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Margarida Correia
Margarida Correia é natural de Lisboa, tendo nascido em 1975. Mãe, licenciada em Gestão e especialista informática de profissão. É viciada no poder dos livros. A palavra escrita, a folha branca e o carvão são a extensão da mão. Apaixonada pela poesia, é nela que encontra o equilíbrio dos dias. Participou com um poema de sua autoria na antologia de poesia «Alma de Mar», Volume I - Tomo II, da Chiado Books. Participou também com um conto de sua autoria numa coletânea, a ser publicada brevemente. Contacto: margaridacor@gmail.com
MEIO-DIA
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Vi-te chegar e tornámo-nos espaço, onde a translação eterna do amor contava impulsos no caule da espera.
Nas mãos, a promessa de sóis pintados em palavras enfeitava os passos que dávamos na via láctea do deserto dos olhares.
O anunciado ocaso repleto de desfocadas imagens, vestidas nas fomes dos átomos, células únicas em redor de uma corda plena de nós.
Despertámo-nos ao alcance daquilo que nos espantava: os mares abertos ao rasto da poeira dos cometas. E eram beijos os relógios que pousávamos nos pulsos.
No entanto, naquela rotação que não nos demovia do caminho,
vimo-nos partir e tornámo-nos tempo, onde a translação eterna da saudade foi conquistando o vazio preso entre os grãos de areia nas ampulhetas, correndo, atropelando-se, apressada, de lá para cá ou de cá para lá.
Mas, se a saudade tem hora marcada, de onde virá este tic-tac que corre nas veias, sussurrando a vertigem de acertarmos os ponteiros, numa cadência que há de vir,
sem testemunho de sombras,
a sul.