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CAPITULO XXII - O PREÇO VIL 123/126

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SYNOPSE

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CAPITULO XXII O PREÇO VIL

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Ninguem pode dizer que deste pão jamais irá comer, ou que da suja aguinha não bebeu! Da dicta cuja bebeu ja, por signal, o proprio Cão! Comer o que o Diabo admassou não seria um problemão, si quem babuja de lingua em minha bota sobrepuja seu gozo com meu ganho e é bom patrão. Em summa, ser michê não é problema, comtanto que o cliente bom burguez se mostre e que gastar demais não tema. Mas, quando me apparesce só freguez sovina e pobretão, vejo um dilemma bem critico na frente, ao fim do mez.

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Foi outro que sahiu do Pepepê o Zephyro Ramires, a fallar tambem que ficou puto com Oscar Raposo Pires: haja dossiê! Depois que na "Lojinha do Basset" deixei de trabalhar, achei logar vagando de garçon e fui, no bar aberto por Ramires, ser michê. Quem acha isso exquisito, entenderá. Freguezes me assediam, e consente Ramires nisso: algum valor lhe dá. Eu saio com o lubrico cliente, lhe como o cu, lhe cobro a compta, e está feliz do bar o dono intelligente.

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Raymundo, de repente, fica extranho. Paresce que este nosso appartamento seria penhorado... Ainda eu tento saber o que se passa, mas me accanho. Então, que addeantou si a vida eu ganho comendo o cu das bichas e um sustento Raymundo não garante? Agora o vento nos leva a casa? Está de bom tamanho! Raymundo nada explica. Appenas diz que em tudo lhe falhou seu advogado, aquelle salafrario... Está infeliz. Não manjo de penhoras. Ao meu lado não tenho mais ninguem que nos civis direitos me soccorra... Estou roubado!

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Recorro a quem me resta: só Ramires. Indica-nos, em plena Crackolandia, um quarto de cortiço. Caso eu mande à parida a offerta delle, peço ao Pires? O Candido sumiu. "E não te admires si o vires pobre e um outro ja commande a antiga productora! Ja se expande a industria do cinema, em mãos de emires!" Raymundo, agora apathico, se porta de modo tão passivo! Tudo acceita! Qualquer esmolla vale! E se comforta! Vendemos a mobilia. A gente deita, agora, num beliche. À nossa porta não batte o cobrador, nem a Receita.

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