Revista Plural 2015.2

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EDITORIAL | CECÍLIA ALMEIDA

editorial

Esta é mais do que uma coletânea de textos. Surge de um esforço coletivo de produzir um trabalho comum. Comum, porém diverso. Que contemple gregos e troianos, para todos os gostos. Plural. Nesta primeira edição, a reportagem de capa, de Larissa Alves e Isabella Barbosa, traz para os viajantes de plantão dicas reunidas para economizar nos roteiros de viagem. Por sua vez, Alberto Alves, apresenta a luta diária de bravos guerreiros, os atletas e paratletas pernambucanos. Também na temática de esportes, o repórter Lucas

Wild discute as dificuldades dos clubes de futebol na conquista e fidelização de sócios. Os limites da vaidade são questionados na reportagem de Isabela Carvalho, que investiga o universo das cirurgias plásticas. As ações de combate à violência contra a mulher é tema da matéria de Cibelly de Oliveira, que conheceu o programa Gênero e Educação, no município do Paulista. O bate-papo da repórter Ramone Soraia com um ex-presidiário promete tirar o leitor de sua zona de conforto e provocar reflexão. As

crônicas de Thalita Malheiros e Letícia Silveira discutem temáticas fundamentais, machismo e intolerância, com a leveza característica do gênero. O leitor ainda poderá conhecer trabalhos culturais a partir de resenhas críticas. De tudo um pouco, junto e misturado, a partir do olhar de jovens repórteres assumindo seus primeiros riscos no mundo do jornalismo. Espero que a viagem nesse universo tão diversificado seja enriquecedora e prazerosa. Boa leitura!

Esta revista foi elaborada em atividade interdisciplinar. As reportagens foram produzidas por alunos do curso de Jornalismo da FBV/DeVry, na disciplina Oficina de Jornalismo, ministrada pela professora Cecília Almeida. O Layout foi elaborado e trabalhado por alunos do curso de Publicidade e Propaganda, na disciplina Computação Gráfica Aplicada, ministrada pelo professor Leonardo Ariel.


Cronica - Eu sou muito bonita para isso - Thalita Malheiros

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Reportagem - Cirurgias plasticas - Isabela Carvalho

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Resenha - Amélia - Nivea

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Reportagem - Marketing esportivo - Lucas Wild

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Reportagem - Atletas Pernambucanos - Alberto

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Reportagem - Viagens economicas - Larissa Alves e Isabella

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Reportagem - Programa Gênero e Educação - Cibelly Melo

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Comentario - Desabafo de um detento - Ramone

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Resenha - Hoje eu nao quero voltar sozinho Cibelly

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Cronica - Tolerancia - Leticia Silveira

INDICE

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“” EU SOU MUITO BONITA PARA ISSO Por Thalita Malheiros

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polêmica mais falada nos últimos dias foi a suposta separação de casais famosos por “causa” de uma babá. A mulher que foi o pivô da destruição de uma família, que nem sabemos se foi realmente destruída, é incrivelmente bonita. O casal em questão é Tom Bradley e Gisele Bündchen, a modelo mais bem paga e famosa do mundo. Possui uma beleza exuberante, invejada por muitos e talvez até pela babá em questão. Vários tabloides falaram sobre o caso: o vazamento de uma foto da cuidadora no jatinho do marido de Gisele. O que me fez pensar foi um comentário de conversas realizadas no programa Encontro com Fátima Bernardes, televisionado por volta das 11h. Um dos convidados solta o seguinte comentário: “Quem mandou contratar uma babá tão bonita assim?”. O que torna tudo isso mais engraçado é que a “patroa” em questão é somente Gisele Bündchen (!!!), um ícone mundial no quesito desejo e aparência.

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Essa fofoca toda me faz lembrar de uma história bem peculiar de uma tia minha, chamada Fernanda. Depois de praticamente seis entrevistas com possíveis babás para seu primeiro filho, na sétima ela conseguiu contratar uma que era péssima, mas a melhor qualidade era sua feiura. Um estereótipo muito conhecido: mulher bonita não é pode trabalhar dentro de casa com seu marido. Isso me intriga. Por que não pode? - Prazer, meu nome é Maria do Socorro, vim me candidatar a vaga para cuidar do seu bebê. - Desculpa, minha filha, você não serve para vaga, você é muito bonita para isso. Porque a culpa da futura traição do meu marido com você será sua. E minha, que permiti esse ultraje. Seria cômico se não fosse trágico. Toda vez a mulher leva a culpa quando o tema é traição. Óbvio que mulher terá culpa eventualmente, mas por que o homem sempre é colocado por último na escala? Por que não pode ter sido ele que convidou para um possível passeio no seu belo jato? Ou ele que usou roupas curtas? Julgar (e culpar) a mulher é muito mais fácil, por causa de uma cultura machista que vivenciamos. Uma amostra é um tema como esse, que se vê muito presente. Para deixar um apoio a nossa Maria do Socorro, torço para que você não fique aflita. Pode existir uma carreira de modelo pela frente, não se desespere.


Cirurgia Plástica

Por Isabela Carvalho

Até ond ev ai a vaidade?

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mamárias masculinas, problema que afeta 50% dos epois de quase dois anos de espera, Eliza- meninos durante a adolescência”, explica dr. Bruno. beth finalmente se submeteu a uma cirurgia plástica. Mas os procedimentos campeões entre homens e muDesejando um corpo para o qual as roupas tivessem lheres são a toxina botulínica e o preenchimento. um caimento melhor, ela conta que estava bastan- Em seu site, o médico possui inclusive uma te ansiosa para o procedimento: “Antes da cirurgia, quando eu ia ao shopping, virava para a minha filha e área destinada a esclarecimentos sobre os procedidizia ‘Quando eu fizer minha plástica, vou poder usar mentos cirúrgicos que ele realiza. Na página, o paciente que desejar obter mais informações sobre a roupas assim’”. cirurgia de seu interesse poderá encontrar um vasto Após 62 dias de pós-operatório de três inter- material informativo, com vídeos, fotos e textos. Também é possível encontrar recomenvenções cirúrgicas, duas no abdômen dações para o pré e pós-operatório. e uma na mama, Beth, como prefere ser chamada, conta que muitas rou- “Cada caso é diferente do oupas que antes não cabiam nela agora tro, mesmo que seja para um O cirurgião esclarece que, apeestão folgadas. “Até calcinha estava mesmo procedimento cirúrgi- apertada em mim e agora voltaram a co. Por questões de segurança e sar das informações estarem dispocaber. É impressionante como estou saúde do paciente, sempre deve níveis, nada substitui uma consulta me sentindo bem após os procedi- haver mais de uma consulta ao ao profissional. "Cada caso é diferenmentos”, conta, entusiasmada. Com médico. É necessário realizar te do outro, mesmo que seja para um 56 anos, essa foi a segunda cirurgia exames, ter um acompanha- mesmo procedimento cirúrgico. Por da paciente em apenas 10 meses. A mento para garantir o sucesso questões de segurança e saúde do paciente, sempre deve haver mais de primeira, em outubro do ano passa- da cirurgia” uma consulta ao médico. É necessádo, foi uma correção nas pálpebras. rio realizar exames, ter um acompa“Fiz porque tinha bolsas muito fundas na região dos olhos que me davam aspecto de can- nhamento para garantir o sucesso da cirurgia”. sada”. Os dois procedimentos de Beth foram realizados pelo cirurgião plástico Bruno de Andrade Lima, que atende uma média de 100 pacientes por mês em seu consultório, entre homens e mulheres. “As cirurgias mais procuradas são a abdominoplastia, que é a redução de gordura e pele na região do abdômen, mamoplastia, feita na mama, rinoplastia, no nariz, e lipoaspiração, que é a retirada de gordura localizada”, comenta o médico. Embora muitos pensem o contrário, os homens também procuram cuidar da aparência através de procedimentos cirúrgicos. “Em geral, as cirurgias mais realizadas nesses pacientes são a da face e a ginecomastia, que consiste numa correção das glândulas

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Resenha crítica da música “Ai, que saudades de Amélia!”, de Mário Lago e Ataulfo Alves. Por Maria Nívea Siqueira Melo Sucesso na Era do Rádio na primeira metade do século XX, a canção “Ai, que saudades de Amélia”, composta por Mário Lago e Ataulfo Alves, nasceu numa despretensiosa conversa de botequim, mais precisamente no memorável Café Nice, no Rio de Janeiro. Historiadores afirmam que a inspiração veio de uma exímia lavadeira por nome de Amélia, que prestava serviços à sambista Araci de Almeida. Diz a lenda que nas rodas do Nice, sempre que algum boêmio queria se referir a uma gueixa do lar, bastava sublinhar os predicados da tal Amélia, até então anônima. A moça lavava, passava, cozinhava com louvor. Em 1941, a história deu samba, eternizado a quatro mãos por Lago e Ataulfo. A música figura como um dos sambas mais conhecidos na MPB. Na letra, Ataulfo sempre compara Amélia a uma segunda mulher, esta sempre vista em tom de crítica, num contraponto entre a subserviência e a autoafirmação. Admita! Ao ouvir a melodia “Ai, que saudades de Amélia”, qual ser pensante nunca se perguntou: mas essa mulher existe mesmo? O fato é que, se nunca existiu, permeou o imaginário masculino como referencial de mulher perfeita, do tipo que, numa extrema anulação de si mesma, ‘acha bonito não ter o que comer’. Atitude mais franciscana, impossível.

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Sim, para os machistas de plantão, “Amélia era a mulher de verdade”, capaz de se despojar do luxo, riqueza e vaidade, numa submissão capaz de desmontar qualquer teoria prófeminismo de Simone de Beauvoir.

Letra da canção Nunca vi fazer tanta exigência Nem fazer o que você me faz Você não sabe o que é consciência Não vê que eu sou um pobre rapaz Você só pensa em luxo e riqueza Tudo o que você vê, você quer Ai meu Deus que saudade da Amélia Aquilo sim que era mulher As vezes passava fome ao meu lado E achava bonito não ter o que comer E quando me via contrariado dizia Meu filho o que se há de fazer Amélia não tinha a menor vaidade Amélia que era a mulher de verdade Ataulfo Alves / Mário Lago


JOGADA ENSAIADA PARA ATRAIR SÓCIOS Por Lucas Wild

Setor de marketing dos clubes de futebol têm trabalhado pesado em diversas ações

O torcedor de clubes de futebol no Brasil é, historicamente, leal. Raros são os casos de torcedores que trocam de time. Mas o torcedor brasileiro, também historicamente, não investe muito de seu suado dinheiro nos produtos oficiais dos clubes e em programas de sócios. Primeiro porque existe essa ideia de ter que existir uma motivação especial. Segundo porque financeiramente nem sempre é viável, principalmente em tempos de crise.

“Eu sou torcedor do Sport desde criança e sempre tive vontade se ser sócio, mas meu pai não tinha condições financeiras para se associar”, conta o estudante Matheus Santiago, de 21 anos. “Quando eu tiver liberdade financeira, eu vou me associar. Mas deveria existir um plano pra estudante, pois muitos amigos meus também têm vontade de ser sócios, mas os planos são muito caros. O plano mais barato só dá desconto para comprar ingresso, sem vantagem nenhuma”, conclui. Os torcedores estão mais exigentes quando o assunto é se tornar sócio. Não querem apenas comprar ingressos e ir assistir aos jogos nos estádios, como é o caso do talhador industrial Florentino Lima, 49 anos: “Não

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vejo vantagem em ser sócio e não poder estacionar meu carro no estacionamento do clube”, aponta. A questão do estacionamento é muito criticada pelos sócios, que não podem estacionar no clube em dias de jogo e ficam expostos aos riscos de estacionar seus veículos nas ruas próximas ao estádio. Para conseguir driblar essas questões, os próprios clubes devem pensar em mudanças necessárias. Pode vir por títulos, por ações específicas, por manutenção de seus ídolos. Como exemplo, podem-se citar os clubes da Europa, como Manchester United e Barcelona, que investem pesado em marketing e em ações que gerem receitas para agregar valor à marca do clube, utilizando seus jogadores como verdadeiros garotos propaganda dos times, em parceria com as empresas de material esportivo e investindo em ações de fidelização dos seus torcedores. Um exemplo de Pernambuco é o Sport Club do Recife, que faz parte do Movimento “Por um Futebol Melhor” – um ranking nacional de sóciostorcedores com vários clubes do Brasil e do mundo. Nele, o Sport ocupa o décimo lugar no ‘torcedômetro’ nacional. De acordo com o movimento por um Futebol Melhor, o programa atingiu, nesse ano, a marca histórica de mais de 1 milhão de sócios-torcedores e contribui para uma receita estimada de R$ 400 milhões/ano no futebol brasileiro. O programa de sócio do Sport recebe o nome de “Sport de verdade”. O time atualmente conta com 41.364 sócios-torcedores. O plano mais barato custa a mensalidade de R$25 e se restringe ao direito de desconto na compra de ingressos para os jogos do Sport realizados na Ilha do Retiro ou Arena Pernambuco. Para atrair e fidelizar os filiados, o clube realiza diversas ações de marketing. As campanhas em parceria com a agência Olgivly, inclusive, já venceram os principais prêmios de Cannes nas categorias de propaganda


A recente parceria com a Adidas, distribuidora de materiais esportivos do Sport desde o ano passado, tem rendido muito no quesito de vendas de camisas. O Sport ficou, de acordo com a Adidas, em primeiro lugar nas vendas de camisa de times patrocinados pela marca no ano passado e tem utilizado os jogadores do Sport, como Hernane “Brocador” e Durval, para a divulgação dos materiais esportivos do time. Para o futuro, o Sport planeja a reinauguração de sua loja oficial na própria sede do time e a construção de um museu, nos moldes dos que existem no maracanã e na Arena Corinthians, onde são exibidos os principais artefatos históricos e prêmios do clube. O clube tem investido em melhorias, como a reforma do alambrado, com a colocação de vidro nas sociais, uma ação realizada para melhorar a visão do campo, assim como a reforma no setor.

“Existem várias vantagens que o clube tem implantado para os sócios, como descontos nos produtos oficiais e compra antecipada de ingressos pela internet. Também participamos de eventos no clube, como entrevistas coletivas e lançamentos de uniformes. Mesmo morando em Roraima, pago todo mês a mensalidade por amor ao clube”, relata o representante comercial Alexandre Santana, 35 anos.

O uso da estrutura de lazer e de práticas esportivas também são considerados diferenciais por Alexandre: “Podemos usar a sede do clube, como as piscinas e as quadras poliesportivas. Coloquei minha filha e esposa como dependentes para poderem usufruir desses benefícios.” O sentimento de carinho e identificação com o time ajuda na hora de se tornar sócio. “Sou sócio há 11 anos do Sport e o principal motivo é que tenho a sensação de ajudar o clube, pois o sócio é quem viabiliza a contratação de mais jogadores e a manutenção”, comenta Júnior Araújo, 30 anos.

O investimento em tecnologias e as contínuas melhorias são fatores que também fidelizam os sócios. “As novas catracas de acesso para os sócios agilizaram muito a entrada nos dias de jogos. Antes, o acesso era muito demorado, e já cheguei a perder o início de uma partida por conta de filas”, conta o estudante Caio Menezes, 20 anos. Além de ajudarem seus clubes, os associados aproveitam também os benefícios oferecidos pelas empresas parceiras do Movimento por um Futebol Melhor: Ambev, Unilever, Pepsico, SKY, TIM, BIC, Centauro.com.br, Easy Taxi, Multiplus, Editora Abril, Méliuz e Raízen. Tentamos entrar em contato com a assessoria de imprensa e com o departamento de marketing do Sport Club do Recife, porém não obtivemos resposta até o fechamento dessa edição.


NOVA ROMA DE BRAVOS GUERREIROS Por Alberto Alves Os atletas pernambucanos estão colocando o nosso estado no alto do pódio brasileiro. A cada ano que passa, um número cada vez maior delesé destaque em várias modalidades esportivas.Antes, só alguns se tornavam conhecidos, principalmente no futebol e no voleibol. Atualmente, atletas como Joanna Maranhão (natação), Keila Costa e Yane Marques (atletismo), Teliana Pereira (tênis), Guilherme Rocha (jiu-jítsu), Gabriel Pinheiro (judô), entre outros, surpreendem o Brasil a cada dia. Em 2015, onosso orgulho aumentou ao ver queeles estão na elite do esporte. Nos jogos pan-americanos realizados em Toronto,Canadá, os atletas pernambucanos ajudaram o Brasil a ganhar várias medalhas e a conseguir o terceiro lugar, perdendo apenas para os Estados Unidos e o Canadá.Ao todo, o Brasil conquistou 161 medalhas, sendo 41 de ouro, 40 de prata e 60 de bronze. Nada menos do que dezessete atletas pernambucanos participaram dos jogos. O maior número de atletas do estado que já disputou a competição.Os pernambucanos participaram das seguintes modalidades: pentatlo moderno, com Yane Marques, Larissa Lellys, Priscila Oliveira e Felipe Nascimento; atletismo, com Keila Costa (saltos triplo e em distância), Wagner Domingos (lançamento de martelo), Érica Sena e Cisiane Dutra (marcha atlética) e Ubiratan dos Santos (salto em distância); natação, com Etiene Medeiros e Joanna Maranhão; handebol, com Samira Rocha e Bruno Santana; futebol feminino, com Bárbara (goleira); basquete, com

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JP Batista; evôlei, com Jaqueline Carvalho e Dani Lins. Poucos meses depois, o Canadá sediou os jogos parapan-americanos. Neles, a festa pernambucana e brasileira foi muito maior, pois o Brasil conquistou o primeiro lugar. A competição também foi realizada em Toronto. A distância do número de medalhas de ouro foi mais do que o dobro para o segundo colocado, o Canadá. Ao todo,foram 255 medalhas, sendo 109 de ouro, 74 de prata e 74 de bronze. A equipe brasileira contou com a participação de vários pernambucanos. Em especial, o Basquete em Cadeira de Rodas, que contou com cinco jogadores (Berg Nascimento, Erick Epaminondas, Luciano Felipe, Sérgio Alexandre e Anderson Ferreira).No Basquete Feminino, Rosália Santos disputou seu quarto Parapan. O Futebol para Cegos contou com a participação de Raimundo Nonato. Como os paratletas estão se destacando no âmbito mundial, novos patrocínios começam a surgir. A Braskem, líder mundial na produção de biopolímeros e a maior petroquímica das Américas, decidiu investir na equipe brasileira de para-atletismo. O patrocínio terá duração de doze meses, tempo depreparação para o campeonato Mundial, no Catar. Em Pernambuco, o Centro Esportivo Santos Dumont, em Boa Viagem, sempre é lembrado quandose fala em preparação de atletas. Diariamente, várias turmas,em vários turnos, se revezam no treinamento, tanto na natação como no atletismo. Os professores são os maiores incentivadores dos atletas. Foi lá que encontramos Sylvio Ubiratan


da Fonseca Jr, 20 anos, natural do Recife. Ele é um paratleta da natação, especializado nos 100m, nado peito. Com5 anos, começou a nadar, aconselhado por um médico por causa de uma deficiência na tireóide, glândula que regula o crescimento. Com 17 anos,começou a competir e conquistou sua primeira medalha nacional. Já foi campeãobrasileiro nos Jogos Escolaresde 2012 e

Sylvio Ubiratan Fonseca Jr Foto: Ramon Diniz

vice-campeão dos Jogos Escolares de 2013. No Norte-Nordeste, conquistou o terceiro lugar. Ele ocupa o 6º lugar no ranking brasileiro, adulto, na sua especialidade. Cursando Educação Física no Instituto Brasileiro de Gestão e Marketing – IBGM,o dia se torna cheio de atividades. Natação pela manhã, academia à tarde e estudo à noite. Como objetivos principais no esporte, ele deseja bater o recorde nacional e participar de uma Olimpíada ganhando uma medalha.Com os treinos, diz que em dois anos vai consegui-

los.Para ele, ganhar medalhas não deve ser o pensamento principal de um atleta. “Isso não tem nada a ver com evolução. O principal é baixar o tempo a cada prova. Quando o atleta baixa um segundo no seu tempo, o treinamento valeu a pena.Isso faz com que as medalhas venham”, relata. Sylvio diz ainda que Pernambuco não tem competições estaduais para os paratletas. Se tivesse, o rendimento seria bem melhor. Já Gilberto Silva dos Santos, 52 anos, casado, duas filhas, perdeu as pernas quando tinha 21 anos. Como gostava de jogarbasquete, começou a treinar em cadeira de rodas. No começo, sentiu dificuldades, pois as regras são adaptadas, além do choque entre as cadeiras dos jogadores. Quando um é derrubado, a jogada prossegue e o jogador tem de levantar sozinho. Mas, com treino e dedicação conseguiu tornarse destaque na especialidade. Começou na Associação Desportiva para Deficientes de Pernambuco e logo foi para a Seleção Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas. Jogando de armador, acumulou vários títulos e medalhas, destacando uma Copa Sulamericana. Sente orgulho de ter participado da seleção pernambucana que representou o Brasil na Venezuela, onde foi campeão. Ele lembra que a equipe saiu num jornal de Pernambuco com a matéria: “Show de Pernambuco na Venezuela”. As dificuldades na vida de um paratleta são grandes. Certa vez, foi para Curitiba de ônibus (mais de dois dias de viagem). “Curitiba é longe. Você chega lá quebrado. Mas fomos campeões. Jogamos com raiva”,disse. Do torneio, veio a convocação para a seleção brasileira que disputou a Copa América. Daí a classificação para o Mundial. Na sequência,


o Canadá. Gilberto está sempre a mil por hora. Para ele, não existe tempo ruim. Já pulou de avião, usando paraquedas.Segundo ele, sua esposa, de tão nervosa, não quis nem ver, mas ele estava bem tranquilo. Suas filhas estão sempre apoiando. Atualmente,está trabalhando numa empresa, mas continuaa competir. Agora, com mais dificuldade,pois muitas vezes não é liberado para participar das competições.E, às vezes, tem de pagar a passagem do próprio salário, para participar de um torneio. PATROCÍNIO Quando se olha para o salário de alguns jogadores, a tendência é generalizar pensando que todos ganham bastante dinheiro com os esportes. O público esquece que 95% deles ganham apenas o salário mínimo. Nos desportos ainda é pior. A maioria dos atletas não têm salário nem nenhum incentivo.A falta de verba é a grande desculpa do governo para não patrocinar. O bolsa atleta só premia os três que se destacam mais em uma modalidade. Assim mesmo,com um pequeno valor. Às vezes, o atleta recebe a passagem para o local da competição, mas tem que arcar com a alimentação e hospedagem. Em outras, a passagem só é conseguida um dia antes de uma competição que vai acontecer em outro estado. Isso faz com que eles não tenham um tempo de preparação no local onde será disputado o torneio. Para Kilber Fernando Alves, educador físico e presidente do Conselho Deliberativo da Confederação Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas – CBBC, a falta de patrocínio tem feito

com que muitos atletas saiam do estado. “Temos seis atletas da seleção brasileira, mas que não estão mais no estado, pois não temos condições para mantê-los”, afirma.Os atletas e para-atletas saem em busca de uma melhor infra-estrutura de treinamento e patrocínio. Vencendo as barreiras que lhes são impostas, como a falta de incentivo e muitas vezes sem ter um lugar ideal para treinar, muitos destes atletas são vencedores só por participarem. Porém, eles almejam muito mais do que isso. Querem ter seus nomes lembrados como exemplos de pessoas que se dedicam e dão certo no que fazem. Eles já podem contar com o orgulho que cada um de nós sente ao vê-los participar de uma competição. O hino de Pernambuco faz uma menção especial para nossos atletas, quando cantamos: “Do futuro és a crença, a sperança, Desse povo que altivo descansa Como o atleta depois de lutar...” Com satisfação, ao vê-los receber uma medalha de ouro, prata ou bronze, com a mão sobre o peito, juntemos nossas vozes às deles e cantemos para todo o Brasil ouvir: Salve! Ó terra dos altos coqueiros! De beleza soberbo estendal! Nova Roma de bravos guerreiros Pernambuco. Imortal, Imortal!

Gilberto Santos, na empresa onde trabalha Foto: Alberto Alves


Para trocar a roupa da alma

O mochilão é uma prática crescente entre os brasileiros. Mas, não é pra todos os públicos. ara Mario Quintana, viajar é trocar a roupa da alma. As viagens te fazem conhecer novos lugares, culturas e povos, além de renovar as energias, trazer um momento de descanso e novas visões de mundo.

O mochileiro Leonardo Vasconcelos em expedição pela América do Sul

Quem nunca voltou de uma viagem planejando a próxima?

É comum, dizem. Mas, em tempos de crise, é preciso pensar em uma forma de economizar para não deixar de realizar aquela viagem tão sonhada. Fugir dos famosos paco-

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tes de viagens e realizar um mochilão, prática crescente entre os brasileiros, é uma boa dica para economizar, embora esse estilo de viagem não agrade a todos os públicos. Esse novo jeito de viajar ainda assusta os mais conservadores que preferem os métodos tradicionais de viagens. É preciso ter coragem para sair da zona de conforto, colocar a mochila nas costas e sair pelo mundo. Quem já pratica o mochilão fala que o prazer da viagem vai além da aventura de conhecer os lugares por você mesmo; é, de fato, uma boa e nova forma de contar as moedinhas. O mochileiro Leonardo Vasconcelos, 30 anos, teve a oportunidade de realizar duas viagens desse tipo. No primeiro mochilão, ele passou 32 dias conhecendo cinco países da América do Sul. Argentina, Bolívia, Chile, Peru e Uruguai foram os destinos escolhidos. Nesta segunda vez, Léo preferiu conhecer um país inteiro sem deixar de lado os famosos pontos turísticos, mas visitando outros pontos e trilhas mais locais pelos quatro cantos do país. O viajante deu algumas dicas básicas para quem deseja praticar a modalidade. Primeiro, fuja de hotéis caros, prefira pousadas ou hostels.Hostels são albergues que recebem esses tipos de viajantes. Nessa segunda alterna-


tiva de hospedagem, a pessoa tem a opção de ficar em quartos individuais, duplos ou até com 30 pessoas. A grande vantagem do hostel é essa: ficar em lugares compartilhados. Quanto mais acompanhantes você tiver, mais barata fica a hospedagem. O local também é ótimo para quem quer conhecer novas pessoas dos mais diferentes lugares. Em sua maioria, oferecem café-da-manhã e copa para que o visitante cozinhe suas próximas refeições.

O terceiro mochilão de Leo foi no México.

Quer ganhar um dia e economizar uma diária na hospedagem? Viaje à noite, para descansar durante a viagem e já acordar num novo destino. Escolha meios de transportes mais econômicos, como ônibus, metrôs ou trens, assim você não precisa pagar por voos. Na hora de experimentar a comida local, a dica é evitar os famosos restaurantes da cidade e optar por lugares onde

a comida seja mais caseira, economizando tempo, em relação a reservas, e dinheiro. Em relação aos passeios, Léo disse que dependia muito do que ele queria visitar. Em alguns lugares, foi por conta própria. Para outros, ele contava com o auxílio de um guia local. “Em ruínas, por exemplo, que tinha bastante história, eu preferi realizar com um guia. Nada melhor que um local falando sobre sua região. Em outros lugares, eu lia a respeito e seguia viagem”, contou. O viajante ainda falou sobre aplicativos que sempre usa em suas viagens. Os principais eram para ver o clima e tempo, um para conversão de moedas, e, segundo ele, o fundamental é ter um aplicativo para gerenciar suas reservas nos hostels, como o www.Booking.com. O mochileiro Clovis Neto também pontuou os hostels como diferencial na hora economizar em uma viagem. ‘Você realmente economiza quando usa esse tipo de hospedagem, além de conhecer gente de todos os lugares”, disse. Clovis passou 15 dias conhecendo as cidades europeias de Amsterdã, Roterdã, Berlin e Dortman, levando na mochila cerca de £850. Ele indica o aplicativo Hostel World para gerenciar as reservas. “Ele é muito fácil de ser utilizado e confiável. Na hora de


escolher um determinado alojamento, pesquisava se ele era perto dos centros para me locomover mais facilmente”, completou. Entre as dicas dadas pelo mochileiro, ele comenta o uso de um aplicativo para caronas, que são comuns em países na Europa. O viajante usou o Blablacar, que está disponível nos sistemas operacionais Android e iOS. “De fato, eu economizei bastante com o aplicativo. Ele também é muito simples de usar, além de ser bastante seguro. Eu não tive nenhum problema”, comentou. Quem deseja usar o aplicativo entra em contato com quem está oferecendo a carona. Você informa a origem, o destino e o horário para encontrar a pessoa e resolvem a questão do pagamento que, em alguns casos, é feito pela quilometragem utilizada. “Dependendo do lugar que queria visitar, ou até mesmo na hora de mudar de cidade, eu usei o aplicativo. Não precisei pegar metrôs ou trens, chegando a pagar £3 em uma carona amiga. Não me lembro de ter pago mais de £15 por uma viagem”. Um bom momento para economizar em cidades europeias, segundo Clovis, é a hora de comprar água. “Nos supermercados, quando você devolve a garrafa, você ganha cerca de £0,25 de volta. Além de ser ecologicamente correto, você economiza

e ganha ao mesmo tempo“,orientou. Em relação aos passeios, ele contou que montou seus próprios roteiros antes da viagem, entrando em sites de mochileiros. “Fui conhecendo os lugares por mim mesmo. Lia a história do lugar e saía andando pela cidade. Peguei alguns mapas no hostel e dicas com atendentes ou até outros hospedes”. Com relação à alimentação, a dica foi a mesma de Leonardo: comer em restaurantes mais caseiros ou até mesmo fast foods de comidas tailandesa, italiana ou nas franquias mais famosas. “Esse não é o meu primeiro mochilão e, mesmo que fosse, acho que a experiência é válida demais”, pontuou Leo. Quem está precisando trocar a roupa da alma já pode começar a fazer seu roteiro.

Dicas

- Procure hostels para hospedagens mais em conta - Em passeios por locais sem muita informação, procure sempre um guia. - Utilize aplicativos como o foursquare o o tripadvisor para avaliações prévias. - Sempre bom ter um aplicativo de conversão de moedas para não ser enganado nas viagens e ter maior controle sobre os gastos. - O aplicativo Hostel World ajuda a gerenciar as reservas realizadas . - Para caronas, existe um app chamado Blablacar, que está disponível para Android e iOS.


da viagem. Os aplicativos não só auxiliam antes, mas também durante e depois do destino escolhido. Hoje, é comum encontrar usuários desse “novo modelo” de organizar uma viagem. Com tanto auxílio online, muitas pessoas preferem preparar seus roteiros sozinhas do que com o auxílio de agências. A procuradora da Fazenda Federal Marília Lima, 34, faz parte desse grupo. Ela utiliza essas ferramentas antes e durante as viagens: “Só vejo pontos positivos nessas ferramentas. Me auxiliam a encontrar os melhores preços de passagem, uso bastante o Trip Advisor, seja para conhecer os hotéis antes de fazer a reserva ou para encontrar as melhores atrações e restaurantes”, comenta. Clovis Neto em frente a Cologn Catedral, Alemanha

auxiliam no planejamento de viagens Com o avanço da tecnologia, é cada vez mais comum encontrar aplicativos e plataformas online que auxiliam na hora de escolher um destino e programar uma viagem. As funções deles são variadas e vão desde a busca de passagens, restaurantes e hotéis, até ajudar na hora de organizar as despesas

Dicas de Aplicativos: Kayak: Não é tão conhecido no Brasil, porém é bastante utilizado no EUA. Possui versões em português e em inglês. O Kayak auxilia na busca de passagens aéreas, hotéis e também no aluguel de carros. E como na maioria dos aplicativosque fazem busca de passagem, nele, é possível criar um alerta, no qual vai sempre avisar quando o destino escolhido pelo usuário estiver com o melhor preço.


Disponível IOS e

para Windows

Android, gem do mundo. A busca através do Phone. aplicativo é baseado na opinião de outras pessoas que também utilizam o serviço. Ele auxilia na busSkyscanner: Funciona como bus- ca de hotéis, criar roteiro, encador de passagens aéreas e sua contrar atrações e restaurantes. principal função é mostrar as Disponível para Android e IOS. melhores promoções e também compara os preços entre as companhias áereas e agências de via- Airbnb: Começou com um site gens. Ao fim da busca, mostra e hoje é também um aplicatiqual a melhor opção de compra. vo. Nele é possível alugar quarDisponível para Android e IOS. tos, apartamentos ou casas Trip advisor: Ele tem uma versão totalmente em português e possui uma interface fácil de ser utilizada. Talvez, por isso ele seja uma das maiores plataformas de via-

para ficar hospedado durante a viagem e na grande maioria das vezes é uma ótima opção para baratear custos na viagem. Disponível para Android e IOS.


Programa Gênero e Educação Aprovada pelo Congresso Nacional e sancio-

nada em agosto de 2006, a Lei Maria da Penha tem o objetivo de punir crimes domésticos de agressão física ou psicológica. Apesar disso, ainda é grande o número de mulheres que sofrem com diversos tipos de violência. Um balanço dos atendimentos realizados em 2014 pela Central de Atendimento à Mulher (ligue 180) da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República revelou que 43% do público feminino em situação de violência sofrem agressões diariamente. O levantamento também revela que 35% são agredidas semanalmente. Em Pernambuco, do dia primeiro de janeiro a 22 de agosto deste ano, 164 mulheres foram mortas, segundo pesquisa realizada pela Secretaria da Mulher do Estado. Se comparado ao mesmo período do ano passado, o número de homicídios teve aumento de 4,46%.

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Visando contribuir com a mudança cultural e social da população, a cidade do Paulista, na Região Metropolitana do Recife, implantou em escolas municipais o Programa Gênero e Educação. A ideia é orientar os alunos e familiares sobre a prevenção à violência contra a mulher. O Programa engloba dois projetos. O primeiro consiste na Formação em Gênero para os profissionais da rede municipal de Educação, incluindo gestoras e gestores, técnicas educacionais e demais educadoras e educadores. O grupo é capacitado para entender a política da igualdade de direitos e a prevenção à violência contra a mulher.


Quem ama abraça, quem ama abraça, quem ama abraça, quem ama abraça, cê não bota fé, mas ela só quer paz, bater em mulher, mano, nunca mais...

Este é um pequeno trecho da música, que já levou os adolescentes a se apresentarem em outras escolas, faculdade, autoridades políticas do estado, além da participação em um clipe. Quem puxa o rap é o estudante Ruan Pablo. Para o jovem, a composição ajuda na conscientização ao combate a violência contra o gênero feminino. No dia a dia, vários trabalhos práticos são desenvolvidos com as crianças. A Professora do 5° ano, Salete Soares, ensina aos pequenos que o respeito ao próximo é fundamental.

Rede Municipal A Escola Municipal Professora Teresinha Camarotti, que fica no bairro da Mirueira, em Paulista, foi a primeira a fazer parte do Programa, iniciado em 2013. O local conta com cerca de 900 estudantes, do 5° ao 9°, além de turmas de Educação de Jovens e Adultos - EJA. Segundo a Diretora da unidade de ensino, Midian Arruda, inicialmente houve receio porque ela não sabia como os professores iriam reagir com a chegada de um novo Projeto. Hoje, ela considera o Programa um sucesso. Midian afirma ainda que 2013 foi um ano bom, mas 2014 foi ainda melhor. Foi neste ano que os alunos no 8° ano, desenvolveram um Rap, tendo a Lei Maria da Penha como temática. Os estudantes tiveram a orientação do professor de matemática Cícero Santos. “Para mim, a importância do Projeto é enorme, porque o lugar ideal para combater a violência e conscientizar as pessoas é a escola. Começar com jovens e adolescentes para que realmente no futuro possamos ter uma igualdade de gênero e homens e mulheres possam viver em paz, sem violência”, diz o professor.

Karina Tavares, de 11 anos, afirma que já aprendeu sobre a Lei Maria da Penha, na escola. Ela diz sem medo de errar que o homem não deve bater na mulher. Mas não é só isso: a jovem estudante fala que o contrário também não deve acontecer. O município do Paulista quer expandir o Programa a outras escolas da Rede. O objetivo é chegar ao fim do ano com cerca de 30 unidades de ensino trabalhando o tema com os alunos. Isso significa que 50% das escolas municipais da cidade já estariam contempladas com os Projetos. O Programa “Gênero e Educação” ensina aos estudantes que, para uma mudança de comportamento na sociedade, a luta contra qualquer tipo de violência não pode e nem deve ser apenas de uma pessoa ou de um gênero. O trabalho é de todos.

Cibelly de Oliveira


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Desabafo de um detento Joaquim Lannoy, pernambucano, 28 anos, ex-presidiário, preso por tráfico de drogas, solto a menos de um mês, órfão de pai e de mãe, nascido e criado “feito bicho solto”, como se define. “Um recifense retorna à lama, e não ao pó. Chila, relê dó milindró”, disse Joaquim, apertando um baseado, com um sorriso vazio em meio a uma sala bagunçada. No chão, várias garrafas de vinho, e uma que chamava muito atenção: era de uísque e estava no centro, como se fosse o mais refinado vaso decorativo. Na TV, videoclipes dos Racionais MC’s. Lannoy foi condenado a três anos de prisão, mas em menos de nove meses já estava solto. Graças a 200 mil reais injetados na parte podre do sistema penitenciário. Em uma conversa, Joaquim revela, com sangue nos olhos, a revolta contra o sistema, e, acompanhando a letra da música, apoiou o cigarro que já estava fumando no canto da boca para recitar um verso que dizia: “60% dos jovens de periferia sem antecedentes criminais já sofreram violência policial. A cada quatro pessoas mortas pela polícia, três são negras. Nas universidades brasileiras apenas 2% dos alunos são negros. A cada quatro horas, um jovem negro morre violentamente em São Paulo”. Deu um pause e comentou que procurou o tráfico quando não encontrou educação, família e oportunidade. Não é novidade que o Brasil está com problemas por causa do famoso jeitinho brasileiro. O tráfico de drogas no nosso país hoje gera mais receita do que muitas empresas multinacionais. Os responsáveis por nossa segurança recebem dinheiro lavado com sangue, para proporcionar liberdade, quando deveria resguardar e cuidar desses reeducandos. Pois é. Senta e chora, porque o crime começa do mais alto cargo do poder jurídico. E foi esse o desabafo de um “Mano”, que conheceu o esquema de perto e viu que não tinha mais

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Por Ramone Soraia jeito para tantas pessoas corrompidas e compradas. “Me arrependo de ter gasto grana com advogada de dentro da lei. Eu perguntava pra ela: - doutora, a senhora vai me tirar dessa, não é? Ela dizia que sim. Quando ela chegava pra conversar comigo, era por um muro, muito doidera, uma parede só com alguns furos, pra não ter perigo do advogado passar nada pra gente”, contou Joaquim. “Hipocrisia, porque os facões entram pela frente”, completou. Enquanto tentava articular sua defesa, ficou sabendo por intermédio de um “mano” que a vara em que havia caído tinha esquemas. “Eu procurei o advogado que tinha treta com juiz e ele me pediu 200 mil conto. Eu dei. No dia da audiência só tinha eu, alguns estagiários, os policiais que me prenderam, molhei a mão de todo mundo e saí de boa”, disse Joaquim. “Às vezes eu nem acredito que estou aqui. Na hierarquia do tráfico, eu seria o sub-diretor”, comentou, sorrindo. Quando questionado sobre a sua própria mudança após o período encarcerado, ele respondeu: “Eu voltei a mesma pessoa, só que com olhares diferentes sobre uma nação destruída por um pecado eminente. A ambição é o câncer que corrói a nação”. Ele continua com as mesmas atividades de antes.


“Hoje eu não quero voltar sozinho” Por Cibelly de Oliveira

E se uma simples amizade entre dois adolescentes do sexo masculino se transformasse na descoberta do primeiro amor? O curta metragem brasileiro “Eu não quero voltar sozinho” levanta o delicado e polêmico tema de um possível relacionamento entre pessoas duas do mesmo sexo, sendo uma delas um garoto cego. A obra, que foi lançada em 2010, tem duração de 17 minutos, tendo Daniel Ribeiro como roteirista e diretor. A história é composta por três personagens: Leonardo, interpretado pelo ator Guilherme Lobo, Giovana, representada pela atriz Tees Amorim, e Gabriel, vivido pelo ator Fabio Audi. Na trama, Leonardo é um adolescente com deficiência visual que conta com a ajuda diária da amiga Giovana na escola e na volta pra casa. Com a chegada de Gabriel no ambiente escolar, Leonardo se vê confuso, pois precisa lidar com os novos sentimentos que surgem e com o ciúme da amiga Giovana. Sem muita prática no assunto, Leonardo e Gabriel encaram o medo e o encanto do primeiro beijo.

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O personagem de Guilherme Lobo enfrenta dois tabus, ser cego e gay. O curta não mostra a inserção de Leonardo na sociedade ou na escola, onde já estava ambientado e usufruindo de amizades. Mas sua limitação o torna “dependente” do auxílio de sua amiga no dia a dia. As dificuldades enfrentadas por ele servem de exemplo para outras pessoas que possuem alguma dificuldade de relacionamento ou alguma disfunção corporal que interfere na autoestima e no cotidiano. Se aceitar e se descobrir a cada etapa da vida, chegando a uma autoafirmação, é o principal ponto abordado pelo autor.


E a tal da tolerância? Por: Leticia Silveira

Só pedindo a São Judas Tadeu muita pa- alguns casos? Bom quantas vezes já não ouvimos ciência para tolerar. É um desafio para qualquer falr que futebol, política e religião não se discutem? outro que tente. Talvez por conhecer várias facetas Então, se você não tem algo construtivo para expor de uma personalidade, consigo distinguir o bom ou até mesmo algo que faça as pessoas refletirem sosenso da paciência. A vontade de falar tudo o que bre tal, PORQUE INSISTIR EM FALAR, SEme vem à cabeça é maior do que meu pai, que tem 1m89cm de altura. Aí você está na sala de aula estudando sobre a responsabilidade social e percebe que as pessoas não têm paciência com assuntos polêmicos que causam muita, mas muita discordância. Mas está bem, vamos lá. Um exemplo citado inúmeras vezes recen temente é a crise política e econômica em que vivemos. Mas as pessoas não conseguem entender que há opiniões divergentes e que, mesmo que nós não concordemos, precisamos, ao menos, respeitá-las. Talvez por não conhecer completamente sobre os assuntos, ou talvez também por ter uma mente fechada, muitos não consigam ter a postura correta diante dessas situações. Mas o fato é: devemos ter, no mínimo, RESPEITO para com os outros.

Mas qual seria a melhor postura diante de

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NHOR?! Ressaltando que quando falo da discordância, me refiro não somente aos assuntos mais polêmicos, mas até nos simples, do dia a dia mesmo. Acredito que respeito é a base de toda relação, e que, se queremos viver em uma sociedade de paz e democracia, devemos tolerar e respeitar as opiniões alheias. Não se trata de omissão, e sim de saber e entender a outra faceta da moeda. Uma dica: se coloque no lugar dos outros e analise a situação. Se você se sentir incomodado, ótimo! Está aí um motivo para você não falar asneiras. Dito isso, acredito que a tal da TOLERÂNCIA seja algo tolerável entre nós.



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