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Luth Lemos
O TEMPO E A SAUDADE SÃO UM RELÓGIO Luth Lemos
Silêncio! Sim, antes de tudo Há sempre um nada. E silêncio havia antes do alarme tocar. Trim! Trim! Trim! Abro os olhos, começo a existir Ou seria acordar? Vou ao banheiro De frente para o espelho Parado a olhar Ouço o relógio Os cabelos brancos já posso observar Os dentes já não são mais os mesmos. Mas nem eu o sou! Quem se importa? Ouço o relógio! Tomo meu café Quente e amargo como sempre. Já estou de pé! Sento-me na cadeira E ali por um minuto Viajo por décadas
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Ou seria por uma vida inteira? Ouço o relógio! Lembro-me criança Correndo, brincando Tanta coisa já não é Hoje não corro mais Muito me dói o pé Sinto o relógio! Lembro-me dos abraços que se foram Dos cheiros que não sinto mais Os olhos se afogam Em água salgada Será que meu barco Atracou no cais? Sinto o relógio! Preso em um minuto do tempo Sinto saudade de um tempo vivido Teria esse tempo morrido? Ou estaria ele aqui, vivo comigo? Se a saudade aumenta com o tempo Seria o relógio o medidor Desse doído sentimento?