Economia & Mercado 151

Page 1

"#3*- t "/0 t / t PREÇO 1000Kz

PRODUÇÃO DE AÇÚCAR

9

775080

102012

00151

MAIS ENERGIA À ECONOMIA IMPOSTO PREDIAL URBANO Estado arrecada mais de 7 mil milhões de kwanzas

PETRÓLEOS

EM FOCO

FINANÇAS

Para quando a “nova” Sonangol?

Ana Carreira, Administradora do Banco Sol

"OHPMB QFSEF JOnVÆODJB na banca portuguesa



ABRIL 2017 WWW.ECONOMIAEMERCADO.SAPO.AO

18 ESTADO ARRECADA MAIS DE 7 MIL MILHÕES DE KWANZAS

RADAR

A primeira prestação do pagamento do Imposto Predial Urbano (IPU), referente ao ano de 2016, decorreu entre 1 de Janeiro e 31 de Março e rendeu ao Estado uma receita na ordem dos 7,1 mil milhões de kwanzas. Entretanto, ainda há necessidade de reforçar as campanhas de sensibilização e esclarecer as dúvidas que persistem.

OPINIÃO

48 DESPORTO, AGRICULTURA E EDUCAÇÃO REANIMAM CACUSO O surgimento do Pólo Agro-Industrial de Kapanda, em particular da Biocom, cuja indústria e área agrícola estão localizadas no município de Cacuso (Malanje), desencadeou o nascimento de vários projectos sociais que vão desde o desporto à agricultura. Sob iniciativa e gestão da Companhia de Bioenergia de Angola, os programas sociais, além de gerarem renda às famílias, oferecem-lhes qualidade de vida e já valeram à empresa a distinção na categoria de Responsabilidade Social dos Prémios Sirius 2016, promovidos pela Deloitte.

66 PARA QUANDO A “NOVA” SONANGOL? Cerca de dez meses depois de Isabel dos Santos ter, formalmente, assumido o comando da maior empresa nacional, que é detentora dos direitos sobre o mais JNQPSUBOUF SFDVSTP mOBODFJSP EP QBÉT QPVDP TF TBCF TPCSF B BQMJDBÃÀP EF GBDUP das anunciadas mudanças de fundo na estratégia e gestão do sector petrolífero nacional e da Sonangol.

10 CONTRAPONTO

12 LUÍS TODO BOM 16 JUSTINO PINTO DE ANDRADE 17 IPSIS VERBIS

MACRO 18 IMPOSTO PREDIAL URBANO 22 URBANISMO E HABITAÇÃO

OPINIÃO 26 J. G. MATOS 27 NÚMEROS EM CONTA

CAPA 28 PRODUÇÃO DE AÇÚCAR 42 ENTREVISTA

PAÍS 48 MALANJE

LÁ FORA 54 FINANÇAS

EM FOCO 58 ENTREVISTA

MERCADO E FINANÇAS 66 PETRÓLEOS

SOCIEDADE 70 BOA FORMA 74 FIGURA DO MÊS

LAZER

28 INDÚSTRIA RELANÇADA PARA CONTRARIAR IMPORTAÇÃO O açúcar consta da lista dos 13 produtos da cesta básica com os quais Angola gastou, só em 2015, cerca de cinco mil milhões de dólares norte-americanos. Nesse ano, a Companhia de Bioenergia de Angola (Biocom) produziu 25 mil toneladas de açúcar RVF OÀP GPSBN TVmDJFOUFT QBSB DPMNBUBS BT NBJT EF NJM UPOFMBEBT RVF P NFSDBEP interno consome. Entretanto, o objectivo dos promotores da Biocom, alinhado com a FTUSBUÅHJB EP &TUBEP BOHPMBOP QBSB SFTQPOEFS BPT BDUVBJT EFTBmPT Å P EF QSPEV[JS mil toneladas, até 2021, e garantir, deste modo, 80% do consumo nacional. A produção cresce de ano para ano, mas há ainda fortes resquícios de cepticismo em relação à viabilidade do projecto. Apesar das dúvidas e até prova em contrário, a indústria açucareira garante que tem vindo a renascer das cinzas desde há três anos.

76 LUANDA-DUBAI 78 VINHOS 80 AO VOLANTE

REMATE 82 NUNO FERNANDES



EDITORIAL | 5

www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

PRODUZIR COM RESPONSABILIDADE SOCIAL SebastiĂŁo Vemba

A Economia & Mercado visitou, no Ăşltimo mĂŞs, as instalaçþes da Companhia de Bioenergia de Angola (Biocom), em Malanje, municĂ­pio de Cacuso, onde teve a oportunidade de constatar in loco a actividade agrĂ­cola e a dimensĂŁo do aparato industrial que garantiram, no ano passado, a produção de 51 mil toneladas de açúcar cristalizado, superando a estimativa de 47 mil toneladas para a mesma safra. Com o objectivo de atingir as 256 mil toneladas de açúcar em 2021, altura em que os investidores prevĂŞem começar a \MZ W ZM\WZVW Ă…VIVKMQZW LW QV^M[\QUMV\W PWRM I^ITQILW MU UQT milhĂľes de dĂłlares, o projecto visa reduzir a importação de açúcar, que consta dos trĂŞs produtos alimentares com os quais Angola gasta mais divisas. Entretanto, a empresa ainda ĂŠ alvo de crĂ­ticas e cepticismo por parte de organizaçþes e especialistas em engenharia e agronegĂłcios, que pĂľem em causa a sua viabilidade econĂłmica. Questiona-se, por exemplo, a dependĂŞncia de quadros estrangeiros – embora estes, actualmente, representem 8% da força de trabalho – na medida em que acarreta altos encargos com salĂĄrios, subsĂ­dios e viagens, assim como tambĂŠm se questiona a dimensĂŁo fĂ­sica e estrutural da açucareira, que pode nĂŁo passar de mais “um projecto cheio de boas intençþes mas que, na realidade, ainda nĂŁo provou a utilidade do investimento megalĂłmano que foi feito para a sua concretizaçãoâ€?, criticam. No entanto, apesar de todas as crĂ­ticas, o impacto social da Biocom na regiĂŁo de Cacuso ĂŠ incontestĂĄvel. A empresa aposta num programa de desenvolvimento que coloca o indivĂ­duo no centro das atençþes, ao mesmo tempo que desenvolve vĂĄrios projectos sociais que visam as ĂĄreas do desporto, da agricultura, da educação e do comĂŠrcio.

APESAR DE TODAS AS CRĂ?TICAS, O IMPACTO SOCIAL DA BIOCOM NA REGIĂƒO DE CACUSO É INCONTESTĂ VEL. A EMPRESA APOSTA NUM PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO QUE COLOCA O INDIVĂ?DUO NO CENTRO DAS ATENÇÕES, AO MESMO TEMPO QUE DESENVOLVE VĂ RIOS PROJECTOS SOCIAIS QUE VISAM AS Ă REAS DO DESPORTO, DA AGRICULTURA, DA EDUCAĂ‡ĂƒO E DO COMÉRCIO. Ao nĂ­vel da educação, e atĂŠ ao ano passado, pelo menos 170 famĂ­lias foram abrangidas pelo programa de alfabetização da *QWKWU Y]M VrW [~ XMZUQ\Q] Y]M W[ JMVMĂ…KQnZQW[ \Q^M[[MU acesso a documentos de identidade pessoais, como possibilitou que concorressem a vagas para empregos formais, incluindo na prĂłpria Companhia de Bioenergias de Angola. É de realçar, igualmente, o programa de agricultura familiar “Kukula Ku Moxiâ€?, iniciativa em que a Biocom actua como parceira, comprando toda a produção de hortĂ­colas para o seu refeitĂłrio. SĂł em 2015, a empresa consumiu o equivalente a oito milhĂľes de kwanzas em hortĂ­colas, o que se converteu em renda tambĂŠm para as mulheres envolvidas neste projecto sobre o qual pode ler mais a partir da pĂĄgina 48 desta edição. Mais Ă frente, na pĂĄgina 66, descubra, o que estĂĄ por fazer para que surja a “novaâ€? Sonangol, no âmbito das anunciadas mudanças de fundo na estratĂŠgia e gestĂŁo do sector petrolĂ­fero nacional e da prĂłpria multinacional angolana. &

Propriedade Edicenter Publicaçþes, Lda Directora Editorial Ana Filipa Amaro Director SebastiĂŁo Vemba - sebastiao.vemba@economiaemercado.com Copy Desk Octaviano Correia - octavianocorreia@gmail.com Conselho Editorial Laurinda Hoygaard; Justino Pinto de Andrade; JosĂŠ Matos; Fernando Pacheco; JosĂŠ Severino Redacção Ă‚ngela Canganjo - angela.canganjo@edicenter-angola.com; AntĂłnio Piçarra - antonio.picarra@edicenter-angola.com; EdjaĂ­l dos Santos - edjail.santos@ economiaemercado.com; JosĂŠ Pedro Correia - josecorreia.edicenter@gmail.com; Michel Pedro - michel.pedro@edicenter-angola.com; Susana Gonçalves - susana. goncalves@edicenter-angola.com Colaboradores Bruno Faria Lopes; Helena Rodrigo Costa; JosĂŠ Matos; Justino Pinto de Andrade; LuĂ­s Todo Bom; Nuno Fernandes 'PUPHSBmB Vasco CĂŠlio (Editor); Afonso Francisco - afonsofrancisco.edicenter@gmail.com; Carlos Aguiar - carlosdaguiar.edicenter@gmail.com; Isidoro Felismina - isidorosuka@gmail.com Design Ana Nascimento – Executive Paginação InĂŞs Maia Capa Executive Publicidade geral@edicenter-angola.com Secretariado Aida Chimene Redacção Smart Village Talatona - Zona CS1 - Via AL 19A Talatona, Luanda - Angola Tel.: (244) 222 006 029 Fax: (244) 222 006 032, geral@ economiaemercado.com Administração e Publicidade Smart Village Talatona - Zona CS1- Via AL 19A Talatona, Luanda - Angola Tel. (244) 222 011 866 / 867 Fax: (244) 222 006 032 edicenterlda@gmail.com Delegação em Lisboa Iona - Comunicação e Marketing, Lda R. Filipe Folque, 10 J - 2Âş Dir. - 1050-113 Lisboa Tel. (351) 213 813 566/7/8 Fax: (351) 213 813 569 iona@iona.pt ImpressĂŁo e Acabamento %BNFS (SžmDB -VBOEB "OHPMB Distribuição Edicenter - Tel: (244) 222 011 866 / 867, Media Nova Distribuição, Greeline, Africana Tiragem 5.000 exemplares Angola - Registo NÂş 249/B/99


6

| RADAR

MULTINACIONAL AMERICANA INVESTE NA REDE ELÉCTRICA DE ANGOLA A General Electric Energy Connections pretende aumentar a potência da rede eléctrica em Angola de 1,5 para 2 megawatts, num investimento de mil milhões de dólares. A intenção foi reforçada pelo presidente executivo da empresa norte-americana, Russell Stokes, que visitou o país em Março passado tendo reunido com entidades quer do sector público, quer do sector privado. A empresa, com mais de 120 anos de conhecimento da indústria da energia e presente em 150 países, está focada no negócio de electricidade e automação o que, em termos práticos, lhe permite que as suas concessionárias KWVMK\MU MÅKQMV\MUMV\M I MTMK\ZQKQLILM LM[LM o seu ponto de geração até ao consumidor, num negócio global de 11 mil milhões de dólares de receita anual. O investimento agora anunciado para Angola, vai favorecer, também, os sectores do petróleo, gás, saúde e transportes, neste caso através da obtenção de 100 locomotivas que chegam ao país ainda este ano e que representam uma modernização dos equipamentos da empresa de caminhos-de-ferro, permitindo colmatar parte das necessidades de transporte de bens e da exploração e produção de gás. Recorde-se que, recentemente, também o presidente da General Electric, Jeff Immelt, passou por Angola, tendo então reunido com o Presidente da República, José Eduardo dos Santos. &

Russell Stokes, Vice-presidente e Presidente Executivo da General Electric

António Tiago Gomes e Sergii Svystil assinaram o acordo

CCIA E A CÂMARA DE COMÉRCIO DA UCRÂNIA ASSINAM PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO A Câmara de Comércio e Indústria de Angola (CCIA) assinou com a Câmara de Comércio da Ucrânia um protocolo de cooperação em vários sectores da economia. Este acordo visa incrementar a produção nacional para I]UMV\IZ I[ M`XWZ\It M[ M LQ^MZ[QÅKIZ a economia angolana, que há muito estava fortemente dependente das exportações do petróleo. Os acordos foram assinados pelo Secretário-Geral da CCIA, António Tiago Gomes, e pelo vice-presidente da Câmara de Comércio da Ucrânia, ;MZOQQ ;^a[\QT Y]M ZMIÅZUIZIU I pretensão de ultrapassarem os atrasos Y]M [M ^MZQÅKIZIU VI KWWXMZItrW MV\ZM os dois países. Na sequência da assinatura dos documentos, numa reunião que contou com a presença de elementos

do empresariado angolano e ucraniano, Sergii Svystil destacou a importância desta cooperação que permitirá a criação de uma rede de distribuição de produtos do seu país em Angola. Salientou ainda a capacidade de produção agrícola da Ucrânia para garantir apoio e serviços às empresas nacionais. O empresariado nacional marcou uma forte presença nesta reunião, numa demonstração clara da disponibilidade das empresas angolanas para cooperarem com as empresas ucranianas. Por seu lado, o empresariado ucraniano aproveitou o momento para deixar bem claro o seu interesse em investir em Angola, nomeadamente em sectores como a agricultura, a indústria de produção alimentar, a construção e as pescas. &



8

| RADAR

ANGOLA RESTAURANT WEEK ENTREGA DOAÇÃO AO CENTRO SOCIAL MAMÃ MUXIMA O centro social Mamã Muxima, que tem a seu cargo 115 crianças, recebeu uma doação de mais de quatro milhões de kwanzas, resultado do contributo de todos quantos participaram na iniciativa “Angola Restaurant Week”. Recorde-se que, durante o evento, uma percentagem de cada “Menú Restaurant Week” vendido reverteu a favor de uma instituição de assistência social. Os resultados da terceira edição do concurso foram recentemente apresentados e, além da divulgação e entrega dos valores recolhidos, foram revelados os nomes dos restaurantes distinguidos pela organização nas várias categorias. Nesta edição, o Espaço Luanda foi eleito melhor restaurante entre os participantes, “uma escolha difícil mas unânime entre a organização”, garantiu Cláudio Silva, representante do Luanda Nightlife, entidade organizadora do evento. Este responsável explicou a escolha do Espaço Luanda com o facto de o restaurante ter apresentado, todos os dias, um menu diferente para cada refeição e utilizado uma grande variedade de ingredientes locais e combinações de sabores inesperados, não impondo limites de menus, de vendas por dia, nem reservas, e não criando constrangimentos aos seus clientes. Rui Yen, gerente do Espaço Luanda, explicou que a diversidade na gastronomia foi o segredo usado para se distinguirem como o melhor restaurante do “Angola Restaurant Week”, e garantiu que essa variedade se vai manter, para que o espaço continue a ocupar o topo da tabela. Nesta edição, o restaurante Taverna do Morro foi o que

A irmã Joana Tchipela recebe o cheque, entregue por Cláudio Silva

mais prémios arrecadou, tendo sido premiado em três categorias. O gerente do espaço, Nuno Estrelinhas manifestouse satisfeito pela distinção e acrescentou que o reconhecimento é fruto de muito esforço e trabalho em equipa. Em representação do Centro Social Mamã Muxima, a Irmã Joana Tchipela revelou que, numa primeira fase, a doação recebida irá garantir a continuidade da formação das crianças, sendo que também será aplicada na manutenção do centro. A terceira edição do “Angola Restaurant Week” decorreu de 24 a 30 de Outubro de 2016 e foi a melhor de sempre, triplicando o número de menús e o valor angariado face ao ano anterior. &

FRANCESES APOSTAM NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE ANGOLA França considera Angola “um país de grande potencial” e está determinada a elevar a cooperação entre os dois países a um novo patamar, com base no respeito mútuo e num relacionamento em que ambas as partes saem a ganhar, noticiou o “Jornal de Angola”. Para atingir tal objectivo, o Governo LM 8IZQ[ M[\n LQ[XW[\W I QV\MV[QÅKIZ I cooperação económica com Angola e I IXWQIZ I LQ^MZ[QÅKItrW LI MKWVWUQI elegendo a agricultura como prioridade, quer pelo potencial do país, quer pela grande experiência de França no

sector. As indústrias agro-alimentares, de saneamento, de reciclagem e reaproveitamento de resíduos sólidos, da água e do turismo, são outras das apostas para investimento daquele país europeu. Para a diferenciar de outros países que investem em Angola, França oferece uma parceria de médio e longo prazo – iniciada numa altura em que o país vive uma crise MKWV~UQKI M ÅVIVKMQZI · KWU ]U acompanhamento de todo o processo XZWL]\Q^W M I OIZIV\QI LM Å[KITQbItrW das obras por si realizadas. Também

promete implementar uma política de responsabilidade social, trabalhar com as comunidades locais respeitando as suas idiossincrasias, criar empregos e apostar na formação dos recursos humanos nas localidades onde trabalhar, e respeitar o meio ambiente. No plano da diplomacia, França pretende trabalhar em conjunto com )VOWTI XIZI I ZM[WT]trW LW[ KWVÆQ\W[ que assolam as regiões da África Central e dos Grandes Lagos, por ZMKWVPMKMZ I NWZ\M QVÆ]wVKQI LW XIy[ nestes territórios. &



10

| OPINIÃO

CONTRAPONTO

O PERIGO DE MENOSPREZAR AS MINORIAS A Direcção de Educação de Luanda (DEL) desvaloriza as reivindicações dos professores RVF BNFBÃBWBN GB[FS HSFWF FN mOBJT EF 'FWFSFJSP QPS DPOTJEFSBS RVF BT SFDMBNBÃÑFT são residuais e sem motivo. PREOCUPA A FORMA COMO AS ENTIDADES DA DIRECÇÃO DE EDUCAÇÃO DE LUANDA ENCARAM AS RECLAMAÇÕES DOS PROFESSORES, CUJAS CONDIÇÕES SALARIAIS E DE TRABALHO ESTÃO AQUÉM DOS DESAFIOS QUE O PRÓPRIO ESTADO ESTABELECEU PARA O SECTOR DA EDUCAÇÃO.

Sebastião Vemba

Os docentes aguardam, desde 2013, por aumentos salariais e progressão nas carreiras. Entretanto, Lourenço Neto, porta-voz da DEL, em declarações à Lusa, garantiu que as questões pendentes, como subsídios de coordenação e os já citados aumentos salariais já estão “equacionados”, mas condicionados pela crise que o país enfrenta. “No que diz respeito a Luanda, nós estamos tranquilos, porque não vemos motivos que bastem para que haja uma greve na data anunciada pelo SINPROF (Sindicato de Professores Angolanos). Nós temos alguns assuntos pendentes, a que costumo chamar residuais, que estão já muito bem equacionados e encaminhados para as entidades responsáveis”, referiu num depoimento que foi de imediato rebatido pelos sindicalistas, que contestam que, desde 2013 e até à presente data, nem 10% das suas reclamações foram atendidas. Que a crise condicionou o cumprimento LM ]UI [uZQM LM MVKIZOW[ ÅVIVKMQZW[ LI[ instituições (públicas e privadas) não é um argumento sobre o qual se deva discutir, porém, preocupa a forma como as entidades da Direcção de Educação de Luanda encaram as reclamações dos professores, cujas condições salariais e de trabalho estão IY]uU LW[ LM[IÅW[ Y]M W XZ~XZQW -[\ILW estabeleceu para o sector da Educação. Não voltaremos a falar do pouco estimulante orçamento que, ano após ano, é alocado ao sector da Educação, para

infra-estruturas e investigação, mas sim da necessidade de mudar a forma como se encaram os professores no conjunto de XZWÅ[[ M[ M MU XIZ\QK]TIZ VI M[\Z]\]ZI LI Administração Pública. Aliás, se analisarmos a situação sob este último ponto de vista, o ensino absorve a maioria dos mais de 400 mil funcionários públicos, juntamente com o sector da Saúde. Assim sendo, e considerando que Luanda representa a maioria da população estudantil e dos funcionários deste sector, o mais certo é que não se trate de uma minoria. Aliás, a notícia que dá conta da junção de três sindicatos de professores (SINPROF – Sindicato Nacional dos Professores; SINPES – Sindicato dos Professores do Ensino Superior; e SENPTENU – Sindicato dos Professores do Ensino não Universitário e Trabalhadores não Docentes) pelas mesmas causas, demonstra que a classe não anda à procura da satisfação de pequenos caprichos. No início de Março, a plataforma dos três sindicatos apresentou um ultimato ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos, ameaçando levar a cabo a primeira paralisação de todo sistema de educação pública em Angola, em Abril, caso o Chefe de Estado não se pronuncie favoravelmente em relação às suas recomendações. Esta poderá ser uma reviravolta importante no sistema sindical angolano, em particular no sector da Educação, e vem alertar as autoridades para o perigo de menosprezar as (supostas) minorias. &



12

| RADAR

ESTRUTURA EMPRESARIAL DE ANGOLA: UM CONSTRANGIMENTO PARA AS PARCERIAS INTERNACIONAIS As Parcerias ou Alianças Estratégicas Empresariais constituem um dos meios mais utilizados nos processos de internacionalização, sobretudo entre empresas que actuam em mercados muito diferentes. O grau de sucesso destas parcerias empresariais depende de um conjunto alargado de factores, sendo, no entanto, decisiva, no caso de investimentos internacionais, a estrutura empresarial do parceiro local. INFELIZMENTE, A REALIDADE ANGOLANA, EM TERMOS DA SUA ESTRUTURA EMPRESARIAL, NÃO É ANIMADORA E CONSTITUI, EM MINHA OPINIÃO, O MAIOR CONSTRANGIMENTO AO INCREMENTO DE PARCERIAS INTERNACIONAIS E, POR ESSA VIA, À AFIRMAÇÃO DA ECONOMIA ANGOLANA.

Luís Todo Bom Gestor de empresas em Angola e Portugal

O modelo de gestão das alianças estratégicas é um modelo de gestão em cooperação, facto que exige um conjunto de procedimentos, por parte de cada um dos parceiros, que torne possível o consenso nas decisões e o funcionamento positivo da aliança. Esta relação de cooperação só é possível se o parceiro local dispuser de uma estrutura organizativa empresarial adequada, que lhe permita adoptar modelos de planeamento e de controlo de gestão, com rigor e qualidade adequada para as decisões de gestão. Por outro lado, a estrutura organizativa deve contemplar a distribuição accionista da empresa, o funcionamento formal das Assembleias Gerais, I VWUMItrW M W N]VKQWVIUMV\W XZWÅ[[QWVIT LW Conselho de Administração, da Comissão Executiva e do Conselho Fiscal, a organização funcional da empresa e a nomeação e competências dos Directores de primeira linha. No âmbito do planeamento e controlo de gestão, a empresa deve funcionar com um plano estratégico a cinco anos, um plano e orçamento anuais, balanços e mapas de demonstração de resultados trimestrais e mapas de tesouraria mensais. Em termos de reuniões de gestão, a Comissão Executiva deve reunir semanalmente, o Conselho de Administração, mensal ou bimestralmente, o Conselho Fiscal, trimestralmente e a Assembleia Geral Ordinária, anualmente. A Comissão Executiva deve, ainda, estabelecer reuniões periódicas bimestrais com todos os Directores de primeira linha. Só com a existência de um modelo de gestão com estas características é que as parcerias entre empresas internacionais e empresas angolanas poderão funcionar plenamente, com resultados positivos para a economia angolana. E só, deste modo, é que assistiremos a um QVKZMUMV\W [QOVQÅKI\Q^W LW QV^M[\QUMV\W M[\ZIVOMQZW em Angola, sem perda de controlo de sectores estratégicos, por parte dos empresários nacionais.

Infelizmente, a realidade angolana, em termos da sua estrutura empresarial, não é animadora e constitui, em minha opinião, o maior constrangimento ao incremento de parcerias internacionais e, por essa via, o IÅZUItrW LI MKWVWUQI IVOWTIVI A estrutura empresarial angolana é constituída, maioritariamente, por empresas e grupos familiares, sem estruturas de gestão formais, sem sistemas de planeamento e de controlo de gestão e sem uma separação clara entre accionistas, administradores e directores funcionais. As empresas internacionais não têm condições para a realização de parcerias com este tipo de empresas, já que se torna impossível a compatibilização com os seus métodos de gestão operacional. As empresas angolanas têm, assim, um longo caminho a percorrer para a adopção destes modelos organizativos formais. A situação actual é referida em todos os manuais académicos, uma vez que corresponde à primeira fase do processo de empresarialização de um país e esse processo é muito recente em Angola. Aliás, este processo ocorreu, e ocorre ainda, num conjunto de países que apresentam, também, os mesmos constrangimentos na atracção de investimento internacional para a construção de parcerias locais. Acontece, no entanto, que, com o nível actual de competição entre países para a atracção de investimento internacional, este facto constitui uma limitação séria ao crescimento e desenvolvimento económico dos países. Esperemos, pois, que possamos vir a assistir, V]U N]\]ZW XZ~`QUW o KZM[KMV\M XZWÅ[[QWVITQbItrW e estruturação organizativa formal dos actuais grupos familiares angolanos, preparando-os para a construção de parcerias estratégicas empresariais com empresas internacionais, contribuindo, deste modo, de uma forma positiva, para o desenvolvimento económico e social de Angola. &



14

| RADAR

"PRÉMIOS ESTRELA DSTV EUTELSAT" SENSIBILIZAM JOVENS PARA CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Giza Custódio, Gabriel Miguel e Maria Abreu, elementos do júri, divulgaram os nomes dos vencedores

Organizados em parceria pela MultiChoice África e a Eutelsat, os "Prémios Estrela DStv Eutelsat" são uma competição pan-africana que tem como principal objectivo sensibilizar os estudantes africanos para as tecnologias de satélite e suas aplicações, e estimular o seu interesse pela ciência e tecnologia espacial. O seu sucesso é comprovado XMTW[ V UMZW[ ZMNMZMV\M[ o ¢ MLQtrW disputada por mais de 1000 estudantes LM XIy[M[ KWU QLILM[ MV\ZM W[ e 19 anos e que frequentam o ensino secundário e médio. Em Março passado, foram entregues os XZuUQW[ IW[ ^MVKMLWZM[ LM[\I ¢ MLQtrW na qual os estudantes angolanos estiveram bem representados, apresentando 157 trabalhos na categoria de “Redacção” e

188 propostas na categoria de “Cartazes”. Carlos Malungo e Sílvio Thone, ambos de Luanda, ocuparam o primeiro e o segundo lugar, respectivamente, na categoria de “Redacção”. Visivelmente satisfeito, Carlos Malungo comentou que “o certame proporcionou aos concorrentes conhecimentos aprofundados sobre tecnologia e satélites”. Já na categoria dedicada aos cartazes, os vencedores, a nível nacional, foram Fabrício Henriques e Gomes Costa, ambos da província do Cuanza Sul. Nesta edição, o grande vencedor da categoria de “Redacção” foi o etíope, 4MW]T 5M[ÅV Y]M \MZn I WXWZ\]VQLILM de conhecer a sede da Eutelsat, em Paris, e assistir, ao vivo, ao lançamento de um foguetão no espaço para colocar

um satélite em órbita. Na categoria de “Cartazes”, o prémio foi para o nigeriano Emmanuel Ochenjele, que terá também a possibilidade de visitar a sede da Eutelsat e uma fábrica de satélites. -U )VOWTI W[ XZQUMQZW[ KTI[[QÅKILW[ em cada categoria receberam um LM[KWLQÅKILWZ ,;\^ -`XTWZI ]UI subscrição anual DStv Bué e um computador portátil, enquanto os [MO]VLW[ KTI[[QÅKILW[ NWZIU XZMUQILW[ KWU ]U LM[KWLQÅKILWZ ,;\^ 0, uma subscrição anual DStv Bué e um telemóvel. Os professores e as escolas destes vencedores também foram contemplados, respectivamente, com um tablet M KWU ]U LM[KWLQÅKILWZ ,;\^ 0, com subscrição anual do pacote DStv Bué. &

BANCO MUNDIAL APOIA INE 7 *IVKW 5]VLQIT *5 ^IQ KWVKMLMZ ]U ÅVIVKQIUMV\W LM UQTP M[ LM L~TIZM[ VWZ\M IUMZQKIVW[ XIZI I KWVKZM\QbItrW LM um projecto que visa melhorar a recolha e o tratamento de dados estatísticos, bem como as práticas de divulgação desse tipo de informação em Angola. O acordo assinado pelo ministro das Finanças de Angola, Archer Mangueira, e pela gerente nacional do BM, Clara de ;W][I XZM^w Y]M M[\M ÅVIVKQIUMV\W XMZUQ\I IW 1V[\Q\]\W 6IKQWVIT LM -[\I\y[\QKI 16- XZMMVKPMZ ITO]UI[ TIK]VI[ Y]M comprometem a recolha de dados e a produção de estatísticas fundamentais para a implementação das mais variadas políticas macroeconómicas e, consequentemente, para o desenvolvimento do país. &


O DEPÓSITO QUE SURPREENDE logo no 1º dia O Depósito Rendimento Imediato é uma aplicação de poupança a 12 meses que paga juros logo no primeiro dia. Com uma taxa especial de 12,5% TANB*, bastam 150.000 AOA para começar a poupar. Subscreva já este depósito e invista no futuro com benefícios imediatos.


16

| RADAR

A EUROPA ESTÁ EM PROFUNDA MUDANÇA Em 2011, o jornal alemão de maior tiragem, o “Bild”, deu conta da preparação de uma alteração profunda no modelo de construção da Europa Comunitária. Das duas actuais velocidades, com alguns países a funcionarem dentro da Zona Euro e outros fora desta Zona, o processo de integração passaria, pois, a conhecer uma terceira velocidade, aplicada por um grupo mais restrito de países da Zona Euro. A SALVAÇÃO DO PROJECTO EUROPEU PASSA POR UMA UNIÃO EUROPEIA A VÁRIAS VELOCIDADES, COM VÁRIOS NÍVEIS DE INTEGRAÇÃO, TAL COMO JÁ ACONTECE COM A EXISTÊNCIA DO EURO, UMA MOEDA QUE APENAS VINCULA 18 PAÍSES.

Justino Pinto de Andrade Economista

Para tal, o terceiro grupo de países subscreveria, assim, um “Pacto de Estabilidade Reforçada”, por via de acordos bilaterais, consubstanciando ]UI UIQWZ QV\MOZItrW Å[KIT M ZMOZI[ LM equilíbrio orçamental muito mais exigentes. Outra particularidade do Pacto consistiria na emissão conjunta de dívidas comuns pelos países com notação máxima. Seria, pois, uma espécie de grupo de países de “Elite”, naturalmente, a Alemanha e a França, bem como a Áustria, Finlândia, Holanda e o Luxemburgo. Ficariam de fora países como a Grécia, Irlanda, Itália, Eslováquia, Portugal e Espanha, tidos por incapazes de cumprir as apertadas exigências da Alemanha. Em 2014, dados publicados pelo gabinete de estatísticas da União Europeia reforçaram essa perspectiva, marcando a posição dominante da Alemanha na Europa, seguida de um conjunto de países a tentar, mesmo que com alguma LQÅK]TLILM IKWUXIVPIZ W [M] ZQ\UW -[\M [MO]VLW leque de países era secundado por outros com indicadores de riqueza e de bem-estar muito divergentes. O referendo britânico de 2016, sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, abalou, de modo indisfarçável, as estruturas europeias, mesmo que, de início, se tenha feito passar a ideia de que isso não seria mais do que um mero desenlace entre o Reino Unido e a Europa Comunitária, sem sobressaltos nem perturbações. Os restantes 27 países seguiriam cantando e ZQVLW° )ÅVIT VrW u JMU I[[QU° ) ZMKMV\M mini-cimeira de Versalhes, envolvendo quatro dos maiores países da União Europeia – Alemanha, França, Itália e Espanha – acaba de lançar alguma luz sobre o fundo do túnel…

Com vista à preparação do Conselho Europeu e elaboração da Declaração de Roma que daí advirá (por ocasião da comemoração dos 60 anos do “Tratado de Roma” – documento fundador das bases da União Europeia), os líderes desses quatro Estados decidiram assumir aquilo que era tido há muito como um verdadeiro tabu: “A salvação do projecto europeu passa por uma União Europeia a várias velocidades, com vários níveis de integração, tal como já acontece com a existência do Euro, uma moeda que apenas vincula 18 países”. Sobre essa matéria, o Presidente francês, François Hollande, expressou-se de forma QVMY]y^WKI LQbMVLW Y]M ¹]VQLILM VrW [QOVQÅKI uniformidade”, pelo que propõe “novas formas de cooperação ou novos projectos, cooperações diferenciadas através das quais alguns países possam ir mais rápido”. E a Chanceler alemã, Angela Merkel, foi ainda mais longe, quando disse que, para o processo não descarrilar, é preciso que alguns países sigam em frente, se nem todos quiserem participar. E concluiu dizendo: “É necessário uma Europa a diferentes velocidades”. Este importante passo no processo de construção europeia foi assumido em Versalhes, precisamente ali onde, em 1919, se decidiu o futuro da Alemanha, potência europeia derrotada na I Guerra Mundial. Por ironia do destino, é agora a Alemanha quem dá o xeque-mate aos restantes países europeus, arrastando atrás de si a França, Espanha e Itália. E atirando para as últimas carruagens do comboio europeu os restantes países, alguns dos quais, historicamente, têm-se mostrado muito mais articulados com o Reino Unido – o “grande rebelde” no processo de integração europeia. &


www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

RADAR | 17

IPSIS VERBIS LUÍS JIMBO, PRESIDENTE DO OBSERVATÓRIO ELEITORAL ANGOLANO, IN NOVO JORNAL

“É PRECISO UM TRATAMENTO MAIS EQUILIBRADO AOS PARTIDOS NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL PÚBLICOS. É UMA VERGONHA O QUE OS MEDIA PÚBLICOS ESTÃO A FAZER NA CHAMADA PRÉ-CAMPANHA ELEITORAL. ÀS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL ALERTAMOS PARA TEREM CAUTELAS NA RECEPÇÃO DE FINANCIAMENTOS QUE POSSAM LEVAR A UMA FUTURA INTERFERÊNCIA OU PARTIDARIZAÇÃO DAS ACÇÕES CÍVICAS”.

ASSINE JÁ A SUA REVISTA E NÃO PERCA A OPORTUNIDADE DE A RECEBER EM CASA OU NO SEU LOCAL DE TRABALHO


18

| MACRO

IMPOSTO PREDIAL URBANO

ESTADO ARRECADA MAIS DE 7 MIL MILHÕES DE KWANZAS A primeira prestação do pagamento do Imposto Predial Urbano (IPU), referente ao ano de 2016, decorreu entre 1 de Janeiro e 31 de Março e rendeu ao Estado uma receita na ordem dos 7,1 mil milhões de kwanzas. Entretanto, ainda há necessidade de reforçar as campanhas de sensibilização e esclarecer as dúvidas que persistem.


MACRO | 19

www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

Texto: Ă‚ngela Canganjo 'PUPHSBmB Afonso Francisco

Durante a primeira fase do pagamento do IPU foram inscritos cerca de 700 mil imĂłveis, nĂşmero muito acima dos 28 mil inscritos em 2015 e que corresponde a uma subida LM ! LI[ ZMKMQ\I[ Ă…[KIQ[ ) segunda prestação, tambĂŠm referente ao ano de 2016, irĂĄ começar a ser cobrada no XZ~`QUW Uw[ LM 2]TPW

,M IKWZLW KWU I 4MQ V ÂŁ LM LM )JZQT LM este imposto incide sobre o valor patrimonial do imĂłvel ou sobre o rendimento gerado pelo seu arrendamento e, LM^QLW o IÆ]wVKQI ZMOQ[\ILI VI[ ZMXIZ\Qt‚M[ Ă…[KIQ[ L]ZIV\M o perĂ­odo de cobrança da primeira prestação do IPU, I )LUQVQ[\ZItrW /MZIT <ZQJ]\nZQI )/< LMKQLQ] prorrogar a data para a regularização do imposto atĂŠ o ƒT\QUW LQI LW Uw[ LM 5IZtW ) XIZ\QZ LI LI\I M[\IJMTMKQLI quem nĂŁo tenha cumprido M[\M LM^MZ Ă…[KIT []RMQ\IZ [M n IW XIOIUMV\W LM ]UI U]T\I 7[ LILW[ LI )/< QVLQKIU que, durante o perĂ­odo em que se realizou por todo paĂ­s a cobrança do IPU, foi na \MZKMQZI :MOQrW <ZQJ]\nZQI onde estĂĄ inserida a provĂ­ncia de Luanda e domiciliados os grandes contribuintes, que se fez sentir o maior impacto na IZZMKILItrW LI[ ZMKMQ\I[ Ă…[KIQ[ Segundo o director dos Serviços Fiscais, JĂşlio Londa, numa perspectiva econĂłmica, “o impacto do IPU estĂĄ directamente ligado Ă arrecadação das ZMKMQ\I[ Ă…[KIQ[ M o [I\Q[NItrW das necessidades colectivasâ€?, pelo que o mesmo tem ZM^MZ\QLW [QOVQĂ…KI\Q^IUMV\M XIZI I MKWVWUQI VIKQWVIT -[\M QUXIK\W M[KTIZMKM] šu inevitĂĄvel e acaba por permitir Y]M W -[\ILW WJ\MVPI ZMKMQ\I[ em função das suas previsĂľes e possa, consequentemente, cumprir com as suas obrigaçþes contratuais com as empresas Y]M TPM XZM[\IU [MZ^QtW[Âş JĂşlio Londa argumentou ainda que, uma vez que o -[\ILW KWV\QV]I I [MZ W UIQWZ empregador do paĂ­s, “nĂŁo

hĂĄ como dissociar a subida na arrecadação das receitas Ă…[KIQ[ KWU ITO]U QUXIK\W de natureza econĂłmica na sociedadeâ€?, tendo lembrado que “os objectivos da receita LW 18= M[\rW Ă…`ILW[ VW 7/- 2017 e orçados em 36,1 mil UQTP‚M[ LM S_IVbI[Âş MORADORES DAS CENTRALIDADES NĂƒO ESTĂƒO ISENTOS ) )/< M[KTIZMKM Y]M VI[ centralidades, o IPU deve ser pago por todas as entidades nacionais e estrangeiras residentes que usufruam e tenham posse ou sejam proprietĂĄrias de um imĂłvel ]ZJIVW

Nas diferentes centralidades do paĂ­s começa a ser visĂ­vel a preocupação, por parte de alguns cidadĂŁos, com o pagamento do IPU, como W LMUWV[\ZI W KI[W LM -T[I Vunge, moradora do Kilamba Pn \Zw[ IVW[ -[\I KWV\ZQJ]QV\M revela que usufrui do regime da renda resolĂşvel e que tem “contribuĂ­do arduamente para a economia do paĂ­s, atravĂŠs do XIOIUMV\W LW QUXW[\WÂş ) )/< QVNWZUW] IQVLI Y]M nas centralidades, apenas estĂŁo isentas do pagamento do IPU as entidades que celebraram contratos de arrendamento KWU W -[\ILW M Y]M VrW assinaram um contrato promessa de compra e venda

SEGUNDO O DIRECTOR DOS SERVIÇOS FISCAIS, JĂšLIO LONDA, NUMA PERSPECTIVA ECONĂ“MICA, “O IMPACTO DO IPU ESTĂ DIRECTAMENTE LIGADO Ă€ ARRECADAĂ‡ĂƒO DAS RECEITAS FISCAIS E Ă€ SATISFAĂ‡ĂƒO DAS NECESSIDADES COLECTIVASâ€?, PELO QUE O MESMO TEM REVERTIDO, SIGNIFICATIVAMENTE, PARA A ECONOMIA NACIONAL.


20

| MACRO

que possa, eventualmente, vir I KWVNMZQZ TPM[ I \Q\]TIZQLILM LM ]U QU~^MT 8IZI NIbMZ NIKM o IÆ]wVKQI dos contribuintes e agilizar o XZWKM[[W LM XIOIUMV\W I )/< assegura que, nos prĂłximos tempos, vĂŁo ser criadas VW^I[ ZMXIZ\Qt‚M[ Ă…[KIQ[ Y]M permitirĂŁo um melhor acesso aos seus serviços e acomodação dos contribuintes, incluindo os que usufruem de renda resolĂşvel e que nĂŁo estĂŁo isentos da obrigatoriedade do XIOIUMV\W LW QUXW[\W SECTOR CONTRIBUI PARA O AUMENTO DAS RECEITAS -`Q[\M KILI ^Mb UIQ[ I consciĂŞncia dos protagonistas do sector imobiliĂĄrio para a necessidade do pagamento dos impostos QVMZMV\M[ o []I IK\Q^QLILM -[\I KWV[KQMVKQITQbItrW u o resultado da contĂ­nua QVNWZUItrW M Ă…[KITQbItrW por parte das entidades competentes, defende Fernando Ponte, administrador LI QUWJQTQnZQI +MV\]Za 7 [MK\WZ QUWJQTQnZQW MU )VOWTI ZMKMJM] I\u IV\M[ LI

desaceleração da economia, [QOVQĂ…KI\Q^W[ QV^M[\QUMV\W[ pĂşblicos e privados, com o propĂłsito de satisfazer as necessidades mais imediatas VW pUJQ\W LI PIJQ\ItrW No entanto, depois de um desempenho fulgurante, uma sĂŠrie de constrangimentos comprometeram o crescimento LW [MK\WZ *MZVIZLQVW *ZIVKW consultor na imobiliĂĄria 8ZWXZQKI[I R][\QĂ…KI M[\I situação com “as naturais LQĂ…K]TLILM[ I[[WKQILI[ o IK\]IT situação econĂłmica do paĂ­sâ€?, Ă s quais se juntaram outros factores, “como a inexistĂŞncia de uma verdadeira classe UuLQI I NIT\I LM QVNZI M[\Z]\]ZI[ I LMXMVLwVKQI LI[ importaçþes, a complexidade dos processos burocrĂĄticos e a falta de acesso ao crĂŠdito Ă PIJQ\ItrWÂş :MKWZLM [M Y]M W 1UXW[\W 8ZMLQIT =ZJIVW 18= u ]UI contribuição anual que o KQLILrW LM^M XIOIZ IW -[\ILW pela posse ou usufruto de um QU~^MT 8IZI W XIOIUMV\W do referido imposto os KWV\ZQJ]QV\M[ LM^MU LQZQOQZ [M o ZMXIZ\QtrW Ă…[KIT LI nZMI LM TWKITQbItrW LW[ QU~^MQ[ &

EXISTE, CADA VEZ MAIS, A CONSCIĂŠNCIA DOS PROTAGONISTAS DO SECTOR IMOBILIĂ RIO PARA A NECESSIDADE DO PAGAMENTO DOS IMPOSTOS INERENTES Ă€ SUA ACTIVIDADE. “ESTA CONSCIENCIALIZAĂ‡ĂƒO É O RESULTADO DA CONTĂ?NUA INFORMAĂ‡ĂƒO E FISCALIZAĂ‡ĂƒO POR PARTE DAS ENTIDADES COMPETENTESâ€?, DEFENDE FERNANDO PONTE, ADMINISTRADOR DA IMOBILIĂ RIA CENTURY 21.

AGT PREVĂŠ COBRAR 1,7 TRILIĂ•ES DE KWANZAS ATÉ AO FINAL DO ANO "UĂ… BP mN EFTUF BOP B "ENJOJTUSBĂƒĂ€P (FSBM 5SJCVUžSJB QSFWÆ BSSFDBEBS USJMJĂ‘FT EF LXBO[BT FN SFDFJUBT mTDBJT HMPCBJT contra os 1,3 triliĂľes de kwanzas tributados em 2016. 3FMBUJWBNFOUF BP *NQPTUP 1SFEJBM 6SCBOP *16 FTUF Ă… QBHP OB SFQBSUJĂƒĂ€P mTDBM EB žSFB EF MPDBMJ[BĂƒĂ€P EPT JNĂ?WFJT 0T JNĂ?WFJT OĂ€P JOTDSJUPT EFWFN BQSFTFOUBS B EFDMBSBĂƒĂ€P NPEFMP EF *16 BDPNQBOIBEB EF EPDVNFOUPT RVF BVYJMJFN B TVB EFTDSJĂƒĂ€P OPNFBEBNFOUF NFNĂ?SJB EFTDSJUJWB QMBOUB DFSUJEĂ€P PV UÉUVMP EF QSPQSJFEBEF IPSJ[POUBM DPOUSBUP promessa de compra e venda ou ainda termo de quitação. 0T JNĂ?WFJT DPN VN WBMPS EF BUĂ… NJMIĂ‘FT LXBO[BT FTUĂ€P JTFOUPT EF QBHBNFOUP EP *16 EFWFOEP TFS QBHB VNB UBYB EF TPCSF B EJGFSFOĂƒB TFNQSF RVF P NPOUBOUF GPS TVQFSJPS 1BSB RVF B "(5 BWBMJF P WBMPS QBUSJNPOJBM EPT JNĂ?WFJT sĂŁo necessĂĄrios determinados factores, como localização, antiguidade e disponibilidade de serviços (ĂĄgua, luz e saneamento bĂĄsico).



22

| MACRO

URBANISMO E HABITAĂ‡ĂƒO

Ă€ PROCURA DE NOVOS MODELOS DE FINANCIAMENTO " "TTPDJBĂƒĂ€P EPT 1SPmTTJPOBJT *NPCJMJžSJPT EF "OHPMB "1*." defende a criação de uma legislação alternativa que resolva a RVFTUĂ€P EPT JODVNQSJNFOUPT OPT mOBODJBNFOUPT JNPCJMJžSJPT EF GPSNB B EBS NBJPSFT HBSBOUJBT BPT CBODPT F MFWž MPT B CBJYBS os custos dos emprĂŠstimos. Sem dinheiro para todas as frentes, P &YFDVUJWP WJSPV P EJTDP %FQPJT EF OPT Ă”MUJNPT BOPT JOWFTUJS em vĂĄrios projectos habitacionais, agora alerta os agentes FDPOĂ?NJDPT QBSB QSPDVSBSFN OPWBT GPOUFT EF mOBODJBNFOUP

Texto: &EKBÉM EPT 4BOUPT F .JDIFM 1FESP 'PUPHSBmB Afonso Francisco

7 UMZKILW QUWJQTQnZQW LI PIJQ\ItrW conheceu um crescimento fulgurante na Ăşltima dĂŠcada para, actualmente, se MVKWV\ZIZ V]UI [Q\]ItrW LM M[\IOVItrW No entanto, a crise econĂłmica nĂŁo R][\QĂ…KI \WLI[ I[ LQĂ…K]TLILM[ Y]M W [MK\WZ enfrenta e vĂĄrios intervenientes procuram soluçþes duradouras que permitam a sua recuperação rĂĄpida e garantam a sua ZWJ][\Mb VW N]\]ZW Nesse sentido, ClĂŠber Correia, associado LI )815) LMNMVLM I QUXTMUMV\ItrW de uma lei alternativa que solucione rapidamente os incumprimentos nos Ă…VIVKQIUMV\W[ QUWJQTQnZQW[ XIZI LIZ IW[ bancos maiores garantias e, assim, permitir Y]M W[ K][\W[ LW[ MUXZu[\QUW[ JIQ`MU )LQKQWVITUMV\M u LM WXQVQrW Y]M W *IVKW 6IKQWVIT LM )VOWTI *6) LM^M QVKMV\Q^IZ I\ZI^u[ LM XWTy\QKI[ M[XMKyĂ…KI[ ]U UIQWZ investimento da banca comercial no KZuLQ\W o PIJQ\ItrW

š7 UMZKILW QUWJQTQnZQW LM PIJQ\ItrW ^Q^M uma baixa na compra de imĂłveis, desde meados de 2009, e que se agrava ano apĂłs IVW )[ XZQVKQXIQ[ KI][I[ XIZI M[\I [Q\]ItrW XZMVLMU [M KWU I NIT\I LM ZMO]TIZQbItrW LW[ MUXZMMVLQUMV\W[ QUWJQTQnZQW[ MU Y]M[\‚M[ relacionadas com o direito de superfĂ­cie, as licenças de construção e loteamento, o regime de propriedade horizontal ou as LM[IVM`It‚M[ M W IT\W K][\W LW LQVPMQZW VW[ bancos para emprĂŠstimos habitacionaisâ€?, M`XTQKI +TuJMZ +WZZMQI -[\M MTMUMV\W LI )[[WKQItrW LW[ 8ZWĂ…[[QWVIQ[ 1UWJQTQnZQW[ LM )VOWTI esclarece ainda que a burocracia implicada na legalização de um terreno contribui para o encarecimento do produto imobiliĂĄrio, provocando, consequentemente, um atraso no LM[MV^WT^QUMV\W LW XIy[ š) [WT]trW XIZI I UWLQĂ…KItrW LM[\M quadro passa pela implementação de uma sĂŠrie de factores e procedimentos que contribuam para a resolução, de forma cĂŠlere, dos processos de regularizaçãoâ€?, MY]IKQWVI


www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

MACRO | 23


24

| MACRO

“O DESENVOLVIMENTO DO URBANISMO E DA HABITAÇÃO É A PRIMEIRA MISSÃO DO MINISTÉRIO, MAS OS AGENTES ECONÓMICOS DEVEM TAMBÉM CONSIDERAR AS LIMITAÇÕES QUE DERIVAM DA SUSTENTABILIDADE DA DÍVIDA PÚBLICA, DA ESTABILIDADE DO SISTEMA BANCÁRIO E DA PREVENÇÃO DO RISCO SISTÉMICO, PELO QUE DEVEM PROCURAR FONTES ALTERNATIVAS E INOVADORAS DE FINANCIAMENTO”, REALÇOU A MINISTRA DO URBANISMO E HABITAÇÃO, BRANCA DO ESPÍRITO SANTO.

Responsáveis do sector reuniram-se na conferência sobre os “Modelos de Financiamento do Urbanismo e Habitação”

Na mesma senda, a arquitecta Maria Pereira, representante da cooperativa PIJQ\IKQWVIT 7 6W[[W BQUJWº []JTQVPI que constituem constrangimentos à implementação de um projecto imobiliário NIK\WZM[ KWUW I VMKM[[QLILM LM ÅZUIZ contratos com os bancos para a adesão ao crédito à habitação ou a outros produtos comercializados pela banca, bem como o elevado nível de exigência das garantias solicitadas pelos bancos existentes no UMZKILW 7[ WJ[\nK]TW[ VrW [M M[OW\IU IY]Q e Maria Pereira recorda ainda a excessiva carga burocrática envolvida no processo

LM ÅVIVKQIUMV\W ITuU LI [Q\]ItrW LM KZQ[M MKWV~UQKI M ÅVIVKMQZI Y]M [M ^Q^M IK\]ITUMV\M VW XIy[ Com vista a ultrapassar estes problemas, Cléber Correia propõe a realização de uma campanha para a regularização do mercado imobiliário no país, com o registo provisório dos títulos de posse, a inscrição do maior número possível de imóveis no Ministério das Finanças, a tributação sobre os terrenos, com maior incidência para os de zonas de expansão urbana e o aumento progressivo do imposto, caso não haja o aproveitamento \QT LW \MZZMVW


MACRO | 25

www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

120 PROPRIETĂ RIOS Ă€ ESPERA DA CASA NO NOVA VIDA A Imogestin, imobiliĂĄria responsĂĄvel pela gestĂŁo dos projectos habitacionais pĂşblicos, reconhece que tem por entregar 120 apartamentos a compradores da Urbanização Nova Vida, que jĂĄ efectuaram, na totalidade, o pagamento das suas moradias. A imobiliĂĄria promete entregar todas as casas ainda este ano F KVTUJmDB FTUF BUSBTP DPN P mN EP DPOUSBUP DPN BT DPOTUSVUPSBT DIJOFTBT RVF FTUĂ€P B EFJYBS P QBÉT EFWJEP ½T EJmDVMEBEFT RVF TF SFHJTUBN OP BDFTTP ½T divisas e na importação de materiais de construção. “HĂĄ um atraso de mais um ano na entrega de apartamentos provocado QFMBT EJmDVMEBEFT SFMBUJWBT BP BDFTTP ½T EJWJTBT F ½ JNQPSUBĂƒĂ€P EF NBUFSJBJT de construção. Temos 24 apartamentos para entregar em Abril, mas temos QFTTPBT RVF Kž QBHBSBN OB UPUBMJEBEF F FTUĂ€P ½ FTQFSB EBT TVBT DBTBTw informou o director comercial da Imogestin, Gilberto Monteiro. JĂĄ o PCA da empresa, Rui Cruz, lembrou que os problemas registados com as DPOTUSVUPSBT DIJOFTBT TĂ€P DPNQMFYPT QPSRVF B NĂ€P EF PCSB EFTUBT FNQSFTBT UBNCĂ…N Ă… DIJOFTB F BT FNQSFTBT FOGSFOUBN EJmDVMEBEFT QBSB USBOTGFSJS PT TBMžSJPT PV BT BKVEBT EF DVTUP EPT TFVT USBCBMIBEPSFT QBSB BT GBNÉMJBT EPT NFTNPT i'BDF B FTUBT EJmDVMEBEFT SFBMJ[žNPT VN DPODVSTP BCFSUP B FNQSFTBT angolanas que jĂĄ nos apresentaram propostas para a conclusĂŁo dos seis FEJGÉDJPT RVF mDBSBN QPS UFSNJOBS OP /PWB 7JEB OVN QFSÉPEP EF TFJT NFTFT PV OP NžYJNP BUĂ… BP mOBM EF w SFWFMPV

6PIVOI 3IT]VOI LM )[[]VtrW Y]M ^IOIUMV\M OIZIV\Q] Y]M W -`MK]\Q^W angolano trabalha na procura e criação de instrumentos jurídicos que, de facto, darão lugar a um clima em que o cidadão tenha acesso a um crÊdito bancårio em condiçþes favoråveis, sobretudo com taxas de juros UIQ[ I\ZIK\Q^I[

7 IT\W K][\W LI[ KI[I[ KWU I M`KM[[Q^I colocação no mercado de imĂłveis acima do poder de compra dos interessados, a falta de casas de valores mais baixos, o rendimento mĂŠdio da população com contratos de trabalho, a falta de oferta de produtos como loteamentos para autoconstrução dirigida e a crise cambial Y]M LQĂ…K]T\I I[ QUXWZ\It‚M[ \IUJuU fazem parte do rol de obstĂĄculos que o sector imobiliĂĄrio enfrenta, segundo este I[[WKQILW LI )815) Sobre estas questĂľes, apenas soou a voz LW ;MKZM\nZQW LM -[\ILW LW =ZJIVQ[UW

REPENSAR OS MODELOS DE FINANCIAMENTO 7 /W^MZVW LMNMVLM Y]M NIKM IW KWV\M`\W macroeconĂłmico adverso, sejam repensadas I[ NWZUI[ LM Ă…VIVKQIUMV\W LW[ XZWRMK\W[ PIJQ\IKQWVIQ[ N]\]ZW[ M W XIXMT LW -[\ILW VW sector privado e nos diferentes segmentos do [Q[\MUI Ă…VIVKMQZW KWUW I JIVKI W[ [MO]ZW[ M W UMZKILW LM KIXQ\IQ[ š7 LM[MV^WT^QUMV\W LW ]ZJIVQ[UW e da habitação ĂŠ a primeira missĂŁo do MinistĂŠrio, mas os agentes econĂłmicos devem tambĂŠm considerar as limitaçþes que derivam da sustentabilidade da dĂ­vida pĂşblica, da estabilidade do sistema bancĂĄrio e da prevenção do risco sistĂŠmico, pelo

que devem procurar fontes alternativas e QVW^ILWZI[ LM Ă…VIVKQIUMV\WÂş ZMITtW] I UQVQ[\ZI LW =ZJIVQ[UW M 0IJQ\ItrW *ZIVKI LW -[XyZQ\W ;IV\W Y]IVLW NITI^I [WJZM I mudança de paradigma numa conferĂŞncia sobre os “Modelos de Financiamento do =ZJIVQ[UW M 0IJQ\ItrWÂş ) [Q\]ItrW u KTI[[QĂ…KILI KWUW KZy\QKI pois a carĂŞncia de investimento e de ZMK]Z[W[ Ă…VIVKMQZW[ QUXMLM I KWVKT][rW de aproximadamente 40 mil casas em todo o paĂ­s, que fazem parte do “Programa 6IKQWVIT LM =ZJIVQ[UW M 0IJQ\ItrWÂş 7 /W^MZVW M[\n o XZWK]ZI LM [WT]t‚M[ para acelerar a construção de projectos habitacionais nas provĂ­ncias de Luanda, *MVOW BIQZM 5ITIVOM 3_IVbI ;]T 4]VLI ;]T 5W`QKW 0]IUJW 0]yTI M *MVO]MTI 7 5QVQ[\uZQW LW =ZJIVQ[UW M 0IJQ\ItrW reclama que o paĂ­s nĂŁo recebeu investimento estrangeiro para o sector habitacional no ano de 2016, relevando que os mais de cinco milhĂľes de dĂłlares anunciados pelos promotores imobiliĂĄrios nĂŁo passaram de XZWUM[[I[ &


26

| OPINIÃO

CONFLITO DE INTERESSE /" 3&(6-"§¤0 '*/"/$&*3" Não passará despercebida a quem se interesse pelo tema da regulação económica a polémica instalada em Portugal sobre uma eventual falha de regulação por parte dos supervisores mOBODFJSPT OP DPMBQTP EF BMHVOT CBODPT – o mais emblemático dos quais foi o BES – com SBNJmDBÃÑFT FN "OHPMB O BANCO CENTRAL, QUANDO PREOCUPADO COM O SEU PAPEL DE SUPERVISOR PRUDENCIAL E DE PRESTAMISTA DE ÚLTIMO RECURSO (EM QUE TEM DE CUIDAR DA SOLVABILIDADE DOS BANCOS), PODE SER LEVADO A DESCUIDAR O SEU PAPEL DE SUPERVISOR COMPORTAMENTAL (EM QUE TEM DE VELAR PELA DEFESA DOS INTERESSES DOS CLIENTES).

José Gualberto Matos Engenheiro

7 UWLMTW LM ZMO]TItrW ÅVIVKMQZI Y]M ^QOWZI MU 8WZ\]OIT u LW \QXW QV[\Q\]KQWVIT KWUW MU )VOWTI KWU ]U ZMO]TILWZ XIZI KILI ]U LW[ UMZKILW[ Y]M QV\MOZIU W [MK\WZ ÅVIVKMQZW" W UMZKILW LM [MZ^QtW[ JIVKnZQW[ W UMZKILW LM [MO]ZW[ M N]VLW[ LM XMV[‚M[ M W UMZKILW LM KIXQ\IQ[ 6M[\M UWLMTW W JIVKW KMV\ZIT IK]U]TI I N]VtrW LM []XMZ^Q[WZ XZ]LMVKQIT KWU I N]VtrW LM []XMZ^Q[WZ KWUXWZ\IUMV\IT ) IK]U]TItrW LM[\I[ L]I[ N]Vt‚M[ VI UM[UI MV\QLILM ZMO]TILWZI \MU QVMZMV\M ]U KWVÆQ\W LM QV\MZM[[M" W JIVKW KMV\ZIT Y]IVLW XZMWK]XILW KWU W [M] XIXMT LM []XMZ^Q[WZ XZ]LMVKQIT M LM XZM[\IUQ[\I LM ƒT\QUW ZMK]Z[W MU Y]M \MU LM K]QLIZ LI [WT^IJQTQLILM LW[ JIVKW[ XWLM [MZ TM^ILW I LM[K]QLIZ W [M] XIXMT LM []XMZ^Q[WZ KWUXWZ\IUMV\IT MU Y]M \MU LM ^MTIZ XMTI LMNM[I LW[ QV\MZM[[M[ LW[ KTQMV\M[ -[\M KWVÆQ\W ÅKW] XI\MV\M VW I]UMV\W LM KIXQ\IT M VI MUQ[[rW LM XIXMT KWUMZKQIT TM^ILW[ I KIJW XMTW JIVKW *-; 7 JIVKW KMV\ZIT NWKILW VI VMKM[[QLILM ]ZOMV\M LM ZMKIXQ\ITQbIZ W JIVKW VrW \MZn K]QLILW LM^QLIUMV\M LW ZQ[KW LM UQTPIZM[ LM []J[KZQ\WZM[ Y]M KWUXZIZIU XIZ\QKQXIt‚M[ M ILY]QZQZIU XZWL]\W[ M[\Z]\]ZILW[ \MVLW XWZ JI[M W[ XIXuQ[ LW JIVKW ^MVLQLW[ [MU W VMKM[[nZQW K]QLILW MU QVNWZUIZ W[ KTQMV\M[ LW[ ZQ[KW[ MU Y]M QVKWZZQIU :M^MTILWZ LW KWVÆQ\W LM QV\MZM[[M NWQ W RWOW LM MUX]ZZI Y]M [M [MO]Q] MV\ZM W[ LWQ[ ZMO]TILWZM[ KWU W JIVKW KMV\ZIT I LMNMVLMZ W JIVKW KWUMZKQIT M W ZMO]TILWZ LW UMZKILW LM KIXQ\IQ[ I KWTWKIZ [M LW TILW LW[ KTQMV\M[ =UI W]\ZI NITPI \MU I ^MZ KWU I KIXIKQLILM LM IV\MKQXItrW ) []XMZ^Q[rW I KIZOW LW[ JIVKW[ KMV\ZIQ[ MUJWZI KWU

KWUXM\wVKQI[ QV[XMK\Q^I[ VrW QVKWZXWZI ]UI ^MZLILMQZI KWUXM\wVKQI QV^M[\QOI\Q^I ) []XMZ^Q[rW KWUXWZ\IUMV\IT XMTW[ JIVKW[ KMV\ZIQ[ u U]Q\W JI[MILI VW XZM[[]XW[\W LI KWVÃ…IJQTQLILM LI QVNWZUItrW NWZUIT XZM[\ILI XMTW[ MV\M[ ZMO]TILW[ *I[MILW[ V]UI QVNWZUItrW \QLI XWZ JWI W[ ZMO]TILWZM[ XWZ\]O]M[M[ VrW QV\MZ^QMZIU MU \MUXW WXWZ\]VW ,M NIK\W I IV\MKQXItrW I KWUXWZ\IUMV\W[ LWTW[W[ [~ [M KWV[MO]M KZ]bIVLW I QVNWZUItrW XZM[\ILI VW Y]ILZW NWZUIT LI ZMO]TItrW KWU QVNWZUItrW Y]M [~ XWLM [MZ WJ\QLI MU XZWKM[[W[ LM QV\MTQOwVKQI )TO]V[ XIy[M[ [MO]MU ]U NWZUI\W LM ZMO]TItrW Ã…VIVKMQZI LQNMZMV\M KWVPMKQLW XWZ modelo twin peaks Y]M [MXIZI I []XMZ^Q[rW XZ]LMVKQIT LI KWUXWZ\IUMV\IT · Ã…KIVLW W JIVKW KMV\ZIT IXMVI[ KWU N]VtrW LM []XMZ^Q[rW XZ]LMVKQIT M IOZMOIVLW [MO]VLW LQNMZMV\M[ UWLMTW[ I []XMZ^Q[rW KWUXWZ\IUMV\IT LW[ \Zw[ UMZKILW[ W JIVKnZQW W LW[ [MO]ZW[ M W LW[ KIXQ\IQ[ ) ÃŽNZQKI LW ;]T M[\n VM[\I IT\]ZI I Ã…VITQbIZ I \ZIV[QtrW XIZI W UWLMTW twin peaks -U )VOWTI ^QOWZW] VW XI[[ILW ITOW [MUMTPIV\M ao twin peaks KWU I N]VtrW LM ZMO]TItrW KWUXWZ\IUMV\IT I KIZOW LI MV\rW 1V[XMKtrW LM +ZuLQ\W[ M ;MO]ZW[ 8WZ\]OIT ^IQ QV\ZWL]bQZ IT\MZIt‚M[ VW [M] UWLMTW LM ZMO]TItrW Ã…VIVKMQZI -U KWVKT][rW LILI I LQUMV[rW LW[ UMZKILW[ Ã…VIVKMQZW[ MU )VOWTI \MVPW [uZQI[ Lƒ^QLI[ [M u R][\QÃ…Kn^MT I [MOZMOItrW LW[ ZMO]TILWZM[ KWUXWZ\IUMV\IQ[ M XWZ\IV\W VW Y]ILZW LI IV]VKQILI ZMNWZUI LW -[\ILW IKZMLQ\W Y]M \IUJuU IY]Q W UWLMTW twin peaks XWLMZQI [MZ UIQ[ ILMY]ILW o VW[[I ZMITQLILM &


www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

4% O número de turistas internacionais, em 2016, aumentou 4%, representando mais 46 milhões de turistas do que no ano anterior, graças ao empurrão da Ásia e ao bom desempenho do continente americano, de acordo com o relatório anual da Organização Mundial do Turismo (OMT).

4% Até 4% é quanto deverá crescer o turismo mundial em 2017, segundo estimativas da OMT, depois de um desempenho positivo no ano passado e apesar do aumento do sentimento de insegurança dos turistas.

1,235

bilhão

No total, em 2016 atravessaram fronteiras internacionais cerca de 1,235 bilhão de turistas, marcando o 7º ano consecutivo de crescimento desde 2009, após a crise financeira mundial.

/¸.&304 &. $0/5" | 27

AUMENTO DE SENTIMENTO DE INSEGURANÇA NÃO TRAVA O TURISMO MUNDIAL

AMÉRICA

4,3% Foi o crescimento de turistas registado no continente americano em 2016, acima da média mundial.

ÁFRICA

8% Com uma alta de 8%, África recuperou da forte queda de 2015.

ÁSIA-PACÍFICO

8,4% O melhor desempenho do sector foi registado na região Ásia-Pacífico, com um crescimento de 8,4% e 303 milhões de turistas recebidos.

MÉDIO ORIENTE

4% Nesta região o número de turistas caiu 4%.

NÚMEROS NA AMÉRICA 6,3% América do Sul

201

milhões Com um total de 201 milhões de turistas recebidos, mais oito milhões que em 2015, o continente americano conquistou 16,3% do total de viajantes internacionais.

6,1% América Central 4,3% Caribe 3,6% América do Norte NÚMEROS NA EUROPA 6% Europa do Norte 4% Europa Central 1,4% Europa do Sul (Região Mediterrânica) 0,4% Europa Ocidental


28

| CAPA

PRODUÇÃO DE AÇÚCAR

INDÚSTRIA RELANÇADA PARA CONTRARIAR IMPORTAÇÃO Texto: Sebastião Vemba 'PUPHSBmB Carlos Aguiar


www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

CAPA | 29

O açúcar consta da lista dos 13 produtos da cesta básica com os quais Angola gastou, só em 2015, cerca de cinco mil milhões de dólares norte-americanos. Nesse ano, a Companhia de Bioenergia de "OHPMB #JPDPN QSPEV[JV NJM UPOFMBEBT EF BÃÔDBS RVF OÀP GPSBN TVmDJFOUFT QBSB DPMNBUBS BT mais de 300 mil toneladas que o mercado interno consome. Entretanto, o objectivo dos promotores EB #JPDPN BMJOIBEP DPN B FTUSBUÅHJB EP &TUBEP BOHPMBOP QBSB SFTQPOEFS BPT BDUVBJT EFTBmPT é o de produzir 256 mil toneladas, até 2021, e garantir, deste modo, 80% do consumo nacional. A produção cresce de ano para ano, mas há ainda fortes resquícios de cepticismo em relação à viabilidade do projecto. Apesar das dúvidas e até prova em contrário, a indústria açucareira garante que tem vindo a renascer das cinzas desde há três anos.


30

| CAPA

Em 2015, Angola gastou perto de 450 milhĂľes de dĂłlares na importação de açúcar, o que constituiu, nesse ano, a terceira maior fatia gasta na importação de produtos alimentares, logo a seguir Ă da farinha de trigo e Ă do arroz, que consumiram 767 milhĂľes de dĂłlares e 640 milhĂľes de dĂłlares, respectivamente. Debatendo-se com a escassez de divisas, cuja limitação condicionou atĂŠ a compra de bens de primeira necessidade ao exterior, o Governo lançou, ainda em 2016, uma estratĂŠgia para promover uma maior MĂ…KnKQI M MĂ…KQwVKQI LW[ QV^M[\QUMV\W[ privados, um aumento da produção nacional e a exportação de bens e serviços, I K]Z\W XZIbW 6W[ XZQUMQZW[ \Zw[ UM[M[ LW ano passado, segundo dados do Conselho Nacional de Carregadores, registou-se ]UI Y]MJZI [QOVQĂ…KI LI[ QUXWZ\It‚M[ baixando de 2 395 621 toneladas em 2015 para 1 589 849 toneladas em 2016. No entanto, o açúcar continuou no topo dos produtos alimentares mais importados, contrariamente ao arroz (-21,41%), Ă farinha de trigo (-0,58%) e Ă s carnes, miudezas e frango (-46,55%), que registaram um recuo na quantidade de bens importados.

PorĂŠm, e comparativamente a 2014, a importação de açúcar teve uma queda de 127,8 mil para 56,3 mil toneladas, registando uma diferença de menos 55 por cento, motivada, essencialmente, pela escassez de divisas. De acordo com fontes contactadas pela Economia & Mercado, estes nĂşmeros sĂŁo UIQ[ LW Y]M []Ă…KQMV\M[ XIZI Y]M [M IXW[\M na indĂşstria açucareira, cuja produção foi interrompida na dĂŠcada de 1990. AtĂŠ entĂŁo, essa indĂşstria era dominada pela Companhia de Açúcar de Angola ;) N]VLILI MU ! KWU I OZIĂ…I “Companhia do Assucar de Angola SAâ€?, por AntĂłnio de Souza Carneiro. Com sede social em Luanda e escritĂłrios em Benguela e Lisboa, a empresa detinha as fazendas Tentativa, em Caxito, S. Francisco,

no Dombe Grande (Benguela) e Marco de Canavezes, no Cubal (reservada Ă produção de sisal), e chegou a produzir, logo em 1932, 21.798 toneladas de açúcar que foram []Ă…KQMV\M[ XIZI OIZIV\QZ W KWV[]UW QV\MZVW M para exportar. AUTO-SUFICIĂŠNCIA COM MATÉRIAS-PRIMAS LOCAIS O desenvolvimento da indĂşstria nacional deve assentar na transformação de matĂŠrias-primas nacionais, em vez de depender da sua importação, defendem os especialistas, [MVLW M[\I ITQn[ I M[\ZI\uOQI ILWX\ILI XMTI Biocom, que produz e transforma a cana-de ItƒKIZ [IQJI UIQ[ I XIZ\QZ LI XnOQVI O projecto enquadra-se no PĂłlo Agro-Industrial de Kapanda – aberto a investimentos privados no sector

O DESENVOLVIMENTO DA INDĂšSTRIA NACIONAL DEVE ASSENTAR NA TRANSFORMAĂ‡ĂƒO DE MATÉRIAS-PRIMAS NACIONAIS, EM VEZ DE DEPENDER DA SUA IMPORTAĂ‡ĂƒO, DEFENDEM OS ESPECIALISTAS, SENDO ESTA, ALIĂ S, A ESTRATÉGIA ADOPTADA PELA BIOCOM, QUE PRODUZ E TRANSFORMA A CANA-DE-AÇÚCAR.



32

| CAPA

IOZWXMK]nZQW M LW Y]IT NIbMU XIZ\M I[ Fazendas Pungo-Andongo e Pedras Negras, e a Companhia de Alimentos de Malanje. Contrariamente, o relançamento da QVLƒ[\ZQI \w`\QT VIKQWVIT NWQ LM[MVKILMILW sem a garantia de produção local de algodĂŁo, o que resultou na construção de elefantes brancos, nomeadamente a reabilitação da Satec, no Dondo (Kwanza Norte) – que consumiu mais de 400 milhĂľes de dĂłlares –, da Textang II, em Luanda, e da Ă frica <w`\QT MU *MVO]MTI )TuU LM M[\IZMU distantes do seu objectivo principal, que passava pela criação de postos de trabalho e pela promoção e abastecimento do sector \w`\QT M[\I[ NnJZQKI[ KWV\QV]IU LMXMVLMV\M[ de divisas para importarem matĂŠria-prima. Na altura em que anunciou a reabilitação das unidades fabris, o Governo admitiu que, numa primeira fase, o algodĂŁo seria importado dos paĂ­ses que oferecessem melhores custos de aquisição, incluindo, alĂŠm de produtos em quantidade e com a qualidade desejadas, a logĂ­stica, o transporte e o acondicionamento, de forma a garantir ]U XZWL]\W Ă…VIT LM Y]ITQLILM ) M[KWTPI dos fornecedores de matĂŠria-prima recaiu, sobretudo, nos Estados Unidos da AmĂŠrica, *ZI[QT )][\ZnTQI M ITO]V[ XIy[M[ LM ĂŽNZQKI Ainda assim, o Governo esperava obter ganhos em dois sentidos, ou seja, reduzindo as despesas com a importação de tecidos, por um lado, e, por outro, obtendo receitas em divisas atravĂŠs da exportação da produção nacional. Este modelo foi amplamente KZQ\QKILW XWZ ^nZQW[ M[XMKQITQ[\I[ Recorde-se que o Governo estimava que a Satec viesse a proporcionar 1500 postos de trabalhos directos e cerca de dez mil indirectos. O projecto incluĂ­a duas naves, que ocupam uma superfĂ­cie total de 80 mil metros quadrados, sendo uma constituĂ­da XMTI[ nZMI[ LM Ă…ItrW \ZIV[NWZUItrW LW algodĂŁo Ă linha), malharia, tingimento, acabamento, confecçþes de roupa e colchas, M W]\ZI LM[\QVILI o[ nZMI[ LM \MKMTIOMU tingimento e acabamento dos produtos. A primeira nave tem uma capacidade QV[\ITILI XIZI XZWL]bQZ XWZ Uw[ UQT t-shirts normais e 150 mil do tipo pĂłlo, enquanto a segunda nave tem a capacidade de produzir 480 mil metros de tecido jeans mensalmente. &

MERCADO MUNDIAL DEVERĂ CRESCER NA CAMPANHA 2017/2018 A produção mundial de açúcar na campanha 2017/2018 poderĂĄ atingir, caso nĂŁo ocorram incidentes meteorolĂłgicos, 178 milhĂľes de toneladas, mais trĂŞs milhĂľes em relação Ă campanha passada, de acordo com as estimativas de FO Licht, consultora internacional do sector do agronegĂłcio. Segundo esta fonte, o crescimento deve-se Ă s boas perspectivas de produção no Brasil, na UniĂŁo Europeia, na Tailândia e na Ă?ndia, o que permitirĂĄ contrariar a UFOEÆODJB EF WžSJPT BOPT EFmDJUžSJPT F NBOUFS PT QSFĂƒPT BP MPOHP EFTUF BOP De relembrar que, na campanha comercial 2016/2017, na UniĂŁo Europeia as importaçþes de açúcar conheceram uma redução nos cinco primeiros meses, FN QBSUJDVMBS BT QSPDFEFOUFT EPT QBÉTFT EB SFHJĂ€P ¢GSJDB $BSJCF 1BDÉmDP No topo dos maiores produtores mundiais, na safra 2015/2016 posicionou-se o Brasil, com 20,3% da produção mundial, seguido pela Ă?ndia (16,6%), UniĂŁo Europeia (9,4%), Tailândia (6,3%), China (6,1%), Estados Unidos da AmĂŠrica (4,6%), MĂŠxico (3,7%) e PaquistĂŁo (3,2%). Nesta lista, o Continente Africano ĂŠ representado pela Ă frica do Sul, com 1% da produção global, mas atrĂĄs da IndonĂŠsia (1,3%), Guatemala (1,7%), RĂşssia (2,7%) e AustrĂĄlia (2,9%). JĂĄ no que diz respeito aos maiores consumidores, a Ă?ndia aparece no topo da lista com 16,2% do consumo total, seguida pela UniĂŁo Europeia (10,9%), China (10,1%), Brasil (6,5%), Estados Unidos da AmĂŠrica (6,2%) e RĂşssia (3,4%). Na rubrica exportação, o Brasil tambĂŠm ocupou o primeiro lugar com 43,4% das exportaçþes globais, seguido pela Tailândia (16,1%), AustrĂĄlia (6,7%), Ă?ndia (4,6%) e Guatemala (4,3%), com quem forma o top cinco dos maiores exportadores.



34

| CAPA

PRODUĂ‡ĂƒO DE AÇÚCAR

BIOCOM OPTIMISTA, NĂƒO PĂ RA DE TRABALHAR " $PNQBOIJB EF #JPFOFSHJB EF "OHPMB #JPDPN BTTVNJV P EFTBmP EF QSPEV[JS QPVDP NBJT de 250 mil toneladas de açúcar, a partir de 2021, quando atingir a plenitude da capacidade da sua fĂĄbrica. Apesar dos condicionalismos estruturais, e de algum cepticismo em relação Ă possibilidade do projecto vingar, os sĂłcios e gestores mostram-se optimistas, considerando que os nĂ­veis de produção tĂŞm vindo a superar as suas estimativas.

Texto: SebastiĂŁo Vemba 'PUPHSBmB Carlos Aguiar

A transformação da cana-de-açúcar na Ăşnica indĂşstria açucareira de Angola arranca IXMVI[ MU Ă…VIQ[ LM 5IQW LM KILI IVW UI[ a actividade produtiva nos mais de 80 mil PMK\IZM[ MU Y]M M[\n QV[\ITILI I *QWKWU VrW XnZI +WU ]UI nZMI LM PMK\IZM[ IOZQK]T\n^MQ[ [MVLW ! LM[\QVILW[ I nZMI[ de preservação permanente da vegetação nativa, a Companhia de Bioenergia de Angola produziu 51 mil toneladas de açúcar na Ăşltima safra, superando as 47 mil toneladas estimadas para o ano de 2016. Este feito veio animar os gestores da empresa, que se mostram optimistas em relação ao cumprimento do objectivo de produzir 256 mil toneladas anuais a partir LM IT\]ZI MU Y]M I QVLƒ[\ZQI LM^MZn atingir os 100% da sua capacidade de produção. Por ora, as metas continuam o mais realistas possĂ­vel, comentou LuĂ­s Bagorro, director-adjunto da Biocom, tendo KWVĂ…ZUILW I M[\QUI\Q^I LM UQT \WVMTILI[ para 2017. Entretanto, alĂŠm do açúcar, a Biocom vai tambĂŠm produzir este ano 17 mil metros KƒJQKW[ LM M\IVWT M [MZn ZM[XWV[n^MT XMTI KW -geração de 200 mil megawatts de electricidade, consumidos internamente, e cujo excedente ĂŠ distribuĂ­do pela rede pĂşblica de Cacuso, provĂ­ncia de Malanje, WVLM [M MVKWV\ZI QV[\ITILI I NnJZQKI )Y]Q

METAS DA BIOCOM PARA 2021

256 MIL TONELADAS De açúcar cristal branco

33 MIL METROS3 De etanol anidro

235 GWh De energia exportada

na zona industrial e agrĂ­cola, ĂŠ onde se sente o optimismo dos integrantes da companhia, na sua maioria angolanos, alguns recentemente formados no paĂ­s e no exterior, e que se juntam aos 8% de quadros estrangeiros para garantir o funcionamento da indĂşstria. )XM[IZ LI NnJZQKI M[\IZ XIZILI XIZI manutenção, Nadja Biala, angolana de 26 anos, formada em Tecnologia de Produção QuĂ­mica, na RĂşssia, explicounos, pacientemente, todo o processo de produção do açúcar, do etanol e da co-geração de energia. MostrandoVW[ QUIOMV[ LQĂ…KQTUMV\M LMKQNZn^MQ[ em monitores instalados na Central de Operaçþes Industriais, revelou que toda a IK\Q^QLILM LI NnJZQKI u UWVQ\WZILI šKWU sistemas de automação, controlos e câmaras que garantem um acompanhamento em tempo real de todas as etapas do processo, QVÆ]MVKQIVLW W ZMVLQUMV\W M I MĂ…KQwVKQI industriaisâ€?, como tambĂŠm se pode ler numa descrição sobre este departamento no site da empresa, que emprega um total de 2200 trabalhadores. DESBRAVANDO TERRENO A Biocom, de acordo com LuĂ­s Bagorro, tem servido de âncora para o desenvolvimento do PĂłlo Agro-industrial de Kapanda, na medida em que ĂŠ a maior empresa a funcionar em pleno na regiĂŁo, sendo que M[\n MUXMVPILI VI KZQItrW LM [QVMZOQI[ KWU outros operadores.


www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

CAPA | 35

-UJWZI I NnJZQKI M[\MRI NWKILI VI produção de açúcar, etanol e electricidade, o director-adjunto da Biocom não descarta a possibilidade da empresa apostar em W]\ZI[ nZMI[ KI[W W[ [~KQW[ I[[QU MV\MVLIU ¹>IUW[ XZWL]bQZ [MUXZM M[\M[ \Zw[ XZWL]\W[ 6W MV\IV\W Rn M[\n XMV[ILI I IUXTQItrW do projecto. Ou seja, a nossa perspectiva é que, a partir de 2021, comece a duplicação do projecto, mas tudo depende da decisão dos sócios. Se eles entenderem que podemos desenvolver outros negócios, aproveitando as [QVMZOQI[ LM nZMI[ KWUW I WÅKQVI I XZWL]trW e a pesquisa agrícola, teremos capacidade de IXWQIZ W]\ZW[ XZWRMK\W[ LI ZMOQrW KWUW Rn fazemos com o nosso laboratório”. Recorde-se que a Biocom é uma sociedade detida pela Sonangol (20%), Odebretch (40%) e o Grupo Cochan (40%), com uma carteira de investimento de mil milhões de dólares, mais 300 milhões do que o orçamento previsional, aumento que foi motivado, também, pela desvalorização do S_IVbI M XMTW I]UMV\W LI QVÆItrW VW XIy[ Em 2015, a Biocom produziu 25 mil toneladas de cana-de-açúcar, mas no ano seguinte a produção foi impulsionada, em grande medida, pelo aumento da nZMI XTIV\ILI Y]M Rn I\QVOQ] W[ UQT PMK\IZM[ · Y]M ^Q[Q\nUW[ L]ZIV\M \Zw[ PWZI[ e meia, aos solavancos de uma carrinha de trabalho – de um total de 38 mil hectares de XTIV\ItrW XIZI ITQUMV\IZ I NnJZQKI Y]IVLW esta alcançar a sua capacidade produtiva Un`QUI W MY]Q^ITMV\M IW XZWKM[[IUMV\W LM 2.200.000 de toneladas de cana-de-açúcar, para produzir 256 mil toneladas de açúcar e 28 mil metros cúbicos de etanol. PROCESSOS DE PRODUÇÃO ) *QWKWU KWV\I KWU ]UI NnJZQKI LM It KIZ de modelo compacto, duas caldeiras de alta pressão, com capacidade de produção de 150 toneladas de vapor/hora cada, além de um sistema de extracção do sumo da cana-de-açúcar realizado através de difusor, que utiliza o processo de lixiviação. 7[ XZWKM[[W[ Jn[QKW[ XIZI W NIJZQKW do açúcar, etanol e produção de energia começam na “extracção”, que consiste na [MXIZItrW LW []UW M ÅJZI[ LI KIVI LM -açúcar, através do difusor e de um terno de moenda para garantir a extracção total


36

| CAPA

A BIOCOM É UMA SOCIEDADE DETIDA PELA SONANGOL (20%), ODEBRETCH (40%) E O GRUPO COCHAN (40%), COM UMA CARTEIRA DE INVESTIMENTO DE MIL MILHÕES DE DÓLARES, MAIS 300 MILHÕES DO QUE O ORÇAMENTO PREVISIONAL, AUMENTO QUE FOI MOTIVADO TAMBÉM PELA DESVALORIZAÇÃO DO KWANZA E PELO AUMENTO DA INFLAÇÃO NO PAÍS. da sacarose, passam pelo “tratamento do sumo (caldo)”, que é a decantação de impurezas minerais e vegetais, com posterior ÅT\ZItrW XIZI OIZIV\QZ I KTIZQÅKItrW LW sumo; pela “evaporação e aquecimento”, onde ocorre o aumento da temperatura para esterilização do sumo, evaporação LI nO]I M I KWVKMV\ZItrW MU `IZWXM# M terminam no “fabrico de açúcar”, que é feito pela utilização do xarope no processo de aquecimento e concentração de sacarose, formando os cristais de açúcar. Por sua vez, o fabrico do etanol começa com a fase seguinte, nomeadamente a “fermentação”, que tem como matéria-prima o mel resultante do fabrico do açúcar, ao qual é adicionado fermento, transformando a sacarose em vinho, que por sua vez é destilado e concentrado. A fase seguinte chama-se “utilidades” e representa I[ M\IXI[ LM \ZI\IUMV\W LM nO]I MÆ]MV\M[ M KITLMQZI[ ZM[XWV[n^MQ[ XMTI XZWL]trW LM vapor para o processo industrial.

Finalmente, a produção de energia eléctrica é processada através do vapor gerado nas caldeiras de alta pressão que, por sua vez, alimentam as turbinas que transformam essa energia térmica em mecânica e que os geradores convertem em energia eléctrica. Acresça-se que o sistema de co-geração de energia em condensação permite gerar electricidade mesmo no período entre safras, tornando a indústria I]\W []ÅKQMV\M A energia eléctrica é produzida a partir da biomassa, cavaco de madeira e do bagaço da cana-de-açúcar provenientes do processo de supressão vegetal e da produção de açúcar e etanol, respectivamente. A energia produzida u []ÅKQMV\M XIZI IJI[\MKMZ I ]VQLILM industrial e o excedente é comercializado com a RNT - Rede Nacional de Transporte de -TMK\ZQKQLILM -8 ) MUXZM[I XZM^w \IUJuU atingir a sua capacidade plena de exportação de energia eléctrica na safra de 2020/2021, com 235 GWh de energia eléctrica.

Entretanto, o processo industrial é IV\M[ OIZIV\QLW XMTI nZMI IOZyKWTI WVLM se produz a matéria-prima. O plantio e a colheita da cana-de-açúcar são 100% mecanizados, sendo que esta parte é assegurada por técnicos nacionais com capacidade para superarem avarias mínimas na zona agrícola ou, no caso de serem mais complexas, transferirem os MY]QXIUMV\W[ XIZI I WÅKQVI LI QVL [\ZQI que conta com 415 integrantes. Além dos equipamentos de ponta, a empresa aposta em estudos e pesquisas de laboratório e de campo, sendo que dispõe de um viveiro que “tem como objectivo acelerar, através LI U]T\QXTQKItrW ZnXQLI I[ ^IZQMLILM[ KWU alto potencial de produtividade agrícola e alta qualidade da matéria-prima”. Hoje, a Biocom tem 36 variedades de plantas em teste, sendo quatro da época colonial e as outras importadas do Brasil, África do Sul e Índia. O método de multiplicação adoptado é o sistema de Muda-Pré-Brotada (MPB). &


www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

LABORATĂ“RIO AGRĂ?COLA DA BIOCOM RECEBE CERTIFICAĂ‡ĂƒO INTERNACIONAL DE QUALIDADE 0 -BCPSBUĂ?SJP "HSÉDPMB EB #JPDPN SFDFCFV B NBJT BMUB RVBMJmDBĂƒĂ€P – o conceito “Aâ€? – do programa de controlo de qualidade mantido pelo Instituto AgronĂłmico de Campinas (IAC), no Brasil. Num conjunto de 131 laboratĂłrios avaliados, sendo o Ăşnico de Ă frica, o MBCPSBUĂ?SJP EB #JPDPN mDPV FN RVJOUP MVHBS EB RVBMJmDBĂƒĂ€P Segundo uma nota de imprensa enviada Ă Economia & Mercado, anualmente, cada laboratĂłrio participante recebe do IAC 20 amostras de solo, em que sĂŁo determinados 17 elementos quĂ­micos e fĂ­sicos do solo, UPUBMJ[BOEP OP mOBM FMFNFOUPT BOBMJTBEPT 0T SFTVMUBEPT PCUJEPT FN cada conjunto de amostras sĂŁo enviados, via Internet, para o IAC onde Ă… SFBMJ[BEB B WFSJmDBĂƒĂ€P EPT SFTVMUBEPT 1BSB DBEB SFTVMUBEP DPN WBMPS FSSBEP P MBCPSBUĂ?SJP Ă… QFOBMJ[BEP F OP mOBM EP QSPHSBNB Ă… GFJUB UPEB B estatĂ­stica com os resultados obtidos. Para o supervisor do LaboratĂłrio AgrĂ­cola da Biocom, Anderson Luiz dos Santos, “este resultado vem coroar o trabalho realizado com a equipa nos Ăşltimos mesesâ€?, que diariamente tem realizado treinamentos, ensaios, simulaçþes e avaliaçþes. A fonte destacou que 97% dos integrantes que actuam no LaboratĂłrio sĂŁo nacionais, a maioria deles jovens recĂŠm-formados e altamente comprometidos com o trabalho. O LaboratĂłrio AgrĂ­cola da Biocom realiza a anĂĄlise de solo completa, incluindo a fertilidade, textura e teores de micronutrientes, alĂŠm de fazer anĂĄlise de fertilizantes, correctivos e resĂ­duos, para garantir a qualidade do produto aplicado. E para o acompanhamento da nutrição da planta tambĂŠm pode ser realizada a anĂĄlise das folhas. Activo hĂĄ 34 anos, o programa do IAC serve para avaliar a capacidade dos laboratĂłrios participantes em realizar anĂĄlises agrĂ­colas com o mĂĄximo padrĂŁo de qualidade.


38

| CAPA

PRODUĂ‡ĂƒO DE AÇÚCAR

MANTÉM-SE O CEPTICISMO A indĂşstria açucareira ressurge em Angola. Para relançar o sector, o Governo concebeu um vasto programa que prevĂŞ a plantação de cana-de-açúcar em Malanje, no Cunene, Kuanza Sul e Zaire, provĂ­ncias para onde estĂĄ programada a construção de fĂĄbricas de transformação do produto. No entanto, apenas da provĂ­ncia da Palanca Negra Gigante chegam novidades sobre este empreendimento, protagonizadas pela Biocom. Ainda assim, com a viabilidade deste projecto a ser questionada por vĂĄrios especialistas nacionais. Texto: EdjaĂ­l dos Santos 'PUPHSBmB Carlos Aguiar


CAPA | 39

www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

Encarada por muitos como uma alternativa ^nTQLI VW pUJQ\W LI[ QVQKQI\Q^I[ XIZI I LQ^MZ[QÅKItrW LI MKWVWUQI I XZWL]trW M transformação de cana-de-açúcar conta, no entanto, com o descrédito de muitos especialistas que criticam desde a falta LM \ZIV[XIZwVKQI Y]M KIZIK\MZQbI ITO]V[ dos projectos, ao papel do biodiesel como substituto do petróleo, passando pelos riscos ambientais e, claro, pelos resultados alcançados até ao momento. O engenheiro agrónomo Fernando Pacheco deixa bem claro que, na sua opinião, os projectos megalómanos que \wU [QLW QUXTMUMV\ILW[ MU )VOWTI [rW sempre de evitar, pois o país não tem know-how nem capacidade de gestão para W[ \WZVIZ ^Qn^MQ[ M ZMV\n^MQ[ [MVLW Y]M em alguns casos, estes empreendimentos acabam por favorecer o desvio de fundos e a corrupção. 8IZI .MZVIVLW 8IKPMKW W LM[MRn^MT seria adequar a capacidade fabril à capacidade de produção agrícola o que, na sua opinião, não acontece no caso da Biocom. Este desequilíbrio é, na sua visão, um problema que deve ser resolvido através da promoção da produção de cana-de-açúcar por pequenos e médios agricultores localizados na proximidade das instalações fabris, à semelhança do que acontece noutros países. O engenheiro agrónomo considera que na produção de açúcar, como na LM W]\ZW[ XZWL]\W[ u VMKM[[nZQW Y]M [M pense, primeiro, na constituição de clusters W] ÅTMQZI[ Y]M XMZUQ\IU [QVMZOQI[ KWU I QVKT][rW LI[ QV[\Q\]Qt M[ X JTQKI[ LW[ ^nZQW[ sectores interessados, e só depois disso é Y]M [M LM^MZn XMV[IZ MU MÅKQwVKQI M VI multiplicação de projectos. Outra crítica que Fernando Pacheco tece à Biocom refere-se ao número de técnicos estrangeiros que emprega, cerca de 8% do total de trabalhadores segundo os últimos dados disponibilizados pela empresa, o que representa um “elevadíssimo encargo”. Na opinião do entrevistado, esta situação coloca em causa I ZMV\IJQTQLILM LW MUXZMMVLQUMV\W )TQn[ acrescentou, na sua opinião a caução governamental de 200 milhões de dólares, também favorece tal dúvida.

Por outro lado, para o engenheiro agrónomo os riscos ambientais são elevados, quer devido ao uso de agro \~`QKW[ Y]M u [MUXZM XZWJTMUn\QKW M LQ[K]\y^MT ¹Y]MZ XMTI ^I[\I nZMI M`XW[\I o MZW[rW W Y]M ITuU LI MÅKQwVKQI X M MU causa a sustentabilidade”. No entanto, o entrevistado adianta que visitou a Biocom, em Setembro de 2016, e considera que a empresa dispõe de “um elevado nível de organização Y]M ]\QTQbI Uu\WLW[ XZWL]\Q^W[ MÅKIbM[º “Fiquei bem impressionado com o nível de conhecimento dos quadros. Prova LQ[[W u W NIK\W LM IW KWV\ZnZQW LM I[ metas de produção terem sido alcançadas. Porém, as minhas dúvidas sobre a MÅKQwVKQI VrW NWZIU LQ[[QXILI[º NZQ[I MUITO INVESTIMENTO, POUCA PRODUÇÃO 2n W MKWVWUQ[\I ;uZOQW +IT]VL]VOW recorda que a cana-de-açúcar é um dos principais produtos agrícolas cultivados desde a época colonial nas regiões do Caxito, Catumbela e Baía Farta, sem Y]M[\QWVIZ I XMZ\QVwVKQI LM [M QV^M[\QZ em Cacuso ou em qualquer outra região, principalmente naquelas cujos solos \wU IX\QLrW XIZI M[\M \QXW LM K]T\]ZI[ Entretanto, em relação à produção de biodiesel, questiona-se quanto aos benefícios que o país teria em usar tal combustível: “Ao que parece, não temos muitos carros ou camiões que se movam a JQWLQM[MT ;MZn I KIVI LM It KIZ I UMTPWZ opção ou poderíamos optar por outras espécies para produzir o dito biodiesel?”. Em acréscimo, Sérgio Calundungo alega que a quantidade de açúcar produzida, comparada com o volume LW[ QV^M[\QUMV\W[ ZMITQbILW[ ZMÆMK\M ]UI enorme diferença entre aquilo que se desejava inicialmente e o que se conseguiu alcançar. “Alguém precisa de vir a público explicar com franqueza se os anunciados ganhos económicos para Malanje e para a MKWVWUQI VIKQWVIT R][\QÅKIU W ^WT]UM LM investimentos feito até agora”, defende. )XM[IZ LM KWVKWZLIZ Y]M W M\IVWT M[\n a ganhar cada vez mais espaço e mercado mundial, o também coordenador do Observatório Político e Social de Angola

SÉRGIO CALUNDUNGO ALEGA QUE A QUANTIDADE DE AÇÚCAR PRODUZIDA, COMPARADA COM O VOLUME DOS INVESTIMENTOS REALIZADOS, REFLECTE UMA ENORME DIFERENÇA ENTRE AQUILO QUE SE DESEJAVA INICIALMENTE E O QUE SE CONSEGUIU ALCANÇAR.


40

| CAPA

(OPSA) considera que, no caso de Angola, antes da implementação deste tipo de empreendimentos se deve apostar mais no I]UMV\W LM M[\]LW[ VI nZMI LI XZWL]trW na garantia da viabilidade económica de projectos como o da Biocom e nas fórmulas que vão ser utilizadas para UQ\QOIZ W[ QVM^Q\n^MQ[ QUXIK\W[ IUJQMV\IQ[ e sociais que este tipo de projectos acarreta. “Não se trata de saber se vamos produzir açúcar com os chamados agro-industriais ou com os agricultores familiares. Trata-se de saber se do ponto de vista económico, social, ambiental e I\u XWTy\QKW NIb [MV\QLW M u XZQWZQ\nZQW nesta fase, o país apostar neste tipo de produção”, observa o economista. Entretanto, para o engenheiro Jorge Coelho Pinto, a iniciativa poderia ser melhor administrada e ter menos “mordomias”, de forma a se conseguir minimizar os custos e maximizar os lucros. Todavia, o interlocutor defende que existem muitos aspectos que podem ser corrigidos a curto prazo, se for essa a vontade dos accionistas. “A Biocom não é mais do que um projecto cheio de boas intenções mas que, na realidade, ainda não provou a utilidade do investimento megalómano que foi feito para a sua concretização e prova, todos os LQI[ Y]M VrW u ]U QV^M[\QUMV\W ZMV\n^MT M com sustentabilidade adquirida”, observa. Em linha com outros interlocutores ouvidos pela Economia & Mercado, Jorge Coelho Pinto também defende que os pequenos agricultores podem ser parceiros no investimento da Biocom, desde que organizados numa ou mais cooperativas fortes e bem dirigidas, como acontece no UWLMTW JZI[QTMQZW ¹j UIQ[ ZMV\n^MT XIZI W[ XMY]MVW[ IOZQK]T\WZM[ KWU ÅVIVKQIUMV\W erguerem uma açucareira, mas a partir da beterraba. Segundo as estatísticas, desde 2010, o negócio do açúcar de beterraba cresce mais que o de cana. É uma produção que pode ser melhor conseguida e mais económica em relação à do etanol”, sugere. Por sua vez, Sérgio Calundungo diz que o seu cepticismo reside no facto de as principais características da indústria de cana-de-açúcar serem a expansão e a alta

“É MAIS RENTÁVEL PARA OS PEQUENOS AGRICULTORES COM FINANCIAMENTO ERGUEREM UMA AÇUCAREIRA, MAS A PARTIR DA BETERRABA. SEGUNDO AS ESTATÍSTICAS, DESDE 2010, O NEGÓCIO DO AÇÚCAR DE BETERRABA CRESCE MAIS QUE O DE CANA. É UMA PRODUÇÃO QUE PODE SER MELHOR CONSEGUIDA E MAIS ECONÓMICA EM RELAÇÃO À DO ETANOL”, SUGERE JORGE COELHO PINTO.

concentração de terras, o que tem como KWV[MY]wVKQI[ W w`WLW Z]ZIT MV\ZM ¹W]\ZW[ males, tal como ocorria no tempo colonial”. A outra crítica do economista tem a ver com o facto de, na sua opinião, haver pouca QVNWZUItrW [WJZM W XZWRMK\W ¹6rW Pn espaço para o debate e o questionamento, o Y]M VrW NIKQTQ\I MU VILI I \ZIV[XIZwVKQI Y]M se deseja numa fase em que no mundo se LQ[K]\M I Y]M[\rW LW JQWLQM[MT [MVLW Y]M Pn Y]MU IÅZUM Y]M [M \ZI\I LI XZWL]trW UIQ[ destrutiva da terra e que não é a solução para a crise energética”. “Ao promover o biodiesel como substituto do petróleo esquecemo-nos de que ele é pior do que a queima do combustível fóssil que pretende substituir.

Nós não discutimos sobre isso e depois ÅKIUW[ I ^MZ W[ XZWRMK\W[ IKWV\MKMZMU de fracasso em fracasso, até ao fracasso ÅVIT º ITMZ\I W MV\ZM^Q[\ILW 8WZ ÅU 2WZOM +WMTPW 8QV\W TIUMV\I que, em relação aos micro, pequenos e médios investimentos, Angola registe ]UI KIZwVKQI MVWZUM LM ^MZLILMQZW[ MUXZM[nZQW[ M ]UI [MT^I ^I[\y[[QUI de aventureiros, daí que defenda que se evitem os grandes projectos. “Os ÅVIVKQIUMV\W[ Y]M [rW I\ZQJ]yLW[ VW XIy[ [rW LM W]\ZI OITn`QI M VI UIQWZQI LW[ casos, terminam na aquisição de bens, viagens e divertimento, mais utilizadas para mostrar riqueza do que para pagar o investimento realizado”, reforça. &



42

| CAPA

ENTREVISTA LUĂ?S BAGORRO JĂšNIOR, DIRECTOR-GERAL ADJUNTO DA BIOCOM

“A BIOCOM É UM PROJECTO RENTĂ VELâ€? Ainda persiste algum cepticismo em relação Ă viabilidade da Companhia de Bioenergia de Angola (Biocom), mas o director-geral adjunto da empresa considera que este julgamento ĂŠ infundado, uma vez que o projecto sĂł surgiu depois de elaborados estudos sobre o clima e a viabilidade econĂłmica do negĂłcio em si. “A projecção foi estudada e, hoje, vemos que a Biocom ĂŠ um projecto rentĂĄvelâ€?, lança LuĂ­s Bagorro, para voltar a garantir que a empresa cumprirĂĄ as metas traçadas. “EstĂĄ tudo programado para que, em 2021, estejamos a produzir em plenoâ€?.

Economia & Mercado (E&M) - VisitĂĄmos a Biocom e percebemos que, de facto, existe produção, sobre a qual ainda existe tambĂŠm algum cepticismo. Entretanto, qual ĂŠ a avaliação que faz do Ăşltimo ano produtivo, tendo em conta as metas da empresa? LuĂ­s Bagorro JĂşnior (LBJ) – Tivemos um ano bastante produtivo, apesar da crise que as empresas e o paĂ­s estĂŁo a viver. Felizmente, a Biocom conseguiu BUJOHJS BT NFUBT QMBOJmDBEBT BMJžT ultrapassou essas metas, em resultado do bom desempenho e trabalho de todos os integrantes. Em nĂşmeros, produzimos pouco mais de 51 mil toneladas de açúcar, quase mais cinco mil que as 47 mil toneladas do ano passado. Texto: SebastiĂŁo Vemba 'PUPHSBmB Carlos Aguiar

E&M - A que se deveu essa superação das metas? LBJ – Deveu-se, sobretudo, ao trabalho que foi feito na preparação da matĂŠria-prima, que foi de grande qualidade e permitiu que tivĂŠssemos este boom da nossa produção. AliĂĄs, em 2016 choveu NVJUP P RVF FTUJNVMPV P nPSFTDJNFOUP das plantas. Quando isso acontece, elas podem perder muita sacarose, mas nĂŁo foi o caso, em função do acompanhamento que houve da fase de cultivo. E&M – Para este ano quais sĂŁo as perspectivas, com base nas condiçþes naturais e climĂĄticas, sendo que se nota uma ausĂŞncia prolongada de chuva? LBJ – Este ano estĂĄ fora dos padrĂľes do comportamento climĂĄtico normal para a regiĂŁo. Quando concebemos


www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

CAPA | 43


44

| CAPA

o projecto da Biocom, estudámos os EBEPT IJTUÏSJDPT RVF OPT DPOmSNBSBN que deveria chover em Cacuso. Entretanto, a ausência de pluviosidade é transversal a várias regiões do país. Com base nesta limitação de chuvas, m[FNPT VNB QSPKFDÃÀP RVF BQPOUB QBSB a produção de 73 mil de toneladas de açúcar. Achamos que se ainda chover em Abril, tal ajudará a recuperar alguma produção, mas vamos ter, de facto, BMHVNB EJmDVMEBEF QBSB BUJOHJS BT NFUBT a que nos propusemos. E&M - Como é que olha para a Biocom enquanto empresa que está a apostar no relançamento do sector açucareiro em Angola, área que já foi, no passado, bastante produtiva? LBJ – A Biocom é uma iniciativa empresarial de coragem dos seus sócios e accionistas, que decidiram implementar um projecto de produção de açúcar numa zona do país onde nunca se tinha produzido cana. Pensava-se que a cana só existia em regiões onde o seu cultivo já era tradicional. Mas o país tem várias regiões férteis. Sendo assim, vejo com muito boas perspectivas a Biocom, na medida em que representa vários ganhos para o país, nomeadamente a exploração de tecnologia de ponta na área agrícola, que se equipara ao que é usado por grandes produtores internacionais. E, mais importante ainda, estamos a formar técnicos nacionais para gerir este projecto com tecnologia de ponta, com base no compromisso dos quadros estrangeiros de transmitirem o know-how aos angolanos. No ano passado, por exemplo, substituímos 35 estrangeiros por nacionais e tivemos um processo fabril bem executado com mão-de-obra angolana. Com isto, quero dizer que a Biocom é um projecto que WFJP QBSB mDBS F TFSWJS EF FYFNQMP B outras iniciativas no sector. E&M - Qual é a actual carteira de investimento da Biocom e quais são as perspectivas de retorno? LBJ – Investimos 750 milhões de dólares numa primeira fase, para o arranque

do projecto, mas tivemos que fazer um reforço. Estamos perto dos mil milhões de dólares norte-americanos. Quem já teve a oportunidade de visitar a Biocom viu que temos estado a expandir a nossa área agrícola, que deve atingir os 40 mil hectares, para conseguirmos produzir as 256 mil toneladas de açúcar que garantem o funcionamento da fábrica a 100% da sua capacidade. Quer isto dizer que, todos os anos, os investimentos vão aumentando, conforme se vai expandindo a área de produção da cana. Prevemos começar a ter retorno em 2021, sendo que, nessa altura, poderá ocorrer a duplicação do projecto.

“PROGRAMA JOVEM PARCEIRO” E&M - Fale-nos um pouco do “Programa Jovem Parceiro”, no âmbito da capacitação dos quadros nacionais e redução da mão-de-obra estrangeira. LBJ – O “Programa Jovem Parceiro” está fundamentalmente direccionado para os jovens angolanos recém-formados e visa enquadrá-los na Biocom, através de um processo de passagem pelos vários sectores da empresa de modo a que conheçam, na totalidade, todo o processo de produção, numa integração que se quer gradual. Posteriormente, os candidatos são direccionados para ¾SFBT FTQFDÉmDBT EB FNQSFTB EF BDPSEP com os resultados obtidos. Hoje, graças ao trabalho de formação dos nacionais, contamos com 92% de quadros angolanos e 8% de estrangeiros, sendo que a maior parte destes últimos são gestores. Mas quando atingirmos a maturidade teremos apenas 2% de estrangeiros. Acresça-se, ainda, que o “Programa Jovem Parceiro” já permitiu a contratação de 25 integrantes da Biocom. E&M - Sabe-se que Angola depende muito do exterior para o fornecimento de matéria-prima. Até que ponto a conjuntura económica do país afectou B FNQSFTB F FN RVF ¾SFBT FTQFDÉmDBT se sentiu um maior impacto da crise? LBJ – Temos a felicidade de sermos

uma empresa que produz a sua própria matéria-prima. Isto é uma grande mais-valia para o país. Entretanto, é claro que o sector agrícola não se desenvolve sem fertilizantes e adubos, e há produtos que, de facto, Angola não produz. A nossa importação é, fundamentalmente, de insumos agrícolas. Assim sendo, para desenvolvermos a agricultura necessitamos de divisas e temos apelado ao apoio do Governo, pelo menos para sermos atendidos dentro da nossa programação e quando há disponibilidade. Por outro lado, o país não produz viaturas nem peças sobressalentes, o que representa outra EJmDVMEBEF QBSB VNB FNQSFTB RVF UFN mais de 600 meios mecânicos e precisa de substituir peças, o que só é possível se houver divisas.

“ESTÁ TUDO PROGRAMADO PARA QUE, EM 2021, ESTEJAMOS A PRODUZIR EM PLENO” E&M – Continuam a ser feitas várias críticas à Biocom, relativas à viabilidade do negócio, com base na sua dimensão e nas condições climáticas da região de Cacuso. Que comentários lhe suscita esta análise? LBJ - Antes de implementarmos o projecto, e tal como já referi, nós recorremos aos dados históricos do clima na região de Cacuso. Por outro lado, a Biocom está construída junto a um grande rio, o Kwanza. A escolha do local onde implementámos o projecto foi uma opção estratégica. Por outro lado, a nível mundial, em períodos de chuva não se faz colheita de cana. Nessa altura, faz-se apenas a plantação. A colheita é feita na época seca. A projecção foi estudada e, hoje, vemos que a Biocom é um projecto rentável. E&M – Se o ritmo de crescimento se mantiver prevê-se, então, que a fábrica atinja a produção plena em 2021, mesmo considerando os actuais constrangimentos? LBJ – Está tudo programado para que, em 2021, estejamos a produzir em pleno. Se não houver uma força natural que o


www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

A BIOCOM FOI PROJECTADA PARA PRODUZIR O ETANOL ANIDRO, QUE SERVE PARA MISTURAR COM COMBUSTÍVEL. INFELIZMENTE, EM ANGOLA AINDA HÁ UM VAZIO DE REGULAMENTAÇÃO NESTE DOMÍNIO. SENDO ASSIM, A BIOCOM PRODUZ O ETANOL HIDRATADO, QUE É COMPRADO POR DUAS EMPRESAS QUE FAZEM A SUA TRANSFORMAÇÃO E O REVENDEM ÀS INDÚSTRIAS DE BEBIDAS E DE DETERGENTES.

CAPA | 45


46

| CAPA

impeça, 2021 ĂŠ o prazo para atingirmos essa meta. E prevĂŞ-se que, entĂŁo, se produzam, anualmente, as 256 mil toneladas de açúcar que garantem o funcionamento pleno da fĂĄbrica. E&M - AtĂŠ lĂĄ, prevĂŞ-se que a produção consiga cobrir cerca de 80% do consumo interno do paĂ­s, como tem sido falado? LBJ – A população vai continuar a crescer e a necessidade interna tambĂŠm serĂĄ maior. Hoje, estima-se que a população consuma 300 mil toneladas de açúcar, porĂŠm, estamos sempre a reavaliar estes nĂşmeros, porque uma parte desse produto vai para a fronteira e outra parte vai para a indĂşstria de bebidas. O paĂ­s jĂĄ ultrapassou o momento da crise, agora ĂŠ o perĂ­odo EBT PQPSUVOJEBEFT 5FNPT EFTBmPT F vamos tĂŞ-los sempre, com mais chuva num ano e menos chuva no outro. A Biocom tambĂŠm enfrentou problemas provocados pela crise mas tem estado a superĂĄ-los. E&M - AlĂŠm do açúcar e do etanol, a Biocom tambĂŠm produz electricidade para consumo interno, sendo que o excedente ĂŠ transferido para a rede pĂşblica. Qual foi a capacidade alcançada na Ăşltima safra? LBJ – A nossa energia ĂŠ a primeira, em Angola, produzida a partir de biomassa, num processo em que ĂŠ usado o bagaço da cana-de-açúcar e, no perĂ­odo em que nĂŁo se produz o bagaço, o cavaco proveniente da madeira. Neste momento, a nossa produção satisfaz a indĂşstria e exportamos o excedente, atravĂŠs da Rede Nacional de Transporte de Electricidade, embora a capacidade de recepção da estação elĂŠctrica de Cacuso seja sĂł de 22 Megawatts por hora. Na safra anterior, por exemplo, tivemos uma produção de energia de 56 mil Megawatts.

RELANÇAMENTO DA INDĂšSTRIA AÇUCAREIRA E&M – Encara a Biocom como um primeiro passo para o relançamento da

ATINGIMOS A FASE EM QUE PRECISAMOS DE RELANÇAR A INDĂšSTRIA E A BIOCOM ESTĂ A DAR UM GRANDE CONTRIBUTO, PARTICULARMENTE NO SEGMENTO DO AGRO-NEGĂ“CIO, NA MEDIDA EM QUE ESTĂ A RELANÇAR A PRODUĂ‡ĂƒO DA CANA-DE-AÇÚCAR EM LARGA ESCALA E, AO MESMO TEMPO, ESTĂ A TRANSFORMĂ -LA.


CAPA | 47

www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

indústria açucareira nacional? LBJ – Claramente. Atingimos a fase em que precisamos de relançar a indústria e a Biocom está a dar um grande contributo, particularmente no segmento do agro-negócio, na medida em que está a relançar a produção da cana-de-açúcar em larga escala e, ao mesmo tempo, está a transformá-la. Não existe, da nossa parte, nenhuma intenção de criar um monopólio, porque o mercado é aberto. Hoje ressurgiu a indústria açucareira, mas esperamos que outros segmentos sejam lançados ou relançados. Aliás, se surgirem mais produtores poderemos organizar-nos em associação, como acontece noutros países. Mas trata-se, sim, de um passo muito positivo para o desenvolvimento das indústrias. Hoje, temos a do açúcar, amanhã podemos ter outras

indústrias a surgir. Entretanto, teremos de ultrapassar o grande problema do fornecimento de matérias-primas, sendo que muitas delas podem ser produzidas localmente, até porque somos um país muito fértil.

começar a produzir o etanol neutro, no prazo de um ou dois anos. Aí sim, vamos produzir para vender directamente às indústrias de bebidas alcoólicas, como estão a fazer os nossos actuais compradores.

E&M - Em que medida a Biocom abastece a indústria nacional de bebidas? LBJ – A Biocom foi projectada para produzir o etanol anidro, que serve para misturar com combustível. Infelizmente, em Angola ainda há um vazio de regulamentação neste domínio. Sendo assim, a Biocom produz o etanol hidratado, que é comprado por duas empresas que fazem a sua transformação e o revendem às indústrias de bebidas e de detergentes. Entretanto, já está nos nossos planos

E&M - Quais são, actualmente, os níveis de produção de etanol? LBJ – Na última safra produzimos 14.263 mil metros cúbicos de etanol e, para o ano que vem, prevemos produzir 17 mil. No primeiro ano, produzimos quatro mil metros cúbicos e, em 2015, 10.000. Os dados apontam que o país importa cerca de 80 mil metros cúbicos de álcool por ano, pelo que só devemos estar a suprir entre de 10 a 15% das necessidades do mercado. E isto torna-se muito pesado para as indústrias que utilizam este álcool como matéria-prima. &


48

| PAÍS


PAĂ?S | 49

www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

MALANJE

DESPORTO, AGRICULTURA E EDUCAĂ‡ĂƒO REANIMAM CACUSO O surgimento do PĂłlo Agro-Industrial de Kapanda, em particular da Biocom, cuja indĂşstria e ĂĄrea agrĂ­cola estĂŁo localizadas no municĂ­pio de Cacuso (Malanje), desencadeou o nascimento de vĂĄrios projectos sociais que vĂŁo desde o desporto Ă agricultura. Sob iniciativa e gestĂŁo da Companhia de Bioenergia de Angola, os programas sociais, alĂŠm de gerarem renda Ă s famĂ­lias, oferecem-lhes qualidade de vida e jĂĄ valeram Ă empresa a distinção na categoria de Responsabilidade Social dos PrĂŠmios Sirius 2016, promovidos pela Deloitte.

Texto: SebastiĂŁo Vemba 'PUPHSBmB Carlos Aguiar

Ă€s 17h de uma terça-feira, excepcionalmente, as cerca de 60 crianças que constituem a Escolinha de Futebol Palancas Negras de Malanje reuniram-se, em Cacuso, na ĂĄrea desportiva da Biocom (Companhia de Bioenergia de Angola), para nos mostrarem o quanto sĂŁo boas de bola, mas tambĂŠm “boas de escolaâ€?, pois esta ĂŠ condição Ăşnica para fazerem parte do clube desportivo. Enquanto os meninos, cujas idades vĂŁo dos 7 aos 15 anos, corriam atravĂŠs da bola, um grupo de adultos, maioritariamente composto por mulheres, caminhava em direcção Ă s salas de aulas nocturnas, onde se desenvolve o Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos e que, sĂł em 2016, admitiu 180 novos alunos,


50

| PAĂ?S

ATÉ AO MOMENTO, SEGUNDO DADOS FORNECIDOS PELA BIOCOM, FORAM ABERTAS 320 VAGAS PARA ALUNOS DA 1.ÂŞ Ă€ 6.ÂŞ CLASSES “QUE PASSAM A PARTICIPAR ACTIVAMENTE NOS SEUS DIREITOS E DEVERES DE CIDADĂƒOS, PREPARADOS PARA LER, ESCREVER E REALIZAR AS QUATRO OPERAÇÕES BĂ SICAS DE MATEMĂ TICAâ€?.

entre moradores da comunidade e integrantes – este ĂŠ o termo usado pela empresa para designar os trabalhadores – da Biocom. A ideia do programa surgiu depois de a empresa açucareira constatar o elevado nĂşmero de cidadĂŁos iletrados, incluindo KWTIJWZILWZM[ K]RW LM[MV^WT^QUMV\W LM KIZZMQZI Ă…KI^I condicionado por este factor. Em resposta, foram criadas turmas adequadas aos horĂĄrios dos estudantes que, ao longo do dia, se dedicam ao trabalho. AtĂŠ ao momento, segundo dados fornecidos pela Biocom, foram abertas 320 vagas para alunos da 1.ÂŞ Ă 6.ÂŞ classes “que passam a participar activamente nos seus direitos e deveres de cidadĂŁos, preparados para ler, escrever e realizar as quatro operaçþes bĂĄsicas de matemĂĄticaâ€?, refere a empresa num documento que partilhou com a Economia & Mercado. Entretanto, no campo de futebol, os Palancas Negras de Malanje ganharam ritmo depois de um primeiro golo marcado e que aumentou a disputa entre as duas equipas formadas para a demonstração dos seus dotes futebolĂ­sticos. Mas o sol jĂĄ se

0 QSPHSBNB EF BMGBCFUJ[BĂƒĂ€P QFSNJUF BPT CFOFmDJžSJPT UFSFN BDFTTP BP EPDVNFOUP EF JEFOUJEBEF QFTTPBM F EFWPMWF MIFT B BVUP FTUJNB


www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

despedia e as duas aulas de alfabetização já se encontravam compostas para a nossa visita. E foi para lá que nos dirigimos, cruzando vários grupos de alunos que não encontraram assento na sala e se viram limitados a acompanhar a aula a partir do longo corredor devidamente iluminado, mas pouco arejado devido ao amontoado de gente. O nosso guia, João Bernardo, psicólogo que integra o departamento de projectos sociais da Biocom, recebeu autorização para entrar na primeira turma e fez-nos o sinal para segui-lo. Tratava-se de uma turma de alfabetização que aprendia os sons “ba”, “be”, “bi”, “bo”, “bu”. Para facilitar a aprendizagem, o professor colou uma banana no quadro e junto LMTI M[KZM^M] W VWUM LI NZ]\I 4WOW VI XZQUMQZI ÅTI 5IZKMTQVI jovem mulher de 20 anos, sorriu para nós, timidamente, enquanto IRMQ\I^I I ÅTPI VW KWTW XIZI VrW TPM I\ZIXITPIZ W XZWKM[[W LM transcrição da matéria do quadro para o caderno. O nosso guia revelou-nos que nem ele consegue compreender a motivação dos alunos, cujo desejo de aprender vai além de ler e escrever. Trata-se de uma questão de cidadania, pois, devido à sua condição de iletrados, vários moradores da região não dispõem de documentos LM QLMV\QÅKItrW XM[[WIT 5I[ I [Q\]ItrW PWRM u UMTPWZ 7 Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos, que segue a Metodologia Dom Bosco, já permitiu que, pelo menos, 170 alunos tratassem da sua identidade enquanto cidadãos através de uma parceria com Administração Municipal de Cacuso, que agilizou o processo de registo dos mesmos. MAIS DE 170 FAMÍLIAS ABRANGIDAS Pelo menos 170 famílias foram abrangidas pelo programa de ITNIJM\QbItrW LI *QWKWU Y]M VrW [~ XMZUQ\Q] Y]M W[ JMVMÅKQnZQW[ tivessem acesso a documentos de identidade pessoal, mas também que concorressem a vagas para empregos formais, incluindo na própria Companhia de Bioenergias de Angola. Mas o programa também devolveu a auto-estima aos alunos, que melhoraram a comunicação e o relacionamento interpessoal e familiar, refere o documento da empresa sobre os seus programas sociais, no qual também se destacam as melhorias na área da saúde. Segundo João Bernardo, todos os programas desenvolvem a cultura de respeito pelo ambiente, a preservação da saúde e a prevenção de doenças através de acções de formação e palestras. Entretanto, ao nível familiar destaca-se o programa de agricultura “Kukula Ku Moxi”, em que a Biocom actua como parceira da iniciativa, comprando toda a produção hortícola para o seu refeitório. Só em 2015 a empresa consumiu o equivalente a oito milhões de kwanzas em hortícolas. Ainda no que diz respeito à geração de renda, a fábrica de sabão artesanal e ecológico, “Twaleto Ku Moxi”, dá oportunidade de negócio a 12 mulheres empreendedoras que produzem o detergente a partir de óleo de cozinha usado. Diariamente, são fabricadas 96 barras de sabão com base numa média de 20 litros de óleo e quatro quilos de soda cáustica. Mensalmente, cada participante consegue uma renda de 16 mil kwanzas. O projecto tem um resultado bruto de pouco mais de


52

| PAÍS

2,3 milhões de kwanzas anuais, com uma fabricação de 15.360 barras de sabão por ano. O treinamento das primeiras seis integrantes do projecto foi feito em 2015, abrangendo apenas mulheres que, por sua vez, formam agora o mesmo número de novas integrantes. Rebeca José André, de 19 anos, está no programa desde o seu arranque M IR]LI I NWZUIZ W]\ZI[ U]TPMZM[ 5rM LM ]UI ÅTPI I XMY]MVI empreendedora, que ainda vive com os pais, usa os rendimentos do negócio para a sua contribuição nas despesas caseiras e na compra de materiais didácticos para si. CAMPEÕES DE CACUSO O desporto é outra área em que a Biocom investe no âmbito do seu programa de responsabilidade social. Além da Escolinha de Futebol Palancas Negras de Malanje, a empresa apoia a escola de judo e jiu-jitsu onde 97 crianças e adolescentes praticam artes marciais. A instituição foi formada, em 2013, por iniciativa de um integrante da Biocom praticante de artes marciais e logo de imediato teve o apoio da empresa para acolher o maior número de estudantes possível. Hoje, a Escola de Judo e jiu-jitsu Palancas

6MOZI[ u ÅTQILI VI .MLMZItrW )VOWTIVI LM 2]LW M VI .MLMZItrW Brasileira de jiu-jitsu e é vencedora de 75 medalhas de ouro, 33 de prata e 15 de bronze, conquistadas em campeonatos de nível provincial. Para integrar a equipa, actualmente treinada por Nelson Pedro Mesquita e Adilson Agostinho Santos, ambos colaboradores da Biocom, a regra intransponível é ter um bom desempenho escolar, além de uma atitude de respeito pelo próximo e de promoção da não-violência. 8WZ ÅU M`Q[\M IQVLI ]UI \]ZUI LM KIXWMQZI LQZQOQLI \IUJuU por um integrante da Biocom – todos os professores recebem subsídios além dos seus salários –, que acolhe 45 crianças e adolescentes de Cacuso que não poupam nem meios nem energia para gingar. A pequena Romana, de 11 anos, aproveitou um pijama amarelo de riscas vermelhas nas laterais para fazer de uniforme e garante que desde 2015 não dispensa nenhuma aula. Talvez seja também porque a Biocom garante a reposição de ITO]UI[ KITWZQI[ LM[XMVLQLI[ 7] [MRI VW ÅVIT LM KILI \ZMQVW os atletas – incluindo os de futebol – recebem um lanche, mas também participam de actividades educativas sobre os mais diversos temas. &

HOJE, A ESCOLA DE JUDO E JIU-JITSU PALANCAS NEGRAS É FILIADA NA FEDERAÇÃO ANGOLANA DE JUDO E NA FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE JIU-JITSU E É VENCEDORA DE 75 MEDALHAS DE OURO, 33 DE PRATA E 15 DE BRONZE, CONQUISTADAS EM CAMPEONATOS DE NÍVEL PROVINCIAL.

Para frequentarem a Escolinha de Futebol Palancas Negras de Malanje os 60 jovens “futebolistas”, com idades entre os 7 e os 15 anos, precisam de ter aproveitamento escolar



54

| LĂ FORA

FINANÇAS

ANGOLA PERDE INFLUĂŠNCIA NA BANCA PORTUGUESA Um trio de factores adversos – crise dos bancos, queda do preço do petrĂłleo e regulação FVSPQFJB o EJUPV VNB SFEVĂƒĂ€P TJHOJmDBUJWB EB JOnVÆODJB BOHPMBOB OVN NFSDBEP RVF TPGSFV HSBOEFT BMUFSBĂƒĂ‘FT BDDJPOJTUBT OP Ă”MUJNP BOP .BT NFOPT JOnVÆODJB OĂ€P TJHOJmDB QFSEBT OB GSFOUF mOBODFJSB o BOUFT QFMP DPOUSžSJP

Texto: Bruno Faria Lopes 'PUPHSBmB JA Imagens e D.R.

Quanto pode mudar, em 12 meses, um sector tipicamente estĂĄvel como a banca? Se o sector tiver sofrido perdas profundas, como ĂŠ o caso portuguĂŞs, a resposta ĂŠ “muita coisaâ€?. O banco pĂşblico Caixa Geral de DepĂłsitos, o maior do paĂ­s, conseguiu luz verde da ComissĂŁo Europeia para uma recapitalização de cerca de cinco mil milhĂľes de euros, evitando por pouco a entrada de privados no capital. O maior banco privado, o BCP, viu entrar um novo accionista dominante, os chineses da Fosun. O Novo Banco estĂĄ perto de ser vendido a um fundo norte-americano, o Lone Star. E o BPI, outro banco privado relevante, passou a ser decididamente catalĂŁo, apĂłs a oferta pĂşblica de aquisição (OPA) do Caixabank. Para os accionistas angolanos esta marĂŠ de mudanças trouxe um

resultado misto: uma perda [QOVQĂ…KI\Q^I LM QVÆ]wVKQI VW mercado bancĂĄrio portuguĂŞs e, por outro lado, vantagens reais ou potenciais na frente Ă…VIVKMQZI Entre as duas principais posiçþes angolanas – de Isabel dos Santos no BPI e da petrolĂ­fera estatal Sonangol no BCP – uma foi terminada e a outra foi diluĂ­da (o BIC e uma participação minoritĂĄria no BIG sĂŁo de origem angolana, mas sem relevância sistĂŠmica). Nos dois casos, embora de forma diferente, esta perda tem um lado mais solar: no lado de Isabel dos Santos, uma mais-valia; do lado da Sonangol, a braços com uma reestruturação que poderĂĄ levar ao foco apenas na actividade petrolĂ­fera, menos exigĂŞncia de capital para continuar a suportar o BCP. A Santoro de Isabel dos Santos deixou de ser accionista do BPI, vendendo, em Fevereiro deste ano, a sua participação de 18,5% na oferta pĂşblica

MAIS DE UM ANO DEPOIS,

o sector estå a caminho de uma estabilidade accionista maior – OS ACCIONISTAS ANGOLANOS PARTILHAM AGORA O PODER COM ESPANHÓIS, CHINESES E NORTE-AMERICANOS, OS DONOS DA MAIOR PARTE DOS BANCOS EM PORTUGAL.

de aquisição lançada pelo Caixabank, apĂłs um braço-de-ferro com o banco catalĂŁo. Isabel dos Santos serĂĄ talvez o Ăşnico accionista de um banco em Portugal a ter ganho dinheiro no sector nos Ăşltimos anos: cerca de 80 milhĂľes de euros entre a venda das acçþes e os dividendos arrecadados desde que entrou no BPI em 2009, noticiou o jornal digital portuguĂŞs “ECOâ€?, citando uma fonte prĂłxima da empresĂĄria. Paralelamente aos ganhos, a agora CEO da Sonangol passou a controlar o BFA, atravĂŠs da Unitel. O BPI mantĂŠm uma posição no banco angolano, mas ĂŠ conhecido nos bastidores o desejo dos catalĂŁes do Caixabank de cortarem o vĂ­nculo com Angola – a concretizar-se, essa vai ser outra via de perda de ligação (e de QVÆ]wVKQI KWU W UMZKILW portuguĂŞs, jĂĄ que o BFA foi o principal contribuinte para os resultados do BPI nos Ăşltimos anos.


www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

LÁ FORA | 55

No BCP a história não é de ganhos, mas de evitar mais perdas. A Sonangol foi a jogo em mais um aumento de capital no banco (1330 milhões de euros) para reforçar rácios, devolver um empréstimo ao Estado português e cobrir o buraco aberto por uma limpeza profunda do balanço em 2016, ditada por orientações do Banco Central Europeu (BCE). Para manter a participação de 14,9% a petrolífera teve de aplicar quase 200 milhões de euros no BCP. A Sonangol já deixara de ser o principal accionista do banco VW ÅVIT LW IVW XI[[ILW LMXWQ[ de a chinesa Fosun ter entrado com uma posição de 16,7%, que entretanto expandiu para perto de 30% no aumento de capital do banco. Isabel dos Santos tem luz verde do BCE para a petrolífera poder chegar a 30%, mas com o plano de reestruturação em curso a convicção do mercado é de que a Sonangol não deverá avançar para essa posição – que pode VrW ^QZ I ÅKIZ VI XM\ZWTyNMZI na sequência do seu plano de reestruturação – algo que lhe custaria mais de 500 milhões de euros. É a Fosun que controla agora o BCP, mas a perda LM QVÆ]wVKQI IVOWTIVI XWLM não ser só uma má notícia. “A Sonangol tem menos de uma coisa que pode vir a valer mais, W Y]M [QOVQÅKI Y]M VI NZMV\M

ISABEL DOS SANTOS SERÁ TALVEZ O ÚNICO ACCIONISTA DE UM BANCO EM PORTUGAL A TER GANHO DINHEIRO NO SECTOR NOS ÚLTIMOS ANOS: CERCA DE 80 MILHÕES DE EUROS ENTRE A VENDA DAS ACÇÕES E OS DIVIDENDOS ARRECADADOS DESDE QUE ENTROU NO BPI EM 2009, NOTICIOU O JORNAL DIGITAL PORTUGUÊS “ECO”, CITANDO UMA FONTE PRÓXIMA DA EMPRESÁRIA.


56

| LÁ FORA

ÅVIVKMQZI I [Q\]ItrW VrW ÅKI necessariamente pior”, diz uma fonte sénior ligada ao UMZKILW ÅVIVKMQZW XWZ\]O]w[ que acredita que o BCP, limpo, recapitalizado e com o empréstimo ao Estado português já pago, tem condições para regressar aos lucros. Há, depois, o novo parceiro maioritário – um privado oriundo da China, com uma cultura empresarial idêntica e de um país com fortes ligações a Angola. “Se fosse um fundo norte-americano a entrar em força no BCP a ruptura

na gestão e o choque para o accionista angolano seriam muito maiores”, aponta outra fonte. A CRISE, O REGULADOR E O BARRIL No último ano, três forças ditaram o recuo dos accionistas angolanos na banca em Portugal. As duas mais importantes são a combinação entre a crise dos bancos naquele país europeu e a queda abrupta do preço do petróleo. O longo boom no crédito bancário na

ISABEL DOS SANTOS TEM LUZ VERDE DO BCE PARA A SONANGOL TAMBÉM PODER CHEGAR A UMA PARTICIPAÇÃO DE 30% NO BCP MAS, COM O PLANO DE REESTRUTURAÇÃO EM CURSO, A CONVICÇÃO DO MERCADO É DE QUE A PETROLÍFERA NÃO DEVERÁ AVANÇAR PARA ESSA POSIÇÃO, ALGO QUE LHE CUSTARIA MAIS DE 500 MILHÕES DE EUROS.


LĂ FORA | 57

www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

dĂŠcada passada deu lugar a um inferno de prejuĂ­zos e de perdas, no quadro da pior crise econĂłmica da democracia portuguesa. Entre 2011 e 2015 os maiores bancos – Caixa Geral, BCP, BES/Novo Banco, BPI – queimaram mais de 25 mil milhĂľes de euros em crĂŠditos problemĂĄticos e maus investimentos. O Banco de Portugal, num relatĂłrio de Novembro de 2016, estima que um terço das empresas devedoras Ă banca esteja em incumprimento, num bolo de crĂŠditos de 13 mil milhĂľes de euros. As novas regras para os bancos e a supervisĂŁo directa do BCE aumentaram tambĂŠm a exigĂŞncia sobre os rĂĄcios de capital, o que ĂŠ o mesmo que dizer sobre os accionistas. Nesta conjuntura – que afectou mais o BES/Novo Banco e o BCP –, os accionistas como a Sonangol foram sendo chamados a suportar aumentos de capital Ă medida que a limpeza de balanço ia sendo feita. Mas a compressĂŁo brutal do preço do petrĂłleo – que baixou a marĂŠ de dinheiro que entrou na petrolĂ­fera e acabou por evidenciar vĂĄrios problemas na gestĂŁo e na estratĂŠgia – tirou Ă Sonangol margem para continuar nesta senda. Um terceiro factor adverso tem sido a regulação bancĂĄria europeia, nas mĂŁos do BCE desde 2014. Os responsĂĄveis do Banco Central Europeu tendem a nĂŁo gostar de exposiçþes de entidades por si supervisionadas a instituiçþes ou jurisdiçþes que considerem mais opacas. Foi o BCE que impĂ´s que o BPI reduzisse a sua exposição ao BFA, apĂłs a ComissĂŁo

Europeia ter deixado Angola de fora da lista de paĂ­ses com uma supervisĂŁo bancĂĄria por si reconhecida (tambĂŠm o banco portuguĂŞs Montepio estĂĄ a caminho de fazer o mesmo com o Finibanco Angola). Esta imposição (que tinha um prazo que o BCE foi estendendo, entre avisos) cruzou-se com a blindagem de estatutos entĂŁo existente no BPI – que dava a Isabel dos Santos o poder de veto – para gerar um braço-de-ferro com o Caixabank, em que os catalĂŁes eram a parte mais forte (no sentido de saber quem VW TQUQ\M Ă…KIZQI KWU W *81 Rn que tinham um poder de fogo Ă…VIVKMQZW U]Q\W []XMZQWZ Em todo este contexto, o Governo portuguĂŞs e a PresidĂŞncia da RepĂşblica foram um quarto factor mais TI\MZIT +WU I KZQ[M LI[ Ă…VIVtI[ pĂşblicas jĂĄ mais controlada, a estabilização do sector Ă…VIVKMQZW NWQ MTMQ\I KWUW uma prioridade pelo Governo socialista de AntĂłnio Costa. O poder polĂ­tico alternou a diplomacia (em Março do ano passado, o jornal portuguĂŞs “Expressoâ€? noticiou que Costa se encontrara com Isabel dos Santos para concertar posiçþes no BPI e acolher um reforço no BCP), com a persuasĂŁo directa (o diploma Ă medida contra a blindagem de estatutos, que tirou o poder a Isabel dos Santos e abriu caminho Ă OPA do Caixabank). Mais de um ano depois, o sector estĂĄ a caminho de uma estabilidade accionista maior – os accionistas angolanos partilham agora o poder com espanhĂłis, chineses e norte-americanos, os donos da maior parte dos bancos em Portugal. &

7 DATAS IMPORTANTES Março de 2016: Imprensa portuguesa noticia encontro entre primeiro-ministro AntĂłnio Costa e Isabel dos Santos para resolver impasse do BPI. Abril de 2016: Termina o prazo do BCE para o BPI reduzir a exposição a Angola. Sem acordo entre BDDJPOJTUBT P (PWFSOP QPSUVHVÆT BQSPWB VN EFDSFUP -lei que desblinda os estatutos do BPI. Caixabank lança OPA sobre o BPI. Novembro de 2016: Fosun entra no capital do BCP e torna-se o maior accionista, com participação de 16,7%. Fevereiro de 2017: Isabel dos Santos vende ao Caixabank a sua posição no BPI, com mais-valia de 80 milhĂľes. Fevereiro de 2017: Sonangol investe 200 milhĂľes no aumento de capital do BCP e mantĂŠm peso de 14,9%. BCP faz aumento de capital de 1330 milhĂľes de euros. Fevereiro de 2017: Banco de Portugal escolhe Lone Star para negociaçþes exclusivas para a compra do Novo Banco. Março de 2017: $PNJTTĂ€P &VSPQFJB Ež MV[ WFSEF QBSB a recapitalização da Caixa Geral de DepĂłsitos, cerca de cinco mil milhĂľes de euros.


58

| EM FOCO

ENTREVISTA ANA CARREIRA, ADMINISTRADORA DO BANCO SOL

“O FACTO DE SER MULHER NUNCA ME FECHOU PORTAS”


EM FOCO | 59

www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

Entrou para os quadros do Banco Sol na altura da sua fundação e passou por cada degrau da hierarquia, acumulando um conhecimento profundo da actividade bancĂĄria. Se, em menina, sonhava com uma QSPmTTĂ€P MJHBEB ½ NFEJDJOB entretanto descobriu que seria a contabilidade a traçar o rumo da sua carreira e deixou-se cativar pelos EFTBmPT EB #BODB (BSBOUF que nĂŁo sente qualquer discriminação por ser mulher e acredita que, hoje, o valor das mulheres ĂŠ reconhecido na sociedade. Administra, actualmente, vĂĄrios pelouros fundamentais do Banco Sol e concilia, sem grande EJmDVMEBEF B BDUJWJEBEF QSPmTTJPOBM DPN PT TFVT papĂŠis de mulher e mĂŁe, conseguindo harmonia entre o trabalho e a famĂ­lia, o pilar do seu equilĂ­brio. Atenta aos problemas sociais, encontrou na Fundação Sol, da qual ĂŠ presidente do Conselho Fiscal, uma forma de ajudar o prĂłximo. Em UFNQPT EF DSJTF DPOmB OB criatividade, imaginação e no empreendedorismo dos angolanos e crĂŞ que o paĂ­s sairĂĄ mais forte e autĂłnomo EBT EJmDVMEBEFT RVF BHPSB enfrenta.

Texto: Edicenter 'PUPHSBmB Carlos Aguiar

A partir de que momento percebeu que desejava seguir uma carreira no mundo EB mOBOĂƒB F EB #BODB Apenas quando comecei a trabalhar no Banco. O engraçado ĂŠ que sempre fugi das matemĂĄticas e, para minha surpresa, tive uma nota excelente a contabilidade no curso tĂŠcnico que tirei na altura da minha admissĂŁo e, logo na abertura do Banco, fui “colocadaâ€? nesta ĂĄrea. Nunca tinha tido o desejo de trabalhar DPN DPOUBCJMJEBEF Nunca! Desde miĂşda sempre pensei FN TFHVJS VNB QSPmTTĂ€P OB žSFB EB saĂşde. Inclusive, tirei o curso tĂŠcnico de radiologia e a minha intenção era fazer o curso superior. Cheguei a exercer e a experiĂŞncia que mais me fascinou foi a de ser tĂŠcnica de TAC 5PNPHSBmB "YJBM $PNQVUPSJ[BEB Iž sensivelmente 21 anos. E gostava muito do que fazia. No entanto, por questĂľes de saĂşde relacionadas com a exposição ½ SBEJBĂƒĂ€P UJWF EF EFJYBS EF USBCBMIBS nessa ĂĄrea. No entanto, adaptou-se muito bem RVBOEP DPNFĂƒPV B USBCBMIBS DPNP bancĂĄria. Nunca tinha tido qualquer contacto com contabilidade ou mOBOĂƒBT O meu pai era contabilista. Levava muito trabalho para casa. Lembro-me, na minha infância, de vĂŞ-lo a trabalhar na TBMB BP mOBM EP EJB F NFTNP BP mN EF -semana. Acredito que isso tenha tido BMHVNB JOnVÆODJB " WFSEBEF Ă… RVF FN apenas duas semanas, aprendi a fazer um balanço e uma demonstração de resultados, o que foi surpreendente atĂŠ para mim. /B FTDPMB FSB CPB BMVOB Era uma aluna mediana. Tinha as minhas inclinaçþes mas nĂŁo propriamente para B DPOUBCJMJEBEF (PTUBWB EF #JPMPHJB gostava de tudo o que estivesse relacionado com o corpo humano. Por isso segui radiologia. E que memĂłrias guarda da sua JOGÂżODJB &SB VNB NFOJOB TPTTFHBEB

JĂĄ revelava um temperamento EFUFSNJOBEP Era uma menina sossegada, mas muito mimada. Tenho muito boas referĂŞncias familiares, somos muito prĂłximos, muito unidos. Somos trĂŞs irmĂŁos e eu sou a mais nova. Sempre fui a mais mimada, mas tambĂŠm era “o homem da casaâ€?, um apelido atribuĂ­do pelo meu irmĂŁo mais velho. Os meus irmĂŁos sĂŁo mais calmos do que eu, que fui sempre muito determinada. Era sossegada mas era quem tomava as decisĂľes. Cresceu durante uma ĂŠpoca conturbada do paĂ­s. Que memĂłrias HVBSEB EFTTFT UFNQPT Foi, realmente, uma ĂŠpoca bastante conturbada, mas tive uma infância feliz. Havia escassez de bens materiais, mas nunca de amor e harmonia, tanto no seio familiar como entre amigos. As famĂ­lias eram mais unidas, havia mais amor ao prĂłximo. E da ĂŠpoca em que trabalhou na ĂĄrea EB 4BĂ”EF Foram tempos muito reconfortantes, pois trabalhar na ĂĄrea da SaĂşde era realmente o que sonhava e queria fazer. Para mim, toda a actividade humana ĂŠ um acto produtivo. Ajudar as pessoas, dar algo de mim para conseguir um bem para alguĂŠm ĂŠ apaixonante. Mas nĂŁo vou mentir: foi um perĂ­odo muito chocante. Fiz um estĂĄgio no hospital militar e essa foi uma experiĂŞncia que me marcou imenso. Foi durante a guerra e acho que nĂŁo preciso de comentar mais nada... Chegou a frequentar o curso de Direito, apenas durante um ano. A advocacia OĂ€P B DPORVJTUPV Na verdade, estava a gostar bastante. "EBQUP NF CFN ½T NVEBOĂƒBT F estudar matĂŠrias completamente diferentes foi algo que nunca me assustou, porque o meu principal objectivo sempre foi aprender um pouco de cada ĂĄrea. Na altura, jĂĄ estava no Banco e trabalhava atĂŠ muito tarde, mas senti que me faltava formação e que queria estudar.


60

| EM FOCO

Optei por fazer Direito porque, nessa ĂŠpoca, nĂŁo havia nenhum curso MJHBEP ½ DPOUBCJMJEBEF 5SBCBMIBWB F frequentava o curso nocturno e sĂł chegava a casa depois das 23h. Um DFSUP EJB B NJOIB mMIB EJTTF NF “MamĂŁ, hĂĄ dois dias que nĂŁo te vejo!â€?. Nem consegui dormir. No dia seguinte, escrevi uma carta a congelar a minha matrĂ­cula. NĂŁo era a altura de estudar e sim de acompanhar o crescimento EB NJOIB mMIB 'PJ NĂ€F NVJUP DFEP Aos 22 anos. Mas fui sempre conseguindo conciliar a maternidade e o trabalho. Tenho a felicidade de sempre me ter sentido muito apoiada, acompanhada. Primeiro pelos meus pais, depois pelo meu marido. Se nĂŁo tivesse uma famĂ­lia tĂŁo sĂłlida, nĂŁo tinha GFJUP NFUBEF EP RVF Kž m[ 1BSB NJN tudo começa na famĂ­lia e, tal como EFTJTUJ EF FTUVEBS RVBOEP B NJOIB mMIB era pequena, nĂŁo hesitaria em abdicar do trabalho para estar mais prĂłxima dos meus. Como ĂŠ que surge a oportunidade de USBCBMIBS OP #BODP 4PM Tive de fazer uma paragem na minha WJEB QSPmTTJPOBM EFWJEP BP QSPCMFNB de saĂşde que me afastou da radiologia. Fiquei parada bastante tempo e procurei alternativas de emprego. Entretanto, uma pessoa muito especial na minha vida ligada ao Banco Sol, entĂŁo ainda por inaugurar, perguntou-me se estaria interessada em abraçar P EFTBmP %JTTF MPHP RVF TJN 'J[ B entrevista, passei nos testes de aptidĂŁo, m[ PT DVSTPT UĂ…DOJDPT OP *OTUJUVUP EF Formação BancĂĄria e comecei logo a trabalhar. No inĂ­cio, ĂŠramos apenas 15 funcionĂĄrios e estava sozinha na contabilidade, respondendo a um coordenador. Foram tempos muito intensos. &TUž OP #BODP 4PM EFTEF B GVOEBĂƒĂ€P FN $PNFĂƒPV DPNP DIFGF EF departamento e passou por diversos DBSHPT BUĂ… DIFHBS ½ "ENJOJTUSBĂƒĂ€P

“O ‘SOL EMPREENDEDOR’ TEM-SE MOSTRADO ALTAMENTE EFICAZ, COM TAXAS DE INCUMPRIMENTO NULAS E É CAPAZ DE CATAPULTAR OS MICROEMPRESĂ RIOS " &-&7"3&. " 46" $"35&*3" %& /&(Âł$*04w Na sua perspectiva acha importante ter feito este percurso e conhecer bem P GVODJPOBNFOUP EB JOTUJUVJĂƒĂ€P QBSB melhor exercer um cargo de maior SFTQPOTBCJMJEBEF É claro que contribuiu. Comecei como tĂŠcnica bancĂĄria, percorri cada degrau da hierarquia, sempre muito consciente F EF GPSNB QSPmTTJPOBM &TUJWF FN vĂĄrias ĂĄreas-chave do Banco e nĂŁo tenho como negar que cada uma delas contribuiu de forma positiva para a obtenção de um conhecimento mais profundo da actividade bancĂĄria e, ĂŠ claro, da instituição onde trabalho. Concluiu a sua licenciatura em GestĂŁo F "ENJOJTUSBĂƒĂ€P EF &NQSFTBT Kž EFQPJT EF FTUBS OP #BODP 4PM 1PEF EJ[FS TF

que foi atravĂŠs da prĂĄtica e do trabalho que foi obtendo as ferramentas necessĂĄrias para desempenhar as suas GVOĂƒĂ‘FT Sim. Para mim, nĂŁo ĂŠ o canudo que faz o homem, mas sim o interesse e o valor pelo trabalho que ele efectua. No entanto, considero a formação fundamental. Nunca mais parei de estudar. AlĂŠm do curso e das GPSNBĂƒĂ‘FT m[ WžSJPT NFTUSBEPT "HPSB estou a fazer mais um, em gestĂŁo bancĂĄria. Claro que, hoje em dia, tenho outra disponibilidade para estudar. A NJOIB mMIB Kž UFN BOPT Kž UFN VNB licenciatura e estĂĄ a acabar o mestrado e estudamos juntas. Somos muito prĂłximas. O meu pequenino tem 9 anos e jĂĄ começa a ser independente.


EM FOCO | 61

www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

Nota esse mesmo interesse pela GPSNBĂƒĂ€P F QFMP FTUVEP OBT HFSBĂƒĂ‘FT NBJT OPWBT $POTJEFSB RVF B GPSNBĂƒĂ€P RVF USB[FN EBT VOJWFSTJEBEFT Ă… TBUJTGBUĂ?SJB Sinceramente, nĂŁo noto, mas nĂŁo vamos generalizar as coisas. Penso que houve uma mudança a nĂ­vel global e que, hoje, muitos jovens estĂŁo mais motivados para os aspectos materiais, o que faz com que alguns estudem apenas o necessĂĄrio para conseguirem um emprego. Fazem um percurso sem brio e sem um profundo interesse pelo que estudaram. Vivem no imediatismo, apenas para o dia de hoje. HĂĄ, porĂŠm, muitos jovens com interesse em dar continuidade aos seus estudos, atĂŠ mesmo em ĂĄreas diferentes das inicialmente estudadas e ĂŠ bom para o paĂ­s, embora, como acima referi, haja uns que perderam o interesse QFMPT FTUVEPT F QFMP QSPmTTJPOBMJTNP dedicado e preferem o imediatismo.

Como ĂŠ ser uma “mulher de sucessoâ€? num mundo que continua a ser BTTPDJBEP BP QPEFS NBTDVMJOP NĂŁo me considero uma mulher de sucesso e sim uma mulher que estĂĄ a fazer uma carreira de sucesso. No NFV QFSDVSTP QSPmTTJPOBM OĂ€P DPOTJHP encontrar situaçþes em que o facto de ser mulher me tenha trazido algum tipo de problemas. O facto de ser mulher nunca me fechou portas ou, se calhar, fui eu que nunca aceitei que se fechassem. TambĂŠm nĂŁo partilho muito desta ideia de que o mundo continua associado ao poder masculino. Hoje em dia, jĂĄ existem muitas mulheres em lugares de destaque, inclusivamente, se nĂŁo me engano, jĂĄ existem 19 mulheres presidentes. NĂŁo sente, entĂŁo, que os seus pares a tratam de forma diferente por TFS NVMIFS "DFJUBN CFN P GBDUP de as mulheres ascenderem, cada WF[ FN NBJPS OĂ”NFSP B DBSHPT EF

SFTQPOTBCJMJEBEF Neste momento, no Conselho de Administração do Banco Sol existem duas mulheres e trĂŞs homens e tenho a certeza que nos sentimos bastante confortĂĄveis e tal deve-se, QSJODJQBMNFOUF ½ GPSNB QFDVMJBS EF gestĂŁo e liderança do nosso PCA., Dr. Coutinho Nobre Miguel, uma pessoa bastante equilibrada, consciente e, BDJNB EF UVEP NVJUP QSPmTTJPOBM $PNP EJTTF P #BODP 4PM UFN OB TVB estrutura vĂĄrias mulheres em cargos EF EJSFDĂƒĂ€P F BENJOJTUSBĂƒĂ€P 4FSž VNB FYDFQĂƒĂ€P No Banco Sol existem duas administradoras e 16 directoras, num universo de 23 direcçþes. Por aquilo que vejo ao nĂ­vel do meu trabalho, diria que nĂŁo ĂŠ excepção. HĂĄ muitas mulheres em cargos de direcção e administração na Banca. Temos mesmo algumas mulheres presidentes de instituiçþes. Por isso, nĂŁo partilho

2VF UJQP EF QSPmTTJPOBJT BDIB RVF JSFNPT UFS OP GVUVSP Esse vai ser um problema muito sĂŠrio e serĂĄ um problema a nĂ­vel geral. Converso com colegas e amigos de outras ĂĄreas e eles tambĂŠm se queixam. Mas tambĂŠm nos cabe a nĂłs tentarmos alterar este estado das coisas. O mundo mudou de tal maneira que acho que perdemos um pouco o rumo. Digo muita vez aos jovens que trabalham comigo para nĂŁo se limitarem a fazer aquilo que lhes peço. " EBSFN VN QBTTP ½ GSFOUF .BT OĂ€P P fazem. Eles tĂŞm consciĂŞncia disso. Estou sempre a dizer-lhes que devem criar, inovar e imitar as coisas boas. 1SPDVSB QPSUBOUP GPSNBS PT RVF trabalham consigo. Isso ĂŠ um processo constante. Tenho tentado fazer outras coisas, sobretudo ao nĂ­vel da motivação. Alguns acompanham esse esforço, ĂŠ verdade, e temos aqui muito bons USBCBMIBEPSFT (PTUBNPT EF EJ[FS RVF este ĂŠ “um banco de angolanos, feito por angolanosâ€?. NĂŁo temos funcionĂĄrios estrangeiros.

“NĂƒO PARTILHO DA OPINIĂƒO DE QUE A MULHER ESTĂ A SER COLOCADA DE PARTE. ACHO QUE AS MULHERES ESTĂƒO A SER IMPULSIONADASâ€?.


62

| EM FOCO

"HOJE, MUITOS JOVENS ESTĂƒO MAIS MOTIVADOS PARA OS ASPECTOS MATERIAIS, 0 26& '"; $0. 26& "-(6/4 &456%&. "1&/"4 0 /&$&44¢3*0 1"3" $0/4&(6*3&. 6. &.13&(0Ăš da opiniĂŁo de que a mulher estĂĄ a ser colocada de parte. Acho que as mulheres estĂŁo a ser puxadas, impulsionadas. Para mim, actualmente, a mulher ĂŠ tĂŁo respeitada quanto o homem. E tenho esta percepção relativamente a todas as classes sociais. A minha experiĂŞncia, sendo trabalhadora de um banco privado de microcrĂŠdito, leva-me a acreditar que as mulheres estĂŁo numa posição forte, NFTNP OBT DMBTTFT NFOPT CFOFmDJBEBT Durante os primeiros anos do Banco Sol, para a atribuição do microcrĂŠdito, por exemplo, fazĂ­amos grupos de cinco pessoas. E todos esses grupos eram liderados por mulheres. Se formos ver

a nossa histĂłria, a mulher, a matriarca, sempre foi muitĂ­ssimo respeitada. &TUž UBNCĂ…N MJHBEB ½ "ENJOJTUSBĂƒĂ€P EB 'VOEBĂƒĂ€P 4PM "T BDUJWJEBEFT EB 'VOEBĂƒĂ€P BKVEBN OB B DPOIFDFS melhor algumas realidades bem difĂ­ceis. Dos problemas sociais que chegam ao vosso conhecimento quais TĂ€P PT RVF NBJT B FNPDJPOBN Todas a causas abraçadas pela Fundação Sol sĂŁo relevantes mas as que mais NF FNPDJPOBN TĂ€P BT SFGFSFOUFT ½T questĂľes de saĂşde. NĂŁo ĂŠ novidade que temos um sistema de saĂşde bastante EFmDJFOUF F B 'VOEBĂƒĂ€P 4PM iBDPMIFw muitas causas afectas a essa vertente.

2VF UJQP EF TJUVBĂƒĂ‘FT Ă… RVF B 'VOEBĂƒĂ€P BQPJB DPODSFUBNFOUF Ajuda hospitais, escolas‌ Tem construĂ­do escolas pelas provĂ­ncias, abraça a causa de alguns lares nos arredores de Luanda. Apoia o desporto. Apoia, por exemplo, uma equipa de andebol feminino da velha guarda que ĂŠ muito boa. Ainda hĂĄ pouco, trouxeram uma segunda taça de uma competição que decorreu na Cidade do Cabo, na Ă frica do Sul. E ninguĂŠm sabe disso! Apoia, tambĂŠm, grupos carnavalescos. Apoia, sobretudo, organizaçþes ou grupos de pessoas. HĂĄ algum tempo entregĂĄmos uma casa a VNB TFOIPSB RVF UJOIB mMIPT USJHĂ…NFPT e poucas condiçþes para criĂĄ-los. JĂĄ


EM FOCO | 63

www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

pagĂĄmos tratamentos fora do paĂ­s. A Fundação apoia ainda projectos ligados ½T žSFBT EP BNCJFOUF EBT BSUFT EBT EFTDPCFSUBT DJFOUÉmDBT EB NĂ”TJDB F EB religiĂŁo. E, confesso, o meu lado mais IVNBOP mDB NVJUP QSFFODIJEP DPN FTUB actividade. Essa actividade tambĂŠm lhe permite contactar com outras realidades sociais. NĂŁo ĂŠ apenas atravĂŠs da Fundação que conheço essas realidades. Eu nĂŁo fui estudar para fora, como os meus irmĂŁos e acho que o facto de Dž UFS mDBEP OBRVFMB BMUVSB EFV -me a possibilidade de conhecer BT EJmDVMEBEFT EPT BOHPMBOPT Independentemente de sempre ter vivido relativamente bem, estive sempre consciente do que se estava a passar no meu paĂ­s. AlĂŠm disso, quando trabalhei na Auditoria do Banco tĂ­nhamos de viajar pelas provĂ­ncias, quando começavam a abrir-se os caminhos e as estradas. Houve alturas em que chegava a casa um pouco frustrada. Por exemplo, quando fui ao KuĂ­to pela primeira vez, nĂŁo conseguia dar um passo. A provĂ­ncia estava completamente destruĂ­da e o que mais me surpreendeu foi o facto de as pessoas ainda lĂĄ viverem. E houve ainda a experiĂŞncia vivida aquando da abertura do Banco Sol. Nessa ĂŠpoca, sĂł tĂ­nhamos duas agĂŞncias em Luanda e uma no Caxito. Vivi momentos muito bonitos nessa altura. SentĂĄvamo-nos no chĂŁo para comer com as quitandeiras, em pratos de alumĂ­nio e com as mĂŁos‌ Quem passou por estas situaçþes, como eu passei, sabe quais TĂ€P BT EJmDVMEBEFT EP QPWP /Ă€P Ă… por trabalhar num gabinete que nĂŁo conheço os problemas. " #BODB OP EFTFNQFOIP EBT TVBT GVOĂƒĂ‘FT OBUVSBJT QPEF BKVEBS PT cidadĂŁos e a economia nacional. Nesse TFOUJEP P #BODP 4PM MBOĂƒPV B MJOIB EF crĂŠdito “Sol Empreendedorâ€?. Qual tem TJEP B SFTQPTUB EPT DMJFOUFT & Kž UÆN BMHVN SFUPSOP EB JOJDJBUJWB

O “Sol Empreendedorâ€? ĂŠ um produto BKVTUBEP ½T OFDFTTJEBEFT EBT 1FRVFOBT e MĂŠdias Empresas. A nossa experiĂŞncia UFN TF NPTUSBEP BMUBNFOUF FmDB[ DPN taxas de incumprimento nulas, e ĂŠ capaz de catapultar os microempresĂĄrios a elevarem a sua carteira de negĂłcios. As candidaturas sĂŁo para diversas ĂĄreas, mas com maior incidĂŞncia para o comĂŠrcio (compra e venda de bens BMJNFOUBSFT F QBSB B QSFTUBĂƒĂ€P EF serviços (compra e venda de viaturas e rent-a-car QPS FYFNQMP Na sua opiniĂŁo, acha que esta deve TFS VNB SFTQPTUB EB #BODB ½ Ă…QPDB DPOUVSCBEB RVF FTUBNPT B WJWFS Precisamente. O “Sol Empreendedorâ€? ĂŠ um programa que vem ao encontro EB FTUSBUĂ…HJB EP (PWFSOP EFTUJOBEB ½ EJWFSTJmDBĂƒĂ€P EB FDPOPNJB & UFN sido um sucesso, apesar da nossa NBJPS EJmDVMEBEF OFTUF NPNFOUP RVF QBTTB QFMP BDFTTP ½T EJWJTBT 5PEPT esperamos que a situação melhore, mas ĂŠ uma incĂłgnita saber quando tal acontecerĂĄ. Mas os bancos devem apoiar quem quer avançar. No sector do

empreendedorismo, notamos que no que sĂł depende da produção nacional, estĂĄ a correr bem. Quando precisamos de SFDPSSFS ½ QSPEVĂƒĂ€P FYUFSOB Ă… RVF UVEP TF torna muito mais complicado, porque nĂŁo temos divisas para pagar. DaĂ­ que este NPWJNFOUP EF BQPJP ½ QSPEVĂƒĂ€P OBDJPOBM nĂŁo possa ser levado a cabo por um ou outro banco. Os bancos tĂŞm de estar todos alinhados. Tem de ser um esforço generalizado, feito por toda a Banca, e acredito que os principais bancos de Angola estĂŁo disponĂ­veis para trabalhar nesse sentido. É necessĂĄrio que se criem condiçþes para o impulsionamento da produção interna de forma a diminuir a EFQFOEÆODJB EBT JNQPSUBĂƒĂ‘FT EFWJEP ½ crise cambial. Precisamos de uma Banca GPSUF DPOmžWFM DSFEÉWFM F RVF DPOUSJCVB para o bem-estar das famĂ­lias, empresas e, portanto, do paĂ­s. $POTFHVF EFTDPSUJOBS BMHVNB TPMVĂƒĂ€P para a crise cambial que afecta a FDPOPNJB A questĂŁo da crise cambial terĂĄ de ser resolvida de alguma maneira. A verdade ĂŠ que precisĂĄvamos de regras.

CURRICULUM VITAE Ana Edite Andrade Teles Carreira começou por se formar em Radiologia, OP *OTUJUVUP .Ă…EJP EF 4BĂ”EF EF -VBOEB F DIFHPV B FYFSDFS B QSPmTTĂ€P EF tĂŠcnica de Raio X e TAC, nomeadamente no Hospital Militar de Luanda, FYQFSJÆODJB RVF B NBSDPV QSPGVOEBNFOUF Š MJDFODJBEB FN (FTUĂ€P F Administração de Empresas pela Atlantic International University, tem um Mestrado em Mercados Financeiros, pela Universidade Agostinho Neto, e outro em PolĂ­ticas e EstratĂŠgias Empresariais, da Atlantic International University. Actualmente, frequenta o Executive Master em (FTUĂ€P #BODžSJB OB $BUĂ?MJDB #VTJOFTT 4DIPPMT "MMJBODF 1PSUP /P ÂżNCJUP EB TVB GPSNBĂƒĂ€P QSPmTTJPOBM UFN GSFRVFOUBEP JOĂ”NFSBT BDĂƒĂ‘FT F DVSTPT FTQFDÉmDPT No Banco Sol, desempenhou os cargos de chefe de Departamento da %JSFDĂƒĂ€P EF $POUBCJMJEBEF DIFGF EF %FQBSUBNFOUP EP (BCJOFUF EF "VEJUPSJB *OUFSOB TVCEJSFDUPSB EB %JSFDĂƒĂ€P EF $POUBCJMJEBEF TVCEJSFDUPSB EP (BCJOFUF EF "VEJUPSJB *OUFSOB EJSFDUPSB EB %JSFDĂƒĂ€P EF "VEJUPSJB *OUFSOB directora da Direcção de Compliance %FTEF "CSJM EF Ă… Administradora do Pelouro Administrativo e ĂŠ ainda Presidente do Conselho Fiscal da Fundação Sol, desde Agosto de 2012.


64

| EM FOCO

E agora elas estĂŁo aĂ­ e nĂłs estamos a implementĂĄ-las. Logicamente que nĂŁo vamos conseguir fazĂŞ-lo em um ou dois meses, porque estas coisas tĂŞm de ser feitas paulatinamente, mas estĂŁo a ser feitas e isso jĂĄ se nota. HĂĄ uma grande evolução em termos de cumprimento de regras, atĂŠ internacionais, desde hĂĄ dois ou trĂŞs anos. Houve momentos em que nĂŁo se dava tanta relevância a determinados assuntos que agora tĂŞm mesmo de ser discutidos. NĂłs nĂŁo podemos viver isolados, atĂŠ porque nĂŁo temos meios de subsistĂŞncia internos e, para isso, teremos de respeitar as regras internacionais. E tenho esperança na resolução da crise em geral nos prĂłximos tempos. Estas situaçþes sĂŁo cĂ­clicas. Claro que estĂĄvamos muito dependentes do petrĂłleo, quando temos tantas outras riquezas no paĂ­s. Acredito que a situação vai trazer benefĂ­cios ao paĂ­s, pois vai libertar-nos da dependĂŞncia quase total que tĂ­nhamos do exterior. Vai ser mais complicado, porque EFJYžNPT EF UFS BDFTTP ½T EJWJTBT NBT vamos lutar para criar novas infra-estruturas e relançar o paĂ­s. Temos de aprender a fazer o que for necessĂĄrio com o que temos. /B TVB GPSNBĂƒĂ€P GSFRVFOUPV WžSJPT cursos relacionados com os temas do branqueamento de capitais e fraudes bancĂĄrias. Qual ĂŠ a sua opiniĂŁo SFMBUJWBNFOUF ½ TJUVBĂƒĂ€P RVF TF WJWF FN "OHPMB Dirigi a Direcção de Compliance durante quatro anos e esses cursos GB[JBN QBSUF EB GPSNBĂƒĂ€P FTQFDÉmDB dessa ĂĄrea. Acho que, neste momento, jĂĄ se começa a sentir a força e a presença do processo de combate ao branqueamento de capitais. É o tema que estĂĄ em cima da mesa. A UIF 6OJEBEF EF *OGPSNBĂƒĂ€P 'JOBODFJSB P #/" F B 1SPDVSBEPSJB (FSBM EB RepĂşblica tĂŞm dado um suporte inquestionĂĄvel aos bancos da praça. É um processo novo mas que os bancos BCSBĂƒBSBN DPN UPEP P QSPmTTJPOBMJTNP e dedicação que se impĂľem, seguindo

“QUERO TRAZER NOVAS POLĂ?TICAS PARA A Ă REA DO PESSOAL E TENHO CONSCIĂŠNCIA DE JĂ TER '&*50 "-(6."4 */07"§¾&4 " 1"35& %" '03."§¤0 PASSA PRECISAMENTE POR AQUIâ€?. as boas prĂĄticas internacionais, na medida em que o mundo inteiro trava um combate contra o branqueamento de capitais e o terrorismo. HĂĄ um grupo de estudos jĂĄ formado e nota-se uma intervenção cada vez maior para acabar com esta problemĂĄtica. 0 TFDUPS EB #BODB Ă… BQPOUBEP DPNP um dos que mais queixas recebe por parte dos clientes. Na sua opiniĂŁo, o que poderĂĄ ser feito para tornĂĄ-lo NBJT FmDJFOUF F TBUJTGBUĂ?SJP Em relação a estas queixas, temos de distingui-las, porque hĂĄ muitas que tĂŞm a ver com as operaçþes, ou seja, hĂĄ quem se queixe do seu banco porque nĂŁo lhe faz determinada transferĂŞncia. Mas isso nĂŁo ĂŠ um problema do banco, ĂŠ um problema do paĂ­s. JĂĄ em relação ½T RVFJYBT TPCSF P BUFOEJNFOUP UFOIP de reconhecer que temos problemas. A Banca cresceu muito e sem a

formação mais adequada. NĂŁo conheço a realidade das outras instituiçþes, mas o Banco Sol aposta muito na formação. Todos os funcionĂĄrios tĂŞm formação. Temos uma equipa de formadores que TF EFTMPDB ½T BHÆODJBT F BMJ QBTTB VNB duas semanas, a apreciar o trabalho, a corrigir os erros. Numa instituição mais pequena talvez nĂŁo se note tanto, mas nĂłs somos 1600 trabalhadores. Temos agĂŞncias em todas as provĂ­ncias de Angola. SĂŁo 196 balcĂľes e a gestĂŁo ĂŠ muito complicada. Mas estamos empenhados na melhoria da questĂŁo do atendimento. Como Administradora do pelouro Administrativo tem a seu cargo vĂĄrios TFDUPSFT EB JOTUJUVJĂƒĂ€P Sim, as direcçþes de Pessoal, PatrimĂłnio e Serviços, Compliance, Marketing e $PNVOJDBĂƒĂ€P F P (BCJOFUF EF "SRVJWP e Documentação. É um cargo muito


EM FOCO | 65

www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

exigente, pois tem de tudo. E inclui as direcçþes de pessoal e de patrimĂłnio, que sĂŁo transversais a todas as ĂĄreas do Banco. Estes dois pelouros tornam a função muito pesada, sĂŁo muito exigentes. HĂĄ momentos em que tenho de parar para respirar antes de agir. E quais sĂŁo as ĂĄreas que lhe dĂŁo mais QSB[FS Estive seis anos na Contabilidade, EFQPJT mRVFJ TFJT BOPT OB "VEJUPSJB e mais trĂŞs na Compliance. Todas ĂĄreas de controlo e muito tĂŠcnicas. Quando vim para a Administração, acumulei a Compliance, que jĂĄ estava devidamente organizada por mim e a funcionar sem problemas, com os novos pelouros, nos quais peguei com mais atenção, porque nĂŁo os conheço tĂŁo bem. O que tem dado mais trabalho, sem dĂşvida, ĂŠ o do 1FTTPBM Š P NFV NBJPS EFTBmP OFTUF momento. Tenho estudado muito. Quero trazer novas polĂ­ticas para a ĂĄrea do Pessoal e tenho consciĂŞncia de jĂĄ ter feito algumas inovaçþes. A parte da formação passa precisamente por aqui. É o incentivar, ĂŠ o melhorar. É tomar conta do nosso pessoal. É ir cada vez mais longe. Neste momento, estamos a “abrirâ€? o sector Social, que nunca tivemos. É a minha vertente humanitĂĄria a trabalhar. Sou muito humana e quem me conhece bem sabe disso. Acho que para termos um bom trabalhador, mais produtivo, esse trabalhador tem de estar bem consigo prĂłprio. Sem dĂşvida que os Recursos Humanos ĂŠ a ĂĄrea que me dĂĄ mais TBUJTGBĂƒĂ€P QPSRVF QFSNJUF BTTJTUJS ½ evolução da pessoa, podendo ajudĂĄ-la. Como tem conseguido gerir os seus QBQĂ…JT EF NVMIFS NĂ€F F QSPmTTJPOBM Nunca senti qualquer tipo de DPOnJUP FOUSF B NJOIB WJEB QFTTPBM F B QSPmTTJPOBM 5FOIP VNB GBNÉMJB excelente e uma relação com pilares CBTUBOUF TĂ?MJEPT Š WFSEBEF RVF mDP muitas horas ausente, mas tenho um marido sempre muito presente que consegue equilibrar esse desnĂ­vel. Este

equilĂ­brio sĂł ĂŠ conseguido porque ambos temos um papel muito activo na vida familiar. Ele ĂŠ mais que um marido, ĂŠ um amigo, companheiro e cĂşmplice. Acredito que a reciprocidade ĂŠ a base de todo o relacionamento. 0 RVF Ă… RVF HPTUB NBJT EF GB[FS OPT TFVT UFNQPT MJWSFT Sinceramente, hoje nĂŁo sei o que ĂŠ tempo livre. Quando nĂŁo estou a trabalhar e a estudar estou com a minha famĂ­lia e quando nĂŁo estou a fazer nenhuma dessas trĂŞs coisas estou a dormir ou a regar “O nosso jardimâ€?. Eu e algumas amigas muito Ă­ntimas, de hĂĄ muitos anos, formĂĄmos um grupo a que chamamos de “O nosso jardimâ€?, e regĂĄ-lo ĂŠ o que fazemos sempre que nos encontramos, para mantermos acesa a chama da nossa amizade. Começåmos por nos encontrar sĂł entre nĂłs mas, a pouco e pouco, começåmos a alargar as reuniĂľes aos NBSJEPT F mMIPTy #SJODBNPT KPHBNPT cantamos. Participamos em acçþes EF CFOFmDÆODJB &TUB QBSUJMIB EF sentimentos ĂŠ muito importante para DPNQFOTBS P EFTHBTUF QSPmTTJPOBM É muito bom‌ Sou muito amiga dos meus amigos. 4F OĂ€P GPTTF "ENJOJTUSBEPSB EP #BODP 4PM P RVF Ă… RVF HPTUBSJB EF TFS Antes de ser Administradora do Banco sou uma tĂŠcnica bancĂĄria sĂŠnior. Amo B NJOIB QSPmTTĂ€P F JTUP RVFS EJ[FS RVF sempre gostei de ser o que era, em todas as etapas da minha carreira. Onde ĂŠ que se imagina daqui a 10, 15 BOPT (PTUP EF WJWFS VN EJB EF DBEB WF[ A minha cabeça nĂŁo pĂĄra, mas os momentos vividos hoje serĂŁo sempre Ăşnicos. Aprendi a valorizar o hoje. NĂŁo descarto o amanhĂŁ, mas nĂŁo gosto de pensar em horizontes longĂ­nquos. Sou da opiniĂŁo que pensar muito no futuro gera uma certa ansiedade. É claro que tenho sonhos e penso nas estratĂŠgias QBSB PT SFBMJ[BS NBT OĂ€P WJWP mYBEB nisso. &

O LADO “ZENâ€? DE UMA MULHER DE ACĂ‡ĂƒO "OB $BSSFJSB EFmOF TF DPNP uma mulher de acção, mais virada para as atitudes do que para as palavras. NĂŁo vira costas B RVBMRVFS EFTBmP F FTTF USBĂƒP da sua personalidade leva-a a ter de gerir uma agenda preenchidĂ­ssima e, naturalmente, marcada pela tensĂŁo que a tomada de decisĂľes importantes acarreta. Por isso mesmo, ĂŠ surpreendente que se assuma como uma seguidora da prĂĄtica da meditação e de outras disciplinas igualmente relaxantes. “Tenho cursos de meditação, de reiki, de massagens tibetanas. (PTUP NVJUP EFTTBT DPJTBT RVF NF USB[FN IBSNPOJB +ž m[ JPHB mas acabei por desistir por falta de tempo. Ando sempre com os meus budas atrĂĄs, faço a minha meditação. Antes de ir de fĂŠrias, FV F B NJOIB mMIB QSPDVSBNPT saber se existem templos budistas nas proximidades dos locais que vamos visitar. Ainda hĂĄ QPVDP UFNQP GVJ ½ .BMžTJB FN USBCBMIP F BOUFT EF JS ½T NJOIBT reuniĂľes visitava um templo budistaâ€?, revela a Administradora, para passar a explicar que â€œĂŠ importante, esta parte da meditação, para quem tem uma vida muito exigenteâ€?. â€œĂ€s vezes, em momentos de tensĂŁo, paro um bocadinho e respiro para me acalmar. É importante saber manter a calma em momentos mais tensosâ€?, garante.


66

| MERCADO E FINANÇAS

PETRĂ“LEOS

PARA QUANDO A “NOVAâ€? SONANGOL? Cerca de dez meses depois de Isabel dos Santos ter, formalmente, assumido o comando da maior empresa nacional, que ĂŠ detentora dos direitos sobre o mais importante recurso mOBODFJSP EP QBÉT QPVDP TF TBCF TPCSF B BQMJDBĂƒĂ€P EF GBDUP EBT BOVODJBEBT NVEBOĂƒBT EF GVOEP OB FTUSBUĂ…HJB F HFTUĂ€P EP TFDUPS QFUSPMÉGFSP OBDJPOBM F EB 4POBOHPM

Texto: Helena Rodrigo Costa 'PUPHSBmB JA Imagens e Arquivo

Em Janeiro do ano passado, soube-se que vinham aĂ­ grandes mudanças para a Sonangol, que estava a assistir a uma quebra nos XZQVKQXIQ[ QVLQKILWZM[ Ă…VIVKMQZW[ M LM OM[\rW IXWV\IVLW [M XIZI I NITwVKQI \uKVQKI LW UWLMTW LM OM[\rW KZQILW XMTW [M] UIQ[ UMLQn\QKW PCA – Manuel Vicente. De facto, poucos meses antes da entrada de 1[IJMT LW[ ;IV\W[ KWUW ZM[XWV[n^MT Un`QUI LI XM\ZWTyNMZI VIKQWVIT JosĂŠ Lemos, ainda na qualidade de PCA pĂłs-era Manuel Vicente, KWVĂ…ZUW] Y]M šW UWLMTW WXMZIKQWVIT KIZIK\MZQbI [M XMTI KZM[KMV\M LMXMVLwVKQI LI ;WVIVOWT Y]MZ LI KWV\ZQJ]QtrW LM \MZKMQZW[ XIZI I OMZItrW LM ZM[]T\ILW[ Y]MZ LW outsourcing LM [MZ^QtW[ LW Jn[QKW IW M[XMKQITQbILW ) XZWUM\QLI IVOWTIVQbItrW LW[ QV[]UW[ M LW[ [MZ^QtW[ LI KILMQI XM\ZWTyNMZI VrW N]VKQWVW]Âş 7 NITPIVtW LW UWLMTW I\u MV\rW [MO]QLW XMTI ;WVIVOWT LM 5IV]MT >QKMV\M TM^W] o KWV[\Q\]QtrW LM ]UI +WUQ[[rW LM :MIR][\IUMV\W LI 7ZOIVQbItrW LW ;MK\WZ 8M\ZWTyNMZW KZQILI XMTW Presidente da RepĂşblica, em Outubro de 2015, e apoiada pelos KWV[]T\WZM[ LW +WUQ\u LM )^ITQItrW M )VnTQ[M XIZI I )]UMV\W LI -Ă…KQwVKQI LW ;MK\WZ 8M\ZWTyNMZW -[\M[ ƒT\QUW[ IKIJIZIU XWZ XZWXWZ I IXTQKItrW LM ZMNWZUI[ XZWN]VLI[ XIZI W [MK\WZ VWUMILIUMV\M Y]M I N]VtrW LM KWVKM[[QWVnZQI NW[[M LM[\IKILI LI ;WVIVOWT XIZI que esta se focasse no seu negĂłcio principal e alienasse empresas que KWV\ZWTI W] MU Y]M LM\uU XIZ\QKQXIt‚M[ MU [MK\WZM[ \rW LQ^MZ[W[ KWUW I [IƒLM I[ \MTMKWU]VQKIt‚M[ I I^QItrW W QUWJQTQnZQW I banca e seguros, entre outros. A 26 de Maio de 2016, poucos dias antes de Isabel dos Santos subir a PCA da Sonangol, ĂŠ publicado o Decreto Presidencial

n.Âş 109/16 que aprova o novo modelo de Reajustamento da 7ZOIVQbItrW LW ;MK\WZ LW[ 8M\Z~TMW[ -[\M VW^W UWLMTW XZM\MVLM KWV\ZQJ]QZ XIZI W I]UMV\W LI MĂ…KQwVKQI LW[ QV\MZM[[M[ LW -[\ILW VW [MK\WZ XM\ZWTyNMZW IVOWTIVW I\ZI^u[ LM ]UI ZMM[\Z]\]ZItrW LI[ MV\QLILM[ KWU I\ZQJ]Qt‚M[ M KWUXM\wVKQI[ VM[[M [MK\WZ M LI OM[\rW das participaçþes estatais nas empresas que nele actuam. No entanto, para que estas alteraçþes ganhem forma e impliquem, LM NIK\W ]UI UMTPWZQI IW Vy^MT LI M[\ZI\uOQI M LI OM[\rW LW [MK\WZ XM\ZWTyNMZW VIKQWVIT M LI ;WVIVOWT Pn Y]M M[XMZIZ Y]M W[ LQXTWUI[ LM LM[MV^WT^QUMV\W LW ZMIR][\IUMV\W XZMKWVQbILW VM[\M LMKZM\W [MRIU X]JTQKILW[ )\u Tn M KWUW [M ^w VM[\M[ Y]I[M LMb UM[M[ LI VW^I OM[\rW LM 1[IJMT LW[ ;IV\W[ W UWLMTW IK\]IT LM OM[\rW XMZUIVMKM MU vigor, ou seja, no fundo e no essencial, pouco ou nada mudou desde Y]M [M IV]VKQW] I ZMM[\Z]\]ZItrW LW [MK\WZ M LI ;WVIVOWT De recordar que o novo modelo orgânico visa um maior grau de M[XMKQITQbItrW KWWZLMVItrW WXMZItrW M QV\MOZItrW LW[ QV\MZM[[M[ e actividades globalmente levados a cabo pela Sonangol E.P. (a KWVKM[[QWVnZQI VIKQWVIT ) ;WVIVOWT - 8 XI[[IZn I[[QU I NWKIZ [M VI N]VtrW LM KWVKM[[QWVnZQI VIKQWVIT [MVLW ZM[XWV[n^MT XMTI OM[\rW M UWVQ\WZQbItrW LW[ KWV\ZI\W[ XM\ZWTyNMZW[ j QO]ITUMV\M KZQILI I AgĂŞncia para o sector petrolĂ­fero e instituĂ­do um Conselho Superior LM )KWUXIVPIUMV\W LW ;MK\WZ 8M\ZWTyNMZW +7;);8 -U []UI XZM\MVLM [M [MXIZIZ I[ N]Vt‚M[ LM KWVKM[[QWVnZQI M LM WXMZILWZI ) )OwVKQI \MZn I N]VtrW LM KWWZLMVItrW ZMO]TItrW M I^ITQItrW LW LM[MUXMVPW LW [MK\WZ XM\ZWTyNMZW IVOWTIVW XZMXIZIVLW M VMOWKQIVLW I I\ZQJ]QtrW LM JTWKW[ XM\ZWTyNMZW[ M ZM[WT^MVLW XWZ ^QI ILUQVQ[\ZI\Q^I W[ M^MV\]IQ[ KWVÆQ\W[ MV\ZM tutelas sectoriais e diversos agentes desta indĂşstria. 7 +7;);8 \MZn I [M] KIZOW W M`MZKyKQW LI N]VtrW IKKQWVQ[\I LW -[\ILW VW [MK\WZ XM\ZWTyNMZW \MVLW KWUW UQ[[rW I OM[\rW LI[

A MELHORIA DE GESTĂƒO DO SECTOR PETROLĂ?FERO NACIONAL E DA SONANGOL, ESTĂ A AGUARDAR QUE OS DIPLOMAS DE DESENVOLVIMENTO DO REAJUSTAMENTO 13&$0/*;"%04 /0 %&$3&50 13&4*%&/$*"- 4&+". 16#-*$"%04


MERCADO E FINANÇAS | 67

www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

DIAGNĂ“STICO EVIDENCIA ANOS DE DESCONTROLO E DESPERDĂ?CIO " BWBMJBĂƒĂ€P DPOEV[JEB QFMB FRVJQB MJEFSBEB QPS *TBCFM EPT 4BOUPT e revelada em Dezembro de 2016, detectou vĂĄrias inconsistĂŞncias F JSSFHVMBSJEBEFT "CBJYP MJTUBN TF BMHVNBT EFMBT

1

Desalinhamento com as boas prĂĄticas nacionais e JOUFSOBDJPOBJT OĂ€P DVNQSJNFOUP dos procedimentos e normas internas e falta de mecanismos EF DPOUSPMP

2

'BMUB EF mBCJMJEBEF EB JOGPSNBĂƒĂ€P F QSPGVOEBT EFCJMJEBEFT BP OÉWFM EP TJTUFNB de contabilidade (SAP), com elevado risco para o negĂłcio e QBSB B UPNBEB EF EFDJTĂ€P

3

Sobredimensionamento da FTUSVUVSB FYJTUJOEP DFSDB de 22 mil pessoas ligadas ao (SVQP DIFmBT RVF HFSFN TFN UFS VNB WJTĂ€P USBOTWFSTBM EP OFHĂ?DJP EVQMJDBĂƒĂ€P EF GVOĂƒĂ‘FT elevado nĂşmero de camadas hierĂĄrquicas e de sociedades EFOUSP EP (SVQP

4

As receitas brutas da 4POBOHPM DBÉSBN NBJT EF EFTEF /FTTF BOP a receita bruta foi de 40,070 NJMIÑFT EF E�MBSFT FN EFTDFV QBSB NJMIÑFT FN WPMUPV B CBJYBS QBSB PT NJMIÑFT EF E�MBSFT FTUJNBOEP TF RVF TF UFOIB situado, em 2016, nos 15,325 NJMIÑFT EF E�MBSFT

5

Os custos operacionais da FNQSFTB OĂ€P EJNJOVÉSBN tanto quanto a quebra de SFDFJUBT &TUFT DVTUPT TJUVBN TF OPT NJMIĂ‘FT EF EĂ?MBSFT em 2016, o que representa VNB SFEVĂƒĂ€P GBDF BPT NJMIĂ‘FT EF

6

O lucro tem vindo a descer desde 2013, QBTTBOEP EF NJMIĂ‘FT EF EĂ?MBSFT QBSB NJMIĂ‘FT de dĂłlares em 2014 e para BQFOBT NJMIĂ‘FT EF EĂ?MBSFT FN &N FTUJNB TF RVF OĂ€P IBWFSž EJWJEFOEPT QBSB P &TUBEP

7

Em 2015, foram investidos NJM NJMIĂ‘FT EF dĂłlares em novos projectos, muitos destes fora do TFDUPS EF QFUSĂ?MFP F HžT Os investimentos em 2016 GPDBSBN TF QSJODJQBMNFOUF OB FYQMPSBĂƒĂ€P F EFTFOWPMWJNFOUP QFUSPMÉGFSPT UFOEP TF SFEV[JEP P WBMPS para cerca de 3,300 mil NJMIĂ‘FT EĂ?MBSFT

8

)PVWF VNB QPMÉUJDB EF investimentos questionĂĄvel F FTUB OĂ€P UFWF P EFWJEP SFUPSOP )PKF B DBSUFJSB EF investimentos ĂŠ caracterizada por projectos problemĂĄticos, DPNP B 3FmOBSJB EP -PCJUP F o Terminal Oceânico da Barra do Dande, e investimentos avultados e sem retorno fora do negĂłcio principal da 4POBOHPM

9

" QSPEVĂƒĂ€P OBDJPOBM EF QSPEVUPT SFmOBEPT representa apenas cerca EF EP DPOTVNP UPUBM " JNQPSUBĂƒĂ€P EF DPNCVTUÉWFJT representa uma necessidade mensal de divisas na ordem EPT NJMIĂ‘FT EF EĂ?MBSFT


68

| MERCADO E FINANÇAS

XIZ\QKQXIt M[ [WKQIQ[ LI ;WVIVOWT - 8 VI[ ^nZQI[ [WKQMLILM[ +WUXM\QZn IW +7;);8 MUQ\QZ XIZMKMZM[ [WJZM W[ XTIVW[ XT]ZQIV]IQ[ e anuais para o sector, aprovar investimentos e acompanhar a M`MK]trW LW[ XTIVW[ LM QV^M[\QUMV\W MAIS DÚVIDAS DO QUE CERTEZAS ,IY]QTW Y]M Rn u LW KWVPMKQUMV\W X JTQKW XIZMKM [MZ KWV[MV[]IT Y]M W UWLMTW LM ZMWZOIVQbItrW M[KWTPQLW \MU I ^IV\IOMU LM TM^IZ I ]UI NWKITQbItrW LI ;WVIVOWT VW [M] core business ,M NIK\W ¹[M Y]MZMUW[ I MÅKQwVKQI XM\ZWTyNMZI LI ;WVIVOWT LM^MUW[ LM[NIbMZ W KWVOTWUMZILW MU Y]M I MUXZM[I [M \WZVW] M ÅKIZUW[ IXMVI[ KWU I KWUXIVPQI LM XM\Z~TMW[º LMNMVLM] 2W[u 7TQ^MQZI M[XMKQITQ[\I LW [MK\WZ V]UI MV\ZM^Q[\I LILI IW RWZVIT ¹-`XIV[rWº MU 2IVMQZW LW ano passado, acrescentando que entre os principais motivos que TM^IZIU o XMZLI LM MÅKQwVKQI WXMZIKQWVIT LI ;WVIVOWT M[\rW ¹I MVWZUQLILM LI MUXZM[I I OZIL]IT XMZLI LM KIXIKQLILM LM OM[\rW M I KWV[MY]MV\M QVMÅKQwVKQI VW LQI I LQI I ^nZQW[ Vy^MQ[ I[[WKQILI o NIT\I LM KWV\ZWTW M LM KWZZMKtrW LM NITPI[ M MZZW[ Y]M [M []KMLMU M ZMXM\MUº 8WZuU Pn Y]MU TM^IV\M ITO]UI[ L ^QLI[ VWUMILIUMV\M KWUW u Y]M [M ^IQ KWUXI\QJQTQbIZ I VW^I )OwVKQI XIZI W ;MK\WZ 8M\ZWTyNMZW Y]M ^IQ VMOWKQIZ I I\ZQJ]QtrW LW[ JTWKW[ XM\ZWTyNMZW[ KWU I ;WVIVOWT - 8 Y]M QZn \ZI\IZ LI OM[\rW M UWVQ\WZQbItrW LM[[M[ KWV\ZI\W[ XM\ZWTyNMZW[ j Y]M IXIZMV\MUMV\M M[\I[ N]Vt M[ [rW U]Q\W [MUMTPIV\M[ M XWLMZrW XZWXQKQIZ KWVN][rW o OM[\rW [WJZMXW[QtrW LM KWUXM\wVKQI[ M WJ[\nK]TW[ R]ZyLQKW[ 8WZ W]\ZW TILW M`Q[\M \IUJuU I XZMWK]XItrW MU [M [IJMZ W que é que vai acontecer a todos os investimentos – banca, seguros, saúde, telecomunicações, transportes, participações em empresas nacionais e estrangeiras, etc. – que a Sonangol tem actualmente. 8IZI W M[XMKQITQ[\I MU XM\Z~TMW[ 2W[u 7TQ^MQZI ¹M[\I IVnTQ[M conjunta é importante se o que se quer é transformar a Sonangol V]UI KWUXIVPQI LM XM\Z~TMW[ QV\MOZILI M ÅVIVKMQZIUMV\M ZMV\n^MTº No caso dos investimentos que foram feitos com receitas da ;WVIVOWT ¹\MUW[ ]UI WXWZ\]VQLILM VQKI LM X Z I *WT[I LM

NESTES QUASE DEZ MESES DA NOVA GESTÃO DE ISABEL DOS SANTOS, A SONANGOL CONTINUA A SER GERIDA COM BASE NO “ANTIGO” MODELO %& (&45¤0 %0 4&$503 Valores a funcionar, com vendas transparentes e por fases, de XIZ\QKQXIt M[ MU MUXZM[I[ ZMV\n^MQ[º [][\MV\I 2W[u 7TQ^MQZI XIZI Y]MU ¹M[\I WXtrW LM ^MVLMZ VMO~KQW[ ZMV\n^MQ[ OIZIV\M o MUXZM[I ;WVIVOWT ]UI NWV\M LM ZMKMQ\I[ I UuLQW XZIbW XIZI desenvolver, com capitais próprios, a sua actividade principal de LM[KWJZQZ M XZWL]bQZ XM\Z~TMWº <IUJuU M`Q[\MU L ^QLI[ [WJZM [M ^IQ W] VrW [MZ KZQILI ]UI VW^I KWUXIVPQI XIZI I XM[Y]Q[I XZWL]trW M WXMZItrW LM JTWKW[ petrolíferos ou se esta tarefa vai ser entregue, na totalidade W] XIZKQITUMV\M IW [MK\WZ XZQ^ILW -U KI[W IÅZUI\Q^W W

CALENDÁRIO DE IMPLEMENTAÇÃO JÁ ESTÁ DEFINIDO, MAS NÃO SE COMPROMETE COM DATAS 0 NPEFMP EF PSHBOJ[BÃÀP do sector será implementado através de quatro etapas que OÀP TÀP FTUBORVFT OB medida em que podem ser implementadas em DPODPNJU¿ODJB /P FOUBOUP OÀP FYJTUF OFOIVN

compromisso com as datas em que estas etapas devem FTUBS DPODMVÉEBT 1.ª Etapa: %FTFOIP MFHBM DSJBÃÀP MFHBM EBT FOUJEBEFT DIBWF EP TFDUPS F EFTFOIP das suas macroestruturas; 2.ª Etapa: 3FPSHBOJ[BÃÀP

TFQBSBÃÀP EBT FNQSFTBT do grupo SONANGOL, DPN BVUPOPNJ[BÃÀP EB 40/"/(0- & 1 transferência de recursos e BVUPOPNJ[BÃÀP mOBODFJSB 3.ª Etapa: 0QFSBDJPOBMJ[BÃÀP JOUFSWFOÃÀP BVUÏOPNB nas entidades do sector

EBOEP JOÉDJP BP QSPDFTTP EF PQUJNJ[BÃÀP EBT FNQSFTBT abrangidas; 4.ª Etapa: 5SBOTGPSNBÃÑFT PQFSBDJPOBJT USBOTGPSNBÃÑFT PQFSBDJPOBJT F EF PQUJNJ[BÃÀP QPS DBEB empresa do sector rumo às NFMIPSFT QS¾UJDBT


www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

Y]M IKWV\MKM o nZMI LI ;WVIVOWT Y]M IOWZI [M LMLQKI I M[\I[ actividades é outra pergunta que precisa de resposta. 0n IQVLI LMNMV[WZM[ LI LQ^Q[rW LI ;WVIVOWT MU \Zw[ ) XIZ\M LI[ concessões seria entregue a uma agência governamental, o restante VMO~KQW LW XM\Z~TMW ÅKIZQI \WLW VI ;WVIVOWT M I[ XIZ\QKQXIt M[ M outros negócios numa terceira empresa, em que a Sonangol teria a maioria do capital e o restante seria entregue a privados. O QUE DIZ O NOVO CA -VY]IV\W W VW^W UWLMTW VrW XI[[I LW XIXMT I VW^I ILUQVQ[\ZItrW MU ,MbMUJZW XI[[ILW OIZIV\QI Y]M M[\I^I ¹I \ZIJITPIZ IZL]IUMV\M XIZI OIZIV\QZ W K]UXZQUMV\W LW[ KWUXZWUQ[[W[ ÅVIVKMQZW[ Y]M LM\MZUQVIZrW I KIXIKQLILM LI ;WVIVOWT LM WJ\MZ VW^W[ ÅVIVKQIUMV\W[ N]VLIUMV\IQ[ XIZI investir em novos projectos de campos petrolíferos, evitando o LMKTyVQW LW[ Vy^MQ[ LM XZWL]trWº )LQKQWVITUMV\M M XIZI UIV\MZ I TQY]QLMb ÅVIVKMQZI LI ;WVIVOWT I VW^I 8+) LI MUXZM[I OIZIV\QI" ¹\MUW[ \ZIJITPILW KWU W *6) M KWU W -`MK]\Q^W XIZI KWV\QV]IZ I I[[MO]ZIZ W IKM[[W ZMO]TIZ I LQ^Q[I[ M I[[QU W XIOIUMV\W LW[ XZWL]\W[ ZMÅVILW[ QUXWZ\ILW[º 6W pUJQ\W LI ZMM[\Z]\]ZItrW LI ;WVIVOWT I VW^I ILUQVQ[\ZItrW informava que estava a reavaliar todos os investimentos e projectos, MU XIZ\QK]TIZ W[ QV^M[\QUMV\W[ VI :MÅVIZQI LW 4WJQ\W M VI M[\ItrW LM IZUIbMVIUMV\W LM KWUJ][\y^MQ[ VI *IZZI LW ,IVLM Y]M NWZIU [][XMV[W[ XIZI ZMI^ITQItrW LI ^Q[rW M[\ZI\uOQKI M LI ^QIJQTQLILM económica. .QVITUMV\M W VW^W +WV[MTPW LM )LUQVQ[\ZItrW +) TIVtW] ]U XZWN]VLW XZWOZIUI LM ZMM[\Z]\]ZItrW QV\MZVI · W ;76)41/0< Y]M ^Q[I I ZML]trW LM K][\W[ I\ZI^u[ LI ZMVMOWKQItrW M W] KIVKMTIUMV\W LM KWV\ZI\W[ ZIKQWVITQbItrW LM OI[\W[ LQUMV[QWVIUMV\W KWZZMK\W LI[ WXMZIt M[ M ZM^Q[rW LI XWTy\QKI LM KWUXMV[It M[ ² LI\I LM ,MbMUJZW LM W XZWOZIUI \MZn QLMV\QÅKILW M QUXTMUMV\ILW LQ^MZ[I[ UMLQLI[ LM KWV\MVtrW LM K][\W[ I[ Y]IQ[ OIZIV\Q] 1[IJMT LW[ ;IV\W[ \MZrW \QLW ¹]U QUXIK\W []XMZQWZ I UQTP M[ LM L~TIZM[ LM XW]XIVtI[ VW T\QUW[ KQVKW UM[M[º ,M IKWZLW KWU I IK\]IT 8+) ¹I ;WVIVOWT M[\n \IUJuU NWKILI VW ZMLM[MVPW LI[ M[\Z]\]ZI[ WZOIVQbIKQWVIQ[ KWU ]U ITQVPIUMV\W LM XWTy\QKI[ LM []J[yLQW[ KWU XZn\QKI[ VI QVL [\ZQI VI LQVIUQbItrW LM ]U XZWOZIUI LM XZu ZMNWZUI[ VI ZM[WT]trW LI [Q\]ItrW LM KWTIJWZILWZM[ VrW IK\Q^W[ VI IK\]ItrW [WJZM W V UMZW LM KWV\ZI\ILW[ M VW LM[MVPW LM ]U VW^W UWLMTW LM OM[\rW LM JWT[I[ XIZI M[\]LIV\M[º Por último, o novo CA remata que os pontos fortes da ZMM[\Z]\]ZItrW \wU I IUJQtrW LM LM^WT^MZ o ;WVIVOWT W [M] XIXMT LM XZQVKQXIT KZQILWZI LM ZQY]MbI VIKQWVIT M \WZVn TI V]UI ZMNMZwVKQI QV\MZVIKQWVIT LM M`KMTwVKQI M ZMV\IJQTQLILM 8WZuU U]Q\W NIT\I IQVLI NIbMZ I\u Y]M W[ IVOWTIVW[ [MRIU apresentados à nova Sonangol e aos novos actores do sector XM\ZWTyNMZW VIKQWVIT I KWUMtIZ XMTI KZQItrW M IXZW^ItrW LM \WLW[ W[ LQXTWUI[ VMKM[[nZQW[ XIZI [M XWLMZ I^IVtIZ KWU ]UI MNMK\Q^I ZMM[\Z]\]ZItrW LW [MK\WZ XM\ZWTyNMZW IVOWTIVW )\u Tn ^rW [M \WUIVLW ITO]UI[ UMLQLI[ UI[ VrW [~ VMU \WLI[ [rW KWVPMKQLI[ KWUW U]Q\I[ VrW ^rW o WZQOMU LW[ XZWJTMUI[ &


70

| SOCIEDADE

BOA FORMA

NEGĂ“CIO DOS GINĂ SIOS CRESCE, MAS AINDA CARECE DE PROTECĂ‡ĂƒO Por trĂĄs da saĂşde e da boa forma fĂ­sica estĂĄ um negĂłcio que cresce dia apĂłs dia em termos EF PGFSUB P RVF BVNFOUB B DPODPSSÆODJB OP TFDUPS F FMFWB PT EFTBmPT RVF TF DPMPDBN BPT ginĂĄsios para reterem clientes, levando-os a oferecerem pacotes personalizados e a preços competitivos. Entretanto, e de acordo com gestores ligados ao sector, a ausĂŞncia de regulação e a inexistĂŞncia de uma entidade que represente os ginĂĄsios, deixa o negĂłcio desprotegido.

Texto: Michel Pedro 'PUPHSBmB Afonso Francisco


SOCIEDADE | 71

www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

A taxa mensal de inscrições nos ginásios da cidade de Luanda é elevada, porém, o baixo índice de retenção de clientes compromete a rentabilidade do negócio. Para os prestadores deste serviço, a gestão dos clientes não é fácil, mas o aumento da preocupação do público com a saúde e a boa forma tem ajudado a manter os ginásios abertos. Segundo Elaine Ranzatto, directora do Luanda Sport Center (LSC), "o desporto (de manutenção) em Angola, neste momento, está a melhorar porque as pessoas já estão a encará-lo como um aspecto ligado à qualidade de vida e isto chega a ser o factor de rentabilidade do negócio". Entretanto, Bruno Samora, XZWXZQM\nZQW LI ;IUWZI.Q\ IÅZUI Y]M a rentabilidade do negócio é relativa. “É uma área que tem muito para dar, mas K]RI ZMV\IJQTQLILM M T]KZW ÅVIT IQVLI estão aquém do que realmente pode produzir", esclareceu. Para os entrevistados da E&M, a ausência de uma entidade que represente o sector demonstra fragilidade na defesa LW[ QV\MZM[[M[ LW[ OQVn[QW[ M LQÅK]T\I o levantamento de dados estatísticos que permitam conhecer, na verdade, o número de empresas a operar em Angola. A E&M, entretanto, apurou junto de uma fonte da Direcção Nacional da Saúde que se desconhece o número total de ginásios abertos em Angola, mas que se estima que, pelo menos uma centena apresente condições aceitáveis. Os gestores acreditam que o crescimento do sector levará o Estado a legislar e regulamentar estes serviços, na medida em que representam uma fonte de receita para os cofres públicos, além de contribuírem para o combate ao desemprego. AINDA PRESOS AO FORNECIMENTO EXTERNO Além da burocracia associada ao acto da legalização das empresas e dos cortes frequentes no fornecimento de água e electricidade, os ginásios também [M LMJI\MU KWU I[ LQÅK]TLILM[ LM

importação de meios que se enquadrem nos padrões de qualidade internacional. "Quase todos os nossos equipamentos utilizam electricidade e, na incapacidade LM ]UI TQOItrW MÅKQMV\M o ZMLM X JTQKI optámos, então, pelo uso do gerador, o que se torna bem mais dispendioso para a empresa", lamentou Edite Fonte, professora e coordenadora executiva do ginásio Green Fit. Os equipamentos podem ser adquiridos em Angola, na África do Sul e no Brasil. Os custos de aquisição e a qualidade dos meios, em muitos casos, ditam os preços cobrados pelos OQVn[QW[ ) KZQ[M ^MQW LQÅK]T\IZ I reposição dos equipamentos, forçando ao encerramento de muitos ginásios e, aos que conseguiram manter-se abertos, à adaptação a um ambiente difícil e à escassez de divisas no país. Esta situação motivou a revisão dos preços dos serviços por parte dos operadores. Actualmente, W[ XZMtW[ Å`IU [M MV\ZM W[ M W[ S_IVbI[ XWZ Uw[ VW[ OQVn[QW[ afastados da zona urbana de Luanda, e

Bruno Samora, Proprietário da Samora Fit

DEPENDENDO DA DIMENSÃO FÍSICA E DOS SERVIÇOS A SEREM PRESTADOS POR UM GINÁSIO, PARA SE INVESTIR NO SECTOR SÃO NECESSÁRIOS, NO MÍNIMO, 40 MILHÕES DE KWANZAS, SEGUNDO REVELARAM ALGUMAS FONTES. PARA BRUNO SAMORA, O MERCADO É PROMISSOR E TEM CRESCIDO A UM RITMO ACELERADO, SENDO UMA ÁREA APETECÍVEL PARA O MÉDIO EMPRESÁRIO.


72

| SOCIEDADE

MV\ZM W[ M W[ S_IVbI[ XWZ mĂŞs nas zonas nobres da cidade. Elaine Ranzatto, tambĂŠm campeĂŁ mundial de musculação do campeonato š?WZTL +PIUXQWV 8]ZM -TQ\M 8ZW Europaâ€?, na categoria Muscle Model, disse que o mercado Ă…\VM[[ nunca teve grande representatividade econĂłmica em Angola mas que ĂŠ possĂ­vel resistir Ă crise. No caso do Luanda Sport Center, e enquanto muitos concorrentes optaram pelo aumento dos preços, Ranzatto preferiu mantĂŞ-los, procurando diminuir os custos da empresa, uma medida que considera a mais correcta se se quiser manter no mercado. Ainda em consequĂŞncia da crise, que \IUJuU INMK\W] W[ KWV[]UQLWZM[ Ă…VIQ[ Edite Fonte revelou que “o nĂşmero de aderentes aos serviços dos ginĂĄsios KWVPMKM] ]UI ZML]trW [QOVQĂ…KI\Q^I e muitos cidadĂŁos optaram por fazer exercĂ­cios livres". Dependendo da dimensĂŁo fĂ­sica e dos serviços a serem prestados por um ginĂĄsio, para se investir no sector sĂŁo VMKM[[nZQW[ VW UyVQUW UQTP‚M[ LM S_IVbI[ [MO]VLW ZM^MTIZIU ITO]UI[ fontes. Para Bruno Samora, o mercado ĂŠ promissor e tem crescido a um ritmo acelerado, sendo uma ĂĄrea apetecĂ­vel para o mĂŠdio empresĂĄrio que queira ter um negĂłcio com um retorno interessante. SĂ“ OS FORTES SOBREVIVEM NĂŁo existe um ZIVSQVO nacional dos melhores ginĂĄsios, mas a localização e W[ XIKW\M[ LQ^MZ[QĂ…KILW[ M I\ZIK\Q^W[ \wU sido fundamentais para a escolha dos clientes. “O LSC destaca-se por conhecer bem o mercado do Ă…\VM[[ e ser capaz de proporcionar diversĂŁo quando o cliente procura boa forma fĂ­sica, saĂşde e bem M[\IZ XM[[WITÂş IĂ…ZUW] -TIQVM :IVbI\\W acrescentando que o segredo da qualidade estĂĄ igualmente na contratação LM XM[[WIT Y]ITQĂ…KILW M ZM[XWV[n^MT alĂŠm da oferta de um ambiente propĂ­cio XIZI [M XZI\QKIZ ! LI[ IK\Q^QLILM[ de ginĂĄstica, conseguindo, assim, atrair IUILWZM[ M XZWĂ…[[QWVIQ[

Elaine Ranzatto

“O LSC DESTACA-SE POR CONHECER BEM O MERCADO DO FITNESS E SER CAPAZ DE PROPORCIONAR DIVERSĂƒO QUANDO O CLIENTE PROCURA BOA FORMA FĂ?SICA, SAĂšDE E BEM-ESTAR PESSOALâ€?, AFIRMOU ELAINE RANZATTO, ACRESCENTANDO QUE O SEGREDO DA QUALIDADE ESTĂ IGUALMENTE NA CONTRATAĂ‡ĂƒO DE PESSOAL QUALIFICADO E RESPONSĂ VEL.

O GreenFit, no mercado hĂĄ trĂŞs anos, destaca-se por ser um ginĂĄsio inserido num espaço verde e considerado inovador por ser o primeiro em Angola a oferecer serviços ao ar livre. JĂĄ o GinĂĄsio Em Forma distingue-se pelo acompanhamento rigoroso e personalizado que proporciona aos seus clientes. NinguĂŠm treina sem uma avaliação fĂ­sica inicial rigorosa e um plano de treino mensal, garantem as informaçþes que foram prestadas. Os gestores de ginĂĄsios contactados XMTI - 5 [rW ]VpVQUM[ MU IĂ…ZUIZ que a disponibilização de serviços completos, do nutricionista Ă empresa fornecedora de suplementos alimentares, ĂŠ a chave do sucesso, mas, naturalmente, tal custarĂĄ um pouco mais ao bolso do cliente. Para estes entrevistados, a perspectiva ĂŠ de claro crescimento, com a implantação de diversos tipos de centros de Ă…\VM[[. AtĂŠ porque as patologias associadas ao sedentarismo tendem a aumentar, levando a uma quase obrigatoriedade da prĂĄtica regular de exercĂ­cio fĂ­sico. A preocupação com a saĂşde ĂŠ notĂłria, tanto que se vai observando que empresas como a SamoraFit e a LSC tambĂŠm ministram palestras motivacionais com o objectivo de consciencializar o cliente. "A nossa dinâmica passa muito por palestras de motivação e ligação a marcas, como o Unitel Fit, que tĂŞm o poder de atingir diversas franjas da população", referiu Bruno Samora. Por sua vez, a directora do Luanda ;XWZ\ +MV\MZ -TIQVM :IVbI\\W R][\QĂ…KW] as boas perspectivas de crescimento do negĂłcio com o facto de cada vez mais pessoas perceberem que a prĂĄtica de exercĂ­cios nĂŁo ĂŠ sĂł para quem estĂĄ bem posicionado socialmente ou para desportistas. “Hoje, muitos cidadĂŁos jĂĄ conseguem pagar um ginĂĄsioâ€?, M`MUXTQĂ…KW] \MVLW IKZM[KMV\ILW Y]M os ginĂĄsios tambĂŠm prestam serviços a OZ]XW[ LM XZWĂ…[[QWVIQ[ IT\MZVI\Q^I Y]M tem marcado um perĂ­odo abonatĂłrio para os prestadores destes serviços. &



74

|FIGURA DO MĂŠS

ABEL PAULO GAMBA Director Geral da Mukhanda Ubuntu-Editora (M.U.E.)

“AS INSTITUIÇÕES TĂŠM NAS SUAS ESTRUTURAS MAIS CHEFES DO QUE BONS GESTORES OU LĂ?DERESâ€? Economia & Mercado (E&M) - Qual ĂŠ a receita para ser um bom gestor, por um lado, e lĂ­der, por outro, principalmente na conjuntura em que nos encontramos? Abel Paulo Gamba (APG) - Hoje, as instituiçþes, principalmente as pĂşblicas, tĂŞm nas suas estruturas mais chefes do que propriamente bons gestores ou lĂ­deres. Ou seja, ser chefe nem sempre TJHOJmDB TFS MÉEFS NBT Iž pressupostos que o podem levar a ser lĂ­der, sendo que tudo começa com uma manifestação de vontade. Qualquer pessoa pode ser um lĂ­der, mas para se ser lĂ­der ĂŠ fundamental que a pessoa exerça a liderança,

UFOIB BMHVNB JOnVÆODJB F sobretudo, tenha seguidores. Para tal, o segredo ĂŠ saber ouvir as pessoas, executar acçþes e ter formação em matĂŠria de gestĂŁo e liderança. A primeira caracterĂ­stica de um bom lĂ­der ĂŠ saber ouvir as pessoas, entender o ambiente, a situação de cada um faz a diferença. A segunda consiste em transformar toda a informação positiva que ouvir em acçþes NFOTVSžWFJT RVF TFKBN DPMPDBEBT FN QSžUJDB TPC a forma de iniciativas para ajudar a melhorar o ambiente de trabalho. Finalmente, a terceira caracterĂ­stica ĂŠ ter, fundamentalmente, formação em matĂŠria de gestĂŁo ou liderança.

E&M - Qual Ê a sua opinião sobre a actual situação económica do país? APG - Durante alguns anos Angola cresceu muito, mas neste momento vivemos uma fase de desaceleração da nossa economia. O PIB sofreu uma grande queda em 2009, como resultado da crise económica internacional, mas voltou a recuperar atÊ 2013, quando o petróleo estava em alta. A partir de 2014, a economia voltou a crescer a um ritmo cada vez menor. Essa desaceleração foi causada, principalmente, pela queda dos preços do petróleo, que Ê o maior pilar da nossa economia. Mas tambÊm não nos devemos esquecer que houve falta de estratÊgia do Estado e vontade

CARREIRA/CURRICULUM VITAE "CFM 1BVMP (BNCB i,IPJTBOw EF BOPT Ă… OBUVSBM EF 4BNCJ[BOHB mMIP EF 1BVMP (BNCB F Julieta Tiago, e ĂŠ casado. Licenciado em LĂ­ngua e Literatura Portuguesa, pela Faculdade de Letras e CiĂŞncias Sociais da Universidade Agostinho Neto, em 2008, ĂŠ tambĂŠm pĂłs-graduado em Relaçþes Internacionais e NegĂłcios Estrangeiros pela UCB-Brasil (2010); licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Metodista de Angola, foi docente no Instituto Superior Metropolitano de Angola e na Universidade LusĂ­ada de Angola. É tambĂŠm BVUPS EF USÆT MJWSPT OPNFBEBNFOUF i0OPNžTUJDB EBT -PDBMJEBEFT FN -VBOEB 5PQPOÉNJB EPT seus MunicĂ­pios - colectânea de Teses UAN - 2008â€?; “BĂłsnia, Kosovo e Rwanda - O conselho EF 4FHVSBOĂƒB EBT /BĂƒĂ‘FT 6OJEBT OPT 5SÆT $POnJUPT .BZBNCB &EJUPSB w i7FOUPT EB Terra - colectânea de poesia - Rospene Ediçþes, Lda 2014â€?.

polĂ­tica de, na altura em que o petrĂłleo esteve em alta, investir noutros sectores, de forma a nĂŁo nos ressentirmos de uma crise econĂłmica como a que vivemos hoje. & . 2VBJT TĂ€P PT EFTBmPT QSPmTTJPOBJT RVF UFN QFMB frente? APG - 0T EFTBmPT QSPmTTJPOBJT RVF UFOIP TĂ€P por via da M.U.E., produzir o maior nĂşmero de escritores em Angola e internacionalizar as suas obras. Cooperar com as instituiçþes de ensino superior para a produção das teses que, agora, sĂŁo “jogadas para o lixoâ€? apĂłs a defesa, porque se nĂŁo houver QSPEVĂƒĂ€P DJFOUÉmDB OĂ€P atingiremos a excelĂŞncia. E&M - Que obstĂĄculos encontra para responder B FTTFT EFTBmPT APG - 0T PCTUžDVMPT TĂ€P EF WžSJBT PSEFOT F UÆN B WFS com os custos de produção dos livros, que custam caro quer sejam produzidos em Angola, quer sejam produzidos no exterior, neste Ăşltimo caso devido aos impostos aduaneiros. As instituiçþes pĂşblicas tĂŞm verbas para actividades de responsabilidade social e nĂŁo BDFJUBN QBUSPDJOBS MJWSPT +ž houve situaçþes de empresas QĂ”CMJDBT B RVFN FOEFSFĂƒžNPT pedidos de patrocĂ­nio para um workshop, e que nos indeferiram esse pedido, para aparecer, na semana seguinte, como patrocinadores de um concurso de beleza. Assim nĂŁo DIFHBNPT Mž E&M - Enquanto analista de assuntos internacionais, como avalia a posição de Angola


FIGURA DO MĂŠS | 75

www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

RESPONSABILIDADES "CFM 1BVMP (BNCB Ă… EPDFOUF VOJWFSTJUžSJP DPOTVMUPS EB Fulebo Training, assessor de formação tĂŠcnica do NĂşcleo de &OTJOP EB &/%& &1 F BJOEB Ă… GPSNBEPS UĂ…DOJDP QSPmTTJPOBM pela Power Training, Info-Eco & Fulebo Training em matĂŠria EF (FTUĂ€P EF 5FNQP 5Ă…DOJDBT "ENJOJTUSBUJWBT "OžMJTF F Satisfação de Clientes, GestĂŁo de Projectos, TĂŠcnicas de Fiscalização e Controlo. MĂ XIMA DE GESTĂƒO i%FTDPCSJS P RVF P DPOTVNJEPS RVFS Ă… GžDJM Fazer algo em relação a isso, Ă… RVF Kž OĂ€P Ă… BTTJN UĂ€P TJNQMFTw Liz Wetzel

na regiĂŁo Austral de Ă frica, e RVF EFTBmPT P QBÉT UFN QFMB frente para concorrer em pĂŠ de igualdade com os seus pares na regiĂŁo? APG - Angola ĂŠ uma potĂŞncia militar na RegiĂŁo, mas se analisarmos o Ă?ndice de Integração Regional de Ă frica do ano passado (2016), constataremos que Angola detĂŠm o pior Ă­ndice de integração regional da Comunidade para o Desenvolvimento da Ă frica Austral (SADC). Ainda de acordo com esses dados estatĂ­sticos, somos um dos

piores da Comunidade EconĂłmica dos Estados CentroAfricanos (CEEAC), porquanto Angola ĂŠ considerada pela ComissĂŁo EconĂłmica das Naçþes Unidas para Ă frica, como tendo um baixo desempenho em matĂŠria de integração, nĂŁo obstante fazer parte de uma das comunidades de paĂ­ses mais integrada do continente africano, que ĂŠ a 4"%$ 0 HSBOEF EFTBmP RVF Angola tem ĂŠ abrir-se ao livre comĂŠrcio na regiĂŁo. Penso que nos falta um pouco de ousadia. +ž PVWJ SFTQPOTžWFJT B EJ[FS que existe um “justo receioâ€?

de sermos “invadidosâ€? pela Ă frica do Sul, maior potĂŞncia econĂłmica da regiĂŁo. Ora, podemos atĂŠ admitir que haja essa tentativa de “invasĂŁoâ€? sulafricana, mas nĂŁo acredito que B TPCFSBOJB EF "OHPMB mRVF FN causa devido a um processo de integração econĂłmica, quando, na verdade, temos cidadĂŁos estrangeiros a fazer negĂłcios sem tributar ao Estado, como ĂŠ caso dos comerciantes de divisas no CBJSSP .žSUJSFT EP ,JGBOHPOEP Penso que devemos ser mais ousados e arriscar. Devemos criar um bom ambiente de

negócios, reduzir e/ou regular os custos de hospedagem de forma a incentivar o turismo e a entrada de cidadãos estrangeiros, dadas as nossas potencialidades. Temos tambÊm que realçar que nem tudo Ê mau. Por exemplo, em matÊria de integração DPNFSDJBM "OHPMB FTUž FN segundo lugar na CEEAC e supera o Zimbabwe, a 4FZDIFMMFT F B 5BO[¿OJB OB SADC, sendo o último dos países com integração mÊdia. Na CEEAC, Angola contribui com 36% para a criação de riqueza na região. &


76

| LAZER

LUANDA-DUBAI

LIGAÇÃO DIRECTA AO PAÍS DOS SUPERLATIVOS A melhor forma de viajar de Luanda para o Dubai é com a Emirates, que proporciona uma viagem com conforto e um serviço mundialmente reconhecido. A Emirates é a companhia aérea com maior tráfego internacional – opera mais de 3.500 partidas por semana – e foi também considerada pela Skytrax – a empresa que analisa o mercado mundial da aviação – como a Melhor Companhia Aérea em 2016. Os serviços da transportadora incluem táxis, hotel e visitas turísticas, que a Economia & Mercado também conheceu.


LAZER | 77

www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

Texto: EdjaĂ­l dos Santos, nos Emirados Ă rabes Unidos 'PUPHSBmB iStockphoto

O Dubai ĂŠ uma cidade de superlativos e ĂŠ possĂ­vel perceber essa permanente grandeza andando pelas ruas. Aterramos de madrugada, Ă s 4h locais, e deixamo-nos deslumbrar por centenas de prĂŠdios maravilhosos, equipados com a mais alta tecnologia, por estradas largas e vias bem niveladas. Um metropolitano bonito cruza a cidade, num cenĂĄrio muito limpo e bem projectado. Os Emirados Ă rabes Unidos surgiram, como paĂ­s, em 1971. Fica localizado Ă entrada do Golfo PĂŠrsico, o que lhe confere uma situação estratĂŠgica, com grandes reservas de petrĂłleo, mas perigosa, jĂĄ que M[\I u ]UI bWVI XZWXMV[I I KWVÆQ\W[ 6I prĂĄtica, o paĂ­s ĂŠ uma confederação de estados autĂłnomos. SĂŁo sete Emirados dos quais Dubai e Abu Dhabi sĂŁo os mais ricos e famosos, sendo os restantes cinco Sharjah, Ras Al Khaimah, Umm Al Qwain, Ajman e Fujairah. Antes de 1971, a regiĂŁo era habitada por tribos nĂłmadas que, entretanto, se uniram e formaram um paĂ­s abençoado pela riqueza do petrĂłleo, com a sexta maior reserva do mundo, e com uma população muito reduzida, com cerca de 1 milhĂŁo e 200 mil habitantes. AliĂĄs, a extrema riqueza e a reduzida população resultaram na fĂłrmula certa para planear a construção do novo paĂ­s. 6W[ ƒT\QUW[ IVW[ W[ XZWRMK\W[ []ZOQZIU de forma explosiva. Os Emirados tornaram-se o paraĂ­so da arquitectura e da engenharia moderna, atraindo mais de oito milhĂľes de estrangeiros que lĂĄ vivem e trabalham, um VƒUMZW U]Q\W []XMZQWZ IW LI XWX]TItrW nativa, alĂŠm de dezenas de milhĂľes de turistas por ano (sĂł o Dubai recebe cerca de 15 milhĂľes de turistas anualmente). 6W [MO]VLW LQI LM ^QIOMU [IyUW[ XIZI um city tour pela “cidade velha e novaâ€? com um guia letĂŁo, Dainnes, que nos levou num passeio que teve uma primeira paragem no 0W\MT )\TIV\Q[ 2]UMQZIP Y]M Ă…KI VW KMV\ZW da Palm Jumeirah, uma das construçþes mais excĂŞntricas do mundo. Trata-se de ]UI QTPI IZ\QĂ…KQIT KWV[\Z]yLI MU NWZUI LM XITUMQZI M WVLM NWZIU MLQĂ…KILI[ KMV\MVI[ LM KI[I[ M PW\uQ[ 6W KMV\ZW W )\TIV\Q[ u

Hotel Atlantis Jumeirah

OS EMIRADOS TORNARAM-SE O PARAĂ?SO DA ARQUITECTURA E DA ENGENHARIA MODERNA, ATRAINDO MAIS DE OITO MILHĂ•ES DE ESTRANGEIROS QUE LĂ VIVEM E TRABALHAM, UM NĂšMERO MUITO SUPERIOR AO DA POPULAĂ‡ĂƒO NATIVA, ALÉM DE DEZENAS DE MILHĂ•ES DE TURISTAS POR ANO (SĂ“ O DUBAI RECEBE CERCA DE 15 MILHĂ•ES DE TURISTAS ANUALMENTE). o mais importante de todos e conta com grandes atracçþes, entre elas um aquĂĄrio OQOIV\M 6W ,]JIQ \]LW IY]QTW Y]M ^QUW[ na Internet e achĂĄvamos que era impossĂ­vel de existir, torna-se real. A nossa expedição passou depois pelos palĂĄcios residenciais do Sheik Mohamed e seus irmĂŁos e levou-nos atĂŠ ao Creek, um braço do mar, um canal, em redor do qual se localizam os mercados do Dubai, como o mercado indiano ou o mercado do ouro, entre outros. Seguimos em direcção ao Burj Khalifa, o edifĂ­cio mais alto do mundo, com mais de 850 metros de altura, e subimos atĂŠ ao topo, no 125Âş andar – a paisagem ĂŠ IZZMJI\ILWZI )W TILW LM[\I \WZZM Ă…KI W shopping Dubai Mall, tambĂŠm o maior do U]VLW KWU KMZKI LM TWRI[ 8I[[nUW[ a tarde neste centro comercial que tem vĂĄrias atracçþes, como o maior aquĂĄrio do Dubai – esclareça-se que este ĂŠ o “maiorâ€?,

o que referimos antes ĂŠ apenas “giganteâ€?. 6I MV\ZILI LW ,]JIQ 5ITT \WLI[ I[ VWQ\M[ decorre na fonte de ĂĄguas luminosas um show LM T]b M KWZ IW [WU LM Uƒ[QKI KTn[[QKI um dos espectĂĄculos mais procurados pelos turistas. Se tiver oportunidade e tempo, pode tambĂŠm ter um dinner cruise, ou seja, um jantar num restaurante/barco nas ĂĄguas do Creek. Aqui, cada refeição pode variar entre os 80 e os 100 dĂłlares americanos, com direito a aperitivos e a cocktails. Escolhemos o Bateaux Dubai pelo seu cenĂĄrio romântico, onde nos deliciĂĄmos com uma saborosa carne do lombo. 6W ƒT\QUW LQI M XIZI Y]M I M`XMZQwVKQI Ă…KI[[M KWUXTM\I M`XMZQUMV\nUW[ I[ emoçþes de um safari, aventurando-nos num passeio de camelo pelo deserto, com um jantar sob o olhar das estrelas, num verdadeiro acampamento beduĂ­no. Uma experiĂŞncia a repetir‌ &


78

| LAZER

VINHOS

PORTUGAL ENTRE OS MAIS PREMIADOS NO MUNDUS VINI 2017 Os vinhos lusos destacaram-se na primeira fase deste concurso que foi disputada, na Alemanha, por mais de seis mil vinhos de mais de 150 regiĂľes de todo o mundo.

Texto: Pedro Correia 'PUPHSBmB Cedida pelo Mundus Vini

Portugal foi o paĂ­s mais premiado na mais recente edição do concurso “Mundus Vini Spring Testingâ€?, com JI[M VW VƒUMZW M ^ITWZ LI[ medalhas em comparação com W VƒUMZW LM ^QVPW[ QV[KZQ\W[ pelos concorrentes com maior VƒUMZW LM IUW[\ZI[ VW\QKQW] a “Revista de Vinhosâ€?. De acordo com a publicação portuguesa, “em percentagem de amostras premiadas, os vinhos portugueses sĂł perderam para a França (de 47 para

44%), mas, em contrapartida, os portugueses receberam, por exemplo, 10 medalhas de Grande Ouro, contra metade LI .ZIVtI :MĂ…ZI [M Y]M W VƒUMZW LM IUW[\ZI[ MV^QILI[ pelos produtores de ambos os paĂ­ses foram semelhantes (Ă volta de 700)â€?. 6W \WXW LW[ XIy[M[ Y]M levaram mais amostras destacam-se a ItĂĄlia (1.519) e a Espanha (1.185) nos dois primeiros lugares, mas a percentagem de medalhas

conquistada foi mais baixa (32% e 41%, respectivamente). Ainda assim, informou a “Revista de Vinhosâ€?, Espanha foi o paĂ­s que recebeu mais medalhas em IJ[WT]\W ) [MO]QZ Ă…KIZIU ItĂĄlia (484), França (337), Portugal (302) e Alemanha (285). Entretanto, na categoria Grande Ouro, os produtores portugueses foram os primeiros, com 10 medalhas. A seguir Ă…KIZIU 1\nTQI .ZIVtI Espanha (3), Alemanha e EUA KILI +PQTM 6W^I BMTpVLQI


www.economiaemercado.sapo.ao | Abril 2017

NA CATEGORIA GRANDE OURO, OS PRODUTORES PORTUGUESES FORAM OS PRIMEIROS, COM 10 MEDALHAS. A SEGUIR FICARAM ITÁLIA (7), FRANÇA (5), ESPANHA (3), ALEMANHA E EUA (2 CADA). CHILE, NOVA ZELÂNDIA, LUXEMBURGO E MÉXICO LEVARAM UM GRANDE OURO CADA.

Luxemburgo e México levaram um Grande Ouro cada. A Sogrape Vinhos brilhou a grande altura e foi considerada o “Melhor Produtor de Portugal”. A maior empresa vínica portuguesa conseguiu metade dos Grande Ouro portugueses e muitas medalhas de Ouro e Prata. Os Tawny 20, 30 e 40 anos da Sandeman, por exemplo, foram Grande Ouro. O “40 anos” recebeu ainda o título de “Best of Show Porto”, indicando que foi o Vinho do Porto mais pontuado. -[\M VrW NWQ W VQKW ¹*M[\ of Show” para Portugal: as pontuações de alguns vinhos indicaram também os melhores em cada categoria/estilo. Foram eles o Barros Colheita ! MZZILIUMV\M KTI[[QÅKILW como “Best of Show Porto

Vintage”, quando está na categoria dos Tawny), o Quinta da Foz Grande Reserva Tinto 2013 (“Best of Show Douro”), o Quinta da Ponte Pedrinha Reserva 2011 (“Best of Show Dão”) e o Herdade dos Grous Reserva Tinto 2013 (“Best of Show Alentejo”). :MÅZI [M IQVLI Y]M LW R ZQ multinacional com mais de 200 especialistas de 44 países, apenas estiveram presentes sete provadores portugueses. O “Mundus Vini” é um concurso de vinhos realizado VI )TMUIVPI Y]M VW[ T\QUW[ anos se celebra em duas fases anuais. A primeira, chamada de ¹;XZQVO <I[\QVOº ZM]VQ] vinhos de mais de 150 regiões de \WLW W U]VLW 7 R ZQ ZM]VQ] MU ;IITJI] 6M][\IL\ )TMUIVPI MU ÅVIQ[ LM .M^MZMQZW &


80

| LAZER

O FUTURO ESTĂ AĂ?

AO VOLANTE

CRIATIVIDADE E INOVAĂ‡ĂƒO NO SALĂƒO INTERNACIONAL DE GENEBRA A cidade de Genebra recebeu, entre 9 e 19 de Março, a 87ÂŞ edição do SalĂŁo Internacional do AutomĂłvel, preparado anualmente pela Organização Internacional de Construtores de AutomĂłveis. A OZIVLM UWV\ZI LI QVLƒ[\ZQI I]\WU~^MT apresentou 148 estreias mundiais, numa edição que contou com a presença de 180 expositores, entre grandes fabricantes e outros protagonistas do sector. Criatividade e inovação foram as palavras de ordem para LMĂ…VQZ W[ VW^W[ UWLMTW[ [MU M[Y]MKMZ I segurança e, ĂŠ claro, a audĂĄcia da velocidade. Das muitas novidades divulgadas, destacaram-se algumas propostas com comercialização garantida. O novo Ford Fiesta ST, apresentou-se como a primeira versĂŁo desportiva da marca a usar um motor de trĂŞs cilindros 1.5 turbo de 200 CV de potĂŞncia. O interior, porĂŠm, regista as maiores alteraçþes, com a maior parte dos botĂľes a ser substituĂ­da por um ecrĂŁ tĂĄctil. A Land Rover voltou a estar em destaque Texto: Susana Gonçalves 'PUPHSBmB Cedidas pelo SalĂŁo Internacional do AutomĂłvel de Genebra

com o Velar, um SUV com seis opçþes de motores, a diesel e a gasolina, e transmissão automåtica de oito velocidades. De tamanho mÊdio, Ê mais ågil que modelos maiores e tem um cunho mais desportivo do que um puro Range Rover. A segurança continua a ocupar o topo das prioridades da Volvo e o seu novo @+ ^MU U]VQLW KWU MY]QXIUMV\W[ como o Pilot Assist, um sistema de direcção semi-automåtico.Com um visual mais moderno estå disponível numa gama de motores a diesel ou a gasolina. A Jaguar surpreendeu com o I-Pace, o primeiro SUV elÊctrico da marca, que QZn LQ[XWVQJQTQbIZ 6U LM JQVnZQW instantâneo, 400 CV e uma aceleração de 0 a 100 km/h em cerca de quatro segundos. Com autonomia para rodar 500 Km, alia a tecnologia da próxima geração a um design futurista. Finalmente, destaque ainda para o 5MZKMLM[ 5IaJIKP / 4IVLI]TM\ ]U todo-terreno de luxo com apontamentos irrepreensíveis, motor V12 e equipamento Premium, que terå uma sÊrie limitada de 99 unidades. &

Os salĂľes da indĂşstria automĂłvel sĂŁo aproveitados pelas marcas para mostrarem ao mercado, alĂŠm dos modelos tradicionais, os protĂłtipos e as versĂľes mais fora do normal, que se transformam em verdadeiras atracçþes. Nesta feira foi, por exemplo, o caso do Toyota i-TRIL (na foto em baixo), um mini-carro urbano elĂŠctrico, com capacidade para trĂŞs pessoas e apenas trĂŞs rodas, ou do Sedric, apresentado pela Wolkswagen e que se assume como o primeiro veĂ­culo desenvolvido desde o inĂ­cio como completamente autĂłnomo, sem pedais nem volante. Desenhado pelo estĂşdio Pininfarina, em parceria com o piloto Emerson Fittipaldi, o Fittipaldi EF7 Vision Gran Turismo vai ser vedeta nos jogos da PlayStation e foi apresentado, ao vivo, com um motor V8 com 600 CV de potĂŞncia. Mas o protĂłtipo mais arrojado foi, sem dĂşvida, o Pop.Up, desenvolvido em parceria pela Airbus e pelo estĂşdio Italdesign, que consiste numa cĂĄpsula que pode ser unida a uma base com rodas ou transportada por um drone, pensado para rodar na terra e‌ voar!


46

| EMPRESAS


82

| REMATE

LEI GERAL DA PUBLICIDADE NA DEFESA DO MERCADO NACIONAL Com a publicação da Lei Geral da Publicidade, a 13 de Março do corrente ano, oferecem-se ao mercado publicitário angolano os instrumentos necessários à sua defesa e crescimento. PROCURA-SE TRAVAR UMA ACÇÃO QUE DESVIRTUOU O CRESCIMENTO DE UM MERCADO QUE CONHECEU, DE 1993 A 2003, ANOS PROMISSORES EM QUE ASSISTIMOS À EVOLUÇÃO POSITIVA DE EMPRESAS NACIONAIS QUE FAZIAM UMA OFERTA DE MUITO INTERESSANTE QUALIDADE, RECONHECIDA POR OUTROS MERCADOS.

Nuno Fernandes Jornalista Presidente do Conselho Executivo Grupo Executive

Pretende-se, com a nova lei, pôr termo à “invasão” de interesses estrangeiros que operaram e ainda operam no território sem qualquer tipo de respaldo legal (registo legal, pagamento de impostos, criação LM MUXZMOW[ NWZUItrW XZWÅ[[QWVIT LMKWZZMV\M M\K° ¹QV^I[rWº M[[I Y]M JMVMÅKQW] M JMVMÅKQI da cobertura de interesses locais, alguns com particulares responsabilidades. Procura-se travar uma acção que desvirtuou o crescimento de um mercado que conheceu, de 1993 a 2003, anos promissores em que assistimos à evolução positiva de empresas nacionais que faziam uma oferta de muito interessante qualidade, reconhecida por outros mercados. Foi, também, uma época em que se conheceram iniciativas, de inegável qualidade, de projecção do sector como o “Festival Acácias”, da TVC, que promovia a melhor criatividade de KILI IVW .WZtI LM \ZIJITPW Y]ITQÅKILI M[\ZIVOMQZI era incorporada nas empresas de comunicação angolana, dentro do respeito pela Lei e atendendo o KIXIKQLILM ÅVIVKMQZI LM KILI ]UI /MZW] [M mercado, criaram-se empregos, fez-se formação e tudo isso morreu quando entidades com responsabilidade na economia do país optaram por comprar fora os serviços de comunicação e, fruto de alteração legislativa, se tornou muito difícil às empresas nacionais buscar mão-de-obra estrangeira Y]ITQÅKILI Y]M X]LM[[M LIZ U [K]TW o []I WNMZ\I M competir, em pé de igualdade, com as congéneres estrangeiras. Foram anos em que, expressivamente, KWV\ZQJ]yUW[ XIZI W[ JWV[ ZM[]T\ILW[ ÅVIVKMQZW[ de algumas empresas de comunicação estrangeiras. Estamos certos que a relação directa com o M`\MZQWZ XZWXQKQW] WXMZIt M[ ÅVIVKMQZI[ MU Y]M I KWU]VQKItrW NWQ IXMVI[ ]UI R][\QÅKItrW ) 6W^I 4MQ LM\MZUQVI PWRM Y]M ¹W[ IV VKQW[ e demais material publicitário que se pretendam veicular através dos meios de comunicação social e outros suportes, devem ser encaminhados por agências de publicidade legalmente constituídas M ZMOQ[\ILI[ VI :MX JTQKI LM )VOWTIº )W UM[UW \MUXW LMÅVM [M Y]M ¹W[ IV VKQW[ M demais materiais publicitários, produzidos no

exterior do país, devem ser remetidos aos meios de comunicação social, através de agências de publicidade de direito angolano, devidamente registadas no Departamento Ministerial responsável pela Comunicação Social”. Impede-se, desta forma, a existência de centrais de compra responsáveis pelo aniquilamento de agências e meios em muitas partes do Mundo. Defende-se, nesse mesmo LQXTWUI Y]M W[ IV VKQW[ M UI\MZQIQ[ X]JTQKQ\nZQW[ produzidos no exterior do país serão objecto “de ]UI \ZQJ]\ItrW M[XMKyÅKI QUX]\n^MT o MUQ[[rW ou veiculação desses materiais, em termos a regulamentar”. Relativamente à publicidade do -[\ILW W] WÅKQIT QVKT]QVLW I LW[ WZOIVQ[UW[ LI Administração Central, Provincial e Local, das MUXZM[I[ X JTQKI[ M W]\ZI[ MV\QLILM[ LM ^QVK]TItrW administrativa ou societária ao Estado, lincando ao que foi referido atrás, determina-se claramente que esta só possa ser feita por agências de publicidade de direito angolano, com sede no território nacional devidamente registadas no Ministério da Comunicação Social. Criou-se, assim, um quadro de defesa do Mercado Publicitário Nacional, do [M] KZM[KQUMV\W M KWV[WTQLItrW ) 6W^I 4MQ /MZIT LI 8]JTQKQLILM VW [M] IZ\QK]TILW LMÅVM W[ IOMV\M[ operadores, o conceito da actividade, o conceito em si de publicidade, os procedimentos de registo dos operadores e os princípios gerais que devem nortear a acção daqueles (um quadro claro de proibições na defesa da Lei Constitucional, de protecção aos menores de idade, dos direitos de autor, de propriedade industrial e do património K]T\]ZIT LW KWV[]UQLWZ LMÅVM ]U Y]ILZW KTIZW para a publicidade ao álcool (bebidas alcoólicas) e estipula um novo modelo de relações entre anunciantes, agências e meios de comunicação. Não menos importante é a instituição do Conselho de Publicidade como órgão de consulta e de acção pedagógica do Departamento Ministerial responsável pela comunicação social no domínio da actividade publicitária. Não havendo Leis perfeitas esta é seguramente uma melhor lei à luz das necessidades do país. &




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.