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Hélio Guedes de Oliveira
Hélio Guedes de Oliveira. Acadêmico e Diretor da Academia Brasileira de Poesia (ABP), membro efetivo da Academia Internacional da União Cultural, tendo poemas, contos e crônicas publicados em antologias, revistas e blogs especializados no Brasil e no exterior, dicionarista redator e responsável pela consolidação do conteúdo das edições do Dicionário do Petróleo em Língua Portuguesa (Brasil, Portugal, Angola e Moçambique) pela PUC-Rio / Editora Lexikon. Professor Titular da Escola de Engenharia da Universidade Católica de Petrópolis (UCP) entre 1975 e 2010 e professor de cursos técnicos de pósgraduação em várias faculdades brasileiras. e-mail: falecomhelioguedes@gmail.com
VIVER LENTAMENTE
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Agora, os tempos de viver lentamente Como na placidez de um lagarto, Vivo e alongado preguiçosamente E sentido no beijo escondido de um quarto
E em horas marcadas sem ponteiros, Quem sabe, assim longe e perdidas, Na lembrança de tempos mensageiros De distantes sonhos e despedidas.
Lentamente, como em morna guia, Perceptível e esguia de livre enguia, Tendo o tênue e leve fio das teias, Nas gotas em passagem pelas veias.
Sim, lentamente, como o quase nada, Bem lá no fundo, como água escondida Em pedra rolada, bem perfumada E virada devagar, viva e surpreendida.
Viver sem pressa e sem querer, Sem chegar a lugar nenhum, como Se não existisse nada a nascer Sem pistas, desejos ou assomo.
Tudo bem devagar como fumaça Esquecida e esparramada no telhado, No embaço azul transparente da vidraça, No correr da chuva, lento e espalhado.
Viver lentamente, lentamente... Sem ânsia no olhar dos marcadores Na saudade do sempre ausente Em esperança da volta dos velhos amores.