Horus Cultuliterarte

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ISSN : 2183-9204 EDITORA EDIÇÕES HÓRUS EDITOR CHEFE

INÊS NABAIS COLUNISTAS MADALENA CORDEIRO ANABELA FERREIRA CAROLINALINDEMANN MARISA NEVES ESTEVÃO DE SOUSA LUIZ AMATO CARLOS ARINTO MAURÍCIO DUARTE LÍDIA M. DOS SANTOS LETÍCIA BRITO

GRÁFICOS E DESIGN INÊS NABAIS

Contate-nos: SEDE

Rua de Olivença nº9 2ºEsq. Sala 2 2800-183 Almada

CONTACTO 968 487 291

WEBSITE

www.edicoeshorus.com

© 2016 por Edições Hórus. Todos os direitos reservados. A sua reprodução em um todo ou em parte é proibido. A revista Hórus Cultuliterarte é marca registada da Editora. Os textos publicados são da inteira responsabilidade dos autores e não dizem respeito à opinião do editor e seus conselheiros, isentos de toda e qualquer informação que tenha sido apresentada de forma equivocada por parte dos autores aqui publicados. .

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AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AAAA

EDITORIAL

N

esta que é a 2ª Edição da Hórus Cultuliterarte queremos destacar os magníficos textos e poemas que nos foram enviados até ao fecho desta edição. Foram muitas as candidaturas e

tivemos que cancelar as inscrições mais cedo, pois já tínhamos as suficientes num espaço de dias. Assim constatamos o quanto estamos a ter sucesso com esta nossa Revista que está ao alcance de todos que nela queiram participar e divulgar os seus trabalhos basta que nos seja enviado um e-mail até dia 29 de cada mês para edicoes.horus@gmail.com.

"Saúde, Amor, Trabalho, Dinheiro, Prosperidade, Paz, Esperança para todos em 2017"

No decorrer da revista irão encontrar poemas de Anabela Ferreira e Marisa Neves. Contos, Resenhas e Prosas de Madalena Cordeiro, Carolina Lindemann, Estevão de Sousa, Luiz Amato, Carlos Arinto, Maurício Duarte, Lídia Machado dos Santos e Letícia Brito. E ainda divulgação de Livros, Publicidade e Novidades! Quero dar as boas-vindas a todos os participantes desta segunda edição de muitas, e aproveitar para convidar novos participantes para as próximas edições. Esperando que esta edição vos agrade! Feliz Ano Novo para todos e cheio de sucessos! Até à próxima edição!

Inês Nabais Gerente/Editora das Edições Hórus e Autora desde os doze anos. Participou em Antologias. Publicou dois Livros pela Corpos Editora “Pedaços de Mim” e “Eu sou tu e tu sou Eu”, pela Poesia Fã Clube "Sonhos Coloridos" e em Edição de autor "O Sonho e a Sombra de Eduardo".

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Madalena Cordeiro Resenha: Família

Segue abaixo uma resenha crítica do Livro "A Ovelha Perdida Foi Encontrada". Contos reais ( num sentido figurado; a Ovelha, sou eu). Sentia-me perdida em vários momentos da minha vida, sem saber o que fazer. Minhas filhas foram levadas por eu estar trabalhando e não tinha com quem deixa-las. O que eu ganhava, não dava para pagar aluguel babá e despesas etc. Este Livro ganhou vida em 2015 pelas Edições Hórus. Lançamento realizado na 2a Edição d' O FESTIVAL 6 CONTINANTES 2015, em 17 de outubro de 2015, na SEME/ Auditório Antário Filho. Situada na Rua da Laje no 13, bairro Itaquari-Cariacica-ES. Locais de vendas do Livro: Livraria Wook, Bertrand, Sítio do Livro e Edições Hórus. Em 2013 lancei o 1o Livro de poesias, O SOL E A LUA vendas no site www.poesiafaclube.com Lançamento do mesmo, na Escola Municipal "RENASCER". Em 2014 lancei o 2o Livro AMIGA DA ONÇA. Lançamento também na Escola Municipal "RENASCER" CariacicaES. Vendas no site www.poesiafaclube.com administrador Ricardo de Pinho Teixeira. Tenho centenas de poesias, neste mesmo site participei com quatro poemas em: FRAGMENTOS DUETOS do Poeta João Murty. Meus poemas: 1o DOS TEUS OLHOS, 2o ENCONTRO LUZ, 3o AINDA GOSTO DE VOCÊ e 4oCHEIRO DE AMOR. Colaborei e organizei como Representante Oficial, na 3a Edição d' O FESTIVAL 6 CONTINENTES 2016 e 6 CONTINENTES TV. Autor e Diretor geral Filipe Larsen, Subdiretora Lisete Larsen. Apresentei a Alta-costura n'O FESTIVAL, em 2 de outubro de 2015, na Feira Cultura e Artesanato de Castelo Branco-Bela Vista Cariacica-ES. Coordenador e fundador Carlos Alberto Ramos de Albuquerque.

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Participação em várias Antologias, como por exemplo: Intercâmbio Cultural PALAVRAS ESCRITAS DO BRASIL. Organização: Jô Mendonça Alcoforado. Com um poema: ABERTURA DA COPA MUNDIAL 2014. Antologia PETS COMPANHIA (contos sobre nosso animal de estimação). Com o conto: A VIDA DE CYSSA. Organização: Antônio Guedes Alcoforado. Antologia SONS DO VENTO. Poemas: ANDORINHAS, EU PRECISO IR AGORA e PROFESSORA-MÃE (Sávia Maria). Organização: Inês Nabais. Estas são as mais recentes. Está sendo lançada a Antologia "Graças a Deus". Minha participação: "CARTA DE MEU IRMÃO ROCHA". Organização: Isidro Sousa. Coluna: Tema... "FAMÍLIA". No meu Livro "A Ovelha Perdida Foi Encontrada", só me encontrei ou, encontraram-me em família. Minha família de sangue e família Cristã. BIOGRAFIA Eu, Madalena A. Cordeiro da Rocha nasci aos 17 de setembro de 1956 em Afonso Cláudio-ES Brasil. Escritora, compositora, Membro do Conselho Fiscal do meu Bairro, Padre Gabriel Cariacica-ES. Vice Delegada da “Casa do Conselho Municipal de Assistência Social de Cariacica COMASC”. Participei do 1o Concurso de Desenho ODM Objetivo Do Milênio. Conquistei o 3o lugar na minha categoria. Com Certificado.

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Anabela Ferreira Sinto, logo existo! - Poesia

PHOTO BY FIRSTY LASTY

Dez dedos de dilatação às 6 da madrugada o sol na nascente se encostou se espreguiçou, de olhos arregalados clamou o sol eu sou! pulsando sangue vermelho Nasceu gritaram galáxias, para um dia igual a outros no horizonte morrer e de novo tornar a viver Cada vida é um sol, mundo igual ao eterno conflito do cosmos entre átomos e planetas entre conflitos, necessidade e desejos,

no perpétuo movimento entre contracção e dilatação batalhas e destruição, até fazer a construção, em unidade para de novo repetir cada vida é um mundo em desistência em contracção em dilatação em superação cego de dor pagos para desistir pagos para não sonhar pagos para ficar na miséria deixados na miséria para não sonhar, arrastados na miséria para desistir na cabeça ferida por bombas que caem

como chuva de meteoritos na via láctea na sombra da noite prata na luz de dias longos em Aleppo, no Iémen, na Faixa de Gaza noutros lugares na memória soterrados onde um pária na miséria não pensa, não existe na miséria não resiste apenas sente: na miséria não sou… já nem penso

como coração em fogo lento vem o dia de contracção em contracção chego aos dez dedos de dilatação e como num parto faço um acordo num cosmos em conflito, encontro o meu éden no lugar onde sinto, por isso existo desperto, e rebento…

mas se eu tenho consciência de ser feita do todo penso no ser que tenho de ser desperto e não estrago tudo

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Nasci em Bissau há 52 anos, filha de pai português e mãe Guineense com origem cabo-verdiana. Mãe de um rapaz de 27 anos e uma neta de 3 anos. Fui criada em Portugal pelos avós paternos, portugueses, que me ensinaram desde cedo a olhar para o mundo como humanista, rebelde, revolucionária, solidária, questionando sempre o que me rodeia, e, com esses valores construir a minha vida. Ligados à musica, ao teatro e à literatura influenciaram o meu caminho nas artes. Ao longo da minha vida fiz dança, aprendi 4 línguas, li e escrevi sempre, viajei e vivi em vários países a trabalhar (incluindo nas Nações Unidas em Moçambique) em formação, gestão de recursos humanos, traduções e turismo. Ao longo da minha vida, segui o conselho de Mark Twain: "não deixarei que o sistema educativo interfira na minha educação e fui estudando assuntos que sempre me interessaram: História, Sociologia, Línguas e literatura, Turismo, sem concluir uma licenciatura formal. Porém, estou neste momento a concluir uma licenciatura em Educação. Há alguns anos que escrevo em blogs, sites de turismo, sites de noticias, sites gerais, para um jornal local algarvio de pequena tiragem. Escrevo textos críticos sobre política, educação, cultura, cidadania, desobediência, sobre momentos que marcam a história da minha vida, poesia, crónicas do dia-a-dia, de viagens e contos juvenis. Tenho um livro editado por uma pequena editora “Corpos Editora” de crónicas das minhas viagens na espuma dos dias das terras que me acolhem enquanto cidadã sem fronteiras e multinacional. “Traços de momentos e viagens” foi o título que escolhi para o livro com traços de momentos da minha vida com prefácio da Drª Fernanda Teixeira ex Secretária Geral da Cruz Vermelha de Moçambique com quem trabalhei nas Nações Unidas em Maputo. Escrevi contos juvenis para contar lendas africanas em especial e outras de carácter universal. Fiz alguns clubes de leitura com escolas primárias de Monchique contando os contos juvenis que escrevi e em paralelo procurando incentivar a leitura e a escrita junto das crianças. Continuar esse projecto é um dos seus sonhos bem como editar um áudio-livro dos mesmos. Os clubes de leitura foram considerados por alunos, professores e Câmara Municipal de Monchique um sucesso. Escrevi um livro pronto a encontrar uma editora com pequenos contos sobre a violência sexual e doméstica. Quando o concluí criei um projecto com mulheres vítimas de violência doméstica para um dia vir a editar uma brochura com as suas histórias e fotografias. Os meus blogs: shaktigeia.blogspot.pt e viagensedesobediencia.blogspot.pt A minha página como autora no facebook : https://www.facebook.com/pages/Anabela-Sim%C3%B5esFerreira-B%C3%A9-supostautora-de-in%C3%A9ditos-que-vagueiam-no-ar/1397038870579088?ref=hl .................................................................................................................................................................................................... 11

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SINOPSE: Pela Metade nos traz o mundo de Xonxo. Um jovem negro e pobre, nascido no sertão da Bahia sob atutela do infortúnio, agraciado apenas com um membro de trinta e seis centímetros que hora pende para asorte, hora chacoalha para o azar, enfiando-se em confusões, levando-nos a uma história divertida, erótica emuito envolvente. Site para vendas:

http://editoracrown.com.br/site/2016/10/16/pela-metade/

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SINOPSE: Autora: Morphine Epiphany Editora Literacidade Gênero: Poesia Link para compra: http://www.sementesliricas.com.br/11-distorcoes-morphineepiphany Para compra nas mãos da autora, envie um e-mail para souavenger69@gmail.com .................................................................................................................................................................................................... 13

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A história de Sartrel e dos Ashamyr

Conto de Carolina Lindemann Foto de Stefano Ferrario

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O

s centauros são os únicos seres que têm o privilégio de conhecer seus deuses e de passar uma história precisa a cada geração. Entre, quando há um problema, não há condenação maior que o banimento. Entretanto, quando as ordens vêm de cima, até a morte pode vir sem julgamento. Ashamyr é o coração da pantera. Há poucas panteras entre as terras mágicas, e apesar de terem o tamanho de vários homens precisam se alimentar muito pouco e quase não deixam rastros. São observadoras do curso da natureza e raramente são vistas, pois se resguardam até o momento de sua morte, quando se afastam das outras. Entre as panteras não há o sentimento de saudade, já que não se pode associá-lo à espera do regresso do ausente; em geral, após esse afastamento não há reencontro. Ashamyr, o coração da pantera, morre com ela. Com tudo, em quatro ocasiões, aconteceu de a pantera ser encontrada e ter seu coração retirado segundos antes da morte, e dentro dele ainda estar vivo um Ashamyr. Assazi foi a primeira, arrancada para uma vida que não deveria ser só dela, pois seu destino é dar vida à pantera e morrer com ela. Depois vieram Shakti, Sore e Thar. Também chamados de os equilibristas, the balancers, interferem deliberadamente no curso das crises, quase nunca em busca de um novo equilíbrio, mas revertendo a situação em busca do equilíbrio antigo. Quando o primeiro centauro nasceu, Assazi estava presente.

Das muitas coisas que não se sabe a respeito dela, a principal é se sua presença foi apenas coincidência que alguém testemunhasse o nascimento do primeiro centauro ou se ela de fato interferiu no processo de forma que suas mãos criassem um novo ser. Há quem diga que sequer foi coincidência que Assazi encontrasse a égua em trabalho de parto, mas certamente não foi coincidência que ela reconhecesse a dificuldade e o risco a que a égua estava exposta e se pusesse a ajudar; o equilíbrio diz que mãe e filho devem sobreviver ao parto. E ali estava, nos braços de Assazi, o primeiro centauro filhote, de pelo cinza, tronco nu e os cabelos negros e lisos, longos já ao nascimento, que lembravam muito os de Assazi. Também não se sabe se a semelhança com ela serviu de incentivo para que ela cuidasse dele e, mesmo que fosse, ela provavelmente jamais diria a alguém. Os Ashamyr têm de fazer o que é certo, não importa o quanto estejam apegados a uma situação. Sim, é claro que eles se apegam. Que deus ou semideus não se apega? Até o deus dos humanos tinha um filho e queria bem à mãe do menino, e a levou a morar com ele para reinar sobre os homens e protege-los. Até o deus dos humanos lamentou quando seu amigo de luz foi embora. Sartrel foi amamentado por sua mãe e treinado por Assazi, aprendeu a manter o tronco erguido, a usar as mãos e a falar.

Nascida em São Paulo, Brasil, Fisioterapeuta, mestre em patologia e futura medica, escrevo desde os 14 anos, primeiro para preencher p tempo livre e depois como uma necessidade de me comunicar de um modo que explicasse mais sentimentos com menos palavras. Os contos de fadas vêm numa forma de dizer o que a realidade atual não comporta, transgredindo sem, no entando, quebrar com o possível dentro imaginário comum.

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Quando estava com dez anos foi levado, junto com sua mãe, para uma aldeia de humanos próxima para que recebesse educação em livros e armas, apresentado aos anciãos como um ser especial que deveria ser protegido porque seria importante para o futuro da aldeia. Assazi sabia o que dizer para que ele fosse aceito, mas prometeu demais. Os deuses também erram. O jovem centauro, apesar de aprender a ler e a escrever, tinha uma memória fantástica para as coisas que ouvia, preferia que lhe contassem as coisas que estavam nos livros. Isso, além de tudo, intensificava seu contato com humanos e afastava a frustração de ser o único de sua espécie. Sartrel tinha amigos, e fazia novos a cada oportunidade, principalmente trocando conhecimentos sobre o que via e ouvia. E, mesmo que pareça estranho à primeira vista, alguma parte de nós, conhecendo as raças que existem hoje e como interagem, pode entender que um centauro macho, forte, gentil e bem educado fosse atrair, à medida que crescia, fêmeas e machos humanos para perto de si por outros motivos além dos estudos. Na época isso não era compreendido, e só não foi proibida essa interação porque Sartrel tinha sido obedientemente tratado como ser sagrado. Assim, durante seus anos de formação, cresceu sem obstáculos a amizade entre Sartrel e Minstry, uma jovem humana de cabelos vermelhos. A amizade, ao longo dos anos, gerou um interesse mútuo, não havia homem na aldeia com quem Minstry se desse melhor do que com aquele centauro ingênuo e gentil, que parecia nem saber o quanto era bonito e sequer percebia que Minstry o arrastava para conversar ao ar livre porque seu pelo cinza brilhava num tom azulado sob a lua. E quando chegou a hora de ela escolher um marido, o que era sua obrigação perante os anciãos e seus pais (ainda que uma não faça muito sentido que as pessoas sejam obrigadas a se estabelecer em pares, e não em trios ou sozinhas ou como quiserem, ainda que seja estranho que aqueles seres iguais não se considerassem uma grande família e vivessem sobre o temor de ficarem sozinhos se não estivessem em par), Minstry recusou um por um, de todos os que lhe foram oferecidos, e mais de uma vez cada um. Sentia-se segura para fazê-lo, seu amigo Sartrel lhe dissera que jamais ficaria sozinha se não quisesse se casar, pois ele cuidaria dela e, já não tinha com quem se casar por ter nascido ímpar, eles seriam um tipo novo de sozinhos: sozinhos juntos. Não houve casamento entre os dois, e nem poderia haver segundo os humanos, mas ninguém teve dúvidas, quando Minstry engravidou, de que Sartrel era o pai. [Por favor, leitor, siga a história sem parar para imaginar essa cena]. O amor entre os dois era o considerado ideal até nos dias de hoje. Quando dois seres conseguem enxergar por cima das diferenças dessa forma? Quando o amor independe de formalidades? Se os humanos ainda vêem com maus olhos o amor entre indivíduos com os mesmos genitais, a que risco eles estavam se expondo oferecendo à aldeia algo pelo que discutir e brigar? Não acredito que os dois tenham parado para considerar prós e contras: a amizade basta como desculpa para muitas coisas, inclusive por nos tornar cegos às vezes. Como imaginar que a proximidade em relação a um amigo pode, por si só, te fazer mal? Talvez nem Assazi tenha imaginado que, anos depois, seu pedido à aldeia para que cuidassem do filhote levaria à morte de uma jovem não por brigas, mas por amor. Sartrel se tornara seu irmão, seu igual; eram parceiros. Quando Minstry pareceu adoecer, ele adoeceu junto. Mas não havia o que fazer, o bebê era muito grande para o útero humano, desprovido de mágica natural. Minstry já sabia que ia morrer, estava dilacerada por dentro, e foi escolha sua que lhe cortassem o ventre para tentar salvar sua filha. E foi um pedido seu que Sartrel se esforçou para não sentir ódio nem de si nem do pequeno ser que estava a caminho. Amava Minstry, não queria perde-la, e desde antes do nascimento aprendeu a ver na filha uma extensão da mãe, e a ansiar por tudo o que teriam para aprender juntos. E Sartrel chorou de amor, de culpa e de esperança tudo o que um humano poderia ter chorado em uma vida inteira, e os humanos choraram com ele tudo o que Minstry não poderia mais chorar. Mendara nasceu fraca, cedo demais, banhada em lágrimas. Seu pai não assistiu ao parto, na esperança de só guardar recordações boas desse dia. Fixava-se na cena em que Minstry, mulher e jovem, deu ordens aos anciãos, não deixando que fizessem qualquer coisa diferente do que era sua escolha. Sartrel queria que sua filha fosse assim, que sua vontade e sua palavra importassem tanto para si mesma que passassem a importar também para os outros. Sua vinda ao mundo já provara a sua força. Então lhe trouxeram aquele pequeno ser, que talvez fosse um absurdo da natureza maior do que ele próprio, porque não havia interferência de “deus” nenhum. Porém, tinha a impressão desconcertante de que sua existência só se justificava porque seria a causa dessa existência que acabara de encher os pulmões de ar pela primeira vez. Amou-a instantaneamente, numa espécie de fascínio que permaneceu por toda a vida desde que viu, pela primeira vez, um ser como ele. Ela era sua. Pequena, frágil, e sua. Sartrel prometeu protege-la e viver por ela, e soube naquele dia que não morreria antes que ela se fosse, pois jamais a deixaria só. Ele sabia viver só, ela não precisaria aprender se não quisesse. Ela era sua... Tinha os cabelos de fogo de Minstry, a pele branca no tronco e nas faces, o pelo escuro como madeira no corpo e nas patas. Inicialmente, o ódio de Sartrel se voltou contra Assazi. Ela não o prevenira dos danos que podia causar, não ajudara Mendara a nascer como fizera em seu parto, sua filhote sequer poderia ser amamentada pela própria mãe! Por que ela não quis interferir desta vez? Seria menos justo? Quais as leis do equilíbrio para seres que, há pouco, nem existiam? Depois, lembrou que para ele Assazi era uma deusa, mas que ele não sabia se realmente o era e nem se tinha os poderes de onisciência. Tudo acontecera tão rápido...

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Sartrel começou a se questionar sobre a capacidade dela de sentir culpa e, caso sentisse, se o correto não seria tentar consertar seus erros. Mas talvez nem tudo tenha conserto, e talvez o correto nesses casos seja assumir os danos e se adaptar a eles ao invés de tentar revertê-los. Assazi errou? Pode ter permitido que surgisse uma nova raça. Poderia também ser tudo uma grande coincidência. De qualquer forma, era importante visita-la para apresentar Mendara. Assim que ela conseguisse comer sozinha, viajariam. Não queria levar consigo uma égua para não deixar um potrinho sem mãe por esse tempo, ainda que as outras éguas garantissem seus cuidados. Sartrel era, acima de tudo, gentil. Foi a prova viva, por anos e anos, de que gentileza e força se somam, não se opõem. Enquanto se preparava para a viagem, decidiu fazer poucas perguntas, guardar o máximo de informações possíveis das que obtivesse e não se arriscar se não fosse por amizade, família ou amor. De preferência, os três ao mesmo tempo. É triste quando ocorrem separados, não podem durar... Note como amigos que duram tornam-se família. Assazi também não sabia se era responsável pela existência de Sartrel, assim como não sabia quem era o responsável por sua existência, mas era o mais próximo que ele tinha de uma mãe, tinha lhe dado o primeiro colo e o primeiro abraço, e acima de tudo era responsável por grande parte de sua educação. Transmitira a ele, em poucos anos, tudo o que levara uma vida para aprender de dentro do coração da pantera, incluindo o sentimento em relação aos homens e como saber em quem confiar. Aquele ser tão diferente dela era o símbolo de tudo o que ela tinha para transferir ao mundo, a chance de ver justiça e equilíbrio serem pregados e levados adiante sem, contudo, ter de deixar sua floresta. A chegada de Mendara foi um susto, uma surpresa que ela queria comemorar e agradecer. Quando soube, porém, da morte de Minstry e todas as circunstâncias em que ocorreu, tomou a atitude mais drástica que, como mãe, poderia ter tomado: proibiu a futura relação amorosa de centauros com humanos, de qualquer idade, qualquer sexo, por qualquer motivo que fosse. Sem exceções. Precisava proteger os humanos de mais mortes desnecessárias, mas acima de tudo precisava proteger Sartrel de ser odiado pelos humanos. Não queria que fosse atacado, não queria que nenhum dos lados nutrisse sentimentos de vingança. Era preciso evitar que algo fugisse ao controle, e por isso a proibição absoluta. Se Assazi soubesse antes do que estava acontecendo teria procurado meios de prolongar a vida de Minstry, apesar de não acreditar que fosse possivel. Minstry era humana... seria necessário um bom tanto de magia para que o filho, mesmo tendo um pai centauro, mantivesse a caracteristicas fisicas da mãe e pudesse nascer. As vezes mesmo a mistura de elfos, duendes ou fadas com humanos gera uma criança psicologicamente incapaz de conviver for a do mundo mágico. Sartrel não sabia disso, e esse conhecimento somado a sua dor tornou fácil aceita a ordem de Assazi e transmitir a proibição para os seres humanos, com quem voltou a conviver após alguns meses aprendendo com sua mãe adotiva e tendo o auxilio dela para educar sua filha Mendara, que crescia forte, e dava precoces sinais de independência. Era amável e gentil. Gostava tanto de ficar sozinha quanto de companhia, de brincar com bichinhos e olhar as estrelas. Contudo, sempre a entristeceu saber que ela e seu pai estavam sozinhos no mundo. E essa tristeza já era nutrida por Sartrel e passou a diante. Não importa quão cercado esteja um centauro, por seres semelhantes, ou não, eles sempre se sentirão um tanto sozinhos, ainda que se acalmem um pouco quando se casam. Sartrel e Mendara voltaram para a aldeia quando ela atingiu a idade que ele próprio tinha quando foi levado para lá. Era diferente o motivo, desta vez: era necessário preservar o direito da aldeia ao luto, por quanto tempo durasse, e permitir que tempo suficiente passasse para que seu retorno causasse o incômodo de arranhar uma cicatriz e não reabrisse a ferida. Luto é um sentimento muito grave, e se não for acolhido pode multiplicar-se na forma de de ira, tristeza, guerras e, ultimamente, mais luto. É necessário acolher um coração que chora a partida de um amigo, não importa aonde tenha ido e se fora por vontade própria. Um amigo que parte é uma colheita que seca e uma geada que cai, e a saudade é uma espécie de fome que não pode passar porque seu alimento não está disponível. Luto é a reação quase tóxica que sentimos ao forçar o corpo a um alimento que ele não quer, ainda que um dia se acostume. Mendara fez muitos amigos na aldeia. Era hábil em muitos aspectos, não demorou para que a admirassem. A força herdara do pai, com a leveza e a agillidade que ele não pudera lhe passar; a inteligência e o humor, com certeza, eram da mãe. Conseguira se divertir com as crianças humanas nos primeiros anos, mas sua velocidade de maturação, crescimento e aprendizagem iam contra ela nesse aspecto. Não se pode pedir a um centauro que perca nas brincadeiras para poder participar, e é completamente injusto para uma criança humana competir com alguém que tem um par de membros e cinco palmos de altura a mais. Sartrel, que não era competitivo, não tinha se importado tanto com essas coisas, voltarase mais aos estudos que aos esportes, mas em relação a Mendara esse conflito se tornava cada dia mais difícil de resolver. Os humanos adultos com quem compartilhava interesses e gostava de conversar não tinham mais idade para brincar com ela, e brincar era extremamente importante para testar e desenvolver habilidades, aprender a confiar nelas. Quem não teve um par de gatinhos filhotes em casa talvez não perceba isso com facilidade, mas basta imaginar o início dos testes de força e velocidade, da altura do pulo a partir do chão e de uma superfície a outra, de queda, do jeito de rolar para atacar e defender ao mesmo tempo, treinos de mordida, de ataque surpresa e de camuflagem... Tudo em tão poucos meses, tudo brincando, ficando fortes sem perceber, tornando-se caçadores. Mendara queria brincar. 17

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Sartrel percebia a sorte que ela tinha de ter um ser semelhante a si. Eles brincavam juntos, ele era jovem e forte como ela. E ele pensava nos dias em que desejou que existia alguém para brincar assim com ele, sabendo que se Mendara tivesse nascido primeiro seria infeliz. Aos poucos, quanto mais ela se aproximava dele e se identificava com ele, mais forte era a vontade dela de afastar-se da aldeia e começar uma tribo própria. Era algo que Sartrel a muito desejava e continuamente rejeitava com medo da solidão e da extinção de sua tão bonita raça. Mas Mendara não se intimidava, sabia que não tinha sido a primeira a ter essa ideia e que muitos dos anciãos, que ambos respeitavam imensamente, os apoiavam, e mesmo que a abandonassem com sua ideia, ela compartilhava o sentimento de família com o seu pai e não com o resto da aldeia, pertecia a Sartrel e ele a ela. Ninguém sabia quanto tempo viveriam e, nesse momento, eram fisicamente idênticos apesar da diferença de idade. Alegassem o que quisessem os humanos, não poderia haver leis morais para dois seres únicos que não fossem definidas por esses dois seres. Assim, antes de completar vinte anos, Mendara partiu com Sartrel para procurar terras adequadas e começar uma família. Como era de se esperar, foram primeiro ao encontro de Assazi e convidaram-na a deixar a solidão. A ideia, a princípio, foi tentadora. Na época não havia outros Ashamyr, nem toda essa veneração da qual ela foge hoje em dia, e ela seguiu com os centauros para procurar um bom lugar para viver. Colocou-os, desta vez, a meio caminho entre fadas e elfos, longe dos humanos, e deixou que aprendessem com suas histórias, com o tempo e a convicência. Logo, porém, Assazi soube que seu lugar não era entre multidões. O título imposto de deusa não era, por si só, suficiente para que ela gostasse de toda a atenção que recebia e que exigiam dela, e sem maiores despedidas retornou a sua selva. Sabia que deixar os dois um com o outro era deixá-los nas melhores mãos possíveis, e partiu com a certeza de tornar a vê-los. Sartrel e Mendara estabeleceram boas relações com os povos vizinhos, que ajudaram no nascimento e na educação dos primeiros filhos que tiveram. Sartrel viveu 400 anos, Mendara, estenuada por tantas gestações, pouco passou dos 300. Seu esforço em gerar outras vidas diminuiu o tempo que tinha para si, e a orientação para seus filhos foi que tivessem dois ou três filhos, apenas. Logo, a partir dos 50 filhos primeiros, eram 400 centauros compondo a tribo, e sua expectativa de vida diminui a medida que a linhagem se afasta dos dois originais. Atualmente a vida de um centauro comum raramente passa de 200 anos anos. Os mais fortes, que chegam quase à idade de Sartrel, são a partir do aniversário de 200 anos considerados anciãos, chefes, autoridades máximas, sem nenhum tipo de cerimônia, formalidade ou eleição. Basta viver para não ser comum, basta viver para ser respeitado. Os anciãos tomam todas as decisões em grupo, mas em geral não há muito o que decidir: a tribo é gerida por cada indivíduo na melhor maneira que pode.

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A porteira está aberta de Marisa Neves Quando morrer, Vou como um anjo louco Em tua direção. Aproveitar a leveza dos seres etéreos que não dormem, Não dormem nunca! Ai... Quantas flores amarelas colherei, Nessa passagem de regresso estou eu. Murmúrio do mar da noite é meu relógio; Mas não preciso mais acordar... A porteira está aberta, Para quem quiser passar. Paraíso tão perdido esse meu sonho Essa terra que eu nunca imaginei A morada eterna dos poetas, E de todos os seres que amei. Antes não queria acordar; Agora não quero mais dormir Shhhhhhhhhhhhhhhhhh! -Fazem os mortos quando passa a procissão... -‘’Não precisam ir embora, Por que nunca acordarão.’’

Homenagem a Ferreira Goulart- Poema A porteira está aberta, da poeta gaúcha Marisa Neves ,autora de Todos los Dolores del mundo, Amado sois e Prometeu não prometeu, no prelo pela Multifoco Editora.

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Romance Andino Estevão de Sousa

Wanderley da Silva, acabado de se licenciar em arqueologia, andava seriamente a pensar fazer um doutoramento, até porque não estava fácil arranjar emprego com a sua qualificação. Assim, resolveu falar com os pais – pessoas abastadas - e comunicar-lhes a ideia que andava a amadurecer informando-os de que a tese que pretendia defender versaria sobre as antigas civilizações Andinas, especialmente Incas e Maias. Para tanto, teria de se deslocar à América Central, nomeadamente ao Peru e México, para ver lnloco, a famosa pirâmide de Kukulcán que, bela e imponente, nos seus trinta metros de altura, se encontra perto das praias da Riviera Maia e também a “do Adivinho” que, com quarenta metros, e oitenta e um de largura, é um impressionante monumento arqueológico, a qual que se julga ter sido inaugurada 560 anos

d.C., está situada na península do Yucatán; sendo estes dois magníficos templos obras do povo Maia. Sabedor de que, quando Cristóvão Colombo chegou à América, em 1492, encontrou o continente habitado por vários povos com culturas diferentes, sendo os principais: os Astecas, Maias e Incas, cuja ordem de desenvolvimento é inversa à indicada atrás - os Incas, mais desenvolvidos – dominando estes dois últimos, razoavelmente a matemática, a astronomia, a medicina e bem assim técnicas de construção e de metalurgia e cerâmica. Os próprios colonizadores Espanhóis ficaram admirados com os conhecimentos destes povos quando invadiram e tomaram os seus domínios, que se estendiam pelos países que hoje conhecemos como: El Salvador, Guatemala, Colômbia, Equador, México, Peru, Bolívia e norte da Argentina.

WRITTEN BY ESTEVÃO DE SOUSA PHOTOGRAPHY BY SKEEZE .................................................................................................................................................................................................... 20

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Não sendo o objetivo dos colonizadores colonizar, mas sim dizimar e saquear, transferindo todas as riquezas, que eram muitas - nomeadamente em ouro e prata - para o continente; acabaram destruindo estas civilizações, sendo a última cidade maia, (Tayasal),destruída em 1697; embora o povo maia nunca tenha sido completamente extinto, existindo até hoje populações consideráveis, na área da antiga Maia. Também em 1532 Francisco Pizarro deu inicio à destruição do Império Inca, o que veio a concretizar-se por volta de 1690. Conhecedor destes fatos - conhecimentos adquiridos no curso que acabava de fazer - e admirador confesso destes povos, ardia em desejos de ver ao vivo os monumentos por eles construidos, entrosando-se melhor nos costumes daqueles obreiros, para que, a tese que pensava defender, fosse algo que contribuísse cientificamente para a completa divulgação da existência de tão importantes civilizações. Num dia em que estavam todos reunidos a almoçar, resolveu por os pais ao corrente da ideia que trazia em mente. A mãe, começou por ser um pouco renitente, lembrando o tempo que ele iria estar ausente e os perigos que ia correr. Mas, atendendo ao objetivo pretendido – a tese do doutoramento – acabou por concordar. Quanto ao pai, nem sequer levantou qualquer dificuldade, limitando-se a perguntar-lhe quando pretendia partir e de quanto ia precisar para despesas. Passados oito dias - numa segunda feira de junho - o Wanderley, às 7h00, embarcou no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, com destino a Lima, no Peru. A viagem decorreu sem incidentes, aterrando o nosso amigo na cidade de Lima cerca das 20h00, depois de ter feito escala em Paris. Tratou de se instalar no Marriott Hotel Lima, com uma vista privilegiada para o Pacífico, ótimas instalações e magnífico serviço. Após o jantar, recolheu ao quarto, ficando por algum tempo a usufruir da vista para o oceano, até que, resolveu deitar-se. No dia seguinte iria ver alguns pontos de interesse da cidade. Começou por visitar a Praça de Armas, no centro de Lima. Lima que foi a capital do Império Espanhol na América do Sul, durante cerca de dois séculos. Após ter admirado a praça, com seus jardins e prédios antigos muito bem cuidados, resolveu dessedentar-se num dos bares existentes debaixo das arcadas de um dos prédios que a ladeiam. Estando sentado a tomar um refresco, reparou ocasionalmente numa rapariga que, também ela, tomava uma bebida, sozinha. Na altura em que olhou para a linda rapariga que, como que por magnetismo, também olhou para ele, sentiu um autentico frémito percorrer-lhe o corpo, dir-se-ia que naquele cruzar de olhares, aconteceu assim a modos como que, uma química; uma sensação tão agradável que os levou a rirem-se um para o outro. Levado por um impulso superior à vontade, levantou-se e aproximando-se da mesa onde a causadora do seu entusiasmo estava sentada, dirigindo-se-lhe, disse: - Olá! Posso sentar-me? - Ela, olhando para ele, sorrindo-se, confirmou num torvelinho: - Si, yo soy de Alcalá del Valle, España, Cadiz, Andalucia, mi nombre es Carmen y estudio la arqueologia, pero también hablo un poquito português! - Bueno, yo no hablo nada de español – disse ele rindo-se, ao mesmo tempo que se sentava na mesa, junto dela. Assim começou um longo diálogo em espanholês, em que ele lhe contou a viagem que pretendia fazer e qual a sua finalidade. Ao ouvir isto, ela ficando tremendamente entusiasmada, confessou-lhe que adorava arqueologia, curso que andava a tirar na universidade de Sevilha, estando ali com o objetivo de visitar Machu Picchu, a cidade perdida. Após terem tido um alegre e simpático diálogo, o Wanderley convidou-a a acompanhá-lo na visita que ia fazer a alguns pontos de interesse da cidade, disponibilizando-se ela de imediato, visto que, por ter chegado na véspera, ainda não conhecia nada. Pegaram cada um em sua mochila e zarparam direitos ao Museu Arqueológico Rafael Larco, na Av. Simon Bolivar, o qual se encontra instalado numa construção do século XVIII, edificada em cima de uma pirâmide Précolombiana. Aí apreciaram artefactos e fotos dos quatro mil anos de história do Peru Pré-colombiano, incluindo peças Huaco, (peças de confeção delicada produzidas por civilização pré-hispânica dos Andes centrais). Acabada a visita dirigiram-se à Basílica Menor e convento de São Francisco, o Grande, classificados como património Mundial pela UNESCO. Ao visitarem o convento mais parecia estarem dentro de outro museu, tão grande era o número de obras de arte ali expostas. A Carmen ficou tão entusiasmada ao ver os azulejos sevilhanos, pintados com cenas diversas da terra dela que, ele a brincar, lhe disse: - É melhor fechares a boca que, há quase quinze minutos, manténs aberta correndo o risco de engolires algum azulejo! - Ela, olhando para ele, agarrando-se-lhe ao braço, deu uma estridente gargalhada que, fez com que as pessoas - que admiravam as peças em silêncio - olhassem para eles, com ar de reprovação. Como já estava a anoitecer, e se encontravam algo cansados, combinaram deixar para o dia seguinte mais algumas visitas que, não queriam deixar de fazer antes de partir de Lima. Assim, despediram-se, indo ele para o hotel onde estava hospedado e ela, para o Gran Hotel. Como combinado, no dia seguinte voltaram a encontrar-se para rumarem ao centro histórico a fim de visitarem a catedral que, muito semelhante à de Sevilha a fez vibrar de alegria, não se cansando de a elogiar e tirar fotografias. Dali seguiram para a praça de San Martin, também no centro histórico, considerada Património Cultural da Humanidade, pela UNESCO que, tem ao centro a estátua do libertador, Don José de San Martin, a cavalo. Esta praça prima pelos seus belos edifícios do tempo colonial, como aliás, todo o centro histórico da cidade. Dali voltaram à Plaza Mayor, para visitarem o palácio do Governo do Peru, também conhecido por Casa de Pizarro, cuja enorme figura se encontra à entrada. 22

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Muito mais haveria para ver, mas os nossos turistas que tinham pressa em ver a “cidade perdida” apressaram-se a embarcar no avião para Cusco, de onde no dia seguinte partiriam, de trem, para Águas Calientes, apanhando aí o ónibus para Machu Picchu, no alto da cordilheira dos Andes Peruanos. Ao chegarem ao cimo, ficaram positivamente sem respiração; primeiro: porque, a 2.400 metros de altitude o ar é bastante mais rarefeito, requerendo enorme esforço para respirar, segundo: porque a imponência do lugar era tal que, era mesmo de cortar a respiração. Era absolutamente inimaginável!!! Toda a envolvência de que se encontra rodeada a cidade perdida é espetacular. Em presença da imponência das montanhas circundantes e da cidade em si, sentiam-se pequeninos, insignificantes! Refeitos da surpresa inicial e já mais adaptados à elevada altitude, continuaram a admirar aquela maravilha da engenharia Inca; para tanto, subiram a um ponto mais alto, de onde usufruíam de uma panorâmica perfeita de toda a cidade e das maravilhosas serranias que a envolvem. Dali puderam admirar a forma organizada como Machu Picchu havia sido construida: o perfeito sistema de esgotos e drenagens, a imponente muralha, onde existiu uma entrada com um portão fechado pelo interior, através de um mecanismo de segurança, os arruamentos bem delineados, a zona dos palácios, o cemitério e os terraços, para a agricultura, construidos em socalco. Tudo havia sido minuciosamente programado. Ao saírem, deliberaram fazer o regresso até Águas Calientes, a pé, numa distância de nove quilómetros, que sendo a descer era fácil de percorrer. Vinham extremamente felizes, a visita à “cidade perdida” tinha sido divina e o companheirismo entre os dois tinha-se revelado inexcedível! Após cerca de uma hora de marcha chegaram quase ao fundo do vale, perto das margens do rio Urubamba, (rio sagrado dos Incas). O local, idílico e sossegado, levou-os a sentarem-se na relva. Sentiam-se bem ali!

Águas Calientes, na base do vale, e o rio Urubamba

O sol no ocaso, proporcionava um feérico ambiente com a sua cor avermelhada projetando-se nas serranias das redondezas e na pequena cidade. O momento era de enlevo! O local bucólico, com o verde exuberante da vegetação fazendo lembrar um fofo e cómodo tapete; o sussurrar das águas do rio, o chilrear dos pássaros, tudo convidava ao amor, e...bem juntinhos, beijaram-se ardentemente, num ato espontâneo, que os dois desejavam. Os corpos dominavam os sentidos; tão juntos, que quase se fundiam num só. A ânsia - de tão avassaladora - ia-se tornando incontrolável. As mãos, como que numa dança exótica, iam, numa atividade febril, explorando todas as zonas dos corpos com sofreguidão, e as bocas procuravam-se ansiosa e vorazmente, tomando-se avidamente num prazer inexcedível. Estiveram assim até que o desejo, suplantando os sentidos os devorou: possuiram-se numa vontade desmedida, até atingirem o clímax. 23

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Comboio de Águas Calientes.Cusco

Relaxando, aperceberam-se que estava a anoitecer e que só voltariam a ter comboio de regresso a Cusco, no dia seguinte; teriam de procurar alojamento em Águas Calientes. Levantaram-se, foram à procura de hotel e conseguiram alojamento no Hotel Cabana Machu Picchu, (muito sossegado e agradável) aí, passaram uma noite de intenso amor. Ao amanhecer, alegres e bem dispostos, apanharam novamente o comboio, numa viagem inesquecível feita por paisagens magnificas, junto ao rio Urubamba, entre floresta e serrania. Chegados a Cusco, apanharam o avião novamente para Lima. Na capital do Peru, de tão felizes que andavam que ela se esqueceu do casamento da irmã, que se efetuava do sábado seguinte a oito dias, ou seja: dez dias depois; ao qual não podia faltar. Assim: - Olha, meu querido! Lembrei-me agora que se vai dar o casamento da minha irmã, pelo que tenho de estar em Cadiz nessa data, dia 18. - Então, mas isso não nos dá tempo para visitar as pirâmides no México! - Exclamou ele. - Perdoa-me amor, mas, nunca mais me lembrei. Vai tu. Não alteres os teus planos por minha causa, que eu sigo para Espanha. - Mas, ainda dá tempo para visitarmos juntos, pelo menos uma. Vamos optar pela de Kukulcan. Se, ainda hoje tivermos voo para a cidade do México, seguimos para lá e amanhã apanhamos avião para Cichén Itzá. Seria uma pena estares aqui e não teres possibilidade de ver uma das sete maravilhas do mundo! Que me dizes? - Achas que dá tempo? - Dá pois! Conseguimos viajar para lá e visitar a cidade, conhecida como “Meca dos Maias”, de modo a poderes embarcar para Espanha antes do casamento da tua irmã. - Então, vamos para o aeroporto, ver se conseguimos voo! Metendo-se num táxi, rumaram ao aeroporto de Lima. Quando ali chegaram ficaram maravilhados ao verem que daí por duas horas tinham avião para o destino pretendido. 5H50 após terem embarcado, estavam a sobrevoar a cidade do México. Já estava a anoitecer e o tempo urgia, não deixando muito livre para visitas à cidade. No entanto, depois de terem escolhido o Hilton Hotel Aierport, que ficava só a 15 minutos de caminho, o Wanderley convidou-a a, disporem do dia seguinte para visitarem as pirâmides de Teotihuacan localizadas a 48 quilómetros da Cidade do México. Segundo ele, valia a pena alugarem um carro sem condutor e, irem ver um tão belo complexo de pirâmides que havia sido uma bela cidade, a qual, chegou a ser a maior cidade da época pré-colombiana. Ela, acabou concordando e assim resolveram:

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Ruínas da cidade de Teotihuacan, a 48 kms da Cidade do México

amanhã vamos fazer a viagem para a cidade de que ainda se desconhece qual o povo que deu inicio à sua construção que remonta ao ano de 300 a.C. e que, se sabe que também foi habitada pelos Maias, mas que, quando os colonizadores lá chegaram já a cidade se encontrava abandonada, sem que se tenha encontrado, até hoje, uma explicação para o fato. Ao chegarem, depararam com um complexo de pirâmides de onde sobressai uma que, pela sua envergadura se destaca das restantes: é a pirâmide do Sol! Sendo a segunda maior do México é a terceira maior do mundo. Por elementos recolhidos in-loco, souberam que aquele local é atualmente o mais visitado do México. Findo mais um dia bem passado, regressaram ao hotel, onde entraram abraçados e cheios de vontade de estarem a coberto de olhares indiscretos. Assim que entraram no quarto, deram largas ao entusiasmo e começaram a tirar as roupas com uma avidez descontrolada. Já nus, agarraram-se e rebolaram na cama - que, soltou um lamento de desconforto, - beijando-se loucamente até que, em “brasa”, fizeram sexo. - Amor, vamos tomar um duche e, após o jantar, abanar o “capacete” ao som de uma boa música mexicana? - Ó pá! Adoro a música mexicana, por ser tão parecida com a da minha Andaluzia! - Disse ela, com cara de malandra, sorrindo com aquela expressão que ele nunca havia visto em ninguém. E aquelas duas covinhas que fazia no rosto, quando ria? Adorava vê-la rir. “Estou a ficar completamente apanhado por esta gata”, pensou. Dançaram até tarde. Quando regressaram ao hotel já era de madrugada. -É às oito horas que temos de apanhar o avião para Chichéu Itza? Olha, eu vou só com um olho aberto e o outro fechado! - Não faz mal, se for preciso eu levo-te ao colo! - Ah, então está-me a parecer que não abro nenhum! - Ai abres, abres, nem que eu te tenha de dar duas palmadas no “rabo”! -Oh, assim lá terei de abrir os dois olhos! - Assim foram brincando um com o outro, até que se deitaram e...adormeceram. O voo para Chichén Itza, demorou cerca de duas horas, tempo que aproveitaram para dormir um pouco. Ao chegarem à cidade considerada a “Meca do povo Maia” a qual, no ano 900 d.C., foi construida com o propósito de albergar grandes multidões. Tudo nela é espaçoso: Edifícios, espaços livres, campo de jogos dos prisioneiros, praça das mil colunas, templo dos guerreiros, etc. Ao centro encontra-se o templo principal, a celebre pirâmide de Kukulkan, conhecida como o castillo e construida em honra do deus Kukulkan, (serpente emplumada, na língua Maia), detentora de uma escadaria com 365 degraus. A cidade, abandonada por volta do século XIII, continuou a ser objeto de peregrinações que, depositavam as suas dádivas no cenote sagrado, (poço profundo, caverna ou gruta, cheia de água).

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Vista geral da cidade de Chichén Itza Pirâmide de Kukulkan Cenote sagrado

Acabada a visita, era quase noite. Tinham o último avião para a cidade do México daí a uma hora. Terminada a viagem de regresso e enquanto se dirigiam ao hotel, contrariamente ao que era habitual, iam cabisbaixos, aproximava-se a altura em que iriam ter de se separar. Sem quererem aceitar o fato iam, no entanto, fazendo contas aos dias que faltavam para o casamento da irmã da Carmen; dispunham de dois dias livres. - Olha amor, como estamos relativamente perto da Riviera Maia, que achas se dispusermos destes dois dias para visitar aquela zona que, dizem valer a pena? - Como é que se vai para lá? Olha que eu estou a ficar com pouco dinheiro, querido. Por falar nisso: quero fazer contas contigo, visto teres pago tudo até agora. Ou pensavas que eu te queria cravar? - Disse ela dando-lhe um grande beijo. - Fique a menina sabendo que não me deve nada! Tenho todo o prazer em ter suportado as despesas até agora. E...depois, não sou eu que pago; é o papá! - Riram-se ambos. Mesmo assim, ela insistiu: - Não quero viver às custas do seu papá, meu senhor! Insisto que quero pagar a minha parte das despesas, senão não vou contigo a mais lado nenhum! - Mas isso é chantagem pura e dura! Pronto, façamos um acordo: O que está para trás, para trás está e a ida a Cancun, pagamos os dois. De acordo? - Já me parece melhor, muito embora ainda não esteja completamente correto, mas, como não quero abdicar do prazer da tua companhia - tão cedo - vamos lá! - Rindo-se alegremente e beijando-se com enlevo, foram comprar as passagens para Cancun. Após uma hora de avião começaram a sobrevoar a cidade da Riviera Maia. Era, pelo aspeto, uma cidade virada completamente para o turismo e para gente endinheirada. Abundavam os hotéis carregados de requinte e conforto. Sendo a cidade uma cidade moderna, tudo o que não fossem hotéis eram residências onde imperava o bom gosto. As praias que circundavam parte da cidade eram, na sua maioria, belíssimas! - Sabes que gosto disto! - Disse ela, mal chegaram. - Pois é, mas também sabes que não é este o nosso destino, a menos que queiras ficar por aqui. - Não! Prefiro ir para a praia del Carmen. Já agora, sempre quero ver como é a “minha praia”. - Ao dizer isto, ria-se com aquele riso maroto que a tornava irresistível. Ele, completamente dominado por aquele sentimento que cada vez mais o avassalava, disse-lhe enquanto a abraçava e beijava carinhosamente: - Vá lá minha querida, vamos então apanhar o autocarro para o nosso destino e arranjar alojamento. Estou desejoso para dar um bom mergulho! Passado algum tempo, após uma viagem de autocarro, feita na companhia de outros turistas, chegaram à praia del Carmen. Arranjar hotel em praia del carmen não é coisa difícil, dada a enorme oferta existente e, quem quiser ficar bem acomodado, por um valor aceitável, tem no centro pequenos hotéis com boas condições e bons preços. Foi exatamente isso que o Wanderley e a Carmen fizeram. Depois de devidamente acomodados trataram de dar uma volta até à praia e pela cidade. Encantados com a tonalidade e temperatura da água do mar das caraíbas, imediatamente mergulharam, tendo-se mantido na praia até ao anoitecer. À noite, depois de tomarem um gostoso duche – estava muito calor – dirigiram-se ao “Fusion”, restaurante com música ao vivo, onde jantaram, findo o que, foram dar um passeio pela quinta avenida e, para fazerem tempo, foram novamente até à praia, onde sentados na areia, usufruíram de um espetáculo inebriante: A lua, em fase de lua cheia, via-se em toda a sua beleza, num céu sem nuvens, espraiando a sua luminosidade nas águas cálidas e tranquilas de um mar azul turquesa . - Que espetáculo magnifico, amor! - Lindo de morrer, minha amada, um autêntico sortilégio! 26

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Contagiados pelo ambiente que os rodeava, beijaram-se e acariciaram-se com amor e deleite. Quando, após alguns momentos de sublime enlevo, se resolveram levantar e dirigir-se para a 10ª avenida, afim de, no “Coco Bongo” passarem boa parte da noite, vendo um show e bebendo algo, ainda a lua continuava lá no alto como que, a sorrir-lhes, convidando-os a serem felizes. No dia seguinte, acordaram já altas horas, bem dispostos, repetindo o ritual do dia anterior, ou seja: passarem o dia na praia! À noite, após jantarem num dos vários restaurantes da 5ª avenida, foram até à praça Marina, ao “Señor Frog's perto do ferry para Cozumel - só para ouvir música e beber um daqueles copos de cerveja de 800 ml., acabaram dançando ao som de boa música. Embora o serão tivesse sido ótimo, iam tristes ao regressarem ao hotel. Aproximava-se o momento da separação. No dia seguinte a Carmen embarcaria para a Cidade do México de onde seguiria para Espanha. Embebidos naquele doloroso silêncio, percorreram, abraçados, todo o caminho que os separava do hotel onde se encontravam instalados. Ao chegarem junto do mesmo o Wanderley, parando e virando-se para ela, olhando-a nos olhos, disse-lhe, com toda a espontaneidade: - Queres casar comigo? - Apanhada de surpresa, estática e balbuciando, respondeu-lhe: - Tu... não estás a brincar comigo,... pois não, meu amor? - Nunca falei tão sério, em toda a minha vida! - Oh, querido! Mas há lá alguma coisa que eu mais deseje? Ali mesmo, à luz de um lampião público, caíram nos braços um do outro, beijando-se longamente. Já no quarto, ele expôs-lhe o plano que havia idealizado. - Minha querida, em virtude de teres o casamento da tua irmã, segues amanha para Espanha, como havíamos combinado. Eu fico por aqui a preparar a minha tese, com os elementos que colhi nesta viagem. Logo que tenha a tese pronta, sigo para Portugal para a defender, após o que “damos o nó”! Ah! E podes ter a certeza de que esta será a tese que alguma vez foi preparada em menos tempo! Parece-te bem, amor? - Claro que sim, querido! Vou ficar ansiosa a contar os dias um a um! No dia seguinte, embarcou no autocarro que a levaria a Cancun, onde apanharia o avião rumo ao seu destino. Decorridos três meses e incontáveis ligações telefónicas entre La Playa de Carmen e um Pueblo blanco chamado Alcalá Del Valle, eis que alguém, nesse povoado, bate à porta de uma bonita moradia branca. A moça vestida de Andaluz penteada com umas lindas tranças - que estava a arrumar a sala, deixou o que fazia para ir abri-la, interrogando-se:

Pueblo blanco de Alcalá del Valle - (Cadiz)

- “Quem será? Não espero ninguém, a menos que o malandro do meu irmão Manolo, tenha faltado à escola novamente!” Abriu a porta. Ele estava ali, de braços abertos, pronto a abraçá-la. Ela esfuziante de alegria, caiu-lhe nos braços, dizendo apenas: - Oh, meu querido!

F I M

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MALALÚ

Conto de Luiz Amato

Acabara de completar nove anos. Nos moldes ocidentais estaria em uma escola plena, recebendo a devida instrução e interagindo com outras crianças. Mas no leste do continente africano não era assim. Tinha que ajudar nas tarefas diárias da família. Sua ajuda era vital. O amassar do grão do milho, tão bem feito como o de um adulto. Pescava com o pai o bagre barrento, que, salgado, supria a fome sempre presente. Como todos no povoado, era alta e magra, nariz redondo e proeminente. Não tinha um padrão belo de acordo com os locais, mas, segundo eles, a vivacidade de seus olhos valia duas vacas e uma cabra. Sexta filha de uma prole de onze, recebera o nome de Malalú (a esperta), no dialeto da tribo. Mesmo com todos os afazeres ela ainda se divertia. Estava muito à frente dos irmãos. E assim os anos passaram. Faltava um mês para os treze. Tornara-se mulher. Logo um moço da aldeia a cortejaria. Mas a grande seca chegou. Primeiro foram as plantações. Depois os animais de trabalho e sustento. Os mais velhos se reuniam, mas não tinham perspectiva e nem para onde ir. Até o bagre barrento sumira. Todavia, nem tudo estava perdido. Um acampamento fora montado a poucos quilômetros. Ajuda do governo chegara, porém, alimentos só em troca de favores com o administrador, um negro alto e gordo. Sempre que ia com o pai carpir o local em troca de migalhas, observava as mulheres dispostas a trocar favores sexuais por alguns grãos de comida. Os dias passavam. A chuva não vinha. A fome começava a matar. Naquela noite, vendo os irmãos mais novos chorarem com as mãos na barriga, chamou o pai para fora do casebre. A conversa foi séria. Os dois se abraçaram, concordando. Lágrimas eram difíceis, devido à desidratação. Num gesto que só um pai que ama seus filhos sabe, acariciou o rosto de Malalú. Nenhum deles conseguiu dormir, Ela levantou cedo. Seus pensamentos estavam claros. Sabia o que tinha de fazer. Era um sacrifício, mas a família vinha em primeiro lugar. Cumpriu suas parcas tarefas. Começara o entardecer quando se dirigiu ao acampamento. Demorou bastante, como se precisasse criar coragem para o que viria a seguir. Respirando fundo, entrou na cabana do administrador. Ele estava só. A conversa foi rápida. Como um pecuarista que olha um boi reprodutor na hora da compra, examinou-a, lascivo, abrindo um largo sorriso. Foi até a despensa, coletando duas canecas de milho, uma de feijão e um naco de carne defumada. Afinal ela nunca tivera relação. Seus olhos brilhavam. Caminharam por várias centenas de metros, até uma caverna, local conhecido como o ponto de “abate“ do administrador. Ele era todo prosa. Ao chegar lá, fez questão de acender um charuto. Vira isso em um filme ocidental. Após algumas baforadas, cuspiu, jogando-o longe. Esses americanos. Sorriu. Mostrou a ela um amontoado de palha seca. Malalú deitou-se. Sem pensar, deixou o corpanzil cair sobre ela. Sua língua, espessa, dançava em seu rosto. Sentiu a mão dele em suas coxas. Nojo e asco encheram os seus sentidos. Com esforço, conseguiu sacar uma fina lâmina, escondida em suas roupas, enfiando-a no olho do frenético “parceiro”. Atingiu-lhe o cérebro. Saindo de baixo dele, limpou o sangue que lhe atingira o rosto. Na porta da caverna, soltou dois pios, como o de uma ave de rapina, seguido de um assovio. Seu pai apareceu, semblante preocupado, tranquilizando-se quando notou estar tudo bem. Como combinado, pegou uma peça de tecido que levara com ele. Enrolaram o corpo. Limparam o local, arrumando-o como se estivesse pronto para um novo “abate”. Aguardaram em silêncio o chegar do anoitecer. O resto da noite foi cansativo. Fora muito mais difícil do que pensaram, levar o corpo do administrador até o casebre. Mas uma certeza eles tinham. Havia muita carne para ser salgada, e escondida. De fome eles não morreriam. Afinal ela era Malalú. 29

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A SEGUNDA INVASÃO FRANCESA EM PORTUGAL Cinco autores vão escrever sobre a segunda invasão francesa, a qual teve lugar em 1809 no norte do País. Dois são de Lisboa: Ana Paula Barbosa e Carlos Arinto Os outros três do Porto, de Braga e da Póvoa do Lanhoso: Manuel Amaro Mendonça, Jorge Santos e Suzete Fraga, respectivamente. O desafio é simples, sobre o mesmo tema, cada um escreve o que achar por bem. Um todo, uma parte, um episódio (real ou fictício) uma descrição, uma crónica, uma opinião…. Diversos olhares sobre uma mesma realidade histórica, ao jeito da Bíblia. Cada discípulo descreve o que houve, o que viu ou ouviu contar ou o que imagina que pudesse ter acontecido. Um puzzle, um moisaico, uma repetição com acrescentos, com omissões, com precisões e/ou falsidades. A história oral, a história escrita, a história vista duzentos anos depois. Os cinco autores possuem formação e motivações diferentes. Uns mais poéticos, outros mais vulneráveis à verdade histórica e arqueológica, outros mais inventivos e quase “delirantes” num somatório de atitudes literárias, de conceitos estéticos e de orientações de afirmação. A arte de contar em diversos formatos. O rigor da palavra em desejos oníricos. A exaltação do norte e da sua população, num dos episódios mais marcantes do nosso imaginário: a tragédia da ponte das barcas, no Porto. Não existe molde nem espartilho. Cada autor é livre de escrever o que deseja e dar expressão à forma como olha para o passado e o repercute – ou não – no presente. Os autores do norte possuem todos livros publicados. Os do sul, não! Sendo um acontecimento que se restringiu ao norte do País: Vila Real, Braga, Porto, Amarante, Chaves e de novo Vila Real (contrariamente às outras duas invasões, que foram essencialmente pelo centro em direcção a Lisboa ) ela é de todo o Portugal, pela repercussão e envolvidos. A coragem e ousadia das “gentes do norte” aqui contadas por cinco autores. Os militares, mas também os civis e a populaça. Os franceses, mas também os ingleses que vieram ajudar. As dificuldades, os problemas, as peripécias, os amores, o sangue, os mortos, a vida, a luta… A obra estará pronta em finais de janeiro, princípios de fevereiro. Para ser editada em Março. Apresentamos a capa provisória do livro, da autoria de Jorge Santos. Haverá um prefácio e uma pequena biografia dos autores. Todos os títulos ainda são provisórios, incluindo os da capa. Os textos encontram-se já em adiantado estado de perfecionismo literário, em revisão, em apuro, em acrescento e meditação, até à fase final, belicosa, eclesiástica e intima. Os autores estão a limpar as borras, a amadurecer nos seus “cascos de carvalho velho” adquiridos para o efeito, para depois verter para a edição, um produto limpo, filtrado, com certificado de origem e apreciação ao cuidado dos leitores. Informação fornecida por Carlos Arinto (as fotos de todos os participantes pode ser encontrada no Facebook) Dezembro 2016

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Maurício Duarte Escritor, Poeta, Artista Plástico e Ilustrador

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Maurício Duarte é artista visual, ilustrador e escritor. Possui Bacharelado em Desenho Industrial, Programação Visual pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Também terminou o curso de web design no SENAC de Niterói e o curso de Produção Textual com a poetisa Maria Regina Moura na Editora Canteiros em Maricá. Membro correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni. Membro da Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo. Membro da AGLAC (Academia Gonçalense de Letras, Artes e Ciências). Página de autor no Recanto das Letras: http://www.recantodasletras.com.br/autores/mauricioduarte Página no Catálogo Online da Nossa Galeria de Arte: http://www.ngarteprodutoracultural.com.br/galeria/artistas/mauricio_duarte.html Página no Catálogo Arte Atual: http://www.arteatualgaleria.com/?p=119 E-mail para contato: duarte.mauricioantonio.maurici@gmail.com

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Uma varinha de condão por um desejo de Lídia Machado dos Santos

Em breve chegará a noite em que todos os desejos se renovarão, todas as estrelas de luz para recomeçar (melhor!) voltarão a brilhar, todas as vontades serão de novo proferidas. Uns quererão mais saúde, outros mais dinheiro, outros… bem, outros certamente quererão continuar a encher-se de bens para fazerem jus ao mundo materialista que nos invade diariamente e outros ainda, coisas simples como paz e amor. Coisas simples que, por serem simples, nem sempre estão ao alcance de um piscar de olhos ou um estalar de dedos. Raramente estão. Não se podem adquirir com qualquer tipo de moeda. Não aparecerem empacotadas nas prateleiras das grandes superfícies e por isso ninguém faz fila para as adquirir. Se nos concentrarmos no mundo que nos rodeia, muitos concluirão que são poucas as coisas que não dependem de uma troca monetária. Alguns, contudo, concluirão exatamente o contrário: há uma infinidade de ideias que proporcionam bem-estar interno e externo que prescindem de dinheiro, mas carecem de imaginação. A capacidade de contar histórias sem um conjunto de folhas devidamente encadernado, ilustrado, etiquetado e catalogado que uma miríade dos nossos antepassados possuía e em que a mesma história assumia contornos diferentes de um dia para o outro era e ainda é um desses bens: as personagens que na noite anterior viviam na casa do bosque cerrado com medo de um qualquer ser estranho, na noite seguinte revestiam-se de coragem e iam no encalço do mesmo ser, misturando-se a fantasia com experiências efetivamente vividas ou simplesmente desejadas em tempos da mocidade. Se nos deslocarmos à biblioteca da nossa área de residência, o espanto tomará conta de nós. Teremos apenas que nos deixar imbuir do espírito da magia, dos desejos e viagens para mundos imaginários, repletos de brilho e nos quais tudo poderá ser possível. Mundos onde as personagens se movimentam em prol da manutenção e da inclusão de e num ambiente verde, sustentável no qual todos respeitam a sua função e percebem que trabalham em cadeia – as formigas ajudam os seres humanos na recolha e no transporte de plantas; as gotas de chuva regam; os cisnes supervisionam o vale… e a fada (sim, porque nos contos onde a fantasia impera tem de haver uma fada ou mais do que uma, embora, diga-se, em bom nome da verdade, nos contos que por aí vão aparecendo, as fadas já não transformam abóboras em coches dourados para transportarem as gatas borralheiras aos bailes).

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As fadas na denominada “nova” literatura para a infância poderão surgir com um papel relevante nas primeiras páginas, mas o leitor aperceber-se- á sem grandes demoras que já nem as fadas são o que costumavam ser: seres bafejados pela capacidade de tudo transformar com uma varinha singela e aparentemente indefesa pronta para obedecer às ordens sempre certeiras da sua ama. As fadas desta nova maneira de escrever contos infantojuvenis apresentam-se revestidas de importância, chegam a cena transportadas por uma cauda de luz e brilho, enfeitadas com vestidos costurados por tesouras mágicas e, acima de tudo, cientes da sua responsabilidade. Depois, e apesar da tonelada e meia de peso que a responsabilidade significa em cima dos ombros da pobre criaturinha acabada de chegar do castelo da grande fada dos sonhos, eis que surge uma personagem do nosso mundo real que… estraga tudo! A fada é afinal um ser vulnerável, percebe-se. É capaz de se deixar convencer por uma criança que tem o desejo de chegar ao mundo do conto que a avó lhe lê noite a pós noite à cabeceira da cama em troca de uma pulseira. “Ah, mas as fadas podem tudo porque têm uma varinha de condão” – dirão vocês. Pois… Às fadas do mundo da Branca de Neve e do reino da Cinderela ninguém ousava conseguir convencer por tão pouco. As fadas de hoje deixam as suas responsabilidades sem qualquer arrependimento (não vão confundi-las com a sua homóloga Oriana que se arrepende de tudo no fim do conto) e partem com a criança para o mundo da fantasia. O mundo verde e sustentável com o qual possivelmente todos sonhamos. Possivelmente. Falo-vos concretamente dos volumes I e II do que se avizinha ser uma coleção infantojuvenil – Maggy, a Fada! Lídia Maria Machado dos Santos nasceu no início dos anos 70 em Lisboa fruto de uma relação entre dois transmontanos: Vila Pouca de Aguiar, do costado materno e Chaves, do costado paterno. Em meados desses anos a família já vivia em Chaves. Por aí permaneceria até ingressar na faculdade (em Lisboa – Universidade Nova) no início dos anos 90. Estudou Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses e Alemães, e optou pela via da investigação. Nos primeiros anos pós licenciatura foi bibliotecária, ao mesmo tempo que anexava outra licenciatura ao currículo (Ensino de Português e Inglês na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) e enveredava pela “aventura” do ensino. Fez estágio profissional numa escola secundária em Chaves e em 2002 candidatou-se ao doutoramento na Universidade de Vigo, cuja defesa da tese só agora se avizinha. Antes de 2002 e até 2013, percorreu muitas escolas e níveis de ensino diferentes no âmbito do Português e do Inglês e é nesses momentos que inicia a escrita de pequenos textos com ideias e conteúdos gramaticais explorados nas aulas, principalmente com alunos do 2o ciclo do ensino básico. Entre 2006 e 2009 conclui licenciatura em Professores do Ensino Básico, variante de Português, História e Ciências Sociais, e em 2012 os estudos de doutoramento entram na sua última fase. Ainda em 2012 candidata-se a uma oferta de emprego na Escola Superior de Educação de Bragança para um horário de Português.

Entre 2012 e 2014 empreende uma pesquisa de cariz etnográfico no concelho de Vinhais para a qual convida um ex-aluno seu. Em dezembro de 2014, a Chiado Editores publica o seu primeiro romance – Os Filhos do (In)Fortúnio escrito em parceria com Pedro Rodrigues (pseudónimo de Pedro Bessa). No verão de 2015 conclui o livro I da coleção Maggy, a Fada que em dezembro desse ano seria publicado pelo projeto editorial de Manuela Pereira, A minha Vida dava um Livro. Entretanto, o desafio para o que viria a ser a obra histórica/romanesca Terra D’ Encontros já havia começado e estender-se-ia até julho do ano corrente. Lídia Machado dos Santos tem estado envolvida em projetos muito voltados para o campo da “nova” literatura de potencial receção infantil; tem participado na revista digital Inurban e estrar-se-á na Revista Raízes no número de novembro com uma crónica eminentemente cultural. O pouco tempo que a investigação e a preparação de aulas lhe disponibilizam é dedicado à escrita e à divulgação do seu trabalho científico e literário em bibliotecas do 1o ciclo e em congressos no nosso país e no estrangeiro. 35

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PROSA DE

LETÍCIA BRITO

Estamos a poucos dias do Natal, não cai neve como muitos de nós desejamos, mas as ruas estão iluminadas e decoradas com símbolos alusivos a esta época e sinceramente, eu adoro! É fantástico caminhar pelas ruas da nossa cidade, cruzar com as outras pessoas e ver que em tudo há um sentimento característico deste tempo, não sei descrevelo, mas é maravilhoso. Contudo nem todos terão luzinhas brilhantes este Natal, como não tiveram antes e como não terão nos próximos – que ouças as nossas prezes e Te compadeças desses – há fome, há frio, há pobreza, há crianças abandonadas, e idosos a partilharem esta quadra com a solidão. Pois é. Uma realidade que não se pode contradizer. E então ao invés de escrever ao Pai Natal, este ano escrevo para Ti, que és o Maior, o Melhor, Deus. É de certa forma estranha estar a escrever-Te, e nem sei bem como começar mas tenho questões que me habitam o pensamento, questões, essas que agora te coloco. Vives para levantar os que caem, e cuidar dos desamparados, e se o mundo foi criado por Ti, poder-meias dizer porque o gato luta com o cão? E se a nossa fé foi toda depositada nas Tuas mãos, e Tu escreveste o roteiro, porque existem os causadores de problemas? Porque ainda há no mundo, pessoas que alimentam a sua felicidade a partir da infelicidade dos outros? Acredito que sentes a nossa dor, será que Te colocas no nosso lugar? Alguma vez terás te sentido faminto? Ou sempre tiveste a barriga cheia? Alguns morrem e outros magoam em Teu nome, não acho que isso Te deixe orgulhoso, quantas e quantas vezes Te fazemos sentir envergonhado pelas nossas falhas. Então eu pergunto: Como estás? Como é o sentimento de estares tão alto? És feliz? Nunca choras? – Eu às vezes choro – Eu cometi alguns erros, mas tudo bem, porque todos nós cometemos, mas e se eu perdoar ao meu próximo? Tu perdoarás a mim?

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Perdoa estas minhas questões, que possam aos olhos dos demais serem sem sentido, e neste Natal traz amor, paz, alegria, traz luzinhas brilhantes para os nossos lares, e traz um lar brilhante para aqueles que estão lá fora no frio deste Inverno. Não preciso de nada que me encha apenas de uma felicidade passageira, preciso de algo que me encha o coração, que me faça acreditar que a esperança não se deve perder nem mesmo quando o mundo nos grita em contrário. Realiza os sonhos daqueles que chamam por Ti, fá-los também acreditar que amanhã o sol vai brilhar ainda que por entre as nuvens negras.

Letícia Brito nascida a 3 de dezembro de 1996, natural e residente no Município de Paços de Ferreira, é uma jovem apaixonada pela escrita. Formada em Fotografia, outra das áreas que a apaixona, ambiciona prosseguir o sonho que a move desde os 10 anos, quando começou a dar os primeiros passos na escrita enquanto tentava imitar a irmã mais velha. Em 2010 colaborou com o jornal “Tribuna Pacense” escrevendo desde crónicas, artigos de opinião, cartas e prosa. A autora tem uma escrita irreverente, dramática, intimista e sobretudo romântica. Abordando desde temas como a política, a sociedade à impressibilidade do amor, é uma apaixonada pela vida. Escreve com a alma e os seus textos tem sido protagonistas em grandes comunidades nas redes sociais, atingindo várias partes do mundo, cativando não somente os portugueses, mas até brasileiros com quem já tem colunas oficiais. Entre 2013 e 2015 teve a oportunidade de fazer estágios nos jornais de Paços de Ferreira (Tribuna Pacense e Imediato) o que lhe permitiu uma integração maior no mundo da escrita. Em Outubro de 2015, Letícia Brito foi a grande vencedora do concurso nacional “Geração Arte” promovido pelo diário “Correio da Manhã”. Em Outubro passado, apresentou a sua primeira obra, “Nos Braços Do Vagabundo”, um thriller cativante e dramático, sobre uma das temáticas que tem sensibilizado o mundo no último século; a depressão, aliado ao sentimento mais poderoso de todos – o amor.

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