Z~TWOWยบ Y]MZ VI[ ยน-[XMKQIQ[ยบ UI[ \M^M ]UI XMVITQbItrW LM M[\ZILI LM KQVKW UQV]\W[ M UMQW M ร KW] MU ยฃ T]OIZ [MVLW []XMZILW XWZ 5nZQW .WV\M[ Y]M KWVL]bQ] W 8WTIZQ[ ! Y]M TPM OIZIV\Q] W ยฃ T]OIZ NZ]\W LI []I

ZMO]TIZQLILM IXWV\I I WZOIVQbItrW 4]Q[ )JZIV\M[ 8WTIZQ[ ! \MZUQVW] MU ยฃ T]OIZ M *Z]VW 8MOILW VW ^MyK]TW 8MOILW 7UJILRI ZINMQZW ` \MZUQVW] MU ยฃ T]OIZ -V\ZM\IV\W W :ITQ << LM 4]IVLI VrW NWQ [~ KWUXM\QtrW \IUJuU PW]^M M[XItW XIZI ]UI M`XW[QtrW WVLM M[\Q^MZIU XZM[MV\M[ ^nZQI[ UIZKI[ TQOILI[ IW[ UW\WZM[ )TQILW o M`XW[QtrW PW]^M ]U UWUMV\W XIZI Uย [QKI M LIVtI &


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| REMATE

FIDELIZANDO A HISTĂ“RIA /VNB OPUB PmDJBM EB 6/*5" BTTJOBEB QFMP 4FDSFUBSJBEP &YFDVUJWP EB TVB $PNJTTĂ€P 1PMÉUJDB B QSPQĂ?TJUP EP QBTTBNFOUP GÉTJDP EF 'JEFM $BTUSP 3V[ SFDPOIFDF TF RVF TFN B JOUFSWFOĂƒĂ€P EF $VCB OP DPOnJUP NJMJUBS BOHPMBOP P DVSTP EB IJTUĂ?SJB OBDJPOBM QPEJB UFS TJEP NVJUP EJGFSFOUF &WJEFOUFNFOUF RVF QSPQPSDJPOBOEP EVBT MFJUVSBT DPNQMFUBNFOUF EJGFSFOUFT FTUBT EFDMBSBĂƒĂ‘FT OĂ€P EFJYBN EF DPOWFSHJS OVNB Ă”OJDB WFSEBEF &TUPV DPOWFODJEP EF RVF TPNPT NJMIĂ‘FT B QBSUJMIBS EFTTF QPOUP EF WJTUB "DSFTDFOUBSJB RVF FWFOUVBMNFOUF OĂ€P FTUBSž FN DBVTB BQFOBT P DVSTP EB IJTUĂ?SJB OBDJPOBM NBT UBNCĂ…N P RVF Ă… SFMBUJWP ½T BMUFSBĂƒĂ‘FT QSPGVOEBT RVF TF WFSJmDBSBN OB ¢GSJDB "VTUSBM OPNFBEBNFOUF B RVFEB EP SFHJNF TFHSFHBDJPOJTUB F SBDJTUB EP "QBSUIFJE OB ¢GSJDB EP 4VM F B JOEFQFOEÆODJB EB /BNÉCJB PARA O BEM DE UNS E MAL DE OUTROS, FIDEL CASTRO E A SUA DECISĂƒO DE SOCORRER AS FORÇAS DO MPLA CONSTITUIRĂƒO UM MARCO PARA A HISTĂ“RIA DE ANGOLA COMO PAĂ?S INDEPENDENTE E SOBERANO E DE OUTROS POVOS AFRICANOS QUE SOBREVIVERAM AO REGIME RACISTA DO APARTHEID CONQUISTANDO A SUA SOBERANIA.

Nuno Fernandes Jornalista Presidente do Conselho Executivo Grupo Executive

NĂŁo hĂĄ ninguĂŠm que nĂŁo reconheça um facto: que a intervenção das forças regulares do exĂŠrcito cubano em Angola aconteceu a pedido de Agostinho Neto muito pouco antes da data prevista para a proclamação da independĂŞncia nacional, quando jĂĄ forças regulares dos exĂŠrcitos da Ă frica do Sul e do entĂŁo ZaĂ­re se acercavam de Luanda para ambos a tomarem e instalarem no poder as forças combinadas da UNITA e da FNLA. É facto que, nas forças do MPLA, desde a guerra de libertação nacional alguns militares cubanos assessoravam, no treino militar, o corpo de guerrilheiros, mas o seu nĂşmero era claramente diminuto e nĂŁo constituĂ­a, nem de perto nem de longe, uma força que conferisse qualquer poder ofensivo. As tropas cubanas entraram para travar as forças sul-africanas no Ebo e, mais a norte, em Kifangondo, Ă s portas de Luanda, o exĂŠrcito regular da RepĂşblica do ZaĂ­re, do entĂŁo presidente Mobuto, assessoradas por um grupo de mercenĂĄrios comandados por um coronel de nacionalidade portuguesa. As forças invasoras vinham constituĂ­das por batalhĂľes equipados com blindados, artilharia de longo alcance e milhares de soldados. Incorporavam essas forças as dos movimentos UNITA e FNLA no âmbito de um plano militar gizado em Cabo Verde com o patrocĂ­nio do entĂŁo General SpĂ­nola, que exercia as funçþes de Presidente da RepĂşblica Portuguesa e que foi sempre contrĂĄrio Ă presença do MPLA numa solução polĂ­tica para Angola. O envolvimento cubano, um pouco Ă revelia do interesse soviĂŠtico para a regiĂŁo, acabou por IZZI[\IZ M[\M ƒT\QUW XIZI M[\M KWVÆQ\W LIVLW TPM uma amplitude regional e inserindo-o no confronto Leste/Oeste (Guerra Fria) do que resultou

mais de 16 anos de guerra violenta envolvendo directamente, com o apoio das superpotĂŞncias, as forças regulares de Angola e de Cuba por um lado, e, do outro, as da Ă frica do Sul e da UNITA. Pelo UMQW RWOI^I [M I QVLMXMVLwVKQI LI 6IUyJQI M W Ă…U do regime do Apartheid e a consequente liberdade do povo sul-africano. E a intervenção cubana foi igualmente decisiva no desfecho da maior batalha vivida no continente africano pĂłs Guerra Mundial e que teve como palco duas regiĂľes do sul de Angola, no caso, o Cuito Cuanavale, no Kuando Kubango, e no Cuamato, na provĂ­ncia do Cunene. Nestas duas enormes batalhas, as forças armadas regulares de Angola e de Cuba, socorrendo-se de todos os meios (aviação de combate, blindados, artilharia e infantaria) derrotaram as melhores unidades militares do exĂŠrcito regular da Ă frica do Sul, incluindo a []I I^QItrW XWVLW Ă…U IW KWVÆQ\W IZUILW M proporcionando o ambiente para as negociaçþes que KWVL]bQZIU o QVLMXMVLwVKQI LI 6IUyJQI IW Ă…U LW regime do Apartheid na Ă frica do Sul e Ă realização do entendimento entre o Governo e a UNITA para a realização das primeiras eleiçþes gerais no paĂ­s. NĂŁo hĂĄ dĂşvidas de que sem a intervenção cubana o curso de toda a histĂłria podia ter sido diferente. Aqui em Angola e provavelmente na NamĂ­bia e na Ă frica do Sul. Hoje poderemos apenas fazer conjecturas. Para o bem de uns e mal de outros, Fidel Castro e a sua decisĂŁo de socorrer as forças do MPLA constituirĂŁo um marco para a HistĂłria de Angola como paĂ­s independente e soberano e de outros povos africanos que sobreviveram ao regime racista do Apartheid conquistando a sua soberania. &




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