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Joyce Nascimento Silva
Joyce Nascimento Silva é carioca, estudante de literatura e escritora. Publicou poesias em antologias, jornais e revistas. Em 2020, recebeu menção honrosa no XXXI Festival Nacional de Poesias Eunice Maria de Oliveira. Em 2021, ficou em 2° lugar no concurso artístico-cultural O Museu em Nós: Pontes e (des)dOBRAmentos, promovido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente, lê textos e realiza entrevistas no podcast Literatura já! https://www.instagram.com/literatura.ja/
FILHA E MÃE
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Nove meses de Acontecimentos Festas Risadas Comilança
Nove meses de Amor Carinho Espera
Nove meses de Menina Mulher Mãe
Nove meses de Mudanças Aprendizados Experiências
Chegada de uma nova vida Partida de uma barriga
Encontros diários Entre filha e mãe.
Karine Dias Oliveira. Natural da cidade de Nova Friburgo/ Rio de Janeiro. Professora. Pós-graduada em: Gestão Escolar, Supervisão Escolar e Orientação Educacional; Psicopedagogia Institucional; Educação Ambiental. Escritora de histórias infantis (ilustrando-as), contos, microcontos, trovas, poesias, crônicas, etc., mas ainda não tenho livros publicados. Selecionada em inúmeras publicações, vencedora de Concursos Literários em diversos gêneros (além de menções honrosas e especiais).
SER VIBRANTE...
Seu pulso vibra no ritmo da esperança Envolvendo-a além do seu ser E, desde o ventre, transforma-se em um só corpo Na união dos corações benditos aos olhos do Pai.
Nessa caminhada de luz Recebe as bênçãos por ser vitoriosa na vida Por ter sentimentos puros e cegos Pois, não importam os laços... És tão gigante que abraça quem sorri à sua alma.
Ela não precisa de manual Tão pouco seguir padrões Porque ser mulher é ultrapassar fronteiras diárias E ser mãe é ofertar o seu colo aconchegante e sem distinção.
Recebe, agradece e contempla cada amanhecer Não esconde as suas angústias e sonhos Sabe que, se não lutar por si... De nada valerá os seus pés no chão!
Assim, o seu pulso vibra...
Luís Amorim facebook.com/luisamorimeditions
MARÍLIA
Marília toma conta do filho, cheio de problemas, mas ninguém se preocupa com essa atividade de cuidadora, apenas reparam quando o vêem pela rua, em como diferente ele se apresenta, notório ao caminhar. A mãe pinta a realidade por alternativa e conversa sabedoria a seu ouvinte especial vindo de longe, mas que não chega, o seu tão abrangente saber, ao interesse de sua vizinhança, apenas ao padre local, o qual no sermão dominical previamente escrito, nunca é ouvido com devida atenção, pois não há quem chegue perto ao devido efeito. Quase parece que as pessoas idosas nada têm de interessante para dizer, quando a solidão faz-lhes ver na clareza mais evidente que muito têm a partilhar com quem pretende aprender. Ouvidos atentos por senhora, até quando não está a pintar ou a cuidar do filho adulto, por vezes imensas seu pensar diz muito, imediatamente comprovado no seguinte dissertar sobre tantas pontuais ricas vivências do passado. O padre já soube disso e também ele, na sua interminável conformada solidão, recita outra celebração, à qual ninguém aparece à primeira vista, exceto Marília e seu dedicado amigo, nas vezes que
a distância residencial lhe permite, mesmo que no braço por envolvência conferido se avistem uns quantos adicionais, embora pouco empenhados no religioso acompanhar. O encontro é semanalmente agradável, sem excepções, por Marília e sua intermináveenciclopédia da vida, com mais uma imagem artística pronta, quase não se percebendo a solidão que outros menos atentos constantemente vislumbram. Com vidas aceleradas, muito se deixa para trás do caminhar, havendo sempre tempo disponível ao superficial que avança sem pedir sequer licença nem bênção paroquial. O solitário padre bem avisa e alerta sobre iminentes perigos da sociedade para com vida realmente saudável e purificadora, mas não há quem leve a sério o que ele l apregoa e alguns até caminham de longe para dizerem no imediato depois que o foram ouvir, talvez apenas por alguma estranha vaidade. Percebe-se que tudo fica escrito para memorizado ao futuro tempo, quando finalmente ele avista que há quem, sobre isso bem registe como duplamente fiel ouvinte, entendendo por fim que a solidão talvez possa valer a pena, sem haver demasiada preocupação quanto à eventual pena que outros possam ter. Mais uma semana a passar e o habitual sermão, apesar de parecido à impressão feita inicial, tem substanciais diferenças, ainda que apenas percebidas aos mais atentos. Os dias passados, no
entretanto, acrescentam que está na altura de ver, ouvir e pensar novamente com Marília, para mais sabedoria em partilha de grande valor, quando até uma nova pintura está solitariamente pronta, exceto para quem lhe dá o certo apreço. E ainda bem que esse privilégio tem veracidade autêntica para haver memória futura que muito bem irá registar, aplaudir e honrar em nobre tributo.
Luís Lemos é filósofo, professor universitário e escritor, autor, entre outras obras, de Filhos da Quarentena: A esperança de viver novamente, Editora Viseu,2021.Email: luisc.lemos@hotmail.com Instagram: @professorluislemos Facebook: professorluislemos Twitter: @luisclsilva www.youtube.com/channel/UC94twozt0uRyw9o63PUpJHg?view_as=subscriberr
PEDAGOGIA DO AMOR
Semana passada conheci dona Ana, uma mulher preta, sexagenária, que criou e educou sozinha sete filhos e que agora, por forças das circunstâncias, assumiu a missão de educar os netos.
Há dias o estudante Kelvin vinha tendo problemas na escola. Ele não estava entregando as atividades escolares. Estava sonolento, disperso e relapso em sala de aula. É verdade que ele não perturbava os colegas, e as aulas seguiam normalmente.
O problema foi essa mudança de comportamento brusco do Kelvin. — “Ninguém muda de uma hora para a outra, sem nenhum motivo” – repetia dona Ana. O que afligia aquele estudante? O professor mandou chamar seus responsáveis.
Foi aí que dona Ana apareceu na escola. E ela chegou logo dizendo: - “Professor, esse aí não é meu filho não, ele é meu neto. O senhor sabe como é essa geração. A mãe dele não deu a educação que recebeu de mim, agora ele está aí, fazendo o que não deve”.
Dona Ana lhe contou como fora a sua vida. Disse-lhe que ficou viúva muito jovem e que teve que trabalhar muito, trabalhou de babá e na construção civil para sustentar, vestir e educar os seus sete filhos pequenos.
Depois de enxugar algumas lágrimas que escorriam pelo rosto, ela concluiu dizendo: — “Professor, eu não vim aqui falar de mim. Eu vim aqui porque o senhor mandou chamar os responsáveis do Kelvin. — Cadê a mãe do Kelvin? Por que ela não veio? O Kelvin mora com a senhora? — “Uma pergunta de cada vez, professor!” — pediu dona Ana. E ainda com os olhos cheios de lágrimas, continuou: — “A mãe do Kelvin, professor, conheceu um homem pela internet e abandonou tudo, assim, de repente, para viver essa paixão na terra natal do namoradinho. Até hoje não temos notícias dela. Não sabemos se ela está viva ou morta. Sei que os filhos dela, três no total, o Kelvin é o mais velho, estão sofrendo muito. A menorzinha, de 8 anos, nem come direito”.
Diante daquele relato o professor ficou sem palavras, sem saber o que dizer para aquela senhora. E parecendo que ela lia os seus pensamentos, antecipou-se: — “Não se preocupe professor, diga-me o que o Kelvin fez com o senhor que eu vou colocar ele no eixo.
Ele chamou algum palavrão para o senhor ou brigou na escola?” — Não. Nada disso, dona Ana – respondeu o professor. O Kelvin é um excelente aluno. Ele só não está entregando as atividades. — Que malandro!!! – disse donaAna. — Ele não está entregando não só as minhas atividades, mas as atividades dos outros professores também! Semana passada ele até perdeu as provas – disse o professor.
Quando ele ia terminando de falar, dona Ana disse-lhe: — “Professor, educar é tentar melhorar, todos os dias, com gotas homeopáticas de paciência”. — É isso mesmo, dona Ana, a senhora tem razão. “Educar é tentar melhorar, todos os dias, com gotas homeopáticas de paciência”. – disse o professor. — “Anote aí professor, o Kelvin vai melhorar na escola. Eu lhe prometo”.
Dito e feito. Na outra aula o Kelvin voltou a ser o aluno que era antes: dedicado, responsável e estudioso!
Se o professor já sabia da importância do diálogo na educação, a partir daquele dia ele intensificou-o ainda mais com seus alunos em sala de aula, e terminou dizendo: — Embora o diálogo e a paciência sejam, de fato, as duas qualidades mais importantes na educação, nem sempre é fácil praticá-las, mas é preciso manter a esperança e, consequentemente, um pouco de loucura, conforme apregoa o historiador e filósofo brasileiro Leandro Karnal.
Luisa Maria Garbazza Andrade, mineira, da cidade de Bom Despacho, ama livros, poesia e literatura. Professora de Português, escritora de vários gêneros literários, participa de várias antologias e já publicou 5 livros, três dos quais de Literatura Infantil, pela qual se encanta. https://www.facebook.com/luisa.garbazza
FACE DE MULHER
Na face da mulher, o sorriso de alegria, a carga de cada dia, que transporta com maestria, porque pode, porque sabe, porque quer.
Na face da mulher, amor puro e verdadeiro de quem se doa por inteiro, seja por quem se encantou primeiro, pelos pais, pelos filhos ou por quem vier.
Na face da mulher, as marcas da beleza real, da força, da garra, do essencial, da magia de quem é especial e transborda doçura e amor onde estiver.
Na face da mulher, revolta ou paciência por ser alvo da violência de quem perdeu a decência, tratando-a como uma coisa qualquer. 61
Na face da mulher, do medo a cara estampada, por ser desprezada, amordaçada, maltratada, ameaçada, anulada, sem uma chance sequer.
Na face da mulher, vontade de se sentir querida, festejar, abraçar a vida, ter sua decisão acolhida, seja bem-me-quer, seja malmequer.
Manuela Matos reside em V. N. Gaia - Portugal e publicou dois livros de poesia: "PEDAÇOS DE LUA" 2010 e "AS CORES DO SILÊNCIO" em junho de 2015, pela editora Mosaico de Palavras, com 2a edição em dezembro do mesmo ano para colaborar com o projeto Konta Komigo que apoia os sem-abrigo. Ficou classificada 2o e 3o lugar, Edições Arnaldo Girão e selecionada para publicação do livro "Poesia-Poeta-Cidade" - Prémio Literário Valdeck Almeida de Jesus. Recebeu uma Menção Honrosa no II Concurso de Poesia Pablo Neruda. Obteve 1 Menção Honrosa em 2012 no XI Encontro de Poetas no Gerês. Recebeu ainda o Prémio Especial de Poesia em 2010, 2012 e 2013, atribuído pela J. F. S. Nicolau – Porto, e o 2o lugar no concurso ALAP em 2016, com a participação do Brasil e vários países da Europa. Convidada pelo Grupo ASAS DE POESIA - Maia em fevereiro de 2016. Participou em 22 Coletâneas; 2 em Prosa e 20 em Poesia e ainda em 2 Ebooks. Publica nos grupos Escritartes, Luso-Poemas e Solar de Poetas.
MÃE
Mãe Uma palavra pequenina Que ganha mais encanto Ao ser pronunciada Por quem amamos tanto!
Ser mãe É gerar vida, É dar em medida Sem nada esperar! É embalar suavemente, Num doce afagar, E transmitir com ternura O aconchego do lar! É instruir com alegria, É renascer e sonhar Numa partilha diária De um eterno cuidar!
Ser mãe é ser solicitada Sem hora marcada, É estar presente E saber ouvir Constantemente! Ser mãe é mais do que isso... É orar e interceder Numa prece contínua De bem querer! É mostrar o caminho Numa urgente missão De conduzir com carinho A um outro Ser! Enfim... Não há palavras Pra definir Qual seja este sentir Que uma mãe Poderá ter! Pois qual Jesus Que um dia deixou a luz, Pela humanidade Sofrer, Ser mãe, É dar e embalar Instruir e compartilhar, Orar e interceder! Ser mãe, É amar!...