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Marina Alexiou
Marina Alexiou é mestre em Filosofia pela PUC/SP e estudiosa das Artes. Escritora de prosas poéticas desde 2009, participou do livro “Coimbra em Palavras, lançado em Portugal em 2018. Gosta de colecionar belas imagens, pois elas a levam para o seu mundo simbólico inspirando a sua escrita.
“Era um caçador que um dia decidiu converter-se em Natureza Assim conseguiu...a união das duas águas doces que em breve se lançam juntas no mar.” Roberto Calasso
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Um dia ele que, por amor àquela Ninfa Se transformou num rio para poder abrigá-la, Das cicatrizes do mar. Das móveis e eternas ondas, Cercadas pelo útero da atmosfera. Onde o colar de pérolas da espuma Consagra o tempo e a saudade De uma vida de buscas irrazoáveis. Nascente e caçador, um embate erótico De fusão das águas, Concedida pelo acaso da Graça maior... Nesse grande sonho, Enquanto o barco do seu espírito Sai do porto, Ela passa ao largo. Acontar as horas, não imagina Que um dia, há muito, fora ninfa, água, mar... Que busca o seu olhar saudoso sem saber por quê. Adizer: Não me mande embora... Não me deixe...
Sou eu!
<Alfeu eAretusa >
SAN MARCO
O seu interior majestático Convida a uma volta ao tempo interno da alma E à sua pequenez e grandiosidade, Que tendem a se equiparar. Ela brilha com as súplicas transversais das suas torres e ornamentos. O céu é seu cúmplice nesse apelo ao peregrino Que chega, e é instantaneamente tragado Pela beleza e esplendor, Envolto nos seus braços que a todos contém. As suas colunas são como portais de um paraíso Surgido de um desejo que não se conhecia inteiramente... Os anjos que lhe habitam, insistem no seu chamado E acolhem todos os medos, sonhos e espantos Encontrados nesse caminho terrenal. Quão singelo é o murmúrio dessa canção Entre a edificação laboriosa desse poder divino, Convivendo com a mudança dos tempos. Que, um dia, foram dedicados à encarnação dessa solidez Se fazendo eternamente terna e delicada Aos olhos daqueles que são piedosos...