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Claudevalda Souza – Claudia

Assistente Social, Especialista em Gestão do Sistema Único de Assistência SocialSUAS, Pedagoga, reside em Francisco Morato/SP é funcionária pública efetiva da municipalidade - nordestina, parda, mãe, avó que carregava em seus sonhos o desejo de se expressar através da escrita. Ficou muitos anos sem escrever, a partir de uma circunstância, a vida apresentou a poesia como uma fonte de superação, apaixonada pela leitura, amante das letras ela agarrou-se a essa oportunidade e ousou reviver seus sonhos de infância. E no ano de 2021, iniciou esse feito com participações em algumas coletâneas/antologia. Cronista no Jornal Comercial de Francisco Morato e Região. Poetisa Camaquianista - Acadêmica Imortal/ABC –Patronesse Carolina Maria de Jesus - Cadeira 39 (29/10/21), bem como, membro efetivo da Academia de Literatura Brasil/ALB - Cadeira 50 (08/11/2021) - Patrono Machado deAssis. Primeiro livro solo - DO OUTRO LADO DA JANELA. Claudevalda Souza-Claudia E-mail: desouzaclaudia3@gmail.com Instagram: @claudevaldasouza Faaebook: Claudevalda Pereira de Souza

UMA MULHER!

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Uma MULHER despertando-se para o agora, decidiu que deveria se olhar por completo e na beleza do momento: ela se enxergou. Não consegue descrever as sensações sentidas. Entretanto, ela tem conhecimento que foi uma viagem espetacular, de dentro para fora. Viajou por entre seus medos e decidiu dar nomes a todos eles. Com caneta e papel nas mãos posicionou-se diante do espelho e com encanto descobriu seu grande medo. Ela não tem medo de se enxergar, conhece sua sensibilidade. O que desperta nela inquietações é pensar que no movimento cotidiano, família, trabalho e afins ela se sinta insegura, sendo obrigada a ESQUECER de sua essência, ou seja, o quanto ela, a MULHER é completa, apesar da incompletude humana. Então maravilhada, descobriu! Que para prosseguir sua vida, dia após dia, livre de todos os fardos, inquietações e julgamentos. É necessário que você MULHER saiba que está pronta para tal feito, que …O MOMENTO É AGORA… De seguir adiante, de forma plena dentro da individualidade e completude da sua alma, essência e corpo de MULHER.

Mulher

Cristiane Ventre

Eu sou a gota d’água nas folhas após a chuva Orvalho em pétalas de flores A semente que germina e brota em árvore e fruto Eu sou as mãos que se unem em oração e fé A delicadeza de todas as formas e esculturas

Esperança que nasce todas as manhãs As cores todas que se formam no arco-íris Criação e criatura Humilde diante das maravilhas feitas pelo Criador Eu sou aquela que caminhou Pelas montanhas e desertos durante momentos difíceis

Mas renasceu no amor e no sonho de dias melhores

Sou o sorriso e o abraço que acolhe E o brilho de toda constelação O girassol e um campo de trigo Sou a leoa das savanas

Sou toda a complexidade e maravilha de ser Mulher.

Cristiane Ventre

Dilma Barrozo. Professora da rede pública e vive em Campo Grande, Rio de Janeiro, onde nasceu. Licenciada em Pedagogia e Letras pela UFRJ, com especialização em Literatura Brasileira pela FEUC, Cultura Africana pela UEZO, e Mediação de Leitura pela UFC. Não entende a vida sem poesia e acredita que a leitura é essencial ao aprimoramento do ser humano. É mãe e avó, escritora e poeta, autora de CONSENTIMENTO e TEMPORAL livros de poesias. Participou de várias antologias de contos e poemas. https://facebook.com/dilma.barrozo https://instagram.com/dilmabarrozodb

AH, MÃE...

Tenho um arrependimento: talvez por hábito, prepotência, Egoísmo, imaturidade, ou vaidade nunca olhei mamãe lá no fundo, não sei...

ficava tão encantada com a inteligência de papai que me acostumei com sua imagem doméstica e não cheguei a enxergá-la plenamente via a mãe, a dona de casa, não a mulher

fiquei muito triste quando ela me disse um dia do desejo de ter estudado, de ser culta, de falar e escrever bem como acha que eu e papai fazemos

a surpresa da revelação me fez olhar pra trás e me deixou estupefata: me fez ver a renúncia, a submissão

a transferência do sonho, a realização através do marido e filhas

me doeu muito... gostaria de ter entendido antes, de ter vislumbrado antes e de ter feito alguma coisa

perdão, mãe, se eu subestimei você

como pude ser tão cega e compreender tão pouco achando que você não compreendia nada!

Elizandra Sabino nasceu em São Pedro de Turvo/SP e mora em Ourinhos/SP. É professora na Secretaria Estadual do Estado de São Paulo.

A CASA DE MINHA VÓ

Quem passava de tardezinha pela estrada Via minha vó varrendo o terreiro inteiro Com vassoura de guanxuma que deixava Tudo limpo, depois da poeira assentada. - Boa tarde Dona Gilinha! - Vamos apiá pr’a tomá café!

No terreiro de minha vó tinha um pinheiro Muito alto e cheio de cachopa de arapuá Tinha também muitas flores bonitas Rosas, mil cores, trombeta de anjo, sapateira, Onze-horas, bambuzinho, primavera E arruda semeada por todos os cantos Ali a gente brincava debaixo de sol Debaixo de chuva e também na enxurrada.

- Meu anelzinho andou, andou, em que mão ficou!

Como era lindo o terreiro da casa de minha vó.

Minha vó abria as janelas de manhãzinha - Acorda e levanta menina, vem ajudar a vó! Enquanto eu penteava e trançava seus cabelos Ela ia contando causos antigos de sua mocidade Tinha sido moça grã-fina e bem-educada Aprendera a ler e a escrever Com a professora dentro de casa

-Já aprendeu a matemática, menina? E me tomava a tabuada - Agora conta mais um causo vó! E de causo em causo, eu embarcava Na emoção de suas palavras “A menina da figueira” era o meu preferido Me fazia chorar aquela história tão triste

-Xô passarinho, xô passarinho da figueira do meu pai! -Xô passarinho, xô passarinho da figueira de meu pai!

Minha vó fora moça muito faceira Aos domingos, se arrumava toda bonita Passava pó de arroz e batom carmim E com saia godê acima do joelho Escondida do pai, atravessava o cafezal Pr’a dançar a noite inteira no salão

Minha avó se casou por obrigação Quando os irmãos chegaram com o noivo Ela tentou fugir do compromisso Mas não teve outro jeito Que vergonha seria uma solteirona na família Tinha que se conformar e cumprir sua sina Criar os filhos e cuidar do marido até o fim Quando ele caiu doente de cama Com aquela doença brava.

- O que é doença brava, vó? - Fica quieta menina, dizia baixinho!

Minha vó fazia todo o serviço de casa Bordava os lenções e toalhas de saco 41

Torrava, moía e coava o café Fazia biscoito no forno de barro Cambuquira, serralha e quibebe E sabia até quando ia chover.

- O tempo está mudando menina, Recolhe a lenha e coloque a paia benta P´ ra queima na taipa do fogão.

Quando caía a noite Minha vó acendia o candeeiro Fechava as portas e as tramelas E em frente ao oratório rezava P’ra Nossa Senhora, São Benedito E pr’o Buda também Presente do seu Jorge japonês

- Coloque água pr’o anjo da guarda E depois vá dormir, Menina!

Eu via seus passos vagarosos O cigarro de palha em suas mãos E a fumaça desfiando no silêncio De seus quietos pensamentos.

Como minha vó era bonita! Aquele terreiro florido Aquela casa Aquela mulher Aquela vida sentida Aquela sina aceita Teciam meus sonhos Teceram a minha vida.

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